Branford Marsalis Quartet Kurt Elling
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24 Jul 2016 Branford 21:00 Sala Suggia – Marsalis CICLO JAZZ Quartet with special guest Kurt Elling Branford Marsalis saxofones Kurt Elling voz Joey Calderazzo piano Eric Revis contrabaixo Justin Faulkner bateria A CASA DA MÚSICA É MEMBRO DE O objectivo desde o princípio foi criar uma The Branford Marsalis Quartet verdadeira parceria. “Em geral rejeito a pala‑ with Special Guest Kurt Elling vra ‘colaboração’”, diz Marsalis, “porque implica algo que está para além do que cada colabo‑ Upward Spiral rador faz bem. Não preciso de um colabora‑ dor para fazer o que eu faço normalmente, e Não é segredo que o Branford Marsalis Quar‑ nem o Kurt precisa. Mas, desta vez, nenhum tet consegue ser tão descontraído fora do de nós ia fazer o que normalmente faz. A fina‑ palco como em plena actuação. O saxofonista lidade disto, apesar de ele cantar música com Marsalis, o pianista Joey Calderazzo, o contra‑ letra, era sublinhar o carácter instrumental da baixista Eric Revis e o baterista Justin Faulk‑ voz de Kurt.” ner são todos personalidades audaciosas com Elling estava mais do que preparado para fortes opiniões, tão intensos na comunicação o desafio. “Adoro cantar com uma banda que musical como na verbal. “Falamos de todos os toca com grande energia”, confirma, “e dedi‑ géneros de assuntos, muitos dos quais impubli‑ quei muito tempo a procurar fazer música cáveis”, admite Marsalis. “Mas temos também com excelentes saxofonistas tenor. Desde debates musicais sérios.” Uma destas conver‑ que comecei a trabalhar com Von Freeman, sas deu origem a Upward Spiral, o novo álbum Eddie Johnson e Ed Petersen, em Chicago, com o convidado especial Kurt Elling que foi até actuações mais recentes com Ernie Watts, editado a 10 de Junho de 2016 pela Marsalis Joel Frahm e Houston Person, fiz sempre ques‑ Music através da OKeh Records. tão de estar confortável com um grande som “Um assunto que abordámos foi a escolha de tenor por perto. Não queria que a banda de do melhor cantor para trabalhar com o nosso Branford sentisse necessidade de se conter quarteto”, lembra Marsalis. “O meu candidato por causa do cantor. Era muito importante para era Kurt Elling, porque era a voz mais flexível do mim ser bem ‑vindo no círculo do Quarteto, que meio, com uma afinação impecável e um verda‑ tem como grande foco os novos desafios e a deiro músico de jazz. Quando conheci Kurt há intensidade expressiva.” dois anos, num concurso do Thelonious Monk A escolha das canções, que foram testa‑ Institute, tivemos uma conversa no bar sobre a das em actuações durante um fim‑de ‑semana ideia de gravarmos um disco juntos.” no Snug Harbor em Nova Orleães, precedendo “Encontrei Branford no circuito de concer‑ três dias nos estúdios do Ellis Marsalis Center tos uma mão ‑cheia de vezes, e sempre tive‑ for Music, foi um processo em que se envolve‑ mos conversas interessantes”, acrescenta ram os cinco músicos. “Todos os membros da Elling. “Por isso, quando ele falou sobre a ideia banda estão constantemente a ouvir todos os de fazermos um disco, eu disse ‘quando quise‑ géneros de música”, sublinha Marsalis, “pelo res’.” O que daí emergiu, depois de uma semana que não se trata de irmos especificamente intensa de performance e gravação em Nova procurar ideias em gravações com voz. Por Orleães, é uma colectânea que mistura títulos exemplo, andei a ouvir a canção Long as You’re emblemáticos do Songbook americano, stan‑ Living de Oscar Brown durante dois anos antes dards de jazz e futuros standards de uma gama de nos encontrarmos. A primeira vez que ouvi variada de compositores. Practical Arrangement de Sting telefonei ‑lhe e 3 pedi ‑lhe a partitura, porque queria tocar o tema também um dueto com voz e saxofone tenor, a com o quarteto ainda antes de ter surgido a que eu inicialmente me opus, mas experimen‑ ideia de gravarmos com Kurt. Escolhi também támos I’m a Fool to Want You e vimos que ele Só Tinha de Ser Com Você, uma canção de tinha razão. Quando estamos com um cantor Tom Jobim que não tem sido demasiado inter‑ que sabe povoar o espaço emocional, funciona.” pretada. Pedi a todos que estudassem a versão Todos os temas de Upward Spiral confirmam de Elis Regina, porque queria que soássemos as qualidades do Quartet e de Elling, para além autênticos e não genéricos. A ideia de Blue de qualquer rótulo. “Ninguém teve de se adaptar, Gardenia foi minha, enquanto Eric sugeriu From porque um bom músico pode tocar muitos esti‑ One Island de Chris Whitley quando falávamos los de música” nota Marsalis. “Estamos em sinto‑ de canções mais recentes.” nia completa uns com os outros quanto tocamos, “A certa altura, Kurt disse que a selecção por isso foi fácil sintonizarmo ‑nos também com estava demasiado melancólica, então lembrei‑ Kurt. O