Universidade de S˜aoPaulo Instituto de Astronomia, Geof´ısicae CiˆenciasAtmosf´ericas Departamento de Astronomia

Thiago Matheus

Sele¸c˜aode Candidatos a Sistemas Planet´arios Jovens

S˜aoPaulo 2010

Thiago Matheus

Sele¸c˜aode Candidatos a Sistemas Planet´arios Jovens

Disserta¸c˜ao apresentada ao Departamento de Astronomia do Instituto de Astronomia, Geof´ısicae CiˆenciasAtmosf´ericas da Universidade de S˜ao Paulo como parte dos requisitos para a obten¸c˜aodo t´ıtulode Mestre em Ciˆencias.

Area´ de Concentra¸c˜ao: Astronomia Orientador: Prof. Dr. Eduardo Janot Pacheco

S˜aoPaulo 2010

A` minha fam´ılia

Agradecimentos

A` minha fam´ıliapor todo suporte e ajuda nas horas dif´ıceis em toda minha carreira acadˆemica; A` minha futura mulher Cl´audiapelo apoio e compreens˜aonas horas dif´ıceis; Ao meu orientador Eduardo Janot Pacheco pela assistˆenciaacadˆemicadesde os tempos de inicia¸c˜aocient´ıficaat´ehoje; Ao pesquisador Carlos Alberto Torres pela paciˆencia ao transmitir o conhecimento pr´evionecess´ario no in´ıcio do projeto, e pela colabora¸c˜ao com a base de dados deste trabalho; Ao Professor Roberto Costa pela ajuda em momentos importantes na an´alise dos dados, conselhos nas horas dif´ıcies, boas prozas que tivemos ao longo do curso, pelo excelente curso de observacional, e principalmente pela amizade; A` Professora Silvia Rossi pelo ´otimo curso de estelar e, principalmente, por ter sido minha primeira orientadora e que me inseriu na pesquisa acadˆemica no come¸coda inicia¸c˜ao cient´ıfica; Aos Professores Marcos Diaz, Antonio M´ario Magalh˜aes, Laerte Sodr´eJr, Gast˜aoB. Lima Neto, e Ronaldo E. de Souza pelos excelentes cursos que tive no primeiro ano do mestrado. As` professoras Thais E.P. Idiart, Cl´audiaMendes de Oliveira, e Sandra dos Anjos pela oportunidade ao me escolherem como monitor PAE de suas disciplinas, fornecendo um aprendizado ´ımparna metodologia de ensino e na intera¸c˜aoda rela¸c˜aoprofessor-aluno. Aos colegas: Oscar Cavichia e Vinicius Placco pela elabora¸c˜aoe implementa¸c˜aoda classe iagtese que facilitou, e muito, a reda¸c˜ao deste trabalho. Aos colegas de sala Douglas Barros e Felipe Oliveira pela divertida convivˆencia. Ao colega Mairan Teodoro pela oportunidade que me foi dada quando me inseriu no grupo de atendimento ao p´ublico,e aos demais colegas desse grupo pelos divertid´ıssimos e proveitosos atendimentos que fizemos. Ao amigo Tiago Ricci pelas divertidas tira¸c˜oes de sarros m´utuasque fizemos ao longo dos campeonatos futebol´ısticos. Posso dizer que nesse quesito eu me sai um pouco mel- hor..... Aos t´ecnicose colegas: Ulisses Castelo, Marco dos Santos, Luiz Ricardo, e Jorge Raf- faelli pelas assitˆencias e manunten¸c˜ao dos computadores, equipamentos do atendimento e c´upula,sem os quais o atendimento ao p´ublicon˜ao teria funcionado direito. A` FAPESP, pelo apoio financeiro, sob o projeto no: 07/56851-8; Ao IAG e toda sua comunidade pelo excelente suporte, estrutura e aux´ıliosem os quais esse projeto de mestrado nunca sairia.

Esta disserta¸c˜aofoi escrita em LATEX com a classe IAGTESE, para teses e disserta¸c˜oesdo IAG. “Amai para entendˆe-las! Pois s´oquem ama pode ter ouvido Capaz de ouvir e de entender as estrelas”

Olavo Bilac

“A Astronomia ´e´utilporque nos eleva acima de n´osmesmos; ´e´utilporque ´egrande, ´e ´util porque ´ebela; isso ´eo que se precisa dizer. E´ ela que nos mostra o quanto o homem ´epequeno no corpo e o quanto ´egrande no esp´ırito,j´aque nesta imensid˜ao resplandecente, onde seu corpo n˜aopassa de um ponto obscuro, sua inteligˆenciapode abarcar inteira, e dela fluir a silenciosa harmonia. Atingimos assim a consciˆenciade nossa for¸ca,e isso ´euma coisa pela qual jamais pagar´ıamoscaro demais, porque essa consciˆencianos torna mais fortes.”

Henri Poincar´e

Resumo

Os modelos atuais sobre forma¸c˜ao planet´aria indicam que os planetas gasosos gigantes formam-se em escalas de tempo de ∼ 10 Manos, inferiores `ados pequenos, rochosos, de ∼ 30 Manos (Zuckerman e Song, 2004b). Um teste simples desses modelos de forma¸c˜ao seria procurar planetas em torno de estrelas jovens de v´arias idades: nos sistemas mais jovens n˜ao dever-se-ia detectar objetos tel´uricos, que s´oapareceriam em torno de estrelas relativamente mais velhas. Os sat´elitesCoRoT e Kepler, que se encontram em pleno regime de observa¸c˜oes,vˆemdescobrindo exoplanetas pelo m´etodo dos trˆansitos, sendo capaz de detectar corpos de dimens˜oes terrestres. O objetivo deste trabalho, ´eselecionar sistemas planet´arios jovens de v´arias idades para serem observados pelo dois sat´elites,a fim de testar as escalas de tempo de forma¸c˜aode planetas rochosos e gasosos. Para atingir esse objetivo foi necess´ario entender como a idade pode ser estimada para um grupo de estrelas (aglomerado aberto ou associa¸c˜ao), utilizando-se, por exemplo, dados sobre abundˆancias qu´ımicas do l´ıtiodos objetos. Isso ´eposs´ıvel devido `afacilidade do l´ıtioem ser destru´ıdona fase pr´e-sequencia principal, a temperaturas superiores 2,5 106 K. Um levantamento amostral da abundˆanciado l´ıtioem fun¸c˜aoda temperatura, para estrelas pertecentes a um grupo, gera um padr˜ao de deple¸c˜aodo l´ıtio, que permite gerar um modelo (da Silva et al., 2009) qualitativo para se obter idades de associa¸c˜oes estelares. Para que o prop´ositodeste trabalho fosse alcan¸cado, foram utilizados os bancos de dados de objetos jovens existentes em associa¸c˜oes com idades bem determinadas de Torres et al. (2008), e o cat´alogo DAML de Dias et al. 2002 de aglomerados abertos. A sele¸c˜ao dos dados para cada sat´eliteproduziu resultados bem diferentes. Para o CoRoT, a an´alisedo banco de dados de associa¸c˜oesretornou resultados com uma associa¸c˜ao no centro gal´actico e outra de ∼ 70 Manos no anti-centro; por outro lado, no campo do Kepler, n˜ao se encontrou objetos jovens que possibilitassem atender os objetivos deste trabalho. Na an´alisedo cat´alogo DAML de aglomerados abertos, surgiram muitos candidatos- alvo para observa¸c˜oes. Para o CoRoT, foi poss´ıvel concluir que os aglomerados NGC 2244 de 7,87 Manos, NGC 2264 de 8,99 Manos, Collinder 107 de 10 Manos, Collinder 96 de 10,74 Manos, e NGC 2302 de 12,02 Manos contˆemalvos onde deve-se encontrar somente planetas gigantes gasosos em est´agio inicial e/ou final de forma¸c˜ao,de acordo com o cap´ıtulo1. Os aglomerados relativamente mais velhos, onde devem-se encontrar planetas rochosos e gasosos s˜ao: NGC 6755 de 52,36 Manos, Basel 1 de 78,16 Manos, NGC 6694 de 85,31 Manos, NGC 2186 de 54,70 Manos, NGC 2422 de 72,61 Manos e Bochum 3 de 77,62 Manos. Portanto a etapa de sele¸c˜ao de alvos a serem observados pelo CoRoT foi feita, e com isso, os eventuais resultados observacionais servir˜ao de teste para as escalas de tempo de forma¸c˜ao planet´aria propostos nos modelos correntes (Zuckerman e Song, 2004b). Para o Kepler, n˜ao foi encontrado nenhum membro de aglomerado jovem observ´avel em seu campo de visibilidade e seu intervalo de magnitudes. Abstract

Current models of planetary formation suggest that the giant gaseous planets are formed in time scales of ∼ 10 Myr, less than the rocky ones, in time scales of ∼ 30 Myr (Zuckerman e Song, 2004b). A simple test of these models of formation it would look for planets around young of various ages: in younger systems it should not detect terrestrial objects, which only appear around stars relatively older. CoRoT and Kepler satellites, which are at full system of observations, have been discovering by the method of transits, being able to detect Earth-size bodies. The goal of this work is to select young planetary systems of various ages to be observed by the two satellites, in order to test the time scales of formation of rocky and gaseous planets. To achieve this goal it was necessary to understand how age can be estimated for a group of stars ( or association), using, for example, data on chemical abundances of lithium objects. This is possible because of the ease of lithium to be destroyed in the pre-main sequence, at temperatures above 2,5 106 K. A sample survey of the abundance of lithium as a function of temperature for stars belonging to a group, generates a lithium depletion pattern, which creates a qualitatively model (da Silva et al., 2009) to obtain ages of associations. For the purpose of this study was reached, the databases of objects in youth associations with well-determined ages from Torres et al. (2008) was used, as well, the catalog DAML from Dias et al. 2002 of open clusters. The selection of data for each satellite has produced quite different results. For CoRoT, the analysis of the database of associations returned results with a association in the galactic center and another with ∼ 70 Myr in the anti- Galactic center, on the other hand, in the field of Kepler did not find young objects that would enable meet the goals of this work.. In the analysis of DAML catalog of open clusters have emerged many candidates tar- geted for observations. For the CoRoT was concluded that the clusters NGC 2244 of 7,87 Myr, NGC 2264 of 8,99 Myr, Collinder 107 of 10 Myr, Collinder 96 of 10,74 Myr, and NGC 2302 of 12,02 Myr contain targets where should be found only gas giant planets in the early stage and/or end of formation, in accordance with Chapter 1. The relatively older clusters, where they must be found rocky and gaseous planets are: NGC 6755 of 52,36 Myr, Basel 1 of 78,16 Myr, NGC 6694 of 85,31 Myr, NGC 2186 of 54,70 Myr, NGC 2422 of 72,61 Myr e Bochum 3 de 77,62 Myr. Therefore the step of selecting targets to be observed by the CoRoT was made, and thus, any observational results serve as a test for the timescales of planet formation proposed in the current models (Zuckerman e Song, 2004b). For Kepler, it did not find any member of young cluster observed in its field of vision and its range of magnitudes. Lista de Figuras

1.1 Trajet´orias evolutivas te´oricas de colapsos gravitacionais para nuvens de

0,05; 0,1; 0,5; 1; 2; e 10 M que passam pela fase protoestelar (linhas s´olidas). As linhas tracejadas mostram os tempos desde o instante do in´ıcio do colapso. As linhas fracas e pontilhadas s˜ao trajet´orias evolutivas de

pr´e-sequˆenciaprincipal para estrelas de 0,1; 0,5; 1; e 2 M . Adaptado de Wuchterl e Tscharnuter (2003)...... 32 1.2 Trajet´orias evolutivas cl´assicaspr´e-sequˆenciaprincipal computadas para es- trelas de v´arias massas com composi¸c˜oes qu´ımicas X = 0, 68, y = 0, 30, Z = 0, 02. A dire¸c˜ao de evolu¸c˜aode cada trajet´oria´egeralmente de baixas para altas temperaturas efetivas (direita para esquerda). A massa de cada modelo ´eindicada junto `atrajet´oriaevolutiva. Os quadrados cheios em cada trajet´oria indicam o come¸coda queima de deut´erionesses c´alculos.A linha tracejada representa o ponto em cada em trajet´oriaonde a convec¸c˜ao do envelope ´einterrompida e ele se torna puramente radiativo. Por outro lado, a linha pontilhada marca o in´ıcioda convec¸c˜ao no n´ucleoda estrela. Figura adaptada de Bernasconi e Maeder (1996)...... 34 1.3 A fun¸c˜ao de massa inicial, ξ, mostra o n´umerode estrelas por unidade de ´area do disco da Via L´actea por unidade de intervalo de logaritmo de massa, que ´eproduzido por diferentes intervalos de massa. Os pontos individuais representam dados observacionais e a linha s´olida ´euma estimativa te´orica.

As massas est˜aoem unidades de M . Adaptado de Rana (1987)...... 39 1.4 Posi¸c˜oesde estrelas T Tauri no diagrama HR. O tamanho dos c´ırculos´epro- porcional a v sin i. As estrelas com forte emiss˜aos˜ao indicadas por c´ırculos cheios (estrelas T Tauri cl´assicas (CTTS)). Enquanto que os c´ırculosvazios representam estrelas com fraca emiss˜ao(estrelas T Tauri fracas (WTTS)). As trajet´orias evolutivas pr´e-sequˆenciaprincipal tamb´ems˜aomostradas. Adaptado de Bertout (1989)...... 40 1.5 (a) Uma linha espectral que exibe um perfil P Cygni ´ecaracterizada por um grande pico de emiss˜ao com uma sobreposi¸c˜aode uma absor¸c˜aoem blueshift. (b) O perfil P Cygni ´eproduzido por uma camada de massa em expans˜ao ao redor da estrela. O pico de emiss˜ao ´edevido ao movimento do material para fora da estrela, perpendicular `alinha de visada, enquanto que a absor¸c˜aoem “blueshift” ´ecausado por material que se aproxima do observador, interceptando os f´otons oriundos da estrela central. Adaptado de Carrol e Ostlie (2007)...... 41 1.6 Larguras equivalentes da linha do Li I λ6707,76 como fun¸c˜aode B − V . Idades dos aglomerados: NGC 2264 (< 5 Manos); IC 2602 (∼ 30 Manos); Pleiades (∼ 100 Manos). Para as estrelas de tipo espectral ∼ M3 do grupo em movimento de β Pic, a escala de tempo de queima do l´ıtio´emenor que 12 Manos. Adaptado de Zuckerman e Song (2004b) ...... 46 1.7 Associa¸c˜oesestelares jovens do Hemisf´erioSul indicadas com seus respec- tivos movimentos pr´oprios...... 47

2.1 Um evento raro, o trˆansito de Vˆenus foi observado novamente ap´os 122 anos,

em 8 de Junho de 2004. Esta imagem foi obtida atrav´esde um filtro Hα. Al´emdo disco de Vˆenus, tamb´empode-se observar v´arias proeminˆencias e a granula¸c˜aosolar. (NASA)...... 53 2.2 Resultado de um trˆansito identificado pelo sat´eliteCoRoT que mostra a curva de luz observada da estrela CoRoT-1 com o decr´escimocausado pelo planeta CoRoT-1b que tem aproximadamente 50% do tamanho de J´upiter. Essa foi a primeira confirma¸c˜ao de um exoplaneta descoberto pelo sat´elite. 54 2.3 Esquema da ´orbita polar do telesc´opio espacial CoRoT. A cada 6 meses ´e necess´ario realizar uma manobra de atitude para que o Sol n˜aoencubra a cˆamerado telesc´opio. (CNES)...... 62 2.4 Esquema caracterizado da ´orbita polar do telesc´opio espacial CoRoT mostrando os dois modos de observa¸c˜ao: ver˜ao(summer) e inverno (winter). Aqui tamb´emest´amostrado os pontos onde a manobra de atitude ocorre. (CNES). 63 2.5 Cone de observa¸c˜ao de 10o de raio do CoRoT onde o campo de vis˜aode 2,8o x 2,8o pode percorrer em cada per´ıodo de observa¸c˜ao(CNES)...... 63 2.6 Campos de observa¸c˜oesdo CoRoT: regi˜oes compreendidas pelos c´ırculosazul e vermelho correspondem `asobserva¸c˜oes do ver˜ao e inverno, respectivamente (CNES)...... 64 2.7 Detalhes do campo de observa¸c˜aode inverno do CoRoT, pr´oximo a regi˜ao de Monoceros. (CNES)...... 64 2.8 Detalhes do campo de observa¸c˜ao do ver˜ao do CoRoT, pr´oximo `aregi˜aode Serpens. (CNES)...... 65 2.9 Imagem do c´eumostrando o campo de vis˜aoobservado pelo fotˆometrodo Kepler. Note que a regi˜aoobservada est´aentre as contela¸c˜oesde Cygnus (Cisne) e Lyra (Lira). (NASA)...... 70 2.10 Esquema da ´orbita heliocˆentrica do sat´elite Kepler. Os intervalos em azul indicam os movimetos trimestrais que o sat´elite´eobrigado ´erealizar para que os pain´eissolares sempre fiquem voltados para o Sol, e tamb´empara que o fotˆometroseja sempre protegido, pelo protetor do telesc´opio, da radia¸c˜ao solar . (NASA)...... 71 2.11 Campo de vis˜aodo Kepler mostrado em detalhes. O centro est´aem α = 19h22m40s e δ = +44o30’00”. Os quadrados mostram o campo de vis˜aopara cada um dos 21 m´odulos de CCD’s. Cada m´odulo de 5 graus quadrados ´e composto por dois CCD’s. Note que os espa¸cosentre os m´odulos est˜ao alinhados de modo que metade das 15 estrelas mais brilhantes que V = 6 do campo de vis˜aocaiam neles...... 72 3.1 Compara¸c˜aoentre as LDPs de associa¸c˜oes jovens e abundˆanciasde l´ıtio para aglomerados jovens de Sestito e Randich (2005). Acima: Aglomerado IC 2602 e IC 2391. No meio: α Per e NGC 2451. Abaixo: As Pleiades. Para cada painel as LDP obtidas por da Silva et al. (2009) tˆemidades pr´oximas ao aglomerado e ´emostrado como a linha mais espessa...... 75 3.2 Compara¸c˜aodos ajustes polinomais das LDPs obtidas por da Silva et al. (2009). Esquerda: Ajustes polinomiais para cada associa¸c˜ao estudada con- forme os s´ımbolos: Cha (linha s´olidae triˆangulos cheios); TW Hydrae (linha tracejada e c´ırculos cheios); β Pictoris (linha pontilhada e diamantes); Tucana-Horologium (linha tracejada e triˆangulos virados para baixo); Ca- rina (linha s´olidae triˆangulos virados para direita); Argus (linha tracejada e pontilhada com pent´agonos); e , AB Doradus (linha tracejada e hex´agonos).

Direita: Zoom na regi˜aomais fria que Teff = 4800 K onde uma separa¸c˜ao entre as LDP ´emais evidente...... 77 3.3 Magnitude absoluta na banda K versus o ´ındicede cor V − K de estre- las de sequˆenciaprincipal e pr´e-sequˆenciaprincipal. Todas as estrelas tem suas distˆancias medidas pelo sat´eliteHipparcos. As is´ocronas foram obtidas atrav´es de modelos de evolu¸c˜aode metalicidade solar (Song et al., 2003) e est˜aograficadas no intervalo de 10 a 100 milh˜oesde anos...... 79 3.4 Raz˜aoda luminosidade em raios-X em func˜ao da bolom´etricacomo fun¸c˜ao do ´ındicede cor B − V . Estrelas jovens do tipo espectral K e M frequente-

−3 mente aparecem saturadas com atividade de raios-X (Lx/Lbol ∼ 10 ). (Zuckerman e Song, 2004b) ...... 81

3.5 Distribui¸c˜ao de larguras equivalentes de Hα de estrelas jovens (Song et al., 2004) e de estrelas de sequencia principal (Panagi e Mathioudakis, 1993). . 81 3.6 Diagrama HR para estrelas do tipo A presentes no Yale Bright Star Cat- alog reproduzido de Jura et al. (1998) com os aglomerados estelares mais pr´oximos plotados. As linhas indicam idades em comum para os aglomera- dos das Hyades/Preasepe (600 Manos) e para αPer/IC 2391 (50-90 Manos). Os asteriscos indicam estrelas com idades entre 4 e 20 Manos...... 83 3.7 Energia total emitida por part´ıculas de poeira em torno de estrelas em fun¸c˜aode suas idades. O Sol e estrelas do tipo Vega est˜ao graficadas como c´ırculosque representam aglomerados pr´oximos, incluindo α Per, as Plˆeiades,Ursa Maior, Coma Berenices, e Hyades (Spangler et al., 2001). O valor de τ do Sol ´ebaseado na poeira zodiacal at´euma distˆancia de 5 UA, e n˜aoinclui a contribui¸c˜aodo cintur˜ao de Kuiper. A regress˜ao linear repre- sentada pela linha tem um inclina¸c˜ao de −1, 75. Adaptado de Zuckerman (2001) ...... 84

5.1 Proje¸c˜oes polares celestes para os hemisf´erios norte (esquerda) e sul (dire- ita). A regi˜ao delimitada em linhas vermelhas correspondem `as janelas de observa¸c˜aonorte e sul do CoRoT, direita e esqueda respectivamente. . . . 92 5.2 Proje¸c˜ao polar celeste para o hemisf´erionorte com a regi˜aodelimitada em linhas verdes correspondentes `ajanela de observa¸c˜aodo Kepler...... 93 5.3 Proje¸c˜oes polares celeste para os hemisf´erios norte (direita) e sul (esquerda) das estrelas com 11, 5 ≤ V ≤ 16 da associa¸c˜ao AB Doradus de ∼ 70 milh˜oes de anos. A regi˜ao delimitada pelas linhas vermelhas correspondem ao olhos do CoRoT...... 93 5.4 Proje¸c˜ao polar celeste para o hemisf´erio sul das estrelas com 11, 5 ≤ V ≤ 16 da associa¸c˜ao Argus de ∼ 40 milh˜oesde anos. A regi˜aodelimitada pelas linhas vermelhas correspondem ao olhos do CoRoT...... 94 5.5 Proje¸c˜oes polares celestes para os hemisf´eriosnorte (direita) e sul (esquerda) das estrelas com 11, 5 ≤ V ≤ 16 da associa¸c˜ao β Pictoris de ∼ 10 milh˜oes de anos. A regi˜ao delimitada pelas linhas vermelhas correspondem ao olhos do CoRoT...... 95 5.6 Proje¸c˜ao polar celeste para o hemisf´erio sul das estrelas com 11, 5 ≤ V ≤ 16 da associa¸c˜ao Columba de ∼ 30 milh˜oesde anos. A regi˜aodelimitada pelas linhas vermelhas correspondem ao olhos do CoRoT...... 95 5.7 Proje¸c˜ao polar celeste para o hemisf´erio sul das estrelas com 11, 5 ≤ V ≤ 16 da associa¸c˜aoTW Hya de ∼ 30 milh˜oes de anos. A regi˜ao delimitada pelas linhas vermelhas correspondem ao olhos do CoRoT...... 96 5.8 Proje¸c˜ao polar celeste para o hemisf´erio sul das estrelas com 11, 5 ≤ V ≤ 16 da associa¸c˜ao Carina de ∼ 30 milh˜oesde anos. A regi˜aodelimitada pelas linhas vermelhas correspondem ao olhos do CoRoT...... 96 5.9 Proje¸c˜ao polar celeste para o hemisf´eriosul da associa¸c˜ao OctA de ∼ 20 milh˜oesde anos. A regi˜ao delimitada pelas linhas vermelhas correspondem ao olhos do CoRoT...... 97 5.10 Proje¸c˜oes polares celestes para os hemisf´erionorte (direita) e sul (esquerda) de uma associa¸c˜aodo cat´alogo SACY localizada na regi˜aodo centro da Gal´axia. A regi˜aodelimitada pelas linhas vermelhas correspondem ao olhos do CoRoT...... 97 5.11 Proje¸c˜ao polar celeste para o hemisf´eriosul de uma associa¸c˜ao de ∼ 70 Manos do cat´alogo SACY localizada na regi˜aodo anti-centro da Gal´axia. A regi˜ao delimitada pelas linhas vermelhas correspondem ao olhos do CoRoT. 98 5.12 Proje¸c˜oes polares celestes para os hemisf´eriosnorte (direita) e sul (esquerda) dos aglomerados abertos do cat´alogo DAML (Dias et al., 2002), cf. cap´ıtulo 4, contidos no campo de observa¸c˜ao sat´eliteCoRoT, e que possuem dados de seus elementos dispon´ıveis para an´alise.A regi˜ao delimitada pelas linhas vermelhas correspondem ao olhos do CoRoT...... 104 5.13 Proje¸c˜ao polar celeste para o hemisf´erio norte das estrelas com 9 ≤ V ≤ 14 da associa¸c˜ao AB Doradus de ∼ 70 milh˜oesde anos. A regi˜aodelimitada pelas linhas verdes correspondem ao “olhos” do Kepler...... 105 5.14 Proje¸c˜ao polar celeste para o hemisf´erio norte das estrelas com 9 ≤ V ≤ 14 da associa¸c˜ao β Pictoris de ∼ 10 milh˜oesde anos. A regi˜ao delimitada pelas linhas verdes correspondem ao “olhos” do Kepler...... 106 5.15 Proje¸c˜ao polar celeste dos aglomerados abertos Stephenson 1 e Basel 6. A regi˜ao delimitada pelas linhas verdes correspondem ao “olhos” do Kepler. Nenhum dos objetos est˜aocontidos nessa regi˜ao...... 107 Lista de Tabelas

1.1 Tempos de contra¸c˜aopr´e-sequˆencia principal para os modelos cl´assicos ap- resentados na figura 1.2. Adaptado de Bernasconi e Maeder (1996). . . . . 35

5.1 Objetos estelares aproveit´aveis da associa¸c˜ao localizada no centro gal´actico (SACY), pass´ıveis de observa¸c˜ao pelo sat´elite CoRoT...... 98 5.2 Objetos estelares aproveit´aveis da associa¸c˜aode ∼ 70 Manos localizada no anti-centro gal´actico(SACY), pass´ıveis de observa¸c˜aopelo sat´elite CoRoT. 99 5.3 Aglomerados abertos do cat´alogo Dias et al. 2002 (cf. cap´ıtulo4), conti- dos no campo de observa¸c˜ao sat´elite CoRoT. O objetos com a etiqueta N na ´ultimacoluna, s˜ao aqueles que n˜aopossuem dados de seus elementos dispon´ıveis para an´alise...... 100 5.4 Sistema de calibra¸c˜ao MK para classifica¸c˜aoespectral de estrelas (Cox, 1999).102 5.5 Aglomerados abertos do cat´alogo Dias et al. 2002 (cf. cap´ıtulo4), conti- dos no campo de observa¸c˜aosat´elite Kepler. Os objetos com a etiqueta N na ´ultimacoluna, s˜ao aqueles que n˜aopossuem dados de seus membros dispon´ıveis para an´alise...... 107 5.6 Dire¸c˜oesde outros campos de observa¸c˜ao sugeridas, baseado no cat´alogo de aglomerados abertos (DAML) com idades entre 10 e 90 Manos aproximada- mente...... 108

C.1 Membros da Associa¸c˜aoAB Doradus ...... 129 C.2 Membros da Associa¸c˜aoArgus ...... 129 C.3 Membros da Associa¸c˜ao β Pictoris ...... 130 C.4 Membros da Associa¸c˜aoTW Hya ...... 130 C.5 Membros da Associa¸c˜aoOctans ...... 130 C.6 Membros da Associa¸c˜aoColumba ...... 130 C.7 Membros da Associa¸c˜aoCarina ...... 131 C.8 Membros de uma associa¸c˜ao do cat´alogo SACY encontrada no centro gal´actico.131 C.9 Membros de uma associa¸c˜ao de ∼ 70 Manos do cat´alogo SACY encontrada no anti-centro gal´actico...... 131

D.1 Aglomerados abertos do cat´alogo DAML analisados neste trabalho, local-

izados no anti-centro gal´actico.Valores de V , B −V e MV foram calculados cf. cap´ıtulo5...... 133 D.2 Aglomerados abertos do cat´alogo DAML analisados neste trabalho, local-

izados no centro gal´actico. Valores de V , B − V e MV foram calculados cf. cap´ıtulo5...... 133

E.1 Parˆametros dos objetos estelares aproveit´aveis dos aglomerados jovens estu- dados, pass´ıveis de observa¸c˜aopelo sat´eliteCoRoT na dire¸c˜aodo anti-centro gal´actico.A incerteza na magnitude ´e σ = 0, 5 magnitude...... 135 E.2 Parˆametros dos objetos estelares aproveit´aveis dos aglomerados jovens es- tudados, pass´ıveis de observa¸c˜aopelo sat´elite CoRoT na dire¸c˜ao do centro gal´actico.A incerteza na magnitude ´e σ = 0, 5 magnitude...... 135 E.3 Tabela de sugest˜oesde dire¸c˜ao de outros campos de observa¸c˜ao, baseado no cat´alogo DAML...... 136 Sum´ario

1. Introdu¸c˜ao ...... 25 1.1 Planetas e Exoplanetas ...... 26 1.1.1 Origem de sistemas planet´arios e o impacto das descobertas . . . . 26 1.1.2 A nova defini¸c˜ao de planeta ...... 28 1.1.3 A defini¸c˜aode Exoplanetas e o in´ıciodas descobertas ...... 29 1.2 Estrela Jovens - Evolu¸c˜aopr´e-sequˆencia principal ...... 31 1.2.1 Evolu¸c˜aopr´e-sequˆenciaprincipal e as linhas de Hayashi ...... 31 1.2.2 Alguns c´alculos cl´assicos de evolu¸c˜aopr´e-sequˆencia principal . . . . 33 1.2.3 A forma¸c˜aode An˜asMarrons ...... 36 1.2.4 A sequˆenciaprincipal de idade Zero (ZAMS) ...... 37 1.2.5 Fun¸c˜aode massa inicial (IMF) ...... 38 1.2.6 Estrelas T Tauri, P´os T Tauri, e a emiss˜aode Raios-X ...... 38 1.2.6.1 Emiss˜aode raios-X nas estrelas T Tauri ...... 43 1.2.7 Estrelas Jovens com discos circunstelares e sua forma¸c˜ao ...... 44 1.3 As origens das estrelas jovens pr´oximas ...... 44 1.4 Associa¸c˜oesEstelares - Grupos de estrelas ...... 48

2. Campos de Visibiladade Estudados ...... 51 2.1 M´etodos de Detec¸c˜aoAbordados ...... 53 2.1.1 Trˆansito Planet´ario ...... 53 2.1.2 Espectroscopia Doppler - follow-up ...... 56 2.2 O sat´eliteCoRoT ...... 59 2.2.1 Aspectos Gerais ...... 59 2.2.2 Estrutura da Miss˜ao ...... 61 2.2.3 Modo de observa¸c˜ao e campos de vis˜ao ...... 61 2.2.4 Participa¸c˜aobrasileira ...... 65 2.3 O sat´eliteKepler ...... 67 2.3.1 Aspectos Gerais ...... 67 2.3.2 Estrutura da Miss˜ao ...... 67 2.3.3 Modo de observa¸c˜ao e campo de observa¸c˜ao ...... 69

3. Diagn´osticos de Idade ...... 73 3.1 Determina¸c˜ao de idade atrav´esdo estudo da abundˆanciaqu´ımicado Li . . 74 3.2 Determina¸c˜ao de idade atrav´esde curvas de evolu¸c˜ao juntamente com a cinem´aticaestelar ...... 78 3.3 Determina¸c˜ao de idade atrav´esda taxa de rota¸c˜ao e atividade estelar . . . 80 3.4 Determina¸c˜ao de idade atrav´es da localiza¸c˜ao de uma estrela de tipo espec- tral A sobre o diagrama cor-magnitude ...... 82 3.5 Determina¸c˜ao de idade atrav´esda an´aliseda fra¸c˜aode luminosidade de poeira 83

4. Base de dados ...... 87 4.1 Associa¸c˜oesestelares ...... 87 4.2 Aglomerados abertos ...... 89

5. An´alise dos Dados - Resultados e Discuss˜oes ...... 91 5.1 Os campos de visibilidade do CoRoT e do Kepler ...... 91 5.2 An´alisee sele¸c˜ao dos dados para os campos de observa¸c˜aodo CoRoT . . . 92 5.3 An´alisee sele¸c˜ao dos dados para os campos de observa¸c˜aodo Kepler . . . . 105 5.4 Outros campos de observa¸c˜ao ...... 108

6. Conclus˜oes e Perspectivas ...... 109

Referˆencias ...... 113 Apˆendice 121

A. Discos Protoplanet´arios circunstelares ...... 123

B. Deple¸c˜aodo L´ıtio ...... 127

C. Tabelas dos dados das associa¸c˜oesestelares ...... 129

D. Tabelas dos aglomerados abertos analisados ...... 133

E. Tabelas dos alvos selecionados dos aglomerados abertos ...... 135

Cap´ıtulo 1

Introdu¸c˜ao

Desde que o Homem ganhou consciˆencia de sua pr´opriaexistˆencia, ele vem esquadrin- hando o c´eu,perguntando a si mesmo se estamos s´osnesse imenso Universo. Em um Universo de possibilidades, a vida, seja ela inteligente ou n˜ao, estaria restrita a apenas e exclusivamente um ´unicoplaneta? Para responder essa quest˜ao, faz-se necess´ario investigar, a priori, a ocorrˆenciade plan- etas ao redor de outras estrelas. Miss˜oespioneiras como os sat´elitesCoRoT e Kepler, instrumentos de estudo desse trabalho, surgem nesse cen´ario com essa premissa. No que precede `apesquisa por ind´ıciosde vida em outros planetas, est˜ao as discuss˜oessobre as v´arias hip´otesesrelativas `as teorias de forma¸c˜aode sistemas planet´arios, e tamb´emde como diversos processos f´ısicosenvolvidos na forma¸c˜aode gigantes gasosos e planetas rochosos podem influenciar. Essas discuss˜oes se baseiam em como os diferentes processos relaciona- dos, como propriedades estelares e configura¸c˜oesorbitais por exemplo, podem acarretar em resultados finais diferentes em rela¸c˜aoao surgimento de um determinado tipo de vida. O objetivo desse trabalho n˜ao se encaixa no ˆambito dessa discuss˜ao , ou seja, sobre a hip´otese de diferentes tipos biol´ogicos que possam existir em uma dada sele¸c˜ao de ex- oplanetas. Mesmo porque ainda n˜aoh´atecnologia instrumental para isso. O foco, pois, ´eanalisar e selecionar estrelas jovens contidas ou n˜ao em grupos, com idades conhecidas de at´e100 Manos, que possam ser alvos de estudo com instrumentos atuais e/ou futuros para que, uma vez identificados planetas gasosos ou rochosos que estar˜aono in´ıcio do processo de forma¸c˜aoao redor delas, ser´aposs´ıvel realizar o teste de forma¸c˜aoplanet´aria que ser´aproposto. O sucesso ou n˜aodesse teste ter´as´olidaimportˆancia nas discuss˜oes acima citadas, uma vez que poder´aser testada a validade das teorias atuais de forma¸c˜ao 26 Cap´ıtulo 1. Introdu¸c˜ao planet´aria.

