Nascimento E Morte Do Poder Popular Em Angola (1974- 1977)

Total Page:16

File Type:pdf, Size:1020Kb

Nascimento E Morte Do Poder Popular Em Angola (1974- 1977) Nascimento e morte do Poder Popular em Angola (1974- 1977) Maria Cristina Portella Ribeiro A partir de 25 de Abril de 1974, quando um golpe militar contra a ditadura chefiada por Marcelo Caetano desencadeia em Portugal a Revolução dos Cravos,1 abre-se em Angola uma nova situação política. A até então colônia portuguesa começará a viver um levante popular semelhante em muitos aspectos ao verificado na metrópole. Ambos terão como base a questão colonial e a democracia e irão dar origem a modelos de auto- organização da população. Assim como os portugueses, os trabalhadores de Angola, brancos e negros, começam a fazer greves e manifestações para exigir direitos. Nos musseques,2 os seus habitantes, quase todos negros, irão expulsar os informantes da PIDE-DGS,3 travestidos de comerciantes, organizar comitês para se defenderem das agressões da extrema-direita branca e garantir o abastecimento de gêneros de primeira necessidade. Na universidade e nas escolas secundárias, os estudantes irão criar os seus órgãos de representação e tentar vincular a sua luta à do conjunto da população. Nos quartéis, soldados brancos irão recusar-se a continuar a participar na guerra contra os movimentos de libertação, enquanto soldados negros vão exigir serem eles a policiar os musseques para defender os seus irmãos africanos. A independência de Angola começa a ser defendida timidamente por setores da população. Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em História Social (PPGHIS/UFRJ) e bolsista do CNPq. 1 Nome pelo qual ficou conhecida a revolução que derrubou a ditadura do Estado Novo em Portugal, instaurou a democracia e chegou a questionar as bases do sistema capitalista no país. 2 Favelas com barracas construídas de areia onde viviam 400 mil africanos, em sua maioria trabalhadores não especializados com salários de miséria e empregadas domésticas. CEDETIM, p.122. 3 A Polícia Internacional de Defesa do Estado – Direção-Geral de Segurança (PIDE-DGS) foi a polícia política do Estado Novo em Portugal e nas suas colônias. 1 Greves ou tentativas de realizá-las por parte dos trabalhadores africanos,4 para reivindicar aumentos salariais e direitos, são registradas a partir de maio de 1974 na Cimianto (fabrico e comercialização de fibrocimento), na Indústria de Fósforos de Angola (IFA), na refinaria Petrangol (integrante do grupo belga Petrofina), na têxtil Textang, na Siderurgia Nacional e no porto de Luanda. No mês seguinte começa a revolta dos musseques, desencadeada pelo assassinato do enfermeiro negro João Pedro Benge por um branco. No seu funeral participam muitas centenas de negros e algumas dezenas de brancos, acompanhados por um forte dispositivo policial. É a partir dessa morte que as coisas vão mudar na sociedade angolana e nos musseques de Luanda em particular. Lojas são pilhadas e incendiadas por pequenos grupos formados ao acaso por homens, mulheres e crianças, prontos a dispersarem-se quando ameaçados pela presença policial, para logo se reagruparem, numa espécie de “guerrilha urbana”. Era a primeira grande explosão de raiva dos africanos dos musseques contra o racismo e a exploração a que estiveram submetidos durante tantos anos (Sarapu, 1980: 29-32). Mas era só o começo. A revolta dos musseques ganhará ainda maior dimensão a partir de julho, desencadeada pela violenta reação de motoristas de táxi, brancos como eram quase todos, frente ao assassinato de um colega. Alegando vingança, eles promovem uma verdadeira razia nos bairros negros, sem poupar mulheres ou crianças, com a neutralidade cúmplice da polícia. A partir daí os acontecimentos atropelam-se: generalizam-se os confrontos entre colonos e africanos; multiplicam-se os comitês de autodefesa e as comissões de bairro; a moderada Liga Nacional Africana convoca uma greve geral para 15 de julho; e, o mais importante, os soldados negros, em solidariedade com os seus compatriotas, recusam-se a participar da repressão e desfilam pelas ruas de Luanda, seguidos por uma multidão. No dia 18 de julho, o saldo de vítimas dos conflitos totalizava 35 mortos e 123 feridos.5 4 A primeira vaga de lutas em Angola no pós-25 de Abril teve na vanguarda setores privilegiados dos trabalhadores, majoritariamente brancos, como os bancários. 5 “Comunicado do Gabinete de Imprensa”, Diário de Notícias, 19/8/1974, p. 8 (Apud MARQUES, 2013: 40). 