UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE HUMANIDADES DEPARTAMENTO CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO CURSO DE BIBLIOTECONOMIA

ANA KARLA SOUZA DA SILVA

A MÚSICA COMO FONTE DE INFORMAÇÃO: DÉCADA DE 80 CONTADA PELA BANDA PARALAMAS DO SUCESSO

FORTALEZA-CE 2010

ANA KARLA SOUZA DA SILVA

A MÚSICA COMO FONTE DE INFORMAÇÃO: DÉCADA DE 80 CONTADA PELA BANDA PARALAMAS DO SUCESSO

Monografia apresentada ao curso de Biblioteconomia, da Universidade Federal do Ceará, como pré-requisito para obtenção do título de Bacharelado em Biblioteconomia.

Orientação: Prof.ª MSc. Gabriela Belmont de Farias

FORTALEZA-CE 2010

S578m Silva, Ana Karla Souza da A música como Fonte de Informação: Década de 80 contada pela banda Paralamas do Sucesso [manuscrito] / por Ana Karla Souza da Silva. – 2010. 210 p.: il. ; 30 cm. Cópia de computador (printout(s)). Monografia (graduação) – Universidade Federal do Ceará, Centro de Humanidades, Departamento de Ciências da Informação, Curso de Biblioteconomia, Fortaleza (CE), 2010. Orientação: Profª MSc Gabriela Belmont de Farias. Inclui bibliografia.

1-MÚSICA E SOCIEDADE - BRASIL. 2-GRUPOS DE ROCK - BRASIL. I – Farias, Gabriela Belmont de, orientador. II – Universidade Federal do Ceará. Centro de Humanidades, Departamento de Ciência da Informação, Curso de Biblioteconomia. III – Título.

CDD (22ª ed.) 781.660981

ANA KARLA SOUZA DA SILVA

A MÚSICA COMO FONTE DE INFORMAÇÃO: DÉCADA DE 80 CONTADA PELA BANDA PARALAMAS DO SUCESSO

Monografia apresentada ao Curso de Biblioteconomia, da Universidade Federal do Ceará como pré-requisito para obtenção do título de Bacharelado em Biblioteconomia.

BANCA EXAMINADORA

______Prof.ª MSc. Gabriela Belmont de Farias - Orientadora Universidade Federal do Ceará (Orientadora)

______Prof.ª Esp. Ivone Bastos Bomfim Andrade Universidade Federal do Ceará (1º Examinador)

______Prof.º Heliomar Cavati Sobrinho Universidade Federal do Ceará (2º Examinador)

As minhas “Mães”, Fátima, Francisca (In memoriam) e Anunciação por estarem sempre comigo e com amor e carinho me levarem a ser o que sou hoje.

AGRADECIMENTOS

Acredito que toda e qualquer forma de gratidão primeira deve ser voltada aquele que nos criou e nos deu a vida, Deus! A ele o meu coração grato por me dá forças e me fazer perseverar mesmo em meio a minha fraqueza e à minha lentidão.

A minha família, meu sustentáculo, minha base, meu tudo. Minha Mãe, Fátima, meu Pai José Sidou e minha irmã Andressa. Ao meu marido, Hugo, pelo amor sempre constante e fiel; aos meus filhos, Ana Letícia e Gabriel, o tesouro da minha vida, a minha sogra-mãe Anunciação por sempre cuidar de mim com tanto zelo e carinho e a Cilene, muito mais do que uma secretária, cuidava da casa enquanto eu estava estudando.

A minha amiga Bia, por ter me ajudado no levantamento e nas pesquisas para a realização do mesmo, vi nesse ato dela um traço de uma amizade que vai fazer história, a nossa amizade.

A minha amiga Bruninha, pela tradução do resumo e pela gargalhada que sempre me incentivou.

A minha orientadora, Professora e Mestra Gabriela Belmont de Farias, pela disponibilidade, estímulo, paciência e pelos puxões de orelha também, sem eles talvez não tivesse conseguido chegar ao fim.

A todos os Professores que passaram pelo departamento de ciência da informação, por desempenharem tão bem seus papéis.

Enfim, a todos que me ajudaram de alguma forma no desenvolvimento e conclusão deste trabalho.

“Ó mundo tão desigual, Tudo é tão desigual. De um lado esse carnaval, de outro a fome total!” (Disco Selvagem, Paralamas do Sucesso)

RESUMO

O presente trabalho apresenta de que forma a Banda Paralamas do Sucesso utiliza a música, como fonte de informação, para retratar os anos 80. Para tanto, fizemos um levantamento bibliográfico com intuito de conceituar a tipologia das fontes de informação, dando uma visão geral das fontes e suas atribuições. Logo após abordamos a música como fonte de informação, e uma descrição sobre a Banda Paralamas do Sucesso, bem como a contextualização da época. A metodologia do trabalho constitui-se de pesquisa bibliográfica e análise de conteúdo como forma de analisar as músicas da Banda Paralamas do Sucesso na década de 80. Ao analisar as músicas e ver o conteúdo que cada uma traz, conclui-se que a Banda Paralamas do Sucesso utiliza suas músicas para retratar o contexto político, econômico e social dos anos 80, constituindo-se assim em uma fonte de informação.

Palavras-chave: Fonte de informação. Música. Sociedade Brasileira. Paralamas do Sucesso. Década de 80.

ABSTRACT

This project aims to show how the band „Paralamas do Sucesso‟ uses the music as an information source to portray the 80's. To discuss this topic, we will present the concept and the typology of information sources, giving an overview of sources and their assignments. Right after we will discuss the music as a source of information, giving an explanation of the band „Paralamas do Sucesso‟ and the contextualization of the epoch. The methodology of the study consisted of literature‟s search and content‟s analysis as a way of studying the music of the band „Paralamas do Sucesso‟ in the 80‟s. By analyzing the songs and view the contents of each one brings, we will show that the band, indeed, uses his music to portray the 80‟s, thus constituting a source of information.

Keywords: Source of information. Music. Society. Paralamas do Sucesso. 80‟s.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...... 10 2 REFERENCIAL TEORICO...... 12 2.1 Fontes de informação...... 12 2.2 Tipologia...... 13 2.3 Música como fonte de informação...... 16 2.4 A banda Paralamas do Sucesso...... 17 3 CONTEXTO HISTÓRICO ANOS 80...... 19 4 METODOLOGIA...... 24 4.1 Discografia – Paralamas do Sucesso – Década de 80...... 26 5 ANÁLISE DE DADOS...... 29 5.1 Análise das músicas...... 30 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS...... 43 REFERÊNCIAS...... 44

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1 INTRODUÇÃO

A música dos anos 1980 como fonte de informação, revela a realidade em que se viveu naquela época e todo o seu contexto social. O ano 1980 retratou uma época de descobertas e modificações na juventude, seja na música, no modo de vestir, nos gestos, nas informações, enfim, tudo aquilo que envolve a sociedade.

No contexto social da época se vivia um clima de expectativa e mudança, oriundos da pós-ditadura. Isso influenciou diretamente na temática dos álbuns lançados, captando de forma fiel a realidade de um País que sofria com a miséria e outros problemas sociais.

Na metade do ano 1980, o rock brasileiro já tinha ocupado o seu devido lugar ao sol. Várias bandas nacionais despontavam nas programações das rádios e desfilavam seus “hits” nas paradas de sucesso. A sonoridade das músicas causou impacto por ser extremamente peculiar, fugindo dos padrões da época. Tendo como característica marcante, a fusão de vários ritmos e estilos em um só trabalho, algo que, apesar da globalização e da moda “Word music”, foi ousado, gerando polêmica especialmente entre os críticos de música, que discutia qual seria o futuro do Rock brasileiro.