1.1 Planetas e Exoplanetas

1.1.1 Origem de sistemas planet´arios e o impacto das descobertas

Para iniciar essa se¸c˜ao, cabe citar o primeiro par´agrafo do artigo de Calvet et al. (2002): “The discovery of extrasolar planets has opened up a new era in the study of planetary systems. While many important clues to the processes of planet formation can be obtained from studies of older systems, the best tests of formation scenarios will require the direct detection of actively planet-forming systems.” (A descoberta de planetas extrassolares abriu uma nova era no estudo de sistemas planet´arios. Enquanto muitas dicas importantes do processo de forma¸c˜aoplanet´ariapode ser obtido a partir de estudos de sistemas mais velhos, os melhores cen´arios de testes de forma¸c˜aoir˜aoprecisar de detec¸c˜aodireta de sistemas ativos de forma¸c˜ao planet´aria.) A origem de sistemas planet´arios tem sido um campo de pesquisa ao longo dos anos e se trata de um ramo de pesquisa recente. H´aaproximadamente meio s´eculo,observa¸c˜oes re- alizadas por Walker (1956) do aglomerado parcialmente embebido NGC 2264 mostraram que suas estrelas de tipo tardio (F e posteriores) estavam caracterizadas por luminosi- dades subgigantes que as situaram bem acima da sequˆenciaprincipal no diagrama HR. Sendo assim, essas observa¸c˜oes estabeleceram de maneira emp´ıricaa pr´e-sequˆenciaprin- cipal, uma fase de pr´equeima de hidrogˆenio,natural de estrelas jovens de baixa massa e forneceram dados cr´ıticos necess´arios para testar e impor v´ınculos na teoria de evolu¸c˜ao pr´e-sequˆenciaprincipal. Trinta anos depois, observa¸c˜oesno infravermelho do aglomerado embebido em nuvens interestelares em Ophiuchus permitiram a primeira classifica¸c˜ao sis- tem´atica de protoestrelas e objetos estelares jovens, baseados nas distribui¸c˜oes de energia estelar emergentes (Lada e Lada, 2003). Tais observa¸c˜oes foram muito importantes na constru¸c˜ao do quadro de entendimento te´oricomoderno de forma¸c˜aode estrelas de baixa massa. Atualmente, aglomerados embebidos continuam a desempenhar um importante papel para o desenvolvimento e teste de teorias relativos a forma¸c˜ao e evolu¸c˜aoprimitiva de estrelas e sistemas planet´arios. Por´em, a busca secular por outros mundos como a Terra, foi rejuvenescida pelo entu- Se¸c˜ao1.1. Planetas e Exoplanetas 27 siasmo e intenso interesse popular que vem cercando as recentes descobertas de centenas de planetas que orbitam outras estrelas. Atualmente, com os n´umerosexistentes de ex- oplanetas detectados, pode-se deduzir que existe uma clara evidˆenciasubstancial de trˆes tipos de exoplanetas: gigantes gasosos, super-Terras quentes em ´orbitas de curto per´ıodo e gigantes gelados. O desafio agora consiste em encontrar planetas terrestres, que possuam desde aproximadamente a metade at´eo dobro do tamanho da Terra, com especial aten¸c˜ao `aqueles que se situam na zona habit´avel de suas estrelas, onde ´agua l´ıquidae possivelmente vida orgˆanica possam existir. Os dados contidos e utilizados apresentados no cap´ıtulo4 representam grupos, asso- cia¸c˜oese/ou aglomerados estelares jovens. Esses tipos de objetos s˜ao alvos em potencial para a procura de planetas em fase de resfriamento, e discos circunstelares devido `as suas baixas idades, da ordem de dezenas de milh˜oes de anos, e tamb´em`aproximidade a seu Sol. Mais ainda, os membros desses objetos possuem companheiras subestelares ou discos protoplanet´arios proeminentes como por exemplo: β Pic e TW Hya, que s˜ao os mais con- hecidos. Os intervalos de idade supracitados abrangem importantes ´epocas de forma¸c˜ao planet´aria. Os modelos correntes indicam que os gigantes gasosos formam-se em tempos

. 10 Manos, enquanto a forma¸c˜ao de planetas terrestres levaria tipicamente . 30 Manos (Zuckerman e Song, 2004b), onde a ´ultimaescala de tempo foi determinada para a Terra atrav´esde cronometria de abundˆancias do sistema hafnio-tungstˆenio, via medidas precisas de abundˆancias de is´otopos de tungstˆenioem meteoritos (Kasting e Catling, 2003). Ou seja, pode-se procurar testar essas escalas de tempo para a forma¸c˜ao de planetas procurando-os em torno de uma amostra de estrelas com idades entre alguns Manos e v´arias dezenas de Manos, e as informa¸c˜oesobtidas devem fornecer detalhes cruciais no que diz respeito a um entendimento mais profundo da pr´eevolu¸c˜aode sistemas planet´arios, o que tamb´emdeve ajudar para um entendimento mais completo do surgimento do Sistema Solar, e indo mais a fundo, para o entendimento de influˆecias no surgimento da vida. Para esse prop´osito, existem duas miss˜oes espaciais em andamento: uma ´eo sat´eliteCoRoT da agˆenciaespacial europe´ıa (ESA), no qual a Fran¸ca´eo principal pa´ıs que dirige a miss˜ao;a outra ´eo sat´elite Kepler, da agˆencia espacial norte-americana (NASA). Embora a o processo de detec¸c˜aodos dois sat´elitesseja o mesmo, existem muitas diferen¸casno processo da aquisi¸c˜aode dados observacionas. Os detalhes de cada um ser˜aoabordado 28 Cap´ıtulo 1. Introdu¸c˜ao posteriormente.

1.1.2 A nova defini¸c˜aode planeta

J´aficou evidente que o principal objetivo deste trabalho ´eo estudo de estrelas jovens e a forma¸c˜aode poss´ıveis sistemas ´arios l´aexistentes, como j´afoi mencionado. Primeiramente, antes de apresentar o estudo detalhado sobre estrelas jovens, se faz necess´ario apresentar a (re)defini¸c˜aomais recente de um planeta, uma vez que as ´ultimasdescobertas sobre corpos celestes em ´orbita do Sol provocaram alguns debates sobre at´eque ponto pode-se aceitar que tal objeto seja um planeta ou n˜ao, e, posteriormente introduzir a defini¸c˜aode exoplaneta. Em 24 de agosto de 2006 a Uni˜aoAstronˆomica Internacional (IAU), em sua XXVI Assembl´eia Geral, aprovou uma nova resolu¸c˜ao segundo a qual um planeta ´eum corpo celeste que:

1. est´aem ´orbita ao redor do Sol

2. tem forma determinada pelo equil´ıbriohidrost´atico (arredondada) resultante do fato de que sua for¸cade gravidade supera as for¸casde coes˜aodos materiais que o con- stituem;

3. ´eum objeto de dimens˜aopredominante entre os objetos que se encontram em ´orbitas vizinhas.

Resultam dessas defini¸c˜oes que o Sistema Solar possui apenas 8 planetas conhecidos, a saber: Merc´urio, Vˆenus, Terra, Marte, J´upiter,Saturno, Urano e Netuno. Plut˜aoperde o status de planeta que lhe havia sido atribuido por ocasi˜aode sua descoberta como resul- tado de uma errˆonea avalia¸c˜aode suas reais dimens˜oes. Com isso, a Uni˜aoAstronˆomica Internacional reclassificou Plut˜ao como “planeta an˜ao”, constituindo uma nova categoria de corpos do sistema solar, na qual tamb´emforam encaixados Ceres, o maior objeto do ´ cintur˜aode aster´oides entre as ´orbitas de Marte e J´upiter, e Eris (2003UB313), o maior aster´oide do cintur˜aode Kuiper. O item (3), respons´avel pela redu¸c˜ao do Sistema Solar a 8 planetas, tem uma base dinˆamica muito clara. Se dois corpos se formam em ´orbitas muito pr´oximas uma da outra, Se¸c˜ao1.1. Planetas e Exoplanetas 29 a probabilidade de que ambos existam ´em´ınima, embora a existˆencia de planetas co- orbitais seja matematicamente poss´ıvel com probabilidade de que venham a colidir. Por exemplo, um planeta que teria se formado entre a Terra e Marte poderia ter colidido com a Terra nos prim´ordios do Sistema Solar gerando os detritos que formaram a Lua. Plut˜ao existe em uma ´orbita, que cruza a ´orbita de Netuno, cuja estabilidade se deve ao fato de ele ser um corpo pequeno. Se fosse maior, o seu destino mais prov´avel teria sido uma colis˜aocom Netuno e sua conseq¨uente destrui¸c˜ao. E´ bom lembrar que um dos enigmas do Sistema Solar, o sat´elite Trit˜ao(sat´elitede Netuno), provavelmente resultou de um evento singular em que, um objeto semelhante a Plut˜ao, movendo-se em uma ´orbita ao redor do Sol se aproximou de Netuno e foi capturado, tornando-se um sat´elitedesse planeta. A realidade f´ısica que essa nova defini¸c˜aoexprime ´emuito simples. S˜ao planetas aqueles corpos do Sistema Solar que se formaram acretando, dentro da nebulosa solar primitiva, a grande parte de toda a mat´eria existente na vizinhan¸cade suas ´orbitas, e que s˜ao corpos que se formaram num per´ıodo de relativa abundˆancialocal de mat´eria. N˜aos˜aoplanetas aqueles objetos que, embora tamb´emacretados dentro da nebulosa solar primitiva, n˜ao encontraram a abundˆancia de mat´eriae as condi¸c˜oes dinˆamicas que seriam necess´arias para que atingissem as dimens˜oes de outros objetos de sua imediata vizinhan¸ca, permanecendo em uma ´orbitaest´avel.

1.1.3 A defini¸c˜ao de Exoplanetas e o in´ıciodas descobertas

Uma das quest˜oesmais antigas da humanidade tem sido: existe vida fora da Terra? Desde a antiguidade, a possibilidade da existˆenciade outros mundos e de seres vivos habitando-os vem sendo cogitada por um grande n´umerode pensadores e cientistas. Esse ´eo tipo de pergunta que os astrˆonomos est˜aotentando responder h´as´eculos e agora a ciˆencia parece estar no rumo certo para encontrar essa resposta, embora ainda esteja dando os primeiros passos nessa dire¸c˜ao. Mas onde se deve procurar por vida? A vida como a conhecemos, s´o´eposs´ıvel em planetas semelhantes ao nosso, rochosos e com ´aguano estado l´ıquido. E´ sabido que no Sistema Solar, a Terra parece ser o lugar mais adequado para abrigar esse tipo de vida, embora exista a possibilidade de vida bacteriana ou multicelular primitiva em Enceladus, Tit˜ae nos oceanos sub-superficiais de Europa. S´oresta ent˜ao uma alternativa: procurar por outras “Terras” que orbitem outras estrelas. 30 Cap´ıtulo 1. Introdu¸c˜ao

Os chamados exoplanetas ou planetas extra-solares s˜ao objetos de massa planet´aria, que n˜aobrilham com luz pr´opria e que orbitam outras estrelas que n˜aoo Sol. Esta defini¸c˜aoparece ser simples e auto-explicativa, mas poder´a,com os avan¸costecnol´ogicos observacionais, passar por uma evolu¸c˜aonatural, `amedida em que novos planetas forem descobertos. Note que a resolu¸c˜aoaprovada, citada na subse¸c˜ao anterior, refere-se apenas aos plan- etas do Sistema Solar. Para se aplicar aos planetas que tem sido descobertos ao redor de outras estrelas, os chamados exoplanetas, um item adicional ´enecess´ario: que n˜aoexista um processo nuclear de gera¸c˜aode energia no seu interior. Com efeito, se no seu processo de crescimento, um planeta atingir uma massa de aproximadamente 13 MJ (onde MJ ´e a massa de J´upiter), a densidade, temperatura, e press˜ao no seu centro seriam suficiente- mente grandes para que ocorresse a fus˜ao nuclear do deut´eriol´aexistente. Embora essa rea¸c˜ao se mantenha apenas enquanto houver deut´erio(que existe em muito pequena quan- tidade) para queimar no interior do planeta, e n˜aoseja suficiente para criar as condi¸c˜oes necess´arias para a ocorrˆenciade uma rea¸c˜ao em cadeia envolvendo outros elementos, e o corpo n˜ao seria mais considerado como um planeta. Logo, de acordo com a nomenclatura aprovada em 2003 pelo grupo de trabalho da IAU sobre planetas extra-solares, a partir desse limite, at´eo limite superior de 84 MJ , o corpo ´econsiderado uma an˜amarrom, e a partir desse ´ultimolimite, o corpo passa a ser considerado uma estrela, com poder de realizar fus˜ao dos ´atomos de hidrogˆenio. A descoberta dos primeiros planetas fora do Sistema Solar em torno de um pulsar (Stevens et al., 1992) e em torno de uma estrela da Seq¨uˆencia Principal (SP) (Mayor e Queloz, 1995) abriu uma nova vertente de conseq¨uˆenciasm´ultiplas na astronomia e ciˆencias afins. Na verdade, o in´ıcioda busca por exoplanetas se dera com a introdu¸c˜ao da fotografia na astronomia no final do S´eculoXIX. Atrav´es de medidas da varia¸c˜ao da posi¸c˜aode estrelas, foi poss´ıvel descobrir estrelas de baixa luminosidade que orbitam estre- las mais brilhantes, pois, a atra¸c˜ao gravitacional m´utuaentre pares de estrelas faz com que elas girem ao redor do centro de massa do sistema e apresentem, assim, um deslocamento peri´odico. A companheira invis´ıvel de Sirius, Sirius B (uma an˜abranca), foi descoberta desta maneira em 1862. Ora, esse tipo de fenˆomenopode obviamente tamb´emser provo- cado pela presen¸cade planetas orbitando a estrela, embora o deslocamento peri´odico da Se¸c˜ao1.2. Estrela Jovens - Evolu¸c˜aopr´e-sequˆenciaprincipal 31 estrela nesse caso ser´amenor do que no caso de um par de estrelas. Acreditando nessa possibilidade, o astrˆonomo Piet van de Kamp (1901-1995) iniciou em 1937, no Observat´orio Sproul (EUA), um programa para identificar estrelas com planetas atrav´esdesse m´etodo. Apesar de suas observa¸c˜oesterem sido colocadas em d´uvida, o seu programa observacional foi um dos primeiros dedicado a essas descobertas. Vale citar que a id´eiade que talvez os seres humanos n˜aoestejam a s´osno Universo originou programas de busca por civiliza¸c˜oes alien´ıgenas utilizando ondas de r´adio. O primeiro programa de observa¸c˜ao,Projeto Ozma, proposto por Frank Drake e iniciado em 1960, estimulou a retomada da procura por planetas extra-solares. Este projeto resul- tou posteriormente no bastante conhecido experimento SETI (Search for Extra-Terrestrial Intelligence). A partir desse ponto, a ciˆencia abrira mais uma vertente de pesquisa.

1.2 Estrela Jovens - Evolu¸c˜ao pr´e-sequˆenciaprincipal

O objetivo desse trabalho ´eselecionar poss´ıveis sistemas planet´arios jovens, conforme j´a foi mencionado. Ent˜ao, o que se deve estudar, s˜aoos objetos progenitores de tais sistemas, ou seja, as estrelas jovens. Essa se¸c˜aoser´adedicada a uma descri¸c˜aodessa classe de astros, desde suas peculiaridades `as suas caracter´ısiticas f´ısicaspertinentes ao estudo realizado aqui.

1.2.1 Evolu¸c˜aopr´e-sequˆenciaprincipal e as linhas de Hayashi

Uma vez que o colapso da nuvem molecular de g´astenha come¸cado,este passa a ser caracterizado pela escala de tempo de queda livre. Com a forma¸c˜ao de uma protoestrela quasi-est´atica, a taxa de evolu¸c˜ao come¸caa ser controlada pela taxa na qual a estrela pode termicamente se ajustar ao colapso. Essa taxa ´echamada rela¸c˜aode escala de tempo de Kelvin-Helmholtz. A energia potencial gravitacional liberada pelo colapso ´ea fonte de luminosidade do objeto. Uma vez que a escala de tempo de Kelvin-Helmholtz seja muito maior que a escala de tempo de queda livre, a evolu¸c˜aoda protoestrela se procede a uma taxa muito mais lenta que a taxa de colapso de queda livre. Por exemplo, uma estrela de 1 M precisa de aproximadamente 40 Manos para se contrair quasi-estaticamente at´e atingir sua estrutura de sequˆenciaprincipal. Com o aumento continuado da temperatura efetiva da protoestrela, a opacidade das 32 Cap´ıtulo 1. Introdu¸c˜ao camadas externas come¸caa ser dominada pelo ´ıon H−. Assim como o envelope do Sol na sequˆencia principal, essa contribui¸c˜aopara alta opacidade tem efeito direto no envelope de uma protoestrela em contra¸c˜ao o tornando convectivo. De fato, em alguns casos a zona de convec¸c˜ao se extende por toda a estrela a partir do centro. Em 1961, C. Hayashi demonstrou que devido aos v´ınculos de convec¸c˜ao inseridos na estrutra da estrela, um envelope convectivo profundo limita sua trajet´oria evolucion´aria quasi-est´atica a uma linha praticamente vertical no diagrama H-R. Consequentemente, `amedida que o colapso da proto-estrela diminui de intensidade, sua luminosidade diminui, enquanto sua temperatura efetiva aumenta ligeiramente. Esse efeito evolutivo aparece como um la¸co descendente no fim das trajet´orias evolutivas mostradas na parte direita da figura 1.1.

Figura 1.1: Trajet´orias evolutivas te´oricasde colapsos gravitacionais para nuvens de 0,05; 0,1;

0,5; 1; 2; e 10 M que passam pela fase protoestelar (linhas s´olidas). As linhas tracejadas mostram os tempos desde o instante do in´ıcio do colapso. As linhas fracas e pontilhadas

s˜aotrajet´orias evolutivas de pr´e-sequˆenciaprincipal para estrelas de 0,1; 0,5; 1; e 2 M . Adaptado de Wuchterl e Tscharnuter (2003).

As linhas de Hayashi representam, na verdade, um limite entre os modelos estelares hidroest´aticos “permitidos” e aqueles que s˜ao “proibidos”. A` direita da linhas de Hayashi, n˜aoexiste mecanismo que possa adequadamente transportar a luminosidade para fora da estrela para aquelas temperaturas efetivas. Consequentemente, n˜aopodem existir estrelas Se¸c˜ao1.2. Estrela Jovens - Evolu¸c˜aopr´e-sequˆenciaprincipal 33 est´aveis naquela regi˜ao. A` esquerda das linhas de Hayashi, a convec¸c˜ao e/ou radia¸c˜ao´e respons´avel pelo transporte de energia necess´ario. Note que essa distin¸c˜ao entre os modelos permitidos e proibidos n˜aoest´aem conflito com a evolu¸c˜ao em queda livre de nuvens de g´as em colapso `adireita das linhas de Hayashi uma vez que aqueles objetos est˜aolonge de estar em equil´ıbriohidroest´atico.

1.2.2 Alguns c´alculoscl´assicos de evolu¸c˜ao pr´e-sequˆenciaprincipal

Antes que qualquer c´alculomais detalhado sobre colapso protoestelar fosse feito em 1965, Icko Iben Jr, computou os est´agios finais de colapso sobre a sequˆenciaprincipal para estrelas de v´arias massas. Em cada caso, ele iniciou os modelos baseado nas linhas de Hayashi (figura 1.2), desprezando efeitos de rota¸c˜ao, campos magn´eticos,e perda de massa. Desde ent˜ao, aperfei¸coamentos importantes tem sido feitos para melhorar nossa compreens˜aodos processos f´ısicos envolvidos na estrutura e evolu¸c˜ao estelar, incluindo taxas de rea¸c˜oesnucleares mais precisas, novas opacidades, e a inclus˜aode perda ou acre¸c˜ao de massa. Alguns c´alculosevolutivos modernos tamb´emincluiram os efeitos de rota¸c˜ao. As trajet´orias evolutivas pr´e-sequˆencia principal para uma s´erie de massas computadas s˜ao mostradas na figura 1.2, e o tempo total de cada trajet´oria evolutiva ´emostrada na tabela 1.1, adaptada de Bernasconi e Maeder (1996). Lembrando que o escopo desse trabalho ´ebasicamente centrado em estrelas de baixa massa (de tipos espectrais F-tardio, G, K, e M), cabe nesta se¸c˜ao discutir com um pouco mais de detalhes o que acontece no interior de tais estrelas ao percorrer o trajeto evo- lutivo pr´e-sequˆenciaprincipal. Com efeito, considere tal evolu¸c˜aopara uma estrela de 1

M , iniciando sua vida na linha de Hayashi. Com a alta opacidade pr´oxima `asuperf´ıcie proveniente dos ´ıons H−, a estrela ´ecompletamente convectiva durante aproximadamente o primeiro milh˜ao de anos do colapso. Nos modelos citados anteriormente, a queima de deut´eriotamb´emocorre durante esse primeiro est´agio de colapso, iniciando no local in-

2 dicado pelos quadrados cheios na figura 1.2. Entretanto, uma vez que o 1H n˜ao´emuito abundante, as rea¸c˜oesnucleares tem pouco efeito no colapso global, ou seja, elas simples- mente diminuem ligeiramente a taxa de colapso. A` medida que a temperatura central continua em ascen¸c˜ao, ocorre o aumento dos n´ıveis de ioniza¸c˜ao,diminuindo dessa forma a opacidade nessa regi˜ao e, com isso, um n´ucleo ra- 34 Cap´ıtulo 1. Introdu¸c˜ao

Figura 1.2: Trajet´orias evolutivas cl´assicas pr´e-sequˆenciaprincipal computadas para estrelas de v´ariasmassas com composi¸c˜oesqu´ımicas X = 0, 68, y = 0, 30, Z = 0, 02. A dire¸c˜aode evolu¸c˜aode cada trajet´oria ´egeralmente de baixas para altas temperaturas efetivas (direita para esquerda). A massa de cada modelo ´eindicada junto `atrajet´oriaevolutiva. Os quadra- dos cheios em cada trajet´oria indicam o come¸co da queima de deut´erionesses c´alculos. A linha tracejada representa o ponto em cada em trajet´oria onde a convec¸c˜aodo envelope ´e interrompida e ele se torna puramente radiativo. Por outro lado, a linha pontilhada marca o in´ıcio da convec¸c˜aono n´ucleo da estrela. Figura adaptada de Bernasconi e Maeder (1996).

diativo se desenvolve englobando progressivamente mais e mais massa da estrela. No ponto de luminosidade m´ınimada trajet´oria na descida ao longo da linha de Hayashi, a existˆencia de um n´ucleo radiativo permite que energia escape para dentro do envelope convectivo mais facilmente, causando novamente um aumento da luminosidade da estrela. Vale lembrar que a temperatura efetiva continua aumentando, uma vez que a estrela continua encol- hendo. Nesse ponto em que a luminosidade come¸caa aumentar novamente, a temperatura perto do centro se torna alta o suficiente para que rea¸c˜oes nucleares comecem a ocorrer com maior intensidade, embora a estrela ainda n˜ao esteja em equil´ıbrio. Inicialmente, os dois primeiros passos da primeira cadeia pr´oton-pr´oton (PP I - de um total de trˆes), ou Se¸c˜ao1.2. Estrela Jovens - Evolu¸c˜aopr´e-sequˆenciaprincipal 35

1 3 12 14 seja, a etapa de convers˜ao de 1H em 2He, e a rea¸c˜oes CNO que convertem 6 C em 7 N dominam a produ¸c˜ao de energia nuclear. Com o passar do tempo, essas rea¸c˜oesfornecem uma fra¸c˜ao cada vez maior da luminosidade, enquanto a produ¸c˜aode energia devido ao colapso gravitacional diminui progressivamente.

Tabela 1.1 - Tempos de contra¸c˜aopr´e-sequˆenciaprincipal para os modelos cl´assicos apre- sentados na figura 1.2. Adaptado de Bernasconi e Maeder (1996).

Massa Inicial (M ) Tempo de contra¸c˜ao(Manos)

60 0,0282 25 0,0708 25 0,117 9 0,288 5 1,15 3 7,24 2 23,4 1,5 35,4 1 38,9 0,8 68,4

Devido ao in´ıcio das rea¸c˜oes do ciclo CNO que s˜ao altamente dependentes da tem- peratura, um gradiente de temperatura muito forte ´eestabelecido no n´ucleo, e com isso algumas regi˜oes convectivas voltam a se desenvolver. No ponto onde a luminosidade atinge seu m´aximo no diagrama HR pr´oximo `alinha pontilhada da figura 1.2, a taxa de produ¸c˜ao de energia nuclear se torna t˜ao grande que o n´ucleocentral ´efor¸cado a se expandir de tal maneira que a energia gravitacional passa a ser negativa. Esse efeito ´eaparente na superf´ıciede modo que a luminosidade total diminui em dire¸c˜ao ao seu valor do in´ıcio da sequˆencia principal, acompanhada por uma diminui¸c˜ao no valor da temperatura efetiva.

12 Quando o 6 C ´efinalmente exaurido, o n´ucleocompleta o seu reajuste para queima nuclear, alcan¸cando assim uma temperatura alta o suficiente para que o restante da cadeia PP I se torne efetiva. A partir da´ı,com o estabelecimento de uma fonte de energia est´avel, o termo da energia gravitacional torna-se insignificante e a estrela finalmente se fixa na sequˆencia principal. Vale a pena lembrar que o tempo necess´ario para que uma estrela de

1 M chegue `asequˆenciaprincipal, de acordo com os modelos num´ericocitados no in´ıcio 36 Cap´ıtulo 1. Introdu¸c˜ao dessa se¸c˜ao, n˜ao´emuito diferente da estimativa rudimentar obtida pela escala de tempo de Kelvin-Helmholtz. Para estrelas com massas inferiores `amassa do Sol, a evolu¸c˜ao´eum pouco diferente.

Por exemplo, para estrelas com massas M . 0, 5 M (n˜ao mostradas na figura 1.2), o ramo ascendente imediatamente antes da sequˆencia principal n˜ao existe. Isso acontece porque a temperatura central nunca atinge o valor suficiente para a queima eficiente do

12 6 C. Lembre-se que o parˆametro principal para que tal fato n˜ao ocorra ´esimplesmente a massa da estrela. De fato, se a massa da protoestrela em colapso ´emenor que 0,072 M

(ou 0,08 M , dependendo da referˆencia adotada), o n´ucleonunca atingir´aa temperatura suficiente para iniciar as rea¸c˜oes nucleares que gerariam a energia necess´aria para estabilizar a estrela e interromper o colapso gravitacional. Como resultado, nem mesmo a fase est´avel de queima de hidrogˆenioda sequˆencia principal ´ealcan¸cada. Tal fato explica a existˆencia de um limite inferior de massas para o objeto se tornar uma estrela e entrar na sequˆencia principal. Outra diferen¸caimportante que existe entre estrelas de massa pr´oxima`ado Sol e estrelas de baixa massa, que conseguem alcan¸car a sequˆencia principal, ´eque nessas ´ultimas a temperatura ´ebaixa o suficiente para manter a opacidade suficientemente alta de tal maneira que um n´ucleo radiativo nunca se desenvolva. Consequentemente, essas estrelas permanecem totalmente convectivas durante toda sua vida na sequˆenciaprincipal.

