O Piano Cantor: a Evocação Da Vocalidade Na Origem Do Instrumento E No Repertório Para Teclas Do Século XVIII
Total Page:16
File Type:pdf, Size:1020Kb
Universidade Federal da Paraíba Centro de Comunicação, Turismo e Artes Programa de Pós-Graduação em Música Doutorado em Música O piano cantor: a evocação da vocalidade na origem do instrumento e no repertório para teclas do século XVIII Área de concentração: Composição e interpretação musical Linha de pesquisa: Dimensões teóricas e práticas da interpretação musical Ticiano Biancolino Orientador: Prof. Dr. José Henrique Martins João Pessoa Julho / 2017 Ticiano Biancolino O piano cantor: a evocação da vocalidade na origem do instrumento e no repertório para teclas do século XVIII Tese apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Música da Universidade Federal da Paraíba – UFPB – como requisito parcial para a obtenção do título de Doutor em Música. Orientador: Prof. Dr. José Henrique Martins João Pessoa Julho / 2017 Para minha dolce Tâmara, cujos cantos têm me alentado e inspirado ao longo da melhor parte de minha vida. AGRADECIMENTOS Expresso aqui meus mais sinceros agradecimentos À CAPES, pela concessão da bolsa de estudos, da qual pude usufruir a partir de meu segundo ano de curso. Ao Programa de Pós-Graduação em Música da UFPB, por ter acolhido a mim e a meu projeto de pesquisa. Ao Prof. Dr. Luis Ricardo Silva Queiroz, coordenador do PPGM à época de meu ingresso, por ter demonstrado a maior gentileza e boa vontade desde o momento dos testes de seleção, e pelos ensinamentos valiosos nas aulas de metodologia da pesquisa. À secretária do PPGM, Izilda de Fátima da R. Carvalho, que, do mesmo modo, sempre demonstrou boa vontade e atenção para comigo, desde os primeiros momentos. Aos companheiros de jornada acadêmica que se tornaram amigos ao longo da convivência: Roberta Regina dos Santos, Carlos Gomes Mejia e Manoel Theophilo de Oliveira. Obrigado a cada um pelas conversas, desabafos, reflexões e risos espalhados ao longo desses anos. À Profa. Dra. Luciana Noda, por ter me incentivado a tentar o ingresso no PPGM, pela amizade tão importante nos primeiros tempos em João Pessoa, e pelo empréstimo de alguns dos materiais iniciais desta pesquisa. À Profa. Dra. Juciane Araldi Beltrame, que, da mesma forma, me incentivou a vir para João Pessoa, me acolheu em sua casa durante os dias de teste, conseguiu um piano para que eu estudasse um dia antes da prova prática, e continuamente demonstrou sincera amizade ao longo desses anos. Qual não foi minha honra, e alegria, ao ver seu nome sendo indicado para a composição da banca de defesa. Agradeço por ter aceitado ao convite, pela leitura atenta do texto, pelas sugestões e indicações. Ao Prof. Dr. Guilherme Sauerbronn de Barros, pela acolhida ao meu texto quando do exame de qualificação, sendo capaz de apontar suas qualidades e deficiências e sugerindo novos caminhos e possibilidades, um conjunto que contribuiu decisivamente para a configuração final deste trabalho. Agradeço, da mesma forma, por suas contribuições adicionais realizadas na defesa. Ao Prof. Dr. Pedro Persone, que desde o primeiro contato pela internet, anos atrás, demonstrou interesse e disposição para com o que, então, era apenas um primórdio de pesquisa, e por ter, posteriormente, tido o cuidado de me enviar sua tese de doutorado, que consistiu em importante acréscimo às minhas referências. Minha gratidão, também, pelo aceite em participar da banca de defesa, e pelas preciosas contribuições para o texto final. Ao Prof. Dr. Felipe Avellar de Aquino, antes de tudo pela sabedoria em ser ao mesmo tempo profundamente acolhedor e profissional, incentivador e exigente. Agradeço imensamente pelas valiosas contribuições a esta pesquisa, sugeridas no exame de qualificação e de defesa, expressas de maneira tão cuidadosa, e pelos ensinamentos transmitidos ao longo das aulas de música de câmara. À Profa. Dra. Heloísa Muller, que com sua vivacidade, boa vontade e conhecimento iluminou tantos momentos de minha vida nos últimos anos, oferecendo-me, ainda, a honra de desfrutar de sua amizade. Agradeço muito pelos conselhos musicais sobre meu repertório, por ter me enviado sua tese de doutorado, a qual contribuiu para o corpo referencial deste trabalho, e, acima de tudo, pelo seu espírito sempre tão positivo, receptivo e amante da música. Ao Prof. Dr. Ibaney Chasin, por haver me apresentado tantos novos ângulos e maneiras de percepção da música, e da música aplicada à vida, por tantos momentos enriquecedores – das aulas às conversas –, os quais certamente contribuíram definitivamente para a ampliação de minhas visões e concepções, me ajudando a enxergar e ir além. Por seus escritos, que tão bondosamente me ofereceu, e que tanto me auxiliaram nesta pesquisa. Pelas questões e sugestões lançadas em meu exame de qualificação, as quais, se não puderam ser realizadas neste simples trabalho, continuam ressoando em minhas reflexões, e certamente continuarão a ressoar. Agradeço por sua generosidade, expressa tantas vezes e de tantas formas, e, acima de tudo, pela amizade que tanto me honra. Ao meu orientador, Prof. Dr. José Henrique Martins, primeiramente por