Em meio a essa explosão estavam , que viviam o apogeu de sua carreira, após a apresentação histórica no I (evento que os consagrou definitivamente, como um dos grupos mais importantes do país) e também do grande êxito de seu segundo disco: O passo do Lui, que chegara a incrível marca de 200.000 cópias vendidas.

O trio buscava uma sonoridade diferente da qual estavam acostumados e que predominava entre as bandas da época, além de buscar em suas letras uma temática nova, pois, a temática juvenil tinha sido explorada em exaustão por vários artistas. Para eles a mudança de rumo tornava-se imprescindível, não só pelo fato do grupo querer ir por outros “caminhos sonoros”, mas todos buscavam fôlego para sobreviver no cenário musical que estava sendo sufocado pela falta de criatividade de grupos nacionais e internacionais. E é daí

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que nasce “Selvagem”, o disco que revolucionou o cenário musical da época, mostrando a realidade brasileira.

O interesse por esse tema, a música como fonte de informação, surgiu da curiosidade em estudar a sociedade brasileira, principalmente a época de minha infância (década 80) e conseqüentemente tudo que a rodeava. Além de verificar o papel social das bandas e cantores de pop rock que pautaram suas carreiras, denunciando, criticando a nossa realidade.

A partir das considerações acima, surgiu o seguinte questionamento: De que maneira as letras das músicas da Banda Paralamas do Sucesso retratam o cotidiano da sociedade brasileira nos anos 80?

Tendo por base a problemática acima descrita, estabelece-se como objetivo geral analisar as letras das músicas da Banda Paralamas do Sucesso da década de 80. Para alcançar o objetivo geral temos os seguintes objetivos específicos:

a) Conhecer os conceitos sobre fontes de informação e suas tipologias; b) Contextualizar a musica como fonte de informação na década de 80; c) Identificar as músicas da banda Paralamas do Sucesso que retrataram a década de 80; d) Identificar que tipos de informação essas músicas transmitiam com suas mensagens.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Fontes de informação

Sainero (1994) afirma que fontes de informação são todos os materiais ou produtos, originados ou elaborados, que trazem notícias ou testemunhos, através dos quais se acessa o conhecimento, qualquer que seja este. Tudo que forneça uma notícia, uma informação ou um dado. Neste conceito, continua a mesma autora, se encontram todos aqueles elementos que, submetidos à interpretação, podem transmitir conhecimento, tais como hieróglifo, uma cerâmica, um quadro, uma partitura musical, uma fotografia, um discurso, uma tese doutoral e outros. Nesse contexto quase tudo é considerando como fonte de informação dependendo da necessidade de informação que se apresente. E muitas dessas fontes podem não ser tão fidedignas, dependendo do usuário que a queira e da situação.

No dicionário o conceito que melhor se aplica ao nosso objeto de estudo, fontes de informação, é, origem, causa, princípio. È com esse significado que iremos pensar em fontes de informação, como sendo meios, instrumentos de origem, onde os pesquisadores, profissionais e os indivíduos buscam as informações de que precisam. Já o conceito de informação, no dicionário, vem do latim, information, onis, (delinear, conceber idéia), ou seja, dar forma, moldar na mente.

Fazendo uma reflexão sobre os dois conceitos, temos a origem, princípio, somado a concepção, portanto, fontes de informação é o lugar onde se busca originalmente conceber uma idéia sobre determinado assunto ou estudo.

A Biblioteca Virtual em Saúde – BVS conceitua fonte de informação como qualquer recurso humano ou digital que responde a uma necessidade de informação ou que promove disseminação de informação, então podemos concluir que, podem ser fontes de informação, coleções de textos, serviços de referência, comunidades virtuais, etc.

Já para Cunha (2001), o conceito de fonte de informação ou documento é muito amplo, pois pode abranger manuscritos e publicações impressas, além de objetos, como amostras minerais, obras de arte ou peças museológicas. Há uma enorme variedade de tipos 13

de material informacional com funções diferenciadas e em diferentes suportes de armazenagem (do meio impresso ao eletrônico).

Ao verificar os conceitos acima expostos, podemos descrever fontes de informação como, todo e qualquer documento ou recurso informacional que dê acesso a informações, que permite a realização de nossos estudos, pesquisa e outras atividades. Dessa forma podemos concluir também que as fontes podem ser pessoais, documentos escritos ou audiovisuais, opiniões, dados, entre outros.

Para melhor entender as fontes de informação como objetos de trabalho dos bibliotecários, veremos a sua tipologia bem como seu uso.

2.2 Tipologia

Quando uma fonte se destina ao público de uma forma geral, ou a todo o conhecimento, chamamos de fontes gerais. Nesse âmbito das fontes gerais podemos encontrar as fontes de informação primárias, que são documentos originais ou que trazem uma nova idéia do documento, bem como as fontes secundárias, que tem a função de nos remeter as fontes primárias, com uma informação filtrada e resumida. Quando uma fonte se destina a uma área restrita do conhecimento, chamamos de fontes específicas ou especializadas.

Conforme Campello (2000), na área de Biblioteconomia e Ciência da Informação, as fontes são classificadas em primárias, secundárias e terciárias, como segue abaixo:

 Fontes primárias: São documentos originais ou documentos que tenham uma nova interpretação. São monografias, artigos de periódicos, publicações seriadas, relatórios técnicos, trabalhos apresentados em congressos, teses, dissertações, patentes, literatura comercial, normas técnicas, etc.

 Fontes secundárias: São documentos que têm a função de facilitar o uso do conhecimento das fontes primárias; contém informação filtrada e resumida, organizada de acordo com um arranjo estabelecido, dependendo qual a função 14

da obra. São enciclopédias, dicionários, manuais, tabelas, revisões de literatura, bibliografias, tratados, etc.

 Fontes terciárias: Guiam o usuário para as fontes primárias e secundárias. São bibliografias de bibliografias, periódicos de indexação e resumo, catálogos coletivos, guias de literatura, diretórios, etc.

Segundo Grogan (1992), as fontes primárias, por sua natureza, são dispersas e desorganizadas do ponto de vista da produção, divulgação e controle. As fontes primárias registram informações que estão sendo lançadas, no momento de sua publicação, no corpo de conhecimento científico e tecnológico. Por essas razões, difíceis de serem identificadas e localizadas. Dessa forma podemos perceber o porquê do surgimento das fontes secundárias, que organizam todo o conhecimento desorganizado das fontes primárias. Vejamos alguns exemplos de fontes primárias:

Periódicos Científicos (artigos de periódicos): O periódico nasceu da necessidade de uma nova comunicação entre os cientistas, onde o alcance fosse mais amplo que a comunicação oral. Os periódicos têm como função divulgar os resultados de uma pesquisa. Entretanto a Royal Society, nos diz que são quatro as funções atuais do periódico científico: Comunicação formal dos resultados da pesquisa original para a comunidade científica e os interessados; preservação do conhecimento registrado; estabelecimento da propriedade intelectual; manutenção do padrão da qualidade da ciência.