1.2.3 A forma¸c˜ao de An˜as Marrons

Na subse¸c˜ao anterior foi citado que protoestrelas em colapso com massas abaixo de 0,072

M nunca chegar˜ao `afase da sequˆenciaprincipal. Entretanto, algumas rea¸c˜oes nucleares ainda ocorrem, mas n˜aoa uma taxa necess´aria para formar uma estrela que fa¸cafus˜aodo hidrogˆenio. Acima de 0,06 M a temperatura do n´ucleo da estrela ´egrande o suficiente para que queima do l´ıtiopossa ocorrer, e acima de uma massa de aproximadamente 0,013

M a queima de deut´erio tamb´em ocorre (lembrando que 0,013 M ´equase 13 vezes a massa de J´upiter - veja se¸c˜ao1.1). Esses objetos que se encontram no intervalo de massa citado de 0,013 M at´e0,072 M s˜aoconhecido como an˜asmarrons e tˆemtipo espectral L e T (dois tipos imediatamente seguintes ao tipo M da classifica¸c˜ao de Harvard). A primeira descoberta confirmada de uma an˜amarrom foi Gliese 229B, anunciada em 1995. Se¸c˜ao1.2. Estrela Jovens - Evolu¸c˜aopr´e-sequˆenciaprincipal 37

Desde aquela ´epoca centenas de outros objetos semelhantes tˆemsido detectados gra¸cas `as observa¸c˜oes no infra vermelho, como por exemplo o Two Micron All Sky Survey (2MASS) e o Sloan Digital All Sky Survey (SDSS). Devido `abaixa luminosidade e dificuldade de detec¸c˜ao,o n´umero de an˜as marrons conhecidas at´eagora sugere que tais objetos permeiem toda a Via L´actea.

1.2.4 A sequˆencia principal de idade Zero (ZAMS)

Outro conceito que vale a pena discutir brevemente ´eo que diz respeito `alinha diagonal no diagrama HR, onde as estrelas de diversas massas atingem inicialmente a sequˆencia principal e come¸cam a queima equilibrida e est´avel de hidrogˆenio. Esse locus ´econhecido como sequˆenciapricipal de idade zero ou ZAMS (do inglˆes zero age main sequence). Uma breve inspe¸c˜aodos resultados cl´assicosda tabela 1.1 mostra que o tempo necess´ario para as estrelas colapsarem at´ea ZAMS ´einversamente proporcional `asua massa. Por exemplo, uma estrela de 0,8 M demora 68 Manos para alcan¸cara ZAMS, enquanto que uma de 60

M demora apenas 28000 anos. Essa rela¸c˜aoinversa entre o tempo de forma¸c˜aode estrelas e a massa estelar pode tamb´emsinalizar para um problema com os modelos evolutivos de pr´e-sequˆenciaprincipal. A raz˜ao ´eque se as estrelas mais massivas se formam em primeiro lugar em aglomerados de estrelas, a intensa radia¸c˜ao produzida por elas iria provavelmente dispersar a nuvem- m˜aeantes que as estrelas irm˜as de baixa massa tivessem chance de se desenvolver. Na realidade observa-se muito mais estrelas de baixa massa do que de alta massa, mas o efeito de dispers˜aocitado tamb´em ´eobservado. Note que, `amedida que uma estrela massiva se forma, a protoestrela ir´ainicialmente aparecer como uma fonte infra vermelha embebida em uma nuvem molecular (a nuvem m˜ae). Com o aumento da temperatura, primeiramente a poeira ir´avaporizar, as mol´eculasir˜ao se dissociar, e finalmente quando a estrela atingir a sequˆenciaprincipal, o g´asque a cerca ser´aionizado, resultando na cria¸c˜ao de uma regi˜ao H II dentro de uma regi˜ao H I residual existente. Ent˜ao, devido `aalta luminosidade da estrela, a press˜aode radia¸c˜aocome¸car´aa impulsionar quantidades significativas de g´as, o que tende a dispersar o resto da nuvem. Ainda mais, se muitas estrelas do tipo O e B se formam ao mesmo tempo (formando regi˜oesOB) pode ocorrer que grande parte da massa da nuvem, que n˜ao se ligou gravitacionalmente ainda para formar estrelas de baixa massa 38 Cap´ıtulo 1. Introdu¸c˜ao em um processo mais lento, seja expelida interrompendo dessa maneira a forma¸c˜aoestelar. Obviamente o caminho ainda ´elongo para que a evolu¸c˜aoestelar pr´e-sequˆenciaprincipal seja totalmente compreendida. N˜aoobstante, a pr´oxima subse¸c˜aofornece uma explica¸c˜ao te´orica e observacional para o problema mencionado.

1.2.5 Fun¸c˜aode massa inicial (IMF)

A partir de estudos observacionais, ficou aparente que mais estrelas de baixa massa se formam em rela¸c˜ao `asestrelas de alta massa, quando uma nuvem interestelar se fragmenta. Isso implica em que o n´umero de estrelas que se formam por intervalo de massa por unidade de volume (ou por unidade ´area no disco da Via L´actea) ´efortemente dependente da massa. Essa dependˆencia funcional ´econhecida como fun¸c˜ao de massa inicial (inicial mass function, IMF). Uma estimativa te´orica de uma IMF ´emostrada na figura 1.3. Entretanto, uma IMF depende, em particular, de uma variedade de fatores, incluindo o ambiente local onde o aglomerado estelar se forma, oriundo de uma nuvem complexa do meio interestelar. Como consequˆencia do processo de fragmenta¸c˜ao,a maioria das estrelas se formam com massas relativamete baixas. Devido `adisparidade no n´umerode estrelas formadas em diferentes intervalos, combinada com taxas de evolu¸c˜ao bem diferentes, n˜ao´esurpresa que estrelas massivas sejam extremamente raras, enquanto estrelas de baixa massa s˜ao encontradas com bastante frequˆencia. Observa¸c˜oestamb´emsugerem que, embora a IMF seja bastante incerta abaixo de 0,1 M , em lugar de diminuir de maneira abrupta como indicado na figura 1.3, a curva pode ser razoavelmente achatada, resultando em um alto n´umerode estrelas de baixa massa e an˜as marrons.

1.2.6 Estrelas T Tauri, P´osT Tauri, e a emiss˜ao de Raios-X

As estrelas T Tauri s˜ao uma importante classe de objetos pr´e-sequˆenciaprincipal de baixa massa, que representam uma transi¸c˜aoentre estrelas que ainda est˜aocercadas por poeira (fontes infra vermelhas), e estrelas de sequˆenciaprincipal. Estrelas T Tauri, chamadads assim ap´os a primeira estrela dessa classe ser identificada e localizada na con- stela¸c˜aode Taurus, s˜aocaracterizadas por caracter´ısticas espectrais n˜aousuais e pelas importantes e r´apidasvaria¸c˜oesirregulares de luminosidade, com escalas de tempo da or- dem de dias. Trata-se da classe de objetos mais jovens vis´ıveis, de tipo espectral F, G, Se¸c˜ao1.2. Estrela Jovens - Evolu¸c˜aopr´e-sequˆenciaprincipal 39

Figura 1.3: A fun¸c˜aode massa inicial, ξ, mostra o n´umero de estrelas por unidade de ´area do disco da Via L´acteapor unidade de intervalo de logaritmo de massa, que ´eproduzido por diferentes intervalos de massa. Os pontos individuais representam dados observacionais e a

linha s´olida ´euma estimativa te´orica. As massas est˜aoem unidades de M . Adaptado de Rana (1987).

K e M e com uma massa inferior a 2 M . As suas temperaturas superficiais s˜aosemel- hantes `adas estrelas da sequˆenciaprincipal de massa parecida, mas sua luminosidade ´e significativamente mais alta, dado o seu maior raio. As suas temperaturas centrais s˜ao provavelmente muito baixas para iniciar reac¸c˜oestermonucleares, e em seu lugar, a fonte de energia ´ebaseada na libera¸c˜aode energia gravitacional `amedida em que a estrela se contrai para formar uma estrela da sequˆencia principal em uma escala de tempo de 10 a 100 Manos. As estrelas T Tauri tˆem curtos per´ıodos de rota¸c˜ao (por volta de doze dias comparado com um mˆespara o Sol) e s˜ao muito ativas e vari´aveis. As posi¸c˜oesdas estrelas T Tauri no diagrama HR s˜aomostradas na figura 1.4, adaptado de Bertout (1989). As trajet´orias evolutivas te´oricas pr´e-sequˆenciaprincipal tamb´emest˜aoinclu´ıdas. O intervalo de massas das estrela T Tauri ´edesde 0,5 M at´e2,0 M . Muitas estrelas T Tauri exibem fortes linhas de emiss˜aode hidrogˆenio(provenientes da 40 Cap´ıtulo 1. Introdu¸c˜ao

Figura 1.4: Posi¸c˜oes de estrelas T Tauri no diagrama HR. O tamanho dos c´ırculos ´epro- porcional a v sin i. As estrelas com forte emiss˜ao s˜aoindicadas por c´ırculos cheios (estrelas T Tauri cl´assicas (CTTS)). Enquanto que os c´ırculos vazios representam estrelas com fraca emiss˜ao(estrelas T Tauri fracas (WTTS)). As trajet´oriasevolutivas pr´e-sequˆencia principal tamb´ems˜aomostradas. Adaptado de Bertout (1989).

s´eriede Balmer), do Ca II (linhas H e K), e tamb´emdo ´atomo de ferro. Pelo fato dessas estrelas possuirem maior abundˆancia de l´ıtio, elas tamb´emexibem em seus espectros linhas de absor¸c˜aodesse ´atomo, mas esse elemento qu´ımico´edestru´ıdo`amedida em que a estrela evolui (vide apˆendiceB) . Linhas proibidas do [O I] e [S II] tamb´emest˜ao presentes no espectro de muitas estrelas T Tauri, sinalizando para densidades de g´asextremamente baixas. Mas n˜aos´oatrav´esda identifica¸c˜aodas linhas, pode-se obter informa¸c˜oes contidas no espectro. Informa¸c˜oesespectrais podem ser obtidas tamb´ematrav´esda an´aliseda forma da linha em fun¸c˜ao do comprimento de onda. Isso se chama an´alisedo perfil de linha. Um importante exemplo ´eencontrado nas formas de algumas linhas de estrelas T Tauri. Se¸c˜ao1.2. Estrela Jovens - Evolu¸c˜aopr´e-sequˆenciaprincipal 41

Por exemplo, a linha Hα exibe frequentemente a forma caracter´ısticamostrada na figura 1.5(a). Sobreposto a um pico de emiss˜aobastante largo, ocorre uma absor¸c˜ao, que chega at´eo limite azul da linha. Esse perfil de linha ´unico´econhecido como perfil P Cygni, ap´os esta ser a primeira estrela observada a ter linhas de emiss˜aocom componentes de absor¸c˜ao em “blueshift”.

Figura 1.5: (a) Uma linha espectral que exibe um perfil P Cygni ´ecaracterizada por um grande pico de emiss˜aocom uma sobreposi¸c˜aode uma absor¸c˜aoem blueshift. (b) O perfil P Cygni ´eproduzido por uma camada de massa em expans˜aoao redor da estrela. O pico de emiss˜ao´edevido ao movimento do material para fora da estrela, perpendicular `alinha de visada, enquanto que a absor¸c˜aoem “blueshift” ´ecausado por material que se aproxima do observador, interceptando os f´otons oriundos da estrela central. Adaptado de Carrol e Ostlie (2007).

A interpreta¸c˜aodada para a existˆenciados perfis P Cygni no espectro de uma estrela ´e que a mesma sofre de uma perda de massa significativa. De acordo com as Leis de Kirchoff, as linhas de emiss˜aos˜ao produzidas por um g´as quente e difuso, quando h´apouco material intervindo entre a fonte e o observador. Nesse caso a fonte de emiss˜ao´ea por¸c˜ao da camada de expans˜aoda estrela T Tauri que est´ase movendo quase perpendicularmente `a linha de visada, como ilustrada geometricamente na figura 1.5(b). As linhas de absor¸c˜ao s˜aoo resultado da luz atravessando um g´asmais frio e difuso, que ´ea por¸c˜ao sombreada da camada de expans˜ao que absorve os f´otons emitidos pela estrela central. Uma vez que a parte escura da camada (regi˜ao A da figura 1.5(b)) se move na dire¸c˜aodo observador, tem- se que a absor¸c˜ao´edesviada para o azul (blueshift) em rela¸c˜ao`acomponente de emiss˜ao. ˙ −8 −1 As taxas de perdas de massa de estrelas T Tauri s˜aoem m´edia M = 10 M ano . 42 Cap´ıtulo 1. Introdu¸c˜ao

Em alguns casos extremos, os perfis de linhas de estrelas T Tauri mudam do perfil P Cygni para perfil P Cygni inverso (absor¸c˜aoem redshift) em escalas de dias, indicando dessa maneira uma acres¸c˜aoao inv´esde perda de massa. As taxas de acres¸c˜aoparecem ser da mesma ordem das taxas de perda de massa. Fica evidente que o ambiente ao redor de uma estrela T Tauri ´ebastante inst´avel. Um exemplo, ´ea possibilidade de ocorrerem eventos do tipo FU Orionis. O evento tem esse nome pois foi observado primeiramente na estrela FU Orionis, e o que ocorre ´eque algumas estrelas T Tauri aparentam sofrer um aumento significativo na taxa de acres¸c˜ao de massa, atingindo valores da ordem de ˙ −4 −1 M = 10 M ano . Ao mesmo tempo, a luminosidade dessas estrelas aumenta por um fator quatro ou mais, e isso pode durar d´ecadas. A literatura sugere que estrelas T Tauri podem passar por v´arios eventos FU Orionis durante suas vidas. Outros objetos tamb´em est˜aorelacionados `asestrelas T Tauri: estrelas Herbig Ae/Be que tem massa de 2 a 8 M , e objetos Herbig-Haro, mas sua descri¸c˜aoest´afora do escopo desse trabalho. Geralmente as estrelas T Tauri (TTS) s˜aodivididas em dois subtipos: as TTS cl´assicas (cTTS) que tˆema praticamente todas as caracter´ısticasdas TTS abordadas anteriormente; e as wTTS que representam as TTS fracas (weak) que carecem da maioria das propriedades das cTTS, como linhas de emiss˜ao e absor¸c˜aofracas e ausˆenciade disco de g´as e poeira ao seu redor. Entretanto, a distin¸c˜aoentre cTTS e wTTS ´e`asvezes complicada devido ao fato de que as linhas de emiss˜aos˜aomuito vari´aveis. Mais ainda, existe uma regi˜aono diagrama HR onde cTTS e wTTS est˜aomisturadas, que corresponde `as trajet´orias de Hayashi pr´e- sequˆencia principal totalmente convectivas. Uma maneira convencional de distiguir wTTS e cTTS ´eanalisando a largura equivalente da linha Hα. Se o valor estiver abaixo de 10 A˚ , a estrela TTS ´ewTTS; caso contr´ario, ser´auma cTTS. Contudo, esse crit´erio´ealgo arbitr´ario, pois a largura equivalente pode depender do tipo espectral da estrela. Esse crit´erio´emelhor aplicado na distin¸c˜aode TTS com ou sem discos de acre¸c˜ao(Neuh¨auser, 1997). Conforme essa classe de objetos evolui, `amedida em que se aproximam da fase de sequˆencia principal, o l´ıtioacaba se exaurindo e essas estrelas passam a ser classificadas como p´os T Tauri (pTTS). Essa classe de estrelas T Tauri ´emais dif´ıcilde se identificar devida `aatividade reduzida que esses objetos mostram, mas analisando a abundˆanciado l´ıtiona atmosfera dessa estrelas, em geral, ´eposs´ıvel classificar como pTTS as que possuem menores abundˆancias. A evolu¸c˜ao do l´ıtio em estrelas jovens est´adescrito com detalhes no Se¸c˜ao1.2. Estrela Jovens - Evolu¸c˜aopr´e-sequˆenciaprincipal 43 apˆendiceB.

1.2.6.1 Emiss˜aode raios-X nas estrelas T Tauri

O material interestelar ´etransparente para raios-X com energia de 1 keV, bem como para os f´otons do infravermelho pr´oximo em ∼ 2µm, mas ´eopaco para f´otons da regi˜ao do ´optico. Portanto, os raios-X podem ser usados para observar o que ocorre no interior de regi˜oes de forma¸c˜aoestelar. O sat´eliteROSAT, (R¨oentgen Satellite lan¸cado em 1990 pela antiga DASA - AgˆenciaEspacial Alem˜a,atualmente chamada de EADS), pode detectar raios-X oriundos de regi˜oesprofundas de objetos embebidos e pode oferecer uma abordagem alternativa na investiga¸c˜ao de fases iniciais de forma¸c˜ao estelar de baixa massa, como T Tauris por exemplo, que possuem forte emiss˜aode raios-X, caracter´ısticosde estrelas jovens. A primeira procura sistem´atica por emiss˜aode raios-X em TTS foi realizada pelo sat´elite de raios-X Observat´orio Einstein (EO). Estrelas T Tauri emitem raios-X de aproximada-

3 mente 1 keV com luminosidades da ordem de 10 L (Gagne e Caillault, 1994), e apresen- tam grande varia¸c˜ao e `asvezes fortes flares. Atualmente, com os levantamentos realizados por outros observat´orios, existe um extenso banco de dados de TTS com emiss˜ao de raios-X, onde a maioria ´eidentificada como wTTS e poucas como cTTS, j´aque estas s˜ao bloqueadas por efeito de mar´epelo disco que existe ao redor das estrelas, fazendo com que sua rota¸c˜ao diminua e consequentemente emita menos raios-X. A medida em que o disco se dispersa, a estrela na fase TTS volta a aumentar sua taxa de rota¸c˜ao, como resultado da conserva¸c˜ao do momento angular, resultando em que as wTTS sejam mais luminosas em raios-X. E´ sabido que estrelas na sequˆencia principal giram mais devagar que as TTS. Ou seja, `a medida em que as estrelas T Tauri evoluem, certos processos f´ısicosdessa fase v˜ao cessando, elas se aproximam da ZAMS e a sua rota¸c˜aovai diminuindo. Muitas estrelas pertencentes aos aglomerados de Hyades e Pleiades giram devagar, mas devido `as idades distintas desses dois grupos, aproximadamente 600 e 100 Manos respectivamente, tem-se que as estrelas das Pleiades emitem menos raios-X que wTTS, mas emitem mais que as estrelas das Hyades. Sendo assim, fica f´acil concluir que muitas estrelas jovens poderiam ser identificadas como objetos brilhantes em cat´alogos de observa¸c˜oesem raios-X. E de fato, foi isso que impulsionou a identifica¸c˜ao de associa¸c˜oesestelares jovens na ´ultima d´ecada (vide subse¸c˜ao 44 Cap´ıtulo 1. Introdu¸c˜ao

1.4). Muitas estrelas TTS vem sendo encontradas principalmente nos cat´alogos do ROSAT, e muitas centenas de outras ainda aguardam confirma¸c˜aode contrapartidas ´opticas, o que fornece um status promissor para essa ´area de estudo, principalmente no entendimento da origem de sistemas planet´arios a partir de observa¸c˜ao desses objetos jovens.

1.2.7 Estrelas Jovens com discos circunstelares e sua forma¸c˜ao

Observa¸c˜oes revelaram que algumas estrelas jovens e muitas estrelas T Tauri, podem possuir discos circunstelares. Dois exemplos muito bem conhecidos e estudados s˜aoVega e β Pictoris. Objetos maiores, como protoplanetas, podem se formar no disco tamb´em. Alguns autores sugerem que esses discos s˜ao de fato discos de detritos (“debris disks”) em vez de discos de acres¸c˜ao, o que significa que o material observado ´eproduzido por colis˜oes entre objetos j´aformados no disco. Uma descri¸c˜ao sobre discos circunstelares encontra-se no apˆendice A. Aparentemente, a forma¸c˜ao de discos ´ebastante comum durante o colapso das nu- vens protoestelares. Indubitavelmente, tal fato se deve ao aumento da rota¸c˜aoda nuvem, necess´ario `aconserva¸c˜aodo momento angular. A` medida em que o raio da protoestrela diminui, o mesmo acontece com o momento de in´ercia. Isso implica que, na ausˆenciade torques externos, a velocidade augular deva aumentar. Mas, um problema surge de imedi- ato, quando o efeito do momento angular ´einclu´ıdono colapso. Tem-se que os argumentos da conserva¸c˜aodo momento angular levam a esperar que todas as estrelas de sequˆencia principal deveriam girar muito mais r´apido, a taxas pr´oximas ao limite de ruptura. As ob- serva¸c˜oesmostram, entretanto, que em geral isso n˜aoocorre. Aparentemente, o momento angular ´etransferido para fora da estrela em colapso. Carrol e Ostlie (2007) sugerem que campos magn´eticos ancorados a zonas de convec¸c˜aodentro das estrelas, e acoplados aos ventos estelares ionizados, possam diminuir a velocidade de rota¸c˜ao pela aplica¸c˜ao de torques. Atividades coronais do tipo solar nas atmosferas mais externas de algumas estrelas T Tauri parecem confirmar essa id´eia.

1.3 As origens das estrelas jovens pr´oximas

Ap´osa discuss˜aorealizada sobre estrelas jovens na se¸c˜ao anterior ´einteressante elucidar como as estrelas jovens pr´oximas surgem, pois s˜aoos alvos de estudo. E´ sabido que o s´ıtio Se¸c˜ao1.3. As origens das estrelas jovens pr´oximas 45 mais pr´oximode forma¸c˜ao estelar massiva ´eregi˜ao de Sco-Cen, que est´aa mais de 100 pc de distˆanciado Sol. Considerando que muitas estrelas jovens est˜aosituadas a uma distˆancia de 60 pc, a origem de tais estrelas se torna um tema muito interessante. N˜aoexistem evidˆenciasde uma nuvem molecular pr´oxima (d . 100 pc) que poderia, real´ısticamente, explicar a origem dessas estrelas jovens como uma forma¸c˜ao estelar in-situ semelhante a s´ıtiost´ıpicoscomo Taurus/Auriga e Sco-Cen. Uma id´eiaimportante relativa a origem de estrelas jovens seria o fato de que elas ex- istem, em maior n´umero, no Hemisf´erioSul. Muito provavelmente essa prevalˆenciasulista est´arelacionada `arecente forma¸c˜aoestelar massiva na regi˜aode Sco-Cen que consiste de trˆessub-regi˜oes,cada uma distingu´ıvel por diferentes posi¸c˜oesdo c´eu,idade, e propriedades cinem´aticas. A mais pr´oxima, ´ea Lower Centaurus Crux - LCC com uma distˆancia es- timada de ∼ 120 pc (de Zeeuw et al., 1999). A associa¸c˜ao de TW Hydra (TWA) e a parte noroeste de LCC se sobrep˜oem no plano do c´eue as estrelas que formam essa regi˜ao sobreposta tˆemmovimentos espaciais similares (Song et al., 2003). A idade de LCC est´a entre 10-15 Manos (de Geus et al., 1989), por´em esse valor pode ser um tanto diferente ao se utilizar diferentes m´etodos, resultando por exemplo em uma idade entre 15-25 Manos como encontrado por Mamajek et al. (2002). Outro exemplo ´efornecido nos trabalhos de Ortega et al. (2002) e Song et al. (2003) que realizaram a trajet´oria retroativa sobre os membros do grupo β Pic resultando em uma idade de ∼ 12 Manos. N˜ao obstante, ´e poss´ıvel notar que as estrelas de TWA s˜ao claramente mais jovens porque elas se situam acima das estrelas de β Pic no diagrama cor-magnitude (CMD) (figura 3.3), e tamb´em devido ao fato da abundˆanciaqu´ımicado l´ıtioser maior para os membros de TWA, como pode ser visto na figura 1.6. Assim, as estrelas de TWA s˜aot˜aoou mais jovens do que as estrelas mais jovens de LCC. Ainda em rela¸c˜aoao grupo β Pic, Jayawardhana e Greene (2001), Ortega et al. (2002), Song et al. (2003) concluiram em seus trabalhos, atrav´esdo m´etodo de tra¸caras posi¸c˜oes das estrelas do grupo de volta no tempo, que no instante de seu nascimento, β Pic estava muito pr´oxima `aregi˜aode Sco-Cen. Outro grupo que pode estar relacionado `aregi˜ao de Sco-Cen ´eo aglomerado estelar compacto η Cha, que est´aa uma distancia de 97 pc do Sol localizado ligeiramente a oeste de LCC (Mamajek et al., 2002). Mais ainda, existe uma gama de grupos estelares jovens na regi˜ao frontal de Sco-Cen como por exemplo: 46 Cap´ıtulo 1. Introdu¸c˜ao

Figura 1.6: Larguras equivalentes da linha do Li I λ6707,76 como fun¸c˜aode B − V . Idades dos aglomerados: NGC 2264 (< 5 Manos); IC 2602 (∼ 30 Manos); Pleiades (∼ 100 Manos). Para as estrelas de tipo espectral ∼ M3 do grupo em movimento de β Pic, a escala de tempo de queima do l´ıtio ´emenor que 12 Manos. Adaptado de Zuckerman e Song (2004b)

aglomerado  Cha (Feigelson et al., 2003); a regi˜ao“Cha-Near” (Zuckerman e Song, 2004b); e o aglomerado β Crux (Alcal´aet al., 2002). As posi¸c˜oes e os tamanhos relativos desses aglomerados do Hemisf´erioSul podem ser observados na figura 1.7. A partir de uma extrapola¸c˜ao acerca do que foi dito, poder-se-ia deduzir que a maioria das estrelas pr´oximas jovens com idades . 15 Manos est˜aorelacionadas `aregi˜aoSco-Cen. Ent˜ao, o que deve ter causado essa forma¸c˜aoestelar em larga escala (∼ 200 pc) numa escala de tempo de ∼ 30 Manos encontrado na grande regi˜ao de Sco-Cen? Para responder a essa quest˜ao´enecess´ario analisar a regi˜aoSco-Cen com mais detalhe. Embora ela seja o s´ıtio massivo de forma¸c˜ao estelar mais pr´oximo da Terra, s´ose consegue obter informa¸c˜oeslimitadas sobre ela devido `asua vasta ´areaprojetada no c´eu(a sua

3−4 escala espacial ´e & 200 pc com uma massa total de ∼ 10 M ). A passagem de um bra¸co espiral Gal´acticopode naturalmente explicar esta forma¸c˜ao estelar em larga escala. Nesse cen´ario, h´aaproximadamente 60 Manos atr´as,a regi˜ao que agora ´econhecida como a vizinhan¸casolar passou pelo bra¸code Carina e com isso ativou-se uma forma¸c˜aoestelar massiva. Um trabalho que refor¸caessa id´eia´eo de Sartori et al. (2003) onde os autores argumentam que alinhamentos de nuvens moleculares e grupos de estrelas jovens, incluindo Se¸c˜ao1.3. As origens das estrelas jovens pr´oximas 47

Figura 1.7: Associa¸c˜oes estelares jovens do Hemisf´erioSul indicadas com seus respectivos movimentos pr´oprios.

as regi˜oes de Sco-Cen, Ophiucus, Lupus e Chamaeleon (todas na dire¸c˜aode rota¸c˜aoanti gal´actica), podem ser facilmente explicados pela passagem do g´aspelo bra¸coespiral da Gal´axia. Por outro lado, a turbulˆencianatural do meio interestelar continuamente cria e destr´oiregi˜oes de alta densidade em v´arias escalas de tempo. As simula¸c˜oes num´ericas do trabalho de Hartmann et al. (2001) demonstram que em poucas dezenas de milh˜oes de anos uma nuvem interestelar com um tamanho de algumas centenas de , pode ser criada. Neste cen´ario, fluxos turbulentos de larga escala no meio interestelar difuso podem rapidamente formar nuvens moleculares filamentares que podem ultrapassar a escala de centenas de parsecs, e at´epequenos ramos (∼ 50 pc) podem fornecer condi¸c˜oes suficientes para o nascimento de grupos estelares jovens como os que est˜aosendo abordados neste trabalho. A extrapola¸c˜aoda fun¸c˜aode massa dos atuais membros conhecidos da regi˜aode Sco- Cen realizada por de Zeeuw et al. (1999) levou `aconclus˜ao que se poderia esperar que houvesse um certo n´umerode estrelas O por toda a regi˜ao de Sco-Cen. Entretanto, essas estrelas n˜aos˜aoencontradas nessa regi˜ao, embora exista uma d´uziaou mais de estrelas do tipo B0-2. Tal fato implica que existiam ao menos algumas estrelas do tipo O que explodiram como supernovas, e que poderiam assim ter contribu´ıdocom uma dispers˜ao de pequenas nuvens moleculares de forma¸c˜aoestelar e/ou dispararam uma nova forma¸c˜aoem sua vizinhan¸ca.Embora ningu´emtenha observado evidˆenciasdiretas de tais explos˜oes, po- 48 Cap´ıtulo 1. Introdu¸c˜ao dem existir evidˆencias indiretas locais, tais como baixa densidade, e bolhas de explos˜oesna vizinhan¸ca solar (Ma´ız-Apell´aniz (2001)). De fato, regi˜oes de forma¸c˜aoestelar disparadas por explos˜oesde supernovas na regi˜ao de Sco-Cen s˜ao, atualmente, um dos cen´arios mais populares, adotados nos trabalhos de Jayawardhana e Greene (2001), Sartori et al. (2003), e Ortega et al. (2004). Embora n˜ao seja poss´ıvel datar com precis˜aoquando ocorreu exatamente a forma¸c˜ao estelar em Sco-Cen, existem evidˆenciasde uma rela¸c˜aof´ısica entre os grupos estelares jovens pr´oximos, e a regi˜ao de Sco-Cen. A menos que a fun¸c˜ao de massa da regi˜aode Sco-Cen seja muito diferente comparada a de outras regi˜oes de forma¸c˜ao estelar (suposi¸c˜ao que parece gratuita), deve existir uma s´eriede explos˜oesde supernovas que dispersaram o material gasoso dos grupos estelares jovens. Pequenos grupos de estrelas se formaram nas camadas de expans˜ao das ondas de choque das supernovas ou em ramos de turbulˆencia induzida de nuvens moleculares filamentares. Isso pode explicar as pequenas diferen¸casde movimentos espaciais entre os grupos estelares jovens e a regi˜aode Sco-Cen.

