Cadernos Organização Iole Tania Queiroz Vanessa Rocha De Freitas
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GoveRNO DO RIO COORDENADORA SUPERVISOR TÉCNICO OCA LAGE VICE-PRESIDENTE DO PROGRAMA DAS OFICINAS Fabio Szwarcwald DE JANEIRO PRESIDENTE APROFUNDAMENTo | DE IMagEM GRÁFICA CONSELHO GOVERNADOR CRIAÇÃO ARTÍSTICA 2014 Marcio Botner Roberto Tavares Adriana de Mello Barreto Luiz Fernando Pezão Anna Bella Geiger VICE-Presidente BIBLIOTECÁRIAS Adriana Scorzelli Rattes COORDENADOR Lisette Lagnado Adriano Estrella Pedrosa SecRETARIA DE DO PROGRAMA Danyelle Sant’Anna DIRETOR APROFUNDAMENTo | Maria Fernanda Nogueira Antonio Alberto Gouvea Vieira ESTADO ADMINISTRATIVO CURADORIA 2014-15 Olga Alencar Daniel Senise DE CULTURA E FINANCEIRO Fernando Cocchiarale Carlos Alberto Mendes dos ASSISTENTES DE ENSINO Artur E. P. Miranda SECRETÁRIA DE ESTADO Santos Gomes COMISSÃO DE ENSINO Ana Carolina Santos DE CULTURA GERENTE ADMINISTRATIVO Glória Ferreira Lucas Leuzinger Eduardo Saron Adriana Scorzelli Rattes E FINANCEIRO Eliane Lustosa SECRETÁRIA DE RELAÇÕES Luiz Ernesto Moraes ASSISTENTES DE Rosana Ribeiro Ernesto Neto INSTITUCIONAIS Maria Tornaghi EXPOSIÇÕES E DEBATES GERENTE DE EVENTOS Eva Doris Rosental Olga Campista COMISSÃO DE PROJETOS Laara Hügel E PROJETOS Fernando Marques Oliveira SUBSECRETÁRIO Batman Zavareze Renan Lima Marcus Wagner Guilherme Gonçalves Sabrina Veloso DE PLANEJAMENTO George Kornis ASSESSORA DE Luis Eduardo da Costa Carvalho E GESTÃO Paulo Sergio Duarte ASSISTENTE DE EVENTOS COMUNICAÇÃO Luiz Camillo Osorio Mario Cunha SUPERVISORA DE ENSINO Naldo Turl Rachel Korman Luiz Chrysostomo de Oliveira Filho Selma Fraiman Renato Augusto Zagallo Villela SUPERINTENDENTE Vanessa Rocha SUPERVISOR dos Santos DE ARTES SECRETARIA ADMINISTRATIVO SUPERVISORA DO Ronaldo Cesar Coelho Eva Doris Rosental PROGRAMA EDUCATIVO Gisele Oliveira Sergio Bastos Cristina de Pádula Thais Sousa SUPERVISOR FINANCEIRO escola DE ARTES Victoria Moreno Hércules da Costa Souza VISUAIS SUPERVISORA DO SERVIÇOS GERAIS PARQUE lage NÚCLEO DE ARTE ASSISTENTE EAV E TECNOLOGIA SUPERVISOR ADMINISTRATIVO Rua Jardim Botânico, 414 DIRETORA E DAS OFICINAS DE Homero Gomes Carmen da Costa Souza Jardim Botânico Claudia Saldanha Rio de Janeiro | RJ IMagEM GRÁFICA ASSISTENTES COORDENADORA CONSELHEIROS Tina Velho Janir Pereira 22461-000 DE ENSINO PRESIDENTE Tel | Fax: 21 3257 1800 PROGRAMA DE Iraci De Oliveira Tania Queiroz Paulo Albert Weyland Vieira www.eavparquelage.rj.gov.br CapaCITAÇÃO Gerson Freitas COORDENADORA DE DE MEDIADORES Roberto Nilton EXPOSIÇÕES E DEBATES Maria Tornaghi ASSISTENTE DE Clarisse Rivera Cristina de Pádula ELETRICISTA COORDENADOR Tania Queiroz Marcelo Gonçalves DE EVENTOS ASSESSORA DE PROJETOS Vitor Zenezi ESPECIAIS Sandra Caleffi ENCONTROS COM ARTISTAS carlos vergara EFRAIN CRÉDITos almeida Dos CADERNos ORGANIZAÇÃO IOLE Tania Queiroz Vanessa Rocha DE freitas PROJETO GRÁFICO, CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE TRATAMENTO DE IMagEM SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE josÉ E PRODUÇÃO GRÁFICA LIVROS, RJ damasceno Dupla Design FOTOGRAFIAS E74 Carlos Vergara, Eduardo LUIZ Escola de Artes Visuais do Parque Lage Ortega, Felipe Felizardo, aqUILA Miguel Rio Branco, Cadernos EAV 2011 : encontros com artistas / Escola Sergio Araujo de Artes Visuais do Parque Lage ; Organização: Tania Queiroz e Vanessa Rocha. victor REVISÃO DE TEXTO – Rio de Janeiro : EAV, 2014. Rosalina Gouveia 289 p. : il. ; 13 x 18 cm. – (Cadernos EAV) ARRUda ISBN 978-85-64192-17-1 TRANSCRIÇÃO Vanessa Rocha 1. Arte contemporânea - Palestra. 