Revisão do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal de Porto Velho

Revisão do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal de Porto Velho

ARC - FISTER

PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTO VELHO, RO

SECRETARIA MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE

Revisão do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal de Porto Velho

PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTO VELHO SECRETARIA MUNICIPAL DO MEIO AMBIENTE

ARC CONSULTORIA EMPRESARIAL - FISTER

REVISÃO Elaborado através da Prestação de Serviços de Revisão e Atualização em cumprimento ao Termo de Compromisso Ambiental (“TCA”) firmado entre a Energia Sustentável do Brasil e a Prefeitura de Porto Velho, no âmbito do Licenciamento Ambiental das 3 (três) Linhas de Transmissão de 500kv associadas ao Aproveitamento Hidrelétrico JIRAU (“AHE JIRAU”) e realizada por ARC Consultoria (FISTER)

REVISÃO DO PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE PORTO VELHO

Elaborado através de Convênio de Compensação com Energia Sustentável do Brasil – ESBR

PORTO VELHO 2012 2 ARC FISTER NOVEMBRO DE 2012

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Roberto Eduardo Sobrinho - Prefeito Municipal de Porto Velho

José Carlos Monteiro Gadelha - Secretário Municipal de Meio Ambiente

Flávio Morais Nogueira Júnior - Secretário Municipal Adjunto de Meio Ambiente

Edileuza Duarte Freires - Chefe da Assessoria Técnica

Semáyra Gomes Moret - Coordenadora Municipal de Controle Ambiental

Camila Flávia Gomes Azzi - Assessora Executiva Especial

Jaqueline Mainardi - Assessora Executiva Especial

Dennis de Souza Oliveira - Assessor Executivo Especial

Paulo Régis Aguiar Moita - Diretor do Departamento de Gestão de Políticas Públicas Ambientais

Glauci Azevedo da Silva - Chefe da Divisão de Educação Ambiental

Kátia Cristina Pereira de Oliveira - Chefe da Divisão de Programas para o Desenvolvimento Sustentável

Lucinara Camargo Araújo Souza - Chefe da Divisão de Monitoramento da Qualidade Ambiental

Camila Afonso dos Santos - Diretora do Departamento de Licenciamento

Diego Carlos Ferreira de Oliveira - Chefe da Divisão de Controle Documental

Caio Cesar Ardaia dos Santos - Chefe da Divisão de Análise do Licenciamento

Diego Pereira dos Santos - Diretor do Departamento de Fiscalização

Francisca das Chagas - Chefe da Divisão de Fiscalização Ambiental

Guiomar Ferreira Prata - Chefe da Divisão de Monitoramento do Licenciamento

Raphael Costa Duarte - Diretor do Departamento de Proteção e Conservação Ambiental

Maeli Ferreira da Silva - Chefe da Divisão de Administração do Parque Natural do Município

Bismarck Von Fernandes - Chefe da Divisão de Áreas Ambientalmente Protegidas

3 ARC FISTER NOVEMBRO DE 2012

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EQUIPE TÉCNICA

Secretaria Municipal de Meio Ambiente José Carlos Monteiro Gadelha – Secretário Municipal de Meio Ambiente de Porto Velho Flávio Morais Nogueira Júnior – Secretário Municipal Adjunto de Meio Ambiente Camila Flavia Gomes Azzi Telêmaco Lima Lins Maeli Ferreira da Silva

ARC – Auditoria e Consultoria Empresarial Ltda. (FISTER) Adm. Mkt/Tur e Planejamento. Profº. Paulo Renato Haddad

Equipe de Elaboração do Plano de Manejo do PNMPV

Coordenação Geral Profº. Paulo Renato Haddad - Meio Sócio Econômico Dra. Carolina Rodrigues da Costa Dória. CRBIO: 23386/6-D – Meio Físico e Biótico