1.4 Associa¸c˜oes Estelares - Grupos de estrelas

Conforme o descrito no projeto, a principal sugest˜ao de trabalho ´efazer um levan- tamento de estrelas nos campos do sat´eliteCoRoT com movimentos pr´oprios an´alogos, caracterizando-os como membros de uma associa¸c˜aopara que a idade seja estimada. Para isso utilizar-se-´aos resultados de Torres et al. (2006) e os cat´alogos UCAC2 e USNOB1 para sugerir novos alvos a serem observados com espectroscopia Coud´eno Laborat´orioNa- cional de Astrof´ısica, a fim de determinar suas velocidades radiais, tipo espectral e idade estimada para que o prop´osito do trabalho seja alcan¸cado. Mais detalhes podem ser vistos na se¸c˜ao 4. Um conceito importante muito utilizado nesse texto, e principalmente na base de dados, ´eo de associa¸c˜aoestelar. Esse tipo de objeto ´edefinido como um grupo de estrelas que aparentam estar concentradas em um pequeno espa¸covolum´etrico e que compartilham as mesmas propriedades tais como idade, composi¸c˜aoqu´ımica, distˆanciae cinem´atica. Basicamente se conhecem trˆestipos de associa¸c˜oesestelares: (i) o tipo mais conhecido ´ea associa¸c˜ao OB, caracterizada pela presen¸ca de estrelas de tipo espectral O e B. Acredita- se que se formam a partir de um pequeno volume no interior de uma nuvem molecular Se¸c˜ao1.4. Associa¸c˜oes Estelares - Grupos de estrelas 49 gigante, e algumas delas podem come¸carcomo estrelas Herbig Ae/Be. Uma vez que o g´as e o p´odesaparecem, as estrelas remanescentes se separam e come¸cam a vagar livremente, e como a vida das estrelas de tipo O ´emuito curta, estas associa¸c˜oespodem ter uma idade de uns poucos milh˜oes de anos no m´aximo; (ii) associa¸c˜oesT, formadas por estrelas jovens do tipo T Tauri. Estas associa¸c˜oesnormalmente encontram-se fora da nuvem molecular a partir da qual se formaram; (iii) associa¸c˜oesR, formadas por estrelas que iluminam uma nebulosa de reflex˜ao. A` primeira vista esse conceito parece convergir para o de um aglomerado; por outro lado, se tal grupo est´aperto o suficiente do Sol, seus membros parecer˜aoabranger uma grande parte do c´eu (como por ex., Orion que est´aa 50 pc e cobriria uma grande extens˜ao do c´eu)caracterizando-se assim uma associa¸c˜ao. E outras palavras, um aglomerado tem uma densidade de estrelas de pelo menos uma ordem de grandeza maior que a densidade encon- trada no campo e ´e,portanto, mantido em conjunto pela atra¸c˜aom´utuade seus membros estelares. Uma associa¸c˜ao, por outro lado, tem uma densidade estelar consideravelmente menor que a encontrada no campo e tende rapidamente a sofrer ruptura por efeitos de mar´e, talvez em uma escala de tempo da ordem de 10 Manos. Desse modo, para localizar esse tipo de grupo, concentra¸c˜oes espaciais projetadas e movimentos pr´oprios semelhantes n˜aos˜aosuficientes (Torres et al., 2006) & (Torres et al., 2008). Um crit´erio mais preciso ´e procurar-se por objetos que compartilham movimentos heliocˆentricos pr´oximos. O conceito acima referente `aassocia¸c˜aoobviamente est´adiretamente relacionado a grupos de estrelas coevos em movimento, e de como se originam, conforme descrito na se¸c˜ao 1.3. Desde o come¸codos estudos nessa ´area, a astronomia vem tentando resolver um problema cr´ıticorelativo a identifica¸c˜aon˜aoamb´ıguade tais grupos coevos como parte da Associa¸c˜aoLocal jovem e pr´oxima, que tamb´emcompreende a identifica¸c˜ao de estrelas T Tauri pr´oximas ao Sol. Em geral, o estudo de grupos de estrelas em movimento tem uma hist´oria n˜aomuito recente na astronomia, como pode ser verificado, por exemplo, na s´erie de nove volumes de Eggen (1965) sobre estrelas e sistemas estelares, que resume a hist´oria dos estudos de grupos a uma distˆancia de at´e100 pc do Sol. Nos ´ultimos dez anos, a astronomia vem presenciando um forte crescimento nessa ´area. Os resultados do esfor¸coem encontrar novas associa¸c˜oes come¸caram a aparecer ap´oso in´ıcioda identifica¸c˜aode estrelas jovens contidas no cat´alogo ROSAT de objetos emissores 50 Cap´ıtulo 1. Introdu¸c˜ao de raios-X. Lembre-se que estrelas jovens sofrem de um aumento da atividade em raios- X conforme descrito na se¸c˜ao1.2.6, e que observa¸c˜oesde aglomerados jovens (como as Pleiades, por exemplo) mostraram que a intensa emiss˜aode raios-X persiste por pelo menos 100 Manos. Em virtude disso, Torres et al. (2006) iniciaram a cria¸c˜aode um banco de dados chamado SACY (do inglˆes Search for Associatons Containing Young Stars). Basicamente o SACY cont´emestrelas de tipo espectral G0 em diante contidas no cat´alogo TYCHO-2 ou Hipparcos, e que possuam contrapartidas no cat´alogo ROSAT. As associa¸c˜oes contidas no SACY ser˜ao, portanto, o ponto de partida no banco de dados do presente trabalho para an´alise e sele¸c˜ao. Cap´ıtulo 2

Campos de Visibiladade Estudados

Conforme mencionado no cap´ıtulo1, o objetivo deste trabalho consiste em localizar planetas em est´agio inicial de forma¸c˜aoprocurando-os em uma amostra de estrelas jovens com idades entre alguns Manos e v´arias dezenas de Manos. Contudo, essa amostra n˜ao pode ser selecionada ao acaso. Os alvos a serem analisados devem ser, al´emde jovens, observ´aveis por algum instrumento para que a detec¸c˜ao do protoplaneta seja feita. O objetivo desse trabalho ´eestudar alvos que estejam contidos nos campos de visibilidade dos sat´elitesCoRoT (ESA) e Kepler (NASA), que al´emde serem instrumentos voltados ao prop´ositode detec¸c˜ao exoplanet´aria, utilizam a t´ecnicade detec¸c˜aopor trˆansitoque ´e a que mais se desenvolveu nos ´ultimos anos. Vale ressaltar tamb´emque existem diferentes metodologias de detec¸c˜aode exoplanetas. Atualmente, por crit´erio de simplicidade, tais m´etodos podem ser agrupados em quatro categorias principais: (i) m´etodos dinˆamicos:dependem diretamente da intera¸c˜aogravita- cional entre a estrela e seu(s) planeta(s); (ii) m´etodos fotom´etricos:dependem diretamente de medidas da luz emitida pelo exoplaneta e por sua estrela; (iii) microfocaliza¸c˜aograv- itacional: depende da propriedade que objetos massivos tem de pertubar a trajet´oria de raios de luz (microlentes gravitacionais); e (iv) uma quarta categoria da qual fazem partes t´ecnicasexperimentais ainda n˜ao desenvolvidas. Dentre as trˆesprimeiras categorias exis- tem sete m´etodos que est˜ao sendo atualmente utilizados ou que ser˜ao desenvolvidos em um curto per´ıodo de tempo: velocidade radial ou m´etodo Doppler; trˆansito planet´ario; microfocaliza¸c˜aogravitacional (efeito de microlente); imageamento direto; cronometragem de pulsares; astrometria; discos circunstelares. A descri¸c˜aode cada m´etodo est´afora do escopo desse trabalho, com exce¸c˜ao de dois em particular: o de trˆansitoplanet´arioe o da 52 Cap´ıtulo 2. Campos de Visibiladade Estudados espectroscopia doppler, j´aque o primeiro ´ea metodologia utilizada pelos sat´elites men- cionados acima, e o segundo ´ea metodologia de follow-up ou de confirma¸c˜ao de suas descobertas, como a determina¸c˜ao da massa dos planetas. Antes da breve discuss˜ao desses dois m´etodos, uma observa¸c˜ao importante deve ser feita. A curta hist´oria recente de detec¸c˜aoplanet´ariamostra que todos os m´etodos suprac- itados contˆemum vi´es observacional ´obvio: ´emuito mais f´acil descobrir planetas massivos (gigantes gasosos) girando ao redor de suas estrelas a distˆancias muito pequenas, de tal maneira que suas ´orbitas tenham escalas de dias. Tal fato ´ecorroborado pelo m´etodo respons´avel pela grande maioria das descobertas, o da velocimetria radial. A ambi¸c˜aode pesquisadores da ´area sempre foi a detec¸c˜ao de planetas rochosos similares `aTerra, que s˜aoos potencialmente mais promissores de um ponto vista astrobiol´ogico. Devido a isso, nos ´ultimosanos foi realizado um intenso esfor¸cono desenvolvimento e aplica¸c˜aodesse m´etodo, de trˆansitos planet´arios, permitindo identificar tanto planetas rochosos quanto gasosos com a confirma¸c˜aode observa¸c˜oes de solo, embora seja mais dif´ıcildescobrir-se os primeiros devido ao seu pequeno tamanho. Foi por essa raz˜aoque se escolheu estudar, neste trabalho, alvos contidos nos campos de visibilidade dos sat´elitesCoRoT e Kepler, pois `amedida que suas descobertas se confirmem existir´auma popula¸c˜ao de exoplane- tas em uma regi˜ao at´eent˜ao inacess´ıvel devido a falta de observa¸c˜oesde um sat´elite. A possibilidade de decoberta de outras Terras pelo m´etodo de trˆansito dar´avalidade a este trabalho, desde que as estrelas observadas sejam jovens. Lembre-se que a finalidade b´asica deste trabalho ´eidentificar estrelas jovens, nos campos do CoRoT e Kepler, sucept´ıveis de j´aterem formados planetas, e distinguir dentre elas, os mais favor´aveis de j´apoderem ter formado planetas rochosos (relativamente mais velhas). Apesar de que, tanto o sat´eliteCoRoT quanto o Kepler utilizam a mesma metodologia observacional, o processo de como se d´aa observa¸c˜aodifere em alguns aspectos, e tal fato reflete os resultados obtidos por cada um. Por´em,antes de discuti-los detalhadamente, uma breve apresenta¸c˜aoaos principais m´etodos de detec¸c˜aoser´afeito a seguir, para pos- teriormente apresentar as caracter´ısticas particulares e pertinentes a esse trabalho de cada um dos sat´elites,tais como modo de observa¸c˜ao, campo de vis˜ao, e limite de magnitude observada. Se¸c˜ao2.1. M´etodos de Detec¸c˜ao Abordados 53

2.1 M´etodos de Detec¸c˜aoAbordados

2.1.1 TrˆansitoPlanet´ario

A defini¸c˜aode trˆansito ´esimples: consiste na passagem de um objeto astronˆomico em frente de outro maior. Trˆansitos ocorrem com certa periodicidade no sistema solar, eclipses solares e lunares s˜ao casos especiais de trˆansitos. Sendo s˜ao os trˆansitos de Merc´urioe Vˆenus sobre o disco solar.

Figura 2.1: Um evento raro, o trˆansitode Vˆenus foi observado novamente ap´os122 anos, em 8 de Junho de 2004. Esta imagem foi obtida atrav´esde um filtro Hα. Al´emdo disco de Vˆenus, tamb´em pode-se observar v´arias proeminˆenciase a granula¸c˜aosolar. (NASA).

Para entender como exoplanetas podem ser descobertos atrav´esde trˆansitos, ´econve- niente usar como exemplo o trˆansitode Vˆenus que ocorreu em 8 de Junho de 2004. Na figura 2.1, tem-se uma imagem que mostra Vˆenus, um pequeno disco negro sobre a bril- hante superf´ıciedo Sol. Durante o seu trˆansito ocorreu uma diminuta redu¸c˜ao da radia¸c˜ao solar incidente na Terra. Supondo que o Sol possui um brilho uniforme por toda a sua superf´ıcie(por simplicidade ignora-se o efeito de escurecimento do limbo) ´esimples calcular a fra¸c˜aoda radia¸c˜aosolar bloqueada pelo disco de Vˆenus. A fra¸c˜aoobscurecida da ´area solar, fV , ´esimplesmente o quadrado da raz˜ao entre o raios angulares de Vˆenus, aV , e do

Sol, aS:

aV 2 RV /dTV 2 fV = ( ) = ( ) (2.1) aS RS/dT onde RV ´eo raio de Vˆenus, RS o raio do Sol, dTV a distˆancia entre a Terra e Vˆenus, e dT a distˆanciaentre a Terra e o Sol. Com a substitui¸c˜ao destas vari´aveis por valores num´ericos, 54 Cap´ıtulo 2. Campos de Visibiladade Estudados obt´em-se que durante o trˆansitode Vˆenus ocorreu uma diminui¸c˜ao de cerca de 0,1% do brilho aparente do Sol. Apesar de ser impercept´ıvel a olho n´u,esta varia¸c˜ao´efacilmente observ´avel com o equipamento apropriado. Este tipo de c´alculo pode ser aplicado tamb´em a trˆansitos de exoplanetas, e como as distˆancias nesses casos s˜aomuito maiores, a f´ormula acima pode ser escrita como,

RP 2 fP = ( ) (2.2) R∗ onde RP e R∗ s˜aoos raios de um planeta e sua estrela, respectivamente. Esta f´ormula n˜ao ´eexata porque o disco de uma estrela n˜ao possui brilho uniforme. No entanto, ela permite estimar com razo´avel precis˜aoa fra¸c˜ao pela qual o brilho de uma estrela decresce quando o planeta transita entre o centro e o limbo do disco estelar. Para um exoplaneta com o tamanho de J´upiterem ´orbita de uma estrela similar ao Sol, um trˆansito bloquear´acerca de 1% da luz da estrela. Um resultado de como um trˆansito´eidentificado ´eapresentado na figura 2.2 que mostra a curva de luz observada da estrela CoRoT-1 com o decr´escimo causado pelo planeta CoRoT-1b que tem aproximadamente 50% do tamanho de J´upiter. Note que este resultado n˜ao depende da distˆancia do sistema planet´ario com rela¸c˜ao`a Terra.

Figura 2.2: Resultado de um trˆansitoidentificado pelo sat´elite CoRoT que mostra a curva de luz observada da estrela CoRoT-1 com o decr´escimo causado pelo planeta CoRoT-1b que tem aproximadamente 50% do tamanho de J´upiter. Essa foi a primeira confirma¸c˜aode um exoplaneta descoberto pelo sat´elite. Se¸c˜ao2.1. M´etodos de Detec¸c˜ao Abordados 55

E´ sabido tamb´emque, conhecendo-se o tipo espectral da estrela, ´eposs´ıvel estimar com precis˜aoo seu raio e sua massa. Com isso, a equa¸c˜ao 2.2 pode ser usada tamb´em para estimar o raio de um planeta a partir da observa¸c˜aodo trˆansito. A partir do per´ıodo entre trˆansitos, P , obtido diretamente da curva de brilho da estrela observada, da massa da estrela, e com o uso da terceira lei de Kepler (desprezando a massa do planeta em rela¸c˜ao `aestrela), o semi-eixo maior do sistema pode ser calculado:

P 2GM a3 = ∗ (2.3) 4π2 O an´uncioda descoberta do primeiro planeta atrav´es de um trˆansito ocorreu em meados de 2000 (Castellano et al., 2000). Uma grande vantagem deste m´etodo ´ea facilidade com que ele pode ser executado (medidas fotom´etricas da varia¸c˜ao do brilho de estrelas ´ealgo que se realiza em praticamente todos observat´orios profissionais no mundo). Outra grande vantagem dos trˆansitos ´eque eles permitem determinar o tamanho do exoplaneta, e se este dado for combinado com medidas obtidas por outros m´etodos, a densidade do planeta pode ser encontrada. A partir da densidade e do tamanho do planeta, podem ser estabelecidas hip´oteses a respeito de sua constitui¸c˜aointerna e sua composi¸c˜aoqu´ımica. Al´em disso, um grande n´umerode estrelas pode ser observado simultaneamente, e exoplanetas com massas similares `ada Terra podem ser encontrados. No entanto, este m´etodo possui uma grande limita¸c˜ao: trˆansitos somente ocorrem quando a inclina¸c˜aoda ´orbita do planeta com rela¸c˜aoa linha de visada for pr´oxima de 90o. A probabilidade para uma ´orbita estar apropriadamente alinhada ´eigual ao diˆametro da estrela dividido pelo diˆametroda ´orbita (veja: http://kepler.nasa.gov). Estima-se que esse valor seja de 0,5 % para um planeta com uma ´orbita do tipo terrestre ao redor de uma estrela como o Sol. Por outro lado, para os planeta gigantes descobertos com ´orbitas de alguns dias, a probabilidade de alinhamento ´ede 10%. Devido a esse fator, para se detectar muitos planetas, mesmo se os tipos terrestres forem comuns, h´aque se observar milhares de estrelas. Tamb´em nota-se que quanto menor o planeta, menor ser´aa varia¸c˜ao do brilho da estrela provocado por ele. E´ levando em conta esses fatores que as miss˜oes, que tenham como objetivo identificar exoplanetas, possuem um campo de vis˜ao rico em estrelas permitindo dessa forma observar cerca de centenas de milhares de alvos. Duas delas s˜ao os sat´elitesCoRoT e Kepler, instrumentos de estudo deste trabalho. 56 Cap´ıtulo 2. Campos de Visibiladade Estudados

2.1.2 Espectroscopia Doppler - follow-up

Anteriormente foi mencionado que a densidade do planeta pode ser encontrada se os resultados das observa¸c˜oesdos trˆansitosforem combinados com resultados de outros m´etodos. Isso ´eo que se chama de pesquisa de follow-up necess´aria para a confirma¸c˜aode um exoplaneta. Geralmente, ap´osa confirma¸c˜ao do trˆansito,telesc´opios de solo realizam observa¸c˜oes desses alvos e aplicam a metodologia de espectroscopia Doppler, ou velocime- tria radial. Esse m´etodo se baseia na propriedade que a luz emitida por um objeto em movimento tem o seu comprimento de onda alterado. Objetos que se aproximam de um observador apresentam um encurtamento do comprimento de onda da luz, ou um desvio para o azul, enquanto que objetos que se afastam apresentam um alongamento do com- primento de onda da luz, ou um desvio para o vermelho. A mudan¸cano comprimento de onda ∆λ de um objeto se afastando ou se aproximando diretamente de um observador com uma velocidade vr n˜aorelativ´ıstica´edado por:

λ0 − λ ∆λ v = = r (2.4) λ λ c onde c ´ea velocidade da luz. Note que vr ´ea velocidade radial do objeto, a componente da velocidade na linha de visada, e por conven¸c˜ao ´epositiva para objetos que se afastam do observador. O parˆametro λ0 ´eo comprimento de onda medido, enquanto que λ ´e comprimento de onda se o objeto estivesse em repouso. Ent˜ao, para objetos se aproximando do observador, vr e ∆λ s˜aonegativos. No caso de um objeto se afastando do observador, vr e ∆λ ser˜aopositivos. A velocidade radial de uma estrela pode variar com o tempo, de maneira peri´odica, de- vido `aintera¸c˜aogravitacional m´utuaentre a estrela e seu(s) planeta(s) em uma ´orbita fechada. Outros processos f´ısicos, como pulsa¸c˜oesda estrela, tamb´empodem causar varia¸c˜oesperi´odicas da velocidade radial e devem ser levados em conta na an´alise,por´em estes efeitos n˜aoser˜ao discutidos aqui pois est˜aofora do escopo deste trabalho. E´ im- portante observar que a orienta¸c˜aoda ´orbita da estrela ao redor do centro de massa do sistema influencia o valor medido da varia¸c˜aoda velocidade radial. Em uma situa¸c˜ao onde a orienta¸c˜aodo sistema planet´ario ´efrontal (isto ´e,o sistema ´evisto de cima), a compo- nente observada da velocidade radial ser´am´ınima. Por outro lado, quando se observa a ´orbita de perfil(ou seja, no plano orbital), a componente observada da velocidade radial Se¸c˜ao2.1. M´etodos de Detec¸c˜ao Abordados 57 ser´am´axima. Devido `ainclina¸c˜aoqualquer da ´orbita da estrela com rela¸c˜ao ao observador, o que se mede na realidade ´e vr = v sin (i), onde (i) ´eo valor da inclina¸c˜aoda ´orbita. Em observa¸c˜oesdestinadas a descobrir planetas atrav´esda espectroscopia Doppler, mede-se a varia¸c˜ao temporal da velocidade radial da estrela a partir de medidas do deslo- camento de linhas espectrais. Portanto, medindo-se o valor de vr, e do per´ıodo orbital P atrav´esdas varia¸c˜oes c´ıclicas de velocidade, ou atrav´esdos resultados do trˆansito, pode- se ent˜ao calcular os parˆametros orbitais. A demonstra¸c˜aoque se far´aagora ´esimples e sucinta. Primeiramente, ser´aabordado o caso de ´orbitas circulares, e posteriormente se extender´apara excentricidades n˜aonulas ( 6= 0) (Martioli, 2006). Para o movimento de uma estrela com velocidade v em torno do centro de massa (CM) do sistema, tem-se que:

vP = 2πa∗ (2.5) onde a∗ ´ea distˆancia da estrela ao CM. Multiplicando os dois lados dessa equa¸c˜aopor sin (i), tem-se,

P v a sin (i) = r (2.6) ∗ 2π que fornece um limite inferior para o raio da ´orbita da estrela em torno do CM. Pode-se obter um valor para a massa da estrela a partir da rela¸c˜aomassa/luminosidade, dada por,

L M ∗ = ( ∗ )3 (2.7) L M onde L e M s˜aoos valores da luminosidade e da massa solar, respectivamente. Na pr´atica, valores da luminosiade de uma estrela s˜ao medidos com relativa confiabilidade. Conhecendo-se a luminosidade de uma estrela pode-se estimar com boa precis˜aoa sua massa. Contudo, a maneira mais precisa de se determinar a massa de uma estrela baseia- se em observa¸c˜oesespectrosc´opicas,e na classifica¸c˜ao espectral precisa do objeto A partir da terceira lei de Kepler, obt´em-se o valor do raio da ´orbita do planeta,

GM P 2 a = ( ∗ )(1/3) (2.8) p 4π2 onde G ´ea constante gravitacional e ap ´ea distˆancia do planeta ao CM. Nessa express˜ao, despreza-se a massa do planeta em rela¸c˜ao`ada estrela. 58 Cap´ıtulo 2. Campos de Visibiladade Estudados

Segundo a defini¸c˜aode centro de massa tem-se ainda que:

Mpap = M∗a∗ (2.9)

Utilizando as express˜oes anteriores, chega-se finalmente a uma express˜ao para a veloci- dade radial, e assim pode-se obter um limite inferior para a massa do planeta:

2πG (1/3) vr = Mp sin (i)( 2 ) (2.10) M∗ P A express˜aomais completa, que inclui a excentricidade da ´orbita ´edada por Martioli (2006),

2πG (1/3) 1 vr = Mp sin (i)( 2 ) 2 (1/2) (2.11) M∗ P (1 −  ) onde  ´eo valor da excentricidade orbital. Para se obter experimentalmente o valor da excentricidade, utiliza-se o fato de que a forma da curva de varia¸c˜ao da velocidade radial depende da excentricidade, e sua varia¸c˜ao temporal n˜ao ´esenoidal. Pode-se assim, fazer modelos que utilizem um ajuste para en- contrar a excentricidade. Uma descri¸c˜ao mais detalhada deste procedimento est´afora do escopo deste trabalho, e mais informa¸c˜oes podem ser obtidas em Martioli (2006).

Note que o que se mede ´e Mp sin (i) e n˜ao Mp, ou seja todas as medidas de massa dos exoplanetas conhecidos o s˜aoem fun¸c˜ao de sin (i) e dependem pois da inclina¸c˜ao da ´orbita. Claro que no caso de exoplanetas, as decobertas pelo m´etodo de trˆansitoa inclina¸c˜ao ´ede 90o. Note tamb´em que a espectroscopia Doppler favorece, atrav´esde efeito de sele¸c˜ao,a descoberta de Hot Jupiters (J´upitersquentes). Estes planetas, al´emde possu´ırem M sin (i) da ordem de MJ , possuem per´ıodos orbitais curtos e causam uma grande varia¸c˜ao da velocidade radial, o que facilita o estabelecimento de suas descobertas. Por´em,a detec¸c˜ao de planetas menores, e consequentemente velocidades radiais menores, s˜aomais dif´ıceis,e portanto, a combina¸c˜aodeste m´etodo com os resultados do trˆansitos˜aomuito importantes na descoberta e confirma¸c˜aode exoplanetas rochosos, j´aque o per´ıodo e as coordenadas do alvo para observa¸c˜aode follow-up s˜aoobtidos pelo trˆansito. Ou seja, para as miss˜oes CoRoT e Kepler, esses dois m´etodos ir˜ao atuar de formas complementares `amedida que novos exoplanetas ser˜ao descobertos e confirmados. Se¸c˜ao2.2. O sat´eliteCoRoT 59

Atualmente, os candidatos a exoplanetas s˜aoobservados por uma rede de instrumen- tos: o espectr´ografo HARPS (o mais preciso atualmente), instalado no telesc´opio de 3,6 m do ESO, e os telesc´opios Keck I no Hawaii e Hobby-Ebberly no Texas, para obter ve- locidades radiais com elevada precis˜ao que permitam estimar a massa do planeta. Mas existe um problema. As miss˜oes CoRoT e Kepler prop˜oem-se a descobrir planetas com massas pr´oximas `ada Terra e a uma distˆancia aproximadamente de 1 UA de uma estrela hospedeira semelhante ao Sol. Ora, por exemplo, o efeito da Terra na velocidade radial do Sol ´ede apenas 0,1 m/s e, portanto, al´emdos sat´elitesserem capazes detectar o trˆansito de um tal planeta, dever´a-se-´aconfirmar depois a sua existˆenciamedindo a varia¸c˜ao na velocidade radial da estrela hospedeira com uma precis˜aode pelo menos 0,1 m/s. Nen- hum espectr´ografo tem atualmente essa precis˜ao.O HARPS, em La Silla, e o HIRES, no Keck, atingem uma precis˜ao de 1 m/s. E´ por essa raz˜aoque se encontra em constru¸c˜ao uma r´eplica do HARPS, designado HARPS-NEF (New Earths Facility), que ter´auma precis˜aosuperior `ado seu irm˜ao mais velho e ser´ainstalado no WHT (William Herschel Telescope) de 4,2 metros na ilha de La Palma, Can´arias. O HARPS-NEF dever´ainiciar as observa¸c˜oes no final de 2010, e com isso muitos dados dos dois sat´elites pedentes de confirma¸c˜aopoder˜ao ser melhor analisados para, dessa forma, aumentar a popula¸c˜aode exoplanetas rochosos descobertos alcan¸cando assim, os objetivos das duas miss˜oes.

2.2 O sat´eliteCoRoT

2.2.1 Aspectos Gerais

Uma vez compreendida a descri¸c˜aob´asicade como os exoplanetas s˜ao detectados pelos sat´elitesCoRoT e Kepler, cabe agora apresentar suas caracter´ısticas peculiares utilizadas nesse trabalho, a come¸car pelo CoRoT, j´aque este foi o primeiro de sua classe de sat´elites a utilizar o m´etodo de trˆansitos. Todas as informa¸c˜oesde sua descri¸c˜ao, apresentadas a seguir, foram obtidas do site do sat´elite: http://corot.oamp.fr/. O telesc´opioespacial CoRoT faz parte de uma miss˜ao astronˆomica e astrof´ısica, fi- nanciada em 70% pelo CNES (Centro Nacional de Estudos Espaciais da Fran¸ca), em conjunto com a ESA (AgˆenciaEspacial Europ´eia)e com participa¸c˜oesde outros pa´ıses como Alemanha, Austria,´ B´elgica, Espanha, e Brasil. O sat´elite est´aem plena atividade 60 Cap´ıtulo 2. Campos de Visibiladade Estudados

(recentemente o seu tempo de miss˜aofoi estendido at´emar¸code 2013), e observar´acerca de 120 mil estrelas no disco da Via L´actea at´eo fim de sua miss˜ao. O sat´eliterealiza dois objetivos principais: (i) descobrir novos planetas extrasolares a partir da detec¸c˜ao de trˆansitos planet´arios; e (ii) estudar a estrutura interna dessas (rota¸c˜ao e convec¸c˜ao) atrav´es da sismologia estelar. O acrˆonimo CoRoT vem justamente da fus˜ao das trˆespalavras: COnvecc˜ao+ ROta¸c˜ao + Trˆansitos,que s˜ao justamente os fenˆomenosque o sat´eliteir´aobservar. Mas, curiosa- mente, ´etamb´emhomˆonimode Jean-Baptiste Camille Corot (1796-1875), pintor parisiense que foi um dos grandes nomes da transi¸c˜ao entre o classicismo e o impressionismo nas artes pl´asticas. O sat´elitepesa 630 kg, mede 4,1 metros de comprimento e 2,0 metros de diˆametroe foi lan¸cado do cosm´odromo de Baikonur, no Casaquist˜ao, pelo foguete russo Soyuz 2.1.B em 27 de dezembro de 2006, entrando em ´orbita circular polar (norte-sul) de 1 hora e 49 minutos a 896 km de altitude. O sat´elitetem um telesc´opio de 27 cm que realiza observa¸c˜oes em dire¸c˜oesperpendiculares ao seu plano orbital, evitando a interferˆencia da luz refletida pela Terra. Durante o ver˜aono hemisf´erionorte observar´auma regi˜ao do c´euperto da constela¸c˜ao de Serpens (Serpente), pr´oximo ao centro da Gal´axia. Durante o inverno no hemisf´erio norte, observar´anuma regi˜aodo c´euna dire¸c˜ao oposta, nas proximidades da constela¸c˜ao de Monoceros (Unic´ornio), pr´oximo ao anti-centro da Gal´axia. Um fato curioso desse sat´elite ´eque ele foi amea¸cadode ser cancelado em algumas opor- tunidades por quest˜oes financeiras, devido `asd´uvidas de qual seria sua principal miss˜ao. Engenheiros do CNES propuseram o projeto do CoRoT em 1994, com o objetivo principal de analisar pulsa¸c˜oesde estrelas, e a pesquisa por planetas extra-solares era ent˜ao um objetivo secund´arioda miss˜ao. Como miss˜oesespaciais possuem um custo relativamente alto e a sismologia estelar n˜aoera uma ´areade maior prioridade em astronomia, a miss˜ao CoRoT adotou a pesquisa por exoplanetas como seu objetivo principal, j´aque esta ´euma ´area de forte apelo na astronomia moderna e goza de grande interesse por parte do p´ublico. O estudo das pulsa¸c˜oesestelares passou a ser o objetivo n´umero dois da miss˜ao. Se¸c˜ao2.2. O sat´eliteCoRoT 61

2.2.2 Estrutura da Miss˜ao

Como o CoRoT foi projetado para dois prop´ositos, pesquisa de exoplanetas e sismologia estelar, tem-se que o sistema de observa¸c˜ao´edividido em dois. A cˆamera de observa¸c˜ao do sat´elite´ecomposta por quatro CCD’s: dois voltados exclusivamente para observa¸c˜ao exoplanet´aria e outros dois voltados `aobserva¸c˜aode sismologia estelar. Dessa forma, as duas vertentes dessa miss˜ao podem ser cumpridas de maneira simultˆanea.Para a pesquisa sismol´ogica s˜ao observados por campo de vis˜aocerca de 5 alvos por CCD com magnitudes, V , entre 5,7 e 9,5. Os campos de vis˜aoser˜ao abordados na se¸c˜aoseguinte. Por outro lado, para a pesquisa exoplanet´aria s˜aoobservados aproximadamente 8000 alvos por CCD com magnitudes entre 11,5 e 16 para cada campo de vis˜ao apontado. Na ´area exoplanet´aria, como se pode imaginar, apenas uma pequena fra¸c˜ao das estre- las observadas ter˜aoas condi¸c˜oespara trˆansitos satisfeitas. Por este motivo, um grande n´umerode estrelas deve ser observada. Cerca de 15 mil estrelas s˜ao monitoradas durante cada per´ıodo de observa¸c˜aoda miss˜ao, totalizando cerca de 30 mil estrelas por ano, e mais de 150 mil estrelas no final da vida ´utilprevista para o CoRoT, satisfazendo assim as condi¸c˜oesde trˆansitoscf. subse¸c˜ao2.1.1. De acordo com as hip´otesesde existˆencia de exoplanetas, a miss˜aoCoRoT dever´adescobrir centenas de planetas gigantes internos (hot Jupiters), e dezenas de planetas rochosos (super-Terras). An´eisou sat´elitesao redor de planetas gigantes poderiam tamb´emser detectados. At´eo momento o sat´elitej´adescobriu 9 exoplanetas, e existem centenas de candidatos a serem confirmados. Na ´areade sismologia estelar, um dos processos f´ısicosque mais interessa aos astrˆonomos ´ea convec¸c˜ao. E´ atrav´esda convec¸c˜aoque parte da energia t´ermica produzida em camadas mais profundas da estrela ´etrazida `asuperf´ıcie, e tamb´em ela ajuda a misturar diferentes componentes qu´ımicosda mat´eriaestelar. Outro mecanismo que tamb´emparticipa do processo de mistura de mat´eriano interior das estrelas ´ea rota¸c˜ao que tamb´em´ealvo de estudo com os resultados do CoRoT, justificando a raz˜aodo seu nome.

