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DEPOSITANDO AS SUAS - POUPANÇAS NO BANCO EVITA QUE SEJAM ROUBADAS OU... DEVORADAS PELO FOGO ou... ARRASTADAS PELAS ÁGUAS ORGANIZE A VIDA DA SUA FAMILIA ABRINDO UMA CONTAm -DEPOSITO PARA GUARDAR AS SUAS POUPANÇAS MONTEPIO DE MOÇAMBIQUEj

Portugal está para cair nas garras da Comunidade Económica Europeia enquanto os EUA vão jogando ao gato e rato para apanharem o seu bocadinho também. O imperialismo rqão larga a pátria do 25 de Abril. A nossa reportagem esteve lá. Neste número publicamos o primeiro texto sob-e aquele pas, o mais controverso da Europa. Página ...... "...... 32 Quando a nossa reportagem esteve em Inhambane visitou o latifúndio onde nasceu. é viveu Domingos Arouca. Registou tudo o que a memSria da população ainda se lembra de ter visto e ouvido desse agente do imperialismo. Na realidade a imagem que ele deixbu não o pode honrar. Declarações elucidativas a partir da Página ...... 40 Durante cerca de uma semana e alguns dias o Presidente Samora esteve ausente de Moçambique em visita oficial aos paises nórdicos. Do serviço do AIM publicamos neste número a entrevista concedida pelo dirigente moçambicano à imprensa na Finlândia, uma retrospectiva da visita e a reportagem efectuada sobre a mesma. Página ...... 50 PAGINA POR PÁGINA Cartas dos leitores ' 2 Semana Nacional..... 7 Cursos de preparação político-mi. litar de trabalhadores ferroviários - treze elementos suspensos das su s funções - Conservação e amplificação do complexo portuário ferrovié-io- Escola modelo: na cidade ligada a uma fábrica, no campo a uma aldeia comunalReoropnizaçío das lojas do po. vo - Bilhetes de Identidade: Criada secção de identificação civil em Gaza Semana Internacional . . lo. . 10 Cimeira das potências capitalistas - Angola: uma «Operação Cobra» de maior envergadura. Jornais/Revistas ...... 12 Estatuto-tipo das empresas: Seus orgãos e seu Funcionamento . . 16 -Uma conferência em Maputo'. . . 20 Factos e Critica ...... 24 : Retornar à europa dos monopólos e à amériça imperialista . 32 Arouca à população de Salela: Vocês enganaram o meu pai . . . 40 A tradição de resistência no Zimba. bwe. . 46 Presidente Samora visita países Nór- -~~~ý ,o rir..-.-=...... PODE COMPRAR eTEMPO» NAS SEGUINTES LOÇALIDADES: PROVINCIA DE MAPUTO: Nômacha. nhiça Moamba, Incoluane, Xinavane e Boane; PROVINCIA uE GAZA: Xai-Xai, Chicualacuala, Chibuto, Chókwé. Mass;nq;r. Manacaze. Caniçado, Mabalane ar Nhamavila; PROVINCIA DE INHAMBANE: inhimlane. Qu;ssico.Zavala, Max;xe. Homo(ne, Morrumbene, Mambone. Parda e MaLote: PROVINCIA DE MANICA: Chimoio, Espungabera e Manica: PROVINCIA DE SOALA: Beira, Dondo e Marromeu; PROVINCIA DE TETE: Tete, Sngo, Angóia, Mutarara, Zóbué. Moat;ze e Mágoé; PROVINCIA DE ZAMBÉZIA:Ç uel;mane, Pebane. GI6é. Ile, Mgania da Costa, Namacurra. Ch;nde, Lumbo, Alto Molocué, Lugela, Gúrué, Mocuba e Macuse: PROVINCIA NAMPULA: Nampulã, Nacala, Angoche. Lumbo. Murrupula. Me, conte e Mossul: PROVíNCIA DE CABO DELGADO: Pemba, Mocfmboa da Praia e Moetepuez; PROVINCIA DO NIASSA: Lichinga e Marrupa. EM ANGOLA: Luanda. Lubanço, Huambc, Cab;nda. Bengaela e Lobito. EM PORTUGAL: Lisboa. CONDIÇOES DE ASSINATURA: Piovínc;as de Maouto, Gaza a Inhambane: 1 ano (52 números) -760$00; 6 mesas (26 aúmeroe 000; 3 meses (i números)- lç0$00. Outras províncias, por via aérea. I ano (52 números) - 840$00; 6 meses (26 números) -420$00; 1 meses (1I números) -210$00. O pedido de assinatura deve ser aCoMpanhado da impoytáncia respectiva. † † † † † † † † † † † † † † † † † † † † † † † † † † † † † † † † † † † † † † † † † † † † † † † † † † † † † † † † † † † † † † † † † † † † † † † † † .~...~ .~.*.*. S...... ~...0. e.." ...c. ~ . ~.: co.: ...... -...... -...... '...... ,.'...... ,.... :::.::»5 ::::: : : 1* ,4ctaão incot'tecta de wn poeícia No domingo dia 6 de Março do ano corrente, fui ao campo do Sporting onde havia Jogos de futebol- Sportifng.Ben~ia Ferro1YroA~ad mica. O Jogo, como é sutunal, decorreu normalmente, mas alguma coisa 14 no campo não estava bom. É o seguinte: no decorrer do segundo logo como estava a chover, muita gente procurava sítios onde apanhasse menos chuva. Algumas crianças ao pas. sarem por um elemento do Corpo de Polícia de Moçambique, foram batidas por aquele elemeinto. Eu como estava perto aproximei-me dele de. pois de ter verificado que os outros companheiros talvez por serem mais idosos passaram igualmente pelo mesmo sítio e aquele polícia não lhes batia nem sequer falava. Perguntei o porquê daquele procedimento, em resposta da pergunta ele fez outra pergunta: «Onde é que você trabalha?» Eu respondi que não trabalha. va. Mais uma pergunta foi feita por aquele elemento. «Jd viste algum engenheiro de fato-macaco?» Novamen. te respondi que não, porque realmente nunca vi um engenheiro na o/ici. na mas sim fora do serviço. Depois de ter dado esta resposta, o elemento desligou-se de mim total-' mente, Isto é, não falou mais, mas continuou com a sua tarefa de esbo. fetear os continuadores. Agora pergunto: as atitudes daquele individuo estarão correctas? A Polcia na República Popular de Mo. çambique é para servir a quem? Claro que é para servir o povo. Mas como? Batendo nos filhos inocentes do povo? Estd à vista que eles tenham talvez dificultado o trabalho daquele elemento, mas isso não implica que sejam castigados daquela forma. Mas se as crianças dificultavam o trabalho dele, ele teria actuado de igual modo para com os outros companheiros que igualmente deslocavam-se de um lado para o outro! O dever de um polícia na República Popular de Moçambique é defender o povo dos seus inimigos e não transformar.se num inimigo do próprio povo a quem deve defender. Eu sinceramente que fiquei sem compreender a história do engenheiro e fato- macaco, fiquei de igual modo sem compreender o porquê daquele procedimento. Para terminar apelo a todos os ca. maradas que intensifiquemos à vigilância até desmascararmos todo o ti- po de ziconhocas infiltrados nos di. versos sectores do partido e do Aparelho de Estado. Abílio Mondiano Júnior Ã4Kica e~tá bazendo a a hístóia É do conhecimento geral que no tempo do colonialismo e sua dominação opressora e feudal o povo nomeadamente os trabalhadores do campo, das fábricas e oficinas, inclusivé alguns funcionários e empregados, não tinham direito de se expressar peran. te os seus patrões e intelectuais, dan. do sugestões para o bem do seu sector da produção. Quem não estudou, não andou nas altas classes do ensino secundário, não se doutorou, não estava em condições de formular ideias em especial o preto, pois estava privado de todas as manifestações científicas e culturais, ensinando só «sim senhor patrão» ou apenas «ler e escrever e, contar» para conseguir controlar o material do patrão, inclusivé o gado de vária espécie do capitalista latifundiário. Quem dissesse que não, isto é, quem soubesse dizer não... o senhor patrão ou a sua senhora puxava no telefone para chamar o senhor cpaio, o qual vinha com dentes fora, algemas e cacetête. Depois de preso e acusado, ao cipaio era dado um copo cheio de vinho. Daí, o preso inocente muitas vezes, chegar na Administração colonial todo saturado, e outras vezes até sem conseguir gritar mais porque a voz lá estava rouca por chorar. 0 administrador colonial mandava aumentar por palmatória e cavalo-marinho. Quem dava palmatórias? E o cavalo-marinho? Estes mesmos alguma vez bateram alguma família do administrador colontal? Com certeza, que não. Mas porquê? Mesmo tendo cometido um crime grave contra a humanidade sempre era defendido. Aquilo que eu disse é verdade porque vivemos na prática. Não invenamos, não é uma lenda, é o que se passou de concreto. Com a vitória do povo moçambicano sob a direcção correcta da linha traçada pela FRELIMO segundo as decisões tomadas no primeiro e segundo congresso da FRELIMO, itbertou-se a expressão e discussão livre dentro da organiza. ção e respeito entre todos. Os acontecimentos que estão surgindo em África, os massacres e a tortura as populações indefesas, em especial a juventude estudantil, as. sassinatos dos nossos dirigentes re. volucionários, não constituem novida. de. Já vivemos estas dificuldades mesmo antes do inicio da luta armada de libertação e durante o percurso da mesma. Para nós é mais uma página que se está abrindo no livro da história da África. Mesmo assim «a vitória é certa» e será do povo organizado. Não queremos dizer com isso que aquilo que está a fazer o imperialismo está correcto. Pelo contrário dissemos que está incorrecto porque não quer ver um povo livre e a dirigir-se. O inimigo dos povos que é condenadopor todo o mundo e pelos povos amantes da paz nunca ganharam e jamais ganhará qualquer batalha. O imperialismo fornece o material para massacrar o povo aos seu lideres crueis ambicionando as riquezas do solo e subsolo que existem naque. les países, além do próprio povo para continuar a oprimi-lo e a expiord-o. Todo o sistema de exploração quer seja de um africano para com o outro, mesmo estrangeiro para com o outro sempre é condenado. Assim como a superstição e obscurantismo e seus aliados fanáticos não devem ser da. dos ouvidos. O povo quer desenvolver o socialismo científico sem estes preconceitos decadentes, tradicionais e sem a cultura estrangeira ao serviço do imperialismo.-Quer comer aquito que produz pela sua força nas machambas colectivas e nas cooperativas agro-pecuárias, transformando a indústria ligeira em indústria pesada. Quer aceitar aquilo que o homem faz para seu beneficio e não numa força inexistente. Quer desenvolver a ciência para vencer e dominar a Natureza. A África Austral quer viver independente e soberana, escolhendo por si os seus dirigentes porque na dominação colonial dependia de nações imperialistas e capitalistas sob domínio estrangeiro. Por isso: A LUTA CONTINUA! Feliclano Geite Mangue (EEA, Moamba) Oportunistas Temos verificado, não sabemos se será só no nosso Distrito, quando noutros pontos do nosso País não existem oportunistas. Estes, podemos considerá-los sabotadores, em resumo «XICONHOCAS» porque, deixam os trabalhos nos seus sectores de produção, só porque o Ministério de Trabalho anunciou dispensa aos cristãos nos dias religiosos. O que acontece. Muitos trabalhadores nestes dias, são cristãos. Aproveitam-se destes dias para beberem nas horas do serviço, quando outros vão de casa em casa à procura de bebida «ngova ou kabanga». Isso, tira o significado dos dias considerados pelo nosso Governo, para os religiosos cumprirem as cerimónias religiosas, e não nos bares ou passeios desnecessários procurando bebida. Alguém poderá dizer: «Entram nos bares após o cUlto.» E outro: «Passeiam depois da cerimónia.» Nós responderíamos: - Os que se encontram nos bares e passeios de casa em casa, o maior número nem pisaram ao pé da igreja. Só quiseram aproveitar este dia, bebendo e passeando nas horas do serviço, em vez de estarem nos seus sectores de produção onde há muita coisa que podiam fazer: - Atender o público que iam atendê-lo no dia seguinte; desenvolver muitos trabalhos que beneficiarão a maioria e para o nosso Pais conquistado à força das TEMPO N.* 345 - pág. 3 mãos do colonialismo português e imperialismo internacional. Podemos perguntar: Porque não há religiosos nos trabalhadores dos bares para se fechar nos mesmos dias?... E só há nos sectores da função pública e nas empresas particulares. A resposta, ou seja, as respostas são simples. Na função pública e nas empresas particulares, é onde tinham as raízes os colonialistas e imperialistas. Enquanto que, nos bares só iam para dar gorjeta aos servidores dos mesmos, bebendo e comendo do nosso suor. Não estamos a mobilizar as pessoas para irem às igrejas, em especial aquelas que e s t ã o suficientemente claras de que o cristianismo é uma cultura estrangeira e o nosso Povo rejeita as culturas estrangeiras no nosso País. Simplesmente é no sentido de sermos firmes e não oportunistas para sabotar a economia do nosso País, ganhanao um dia inteiro, quando outra parte do mesmo estivemos a beber. Ouvimos reclamações de não serem entregues as certidões e outros documentos nos dias indictados; lamentações das populações por açambarcamentos nas lojas dos alimentos de primeira necessidade, e aumenIam por fecharem os estabelecimentos e empresas. Sabemos quais são os dias que devemos interromper obrigatoriamente os trabalhos, cumprindo as tarefas dos mesmos: Saneamento do meio (limpeza) nos nossos bairros e aldeias comunais, escolas e hospitais; reuniões de esclarecimentos; produção nas machambas colectivas ou co. operativas agro- pecuárias; estudo colectivo das decisões tomadas no 3.Congresso da FRELIMO, que são bases de orientações para o bem estar do Povo moçambicano unido e organizado pelo Partido de Vanguarda Socialista- a FRELIMO, do Rovuma ao Maputo. Viva o Socialismo Científico. Abaixo oportunistas. Feliciano Gelte Mangue E, ]. A. Moamba TEMPO N.* 345 - pág. 4 Egipto e ls>aee: gzandes advetsâ&ios dzbendem a mesma ideoeogia no 2aite Li no jornal «Noticias» de 22 de Abril do ano em curso um artigo so. bre o conflito Mobutu4FNLC. Fiquei espantado quando duma frase que dizia: «... conselheiros militares egípcios e israelitas participam nas operações» ao lado do regime de Mobutu Sese Seko. Será que o conflito israelo-drabe já terminou? E isso aconteceu a lavor de quem? Será que os conselheiros egípcios esqueceram que existem terras árabes ocupadas por Israel de. pois de muitas percas de vidas árabes, a ponto de lutarem lado a lado com conselheiros israelitas no Zaire? Será que eles sabem contra quem lutam e o que estão a defender? Será que eles podem combater em defesa das terras árabes contra as inva. sões da frente avançada do imperialismo no Médio Oriente, representado por Israel? Será que os egípcios podem chamar por inimigo a Israel enquanto planificam juntos as operações de extermínio dos povos dos outros países? Estas são dúvidas que não estão somente na minha cabeça mas pen. so que existem nas outras pessoas que acompanham cuidadosamente o conflito zairota. Os egípcios sendo árabes como outros e inimigos do regime de Telavive como conseguem planear juntos pa. ra interferirem nos assuntos Internos de um outro pais? Espero que os egípcios conscientes sejam capazes de relembrar ou re. cordar a verdade de: «não existiu nem existirá um amigo no inimigo do seu amigo». O conflito zairota é para ser resolvido pelos próprios zairotas. São eles que devem definir o seu futuro, não são egípcios, marroquinos, franceses e todos aqueles que sem vergonha aliam.se ao lmp.viallsmo norte-amerícano a definir ou decidir o futuro do povo zalrota. O conflito não é do povo do Zaire com o imperialismo e seus lacaios, seus segue-rabos, mas sim é entre a FNLC e o regime de Mobutu Sese Seko. Marroquinos esquecem-se de que estão a perder seus homens na vergonhosa agressão contra o povo da Rep~blica Árabe e Democrática do Saara Ocidental. Para terminar quero deixar claro para todos e em especial aos árabes a verdade que as sociedades viveram: «não há amizade com o amigo do seu inimigo». Crisànto Cosme N'Yusi (Natenda-Usi) Bairro da Polana, Maputo São ou não agentes do inimigo? Existem em certas zonas, sobretudo nas zonas de Bemassango, Matsequenha, Madero e muitas outras, pessoas que trabalham na Africa do Sul que não têm direito de passar pela alfândega e passam sorrateiramente o arame farpado. E que além de passarem clandestinamente pelo arame farpado para irem trabalhar na África do Sul, possuem duas identificações: uma de cd outra de lá. O caso muito estranho é que con. fiando naquela identificação diferente e clandestina, quando chegam aqui fazem e desfazem. Lembro-me de dois irmãos que quiseram matar uma pessoa, Banga Wllson Chigubi e Samson Chigubi, residentes em Matsequenha, Namaacha, e que quando o se. cretário do grupo dinamizador lhes chamou atenção disseram-lhe que o iriam matar e fugiriam para a África do Sul. Quando ouviram que aque. le responsável ia apresentar quei~a às estruturas superiores resolveram fugir. Será que pessoas deste tipo irão ou poderão contribuir para uma sociedade que queremos formar? Será * * ff- ._ que este tipo de pessoas não nos vai trazer ou indicar ao inimigo o acam. pamento dos nossos soldados? São ou não agentes do inimigo? A. Manuel Joaquim Namaacha Maputo: Renovacão de Biehete de 9dentidade . Eu meti no Arquivo de Identificaçãq do Maputo o pedido de renovação do B.L, no dia 12-1-77 e eles lá marcaram o dia 1214/77 para ir levantar o bilhete, fui nesse dia marcado o bilhete ainda não estava pronto, mandaram-me esperar para até Junho. Depois disseram-me que neste momento estavam a entregar bilhetes a pessoas que meteram os seus pedidos em Dezembro. Eu compreendo os trabalhadores do Arquivo e não os levo a mal porque quando nós tirámos os bilhetes nessa altura estavam montados vários postos nos subúrbios. E toda a gente que tirou bilhete em 1972, ele agora está a caducar e toda essa gente vai renovar num só sítio, se houvesse mais quatro arquivos na cidade do Maputo seria fácil tirar o B. I. e não esperaríamos muito tempo. A exemplo disto temos os postos de co. brança de rendas de casa, quando era no Montepio a, pessoa ficava muito tempo para pagar a renda de casa, mas agora como há vários postos de cobrança o problema de pagar a renda de casa resolveu- se. Jorge Jeremias Sambo Poema ao ptofbie5o Uma grande carga pesa sobre ti Tens que suportd-la Galgarás montes, vales, desertos Com determinação Abrirds novos horizontes Para dares a, contemplar Para mostrares às gerações vindou. Iras O valor dos teus sacrifícios Elas reconhecerão Elas engrenarão pela mesma via Tornar-se-ão uma grande caravana Rumo ao socialismo Será uma linda manhã Depois do romper da aurora Após uma longa caminhada Que avistarás o destino. Não vacilarás Não retrocederás Avança sem hesitação Alguém espera por ti Professor! Alguém confia em ti! Educador! Constantino Santos Lina da Conceição Escola Comercial e Industrial Ngungunhana Lichinga Reeducando na machamba estatae citus Mo.ambique Lourenço Salomão Zandamela, é trabalhador desta Machamba Estatal do antigo LEAL IRMÃO, LDA. há vinte ano no serviço de Monitor Agrcola. Depois do Governo ter tomado conta desta Machamba, ele sentiu o complexo de começar com a sua reacção por ter vício deixado pelo Colo. nialismo. E ele queria que depois do patrão ter abandonado esta Machamba seria dele a responaid/ade da sua conta própria. Primeiro depoiS do Ministério da Agricultura ter nomeado a primeim Comissão Administrativa, com vicio do inimigo conseguiu de comprar estes camaradas, e esqueceram as tare. fas da missão incumbida. Caíram nas asneiras por causa &este elemento do inimigo. Ele queria transformar esta Machamba part ser campo dos bandi. dos. Ae tinha formado um grupo só tara servir coMó apoiador dele, e quando queria fazer contradições mandava esses elementos para atacar o Responsável. E depois de ser nomeada a segunda Comissão Administrativa, ainda queria tentar o mesmo com António Frigideira como tinha feito com os outros e não foi possível porque o camarada Frigideira vinha com interesse no trabalho. Depois de ele ver que o camarada Frigideira não quer o que ele quer então começou com a reacção con. tra o responsável, mobilizava as massas que diziam que o responsável é o segundo colonialismo: «vocês não podem aceitar o que ele fala». Além disso Salomão Zandamela tinha dois vencimentos. Ganhava duas partes no mesmo governo tinha o trabalho clandestinamente. E é conhecido por dois nomes: Lourenço Salomão e o outro Francisco Chiziane Nhalinguangue. E depois do responsável descobrir ele já tinha preparado duas pessoas que com catanas vieram parar na porta do responsável numa noite a fim de o as. sassinar. E quando não foi possível de assassinar o camarada responsável, dirigiram duas pessoas a fim de destruir a máquina do gerador eléctrico, e foram vistas e fugiram. Ultimamente quando viu que era incapaz de conseguir tirar o respon. sável conseguiu preparar as mulheres que são trabalhadoras a fim de amantizar com o responsável servir como armadilha dele para o Go. verno.ver o responsável como corrupto. Tudo isto falhou. Então foi cortar a corrente da Fábrica de Empacotação de fruta para servir na suo motorizada. Este senhor é corrupto, Mbicioso, elitista, desordeiro, desorganizador, polígamo e boateiro. Ele consegue de carregar ao lado do outro e carregar do outro para o outro e então nascem intrigas. É a vida do camarada Lourenço Salomõ.o Zandamela, Fracisco Chi. ziane Nhalgnuangue. Balva*r BarntI , Zavala Machamba Estatal (CITRUS) Moçambique) TEMPO N. 345 -pág. 5 e