2 Após essa primeira fase, em que o povo se organizou militarmente para defender-se dos ataques dos colonos, o movimento evoluiu para um novo patamar: “(...) nós percebemos que o nosso povo tinha necessidade, não somente de se organizar militarmente, mas também satisfazer algumas necessidades, e então nos orientamos para a questão social. Desta forma, nossas CPB [Comissões Populares de Bairro], em vez de se contentarem em ser unicamente bases militares, são transformadas em organizações sociais, para tentar resolver os problemas de cada bairro.”6 Nas empresas, as lutas intensificam-se entre setembro e novembro, de acordo com a avaliação de Michel Cahen (1989: 218-222). Uma das mais importantes teve como cenário o porto de Luanda, onde milhares de trabalhadores portuários e ferroviários organizaram uma vitoriosa greve de seis dias por aumentos salariais, redução da jornada de trabalho, assistência médica e expulsão dos delatores da PIDE. Essa luta dará origem à criação de um novo sindicato, desta vez independente do estado desde o seu nascimento. Houve ainda a duríssima greve de mais de dois meses dos pescadores por mais direitos, parcialmente vitoriosa. Reacende-se, ainda, a luta na Siderurgia Nacional, na IFA e na Textang. Toda essa imensa mobilização operária será espontânea e dirigida por comissões de trabalhadores independentes, eleitas em assembleias de base. Pela primeira vez, o conjunto da jovem classe operária angolana experimentava essas formas de luta e organização (SARAPU: 28). Uma revolução com elementos de “duplo poder” Estávamos no início de um processo revolucionário cujo epicentro foi Luanda, enquadrável na clássica definição “leninista” de quando os de baixo não querem e os de cima não podem (Lênin, 1920: s/p), provocado por uma “crise nacional geral” que afetou exploradores e explorados, detonada pela Revolução dos Cravos. Os “de baixo” eram a população negra organizada nos seus locais de trabalho e moradia, enquanto os “de cima”, durante todo o ano de 6 Poder Popular, nº 6, 3/10/1975 (Apud SARAPU, 1980: 59), tradução minha. 3 1974, foram os representantes da metrópole portuguesa, cujo projeto7 em relação às suas colônias africanas foi-se alterando de acordo com o evoluir da situação política. A revolução em Angola teve suas inúmeras especificidades, mas guardou um dos elementos centrais de todas elas, o aparecimento, mesmo que em fase embrionária, de organismos de duplo poder.8 Cumpriram esse papel as comissões de trabalhadores e as comissões populares de bairro, num movimento denominado por todos os intervenientes de Poder Popular. Valdir Carlos Sarapu analisa que, apesar de o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) ser a base deste fenômeno coletivo, não se pode reduzir a sua existência a simples interesses de ordem tática desse movimento de libertação. Pelo contrário, “esse movimento popular espontâneo contra a presença colonial necessitava de um modelo ideológico para explicar as suas ações e, em seguida, projetar uma alternativa de sociedade, para substituir aquela que acabava de ser destruída. Tendo em vista o caráter extremamente popular da insurreição, para que este modelo seja aceite é suficiente apresentar fórmulas fáceis de entender e reter, mas que possuem, ao mesmo tempo, uma forte carga emocional: «o poder popular é o poder do povo»”(SARAPU: 54). A chegada dos três movimentos de libertação – além do MPLA, a Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA) e a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) – a Luanda, em novembro de 1974, após estarem assinados os acordos de paz com o governo português, não travou o Poder Popular. Pelo contrário, este demonstrou a sua força durante a chamada Batalha de Luanda, confronto armado entre MPLA e FNLA ocorrido entre março e agosto de 1975. Enquanto formalmente estava em funções o Governo de Transição,9 estas organizações, lideradas por, respectivamente, Agostinho 7 Havia vários projetos, desde o defendido pelo general e presidente dos dois primeiros governos provisórios do pós-25 de Abril, Antônio de Spínola, de manter o domínio português com outras roupagens; até o que acabou por ser posto em prática, de uma transição para a independência. 8 Segundo Trotsky, “o regime de duplo poder só surge num conflito irredutível de classes, só é possível, consequentemente, numa época revolucionária e constitui um dos seus elementos essenciais” (TROTSKY, 1950: 251), tradução minha. 9 O Acordo de Alvor, assinado em 15 de janeiro de 1975 por MPLA, FNLA, UNITA e o governo português, determinou que até a independência, marcada para 11 de novembro daquele mesmo ano, um Governo de Transição composto por esses três movimentos e um alto-comissário a representar Portugal, governaria Angola. O único item cumprido do Acordo de Alvor foi a data da independência. 