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Os intelectuais e a política cultural: os casos da editora El Puente e do periódico El Caimán Barbudo

Silvia Cezar Miskulin 1

Nesta comunicação, apresentarei as trajetórias da editora El Puente e do suplemento cultural El Caimán Barbudo , que surgiram nos anos 60 em , em meio a efervescência política e artística que predominou nos anos que se seguiram após o triunfo da Revolução. Esses dois casos específicos foram escolhidos como centro de uma análise mais abrangente sobre o confronto entre política cultural oficial do governo e certos setores da intelectualidade cubana que não aceitavam as diretrizes oficiais nas décadas de 1960 e 1970. Com o triunfo da Revolução, desenvolveu-se em Cuba uma intensa movimentação cultural, marcada pelo surgimento de novas publicações (suplementos, jornais e revistas), instituições, editoras, teatros e inúmeras outras manifestações artísticas e musicais. Os intelectuais e artistas estavam entusiasmados diante das novas possibilidades que se abriam em Cuba para desenvolver suas criações. Mas uma política cultural oficial logo teve início. Seu marco inicial foi o discurso Palabras a los intelectuales , lido por Fidel Castro em junho de 1961, em que foram anunciados os direitos e deveres dos intelectuais: “Esto significa que dentro de la Revolución, todo; contra la Revolución nada.” 2. Definia-se a liberdade de expressão dos artistas e escritores, já que Fidel Castro delimitava claramente o papel dos intelectuais na luta pela defesa da Revolução. Este discurso foi proferido em reunião na Biblioteca Nacional José Martí , que debateu e ratificou a proibição ao documentário P.M. , dirigido por Orlando Jiménez-Leal e Sabá Cabrera Infante, que havia sido censurado pelo Icaic por ser considerado “decadente e contra-revolucionário”, ao mostrar a noite e os boêmios de . A criação da Unión de Escritores y Artistas de Cuba (Uneac ) foi uma das importantes deliberações do Primeiro Congresso Nacional de Escritores e Artistas, realizado em agosto de

1 Doutoranda em História Social da USP. 2 CASTRO, Fidel. Palabras a los intelectuales. Havana, Ediciones del Consejo Nacional de Cultura, 1961, p.11. 1

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1961, quando se definiu que as políticas culturais priorizariam a “elaboração de uma nova criação cultural vinculada aos elementos da nacionalidade cubana e às preocupações do povo de Cuba” 3. O fechamento de Lunes de Revolución , ocorreu pouco depois, em novembro de 1961, explicitando os conflitos entre o grupo que editava o suplemento (dirigido por Guillermo Cabrera Infante e Pablo Armando Fernández) e o governo. Lunes era um suplemento aberto, cosmopolita, que publicava as vanguardas e os beatniks e incentivava a experimentação literária. O suplemento editava artigos políticos, defendia as conquistas da Revolução, mas não publicava apenas textos de marxistas-leninistas, e sim de distintas concepções ideológicas de esquerda. O perfil eclético e polêmico da publicação, tanto em termos estéticos, como em termos políticos, não se enquadrava dentro dos parâmetros da política cultural estabelecida em 1961, levando o governo a tomar a decisão de fechar Lunes de Revolución 4 já neste Primeiro Congresso Nacional de Escritores e Artistas. Depois de 1959, diversas editoras surgiram e o incentivo às publicações teve um aumento significativo. A editora Imprenta Nacional, criada em 1960, foi dirigida por Alejo Carpentier, publicando obras de cubanos e de intelectuais estrangeiros, com edições populares, visando ser acessível à maioria da população. A Ediciones R, criada em maio de 1960, foi dirigida inicialmente por Guillermo Cabrera Infante e por Virgilio Piñera, entre 1961 e 1964. A editora, organizada pelos escritores que colaboravam em Lunes de Revolución, publicava obras de autores cubanos ligados ao grupo, destacando-se poesia, conto, romance, teatro, ensaio e reportagem. A editora El Puente nasceu em 1960, dirigida pelo poeta José Mario Rodríguez, e publicava textos de jovens intelectuais, entre eles, os escritores Ana María Simo, Manuel Ballagas, Miguel Barnet, Nancy Morejón, Belkis Cuza Malé, Delfín Prats, Reinaldo Felipe (pseudônimo de Reinaldo Garcia Ramos), Isel Rivero, Georgina Herrera e Mercedes Cortázar. Muitos destes escritores produziam poesia, mas o grupo também reuniu muitos dramaturgos como Nicolás Dorr, José Ramon Brene, Gerardo Fulleda León e Eugenio Hernández Espinosa. Este último, embora não tenha publicado na editora, estava próximo ao grupo. El Puente destacou-se por ser uma editora aberta e polêmica, publicando obras literárias inovadoras em sua estética, de escritores jovens, de mulheres e de negras (como Nancy Morejón