Relatórios Técnicos: Segundo Campello (2000), os relatórios técnicos são documentos que descrevem os resultados ou o andamento de pesquisas para serem submetidos à instituição financiadora ou àquela para a qual o trabalho foi feito. São publicações características de entidades que desenvolvem pesquisa, e seus processos de produção são os mais variados. Servem como meio de divulgação confidencial de pesquisas tecnológicas e científicas nas áreas de defesa, aeronáutica e energia nuclear. É um tipo de publicação não convencional, ou seja, literatura cinzenta.

Teses E Dissertações: Documento não convencional que apresenta uma pesquisa original sobre determinado tema, que tem como objetivo a obtenção de graus acadêmicos, mestrado e doutorado. É disponibilizado um número pequeno de cópias e pode ser 15

considerado como literatura cinzenta. Não contam como publicação para distribuição comercial, porém, poucas são as teses que conseguem ser publicadas, devido ao grau de especialidade do seu conteúdo, bem como as teses que abordam temas mais amplo e que podem ser publicadas como livros e são bem mais divulgadas.

Normas Técnicas: Norma técnica é um documento que reflete a consolidação de uma tecnologia; nela podem encontrar-se a definição dos parâmetros de um produto, sua provável padronização e os métodos para sua certificação; também pode definir as especificações de projetos, as características das matérias-primas, os procedimentos de fabricação e os métodos de ensaio e inspeção. À medida que o tempo vai passando, a tecnologia avança e novas normas devem ser criadas para cobrir esses novos campos, sempre para assegurar a padronização.

Patente: Uma patente é uma concessão pública, conferida pelo Estado, que garante ao seu titular a exclusividade de negociar comercialmente sua invenção. Os direitos garantidos pela patente referem-se ao direito da prevenção de outros fabricarem, usarem, venderem ou importar a dita invenção.

São dois os objetivos do sistema patentário, o primeiro trata de recompensar o autor de uma novidade técnica, que tenha uma aplicação industrial e através da concessão concedida pelo Estado tendo a exclusividade de explorar sua invenção por um prazo determinado. O segundo objetivo é plena divulgação das inovações tecnológicas que a invenção gerou, para possibilitar o uso em prol da humanidade e desenvolver as artes e a indústria.

A patente é considerada, em tese, como a principal fonte primária de informação tecnológica, por que possibilita o conhecimento das inovações para a indústria, rapidamente, á partir da descrição do invento.

Para avaliar a qualidade dessas fontes são importantes alguns aspectos, como, a atualidade, a cobertura das fontes de informação, os países e línguas que abrangem o grau de seletividade dos itens, a tipologia do material usado, a inclusão de índices de autores e assuntos, a competência do organizador, dos colaboradores e a seriedade da editora e outros.

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2.3 Música como fonte de informação

Entretanto no ambiente acadêmico, ainda existe certa restrição quando se fala em fontes de informação não tão usual como a música. Pois já se estabeleceu os parâmetros necessários para que uma fonte seja considerada como parte do discurso científico. Assim as fontes mais conhecidas e consideradas são as fontes bibliográficas, como livros, periódicos, monografias, teses. Agora até disponibilizados em formato eletrônico.

A música expressa e traduz uma forma de pensamento, sentimentos e valores coletivos de uma sociedade numa determinada época num determinado local. Desta forma vemos que do ponto de vista histórico e cultural são de fundamental importância para a compreensão da informação do que uma música deseja passar, bem como o inverso, ou seja, o fato histórico e cultural pode também se beneficiar dessa produção musical. Nos anos 80 não se tinha tantos recursos em relação às fontes como se tem hoje, as mídias eram outras e a forma de pensamento também. E mesmo com poucos recursos muitas bandas conseguiram usar a música e passar, através de seu conteúdo de protesto a informação que desejavam transmitir.

Toda música, mesmo sendo uma arte diferenciada das demais, tem um lugar histórico e cultural determinado, quando forem abordados sobre esses dois aspectos. A partir do século XVII os compositores começam a compor sob um novo sistema, não mais baseado em modos, mas em tons. Pode-se dizer que a partir do século XVIII o idioma modal praticamente desaparece, sendo suplantado pelo idioma tonal, já estabelecido.

Podemos dizer que a partir do século 18 o idioma modal tornou-se obsoleto, sendo substituído pelo idioma tonal, já amplamente utilizado. Do século 19 para o século 20, criou- se uma nova linguagem de música, chamada vulgarmente de atonal e apesar das previsões sobre o fim do sistema tonal, este permanece mais presente do que nunca, inserido na maioria dos estilos atuais, como rock, MPB, pop, etc.

Desta forma, observamos que historicamente, é possível classificar em três os idiomas musicais: O modal, o tonal e o atonal, cada um deles possui escalas e acordes diferentes por conta do sistema harmônico, sendo essa a principal diferença entre eles. 17

Periodizando a história da música, temos a música medieval, a música renascentista, barroca, clássica, Romantismo e a música do século 20. Onde a música medieval se baseia em modos; a renascentista já contrasta muito com a medieval, já que o tipo de trabalho polifônico é mais expressivo; a música barroca é construída sobre nítidas bases tonais e difere muito de suas antecessoras; O estilo clássico é essencialmente homofônico – isto é, constituído por uma melodia principal, sustentada por um acompanhamento de acordes e marcado pela busca de equilíbrio entre forma e expressão.

No Brasil há também uma grande efervescência musical, basicamente representada por movimentos como o modernismo nacionalista, pelo grupo música viva, novo nacionalismo, além de outros mais recentes. Deve-se salientar que a maioria da música popular consumida hoje se enquadra no gênero canção, isto é, melodia cantada sobre acompanhamento instrumental, aliada ao texto poético.

O número de publicações sobre música tem aumentado significantemente no Brasil, assim como a qualidade do que é publicado. Além das editoras comerciais, organismos como a Funarte têm oferecido ao público, além de partituras, valiosas coleções de livros sobre diversos períodos da música brasileira.

2.4 A banda Paralamas do Sucesso

A Banda Paralamas do Sucesso também conhecida como Paralamas é uma banda de rock brasileiro formada no no fim dos anos 70, início dos anos 80. Seus integrantes são: (Guitarra e vocal), (Baixo) e João Barone (Bateria). No início a banda misturava rock com , depois passaram a usar instrumentos de sopro e ritmos latinos. Juntamente com outras bandas como Titãs, RPM e Barão Vermelho foram a banda de maior popularidade e prestígio no Brasil nos anos 80.

O início da banda se deu entre 1977 e 1983, onde ela era conhecida como “a turma de Brasília”, mesmo tendo sido formada no Rio de Janeiro, os integrantes eram de Brasília. Herbert e Bi se conheceram crianças ainda em Brasília por serem vizinhos. Herbert foi estudar no colégio militar do Rio, onde reencontra Bi que tinha ido fazer o 3º ano. Os dois resolveram formar uma banda, Herbert com sua guitarra Gibson e Bi no baixo. Aos dois 18

depois se juntaria o baterista Vital. Separaram-se em 1979 para fazerem vestibular e em 1981 se reencontraram.

Em 1984, lançaram o álbum O passo do Lui, que teve enorme sequência de sucessos ("Óculos", "Me Liga", "Meu Erro", "Romance Ideal", "") e aclamação crítica, levando o grupo a tocar no Rock in Rio, no qual o show dos Paralamas foi considerado um dos melhores.