'no despoto tambem existe euta de casses Dirigimos esta carta com os objec. tivos fundamentais de: - Criticar a pégina Desportiva do Jornal pela forma incorrecta como dã certas notícias 2- Esclarecer alguns jactos do Desporto Africano face aos regimes racistas de África, e fazer notar que no Desporto também hd luta de classes. 1.'- Na reunião do Conselho dê Ministros da OUA realizada em Lomé à qual assistiu o Presidente e o Secretãro Geral do Conselho Superior do Desporto Africano, foi proposta uma resolução que entre outras coisas apelava para que todos os Esta. dos membros da OUA, não participassem em competições Desportivas às quais fizessem parte a África do Sul ou qualquer pais que mantivcs. se relações desportivas com esta, c9. mo por exemplo a Nova Zelândia. Este ano vai realizar-se a Taça do Mundo em Atletismo que terá lugar em Durselford no mês de Setembro. De certo modo relacionado com esta prova, realizou-se em 20 de Março uma prova denominada de Cross Internacional na qual estava presente a Nova-Zelândia Antes de realização desta prova, o Presidente da Federação Internacional de Atletismo (FIA) afirmou, face à resolução da OUA que em cima nos referimos, que os oito países africanos que estavam inscritos nessa prova (o Cross Internacional) nã, participassem (devido à presença di Nova-Zelândia) a FIA não to. leraria essa actuação e não ficaria de braços cruzados como o faz o COI (Comité Olímpico Internacional), a quando do boicote de Africa aos jogos Olímpicos de Montreal. A esta ameaça e provocação do Presidentr do Conselho Superior do Desporto Africano rcspondeu apelando a todos os países africanos que se re' 1rassem imediatamente das competições referidas, e considerou intolerável e inadmissível para a dignidade africana cssa ameaça da FIA. No entantn. dois dias depois dessa declaraçãáo o Sr. Lamine Dlack, Pre. TEMPO N 345 - 5P1 8 sidente da Confederação Africana de Atletismo, homem que em 1972 tinha apoiado (e conseguido) a participação de África nos Jogos Olímpicos de Munique juntamente com 'a Rodésia racista, efectuou couversações com a FIA (da qual também é vice-presidente) e para espanto de muito declarou em seu nome e «em nome de todos os dirigentes Africanos» que Afriqa participaria nas já faladas competições. No entanto ?;o dia 20 de Março apenas a Tunísia e o Sudão estiveram presentes. Estes foram os factos. Analizemos agora a posição da página Desportiva do Jornal Noticias. 2.C- Em 25 de Março o jornal publicava uma noticia com o Título de «A TAÇA DO MUNDO EM ATLETISMO. AFRICA NÃO BOICOTARÁ A COMPETIÇÃO». Sem qualquer análise crítica ao assunto nas suas linhas lia-se: «... a confusão advinha do facto da OUA muito recentemente ter sugerido o boicote de todas as manifestações internacionais Desportivas em que interviessem países que tivessem relações com a África do Sul e a Nova Zelândia .. » Atribui pois o jornal Noticias (mesmo que citando outro orgão de informação) a confusão a uma decisão da OUA que se enquadra na luta contra o Apartheid e não a elementos que defendem uma conciliação com esse sistema reaccionário. No dia 3 de Abril a página Desportiva do Noticias volta a referir-se ao assunto da seguinte maneira: «... a reunião da COI com os CON(Comités Olímpicos Nacionais) confirmou o desejo da África e do mundo inteiro de esquecer as divergéncias passadas e olhar o futuro sobre outros moldes». Aqui também o jornal não faz comentários. Mas perguntamos nós: Quais as divergências passadas? Acaso entre os regimes racistas de Vorster e os povos africanos já não existem divergências? E que outros sentimentos programa essa reunião? O facto é que a contradição com o regime de Vorster é cada vez mais forte e só 'terminará quando for com- pletamente derrotaaa. w para falar de sentimentos só poderia ser o aumento de ódio que os povos de África e de todo o Mundo têm ao regime racista e opressor da África do Sul. Condenamos pois o método com que estes assuntos são abordados na página Desportiva do jornal Noticias. A falsa neutralidade com que abordam os factos faz lembrar a informação burguesa. É necessário que os jornalistas do Desporto compreendam que a burguesia sempre apelidou o Desporto de desligado da política, assim como o fazia noutros sectores, mas na realidade sempre utilizou o Desporto como arma política ao seu serviço. Assim os exploradores também o fazem, só que com a diferença que o dizem abertamente. A li á s s e repararem nos artigos que publicam encontram no dia 16 de Abril um artigo transcrito do jornal «A BOLA» ém que a dado posso se pode ler. «... O DESPORTO ENQUANTO INTEGRADO NUMA SOCIEDADE SERVIR4 SEMPRE A CLASSE DOMINANTE...» Apelamos pois a transformação da página Desportiva do jornal. A África do Sul e a Rodésia, ou .melhor, os seus regimes, são agora os principais obstáculos a derrubar para o avanço de África e do Mundo no caminho da igualdade social e da paz Mundial. O Desporto deve pois participar activamente nesse combate, mesmo que à África do Sul seja apenas concedida igualdade no campo do Desporto. Aproveitamos aqui para relembrar o exemplo que têm dado muitos países Africanos, onde se destacam os nossos irmãos de Tanzania, no combate que nos referimos através do Desporto. A luta de classes existe também no Desporto. Apelamos pois, para que a pigina Desportiva do Jornal Noticias sp tansforme num instrumento ideológico das classes exploradas. Esperamos que a nossa contribuição seja compreendida como construtiva. Pela transformação da informação A Luta Continua, Um grupo de professores de Educação Física, (13 Assinaturas), SEMANA A SEMANA CURSOS DE PREPARAÇÃO POLITICO - MILTAR DE TRABALHADORES FRRO ViARIOS Terminou no dia 7 de Maio em Manuto, o IM Cuio Politico-Militar de trabalhadores ferroviários e teve início ao mesmo dia o IV Curso do mesmo género. A esta,; duas cerimónias esteve presente José Luis Cabaço, membro d,' Comité Central e Ministro dos Transportes e Comunicações. Ô3 cursos de preparação político-militar têm sido frequentados por trabalhadores ferroviários de todos os complexos existentes no país e têm uma duração de 40 dias em regime de internato na pousa 'X: dos Caminhlnv de Ferro em Maputo. Os traballpflores fcrroviários são de entre toda a classe lboriosa aieles que têm cnfrentado Os ataques dos esbirros de Smlth quando em serviço normal dos CFM principalmente em Chiciáalacuala É de salientar o facto de terem sido os ma.13 atingidos pelo eincerramento de fronteiras com a Rodésia e o facto de terem sido constitu idas por ferroviários as primeiras milícias formadas em Moçambique depois da Independência. TREZE ELEMENTOS SUSPENSOS DAS SUAS FUNÇÕES Treze elementos do Gabinete de Controlo Industrial e Comercial e de Apoio às Empresas sob Controlo Estatal da Provinc;a de Sofala, foram suspensos da suas funções e entregues às ordens das Forças Policiais, por prática de cor rupção material. Os referidos elementos são: Bonifácio Gabriel Macábi, Soares José Samuel, Pedro Inácio, Victor Picardo, Rnsário Eugéno Chaúque, Pedro Rodrigu_- Laica, Manuel Emesto, Conforme Mafurga Mpzene, Anselmo Chefane, Baltazar Sa'es Machado, Hcrácio Florindo Samajo, Dinis Lourenço e José Luis das Neves. Estas medidas para Com aqueles ind1viduos resultam da reunião Provincial (l.s Empresas sob o controlo Estatal, rea"zada na Beira, província de Sofala, no qual saiu um comunicado referente à actuação daqueles individuos. O referido comunicado diz que «a maioria dos trabalhadores dos Gabinete3 de Controlo e Apoio empregam, nos s'us contactos com os trabalhadorés, métodos arrogantes e humilhantes, em manifesto desrespeito para com a classe operária. Manobrando determinados trabalhadores menos conscientes, chega-se a intimidar a, maioria, como forma refinada de manter os complexos de superioridade dos trabalhadores no Ga. binete, o que permitiu constantes abusos de poder». O comunicado dá, também, a conhec.r os desvios materiais que foram feitos: «Aparentemente. foram desviados cerca de 2400 contos, não sendo possível confirmar tais desvios, dada a falta de contabilização no Gabinete, desde a sua fundação, falta de recibos, etc. Abusivamente a maioria dos trabalhadores dos Gabinetes têm, vales nas empresas que ascendem a 624 contos, incluindo cheques sem cobertura» Diz-se ainda que foram desviados bens da empresa, e bens dos ex.proprietârios das mesmas, não existindo qualquer controlo sobre leso. Por outro lado Borilfácio Gabriel Macábi e Soares José Samuel resolveram «negociar com uma empresa sob controlo, sem conhecimento das estruturas superiores» e salienta. -se que José Lus das Neves desviou fundos na ordem dos 938 contos. A actuação daqueles treze elementos não é por si isolada, ela identifica-se com os muitos infiltrados nas estruturas do parto Governo. Não é o primeiro nem o segundo caso que é detectado a nível de estruturas do estado, mas sim é un dos casos da consequente palavra de ordem lançada pelo Partido de detectar os infiltrados a todos os níveis. Dovido a actuação das populações, ora devido a reuniões de análise critica ao comportamento de vários elementos, que se têm realizadoa níveldas Forças Populares, Aparelho de Estado, Grupos Dina[.-izadores e outros, têm-se encontrado casós da suborno, corrupção sexua', moral e material, indisciplina, etc. Este foi um dos casos. Mais casos aparecerão.

SEMANA A SEMANA CONSERVAÇÃO E AMPLIFICAÇÃO .DO COMPLEXO POR TUARIO - FERRO VIARIO Até Dezembro de 1978 estão com- vididos por Machava e Moamba, as duas pletadas as obras de conservação e principais estações da linha e onde exis duplicação da linha férrea de Ressano tem importantes entroncamentos. Garcia que estabelece ligação entre Mo- Nas obras de conservação serão subs. çambique e Âfrica do Sul. tituidas as actuais travessas de madeira A duplicação da linha será feita nu por travessas de betão que são mais ma extensao de 31 quilómetros subdi económicas e resistentes que as primeiras. Essas travessas, fabricadas em Moçambique, serão colocadas em toda extensão da linha, ou seja em 98 quilómetros de via férrea. Os actuais carris serão substituidos por juntas soldadas as quais permitem maior velocidade às locomotivas e reduzem consideravelmente o desgaste de material. Essas obras, cuja divulgação foi feita pela Rádio Moçambique, visam alargar o volume de tráfego de mercadoria que transita por Moçambique. Ainda no plano de melhoramento do complexo portuário-ferroviário a Rádio revelou também que está quase a findar a construção de um cais de aço no porto do Maputo. Este cais, de grande capacidade, permitirá a carga e descarga de vários navios simultaneamente ou de dois com 37 pés de calado. É servido por quatro guindastes de grande potência e por 12 carros-elevadoras de 12 toneladas de carga cada um. tem 360 metros de comprimento e uma área de armazenamento com 46 metros quadrados. Em Junho próximo seré iniciada a construção de um cais de pesca do porto da Beira o qual orçará em 150 mil contos. Uma das suas partes,, numa exten. são de 100 metros, será utilizada para o despacho do tráfego marítimo. Est.-) cais a construir na Beira, será também dotado de uma rampa de reparação e conservação de embarcoçõcs d: p3sca. Se as obras seguirem o seu curso normal a obra ficará pronta em dois anos. ESCOLA - MODELO: NA CIDADE LIGADA A UMA FABRICA NO CAMPO A UMA ALDEIA COMUNAL Após o termo da reunião nacional de Ensino Primário o responsável nacional daquele sector de educação disse que «a organização de escolaS-tipo visa não só o aspecto político-pedagógico de professores mais, sobre. tudo, inserir o aluno no quotidiano e nos problemas da classe a que pertence». Prosseguindo as suas declarações,Paulo Cuco disse que era importante que um aluno vivesse em contacto com a realidade concreta do País. Assim, a escola- modelo na cidade «deverá trabalhar ligada a uma fábrica e no campo ligada a uma Alde'a Comunal ou a um complexo agro-pecuário ou ainda a um2 cerâmica. Isto pOrque num estado de operários e camponeses é imperioso que desde cedo o homem tenha consciência de classe». A Reunião Nacional de Ensino Primário realizou-se em Quelimane de 18 a 26 de Abril e contou com a participa- ção de todos os responsáveis provinciais do ensino primário. De entre as suas conclusões pode-se salientar: a) - criação de Zonas, E3co'as-Mode. lo e Escolas-Piloto em todo os distritos do país; b) - reformulação de algumas normas da Organização Política -e Administrativa das escolas; c) - definição das tarefas que cabem aos responsáveis do ensino primário. Entretanto em Nampula teve inicio no dia 8 do corrente um curso de reciclagem para profassoras 'primsrio3 com participantes da Zambézia, Niýssa e Cabo Delgado. Todavia notícias posteriores revelaram que os cursos de reci. clagem abrangem todo o país, portanto todas as províncias. Na reun.ão nacional das lojas do povo, realizada recentemente na Beira. de. cidiu- se a criação dos seguintes departamentos ligados à empresa estatal que controla aqueles estabelecimentos co. merciais: Departamento de Planificação, Departamento de Controle das Delngações, Departamento Comerc'al, Departamento Financeiro, Departamento Admi. nistrativo e Departamento de Transoortos. Essas nov* estruturas destinam-se a estabelecer uma melhor coord3nação no trabalho das 200 lojas existentes em todo o pais. Esta mesma empresa estatal possui 14 armazéns provinciais, 25 arrmazéns distritais, 3 armazéns do povo e 3 armizéns de localidade. Porque ela .ão se ocupa apenas do ramo «mer cearia», tem sob a sua gestão 10 padarias, 5 talhos, 8 alfdiatarias, 4 centros sociais, 5 peixarias, 3 pensões, 21 moagens, 9 postos de abastecimento, 5 parque infantis, 5 oficinas de manut3nçã3 1 barbearia. Emprega 2414 trabalhadoros espalhados por todas as províncias. Na reunião havida na Bejrá estiveram repres2ntados delégads das lojas do po

ANA A SEN CIMEIRA DAS Nos dias 8 e 9 deste mês reuniram-se em Londres os dirigentes políticos das sete nações capitalistas mais industrializadas: James Carter e Giscard D'Estaing, presidentes dos EUA e da França respectivamente; o chancelar Helmut Schmidt da Alemanha Federal; e os primeiros-ministros da Grã-Bretanha, Itália, Canadá e Japão, respectivamente, James Callaghan, Giulio Andreotti, Pierre Trudeau e Takeo Fukuda. Esteve também presente Roy Jenkins em representação da Comunidade Económica Europeia. Esta cimeira dos «maiores» do mundo capitalista foi conv cada essencialmente como tentativa de coordenar o desenvolvimento do sistema capitalista à escala mundial partindo do seu centro (a Europa e os EUA), POTÊNCIAS c e para resolver os dois principais espinhos daquela que é a pior crise económica rio bloco capitalista dos últimos 40 anos: o desemprego e a dependência em relação aos países produtores de petróleo. No respeitante ao primeiro ponto a cimeira resolveu adoptar como política económica permanente a rápida aproximação aos países em vias de desenvolvimento convidando os países do bloco socialista a fazerem o mesmo. Parece pois que os patrões do capitalismo multinacional estão agora interessados em enveredar por um caminho que leve ao fim da guerra fria económica com os países socialistas - particularmente com a União Soviética -através de uma despolitização completa da coope- rAPITALISTAS. ração económica. O levantamento do bloqueio económico norte-americano a Cuba poderá ser um primeiro passo dessa nova «boa vontade» das potências capitalistas. Por outro lado, a via tradicional de manutenção dos recursos naturais do terceiro mundo nas mãos do bloco capitalista- a via da intervenção militar -está longe de ser algo do passado. Aí está a intervenção francesa no Zaire a confirmar a sua continuidade. E com tal prática continuará a ser difícil ao bloco capitalista convencer os países pobres - particularmente aqueles que vão escolhendo a via socialista - de que o seu desenvolvimento deve assentar sobre uma plataforma de cooperação económica com o ocidente e não com o bloco socialista. Takeo Fukuda, primero-. Helmut Schmidt, chance -ministro do Japão ter da Alemanha Federal Pierre Trudeau, PtiffietrO- Giuio Andreott, primeiro- Roy Jenkíns, em repre- ministro do Canaáá *ministro de Itdlia sentação da Comunidade Económica Europeia TEMPO N. 345 - pág. 19

A táctica para manter supremo o sistema capitalista sugeriu-a James Carter: permitir um alargamento do mercado de competição como forma de provocar o crescimento de milhares de pequenos e médios interesses privados em todo o mundo. Para isso os presentes na Cimeira resolveram deixar a política de protecção máxima às multinacionais. Esta medida será também aplicada no capitulo do combate ao desemprego que roi por dentro a estabilidade sócio-política dos' países capitalistas altamente industrializados. O desemprego afecta principalmente a juventude, desde a Alemanha Federal aos EUA, e dele tem resultado uma radicalização crescente das camadas mais jovens europeias e norte-americana. A Cimeira concluiu pois que é prioritário o desenvolvimento de novos postos de trabalho que esse alargamento do mercado competitivo capitalista poderá criar. No respeitarte à dependência ocidental em relação ao petróleo a Cimeira decidiu- se por uma política de conservação de energia em cada país, e por um convite à Arábia Saudita (país produtor de petróleo) a contribuir para o Fundo Monetário Internacional. O problema energético levantou uma outra questão: a do fornecimento de tecnologia nuclear a países em vias de desenvolvimento. Todos os participantes na Cimeira concordaram que era viável a colaboração nuclear com essespaíses mas somente para fins energéticos. Mas entre o fins energéticos e os fins político-militares a distância não é grande. Logo os EUA desembocaram num desacordo com a Alemanha Federal por esta querer fornecer energia nuclear ao Brasil, um país que está longe de ser um «país ocidental» no sentido económico e político-do termo. Por outro lado, os EUA temem, muito' sim- plesmente, a fuga da tecnologia nuclear para fora do campo estritamente controlável porque isso põe em «cheque-mate» a sua posição privilegiada no capítulo nuclear. No entanto James Carter concordou em não ANGOIA: tentar pressionar a Alemanha Federal ou qualquer outro país capitalista a abandonar os seus planos de cooperação nuclear com nações fora do bloco capitalista industrializado. UMA "OPERA ÇÃO COBRA" DE MAIOR ENVERGADURA. A 24 de Fevereiro último o presidente Agostinho Neto convocou todo o corpo diplomático acreditado em Luanda e anunciou que Angola seria novamente atacada em Outubro ou Novembro deste ano por forças imperialistas operando a partir do Zaire. A cOperação Cobra» a que Neto se referia estava a ser financiada por um multi-milionário canadiano com residência na Suíça. Este multi- milionário pôs ao dispor das forças -airotas e -nercer.árias que ser .m usadas no ataque, 83 milhões de dó. lares para pagamento das despesas militares. Paralelamente os servJços secretos sul-africanos (BOSS) tirnnam a seu cargo a preparação dos planos para a invasão. Hoje não passa despercebida a ninguém a presença de agentes da BOSS em Kinshasa capital do Zaire. De acordo com o plano, o ataque começaria por Cabinda depois de largos meses de treino dado aos contra.revolucionários da FNLA e da FLEC. Esse treino estava (e estará ainda?) a cargo do coronel Mutome Pierre. um oficial treinado em St. Cyr na 'França, e de dois coroneis norte-americanos que lutaram no Vietname. Tudo cor-ia pelo melhor para o presidente Mobuu. Mas depois aconteceu Shaba. Os combatentes congoleses não têm nas suas fileiras nem cubanos, nem angolanos, nem soviéticos Mas para Mo. butu e para os seus aliados e patrões basta o facto de eles terem vindo de Angola. Não lhes importa a realidade de uma população inteira a recebê-los como libertadores e segui-los no trilho da guerra. Todos eles hoje, Mobutu, Giscard D'Estaing, Hassan II, Anwar Sadat, Leopold Senghor, Idi Aýnin, Houphouet Boigny e outros dirigentes africanos reaccionários, apontam o dedo acusador para Angola. Estamos pois perante uma unidade reaccionária actual no Zaire muito mais ampla do que aquela que havia há três meses. A «Operação Cobra» continha naquela altura as limitações diplomát' . cas de uma Africa reaccionária ainda escondida por detrás das hesitações. Se ela, a operação, surgisse sem Shaba, poderia acontecer que o bloco reaccionário africano não tivesse triunfos argumentativos suficientes para atirar contra as justas aspirações do povo angolano. Hoje, acusando Angola de ter permitido a passagem dos guerrilheiros zairenses para o lado de lá da fronteira (uma acusação em bloco), poderão todos eles passar da contra-ofensiva em Shaba para um ataque de grande enver. gadura a Angola. E, actualmente têm muito mais material de guerra no Zaire do que antes. Estão lá os tanques e aviões franceses vindos de Marrocos; estão lá os pilotos franceses e egípcios; estão lá mil e quinhentos soldados marroquinos e mais 1500 de prevenção em Rabat, capital de Marrocos. Resta trabalhar a opinião pública mundial para justificação moral do ataque. A haver uma nova invasão à República Popular de Angola ela será de uma envergadura muito maior do que aquela que caracterizava a «Operação Cobra». TEMPO N.- 346 - pg. 11