3 Ver: “Declaración final del Primer Congreso Nacional de Escritores y Artistas de Cuba.” In: Lunes de Revolución , n. 120, Havana, 28/8/1961, pp.32-33. 4 Ver: MISKULIN, Sílvia Cezar. “Cultura e política em Cuba: os debates em Lunes de Revolución .” São Paulo, Dep. de História, Universidade de São Paulo, 2000. Dissertação de Mestrado (mimeo). Apoio e financiamento da Fapesp. 2

Belo Horizonte - 2000 Anais Eletrônicos do V Encontro da ANPHLAC ISBN 85-903587-1-2 e Georgina Herrera, que eram de origem social popular), ou de homossexuais (como José Mario, Ana María Simo, Mercedes Cortázar, Reinaldo Felipe e Isel Rivero), dando espaço para as minorias e rompendo certos preconceitos. Nancy Morejón, que ganhou recentemente o Premio Nacional de Literatura 2001 em Cuba, destacou a importância da editora e de como o grupo contrapunha-se a Lunes de Revolución : “El Puente resultó vital para nosotros, para mí, en el plano personal. Un buen día llegó José Mario Rodríguez, su director, y me pidió unos poemas… Fue la primera editorial desinteresada, que quiso publicar poemas míos, sin segundas ni terceras intenciones. Trataba de ser un espacio frente a todo el poder de distribución y de omnipresencia que tenía Lunes de Revolución . Eso es lo que sé, lo que se ha dicho, lo que todos reconocen hoy. No se trata de juzgar a Lunes …; em mi intención no lo está, pero fuimos como una especie de alternativa.” 5 A editora conquistava cada vez um espaço maior no mundo cultural cubano, constituindo- se em uma alternativa rebelde para a juventude e ganhando grande importância. A publicação em 1962 da antologia Novísima Poesía Cubana , organizada por Ana María Simo e Reinaldo Felipe, foi um marco na conformação do grupo, pois não só reuniu todos os poetas que já estavam editando em El Puente , mas também seu prólogo pode ser tomado como uma verdadeira carta de intenções deste movimento literário. Ao se intitularem de novíssimos, os organizadores da antologia definiam o grupo como um movimento renovador de jovens na literatura cubana. Neste prólogo, reconheciam a importância da revista Orígenes , publicada de 1944 a 1956 por José Lezama Lima, como parte da importante tradição poética cubana, mas buscavam distanciar de seu tipo de poesia que acreditavam ser muito voltada a si própria. Definiam a poesia do grupo como parte de um outro momento e com o triunfo da Revolução buscavam uma nova temática e uma outra linguagem. Também criticaram a poesia propagandística, considerada muito afastada do que seria a obra de arte. Distanciavam-se destas duas vertentes da poesia cubana, já que a consideravam alheias ao homem: “De todo lo que antecede deben tener conciencia los jóvenes poetas si aspiran a una poesía que refleje al hombre en lo que tiene de común con los otros hombres, y en sus contradicciones; al hombre que existe, imagina y razona.” 6 Entretanto, segundo José Mario 7 a antologia recebeu duras críticas por ter publicado dois poetas que já em 1962 haviam se exilado, Isel Rivero e Mercedes Cortázar. Por outro lado, a

5 GRANT, María. “En los sitios de Nancy Morejon.” In: Opus Habana, v. VI, n. 1/2002, p.19. 6 FELIPE, Reinaldo; SIMO, Ana María (org.). Novísima Poesía Cubana. Havana, Ediciones El Puente, 1962, p.13. 7 MARIO, José. “La verídica história de Ediciones El Puente, La Habana, 1961-1965.” In: Revista Hispano Cubana , n.06. Madri, 1998. 3