Equipe de Consultores Biol. Fabíola Gomes Vieira. CRBIO: 52947/06-D - Ictiofauna Biol. Diego Meneghelli - Coordenador Herpetofauna Biol.Alexandre Casagrande CRBio:73017/06-D - Coordenador Mastofauna/ Aviafauna Eng Msc. Antônio Laffayette P. Silveira – Vegetação. CREA: 67133-D Sociólogo Marcelo Apel – Educador Popular – Meio Socioeconômico

Assistentes de Campo Andreza Shizuei Silva Rangel - Herpetofauna Bruno GulakDorázio - Herpetofauna KainãMarafiga Negreiros - Herpetofauna Biol. Bruno Andrey Santos B. Martins. CRBio: 73361/06-P – Mastofauna/Aviafauna Adm. André Camargo Honorato – FISTER - Meio Socioeconômico

Revisão e Texto Final Dra. Carolina Rodrigues da Costa Dória Profº. Paulo Renato Haddad Biólogo Esp. Marcelo Lucian Ferronato

Foto Capa Diego Meneguelli

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Sumário EQUIPE TÉCNICA ...... 4 LISTA DE FIGURAS...... 8 FICHA TÉCNICA DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO...... 13 I. APRESENTAÇÃO ...... 15 1.1. Introdução ...... 17 1.2. Acessos...... 17 ENCARTE 1 ...... 19 1. CONTEXTUALIZAÇÃO...... 20 1.1. Enfoque Internacional ...... 20 1.2. Enfoque Federal ...... 21 1.3. Enfoque Estadual ...... 23 1.3.1. A importância do PNMPV no contexto estadual ...... 27 ENCARTE 2 ...... 30 2. ANALISE DA REGIÃO DA UC ...... 31 2.1. CARACTERISTICAS GERAIS ...... 31 2.2. CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL DA REGIÃO ...... 31 2.2.1. Clima ...... 31 2.2.2. Hidrografia ...... 34 2.2.3. Geologia ...... 37 2.2.4. Geomorfologia ...... 39 2.2.5. Relevo ...... 42 2.2.6. Solos ...... 43 2.2.7. Vegetação...... 47 2.2.8. Fauna ...... 53 2.3. ASPECTOS HISTÓRICOS ...... 56 2.3.1. Primórdios do Município de Porto Velho...... 58 2.4. USO E OCUPAÇÃO DO SOLO ...... 59 2.4.1. Agricultura e Pecuária ...... 60 2.4.2. Extrativismo ...... 61 2.4.3. Atividades Industriais ...... 61 2.4.4. Infraestrutura Urbana e Serviços Públicos ...... 62 2.5. CARACTERISTICAS DA POPULAÇÃO DE PORTO VELHO ...... 62 2.5.1. Aspectos Demográficos ...... 62 2.5.2. Manifestações Socioculturais ...... 65 5 ARC FISTER NOVEMBRO DE 2012

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2.6. LEGISLAÇÃO PERTINENTE ...... 66 ENCARTE 3 ...... 70 3. ANÁLISE DA UC ...... 71 3.1. INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE A UNIDADE DE CONSERVAÇÃO ...... 71 3.1.1. Localização e Limites ...... 71 3.1.2. Histórico de Criação do Parque ...... 72 3.2. CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL DA REGIÃO ...... 72 3.2.1. MEIO FISICO ...... 72 3.2.1.1. Hidrografia - A Bacia do Igarapé Belmont ...... 72 3.3. MEIO BIÓTICO ...... 81 3.3.1. VEGETAÇÃO ...... 81 3.3.2. HERPETOFAUNA ...... 97 3.3.3. MASTOFAUNA ...... 119 3.3.4. ICTIOFAUNA...... 127 3.4.5. ORNITOFAUNA ...... 153 3.4.6. ENTOMOFAUNA ...... 165 3.5. MEIO SOCIOECONOMICO ...... 171 3.5.4. Aspectos Culturais e históricos ...... 171 3.5.5. Aspectos demográficos ...... 172 3.5.6. Uso e ocupação da terra ...... 175 3.5.7. Caracterização dos visitantes do PNMPV ...... 182 ENCARTE 4 ...... 188 4. PLANEJAMENTO ...... 189 4.1. O Processo de Planejamento ...... 189 4.2. Avaliação estratégica da Unidade de Conservação ...... 189 4.2.1. Análise dos Fatores Internos e Externos ...... 190 4.3. Objetivo Geral do Plano de Manejo do PNMPV ...... 192 4.3.1. Objetivos Específicos do Manejo do PNMPV ...... 192 4.4. Zoneamento ...... 192 4.4.1. Diretrizes e Normas Gerais das Zonas do PNMPV ...... 195 4.4.2. Características e normas das Zonas propostas ...... 197 4.4.3. Estratégias para o órgão gestor ...... 201 4.4.4. Quadro-síntese do Zoneamento ...... 203 4.5. NORMAS GERAIS DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO ...... 204