4 Neto e Holden Roberto, enfrentaram-se quase que diariamente, em escaramuças mortíferas que tiveram por cenário a periferia de Luanda, mais precisamente os musseques. Os seus habitantes não hesitaram em posicionar-se ao lado do MPLA. Mais do que isso, tiveram um papel de vanguarda durante os seis meses de conflito, sob a direção das comissões de autodefesa das Comissões Populares de Bairro (CPB). Segundo Sarapu, será o Poder Popular, na sua acepção mais ampla - que incluiria os militantes das várias tendências políticas no interior do MPLA; a população dos musseques sob a direção das comissões de autodefesa; os trabalhadores organizados nas comissões de trabalhadores; e a vanguarda estudantil integrada no MPLA - que irá assegurar a vitória das Forças Armadas Populares de Libertação de Angola (FAPLA), o exército do MPLA, na Batalha de Luanda. Após a expulsão das forças da FNLA e UNITA da capital angolana, a guerra entre os movimentos de libertação prosseguiria no interior do país.
Recommended publications
  • Introduction
    Introduction The cover image of a wire-and-bead-art radio embodies some of this book’s key themes. I purchased this radio on tourist-thronged Seventh Street in the Melville neighborhood of Johannesburg. The artist, Jonah, was an im- migrant who fled the authoritarianism and economic collapse in his home country of Zimbabwe. The technology is stripped down and simple. It is also a piece of art and, as such, a representation of radio. The wire, beadwork, and swath of a Coca-Cola can announce radio’s energy, commercialization, and global circulation in an African frame. The radio works, mechanically and aesthetically. The wire radio is whimsical. It points at itself and outward. No part of the radio is from or about Angola. But this little radio contains a regional history of decolonization, national liberation movements, people crossing borders, and white settler colonies that turned the Cold War hot in southern Africa. Powerful Frequencies focuses on radio in Angola from the first quarter of the twentieth century to the beginning of the twenty-first century. Like a radio tower or a wire-and-bead radio made in South Africa by a Zimbabwean im- migrant and then carried across the Atlantic to sit on a shelf in Bloomington, Indiana, this history exceeds those borders of space and time. While state broadcasters have national ambitions—having to do with creating a com- mon language, politics, identity, and enemy—the analysis of radio in this book alerts us to the sub- and supranational interests and communities that are almost always at play in radio broadcasting and listening.
    [Show full text]
  • A Rebelião Interna No Mpla Em 1977 E As Confusões No Noticiário De Zero Hora E Correio Do Povo
    QUEM SÃO OS REBELDES, AFINAL? A REBELIÃO INTERNA NO MPLA EM 1977 E AS CONFUSÕES NO NOTICIÁRIO DE ZERO HORA E CORREIO DO POVO. MAURO LUIZ BARBOSA MARQUES 1 O presente artigo buscar analisar as dicotomias e as abordagens contraditórias dos periódicos gaúchos Zero Hora e Correio do Povo 2 durante a crise interna do MPLA 3, partido governante em Angola no ano de 1977. Angola foi a principal possessão lusitana até 1975 – ano da ruptura colonial angolana -, quando a partir de um cenário marcado por violentas disputas internas e externas, parte do contexto internacional daquele período, houve caminhos e descaminhos na consolidação deste novo Estado Nacional pós colonização, especialmente entre os anos 1975 e 1979 quando Agostinho Neto 4 e o MPLA comandaram o primeiro governo independente contemporâneo de Angola. Um destes fatores de consolidação política de um novo Estado Nacional se deu na disputa da esfera superior de poder no interior do MPLA durante a condução do Estado Nacional, em maio de 1977. Algo tradicional, em especial na tradição africana contemporânea permeada com debilidades nas estruturas estatais e disputas palacianas. 1 Mestre em História pela UFRGS (Porto Alegre/RS) atua na rede pública estadual e municipal na cidade de São Leopoldo (RS). 2 Estes periódicos tinham grande circulação estadual e somados tinham uma tiragem superior a cem mil exemplares no período analisado por esta pesquisa, conforme informado na capa dos mesmos (nota do autor). 3 O médico e poeta Antonio Agostinho Neto formou o MPLA (Movimento Popular para Libertação de Angola), que tinha como referência o bloco socialista e contou com o apoio decisivo da URSS e dos cubanos na hora da ruptura com Portugal em novembro de 1975.