2. Artistas brasileiros. 3. Vergara, Carlos, 1941-. 4. Almeida, Efrain, 1964-. GRavaÇÃO 5. Freitas, Iole de, 1945-. 6. Damasceno, José, 1968-. Bruno Marcus 7. Aquila, Luiz, 1943-. 8. Arruda, Victor, 1947-. I. Queiroz, TOMBA Records Tania. II. Rocha, Vanessa. III. Título. IV. Série. IMPRESSÃO Stamppa Gráfica CRB7 6590 / CRB7 0024/14 APRESENTAÇÃO Os Cadernos EAV: Encontros com Artistas reúnem um impor- Ivens Machado, Nelson Félix, Tunga, Beatriz Milhazes, Daniel tante acervo de conversas entre artistas consagrados e alunos do Senise, Eduardo Coimbra, Elizabeth Jobim, Vik Muniz e Wal- Programa Fundamentação da Escola de Artes Visuais do Parque tércio Caldas. Lage. Implementado pela EAV em março de 2009, com recursos Nos dois Cadernos de agora podemos conhecer os depoimentos da Secretaria de Estado de Cultura, o programa preparatório com de Brigida Baltar, Cadu, Carlos Vergara, Efrain Almeida, Felipe disciplinas fundamentais para a formação em arte visa oferecer Barbosa, Fernanda Gomes, Iole de Freitas, José Damasceno, Luiz uma iniciação ao aluno. Ernesto, Luiz Aquila e Victor Arruda. Com três professores para cada grupo, o Fundamentação promove, A diversidade dos processos de criação e das experiências resultan- a cada mês, encontros com artistas convidados. tes da atividade profissional de cada artista formam um singular Com o lançamento de mais dois volumes dos Cadernos EAV torna-se conjunto de idéias à respeito da vida e da arte e proporcionam público o resultado desses encontros, realizados em 2011 e 2012, depoimentos de rara riqueza e espontaneidade. entre artistas brasileiros e jovens do programa de ensino. Agradecemos a todos, artistas e professores, que generosamente Nos dois primeiros volumes, de 2009 e 2010, registrou-se os encon- colaboraram com este projeto, revelando parte da sua vivência tros com os artistas Anna Bella Geiger, Carlos Zílio, Ernesto Neto, artística e profissional. CLAUDIA SALDANHA - Diretora da EAV Parque Lage carlos vergara 10 EFRAIN almeida 58 IOLE DE freitas 110 josÉ damasceno 130 LUIZ aqUILA 144 victor ARRUda 192 10 CARLOS VERGARA Primeiro, eu queria dizer que tenho muito prazer de estar aqui na EAV; eu sinto uma vibração importante no Parque Lage. A possi- bilidade de troca de informações – não só entre pessoas da mesma idade, mas pessoas de outras gerações. Essa área pública que o Parque Lage tem é uma coisa muito interessante, essa possibilidade das pessoas entrarem e circularem por aqui. A minha exposição1 terminou domingo passado, e para mim foi uma alegria ter sido feita aqui num lugar gratuito, público, com poucas restrições, onde pode fazer piquenique; estamos precisando desse tipo de espírito. O Mário Pedrosa, que foi um grande crítico bra- sileiro, uma pessoa importantíssima na história da arte no Brasil, dizia uma frase que eu acho fundamental: “Fazer arte é exercitar Escombros da demolição do a liberdade”. “Arte é o exercício da liberdade.” Complexo Presidiário Frei Caneca Foto: Carlos Vergara 12 13 CADERNOS EAV CARLOS VERGARA Eu não sei, eu não preparei nada. Não preparei nada para a gente e respostas. O Jean se inscreveu, respondeu sobre Van Gogh, conversar. Vocês viram a