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4.5.1. Normas Administrativas ...... 204 4.5.2. Estrutura ...... 204 4.5.3. Utilização de recursos naturais...... 205 4.5.4. Introdução de plantas e animais ...... 205 4.5.5. Resíduos Sólidos ...... 206 4.5.6. Pesquisa e estrutura de apoio ...... 206 4.5.7. Uso Público ...... 206 4.5.8. Proteção ...... 207 4.6. PROGRAMAS DE GESTÃO ...... 207 4.6.1. Programa de Administração...... 208 4.6.2. Programa de Proteção/Manejo...... 215 4.6.3. Programa de Pesquisa ...... 216 4.6.4. Programa de Monitoramento Ambiental ...... 218 4.6.5. Programa de Uso Público ...... 220 4.6.6. Programa de Educação e Comunicação Ambiental ...... 223 4.6.7. Programa de Proteção ...... 224 4.7. ENQUADRAMENTO DAS AÇÕES POR PROGRAMA TEMÁTICO...... 226 4.8. CRONOGRAMA FÍSICO ...... 229 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...... 231

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LISTA DE FIGURAS Figura 1–Localização e acesso ao PNMPV no perímetro urbano de Porto Velho – RO...... 18 Figura 2 - Vista aérea do PNMPV e seu entorno, imagem de 08/2011 . Fonte: Google earth...... 24 Figura 3 - Unidades de Conservação de Rondônia. Fonte: kanindé, 2006...... 26 Figura 4 - Mapa de Precipitação do Estado Rondônia. Fonte: Governo de Rondônia ...... 32 Figura 5 - Mapa de Temperatura do Estado de Rondônia. Fonte: Governo de Rondônia (2002)...... 34 Figura 6 - Mapa das Bacias Hidrográficas de Rondônia. Fonte: CREA/RO, Governo de Rondônia/MMA/1999...... 35 Figura 7 - Mapa Geológico do Estado de Rondônia. Fonte: CPRM ...... 38 Figura 8 - Mapa Geomorfológico do Estado de Rondônia. Fonte: Governo de Rondônia...... 42 Figura 9 - Mapa Tectônico Estratigráfico do Estado de Rondônia. Fonte: CPRM. .... 43 Figura 10 - Mapa Tectônico Estratigráfico do Estado de Rondônia. Fonte: Governo de Rondônia, 2002...... 47 Figura 11 - Mapa Zoogegráfico do Estado de Rondônia ...... 55 Figura 12 - Mapa de localização do PNMPV quanto a Porto Velho em Rondônia. ... 71 Figura 13 - Localização do igarapé Belmont, bacia do rio Madeira, Rondônia. (Fonte Araújo, et al 2009)...... 73 Figura 14 - Mapa de solos da área do PNMPV ...... 76 Figura 15 - Regiões fitogeográficas de PRANCE (1977). Fonte: BRAGA ...... 83 Figura 16 - Regiões florestais da América do Sul segundo HUECK (1972). Em destaque as três regiões presentes em Rondônia. Amarelo: regiões dos campos cerrados do Brasil central; Azul: região do Acre, Beni, Mamoré e Guaporé; Vermelho: região dos rios Madeira e Purus...... 84 Figura 17–Caracterização da Vegetação do PNMPV ...... 87 Figura 18 - Anthurium sp...... 88 Figura 19 - Monstera cf. obliqua ...... 88 Figura 20 - Árvore de faveira-ferro (Dinizia excelsa) ...... 89 Figura 21 - Árvore de angelim-saia (Parkia pendula) ...... 89 Figura 22 – Imagem de satélite mostrando área de floresta secundária no interior do PNMPV. Fonte: Google Earth...... 90 Figura 23 - Relações entre as áreas do Parque Natural Municipal de Porto Velho e sítios amazônicos. Relação cofenética: 0,6468. Medida de similaridade: distância euclidiana...... 97 Figura 24 - Perereca verde (Phyllomedusa tomopterna) – Foto: Diego Meneghelli...... 100 Figura 25 - Lagarto (Uranoscodon superciliosus) – Foto: Diego Meneghelli...... 101 8 ARC FISTER NOVEMBRO DE 2012

