Festejos No Território Quilombola Kalunga
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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA CENTRO DE EXCELÊNCIA EM TURISMO MESTRADO PROFISSIONAL EM TURISMO FESTEJOS NO TERRITÓRIO QUILOMBOLA KALUNGA O PLANEJAMENTO PARTICIPATIVO COMO INSTRUMENTO DE DESENVOLVIMENTO LOCAL SUSTENTÁVEL BRUNO LEONARDO DAMÁSIO SIMÕES ORIENTADOR: PROF. DR. JOÃO PAULO FARIA TASSO Brasília 2018 0 UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA CENTRO DE EXCELÊNCIA EM TURISMO MESTRADO PROFISSIONAL EM TURISMO BRUNO LEONARDO DAMÁSIO SIMÕES FESTEJOS NO TERRITÓRIO QUILOMBOLA KALUNGA O PLANEJAMENTO PARTICIPATIVO COMO INSTRUMENTO DE DESENVOLVIMENTO LOCAL SUSTENTÁVEL Dissertação de Mestrado, apresentada como requisito parcial para a obtenção de título de Mestre em Turismo na Universidade de Brasília, Curso de Pós-Graduação Stricto Sensu em Turismo. ORIENTADOR: PROF. DR. JOÃO PAULO FARIA TASSO Brasília 2018 1 Simões, Bruno Leonardo Damásio. FESTEJOS KALUNGAS NA CHAPADA DOS VEADEIROS: Nuances do fenômeno turístico no maior território quilombola do Brasil/Bruno Leonardo Damásio Simões. Brasília, 2018. 112p. : Il. Dissertação de Mestrado. Centro de Excelência em Turismo, Universidade de Brasília, Brasília. 1. Comunidades Tradicionais. 2. Chapada dos Veadeiros. 3. Quilombolas. 4. Kalungas. 5. Planejamento Turístico. 6. Desenvolvimento Local. I. Universidade de Brasília. CET. É concedida à Universidade de Brasília permissão para reproduzir cópias desta dissertação e emprestar ou vender tais cópias, somente para propósitos acadêmicos e científicos. O autor reserva outros direitos de publicação e nenhuma parte desta dissertação de mestrado pode ser reproduzida sem a autorização por escrito do autor. ________________________________ Bruno Leonardo Damásio Simões 2 UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA CENTRO DE EXCELÊNCIA EM TURISMO MESTRADO PROFISSIONAL EM TURISMO BRUNO LEONARDO DAMÁSIO SIMÕES FESTEJOS NO TERRITÓRIO QUILOMBOLA KALUNGA O PLANEJAMENTO PARTICIPATIVO COMO INSTRUMENTO DE DESENVOLVIMENTO LOCAL SUSTENTÁVEL Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Mestrado Profissional em Turismo, vinculado ao Centro de Excelência em Turismo da Universidade de Brasília (CET/UnB), como requisito para obtenção do título de mestre, Área de Concentração “Desenvolvimento, Políticas Públicas e Gestão no Turismo”. Aprovado por: Prof. Dr. João Paulo Faria Tasso – Presidente Prof. Dr. Mozart Fazito Rezende Filho – Membro efetivo interno Prof. Dra. Marli Sales – Membro efetivo externo 3 Dedico este trabalho aos representantes da Comunidade Kalunga, que sempre me receberam muito bem, e fizeram com que meu respeito e admiração, tanto por seu belo território, quanto pela própria comunidade, crescessem bastante ao longo dos últimos anos. Dedico também à minha família e aos meus estimados mestres, dos quais destaco o meu orientador e a ex-coordenadora do programa de mestrado, que me ajudaram na reinserção no mundo acadêmico, e me estimularam a aprofundar meu conhecimento acerca de uma área do conhecimento que eu conhecia apenas superficialmente. 4 “Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, elas podem ser ensinadas a amar” Nelson Mandela A terra do pequizeiro sobrevive Mesmo depois da seca Sua linda vista do vale Os peixes mais improváveis Os pomposos frutos que a nomeiam Vou lhes roubar um pouquinho Do seu restinho de água Sobreviventes piabas Dou-lhes de volta em troco Um pouco de minha morta pele E o lindo canto dos pássaros Faz minha alma leve Foste escondido pelo homem Ó imponente pequizeiro Preservado como um tesouro Dá seus frutos Produz seus cheiros Em se tratando deles Uns os amam Outros odeiam Mas sua casca Seu caule E tudo que de ti nasce Os nossos olhos presenteiam Bruno Damásio 5 AGRADECIMENTOS Aos meus pais, que sempre me incentivaram e me motivaram em todas áreas de minha vida, especialmente no que diz respeito aos estudos. O exemplo que vocês me deram, e continuam dando sempre, me ajudou a prosseguir nos momentos difíceis, e a aproveitar bem os momentos de conquistas. A todos os professores do Mestrado Profissional em Turismo do Centro de Excelência em Turismo da Universidade de Brasília, que iluminaram a minha caminhada acadêmica e me ajudaram a trilhar caminhos até então desconhecidos. Ao meu orientador, João Paulo Faria Tasso, que esteve sempre disponível e focado, me ajudando a compreender melhor o trabalho de pesquisa, e me mantendo atento e motivado para desenvolver um trabalho acadêmico de qualidade. À professora Marutschkca Moesch, que coordenou de forma exemplar o programa de mestrado, apresentando novas perspectivas e estimulando novos olhares. Aos professores Neio Campos, Mozart Fazito, Luiz Spiller e Iara Brasileiro, que me auxiliaram no trabalho de qualificação da pesquisa, e durante toda