IANA A SEM A questão da disciplina nas escolas e na sociedade t possivel que na nossa impacilncia em relação aos protestos multas vezes ilegais, dos nossos estudantes universit~rios, sejamos tentados a apoiar medidas disciplinares contra eles que em ciscunstáncias normais seriam consideradas como vingativas. O problema da indisciplina nas nossas escolas e universidades, é verdade, tratase de una daquelas raras questões sobre a qual parece haver considerá. vel unanimidade na nação. Quando o govemo, a imprensa, a opinião pública concordam em relação a uma questIo, única que seja, leso é sinal de que a questio em foco vai até muito perto dos fundamantos morais da vida nacional E o que parece agora manifestamente claro é que nós, nesta nação, não desejamos tolerar protestas violentos ou potencla!mente violentos por parte dos nossos estudan. tos. O que não é de modo nenhum certo é se estamos prontos a delegar a qualquer outra autoridade o privilégio de formular regulamentos disciplinares contra eles que pudessem ofender o nosso sentido de justiça natural, A recente decisão do Senado da Universidade de Ibadan, exigindo que a Organização dos Estudantes ob. tenha pelo menos 51 por cento da aprovação do corpo de estudantes antes da poder boicotar legitimamente as aulas na universidade, não pode dizer-se que foi Inspirada pela sabedoria de Salomão. Poderá acontecer, evidentemente, que a medida tenha sido tomada para assegurar que aqueles que clamam representar os estudantes tenham na realidade o apoio destes )- um ponto de vista democrático perfeitamente legitimo. t Igualmente posível, por outro lado, que as autoridades. universitárias, sabendo muito bem que seria necessária uma situação verdadeira. mente catastrófica para que 51 por cento dos estudantes registados na universidade viessem a concordar em qualquer tipo da questão, tivesse pensado em dasprover de iniciativa, através deste meio, a Organização dos Estudantes. Esta última possibilidade, caso fosse verdadeira, não pode pretender ter o apoio do público. Nós temo-nos aposto repetidamente aos protests violentos TEMPO N.° 345 -pág. 12 dos estudantes, mas ao fazê-lo não esta. mos conscientes da imensa contribuição que os nossos estudantes unlversitéros podem dar é nossa vida nacional através das suas análises criticas de problemas gerais. Assim, nunca poderemos apoiar qualquer mda que nos seus efeitos préticos os Impeça de desempenhar um papel para o qual estão melhor preparados que ninguém. De qualquer modo, não fica bem claro que a solução de percentagem maioritária possa ser prticada. Os estudantes uni. veritéros, como os outros cidadãos, nem sempre estio ligados às posições oficiais da sua organização. Individualmente, eles poderiam, no nosso modo de ver, exprimir opiniões contrárias ,e mesmo bcotar as aulas, desde que não clamem representar ninguém excepto eles próprios. Se f6ssemos negar-lhas este direito, estadamos a impbr-lhas um requisito legal não aplicável a qualquer outro cidadão. E na verdade, concederlhas este direito es. ria de facto o mesmo que dizer-lhes que nlo terão que tomar muito a sério as dlberações da sua organização. De um ou outro modo, a regulamntaçãio levanta mais problemas do que os que resolve. A questão da disciplina na Nigéria é nacional, mais do que uma questão Iso. leda. Fkle-as na verdade retorquir que a indsciplina entre os nessas estudantes é uma mera extenao da ,ocledade em que vivem, £ multo possível que nós, come cidadãos adultos tivéssemos. falhado na trnmis daquele sentido da responsabilidade que poderia ajudá-los a conduzirs com dignidade. Devemos ser culdadosos, para não transferir a nosa frutção nacioal para eles e transformá-los assim em párlas sociais. A firmeza na Implemntação de códigos da conduta razoável não deverá ser confundida com o capricho autotio, partlóularmenta guando não desejamos impor as mesmas restriç6es a nós me.In «Dalily Times», NIGÉRIA 4 generais publicam «Vitória traída» «AVITõRIA TRAIDA» é mais um livro do 24 de Abril desta vez, escrito por quatro generais, de perfil politico bem conhecido: Luis Cunha, Bettencout Rodrigues, Silvério Marques e Kaulza de Ar. riaga. Segundo entrevista deste último, concedida ao "Diário do Minho" o coordenador da «Vitória Traida» é o general Silvino Silvério Marques e «a importância desse livro resulta do seguinte: tem-se criado a ideia de que o grande desastre que foi e é a descolonização, resulta da insuficiência das Forças Armadas como sendo as responsáveis por tudo. E os políticos encontraram uma situação militar tal, que mais não puderam fazer dO que aquilo que fizeram: quer dizer uma descolonização desastrosa». Portanto, e segundo esta vesãlo, continue Kauiza de Arriaga, «seram as FA as grandes responsáveis a os politicos, coitados, fizeram o melhor, perante uma derrota militar. Ora isto é falso. As coiss passam-se precisamente ao contrário» Para Kauiza de Arriaga as Forças Armadas evitaram a derrota e deram á política o tempo necessário para que s tornas possível a vitória es acontece que as Forças Armadas deram é politica treze anos para que a poltica construise a vitória». Porém, na opinião de Kaulza de Arriaa. a poiítica emprogou, a partir de certa altura, a sua actividade não na cons trução da vitória, mas numa atitude de apostasia nacional, de maneira que os militares acabam por ser destruidos pela política. Não obstante esta conclualio que dócorre da entrevista do general Kaulza de Arriaga, o antigo comandante das Forças Armadas em Moçambique, afirma que a luta estava vencida por nós, portugueses. não apenas nestae território, mas particularmente em Angola e até na Guiné, afirmações que. quem conheceu o teatro das operações, sobretudo na Guiné e em Moçambique não pode aceitar sem interrogações graves. E opinião, aliás, parti. lha o general Galvi da Meio que, ouvido pelo EXPRESSO, afirmou: «a minha opiniIo é contrári, até por este motivo: nós não conseguiríamos manter uma guerra contra o mundo inteiro. Desde o princi. pio da guerra, defendi posições um pouco diferentes que não eram do tipo alienar. A minha posição era baseada nisto: quando eu, hoje, vou ao Brasil, não me sinto ofendido por encontrar uma nação independente. Sinto-me orgulhoso porque Portugal está na origem do Brasil. Defendida já, então a tese, de que era necessá. rio fazer de Moçambique e Angola novos Brasis. Mesmo que outras razões não houvesse, eu defendia-a por um espírito prático: é que eu tinha a certeza que, a prazo, não nos podíamos aguentar daquela maneira. Como se sebe, a ditadura anterior apoiada como aliás todas as dita. duras, pelas Forças Armadas, mais não faz que castrá-las. E para manter uma defesa só com a teimosia, era necessário ter forças Armadas excepcionais, com qua. dros excepcionais que nós não possuíamos. Nunca se iria além daquele siatue quo que se mantinha há treze anos. Cheguei mesmo a apresentar un plano, uma vez que não se avançave, que para manter as colónias nlã eraM necessários exércitos de 70000 homens. Referia- ma concretamente, a. Angola. Com '7500 ou faço a mesma colsa, se mos delmas escolher e equipar. Isto para sermos senhores das estrad^ ~cdades e pie es mas não do mato. Para Galvio de Meio as Forças Militares não perderiam mas tem~$m nio ganhariam a batalha. In «Exprese*w, Portugal Escola tradicional ITI '0r00~^A U4 t!'u,3t TEMPO N. 345 -pág. 13

W SEMANA -A SEMANA Malawi: Deterioramento da situação Em meses recentes, o Dr. Banda nunca deixou de aproveitar uma única ocasião para reafirmar, perante as suas audiências, os perigos do socialismo. A mais recente teve lugar por ocasião do encerramento da sessão de discussão do orçamento no Parlamento em 25 de Mar. ço, quando ele apelou para a rejeição total do socialismo no Malawi, independentemente do que façam os estados vizinhos. Banda fala de tudo isto oorque está preocupado com as orientacões ooíticas socýalistas actualmente seguidas com êxito nos países vizinhos, mas ainda mais devido ao trabalho de propaganda clandestina desenvolvido pela Liga Socialista do Malawi sob a direcção de Attati Mpakati. Contudo, apesar da propaganda anti-socialista do Dr. Banda, a propaganda mais efectiva contra a sua política capitalista é fornecida pelo próprio sistema, com a progressiva deterioração das con. dições de vida e trabalho dos operários e camponeses. Tem sido notado que enquanto um estado socialista nacionaliza os meios de produção para o uso colectivo, um estado fascista «nacionaliza» o trabalho para assegurar a entrega barata do seu produto aos capitalistas. Que isto é correcto, é fácilmente demonstrado pela política seguida pelo regime d9 Malawi. Como estado fascista, o governo do Ma. lawi suprimiu, à letra, todas as organizações da classe 'trabalhadora. Os dirigentes sindicais que defenderam corajosamente os direitos da classe trabalhadora foram presos, torturados e em alguns casos brutalmente assassinados, Deste modo, hoje a classe trabalhadora do Malawi foi despojada de todos os seus direitos incluindo os poucos que conquistara no período colonial. No que concerne ao sec-. tor laboral, o regime do Malawi tem-se preocupado com duas questões principais, ambas consequência da natureza fascista e neocolonial do regime; A) O fornecimento de mão de obra barata a capitalistas locais e estrangeiros que operam no Malawi. e B) fornecimento de trabalho contratual barato aos regimes racistas da Africa do Sul e Rodésia. Há três anos, a segunda destas questões foi abandonada. TEMPO N.° 345 - pág. 14 1 . 1 Foi sugerido por algumas pessoas que esta mudança de orientação seria provocada por modificação de opinião na direcção do Malawi, e que o Malawi começara finalmente a reagir às políticas racistas da Africa do Sul e à desumanização do trabalho nas minas. A verdadeira história é muito diferente. Durante já mais de dez anos, o regime do Malawi, com a ajuda do Banco Mundial, tem estado engajado num processo sistematizado de desenvolvimento de uma classe rural capitalista que constituiria a coluna vertebral da reacção no Malawi. A formação de tal classe levou à expulsão de muitos camponeses, das suas terras criando no Malawi_. um rapidamente crescente proletariado rural não possuidor de terras, Isto sente-se mais fortemente em áreas como as de Lilongwe, Salima e Karonga onde se estabeleceram os chamados «projectos de desenvolvimento rural». A velocidade deste processo de desapossar as massas das suas terras e a sua rápida proletarização é revelada pelas estatísticas do próprio regime que mostram níveis de evolução de trabalho assalariado, no sector da agricultura, de 23,1 por cento entre 1971 e 1975. A primeira vista este dado pareçe impressionante e pode levar a pensar em progresso económico, embora por detrás desta fachada esteja a criação de um pro. Banda, presidente imtaltco do Malawi letariado sem terras, desenraizado, e que trabalho para a Africa do Sul de modo a vive no campo. É igualmente importante garantir para si próprios fontes da mão notar que de acordo com os dados esta- de obra barata. E mesmo entre os maiotísticos o salário médio da classe traba. res capitalista, incluindo o próprio Banda, lhadora agrícola baixou de sete por cento. o problema da mio de obra barata foi E isto apenas em termos monetários, Se sentido fortemente. (Banda é um grande tomarmos em consideração os efeitos da proprietário de plantações possuindo cininflacção e do facto de que (de novo se- co todas servindo-se livremente das regundo dados do regime)os preços de ar- servas monetárias do estado). tigos de consumo para o «grupo de baixo A história da classe trabalhadora nusalário» subiram mais rapidamente que os -tros sectores é a mesmna Os ddos estacomprados pelo grupo de salários mais tísticos mostram que osalário m o dos altos, será imediatamente evidente que trabafadores no Malawi baixoq em todas juntamente com o aumento da produção agrícola e do nível de emprego, existe um as secções excepto duas, Para a classe processo de desapossamente e aumento trabalhadora como um todo, os salários de miséria nas zonas rurais do Mlawi. médios baixaram cerca do 6,8 por canto, numero que nao toma em consioeraçao O crescimento da classe capitalista ru. outras perdas provocadas pela inflacção. raI (uma classe kulak ou achikumbe) pro- Ao mesmo tempo, os Palários ao nível vocou uma maior procura de trabalhado- nacional parece estarema crescr à ra. res. Estes capitalistas rurais (que domi- zão de 12 por cento ao ano. nmm a estrutura do Partido do Congresso O decréscimo dos salários médios gado Malawi nas zonas rurais, incluindo os assentos do Parlamento) começaram a nhos pela classe trabalhadora não tem exigir o fim da exportação de força de nada que ver com declnio em produti- vidade de trabal o. Se analisarmos o sec- Cortar capim -nítida influência burgusa- o que a tor, mnufactureir , verificamos que a pra- paracrescermilho tora vulnerável a investidas contra-revoduçfio aumentou cerca de 20 por cen. lucionárias. to, enquanto o niv l de emprego aumlento e qunt on 1 d e mp go a e- Esta classe citadina, assumindo o patou de 9,5 por to o que quer dizer Sempre que modifica a situação social, to o qu qurdzrpirpeetdpeocooo nnhque a produtividad laboral aumentou de económica e política de um país qual- pel representado pelos colonos endinhei~redos, é um foco maléfico que tentará 11 pr cnto E o* tano ,est setorquer, surge. uma fase transitória onde sedo,éu omlfc u etr 11 por cento. E no ntnto neste sector , atrair para si o proletário, pelo seu exemos salários médios ixaram em 20 por avança com o novo sistema, ao mesmlo cento. Os capitalists no Malawi devem tempo que se trabalha, em certos scto- pio corrupto, s este não estiver consciente do seu papel no contexto revoluciomesmo stár a goza bons tempos. res, com o antigo. nário. Para garantir aos capitalistas tal parei- Quando essa fase se verifica na passo para investimentos, todo um aparato sagam do capitalismo para o socialismo, É ainda esta espécie citadina - de tende repres"o aos trabalhadores foi criado. a grande parte do povo, ainda que co- dência burguesa mas que não o admite nheça as bases essenciais da doutrina re- a principal fonte de desentendimentos e A LESOMA comprometeu-se a criar um volucionária. sente grande dificuldade p- divergências ideológicas. estado verdadeiramente proletário onde ra a pôr na prática. Acenando uma frasologia onde preos frutos do trabalho pertençam ao tra- A end o um foogia «de combalhdor.Nósopom.no ao crecime- -É essa dificuldade que dá aso ao apa- tende aplicar um português «difícil», combalhador. Nós opomo.nos ao «crescimen- recimento de correntes divergentes, para- pletamente alheio à capacidade de absorto» capitalist pois na essência ele signi- leia#i ou frontalmente opostas à lnha es- ão das masss

ESTATUTO-TIPO DAS EMPEI SEUS OGOS E SEU FUCi FOI aprvad e tOrnao público pe~ Conselhio de Ministros da República Popular de Moçambique, um Estatuto-Tipo das Empresas Estatais, no Decreto-Lei n.o 17 de 28 de Abril de 1977 O referido decreto começa por uma introdução, onde explica a necessidade de se organizar a Empresa Estatal, de forma que «seja um instrumento essencial através do qual o Estado assumirá a função dirigente e impulsionador da economia nacional».iL A Introdução do decreto diz ainda que

AS" NAMINTO Falando da Direcção, aquele decreto explica qual deve ser a sua constituição e