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Figura 26 - Cobra Cipó (Imantodes cenchoa) – Foto: Diego Meneghelli...... 105 Figura 27 - Cipó Espada (Leptophis ahaetulla) – Foto: Diego Meneghelli...... 105 Figura 28 - Coral Verdadeira (Micrurus albicinctus) – Foto: Sara Caroline...... 106 Figura 29 - Jararaca Vermelha (Bothrops brazili) – Foto: Diego Meneghelli...... 106 Figura 30 - Cipó Coral (Rhinobothryum lentiginosum) – Foto: Diego Meneghelli. .106 Figura 31 - Jararaca (Bothrops atrox) – Foto: Diego Meneghelli...... 107 Figura 32 - Coral Verdadeira (Micrurus lemniscatus) – Foto: Diego Meneghelli. ...107 Figura 33 - Perereca (Hypsiboas cinerascens) – Foto: Diego Meneghelli...... 109 Figura 34 - Perereca (Pristimantis reichlei) – Foto: Diego Meneghelli...... 109 Figura 35 - Perereca (Pristimantis sp. nov.) – Foto: Diego Meneghelli...... 109 Figura 36 - Rã de Bigode (Leptodactylus rhodomystax) – Foto: Diego Meneghelli...... 109 Figura 37 - Rã Pimenta (Leptodactylus sp. nov.) – Foto: Diego Meneghelli...... 111 Figura 38 - Kambô (Phyllomedusa bicolor) – Foto: Saymon de Albuquerque...... 111 Figura 39 - Sapo Ponta-de-Flecha (Adelphobates quinquevittatus) – Foto: Diego Meneghelli...... 115 Figura 40 - Jibóia (Boa constrictor) – Foto: Diego Meneghelli...... 115 Figura 41 - Sucuri (Eunectes murinus) – Foto: Diego Meneghelli...... 115 Figura 42 - Toca utilizado por mamífero para descanso...... 121 Figura 43 - Fruto de babaçu (Orbignya sp.) predado por roedor na área de estudo ...... 121 Figura 44 - Saimiri ustus em deslocamento na área de estudo...... 127 Figura 45 - Saguinus fuscicolis avistado parado na área de estudo ...... 127 Figura 46 - Exemplo de trilha utilizada durante a realização do trabalho ...... 127 Figura 47 - Armadilha utilizada para captura de pequenos mamíferos ...... 127 Figura 48 - Coleta de peixes no igarapé Belmont utilizando redes de conteção. ...130 Figura 49 - Coleta de peixes no igarapé Belmont utilizando puçás...... 130 Figura 50 - Psectrogaster rutiloides14,0 cm. Foto Bruno Barros...... 138 Figura 51 - Triportheus angulatus 6,9 cm. Foto Bruno Barros...... 139 Figura 52 - Potamorhina altamazonica 18,8 cm. Foto Bruno Barros...... 139 Figura 53 - Rhaphiodon vulpinus 45,8 cm. Foto Bruno Barros...... 139 Figura 54 - Mylossoma duriventre 13,2 cm. Foto Bruno Barros...... 140 Figura 55 - Potamorhina latior 15,8 cm. Foto Bruno Barros...... 140 Figura 56 - Pimelodus aff. blochii 15,3 cm. Foto Bruno Barros...... 141 Figura 57 - Prochilodus nigricans 29,5 cm. Foto Bruno Barros...... 141 Figura 58 - Triportheus auritus 19,1 cm. Foto Bruno Barros...... 141 Figura 59 - Nemadoras humeralis 11,0 cm. Foto Bruno Barros...... 142 Figura 60 - Espécies de pequeno porte coletadas nos igarapés que drenam para o igarapé Belmont e ocorrem no mesmo. (A) Hyphessobrycon agulha, (B) Pyrrhulina cf. brevis, (C) Crenuchus spilurus e (D) Apistogramma cf. pulchra. Fotos: Bruno Barros...... 151 Figura 61 - Trogon viridis - Surucuá-grande-de-barriga-amarela. Foto: Alexandre Casagrande...... 164 9 ARC FISTER NOVEMBRO DE 2012

