Uma Punhalada Na História Lara Pawson 163 Citação, Os Autores Levantam Suspeitas O Casal Mateus Diria Provavelmente Que Quanto À Veracidade Da Mesma

Total Page:16

File Type:pdf, Size:1020Kb

Uma Punhalada Na História Lara Pawson 163 Citação, Os Autores Levantam Suspeitas O Casal Mateus Diria Provavelmente Que Quanto À Veracidade Da Mesma rece n s ão DALILA CABRITA MATEUS Uma punhalada e ÁLVARO MATEUS Purga em Angola – na história nito Alves, Sita Valles, Zé Van Lara Pawson Dunem, o 27 de Maio de 1977 Lisboa, Edições ASA, 2007, 208 páginas quilo que não foi publicado acerca do 27 de Maio A ao longo das três últimas décadas consegue ser tão intrigante quanto aquilo que o foi. A ausência de infor- mação pública sobre um dos mais significativos aconte- cimentos da história de Angola dos últimos cinquenta anos é frustrante, e exemplar da natureza autoritária do regime do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA). Tão-só por esse motivo, estas cerca de 200 pági- nas, da autoria de Dalila e Álvaro Mateus, constituem um contributo valiosíssimo. O aspecto mais forte do texto resulta da circunstância, nova e necessária, de os autores se recusarem a aceitar uma vírgula sequer da versão oficial que o MPLA propala acerca dos aconteci- mentos, não obstante a ampla aceitação O primeiro capítulo apresenta-nos os qua- de que tal versão ainda goza, nomeada- tro homens que não se limitam a ser os mente entre estrangeiros – intelectuais, protagonistas desta obra; são verdadeira- jornalistas e observadores da realidade mente os heróis não celebrados do MPLA angolana. Ao invés, insistem em aprofun- e de Angola. Eduardo Artur Santana Valen- dar a outra faceta da história, a perspectiva tim, dito «Juca Valentim», José Jacinto da do «outro MPLA» como gostam de se lhe Silva Vieira Dias Van Dunem, João Jacob referir. É pena que essa ambição, ao desa- Caetano, dito «Monstro Imortal», e Ber- fiar corajosamente tanta sabedoria esta- nardo Alves Baptista, mais conhecido por belecida, acabe por se revelar a principal «Nito Alves», «não eram burocratas, fraqueza da obra. vivendo no aconchego das suas residên- cias, em Brazzaville, Lusaca ou Dar-es- O OUTRO MPLA Salam. Eram combatentes pela libertação Logo de início, não há margem para dúvi- do seu povo, guerrilheiros, clandestinos e das quanto às simpatias dos autores. presos, que tinham arrostado mil peri- RELAÇÕES INTERNACIONAIS junho : 2008 18 [ pp. 161-165 ] 161 gos». Basta conhecer minimamente a his- homens absorveram durante os muitos tória do MPLA durante a guerra de anos que dedicaram ao combate, integrados libertação para se detectar o golpe desfe- na guerrilha da 1.ª região. rido a Agostinho Neto, Lúcio Lara, Henri- E é aí, na 1.ª região, uma das seis zonas que Teles Carreira «Iko», entre outros, ou em que o MPLA dividiu o país para fins seja, a geração dos mais velhos que «lutou» militares, que se encontra a chave para se pela liberdade na relativa segurança do perceber o 27 de Maio. A região abrange exílio. Em contraste, os quatro «Heróis de o canto noroeste de Angola (excluindo Angola», título do primeiro capítulo, eram Cabinda), isto é, as províncias do Zaire, jovens que arriscaram as próprias vidas e Luanda, Uíge e Cuanza Norte. Durante permaneceram no país, envolvendo-se em grande parte da guerra de libertação, as batalhas militares reais ou operando a poucas guerrilhas que operaram sob a lide- partir de influentes células clandestinas rança de Nito Alves e do «Monstro Imor- em Luanda. A pesquisa original dos auto- tal» foram mais ou menos abandonadas à res, baseada nos arquivos da Polícia Inter- sua sorte pelo movimento. O único apoio nacional e de Defesa do Estado (PIDE), e logístico que lhes chegava dependia das em aturadas entrevistas a familiares e ami- vontades de Zé Van Dunem e das suas gos próximos, proporciona alguns deta- redes clandestinas em Luanda. Contudo, lhes esclarecedores. apesar do seu isolamento, esses