MACHADO DE ASSIS, CRÍTICO DA IMPRENSA: O Jornal Entre Palmas E Piparotes

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MACHADO DE ASSIS, CRÍTICO DA IMPRENSA: O Jornal Entre Palmas E Piparotes MARCOS FABRÍCIO LOPES DA SILVA MACHADO DE ASSIS, CRÍTICO DA IMPRENSA: o jornal entre palmas e piparotes Belo Horizonte 2005 2 MARCOS FABRÍCIO LOPES DA SILVA MACHADO DE ASSIS, CRÍTICO DA IMPRENSA: o jornal entre palmas e piparotes Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Letras – Estudos Literários. Área de concentração: Literatura Brasileira Linha de pesquisa: Literatura, História e Memória Cultural. Orientadora: Profa. Dra. Constancia Lima Duarte Belo Horizonte 2005 3 Cada um de nós é um pedaço do espelho divino. Para meus pais – Deusina e Marco: Mãe, você é a estrada que guia os meus passos. Pai, você é as placas que orientam o meu caminho. Para meus irmãos – Carlos Felipe e João Pedro: lições vivas de autenticidade e meiguice. Para minha esposa – Elisângela: Nas alturas do amor e sem medo da queda, descubro o teu interior, encanto maior que me eleva . (Elis, obrigado pelo apoio irrestrito, pela revisão da dissertação e pela organização do anexo) 4 Louvando quem bem merece... Professora Constancia Lima Duarte: pela orientação cuidadosa e sincera, pelo companheirismo e por dividir comigo a grandeza da “humildade intelectual”. O professor Eduardo de Assis Duarte: pelo companheirismo e pela força de vontade canalizada para valorizar a literatura afro-descendente, na qual a obra de Machado de Assis está inserida. O professor Dalmir Francisco: pela sincera amizade e por me contar com sabedoria o outro lado da nossa história: preto no branco, sem esquecer do passado. A professora Marli Fantini: por acreditar neste trabalho desde os primeiros passos. Equipe da Pós-Lit, pelo apoio moral e burocrático. Pessoal da Biblioteca da FALE, pelo zelo com a informação. Professores da Graduação do Curso de Jornalismo no UniCeub, em Brasília-DF: Antonio Teixeira de Barros, grande amigo e pesquisador (a quem devo gratidão pelos meus primeiros estímulos em matéria de iniciação científica, e pela construtiva orientação da monografia de conclusão de curso intitulada Como a crônica machadiana lê o jornal ), Verenilde dos Santos Pereira, “um rio sem fim” de leveza humana (pela amizade e por me levar nas asas da ficção), Lunde Braghini Jr, grande pensador radical (por me apresentar pela primeira vez as crônicas de Machado de Assis) e Elen Geraldes (por me mostrar as luvas de pelica necessárias ao exercício crítico sofisticado). Professor e filósofo português José Trindade dos Santos: pelo conhecimento transmitido com paixão. Companheira Gabriela Korössy: parceira presente nos primeiros estudos a respeito da crônica de Machado de Assis. Minha família: aos mortos, mais vivos do que nunca em minha memória: vó Rosa e vovô Levi. Aos que continuam vivos, saúdo o meu padrinho e tio Nílson e a minha madrinha e tia Socorro. Destaco ainda a tia Creusa Paixão, pela educação sentimental, e a tia Ana Maria, pelo amor e apoio incondicionais e por acreditar nos meus sonhos. Quanto aos primos e primas, grande abraço ao Marcelo, a Aline, ao Maurício e ao Flávio, grande quarteto de almas bacanas e um beijo na Carol: tua carta dizendo que sou um exemplo de sonhador salvou a minha vida em um momento bastante delicado. Dudu, o teu jeito moleque me encanta. 5 Meus amigos, fundamentais para a formação do meu caráter: Gustavo Lucas, Júlio Maria, Fabiano “O Silva”, Thiaguinho, Juliana, Elizeu, Tatyanna, Lílian Beraldo, Ana Lúcia (mais que perfeita), Raquel Brandim , Panda e Ivo. Amigos que me abraçaram com muita sensibilidade nestas lindas montanhas das Minas Gerais: Adriana, Thiago, Natália (trio movimento ternura), Francys, Lilian, Mariana, Cecília, Rafaela, Anselmo, Bira, Luíza Angélica, Cristiano Ordones, Guilherme Terra, Everton Pires e Marcelina. Meus amigos do NEIA pela energia da Pátria dos Quilombos que não se dá por vencida: Aline, Rosário, Dani, Eduarda, Zélia, Rodrigo e Luís. Saúdo especialmente o meu parceiro Adélcio, companheiro de composições musicais, intelectuais e que, com muito carinho, ofereceu gentilmente a sua competência para a tradução do resumo desta dissertação. Equipe da “Mansão Vida”: Alexandre, Bárbara, Ivan, Iuri e demais companheiros. Adna, “meu espelho com reflexão”. Colegas da Assessoria de Imprensa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), onde comecei a minha carreira jornalística: Léo (editor-mestre), Jô Oliveira, Abade, Alexandre, Manoela, Vera, Rosa Maranhão, Piau, Wanderley, Edmar, Huda, Francisco e Fátima. Colegas do Serviço de Ação Continuada da Secretaria de Estado de Assistência Social (antiga SEAS): Íris, Gilmar, Vanessa, Rosa, Breno, Daniel Francisco, Daniel Prazeres, Rafael, Osana, Pollyana, Rosália, Vitória, Manoel, Conceição e Fábio. Amigo e artista plástico Demétrius Cotta pelo companheirismo e pela arte da capa e das fotos referentes a esta dissertação. Carlos Vieira pela co-autoria na arte da capa e das fotos contidas nesta dissertação. Equipe de profissionais da Faculdade Promove de Sete Lagoas-MG e aos meus alunos de Publicidade e Propaganda. 