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Figura 62 - Megaceryle torquata martim-pescador-grande. Foto: Bruno Bacelar. 164 Figura 63 - Evolução da população do município de Porto Velho, no período de 1991 a 2011...... 173 Figura 64 - Pirâmide etária do Município de Porto Velho – RO. IBGE (2012) ...... 174 Figura 65 - Estabelecimentos de Saúde no Município de Porto Velho – RO em 2009. Fonte: IBGE...... 174 Figura 66. Zoneamento do estado de Rondônia. (SEPLAN, 2006) ...... 177 Figura 67 Publicação SEPLAN 28/12/2006 ...... 177 Figura 68 - Mapa tectônico estratigráfico do Estado de Rondônia. Fonte: Governo de RO (SEDAM 2002) ...... 178 Figura 69 - Mapa de Uso e Ocupação do Solo da área do PNMPV ...... 180 Figura 70- Idade dos visitantes entrevistados no PNMPVH (Freqüência relativa %) ...... 182 Figura 71 - Frequência relativa do sexo dos visitanes do PNMPV entrevistados (Freqüência relativa %) ...... 183 Figura 72 - Estado Civil Visitantes do `PNMPV (Freqüência relativa %) ...... 183 Figura 73 - Nível de Escolaridade dos visitantes (Freqüência numérica) ...... 184 Figura 74 - Principal Atividade Econômica (Freqüência numérica)...... 184 Figura 75 - Renda Familiar dos Visitantes do PNMPV (Freqüência relativa %) .....185 Figura 76 – Acompanhantes (Freqüência relativa %) ...... 185 Figura 77 - Transporte utilizados pelos Visitantes do PNMPV (Freqüência numérica)...... 185 Figura 78 - Dificuldade para Visitação (Freqüência relativa %), ...... 186 Figura 79 -Proposta de Zoneamento do Parque Natural Municipal de Porto Velho...... 194 Figura 81 - Cabras pastando livremente pela Zona 4...... 195 Figura 82 - Aterramento para passagem de água loteamento conforme autorização ...... 195 Figura 83 - Licença de Instalação (LI) e Prévia (LP) do Lote XX divisa com o PNMPV, cujo aterro para abertura de via de acesso ilustrado na Figura 03...... 196 Figura 83 - Organograma da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Porto Velho em 2012...... 209