extraor- Por exemplo, Juca Valentim concebeu um dinários guerrilheiros conseguiram o dicionário criptográfico destinado ao envio de «feito histórico» de se furtar aos ataques mensagens codificadas durante as lutas de quer da FNLA, quer das forças coloniais libertação. Segundo a PIDE, era um «acti- portuguesas durante cerca de treze anos. vista subversivo de grande envergadura». O casal Mateus alega que não é apenas a Zé Van Dunem, um homem apaixonada- independência de Angola que deverá ser mente dedicado ao MPLA, «vivia com grande creditada a esses homens, mas também, intensidade (mas) tinha sempre tempo e isso é um ponto que sublinham de forma para tudo», cantando o «hino» partidário enfática, a ascensão do MPLA ao poder. enquanto o transferiam de uma prisão colo- Cabe então perguntar por que foram mor- nial para outra, e desempenhando um papel tos, não pelos seus inimigos, mas sim pela charneira nas redes clandestinas de Luanda. sua própria família política? A resposta, O «Monstro Imortal», esse, nada temia, segundo este livro, reside na personalidade realizando mesmo a façanha de atravessar de Agostinho Neto, que «conduzia o Movi- o território da Frente Nacional para a Liber- mento a seu bel-prazer, favorecendo uns tação de Angola (FNLA), no auge do con- e humilhando outros». flito, para alcançar Brazzaville e angariar Para ilustrar a natureza maliciosa de Neto, mais armas e mantimentos para os guerri- o leitor é levado a percorrer o historial do lheiros do MPLA. Diz-se que terá induzido MPLA: das posições críticas de Viriato da Nito Alves a estudar os Fundamentos do Mar- Cruz em 1962 – de que Neto restringia o xismo-Leninismo, um texto que ambos os acesso dos negros às posições cimeiras do RELAÇÕES INTERNACIONAIS junho : 2008 18 162 MPLA – à crescente desilusão de Daniel jornalista experiente. Pior ainda, as suas Chipenda em relação a Neto e à cisão ocor- insuficiências poderão levar um leitor rida no seio do movimento. Os autores menos inclinado a simpatizar com o seu referem-se aos «dois mestiços», Lúcio Lara ponto de vista a duvidar da validade de e Iko Carreira, dando a entender que Neto algum material aqui utilizado. Por exem- lhes terá confiado cargos de chefia em vir- plo, quando Neto regressa a Luanda depois tude da sua cor. As ilações do texto são de do exílio, aclamado por milhares de que Neto, um africano negro que ambi- apoiantes, diz-se que terá confidenciado cionava liderar um país da África negra, ao médico Eduardo Macedo dos Santos, sabia que nenhum assessor de tez mais um amigo chegado: «Estamos perante uma clara teria qualquer hipótese de lhe fazer força estruturada e considerável. Temos sombra. Lenta mas intensamente, o retrato de a conhecer por dentro e de a desman- de Neto construído pela dupla Mateus vai telar.» Uma revelação extraordinária, que ganhando consistência e deixa vislumbrar segundo os autores deverá ser encarada um homem que ao recusar qualquer diver- como a prova óbvia da existência de planos gência de opinião, estaria sempre desti- predefinidos para depurar o movimento nado a tornar-se um ditador. dos elementos que o ameaçavam, pelo Para além da sua pesquisa original, os menos do ponto de vista de Neto. Esses autores dependem – por vezes mesmo elementos seriam os «heróis» da 1.ª região demasiado – dos dois tomos de Jean- e respectivos apoiantes, os quais não -Michel Mabeko Tali, Dissidências e Poder de seriam poucos. Na substância, a citação Estado: O MPLA perante Si Próprio (2002). pode ser verídica: existem dados sólidos Porém, contrapondo-se a Tali – cuja relu- segundo os quais o 27 de Maio poderá ter tância em responsabilizar Neto por qual- sido uma encenação, questão que voltarei quer página negativa da história de Angola a focar. No entanto, esta citação-chave, em é um dos aspectos menos conseguidos da torno da qual o livro gira, não tem um sua excelente obra –, os autores de Purga registo directo. Trata-se de