6 Resumo Esta dissertação tem como objetivo analisar as crônicas de Machado de Assis, publicadas em jornais na segunda metade do século XIX, a fim de destacar a atuação do jornalista/cronista como admirador da imprensa e crítico do jornal. As ocasiões em que o nosso escritor aplaude a imprensa equivalem aos momentos de “palmas”. É nesta fase que Machado de Assis elabora o conceito de “república do pensamento”, conferido ao jornal. Partindo deste princípio, as crônicas ressaltam que o direito democrático da informação é inseparável da vida republicana, ou seja, da existência do espaço público das opiniões. De acordo com o escritor, cabe ao jornalismo, enquanto esfera pública das opiniões, viabilizar o acesso de todos, em iguais condições, à ‘coisa pública’, apoiado no princípio universal dos ‘direitos’. Os “piparotes”, por sua vez, representam a reprovação de Machado de Assis frente aos deslizes de caráter ético e editorial, cometidos pelos jornais. Devido à constante presença do papel do jornalismo e de suas estratégias discursivas nas crônicas de Machado de Assis, este estudo busca comprovar que o nosso escritor foi um destacado crítico da imprensa. Tal atuação marcante precisa ser reconhecida e enaltecida nos estudos envolvendo a formação da imprensa brasileira e as discussões contemporâneas a respeito de um jornalismo de qualidade, guiado pela ética. Palavras-chave: Machado de Assis; crônica; jornal ; crítico da imprensa 7 Abstract This dissertation aims to analyze Machado de Assis’ chronicles of the late XIX century, in order to point out his work as a journalist/chronicler as a critique and an admirer. The ‘palmas’ (‘applause’) moments are related to his constructive criticism to the press. From these occasions the writer creates the concept of ‘republic of thought’ related to the importance of the press as ‘democratic arena’. This concept has shown up that the right to information cannot be detached from the ‘republic’s life’, or as it desired, a public space for free speech. According to the writer, journalism could be seeing as this desirable arena, giving free access to information related to the ‘res publica’ in equal conditions to all citizens. This is also based on the universal principle of ‘rights’. Also according to Machado de Assis, the ‘piparotes’ in the other hand, stand for his reproval to the editorial and ethics flaws committed by newspapers. Due to the importance of journalism and its discursive strategies to Machado’s texts, this work intends to demostrate that he was an outstanding critique of the press. Such exceptional criticism must be recognized by the press research field, specially concerning the formation of the Brazilian press, and the contemporary discussions concerning press quality as a journalism supported by ethic principles. Key words: Machado de Assis; chronicle; newspaper; press critique. 8 Índice Introdução 9 Entre palmas e piparotes 10 I Capítulo – A reforma pelo jornal 29 A modernização e a crônica no Brasil 31 A crônica: tudo começou numa conversa de vizinhas 33 Museu de grandes novidades 37 Lugar de jornalista é na rua! 46 Nos caminhos da estética da recepção 51 Ares de conselheiro do leitor 56 Raízes do leitor brasileiro 64 A mistura do útil e do fútil 66 A imprensa como “república do pensamento” 77 II Capítulo – A reforma no jornal 83 Do entusiasta ao fiscal ético 85 A opinião pública: uma “metáfora sem base” 91 Soberba, generalização apressada e notícia inventada 95 “Espreme que sai sangue!”: o jornalismo com sede de violência 98 Liberdade submetida à propriedade 115 O mal do “oficialismo” 119 Conclusão 130 Machado de Assis e a imprensa: uma relação pendular 132 Bibliografia 135 Bibliografia de Machado de Assis 135 Bibliografia sobre Machado de Assis 138 Bibliografia geral 141 Anexo (à parte) Seleção das crônicas estudadas de Machado de Assis 9 Introdução A primeira propriedade do jornal é a reprodução amiudada, é o derramamento fácil em todos os membros do corpo social. Assim, o operário que se retira ao lar, fatigado pelo labor quotidiano, vai lá encontrar ao lado do pão do corpo, aquele pão do espírito, hóstia social da comunhão pública. A propaganda assim é fácil; a discussão do jornal reproduz-se também naquele espírito rude, com a diferença que vai lá achar o terreno preparado. A alma torturada da individualidade ínfima recebe, aceita, absorve sem labor, sem obstáculo aquelas impressões, aquela argumentação de princípios, aquela arguição de fatos. Depois uma reflexão, depois um braço que se ergue, um palácio que se invade, um sistema que cai, um princípio que se levanta, uma reforma que se coroa. Machado de Assis, em “A reforma pelo jornal”, de 23/10/1859. 10 Entre palmas e piparotes... Machado de Assis, crítico da imprensa: o jornal entre palmas e piparotes se propõe revelar e analisar uma faceta pouco estudada do escritor: a do cronista que se debruça sobre as proezas e mazelas do jornalismo. Gênero híbrido que se posiciona entre o jornalismo e a literatura, a crônica foi utilizada por Machado de Assis como meio para se comunicar com os seus leitores, entre 1859 e 1900.
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