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LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Relação de instituições com atuação local...... 28 Tabela 2 - Bacias Hidrográficas do Estado de Rondônia. Fonte: CREA/RO, Governo de Rondônia/MMA (1999)...... 35 Tabela 3 - Características Morfométricas das Principais Sub-Bacias Hidrográficas do Estado de Rondônia. Fonte: CREA/RO, Governo de Rondônia/MMA (1999). .... 36 Tabela 4 - Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura em Porto Velho. Fonte: PTRDS, 2012...... 61 Tabela 5 - População residente por região administrativa e sexo - Porto Velho – 2010. Fonte IBGE 2012...... 63 Tabela 6 - Densidade demográfica, taxa de crescimento anual e participação percentual na área e população do Estado-Porto Velho – 1996/2000/2010. Fonte: IBGE, 2012...... 63 Tabela 7 - Número de seções eleitorais e eleitores de Porto Velho - 2006. Fonte: IBGE 2012 ...... 63 Tabela 8 - Censo Demográfico 2010: Características da população. Fonte: IBGE, 2010 ...... 64 Tabela 9 - Estabelecimentos de Assistência à Saúde em Porto Velho/RO 2012. Fonte: Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde - CNES ...... 65 Tabela 10 - Distribuição dos leitos existentes e participação no total de Porto Velho/RO 2012 Fonte: Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde - CNES .... 65 Tabela 11 - Coordenadas em UTM pontos de coleta no Igarapé Belmont dentro do PNMPV (Fonte MENEZES, 2007)...... 77 Tabela 12 - Valores de oxigênio dissolvido e saturação mínima e máxima de oxigênio pontos de coleta no Igarapé Belmont dentro do PNMPV...... 78 Tabela 13 - Valores de condutividade elétrica pontos de coleta no Igarapé Belmont dentro do PNMPV ...... 79 Tabela 14 - Valores de Potencial Hidrogeniônico (pH) pontos de coleta no Igarapé Belmont dentro do PNMPV...... 79 Tabela 15 - Valores de transparência e profundidade pontos de coleta no Igarapé Belmont dentro do PNMPV...... 80 Tabela 16 - Espécies ocorrentes na área do Parque Natural Municipal de Porto Velho organizadas segundo a família botânica. Base de dados: Relação das famílias, gêneros e espécies arbóreas...... 91 Tabela 17 - Lista de espécies registradas no levantamento do Parque Ecológico de Porto Velho, Rondônia, Brasil...... 99 Tabela 18 - Lista de espécies registradas neste trabalho somadas aos dados publicados em resumos e dados não publicados...... 101 Tabela 19 - Espécies registradas na área do Parque Ecológico relacionadas em alguma das categorias da CITES 2012...... 116

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Tabela 20 -Espécies de mamíferos ocorrentes no Parque Ecológico de Porto Velho, registradas entre os dias 02/04 a 22/04/2012, de acordo com sua forma de registro. C, captura; Vi ,visualização; Ve, vestígio; E, entrevista...... 122 Tabela 21 - Espécies de mamíferos com potencial ocorrência no Parque Natural Municipal de Porto Velho...... 123 Tabela 22 - Pontos de coleta da pesca experimental nos afluentes dos Igarapé Belmont...... 129 Tabela 23. Lista de espécies coletadas com diferentes apetrechos de pesca no igarapé Belmont entre novembro de 2008 e novembro de 2011...... 131 Tabela 24 - Dez (10) principais espécies capturadas no Igrapé Belmont...... 138 Tabela 25 - Valores encontrados para Captura por unidade de esforço da ictiofauna do igarapé Belmont entre novembro de 2008 a novembro de 2011...... 142 Tabela 26 - Valores encontrados para os índices de diversidade, equitabilidade e dominância de espécies da ictiofauna do igarapé Belmont entre novembro de 2008 a novembro de 2011...... 143 Tabela 27 - Classificação quanto à ocorrência, dados biométricos e categoria trófica da ictiofauna do igarapé Belmont entre abril de 2005 a março de 2006 (▲ Constante; ■ Acessória e ▬ Acidental)...... 144 Tabela 28 - Variáveis limnológicos registradas nos pontos amostrais da pesca experimental em afluentes do Igarapé Belmont...... 147 Tabela 29 - Lista de espécies coletadas em afluentes do igarapé Belmont em junho/2012...... 148 Tabela 30 - Espécies de aves do Parque Natural Municipal de Porto Velho, registradas entre os dias 02/04 a 22/04/2012, de acordo com sua forma de registro. A, auditivo; Vi, visualização; E, entrevista...... 155 Tabela 31 - Espécies de aves com possível ocorrência para Parque Natural Municipal de Porto Velho...... 157 Tabela 32 - Famílias, subfamílias e gêneros de Ichneumonoidea coletados no Parque Natural Municipal de Porto Velho – RO no período de junho/2008 a maio/2009 (Fonte: Gadelha, 2010)...... 165 Tabela 33 - Espécies de Cerambycidae species coletadas no Parque Natural Municipal de Porto Velho entre Junho/2008 a Maio/2009. *novo registro para Rondônia; **novo registro para Amazônia. Fonte: Souza e Silva (2011)...... 168 Tabela 34 - Espécies de flebotomíneos coletados no Parque Natural Municipal de Porto Velho/RO. Fonte: Silva et al. (2011)...... 170 Tabela 35 - Estimativa Populacional frente aos Empreendimentos AHE Santo Antônio e UHE Jirau. Fonte: PBA-AHE Santo Antônio, PBA-Jirau e IBGE 2009 ...... 173 Tabela 37- Macrozonas determinadas para o Zoneamento do Parque Municipal de Porto Velho...... 193 Tabela 37 - Relação entre objetivos e normas de uso para Zona Primitiva ...... 197 Tabela 38 - Relação entre objetivos e normas de uso para Zona de Uso Extensivo ...... 198

