A Única Coisa
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NÃO VAI PEGAR NENHUM DOS DOIS. PROVÉRBIO RUSSO 1 A ÚNICA COISA “Viva como um selo postal – cole-se num único objetivo até alcançá-lo.” Josh Billings Em 7 de junho de 1991, a terra tremeu durante 112 minutos. Não tremeu, na verdade, mas, para mim, foi como se tivesse tremido. Eu estava assistindo à comédia do momento, Amigos, sempre amigos, e as risadas da plateia chacoalhavam e agitavam o cinema. Considerado um dos filmes mais divertidos de todos os tempos, ele oferecia também doses inesperadas de sabedoria e compreensão. Numa cena memorável, Curly, o caubói resoluto interpretado pelo finado Jack Palance, e o inexperiente Mitch, interpretado por Billy Crystal, deixam o grupo para procurar animais desgarrados do bando. Embora tivessem passado boa parte do filme em conflito, cavalgando juntos eles finalmente conseguem estabelecer uma conexão, durante uma conversa sobre a vida. Subitamente, Curly faz seu cavalo parar e se vira sobre a cela para olhar Mitch. Curly: Sabe qual é o segredo da vida? Mitch: Não. Qual é? Curly: Isto. [Ele mostra um dedo.] Mitch: Seu dedo? Curly: Uma coisa. Uma única coisa. Concentre-se nisso, e o resto não vale mais nada. Mitch: Que ótimo, mas que “única coisa” é essa? Curly: Isso é o que você precisa descobrir. Da boca de um personagem fictício chega a nossos ouvidos o segredo do sucesso. Se os roteiristas o conheciam ou se trombaram na ideia sem querer, o fato é que escreveram a mais pura verdade. Uma única coisa é o melhor caminho para você conseguir o que quer. Eu não entendi a ideia muito bem até algum tempo depois. Vivera experiências de sucesso no passado, mas tive de dar com a cara na parede para começar a conectar meus resultados com o caminho que segui. Em menos de uma década, construímos uma companhia de sucesso com ambições nacionais e internacionais, mas de repente as coisas pararam de funcionar. Apesar de toda a dedicação e o trabalho duro, minha vida virou uma bagunça, e eu sentia como se tudo ruísse ao meu redor. Eu estava falhando. ALGUMA COISA TINHA QUE CEDER Eu me sentia como se tivesse encontrado a ponta de uma pequena corda, que lembrava, assustadoramente, uma forca, e procurei ajuda, encontrando-a na figura de um coach. Expliquei-lhe toda a minha situação e falei dos desafios que vinha enfrentando, tanto pessoal quanto profissionalmente. Revisitamos meus objetivos e a trajetória que queria para a minha vida. Com todos os problemas em mãos, ele se pôs a procurar respostas, dedicado a uma pesquisa extensa. Quando nos encontramos de novo, ele trouxe meu gráfico organizacional – essencialmente, a companhia inteira vista de cima – e colocou-o na parede. Nossa discussão começou com uma pergunta simples: “Você sabe o que fazer para mudar essa situação?”. Eu não fazia ideia. Ele disse que eu precisava fazer apenas uma coisa. Havia identificado catorze cargos que precisavam de novos talentos, e acreditava que, com gente nova nesses pontos-chave, a empresa, meu trabalho e minha vida passariam por uma mudança radical, e para melhor. Fiquei chocado e deixei claro que eu imaginava que precisaria de muito mais que isso. Ele disse: “Não. Jesus precisou de doze, mas você vai precisar de catorze”. Foi um momento transformador. Eu jamais poderia imaginar como tão pouco poderia mudar tanta coisa. Ficou óbvio que, por mais focado que eu estivesse, não estava focado o suficiente. Encontrar catorze pessoas era, sem dúvida, a coisa mais importante que eu podia fazer. Então, com base nessa reunião, tomei uma grande decisão: demiti a mim mesmo. Deixei de ser CEO e tornei a busca por essas catorze pessoas o meu foco principal. Dessa vez, a terra tremeu de verdade. Em três anos, entramos num período de crescimento sustentável médio anual de 40%, que durou quase uma década. Passamos de ator regional para competidor internacional. Obtivemos sucesso extraordinário, e nunca olhamos para trás. Ao longo do tempo, conforme o sucesso gerava ainda mais sucesso, aconteceu outra coisa: emergiu o idioma da ÚNICA Coisa. Depois de ter encontrado os catorze profissionais, comecei a trabalhar com os funcionários top para construir suas carreiras e seus negócios. Por força do hábito, eu terminava as conversas de coaching com uma recapitulação do punhado de coisas que havíamos combinado, que eles cumpririam até a sessão seguinte. Infelizmente, muitos realizavam boa parte das tarefas, mas não necessariamente a mais importante. Menos resultados. Mais frustração. Então, numa tentativa de ajudá-los a obter êxito, comecei a encurtar a lista: “Você podia fazer apenas três coisas esta semana...”; “Que tal fazer só duas coisas esta semana...?”