Universidade Estadual De Campinas Instituto De Estudos Da Linguagem
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View metadata, citation and similar papers at core.ac.uk brought to you by CORE provided by Repositorio da Producao Cientifica e Intelectual da Unicamp UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS INSTITUTO DE ESTUDOS DA LINGUAGEM TYARA VERIATO CHAVES ENTRE A ESCRITA E O OLHAR: UMA POÉTICA DA VIOLÊNCIA Campinas, 2020 TYARA VERIATO CHAVES ENTRE A ESCRITA E O OLHAR: UMA POÉTICA DA VIOLÊNCIA Tese de doutorado apresentada ao Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Campinas para obtenção do título de Doutora em Linguística. Orientadora: Profa. Dra. Mónica Graciela Zoppi Fontana Este exemplar corresponde à versão final da Tese defendida pela aluna Tyara Veriato Chaves e orientada pela Profa. Dra. Mónica Graciela Zoppi Fontana Campinas, 2020 Ficha catalográfica Universidade Estadual de Campinas Biblioteca do Instituto de Estudos da Linguagem Leandro dos Santos Nascimento - CRB 8/8343 Chaves, Tyara Veriato, 1983- C398e ChaEntre a escrita e o olhar : uma poética da violência / Tyara Veriato Chaves. – Campinas, SP : [s.n.], 2020. ChaOrientador: Mónica Graciela Zoppi Fontana. ChaTese (doutorado) – Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Estudos da Linguagem. Cha1. Análise do Discurso. 2. Poesia. 3. Violência. 4. Escrita. I. Zoppi-Fontana, Mónica Graciela. II. Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Estudos da Linguagem. III. Título. Informações para Biblioteca Digital Título em outro idioma: Between writing and the gaze : a poetics of violence Palavras-chave em inglês: Discourse analysis Poetry Violence Writing Área de concentração: Linguística Titulação: Doutora em Linguística Banca examinadora: Mónica Graciela Zoppi Fontana Suely Aires Pontes Fábio Ramos Barbosa Filho Suzy Maria Lagazzi Daniela Palma Data de defesa: 28-02-2020 Programa de Pós-Graduação: Linguística Identificação e informações acadêmicas do(a) aluno(a) - ORCID do autor: https://orcid.org/0000-0001-8316-2694 - Currículo Lattes do autor: http://lattes.cnpq.br/3011560065451751 Powered by TCPDF (www.tcpdf.org) BANCA EXAMINADORA Mónica Graciela Zoppi Fontana Suely Aires Pontes Fábio Ramos Barbosa Filho Suzy Maria Lagazzi Daniela Palma IEL/UNICAMP 2020 Ata da defesa, assinada pelos membros da Comissão Examinadora, consta no SIGA/Sistema de Fluxo de Dissertação/Tese e na Secretaria de Pós Graduação do IEL Do que viu e ouviu, o escritor regressa com os olhos vermelhos, com os tímpanos perfurados. Deleuze, G., [1993] 2011, p. 14. Não faças versos sobre acontecimentos. Drummond, C., [1945] 2000, p. 12. Para Erasmo, com quem aprendo a olhar. Agradeço, A todos que de algum modo eu encontrei nessa travessia que começa de muito longe. Ao pedaço em alvoroço de mim, que via na escrita qualquer coisa de possível. Aos poetas que povoam esse trabalho com palavras que dizem uma outra coisa diante de um tempo que só diz “não”. A Elza, mãe-poesia-mulher, por ter me mostrado desde muito cedo a coragem da alegria, os vermelhos dos batons, o peso e a pluma do desejo. A José, pai-saudade-oceano, por ter me transmitido o gosto pela vertigem de saltar no vazio, mesmo que o preço seja muito alto. A Lauro, pela presença nas entrelinhas, pelos nossos ilegíveis, pela mulher que se escreve diante de um olhar. A Erasmo, que adormece em meus braços todas noites, me dando imagens que não têm nome. A Thiago, com sua presença apaziguadora; a Aninha, com sua intensidade; a Teté, com sua firmeza e doçura; a Venícia, com sua imensa capacidade de amar; a Fábio, com sua leveza; aos meus cinco meus irmãos, meus outros nomes para infância, carinho, aconchego. A João Vitor, Marcílio, Júlia, Felipe, Sofia, Alice, Estela, Mauro e Rafael, meus sobrinhos, meus pedaços de manhã. A Mónica, pela confiança, pela liberdade, pela aposta, pelas aulas, pela leitura forte, mas, sobretudo, por ter me falado, em um momento preciso, que a maternidade é um espaço em que cabe um “também”. A Suely Aires, Daniela Palma, Suzy Lagazzi, Fábio Ramos, Mariana Cestari, Cláudia Pfeiffer, Rogério Modesto, a cada um em particular, pela generosidade de cada leitura, por aceitarem cair nessa estrada comigo. A Thales, pela presença leve; a Léo, pela generosidade e pela leitura valiosa às vésperas de entregar a tese; a Karine, pela amizade, pela escrita e pelo elegante passeio ao baixo. Aos três, pelo que compartilhamos de leituras, aventuras, risadas, angústias e copos durante esses anos de tanta intensidade. Esse caminho não teria sido tão bonito sem vocês. A Mari e Glória, pelas parcerias, pela cumplicidade e pelo carinho que faz da amizade uma espécie de casa. A Cinira, Paulistinha, Marina, Geanne, Fabinho, Wagner, Aderivan, Lívia, fisionomias de uma paisagem muito familiar, uma espécie de mar que chamo de meu. A Willi, menino pássaro, pela passagem tão delicada na minha vida. A Jê, por me mostrar o modo como o amor é uma coisa que passa pelas mãos. A Geison, pela escuta do que eu não sei dizer. A todas as pessoas queridas com quem convivi nesses sete anos de Unicamp, Luana, Jael, Lívia, Mirielly, Arnaldo, Renata, Laíse, Guilherme, Vítor, Luciana, Rogério, Fábio, Mariana Castro, Lucas, Mariana Maroca, Camila, Noemie, Yagos, Raquel, Laís, entre tantos outros. Ao Grupo Mulheres em Discurso pelas trocas, pelas inquietudes teóricas e políticas, pelos afetos compartilhados, mas, sobretudo, pela coragem de continuar diante desse tempo. A todas as pessoas que trabalham no IEL, da equipe da coordenação da pós a todos os funcionários das diversas áreas, pela competência e pelas gentilezas do dia-a-dia. Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelo financiamento concedido durante a pesquisa. Resumo Nesta tese, busco compreender a potência de uma produção poética frente a acontecimentos ligados à violência de Estado. Para tanto, me situo teoricamente nas fronteiras entre a Linguística, o Materialismo Histórico e a Psicanálise a partir da Análise do Discurso proposta por Michel Pêcheux, mas também avanço no campo filosófico com os contornos contemporâneos que a noção de biopoder assume a partir de Butler, em sua reflexão a respeito da precariedade da vida e da condição de inelutável, e de Mbembe, sobre a construção da raça e o necropoder. No espaço heterogêneo de tal campo filosófico, procuro as vias pelas quais uma reflexão sobre a literatura comparece no pensamento desses autores como um lugar de possíveis. No que tange a dimensão da língua, busco dar consequência a uma posição materialista que concebe o poético no registro do político ao levar em conta a inscrição do real da língua no real da história. Em paralelo a esse percurso, caminho por entre autores que conferem uma especificidade à literatura com relação à linguagem: as transgressões, a questão da autoria e a problemática do testemunho. Nesse âmbito, busco a partir da divisão proposta por Agamben entre a língua do testemunho e o arquivo, pensar em como a escrita de certos poemas carregam um matiz testemunhal em que o indizível de uma época encontra lugar. Do ponto de vista analítico, este trabalho caminha por diversas produções poéticas, mas se concentra mais detidamente em Na noite calunga do bairro Cabula de Ricardo Aleixo, Quadrilha de Lívia Natália e Verônica de Tarso de Melo. Os dois primeiros poemas são lidos a partir da relação com o acontecimento da Chacina do Cabula e o último a partir da violência envolvendo Verônica Bolina. Em meu gesto de leitura, busco fazer ressoar a diferença entre diversas instâncias enunciativas que “dizem o acontecimento” de modo a apreender certos funcionamentos que colocam em jogo a dimensão do humano e do animal, dos corpos e das subjetividades. A relação entre o olhar e a escrita se coloca como contundente, tanto nos termos de uma preocupação ética e política a respeito da hipercirculação de imagens de violência, quanto em uma reflexão que busca situar a produção histórica do olhar, mas também a dimensão do desejo quando pensamos a partir de Freud e Lacan. Assim, meu gesto de interpretação caminha em torno do que as imagens fazem falar, e em como uma escrita se emprenha do desejo de “fabricar” uma outra imagem. Para tanto, o trabalho com a memória possibilita a condição do legível no que diz respeito a dimensões históricas envolvendo raça, classe, sexualidade e gênero, mas é também a partir de um impossível que esta tese se move: impossível naquilo que uma escrita poética sustenta em seu encontro com o vazio diante de uma macabra repetição, impossível enquanto aposta, risco, desejo de possível. Palavras-chave: poesia; acontecimento; violência; escrita; olhar. Abstract This thesis tries to understand the power of a poetic production in the face of events linked to State violence. For this purpose, I am theoretically situated on the frontiers between Linguistics, Historical Materialism and Psychoanalysis, as proposed by the Discourse Analysis formulated by Michel Pêcheux, but also advancing in the philosophical field with the contemporary outlines that the notion of biopower assumes from Butler, in his reflection on the precariousness of life and the condition of ineluctable, and Mbembe, on the construction of race and necropower. In the heterogeneous space of such a philosophical field, I look for the ways in which a reflection on literature appears in the thinking of these authors as a place of possibilities. Regarding the dimension of the language, I seek to give effect to a materialist position that conceives the poetic and the political by taking into account the inscription of the real of the language in the real of history. In parallel to this path, I recover some authors who give literature a specificity regarding language: transgressions, the question of authorship and the problem of testimony. In this context, I seek, based on the division proposed by Agamben between the language of the testimony and the archive, to think about how the writing of certain poems carries a testimonial hue in which the unspeakable of an era finds its place.