Depois de grande turnê, lançaram Selvagem? em 1986. O álbum contrapunha a "manipulação" desde sua capa (com o irmão de Bi no meio do mato apenas com uma camiseta em torno da cintura), e misturava novas influências, principalmente da MPB. Com sucessos como "Alagados", "A Novidade" (a primeira com participação de , e a segunda co-escrita com ele), "Melô do Marinheiro" e "Você" (de ), Selvagem? vendeu 700.000 cópias e credenciou os Paralamas a tocar no cultuado Festival de Montreux, em 1987. O show no festival da cidade suíça viraria o primeiro disco ao vivo da banda, D. Nele, a novidade, em meio ao show com os sucessos já conhecidos, era a inclusão de um "4º paralama", o tecladista João Fera, que excursiona com a banda até hoje, como músico de apoio. O sucessor de Selvagem?, Bora-Bora (1988) acrescentou metais ao som da banda. O álbum mesclava faixas de cunho político-social como "O Beco" com as introspectivas "Quase Um Segundo" e "Uns Dias" (reflexo talvez do fim do relacionamento com a vocalista da banda , ). Bora-Bora é tão aclamado pela crítica quanto O Passo do Lui.

Big Bang (1989) seguia o mesmo estilo, tendo como hits a alegre "Perplexo" e a lírica "Lanterna dos Afogados". Seguiu-se a coletânea Arquivo, com uma regravação de "Vital" e a inédita "Caleidoscópio" (antes gravada por Dulce Quental, do grupo Sempre Livre).

As músicas, os álbuns, são narrativas que expressam e traduzem formas de pensamento, sentimentos e valores coletivos, ou seja, os costumes e as tradições de um determinado grupo social em uma determinada época em um determinado local. Considerando que as músicas da Banda Paralamas do Sucesso sendo de natureza narrativa é, portanto uma importante fonte de informação. 19

3 CONTEXTO HISTÓRICO ANOS 80

O contexto histórico dos anos 80 contribuía para as manifestações rebeldes, pois a luta na época era pela abertura política e pela redemocratização. A reforma partidária e a anistia política, que permitiu a volta de alguns exilados ao país, como Leonel Brizola, Luís Carlos prestes e tantos outros, propostas no governo de Figueiredo, eram insuficientes para o anseio da juventude que queria liberdade de expressão e usou a música para tal fim, por isso o som agressivo e as letras de protesto.

O sistema econômico neoliberal marca o início da década de 1980. Margareth Thatcher e Ronald Reagan nos Estados Unidos dão início a uma onda conservadora global. Que vai caracterizar os anos 80 em relação às revoluções sociais, políticas e sexuais das duas décadas anteriores. No mundo inteiro, por um bom tempo, os conservadores e direitistas assumem o poder.

A Europa vivia outro estágio social com maior grau de participação popular, enquanto proclamávamos a República e abolíamos a escravidão. A França, de onde nos vinham os modelos culturais, já tinha feito sua revolução no século anterior. A burguesia francesa estava, portanto solidamente implantada no poder, poder esse que a nossa burguesia tanto sonhava.

O mundo se depara com o fim da União Soviética, onde o marco é a queda do muro de Berlim e na destruição de generais e ditaduras em diversos países. Também é uma década conhecida como “perdida” principalmente para os países subdesenvolvidos em função dos choques de petróleo e da recessão mundial, já que agora o mundo é globalizado e neoliberal.

Já o Brasil perde nesse período, grandes nomes da música, literatura e artes plásticas. O escritor Nelson Rodrigues; o músico e poeta Vinícius de Moraes; o artista plástico Helio Oiticica e o compositor Cartola. No que se refere à cultura e lazer, no âmbito estadual, concertos, circuitos de MPB, circuitos de exposições, atividades teatrais para o público juvenil e adulto, entraram de forma vigorosa no campo de cultura e ação cultural na década de 1980.

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O movimento estudantil nesse período teve muita relevância no que diz respeito ao ato político, com capacidade até de falar em nome de outros setores da sociedade, usando bandeiras de transformação social e garantindo com isso seu lugar na mesma. A maior parte dos acontecimentos que estão ligados a juventude nos anos 80, parece estar ligado à formação de tribos (bandas, estilos e culturas), ligadas a vários estilos musicais.

No dia 1 de março de 1982, entrava no ar a mais poderosa aliada do circo voador, a rádio fluminense, que através de seus fracos sinais, os felizes ouvintes tiveram o privilégio de escutar fitas demo de grupos iniciantes como Paralamas do Sucesso, Legião Urbana, Plebe Rude e Biquine Cavadão.

E assim a música assumiu um papel de expressão dos sentimentos de toda uma geração. O músico assume seu papel político ao cantar ou compor, através de suas músicas ele quer que o ouvinte reflita sobre seus valores (família, social, amor, político). Portanto a crítica ao sistema e a ordem social e econômica são temas constantes das músicas oitentistas.

A música retratada nos anos 80 sintetizava os impasses vividos nesta década. No final dos anos 70, início dos anos 80 há grandes manifestações da classe operária, o movimento que andava desarticulado, agora ganhara um novo impulso.

A música como toda manifestação artística e cultural, representa a realidade em que vive o compositor, portanto fazer música é também fazer história. Ao analisarmos as músicas da Banda Paralamas do Sucesso, veremos retratado um panorama do Brasil, críticas ao consumismo, classes sociais, a constituição e a violência.

No que se referem à literatura, os anos 80 foram considerados bem agitados. O país estava se modernizando e perdendo o jeito de donzela antiga. Dinamizou-se a vida social e a literatura virou moda. Nos salões elegantes declamava-se Bilac ao som de piano. Surgiu o cinema, a iluminação elétrica.

A literatura começou então a alterar seu perfil. A defesa e exaltação do casamento geraram críticas e denuncias de adultério. A literatura-lazer deu lugar a literatura-denúncia. Assim, a literatura, aliando-se a essas lutas, veio trazer para seus leitores, problemas políticos e sociais, a violência da pobreza e da miséria na ordem burguesa. 21

Ao lembrar-se dos anos 80 com relação à cultura, é fácil ligar à Madonna, Michael Jackson, Paralamas do Sucesso, RPM, Cazuza, seriados e produtos que mudaram de embalagem, mas pensar em questões de ideologia e cultura é mais árduo.

Diante da efervescência no campo político e ideológico, a cultura também estava em ebulição. Releitura e criações convivem em um cenário de predominância, pelo menos no cinema, da cultura norte-americana. Mas parece um vale tudo, numa mistura de erudito e popular, sem fronteiras delimitadas.

A década de 1980 não foi apenas de rock o cenário nacional, mas também de cinema de vanguarda, arte multimídia e algumas tendências comportamentais e existenciais. Influência de uma cultura hippie que não acredita em nada, pois o mercado resolve tudo. E por outro lado, uma cultura de maldição em uma tensão entre conformismo e rebeldia, mas sem cunho político como na década de 60. Na verdade, aqui a oposição é ao mercado.

Nessa oposição, o pós-modernismo surge como uma posição pós - tudo, sem vanguardas, onde a repetição não só é permitida como incentivada. Talvez isso explique a onda de remakes no cinema, a moda de décadas passadas, revista e arte misturando todo tipo de vanguarda passada.

Lipovetsky (2004) trata como hiper modernidade a fase conhecida como pós modernidade e critica a valorização exacerbada dos valores criados pela modernidade, como individualismo, consumismo e ética hedonista. Hiper modernidade é então, a cultura do excesso, do hipermercado, do hiper consumismo, hiper corpo. Tudo é elevado à potência do sempre mais.

