Ana Claudia Ribas As Sexualidades D'a Plebe
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ANA CLAUDIA RIBAS AS SEXUALIDADES D’A PLEBE: SEXUALIDADE, AMOR E MORAL NOS DISCURSOS ANARQUISTAS DO JORNAL A PLEBE (1917-1951) Tese submetida ao Programa de Pós- Graduação em Ciências Humanas, da Universidade Federal de Santa Catarina para a obtenção do Grau de Doutora em Ciências Humanas. Orientadora: Profa. Dra. Sônia W. Maluf Coorientador: Profa. Dra. Cristina S. Wolff FLORIANÓPOLIS 2015 Revisão e Formatação: Vanda Bastos Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor, através do Programa de Geração Automática da Biblioteca Universitária da UFSC. Ribas, Ana Claudia Sexualidades d'A Plebe: Sexualidade, amor e moral nos discursos anarquistas do jornal A Plebe (1917-1951). / Ana Claudia Ribas ; orientadora, Sônia W. Maluf ; coorientadora, Cristina S. Wolff. - Florianópolis, SC, 2015. 290 p. Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas. Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas. Inclui referências 1. Ciências Humanas. 2. Anarquismo. 3. Estudos de Gênero. 4. Sexualidade. 5. Amor livre. I. Maluf, Sônia W. II. Wolff, Cristina S.. III. Universidade Federal de Santa Catarina. Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas. IV. Título. Ana Claudia Ribas AS SEXUALIDADES D’A PLEBE: SEXUALIDADE, AMOR E MORAL NOS DISCURSOS ANARQUISTAS DO JORNAL A PLEBE (1917-1951) Esta Tese foi julgada adequada para obtenção do Título de “Doutora em Ciências Humanas”, e aprovada em sua forma final pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Humanas. Local, 25 de fevereiro de 2015 ________________________ Prof. Dr. Selvino José Assmann Banca Examinadora: ________________________ Prof. Dr. Benito Bisso Schmidt UFRGS Dedico este trabalho a minha Vó Dora, a primeira a acreditar em uma doutora. AGRADECIMENTOS A todas as professoras e professores do curso, que contribuíram das mais diversas formas para o desenvolvimento desta tese. A minha orientadora, professora Sônia, pelo apoio e parceria, principalmente durante a tão tensa “reta final”. A minha coorientadora, professora Cristina, pelas conversas atenciosas. Ao meu esposinho Alexandre, pelo apoio, paciência, pelas palavras amorosas de estímulo e, principalmente, por seu amor incondicional. Meus sinceros agradecimentos a todas e todos aquelas que de alguma forma doaram um pouco de si para que a conclusão deste trabalho se tornasse possível. [...] como se o simples fato de não crer em nada, significasse ser anarquista. A Plebe, 4 dezembro 1948 RESUMO No século XIX, desponta a ideologia anarquista cujo princípio máximo era a liberdade, almejando guiar os povos a uma sociedade igualitária e libertária. Os reflexos desta preconizada liberdade geraram uma amplitude inédita nos discursos, ao abordarem temas que questionavam a moral sexual, que discorriam sobre os corpos masculinos e femininos, trazendo à tona questões ligadas às sexualidades: prazer sexual, dissolubilidade do casamento, aborto, vasectomia, maternidade consciente, prostituição, amor livre etc. Na primeira metade do século XX, o movimento anarquista ganhou projeção no Brasil, especialmente nas cidades que se encontravam em franco processo de industrialização: São Paulo e Rio de Janeiro. Todas estas questões surgem em um contexto de propaganda, nas páginas do periódico libertário A Plebe, jornal direcionado ao operariado. Os discursos veiculados nestas páginas acionavam representações de militância tanto masculina quanto feminina, criando modelos que objetivavam direcionar as práticas libertárias no movimento brasileiro. Palavras-chave: Anarquismo. Representações. Sexualidades. Estudos de gênero. ABSTRACT In the XIX century, the anarchist ideology arises, the maximum principle was freedom, aiming to guide people to an equal and libertarian society. The consequences of this expected freedom generated an unprecedented scale in speeches to address issues challenging the sexual morality, which discoursed on the male and female bodies, bringing up issues related to sexuality: sexual pleasure, wedding dissolubility, abortion, vasectomy, maternity conscious, prostitution, free love etc. In the first half of the XX century, the anarchist movement gained projection in Brazil, especially in cities that were in clear industrialization: São Paulo and Rio de Janeiro. All these questions arise in an advertising context, the pages of the libertarian journal “A Plebe” newspaper directed at working class. The speeches of these pages brought militant representations both male and female, creating models that aimed to direct the libertarian practices in the Brazilian movement. Keywords: Anarchism. Representations. Sexualities. Gender studies. LISTA DE FIGURAS Figura 1 Primeira edição de A Plebe ....................................................... 