O Conselho de Direcção. estrutu ra indicada na alínea «b» é composto por: a) Direcção; b) Responsáveis pelos sectores da empresa; c) Representante da Organização dos trabalhadorés na empresa: d) Representante da estrutura da FRELIMO na empresa. Além do indicado atrás, o presidente do Conselho de Direcção e o director da empresa ou quem representar este no caso de ausência ou por outros motivos quaisquer, farão p a r t e também do conselho mencionado em cima. Aquele órgão tem.por obrigação, reunir-se pelo menos uma vez por mês e sempre que o presidente do mesmo o convoque. O Conselho de Direcção, tem como tarefas estudar os problemas essenciais da empresa e contribuir activamente para a sua correcta solução, propor medidas concretas para aumentar a produtividade e melhorar a qualidade dos produtos. Também compete ao Conselho de Direcção, participar na elabora ção e aplicação de medi-as destinadas a elevar a consciência pro- fissional dos trabalhadores, desenvolver os seus conhecimentos científicos e técnicos, reforçar a higiene e segurança no trabalho e melhorar as condições de vida e de trabalho, bem como contribuir activamente para o reforço da disciplina e propor a aplicação de medidas disciplinares. Finalmente na alínea «c» as Assembleias de Trabalhadores são: a) A Assembleia Geral dos Trabalhadores constituída pelos trabalhadores da empresa; b) A Assem- TERýýnO .'.. 345 -g,ãg. 18 bleia de Sector constituída pelos trabalhadores que integram cada sector da emprçsa. A Assembleia dos Trabalhadores é constituída por duas assembleias. É da Assembleia Geral dos Trabalhadores que primeiramente vamos falar. Esta assembleia deverá reunir ordinariamente duas vezes por ano e extraordinariamente sempre que convocada pelo presidente da mesa a pedido de Direcção ou Organização dos Trabalhadores na empresa ou estrutura da FRELIMO na empresa. obrigatório que a Direcção e o Conselho de Direcção participem na Assembleia Geral dos Trabalhadores que tem como competência o seguinte: Proceder ao estudo crítico e síntese de experiências da actividade da empresa e propor medidas adequadas para o seu desenvolvimento; apreciar Os planos de actividade, de investimentos e o orçamento; estudar os meios para a sua execução e responsabilizar-se solidariamente pelo seu cumprimento; apreciar o relatório, contas de ges- tão e distribuição de resultados do exercício anterior; pronunciar-se sobre a distribuição do Fundo Social; eleger o adjunto ou adjuntos do director da empresa e retirar-lhe (s)o mandato quando houver justificação para tal; levar a efeito a acção disciplinar nos casos que lhe forem submetidos pela Direcção ou pelo Conselho de Direcção. Além disso compete àquela assembleia pronunciar-se sobre outras matérias para que tenha sido convocada. A segunda assembleia, Assembleias de Sector reunem-se pelo menos quatro vezes por ano, ralizando as suas sessões respectivamente, antes e depois de cada uma das Assmbleias Gerais dos Trabalhadores, podendo reunir-se .ainda sempre que para isso for convocada pelo presidente da mesa da Assembleia do Sector, e pedido da Direcção, ou da Organização dos Trabalhadores o u p e 1 a estrutura d a FRELIMO no sector. Ã Assembleia do Sector compete o seguinte: Proceder ao estudo crítico e síntese de experiências da actividade do sector e propor medidas adequadas para o seu desenvolvimento; estudar os meios para a c:ecução do programa de trabalhos do sector e solidarizar-se pelo seu cumprimento; eleger os delegados da Assembleia Geral dos Trabalhadores no caso de grandes dimensões da empresa ou no caso da diversidade da sua implantação geográfica, e retirar-lhes o mandato; levar a efeito a acção disciplinar nos casos que lhe forem submetidos pela Direcção ou Conselho de Dirccção; pronunciar-se sobre outras matérias para que tenha sido convocada. O que escrevemos aqui, constitui a base para o funcionamento -dos orgãos previstos pelo decret9. Contudo, o decreto ainda fala de mais assuntos como, estatuto jurídico dos trabalhadores, gestão económica-financeira, etc. Poder'sc-á fazer um estudo sobre isso através do Boletim da República número 48 do dia 28 de Abril. TEMPO N. 345 -pg. I* As resoluções da conferência não carregam o sIo da obrigatoriedade para os estados-membros da ONU mas elas poderão afectar substancialmente as próximas reuniões do Conselho de Segurança da ONU e do Comité de Libertação da OUA. Entre os dias 16 e 21 deste mês reunem-se em Maputo representantes de mais de cinquenta países e organizações internacionais para uma conferência sobre o Zimbabwe e Namíbia. A conferência é organizada pelo Comité de Descolonização (Comité dos 24) e pelo Conselho para a Namibia, ambos organismos da Organização das Nações Uni d a s (ONU). Dois dos «convidados especiais» já confirmaram a sua vinda; são eles Olaf Palme, ex-primeiro-ministro da Suécia, e Michael Manley, primeiro-ministro da Jamaica. Também como «convidados especiais» devem estar presentes Lord Caradon da TEMPO N. 345 - Pág- 20 Grã-Bretanha, e os norte-americanos Richard Clark, (senador) Charles Diggs e Parren Mitchel (congressistas). Mais de cem jornalistas de todo o mundo farão a cobertura desta reunião de Maputo cujo tema central é a procura das melhores vias para «ajudar os povos do Zimbabwe e Namibia». A IMPORTANCIA E O CONTEXTO DESTA CONFEINCIA Numa conferência de imprensa dada recentemente Salim A. Salim, presidente do Comité de Descolonização, classificou de «muito importante» esta reunião. Ela é efectivamente importante não só porque o debate é em torno de dois pontos «quentes» na Africa Austral mas particularmente porque ela assinala claramente, no plano diplomático, a nova correlação de forças actual no confronto geral entre o imperialismo e as forças progressistas de Africa. Nos últimos três anos o imperialismo tomou iniciativas através dos seus agentes em África; no Sara, no conflito em Angola, no Líbano, e, maisrecentemente, no Zimba1bwe, Namibia e Zaire. Quebrd a orgÂnica directa do colonialismo, principalmente nos paises que venceram o colonialismo português, o imperialismo tem de tomar iniciativas políticas, económicas e diplomáticas para garantir a continuidade das estruturas do neo-colonialismo. Por isso o Movimento de Libertação Nacional no sub-continente se debate hoje numa maior comple- xidade. Desde que em Angola forças africanas reaccionárias colaboraram directamente com o governo racista sul-africano num assalto à democracia popular representada pelo MPLA naquela parte do continente, assistimos a um não mais parar de compromissos entre imperialistas neo-colonizadores e burguesias africanas, agentes e defensoras do neo-colonialismo. Portanto o Movimento de Libertação Nacional no Sul do Continente sofre hoje pressões africanas muito concretas para uma «moderação» dos seus objectivos políticos e sociais. Até à derrota total dos colonialistas portugueses havia um consenso geral em África de que todas as formas de opressão estrangeiras no continente deviam acabar. Assim, chegava a ajuda aos movimentos de libertação sem entraves e sem os governantes de Africa se preocuparem muito em analisar ou tecer considerações sobre a ideologia interna de cada movimento de libirtação. Hoje isso não acontece. Se um movimen'to dá indícios de pretender um futuro revolucionãrio para o povo que dirige, logo há forças africanas a porem-se ao lado do imperialismo e a dificultarem tremendamente a tarefa libertadora. l esta complexidade imensa que a conferência de Maputo vai sem dúvida alguma reflectir. Os choques dentro da conferência não serão o resultado de blocos com posições antagónicas face ao direito dos povos Namiíbio e Zimbabweano à independência e auto-determinação. Não. Hoje o bloco capitalista não ousa pôr-se abertamente ao lado do colonialismo (britânico na Rodésia) e do «apartheid» (África do Sul). As potências capitalistas actualmente já não dizem não à independência do Zimbabwe e da Namibia. O que elas pretendem é tirar o máximo proveito dessa independência. Para especificarmos isto façamos a leitura das últimas iniciativas imperialistas em torno do Zimbabwe e Namíbia. A) O ano passado Kissinger, então secretário de estado do EUA, veio à África pôr em movimento o seu princípio de «solu- ções africanas para problemas africanos». Desde essa altura que os norte- americanos não se cansaram de arranjar meios para imtervirem na solução do problema rodesiano. Assim estiveram presentes na conferência de Genebra através do seu sub-secretário de estado para os assuntos africanos, William Schaufelle. A conferência falhou. Depois seguiram-se novos contactos entre os representantes da Casa Branca e do governo britânico para uma nova «solução pacifica» para o Zimbabwe. A meados do mês passado, após a vinda do ministro dos negócios estrangeiros britânico (David Owen) a vários países da Africa Austral, o governo britânico sugeriu que os norte-americanos tomassem o papel de co-presidente de uma futura conferência constitucional sobre o Zimbabwe. O convite foi imediatamente aceite porque para isso trabalharam eles. Ao mesmo tempo a administração do presidente Carter continua a pedir ao Congresso um bilião e quinhentos milhões de dólares para investir num Zimbabwe independente. O objedtivo é coordenar plenamente o desenvolvimento económico daquele futuro país independente africano. CoorTEMPO N. 345 -pg. 21 denar num sentido capitalista, neo-colonialista. E um terceiro ponto dá-nos uma ideia geral do que pretende o imperialismo para povo zimbabweano. A principio da semana passada foi noticiada a entrega de seis aviões a jacto «Mirage» sul-africanos ao regime de Ian Smith. Esta entrega foi feita depois de muitos contactos entre Vorster e representantes diplomáticos da Grã-Bretanha e dos EUA. Se bem que com carácter especulativo ainda, podemos já adiantar certas considerações sobre este contínuo fornecimento de armas a Salibúria. O imperialismo quer armar as forças conservadoras negras dentro do Zimbabwe para se oporem aos guerrilheiros do ZIPA (braço armado da Frente Patriótica). A intenção não é só permitir que Smith continue a sua guerra de destabilização em Moçambique. A intenção é, arranjar um «exército nacional zimbabweano», liderado por políticos conservadores negros, que faça a defesa dos interesses capitalistas dentro do Zimbabwe. Para melhor preparar o caminho até lá Ian Smith, sem dúvida pressionado pelo imperialismo, vai promover alguns negros do seu exército à categoria de oficiais a partir de Junho deste ano. Portanto, o imperialismo quer por todas as vias estar numa posição de força quando descer a bandeira dos colonos rodesiano no mastro político do Zimbabwe. . esta posição que imperialistas e seus aliados africanos vão argumentar e defender na conferência de Maputo. Em suma, eles vão dizer: queremos a independência do Zimbabwe mas não queremos revolução. Uma força zimbabweana ergue-se contra esta ingerência (por vias diplomáticas, militares e económicas) do imperialismo. É a Frente Patriótica, hoje trabalhando incansavelmente para uma unidade efectiva e consequente das duas organizações que a compõem, A ZANU e a ZAPU. Uma unidade política e militar, (esta no ZIPA), para a qual o assassinado Jason Moyo tanto contribuiu. A Frente Patriótica vai pois pôr a sua posição na Conferência de Maputo: não à partici-. pação dos Estados Unidos da TEMPO N. 345 -pág. 22 América numa conferência constitucional convocada pela Grã-Bretanha; e aceitação dessa conferência somente se ela for entre os ingleses e a Frente Patriótica. Esta posição da Frente Patriótica vai necessariamente chocar con as pretensões imperialistas dentro da reunião. I>ergunta-se: que forças se manifestarão de um lado e doutro, quem quer a independência real e quem quer o neo-colonialisrmo para o Zimbabwe? B) Sobre a Namíbia há indicações claras de que para o imperialismo não chega a manobra sul-africana de proclamar a «independência» a partir das restrições políticas da conferência de Turnhalle. Com a intenção de levar Vorster a rever a sua estratégia na Namíbia reuniram com ele os embaixadores de cinco potências ocidentais: os EUA, o Canadá a Inglaterra, a Alemanha Federal e a-França. Nas duas reuniões que já tiveram corn John Vorster propuseram-lhe tlue aceitasse a participação da SWAPO em eleições supervisionadas pela ONU.. O imperialismo joga com dois factores que lhe facilitam as ta- OSP ICP E Ei alun do pase qu .88iípi net 8ofeêca PASE NCE.1EILMA *lgnsã .1 *léi 1 Autrli8 .8san refas da neocolonização: o facto tar estas exigências pelo que o de a SWAPO não ter ainda os me- processo da Namíbia desenvolvecanismos de um futuro revolucio- -se ainda em torno de uma abernário e a existência de orgãos civis do Movimento no interior da tura de terreno de ambas as parNamíbia que»se forem devidamen- tes. O vice-presidente dos EUA, te infiltrados, poderão proclamar Walter Mondale, vai encontrar-se a ruptura como PLAN,braço ar- com o primeiro-ministro racista mado e força principal da SWA- sul-africano em Viena no mesmo PO. Para já a SWAPOaceita as elei- dia em que principia a confecóes desde que elas se efectuem rência de Maputo. Depois dessa numa base não étnica e que as reunião saber-se-á mais pormenotropas sul-africanas retirem do território antes da sua realização. res sobre as posições do imperiaCremos que Vorster não-vai acei- lismo e do governo sul-africano. SCIA I>íESNMEODElEEGýJ1fýf13 A POSIÇAO DE MOÇAMBIQUE Que espera a República Popular de Moçambique desta reunião de Maputo? Esta pergunta foi feita ao presidente Samora no retorno da viagem que fez aos países nórdicos. Implicitamente a sua resposta indica, simultaneamente, a importãncia e as limitações da conferência: «Esperamos que os membros da Organização das Nações Unidas, reflectindo os princípios e a Carta da Organização, encontrem os meios para acentuar o isolamento dos regimes coloniais e racistas, que só isolando-os seremos capazes de os liquidar um a um». O Presidente Samora explica essa táctica de provocar o isolamento baseando-se na experiência concreta da luta do povo moçambicano contra o colonialismo português: «Trata-se de isolar como fizemos com Portugal. Era preciso isolar Portugal na comunidade internacional e nas organizações internacionais, condenar vigorosamente a sua política colonial e pensamos que nesta reuninão que terá lugar em Maputo o papel essencial é o de isolar os regimes coloniais e racistas na África Austral. E para isso será desenvolvido o apoio material para o combate libertador». A conferência é convocada em torno de um tema: «o apoio aos povos do Zimbabwe e Namíbia». Para além das posições antagónicas sobre uma definição de apoio que surgirão durante a conferência, é de crer que ela será um contributo valioso para a luta dos povos zimbabweano e namíbio, particularmente no que diz respeito a uma maior sensibilização da opinião pública internaconal. Os considerandos finais da conferência não têm carácter de obrigatoriedade para os membros da ONU mas esses considerandos poderão afectar substancialmente o andamento das próximas reuniões do Conselho de Segurança da ONU e a do Comité de Libertação da OUA. Pela primeira vez uma conferência convocada pelo Comité de Descolonização se realiza na fronteira entre o racismo e a revolução, na fronteira entre o Poder Popular e o fascismo. E isto é realmente significativo do avanço das forças progressistas de Africa nos últimos anos.

ýFACTOS E cRITICA Boites: Oue contrapartida para' elas? É formalmente belo entrar numa boite e ver as mesas bem alinhadas luzes suaves e a pista de dança apinhada de gente dançando. Porém, essa beleza vai se tornando esbatida à medida que se penetra nas profundezas do anbiente que lá se vive. Comecemos pela entrada e desloquemo-nos até à sala de refeições o n de sentados escutamos música tocada por conjuntos profissionais. Para se entrar seja no Búzio, Sheik, Dragão, Folclore, Zambi, etc. paga-se uma importância não inferior a cem escudos. Durante a passagem de fim de ano 1976/77 o Sheik exigia 800$00 ou 900$00 pela entrada. No interior, ocupa-se uma mesa, reservada com antecedência ou não, onde o indivíduo poderá pedir o que quiser para comer e b e b e r. A t é «Whisky» aparecia, até pouco tempo atrás nas mesas, proveniente de umalcandonga que seria moroso narrar aqui por não ter cabimento neste texto, candonga a qual as autoridades policiais tiveram de põr termo. Olhando à volta não se verá nenhum operário ou outro trabalhador de escalões inferiores. Se operrio há, é da «classe» dos especializados tais como electricistas de motores, técnico destes e daqueles aparelhos, etc. Depois para a pessoas que há muito vivem no Maputo não raro verão uma cara antiga, conhecida nos submundos da prostituição, e que ali surge toda compenetrada, à vontade, mas sem aquelas atitudes provocatórias de outrora. Estamos numa outra fase da prostitui"MRplAp N.o 345 ~ - , ção, uma prostituição tomada «decente», subtil que não se dá ao luxo de trocar de companheiros no mesmo dia e na mesma sala, mas vai fazendo isso ao longo da semana, do mês. Masnas boites há também mulheres que nada têm a vercom a prostituição. Depois de ingerir alguns copos de cerveja, vinho ou bebida «seca», o frequentador da bolte acha-se bem disposto para dançar. Se está acompanhado por uma mulher leva-a à pista e, se estiver só, pede a uma «dama» que esteja nas mesmas conições (ou acompanhada, tanto faz) para dançar. Normalmente para os presentes a música tocada é um convite para isso. Qual deles resiste a um samba de Martinho da Villa? A uma música de Roberto Carlos ou Lindomar Castilho? A pista de dança abarrota de gente, de pares que sonham embalados por banalidades do amor que vem, que vai, amor por que se espera, que já não se espera --r no ódio e na inveja, no ciúme e na frustração. As imitaçes não se ficam pelos originais dos cantores citados. Lá surge uma de Júlio Iglésias com as suas lágrimas, Percy Sledge com o seu «Come Softly..», os Movers com o seu «.Bump Jive», enfim, uma salada condimentada com americanices, espanholadas, galicismos e anglicismos ... Por volta da meia noite acontece o «Show». Isto é, os chamados «artistas moçambicanos» de entre os quais um e outro tem nacionalidade portuguesa, outro travou a papelada que tratava para adquirir a mesma nacionalidade (por razões mais que óbvias... ) - começam a actuar atirando pelos ares toda a gama e variedade de imitações ou interpretando o mesmo reportório «nacional» de um ano atrás: Guilherme Silva, «categorizado fadista», Garrido Jr., Pedro Ben que ainda há meses andava com cabelo desfrizado, Kamal, Djeko, Genito, Wazun- bo a pontapear o angolano Ruy Mingas. Choradeiras de amor, assassintos no inglês de Shakespea. re -uns poucos cantam eni inglês razoável - brasileiradas de («balança povo que uma noite não é nada/este sambinha é de madrugada...»). Para o acOffipanhamento, os tais conjuntos profissionais ou semi-- rio. fica-se com o conteúdo dos espectáculos que lá se apresentam. As boites servem essa minoria «cosmopolita», a 1i e n a da. Tal como acontece com os espectáculos de variedade da Delta e «1001» mais que simples divertimento tudo Isto é -uma resistência cultural à Revolução, é comício reaccioná- a boite, culturalmente falando. A nivel da base, das massas populares, existem estruturas de agitação cultural que são os Grupos Dinamizadores. Eles realizam, a par da mobilização e enquadramento das m a s s a s actividades culturais de quando em quando. Só que nesses convívios há separação entre actores e assistentes, tal e qual como na boite. Claro que os espectáculos de cultura * A cultura popular é radicalmente oposta à cultura propagada nas actuais boites. Estas representam os restos da superestrutura da burguesia em Moçambique. É necessário criar alternativas populares para elas uma vez que réabsorv&m individuos já embuldos de cultura revolucionária tais como estudantes e outros. -profissionais: «Okolókwo», «Afri- UM DILEMA TRANSPONIVEL moçambicana transportados para ca Power»,etc. opalcorudimentaroumesmopaE com o quadro descrito em ci- Ao ler as palavras escritas atrás ra o terreiro do bairro são uma ma entende-se que só vai à Bolte alguém dirá que «mas onde que- forma de alicerção da nossa Idenuma certa camada de gente. Em rem que a malta se vá divertir?». tidade. Todavia eles não são um primeiro lugar porque tem di- Na verdade onde? Ao cinema chamariz suficientemente for t e nheiro para Isso, em segundo l- e ao futebol apenas. Neste mo- para eclipsar vestígios coloniais. gar porque culturalmente Identi- mento não há contrapartida para Vai-se lá as vezes por simples roTEMPO N. 345 -pãg. 35 tina, isto é, por falta de outro local aonde ir. Porque é que a nível desses mesmos g r u p o s dinamizadores não se realizam sessões de dança em que não haja actores e espectadores, sessões em que jovens e adultos engajados pudessem participar? Estes convívios seriam culturalmente opostos aos das boites. Em vez de se intoxicar com Percy Sledge, Roberto Carlos, Lindomar, etc., poder-se-ia fazer a divulgaçãode danças moçambicanas como a marrabenta, muganda e outras. De um lado se estaria a criar condições para divulgação de uma parte importante da nossa cultura - que só será eficaz se houver participação de todos do outro permitir-se-ia que a nossa juventude se divertisse sem se intoxicar, coisa que não acontece actualmente. Muitos elementos dessa mesma juventude envereda pelos bailes das boites (uma boa parte de uma juventude que chamaríamos engajada frequenta as boites) e é lentamente recuperada e viciada pela cultura burguesa da mais reles, num dos santuários mais sagrados dessa mesma burguesia. Aliás, há muitos estudantes diurnos que não se escusam de ir às boites -com o regadio de álcool e tudo o mais. Essas boites, neste momento constituem uma infra-estrutura de resistência cultural de uma cultura burguesa. Como dissemos não temos, de momento, alternativa para elas. É um dilema. Mas é ul-', trapassável. Tanto pode ser pela via que propusemds como por uma outra qualquer mais viável mas que de facto movimente as pessoas - trabalhadores, operários e não operários - e crie uma alternativa em detrimento do ac-. tual vazio. Alternativas verdadeiramente' revolucionárias. TEMPO" N.' 345 - pág. 20 Escapes livres: Exibicionismo e abuso Ao Público Para além dos vários casos de bém é incómodo e por vezes peindisciplina que diariamente são rigoso. causadores da onda de acidentes Trata-se de certos «exibicionisque se têm verificado nas ruas e tas» que circulam nos seus autoavenidas das nossas cidades e fo- móveis, motos ou motorizadas, ra destas, há a anotar um facto com escapes livres.. que não só é ridículo, como tam- Há falta de tubos de escape pa- Os escapes livres das motorizadas e de alguns carros incomodam o sono dos habitantes da cidade e perturbam o andamento das aulas qcur nocturnas quer diurnas. E neessário acabar com os.abusos daqueles que transformam as avenidas em pistas. ra algumas viaturas, no mercado local. Mas, é também facto, que se trata já de um velho hábito de certos indivíduos que circulam com os escapes nessas condições, não por falta mas de propósito. Uma forma de serem notados nos seus «bólides» ou «pássaros voadores». «OS MOTOCICLISTAS DA CRISTAL» Os motociclistas frequentadores assíduos da pastelaria Cristal, na cidade do Maputo são exemplo disto: Primeiro porque a maior parte deles circula de noite e de dia, ora pela av. 24 de Julho (mesmo em frente à escola Comercial), e ali em volta pela rotunda do Museu, etc, etc. Isto leva-nos a crer que não têm outra ocupação senão fazer experiências, durante a semana, para depois com as suas motas barulhentas concorrerem nas provas de «moto cross», ao fim da semana. Em segundo lugar, porque essas motos produzem um som bastante irritante uma vez que os miolos dos tubos de escape foram retirados. O local a que nos referimos é circundado por mais de duas escolas, tais como, Escola Comercial, Liceu Josina Machel e Escola Secundária da Polana. Assim, o ruido provocado por aquelas motas de competição, tanto de dia como de noite, prejudica as aulas nessas escolas. E ainda mais: à noite, não só prejudica as aulas, como também incomoda os habitantes da zona, que após esgotante dia de trabalho, aproveitam aquela hora para repousar. É impossível descansar com o barulho dessas máquinas! O PERIGO DAS VELOCIDADES LOUCAS A zona da pastelaria Cristal, como já mencionámos, é quase que na sua totalidade de ambiente estudantil. Os estudantes circulam de um lado para o outro, ora para casa, ora-para a escola ou mesmo para a pastelaria tomar o lanche. Em suma, é uma zona de muito movimento. Desta forma, para além do ruído daquelas motas, há o perigo de atropelamento em grandes velocidades e alguém ficar ferido ou mesmo encontrar a morte. Porquê estas coisas? Quem as faz? São jovens que incomodam. toda a gente tentando tirar proveito das suas máquinas para conseguirem aquilo a que eles chamam de «engatar pitas». E essas «pitas» preferem por vezes pôr de lado os livros e dar «uma volta» com os seus motociclistas. Como consequência disto, têm-se d a d o acidentesprincipalmente em frente à paragem dos autocarros dos SMV, no Museu, onde o pavimento é escorregadio devido ao óleo derramado dos motores daqueles machimbombos. Dados estes factos, é de Iambrar que nos tempos coloniais não era permitido esses motociclistas circularem constantemente nas zonas onde houvesse escolas. Ora isto actualmente não tem acontecido, e se mesmo tomarmos em conta que há falta de escapes, pelo que nos consta, isto não se verifica em relação às motorizadas. Se as viaturasde competição devem mesmo andar com osescapes livres, que façam as suas experiências nos locais próprios. Até porque esses «corredores» não ignoram, no caso do Maputo, a exi5tência da pista do autódromo da Costa do Sol. Para grandes reaccionários Grandes medidas O que determina a gravidade de um crime são as circunstâncias em que ele ocorre. Assim, para o mesmo crime de a&sassínio há penas diferentes que-são ditadas pelas circunstâncias emocionais, económicas e mesmo históricas. Dar um tiro num capitalista em tempo de revolta (7 de Setembro, por exemplo nem chega a ser crime) e daro mesmo tiro em tempo de paz -não obstante a luta de classes- já é outra coisa. No momento que Moçambique atravessa um crime de especulação é um acto de uma gravidade de primeira grandeza. Pior é o açambarcamento. De um lado temos o roubo à bolsa do povo tornando mais caras mercadorias que já não são baratas e cuja carestia a reacção procura atribuir à «ineficiência» do Governo à Revolução, etc. Do outro temos o agravamento das dificuldades 4g comprador que não encontra TEMPO N. 345 -Pia W W MOW UMIU-1 crime caso façam pedido de novo antes de cometerem outro crime. com prontictao aquilo que necessita uma vez que tem de se sujeitar à bicha para comprar açúcar, amendoim, arroz, milho e farinha de milho. Temos ainda neste caso os favores aos amigos, aos «clientes habituais», aos privilegiados tradicionais. Posto isto achamos que a punição ao açambarcamento e à especulação praticada por um comerciante legalmente estabelecido e que tem por obrigação não só cumprir as determinações do Partido mas também as 'leis do Governo que lhe digam respeito, devç ser severa. Achámos justa a intervenção governamental no c o n j u n t o dos supermercados «LM» que após terem registado um caso de açambarcamento foram tomados p31o Ministério de Indústria e Comércio, detido o responsável e vendida aos compradores a mercadoria açambarcada. TEMPO N. 345 - Pâg. Pá Muitos outros antecedentes se focariam. Por isso não podemos deixar de achar estranho que a Direcção Nacional de Comércio Interno, tendo chegado h conclusão que as multas não resolvem nem o problema d o açambarcamento, nem o problema da e9peculaçáo mas que, pelo contrário têm vindo a registar-se mais casos, tenha decidido medidas suaves para os «comerciantes sem escrúpulos» segundo dizia o jornal «Notícias» do dia 7 de Maio. Essas medidas são: 1) Retirar ao cormerciante o cartão que lhe dá o direito a levantar nos armazéns de abastecimento açúcar, leite, milho, etc., caso tenha especulado ou açambarcado esses produtos. 2) Restituir os cartões aos comerciantes apanhados em Quer dizer, e em resumo: teremos comerciantes que vendem tudo menos sabão porque foram apanhados a especular ou a açambarcar sabão. Teremos comerciantes que não venderão nunca mais açúcar porque foram apanhados a vender irregularmente esse produto e por isso ficaram sem cartão para ir buscá-lo ao armazém e quando entenderam pedi-lo de novo como já tinham sido apanhados a vender milho fora da tabela perderam o direito a vender açúcar mas podem contiuuar a vender tudo (com o cartão do milho apreendido). Pode ser que o leitor não tenha percebido nada desta nossa explicação mas a complexidade não é nossa, é da lei. Disse o Presidente Samora numa reunião com o povo na Beira qúe «para grandes reaccionários grandes medidas». E para dar a entender o que queria afirmar disse que com eles «só chicote e em público». Claro que não estava a decretar o uso do chicote em Moçambique para punição aos «grandes reaccionários» mas procurava tornar claro o que afirmara. Pois vendo as penas aplicadas aos comerciantes especuladores e açambarcadores fica-sec om a sensaçãode que elassão demasiadamente suaves. E são-no porque as dificuldades que os trabalhadores passam para se abastecerem justificam medidas mais duras como as que foram tomadas 'no caso dos supermercados «LM» e não estas cócegas r4os interesses dos capitalistas.