    [Show full text]
  • As Memórias Do 27 De Maio De 1977 Em Angola
    As memórias do 27 de maio de 1977 em Angola Inácio Luiz Guimarães Marques 27 de maio de 1977. Há 34 anos aconteceu em Angola um dos episódios mais polêmicos, controversos e violentos de sua história recente. 18 meses após a Independência, proclamada pelo MPLA em 11 de novembro de 1975, a crise nitista evidenciou o alcance das contradições internas no MPLA. A expressão nitista, ou nitismo, refere-se a um dos principais lideres da contestação, Alves Bernardo Baptista, Nito Alves, guerrilheiro da 1ª região Político-militar durante a guerra de libertação, que aparece com mais evidencia no Movimento durante o Congresso de Lusaka, em 1974, defendendo as posições do presidente Agostinho Neto. Como aliado chegou aos altos escalões do Movimento, o que lhe rendeu o cargo de Ministro da Administração Interna no primeiro governo independente, em 1975. Durante o ano de 1976, grosso modo, sua posição político-ideológica – a favor do estabelecimento de um governo marxista- leninista – foi progressivamente conquistando adeptos e, ao mesmo tempo, provocando atritos com o Governo, que ao contrário insistia em uma chamada Revolução democrática e popular que não ameaçasse sua legitimidade. Em outubro deste mesmo ano foi acusado, juntamente com seus principais aliados, José-Van-Dunem e Sita Vales, de traição, o que lhe custou a perda do cargo de Ministro. Apesar disso, não cedeu aos pedidos para que se calasse, o que rendeu a Nito Alves – e também a Van-Dunem – a expulsão formal em 20 de Maio de 1977 dos quadros do Movimento. Apenas uma semana depois, no dia 27, tentaria sem sucesso derrubar o Governo.
    [Show full text]
  • Cuba E União Soviética Em Angola: 1977
    Cuba e União Soviética em Angola: 1977 Cristina Portella Doutoranda em História Social Universidade Federal do Rio de Janeiro (Brasil) Luis Leiria Jornalista Portal Esquerda.net (Portugal) Resumo: No dia 27 de maio de 1977, em Angola, o governo de Agostinho Neto desencadeou um processo repressivo que ocasionou a morte de milhares de aderentes do MPLA. O objetivo, de acordo com a justificação oficial, seria impedir um golpe de Estado liderado pelo ex-ministro da Administração Interna Nito Alves. Nessa altura, estavam presentes em Angola tropas cubanas e oficiais da URSS. A historiografia oferece várias interpretações para este episódio, marcante na história do país recém-independente. Este artigo discute os fatos, as causas e as consequências do “27 de Maio”, à luz de documentos cubanos recentemente desclassificados, reunidos por Piero Gleijeses, professor de política externa norte-americana na School of Advanced International Studies da Universidade Johns Hopkins, no portal do Wilson Center Digital Archive International - History Declassified. Palavras-chave: 1. Angola, 2. MPLA, 3. Cuba, 4. União Soviética Abstract: On May 27, 1977, in Angola, the government of Agostinho Neto triggered a repressive process that led to the deaths of thousands of MPLA members. The goal, according to official justification, would be to prevent a coup led by former Home Minister Nito Alves. At that time, Cuban troops and USSR officers were present in Angola. Historiography offers several interpretations for this episode, striking in the history of the newly independent country. This article discusses the facts, causes, and consequences of “May 27,” in light of recently declassified Cuban documents, gathered by Piero Gleijeses, a professor of US foreign policy at Johns Hopkins University School of Advanced International Studies, Wilson Center Digital Archive International Portal - History Declassified Keywords: 1.