2.2.3 Modo de observa¸c˜aoe campos de vis˜ao

O sat´eliteCoRoT foi projetado para observar alvos a partir de uma ´orbita circular inercial polar (inclina¸c˜aode 90o) a uma altitude de 896 km. Tal ´orbita foi escolhida para que o sat´eliten˜aoseja afetado pela ilumina¸c˜aoresidual proveniente da Terra (espalhada 62 Cap´ıtulo 2. Campos de Visibiladade Estudados pelo limbo), e com isso a zona de observa¸c˜aoest´ana dire¸c˜aoequatorial. Veja a figura 2.3.

Figura 2.3: Esquema da ´orbita polar do telesc´opio espacial CoRoT. A cada 6 meses ´e necess´ario realizar uma manobra de atitude para que o Sol n˜aoencubra a cˆamera do telesc´opio. (CNES).

Devido a essa disposi¸c˜ao orbital, o sat´elitepermanece por 6 meses com as costas voltadas para o Sol, como mostra a figura 2.4, e devido a isso uma manobra de revers˜ao de posi¸c˜ao(manobra de atitude) deve ser executada duas vezes por ano, quando o Sol se aproxima do plano orbital e est´aprestes de encobrir o telesc´opio, dividindo deste modo o ano nos dois per´ıodos de 6 meses de observa¸c˜ao (por conven¸c˜ao,ver˜aoe inverno), de acordo com a figura 2.4. Existem dois modos poss´ıveis de observa¸c˜ao:cerca de 20 e 150 dias (short run e long run, respectivamente), convencionados pela equipe do centro de miss˜ao. A ascens˜ao reta do plano da ´orbita (12.5◦) foi escolhida ap´osuma campanha de ob- serva¸c˜oespreparat´oriafeita em solo (do qual o Brasil participou): O CoRoT olhar´ao c´eu nas dire¸c˜oes 6h50m e 18h50m, com campos de observa¸c˜ao centrados no equador (δ = 0o), respectivamente no inverno e no ver˜aopara o hemisf´erionorte. O campo de observa¸c˜ao composto pelos 4 CCD’s ´eum quadrado de aproximadamente 2,8o x 2,8o dividido em duas metades, uma para a miss˜aode sismologia estelar, e a outra para o estudo de exoplane- tas, como j´afoi dito. Acoplado ao telesc´opio, existe uma cˆamera de grande abertura (10◦ de raio) contendo os quatro CCDs de 2048 x 2048 pixels cada, operando na faixa de luz vis´ıvel e cuja fun¸c˜ao ´emedir varia¸c˜oes sutis que ocorrem na intensidade da luz das estrelas. Gra¸cas `aeficiˆenciadefletora fornecida por um buffer, ´eposs´ıvel chegar mais pr´oximo do Se¸c˜ao2.2. O sat´eliteCoRoT 63

Figura 2.4: Esquema caracterizado da ´orbita polar do telesc´opio espacial CoRoT mostrando os dois modos de observa¸c˜ao:ver˜ao(summer) e inverno (winter). Aqui tamb´em est´amostrado os pontos onde a manobra de atitude ocorre. (CNES).

limbo da Terra e assim orientar o modo de observa¸c˜aodo sat´elitedentro do cone com um raio de 10o (figure 2.5) centrado nas dire¸c˜oessupracitadas. Quando projetado sobre o c´eu,este cone desenha os 2 olhos do CoRoT, com centros em 6h50m e 18h50m, onde s˜ao selecionados os campos estelares a serem observados (veja figura 2.5).

Figura 2.5: Cone de observa¸c˜aode 10o de raio do CoRoT onde o campo de vis˜aode 2,8o x 2,8o pode percorrer em cada per´ıodo de observa¸c˜ao(CNES).

Assim, a figura 2.6 define os dois olhos de observa¸c˜aodo CoRoT no plano gal´actico, e 64 Cap´ıtulo 2. Campos de Visibiladade Estudados as figuras 2.7 e 2.8 mostram em detalhes essas regi˜oes.

Figura 2.6: Campos de observa¸c˜oes do CoRoT: regi˜oescompreendidas pelos c´ırculos azul e vermelho correspondem `asobserva¸c˜oesdo ver˜aoe inverno, respectivamente (CNES).

Figura 2.7: Detalhes do campo de observa¸c˜aode inverno do CoRoT, pr´oximoa regi˜aode Monoceros. (CNES).

Uma leve altera¸c˜aona ´orbita(por uma manobra de rotina para a mudan¸cade in- clina¸c˜ao) torna poss´ıvel mover os campos estelares observados dentro dos “olhos” de 10o do CoRoT. Assim, a cada per´ıodo de observa¸c˜ao, seja o curto de 20 dias ou o longo de 150 dias, o campo de observa¸c˜aovai observar fra¸c˜oesdiferentes do c´eu contidos na ´area projetada pelo cone de 10o. Se¸c˜ao2.2. O sat´eliteCoRoT 65

Figura 2.8: Detalhes do campo de observa¸c˜aodo ver˜aodo CoRoT, pr´oximo `aregi˜aode Serpens. (CNES).

Note, pelo que j´afoi dito, que durante um long run ter-se-´aum per´ıodo ininterrupto de 150 dias de medidas de estrelas. E´ sabido que as chances de descobertas de planetas variam de acordo com os seus per´ıodos orbitais, ou seja, o tempo que eles levam para dar uma volta completa em torno de sua estrela. Imagine-se que se esteja olhando para o Sol no plano da ´orbita dos planetas durante aproximadamente seis meses. Teria-se assim 50% de chance de ver um trˆansito da Terra, j´aque seu per´ıodo orbital ´ede um ano. Um planeta que esteja mais perto de sua estrela, com per´ıodo menor, dever´ater uma chance maior de ser detectado e assim por diante. Para um planeta com seis meses de ´orbita, a chance de detec¸c˜ao´ede 100%. Portanto, a possibilidade de detec¸c˜aode um planeta com a distˆancia de J´upiterou Saturno ´emenor do que de planetas mais pr´oximos de suas estrelas como Vˆenus ou a Terra. A primeira estimativa de descoberta pelo CoRoT ´ede cerca de mil planetas do tipo gigante (como J´upiter), dezenas do tipo tel´urico(como a Terra), sendo que algumas dezenas, sejam gasosos ou rochosos, na zonas habit´aveis (que ´euma regi˜ao a certa distˆancia de uma estrela onde ´eposs´ıvel haver ´agua na forma l´ıquida, o que ´e atualmente aceito como pr´e-condi¸c˜ao para existˆencia de vida) de estrelas mais frias que o Sol.

2.2.4 Participa¸c˜aobrasileira

Antes de iniciar a descri¸c˜aodo sat´eliteKepler ´eimportante citar brevemente como a participa¸c˜aobrasileira ocorre no projeto do CoRoT. 66 Cap´ıtulo 2. Campos de Visibiladade Estudados

E´ a primeira vez que os astrˆonomos brasileiros participam da constru¸c˜aode um sat´elite cient´ıfico,com os mesmos direitos de seus parceiros europeus de explorar os dados a serem obtidos. Cientistas brasileiros foram convidados pelos respons´aveis cient´ıficos franceses a se engajarem nessa miss˜ao espacial, no final de 1999. Um ComitˆeCoRoT-Brasil (CCB) foi ent˜ao criado, reunindo astrˆonomos de diversos centros de pesquisa do pa´ısinteressados no projeto. O Departamento de Astronomia do Instituto de Astronomia, Geof´ısicae Ciˆencias Atmosf´ericas da Universidade de S˜ao Paulo coordena a participa¸c˜ao brasileira na miss˜ao espacial CoRoT. A participa¸c˜ao brasileira est´adefinida com a utiliza¸c˜aoda esta¸c˜aoterrestre do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) em Alcˆantara, que permitiu aumentar de 70 mil para mais de 120 mil o n´umerode estrelas observadas, al´emda participa¸c˜ao de 5 engen- heiros/cientistas brasileiros na elabora¸c˜ao de software de calibra¸c˜ao, corre¸c˜ao instrumental e redu¸c˜ao de dados. Tamb´emhouve a participa¸c˜aode cientistas brasileiros nos grupos de trabalho para defini¸c˜ao, observa¸c˜ao e an´alise preparat´oriadas estrelas observadas ao longo da miss˜ao. Dos 170 milh˜oes de euros do or¸camento da miss˜ao, o Brasil entrou com apenas 2 milh˜oesde euros, por´ema maior contribui¸c˜ao brasileira foi a antena de recep¸c˜ao de dados na Esta¸c˜ao de Sat´elitesCient´ıficos (ESC), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), em Alcˆantara no estado do Maranh˜ao. Os dados armazenados precisam ser pe- riodicamente transmitidos `aTerra, liberando espa¸co para novos dados no computador de bordo. A miss˜aoCoRoT ainda conta com masi duas esta¸c˜oesde recep¸c˜aode dados no hem- isf´erio norte, uma em Toulouse (sede do CNES) e a de Miruna (esta¸c˜ao russa do c´ırculo polar ´artico), pr´oxima a Madri, para as quais transmite uma parte dos dados armazena- dos. Sem uma esta¸c˜ao no hemisf´erio sul, o sat´eliten˜ao poderia descarregar o restante dos dados, implicando em uma perda significativa de cerca de 50% das observa¸c˜oes.Cientis- tas brasileiros estiveram ent˜ao diretamente envolvidos na sele¸c˜aodos alvos da miss˜ao, no desenvolvimento de software para controle do sat´elitee para tratamento e an´alisede dados. Se¸c˜ao2.3. O sat´eliteKepler 67

2.3 O sat´eliteKepler

2.3.1 Aspectos Gerais

De maneira an´aloga `adescri¸c˜ao do CoRoT, todas as informa¸c˜oes do sat´eliteKepler que ser˜aoapresentadas abaixo foram obtidas do site: http://kepler.nasa.gov/. O sat´eliteKepler consiste de um telesc´opio espacial projetado pela NASA exclusiva- mente para a busca de planetas extrassolares. Para tanto, projeta-se que o telesc´opio observar´acerca de 100 mil estrelas de uma dada regi˜aodo c´eupelo per´ıodo de 3,5 anos (fim de sua primeira estimativa de vida ´util),a fim de detectar alguma oculta¸c˜aoperi´odica da estrela por um de seus eventuais planetas. Ao contr´ariodo CoRoT, o Kepler n˜ao dever´apermanecer em ´orbitada Terra, mas sim em uma ´orbita heliocˆentrica de persegui¸c˜ao`aela, a fim de que a Terra n˜ao oculte estrelas que estejam sendo observadas pelo telesc´opio, e tamb´empara que fique distante de suas luzes. Os detalhes de sua ´orbita ser˜ao abordados posteriormente. O sat´elite foi lan¸cado em 6 de mar¸co de 2009 do Cabo Canaveral, Fl´orida, a bordo do ve´ıculo de lan¸camento Boeing 7925-10L (Delta-II), e foi colocado em ´orbita heliocˆentrica de 372,5 dias de per´ıodo para, dessa forma, monitorar constantemente a mesma regi˜ao do c´eusituada pr´oxima a constela¸c˜ao de Cygnus (Cisne). O sat´elite,que custou em torno de 470 milh˜oesde d´olares, tem uma massa estimada de 995 kg, e seu principal instrumento ´eum telesc´opio de 0,95 metros de diˆametro. Atualmente em opera¸c˜ao, o sat´eliteKepler teve os seus primeiros resultados anunciados em 4 de janeiro de 2010, ap´osestudos realizados na Terra sobre os dados das primeiras seis semanas, e revelaram cinco planetas antes desconhecidos, todos bem pr´oximos de suas estrelas, um do tamanho semelhante ao de Netuno e quatro do tamanho de J´upiter.Por curiosidade, um deles, o Kepler-7b, tem uma das densidades mais baixas j´aencontrada em um planeta extrasolar, 0,17 gramas/cm3 que corresponde a densidade do isopor (poliestireno).

2.3.2 Estrutura da Miss˜ao

O Kepler foi projetado exclusivamente para detectar e explorar a diversidade dos sis- temas planet´arios. Para atingir este objetivo, um grande n´umerode estrelas dever˜ao ser observadas. Eis os prop´ositosdessa miss˜ao: (i) determinar quantos planetas semelhantes 68 Cap´ıtulo 2. Campos de Visibiladade Estudados

`aTerra e gigantes gasosos existem nas proximidades da zona habit´avel de uma ampla variedade de estrelas; (ii) determinar o tamanho das ´orbitas desses planetas; (iii) estimar quantos planetas existem em sistemas estelares m´ultiplos; (iv) determinar o tamanho e o tipo da ´orbita, brilho, massa, densidade e tamanho dos planetas gigantes de curto per´ıodo; (v) identificar membros adicionais a cada descoberta de um sistema planet´ario, fazendo o uso de outras t´ecnicas;(vi) determinar as propriedades das estrelas que hospedam sistemas planet´arios. Espera-se tamb´emque os resultados do Kepler forne¸ca dados para outras futuras miss˜oessemelhantes da NASA como a Space Interferometry Mission (SIM), e o Terrestrial Planet Finder (TPF), pois, os resultados do Kepler permitir˜ao que sejam identificadas estrelas com caracter´ısticas comuns e que possam ser hospedeiras de planetas, e assim submetˆe-las a uma pesquisa mais profunda. Com os seus resultados espera-se tamb´emque seja definido o volume de espa¸co necess´arioa ser pesquisado, otimizando a pesquisa dessas miss˜oesfuturas sendo elas seja apontadas para os sistemas estelares dos quais j´ase saiba que tenham planetas do tipo da Terra em suas ´orbitas. Para que os pr´opositos sejam alcan¸cados, a miss˜aoKepler foi estruturalmente desen- volvida para observar, de maneira ininterrupta, uma regi˜aodo c´eude 105 graus quadrados. Com esse grande campo de vis˜ao, observado por um fotˆometro composto por 42 CCD’s, e tendo em vista que o tempo vida do sat´eliteest´aprevisto inicialmente para 3,5 anos, espera-se com isso monitorar simultˆaneamente 100 mil estrelas. Portanto, as condi¸c˜oes de detectabilidade de planetas por trˆansito fica satisfeita, cf. subse¸c˜ao2.1.1. Outro ponto importante a ser considerado ´eque o intervalo de magnitudes de observa¸c˜ao, V varia de 9 at´e14. Vale ressaltar ainda, que a observa¸c˜aoininterrupta por 3,5 anos vai permitir: (i) a observa¸c˜ao de v´arios trˆansitos, dependendo do sistema, e com isso a rela¸c˜aosinal ru´ıdodos dados pode ser aprimorada, facilitando a detec¸c˜ao de planetas menores; (ii) a detec¸c˜ao de planetas em ´orbitas maiores; (iii) a detec¸c˜ao de planetas ao redor de estrelas mais fracas ou que possuam uma maior variabilidade de suas luminosidades em raz˜aode processos f´ısicos pr´oprios. Sendo assim, baseado na descri¸c˜aoacima, juntamente com os crit´eriosde detec¸c˜ao apresentados na se¸c˜ao anterior, levando-se em conta a variabilidade estelar, apenas ´orbitas Se¸c˜ao2.3. O sat´eliteKepler 69 com 4 trˆasitos durante os 3,5 anos da miss˜ao,e assumindo que planetas sejam frequentes ao redor de estrelas como o Sol, espera-se que sejam obtidos os seguintes resultados para trˆansitos de planetas terrestres com ´orbita de um ano: (i) cerca de 50 planetas que tenham a mesmo tamanho da Terra (R ∼ 1, 0R⊕); (ii) cerca de 185 planetas que tenham o tamanho de R ∼ 1, 3R⊕; (iii) cerca de 640 planetas que tenham o tamanho de R ∼ 2, 2R⊕; (iv) cerca de 12% de sistemas que tenham dois ou mais planetas. Note que esses n´umeros podem aumentar substancialmente se as ´orbitas entre poucos dias at´eum ano forem consideradas. Analogamente, para planetas gigantes internos detectados pela an´alise da modula¸c˜ao da sua luz refletida, espera-se encontrar cerca de 870 planetas com per´ıodo de menos de uma semana. E a partir da an´alisede trˆansitos de planetas gigantes espera-se encontrar: cerca de 135 objetos com ´orbitas muito pr´oximas de suas estrelas (planetas internos), sendo que destes, 35 possam ter suas densidades calculadas; e cerca de 30 objetos com ´orbitas mais externas. Tamb´em´eesperado que a detec¸c˜aode planetas gigantes de curto per´ıodo dever´aocorrer logo nas primeiras semanas da miss˜ao.

2.3.3 Modo de observa¸c˜aoe campo de observa¸c˜ao

Conforme dito anteriormente, o sat´eliteKepler foi projetado para observar, de modo cont´ınuo, alvos contidos em uma mesma regi˜ao do c´eu. Para isso, o campo de vis˜ao obser- vado pelo fotˆometro deve estar fora do plano da ecl´ıpticapara que ele n˜ao seja bloqueado periodicamente pelo Sol pela Lua. Um campo de estrelas suficientemente denso, e pr´oximo ao plano gal´acticoque satisfa¸ca essas condi¸c˜oesfoi selecionado e corresponde a uma regi˜ao pr´oxima a constela¸c˜ao de Cygnus. Veja figura 2.9. A disposi¸c˜aoorbital que permite a observa¸c˜aoininterrupta dessa regi˜aocorresponde a uma ´orbita heliocˆentrica de persegui¸c˜ao`aTerra, com per´ıodo de 372,5 dias. Outra vantagem dessa ´orbita ´eque o fato de n˜aoestar em ´orbita da Terra implica que n˜aoh´a torques devido a gradientes de gravidade, momentos magn´eticos,ou arrasto atmosf´erico. O maior torque externo existente ´edevido `apress˜ao solar. Esta ´orbita tamb´emevita a alta dosagem de radia¸c˜aoassociada com `a´orbitada Terra, mas de tempos em tempos est´a sujeita a flares solares. A figura 2.10 mostra a disposi¸c˜aoorbital do Kepler e tamb´emos pontos onde ele deve realizar manobras trimestrais para que seus pain´eissolares fiquem sempre voltados para o Sol, e tamb´empara que o fotomˆetrosempre esteja protegido da 70 Cap´ıtulo 2. Campos de Visibiladade Estudados

Figura 2.9: Imagem do c´eumostrando o campo de vis˜aoobservado pelo fotˆometro do Kepler. Note que a regi˜aoobservada est´aentre as contela¸c˜oesde Cygnus (Cisne) e Lyra (Lira). (NASA).

luz solar. J´afoi mencionado que o telesc´opioir´amonitorar continuamente uma regi˜aode 105 graus quadrados do c´eu. Para isso, foi constru´ıdoum fotˆometro composto de 42 CCD’s, onde cada CCD de 50x25 mm tem 2200x1024 pixels (2,5 graus quadrados). Ele est´a apontado para uma regi˜ao estendida da vizinhan¸casolar, nas proximidades da constela¸c˜ao de Cygnus e Lyra, ao longo do bra¸code Orion da Gal´axia, com centro em α = 19h22m40s e δ = +44o30’00”. Al´emdeste campo de observa¸c˜ao ser distante o suficiente do plano da ecl´ıpticacomo j´afoi mencionado, ele tamb´emelimina virtualmente qualquer tipo de confus˜aoresultante de oculta¸c˜oes por aster´oidese de objetos do cintur˜aode Kuiper. As figuras 2.9 e 2.11 mostram a localiza¸c˜aono c´eu do campo de vis˜ao e a mesma regi˜ao amplificada, respectivamente. Nas figuras, o campo de vis˜ao ´erepresentado pela imagem que o fotˆometro observa, ou seja, a sua pr´opria forma com os 42 CCD’s. Ap´osselecionado o campo de vis˜aose faz necess´ario selecionar os alvos. Previamente tamb´emj´afoi citado que a proposta do sat´elite´eobservar 100 mil estrelas que est˜ao contidas no campo. A sele¸c˜aode tais estrelas foi realizada atrav´esdo cat´alogo USNO- A1.0 digitalizado pelo Observat´orioPalomar. A digitaliza¸c˜aocompleta at´emagnitude V = 18 foi utilizada para determinar o n´umerode estrelas com V < 14 de todos os tipos espectrais e classes de luminosidades, contidas no campo de vis˜ao. Essa an´alise resultou em 223 mil estrelas onde aproximadamente 61% est˜aoestimadas em ser estrelas Se¸c˜ao2.3. O sat´eliteKepler 71

Figura 2.10: Esquema da ´orbita heliocˆentrica do sat´elite Kepler. Os intervalos em azul indicam os movimetos trimestrais que o sat´elite ´eobrigado ´erealizar para que os pain´eis solares sempre fiquem voltados para o Sol, e tamb´empara que o fotˆometroseja sempre protegido, pelo protetor do telesc´opio, da radia¸c˜aosolar . (NASA).

de sequˆenciaprincipal. Antes do lan¸camento, foi realizada espectroscopia de alta resolu¸c˜ao para identificar e eliminar as estrelas gigantes do campo de vis˜ao. E finalmente, durante o primeiro ano da miss˜ao, os 25% de estrelas an˜asmais ativas ser˜aoeliminadas reduzindo dessa forma o n´umeropara cerca de 100 mil alvos aproveit´aveis. 72 Cap´ıtulo 2. Campos de Visibiladade Estudados

Figura 2.11: Campo de vis˜aodo Kepler mostrado em detalhes. O centro est´aem α = 19h22m40s e δ = +44o30’00”. Os quadrados mostram o campo de vis˜aopara cada um dos 21 m´odulos de CCD’s. Cada m´odulo de 5 graus quadrados ´ecomposto por dois CCD’s. Note que os espa¸cosentre os m´odulos est˜aoalinhados de modo que metade das 15 estrelas mais brilhantes que V = 6 do campo de vis˜aocaiam neles. Cap´ıtulo 3

Diagn´osticosde Idade

Para compreender melhor certas propriedades de uma estrela, como em que condi¸c˜oes sistemas planet´arios possam vir a se formar ao seu redor, faz-se necess´arioconhecer sua idade. A determina¸c˜ao desse parˆametro, ou, o modo de como ele ´edeterminado, ´ede vital importˆanciapara esse trabalho, pois os alvos ser˜aoselecionados na base da idade. Por´em, a idade ´eum dos parˆametros estelares mais dif´ıceisde se determinar com precis˜ao. A determina¸c˜aode idades estelares ganhou forte impulso nas ´ultimasd´ecadas devido ao reconhecimento de associa¸c˜oes e grupos de estrelas jovens em movimento na vizinhan¸ca solar. Zuckerman e Song (2004b) descrevem alguns m´etodos para determina¸c˜aode idades como por exemplo: (i) abundˆanciado L´ıtio; (ii) curvas de evolu¸c˜ao no diagrama HR juntamente com a cinem´atica estelar ; (iii) taxa de rota¸c˜ao e atividade estelar; e por crit´eriode completeza: (iv) localiza¸c˜ao de uma estrela de tipo espectral A sobre o diagrama cor-magnitude; e (v) an´aliseda fra¸c˜aode luminosidade devido `apoeira circunsestelar. Com poucas exce¸c˜oes,todos esses diagn´osticos s˜ao estat´ısticos e, portanto, n˜aomuito quantitativos. Isso significa que eles n˜aopodem ser calibrados no sentido absoluto e, mais ainda, n˜ao podem ser muito confi´aveis quando aplicados a uma s´oestrela, mas sim, preferivelmente, a um conjunto delas. N˜ao obstante, todos esses indicadores qualitativos s˜aomuito importantes no sentido de se estabelecer idades estelares com precis˜aorazo´avel. A metodologia de cada indicador ser´adescrita com mais detalhes nas se¸c˜oessubsequentes, e ser´adada mais ˆenfaseao item (i), sobre o m´etodo baseado na abundˆanciado l´ıtioque foi o proposto a ser utilizado neste trabalho. 74 Cap´ıtulo 3. Diagn´osticos de Idade

3.1 Determina¸c˜ao de idade atrav´es do estudo da abundˆancia qu´ımicado Li

O l´ıtio´e“queimado” `amedida em que a estrela envelhece e sua abundˆancia fotosf´erica pode ser usada para estimar a sua idade. O exame da abundˆancia qu´ımica do litio ´e considerado, atualmente, um dos melhores indicadores de idade para estrelas jovens e frias (desde o tipo espectral G-tardio at´eM-intermedi´ario), por´emcom algumas ressalvas que ser˜aodiscutidas ao longo do texto. A sua distribui¸c˜ao(de abundˆancias) ´efundamental para o entendimento de mecanismos de forma¸c˜aoestelar e em particular, par se verificar a possibilidade de ocorrˆencia de m´ultiploseventos de forma¸c˜aodentro de uma mesma regi˜ao. As medidas de larguras equivalentes da linha de litio (λ6708) n˜aos˜ao bem compreendidas no ˆambito dos atuais modelos de evolu¸c˜aoestelar, e algumas propostas para explic´a-las incluem a atividade estelar. A metodologia de obten¸c˜aoda idade para um conjunto de estrelas se baseia no lev- antamento amostral da largura equivalente, ou abundˆancia qu´ımicado Li, em fun¸c˜aode sua varia¸c˜ao em rela¸c˜ao`atemperatura (Martin, 1997). Um dos motivos para usar a linha λ6708 como estimativa de idade de estrelas jovens ´eque ela estabelece um crit´erio muito ´utilpara se identificar estrelas pr´e-sequˆenciaprincipal (PMS) (Walter et al., 1988; Martin et al., 1992; Pallavicini et al., 1992; Bouvier e Appenzeller, 1992). Essas estrelas passam seus primeiros poucos milh˜oesde anos de vida como estrelas T Tauri (TTS), e gradual- mente evoluem para estrelas p´osT Tauri (PTTS), que representam uma fase de observa¸c˜ao ainda pouco conhecida. Observa¸c˜oes das abundˆancias de l´ıtioem estrelas TTS s˜aoum teste para modelos de PMS porque dessa forma elas podem ser confrontadas com as abundˆancias preditas pelo modelo do desaparecimento dessa linha conforme a estrela evolui, ou seja, conforme a estrela come¸caa entrar na sequˆenciaprincipal. Esse modelo (Mentuch et al., 2008) descreve a deple¸c˜aoda linha do l´ıtioconforme a evolu¸c˜aoda estrela se processa. Existem diversos trabalhos que analisam a deple¸c˜aodo l´ıtioem estrelas jovens, como por exemplo: Bodenheimer (1965); Martin et al. (1994). No trabalho de da Silva et al. (2009) ´emostrado em detalhes como ´efeita a determina¸c˜ao da idade de algumas das associa¸c˜oesestudadas neste trabalho. A metodologia utilizada se baseia em realizar o levantamento amostral da abundˆanciaqu´ımicado l´ıtio,atrav´esda linha Se¸c˜ao3.1. Determina¸c˜aode idade atrav´esdo estudo da abundˆancia qu´ımica do Li 75

Figura 3.1: Compara¸c˜aoentre as LDPs de associa¸c˜oes jovens e abundˆanciasde l´ıtiopara aglomerados jovens de Sestito e Randich (2005). Acima: Aglomerado IC 2602 e IC 2391. No meio: α Per e NGC 2451. Abaixo: As Pleiades. Para cada painel as LDP obtidas por da Silva et al. (2009) tˆemidades pr´oximasao aglomerado e ´emostrado como a linha mais espessa. 76 Cap´ıtulo 3. Diagn´osticos de Idade

λ6708, das estrelas presentes na associa¸c˜ao,em fun¸c˜ao das suas respectivas temperaturas efetivas e, paralelamente, compar´a-lascom estrelas de aglomerados jovens com idades conhecidas atrav´esde outros m´etodos como is´ocronas do diagrama HR. E´ importante enfatizar que esse m´etodo s´o´ev´alido para aglomerados com idades de at´e100 milh˜oes de anos, pois ap´osessa idade o padr˜ao da abundˆancia do l´ıtiona superf´ıcieda estrela muda e pode ser afetado por outros fatores como convec¸c˜aoda estrutura interna da estrela (Martin et al., 1994), mascarando assim os resultados. Uma vez entendido esse crit´erio, tem-se que o resultado desse levantamento amostral indica um padr˜aode deple¸c˜aodo l´ıtio observado nas estrelas que varia com a temperatura e, ´eposs´ıvel notar pela figura 3.1 que mostra alguns resultados dos autores, os diferentes padr˜oesde deple¸c˜ao(LDP de lithium depletion pattern) para cada idade. Baseando-se nesses resultados ´eposs´ıvel aplic´a-loa outros aglomerados e assim obter uma sequˆencia de padr˜oesde “iso-idades” de LDP para aplicar em outras associa¸c˜oesjovens conforme da Silva et al. (2009) obtiveram na figura 3.2. Vale lembrar tamb´emque as LDP obtidas pelos autores resultam de ajustes polinomiais e as idades s˜ao obtidas por compara¸c˜ao da distribui¸c˜aode l´ıtioem aglomerados jovens. O procedimento, embora pare¸caser simples `aprimeira vista, exige detalhes a serem observados, como por exemplo: (i) quais s˜aoos passos at´ea obten¸c˜aodo valor final da abundˆanciado Li? (ii) Como ´edeterminada a temperatura efetiva de cada estrela da associa¸c˜ao? Esses e outros pontos merecem um tratamento um pouco mais detalhado neste trabalho, j´aque s˜aoos parˆametros necess´arios ao estudo. No artigo em quest˜ao (da Silva et al., 2009), primeiramente, a determina¸c˜ao da abundˆancia qu´ımicado l´ıtio(ALi) ´eobtida utilizando os programas de Monique Spite, do Observat´orio de Paris-Meudon, aplicando-se os modelos de Kurucz e Castelli, ou Gustafsson, para at- mosferas estelares (atualmente os modelos de Kurucz s˜aoos mais adotados pois come¸cam em Teff = 3500 K para o valor de temperatura efetiva). O m´etodo consiste em determinar a abundˆanciado l´ıtio(ALi), a partir da linha de ressonˆanciade 6708 A˚ do espectro ob- servado, atrav´esde compara¸c˜aocom os c´alculoste´oricosdas larguras equivalentes (EW) dessa linha. Com isso a (ALi) ´ealterada iterativamente `amedida que a diferen¸caentre o calculado e o observado seja inferior a 0,2 mA.˚ J´aa temperatura efetiva pode ser obtida a partir dos dados observacionais dispon´ıveis na literatura. Por exemplo, se o ´ındice de cor V − I Cousins est´adispon´ıvel, seja a partir Se¸c˜ao3.1. Determina¸c˜aode idade atrav´esdo estudo da abundˆancia qu´ımica do Li 77 de observa¸c˜oesdo sat´eliteHipparcos (preferivelmente) ou por outras fontes, ele ´eutilizado para determinar a temperatura efetiva (Teff ). Na sua ausˆencia,o ´ındice de cor Johnson B −V tamb´empode ser utilizado. Outros parˆametros do modelo s˜aomantidos fixos, como metalicidade ([Fe/H]), gravidade superficial (log g), e velocidade de microturbulˆencia.

