U N I V E R S I D a D E Fe D E R a L De S Anta C Atarina C U R S O De P

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U N I V E R S I D a D E Fe D E R a L De S Anta C Atarina C U R S O De P UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CURSO DE PóS-GRADUACSO EM LETRAS LITERATURA BRASILEIRA E TEORIA LITERÓRIA O ESPACO DA MULHER URBANA NAS HISTÓRIAS — CARTA D EE J DSé DEI AL-ENC AR RITA DAS GRAÇAS FELIX FORTES FLORIANÓPOLIS, ABRIL 1992 RITA DAS GRACAS FELIX FORTES O ESPAÇO DA MULHER URBANéV NAS HISTÓRIAS — CARTA DE JOSÉ DE ALENCAR Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Letras - Literatura Brasileira e Teoria Literária da Uni­ versidade Federal de Santa Catarina para obtenção do Título de "Mestre em Letras", área de concentraçãoo em Li­ teratura Brasileira. Orientador: Prof. Dr. Celestino Sachet FLORIANÓPOLIS, ABRIL 1992 O ESPACO DA MULHER URBANA NAS HISTÓRIAS — CARTA DEI JOSÉ: DE ALENCAR RITA DAS GRACAS FELIX FORTES Esta dissertação -foi julgada para obtenção do título de Mestre em Letras área de concentração em Literatura Brasileira, e aprovada em sua ■forma -final pelo Curso de Pós-Graduação em Letras - Literatura Bra­ sileira e Teoria Literária da UFSC. S>cx_<=so-e»--^: Pro-f . Dr. Celestino Sachet Orientador Pro-fa . Dra. Rita de Cássia Barbosa Coordenadora do Curso Banca Examinadora Pro-f. Dr . Celestino Sachet (UFSC) Presidente da Banca Pro-fa. Dra. Valéria De Marco (USP) Membro da Banca Pro-fa. Dra. Taxy^V ^e 9 i na Oliveira Ramos (UFSC) Membro da Banca J ó ü J K ^ p Pro-fa. Dra. Zahiçé Lupinacci Muzart (UFSC) yl Suplente Para Meu Pai, Minha Mãe e Minhas Irmas AGRADECIMENTOS A Cláudia, companheira nesta travessia e amiga para a vida in­ teira. Ao Pro-f . Sérgio Bellei, pelo apoio. A D. Ceei Barras, pelo carinho e pela confiança muitas vezes excess iva. A Bea, pela confiança e amizade. A Profa. Rita de Cássia Barbosa, pelo empenho. Ao Prof. Celestino Sachet, pela orientação. Aos professores do curso. Ao CNPq. A CAPES. RESUMO Esta dissertação, "0 Espaço da Mulher Urbana nas Histórias - Carta de José de Alencar" tem por objetivo realizar uma leitura dos romances Cinco Minutos, A Viuvinha, Lucíola e Diva, de José de Alencar, tendo como suporte teórico a sua apresentação em -forma de carta e A poética do espaço, segundo Gaston Bachelard. Inicia 1 mente, procedeu-se a uma análise da estrutura dos refe­ ridos romances, escritos em -forma de carta; a seguir, passou-se à leitura dos respectivos textos, observando-se a relevância do re­ curso ficcional da carta como técnica de apresentação de uma histó­ ria vivida pelo narrador junto à mulher que ama. A pesquisa percorre, depois, a questão do "espaço-aberto" da sociedade da época e a reclusão forçada no ambiente da família como fatores determinantes da construção de um perfil das personagens femininas Carlota, em Cinco Minutos; Carolina, em A Viuvinha; Lú­ cia, em Lucíola e Emília, em Diva. A pesquisa concluiu que o perfil da mulher urbana de José de Alencar apresenta uma "identidade" entre a "representação" no seu modo-de-ser e a "fixação" no seu modo-de-estar. ABSTRACT The aim of this dissertation, "Q Espaço da Mulher Urbana nas Histórias - Carta de José de Alencar" ("The Space of the Urban Woman in the Epistolatory Fiction of José de Alencar") is to undertake a reading of the novels Cinco Minutos (Five Minutes), a Viuvinha (The Little Widow), Luciola and Diva, by José de Alencar, with the author's own presentation in the form of a letter, along with Gaston Bachelard's A Poética do Espaço (The Poetics of Space) as theoretical supports. First of all, an attempt was made to carry out a structural analysis of the above-mentioned epistolatory novels, followed by a reading of the respective texts, observing the relevance of the fictional resource of the letter as a technique for telling a story the narrator had lived with the woman he loved. The study then takes up the question of the "open space" of the society at that time and the forced reclusion in the family environment as determining factors in forming the profile of the female characters Carlota, in Cinco Minutos; Carolina, in A Viuvinha; Lúcia, in Luciola and Emilia in Diva. The research concludes that the profile of the urban woman in José de Alencar shows that fixation in the mode of acting (role- playing) determines the mode of being. SUMtíRIO INTRODUCaO .........................................................................Oi CAPÍTULO /I - OS ROMANCES - CARTA DE JOSÉ DE ALENCAR ........ 04 Notas ..............................................................11 CAPÍTULO II - CARLOTA: 0 FIO DE ARIADNE ................................ 13 Notas ..............................................................28 CAPÍTULO III - CAROLINA: O BRANCO E O PRETO .................... ...... 29 Notas ............................................................. 41 CAPÍTULO IV - LÚCIA: O LAMPIRO h BEIRA DO CHARCO ............. ...... 42 Notas ....................................................... CAPÍTULO V - EMÍLIA: A CONCHA HIBERNADA ................................ 78 Notas ............................................................. 