alguém que em Angola nunca se coíbem de apontar o cita outrem, que por seu turno cita outra dedo a Neto. Mas, por outro lado, fazem pessoa – por sinal falecida. uma análise demasiado condescendente Uma cadeia anedótica do mesmo cariz de Alves. A sua postura demagógica, surge noutro capítulo. Segundo os autores, salientada por muitos dos angolanos que pouco tempo depois de Zé Van Dunem e tive oportunidade de entrevistar – tão- Alves terem voltado da sua viagem à União -pouco favoráveis a Neto –, está inteira- Soviética, em 1976, onde participaram no mente ausente desta obra. XXV Congresso do Partido Comunista, Lara terá sussurrado a Neto que Alves pre- SUSSURROS CHInEsEs parava um golpe de Estado. Até é possível Por vezes, o texto desvia-se da objectivi- que Lara o tenha feito, mas à falta de uma dade que o leitor esperaria destes autores, melhor sustentação para esta informação, uma académica com obra publicada e um que não a citação de uma citação de uma Uma punhalada na história Lara Pawson 163 citação, os autores levantam suspeitas O casal Mateus diria provavelmente que quanto à veracidade da mesma. sim. Aliás, à medida que se avança pelo Independentemente dessas insuficiências, livro adentro, vamo-nos deixando persua- quem queira ter uma imagem tão completa dir pelo seu argumento de que os nitistas quanto possível do 27 de Maio não pode terão sido tramados, e quiçá mortos, por deixar de ler Purga em Angola. Reveste-se uma facção da elite do MPLA. O seu livro de particular interesse a sugestão relativa desmonta alegações oficiais que atribuem à tentativa de pretenso golpe nitista, na a um grupo de nitistas a autoria de um realidade uma «intentona» organizada por crime que vitimou várias figuras de topo um rol de figuras de proa do MPLA, tais do MPLA, queimadas numa viatura no Sam- como Neto, Iko, Henrique Santos «Onam- bizanga. Recorrendo a dados da sua pró- bwé» e Lara, em articulação com a lide- pria pesquisa, adiantam a hipótese de esse rança cubana. Poderá também, segundo a acto horrendo ter sido organizado por argumentação exposta, ter sido inspirado, agentes da DISA para justificar a purga bru- senão mesmo instigado, pelos Estados tal que, sem sombra de dúvida, ocorreu no Unidos através da CIA: os autores referem rescaldo do 27 de Maio em Angola.
Recommended publications
  • Introduction
    Introduction The cover image of a wire-and-bead-art radio embodies some of this book’s key themes. I purchased this radio on tourist-thronged Seventh Street in the Melville neighborhood of Johannesburg. The artist, Jonah, was an im- migrant who fled the authoritarianism and economic collapse in his home country of Zimbabwe. The technology is stripped down and simple. It is also a piece of art and, as such, a representation of radio. The wire, beadwork, and swath of a Coca-Cola can announce radio’s energy, commercialization, and global circulation in an African frame. The radio works, mechanically and aesthetically. The wire radio is whimsical. It points at itself and outward. No part of the radio is from or about Angola. But this little radio contains a regional history of decolonization, national liberation movements, people crossing borders, and white settler colonies that turned the Cold War hot in southern Africa. Powerful Frequencies focuses on radio in Angola from the first quarter of the twentieth century to the beginning of the twenty-first century. Like a radio tower or a wire-and-bead radio made in South Africa by a Zimbabwean im- migrant and then carried across the Atlantic to sit on a shelf in Bloomington, Indiana, this history exceeds those borders of space and time. While state broadcasters have national ambitions—having to do with creating a com- mon language, politics, identity, and enemy—the analysis of radio in this book alerts us to the sub- and supranational interests and communities that are almost always at play in radio broadcasting and listening.