MMSSACUE DE NYAZONI& ( Conclusão) ESTA, É A VERDA 1Del RA gPCE PE 5£V£ LACAIOS... Loucos IV E C F- 5 iTiM COM APAIoR DE DO IMPERIALI Smo VORBU>NjDO,5 QULE --- PARA peEMi %0#ORrvs L TEMPO N.' 345 -pó§. »S Por Max o 0-Pon 15-Ço olpovo 0kooíco -l>rmo meýj(V0ýýtrT 0 fv F. P. L. M. E OWILI'ei*s JRFeu* oso Rýi*o P*AA SPEMPR£ rop* M B#Cur*mimpE PESVIVO#V» Quf OUSE, *r*C*R o po vo PA e/,. plep DE TEMPO N.' 345 -Pág. 30 TEMPO N.- 345 - 19. 31

PY2~Xv REITOR A Dos TEMPO N.° 345 - p*g. 32' 4,- ý,- 11 1

Três anos após o Golpe de Es tado planeado e executado pelos capitães, que derrubou o governo colonial-fascista de Caetano e restituiu ao Povo Português o direito às liberdades democráticas, a situação em Portugal terá de ser definida em termos de crise- crise do sistema capitalista, sobretudo que o Governo dirigido pelo Partido Socialista sozinho procura recuperar a todo o custo, quer através de entrada no Mercado Comum Europeu (CEE) dos monopólios quer através de uma mais estreita aproximação com - onos imEA NICA os Estados Unidos da América donde eventualmente, poderão surgir alguns empréstimos que, diga-se desde já, não serão tão volumosos como se chegou a falar nem são longe disso, de modo a resolver a crise. Ao mesmo tempo, ou como consequência directa desta desesperada procura de apoio, principalmente financeiro, junto da Europa capitalista e da América, cresce a repressão, aumenta o custo de vida e as conquistas revolucionárias dos trabalhadores são atacadas e postas em causa. IMPERIAISIA, 1% 1 TEMPO N., 345 - Pág. 33 / ',

Estes camiões deveriam ser devidamente utilizados. Muitos, no entanto, vão também apodrecendo., . Esta imagem, com a respectiva legenda, foi publicada em «A Luta» de 5 de Abril ilustrando um artigo em que se fala do «drama dos retornados». São camiões «retornados» que aguardam que alguém os vá levantar no porto de Lisboa Os problemas económicos e sociais agravam-se, a reacção organiza-se e ganha força, os pides são postos em liberdade, os bombistas têm antecipadamente conhecimento' dos mandatos de captura e fogem. O fascismo é já mais do que uma triste recordação do passado para se transformar nu m a ameaça presente que começa a impe. dir o prosseguimento e consolidação da democracia. As forças da direita fazem coro e atacam os trabalhadores oranizados em cooperativas, atacam a Reforma Agrária, as nacionalizações e o Controlo Operário. O próprio Partido Socialista e os dirigentes do governo PS, principalmente o Primeiro-Ministro Mário Soares e os Ministros do Trabalho e da Agricultura não perdem a oportunidade para atacar tudo o que ainda hoje represeýita conquis. tas dos trabalhadores, servindo-se da poderosa máquina de informação que controlam e que inclui a rádio e a televisão. Descarregam a sua bílis so- bre os trabalhadores, defendem a devolução das terras e das fábricas aos capitalistas, perdem-se em palavreado que vai sempre conduzir à mais «hor. rorosa» aversão ao- comunismo sem que apontem qualquer solução para os problemas (e são muitos, e graves) que o Pais atravessa. O pedido de integraç5o de Portugal na CEE, cuja concretização poderá ter lugar só daqui a dez anos, teve como consequência imediata uma desvalorização -a moeda portuguesa em quin- imagem da primeira página de «0 Retornado», jornaleco reaccionário onde se faz a mais aviltante exploração dos sentimentos humanos, TEMPO N. 345 -- pág. 34 ze por cento, prevendo-se que esta baixa atinja, em breve, os trinta por cento. Sendo Portugal um país que importa quase todas as matérias-primas e grande parte dos bens de con. sumo de que necessita, significa de Imediato uma subida vertiginosa no custo de vida e que o poder de compara dos trabalhadores fique cada vez mais reduzido. Isto, apesar de um quilo de carne de bife já custar hoje em Portugal 260 escudos, um quilo de peixe entre 100 e 150 escudos, de a gasolina estar a 21 escudos o litro, de os automóveis terem subido 100 contos por unidade e de os transportes públicos terem sofrido nos últimos tempos aumentos na ordem dos 50. por cento. Por outro lado, a prometida «ajuda» americana, o tal empréstimo gigante de que tanto se fala em Portugal, trata.se, de acordo com o que foi divulgado, de uma ajuda financeira o que quererá dizer que se destina a «tapar» alguns buracos. Poderá resolver, de momento, certo tipo de compromissos com o exterior mas não sendo destinada a dar cobertura a qualquer plano de investimento que permita a criação de postos de trabalho e o desenvolvimento do pais também não irá resolver coisa nenhuma. E muito menos a situação de centenas de milhar de desempregados a quem a Constituição garante o «direito ao trabalho» mas que permanecem desde há anos no desemprego, muitos dos quais são os chamados retornados. Aliás, qualquer tentativa de análise da situação em Portugal não poderá ser feita sem mencionar a força que representa esse novo extracto social repentinamente introduzido na vida portuguesa, um sub-produto da desco. lonização de que as forças reaccionárias fazem «cavalo de batalha», que utilizam e manobram para apregoarem continuamente o, «crime» que constitui a entrega do ultramar «aos movimentos de formação marxista». O termo retornado, só por si, também é um termo novo na linguagem portuguesa e serve para definir tanto os que durante mais ou menos tempo viveram nas ex- colónias como se aplica aos que anteriormente nunca tinham estado em Portugal e a quem na instrução primária tinham dito que Portugal era um pais situado no extremo da Europa, entalado entre o Oceano Atlãntico e a Espanha, constituindo ambos a Península Ibérica que os Alpes separam do resto da Europa. O retomado ou os retomados (parece tratar-se de substantivo mas. culino com singular e plural e não de verbo) é a definição para todos aqueles que, qualquer que fosse o motivo, abandonaram as ex-colónias e que vi. vem em Portugal em bons hotéis pagos pelo IARN, à custa do magro orçamento familiar de parentes que ainda foram encontrar, do negócio que montaram com as «pequenas» economias de «uma vida de sacrifícios em Africa», ou simplesmente dormindo em pensoes de terceira classe ou em «repúblicas» no meio da maior promiscuidade. Alguns vendem tabaco e pedras semi-preciosas de Moçambique nos acessos ao metropolitano, outros notas de banco junto à estação do , muitos concentram-se na Baixa da capital portuguesa, mais ou menos nos locais onde há cerca de quinhentos anos os seus antepassados partiram para dar «novos mundos ao mundo», para as «descobertas». Serão descendentes- de Gama e Cabral, de Eanes e Paulo Dias de Novais, ou talvez não. Muitos poderão nada terem a ver com a burguesia daquela época, serem simplesmente descendentes de simples marinheiros q u e tomaram gosto pela aventura ou dos deportados e criminosos que os Reis de Portugal mandavam para as colnias. Mas, qualquer que seja a sua origem, eles ali estão agora para servirem a reacção, aguardarido que o Galvão de Melo os convoque para um comício no Coliseu dos Recreios ou uma concentração junto à Assembleia da República para reclamarem o regresso ao passado, para gritarem slogans no bom estilo fascista. Os retornados são, pois, um extracto social caracterizado por uma ideologia, um modo de vida e, em muitos casos, um comportamento bem definidos. Para além destes factores, representam um pesado encargo para o Pais e, consciente ou inconscientemente, servem as forças fascistas sempre que estas pretendem justificar o «erro» que foi a independência das ex-colónias. Além destes aspectos, à medida que o retomado se vai adaptando, em termos culturais, à vida portuguesa vai também transmitindo a sua cultura àqueles que o rodeiam. Isto é, ao procurar adaptar-se vai adaptando, e não tarda que esses sinais sejam bem visíveis. De resto, sempre assim foi em Portugal. A situação apenas tem de novo o facto de se chamar retornados aos que regressam ao País e, fundamentalmente, o seu elevado número. Parece não haver exagero em afirmar que Portugal sempre foi um Pais de retornados. Primeiro, foram os que no Brasil fizeram fortuna e que por volta do princípio do século regressaram a Portugal comprando terras, construindo palacetes, ostentando as suas riquezas. Ficaram conhecidos por brasileiros. Mais recentemente, quando as condições de vida em Portugal eram insustentáveis, dezenas de milhar de portugueses emigraram anualmente, a partir dos anos 50, para a Europa capitalista onde foram procurar melhores condições de vida. Apesar das mais humilhantes condições de exploração a que foram sujeitos, (em muitos casos a situação mantém-se Igual) a parte das economias que enviavam para Portugal foi um importante factor para o equilíbrio da balança de pagamentos portuguesa e serviram para comprar pequenas parcelas de terra ou construir pequenas moradias onde o emigrante viria acabar os seus dias. Em certas regiões do norte de Portugal o con- TEMPO N.* 345 -pág. 36 Anúncios publicados na página de anúncios do «Diário de Notícias». Não são necessários quaisquer comentários. traste entre as velhas casas de pedra enegrecida, em que o quarto de dormir fica por cima do curral dos animais, e as casas construidas pelos emigrantes define claramente duas épocas. Mas, também a estes que emigraram para França ou para a Alemanha Federal ninguém chama retornados, mas simplesmente franceses ou «francius». CONSTITUIÇAO ATACADA A recuperação capitalista, os pedidos de empréstimo no exterior e a integração no Mercado Comum (CEE) fazem parte da política do Governo PS, que afirma não haver outra alternativa para salvar Portugal da bancarrota. No desenvolvimento desta política o PS não está só. Conta com oapoiodo CDSe do PPD,partidos de direita e marcadamente reaccionários mas cuja actuação, por vezes, poderá ser interpretada como liberal ou «centrista» na medida em que não têm tido necessidade de tomar a iniciativa para proporem medidas anti-popula. res. Basta- lhes apoiarem as que são propostas pelo PS na Assembleia da República. Por outro lado, tem sido o PCP a insistir que existe uma alternativa para a política de recuperação capitalista, uma alternativa democrática, que é a única de acordo com a Constituição. Essa alternativa baseia-se na conso lidação das transformações operadas desde o 25 de Abril, na existência de uma economia portuguesa, tal como existe actualmente, com sectores económicos diversificados: um sector não capitalista (empresas nacionalizadas, empresas sob intervenção do Esta(lo, Unidades Colectivas de Produção na Zona da Reforma Agrária, Cooperativas), um sector capitalista e ainda com empresas mistas do Estado e de capital português ou estrangeiro, e numerosas oficinas artesanais e pequenas explorações agrícolas e empresas industriais. É evidente que esta alternativa é a tnica de acordo com a Constituição Portuguesa, uma das mais progressistas da Europa, mas representa preci. samente o inverso da política seguida pelo Governo PS. Dai, talvez, que o próprio Mário Soares, Primeiro-Minis tro e Secretário-Geral do PS, numa das sessões partidárias comemorativas do 1.1 aniversário da Constituição já tenha apontado para a necessidade da sua revisão. É que a própria ConsTEMPO N.O 346 -põg, » tituição, só por si, representa uma conquista do Povo trabalhador português, o que justifica os ataques que o CDS já lhe moveu, como veremos mais adiante. Para melhor se compreender a evolução da política portuguesa e se compreender os ataques que hoje são dirigidos à Constituição, vale a pena transcrever alguns artigos desta Lei promulgada em 2 de Abril de 1976: Artigo 2.0 A República Portuguesa é um Estado democrático, baseado na soberania popular, no respeito e na garantia dos direitos e liberdado4 fundamentais e no pluralismo de expressão e 'organtzação política democráticas, que tem por objectivo assegurar a transição para o socialismo mediante a criação de condições para o exercício democrático lo poder pelas classes trabalhadoras. Artigo 7.0 3. Portugal .reconhece o direito dos povos à insurreição contra todas as formas de opressão, nomeadamente contra o colonialismo e o imperialismo, e manterá laços especiais de amizade e cooperação com os países de língua portuguesa. Lucas Pires, do CDS, quando fazia o ataque do seu partido à Constituição. Viria a ser pateado e chamado de fascista. Aspecto- da Assembleia da República Portuguesa, no momento em que usava da palavra Carlos Brito do PCP. NaS primeiras filas, à esquerda, podem ver-se alguns dos Conselheiros da Revolução

Artigo 9. São tarefas fundamentais do Estado: c) Socializar os meios de produção e a riqueza, através de formas adequadas às características do presente período histórico, criar as condições que permitam promover o bem-estar e a qualidade de vida do povo, especialmente das classes trabalhadoras, e abolir a exploração e a opressão do homem pelo homem. Artigo 80.A organização económica social da. República Portuguesa assenta no desenvolvimeito das relações de produção socialistas, mediante a apropriação colectiva dos principais meios de produção e solos, bem como dos recursos naturais, e o exercício do poder democrático das classes trabalhadoras. Artigo 83.° 1. Todas qs nacionalizações efectuadas depois de 25 de Abril de 1974 são conquistas irreversíveis das classes trabalhadoras. 2. As pequenas e médias empresa& indirectamente nacionalizadas, f o r a dos sectores básicos da economia, poderão, a título excepcional, ser integradas no sector privado, desde que os trabalhadores não optem pelo regime de autogest4o ou de cooperativa. No passado dia 2 de Abril, a Assembleia da República Portuguesa reuniu expressamente para assinalar o 1.0 aniversário da Constituição, ten. do usado da palavra representantes dos' cinco partidos políticos ali representados que se referiram ao acontecimento de maneiras bem diversas. Assim, enquanto Aoácio Barreiros da U. D. P. referia que comemorar a Cons. tituição é antes de mais prestar homenagem a todos os mártires da luta contra o fascismo e o colonfalismo e todos aqueles companheiros que tombaram pelo caminho e não puderam ver a manhã radiosa do. 25 -de Abril e que a Constituição proíbe a propa. ganda fascista, mas nós vemos por ai dezenas de jornais fascistas a circular impunemente destilando o seu veneno sobre o Povo, o orador seguinte, Lucas Pires, do C. D. S. viria a atacar frontalmente a Constituição. Esta posição do C. D. S. levou alguns deputados a abandonaram temporaria- Deputados e Conselheiros da Revolução aplaudem de pé as palavras de Vasco da Gama Fernandes, Presidente da Assembleia da República, à direita no uso da palavra. «Nem todas as bombas juntas conseguirão desviar-nos do nosso caminho»- afirmou a dado passo ao encerrar a sessão comemorativa no 1.° aniversário da ConstituiçãQO, mente a sala das sessões, entre os quais Lopes Cardoso da ala esquerda do PS, que recentemente se demitiu das funções de Ministro da Agricultura por não concordar com a política que o seu partido no Governo pretendia imprimir à Reforma Agrária. Ao mesmo tempo que alguns deputados abandonavam a sala e o orador era pateado, vozes vindas do local onde se encontrava a representação do PCP gritavam fascista, fascista declarado. Recorde-se que há um ano atrás o CDS tinha sido o único partido com assento na Ass embleia que votou contra a Constituição, posição que agora reforçou ao afirmar: Aa votar não o CDS além disso foi intérprete de grande parte de uma sociedade que nós com o nosso voto não quisemos leixar democraticamente desamparada e fora da luta pela constituição democrática de Portugal. A Constituição da República é a consagração dos direitos dos trabalhadores, segundo afirmou o representan. te do PCP, Carlos Brito, que já tinha salientado que o Povo Português disfruta e exerce as liberdades democráticas no nítido contraste com um pas. sado de quase meio século de opressão fascista. Estão de pé as nacionalizações, a Reforma Agrária e o contro. lo operário. Os sindicatos reforçam-se bem como outras estruturas organizadas dos trabalhadores. Estes usam os seus direitos para defender as condições alcançadas depois do derruba. TEMPO N., 345 -pãg. 37 mento da -ditadura. As forças populares e democrdticas estão cada vez mais despertas para os perigos e mobilizam.se em defesa da Constituição e das transformações nela consagradas. Antônio Reis do PS, começou por referir que a identificação do seu partido com a Constituição é, pois integral e incontestável, para noutro passo e antes de lançar os seus ataques ao PCP de acordo com uma campanha bem montada e que se pode considerar integrada na política geral de recuperação capitalista, afirmou: A nossa Constituição cumpre assim o papel definidor da Lei Fundamental de um pais: estabelecer o quadro institucional mais adequado para a apli. cação de um projecto de vida colectiva, na base do respeito pelos valores morais mais importantes na his. tória e nas aspirações de um povo. Não foi fácil atingirmos um tal objectivo. AÀ Assembleia Constituinte iniciou os seus trabalhos em plena as. cenção do «gonçalvismo», olhada como uma excrescência incómoda de um processo vanguardista dentro do qual a legitimidade dita revolucionária se sobrepunha declaradamente à legitimidade eleitoral, e o então chamado «movimento popular de massas» relegava os partidos políticos democráticos pa. ra segundo plano. Também aqui, no ataque ao que foi feito pelos Governos chefiados por Vasco Gonçalves e que viria a ficar conhecido pelo «gonçalvismo», o PS alinha ao lado da direita mais reaccionáría. Não aponta erros, que os houve, sem dúvida, mas ataca todo um conjunto de medidas que conduziram a importantes conquistas por parte dos trabalhadores e que foram as únicas até ao momento. Aliás, um operário da região de Lisboa definiunaos claramente a situação: Atacam o «gonçalvismo» porque todas as nossas conquistas datam desse período. Foram as únicas que conseguimos e que esta. mos dispostos a defender. FASCISMO É SEMPRE FASCISMO Aspecto particular da actua situação em Portugal é o do elevado número de jornais e livros declaradamente reaccionários e de conteúdo fascista que todos os dias são postos à venda. Oalvo predilecto destas publicações são as ex-colónias, cujos governos e governantes não se cansam de atacar, a par da mais vergonhosa campanha contra tudo o que constitua conquistas dos operários e camponeses portugue. ses. Largos espaços são também dedicados à situação dos retornados, situação essa que atribuem a uma «entrega precipitada do nosso ultramar aos movimentos marxistas». Para jornais como «O Retornado», «A Rua», «O Diabo», «O Dia», «O Jornal Novo» e o «Tempo», entre outros, em Moçambique morrese nas bichas à espera de comida, o capim cresce até à altura das janelas, as galinhas passeiam pelas ruas, as portas e Janelas das casas, são arrancadas para servirem de combustível, há pessoas que se vestem com cascas de árvores por não haver roupa. E no meio de tudo isto lá aparece sempre um retornado a dizer que foi expulso sem saber por. quê nem porque não, ele que nunca fez nada e até tinha um amigo preto que ficou a «sofrer» de raiva por não poder também vir para Portugal gozar do sol e do mar deste jardim à beira mar plantado. As «noticias» são mais ou menos neste tom, o mesmo caso é contado mais palavra menos palavra de jornal para jornal, Inventadas por uns, citadas por outros «segundo o nosso colega, a seguir transcrevemos...». Mas, o que nenhum diz é que é que as pro. messas que os partidos reaccionários fizeram aos retornados para apanharem os seus votos nunca foram cumpridas, do que ninguém fala é das fortunas que estão a ser feitas à custa dos que chegam a Portugal esperando que o IARN lhes dê qualquer ajuda. Hoje, fazem-se apelos na televisão e na rádio pedindo roupa e auxílio para os portugueses expulsos de Moçambique enquanto se prefere esquecer os hdteis e restaurantes que receberam (e com certeza continuam a receber) centenas de contos por refeições que nunca forneceram, das dormidas que nunca deram. Também aqui, a questão maior é saber quem tem «ganho mais»: se os ref9ridos estabelecimentos se... certos senhores. Mas, quem está por detrás deste tipo de imprensa? Estão figuras bem conhecidas do tempo do fascismo como Kaúlza de Arrag,' está o CDS de Freitas do Amaral, está, com certeza, o MDLP de Spínoa, estão os grandes agrários e os grandes capitalistas que querem recuperar as suas terras e as suas empresas nacionalizadas. Estão também multinacionais como a Coca. -Cola, está o imperialismo, está a CIA. Sem margem para qualquer dúvida! Mas num pais onde se fez o 25 de Abril, para acabar com o fascismo, para acabar com as guerras coloniai, para restituir a dignidade ao Povo português, causa um pouco mais do que espanto a existência de certo tipo de Informação. No chega a causar nojo (embora também haja um jornal cha. mado «A Merda») mas causa uma certa apreensão, principalmente quando diariamente se faz impunemente a apologia do fascismo e se esquece que os antigos agentes da PIDE/DOS são «abençoados» antes de serem restituidos à «sociedade», procedimento este que apenas é motivo de justa codenação e de apreensão para os poucos jornais de esquerda. Que as forças fascistas se organizam é uma realidade que não pode ser Ignorada. Os seus objectivos so bem claros. Ninguém, incluindo o Governo, os ignora já que a publicidade que dão às suas reuniões tem honras de primeira página em jornais como eO DIA», donde transcrevemos: Os ministros do Governo PS não perdem a oportunidade de manifestarem o seu anti-comunismo. O próprio Primeiro-Ministro Mário Soares em recente entrevista. a um jornal francês e transcrita num semanário lisboeta aftrm~> o#teqoricamente «sim, tenho formação marxista mas ndo sou ~lnistas. TEMPO N. 345 - pág. 31