97 CONCLUSÕES ........................................................................ 99 BIBLIOGRAFIA 101 INTRODUÇSü 0 presente trabalho tem por objetivo perseguir como, ficcio­ nalmente, estabelecem-se os espaços sociais da mulher nos romances Cinco Minutos, A Viuvinha, Lucíola e Diva, de José de Alencar. 0 que determinou a escolha desses romances foi o fato de terem sido escritos em forma de cartas pessoais, portanto histórias particula­ res, e não romances, conforme afirma várias vezes o narrador de Cinco Minutos. Outro fator que determinou o estudo desses romances é que as histórias-carta, traçam quatro perfis diferentes de mulhe­ res e têm por cenário a cidade do Rio de Janeiro na segunda metade do séc u 1 o XIX. A partir de uma reflexão sobre a questão espacial da mulher, nos romances acima citados, buscou-se relacionar o livro A Poética do Espaço, de Gaston Bachelard, e o espaço ficcional de movimenta­ ção das personagens dessesromances de Alencar. No livro, Bachelard atribui às imagens poéticas um dinamismo próprio que repercutiria no íntimo dos leitores, em virtude de elas definirem, sempre, si­ tuações e desejos do ser humano. Isso permite sua atualização e seu sentido em qualquer momento histórico. Procurou-se ainda pesquisar como José de Alencar recorre amplamente a essas imagens nos seus romances e como a situação espacial determina o destino das perso­ nagens femininas, nos livros em análise. No capítulo inicial, busca-se estudar a presença da carta como um recurso da narrativa que cria espaços -fechados nos quais os nai— radores encerram suas personagens que, da perspectiva da estrutura­ ção dos romances, podem se tornar públicos ou não. Os romances Cin­ co Minutos e A Viuvinha são classificados, pelo narrador, de histó­ rias e há inclusive uma recomendação da personagem Carlota para a destinatária da carta, para que esta não revele seu conteúdo ao mundo invejoso. Esse recurso tem por objetivo induzir o leitor a acreditar que ele partilha de uma história íntima dos personagens, que não extrapola o universo familiar. Ao se inteirar do seu con­ teúdo, o leitor tem a ilusão de estar cometendo uma indiscrição, por ler cartas que não lhes são destinadas. ^ Na abertura do romance Lucíola, fica patente que a destinatá­ ria transformou a carta em livro, tornando pública a história de L ú c i a . No romance Diva, a transformação da carta em livro é sugerida, mas não confirmada. Os romances-carta são os que melhor se adaptam á questão do espaço aberto/fechado uma vez que, no caso de Alencar, a carta é um espaço fechado da narrativa, mas que pode tornar-se aberto ao transformar—se em livro. Nos dois capítulos seguintes, buscou-se analisar, nos romances Cinco Minutos e A Viuvinha, como os espaços da sociedade e da famí­ lia são fatores inerentes à condição social e ao estado civil das mu 1h e r e s . No quarto capítulo, discute-se, no romance Lucíola, a questão dos espaços de circulação permissíveis à prostituta e ainda a im­ possibilidade do seu retorno ao espaço da -família. No último capítulo, através da análise do romance Diva, é es­ tudado o processo de passagem da adolescente do espaço da -família ao espaço da sociedade e o -fechamento da mulher ao universo da ca­ sa, após o casamento. Embora sejam inúmeros os estudos sobre os diversos aspectos da obra de José de Alencar, não se conhece nenhum que se atenha, espe­ cificamente, aos espaços permissíveis e vedados às personagens -fe­ mininas, nos romances em -forma de carta do referido autor. \ CAPf TULG I OS ROMANCES — CARTA DE aOSé DE ALENCAR Os quatro primeiros romances urbanos de José Alencar* são es­ critos em -forma de carta endereçada a pessoas que partilham do cír­ culo de relações pessoais do emissor e/ou do narrador*. As persona­ gens, às quais os romances se referem, pertencem também às relações pessoais desse emissor e/ou narrador. 0 recurso da carta acaba por criar, em decorrência da estratégia, uma ilusão de intimidade e de cumplicidade entre narrador e/ou emissor e leitor. Este último pas­ sa a compartilhar da intimidade da vida das personagens ao ser-lhe permitido inteirar—se de suas histórias, no ato de ler a carta que não lhe é destinada imiscuindo-se na intimidade das relações emis­ sor e/ou narrador, destinatário e personagem. *Serão trabalhados, neste estudo, os romances Cinco Minutos, A Viuvinha, Lucíola e Diva, para os quais utilizaremos as seguintes abreviaturas no corpo do trabalho: C.m., A.v., L., D., respectiva­ mente. Foram utilizadas as edições da editora títica de 1986, para Cineo Minuto» e A Viuvinha; de 1981 para Lucíola e de 1984, para Diva, das quais corresponde a página das citações. Na abertura do romance Cinco Minutos, por exemplo, o narrador afirma que está escrevendo "uma história e não um romance" (p.7). Este recurso visa tornar a história mais verossímil e seduzir o leitor a partilhar de uma história que não lhe seria destinada. Es­ ta história é endereçada a uma prima que será a sua única conhece­ dora . Há, inclusive, num "post scriptum", uma recomendação da espo­ sa do narrador para que a prima nunca a revele "ao mundo invejoso" (p.45).
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