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Tabela 39 - Relação entre objetivos e normas de uso para Zona de Uso Intensivo ...... 198 Tabela 40 - Relação entre objetivos e normas de uso para Zona de Amortecimento ...... 200 Tabela 41 - Quadro Síntese do Zoneamento Caracterização geral ...... 203 Tabela 42–Número de servidores do Parque Natural Municipal de Porto Velho atuais e proposta...... 208 Tabela 43 - Atividades e Normas especificas para o programa de administração 210 Tabela 44 - Atividades e Normas especificas para o programa de administração (Infraestrutura e Equipamentos) ...... 213 Tabela 45 - Atividades e Normas especificas para o programa de administração (Parcerias) ...... 214 Tabela 46 - Atividades e Normas especificas para o programa de Proteção/Manejo ...... 215 Tabela 47 - Atividades e Normas especificas para o programa de Pesquisa ...... 217 Tabela 48 - Atividades e Normas específicaspara o programa de Monitoramento Ambiental ...... 219 Tabela 49 - Atividades e Normas específicas para o programa de Uso Público ...... 220 Tabela 50 - Atividades e Normas especificas para o programa de Comunicação e Educação Ambiental...... 223 Tabela 51 - Atividades e Normas especificas para o programa de Proteção ...... 225 Tabela 52 - Resumo das ações por programa ...... 226

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FICHA TÉCNICA DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO Nome da Unidade de Conservação: Parque Natural Municipal de Porto Velho Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Rua Duque de Caxias, 1960, CEP 76804-042 Bairro São Cristovão, telefone (69) 3901-1331 - e-mail [email protected] Unidade Gestora Responsável: Departamento de Proteção e Conservação Ambiental Endereço do Parque (PNMPV): Gleba Belmont, Gleba 2 - Lote 2 Telefone: (69) 3901-3657 Fax: não há E-mail não há Site não há Superfície da UC (ha): 390,8216 há Perímetro da UC (Km) 7,83 Km Superfície da ZA (ha) Não há ZA Perímetro da ZA (km) Não há ZA Município que abrange e Porto Velho percentual abrangido pela UC: Estado que abrange: Rondônia Coordenadas geográficas S 8°45'36" / W 63°58'00" (latitudes e longitudes) Data de criação e número do 27 de Dezembro de 1989 N° 3.816 Decreto: Marcos geográficos referenciais 8°41'11.1" de Latitude Sul dos limites: 63°52'04.6" de Longitude Oeste Biomas e ecossistemas: Floresta Amazônica Promover a conscientização ambiental, sensibilizar e Educação integrar os grupos sociais, instituições públicas e Ambiental 1 privadas, visando a fortalecer o processo de gestão e consolidar a implementação do Parque. Manter a integridade física, através de ações Fiscalização 1 integradas, com vista a inibir ações ilegais e de impacto sobre a oferta ambiental do Parque. Estabelecer convênios e cooperação técnico científico Atividades Pesquisa 1 para estudo da biodiversidade, junto ás instituições ocorrentes: afins. Ordenar e elaborar as premissas e definir as Visitação 2 diretrizes que nortearão as atividades de Ecoturismo e Lazer no PNMPV. Uso da Zona de Amortecimento sem a devida aprovação do Gestor do Parque Natural de Porto Atividades Velho. Quaisquer atividades socioeconômicas e Conflitantes 3 ambientais conflitantes, tais como: pecuária, caça e pesca.