Belo Horizonte - 2000 Anais Eletrônicos do V Encontro da ANPHLAC ISBN 85-903587-1-2 partir deste momento, a editora passou a estar sob a tutela da Uneac , que passou a distribuir seus livros e posteriormente a imprimi-los. Desta maneira, El Puente que era uma editora independente e que tinha total autonomia para decidir quais títulos publicar, foi se transformando em uma editora semi-estatal, apesar de sempre lutar para manter sua atitude crítica e independente, conforme declarou recentemente seu editor. Os editores promoviam outras atividades, como recitais com compositores e intérpretes de música feeling como Marta Valdés, Cesar Portillo de la Luz, José Antonio Méndez, Ela O’Farril, entre outros, no Clube Teatro El Gato Tuerto , que foram um grande sucesso de público. O grupo estava planejando publicar uma revista intitulada Resumen Literario El Puente I , para a qual traduziriam o poema Uivo de , sendo que os dois primeiros números estavam quase prontos, quando o grupo foi obrigado a dispersar-se. O fechamento de El Puente ocorreu em 1965, quando Nicolás Guillén, Presidente da Uneac , comunicou a José Mario que a instituição não se responsabilizava mais pela editora, já que Fidel Castro havia feito críticas a El Puente, por ocasião de seu encontro com estudantes e professores de filosofia na Universidade de Havana, entre eles Jesús Díaz. Fidel Castro teria participado da decisão de fechar a editora, segundo análise da pesquisadora francesa Liliane Hasson, ao dizer aos estudantes de filosofia: “El Puente lo vuelo yo” 8 e ao criticar abertamente o livro de contos de Manuel Ballagas Con temor , que encontrava-se no prelo. Na versão de José Mario, ele diz que esta crítica de Fidel pode tanto ter acontecido realmente, como pode ter sido um rumor que se espalhou por Havana, que se somava às críticas que as publicações oficiais comunistas vinham fazendo a editora. A editora era acusada de incentivar o poder negro, pois havia muitos negros no grupo e também seus colaboradores eram criticados por suas atividades sexuais. Os escritores Fayad Jamis, membro do partido comunista e Onelio Jorge Cardoso, retiraram da impressão o livro de Manuel Ballagas, acusando-o de uma temática escabrosa e de corrupção de jovens, já que o livro trabalhava com os problemas sexuais de um adolescente. José Mario relatou como ele e Manuel Ballagas foram presos durante a estadia de Allen Ginsberg na ilha, mas soltos graças a sua intervenção junto a Casa de las Américas e Uneac. Ginsberg esteve em Cuba em 1965, como membro do júri de poesia do Concurso Casa de las

8 CASTRO, Fidel apud HASSON, Liliane. “Le discours sur la culture cubaine dans Mundo Nuevo (1966-1971)”. In: América. Cahiers du CRICCAL (Centre de Recherches Interuniversitaire sur les Champs Culturels en Amérique Latine), n.9-10, Le discours culturel dans les revues latino-américaines de 1940 à 1970. Paris, Presses de la Sorbonne Nouvelle, 1992, p. 71. 4

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Américas e acabou sendo deportado para Praga, por ter feito “declarações escandalosas”, ao manifestar seu desejo por , propagar boatos de que Raúl Castro era homossexual e ao questionar a proibição ao consumo de maconha. Em entrevista posterior ao episódio, Ginsberg relatou sua expulsão e a perseguição aos escritores de El Puente, que passaram a ser impedidos de publicar por serem homossexuais: “A polícia detinha na rua as pessoas de cabelo comprido e descia o pau nelas como ‘degeneradas’ e ‘existencialistas’. Um bando de garotos de um clube de poesia que eu conhecia muito bem, El Puente, estava na mira da polícia por causa disso; não podiam publicar nada e eram chamados de bichas. Uma noite, todo o grupo de escritores de Encuentro Inter- Americano, patrocinado pela Casa de las Americas, foi ao teatro assistir a um concerto de música feeling . Lá todo um numeroso grupo de jovens poetas foi confraternizar conosco. Pois a polícia os deteve, à saída. Disseram-lhes que não se metessem com estrangeiros. Ora, alguns dos meninos eram tradutores dos meus versos. Havia, então essa burocracia policial em Cuba, pesadíssima, e caía em cima da cultura, mas em termos de barbas, de tendências sexo-revolucionárias, de sociabilidade, de homossexualidade. Em outras palavras, não havia nenhuma revolução cultural autêntica.” 9 Após a expulsão de Ginsberg, José Mario foi preso 17 vezes, sendo que passou nove meses na Unidade Militar de Ayuda a la Producción (Umap) e esteve posteriormente na prisão militar La Cabaña , até que conseguiu exilar-se em 1968. 10 . Ana María Simo foi presa e internada em hospital psiquiátrico, sofrendo todo tipo de perseguições entre 1965 a 1967, quando conseguiu exilar-se na França. 11 . Anos depois, nos anos 70, René Ariza e Manuel Ballagas também foram condenados a muitos anos de prisão por “diversionismo ideológico”. A antologia Segunda Novísima de Poesía , que contava com a participação de Lilliam Moro, Lina de Feria, Guillermo Rodríguez Rivera, Pedro Pérez Sarduy, Pío E. Serrano e Gerardo Fulleda León, entre outros, foi impressa, mas José Mario não conseguiu retirar os exemplares da gráfica. O livro Con temor de Manuel Ballagas, que seria publicado em 1965 por El Puente , não foi editado. O governo pretendeu controlar a conduta sexual pública dos cubanos, visando principalmente os homossexuais e, entre eles, os intelectuais. Uma política de perseguição individualizada transformou-se, em 1964, numa política massiva de perseguição, com buscas e