ter acolhido meu projeto de pesquisa, e por, ao longo do tempo, ter me apoiado e guiado em seus desdobramentos. Essa tese só existe hoje devido a esses atos. Agradeço, ainda mais, pelo precioso trabalho musical realizado comigo ao longo dos anos, em cada aula de piano, sempre com tanta seriedade, paciência, didática e arte. Foram anos decisivos para meu aprimoramento, e seus ensinamentos, suas visões, sua persistência e seu profundo amor pelo nosso instrumento continuarão a ressoar em mim pelo restante de minha vida: quando temos as raras sorte e honra de encontrar um verdadeiro Mestre, seus ensinamentos permanecem soando eternamente. Agradeço, ainda, e talvez acima de tudo, pela sua genuína humanidade, corretude e empatia, qualidades que me fazem admirá-lo ainda mais profundamente. Uma das grandes felicidades de minha vida foi tê-lo encontrado e tido a honra de ter sido seu orientando. Obrigado, infinitamente, por tudo. À minha família, que desempenhou, uma vez mais em minha vida, papel decisivo para meu progresso. Agradeço a meus pais, Inês e Adilson, e a meu irmão, César, por todo tipo de ajuda e incentivo e pelo amor incondicional, dádivas que me possibilitaram mudar os caminhos da vida e cursar o doutorado de uma maneira saudável e produtiva. Esse trabalho também existe por todo esse mérito, e por tudo que sempre tive a sorte de receber de vocês. Minha gratidão e amor eternos. À minha esposa, Tâmara Cruz, por absolutamente tudo, e tanto. Por todo o amor, todo o companheirismo, por toda a ajuda, por tudo que nossa vida tem sido ao longo desses quase oito anos. Por tantas vezes ter acreditado em mim muito mais do que eu mesmo, por ser meu apoio perene, minha morada, meu porto seguro. A finalização desse doutorado e desse trabalho nasce como símbolo de nossa jornada e de nossas conquistas, e o que fui capaz de alcançar ao longo desses quatro anos são realizações suas também. Sem você, não sei o que seria, e talvez a ideia geradora deste trabalho não tivesse dado frutos. Obrigado por existir. Te amo. Penso que esse seja um instrumento cantante. Pode parecer algo contraditório, em termos, porque a maioria das pessoas pensa que o piano é um instrumento de percussão. Eu devo discordar. Todos os instrumentos tentam imitar a voz humana, e eu penso que esse piano faz isso em um nível muito, muito alto. András Schiff, sobre o piano, referindo-se a um modelo Bösendorfer RESUMO Na virada para o século XVIII surgiu em Florença o instrumento que hoje conhecemos como piano, invenção de Bartolomeo Cristofori, empregado da corte dos Medici. Em 1709 o escritor Scipione Maffei o entrevistou para um artigo sobre sua invenção, o qual foi publicado dois anos depois em um periódico italiano, e em 1725 foi traduzido para o alemão, iniciando o processo de popularização do instrumento. Antes do final do século, o piano já teria ocupado o lugar do cravo como o instrumento de teclado mais versátil e mais utilizado fora do ambiente eclesiástico. Em grande parte, sua popularização se deveu à sua principal característica, a possibilidade de controle dinâmico diretamente pelo toque das teclas, qualidade que o distinguia radicalmente dos outros dois grandes teclados de então, o cravo e o órgão, ambos instrumentos muito mais antigos e repletos de possibilidades expressivas, mas que não ofereciam diferenciação dinâmica pelo toque. A partir da observação da estética musical, de características das artes visuais e do pensamento do período Barroco, além da coleção de relatos de personagens históricos, esta pesquisa reúne elementos que apontam para uma mesma conclusão: a criação de um instrumento de teclas de grandes proporções que oferecesse controle dinâmico pelo toque foi resultado da necessidade de preenchimento de uma lacuna expressiva na família dos teclados no século XVII, a qual não possuía um instrumento com tais características e que, portanto, não tinha meios de realização plena do ideal da música instrumental de então, a imitação do canto. A literatura especializada não trata de maneira clara ou aprofundada das implicações das novas possibilidades expressivas da invenção de Cristofori, daí a validade dessa pesquisa, no sentido de relacioná-las à estética do período e à mimese da expressão vocal. Nosso método apoiou-se no seguinte tripé: o levantamento de informações documentais diretamente relacionadas ao surgimento do fortepiano e/ou a Cristofori e seu ambiente, a investigação de uma literatura variada que nos possibilitou compreender ao mesmo tempo aspectos específicos e o contexto mais amplo relacionados ao objeto de estudo, e a busca por indícios da transposição do pensamento estético do período para a música tecladística do século XVIII, a qual consideramos como um dos frutos da busca estética da música instrumental que aconteceu desde princípios do século anterior, assim como o próprio surgimento do piano. Para nossas conclusões, foi fundamental a observação do artigo de Maffei a partir das considerações de Laura Och (1986) sobre uma provável participação indireta e não creditada de Cristofori como autor de trechos do artigo, especialmente no que se refere à descrição do mecanismo de seu novo instrumento.