único ajuste foi não tocar solos longos, ‑me de There’s a Boat Dat’s Leavin’ Soon mas se para fazer a música soar bem for neces‑ porque adoro a versão de Shirley Horn. Mas sário tocar menos, toca ‑se menos.” grande parte da beleza está nos temas melan‑ Elling acrescenta que “Procuro sempre cólicos, e estou confiante que o meu público ajustar aquilo que faço à visão e personali‑ está preparado para a vida real.” dade da banda, e o quarteto de Branford é Elling trouxe também ideias e várias uma verdadeira working band, o que é tanto canções para a parceria. “Eu vinha então de um privilégio incrível como algo muitíssimo um período de trabalho sobre alguma música importante para a música. Eles apresentam clássica difícil, e não fazia questão de incluir tudo numa bandeja de prata.” qualquer tema meu no disco”, diz Marsalis, Para Marsalis, Upward Spiral mantém uma “mas Joey mostrou Cassandra a Kurt, no Snug consistência que vem da sua música prece‑ Harbor, e ele quis escrever uma letra e gravar.” dente. “Segundo a minha filosofia do jazz, tudo Calderazzo escreveu música para The se baseia em melodias fortes e uma pulsação Return (Upward Spiral) e enviou ‑a a Elling, que intensa, e qualquer tema tem uma melodia que lhe acrescentou uma letra antes da sessão de se consegue fixar na mente, que se consegue gravação. O cantor sugeriu também Doxy, o cantar. Não se trata do jazz como um think tank clássico de Sonny Rollins com letra acrescen‑ pessoal, onde as pessoas só estão preocupa‑ tada por Mark Murphy; West Virginia Rose, das em impressionar todos aqueles que estão com música e letra do pianista Fred Hersch; e no mesmo meio, através da desconstrução e Momma Said, poema de Calvin Forbes a que o rearmonização. Este é o tipo de música que quarteto reagiu espontaneamente no estúdio. deveria aumentar o seu alcance de modo a Duas baladas clássicas completam a selec‑ incluir pessoas que gostariam de jazz se este ção. “Kurt queria fazer Blue Velvet, partindo fosse mais acolhedor. A partir do instante em da célebre versão de Bobby Vinton”, lembra que Kurt começou a cantar connosco, tudo Marsalis. “Eu disse que a iria transcrever, mas ficou bem.” Kurt respondeu ‘Não, quero que soemos como fantasmas, apenas com a técnica suficiente para fazer passar a mensagem.’ Ele queria fazer 4 documentado no seu disco mais recente, In Branford Marsalis saxofones My Solitude. Branford Marsalis tem também parti‑ Branford Marsalis não se encostou à sombra lhado os seus conhecimentos como profes‑ do sucesso. Desde a sua aclamação precoce sor, desenvolvendo relações profícuas com as como saxofonista, trazendo uma nova energia e Universidades Estatais de Michigan e São Fran‑ novos públicos para jazz, tem refinado e expan‑ cisco e com a Universidade Central da Carolina dido as suas competências e os seus horizon‑ do Norte, bem como dirigindo workshops por tes como músico, compositor, líder e educador, todos os Estados Unidos e pelo mundo. mantendo ‑se como um exemplo de excelência A música clássica é uma parte cada vez artística para o século XXI. mais importante do universo musical de Bran‑ Cresceu no ambiente culturalmente rico ford Marsalis. Com um repertório que inclui de Nova Orleães, filho mais velho do pianista obras de Copland, Debussy, Glazunov, Ibert, e professor Ellis Marsalis, e embrenhou ‑se na Mahler, Milhaud, Rorem, Vaughan Williams, Villa‑ música juntamente com os seus irmãos Wynton, ‑Lobos e Sally Beamish, toca frequentemente Delfeayo e Jason. O seu primeiro instrumento, com grandes orquestras sinfónicas tais como o clarinete, deu lugar ao saxofone alto e depois as de Chicago, Detroit, Düsseldorf e Carolina ao tenor e ao soprano, logo que o adolescente do Norte, bem como com a Filarmónica de Nova Branford começou a tocar em bandas locais. Iorque. Foi também Director Criativo do ciclo Um crescente fascínio pelo jazz na altura em Ascent da Sinfónica de Cincinnati em 2012/13. que iniciou os estudos universitários ajudou ‑o Broadway sempre recebeu de braços aber‑ a conseguir os seus primeiros trabalhos impor‑ tos as colaborações de Branford Marsalis. O tantes com o célebre trompetista Clark Terry e seu primeiro trabalho neste domínio, a cria‑ ao lado de Wynton nos lendários Jazz Messen‑ ção de música original para a reposição de gers de Art Blakey. Quando ambos deixaram Fences de August Wilson, rendeu um Drama este grupo para formar o Wynton Marsalis Desk Award na categoria de Música para Quintet, o mundo do jazz acústico foi revigo‑ Teatro e uma nomeação para um Tony na cate‑ rado. Branford formou o seu próprio quarteto goria de Melhor Música Original para Teatro. em 1986 e, com pequenas interrupções nos Fez também música para The Mountaintop, primeiros anos, manteve este projecto como o com Samuel L. Jackson e Angela Bassett, e seu principal veículo de expressão.