9 Ver: GINSBERG, Allen. “Allen Young entrevista Allen Ginsberg.” In: LEYLAND, Winston (org.). Sexualidade & criação literária. As entrevistas do Gay sunshine. Trad. de Raul Sá Barbosa. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1980, p.100. 10 Ver: MARIO, José. “Allen Ginsberg en La Habana.” In: Mundo Nuevo. Paris, abril de 1969, pp.48-54. 11 Ver: ALMENDROS, Nestor; JIMENEZ-LEAL, Orlando. Conducta Impropia . Madri, Playor, 1984. 5

Belo Horizonte - 2000 Anais Eletrônicos do V Encontro da ANPHLAC ISBN 85-903587-1-2 internamentos de homossexuais (reais ou presumidos) nas Umaps , em Camaguey, que funcionavam como campos de concentração para os “desviados” ideológicos ou sexuais. Nas Umaps também eram presos todos os dissidentes, os hippies , os jovens que queriam sair do país, os religiosos (seminaristas católicos e ministros protestantes de igrejas do interior), os estudantes “depurados” das universidades, os intelectuais, os camponeses jovens que se recusavam a integrar-se às cooperativas e os proprietários de pequenos negócios urbanos. Além dos escritores de El Puente , o cantor e compositor Pablo Milanés também esteve preso na Umap , com o objetivo de “modificar sua conduta sexual considerada imprópria.” 12 As pressões internacionais foram significativas e colaboraram para que o governo decidisse fechar os campos em 1966. O escritor inglês Graham Greene viajou a Cuba como porta-voz das críticas internacionais e Fidel Castro mostrou-lhe alguns acampamentos já desativados em Camaguey. O vazio representado pelo fechamento de Lunes de Revolución e de El Puente procurou ser preenchido pelo novo suplemento literário El Caimán Barbudo , surgido em maio de 1966 como encarte mensal do jornal Juventud Rebelde 13 . Dirigido pelo escritor e professor de filosofia e letras, Jesús Díaz, El Caimán Barbudo teve como chefe de redação Guillermo Rodríguez Rivera, Juan Ayús como artista gráfico e como ilustrador José Luis Posada. Colaboravam no suplemento os escritores Luis Rogelio Nogueras, Raúl Rivero, Vítor Casaus, Félix Contreras e Norberto Fuentes, entre outros. O cantor e compositor Silvio Rodríguez tinha estreitas relações com o grupo, e fez parcerias em suas canções com alguns de seus membros. Segundo Jesús Díaz 14 , o fato de ele ter ganho o Prêmio Casa de las Américas em 1966, com seu livro Los años duros contribuiu para ter sido chamado para dirigir o suplemento, além do fato de ser amigo de Miguel Rodríguez Varela, que era neste momento diretor de Juventud Rebelde . Na época, ele tinha 24 anos e era o membro mais velho da equipe de colaboradores.

12 VILLAÇA, Mariana Martins. Tropicalismo (1967-1969) e Grupo de Experimentación Sonora (1969-1972): engajamento e experimentalismo na canção popular, no Brasil e em Cuba. São Paulo, Dep. de História, Universidade de São Paulo, 2000. Dissertação de Mestrado (mimeo), p. 67. 13 O diário Juventud Rebelde, órgão de imprensa da juventude do Partido Comunista Cubano, surgiu em outubro de 1965, ano em que se fundou o PCC. El Caimán Barbudo é publicado de 1966 até os dias de hoje. 14 DÍAZ, Jesús. “El fin de otra ilusión. A propósito de la quiebra de El Caimán Brabudo y la clausura de Pensamiento crítico.” In: Encuentro de la cultura cubana , n. 16/17. Madri, primavera/ verão de 2000, p.106. 6

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Em seu primeiro número, El Caimán Barbudo publicou o manifesto Nos pronunciamos , no qual escritores e jornalistas defendiam a poesia criativa, livre, de versos irregulares, por eles denominada “nova poesia cubana” e, ao mesmo tempo, manifestavam seu apoio à Revolução 15 : “No pretendemos hacer poesía a la Revolución. Queremos hacer poesía de, desde, por la Revolución. Una literatura revolucionaria no puede ser apologética. Existen, existirán siempre, conflictos sociales: una literatura revolucionaria tiene que enfrentar esos conflictos. No renunciamos a los llamados temas no sociales. El amor, el conflicto del hombre con la muerte, son circunstancias que afectan a todos, como es íntimo, personal, el auténtico fervor revolucionario. (…) Nos pronunciamos por la integración del habla cubana a la poesía. (…) Rechazamos la mala poesía, que trata de justificarse con denotaciones revolucionarias, repetidora de fórmulas pobres y gastadas: el poeta es un creador o no es nada. Rechazamos la mala poesía que trata de ampararse en palabras ‘poéticas’, que se impregna de una metafísisca de segunda mano para situar el hombre fuera de sus circunstancias: la poesía es un testimonio terrible y alegre y triste y esperanzado de nuestra permanencia en el mundo, con los hombres, entre los hombres, por los hombres, o no es nada.” 16 O manifesto repercutiu entre a intelectualidade, já que criticava tanto a concepção de poesia pura, como a poesia panfletária. Posteriormente os críticos literários chamaram essa poesia de poesía conversacional ou prosaísta 17 , já que buscava uma relação direta, uma comunicação com o público leitor e estava preocupada em relacionar-se com os problemas de sua época. Para Guillermo Rodríguez Rivera, este manifesto (que teria sido escrito por ele e assinado pelos demais escritores) contribuiu em muito para o predomínio da tendência poética conversacional na literatura cubana após a Revolução. Segundo sua versão, os escritores de El Puente Miguel Barnet e Nancy Morejón foram convidados, mas se recusaram a assinar o manifesto, pois declararam que achavam ingenuidade fazer pautas literárias de uma estética que estava apenas em seu início. Esta recusa entretanto é reveladora de tensões que estavam presentes entre os escritores da primeira geração após a Revolução, que se agruparam seja em torno de El Puente ou que se