Em S. João da Madeira reuniu-se anteontem a assembleia geral da Associação de Comandos que registou a presença de mais de 500 ex-comandos e também de figuras de relevo dos meios iúilitares, tais como os coronéis Jaime Neves, Soares Carneiro, Almeida Bruno e Santos e Castro. (...) Sou um «comando» refugiado de Mo. çambique. Trago a seguinte mensagem para vós: Hi centenas de homens dos «comandos» que foram fuzilados e outros permanecem prisioneiros em Moçambique. 2 preciso que o Governo português olhe por esses homens, que estão a ser espezinhados pelos inimi. gos da nossa Pátria, que são os comunistas». Estas palavras foram proferidas pelo «comando» Miranda, tendo outro membro da associação, em claro de. safio ao 'Governo e ao Povo português declarado: Não estamos dispostos a suportar por muito mais tempo os juízos e as afrontas que nos fazem. A mesma' notícia acrescenta que a presença

O actual capataz, que se vê na foto, dia que cobra o dinheiro às populações que se utilizam dos cajueiros da propriedade, e que o manda para o irmão de Domingos Arouca que se encontra na cidade de hambane. O velho que se vê na foto, foi antigo servidor do pai do Arouca. Ele confessou- nos que maltratou muitos trabal~aores, pois era fiscal das prop dades. Caso não desempenhame correctamente o seu «trabalho» sujeitava-se à palmatória na administração. (Isto também acontecia com os sipaios ou indunas). uem pode arrancar os ccos, vê empoleirado no cimo d c ç mígo do povo. Ningudm mala pO palmeiras do Arouca é o capataz que se ', o que ai#d% estd ao serviço daquele ii. rawr isso, sent est4 sujeito a sanções. «Eu, e muitos outros desta ter ta, ~ vamos q u e Domngos Aroucsone . nosso 1~, nosso hiii&. Seme 9 <'nos na Cadeia, - ..- a, a .jm - »f- S e nós julgdvamos que defendia o nosso povo, que estava £d para revindicar a nossa liberdade como muitos outros que o fizeram justamente, mas afinal não passa de um ambicioso. Veio para aqui causar.nos maiores sofrimentos do que os outros latifundidrios como ele. Portanto, essa é a minha opinião, assim como a dos demais que estão aqui. Em suma, não queremos nem ver a sombra de Domingos». afirmou J o r g e Namburete, camponês de Salela, situada a cerca de 8 quilómetros da cidade de Inhambane, onde fi- estd a chamar-vos». A esta convocatõria, segundo os camponeses «tivémos de ir logo às pressas, porque esperdvamos coisas boas». «Éramos muitos -disse Estevão Nhamússa - Quando chegdmos ficámos à espera que ele primeiro acabasse de dar comida aos cães, o que achdmos muito estranho. A q u i 1 o demonstrou-nos logo que nos estava a desconsiderar, mas como ele é doutor ficdmos mesmo à espera. Que remédio?». «Depois de muito tempo - continuou o mesmo camponês - Do- tão aquele latifundiário protestou nos seguintes termos: «Vocês não compraram nada. Enganaram o o meu pai e roubaram-lhe os terrenos. Como advogado digo que esses documentos são falsos. Não estão legais, por isso devolvo-vos o dinheiro que pagaram por esses terrenos e abandonem-nos imedia. tamente». «Se nós aqui nascemos, e aqui fizemos as nossas plantações para onde havemos de ir? Viver por cima da drvores?» -perguntaram as populações. Não obstante, Domingos Arou- Arouca eC3nplifcou, diante da mulher que se vê de pé ao fundo, a utilidade daquilo que ela ~Igava ser uma simple bolsa, quando no seu interior se encontrava uma pistola. F oi assim que demonstrou a ela e aos Ulmeis, que tinham de fazer aquilo que lhes 17aMasse. Isto é: Trabalho forçado. ca a sede da extensa propriedade «AROUCA». Quando Domingos Arouca regressou de Portugal para Inhambane, em 1974, o seu primeiro gesto foi o de mandar o seu capMss -antigo servidor do seu pai, oquo ~ dhoetra~i nmn.da - ~ ~r,~e ê^Ãd la ca não ligou aos protestos e limitou-se a dizer «não quero saber disso.» E não só. Deu de novo ordenr ao capataz ç qu fosse retirar todos os ewosdas palmeiras, estivessem ou não em propriedades compradas ao falecido pai. Por sua vez, o capataz não acatou aquela ordem, pois não queria que lho sucedesseo mesmo que tinha acontecido com um capataz da propriedade de um outro latifundiário de Cuguanine, que tinha sido morto em cumprimento de uma ordem idêntica. TEMPO N.° 345 - pg. 43

As populações de Salela propõem que o uioverno os apoze no sentiao ae ocuparem a proprwaaae ao Arouca ae iorma a tirarem maior rendimento das plantações de palmeiras ali e xistentes bem como para aproveitarem o terreno para outro tipo de plantações. A esta atitude do seu capataz, Arouca disse: «Isso não é nada. Tenho isto aqui (uma pistola) que não serve para furar areia, faz mais coisas do que isso». Com isto, o capataz andou de propriedade em propriedade, e antes mesmo de tentar retirar os cocos das palmeiras, falou nos mesmostermos com que o seu patrão o tinha prevenido e, intimidadas, as pessoas ficaram inactivas perante aquele roubo descarado, forçado... E diríamos à mão armada. Além disso, houve quem nem dinheiro recebesse segundo o prometido pelo próprio Arouca porque o latifundiário em causa ordenou que deviam ir cobrá-lo ao irmão - que vive na cidade de Inhambane - alegando que na altura dos «negócios» ele não estava e, por conseguinte, o irmão que se responsabilizasse. Isto para dar a entender que entre ele e o irmão não existem relações, mas quando na realidade existem. Uma prova disso é que embora o TEMPO N., 346 -pág. 44 Domingos Arouca não esteja agora em.Inhambane, o capataz continua a cobrar vinte escudos por cada cajueiro, no interior da propriedade: «mando o dinheiro para o irmão que está lá na cidade» - segundo o que o próprio capataz afirmou na altura desta reportagem. AO ESTILO DOS PISTOLEIROS 'DOS SALOONS DO TEXAS Celestina Ngujane, que trabalhou na propriedade de Domingos Arouca, aquando da estadia deste em Salela, informou-nos o seguinte: «Eu e muitos outros fomos trabalhar para ele porque o julgávamos nosso irmão. Mas o que seguidamente aconteceu foi o seguinte: começou a mandar-nos cultivar grandes tindzimas (porções de terra que cada camponês deve cultivar como empreitada di4ria) difíceis de cultivar. Bom, isso era o menos. Depois mandou-nos arrancar a casa de Cuam- be-Makela, residente aqui mesmo ao lado do local onde o Domingos estava já a construir a sua casa. Porque ele disse que seria vergonhoso, ter ali pessoas vizinhas que não valem nada, se viessem os seus amigos brancos visitá-lo. Então. aíé que comecei, eu e muitas outras pessoas que trabalhavam para ele, a ver como era afinal aquele Arouca.» - prosseguindo num tom triste a descrever a má actuação daquele inimigo do povo disse: «Certo dia, notei que Do, mingos trazia qualquer coisa pen. duruau -e cinto, com o aspecto de bolsa. Isso não me admiro porque está na moda andar-se dê bolsas. Mas quando ele notou que eu estava a reparar muito nisso, perguntou-me se eu sabia -pare que é que aquilo servia e eu respondendo que não, ele retirou un objecto da tal bolsa e aponto para um pássaro que ia a sobre voar o local. Logo ouvi um esÍ trondo e o pássaro caiu. Foi assim que ficámos a saber que o Do mingos andava sempre armado».

Domingos Arouca andava armado de um revóver no cinturão e uma espingarda que guardava no interior da pequena cabana ali existente, que pelos vistos não só servia para a sua defesa pessoal e o n t r a qualquer reivindicação dos camponeses. Assim obrigava-os a fazer aquilo que ele bem entendesse em seu próprio beneficio. Está bem claro que aquele latifundiário pretendia formar em Salela um paraíso pois mesmo em frente do local onde iniciou a construção da sua futura residência, está já construído um bar que agora foi transformado em loja do povo e um salão de baile, onde pelos vistos seria interdita a entrada a um «qualquer camponês de Salela». Domingos ArouIa. A cara que a poputaÇão de Saleta não quer ver. «Arouca já tinha construído um bar e um algo de baile para receber os seus amigos» - disse a mulher que se vê de Joelhos. «AROUCA ESTUDOU A NOSSA CUSTA; MASSó NOS VEIO TENTAR DESTPUIR» «Quando ele chegou, o Domingos, disse-nos que roubamos os bens do pai dele. Mas ele esquece-se de que par4 lá onde ele estava a eótudar era o pai que lhe manc4ava o dinheiro, e esse dinheiro que o pai possuía conseguia-o à custa do nosso suor». - afirmou Mbata Romeu. Sobre um outro aspecto que demonstra que «o Domingos só veio destruir», salientamos: Antes do seu regresso a Inhambane em 1974, estava a ser construída uma estrada que de Salela iria desembocar do lado do mar (Tofo), onde vivem centenas de famílias. Mas quando o Domingos Arouca chegou mandou cancelar essa construção, alegando que atravessava parte da sua propriedade. A abertura daquela estrada iria beneficiar muito as populações daquelas zonas, pois «passariamos a dispor de meios de transporte para as nossas deslocações, bem como para o escoamento dos produtos que conseguimos nas nossas machambas». Mas, Domingos Arouca só pensou nos seus bens -à custa do povo -e por isso ficou-se nas «tintas» para os camponeses. «Nós queremos que aquela a que c h a m a m propriedade dos Aroucas passe para o povo. Nós camponeses não só saberemos tirar maior proveito da produção dos coqueiros, mas também utilizar o terreno para outro tipo de plantações que rendam mais e melhor. É isso mesmo que nós queremos, e que o governo nos dê esse apoio» - foi esta a proposta dos camponeses de Salela, em relação à propriedade. De salientar que todos estes acontecimentos, e mesmo o facto de ainda sercobrada uma taxa pe 1a utilização d o s cajueiros, eram na altura desconhecidos pelas estruturas do partido e do governo, da Província. Numa canção que os camponeses de Salela entoaram no fim da reunião que tivemos, com eles, disseram muito vivamente: «Domingos Arouca, inimigo do Povo.» «Abaixo os Latifundiários» «A terra é do Povo, o povo vencerd». TEMPO N.4 34 -pa. 45