    [Show full text]
  • A Rebelião Interna No Mpla Em 1977 E As Confusões No Noticiário De Zero Hora E Correio Do Povo
    QUEM SÃO OS REBELDES, AFINAL? A REBELIÃO INTERNA NO MPLA EM 1977 E AS CONFUSÕES NO NOTICIÁRIO DE ZERO HORA E CORREIO DO POVO. MAURO LUIZ BARBOSA MARQUES 1 O presente artigo buscar analisar as dicotomias e as abordagens contraditórias dos periódicos gaúchos Zero Hora e Correio do Povo 2 durante a crise interna do MPLA 3, partido governante em Angola no ano de 1977. Angola foi a principal possessão lusitana até 1975 – ano da ruptura colonial angolana -, quando a partir de um cenário marcado por violentas disputas internas e externas, parte do contexto internacional daquele período, houve caminhos e descaminhos na consolidação deste novo Estado Nacional pós colonização, especialmente entre os anos 1975 e 1979 quando Agostinho Neto 4 e o MPLA comandaram o primeiro governo independente contemporâneo de Angola. Um destes fatores de consolidação política de um novo Estado Nacional se deu na disputa da esfera superior de poder no interior do MPLA durante a condução do Estado Nacional, em maio de 1977. Algo tradicional, em especial na tradição africana contemporânea permeada com debilidades nas estruturas estatais e disputas palacianas. 1 Mestre em História pela UFRGS (Porto Alegre/RS) atua na rede pública estadual e municipal na cidade de São Leopoldo (RS). 2 Estes periódicos tinham grande circulação estadual e somados tinham uma tiragem superior a cem mil exemplares no período analisado por esta pesquisa, conforme informado na capa dos mesmos (nota do autor). 3 O médico e poeta Antonio Agostinho Neto formou o MPLA (Movimento Popular para Libertação de Angola), que tinha como referência o bloco socialista e contou com o apoio decisivo da URSS e dos cubanos na hora da ruptura com Portugal em novembro de 1975.
    [Show full text]
  • As Memórias Do 27 De Maio De 1977 Em Angola
    As memórias do 27 de maio de 1977 em Angola Inácio Luiz Guimarães Marques 27 de maio de 1977. Há 34 anos aconteceu em Angola um dos episódios mais polêmicos, controversos e violentos de sua história recente. 18 meses após a Independência, proclamada pelo MPLA em 11 de novembro de 1975, a crise nitista evidenciou o alcance das contradições internas no MPLA. A expressão nitista, ou nitismo, refere-se a um dos principais lideres da contestação, Alves Bernardo Baptista, Nito Alves, guerrilheiro da 1ª região Político-militar durante a guerra de libertação, que aparece com mais evidencia no Movimento durante o Congresso de Lusaka, em 1974, defendendo as posições do presidente Agostinho Neto. Como aliado chegou aos altos escalões do Movimento, o que lhe rendeu o cargo de Ministro da Administração Interna no primeiro governo independente, em 1975. Durante o ano de 1976, grosso modo, sua posição político-ideológica – a favor do estabelecimento de um governo marxista- leninista – foi progressivamente conquistando adeptos e, ao mesmo tempo, provocando atritos com o Governo, que ao contrário insistia em uma chamada Revolução democrática e popular que não ameaçasse sua legitimidade. Em outubro deste mesmo ano foi acusado, juntamente com seus principais aliados, José-Van-Dunem e Sita Vales, de traição, o que lhe custou a perda do cargo de Ministro. Apesar disso, não cedeu aos pedidos para que se calasse, o que rendeu a Nito Alves – e também a Van-Dunem – a expulsão formal em 20 de Maio de 1977 dos quadros do Movimento. Apenas uma semana depois, no dia 27, tentaria sem sucesso derrubar o Governo.
    [Show full text]
  • Cuba E União Soviética Em Angola: 1977
    Cuba e União Soviética em Angola: 1977 Cristina Portella Doutoranda em História Social Universidade Federal do Rio de Janeiro (Brasil) Luis Leiria Jornalista Portal Esquerda.net (Portugal) Resumo: No dia 27 de maio de 1977, em Angola, o governo de Agostinho Neto desencadeou um processo repressivo que ocasionou a morte de milhares de aderentes do MPLA. O objetivo, de acordo com a justificação oficial, seria impedir um golpe de Estado liderado pelo ex-ministro da Administração Interna Nito Alves. Nessa altura, estavam presentes em Angola tropas cubanas e oficiais da URSS. A historiografia oferece várias interpretações para este episódio, marcante na história do país recém-independente. Este artigo discute os fatos, as causas e as consequências do “27 de Maio”, à luz de documentos cubanos recentemente desclassificados, reunidos por Piero Gleijeses, professor de política externa norte-americana na School of Advanced International Studies da Universidade Johns Hopkins, no portal do Wilson Center Digital Archive International - History Declassified. Palavras-chave: 1. Angola, 2. MPLA, 3. Cuba, 4. União Soviética Abstract: On May 27, 1977, in Angola, the government of Agostinho Neto triggered a repressive process that led to the deaths of thousands of MPLA members. The goal, according to official justification, would be to prevent a coup led by former Home Minister Nito Alves. At that time, Cuban troops and USSR officers were present in Angola. Historiography offers several interpretations for this episode, striking in the history of the newly independent country. This article discusses the facts, causes, and consequences of “May 27,” in light of recently declassified Cuban documents, gathered by Piero Gleijeses, a professor of US foreign policy at Johns Hopkins University School of Advanced International Studies, Wilson Center Digital Archive International Portal - History Declassified Keywords: 1.