a caminhada do mestrado. Aos meus amigos e parceiros nos trabalhos junto à comunidade Kalunga, Vilmar e Wanderléia, que têm desempenhado um trabalho admirável presidindo suas associações e desempenhando trabalhos voluntários. À Silvinha, a quem eu conheci no Vão de Almas durante o trabalho de campo, e que me prestigiou e presenteou com sua companhia durante o Festejo do Vão do Moleque e em outras viagens. À Milena, minha ex vizinha e grande amiga, antropóloga e fotógrafa, que me acompanhou durante o Festejo do Vão de Almas, cedeu fotos para utilização neste trabalho de pesquisa, e viveu comigo a experiência antropológica do transporte de pau de arara, com direito a subida de serra, muita poeira e muita prosa. À minha vizinha, amiga e grande companheira, Tayná, que me ajudou bastante no processo de morar em comunidade e continuar focado no trabalho de pesquisa. Aos meus companheiros de turma no mestrado, que compartilharam das mesmas dificuldades e desafios, e com os quais vivenciei bons momentos. Aos meus novos e velhos amigos, que sempre me ajudaram a viver grandes momentos. 6 RESUMO A prática social do turismo quando conectada a territórios de populações tradicionais, tais como, indígenas e quilombolas, está diretamente ligada aos processos socioculturais que envolvem a forma como essas populações interagem com a natureza, seus hábitos e costumes e suas celebrações festivas. O presente trabalho busca um melhor entendimento acerca do fenômeno turístico no território usado (SANTOS, 1979 apud STEINBERGER, 2009) pela comunidade quilombola Kalunga, assim como, acerca dos eventos tradicionais, conhecidos como “Festejos Kalungas”. Esse território, reconhecido pelo Estado de Goiás, como Sítio Histórico e Patrimônio Cultural Kalunga, está localizado no Nordeste de Goiás, dentro de uma região que vem ganhando importância no cenário nacional, a Chapada dos Veadeiros, que abriga a unidade de conservação do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros. Trata-se do maior território quilombola do Brasil que conta com dezenas de cachoeiras e piscinas naturais, além de ser formado por um relevo montanhoso que proporciona vários mirantes e belos cenários. Os Festejos Kalungas chegam a receber milhares de pessoas durante períodos de até quinze dias. O cenário atual aponta para um crescimento da visitação, que tem causado impactos em questões ambientais, tais como a poluição de córregos e rios, impactos socioculturais, com a introdução de novos elementos como os sons automotivos, mas que também traz impactos positivos como o fortalecimento da identidade cultural e dos processos de interação. O objetivo desta pesquisa é analisar o fenômeno turístico no Território Quilombola Kalunga e a importância de um processo de planejamento participativo para a localidade, na perspectiva dos sujeitos. Adotou-se neste trabalho uma abordagem na qual o turismo é visto como um fenômeno social complexo, que deve ser analisado com base em paradigmas interdisciplinares, por meio de uma abordagem holística. Pergunta-se: a ausência de um processo participativo de planejamento turístico, integrado a outros projetos e planejamentos, tem acarretado impactos negativos no Território Kalunga? Levando-se em consideração que o fenômeno turístico está se consolidando na região, e já tem afetado localmente a comunidade Kalunga, como contribuir para a construção de um planejamento turístico participativo para o Território Kalunga? A metodologia de pesquisa, além do levantamento documental e bibliográfico, base para a discussão teórica e caracterização da localidade, adotou uma abordagem qualitativa. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevistas semiestruturadas com representantes comunitários, gestores públicos e visitantes, bem como, durante a vivência in loco nos Festejos do Vão de Almas e do Vão do Moleque. Após a fase de campo foram propostas categorias de análise para reflexão crítica sobre o objeto de estudo. A aplicação dessas categorias permitiu constatar algumas questões referentes ao potencial turístico do Território Kalunga como um todo, especialmente, quando se trata das festividades tradicionais, cujo o potencial para atrair visitantes já está consolidado. Também foi possível identificar que a provável falta de envolvimento do poder público municipal, bem como a possível falta de integração entre atores sociais e políticos regionais, dificulta os processos de planejamento e de gestão, tanto dos eventos estudados quanto de atividades sociais, culturais e econômicas que estão ligadas ao fenômeno turístico no Território Kalunga. Palavras-Chave: Festejos. Comunidades Tradicionais. Chapada dos Veadeiros. Quilombolas. Kalungas. Planejamento Turístico. Desenvolvimento Local. 7 ABSTRACT The social practice of tourism when connected to territories of traditional populations, such