Figura 3.2: Compara¸c˜aodos ajustes polinomais das LDPs obtidas por da Silva et al. (2009). Esquerda: Ajustes polinomiais para cada associa¸c˜aoestudada conforme os s´ımbolos: Cha (linha s´olida e triˆangulos cheios); TW Hydrae (linha tracejada e c´ırculos cheios); β Pictoris (linha pontilhada e diamantes); Tucana- Horologium (linha tracejada e triˆangulos virados para baixo); Carina (linha s´olida e triˆangulos virados para direita); Argus (linha tracejada e pontilhada com pent´agonos);e , AB Doradus (linha tracejada e hex´agonos). Direita: Zoom na regi˜aomais fria que Teff = 4800 K onde uma separa¸c˜aoentre as LDP ´e mais evidente.

Pela figura 3.2, nota-se nitidamente os diferentes padr˜oesde idade para algumas das associa¸c˜oes estudadas. Foi identificado tamb´em que n˜ao h´adiferen¸caentre as LDP de 20 e 30 milh˜oesde anos. As idades obtidas para as associa¸c˜oes s˜ao, em milh˜oesde anos: Cha- 6; TW Hydrae- 8; β Pictoris- 10; Octans- 20; Tucana Horologium- 30; Columba- 30; Carina- 30; ArgusA- 40 e AB Doradus- 70. Note que todo o procedimento envolvido nesta metodoligia requer cuidados observa- cionais e isso deve ser levado em conta ao se determinar ou analisar, a validade das idades 78 Cap´ıtulo 3. Diagn´osticos de Idade dos objetos selecionado na base de dados. A seguir, ´eesbo¸cadauma breve descri¸c˜aosobre as t´ecnicas alternativas de se diagnosticar a idade estelar. Como j´afoi mencionado neste trabalho, escolheu-se enfatizar a determina¸c˜ao de idades atrav´esdo estudo da linha do l´ıtio; contudo, ´eimportante explicar brevemente como a idade de uma estrela pode ser obtida por outros m´etodos.

3.2 Determina¸c˜ao de idade atrav´es de curvas de evolu¸c˜aojuntamente com a cinem´aticaestelar

A t´ecnica mais precisa para se obter a idade de estrelas jovens utiliza a compara¸c˜ao do diagrama cor-magnitude (CMD, do inglˆes color magnitude diagram), ou diagrama Hertzprung-Russel (HR), da posi¸c˜aodas estrelas com as de trajet´orias evolutivas te´oricas pr´e-sequˆencia principal. As primeiras aplica¸c˜oesdeste m´etodo frequentemente utilizavam gr´aficosda magnitude visual absoluta (MV ) versus a cor de cada estrela, como por exemplo V − I, em Barrado y Navascu´eset al. (1999). Entretanto, com as publica¸c˜oes ao longos dos anos dos cat´alogos 2MASS e DENIS (Deep Near Infrared Survey of the Southern Sky) que contˆemuma rica e precisa quantidade de dados de magnitudes aparentes na banda K, tornou-se muito mais confi´avel graficar a magnitude absoluta na banda K (MK ) versus o ´ındicede cor V − K, como pode ser visto na figura 3.3, obtida de Song et al. (2003). A existˆencia e o reconhecimento de grupos coevos jovens tem aumentado bastante a aplicabilidade dos diagramas cor-magnitude. Antes da descoberta desses grupos, o pro- cedimento para a determina¸c˜ao da idade de uma estrela do tipo K ou M era realizado da seguinte maneira: graficava-se a estrela no diagrama, acreditando que as linhas evolutivas te´oricas que se ajustavam `aela deveriam ser confi´aveis. Obviamente, esse procedimento n˜aoinspirava confian¸capor trˆes raz˜oes: (i) existiam v´arias curvas te´oricas evolutivas e na maioria das vezes elas n˜aoconcordavam exatamente entre si; (ii) a transforma¸c˜ao cor- temperatura efetiva ´ealgo incerto; e (iii) n˜aoexistia nenhum tipo de teste estat´ıstico preciso. Mais ainda, esse procedimento ´einaplic´avel na dedu¸c˜aoda idade de uma estrela do tipo espectral F ou G que j´atenha mais de 10 milh˜oes de anos, j´aque a essa idade e com esses tipos espectrais, a estrela j´aingressou na sequˆencia principal. De fato, excetuando os tipos espectrais M intermedi´ario e tardio, com aproximadamente 50 milh˜oes de anos, Se¸c˜ao3.2. Determina¸c˜aode idade atrav´esde curvas de evolu¸c˜aojuntamente com a cinem´atica estelar 79

Figura 3.3: Magnitude absoluta na banda K versus o ´ındice de cor V − K de estrelas de sequˆencia principal e pr´e-sequˆenciaprincipal. Todas as estrelas tem suas distˆanciasmedi- das pelo sat´eliteHipparcos. As is´ocronas foram obtidas atrav´esde modelos de evolu¸c˜aode metalicidade solar (Song et al., 2003) e est˜aograficadas no intervalo de 10 a 100 milh˜oesde anos.

as estrelas em um diagrama cor-magnitude j´aest˜ao situadas muito pr´oximas `asequˆencia principal para que as curvas de evolu¸c˜aoproduzam um diagn´osticopreciso de idade. Por outro lado, quando um conjunto de estrelas de tipo tardio pode ser considerado como um grupo, estando ligado cinematicamente, elas ir˜aotra¸caruma sequˆencia no dia- grama cor-magnitude ou diagrama HR (Song et al., 2003; Zuckerman et al., 2001). Essa sequˆencia ´eque fornece a forma da curva te´orica de uma certa idade. A idade absoluta a que corresponde esta sequˆencia pode ser obtida e calibrada, se for poss´ıvel tra¸carretroati- vamente no sentido cinem´atico a trajet´oriados membros do grupo at´euma regi˜ao espacial de pequenas dimens˜oes,que ´epossivelmente o lugar de seus nascimentos. Um exemplo claro desse procedimento pode ser visto com o grupo β Pictoris no qual teve idade de- terminada por esse m´etodo como aproximadamente de 12 milh˜oesde anos. Os detalhes deste processo est´afora do escopo deste trabalho e mais detalhes podem ser encontrados em Song et al. (2003). 80 Cap´ıtulo 3. Diagn´osticos de Idade

Uma curiosidade a mais deste m´etodo ´eque quando estrelas de tipo espectral F e G tem as componentes UVW em comum com as estrelas pr´e-sequˆenciaprincipal do tipo K e M, juntamente com outros diagn´osticos de idade consistentes, ent˜ao ´eseguro afirmar que as quatro classes tˆema mesma idade. Este ´eo ´unicom´etodo dispon´ıvel para obter idades precisas para estrelas de campo jovens do tipo F e G. Entretanto, um ponto essencial ´e que a utiliza¸c˜aoda cinem´atica, isto ´e,do movimento espacial em comum, se faz necess´ario, mas n˜ao ´eum crit´etiosuficiente para estabelecer idades em comum por que muitas estrelas mais velhas podem compartilhar do mesmo movimento espacial das estrelas jovens. Ent˜ao, os diagn´osticos de idade, embora apenas qualitativos, s˜aoessenciais e devem ser usados em conjun¸c˜ao com a cinem´atica.

3.3 Determina¸c˜ao de idade atrav´es da taxa de rota¸c˜ao e atividade estelar

E´ sabido que as estrelas diminuem a sua velocidade de rota¸c˜aocom o passar do tempo. Ent˜ao uma componente alta de v sin i, isto ´e,uma estrela com rota¸c˜aor´apida, pode ser utilizada como um indicador de idade. Mas, devido ao fato de que estrelas nascem com uma grande diversidade de taxas iniciais de rota¸c˜ao, e porque geralmente a componente sin i ´edesconhecida, tem-se que v sin i ´e,na melhor das hip´oteses, um diagn´osticode idade rudimentar e qualitativo. Entretanto, vale ressaltar que uma rota¸c˜ao r´apidana presen¸cade uma zona de convec¸c˜aoestelar sub-fotosf´ericagera grandes regi˜oesde manchas superficiais magn´eticas.A modula¸c˜aorotacional dessas grandes manchas estelares gera uma variabil- idade fotom´etrica de aproximadamente 0,1 magnitudes, que geralmente ´edetectada em estrelas jovens (Lawson et al., 2001). Por outro lado, essas manchas geram atividades que se manifestam como emiss˜oes,por exemplo, em raios-X e Hα, como pode ser visto nas figuras 3.4 e 3.5. O aprofundamento deste diagn´osticode idade est´afora do escopo deste trabalho, mas cabe citar que, Pizzolato et al. (2003) apresentam resultados do estudo da rela¸c˜ao entre emiss˜ao coronal em raios-X e a rota¸c˜aoestelar em uma amostra de 259 estrelas de sequˆenciaprincipal, com ´ındice de cor B − V no intervalo de 0,5 at´e2,0. Mais ainda, no trabalho de Kastner et al. (1997) foram considerados a atividade em raios-X (Lx/Lbol) para estrelas K5 e M3 com idades entre 1 milh˜aode anos e a idade do Sol. Seus resultados sugerem um ligeiro aumento, em m´edia, na raz˜ao (Lx/Lbol) para estrelas com idades de 10 a 100 milh˜oesde anos. Contudo, as diferen¸cas n˜aos˜ao suficientes Se¸c˜ao3.3. Determina¸c˜aode idade atrav´esda taxa de rota¸c˜ao e atividade estelar 81

Figura 3.4: Raz˜ao da luminosidade em raios-X em func˜aoda bolom´etrica como fun¸c˜aodo ´ındice de cor B − V . Estrelas jovens do tipo espectral K e M frequentemente aparecem −3 saturadas com atividade de raios-X (Lx/Lbol ∼ 10 ). (Zuckerman e Song, 2004b)

Figura 3.5: Distribui¸c˜aode larguras equivalentes de Hα de estrelas jovens (Song et al., 2004) e de estrelas de sequencia principal (Panagi e Mathioudakis, 1993). 82 Cap´ıtulo 3. Diagn´osticos de Idade para se usar essa raz˜aopara determinar uma idade precisa para estrelas mais jovens que aproximadamente 100 Manos, devido ao largo espalhamento em (Lx/Lbol) para uma dada idade qualquer no intervalo supracitado.

Vale mencionar que em um intervalo restrito de tipos espectrais, as linhas Hα e outras linhas de emiss˜ao´opticaspodem prover uma medida um pouco mais precisa da idade ao inv´esda luminosidade em raios-X. Por exemplo, para tipos espectrais K intermedi´arios e tardios (B − V ∼ 1, 1), as linhas de emiss˜ao em Hα, provavelmente ir´aindicar uma estrela com idade < 50 Manos (veja figura 3.5). Linhas de emiss˜ao de s´odio neutro em 5890 A˚ e 5896 A˚ e de h´elio neutro em 5876 A˚ e 6678 A˚ simplesmente desaparecem para estrelas do tipo M mais recentes com uma idade de ∼ 12 Manos; essas linhas podem, por´em,voltar em tipos mais tardios que M3 (Song et al., 2003). Note tamb´em que, pelo que foi dito nesta se¸c˜aofica evidente que se a estrela possuir emiss˜ao de raios-X detect´avel ´eposs´ıvel inferir que o objeto ´ejovem.

3.4 Determina¸c˜ao de idade atrav´es da localiza¸c˜ao de uma estrela de tipo espectral A sobre o diagrama cor-magnitude

No trabalho de Jura et al. (1998) foram plotados ∼ 1000 estrelas de tipo A em um diagrama cor-magnitude M −v versus B−V com os seguintes crit´erios: (i) todas as estrelas eram do Yale Bright Star Catalog; (ii) deveriam ter mv < 6, 5 e; (iii) deveriam estar a uma distˆanciade no m´aximo 100 pc de acordo com os dados do Hipparcos. Deste modo, foi descoberta a luminosidade correspondente `asequencia principal de idade zero (ZAMS) para estrelas do tipo A. Esta ZAMS ´emostrada ainda mais claramente no diagrama cor- magnitude reproduzido produzido por Lowrance et al. (2000). Embora as estrelas ZAMS do Tipo A, com idade menor que ∼ 10 Manos, populem a parte mais inferior do diagrama, algumas estrelas com idade pr´oximas `as Pleiades tamb´ems˜aoencontradas nessa regi˜ao. Deste modo, mesmo que esse diagrama seja um indicador muito ´utilda idade de estrelas desse tipo, a precis˜ao com que se localiza uma estrela nele n˜aopode ser interpretada de maneira precisa. Se¸c˜ao3.5. Determina¸c˜aode idade atrav´esda an´alise da fra¸c˜aode luminosidade de poeira 83

Figura 3.6: Diagrama HR para estrelas do tipo A presentes no Yale Bright Star Catalog reproduzido de Jura et al. (1998) com os aglomerados estelares mais pr´oximos plotados. As linhas indicam idades em comum para os aglomerados das Hyades/Preasepe (600 Manos) e para αPer/IC 2391 (50-90 Manos). Os asteriscos indicam estrelas com idades entre 4 e 20 Manos.

3.5 Determina¸c˜ao de idade atrav´es da an´alise da fra¸c˜ao de luminosidade de poeira

Aglomerados embebidos contˆemobjetos estelares jovens em v´arios est´agios evolutivos, incluindo estrelas pr´e-sequˆenciaprincipal cercadas por discos de acre¸c˜aoprotoplanet´arios. Aglomerados s˜ao particularmente ´uteisem estudos estat´ısticos de tais objetos. Por exem- plo, observa¸c˜oes fotom´etricas e espectrosc´opicasno infravermelho tˆemsido utilizadas em estudos comparativos para investigar as naturezas f´ısicas e evolutivas de popula¸c˜oesem- bebidas em aglomerados, como as investiga¸c˜oesobservacionais do aglomerado ρ Ophiuchi que levaram `aidentifica¸c˜aode quatro classes de objetos estelares jovens correspondendo `a quatro fases de evolu¸c˜ao estelar primitiva (Lada e Wilking, 1984). A raz˜aodo n´umero de objetos em v´arios est´agios evolutivos acoplado, com as idades estelares levaram a estimati- vas de tempos de vida dos v´arios estados da evolu¸c˜ao estelar primitiva, como por exemplo, as fases relativamente curtas de ∼ 104−5 anos de protoestrelas em aglomerados jovens. Dessa forma, aglomerados jovens oferecem um excelente laborat´orio para investigar escalas de tempo de evolu¸c˜ao de discos protoplanet´arios. Tais aglomerados apresentam amostras estat´ısticamente significativas de estrelas cujas idades m´ediass˜ao bem deter- 84 Cap´ıtulo 3. Diagn´osticos de Idade minadas. Observa¸c˜oesno infra-vermelho distante de estrelas da sequˆencia principal em aglomerados jovens e do campo indicam que, `amedida em que as estrelas evoluem, elas est˜aoem m´edia,sendo orbitadas cada vez menos por pequenas part´ıculas de poeira (Habing et al., 2001; Spangler et al., 2001). Seja τ a energia total emitida por part´ıculas de poeira em ´orbita de uma estrela dividida pela luminosidade bolom´etricada mesma, ent˜ao τ repre- senta uma medida da fra¸c˜ao de radia¸c˜ao UV e vis´ıvel emitida pela estrela que ´eabsorvida pela poeira. Se τ & 0, 001, ent˜ao uma dada estrela n˜ao ´emais velha que 100 Manos (Spangler et al., 2001), veja figura 3.7 reproduzida de Zuckerman (2001). Um exemplo da aplicabilidade deste m´etodo ´eo resultado do trabalho de Zuckerman e Song (2004a), que usaram esta t´ecnica e as demais descritas anteriormente, para obter as idades de uma amostra de 58 estrelas com poeira ao seu redor, a uma distˆancia de 100 pc do Sol. As estrelas mais jovens e pr´oximas dessa amostra s˜ao excelentes alvos de pesquisa por im- ageamento, atrav´esde ´optica adaptiva, na procura de planetas massivos em processo de resfriamento.

Figura 3.7: Energia total emitida por part´ıculasde poeira em torno de estrelas em fun¸c˜ao de suas idades. O Sol e estrelas do tipo Vega est˜aograficadas como c´ırculos que representam aglomerados pr´oximos, incluindo α Per, as Plˆeiades, Ursa Maior, Coma Berenices, e Hyades (Spangler et al., 2001). O valor de τ do Sol ´ebaseado na poeira zodiacal at´euma distˆancia de 5 UA, e n˜aoinclui a contribui¸c˜aodo cintur˜aode Kuiper. A regress˜aolinear representada pela linha tem um inclina¸c˜aode −1, 75. Adaptado de Zuckerman (2001) . Se¸c˜ao3.5. Determina¸c˜aode idade atrav´esda an´alise da fra¸c˜aode luminosidade de poeira 85

Ficou claro que a metodologia descrita nessa se¸c˜ao ´emuito utilizada no estudo de discos protoplanet´arios circumestelares. A descri¸c˜aodessa classe de objetos n˜aose insere no contexto desse cap´ıtulo, por´em´ede muita importˆanciapara a completeza do assunto nesse trabalho. Sendo assim, uma descri¸c˜ao desses objetos pode ser encontrada no apˆendice A. 86 Cap´ıtulo 3. Diagn´osticos de Idade Cap´ıtulo 4

Base de dados

4.1 Associa¸c˜oes estelares

Conforme o descrito anteriormente, o principal objetivo desse trabalho ´efazer um levantamento de estrelas nos campos do sat´eliteCoRoT com movimentos pr´oprios an´alogos (caracterizando-os assim como membros de uma associa¸c˜ao), utilizando-se os resultados de Torres et al. (2006) e os cat´alogos UCAC2 e USNOB1. Ap´os esse levantamento, seriam realizadas observa¸c˜oes em espectroscopia Coud´eno Laborat´orioNacional de Astrof´ısica (LNA), de novos alvos, a fim de determinar suas velocidades radiais, tipo espectral e estimar sua idade. O in´ıciodo levantamento da base de dados teve in´ıciocom uma r´apida estadia de dois dias na cidade de Itajub´aem agosto de 2008, e tamb´emserviu para uma familiariza¸c˜aocom o tema abordado. O pesquisador C.A.P.C.O. Torres possui uma grande quantidade de da- dos sobre associa¸c˜oescom muitas das propriedades bem determinadas, e sua contribui¸c˜ao serviu como ponto de partida para in´ıciode uma an´alise superficial sobre o que poderia ser feito com seu banco de dados. Posteriormente, foi estudada a possibilidade de um lev- antamento de novos alvos utilizando o banco de dados dos cat´alogos UCAC2 e USNOB1. Por´em, uma dificuldade em um ponto crucial para o desenvolvimento do projeto surgiu: para observa¸c˜aode espectroscopia Coud´ede alta resolu¸c˜ao no LNA se faz necess´ario a uti- liza¸c˜aode um detector CCD espec´ıfico para o tipo de trabalho proposto, ou seja, um CCD de campo maior, para que a espectroscopia de alta resolu¸c˜ao, a ser realizada no telesc´opio de 1,62 m do Observat´orio do Pico dos Dias (OPD), seja obtida com sucesso na regi˜aoes- tudada, pois, com alvos novos seria necess´arioestudar determinadas linhas a fim de obter

suas velocidades radiais, tipo espectral e idade. Para isso seriam utilizadas as regi˜oes Hα, 88 Cap´ıtulo 4. Base de dados

Na D λλ5950, λ6300,λ6450 que indicariam os parˆametros f´ısicos,e λ6708 para determinar a idade das estrelas. Logo, a espectroscopia em alta resolu¸c˜aoseria indispens´avel para re- solver as linhas λ6708 e de Hα (λ6563) que se situam pr´oximas. Por´em, com a observa¸cao espectrosc´opica de alta resolu¸c˜ao o campo de vis˜ao necessariamente ´emenor, e com isso a observa¸c˜aodas outras linhas de parˆametros f´ısicoss´oseria poss´ıvel com um dispositivo CCD de campo maior, que ´eexatamente o problema encontrado no trabalho. Entretanto, o ´unicoCCD de grandes dimens˜oes existente no OPD foi acidentalmente queimado, e n˜ao foi poss´ıvel realizar as observa¸c˜oes. De acordo com a informa¸c˜aoobtida em agosto de 2008 com os pr´oprios t´ecnicos do LNA, verificada no mˆesde maio de 2009, e novamente confirmada em agosto desse mesmo ano, a compra do dispositivo j´ahavia sido efetuada, mas n˜aohavia uma previs˜aopara a chegada do material devido a quest˜oesburocr´aticas. Algumas sa´ıdas foram ent˜ao analisadas juntamente com o orientador, j´aque a realiza¸c˜ao de eventual observa¸c˜ao, no OPD, tornou-se invi´avel. Mesmo que houvesse garantias que o instrumento chegaria em meados de agosto ou setembro ´ultimos, n˜aohaveria mais prazo para realizar-se pedido de tempo para o uso do telesc´opio. Uma das sa´ıdas encontradas seria utilizar-se outro local para realizar as observa¸c˜oes, como por exemplo o European Southern Observatory (ESO) em La Silla, Chile, com instru- menta¸c˜aoFEROS, uma vez que o pesquisador C.A.P.C.O. Torres tem f´acil acesso a esse telesc´opio. Por´em, essa id´eian˜ao seguiu adiante pois foi conclu´ıdon˜aohaver tempo h´abil restante no mestrado para realizar o levantamento de novos alvos nos cat´alogos UCAC2 e USNOB1 previamente citadas, organizar e submeter o pedido de tempo para o ESO, esperar pelas observa¸c˜oese ainda depois analis´a-las.Pelos c´alculosrealizados, estimou-se que mesmo se houvesse tempo h´abilpara realizar o levantamento dos objetos no cat´alogo, e levando em conta que o pedido de tempo fosse aprovado pela comiss˜aojulgadora, n˜ao haveria tempo suficiente para analisar os dados e redigir toda a disserta¸c˜ao dentro do per´ıodo restante da bolsa. Vale mencionar tamb´em,que o ESO n˜aorenovou o aluguel dos instrumentos para os brasileiros. A outra sa´ıda,que foi a adotada, foi a realiza¸c˜ao do levantamento completo do banco de dados j´aestudado por Torres e a obten¸c˜ao dos alvos de estudo que interessam ao campo de visibilidade do CoRoT e que se prestam ao teste proposto. Devido ao fato de o sat´eliteKepler j´aestar em opera¸c˜ao, o mesmo tratamento realizado para o CoRoT Se¸c˜ao4.2. Aglomerados abertos 89 tamb´emfoi feito para o Kepler, tornando dessa maneira os resultados mais completos. Primeiramente foram analisados os dados das primerias associa¸c˜oes estudadas no in´ıcio dos trabalhos; posteriormente, outros objetos apresentados neste cap´ıtulo foram tamb´em alvos de an´alisee sele¸c˜ao. As associa¸c˜oes estudadas por Torres e analisadas nesse trabalho s˜ao: AB Doradus; Argus; βPictoris; Carina; Columba; Octans; TW Hya; Uma situada na dire¸c˜aodo centro gal´actico; e outra no anti-centro. As tabelas com os membros de cada associa¸c˜ao encontra-se no apˆendice C. O procedimento realizado com os parˆametros de cada membro est´aexplicado no cap´ıtulo5, juntamente com a discuss˜aodos resultados.

4.2 Aglomerados abertos

O principal cat´alogo de aglomerados abertos utilizado neste trabalho foi o DAML (Dias et al., 2002), compilado originalmente em 2002 por Dias, Alessi, Moitinho e L´epine. A partir de dados de outros cat´alogos, tais como o de Lynga (1985) e de Mermilliod (1995) inclu´ıdosna base de dados WEBDA, descrita mais abaixo, esses autores elaboram o que ´e considerado um dos principais e mais completos cat´alogos de aglomerados abertos. Al´em das coordenadas, idade, diˆametroangular aparente, excesso de cor e distˆanciaexistentes nos cat´alogos utilizados na constru¸c˜ao do DAML, neste foram inclu´ıdos novos aglomerados, dados cinem´aticose de metalicidades. A cinem´aticade aglomerados abertos deste cat´alogo foi explorada utilizando m´etodos estat´ısticos de Sanders (1971) a fim de obter o movimento pr´oprio, bem como a probabilidade de pertencer ao aglomerado, baseados em uma amostra relativamente grande de estrelas, presentes nos cat´alogos Hipparcus (ESA 1997) e Tycho 2 (Hog et al., 2000). Em 2006 tamb´em foram inclu´ıdosdados sobre a cinem´atica de boa parte dos aglomerados deduzidos por Dias e colaboradores, a partir dos dados do cat´alogo UCAC2 (Zacharias et al., 2004). A vers˜ao mais recente do DAML utilizada neste trabalho foi disponibilizada em abril de 2010, e consiste em uma lista de parˆametros fundamentais e cinem´aticos, incluindo informa¸c˜oesde 1787 aglomerados abertos. Para a maioria dos aglomerados h´auma tabela contendo os dados dos membros que comp˜oemcada um. Nesta lista, est˜aoapresentados parˆametros como: as coordenadas equatoriais em J2000.0, magnitude no sistema UCAC (579 - 642 nm), movimento pr´oprio(determinado atrav´esdo cat´alogo UCAC2), magnitude aparente nas bandas J, H e K, obtidas do cat´alogo 2MASS. 90 Cap´ıtulo 4. Base de dados

O trabalho de Dias et al. foi o resultado de uma vasta pesquisa bibliogr´aficaso- bre aglomerados abertos, al´emde parte dos resultados deduzidos de medidas feitas pelos pr´oprios autores. O DAML ´econstantemente atualizado, e devido `agrande quantidade de objetos, ele s´opode ser acessado em http://www.astro.iag.usp.br/˜wilton. Vale citar que outro importante cat´alogo de aglomerados abertos ´eo WEBDA 2, uma vers˜ao web do banco de dados de estrelas em aglomerados abertos da Gal´axia, conhecido como Base Donn´esAmas (BDA) que foi desenvolvida em 1987 no Instituto de Astronomia da Uni- versidade de Lausanne (Su´ı¸ca)por Jean-Claude Mermilliod e ´emantido e atualizado por Ernest Pauzen do Instituto de Astronomia da Universidade de Vienna (Austria). Esse cat´alogo pode ser acessado em http://www.univie.ac.at/webda. A vasta cole¸c˜aode dados observacionais do WEBDA cobre significativamente mais do que 100.000 estrelas em cerca de 500 aglomerados dos cat´alogos NGC, IC e outros. Este banco de dados tenta listar todas as informa¸c˜oespublicadas de estrelas em aglomer- ados abertos, que podem ser ´uteis para determinar n˜aos´oa qual aglomerado uma estrela pertence, mas tamb´em suas propriedades como um todo. O WEBDA foi desenvolvido para ser n˜ao apenas mais uma ferramenta eficiente para armazenar e fornecer informa¸c˜oes, mas tamb´empara proporcionar um ambiente vers´atilpara an´alisedos dados e estudo de aglomerados abertos. A base de dados inclui medidas fotom´etricas,na maioria dos sistemas nos quais os aglomerados j´aforam observados, dados astrom´etricose observa¸c˜oes espec- trosc´opicas. Boa parte das informa¸c˜oescontidas no WEBDA s˜ao fornecidas no DAML, mas em alguns casos h´adivergˆencias sobre certos parˆametros. O DAML foi escolhido como uma das ferramentas de pesquisa deste trabalho aglomerados abertos pois cont´em uma quantidade maior desses objetos e tamb´empor possuir mais dados sobre suas idades. O procedimento realizado com esse cat´alogo, assim como a obten¸c˜ao dos dados de interesse para este trabalho est˜aodescritos no cap´ıtulo 5. Cap´ıtulo 5

An´alise dos Dados - Resultados e Discuss˜oes

A an´alisedos dados apresentados no cap´ıtulo4 ser´adividida em quatro etapas: (i) uma breve an´alisesobre os campos de observa¸c˜ao; (ii) a an´alise detalhada de objetos nos campos de visibilidade do CoRoT; (iii) idem para o Kepler; e (iv) sugest˜ao de outros campos a serem observados. Por crit´eriode simplicidade, a an´alise ´erealizada com o aux´ılio de gr´aficos,o que significa que os dados s˜aotratados atrav´esde proje¸c˜oes polares celestes. Dessa forma, a filtragem dos dados em fun¸c˜ao dos parˆametros das janelas de observa¸c˜ao dos sat´elitesmencionados no cap´ıtulo2 se torna muito simples. Deve-se citar tamb´emque a filtragem dos dados pelo crit´eriode magnitude visual aparente, V , ´erealizada em um momento anterior `arealiza¸c˜oesdas proje¸c˜oes, quando dados de associa¸c˜oesestelares forem analisados. Na pr´oxima se¸c˜ao,ser´aapresentado de que maneira os campos de visibilidade de cada sat´elitese desenham nas proje¸c˜oespolares celestes. Na sequˆencia,ser´amostrada a an´alise e sele¸c˜aopara janela de observa¸c˜aodo sat´elite CoRoT e posteriormente para os mesmos dados, de maneira semelhante, para o Kepler. Por ´ultimo, ser´aapontado a possibilidade de realiza¸c˜aodo mesmo estudo para outros campos de observa¸c˜ao.

5.1 Os campos de visibilidade do CoRoT e do Kepler

Antes de prosseguir com a an´alisedos dados, faz-se necess´ario apresentar como as janelas de observa¸c˜aodos sat´elitesCoRoT e Kepler se desenham nas proje¸c˜oes polares celestes. A figura 5.1 mostra como os “olhos” do CoRoT se projetam no c´eu, nos hemisf´erios norte (esquerda) e sul (direita). Lembre-se que a dire¸c˜aodos centros dos campos de observa¸c˜ao desse sat´elites˜ao6h50m e 18h50m, centrados no equador (δ = 0o) com uma 92 Cap´ıtulo 5. An´alise dos Dados - Resultados e Discuss˜oes abertura de 10o de raio.

Figura 5.1: Proje¸c˜oes polares celestes para os hemisf´eriosnorte (esquerda) e sul (direita). A regi˜ao delimitada em linhas vermelhas correspondem `asjanelas de observa¸c˜aonorte e sul do CoRoT, direita e esqueda respectivamente.

Do mesmo modo, a figura 5.2 mostra como o “olho” do Kepler se projeta no c´eu. Lembre-se tamb´em que a dire¸c˜ao de observa¸c˜aodesse sat´elite ´ecentrada em α = 19h22m40s e δ = +44o30’00” e tem um campo de 105 graus quadrados de observa¸c˜ao, conforme a figura 2.11. Uma vez entendidos e situados os campos nas proje¸c˜oespolares celestes, ´eposs´ıvel dar sequˆencia `aan´alise das associa¸c˜oes e aglomerados abertos contidos no banco de dados, conforme mencionado anteriormente.