15 O manifesto foi assinado por Orlando Alomá, Sigifredo Alvarez Conesa, Iván Gerardo Campanioni, Víctor Casaus, Félix Contreras, Froilán Escobar, Félix Guerra, Rolén Hernández, Luis Rogelio Nogueras, Helio Orovio, Guillermo Rodríguez Rivera e José Yanes. 16 “Nos pronunciamos”. In: El Caimán Barbudo , n.01. Havana, maio de 1966, p.11. 17 Ver: RODRÍGUEZ RIVERA, Guillermo. “La poesía de Luis Rogelio Nogueras.” In: Encuentro de la Cultura Cubana , n.18. Madri, 2000, pp. 223-233. 7

Belo Horizonte - 2000 Anais Eletrônicos do V Encontro da ANPHLAC ISBN 85-903587-1-2 reuniram nas páginas de El Caimán Barbudo. No mesmo ano em que surgiu o suplemento, Jesús Díaz foi convidado a participar de uma série de reportagens na revista La Gaceta de Cuba , que buscava definir a geração de escritores pós Revolução. Em seu artigo, ficou explícito o enfrentamento entre os dois grupos, quando Díaz assim definiu a sua geração: “Su primera manifestación de grupo fue la editorial El Puente, empollada por la fracción más disoluta y negativa de la generación actuante. Fue un fenómeno erróneo política y esteticamente. Hay que recalcar esto último, en general eran malos como artistas. Ahora se perfila otro grupo al que se le puede señalar las seguientes características: se manifiesta desde dentro de la Revolución; no es dogmático; asume la tarea artística como un trabajo, con las técnicas más avanzadas; no practica la política de ‘bombos mútuos’; se preocupa, déficit evidente en las generaciones anteriores, del trabajo teórico.” 18 Apesar da publicação ter dado direito de resposta a Ana Maria Simo, que publicou um artigo defendendo a editora El Puente , surgida como necessidade de publicação de jovens escritores que tinham uma estética revolucionária, sua posição foi novamente criticada por um outro artigo de Jesús Díaz, editado no número consecutivo de La Gaceta de Cuba . Esta polêmica foi reveladora de tensões entre dois grupos de escritores que foram acolhidos de maneira diferenciada pela política cultural oficial. Nas páginas de El Caimán Barbudo , escritores de gerações anteriores, como Alejo Carpentier, Lezama Lima, Nicolás Guillén, Virgilio Piñera, Eliseo Diego, Roberto Fernández Retamar, Lisandro Otero, Desiderio Navarro e Manuel Cofiño, entre outros, foram criticados e atacados por meio de epitáfios, muitos deles elaborados por Raúl Rivero. Estes questionamentos faziam parte da conformação de uma nova geração literária, que para auto afirmar-se, buscava desqualificar os escritores que o antecediam. Os principais colaboradores El Caimán Barbudo organizaram um grande evento intitulado Teresita y nosotros , no dia 1° de julho de 1967, na sala de teatro do Museu de Belas Artes, em homenagem a trovadora Teresita Fernández. Reafirmaram-se as propostas do manifesto Nos pronunciamos , reunindo um número considerável de escritores, artistas, músicos e cineastas, demonstrando a capacidade de articulação de diversos campos culturais 19 em torno de seu projeto. Canções de Teresita Fernández e Silvio Rodríguez (que se apresentou em público pela

18 DÍAZ, JESÚS. “Encuesta generacional.” In: La Gaceta de Cuba , n. 50. Havana, abril/maio de 1966, p.9. 19 Refiro-me ao conceito elaborado por Pierre Bourdieu; para ele, o campo cultural abrange o campo intelectual, artístico e literário. Segundo Bourdieu, “o campo literário é, como todo campo, o lugar de relações de força (e de 8