TRADICAO DE RESISTENCIA NO ZIMBAWE (11) O S fracassos da luta dos combatentes da liberdade zimbabwe a n o s, d u rante a última década do século XIX, permitiu que o regime colonial consolidasse o seu poder. O seu primeiro objectivo foi criar uma força de trabalho barata que alimentasse a economia do País e produzisse riqueza substancial para a classe europeia no poder. Especial atenção foi dedicada ao recrutamento de trabalhadores para as minas. Embora o regime colonial e os seus aliados industriais tivessem conseguido sucessos temporários, o espírito de decisão do povo não podia ser derrotado, e de novo os trabalhadores se revoltaram contra os métodos repressivos e salários de fome impostos pelos invasores. A história da resistência dos trabalhadores, há muito falsificada pelo governo colonial e pelo regime de Smith, constitui o ponto central deste escrito. Mal tinham os colonos brancos chegado, quando iniciaram uma ansiosa procura de minas de ouro que fizessem deles milionários instantaneamen te. A maioria fracassou. Um pequeno número, utilizando a desonestidade e a força, ocuparam as terras africanas ricas em ouro. Por volta de 1895, as primeiras minas dirigidas por europeus estavam já em laboração. Tendo expoliado os zimbabweanos da sua serra, os colonos exigiam agora uma força de trabalho barata para extrair o our o. O regime colonial aplicou uma série de manobras coercivas para forçar os africanos a trabalhar para os europeus. A polícia e os engajadores de trabalhadores foram enviados às aldeias para intimidar a população rural. Os que se recusaram a ir para as minas eram espancados, aprisionados e as suas ueres e filhas violadas. Outros eram forçados a deixar as suas terras de cultivo com nenhuma outra alternativa senão trabalhar nas minas para alimentar as suas famílias. O governo impôs também um imposto de cabeça e de palhota que criaram pressões económicas adicionais para que fossem para as minas, pois que o não pagamento dos impostos levá-los ia à prisão. Assim não é de surpreender que entre os trabalhadores e suas famílias se tenha desenvolvido uma hostilidade cresTEMPO N. 345 - pág. 48 cente em relação ao chibalo ou trabalho forçado, que reduzira os mineiros zimbabweanos a verdadeiros escravos. As condições de vida nos bairros (compounds) das minas eram terríveis. Inicialmente, os proprietários das minas nem sequer forneciam acomodações e os trabalhadores recém-chegados deveriam aproveitar o pouco tempo livre que tinham para construir protecções ou palhotas de capim, que Po AlnIa c n forneciam pouca ou nenhuma protecção do vento, chuva e frio. Mais tarde , os proprietários concordaram em construir um número limitado de barracões que eram incrivelmente superpopulados, extremamente desconfortáveis e muito sujos. Os proprietários também forneciam miseráveis rações alimentares. Em geral, os trabalhadores recebiam uma pequena quantidade de milho e um pouco de sal por dia. Em raras ocasiões, a dieta era suplementada com carne ou cerveja cafreal (kaffir). A pouca vontade dos proprietários em investir em habitações e em alimentação era comparável à sua recusa em fornecer assistência médica apropriada, em 1901, um inspector de minas notou que «os gerentes das mti nas e outros respon ve8 a io m: resultantes em despender dinheiro hospitais ou na verdade em qualquer outra coisa que seja necessária aos na tivos doentes». Assim, 'doentes e f a mintos, muitos trabalhadores africanos morreram nos «compounds» de dei sinteria, machechapansá ou escorbuto' e varíola. Por exemplo em 1918, a gripe espa nhola chamad.a Furuwenza, matou 3000 mineiros. Os que sobreviviam regressavam muitas vezes a casa pouco mais que esqueletos, estropiados por acidentes, ou paralizados pelo matakares (um tipo de pulgas). Além de sofrerem tais ignomínias os africanos eram obrigados a trabalhar por salários terrivelmente baixos. Geralmente recebiam menos de dez por cento do auferido pelos trablhadores brancos e durante o período 1914-1927 os seus salários de miséria ainda foram diminuídos. Ao mesmo tempo, os proprietários das minas gozavam de lucros fabulosos retirados da terra e do trabalho do povo zimbabweano. Um mineiro africano dizia amargamen, te como a raça determinava a posição de cada um na sociedade colonial. «Como africanos verificamos que estamos todos numa classe. Todos estamos a sofrer e pagam-nos menos porque não somos brancos». Um outro mineiro referiu sentimentos semelhantes. «O homem branco pode fazer dinheiro com maquinaria, tira muito dinheiro do chão, faz papel e transforma-o em dinheiro. O'homem branco não quer dar dinheiro ao nativo». Os abusos do colonialismo e do capitalismo não poderiam ser negados. Mas como reagiram os trabalhadores explorados? Deáde o princípio que os mineiros de ascendência Ndebele e Shona reconheceram que tinham de trabalhar juntos para tornar mais suportável a sua situação. Eles orIganizaram grupos sociais, recreativos e religiosos para atribuir algum significado às suas vidas e como um substituto das suas famílias ausentes. Estas no' vas organizações, tais como as sociedades Beni e Watch Tower (torre de observação), deram aos seus membros um sentido de comunidade enquanto ajudavam a resolver problemas relacionados com a morte, doença e conflitos dentro do «compound». Ao mesmo tempo que tentavamtornar mais toleráveis as suas vidas, os mineiros protestavam continuamente contra os abusos que sofriam. Como os trabalhadores oprimidos não tivessem suficiente poder para enfrentar a bem armada pol.Icia do «compound», muitas vezes retaliavam com meios menos dramáticos, silenciosos, que- os proprietários das minas tinham dificuldade em detectar e suprimir. Os trabalhadores desapareciam, participavam em baixas de produção e destruíam equipamentos, tudo isto contribuindo para a redução da produção e dos lucros para a classe no poder. Estes actos de resistência do dia a dia reflectiam a crescente consciência de classe dos zimbabweanos. Os proprietários das minas e os seus gerentes, no entanto, interpretavam as suas atítudes como testemunhos da docilidade e ignorância dos seus subordinados mais do que como expressões de descontentamento. Os trabalhadores desertavam frequentemente como protesto contra os baixos salários e o trabalho forçado assim como para evitar os espancamentos e torturas da ,polícia do «compound». Muitas vezes fugiam quando ainda a caminho das minas. Entre Outubro de 1900 e Março de 1901 mais de 2.000 trabalhadores recrutados à força pelo Gabinete Rodesiano do Trabalho, desapareceram antes de chegarem ao seu destino. Outros mineiros desertavam no pra zo de um mês ou dois depois da sua chegada. Em 1904, por exemplo, mais de metade dos trabalhadores emprega-dos nas minas Ayrshire desapareceram depois de recebido o seu mode3to sala rio. Na mina Falcon, cujos proprietá rios gozavam da reputação de brutalidade, mais de 750 trabalhadores deser taram abandonando a produção. Mas os proprietários europeus e seus ge rentes justificavam o alto nível de de serçõe3 como mais um exemplo da inerente natureza preguiçosa dos africa nos. Os trabalhadores demonstravam a sua resistência igualmente com baixas de produção, que os seus chefes d3screviam como mandriice. Trabalhan dc sob condições extremamente desa gradáveis e de opressão, os trabalhares não deixaram de encontrar meios de «evitar o trabalho, trabalhar a meia velocidade ou trabalhar a um ritmo que lhes agradasse mas não aos seus empregadores». Nas grandes minas os trabalhadores simulavam doenças ou escondiam-se para não serem obrigados a trabalhar. Apesar das redes de cap tura criadas pela policia do «compound», o nível de ausências diárias na mina Selukwe, por exemplo, ert de mais de 20 por cento. Outros trabalha dores adoptavam o seu próprio ritmo de trabalho fazendo somente o mínimó necessário para que fd0ze-assinado o seu cartão de trabalho. O seu sucesso foi reflectido nos lamentos da Câmara Rodesiana das Minas, «... É impossível conseguir um bom dia de trabalho. Através de um sistema de resistência passiva os mineiros negros destroem os objectivos dos seus chefes que desejam valorizar o seu dinheiro». Quando suficientemente provocados, os trabalhadores chegaram à violência. Na mina Gaika, por exemplo, um tra balhadoi anónimo preparou um «aci--- .. Ae -- ~A M dente» de uma pedra que caiu sobre o seu vigilante, P. S. Pretorius, quando este último se recusou a assinar o seu cartão. Mais vulgarmente, os trabalhadores exerciam a sua hostilidade contra o equipamento pertencente à companhia. Um comissário rodeslano relatou que os mineiros «mostravam grande descuido no manejo de ferramentas, eram impertinentes e destruiam propositadamente paihotas e outros bens». Outros trabalhadores alienados matavam ou estropiavam o gado pertencente aos proprietários das minas, que normalmente pastavam nas redondezas. Além destes actos individuais os trabalhadores organizavam greves de massas para enfrentar o sistema de exploração. Como é o caso hoje, o regime colonial e os ricos proprietários de minas clamavam que estas acções eram incitadas por agitadores estrangeiros e comunistas. Mas os trabalhadores não esperavam pela ajuda do exterior. Na verdade, desde a abertura das primeiras minas os trabalhadores uniram-se num esforço para melhorar as suas deploráveis condições de vida e trabalho. Tão cedo como 1895, os mineiros no Norte do pais recusaram trabalhar depois de um proprietário ter tentado introduzir um turno da noite. Durante o próximo par de anos atitude semelhante foi reportada na mina Camperdown, e nas minas Blanket e Imani. Estas primeiras greves muitas vezes foram bem sucedidas apesar da intimidação, represálias e tentativas para leA GREVE DO Durante todo o período colonial o governo em Salisbúria tem afirmado que os trabalhadores africanos estão contentes e, até, a prosperar no seu trabalho das minas de ouro. Apesar de tais palavras, os trabalhadores têm protestado repetidamente contra os baixos salários, as terríveis condições de vida, a crueldade da policia do «compound» e as perigosas condições de trabalho. Algumas vpzes eles agiram inidividualmente. Um trabalhador Isolado destruiria o equipamento mineiro, atacaila algum chefe ou fugiria dos «compound». Noutras ocasiões os trabalhadores organizavam baixas de produção ou boicotes dando uma Indicação do seu descontentamento. Os mineiros compreenderam rápidamente, no entanto, que a sua arma is au. TClII 0fl N - 'M & A^, 1 1 par uma «tribo», como os proprietários de minas se referiam aos grupos africanos, a agir contra uma outra, os mineiros permaneceram unidos. Em 1901 na mina Camperdown, o proprietário foi forçado a abandonar um projecto de baixo de salários quando os trabalhadores fecharam a mina. No ano seguinte, os trabalhadores das minas Imani e Blanket, forçaram os proprietários a fornecer carne e outros alimentes para a sua alimentação como tinham prometido em princípio. Uma década mais tarde os zimbabweanos de cinco diferentes grupos étnicos assim como moçambicanos e malawis encerraram o grande complexo mineiro de Wankle. O sucesso inicial dos trabalhadores levaram os proprietários e o regime a adoptar novas e mais brutais táctices A polícia do «compound» foi encorajada a usar chicote de couro ou sjamboks contra todo o trabalhador que se evidenciasse. À mais pequena provocação, a polícia, multas vezes apoiada por tropas governamentais, punia severamente os «provocadores». Greves em Ayrshire, Wankie, Bondon e Camperdown foram todas brutalmente esmagadas. Os trabalhadores, no entanto, continuaram a sua lutaeles não seriam derrotados. Apesar da crescente repressão novas e mais efectivas giýeves tiveram lugar culminando na confrontação de Shamva. e MINHEIIS lAVA ciente eram as greves. Tão cedo como 1895, os mineiros do ouro, do Norte do pais recusaram-se a comparecer ao trabalho depois de os proprietários terem tentado obrigá'los a trabalhar num turno da noite. Durante as três décadas que se seguiram os zimbabweanos de ascendência -Ndebele, Manica, Karanga, Tawara, Korekore e Rozvi paralisavam periodicamente os trabalhos da mina em Wankie, Camperdown, Ayrshire e Bonso. Em alguns casos aos mineiros juntaram-se os seus camaradas dos vizinhos Moçambique, ZAmbia, Malawi e Africa do Sul, numa demonstração de solidariedade internacional entre trabalhadores. De todasas confrontaçõeý laborja, nenhuma foitio bem organisada =mcom reultados tko efectivos como a greve da mina de Shamva em 1927. Em Setembro desse ano, mais de 3.500 trabalhadores, representando o povo de todas as partes do Zimbabwe, recusaram-se a comparecer ao trabalho. Os trabalhadores organizaram piquetes nas entradas das minas, que foram respeitados pela grande mai6ra dos mineiros. O pequeno número de trabalhadores que tentaram entrar nas minas foram expulsos, o que reflecte a militância e a determinação dos grevistas. Quando o gerente da mina, de nome Prior, chegou para «tomar o controlo» foi apanhado de surpresa. Em vez de intimidar os trabalhadores, ele descobriu que, «os nativos estavam lá em grandes números, e eram insolentes estando a maioria armada com paus e matracas. Um grande número também exibia os seus certificados de trabalho e recibos de pagamento na ponta dos paus gritando, «Vejam que baixo salário». Mesmo a figura imponente do Comissário Chefe dos Nativos não foi suficiente para os convencer a cessar as hostilidades. Desesperado, ele amea-. çou com duras represálias avisando que «o governo toma muito a sério a situação que eles criaram em Shamva», e que «quanto mais tempo eu aqui es-. tiver mais séria será a reacção de Sa lisbúria». Os trabalhadores recusaram-se a ce der. Durante vários dias os trabalhadores zimbabweanos, unidos na sua decisão, mantiveram a mina encerrada. O seu sucesso e a sua militância fizeram calafrio em toda a comunidade europeia. Um jornal rodesiano sugeriu que a greve marcava o começo de uma outra rebelião e indicava que a causa dos distúrbios seria o «contacto dema] siado brusco dos africanos com a civilização». O editorial concluía, «não dej ve haver mais repetições, pois este é o género de coisas que nos levará à guerra.» O BulawqVo Chronicle tinha uma explicação um pouco diferente para a greve. Seria a acção de nativos «totalmente ignorantes ou meio-educados» manipulados por «propaganda subversiva externa». Do mesmo modo que Smth o faz hoje, o Chronicie e o Rodesian Herald insistiam que agitadores do exterior e revolucionários comunistas estavam na origem do problema. Representantes oficiais coloniais estavam tão preocupados com a conspil ração internacional .que ignoraram a causa básica da greve - os salários de fome. Através de conivências entre si e da Intimidação, os proprietários das mi- nas conseguiram congelar efectivamente os salários entre 1914 e 1927. Durante este período, o custo de vida duplicou. Os mineiros ganhavam somente dinheiro suficiente para comprar metadè dos artigos em comparação com anteriormente. Além disso, depois do pagamento dos Impostos, raramente sobrava qualquer dinheiro para enviar para casa para a família que vivia nas áreas rurais. Quanto os trabalhadores se queixaram a representantes da companhia, eles responderam-lhes que as suas mulheres e filhos deveriam poder sustentar-se a si próprios trabalhando a terra. Os preços exorbitantes praticados nas duas lojas da companhia enraiveciam ainda mais os trabalhadores. O pão, sabão e roupas custavam o dobro nos «compounds» dos seus preços nas lojas das aldeias, cujos proprietários já ganhavam um confortável lucro. Em 1920 os mineiros organizaram um boicote que acabou por fracassar pois tão cansados andavam os trabalhadores que não puderam caminhar as grandes distãncias que os separavam das lojas das aldeias, além de que estas lojas não concedAa vendas a crédito. A juntar ao seu desespero, havia a legislação racista proibindo os mineiros africanos de escolherem outros trabalhos melhor pagos que eram reservados a brancos. Este acordo foi negociado entre os sindicatos brancos, os proprietários das minas e o regime, para proteger os privilégios e os lucros da comunidade europeia dominante. A raça e classe ficaram irreversivelmente" ligados. Como se deu conta um alto funcionário, «Se o objectivo do nosso governo é fazer disto um pais de brancos, não pode haver lugar para o desempenho de trabalhos especializados pelos nossos negros». O resultado é que os africanos foram reduzidos à classe trabalhadora mais mal paga, ganhando menos de dez por cento do que ganhavam os seus colegas brancos embora muitas vezes trabalhassem nos locais mais perigosos. Um grevista queixava-se amargamente: O homem branco veio para a mina como um homem pobre. O seu serviço era aparentemente o de observar os nativos a trabalhar e em breve ele enriquecia à custa do trabalho dos outros e podia mesmo comprar gado... Os nativos tinham de desempenhar os trabalhos mais perigosos, acabando alguns deles por morrer, erluanto que o homem branco nada sofria. Devido a estas graves condições e a oposição mortal entre os mineiros e os representantes da companhia, os trabalhadores africanos não tinham outra alterrativa senão Ir para a greve. Os trabalhadores escolheram apropriadamente o dia 12 de Setembro, fe riado por se tratar do Dia da Ocupação Europeia. Os funcionários das minas foram apanhados de surpresa. Durante as primeiras horas eles alternavam entre promessas e ameaças, nenhuma delas sendo bem recebidas. O nível de hostilidade é reflectido pelo desabafo de um mineiro zangado: «Chamam-nos a todos macacos, então eles devem arranjar macacos para fazer o nosso trabalho». Não tendo conseguido convencer os mineiros a voltar ao trabalho, os proprietários tentaram quebrar a unidade fazendo uso do tribalismo. Tentativas para criar divisões entre os trabalhadores de ascendência Ndebele, Manica, Tawara, Korekore e Karanga, foram mal sucedidas. A 8& lidariedade dos trabalhadores persistia para surpresa e amargo desapontamento dos funcionários europeus. «Durante o tempo de greve», confidenqiou um gerente do «compound», «tentei por várias maneiras conseguir que os nativos voltassem ao trabalho. Falei com nativos de diferentes tribos e aconselhei-os a falar com os seus irmãos e voltar ao trabalho. Os meus esforços não foram bem sucedidos». Os efeitos desvastadores da greve preocupavam os funcionários coloniais que receavam que Shamva pudesse servir de exemplo para outros trabalhadores explorados. Para evitar o espalhar de tal actividade revolucionária, Salisbúria decidiu esmagar a greve a todo o custo. Dentro de cinco dias uma grande força militar e de polícia tinha sido enviado para as minas. O seu número foi alargado com mais 79 mineiros europeus que receberam espingardas e nomearam chefes. O regime de opressão agiu rápidamente em defesa da sociedade branca e do privi légio económico. Eles cercaram os principais «compounds» e prer4deram 22 dos chefes da greve ameaçando matar todo aquele que resistisse. Os tra balhadores africanos receando pelas suas vidas, e armados somente com paus, continuaram a resistência. Como escreveu um mineiro que temia pela sua vida, «Aqui... nós temos problemas com os brancos, eles queriam matar-nos a todos porque parámos o trabalho». Pelo dia 18 de Setembro a greve tinha sido esmagada. Embora bem sucedido a curto prazo, o regime colonial fracassou em conseguir os seus principais objectivo3. A greve aumentou a consciência dos trabalhadores de Shamva e em meses seguintes e anos, eles continuaram a destruir a maqxtinaria, a participar em baixas de produção e a protestar contra os abusos perpetuados pelo sistema colonial. Além disso, os trabalhadores de outras minas recusaram deixar- se Intimidar. No período de um ano depois de Shamva, pelo menos mais quatro minas foram encerradas por greves. O poder do oprimido continuou a ser sentido como o seria no futuro. e TEMPO N.' 346 -Iág. 49,

PIESIDENTE A caminho de Estocolmo, e após fazer escalas em Tete e Luanda, o avião presidencial pousa no aeroporto de Kano, na Nigéria, onde Samora Machel é recebido pelo Governador do Estado de Kano. Após uma paragem de cerca de uma hora, o Chefe de Estado moçambicano seguirá viagem na direcção de Argel. No dia 6, sexta-feira aterrava em Maputo, na pista do aeroporto de Mavalane, o avião em que o Presidente Samora Machel, da FRELIMO e da República Popular de Moçambique, régressava a Maputo após terminada a sua visita oficial aos países nórdicos da Europa-Suécia, Noruega, Dinamarca e Finlândia. Visita que, conforme o próprio Chefe de Estado moçambicano salientou vá. rias vezes, foi a primeira a ser efectuada a título oficial a paises da Europa Ocidental. Visita para muitos surpreendente, por se tratar de países com sistemas políticos e económi

1O1 PAISES NRDIOS Sm cima: Argel -o enontro entre dois dirigentes revolucMondrios afficanos, Samora Machel e o Chefe de Zstado argelino Houari Boumedienne. Na imagem, o dirigente ~mo da RPM cumprimenta os representantes do corpo dtplomdttco africano que se deslocaram *a saudd-lo ao aeroporto. Ao lado: A chegada a Estocolmo, capital da Suécia. O Presidente Samora Machel é recebido pelo. Primeiro Ministro Thorblorn Falldin. TEMPO N.- 345 -p1. 1 ...... x

1 Ainda no aeroporto, Samora Machel cumprimenta os membros do corpo diplomdtico afri11 cano acreditado em Estocolmo. Aspecto da conferência de imprensa concedida pelo Presidente da RPM em Estocolmo. Para se compreender exactamente as razões da deslocação de Samora Machel aos países nórdicos, torna-se necessário recuar à época da luta armada de libertação nacional em Moçambique, na altura em que a maioria dos países da Europa Ocidental apoiavam directa ou indirectamente o colonilismo português: desde então os Governos da Suécia, Noruega, Dinamarca e Finlândia prestaram um a po i o conisequente à FRELIMO. «Esses países sendo ocidentais souberam condenar o colonialismo. Apoiaram- nos política e diplomaticamente e deram-nos material para apoio aos nossos programas durante a luta de li- TEMPO N.O 340 - pág, 5

No Castelo de Haga, em que esteve alojado durante a sua estada na capital sueca, Samora Machel ofereceu no dia 25 uma recepção aos embaixadores africanos acreditados na Suécia. Na foto, Samora Machel troca impressões com o embaixador da Tanzânia. bertação nacional» diria Samora Machel. A p ó s a cooperação mantida durante a luta armada, a visita do Chefe de Estado moçambicano surge portanto como visando estender esta cooperação à nova fase de luta iniciada pelo povo moçambicano: a luta pela independência económica. «Fomos dizer a esses países que a luta continua na Africa Austral, a luta-continua pela independência económica precisou o Presidente Samora Machel - Fomos dizer-lhes que a independência económica consolida a independência política, que sem independência económica não é possível consoli- dar a independência política». Nas conversações com os países nórdicos, um outro ponto constituiu parte fundamental dos debates: a situação na Africa Austral, o desenvolvimento da luta de libertação no Zimbabwe, Namíbia e Africa do Sul o combate pela liquidação total do colonialirrio e do racismo nesta parte do continente. Num cômputo geral, as posições da República Popular de Moçambique no que respeita a estes dois pontos fundamentais- parecem ter sido bem acolhidas pelos governos da Suécia, Noruega, Dinamarca e Finlândia. Com efeito, as declarações feitas por Samora Machel 9quando da conferência de imprensa de Helsínquia, realizada no último dia da visita foram claras a este respeito: «Todos os países nórdicos decidiram aumentar substancialmente o seu apoio a Moçambique para a batalha da reconstrução nacional» - disse o dirigente moçambicano, que viria a precisar noutra ocasião - «Para além da cooperação já existente, nomeadamente no campo agrícola, os países nórdicos engajaram-se em cooperar noutros sectores, principalmente no sector industrial. Desde já iniciaremos estudos de cooperação na valorização dos recursos naturais». Embora não tenha sido até ao momento di- vulgado qualquer documento indicando quais os sectores específicos de cooperação abordados nas conversações com as delegações nórdicas, um ponto essencial parece ter sido o apoio ao desenvolvimento da indústria transformadora em Moçambique: «Independência económica significa que queremos ser transformadores de matéria prima. Não somente produtores e exportadores de matéria prima, mas também transformadores p a r a nos permitir o desenvolvimento rápido e rompermos com a dependência, rompermos com o imperialismo» - sublinhou Samora Machel. Também no que respeita à situação na AfriTEMPO N 345 - pg. 63

Na terça fezra, dia 26 de Abril, o Chefe de Esta"o moçambicano desloca-se a Harpsund, residência de honra do Primeiro Ministro sueco. Na imagem, Samora Machel e Thorbjorn Falldin acompanhados por alguns dos membros da delegação moçambicana e altos funcionários do Governo sueco. No último dia da sua estada na Suécia, o Presidente da RPM desloca-se à cidade de Karlstad, a meio caminho entre Estocolmo e Oslo, a capital norueguesa. Em Karlstad Samora Machel visita as usinas de aço de Hagfors (foto), e também o complexo fabril KMW EMPO N. 345 -pág. 4 ramora Machel deixa a Suécia. Ao partir de Karlstad com destino a Oslo, é saudado no 1 eroporto por altos funcionários do Governo sueco. Pós o encontro com o Partido Social Democrata Sueco, Samora Machel e o presidente aquela organização, Olo Palme. Recorde-se que o Partido Social Democrata se encontra,a no Governo quando a Suécia começou a apoiar a FRELIMO *na luta de libertação conto colonialismo português. ca Austral, as discussões foram frutiferas. Tratava-se de dar às delegações dos paises nórdicos uma imagem real do desenvolvimento da luta de libertação nesta zona do contirente, face às constantes agressões contra os povos dos regimes colonialistas e racistas, com o apoio do imperialismo internacional. Tratava-se de clarificar as manobras do imperialismo, que apercebendo-se da impossibilidade d e manter exclusivamente pela força a sua dominação, procura agora encontrar fantoches africanos que garantam a preservação dos seus interesses económicos fundamentais na região. «Os países nórdicos compreenderam que a nossa preocupação é termos uma independência real, a independência real do Zimbabwe e da Namíbia -disse a propósito Samora Machel. Compreenderam as nossas preocupações com as manobras imperialistas que pretendem implantar o fneQcoloniallsmo na Africa Alustral, compreenderam que a solução dos problemas na Africa Austral tem como base o respeito das aspirações do povo africano, e não das aspirações dos colonialistas». «Fundamental m e n t e, compreenderam q u e a paz na Africa Austral dePende da solução correcta dos problemas a favor das largas massas» -acentuou o dirigente moçambicano. Mais especificamente no que respeita à questão do Zimbabwbe, a visita presidencial aos paises nórdicos terá contribuido para clarificar posições sobre a consolidação da unidade no seio do movimento de libertação no Zimbabwe. De acordo com as declarações do Presidente Sa& mora, os governos nórTEMPO N.- 346 -pão. Ií dicos também neste ponto especifico assumiram que «a Frente Patriótica é uma força principal de acção, é uma força fundamental e decisiva para a unidade do povo do Zimbabwe é uma força fundamental e decisiva para a unidade do povo do Zimbabwe na luta contra o regime de Ian Smíth e pela libertação nacional». TEMPO N., 345 - pág. 58 O Chefe de Estado moçambicano disse ainda ser da opinião de que o auxílioý dos países nórdicos aos movimentos de libertação na África Austral irá aumentar. Referindo em resposta a uma pergunta nesse sentido que os governos daqueles países impedem o recrutamento de mercenários nos seus territórios, e ainda as propostas de embargo de armas e sanções contra o regime racista em Pretória, o Presidente afirmou: «Isso significa engajamento, e o engajamento significa aumentar o apoio para que os povos atinjam os seus direitos, atinjam a sua independência, a sua liberdade». A avaliar portanto por estas declarações de Sa- mora Machel-feitas durante as conferências de imprensa concedidas nãs quatro capitais nórdicas e aos representantes da informação moçambicana no avião de regressa a Maputo - pode considerar-se que as consultas mantidas por Moçambique com as representações dos países nórdicos foram, pelo menos no que respeita aos pon-

Ao chegar à Noruega o Chefe de Estado moçambicano é recebido no aeroporto de Oslo pelo Rei Olav V. À direita, o burgomestre (presidente da câmara municipal) de Oslo. Da esquerda para a direita: o Ministra. dos Negócios Estrangeiros dinamarquês K Anderssen, o Primeiro Ministro Anker Jorgenssen, o Presidente, Samora Machel e o Ministro dos Negócios Estrangeiros da RPM Joaquim Chissano. tos essenciais em debate, francamente positivas. Isto num momento em que, em todo o continente africano, se asSiste a um coordenar das acções de agressão directa ou indirecta do imperialismo contra os regimes progressistas, de que a República Popular de Moçambique é um dos principais alvos. Inicio das conversações entre as delegações moçambicana e dinamarquesa, às 11 hzoras dodia 29de Abril.