    [Show full text]
  • Nascimento E Morte Do Poder Popular Em Angola (1974- 1977)
    Nascimento e morte do Poder Popular em Angola (1974- 1977) Maria Cristina Portella Ribeiro A partir de 25 de Abril de 1974, quando um golpe militar contra a ditadura chefiada por Marcelo Caetano desencadeia em Portugal a Revolução dos Cravos,1 abre-se em Angola uma nova situação política. A até então colônia portuguesa começará a viver um levante popular semelhante em muitos aspectos ao verificado na metrópole. Ambos terão como base a questão colonial e a democracia e irão dar origem a modelos de auto- organização da população. Assim como os portugueses, os trabalhadores de Angola, brancos e negros, começam a fazer greves e manifestações para exigir direitos. Nos musseques,2 os seus habitantes, quase todos negros, irão expulsar os informantes da PIDE-DGS,3 travestidos de comerciantes, organizar comitês para se defenderem das agressões da extrema-direita branca e garantir o abastecimento de gêneros de primeira necessidade. Na universidade e nas escolas secundárias, os estudantes irão criar os seus órgãos de representação e tentar vincular a sua luta à do conjunto da população. Nos quartéis, soldados brancos irão recusar-se a continuar a participar na guerra contra os movimentos de libertação, enquanto soldados negros vão exigir serem eles a policiar os musseques para defender os seus irmãos africanos. A independência de Angola começa a ser defendida timidamente por setores da população. Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em História Social (PPGHIS/UFRJ) e bolsista do CNPq. 1 Nome pelo qual ficou conhecida a revolução que derrubou a ditadura do Estado Novo em Portugal, instaurou a democracia e chegou a questionar as bases do sistema capitalista no país.
    [Show full text]
  • Memórias De Um Golpe: O 27 De Maio De 1977 Em Angola
    INÁCIO LUIZ GUIMARÃES MARQUES Memórias de um golpe: o 27 de maio de 1977 em Angola Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em História, da Universidade Federal Fluminense, como requisito para obtenção do grau de Mestre. Área de concentração: História Social Orientador: Prof. Dr. Marcelo Bittencourt Niterói 2012 INÁCIO LUIZ GUIMARÃES MARQUES Memórias de um golpe: o 27 de maio de 1977 em Angola Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em História, da Universidade Federal Fluminense, como requisito para obtenção do grau de Mestre. Área de concentração: História Social Banca Examinadora: ______________________________________ Prof. Dr. Marcelo Bittencourt - Orientador Universidade Federal Fluminense – Departamento de História _____________________________________ Prof. Dr. Alexsander Gebara Universidade Federal Fluminense – Departamento de História _____________________________________ Prof. Dr. Vantuil Pereira Universidade Federal do Rio de Janeiro – Núcleo de Estudos de Políticas Públicas em Direitos Humanos (NEPP-DH) Niterói 2012 2 AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente ao meu orientador, Marcelo Bittencourt, pelos comentários, empréstimos de livros e de documentação, indicações bibliográficas e muito mais, sem os quais essa dissertação não poderia ter sido realizada. Cabe também agradecer aos professores Augusto Nascimento e Alexsander Gebara, pelas excelentes observações feitas durante a qualificação, que permitiram mudar os rumos deste texto. Agradeço a minha Tatiana, pela dedicação e paciência, ajuda e parceria durante os últimos oito anos, especialmente nesses dois últimos. Não poderia deixar de agradecer ao carinho da querida Tita, sempre incentivando e nos pequenos gestos que lhes são peculiares, deixando os dias em “cativeiro” menos penosos. Por fim, agradeço ao apoio da CAPES, que me concedeu uma bolsa de estudos, fundamental para o bom andamento desta pesquisa.