    [Show full text]
  • Uma Punhalada Na História Lara Pawson 163 Citação, Os Autores Levantam Suspeitas O Casal Mateus Diria Provavelmente Que Quanto À Veracidade Da Mesma
    rece n s ão DALILA CABRITA MATEUS Uma punhalada e ÁLVARO MATEUS Purga em Angola – na história nito Alves, Sita Valles, Zé Van Lara Pawson Dunem, o 27 de Maio de 1977 Lisboa, Edições ASA, 2007, 208 páginas quilo que não foi publicado acerca do 27 de Maio A ao longo das três últimas décadas consegue ser tão intrigante quanto aquilo que o foi. A ausência de infor- mação pública sobre um dos mais significativos aconte- cimentos da história de Angola dos últimos cinquenta anos é frustrante, e exemplar da natureza autoritária do regime do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA). Tão-só por esse motivo, estas cerca de 200 pági- nas, da autoria de Dalila e Álvaro Mateus, constituem um contributo valiosíssimo. O aspecto mais forte do texto resulta da circunstância, nova e necessária, de os autores se recusarem a aceitar uma vírgula sequer da versão oficial que o MPLA propala acerca dos aconteci- mentos, não obstante a ampla aceitação O primeiro capítulo apresenta-nos os qua- de que tal versão ainda goza, nomeada- tro homens que não se limitam a ser os mente entre estrangeiros – intelectuais, protagonistas desta obra; são verdadeira- jornalistas e observadores da realidade mente os heróis não celebrados do MPLA angolana. Ao invés, insistem em aprofun- e de Angola. Eduardo Artur Santana Valen- dar a outra faceta da história, a perspectiva tim, dito «Juca Valentim», José Jacinto da do «outro MPLA» como gostam de se lhe Silva Vieira Dias Van Dunem, João Jacob referir. É pena que essa ambição, ao desa- Caetano, dito «Monstro Imortal», e Ber- fiar corajosamente tanta sabedoria esta- nardo Alves Baptista, mais conhecido por belecida, acabe por se revelar a principal «Nito Alves», «não eram burocratas, fraqueza da obra.
    [Show full text]
  • Memórias De Um Golpe: O 27 De Maio De 1977 Em Angola
    INÁCIO LUIZ GUIMARÃES MARQUES Memórias de um golpe: o 27 de maio de 1977 em Angola Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em História, da Universidade Federal Fluminense, como requisito para obtenção do grau de Mestre. Área de concentração: História Social Orientador: Prof. Dr. Marcelo Bittencourt Niterói 2012 INÁCIO LUIZ GUIMARÃES MARQUES Memórias de um golpe: o 27 de maio de 1977 em Angola Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em História, da Universidade Federal Fluminense, como requisito para obtenção do grau de Mestre. Área de concentração: História Social Banca Examinadora: ______________________________________ Prof. Dr. Marcelo Bittencourt - Orientador Universidade Federal Fluminense – Departamento de História _____________________________________ Prof. Dr. Alexsander Gebara Universidade Federal Fluminense – Departamento de História _____________________________________ Prof. Dr. Vantuil Pereira Universidade Federal do Rio de Janeiro – Núcleo de Estudos de Políticas Públicas em Direitos Humanos (NEPP-DH) Niterói 2012 2 AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente ao meu orientador, Marcelo Bittencourt, pelos comentários, empréstimos de livros e de documentação, indicações bibliográficas e muito mais, sem os quais essa dissertação não poderia ter sido realizada. Cabe também agradecer aos professores Augusto Nascimento e Alexsander Gebara, pelas excelentes observações feitas durante a qualificação, que permitiram mudar os rumos deste texto. Agradeço a minha Tatiana, pela dedicação e paciência, ajuda e parceria durante os últimos oito anos, especialmente nesses dois últimos. Não poderia deixar de agradecer ao carinho da querida Tita, sempre incentivando e nos pequenos gestos que lhes são peculiares, deixando os dias em “cativeiro” menos penosos. Por fim, agradeço ao apoio da CAPES, que me concedeu uma bolsa de estudos, fundamental para o bom andamento desta pesquisa.