Alguns indicadores apontam que a melhoria no IDH (Índice de desenvolvimento humano) no país. O analfabetismo reduziu de 26% em 1980 para 18,8% no final da década. Além disso, a diferença entre a taxa de analfabetos no campo e na cidade diminuiu – em 1989, 36,4% da população rural eram analfabeta contra 13,4% da que está nas cidades. Em 1981 a taxa era de 41,8% contra 16%.

Outro indicador de melhoria no índice de desenvolvimento humano entre a população brasileira, é que nos anos 80, a expectativa de vida aumentou de em cinco anos, 22

enquanto a mortalidade infantil reduziu de 75 para 47,5 óbitos em mil nascidos. O aumento na expectativa de vida a partir do final da década de 70 também reflete a melhoria nas condições de vida do brasileiro e na eficácia de políticas públicas.

Outro índice interessante é a taxa baixa de desemprego no país, apesar do PIB estar reduzido em relação à década anterior. No período recessivo, entre 1981/83, a taxa chegou a 4,9% e no restante da década oscilou 3,5% e 4%. No entanto, o trabalho informal aumentou a partir de 1986.

Após o acirramento das desigualdades sociais e concentração de renda, entrega das economias ao controle do capital internacional, os países latino americanos com governos ditatoriais, tornam-se os maiores devedores mundiais. Nesse sentido, a influência da nova política norte-americana não é central, mas contribui para os processos de redemocratização.

A década de 80 apresenta em geral, melhores níveis de escolaridade, envelhecimento da população, distribuição mais equitativa entre homens e mulheres e uma concentração ainda maior de atividades urbanas em detrimento do campo.

Politicamente falando, a década de 80 é marcada por profundas mudanças políticas, como já foi dito, em especial, pela queda de vários regimes ditatoriais em países de várias partes do mundo. No Brasil, a redemocratização se baseia na mobilização social, na formação do partido dos trabalhadores e na adesão ao neoliberalismo acentuadamente com a vitória de Collor, já nos anos 90.

Para melhor visualização de nossa viagem pelos fatos históricos dos anos 80, apresentamos uma síntese sobre os principais acontecimentos desses anos e suas respectivas áreas.

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Tabela 1 – Principais acontecimentos dos anos 80

PERÍODO ACONTECIMENTO 1980 Olimpíadas de Moscou (União soviética) – EUA boicotam os jogos por motivos políticos. Publicado padrão da ethernet (tecnologia para redes locais). Fundação do PT (Partido dos trabalhadores em São Paulo). Lançado o canal de notícias norte-americano CNN. Sai do ar a Rede Tupi de Televisão. Lançamento do filme Star Wars: O Império contra-ataca (Episódio V). No Brasil, o cineasta Glauber Rocha lança o filme Idade da Terra. O cineasta Stanley Kubrick lança o sucesso do terror “O Iluminado”. O arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer cria o Memorial JK. 1981 A nave espacial Colúmbia faz seu primeiro vôo. Rondônia deixa de ser território e passa a ser um Estado da federação. Entra no ar o SBT (Sistema Brasileiro de Televisão). 1982 Copa do Mundo – Espanha – Itália campeã. invade as Ilhas Malvinas. Começa a guerra das Malvinas entre Argentina e Grã-Bretanha. Entra em funcionamento a usina hidrelétrica de Itaipu. O cantor norte-americano Michael Jackson faz sucesso mundial com o álbum Thriller. Estréia nos cinemas o filme “E.T, o Extra Terrestre”. Fundação do Museu Afro- brasileiro em Salvador (Bahia). 1983 Nelson Piquet torna-se bi-campeão mundial de fórmula um. A empresa Apple lança o computador Macintosh. 1984 Jogos Olímpicos de Los Angeles. Nasce o primeiro bebê de proveta no Brasil. Movimento Diretas Já. É exibido no Brasil, pelo SBT, o primeiro episódio da série Chaves. 1985 Identificado, por climatologistas, o buraco na camada de ozônio. Tancredo Neves é eleito de forma indireta, porém morre antes de assumir. Assume o vice - presidente José Sarney. Fim da ditadura militar mo Brasil. 1986 Copa de Mundo - México – Argentina Campeã. Aparição do cometa Halley. Criação do Plano Cruzado. Vai ao ar na Rede Globo, a 1ª edição do Criança Esperança. 1988 Olimpíadas de Seul (Coréia do sul). Amapá e Roraima deixam de serem territórios e passam a ser Estados brasileiros. Criado o estado de Tocantins. 1989 Queda do muro de Berlim (Ato simbólico que marcou o fim da Guerra Fria). Década de 80 Música: Cantores e bandas internacionais que fizeram sucesso: Bom Jovi, Def Leppard, Duran Duran, Pet Shop Boys, Prince, Madonna, Michael Jackson, Guns N‟ Roses, U2, Iron Maiden. Cantores e Bandas nacionais que fizeram sucesso: Ney Matogrosso, Blitz, Paralamas do Sucesso, Titãs, Roberto Carlos, RPM, Cazuza, Engenheiros do Havaí, Legião Urbana, Caetano Veloso, Chico Buarque. 24

4 METODOLOGIA

Antes de descrevermos como serão e quais serão os procedimentos a serem tomados na pesquisa, faremos uso da metodologia, definindo cada procedimento e as ferramentas que serão usadas.

Em seu sentido mais geral, o método é a ordem que se deve impor aos diferentes processos necessários para atingir um fim dado ou um resultado desejado. Nas ciências, entende-se por métodos, o conjunto de processos que o espírito humano deve empregar na investigação e demonstração da verdade! (CERVO, 1978)

Nossa pesquisa é bibliográfica, elaborada a partir de material já publicado, constituído principalmente de livros, artigos de periódicos e materiais disponibilizados na internet, ou seja, material que seja acessível ao público em geral. Nosso objeto de estudo será a discografia da Banda Paralamas do sucesso durante toda a década de 80. Analisaremos os conteúdos das mensagens que as músicas trazem e de que forma essas mensagens são passadas.

A análise do conteúdo das mensagens dos enunciados do discurso e das informações é bem mais antiga do que a reflexão científica. Recentemente, no século dezenove, o Francês Bourbon, tentou captar as expressões das emoções e das tendências da linguagem e usou o livro do Êxodo, analisando-o de forma rigorosa com uma classificação temática e de respectiva quantificação. (FRANCO, 2005).

O ponto de partida da análise de conteúdo é a mensagem, seja ela verbal, gestual, silenciosa, figurativa, documental ou diretamente provocada. Além disso, torna-se indispensável considerar que a relação que vincula a emissão das mensagens então, necessariamente vinculadas às condições contextuais de seus produtores.

Piaget pressupõe sobre as questões que se colocam no momento que estamos tentando classificar, objetivar e organizar um discurso, sem dúvida, esta empreitada é tipicamente intelectual.

A análise de conteúdo é um procedimento de pesquisa que se situa em um delineamento mais amplo da teoria da comunicação e tem como ponto de partida, a mensagem. Toda comunicação é composta por cinco elementos básicos: Uma fonte 25

(emissão); processo decodificador que resulta em uma mensagem e se utiliza de um canal de transmissão; um receptor e seu respectivo processo decodificador.

É com base no conteúdo manifesto e explícito que se inicia o processo de análise. Isto não significa que não se pode realizar uma sólida análise acerca do conteúdo “oculto” das mensagens e suas entrelinhas, usando códigos especiais e simbólicos. Para o efetivo caminhar desse processo, a contextualização deve ser considerada como um dos principais requisitos no sentido de garantira relevância dos resultados a serem divulgados e socializados.