5.2 An´alisee sele¸c˜aodos dados para os campos de observa¸c˜ao do CoRoT

Seguindo o cronograma do projeto, a an´alise´einiciada com as primeiras associa¸c˜oes apresentadas na reuni˜aode agosto de 2008 com o pesquisador C.A.P.C.O. Torres. Essas associa¸c˜oes s˜ao: AB Doradus, Argus, β Pictoris, Carina, Columba, Octans e TW Hya. Todas elas possuem idades bem determinadas pelo grupo do colaborador e servem como ponto de partida. Como feito na se¸c˜ao anterior, nas figuras 5.3 at´e5.7 est˜ao representadas as proje¸c˜oes polares celestes de cada associa¸c˜aopresente no banco de dados, para os hemisf´erios norte Se¸c˜ao5.2. An´alisee sele¸c˜aodos dados para os campos de observa¸c˜aodo CoRoT 93

Figura 5.2: Proje¸c˜aopolar celeste para o hemisf´erionorte com a regi˜aodelimitada em linhas verdes correspondentes `ajanela de observa¸c˜aodo Kepler.

Figura 5.3: Proje¸c˜oes polares celeste para os hemisf´eriosnorte (direita) e sul (esquerda) das estrelas com 11, 5 ≤ V ≤ 16 da associa¸c˜aoAB Doradus de ∼ 70 milh˜oes de anos. A regi˜aodelimitada pelas linhas vermelhas correspondem ao olhos do CoRoT. e sul (quando houver ambos), mostrando quais estrelas se situam no campo de visibilade do sat´eliteCoRoT. Os dados exibidos nessas proje¸c˜oes j´aest˜ao filtrados pelo crit´erio de magnitude de observa¸c˜ao (11, 5 ≤ V ≤ 16), s´orestando assim a sele¸c˜aopelo crit´eriodas coordenadas (α,δ) dos campos de observa¸c˜ao, que ´emostrado em cada figura. A primeira observada ´eAB Doradus de ∼ 70 Manos. Note que, observando a quan- 94 Cap´ıtulo 5. An´alise dos Dados - Resultados e Discuss˜oes tidade de elementos presentes na tabela C.1 juntamente com os crit´erios de sele¸c˜ao do sat´eliteCoRoT, n˜aosobram muitas estrelas, e dessas, nenhuma est´apresente nos cam- pos de observa¸c˜ao. Portanto, nessa associa¸c˜ao, com idade apropriada para forma¸c˜aode planetas rochosos, n˜aoh´acandidatos-alvo para observa¸c˜aonesse telesc´opio.

Figura 5.4: Proje¸c˜aopolar celeste para o hemisf´eriosul das estrelas com 11, 5 ≤ V ≤ 16 da associa¸c˜ao Argus de ∼ 40 milh˜oes de anos. A regi˜aodelimitada pelas linhas vermelhas correspondem ao olhos do CoRoT.

Observando a figura 5.4 da proje¸c˜aopolar celeste da associa¸c˜aoArgus, que possui ob- jetos somente no hemisf´erio sul, percebe-se que acontece fato idˆentico `aassocia¸c˜aoAB Doradus. Note tamb´em que o resultado para a associa¸c˜aoArgus revela que quase todos os alvos ´uteisest˜aoconcentrados em uma regi˜ao com declina¸c˜oesentre -50o e -60o, rep- resentando dessa forma, uma janela de 10o poss´ıvel e interessante para futuras miss˜oes de observa¸c˜aona dire¸c˜ao α = 8h40m. Note tamb´emque tal fato n˜ao acontece com as associa¸c˜oes AB Doradus, β Pictoris, Carina, e Tw Hya, onde alvos que est˜ao espalhados no plano de ascen¸c˜aoreta e declina¸c˜ao, tamb´emn˜aoest˜ao contidos nos “olhos” do CoRoT, como mostrados nas figuras 5.5 at´e5.7. Mais ainda, analisando as proje¸c˜oesdas figuras 5.8 e 5.9 correspondentes `asassocia¸c˜oes de Carina e Octans, respectivamente, ´eposs´ıvel notar que, ap´os a aplica¸c˜aodos crit´erios de sele¸c˜ao do sat´eliteem quest˜ao,s´orestou um alvo em cada uma delas, e al´emdisso eles est˜aodistantes do campo de observa¸c˜ao. Embora todas as associa¸c˜oespreviamente analisadas n˜ao retornaram nenhum resultado Se¸c˜ao5.2. An´alisee sele¸c˜aodos dados para os campos de observa¸c˜aodo CoRoT 95

Figura 5.5: Proje¸c˜oes polares celestes para os hemisf´erios norte (direita) e sul (esquerda) das estrelas com 11, 5 ≤ V ≤ 16 da associa¸c˜ao β Pictoris de ∼ 10 milh˜oesde anos. A regi˜aodelimitada pelas linhas vermelhas correspondem ao olhos do CoRoT.

Figura 5.6: Proje¸c˜aopolar celeste para o hemisf´eriosul das estrelas com 11, 5 ≤ V ≤ 16 da associa¸c˜ao Columba de ∼ 30 milh˜oes de anos. A regi˜aodelimitada pelas linhas vermelhas correspondem ao olhos do CoRoT. aproveit´avel, elas serviram para um simples prop´osito:familiariza¸c˜ao com a metodologia de sele¸c˜ao de alvos. Contudo, em meados de setembro de 2008, C.A.P.C.O Torres comunicou que tinha identificado duas associa¸c˜oesno seu cat´alogo, SACY, que se situavam nos campos de observa¸c˜aodo CoRoT, uma na dire¸c˜ao centro (α =18h50m) e outra na do anti-centro gal´actico(α =6h50m). O ´unico problema da primeira associa¸c˜ao ´eque ela n˜ao tinha a 96 Cap´ıtulo 5. An´alise dos Dados - Resultados e Discuss˜oes

Figura 5.7: Proje¸c˜aopolar celeste para o hemisf´eriosul das estrelas com 11, 5 ≤ V ≤ 16 da associa¸c˜ao TW Hya de ∼ 30 milh˜oes de anos. A regi˜aodelimitada pelas linhas vermelhas correspondem ao olhos do CoRoT.

Figura 5.8: Proje¸c˜aopolar celeste para o hemisf´eriosul das estrelas com 11, 5 ≤ V ≤ 16 da associa¸c˜ao Carina de ∼ 30 milh˜oesde anos. A regi˜aodelimitada pelas linhas vermelhas correspondem ao olhos do CoRoT. idade bem determinada, mas poderia-se supor como sendo composta de estrelas jovens (Torres, comunica¸c˜ao privada). A associa¸c˜ao do anti-centro tem uma idade estimada em 70 Manos. A figura 5.10 mostram as proje¸c˜oespolares celestes de cada hemisf´eriopara as estrelas com 11, 5 ≤ V ≤ 16 da associa¸c˜aolocalizada na regi˜ao do centro gal´actico, e a figura 5.11 mostra o mesmo resultado para a associa¸c˜aolocalizada no anti-centro, que Se¸c˜ao5.2. An´alisee sele¸c˜aodos dados para os campos de observa¸c˜aodo CoRoT 97

Figura 5.9: Proje¸c˜aopolar celeste para o hemisf´erio sul da associa¸c˜aoOctA de ∼ 20 milh˜oes de anos. A regi˜aodelimitada pelas linhas vermelhas correspondem ao olhos do CoRoT. possui objetos somente no hemisf´erionorte com V no intervalo citado.

Figura 5.10: Proje¸c˜oes polares celestes para os hemisf´erio norte (direita) e sul (esquerda) de uma associa¸c˜ao do cat´alogo SACY localizada na regi˜aodo centro da Gal´axia. A regi˜aodelimitada pelas linhas vermelhas correspondem ao olhos do CoRoT.

Pela an´alise das figuras 5.10 at´e5.11 ´eposs´ıvel notar que a associa¸c˜aolocalizada no centro gal´actico tem quatro alvos aproveit´aveis para observa¸c˜ao,trˆesno hemisf´erionorte e um no sul; e para a associa¸c˜ao localizada na dire¸c˜ao do anti-centro gal´actico tˆem-se mais dois alvos pass´ıveis de observa¸c˜ao. As tabelas 5.1 e 5.2 mostram as coordenadas e a magni- 98 Cap´ıtulo 5. An´alise dos Dados - Resultados e Discuss˜oes

Figura 5.11: Proje¸c˜aopolar celeste para o hemisf´erio sul de uma associa¸c˜aode ∼ 70 Manos do cat´alogo SACY localizada na regi˜aodo anti-centro da Gal´axia.A regi˜aodelimitada pelas linhas vermelhas corre- spondem ao olhos do CoRoT. tudes aparentes dos resultados de cada uma dessas associa¸c˜oes. E´ importante lembrar que a associa¸c˜aolocalizada no centro gal´acticon˜aotem ainda uma idade bem determinada, mas, uma vez que esse parˆametroseja obtido em estudos futuros, fica registrado neste trabalho, poss´ıveis alvos para observa¸c˜aocom sat´elitee que servir˜aopara o prop´ositoaqui estudado. Outro ponto importante: as estrelas da associa¸c˜aode ∼ 70 Manos localizada na regi˜ao do anti-centro gal´acticopossuem idade suficiente para terem eventualmente planetas rochosos. Com isso, a sele¸c˜aode objetos estelares para observa¸c˜aopelo CoRoT, relacionados `as associa¸c˜oes, est´afeita. Os seis resultados mostrados nas tabelas 5.1 e 5.2 mostram todos os parˆametros necess´arios dos objetos que podem ser propostos `aobserva¸c˜ao. Note que, apesar da grande quantidade de dados utilizados conforme descrito no cap´ıtulo 4, apenas seis objetos atendem aos prop´ositos deste trabalho.

Tabela 5.1 - Objetos estelares aproveit´aveis da associa¸c˜aolocalizada no centro gal´actico (SACY), pass´ıveis de observa¸c˜aopelo sat´elite CoRoT.

oo Nome α2000 (hh mm ss) δ2000 ( ’ ’ ””) V Tipo Espectral

0450 0064 18 32 18,9 +02 14 54 11,76 N/D 1026 1952 18 47 25,6 +08 41 07 12,22 N/D Continua na pr´oximap´agina. . . Se¸c˜ao5.2. An´alisee sele¸c˜aodos dados para os campos de observa¸c˜aodo CoRoT 99

Tabela 5.1 - Continua¸c˜ao

oo Nome α2000 (hh mm ss) δ2000 ( ’ ’ ””) V Tipo Espectral

5115 0069 18 58 14,4 +00 27 00 11,65 N/D 5129 0396 19 08 42,4 -01 00 05 12,12 N/D

Tabela 5.2 - Objetos estelares aproveit´aveis da associa¸c˜aode ∼ 70 Manos localizada no anti-centro gal´actico(SACY), pass´ıveis de observa¸c˜aopelo sat´eliteCoRoT.

oo Nome α2000 (hh mm ss) δ2000 ( ’ ’ ””) V Tipo Espectral

G4813 0908 M 06 53 24,1 -06 33 13 11,80 G8IV-V 4809 1845 M 06 56 09,6 -04 59 48 11,67 G3V

Com o objetivo de enriquecer mais os resultados, foi necess´ario buscar outros bancos de dados de estrelas jovens. De acordo com o cap´ıtulo4 a an´alise foi estendida para o cat´alogo de aglomerados jovens l´adescrito (DAML). Com efeito, a tabela 5.3 mostra os resultados obtidos para o campo de observa¸c˜oes do CoRoT. Nessa tabela s˜aomostrados os parˆametros de cada aglomerado aproveit´avel tais como: nome, coordenadas, distˆancia, extin¸c˜ao (EBV ) e idade. A an´alisecom os aglomerados foi basicamente a mesma realizada com as associa¸c˜oes, mas devido ao fato das estrelas do primeiro grupo estarem mais concentradas em uma dada regi˜aodo c´eu,ao contr´ario do segundo, tem-se que nesse caso a filtragem por posi¸c˜ao aconteceu antes da filtragem por magnitudes, ou seja, primeiramente foi realizada uma filtragem com as coordenadas dos aglomerados (α e δ), diretamente da tabela do banco de dados; em seguida os aglomerados foram filtrados por idade at´eo limite de 80-90 Manos (log t ∼ 7, 90 − 7, 95); na sequˆenciaforam realizadas as proje¸c˜oespolares celestes desses aglomerados a fim de verificar suas posi¸c˜oesem rela¸c˜ao aos “olhos” do CoRoT; e por fim, foi realizada a filtragem por magnitude das estrelas de cada aglomerado aproveit´avel, para obter os resultados que atendam os prop´ositos deste trabalho. 100 Cap´ıtulo 5. An´alise dos Dados - Resultados e Discuss˜oes

Tabela 5.3 - Aglomerados abertos do cat´alogoDias et al. 2002 (cf. cap´ıtulo 4), contidos no campo de observa¸c˜aosat´elite CoRoT. O objetos com a etiqueta N na ´ultima coluna, s˜ao aqueles que n˜aopossuem dados de seus elementos dispon´ıveis para an´alise.

oo Nome α2000 (hh mm ss) δ2000 ( ’ ’ ””) Distˆancia (pc) EBV Idade (log t) Disponibilidade

Centro gal´actico NGC 6611 18 18 48 -13 48 24 1800 0,8 6,11 N NGC 6604 18 18 03 -12 14 30 1696 0,97 6,81 S NGC 6683 18 42 13 -06 12 42 1197 0,54 7 N NGC 6664 18 36 37 -07 48 48 1164 0,709 7,162 N Bica 3 18 26 04 -13 03 32 1640 2,18 7,4 N Berkeley 82 19 11 20 +13 07 06 860 1,021 7,493 S Collinder 359 18 01 06 +02 54 00 249 0,193 7,506 N NGC 6649 18 33 27 -10 24 12 1369 1,201 7,566 S NGC 6755 19 07 49 +04 16 00 1421 0,826 7,719 S NGC 6756 19 08 42 +04 42 18 1507 1,18 7,79 S Berkeley 79 18 45 12 -01 13 00 2300 1,19 7,81 S Trumpler 35 18 42 54 -04 08 00 1206 1,218 7,862 S NGC 6704 18 50 45 -05 12 18 2974 0,717 7,863 N Basel 1 18 48 12 -05 51 00 2178 0,482 7,893 S NGC 6694 18 45 18 -09 23 00 1600 0,589 7,931 S Anti-centro gal´actico Bochum 2 06 48 54 +00 23 00 2661 0,831 6,665 N Dolidze 25 06 45 06 +00 18 00 6800 0,8 6,8 S NGC 2244 06 31 55 +04 56 30 1445 0,463 6,896 S NGC 2264 06 40 58 +09 53 42 667 0,051 6,954 S ASCC 24 06 28 44 -07 01 12 400 0,14 6,96 N Collinder 107 06 37 42 +04 44 00 1738 0,54 7 S Collinder 96 06 30 18 +02 52 00 962 0,51 7,031 S NGC 2169 06 08 24 +13 57 54 1052 0,199 7,067 N NGC 2302 06 51 55 -07 05 00 1500 0,23 7,08 S NGC 2343 07 08 06 -10 37 00 1056 0,118 7,104 N Alessi 21 07 10 47 -09 20 12 500 0,07 7,47 N NGC 2232 06 27 15 -04 45 30 359 0,03 7,727 N NGC 2186 06 12 07 +05 27 30 1445 0,272 7,738 S Platais 6 06 15 26 +03 50 42 348 7,78 N NGC 2401 07 29 24 -13 58 00 5888 0,35 7,8 N Berkeley 28 06 52 12 +02 56 00 2557 0,761 7,846 S NGC 2345 07 08 18 -13 11 36 2251 0,616 7,853 N Bochum 3 07 03 24 -05 03 00 1762 0,24 7,89 S NGC 2353 07 14 30 -10 16 00 1119 0,072 7,974 N

E´ importante explicar que a filtragem por magnitudes, nesse caso, necessitou de uma Se¸c˜ao5.2. An´alisee sele¸c˜aodos dados para os campos de observa¸c˜aodo CoRoT 101 aten¸c˜ao especial. Conforme descrito no cap´ıtulo4, o cat´alogo de aglomerados analisados foi elaborado com aux´ıliodo cat´alogo de estrelas UCAC2. Foi desse cat´alogo que se obteve os parˆametros de cada estrela presente em um dado aglomerado. O problema encontrado ´eque esse cat´alogo n˜aofornece a magnitude aparente na banda V das estrelas, mas so- mente nas bandas J, H e K que foram determinadas pelo (2MASS), o que n˜ao ´eaplic´avel diretamente a este trabalho. Para solucionar esse problema foi realizado um contato com o pesquisador Marcelo Assafin, do Observat´oriodo Valongo (OV-UFRJ), que trabalhou com o cat´alogo UCAC2. A solu¸c˜ao encontrada foi a seguinte: como os parˆametros das estrelas dos aglomerados do cat´alogo utilizado se baseia no dados do UCAC2, a id´eiaseria atualiza-los com base no cat´alogo UCAC3, mais recente. No banco de dados do UCAC3 ´e poss´ıvel obter, al´emdas magnitudes nas bandas J, H e K, as magnitudes nas bandas B, R e I que foram extra´ıdas do projeto SuperCosmos (Hambly et al., 2001). A magnitude na banda V n˜ao est´adispon´ıvel. Por´emo trabalho de Natali et al. (1994), com fotometria dos filtros UBVRI Johnson-Cousins em estrelas de aglomerados abertos, mostra uma rela¸c˜ao entre os ´ındices de cor (B − I) e (B − V ):

(B − I) = 2, 36(B − V )

Com isso, uma vez obtidas as magnitudes B e I do cat´alogo UCAC3 pode-se obter a magnitude na banda V, que ´eo parˆametro desejado. Note que, todo esse procedimento produz um certo grau de incerteza no resultado. Analisando o cat´alogo UCAC3, foi encon- trada que a incerteza nas magnitudes B e I ´ede 0,3. No trabalho de Natali et al. (1994) n˜ao foi encontrada um valor preciso sobre qual seria a incerteza envolvida nos seus c´alculos. Levando-se em conta esses fatores, e realizando a propaga¸c˜ao usual de erros, chegou-se a conclus˜aoque o valor final da magnitude na banda V tem uma incerteza de 0,5 magnitude. Lembre-se tamb´emque, al´emde tudo que foi dito acima, ´eimportante realizar essa an´alise em estrelas de sequˆenciaprincipal, que ´eo prop´osito deste trabalho, e tamb´em do cat´alogo SACY, conforme mencionado no cap´ıtulo4. Na an´aliserealizada anterior- mente com as estrelas das associa¸c˜oes,essas j´ahaviam sido selecionadas por esse crit´erio (SACY), por´em,quando se analisa as estrelas de um aglomerado qualquer ´enecess´ario impor mais esse v´ınculono processo de sele¸c˜ao, pois, um aglomerado de estrelas cont´em objetos de diferentes tipos espectrais. Ora, como a distˆanciados aglomerados ´econhecida, 102 Cap´ıtulo 5. An´alise dos Dados - Resultados e Discuss˜oes

assim como a extin¸c˜ao EBV , pode-se usar a equa¸c˜aodo m´odulode distˆancia corrigida pelo avermelhamento (equa¸c˜ao 5.1):

MV = V − 5 log d(pc) + 5 − AV (5.1) onde AV ´eo avermelhamento e ´ecalculado utilizando a extin¸c˜ao EBV atrav´esda express˜ao:

AV = 3, 2EBV . Obt´em-se assim a magnitude absoluta na banda V e, com o aux´ıliodo sistema de calibra¸c˜aoMK para classifica¸c˜ao de estrelas, conforme tabela 5.4 (Cox, 1999), selecionar as estrelas de sequˆencia principal de tipos espectrais F, G, K, M.

Tabela 5.4 - Sistema de calibra¸c˜aoMK para classifica¸c˜aoespectral de estrelas (Cox, 1999).

Tipo Espectral MV

SequˆenciaPrincipal, V O5 -5,7 O9 -4,5 B0 -4 B2 -2,45 B5 -1,2 B8 -0,25 A0 +0,65 A2 +1,3 A5 +1,95 F0 +2,7 F2 +3,6 F5 +3,5 F8 +4 G0 +4,4 G2 +4,7 G5 +5,1 G8 +5,5 K0 +5,9 K2 +6,4 K5 +7,35 M0 +8,8 M2 +9,9 M5 +12,3 Gigantes, III G5 +0,9 G8 +0,8 K0 +0,7 K2 +0,5 K5 -0,2 M0 -0,4 M2 -0,6 M5 -0,3 Supergigantes, I O9 -6,5 B2 -6,4 B5 -6,2 B8 -6,2 A0 -6,3 A2 -6,5 A5 -6,6 F0 -6,6 F2 -6,6 F5 -6,6 Continua na pr´oximap´agina. . . Se¸c˜ao5.2. An´alisee sele¸c˜aodos dados para os campos de observa¸c˜aodo CoRoT 103

Tabela 5.4 - Continua¸c˜ao

Tipo Espectral MV

F8 -6,5 G0 -6,4 G2 -6,3 G5 -6,2 G8 -6,1 K0 -6 K2 -5,9 K5 -5,8 M0 -5,6 M2 -5,6 M5 -5,6

Note que, analisando a tabela 5.4, as estrelas do tipo F, G, K e M de sequˆenciaprincipal ser˜aoaquelas com MV > 2, 7. Portanto, com este ´ultimopasso de filtragem dos dados, o procedimento de an´alise para as estrelas dos aglomerados da tabela 5.3 fica completa. Nessa mesma tabela, a ´ultima coluna mostra duas etiquetas: “S” de sim ou “N” de n˜ao, que informam se os aglomerados possuem informa¸c˜oessobre seus membros dispon´ıveis no banco de dados para an´alise,cf. Dias et al. (2002). Fixado isso, a figura 5.12 mostra as proje¸c˜oespolares celestes dos hemisf´erios norte e sul dos aglomerados da tabela 5.3 que contˆemdados (S) a serem analisados pelo filtro de magnitudes. Pela tabela 5.3 e pela figura 5.12 ´eposs´ıvel identificar os 18 aglomerados a serem analisados pelo filtro de magnitudes. As tabelas com as estrelas analisadas para cada aglomerado se encontram no apˆendiceD1. Ao examin´a-las´eposs´ıvel perceber que nem todas possuem alvos aproveit´aveis para observa¸c˜ao do CoRoT. Esse ´ultimo processo de

filtragem se procedeu da seguinte maneira: ap´oscalculadas as magnitudes V e MV , as estrelas de cada aglomerado foram ordenadas de maneira que as magnitudes estivessem em ordem crescente; com isso foi poss´ıvel selecionar as estrelas que contˆem V entre 11,5 e

16 magnitudes e MV > 2, 7. Os objetos contidos nesses intervalos s˜ao os alvos selecionados para observa¸c˜ao. Tamb´em foi citado anteriormente, que o erro no c´alculodo valor das magnitudes analisadas ´ede 0,5 magnitude, e com isso, foi poss´ıvel selecionar nas amostras estrelas com V entre 11 e 11,5 com MV entre 2,2 e 2,7 magnitudes, e outras com V entre

16 e 16,5 que possuam MV > 2, 7 magnitudes. Logo, a sele¸c˜ao dos alvos aproveit´aveis est´a feita, levando-se em conta margens de erro. Os resultados de todos esses alvos encontram-se

1 A vers˜aocompleta encontra-se sob forma eletrˆonica (CD) em anexo 104 Cap´ıtulo 5. An´alise dos Dados - Resultados e Discuss˜oes

Figura 5.12: Proje¸c˜oes polares celestes para os hemisf´erios norte (direita) e sul (esquerda) dos aglomerados abertos do cat´alogoDAML (Dias et al., 2002), cf. cap´ıtulo 4, contidos no campo de observa¸c˜aosat´elite CoRoT, e que possuem dados de seus elementos dispon´ıveis para an´alise. A regi˜aodelimitada pelas linhas vermelhas correspondem ao olhos do CoRoT. no apˆendice E2 nas tabelas E.1 para o centro gal´actico, e E.2 para o anti-centro. Uma vez realizada a sele¸c˜aoproposta, a ´ultimaetapa restante ´ea identifica¸c˜aodos alvos em que se poder´aencontrar planetas gigantes e/ou rochosos. Analisando novamente a tabela 5.3, juntamente com os resultados das tabelas do apˆendiceE, nota-se que os aglomerados NGC 6604, NGC 6649, NGC 6756, Berkeley 79, Trumpler 35, Dolidze 25, e Berkeley 28, n˜aoforneceram em alvos que atendessem os requisitos de sele¸c˜ao por mag- nitudes. Por outro lado, os aglomerados NGC 2244 de 7,87 Manos, NGC 2264 de 8,99 Manos, Collinder 107 de 10 Manos, Collinder 96 de 10,74 Manos, e NGC 2302 de 12,02 Manos contˆemalvos onde deve-se encontrar somente planetas gigantes gasosos, de acordo com o cap´ıtulo1. Nos aglomerados relativamente mais velhos, que contˆemalvos aproveit´aveis, tais como: NGC 6755 de 52,36 Manos, Basel 1 de 78,16 Manos, NGC 6694 de 85,31 Manos, NGC 2186 de 54,70 Manos, NGC 2422 de 72,61 Manos e Bochum 3 de 77,62 Manos, deve-se encontrar planetas rochosos e gasosos. Portanto a etapa de sele¸c˜ao de alvos a serem observados pelo CoRoT est´afeita, e com isso, os eventuais resultados observacionais servir˜aode teste para

2 A vers˜aocompleta encontra-se sob forma eletrˆonica (CD) em anexo Se¸c˜ao5.3. An´alisee sele¸c˜aodos dados para os campos de observa¸c˜aodo Kepler 105 as escalas de tempo de forma¸c˜aoplanet´aria propostos nos modelos correntes (Zuckerman e Song, 2004b).

5.3 An´alisee sele¸c˜aodos dados para os campos de observa¸c˜ao do Kepler

O processo de an´alisee sele¸c˜ao de alvos para o sat´eliteKepler ´eidˆentico ao que foi apresentado na se¸c˜ao anterior, no que diz respeito `abase de dados utilizada e `as etapas de filtragem. As duas ´unicasdiferen¸cas nessa parte da an´alise s˜ao: a sele¸c˜ao de alvos por coordenadas de observa¸c˜ao, que para o Kepler est˜aocentradas em α = 19h22m40s e δ = +44o30’00” conforme figura 2.11; e ao intervalo de magnitudes na banda V observada, que est´aentre 9 e 14 magnitudes. Do mesmo modo que foi realizado para o CoRoT, a an´alise para o Kepler ´einiciada com as mesmas associa¸c˜oesestelares, mas como esse sat´elites´oobserva alvos no hemisf´erio norte, tem-se que as ´unicasassocia¸c˜oes v´alidas para esse prop´osito s˜aoAB Doradus e β Pictoris, de ∼ 70 Manos e ∼ 10 Manos respectivamente. As figuras 5.13 e 5.14 mostram as proje¸c˜oespolares celestes das estrelas, com V entre 9 e 14, dessas associa¸c˜oes.

Figura 5.13: Proje¸c˜aopolar celeste para o hemisf´erionorte das estrelas com 9 ≤ V ≤ 14 da associa¸c˜ao AB Doradus de ∼ 70 milh˜oesde anos. A regi˜aodelimitada pelas linhas verdes correspondem ao “olhos” do Kepler.

Note que em ambas associa¸c˜oesn˜ao h´aestrelas contidas no campo de observa¸c˜ao do telesc´opioem quest˜ao, e portanto, dentre esses objetos com idades apropriadas para 106 Cap´ıtulo 5. An´alise dos Dados - Resultados e Discuss˜oes

Figura 5.14: Proje¸c˜aopolar celeste para o hemisf´erionorte das estrelas com 9 ≤ V ≤ 14 da associa¸c˜ao β Pictoris de ∼ 10 milh˜oesde anos. A regi˜aodelimitada pelas linhas verdes correspondem ao “olhos” do Kepler. forma¸c˜aode planetas gasosos (β Pic), e/ou rochosos (AB Doradus), n˜aoh´acandidatos- alvo para observa¸c˜oes.Como essas duas associa¸c˜oes s˜aoas ´unicas do banco de dados que se adequaram ao requisitos de observa¸c˜ao do Kepler, tem-se que a an´aliserelacionada `as associa¸c˜oes est´aencerrada. Analogamente ao que foi realizado na se¸c˜aoanterior, a an´alisepara o Kepler tamb´em foi estendida para o cat´alogo dos aglomerados abertos jovens DAML (Dias et al., 2002), cf. cap´ıtulo 4. O processamento de dados dos aglomerados para o Kepler foi o mesmo realizado para o CoRoT, ou seja, realizou-se uma filtragem com as coordenadas dos aglomerados (α e δ), diretamente da tabela do banco de dados; em seguida os aglomerados foram filtrados por idade at´eo limite de 80-90 Manos (log t ∼ 7, 90 − 7, 95); na sequˆenciaforam realizadas as proje¸c˜oespolares celestes desses aglomerados a fim de situa-los no campo do Kepler; e por fim, foi realizada a filtragem por magnitude das estrelas de cada aglomerado aproveit´avel, com o mesmo procedimento j´aexplicado na se¸c˜aoanterior. A tabela 5.5 mostra os resultados obtidos para o campo de observa¸c˜oes do Kepler. Nela s˜ao mostrados os parˆametros de cada aglomerado aproveit´avel tais como: nome, coordenadas, distˆancia, extin¸c˜ao (EBV ) e idade. Se¸c˜ao5.3. An´alisee sele¸c˜aodos dados para os campos de observa¸c˜aodo Kepler 107

Tabela 5.5 - Aglomerados abertos do cat´alogoDias et al. 2002 (cf. cap´ıtulo 4), contidos no campo de observa¸c˜aosat´eliteKepler. Os objetos com a etiqueta N na ´ultima coluna, s˜ao aqueles que n˜aopossuem dados de seus membros dispon´ıveis para an´alise.

oo Nome α2000 (hh mm ss) δ2000 ( ’ ’ ””) Distˆancia (pc) EBV Idade (log t) Disponibilidade

Stephenson 1 18 53 30 36 55 00 390 0,04 7,731 N Basel 6 20 06 48 38 21 00 1548 0,58 7,977 S

Figura 5.15: Proje¸c˜aopolar celeste dos aglomerados abertos Stephenson 1 e Basel 6. A regi˜aodelimitada pelas linhas verdes correspondem ao “olhos” do Kepler. Nenhum dos objetos est˜aocontidos nessa regi˜ao.