    [Show full text]
  • Angola and the Legacy of Stalinism
    Volume 1 • Issue 1 z.umn.edu/MURAJ Angola and the Legacy of Stalinism Ash Eberle Abstract: In this essay I will investigate how the legacy of Stalinism still affects Angola today, arguing that it negative- ly impacts the current possibility of an actual national Marxist-Leninist movement taking root in Angola. I furthermore argue that the four main institutions through which the party in control of the Angolan gov- ernment holds power—that is, the institutions of presidential patronage, the elite government bureaucracy, denial of the legitimate rights of ethnicities, and severe restrictions on the press and political freedoms— were inherited from Stalinism, and it is these four institutions that also serve to demobilize and demoralize workers. Stalinism has not only led to the collapse of the national workers’ movement there, however; it has also paved the way for an incredibly corrupt, bureaucratic, and authoritarian form of crony capitalism that deprives the great majority of Angolan people their most basic social and economic rights. This in and of itself makes it even more difficult for the workers’ movement to be revived and for a truly Marxist-Le- ninist revolution to take place. It can be said, then, that overall the legacy of Stalinism has deprived Angola the opportunity to become actually independent and free. In the wake of the collapse of the Soviet Union ever; it has also paved the way for an incredibly corrupt, and the Eastern European socialist bloc, perhaps the most bureaucratic, and authoritarian form of crony capitalism important question for twenty-first century Marxists con- that deprives the great majority of Angolan people their cerns the legacy of Stalinism, namely: What are its conse- most basic social and economic rights.
    [Show full text]
  • Tekst R 2003-10
    Angola 2002/2003 Key Development Issues and Democratic Decentralisation Inge Tvedten and Aslak Orre with a contribution by Rasmus Bakke R 2003: 10 Angola 2002/2003 Key Development Issues and Democratic Decentralisation Inge Tvedten and Aslak Orre with a contribution by Rasmus Bakke R 2003: 10 Chr. Michelsen Institute Development Studies and Human Rights CMI Reports This series can be ordered from: Chr. Michelsen Institute P.O. Box 6033 Postterminalen, N-5892 Bergen, Norway Tel: + 47 55 57 40 00 Fax: + 47 55 57 41 66 E-mail: [email protected] www.cmi.no Price: NOK 50 ISSN 0805-505X ISBN 82-8062-064-8 This report is also available at: www.cmi.no/public/public.htm Indexing terms Political economy Decentralisation Angola Project title Country Advice Agreement Angola 2000 – Project number 23040 © Chr. Michelsen Institute 2003 Contents 1. INTRODUCTION.................................................................................................................................... 1 2. POLITICAL DEVELOPMENTS ........................................................................................................ 3 3. THE ANGOLAN ECONOMY ............................................................................................................. 9 3.1 ECONOMIC PERFORMANCE AND OUTLOOK...................................................................................9 3.2 THE EXTERNAL SECTOR.................................................................................................................11 3.3 THE FISCAL SITUATION ..................................................................................................................12
    [Show full text]
  • Cuba and Mozambique
    Number 80 December 28, 1987 A publication of the Center for Strategic and International Studies, Washington, D.C. Cuba and Mozambique by Gillian Gunn When Lieutenant Colonel Oliver North presented his "freedom fighter" slide show to potential Contra patrons, he sandwiched between photos of Soviet submarines and Contra graves a chart purporting to identify the location of "Cuban troops" worldwide. Mozambique was promi­ nently featured, with the figure "700" alongside. In a similar vein, conservative U.S. media routinely refer to the presence of "Cuban troops" in Mozambique, and depict a "pro-Soviet dictatorship" supported by Cuban "military, secret police, and other personnel." These claims, and others of the same genre, warrant examination. Is the underlying assumption that Cuba acts as a Soviet tool in Mozambique supported by the historical record? Precisely what is the nature of the Cuban-Mozambican relationship, how has it evolved, and where might it lead? Pre-Independence Contrary to popular perception, the early pre-independence relationship between Cuba and the party that now governs Mozambique (the Frente de Libertac;ao de Moc;ambique, known as FRELIMO) was tense. Also contrary to conventional wisdom, Cuba did not seek a relationship with the Mozambican nationalist movement at the USSR's behest, but rather at the very point when both Castro and FRELIMO were on relatively poor terms with the Soviet Union. Such diverse sources as a leading FRELIMO journalist and an anti-Castro Cuban defector agree that FRELIMO's founder, U.S.-edu­ cated Eduardo Mondlane, and his successor, Samora Machel, had serious differences with both Fidel Castro and Che Guevara.