O delineamento de pesquisa é um plano para coletar e analisar dados a fim de responder à pergunta do investigador. Um bom plano garante que teoria, coleta, análise e interpretação de dados estejam integrados. Por isso é muito importante a elaboração de um plano de investigação que antecede a análise do conteúdo dos dados a serem obtidos.

Definido os objetivos da pesquisa, delineado o referencial teórico e conhecido o tipo de material a ser analisado, o pesquisador começa a se defrontar com problemas técnicos. Eis então, o primeiro desafio: definir as unidades de análise. As unidades de análise dividem- se em: Unidades de registro e unidades de contexto.

As unidades de registro podem devem ser combinadas, compartilhadas e inter- relacionadas, para garantir a possibilidade de realização de análises e interpretações mais amplas e que levem em conta as variadas instâncias de sentido e significados implícitos nas comunicações orais e simbólicas.

As unidades de contexto podem ser consideradas como o “pano de fundo” que imprime significado às unidades de análise. É a parte mais ampla do conteúdo a ser analisado, porém é indispensável para a necessária análise e interpretação dos textos a serem decodificados.

Definidas as unidades de análise, chega o momento da definição das categorias. A categorização é uma operação de classificação dos elementos constitutivos de um conjunto, por diferenciação seguida de um reagrupamento baseado em analogias, a partir de critérios definidos. O critério de categorização pode ser semântico, sintático ou léxico ou ainda 26

expressivo. A análise conceitual se sustenta ou não por suas categorias, por isso é tão importante.

Para a elaboração de categorias, existem dois caminhos que podem ser seguidos. Categorias criadas a priori, onde as categorias e seus respectivos indicadores são predeterminados em função da busca a uma resposta específica do investigador. Quando as categorias não são definidas a priori, emergem da “fala”, do discurso, do conteúdo das respostas e implicam constante ida e volta do material de análise à teoria.

4.1 Discografia – Paralamas do Sucesso – Década de 80

Para uma melhor visualização do nosso objeto de estudo segue um roteiro da discografia a ser analisada.

Fotografia 1 – Capa do disco , lançado em 1983. Com as respectivas músicas: 1.Vital e Sua Moto; 2. Foi o Mordomo; 3. Cinema Mudo; 4. Patrulha Noturna; 5. Shopstake (Instrumental; )6. Vovó Ondina é Gente Fina; 7. O Que Eu Não Disse; 8. Química; 9. Encruzilhada; 10. Volúpia.

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Fotografia 2 – Capa do disco O Passo do Lui, lançado em 1984. Com as respectivas músicas: 1.Óculos; 2. Meu Erro; 3. Fui Eu; 4. Romance Ideal; 5. Ska; 6. Mensagem de Amor; 7. Me Liga; 8. Assaltaram a Gramática; 9. Menino e Menina; 10. O Passo do Lui.

Fotografia 3 – Capa do disco Selvagem?, lançado em 1986. com as respectivas músicas: 1. Alagados; 2. Teerã; 3. A Novidade; 4. Melô do Marinheiro; 5. Marujo Dub; 6. Selvagem; 7. A Dama e o Vagabundo; 8. There`s a Party; 9. O Homem; 10. Você; 11. Teerã Dub.

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Fotografia 4 – Capa do disco Bora Borá , lançado em 1988. Com as respectivas músicas: 1. O Beco; 2. Bundalelê; 3. Bora Borá; 4. Sanfona; 5. Um a Um; 6. Fingido; 7. Don`t Give Me That; 8. Uns Dias; 9. Quase um Segundo; 10. Dois Elefantes; 11. Três; 12. Impressão; 13. O Fundo do Coração; 14. The Can

Fotografia 5 – Capa do disco Big Bang , lançado em 1989. com as respectivas músicas:1. Perplexo; 2. Dois Restos; 3. Pólvora; 4. Nebulosa do Amor; 5. Vulcão Dub; 6. Se Você Me Quer; 7. Rabicho do Cachorro Rabugento; 8. Esqueça O Que Te Disseram Sobre O Amor; 9. Lanterna Dos Afogados; 10. Bang Bang; 11. Lá Em Algum Lugar; 12. Jubiabá; 13. Cachorro Na Feira.

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5 ANÁLISE DE DADOS

A pesquisa trabalhou com a análise das letras das músicas da banda Paralamas do Sucesso na década de 80. E dentre a discografia apresentada na metodologia, escolhemos as músicas que tinham conteúdo relevante para nossa pesquisa. Cuja tabela segue abaixo, especificando as categorias de assunto abordadas nas letras das respectivas músicas.

Tabela 2 – Categorias de assuntos, por ordem alfabética, conforme as músicas. Categorias de Assunto Música - O beco - O homem - Patrulha Noturna Censura - Perplexo - Pólvora - Selvagem - Alagados - A novidade Desigualdade Social - Dos restos - Perplexo - Selvagem - Encruzilhada Economia - Perplexo - Alagados - Big Bang Religião - O homem - Pólvora - O beco Repressão - Pólvora - Selvagem Política - Perplexo - Big Bang - Dos restos - O beco Violência - Patrulha Noturna - Pólvora - Selvagem - Teerã

5.1 Análise das músicas

A análise das músicas seguirá o critério de ordem alfabética conforme as categorias de assunto acima relacionadas.

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O Beco

No beco escuro explode a violência – (categoria de assunto – violência e repressão) Eu tava preparado Descobri mil maneiras de dizer o seu nome Com amor, ódio, urgência Ou como se não fosse nada No beco escuro explode a violência Eu tava acordado Ruínas de igrejas, seitas sem nome Paixão, insônia, doença Liberdade vigiada – (categoria de assunto – censura) No beco escuro explode a violência No meio da madrugada Com amor, ódio, urgência Ou como se não fosse nada Mas nada perturba o meu sono pesado Nada levanta aquele corpo jogado Nada atrapalha aquele bar ali na esquina Aquela fila de cinema Nada mais me deixa chocado Nada!

O contexto da música repassa o período pós-ditadura, onde a liberdade de expressão que fora dada era vigiada e a violência explodia as escondidas. Também retrata o descaso das pessoas, a frieza com que encaramos os problemas da sociedade atual: “Nada mais me deixa chocado, nada!”. O que pode levar a essa conduta é a repressão imposta pela violência e pela censura.

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O Homem

O homem traz em si a santidade e o pecado Lutando no seu íntimo Sem que nenhum dos dois prevaleça O homem tolo se põe a lutar por um lado Até perceber Que golpeia e sente a dor Ele é o alvo da própria violência Só então vê Que às vezes o covarde é o que não mata Que às vezes é o infiel que não trai Às vezes benfeitor é quem maltrata Nenhuma doutrina mais me satisfaz - (Categoria de assunto – Religião) Nenhuma mais

Nessa canção o dilema tão vivido por cada um de nós, a eterna luta do “bem contra o mal”. E ainda a crítica a religião e suas doutrinas, bem como as falsas aparências, onde nem sempre o que parece ser o certo o é de verdade.

