Revista Em Discussão! – Número 18 – Mobilidade Urbana
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Revista de audiências públicas do Senado Federal Ano 4 - Nº 18 - novembro de 2013 MOBILIDADE URBANA Hora de mudar os rumos Excesso de carros, má qualidade do transporte público coletivo e falta de investimento desafiam o futuro das grandes cidades brasileiras O SENADO VOTOU. AGORA É LEI Aposentadoria especial de pessoas com deficiência Lei Complementar 142/13 g n i t e k r a M e o ã ç a i r C | m o c e S | l a r e d e F o d a n e S Um justo direito para quem percorre esse caminho O Senado aprovou a lei que reduz o tempo de contribuição e a idade para a aposentadoria de pessoas com deficiência. É o Congresso Nacional colaborando para a Saiba mais em: conquista da cidadania. www.senado.leg.br/agoraelei s manifestações de junho ônibus e de metrô foi muito supe- Aos leitores Ade 2013 tiveram um grande rior à média da inflação da década impacto na esfera política bra- passada. Com o dobro de carros em sileira e fizeram com que o circulação, os congestionamentos au- Palácio do Planalto e o Senado mentaram nas cidades, diminuindo a alterassem as agendas para dar res- eficiência do transporte público. postas às demandas identificadas A solução do problema, agora, nos protestos das ruas. envolve planejamento e altos inves- Foi assim que a mobilidade ur- timentos públicos. Mas escolher qual bana subiu de prioridade na pauta a melhor opção para que milhões de nacional. Afinal, entre os problemas brasileiros possam ir de casa para o urbanos que mais afetam a rotina dos trabalho todos os dias não é tão sim- brasileiros, o tempo cada vez maior ples. Para cada tamanho de cidade, gasto no trânsito entre casa e traba- para cada bairro, para cada orçamen- lho é um dos que mais deterioram a to, existe uma solução diferente, seja qualidade de vida, principalmente nas o metrô, o bonde ou o corredor de grandes cidades. ônibus. Este, aliás, com novas tecno- O Senado, além de aprovar pro- logias e rebatizado de BRT (bus rapid jetos diretamente voltados para a transit), vem sendo escolhido em redução do preço da tarifa de trans- diversas cidades brasileiras. A boa no- porte coletivo urbano, realizou uma tícia é que, além de diminuir o tempo audiência pública, na Comissão de de deslocamento, a melhoria da in- Serviços de Infraestrutura (CI), jus- fraestrutura pode significar ainda a tamente para discutir como melhorar redução dos custos de operação e até o tráfego de pessoas nas grandes mesmo da tarifa. cidades. A reunião aconteceu na ma- Em suma, a revista traz um his- nhã de 19 de junho, horas depois das tórico das opções de transporte maiores manifestações daquele mês. público no país e apresenta experi- O diagnóstico mostra que os ências bem-sucedidas no Brasil e no incentivos para o brasileiro migrar do mundo, sem esquecer os pedestres e transporte público para o privado, as bicicletas, ainda alvo do preconcei- ou seja, carros e motos, foram mui- to de quem anda de carro. tos. Até a inflação das passagens de Boa leitura! SUMÁRIO Mesa do Senado Federal Presidente: Renan Calheiros Primeiro-vice-presidente: Jorge Viana Contexto Mundo Segundo-vice-presidente: Romero Jucá Primeiro-secretário: Flexa Ribeiro Segunda-secretária: Ângela Portela Terceiro-secretário: Ciro Nogueira Quarto-secretário: João Vicente Claudino Tempo no trânsito Europa e China Suplentes de secretário: Magno Malta, Jayme CADU GOMES/AGÊNCIA SENADO afeta economia e Campos, João Durval e Casildo Maldaner priorizam pedestre e qualidade de vida transporte coletivo Diretor-geral: Helder Rebouças 6 52 Secretária-geral da Mesa: Claudia Lyra Baixa velocidade do transporte Carros enfrentam restrições para eleva preço da tarifa 14 circular em áreas urbanas Expediente 56 Em 15 anos, cidade chinesa construiu Secretaria de Comunicação Social Realidade Brasileira maior metrô do mundo 62 Soluções de Bogotá são exemplo para metrópoles latino-americanas 63 Diretor: Davi Emerich Diretor-adjunto: Flávio de Mattos KEVIN JIANG Diretor de Jornalismo: Eduardo Leão A revista Em Discussão! é editada pela Coordenação Jornal do Senado Propostas Coordenador: Flávio Faria Editor-chefe: João Carlos Teixeira Senado muda agenda para dar Editores: Joseana Paganine, Sylvio Guedes e Thâmara Brasil resposta a manifestações Reportagem: João Carlos Teixeira, Joseana Paganine, 66 Raíssa Abreu, Sylvio Guedes e Thâmara Brasil Capa: Diego Jimenez sobre foto de Greg Morland Incentivos fiscais podem reduzir tarifa Diagramação: Bruno Bazílio e Priscilla Paz CAMPANA BLOG FABIO de ônibus e metrô em até 10% Arte: Bruno Bazílio, Cássio Sales Costa, 68 Diego Jimenez e Priscilla Paz Congresso analisa gratuidade para Revisão: Fernanda Vidigal, Juliana Rebelo, Excesso de carros paralisa cidades estudantes e famílias de baixa renda Pedro Pincer e Tatiana Beltrão 20 Pesquisa de fotos: Bárbara Batista, Braz Félix 70 e Leonardo Sá Menos de um terço vai de transporte coletivo Cidades começam a discutir e a Tratamento de imagem: Roberto Suguino 26 Circulação e atendimento ao