    [Show full text]
  • The 27 May in Angola: a View from Below Lara Pawson
    The 27 May in Angola: a view from below Lara Pawson More commonly, people who had incurred the displeasure of the Party simply disappeared and were never heard of again. One never had the smallest clue as to what had happened to them. In some cases they might not even be dead. Perhaps thirty people personally known to Winston, not counting his parents, had disappeared at one time or another. Nineteen Eighty-Four, George Orwell On a hot, sticky morning in the middle of February 1999, I stood outside the pale pink seventeenth century Carmo Church in central Luanda, interviewing a group of perhaps twenty people who were on a hunger strike in protest against an increase in fuel prices. They were all members of the small but brave Party for the Support of Democracy and Progress in Angola (PADPA). At the time, I was worried I wouldn’t be able to persuade my BBC editor that this was a valid story given the size of the protest, but the problem was resolved when the police turned up and arrested twelve people. I had my news-peg. A few days later, another even smaller demonstration took place across the road from Carmo Church, outside Luanda’s Provincial Government buildings. Again, it was dispersed by police. The day after that, on February 24, I attended a third demonstration, held, like the first, outside the pink Carmo Church. This had a slightly wider cross-section of people – including another opposition Revista Relações Internacionais n.º 14 Junho 2007 party, the Front for Democracy (FpD) – but was, like the previous protests, small.
    [Show full text]
  • Ufahamu: a Journal of African Studies
    UCLA Ufahamu: A Journal of African Studies Title Angolan Populist Poetry in Historical Context (1974-1976) Permalink https://escholarship.org/uc/item/5fx5c0x5 Journal Ufahamu: A Journal of African Studies, 16(1) ISSN 0041-5715 Author Soremekun, Fola Publication Date 1988 DOI 10.5070/F7161016960 Peer reviewed eScholarship.org Powered by the California Digital Library University of California Angolan Populist Poetry in Historical Context (1974-1976) Fola Soremekun During the years of the Angolan nationalist war of liberation from the Portuguese yoke. several literary works were produced by many of those involved in the war. Most of these works were published outside Angola and brought fame to writers like Agostinho Neto, Costa Andrade. Mario Andrade, Luandino Vieira and olhers. Theirs was essentially a literature of protest against Portuguese colonialism. the evils of which they exposed to the world. These mcn were prominent members of the People's Movement for the Liberation of Angola (now MPLA - Workers Party). With the coming of the final phase of Angola's road to independene. signaled by the military removal of Caetano on April 25, 1974, a wave of poetry burst upon the counlry. For the most part Ihese poems were wrilten by enthusiasLic bUI obscure men and women of all races who were sympaLhetic to the MPLA cause. Today, inspite of one's Slrenuous efforts 10 trace and identi fy them, many have disappeared. or have fled the country. Others have died and were unaccounted for. Mosl of Ihe poets used pen-names, partly to protecl themselves in a milieu of uncertainty and violence.
    [Show full text]
  • Angola, August 2001
    Description of document: US Department of State Self Study Guide for Angola, August 2001 Requested date: 11-March-2007 Released date: 25-Mar-2010 Posted date: 19-April-2010 Source of document: Freedom of Information Act Office of Information Programs and Services A/GIS/IPS/RL U. S. Department of State Washington, D. C. 20522-8100 Fax: 202-261-8579 Note: This is one of a series of self-study guides for a country or area, prepared for the use of USAID staff assigned to temporary duty in those countries. The guides are designed to allow individuals to familiarize themselves with the country or area in which they will be posted. The governmentattic.org web site (“the site”) is noncommercial and free to the public. The site and materials made available on the site, such as this file, are for reference only. The governmentattic.org web site and its principals have made every effort to make this information as complete and as accurate as possible, however, there may be mistakes and omissions, both typographical and in content. The governmentattic.org web site and its principals shall have neither liability nor responsibility to any person or entity with respect to any loss or damage caused, or alleged to have been caused, directly or indirectly, by the information provided on the governmentattic.org web site or in this file. The public records published on the site were obtained from government agencies using proper legal channels. Each document is identified as to the source. Any concerns about the contents of the site should be directed to the agency originating the document in question.
    [Show full text]