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Patrulha Noturna

Desce daí garoto Senão atiro em você – (Categria de assunto – Violência) Porque cê não mostra que é homem Porque cê não tenta correr Qual é seu guarda Que papo careta Só tô tirando chinfra Com a minha lambreta Tá bem seu guarda, Que papo careta Só tô tirando chinfra Com a minha lambreta Tá bem seu guarda eu me rendo Eu reconheço que sou marginal Eu colo nas provas da escola Eu gosto de ver nu frontal Qual é seu guarda Que papo careta Só tô tirando chinfra Com a minha lambreta

Polícia é fogo, meu chapa Combate o crime de verdade Prende os garotos de moto Para moralizar a cidade- (Categoria de assunto – Censura) Qual é seu guarda Que papo careta Só tô tirando chinfra Com a minha lambreta

A música apresenta nas entrelinhas resquícios da Ditadura Militar, onde a polícia tentava repreender toda atitude, mesmo aquelas que não apresentavam risco nenhum à sociedade, usando dessa forma do abuso de poder, para dar satisfação, “mostrar serviço”. Desviando muitas vezes o foco de atos criminosos que realmente ofereciam perigo à sociedade.

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Selvagem

A polícia apresenta suas armas – (Categoria de assunto – Violência) Escudos transparentes, cassetetes Capacetes reluzentes E a determinação de manter tudo Em seu lugar – (Categoria de assunto – Censura) O governo apresenta suas armas Discurso reticente, novidade inconsistente E a liberdade cai por terra – (Categoria de assunto – Repressão) Aos pés de um filme de Godard A cidade apresenta suas armas Meninos nos sinais, mendigos pelos cantos – (Categoria de assunto – Desigualdade Social) E o espanto está nos olhos de quem vê O grande monstro a se criar Os negros apresentam suas armas As costas marcadas, as mãos calejadas – (Categoria de assunto – Repressão) E a esperteza que só tem quem tá Cansado de apanhar

Selvagem, passa a nítida e clara consequência de uma sociedade injusta e desigual, a violência. Onde cada “lado” apresenta suas armas e cada um dá o que tem. A polícia, com seus poderes que não passam do campo simbólico; O governo, com um discurso antigo e nada convincente; A cidade, com nossas crianças de rua nos sinais a pedir esmolas e fazer trabalhos infantis e crimes; Os negros, que por sua vez, ainda na década, vivem o preconceito.

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Alagados

Todo dia o sol da manhã Vem e lhes desafia Traz do sonho pro mundo Quem já não o queria Palafitas, trapiches, farrapos Filhos da mesma agonia E a cidade que tem braços abertos Num cartão postal Com os punhos fechados na vida real Lhe nega oportunidades – (Categoria de assunto – Desigualdade Social) Mostra a face dura do mal Alagados, Trenchtown, Favela da Maré A esperança não vem do mar Nem das antenas de TV A arte de viver da fé Só não se sabe fé em quê – (Categoria de assunto – Religião) A arte de viver da fé Só não se sabe fé em quê Todo dia o sol da manhã Vem e lhes desafia Traz do sonho pro mundo Quem já não o queria Palafitas, trapiches, farrapos Filhos da mesma agonia E a cidade que tem braços abertos Num cartão postal Com os punhos fechados na vida real Lhe nega oportunidades – (Categoria de assunto – Desigualdade Social) Mostra a face dura do mal Alagados, Trenchtown, Favela da Maré A esperança não vem do mar Nem das antenas de TV A arte de viver da fé Só não se sabe fé em quê A arte de viver da fé Só não se sabe fé em quê Alagados, Trenchtown, Favela da Maré A esperança não vem do mar Nem das antenas de TV A arte de viver da fé Só não se sabe fé em quê A arte de viver da fé Só não se sabe fé em quê

Alagados, Trenchtown, Favela da Maré A esperança não vem do mar 35

Nem das antenas de TV A arte de viver da fé Só não se sabe fé em quê A arte de viver da fé Só não se sabe fé em quê Alagados, Trenchtown, Favela da Maré A esperança não vem do mar Nem das antenas de TV A arte de viver da fé Só não se sabe fé em quê A arte de viver da fé Mas a arte de viver da fé Só não se sabe fé em quê A arte de viver da fé Só não se sabe fé em quê A arte de viver da fé

Alagados, descreve quase que toda a realidade, o contexto da década de 80. Fala da dificuldade de se viver em uma grande cidade como Rio de Janeiro, da desigualdade social, da miséria e pobreza. Cita o Cristo Redentor usando-o como metáfora: “...e a cidade que tem braços abertos num cartão postal, com os punhos fechados na vida real lhe nega oportunidades, mostra a face dura do mal...” Mostra também a realidade das favelas e o crescimento das mesmas e a total desesperança em que se encontram os cidadãos que a habitam: “...a arte de viver da fé, só não se sabe fé em que...”

Alagados é o nome de uma favela de Salvador, Favela da Maré, do Rio de Janeiro, e Trenchtown, da Ja maica, onde viveram músicos famosos de reggae, como Bob Marley, Bunny Wailer e Peter Tosh, que formavam inicialmente a banda The Wailers. O próprio Bob cita a terra natal na sua mais famosa música, No Woman no Cry (“I remember when we used to sit / In the government yard in Trenchtown“). O objetivo é fazer uma comparação entre a vida nessas três favelas, onde a miséria é miséria em qualquer canto do mundo.

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A Novidade

A novidade veio dar a praia Na qualidade rara de sereia Metade o busto de uma deusa maia Metade um grande rabo de baleia A novidade era o máximo Um paradoxo estendido na areia Alguns a desejar seus beijos de deusa Outros a desejar seu rabo pra ceia O mundo tão desigual Tudo é tão desigual O, o, o, o... De um lado esse carnaval De outro a fome total - (Categoria de assunto – Desigualdade Social) O, o, o, o... E a novidade que seria um sonho O milagre risonho da sereia Virava um pesadelo tão medonho Ali naquela praia, ali na areia A novidade era a guerra Entre o feliz poeta e o esfomeado Estraçalhando uma sereia bonita Despedaçando o sonho pra cada lado Ô Mundo tão desigual... A Novidade era o máximo... Ô Mundo tão desigual... – (Categoria de assunto – Desigualdade Social)

Mais uma vez a desigualdade social vivida na época vem à tona e a música deixa claro isso, onde a “novidade” era a guerra entre o poeta que almejava a sereia e o esfomeado que a via como o alimento para matar sua fome. É feita também uma comparação: “de um lado esse carnaval, de outro a fome total...”, o que mostra o mundo desigual em que viviam e que se vive até os dias atuais.

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Dos restos

Do lixo deixado Dos restos que o mundo Não tem como esconder Nos cantos escuros Nas fendas dos muros – (Categoria de assunto – Desigualdade Social) Veja se você vê Surgem novas criaturas Novos pontos de interrogação Nossa casa não é mais tão segura – (Categoria de assunto – Violência) E as crianças querem alguma explicação Mas é preciso coragem pra não desistir E não achar que tudo que vivemos foi em vão Pra essa nova moral oportunista Eu me viro e digo não

Mais uma vez critica o surgimento de uma realidade, que deveria ter sido mais democrática e realmente sem censura. Onde só aparece o beleza das grandes cidades e a miséria e a fome da população fica nos “cantos escuros, nas fendas dos muros!”

