Gregório De Matos Do Barroco À Antropofagia (Livro Digital).Pdf
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do barroco à antropofagia 1 REITORA Ângela Maria Paiva Cruz VICE-REITOR José Daniel Diniz Melo DIRETORIA ADMINISTRATIVA DA EDUFRN Luis Passeggi (Diretor) Wilson Fernandes (Diretor Adjunto) Judithe Albuquerque (Secretária) CONSELHO EDITORIAL Luis Passeggi (Presidente) Ana Karla Pessoa Peixoto Bezerra Anna Emanuella Nelson dos S. C. da Rocha Anne Cristine da Silva Dantas Christianne Medeiros Cavalcante Edna Maria Rangel de Sá Eliane Marinho Soriano Fábio Resende de Araújo Francisco Dutra de Macedo Filho Francisco Wildson Confessor George Dantas de Azevedo Maria Aniolly Queiroz Maia Maria da Conceição F. B. S. Passeggi Maurício Roberto Campelo de Macedo Nedja Suely Fernandes Paulo Ricardo Porfírio do Nascimento Paulo Roberto Medeiros de Azevedo Regina Simon da Silva Richardson Naves Leão Rosires Magali Bezerra de Barros Tânia Maria de Araújo Lima Tarcísio Gomes Filho Teodora de Araújo Alves EDITORAÇÃO Kamyla Alvares (editora) Alva Medeiros da Costa (supervisora editorial) Natália Melão (colaboradora) Suewellyn Cassimino (colaboradora) REVISÃO E NORMALIZAÇÃO Débora Oliveira Nelson Patriota Andreia Braz DESIGN EDITORIAL Michele Holanda (coordenadora) Rafael Campos (capa e miolo) do barroco à antropofagia 3 Coordenadoria de Processos Técnicos Catalogação da Publicação na Fonte.UFRN / Biblioteca Central Zila Mamede Lima, Samuel Anderson de Oliveira Gregório de Matos [recurso eletrônico] : do barroco à antropofagia / Samuel Anderson de Oliveira Lima. – Natal, RN : EDUFRN, 2016. 376 p. : 10.073 Kb ; PDF Modo de acesso: http://repositorio.ufrn.br ISBN 978-85-425-0657-0 1. Matos, Gregório de, 1633?-1696 – Crítica e interpretação. 2. Poesia brasileira – História e crítica. 3. Literatura barroca. 4. Antropofagia (Movimento literário). I. Título. CDD B869.109 RN/UF/BCZM 2016/85 CDU 821.134.3(81)-1.09 Todos os direitos desta edição reservados à EDUFRN – Editora da UFRN Av. Senador Salgado Filho, 3000 | Campus Universitário Lagoa Nova | 59.078-970 | Natal/RN | Brasil e-mail: [email protected] | www.editora.ufrn.br Telefone: 84 3342 2221 do barroco à antropofagia Ser poeta, não. Poder sê-lo. Paul Valéry Eu sou aquele, que os passados anos cantei na minha lira maldizente torpezas do Brasil, vícios e enganos. Gregório de Matos Interpreto e pratico o Barroco enquanto apoteose do artifício, enquanto ironia e irrisão da natureza; a escrita é uma prática de artificialização. Cada escrita contém uma outra, comenta-a, carnavaliza-a, torna-se o seu duplo pintalgado; a página enxertada de diferentes texturas, de múltiplos estrados linguísticos, tornou-se espaço de um diálogo: como um teatro em que os actores fossem os textos. E este teatro é por excelência cultural, citacional, paródico. Severo Sarduy Cada grande obra literária é uma resposta sobre o que é a vida e sobre quem é a vida. Alceu Amoroso Lima 5 gregório de matos 6 do barroco à antropofagia À minha família! Ao Amor! À Poesia! 7 gregório de matos 8 AGRADECIMENTOS m trabalho como este não é feito sozinho, como se Uestivéssemos no limbo, mas nele é possível perceber a presença de muitos atores, de muitas vozes. Não se trata aqui da presença essencial dos teóricos estudados, mas sim das vozes amigas que acalentaram minha pena nas tortuosas noites de silêncio e produção. Agradeço, em primeiro lugar, a Deus, autor supremo da vida, aquele que, seguramente, me tem sustentado e agraciado todos esses anos; em segundo lugar, à minha família, pelo apoio, pela estima, pela confiança, pois, mesmo distante fisicamente, soube estar junto na realização dos meus sonhos. Em particular, agradeço ao meu querido amigo Nelson Soares, que me acompanhou durante os meses de escritura e pelo belíssimo trabalho com o material gráfico deste livro. E também quero agradecer, com carinho, aos meus queridos amigos que acompanharam essa jornada direta e/ou indiretamente. São muitos, mas gostaria de nominar alguns em especial: Adaysia, Dalto, Melque, Felipe, Caio, Izabel, Israel e Lenise. É preciso destacar o apoio de alguns professores basilares para minha aprendizagem, não só os da academia, mas também 9 aqueles que me ajudaram a sonhar com a Universidade: Onides, Maria José, Avany Peixoto, Henrique Eduardo, e de forma especial à minha ex-professora e agora colega, Reny Maldonado, que foi uma das grandes incentivadoras da minha carreira acadêmica. Vale destacar também meu apreço e admiração pelo professor Francisco Ivan, meu orientador desde o mestrado, pois com ele tenho aprendido a percorrer o labirinto barroco na poesia. Agradeço principalmente pelo lindo e carinhoso prefácio que introduz este livro. Nesse rol de mestres, quero agradecer especialmente ao professor Humberto Hermenegildo, ao professor João Batista, ao professor Raimundo Leontino e à professora Sandra Erickson, que, juntos, compuseram a banca de avaliação de minha tese, ora transformada em livro. A contribuição de cada um de vocês foi essencial para o melhoramento deste meu discurso barroco- antropofágico. Agradeço