Belo Horizonte - 2000 Anais Eletrônicos do V Encontro da ANPHLAC ISBN 85-903587-1-2 primeira vez), leitura de poesias de Luis Rogelio Nogueras, Guillermo Rodríguez Rivera, Iván Campanioni, Félix Contreras e Félix Guerra, exposições de desenhos e fotografias e exibições de curta-metragens animaram a comemoração 20 . El Caimán Barbudo expandia seu projeto para outros espaços no campo cultural. Entretanto, os colaboradores de El Caimán Barbudo não conseguiram ficar por muito tempo na direção do suplemento. Os escritores Heberto Padilla e Lisandro Otero, este último Vice Presidente do Consejo Nacional de Cultura , travaram uma polêmica nas páginas de El Caimán Barbudo a respeito do prêmio Biblioteca Breve recebido em 1967 na Espanha, por Guillermo Cabrera Infante, por seu romance Tres Tristes Tigres. Lisandro Otero também concorreu ao prêmio com Pasión de Urbino . A pedido da direção de El Caimán Barbudo , Padilla escreveu um artigo e analisou muito negativamente o livro de Otero, ao mesmo tempo que elogiou o livro de Cabrera Infante. Seu artigo abriu uma polêmica não só com a direção do suplemento, mas também com a direção da UJC e estendeu-se por vários números. Como saldo final, a direção da UJC acabou desligando os escritores da direção de El Caimán Barbudo . A substituição da junta editorial do suplemento e a remoção de Jesús Díaz da direção de El Caimán Barbudo foi efetivada em janeiro de 1968, como consequência desta polêmica. 21 . A publicação continuou sendo editada ao longo dos anos 70, por outras equipes de escritores. No relato de Jesús Díaz, a polêmica em torno do artigo de Padilla foi o pretexto final para a troca de direção da publicação, já que foi apenas um dos motivos de atrito com a direção da UJC. Outros elementos contribuíram para a hostilização da UJC aos dirigentes do jornal: uma autocaricatura feita pelo desenhista Posada, que para a UJC era imoral; um conto de Carlos Victoria, que também foi considerado imoral por recriar uma masturbação; a seção de humor La carabina de Ambrosio , que lhes parecia desrespeitosa e herética; artigos criticando o Icaic , que lhes pareceram conflitivos em relação a uma instituição estatal; um poema de Juan Gelman, que chamava metaforicamente Fidel de El caballo ; e o conto Los diablos blancos de Sixto Quintela, que foi considerado ofensivo ao sistema e ao máximo líder. 22

lutas que visam transformá-las ou conservá-las)...”. Ver: BOURDIEU, Pierre. “Coisas ditas.” Trad. de Cássia R. da Silveira e Denise Moreno Pegorim. São Paulo: Brasiliense, 1990, p.170. 20 VILLAÇA, Mariana Martins.Op. cit., p. 43. 21 SERRANO, Pío E. “Quatro décadas de políticas culturales.” In: Revista Hispano-Cubana. Madri, n.4, maio- setembro de 1999, p. 46. 22 DÍAZ, Jesús. “El fin de otra ilusión. A propósito de la quiebra de El Caimán Brabudo y la clausura de Pensamiento crítico.” In: Encuentro de la cultura cubana , n. 16/17. Madri, primavera/ verão de 2000, p.110. 9

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El Caimán Barbudo da primeira época, como foi denominado, apesar de não ser uma publicação dissidente, foi entretanto uma publicação dissonante, ou seja não pode mais continuar a ser publicada pela equipe inicial de seus colaboradores, sobretudo diante do fechamento cultural que já se anunciava nos anos 60 e tornou-se evidente nos 70. Considerado um marco na política cultural oficial da Revolução, o Primeiro Congresso Nacional de Educação e Cultura realizou-se entre 23 a 30 de abril de 1971. Em seu discurso de encerramento do Congresso, Fidel Castro, dez anos depois de Palabras a los intelectuales , continuava a definir padrões morais, ideológicos e sexuais que deveriam guiar os intelectuais e educadores. Suas obras “eram uma arma da Revolução” e seriam “úteis para o povo, para a libertação do homem”. Fidel também teceu críticas aos intelectuais estrangeiros que publicaram cartas na imprensa internacional, condenando o caso Padilla 23 . As resoluções deste Congresso intensificaram a repressão aos intelectuais homossexuais, impedindo-os de exercer qualquer função educacional ou cultural em Cuba 24 . O endurecimento no campo cultural fez com que os anos 70 ficassem conhecidos como a “década gris da cultura cubana ”25 . O crítico literário Ambrosio Fornet, bastante afinado com a linha oficial governamental, reconheceu que 1971 representa o início do período conhecido como “quinquenio gris ”26 . A “ parametrización de la cultura cubana ” significou o estabelecimento de parâmetros ideológicos e morais que deveriam direcionar a conduta dos intelectuais. O diretor do Consejo Nacional de Cultura, Luis Pavón Tamayo, passou a impulsionar uma “campanha de saneamento”, em que muitos intelectuais e artistas foram expulsos de seus postos de trabalho, acusados de terem “conduta imprópria.” A partir deste momento, os intelectuais teriam que