leitor: implantar planos de mobilidade 72 Shirley Velloso (61) 3303-3333 Já ruim, mobilidade é pior para mais pobres 29 Tiragem: 2.500 exemplares Paulistano perde mais de 2 horas por dia nas ruas 39 Site: www.senado.leg.br/emdiscussao EMBARQ BRASIL E-mail: [email protected] Metrôs são eficientes, mas muito caros Twitter:@jornaldosenado 41 Saiba mais Veja e ouça mais em: www.facebook.com/jornaldosenado 78 BRT combina baixo custo e bom desempenho Tel.: 0800 612211 44 Fax: (61) 3303-3137 Praça dos Três Poderes, Anexo 1 do Antes inovadora, Curitiba tem mesmos problemas A tramitação dos projetos Senado Federal, 20º andar — 45 pode ser acompanhada 70165-920 — Brasília, DF no site do Senado: Bicicleta e caminhada são opções sustentáveis 48 Impresso pela Secretaria de www.senado.leg.br Editoração e Publicações — Seep CONTEXTO processo de urbani- dos brasileiros. Somente em São zação transformou Paulo, calcula-se que os gastos Para manter REPRODUÇÃO rapidamente o Bra- anuais com os congestionamen- sil. Hoje, as cidades tos cheguem a R$ 40 bilhões (leia Oconcentram cerca de 85% da po- mais na pág. 32). pulação. Algumas delas, como Esse problema crescente ga- São Paulo e Rio de Janeiro, estão nhou maior prioridade na agenda o Brasil em entre as maiores do mundo. Tudo nacional — e na do Senado Fede- aconteceu rapidamente e, pior, ral — a partir de junho, quando sem planejamento. milhões de brasileiros foram às Um dos principais impactos ruas nas grandes cidades protestar desse processo está no trânsito. O por melhores serviços públicos. tempo de deslocamento nas gran- Sintomaticamente, as manifesta- movimento des capitais aumentou progressi- ções foram iniciadas por protestos vamente nas últimas décadas (sai-sai- em São Paulo que pediam a re- Tempo excessivo gasto por brasileiros em ba mais nas págs. 29, 30 e 31). A dução do preço das passagens de deslocamentos nas cidades afeta qualidade de vida e cada dia a circulação das pessoas ônibus, que haviam sido reajusta- Protestos contra aumento da tarifa de dentro das cidades está mais difí- das em R$ 0,20. produtividade da economia. Mobilidade urbana vem ônibus iniciaram manifestações em São Paulo, em junho de 2013. Acima, cartaz cil, reduzindo o tempo livre e útil Assim, a mobilidade urbana — ganhando prioridade na agenda política, especialmente resume reivindicação: transporte público dos cidadãos, a produtividade da ou seja, a capacidade de as pessoas depois das manifestações de junho de 2013 deve ter prioridade sobre o privado economia e a qualidade de vida irem de um lugar a outro dentro MARCELO CAMARGO/ABR ARTE: PRISCILLA PAZ ARTE: 6 novembro de 2013 www.senado.leg.br/emdiscussao 7 SUMÁRIO Contexto das cidades nas diferentes modali- Transporte Urbano da Esco- no imediato, o tempo de deslo- dades de transporte, seja de carro la Politécnica da Universidade camento de carros e motos dimi- ou moto particular, ônibus, me- de São Paulo (USP) Orlando nui, estimulando o transporte in- trô, a pé ou de bicicleta —, cada Strambi acredita que não adian- dividual, que, por sua vez, leva a vez mais, deixa de ser um concei- ta “reclamar de falta de espaço, congestionamentos piores, maior to acadêmico para ganhar as ruas. mas decidir que destinação dar poluição, mais acidentes e, con- Mas, se há tantas pessoas nas ci- ao espaço que temos e pensar sequentemente, à ineficiência do JOSÉ CRUZ/AGÊNCIA SENADO dades e o espaço é limitado, o que que espaço adicional a gente GERALDO MAGELA/AGÊNCIA SENADO transporte público (leia mais na é possível fazer? Para tentar res- precisa colocar nas cidades”. A pág. 10). ponder a essa pergunta, a Comis- decisão, que envolve infraestru- Com efeito, o estudo Tempo são de Serviços de Infraestrutura tura, associada aos investimen- de Deslocamento Casa-Trabalho (CI) do Senado, presidida pelo se- tos, teria, inclusive, grande im- no Brasil (1992–2009): diferenças nador Fernando Collor (PTB-AL), pacto na redução das tarifas e na entre regiões metropolitanas, níveis realizou no dia 19 de junho de maior eficiência do sistema de de renda e sexo, dos pesquisadores 2013 — pouco depois do recru- transporte urbano. Rafael Henrique Moraes Pereira descimento dos protestos — uma e Tim Schwanen, divulgado pelo audiência pública para discutir o Receituário pronto Instituto de Pesquisa Econômi- assunto, dando sequência a outros Para que decisões adequadas ca Aplicada (Ipea) em fevereiro debates, que já haviam resultado sejam tomadas, Strambi deu de 2013, confirma que os efeitos Fernando Collor presidiu, na Comissão de Senadores aprovam na CCJ, em dezembro de 2011, o projeto que resultou na na aprovação, em dezembro de grande ênfase à PNMU. Se- Infraestrutura, debate para buscar soluções positivos dos investimentos reali- PNMU, lei que estabelece princípios e instrumentos de gestão para a mobilidade 2011, da Política Nacional de Mo- gundo ele, diversos princípios e para a mobilidade urbana no Brasil zados nos sistemas de transporte bilidade Urbana — PNMU (Lei instrumentos de gestão já foram urbano no Rio de Janeiro e no 12.587/2012).