exposição? Então, eu vou conversar um e ganhou. Ele conhecia profundamente a vida de Van Gogh, conhe- pouco sobre o que me moveu a fazer aquela exposição, porque cia várias coisas – vale a pena até, depois, a gente conversar sobre eu acho que cada um que está envolvido com arte tem um motor algumas coisas da atividade de Van Gogh. interno, alguma coisa interior que está empurrando para esse tipo de atividade. Eu tenho a impressão que a gente está vivendo um Então, no Rio de Janeiro, tinha três galerias: a Relevo, que ele abriu; momento muito especial. E perigoso. tinha uma galeria chamada Bonino, de um marchand que tinha galerias em Buenos Aires e em Nova York, e era casado com uma A minha primeira exposição foi em 1959. Eu era um jovem dese- brasileira, e ele abriu a Galeria Bonino aqui na rua Barata Ribeiro; nhista, era um joalheiro, comecei fazendo joias, e desenhava. Não e tinha uma pequena galeria de antiguidades. existia mercado de arte. O Rio de Janeiro foi uma cidade que me acolheu – eu nasci no Rio Grande do Sul, fui alfabetizado em São O circuito era completamente diferente do que é hoje, quando você Paulo, e vim para cá com 13 anos – e nesta cidade aqui que me rece- tem um mercado fortíssimo, e uma pessoa pode pensar em viver beu, havia três galerias; em primeiro lugar, a Galeria Relevo, de Jean de arte. É um absurdo, mas, nos anos 60, era quase uma aventura Boghici, que é um estupendo marchand, que está vivo até hoje, e irresponsável. Hoje não, a pessoa pode pensar em fazer carreira tem uma das maiores coleções do Brasil. É um romeno que aportou em arte. E aí mora o perigo: pois afinal, o que te move para fazer no Rio de Janeiro num barco vindo da Europa, aventurando-se, e o trabalho? começou a vida consertando televisão. É um exame do mundo, um exame do real, é para tentar me enten- Ele era um cara que conhecia arte, desenhava muito bem, e viu que der. Eu faço arte para tentar entender o mundo, para tentar me aqui era um deserto – não tinha nada. E ele começou. Tem uma entender. Eu faço arte para uma relação, uma discussão, eu e meu curiosidade interessante: existia um programa de televisão nos próprio umbigo: “eu, eu, eu”? Ou eu faço arte para fazer uma inter- anos 60 que chamava “O céu é o limite”–um programa de perguntas venção sólida no mundo, para dividir com as pessoas a visão que 14 15 CADERNOS EAV CARLOS VERGARA eu tenho desse ou daquele aspecto do real? Eu faço arte para fazer a mesma coisa, cinco vezes a mesma coisa – e produzir uma linha pergunta? Eu faço arte para dar resposta? Ou faço arte para pro- manual de montagem. duzir um produto para vender? O território da arte é o território do pensamento. É o território Eu acho que, numa palestra numa escola, eu começaria com uma do pensamento através de um dos predicados do ser humano: eu questão que é complicadíssima: definir a diferença entre arte e estou falando de artes visuais, do olhar, da capacidade do olho artesanato. Qual é a diferença que existe entre arte e artesanato? de examinar o mundo e a capacidade do olho de ser poético, de Porque há arte no artesanato e artesanato na arte, mas o que dife- discernir entre o que é só opaco, por isso eu vejo. Como é opaco, rencia essas duas atividades? Não pensem que eu sou o dono da a luz bate, dá o perfil, aí eu vejo, entendo uma cadeira, um chão, verdade, não sou – mas eu reflito sobre o que eu faço.