    [Show full text]
  • Angola and the Legacy of Stalinism
    Volume 1 • Issue 1 z.umn.edu/MURAJ Angola and the Legacy of Stalinism Ash Eberle Abstract: In this essay I will investigate how the legacy of Stalinism still affects Angola today, arguing that it negative- ly impacts the current possibility of an actual national Marxist-Leninist movement taking root in Angola. I furthermore argue that the four main institutions through which the party in control of the Angolan gov- ernment holds power—that is, the institutions of presidential patronage, the elite government bureaucracy, denial of the legitimate rights of ethnicities, and severe restrictions on the press and political freedoms— were inherited from Stalinism, and it is these four institutions that also serve to demobilize and demoralize workers. Stalinism has not only led to the collapse of the national workers’ movement there, however; it has also paved the way for an incredibly corrupt, bureaucratic, and authoritarian form of crony capitalism that deprives the great majority of Angolan people their most basic social and economic rights. This in and of itself makes it even more difficult for the workers’ movement to be revived and for a truly Marxist-Le- ninist revolution to take place. It can be said, then, that overall the legacy of Stalinism has deprived Angola the opportunity to become actually independent and free. In the wake of the collapse of the Soviet Union ever; it has also paved the way for an incredibly corrupt, and the Eastern European socialist bloc, perhaps the most bureaucratic, and authoritarian form of crony capitalism important question for twenty-first century Marxists con- that deprives the great majority of Angolan people their cerns the legacy of Stalinism, namely: What are its conse- most basic social and economic rights.
    [Show full text]
  • Tekst R 2003-10
    Angola 2002/2003 Key Development Issues and Democratic Decentralisation Inge Tvedten and Aslak Orre with a contribution by Rasmus Bakke R 2003: 10 Angola 2002/2003 Key Development Issues and Democratic Decentralisation Inge Tvedten and Aslak Orre with a contribution by Rasmus Bakke R 2003: 10 Chr. Michelsen Institute Development Studies and Human Rights CMI Reports This series can be ordered from: Chr. Michelsen Institute P.O. Box 6033 Postterminalen, N-5892 Bergen, Norway Tel: + 47 55 57 40 00 Fax: + 47 55 57 41 66 E-mail: [email protected] www.cmi.no Price: NOK 50 ISSN 0805-505X ISBN 82-8062-064-8 This report is also available at: www.cmi.no/public/public.htm Indexing terms Political economy Decentralisation Angola Project title Country Advice Agreement Angola 2000 – Project number 23040 © Chr. Michelsen Institute 2003 Contents 1. INTRODUCTION.................................................................................................................................... 1 2. POLITICAL DEVELOPMENTS ........................................................................................................ 3 3. THE ANGOLAN ECONOMY ............................................................................................................. 9 3.1 ECONOMIC PERFORMANCE AND OUTLOOK...................................................................................9 3.2 THE EXTERNAL SECTOR.................................................................................................................11 3.3 THE FISCAL SITUATION ..................................................................................................................12
    [Show full text]
  • Cuba and Mozambique
    Number 80 December 28, 1987 A publication of the Center for Strategic and International Studies, Washington, D.C. Cuba and Mozambique by Gillian Gunn When Lieutenant Colonel Oliver North presented his "freedom fighter" slide show to potential Contra patrons, he sandwiched between photos of Soviet submarines and Contra graves a chart purporting to identify the location of "Cuban troops" worldwide. Mozambique was promi­ nently featured, with the figure "700" alongside. In a similar vein, conservative U.S. media routinely refer to the presence of "Cuban troops" in Mozambique, and depict a "pro-Soviet dictatorship" supported by Cuban "military, secret police, and other personnel." These claims, and others of the same genre, warrant examination. Is the underlying assumption that Cuba acts as a Soviet tool in Mozambique supported by the historical record? Precisely what is the nature of the Cuban-Mozambican relationship, how has it evolved, and where might it lead? Pre-Independence Contrary to popular perception, the early pre-independence relationship between Cuba and the party that now governs Mozambique (the Frente de Libertac;ao de Moc;ambique, known as FRELIMO) was tense. Also contrary to conventional wisdom, Cuba did not seek a relationship with the Mozambican nationalist movement at the USSR's behest, but rather at the very point when both Castro and FRELIMO were on relatively poor terms with the Soviet Union. Such diverse sources as a leading FRELIMO journalist and an anti-Castro Cuban defector agree that FRELIMO's founder, U.S.-edu­ cated Eduardo Mondlane, and his successor, Samora Machel, had serious differences with both Fidel Castro and Che Guevara.