23 O caso Padilla marcou o fim da “lua de mel” entre o governo revolucionário e a intelectualidade de esquerda internacional. Padilla ficou 28 dias preso e foi obrigado a fazer uma autocrítica, em que confessou ter conspirado contra a Revolução, envolvendo sua esposa Belkis Cuza Malé e os escritores Manuel Díaz Martínez, César López, Norberto Fuentes, Pablo Armando Fernández, Antón Arrufat, Lezama Lima e Virgilio Piñera. Sua autocrítica foi lida publicamente no salão de atos da Uneac , no dia 17 de abril de 1971, em sessão presidida por José Antonio Portuondo, quando Padilla viu-se obrigado a ampliar a sua confissão diante de muitos agentes de segurança do Estado, que filmaram o episódio. Ver: EDWARDS, Jorge. Persona non grata. Barcelona, Tusquets Editores, 1991 ; BARRETO, Teresa Cristófani; GIANERA, Pablo; SAMOILOVICH, Daniel. “Virgilio Piñera. Cronologia.” Trad. de Teresa Cristófani Barreto. In: Revista Usp , n.45. São Paulo, mar/mai 2000; PADILLA, Heberto. Fuera del juego . Miami, Ediciones Universal, 1998. 24 Ver: Resoluções do Primeiro Congresso Nacional de Educação e Cultura , São Paulo, Livramento, 1980, p. 29. 25 CANCIO ISLA, Wilfredo, apud, BARQUET, Jesús J. “El teatro cubano en la encrucijada sociopolítica (1959- 1990)”. In: La Palabra y el hombre , México, n.108, out-dez. 1998, p. 72. 26 FORNET, Ambrosio apud ESPINOSA, Carlos. “Uma dramaturgia escindida. Cronología.” In: Teatro cubano contemporáneo. Antología. Madri, Fundo de Cultura Economica, 1992, p.103. 10

Belo Horizonte - 2000 Anais Eletrônicos do V Encontro da ANPHLAC ISBN 85-903587-1-2 demonstrar “combatividade revolucionária”, ou seja participar como um militante das tarefas da Revolução 27 . As obras artísticas e literárias deveriam escolher temas épicos e triunfalistas, demonstrando uma orientação política rígida. Valorizavam-se obras didáticas, que “refletissem o momento de construção do socialismo em Cuba”. A crítica literária Mirta Aguirre defendeu o “realismo socialista cubano”, que para ela, se aproximava dos cânones do modelo soviético. 28 O realismo socialista foi incentivado sobretudo pelos intelectuais que aderiram ao Partido Comunista Cubano, ou ainda por aqueles que já eram militantes comunistas antes do triunfo da Revolução. Durante a década de 70, alguns congressos se destacaram enquanto definidores de políticas culturais. O Primeiro Congresso do Partido Comunista Cubano foi realizado em dezembro de 1975, ditando resoluções sobre cultura e reafirmando a idéia de que as obras de arte deveriam estar em consonância com “os interesses da sociedade socialista.” Em 1976, proclamou-se a nova Constituição da República Cubana, surgindo o Ministério da Cultura, sob a direção de Armando Hart. O êxodo de Mariel no ano de 1980, com o exílio de muitos intelectuais (entre eles Manuel Ballagas e Reinaldo Felipe, que publicaram em El Puente ) e homossexuais, foi um novo marco para a história cubana. 29 Nesta ocasião, dez mil pessoas se refugiaram na embaixada do Peru, pedindo asilo político e 120 mil pessoas deixaram Cuba pelo porto de Mariel, emigrando para os Estados Unidos, chegando a Key West, entre abril e setembro daquele ano. A realização do Segundo Congresso do Partido Comunista Cubano, em 1980, foi outro marco importante, sinalizando uma série de mudanças. Muitos intelectuais que tinham visto suas obras perseguidas foram ganhando espaço novamente. Iniciou-se lentamente uma retomada das experimentações da década de 60 e uma abertura crítica no mundo cultural vem se desenvolvendo, apesar de ser ainda bastante restritiva. Certos escritores e artistas começaram a contestar a repressão que alguns