Logo após a chegada à Finldndiá, o Presidente da FRELIMO e da RPM segue em voo -especial para a cidade de Jyvaskyla, onde viRita dois complexos fabris e a universidade. Na fábrica de tractores Valmet, a. que se. deslocou ainda durante a manhã, é oferecida a $amora Machel uma caçadeira. Num momento , em que, mais particularmente na Africa Austral> o regime racista de Ian Smith entra na sua fase de agonia, multiplicando os actos de agressão brutal contra a RPM e TEMPO N.I 2AS - ~ = levando ao má~mo. dã violência a opressão sobre o povo do Zimbabwe. Quando o imperialismo internacional se apercebe finalmente de que a força bruta não é por si só suficiente para esmagar a revolta popular na Africa Austral contra Smith, contra a dominação colonial da Nanibia, pelos racistas sul africanos e a sua opressão sobre o próprio povo sul-africano, e ten- ta portodos os -meios encontrar fantoches afriý canos que garantam a defesa dos seus interesses essenciais nesta zona do conPinente. A visita presidencial aos países nórdicos teni lugar numa altura em que, numa certa impren, sa europeia, se desenvo ve uma campanha coori denada de boatos e es, peculações com um ca, rácter político bem defii nido em torno de M5 çambique. Aliás, o tipC de informação que hoj circula em muitos doý órgãos de informaçãí europeus foi bem ilus, trado pelo carácter dE muitas das perguntas postas durante as con ferências de imprens4 particularmente em E tocolmo: para além da questões normais, refO rentes às conversaçe< mantidas etc, uma gra de parte incidia sobre «Moçambique é ou não um satélite da Unifi Soviética», «em que ciý cunstâncias tenciona Presidente pedir o aux lio de tropas cubanas> etc. Este tipo de especulý ção, porém, terá ficad desiludido. Em Copenh gue, Samora Machel di se claramente que «queý deve consolidar a indê pendência e consolida a economia do pais é povo moçambicano». «Porque não me p« gunta quando pediremo às forças dinamarquesa para nos ajudarem a co solidar a nossa indepel dência - acrescentou porque é que me lev para Cuba e não para' Dinamarca, onde est mos?» «O não-alinhamènto, t nha sublinhado anterior mente o Chefe de Esta do moçambicano em Es tocolmo, significa esce lhermos os nossos ami gos».

O NOSSO INTERESSE Ê ISOLAR OS RACISTAS __~ Samora Machel à informação finlandesa Na quarta feira, último dia da sua visita oficial à Finlândia e aos países nórdicos, Samora Machel concedeu em .Helsínquia, no hotel em que esteve alojado durante a sua estada na capital finlandesa uma conferência de imprensa à qual estiveram presentes representantes dos principais jornais, emissoras e televisão do pais, e ainda os correspondentes de vários orgãos de informação europeus. O Chefe de Estado moçambicano começou por se referir em termos gerais na sua introdução aos resultados da sua visita aos países nórdicos, Suécia, Noruega, Dinamarca e Finlândia, afirmando que esta tinha sido bastante frutífera. «Todos os países nórdicos decidiram aumentar substancialmente o seu apoio a Moçambique para a batalha da reconstrução nacional - afirmou - O projecto -*nórdico de cooperação e ajuda no campo da agricultura é de particular importância para atingirmos a autosuficiência alimentar até 1980». Mais adiante, o Presidente Samora Machel disse que nas conversações com os governos dos quatro países visitados um dos pontos fundamentais em debate foi a situação na África Austral, particularmente e desenvolvimento da luta de libertação nacional no Zimbabwe, Namíbia e África do Sul. Ae s te respeito - sublinhou a delegação moçambicana encontrou a maior compreensão e apoio aos pontos de vista da República Popular de Moçambique. «Felicitamos a atitude dos países nórdicos em aplicar um embargo de armas contra a África do Sul, e a sua decisão de aplicar sanções caso ela persista na sua dominação ilegal sobre a Namibia e na política odiosa do apartheid» acrescentou Samora Machel, salientando que também os esforços no sentido de transformar o Oceano indico numa zona de paz, livre da presença de bases militares estrangeiras e bases nucleares tinham encontrado um bom acolhimento por parte da Suécia, Noruega, Dinamarca e Finlândia. Desta forma, disse o Chefe de Estado moçambicano, será possível «estender os resultados da Conferência de Helsínquia, evitando assim que o desanuviamento se confine à Europa». TEMPO N. 345 -pãg. 0

Após iniciado o período reservado às perguntas, e tendo um dos jornalistas presentes interrogado Samora Machel sobre que resultados espera da conferência das Nações Unidas sobre o Zimbabwe e a Namíbia que terá lugar ainda este mês em Maputo, o Presidente da República Popular de Moçambique respondeu: «Será altamente positiva a realização da Conferência em Maputo, porque o Mundo terá ocasião de ver a zona oprimida e a zona libertada, cheirar o que é o apartheid e o que é a opressão». ISOLAR OS RACISTAS «0 nosso interesse é isolar os racistas, é destruir o colonialismo prosseguiu - e queremos conseguir através desta conferência o apoio moral, político e material, e também o apoio à luta de libertação nacional. Sobretudo porque estaremos na fronteira entre a liberdade e a opressão». A uma pergunta sobre qual a posição de Moçambique sobre a possível participação dos Estados Unidos da América na Conferência de Maputo, Samora Machel afir mou: «Nós não fomos consultados sobre se Os Estados Unidos deveriam participar. Quando participam, o EUA são convidados pela Grã- Bretanha». «Se a participação dos Estados Unidos é para liquidar o colonialismo apoiamos totalmente- acrescentou - mas se é para encontrar meios para internacionalizar o conflito no Zimbabwe não apoiamos.... e se é para pôr fim ao conflito, TEMPO N.o 345 - pág. 60 primeiro que reconheçam p direito à independência e apoiem o princípio da transferência de poderes para a maioria». Nós não consideramos a Namibia como uma tutela, mas sim como uma colónia da África do Sul» ýdisse mais adiante o dirigente máximo da FRELIMO e da RPM, ao responder a uma pergunta posta por um jornalista finlandês sobre a atitude a assumir pelas Nações Unidas para pôr termo à dominação ilegal do regime racista de Pretória sobre aquele pais. «As Nações Unidas primeiro deveriam impedir que o Vorster desintegre o território, é a sua tarefa prioritária e fundamental. Gostaríamos que as Nações Unidas assumissem que na Namíbia existe um povo, não existem grupos tribais. Que as Nações Unidas empreendessem esforços para que as negociações sejam feitas com a SWAPO, que é o legítimo representante do povo da Namíbia». NAO AO +AFRO-COMUNISMO+ Tendo-lhe um outro jornalista pedido para comentar o facto de muitos orgãos de informação europeus classificarem a orientação política de Moçambique como +afrocomunista+, Samora Machel afirmou: «Afro-Comunismo? Não existe! A nossa ideologia não é nenhuma ideologia afro-comunista, é uma ideologia científica. A nossa contribuição, a experiência da luta de libertação do povo moçambicano, não é somente para Moçambique, não é somente para África». «Nós dissemos que o nosso Partido é um partido marxista-leninis- ta, não dissemos que é um partido afro-marxista» - acrescentou o Chefe de Estado moçambicano. Um outro ponto abordado durante a conferência de imprensa foi a atribuição a Samora Machel do prémio Lenine da paz, anunciada no decurso da visita aos países nórdicos. «P um pouco embaraçoso, falar de mim é um pouco embaraçoso - disse o Presidente da RPM, respondendo a uma pergunta de um jornalista soviético - Mas vou dizer algumas palavras. Este prémio significa que a guerra do povo moçambicano trouxe a paz a Moçambique, e deu uma contribuição a outros povos. Em segundo lugar é mais uma prova de que a luta de libertação nacional elimina o colo. nialismo e a dominação imperialista, e portanto elimina as causas, da guerra». «O prémio é a expressão mais alta de solidariedade do povo soviético para com o povo moçambicano. É um prémio ao nosso povo, à FRELIMO que soube criar a paz educar o povo para liquidar as cau sas da guerra» -acrescentou. ZIMBABWE: CONFRONTAÇÃO ENTRE ASI «GRANDES POTÊNCIAS»? A terminar o dirigente moçam bicano respondeu ainda a uma perj gunta sobre se considerava que conflito no Zimbabwe corresponde a uma «confrontação e n t r e a grandes potências». «Essa resposta deveria ser das grandes . potências - disse - mas quais grandes potências? Quen realmente tem interesses no Zimz babwe? Quem apoia Ian Smith agora? Como é que o regime ilegal de Ian Smith vive depois d, aplicarmos integralmente as sanções?» 1 «Há aí boatos de que o conflito no Zimb-2we é entre aqueles quO defendem o +mundo livre+ e aqueles que querem introduzir o comu~ nismo - concluiu Samora Machel - Smith vive à custa dos EUA, da Grã Bretanha, da Alemanha Fej deral e de outros. São esses quý impedem a libertação, que não que, rem que a independência vá parq a maioria. Porque para eles Smit representa a civilização mais altado Ocidente, eestaé o colonialis, mo».

RIROSPECTIVA DA VISITA ...... ç ' J Jantar oferecido pelo Governo sueco ao Presidente Samora: o dirigente moçambicano usa relações de amizade e cooperação entre os dois países. da palavra para salientar as 24 de Abril, domingo -Cerca das 17 horas, aterra no aeroporto internacional de Arlanda, em Estocolmo, o avião que transportava o Presidente Samora Machel na visita aos países nórdicos da Europa. Do aeroporto, onde foi recebido p e lo Primeiro Ministro Thorbjorn Falldin e por outros altos funcionários do Go verno sueco, o Chefe de Estado moçambicano segue directamente para o Castelo de Haga, em que ficará alojado durante a sua estada'em Estocolmo. Ã noite, tem lugar um jantar privado em, que participam, para além dos membros da delegação presidencial, representantes do Governo da Suécia. 25 de Abril, segunda f e i r a - Programa propriàmente dito da visita só é iniciado na segunda feira. Às 10 horas, começam as conversações entre a delegação moçambicana e uma delegação do Governo sueco chefiada p e 1 o Primeiro Ministro, que se prolongam até cerca das 12.30. Samora Machel segue depois para o Palácio Real, onde almoça com o Rei Carl GusLav. À tarde, realiza-se no Grand Hotel de Estocolmo uma conferência de imprensa o primeiro contacto do Chefe de Estado moçambicano com a imprensa no decurso da sua visita. Após uma, recepção oferecida aos embaixadores africanos acreditados na Suécia, que decorre no Castelo de Haga entre as 18 e as 19 horas, Samora Machel é homenageado à noite com um jantar oferecido pelo Go- verno sueco. verno sueco. 26 de Abril, terça feira Às nove horas da manhã do dia 26,o dirigente máximo da FRELIMO e da RPM parte de Estocolmo com destino a Harpsund, residência de honra do Primeiro Ministro sueco. Após uma visita as instalações anexas à habitação, e' uma exposição sobre técnicas agricolas suecas o Primeiro Ministro Thórbjorn Falldin oferece um almoço a Samora Machel. Este regressa a Estocolmo cerca das 15 horas. TEMPO N. 45 - Pág. 6M

Amua no aero porro, o :o au IWM troca zmpressoes com o e com o rrtncwe Uma hora mais tarde, inicia-se na sede do Partido Social Democrata - actualmente na oposiçãoum encontro com os dirigentes daquela organização política. Embora estivesse prevista a realização de uma conferência de imprensa sobre os resultados das discussões mantidas entre a FRELIMO e o Partido Social Democrata, Samora Machel regressa imediatamente ao Castelo de Haga, delegando em Olof Palme, Presidente do PSD, a responsabilidade de prestar declarações com os jor. nalistas presentes. Ã noite tem lugar um jantar oferecido pela Confederação Geral das Cooperativas Agrícolas Suecas (LRF). 27 de Abril, quarta felTEMPO N.- 345 -pãg. 03 ra O dia 27 de Abril é o último da visita oficial do Presidente da RPM à Suécia. Logo de manhã, às 8 horas, Samora Machel parte num voo especial em direcção a Karlstad, cidade situada próximo da fronteira com a Noruega. Em Karlstad, o Presidente visita em primeiro lugar as usinas de aço de Hagfors, em cujas instalações almoça, deslocando-se àtarde ao complexof ab r i 1 Karlstad Mekaniska Werkstad (KMW), especializado no fabrico de maquinaria pesada para várias indústrias. As 16.00 horas, termina oficialmente a visita do Chefe de Estado moçambicano à Suécia, com a sua partida do aeroporto de Karlstad com des- tino a Oslo, capital da Noruega. A despedir-se de Samora Machel encontram-se no aeroporto altos funcionários do Governo de Estocolmo que o tinham acompanhado na deslocação a Karlstad. Na Noruega, o Presidente da RPM é recebido no aeroporto de Oslo pelo Rei Olav V e pelo principe Haráld, encontrando-se a i n d a presente o burgomestre (presidente da Câmara Municipal) de Oslo. Samora Machel segue depois para sua residência o n d e participa num jantar privado. 28 de Abril, quinta feira - O programa de quinta feira é na sua totalidade preenchido p e las conversações entre a delegação moçambicana e uma represèntação do Go- verno ýnorueguês. Samora Machel participa também num almoço oferecido pelo Rei Olav V. A tarde tem lugar uma visita de cortesia ao Presidente d o Parlamento norueguês, iniciando-s e cerca das 16.30 uma conferência de imprensa cozi cedida pelo Chefe de Estado moçambicano à informação norueguesa e correspondentes estrangeiros sediados em Oslo. O Presidente é ainda homenageado à noite com um jantar oferecido pelo Governo de Oslo. 29 de Abril, sexta feira - Samora Machel parte de Oslo cerca das 9.00 horas, em direcção a Copnhague, capital da Dinamarca. No aeroporto encontram-se a apresentar cumprimentos de despedi Ainaa no aeroporto, o zO aa ju-m troca tmpl"essoes com o e com o rnncípe da o Rei Olav V e o príncipe Harald. Âs 10.00 horas o Presidente chega a Copenhague, iniciando assim a visita oficial - à Dinamarca - terceira etapa da sua deslocação aos países nórdicos. Recebido no aeroporto pela Rainha Margrethe e p e 1 o príncipe consorte Samora Machel dirige-se depois ao Royal Hotel, onde ficará alojado durante a estada na capital dinamarquesa. Ao fim da manhã, são iniciadas conversações com o Primeiro Ministro dinamarquês, Anker Jorgenssen, e com o Ministro dos Negócios Estrangeiros K. Andersen, que se prolongam até às 12 horas. O Presidente da RPM segue depois para o Palácio de Fredensborg, situado a cerca de 40 km de Copeiýhague, onde almoça com a Rainha Margrethe e com o príncipe consorte. Ã tarde, são reiniciadas as consultas com os mais altos dirigentes do Governo dinamarquês, após o que tem lugar às 17.00 horas uma conferência de imprensa no Royal Hotel. Ã noite, o Presidente Samora Machel participa num jantar oferecido pelo Governo de Copenhar gue. 30 de Abril, sábado 0 programa de sábado inicia-se às 8.30 com a partida num comboio especial com destino a Nakskov cidade costeira situada na ilha de Lolland, a sensivelmente 200 km ao sul de Copenhague. Após estar presente a uma recepçao oferecida na Câmara Municipal, Samora Machel visita os estaleiros de Nakskov, em cujas instalações pode ser construído qualquer tipo de navio à excepção dos superpetroleiros, participando depois num almoço oferecido pelo Presidente da Câmara num dos hotéis da cidade. Depois do almoço o Presidente visita ainda as instalações de uma fábrica de açúcar de beterraba, partindo às 16.00 no mesmo comboio especial de regresso à capital do pais. À noite, o Ministro dos Negócios Estrangeiros K. Andersen oferece um jan- tar ao Chefe de Estado moçambicano. 1 de Maio, sexta feira No Dia 0dos Trabalhadores, Samora Machel é hóspede do Partido Social Democrata Dinamarquês. O programa especial definido pelo PSD para este dia inicia-se às 11. 30 horas com a visita ao Hospital d e Hvidovre, principal centro médico de Copenhague. Depois Samora Machel desloca-se à Câmara Municipal da capital dinamarquesa, cujo livro d e honra assina, após o que tem lugar nos Jardins Tivoli um almoço oferecido pelo Presidente da Câmara Municipal. A tarde, Samora Machel participa num comicio organizado pelo Partido Social Democrata para Má na Dinamarca, Samora Machel avistase com a Rainha Margrethe e com o Príncipe consorte. -04.- i , ' ' comemorar o 1.0 de Maio. Falando perante cerca de 10.000 pessoas reunidas em Faelledparken, Samora Machel sauda o apoio prestado pelos trabalhadores dinamarqueses à lu'ta de libertação em Moçambique e reafirma a vocação internacionalísta d o s trabalhadores moçambicanos. «Trazemos saudações revolucionárias dos trabalhadores de Moçambique para os trabalhadores da Dinamarca» - afirma «Trazemost a m bé ma mensagem deq ue,em África,a luta continua». O programa do 1.° de Maio termina à noite, com um jantar oferecido em honra do Chefe de Estado moçambicano por Anker Jorgenssen, Presidente do Partido Social Democrata e Primeiro Ministro da Dinamarca. 2 de Maio, segunda feira - Ás 9.30 horas de segunda feira Samora Machel chega a Helsínquia, c a p i t a l da Finlândia. Após saudar o Vice Primeiro Ministro finlandês, e outras altas personali. dades que se tinham deslocado ao aeroporto a saudá-lo, o Presidente segue num avião especial para a cidade de Jyvaskyla, situada a cerca de 200 km ao norte da capital, onde permanecerá durante quase todo o dia. Em Jyvaskyla o Chefe de Estado Moçambicano começa por visitar ainda de manhã a fábrica de tractores Valmet, tendo depois lugar um almoço oferecido num dos hotéis da cidade pelo Governador da província da Finm lândia Central. Depois do almoço o Presidente Samora Machel dirige-se à fábrica de contraplacados e prensados *Schauman», cujas instalações percorre demoradamente, visitando ainda a Universidade de Jyvasky!a, famosa'por ~ ~. 9N1PO N., 348 a dispor da única faculdade de ginástica e educação física em toda a Finlândia. O Presidente da RPM regressa posteriormente, cerca das 17.00 horas, a Helsínquia, onde participa ainda no dia 2 num jantar oferecido em sua honra pelo Vice-Primeiro 'Ministro finlandês Ahti Karjalainen. 3 de Maio, terça feira -As conversações entre a delegação moçambicana e uma delegação finlandesa têm início às 9.30 horas em Helsínquia. Samora Machel dirige-se depois a pé para o Palácio da Presidência, onde decorrem a partir das 11.00 conversações com o Chefe-de Estado da Finlândia, Uhro Kekkonen. Depois de um almoço com o Presidente Kekkonen, estava preyista para às 1.4 horas a deslocação de Samora Machel à fábrica «Nokia» especializada em comunicações. Não ros e Ministro da Indústria e Comércio da RPM. Encerrando o programa da visita presidencial à Finlândia, é realizada ao fim da tarde uma conferência de imprensa no Hotel Marski, em Helsinquia, oferecendo depois Samora Machel uma recepção a que estiveram presentes, para além de altos funcionários do Governo da Finlândia, os jornalistas finlandeses e estrangeiros que tinham participado na conferência de imprensa. Â noite, o Presidente da FRELIMO e da RPM esteve presente extra-programa a uma jornada de solidariedade para com o povo moçambicano organizado pelo comité finlandês do Conselho Mundial da Paz. 4 de Maio, quarta feira -Termina a visita oficiefectuada uria escala de duas horas no aeroporto aí aos países nórdicos, o Chefe de Estado moçam- Samora Machel passa revista a uma guarda de honra do exército finlandês no aeroporto de Helsínquia. tendo no entanto s i d o bicano parte do aeroporpossível ao dirigente mo- to de Helsínquia às 8.30 çambicano estar presen- minutos com destino a te, a visita foi levada a 2ripoli. cabo por Joaquim Chis- Antes de chegar à casano e Mário Machungo pital da Líbia é ainda respectivamente Ministro de Roma, onde a delegados Negócios Estrangei- ção se avista com repre- sentantes do Governo italiano, nomeadamente o Ministro dos Negócios Estrangeiros, e ainda membros do Partido Comunista Italiano e do Comité Reggio Emilia, de apoio à luta de libertação em África. Samora Machel chega a Tripoli cerca das 17.00, sendo recebido no aeroporto pelo Primeiro Ministro líbio Abdessalam Jalloud. Ás 19.00 horas são iniciadas conversações entre a delegação presidencial e uma representação do Governo da Líbia chefiada pelo Presidente Muammar Qadhafi, sendo o Chefe de Estado homepageado c o m u m jantar oferecido pelo Presidente Qadhafi. 5 de Maio, quinta feira O avião presidencial parte às 10 horas de Tripoli com destino a Lagos, capital da Nigéria, onde chega ao princípio da tarde. O Presidente Samora dirige-se para a residência destinada pelo Governo Federal Nigeriano aos hóspedes de Estado, seguindo depois para o local em que decorreram as conversações com uma delegação nigeriana dirigida pelo General Obasanjo. A partir das 20.30 tem lugar um jantar oferecido em honra do Presidente Samora Machel pelo, çhefe do governo militar da Nigéria. 6 de Maio, sexta feira -A delegação moçambicana parte às seis horas da manhã de Lagos com destino a Maputo, onde viria a chegar cerca das 16.00 horas. Antes da chegada a Maputo, o avião presidencial f e z a i n d a uma escala de uma hora em Luanda, onde o Presidente Samora Machel We avistou com Agostinho Neto, Presidente do MPLA e da República Popular de Angola. e

Litografia, Tipografia, Encadernação e Embalagem Av. Ahmed Sekou.Touré. 1078-A e B (Prédio Invicta). Telefones 26191/2/3 C.P. 2917 MAPUTO produzir economizar depositar para desenvolver Moçambique Aumentar a produtividade é PRODUZIR mais em menos tempo. ECONOMIZAR é evitar despesas desnecessárias, gastar menos do que ganhamos. DEPOSITAR e garantir a segurança das nossas economias. As economias de cada um depositadS no INSTITUTO DE CRÉDITO DE MOCAMBIQUE transformam-se na força que contribue para a reconst-ução nacional.