    [Show full text]
  • The 27 May in Angola: a View from Below Lara Pawson
    The 27 May in Angola: a view from below Lara Pawson More commonly, people who had incurred the displeasure of the Party simply disappeared and were never heard of again. One never had the smallest clue as to what had happened to them. In some cases they might not even be dead. Perhaps thirty people personally known to Winston, not counting his parents, had disappeared at one time or another. Nineteen Eighty-Four, George Orwell On a hot, sticky morning in the middle of February 1999, I stood outside the pale pink seventeenth century Carmo Church in central Luanda, interviewing a group of perhaps twenty people who were on a hunger strike in protest against an increase in fuel prices. They were all members of the small but brave Party for the Support of Democracy and Progress in Angola (PADPA). At the time, I was worried I wouldn’t be able to persuade my BBC editor that this was a valid story given the size of the protest, but the problem was resolved when the police turned up and arrested twelve people. I had my news-peg. A few days later, another even smaller demonstration took place across the road from Carmo Church, outside Luanda’s Provincial Government buildings. Again, it was dispersed by police. The day after that, on February 24, I attended a third demonstration, held, like the first, outside the pink Carmo Church. This had a slightly wider cross-section of people – including another opposition Revista Relações Internacionais n.º 14 Junho 2007 party, the Front for Democracy (FpD) – but was, like the previous protests, small.
    [Show full text]
  • Ufahamu: a Journal of African Studies
    UCLA Ufahamu: A Journal of African Studies Title Angolan Populist Poetry in Historical Context (1974-1976) Permalink https://escholarship.org/uc/item/5fx5c0x5 Journal Ufahamu: A Journal of African Studies, 16(1) ISSN 0041-5715 Author Soremekun, Fola Publication Date 1988 DOI 10.5070/F7161016960 Peer reviewed eScholarship.org Powered by the California Digital Library University of California Angolan Populist Poetry in Historical Context (1974-1976) Fola Soremekun During the years of the Angolan nationalist war of liberation from the Portuguese yoke. several literary works were produced by many of those involved in the war. Most of these works were published outside Angola and brought fame to writers like Agostinho Neto, Costa Andrade. Mario Andrade, Luandino Vieira and olhers. Theirs was essentially a literature of protest against Portuguese colonialism. the evils of which they exposed to the world. These mcn were prominent members of the People's Movement for the Liberation of Angola (now MPLA - Workers Party). With the coming of the final phase of Angola's road to independene. signaled by the military removal of Caetano on April 25, 1974, a wave of poetry burst upon the counlry. For the most part Ihese poems were wrilten by enthusiasLic bUI obscure men and women of all races who were sympaLhetic to the MPLA cause. Today, inspite of one's Slrenuous efforts 10 trace and identi fy them, many have disappeared. or have fled the country. Others have died and were unaccounted for. Mosl of Ihe poets used pen-names, partly to protecl themselves in a milieu of uncertainty and violence.
    [Show full text]
  • Angola, August 2001
    Description of document: US Department of State Self Study Guide for Angola, August 2001 Requested date: 11-March-2007 Released date: 25-Mar-2010 Posted date: 19-April-2010 Source of document: Freedom of Information Act Office of Information Programs and Services A/GIS/IPS/RL U. S. Department of State Washington, D. C. 20522-8100 Fax: 202-261-8579 Note: This is one of a series of self-study guides for a country or area, prepared for the use of USAID staff assigned to temporary duty in those countries. The guides are designed to allow individuals to familiarize themselves with the country or area in which they will be posted. The governmentattic.org web site (“the site”) is noncommercial and free to the public. The site and materials made available on the site, such as this file, are for reference only. The governmentattic.org web site and its principals have made every effort to make this information as complete and as accurate as possible, however, there may be mistakes and omissions, both typographical and in content. The governmentattic.org web site and its principals shall have neither liability nor responsibility to any person or entity with respect to any loss or damage caused, or alleged to have been caused, directly or indirectly, by the information provided on the governmentattic.org web site or in this file. The public records published on the site were obtained from government agencies using proper legal channels. Each document is identified as to the source. Any concerns about the contents of the site should be directed to the agency originating the document in question.
    [Show full text]