32 Figura 2 Primeira edição comemorativa de A Plebe por ocasião do Dia do Trabalhador – (1º maio de 1919) ......................................... 33 Figura 3 Comício na Praça da Sé durante a Greve Geral de 1917 .......... 36 Edgard Leuenroth – Ficha policial do Departamento de Figura 4 Ordem Política e Social ............................................................ 37 Figura 5 Rodolfo Felipe fotografado pela polícia em 1936 .................... 57 Maria Antônia Soares falando aos trabalhadores em uma Figura 6 comemoração de 1º de maio ..................................................... 59 Figura 7 Panfleto de propaganda de A Plebe .......................................... 74 Figura 8 Jornal A Cana confeccionado por Rodolfo Felipe no presídio do “Paraíso” .............................................................................. 78 Figura 9 Jornal O Xadrez confeccionado por Rodolfo Felipe no presídio do “Paraíso” ................................................................ 79 Figura 10 Anarquista com bomba na mão: Revista Careta, 09 de julho de 1910, por J. Carlos ............................................................... 111 Figura 11 A Plebe: Edição comemorativa de Primeiro de Maio ............... 124 LISTA DE SIGLAS ABI Associação Brasileira de Imprensa AEL Arquivo Edgard Leuenroth ALN Aliança Libertadora Nacional API Associação Paulista de Imprensa CIFTSP Centro dos Industriais de Fiação e Tecelagem de São Paulo CLT Consolidação das Leis do Trabalho CNT Confederação Nacional do Trabalho DEOPS Departamento de Ordem Política e Social F.A.I. Federación Anarquista Ibérica FBPF Federação Brasileira para o Progresso Feminino FORJ Federação Operária do Rio de Janeiro FORGS Federação Operária do Rio Grande do Sul FOSP Federação Operária de São Paulo UDESC Universidade do Estado de Santa Catarina SUMÁRIO INTRODUÇÃO ........................................................................................... 13 1 UMA FÊNIX NEGRA ........................................................................ 23 1.1 NASCE A FÊNIX NEGRA .................................................................. 30 1.2 A REVOADA DA FÊNIX ................................................................... 64 1.3 O CANTO DO CISNE ......................................................................... 80 2 REBELDIAS: MODO DE USAR ...................................................... 85 2.1 A “QUESTÃO FEMININA”: EMANCIPAÇÃO E CIÊNCIA ........... 91 2.2 MILITÂNCIAS: OS MODELOS A SEREM SEGUIDOS .................. 109 2.3 AÇÕES DIRETAS: A APLICAÇÃO FEMININA DA CULTURA LIBERTÁRIA ....................................................................................... 127 2.4 UM FEMINISMO FORA DO FEMINISMO: ANARQUISTAS E SUFRAGISTAS ................................................................................... 137 2.5 O SOL VINDO DA ESPANHA: A REVOLUÇÃO ESPANHOLA E A PLEBE ............................................................................................... 145 3 SEXUALIDADES E AMORES D’A PLEBE ................................... 155 3.1 OS EMPECILHOS PARA O AMOR: PROSTITUIÇÃO, VIRGINDADE E ALCOOLISMO ....................................................... 168 3.2 ENTRE PANDEIROS E GOLS: A CRÍTICA ANÁRQUICA AO CARNAVAL, BAILES E AO FUTEBOL ........................................... 189 3.3 ENCARANDO A ESFINGE: MATERNIDADE, EDUCAÇÃO SEXUAL E ANTICONCEPÇÃO D’A PLEBE .................................... 199 3.4 A REVOLTA DE SÚCUBO: O AMOR LIVRE .................................. 211 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................... 243 REFERÊNCIAS ........................................................................................... 247 FONTES ........................................................................................................ 264 APÊNDICES QUADROS ........................................................................... 265 13 INTRODUÇÃO We can be heroes Jus for one day We can be us Just for one day Heroes – David Bowie (1977) Janeiro de 2007. Verão em Campinas, São Paulo. Passeando pela Unicamp tomei contato pela primeira vez com o acervo do Arquivo Edgard Leuenroth (AEL). Eu acabava de ser aprovada para o mestrado em História do Tempo Presente, na Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), com um projeto de pesquisa que pouco se relacionava com os materiais deste arquivo. No entanto, temos que convir que nenhuma historiadora que se preze conseguiria resistir a explorar tesouros de uma coleção como aquela. Dediquei-me, naqueles dias de janeiro, a conhecer mais sobre alguns ícones das publicações da cultura libertária do final do século XIX e início do XX. Tratava-se de um desejo por ler as publicações originais de um anarquismo