. Finalmente, por desespero, fui o mais simples que pude e perguntei: “Qual é a ÚNICA Coisa que você pode fazer esta semana de modo a tornar o restante mais fácil ou desnecessário?”. E a coisa mais incrível aconteceu. Os resultados foram estratosféricos. Depois dessas experiências, revisei meus sucessos e fracassos e descobri um padrão interessante. Quando obtive grande sucesso, eu havia focado minha concentração em uma única coisa, e quando meu sucesso vacilou, meu foco havia feito o mesmo. E assim se fez a luz. SER MAIS SIMPLES Se todo mundo tem o mesmo número de horas num dia, por que algumas pessoas parecem conseguir fazer muito mais do que outras? Como fazem mais, alcançam mais, ganham mais, têm mais? Se o tempo é a moeda das conquistas, então por que alguns são capazes de engordar seus cofres com mais notas que outros? A resposta está no fato de que o núcleo de sua abordagem é justamente atingir o núcleo das coisas. Essas pessoas focam no mais simples. Quando você quiser a melhor chance de obter êxito em qualquer coisa que deseja, o caminho a seguir é sempre o mesmo: seja simples. “Ser simples” é ignorar todas as coisas que você poderia fazer, preocupando-se com o que deve fazer. É reconhecer que nem tudo tem a mesma importância e descobrir as coisas que são mais importantes. É conectar com mais vigor o que você faz com o que você quer. É compreender que resultados extraordinários são diretamente determinados por quão específico você pode tornar seu foco. O jeito de extrair o melhor de seu trabalho e de sua vida é ser o mais simples possível. A maioria das pessoas pensa apenas no oposto disso. Pensam que sucesso grandioso consome tempo e é complicado. Como resultado, seus calendários e suas listas de afazeres acabam abarrotados e esmagadores. O sucesso começa a parecer fora de alcance, então elas passam a contentar-se com menos. Sem saberem que o sucesso maior vem quando fazem poucas coisas da melhor forma possível, perdem-se tentando fazer demais e, no fim das contas, realizam de menos. Com o tempo, reduzem suas expectativas, abandonam seus sonhos e permitem que suas vidas fiquem simples. Esse é o jeito errado de ser simples. Você tem quantia limitada de tempo e energia, portanto, quando se espalha, acaba disperso demais. Quer que suas conquistas somem, mas, na verdade, isso demanda subtração, não adição. É preciso fazer menos coisas para obter mais efeito, em vez de fazer mais coisas com efeitos colaterais. O problema em tentar fazer demais é que, ainda que funcione, acrescentar mais a seu trabalho e sua vida, sem cortar nada, traz muitos problemas: prazos não cumpridos, resultados decepcionantes, muito estresse, tédio, menos sono, má alimentação, nada de exercício e a perda de momentos com a família e os amigos – tudo em nome de correr atrás de uma coisa que é mais fácil de conseguir do que você imagina. Ser simples é um caminho fácil de seguir em busca de resultados extraordinários, e dá certo. Dá certo o tempo todo, em qualquer lugar e com qualquer coisa. Por quê? Porque tem apenas um propósito: levar você direto ao seu objetivo. Quando você deixa tudo o mais simples possível, foca em uma única coisa. E a ideia é essa. O EFEITO DOMINÓ 2 “Toda grande mudança começa como dominós em queda.” B. J. Thornton Em Leeuwarden, na Noruega, no Dia do Dominó, 13 de novembro de 2009, a Weijers Domino Productions coordenou a queda de dominó que bateu o recorde de maior do mundo, alinhando mais de 4.491.863 peças numa estrutura estonteante. Nesse evento, uma única delas colocou em movimento uma queda de dominós que deflagrou, cumulativamente, mais de 94.000 joules de energia, quantia gasta por um homem de porte médio para executar 545 flexões de braço. Cada dominó em pé representa uma pequena porção de energia potencial; quanto mais são alinhados, mais energia potencial é acumulada. Alinhe o bastante e, com um simples toque, você pode iniciar uma reação em cadeia de poder surpreendente.