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Perplexo

Tentei te entender Você não soube explicar Fiz questão de ir lá ver Não consegui enxergar Desempregado, despejado, sem ter onde cair morto – (Categoria de assunto – Desigualdade Social) Endividado sem ter mais com que pagar Nesse país, nesse país, nesse país Que alguém te disse que era nosso – (Categoria de assunto – Política) Ah, ah, ah, ah... Mandaram avisar Que agora tudo mudou Eu quis acreditar Outra mudança chegou Fim da censura, do dinheiro, muda nome, corta zero – (Categoria de assunto – Economia) Entra na fila de outra fila pra pagar Quero entender, quero entender, quero entender Tudo o que eu posso e o que não posso – (Categoria de assunto – Censura) Não penso mais no futuro É tudo imprevisível Posso morrer de vergonha Mas eu ainda estou vivo Segunda-feira, Terça-feira, Quarta-feira Quinta-feira, Sexta-feira, Sábado de aleluia Eu vou lutar, eu vou lutar Eu sou Maguila, não sou Tyson.

Em perplexo se vê uma música de protesto. A Nova República trouxe ao Brasil um sentimento de que o Brasil se elevaria economicamente e socialmente, o que não se viu de forma concreta, já que Tancredo nem se quer chegou a assumir o poder. Logo Sarney assumiu e criou o plano cruzado que teve como principal conseqüência a privatização das estatais. Vê- se também uma crítica as classes sociais, a desigualdade social e a problemas que essa sociedade esconde como o desemprego.

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Encruzilhada

Tava deitado e o telefone tocou Me levantei, liguei meu abajur Quem me chamava era o meu amor Que sussurava numa voz febril Ficara presa no elevador Havíamos saído com uma turma legal Comemos feijoada, couve e pernil Já na saída ela passava mal, O elevador de serviço em manutenção Ela subiu pelo social No telefone o meu amor chorou Nem me contou como o porteiro abriu Agora veja que situação Não sei se falo mal da safra do feijão – (Categoria de assunto – Economia) Ou da imperfeição da indústria do Brasil – (Categoria de assunto – Economia)

“Não sei se falo mal da safra do feijão ou da imperfeição da indústria no Brasil”. Neste verso a banda toca no assunto indústrial e de como o País se encontava na época com uma crise na indústria onde o Brasil ficou muito mais vulnerável, com direitos a ataques especulativos a sua moeda e relativamente atrasado, quando se fala em competitividade em relação às economias mais avançadas ou mesmo aos países em estágio semelhante ao país.

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Big Bang

Se o sol pudesse ver Tudo que iria acontecer Talvez não nascesse aquele dia Se as orações das mães Tivessem sido ouvidas Nada disso acontecia

Mas naquele dia até Deus se escondeu Não quis ouvir pedidos de socorro A voz da razão sumiu Quando a polícia civil subiu o morro – (Categoria de assunto – Violência) Fogo sobre os dois irmãos – (Categoria de assunto – Violência) Nem mão nem contra-mão É só sangue, terra e cocaína - (Categoria de assunto – Violência) A ferida rasga a terra e mostra um coração Que sangra e se contamina Mas naquele dia até Deus se escondeu - (Categoria de assunto – Religião) Não quis ouvir pedidos de socorro A voz da razão sumiu

A música retrata a violência das grandes cidades bem como a desigualdade social. A invasão de favelas feitas por policias que usam como artifício suas armas e a forma violenta de punir. Dessa forma vemos que o inocente paga também pelo “pecador”. E por fim, a crítica meio que velada a fé, “ Mas naquele dia até Deus se escondeu, não quis ouvir pedidos de socorro...”

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Pólvora

As teorias que explicam o universo Os versos que vasculham o coração Os garis, estivadores e arquitetos A fé manipulada dos cristãos - (Categoria de assunto – Religião) As alegrias, alergias, os afetos Os fatos, frases, a simulação O país ajoelhado, a morte, o sexo A culpa e o olhar de acusação - (Categoria de assunto – Repressão e Censura) O que é tudo isso diante da Pólvora? (Dessa paixão que se renova) Os dias, datas de aniversário Os quartos de hotel, o avião Os livros, discos, dicionários A madrugada e o olhar sem direção Os velhos, as crianças e os parques Os templos, tumbas e memoriais A nova velha forma do desastre Bandeiras, panos, lenços, aventais O que é tudo isso diante da pólvora? (Dessa paixão que se renova)

Crítica - Religião – Guerras – Violência.

Pólvora, como o próprio conceito diz é uma mistura inflamável e explosiva, na canção, a pólvora é sempre algo prestes a explodir, a religião e a manipulação; a repressão; a censura e a violência.

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Teerã

Por quanto tempo ainda vamos ver Fotografias pela manhã Imagens de dor Lições do passado Recentes demais pra esquecer E o futuro o que trará Para as crianças em Teerã Brincar de soldado por entre os escombros Os corpos deitados não fingem mais - (Categoria de assunto – Violência) E as marcas de sangue no chão são lembranças difíceis de apagar - (Categoria de assunto – Violência) Será que ainda existe razão pra viver Em Teerã Por quanto tempo ainda vamos ter Nas noites frias e nas manhãs Imagens de dor Em rostos marcados Pequenos demais pra se defender E o futuro o que trará Se essas crianças vão sempre estar Pedindo trocado pros vidros fechados – (Categoria de assunto – Desigualdade Social) Sentando no asfalto sem perceber Que as marcas de sangue no chão são lembranças difíceis de apagar Será que ainda existe razão pra viver Em Teerã

Durante a guerra Irã-Iraque entre 1980 e 1981, Teerã foi repetidamente atacada por mísseis tipo scud, resultando em milhares de mortes e ferimentos entre a população civil.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

No decorrer de todo o trabalho preocupo-se em analisar as letras das músicas da Banda Paralamas do Sucesso, como importante fonte de informação sobre a realidade da década de 1980.

Vimos que dentre os diversos tipos de fontes de informação, a música aqui analisada, têm um papel importante como repassadora de informação seja ela política ou ideológica e que apesar de não ser uma fonte comum, conhecida como tal, a música traz em si todo um potencial para sê-lo.

Através da análise do conteúdo, percebemos que a informação estava embutida na letra de cada música analisada e que as categorias de assuntos nos revelaram nas entrelinhas até mesmo o que as músicas não passavam claramente.

As narrativas da Banda Paralamas do Sucesso como fontes de informação, trazem inúmeras informações sobre a cultura, os costumes, a política, economia de uma sociedade, aqui da década de 80. Elas podem, através das informações, mobilizarem os sentidos, quer seja reforçando ou reordenando as significações instituídas, quer seja esclarecendo sentidos antigos ou criando novos sentidos, ideologias e posições dos sujeitos dentro de suas relações em sociedade.

Concluímos que toda uma história, seu contexto, sua política e ideologia foram passadas pelas canções, percebemos claramente isso, quando fizemos nossa viagem pelo contexto histórico da década de 80 e comparamos na análise do conteúdo das músicas.

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REFERÊNCIAS

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CAMPELLO, Bernadete Santos. Formas e expressões do conhecimento: Introdução às Fontes de Informação. Belo Horizonte: Escola de Biblioteconomia da UFMG, 1998.

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CUNHA, Murilo Bastos da. Para saber mais: Fontes de Informação em ciência e tecnologia. Brasília: Brinquet de Lemos, 2001.

FRANÇA, Jamari. Os Paralamas do Sucesso - Vamo Batê Lata. São Paulo: Editora 34, 2003.

FRANCO, M.L.P.B. Análise de Conteúdo. 2 ed. Brasília: Líber Livro Editora, 2005.

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LIPOVETSKY, Gilles. Os tempos hipermodernos. São Paulo: Barcarolla, 2004.

SAINERA, Glória Carrizo. Manual de Fuentes de Informacion. Madrid: Confederación espãnola de Gremios y Associaciones de Libreros, 1994.