Note pela tabela 5.5, que somente dois aglomerados atendem `asrestri¸c˜oes de ob- serva¸c˜oesdo Kepler, e somente um tem seus membros dispon´ıveis no cat´alogo para an´alise, Basel 6. Mais ainda, este aglomerado tem idade estimada de ∼ 99,3 Manos apropriada para identificar planetas gigantes gasosos e rochosos j´aformados. A figura 5.15 mostra a proje¸c˜aopolar celeste desses dois aglomerados juntamente com a janela de observa¸c˜aodo Kepler, e ´eposs´ıvel notar que nenhum dos objetos da tabela 5.5 est˜aocontidos no campo de visibilidade, e com isso n˜ao h´acandidatos-alvo dispon´ıveis no cat´alogo DAML a serem observados pelo Kepler, encerrando assim an´alise para esse telesc´opio. 108 Cap´ıtulo 5. An´alise dos Dados - Resultados e Discuss˜oes

5.4 Outros campos de observa¸c˜ao

Na se¸c˜ao 5.2 foi discutido que a associa¸c˜ao Argus de ∼ 40 Manos, n˜ao possui objetos no campo de observa¸c˜ao do CoRoT, mas cont´emuma concentra¸c˜ao de estrelas em uma regi˜ao de 10o centrada na dire¸c˜oes α = 8h40m e δ = -55o. Se alguma miss˜ao observacional, que tenha objetivos semelhantes `asmiss˜oesCoRoT e Kepler, puder observar um campo nessa dire¸c˜ao, fica registrado neste trabalho que existem poss´ıveis alvos para serem obser- vados, e com idade conhecida que se adequam ao teste do modelo de forma¸c˜aoplanet´aria mencionado anteriormente. O mesmo racioc´ıniopode ser feito para os dados do cat´alogo de aglomerados abertos utilizado neste trabalho. Levando-se em conta somente a idade como crit´erio de sele¸c˜ao, pode-se sugerir poss´ıveis janelas de observa¸c˜aoque contenham aglomerados entre 10 Manos e 90 Manos aproximadamente. Esse resultado est´amostrado na tabela 5.6, e os objetos contidos em cada dire¸c˜aoest˜aodispon´ıveis na tabela E.3, no apˆendiceE. Deste modo, sugere-se outros campos para a observa¸c˜ao em miss˜oes futuras que poder˜ao tamb´emanal- isar a validade dos modelos de forma¸c˜aoplanet´aria.

Tabela 5.6 - Dire¸c˜oes de outros campos de observa¸c˜aosugeridas, baseado no cat´alogode aglomerados abertos (DAML) com idades entre 10 e 90 Manos aproximadamente.

oo o α2000 (hh mm ss) δ2000 ( ’ ’ ””) Raio angular do campo ( )

00 50 -60 8 01 40 -60 5 02 25 -58 3 05 27 +03 3 05 38 +30 5 07 50 -27 3 08 20 -55 10 12 20 -65 10 13 50 -62 10 16 40 -49 10 17 35 -32 4 20 10 +37 5 22 00 +59 8 23 20 +60 10 Cap´ıtulo 6

Conclus˜oese Perspectivas

Com o intuito de testar os modelos correntes de forma¸c˜aoplanet´aria(Zuckerman e Song, 2004b), foi proposto neste trabalho selecionar estrelas jovens para serem observadas com a inten¸c˜aode serem detectados poss´ıveis sistemas planet´arios em forma¸c˜ao,utilizando os sat´elitesCoRoT e Kepler. Ao mesmo tempo, prop˜oe-sediferenciar objetos com possi- bilidade de possuirem planetas gigantes gasosos, com per´ıodo de forma¸c˜ao da ordem de ∼ 10 Manos, daqueles com planetas terrestres onde o per´ıodo de forma¸c˜ao ´e ∼ 30 Manos. Com isso, as estrelas selecionadas devem ter idades de dezenas de milh˜oesde anos apenas. Em rela¸c˜ao `aidade, um dos objetivos neste trabalho era entender como esse parˆametro poderia ser estimado para um grupo de estrelas (aglomerado aberto ou associa¸c˜ao), utilizando- se dados sobre abundˆancias qu´ımicasdo l´ıtionessas estrelas. Isso ´eposs´ıvel devido `afacil- idade do l´ıtio ser destru´ıdona fase pr´e-sequencia principal, a temperaturas superiores 2,5 106 K. Obviamente a sua taxa de destrui¸c˜aodepende da massa da estrela, e estudando es- trelas da sequˆenciaprincipal de tipo espectral F at´eM, ´eposs´ıvel realizar um levantamento de como a abundˆancia desse elemento varia com a luminosidade e temperatura da estrela. Ficou claro que esse tipo de amostra gera um padr˜aode deple¸c˜aodo l´ıtio; obtendo-se v´arias amostras para diferentes aglomerados de estrelas em que se conhe¸cam as idades, ´eposs´ıvel ent˜ao determinar padr˜oesde isoidades para o modelo de deple¸c˜aodo l´ıtioe, com isso, gerar um modelo qualitativo para se obter idades de associa¸c˜oesestelares, onde outros m´etodos de determina¸c˜aoda idade n˜aos˜aoaplic´aveis. As idades das associa¸c˜oes analisadas neste trabalho foram determinadas dessa maneira a partir do trabalho de da Silva et al. (2009). Com a impossibilidade de se realizar medidas espectrosc´opicas da linha do l´ıtioem λ6708, para estrelas de associa¸c˜oes presentes nos campos dos sat´elites CoRoT e Kepler, 110 Cap´ıtulo 6. Conclus˜oes e Perspectivas optou-se pela realiza¸c˜aode um levantamento na literatura de objetos jovens existentes em associa¸c˜oescom idades bem determinadas. O pesquisador C.A.P.C.O. Torres vem, ao longo dos anos, estudando esses tipos de objetos, e portanto, sua base de dados (Torres et al., 2008) foi o ponto de partida deste trabalho. E como o objetivo passou a ser a sele¸c˜ao de sistemas planet´arios jovens em estrelas com idades conhecidas, o cat´alogo DAML de Dias et al. 2002 de aglomerados abertos tamb´emfoi um banco de dados intitulado neste trabalho. Portanto, o objetivo do trabalho passou a ser a sele¸c˜aode poss´ıveis sistemas planet´arios jovens a serem observados pelo m´etodo de trˆansitospelos sat´elitesmencionados acima, nas amostras de estrelas em associa¸c˜oese em aglomerados jovens, com idades de no m´aximo ∼ 80-90 Manos, onde as estrelas com idades pr´oximas a 10 Manos seriam identificadas como sendo candidatas-alvo de possuirem somente planetas gigantes gasosos, e as demais, com idades de algumas dezenas de Manos, a possuirem tamb´emplanetas terrestres. A idade dos objetos analisados foi extendida at´e ∼80 Manos, pois acredita-se (Zuckerman e Song, 2004b) que algumas estrelas ainda possam possuir discos de poeira circunstelar nessa idade. Existem trabalhos, como por exemplo Zuckerman (2001), que adotam esse limite como sendo de ∼ 100 Manos, mas neste trabalho decidiu-se n˜ao extrapolar a an´alise at´eesse limite. A sele¸c˜ao dos alvos se baseou tamb´em nas caracter´ısticas particulares do sat´elitesCoRoT e Kepler tais como: intervalo de magnitudes observadas por cada um; e posi¸c˜ao(α e δ) dos campos de observa¸c˜ao. Lembre-se que o CoRoT observa nas dire¸c˜oesno centro e anti-centro gal´actico, e o Kepler em uma dire¸c˜ao entre as constela¸c˜oes de Cygnus e Lyra. A sele¸c˜aodos dados para cada sat´elite produziu resultados bem diferentes entre eles. A come¸car pelo CoRoT, a an´alise do banco de dados de associa¸c˜oesretornou resultados com uma associa¸c˜ao no centro gal´actico e outra de ∼ 70 Manos no anti-centro gal´actico, conforme tabelas 5.1 e 5.2. Embora a primeira associa¸c˜aocitada n˜ao possua idade bem estimada, pˆode-sesupor que ela fosse jovem, cf. cap´ıtulo 5. Por outro lado, o Kepler n˜ao retornou nenhum resultado positivo na an´alise das associa¸c˜oes. Contudo, foi com a an´alisedo cat´alogo DAML de aglomerados abertos que surgiram muitos candidatos-alvo para observa¸c˜oes. Vale citar tamb´em,que o exame de estrelas desse cat´alogo mostrou um m´etodo ´utilpara se calcular a magnitude na banda V dos Cap´ıtulo 6. Conclus˜oes e Perspectivas 111 membros dos aglomerados, pois este parˆametron˜aoest´adispon´ıvel no banco de dados. Com a atualiza¸c˜ao dos parˆametros do DAML do UCAC2 para o UCAC3, sugerida pelo pesquisador Marcelo Assafin do OV que trabalhou com o cat´alogo UCAC2, foi poss´ıvel obter as magnitude B e I dos membros de cada aglomerado, quando dispon´ıvel, e atrav´esda rela¸c˜ao entre B, I e V obtida do trabalho de Natali et al. (1994) realizado em aglomerados abertos, foi poss´ıvel obter a magnitude V , que atendia aos prop´ositosdeste trabalho. Com os parˆametros de sele¸c˜ao do CoRoT (limites de magnitude observada e dire¸c˜aode observa¸c˜ao) foram obtidos os alvos a serem observados em que se pode encontrar planetas gigantes e/ou rochosos. Lembre-se que os aglomerados foram previamente selecionados como sendo jovens de acordo com intervalo citado anteriormente. O n´umero de alvos selecionados para esse sat´elite´ebem grande, e est´adispon´ıveis no CD em anexo nas tabelas do apˆendice E. Com isso ´eposs´ıvel concluir que os aglomerados NGC 2244 de 7,87 Manos, NGC 2264 de 8,99 Manos, Collinder 107 de 10 Manos, Collinder 96 de 10,74 Manos, e NGC 2302 de 12,02 Manos contˆemalvos onde deve-se encontrar somente planetas gigantes gasosos em est´agio inicial e/ou final de forma¸c˜ao, de acordo com o cap´ıtulo1. Os aglomerados relativamente mais velhos, onde devem-se encontrar planetas rochosos e gasosos s˜ao: NGC 6755 de 52,36 Manos, Basel 1 de 78,16 Manos, NGC 6694 de 85,31 Manos, NGC 2186 de 54,70 Manos, NGC 2422 de 72,61 Manos e Bochum 3 de 77,62 Manos. Portanto, a etapa de sele¸c˜aode alvos a serem observados pelo CoRoT foi realizada, e com isso, as eventuais observa¸c˜oespelo CoRoT dos alvos propostos servir˜ao de teste para as escalas de tempo de forma¸c˜aoplanet´aria sugeridos nos modelos correntes, como por exemplo em Zuckerman e Song (2004b). Vale lembrar que os aglomerados NGC 6604, NGC 6649, NGC 6756, Berkeley 79, Trumpler 35, Dolidze 25, e Berkeley 28, n˜aocontˆem alvos que atendam os requisitos de sele¸c˜ao por magnitudes, embora estejam contidos no campo de visibilidade do CoRoT. Ainda na an´alise com os aglomerados abertos, tem-se que para os parˆametros de sele¸c˜ao do Kepler, n˜ao foi encontrado nenhum objeto que satisfa¸catais condi¸c˜oes. Somente objetos mais velhos que 100 Manos est˜aocontidos no campo de observa¸c˜aodo Kepler, mas esses alvos n˜ao est˜aono escopo deste trabalho. Portanto, conclui-se nessa an´aliseque o sat´elite CoRoT ´eo ´unicoque possui candidatos-alvo a observa¸c˜ao. Ainda no ˆambito de sele¸c˜aode estrelas jovens, o cat´alogo DAML serviu para mais um 112 Cap´ıtulo 6. Conclus˜oes e Perspectivas prop´osito: sugerir outros campos de observa¸c˜ao. Isso foi feito selecionando uma amostra de aglomerados com idades entre 10 e 90 Manos, excetuando os que j´aforam analisados pelo CoRoT e Kepler. O resultado, que est´ana tabela E.3, mostra algumas sugest˜oes de dire¸c˜oes de observa¸c˜ao, com alguns candidatos. Esse resultado embora seja putativo, pode fornecer uma diretiva na determina¸c˜aode novas regi˜oesde observa¸c˜oespara miss˜oes futuras, no que diz respeito `adetec¸c˜ao de sistemas planet´arios jovens. O aspecto mais interessante no campo de estudo de estrelas jovens, no ˆambito da discuss˜ao neste trabalho, ´eque elas proporcionar˜aoem miss˜oesespaciais futuras, uti- lizando observa¸c˜oes interferom´etricas,resolver todo o espectro de um sistema planet´ario em forma¸c˜ao durante os primeiras dezenas de milh˜oes de anos que se sucede `aforma¸c˜ao da estrela, cobrindo um intervalo espectral de F at´eM. Planetas gigantes gasosos, localizados n˜aomuito pr´oximos de suas estrelas, ser˜aoos mais f´aceis de serem resolvidos. Mas even- tualmente, at´eplanetas terrestres em forma¸c˜ao poder˜aoser identificados no espectro dos sistemas. De acordo com Zuckerman e Song (2004b), o futuro das pesquisas em estrelas jovens pr´oximas ao Sol seguir´apor pelo menos dois caminhos: Primeiro ser´aa identifica¸c˜ao de uma sequˆenciaprincipal mais fraca, e possivelmente sub-estelar. Os resultados atuais est˜aolimitados pelo corte espectral do c´euna regi˜ao do ´optico, limita¸c˜oespelos cat´alogos dos raios-X, e por uma falta de precis˜aona medida de movimentos pr´oprios para objetos estelares fracos e distantes. O segundo ser´ao sens´ıvel aumento de campanhas de inves- tiga¸c˜oesdo solo e espaciais, das associa¸c˜oes utilizadas neste trabalho, como β Pictoris, AB Doradus, etc, visando ampli´a-las. Eventualmente, alguns estudos ir˜aorevelar, com mais detalhes, como os sistemas planet´arios se formam. Referˆencias Bibliogr´aficas

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Apˆendice A

Discos Protoplanet´arios circunstelares

Na se¸c˜ao 3.5 foi mostrado, sem grandes detalhes, como pode ser estimada a idade de estrelas jovens a partir da an´aliseda fra¸c˜aode luminosidade devida `apoeira. Isso s´oporque existem ´eposs´ıvel devido aos discos protoplanet´arios situados ao redor desses objetos. Esse apˆendice´ededicado a uma breve descri¸c˜aodessa classe de objetos, os dis- cos protoplanet´arios circunstelares, e tamb´ema uma descri¸c˜aomais detalhada do que foi exposto na se¸c˜ao3.5. Estrelas pr´e-sequˆenciaprincipal existem em duas variedades (Lada e Lada, 2003): aque- las com discos circunstelares (classe II) e aquelas sem tais discos (classe III). A frequˆencia com que ocorrem discos em um aglomerado estelar ´ediretamente relacionada aos processos f´ısicos de sua forma¸c˜aoe evolu¸c˜ao. Desde que discos circunstelares possam ser os progeni- tores de sistemas planet´arios, o conhecimento da fra¸c˜aode discos presentes no aglomerado e como essa fra¸c˜ao evolui com o tempo tamb´emtem consequˆencias importantes no entendi- mento da origem de tais sistemas. Uma vez que a maioria das estrelas s˜ao provavelmente formadas em aglomerados embebidos em poeira, tem-se que a medida da fra¸c˜ao de disco nesses objetos mais jovens produzem uma determina¸c˜ao da frequˆenciainicial dos discos, que por sua vez mede diretamente a probabilidade de sua forma¸c˜aoao redor de novas es- trelas formadas. Juntamente com o conhecimento da probabilidade de forma¸c˜aoplanet´aria em discos circunstelares, a fra¸c˜ao inicial dos discos pode proporcionar uma estimativa e um censo indireto de sistemas exoplanet´arios presentes na Gal´axia. A varia¸c˜ao da fra¸c˜ao de discos do aglomerado com a sua idade estabelece uma escala de tempo para a fase de evolu¸c˜aodo disco que neste caso ´ea escala de tempo de vida do disco circunsstelar e forma¸c˜ao do planeta. Isso, portanto, fornece um v´ınculocr´ıticona 124 Apˆendice A. Discos Protoplanet´arios circunstelares determina¸c˜ao da probabilidade de forma¸c˜aoplanet´aria em discos circunstelares, e tamb´em se relaciona diretamente com a quest˜ao da ubiquidade de sistemas exoplanet´arios. Quest˜oes relacionadas `asorigens de sistemas planet´arios tais como: - se estrelas de alta massa se formam com discos circunstelares; se a probabilidade de forma¸c˜aode sistemas planet´arios est´adiretamente relacionado com massa da estrela central, ou com o ambiente no qual a estrela se forma - podem ser respondidas atrav´esde observa¸c˜oes de aglomerados embebidos. A fra¸c˜ao de disco do aglomerado e a dependˆencia com a massa estelar e idade do pr´oprio aglomerado, em princ´ıpio,pode ser diretamente medida por obten¸c˜aoda distribui¸c˜ao es- pectral de energia no infravermelho para toda a popula¸c˜ao do aglomerado, ou pelo menos uma fra¸c˜ao representativa dela. Isso se deve ao fato de que estrelas com discos circunste- lares possuem excesso de emiss˜ao infravermelha, que se mostra de maneira clara e espec´ıfica como uma assinatura espectral na distribui¸c˜aode energia ´optica-infravermelha da estrela. No trabalho de Lada e Lada (2003), os autores afirmam que na pr´atican˜aose pode obter por completo a distribui¸c˜ao espectral de energia (1 − 1000µm) de uma popula¸c˜aode um aglomerado, uma vez que seria necess´ario realizar observa¸c˜oes de solo e espaciais em muitos comprimentos de onda. Entretanto, eles argumentam tamb´emque o excesso de infraver- melho de um disco pode ser medido em qualquer comprimento de onda no infravermelho, desde que ele esteja suficientemente distante do comprimento de onda do pico subjacente `a distribui¸c˜ao de energia da estrela central. Apesar de que quanto maior o comprimento de onda, maior ser´ao inequ´ıvoco de excesso infravermelho, tem-se que observa¸c˜oesem compri- mentos de onda pr´oximos de 2µm, na banda K, podem detectar excessos no infravermelho na maioria de discos em torno de estrelas. Vale citar tamb´emque pesquisas realizadas por imageamento de infravermelho pr´oximo (bandas JHK) em um grande n´umero de aglomerados embebidos, sugeriram que fra¸c˜ao ini- cial de discos ´erelativamente alta (> 50% nos trabalhos de Lada et al. 1996). Nos trabalhos de Lada et al. (2000) e Haisch et al. (2001), a fra¸c˜ao inicial de discos foi determinada em 80-85% para os aglomerados do Trapezium e NGC 2024, respectivamente. Esses resulta- dos sugerem que discos circunstelares s˜ao um subproduto natural no processo de forma¸c˜ao estelar e que, portanto, a maioria das estrelas, independentemente da massa, nascem com a habilidade de formar sistemas planet´arios. Entretanto, estudos em infravermelho de popula¸c˜oesembebidas e aglomerados sugerem Apˆendice A. Discos Protoplanet´arios circunstelares 125 tamb´emque a dura¸c˜aoda acres¸c˜ao, ou da fase de disco protoplanet´ario, pode ser relativa- mente breve, por volta de 3-15 ×106 anos (Strom et al., 1989). Uma vez que a escala de tempo de forma¸c˜ao de planetas gasosos seja ∼ 10 Manos, como j´afoi mencionado na se¸c˜ao 1.1, ´eextremamente importante restringir a precis˜aoas medi¸c˜oesemp´ıricasdo tempo de vida do disco. 126 Apˆendice A. Discos Protoplanet´arios circunstelares Apˆendice B

Deple¸c˜aodo L´ıtio

Existem evidˆenciasconsider´aveis (Bodenheimer, 1965) que sugerem que as estrelas possuem um suprimento inicial de l´ıtio, seja herdado do material pr´e-estelar, ou produzido durante a fase inicial de colapso, uma vez que n˜aoh´aprodu¸c˜aode l´ıtiodurante a maior parte da contra¸c˜aogravitacional quasi-est´atica, ou durante evolu¸c˜ao na sequˆenciaprincipal. Este argumento pode ser sustentado pelos seguintes fatos: (i) embora o l´ıtioseja produzido por uma das rea¸c˜oespr´oton-pr´oton envolvidas na queima do hidrogˆeniono interior de estrelas, ele ´eimediatamente consumido por outro pr´oton envolvido na rea¸c˜ao do ciclo PP, e por isso os ´atomos desse elemento jamais atingir˜aoa superf´ıcieda estrela; (ii) a alta abundˆanciade l´ıtiodetectada na Terra e em meteoritos rochosos, e a abundˆancia relativamente menor no Sol (Greenstein e Richardson, 1951), indicam que o material que formou o Sol possuia abundˆanciade l´ıtio compar´avel a de estrelas T Tauri, mas esse suprimento inicial foi em parte destru´ıdo; (iii) Herbig (1964) mostrou que existe forte evidˆenciade que a estrela FU Orionis passou recentemente pelo colapso dinˆamicode pr´e- sequˆencia principal, e esse objeto exibe uma abudˆanciade l´ıtiocompar´avel `adas estrelas T Tauri. Uma abordagem relativamente nova para se estimar idades, ´eusar a evolu¸c˜ao da abundˆanciaqu´ımica do l´ıtio para estrelas pr´e-sequˆencia principal de baixa-massa, que sejam parcialmente e completamente convectivas (Bildsten et al., 1997; Jeffries e Oliveira, 2005). O in´ıcioe a dura¸c˜ao da deple¸c˜aodo l´ıtioem estrelas pr´e-sequˆenciaprincipal de- pendem da massa, e s˜aomuito sens´ıveis `atemperatura central. O l´ıtio´econvertido em h´elioem rea¸c˜oes p, α em n´ucleos de estrelas de baixa-massa quando a temperatura alcan¸ca 2,5 106 K. Quanto mais baixa for a massa estelar, maior ser´ao tempo para alcan¸caresta 128 Apˆendice B. Deple¸c˜aodo L´ıtio

temperatura cr´ıtica. Por exemplo, uma estrela de 0,6 M come¸caa queimar o l´ıtioa uma idade de 3 Manos, enquanto uma estrela de massa mais baixa, de 0,1 M , come¸caqueimar o l´ıtioa uma idade de 40 Manos. Estrelas com M < 0, 06M nunca alcan¸camesta tem- peratura t´ıpica,enquanto que estrelas com 0, 6M < M < 1, 2M queimam o l´ıtioem um per´ıodo curto (1-2 Manos) at´eque um n´ucleoradiativo se forma, e estrelas pr´e-sequˆencia principal mais massivas n˜ao destroem mais o l´ıtiono envelope convectivo (Mentuch et al., 2008; Bodenheimer, 1965). O resultado destes processos ´eum desaparecimento na abundˆancia do l´ıtio como fun¸c˜ao da luminosidade, que s´oafetam estrelas com tipos espectrais F5 tardios ou mais frias. Conforme um grupo de estrelas envelhece, este desaparecimento se torna mais profundo e espalhado na regi˜aodas estrelas mais frias `amedida que essas progressivamente alcan¸cam a temperatura cr´ıticano n´ucleo. Esse comportamento na regi˜aode estrelas mais frias vem sendo utilizado para datar grupos coevos que contˆemestrelas an˜asde tipo espectral M-tardio, onde ´eidentificado o limite da deple¸c˜aodo l´ıtio(LDB do inglˆes lithium depletion boundary). Assim, o LDB marca a luminosidade acima do qual todas as estrelas ter˜aodestru´ıdotodo o l´ıtio, e como ele ´edestru´ıdorapidamente nas estrelas de baixa massa, tem-se que as LDB marcam uma n´ıtidasepara¸c˜aoentre a parte em que a abundˆancia de l´ıtiocome¸ca com seu valor inicial, at´epr´oximo a regi˜aoem que o l´ıtio destru´ıdo(depletado). Como a temperatura nos n´ucleos de estrelas pr´e-sequˆenciaprincipal aumenta com o tempo, tem-se que a LDB se desloca para temperaturas mais frias conforme o grupo estelar envelhece. Idades determinadas atrav´esdo estudo de LDB foram determinadas para as Pleiades (125 ± 8 Manos), α Per (90 ± 10 Manos), IC 2391 (53 ± 5 Manos), e NGC 2547 (35 ± 4 Manos) (Barrado y Navascu´eset al., 1999; Mentuch et al., 2008; Jeffries e Oliveira, 2005). Apˆendice C

Tabelas dos dados das associa¸c˜oesestelares

Neste apˆendiceencontra-se os dados de cada associa¸c˜aoapresentada no cap´ıtulo4, e analisadas no cap´ıtulo5. Aqui est˜aomostradas somente as primeiras linhas de cada tabela, uma vez que a vers˜ao completa est´adispon´ıvel eletronicamente em forma de CD, em anexo.

Tabela C.1 - Membros da Associa¸c˜aoAB Doradus

oo Nome α2000 (hh mm ss) δ2000 ( ’ ’ ””) V Tipo Espectral Distˆancia (pc)

HD 1405 00 18 20,9 +30 57 22 9,14 K2V(e) 27 HD 4277 00 45 50,9 +54 58 40 7,8 F8V 49 ......

Tabela C.2 - Membros da Associa¸c˜aoArgus

oo Nome α2000 (hh mm ss) δ2000 ( ’ ’ ””) V Tipo Espectral Distˆancia (pc)

HD 5578 M 00 56 55,5 -51 52 32 9,62 G6 120 CD-49 1902 05 49 44,8 -49 18 26 11,37 Ke 141 ...... 130 Apˆendice C. Tabelas dos dados das associa¸c˜oesestelares

Tabela C.3 - Membros da Associa¸c˜ao β Pictoris

oo Nome α2000 (hh mm ss) δ2000 ( ’ ’ ””) V Tipo Espectral Distˆancia (pc)

HIP 10679 02 17 24,7 +28 44 30 7,75 G2V 39 HD 14082 02 17 25,3 +28 44 42 6,99 F5V 40 ......

Tabela C.4 - Membros da Associa¸c˜aoTW Hya

oo Nome α2000 (hh mm ss) δ2000 ( ’ ’ ””) V Tipo Espectral Distˆancia (pc)

TWA 7 10 42 30,1 -33 40 16 11,65 M2V 28 TWA 1 11 01 51,9 -34 42 17 11,07 K6V 53 ......

Tabela C.5 - Membros da Associa¸c˜aoOctans

oo Nome α2000 (hh mm ss) δ2000 ( ’ ’ ””) V Tipo Espectral Distˆancia (pc)

CD-58 860 04 11 55,6 -58 01 47 10,01 G6V 82 CD-43 1451 04 30 27,3 -42 48 47 10,75 G9V 120 ......

Tabela C.6 - Membros da Associa¸c˜aoColumba

oo Nome α2000 (hh mm ss) δ2000 ( ’ ’ ””) V Tipo Espectral Distˆancia (pc)

CD-52 381 01 52 14,6 -52 19 33 10,89 K2V 92 BD-16 351 02 01 35,6 -16 10 01 10,33 K1V 78 ...... Apˆendice C. Tabelas dos dados das associa¸c˜oesestelares 131

Tabela C.7 - Membros da Associa¸c˜aoCarina

oo Nome α2000 (hh mm ss) δ2000 ( ’ ’ ””) V Tipo Espectral Distˆancia (pc)

HD 42270 05 53 29,3 -81 56 53 9,14 K0V 59 AB Pic 06 19 12,9 -58 03 16 9,13 K1V 45 ......

Tabela C.8 - Membros de uma associa¸c˜aodo cat´alogoSACY encontrada no centro gal´actico.

oo Nome α2000 (hh mm ss) δ2000 ( ’ ’ ””) V

5100 0032 18 03 05,7 -03 37 32 11,84 0438 0902 18 03 17,8 +04 48 26 10,2 ......

Tabela C.9 - Membros de uma associa¸c˜aode ∼ 70 Manos do cat´alogo SACY encontrada no anti-centro gal´actico.

oo Nome α2000 (hh mm ss) δ2000 ( ’ ’ ””) V

0143 0656 06 11 58,8 +06 09 25 10,88 G0139 0177 M 06 13 24,0 +05 22 10 12,42 ...... 132 Apˆendice C. Tabelas dos dados das associa¸c˜oesestelares Apˆendice D

Tabelas dos aglomerados abertos analisados

Neste apˆendiceencontram-se os dados dos aglomerados abertos do cat´alogo DAML que foram analisados neste trabalho, conforme cap´ıtulo5. Somente s˜aomostrados os membros de cada aglomerado que possuam medidas das magnitudes B e I. Aqui est˜aomostradas somente as primeiras linhas de cada tabela, uma vez que a vers˜aocompleta est´adispon´ıvel eletronicamente em forma de CD, em anexo.

Tabela D.1 - Aglomerados abertos do cat´alogoDAML analisados neste trabalho, localizados

no anti-centro gal´actico.Valores de V , B − V e MV foram calculados cf. cap´ıtulo 5.

oo α2000 (hh mm ss) δ2000 ( ’ ’ ””) BIB − IB − VVMV

Dolidze 25 06 44 27,845 +00 17 20,02 10,12 7,83 2,28 0,97 9,15 -7,57 06 45 41,875 +00 12 07,68 10,49 8,61 1,88 0,80 9,69 -7,03 ......

Tabela D.2 - Aglomerados abertos do cat´alogoDAML analisados neste trabalho, localizados

no centro gal´actico. Valores de V , B − V e MV foram calculados cf. cap´ıtulo 5.

oo α2000 (hh mm ss) δ2000 ( ’ ’ ””) BIB − IB − VVMV

NGC 6604 18 17 50,382 -12 15 42,63 12,41 10,33 2,08 0,88 11,53 -2,72 18 18 18,120 -12 16 48,22 13,80 9,22 4,58 1,94 11,86 -2,39 ...... 134 Apˆendice D. Tabelas dos aglomerados abertos analisados Apˆendice E

Tabelas dos alvos selecionados dos aglomerados abertos

Nesse apˆendice est˜ao os resultados finais deste trabalho. As tabelas E.1 e E.2 mostram os parˆametros dos alvos a serem observados pelo CoRoT nas dire¸c˜oes do anti-centro e centro gal´acticos, respectivamente. A tabela E.3 mostra o resultado de sugest˜oesde dire¸c˜ao de outros campos de observa¸c˜ao. Aqui est˜ao mostradas somente as primeiras linhas de cada tabela, uma vez que a vers˜aocompleta est´adispon´ıvel eletronicamente em forma de CD, em anexo.

Tabela E.1 - Parˆametros dos objetos estelares aproveit´aveis dos aglomerados jovens estu- dados, pass´ıveis de observa¸c˜aopelo sat´elite CoRoT na dire¸c˜aodo anti-centro gal´actico. A incerteza na magnitude ´e σ = 0, 5 magnitude.

oo α2000 (hh mm ss) δ2000 ( ’ ’ ””) VMV

NGC 2244 - 7,87 Manos 06 31 44,420 +04 59 58,24 14,52 2,24 06 32 20,832 +04 43 09,91 14,59 2,31 ......

Tabela E.2 - Parˆametros dos objetos estelares aproveit´aveis dos aglomerados jovens estuda- dos, pass´ıveis de observa¸c˜aopelo sat´eliteCoRoT na dire¸c˜aodo centro gal´actico.A incerteza na magnitude ´e σ = 0, 5 magnitude.

oo α2000 (hh mm ss) δ2000 ( ’ ’ ””) VMV

Berkeley 82 - 31,12 Manos Continua na pr´oximap´agina. . . 136 Apˆendice E. Tabelas dos alvos selecionados dos aglomerados abertos

Tabela E.2 - Continua¸c˜ao

oo α2000 (hh mm ss) δ2000 ( ’ ’ ””) VMV

19 11 05,796 +13 03 33,08 15,18 2,24 19 11 22,266 +13 03 16,89 15,18 2,24 ......

Tabela E.3 - Tabela de sugest˜oesde dire¸c˜aode outros campos de observa¸c˜ao,baseado no cat´alogoDAML.

oo Nome α2000 (hh mm ss) δ2000 ( ’ ’ ””) log t(Manos)

Dire¸c˜ao α = 0h50m ; δ = +60o NGC 129 00 30 00 +60 13 06 7,886 ASCC 3 00 31 09 +55 16 48 7,9 ......