carinhosamente aos meus alunos, pois junto deles pude acreditar no poder do estudo e da leitura como artifícios de mudança no perfil desse mundo. E, por fim, ao Amor, por ser ele quem me preenche todos os dias, pois Amar cabe a quem é feliz, e eu Amo Amar o Amor. 10 O Triunfo da Poesia arroco, carnaval e antropofagia: a poesia de Gregório de B Matos é a matéria deste livro. Livro destinado a mostrar seu colorido, erudição e elegância. Colorido, erudição e elegância que se traduzem nas cores concretas de sua linguagem. Poesia de todos os tempos aqui compreendida como parte de uma tradição vasta de diálogo com outros autores. Gregório de Matos. Como escreve o autor deste livro: “Nome hoje conhecido e debatido pela crítica literária que tantas vezes o acusou, o amaldiçoou, mas que também o elogiou e o enriqueceu com epítetos laudatórios”. E isto mesmo é a história da poesia de Gregório de Matos. A poesia de todos os tempos e fonte verdadeira da poesia brasileira. Fonte de continuidade e tradição poética que em seus entrechos deixa entrever outras fontes bem como o procedimento de suas utilizações. E já digo: a expressão poesia brasileira não limita em nada o caráter universal da poesia de Gregório de Matos. Poesia brasileira porque revela o espírito, a realidade ou o caráter do brasileiro? É importante trazer para este espaço o pensamento de Oswald de Andrade sobre a marca antropofágica da cultura brasileira, nossa raiz e vertente; vertente que é uma razão: 11 gregório de matos “razão antropofágica”, ou seja, aquilo que distingue nosso poeta seiscentista em sua brasilidade. O autor deste livro, ou, melhor dito, deste ensaio, faz um convite à devoração antropofágica. Claro, entendendo-se por devoração antropofágica o diálogo paródico, cultural e artístico que Gregório de Matos estabelece com os autores europeus. Por exemplo, o diálogo com sonetos de Camões, de Quevedo, de Gôngora, onde nosso poeta seiscentista arrasta todo um panorama da poesia dessa geração a partir dos temas e motivos caros a esses poetas. Portanto, temas, motivos e tons são por Gregório de Matos retomados, desviados e deslocados, conscientemente, assumindo novos tons paródicos e bastante grotescos. Devoração antropofágica é um princípio criativo que se assemelha ao princípio de criação da poética barroca de imitação/tradução. Assim, é preciso observar: estou escrevendo sobre uma tese de doutorado que aqui se transformou em livro. E não importa: a despeito da plurissignificação de seus capítulos o leitor perceberá a continuidade de um pensamento que retoma Gregório de Matos e avança na compreensão do Barroco e, por fim, acaba por animar o leitor com uma abordagem mais rica e uma concepção moderna de superação historicista do Barroco e sua poética. O Barroco não se prende a uma linearidade historicista. O Barroco é um estado de espírito. O Barroco é uma constante; uma encruzilhada onde se cruzam poetas de tempos e lugares distantes. Nesta encruzilhada se encontra Gregório de Matos. Gregório de Matos não é apenas uma pessoa, um indivíduo ou um autor do 12 do barroco à antropofagia século XVII, no Brasil. Não é o poeta original brasileiro, senão, o espírito de uma época que ecoou desde o Velho Mundo ao Novo Mundo, rompendo fronteiras e limites nacionais. Esse espírito sopra em todos os autores e em todas as literaturas de qualquer tempo e lugar. Gregório de Matos escreve em sincronia com Camões, Quevedo, Gôngora, Petrarca... pratica o Barroco como procedimento paródico de revelação e transparência das fontes. É ilusão a existência de Gregório de Matos como o poeta original da nacionalidade da literatura brasileira; mas não o é a realidade de sua poesia barroca que se apresenta como a Crônica do viver baiano seiscentista. A poesia barroca é utópica e como tal o poeta sonha mais além dos limites nacionais. Barroca é toda a obra de Gregório de Matos, seu discurso/estilo universal ou, melhor, antropofágico, internacional. É preciso ler para ver: Gregório de Matos não afirma nem nega os temas locais/nacionais, não nega os temperamentos, mas critica e faz paródia. Tanto mais a paródia é perfeita, são menos destacados os temas e os motivos locais. Assim entrevê a antropofagia. O poema barroco implica um discurso, mais que um estilo temático; o poema barroco não possui um significado; estabelece relações de significações; é linguagem em sua expressão artística. Este livro celebra um triunfo. O triunfo da poesia de Gregório de Matos em nossa época moderna. É também o triunfo do leitor, o leitor de poesia em um momento tão carente... os capítulos, as citações e as notas que recolhe seu autor com respeito à obra poética gregoriana e sua fortuna crítica fazem ver 13 gregório de matos uma vasta bibliografia que avança no tempo histórico. E mais importante: seu autor faz ver Gregório de Matos, de fato, como um poeta barroco/moderno; o caráter barroco de sua poesia que determinou e dominou aquele instante único do século XVII brasileiro, e que constitui uma constante identidade de nossa cultura literária em todos os instantes de nossa tradição.