27 BARQUET, Jesús J.Op. cit., p.71. 28 AGUIRRE, Mirta. “Realismo, realismo socialista y la posición cubana.” In: Estética selección de lecturas. Havana, Editorial Pueblo y Educación, 1987. O realismo socialista, política cultural implementada por Jdanov na União Soviética nos anos 30 e 40, buscou enquadrar as produções intelectuais dentro de normas patrióticas, otimistas, populares, com uma linguagem que fosse acessível ao povo. Conforme analisou criticamente Boris Schnaiderman, o realismo socialista foi definido como “a representação verídica da realidade em seu desenvolvimento.” Ver: SCHNAIDERMAN, Boris. Os escombros e o mito. A cultura e o fim da União Soviética. São Paulo, Companhia das Letras, 1997, p. 176. 29 A autobiografia de Reinaldo Arenas é um importante registro das perseguições sofridas por um intelectual homossexual, que saiu de Cuba com o êxodo de Mariel. Ver: Reinaldo Arenas, Antes que anoiteça, Trad. Irène Cubrie, Rio de Janeiro, Record, 1995. Ver também o filme Antes do anoitecer, de Julian Schnabel, produzido nos Estados Unidos, em 2000, sobre a vida de Arenas. 11

Belo Horizonte - 2000 Anais Eletrônicos do V Encontro da ANPHLAC ISBN 85-903587-1-2 funcionários praticavam, buscando corrigir os erros da “ parametrización”. O governo cubano procurou incentivar políticas culturais mais abertas, priorizando o trabalho de intelectuais aos de funcionários do partido, incentivando o surgimento de novas criações individuais e coletivas, promovendo uma descentralização com a criação de novas instituições, como as Casas de Cultura. Os teóricos que analisaram as políticas culturais em Cuba enfatizaram a efervescência dos anos 60 como um momento de enorme produção intelectual, enquanto que a década de 70, sobretudo após as deliberações do Congresso de 1971, foi vista como um período de endurecimento, marcado por grande repressão e pelo estabelecimento de normas rígidas, que cercearam a conduta dos intelectuais e a elaboração de suas obras 30 . Entretanto, observamos que, já na década de 60, ocorreram diversos conflitos entre certos grupos de intelectuais e o governo, que acarretaram na censura de certos filmes, obras ou publicações. O caso do fechamento de Lunes de Revolución , em novembro de 1961, e da censura ao documentário P.M. , em junho de 1961, foram bastante significativos enquanto primeiro marco de limitação da liberdade de expressão implementada pelas políticas culturais oficiais. O fechamento da editora El Puente, em 1965, a existência das Umaps , a repressão aos intelectuais homossexuais e o desligamento dos escritores que dirigiam El Caimán Barbudo, em 1968, configuram um fechamento cultural muito anterior ao ano de 1971. Apesar da lenta abertura que vem sendo efetuada desde meados dos anos 80, que permite que uma escritora como Nancy Morejón, premiada em Cuba, reconheça a sua participação no grupo de El Puente , sua fala é reveladora de todas as tensões que ainda hoje subsistem no campo cultural cubano: “Yo guardo un gran recuerdo de Nicolás Guillén, de Roberto Fernández Retamar, de Lisandro Otero… quienes dieron un paso al frente para entender todo aquel problema… Había gente que estaban siendo víctimas de los prejuicios hasta de su propia familia. Yo viví acomplejada muchos años, a tal punto que siempre he participado en comisiones, en esto o en lo otro… pero nada de hablar en asambleas. Todavía hoy a mí me cuesta intervenir en una reunión de ese tipo. Porque siempre siento - es inconciente - detrás de mí como un mal ojo. En fin, había como una especie de mala voluntad, y contra la mala intención no puedes hacer nada… porque éramos considerados algo así como seres endiablados. Te digo que a mí todavía en un Consejo Nacional de la Uneac me da trabajo levantar la mano para decir algo, porque me parece que va salir alguien y

30 Ver: CANCIO ISLA, Wilfredo, apud, BARQUET, Jesús J.Op. cit. Ver também: ESPINOSA, Carlos.Op. cit. 12

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me va a decir: ‘Cállese usted, porque los de El Puente…’Ahora te lo puedo contar, pero antes no se hablaba de esas cosas…” 31 O mesmo aconteceu com os colaboradores da primeira época de El Caimán Barbudo . Em entrevista que realizei em maio deste ano com Raúl Rivero, o escritor e jornalista que hoje encontra-se proibido de publicar em Cuba e de sair do país, revelou que havia um estigma não só dos que pertenceram a El Puente , como também um estigma de ter participado da primeira equipe de El Caimán Barbudo . Sua entrevista revelou-me que não só a censura e a discriminação estiveram presentes na política cultural nos anos 60 e 70, como seguem ainda hoje vigente a todos aqueles que ousam discordar publicamente do governo cubano.

Notas

31 GRANT, María. “En los sitios de Nancy Morejon.” In: Obpus Habana, v. VI, n. 1/2002, p.19. 13