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Revisão do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal de Porto Velho

I. APRESENTAÇÃO

O Parque Natural Municipal de Porto Velho, situado na área urbana do município é categorizado como uma Unidade de Conservação (UC) de Proteção Integral. Segundo o Sistema Nacional de Unidades de Conservação - SNUC (Capítulo III, Artigo 7º, § 1º) as UCs de Proteção Integral tem por objetivo preservar a natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais, com exceção dos casos previstos em Lei. Os Parques Nacionais tem por objetivo b|sico “a preservaç~o de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico (BRASIL, 2000). As unidades dessa categoria, quando criadas por Estados ou Municípios, serão denominadas, respectivamente, Parque Estadual e Parque Natural Municipal. O Parque Natural Municipal de Porto Velho (PNMPV) foi criado por meio do Decreto Nº 3.816 de 27 de Dezembro de 1989 o qual lhe especifica limites. Os Parques Nacionais, assim como outras UC federais, são geridos pela autarquia federal ICMBio - Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade; os Parques Estaduais Rondonienses pela Secretaria Estadual de Desenvolvimento Ambiental – SEDAM e o Parque Municipal pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente - SEMA. Para assegurar o manejo de áreas protegidas, tendo como base o diagnóstico de seus recursos naturais e dos fatores socioeconômicos que as afetam é fundamental que as UC possuam o Plano de Manejo. O Plano de Manejo constitui um documento técnico mediante o qual, com fundamento nos objetivos gerais de uma UC, se estabelece o seu zoneamento e as normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais, inclusive a implantação das estruturas físicas necessárias à gestão da UC (BRASIL, 2000). Em outras palavras ele é a cartilha ou documento que define os objetivos gerais de uma UC e seu zoneamento; serve para definir seus usos e o manejo dos recursos naturais. Após sua implantação, o Plano de Manejo funciona como instrumento norteador de todas as atividades realizadas e/ou planejadas para uma UC, bem como suas relações com a comunidade do entorno, ressaltando seus aspectos e relevâncias sociais. A revisão do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal de Porto Velho (PNMPV) seguiu o Roteiro Metodológico de Planejamento de Parque Nacional, Reserva Biológica e Estação Ecológica proposto pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente - IBAMA (BRASIL, 2002). O Plano de Manejo foi elaborado em várias etapas, executadas no período de Abril de 2012 a Setembro de 2012. Foi construído com base na primeira versão e nas informações já disponíveis e em estudos desenvolvidos na Unidade e seu

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Revisão do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal de Porto Velho entorno. Baseou-se ainda em levantamentos de campo realizados por amostragem e em levantamentos complementares, atendendo às peculiaridades da Unidade. Inicialmente, foi realizada uma Reunião Técnica para Organização do Planejamento, estruturando todo o desenvolvimento do planejamento. Esta reunião envolveu os técnicos elencados no documento pela ARC – FISTER e, posteriormente foi discutido com os técnicos da SEMA. Foi apresentada a metodologia que seria adotada e a estratégia de trabalho a ser seguida, identificando meios necessários e o apoio de todas as partes. Foram definidas as atividades a serem desenvolvidas, incluindo as datas das expedições de campo, da oficina de planejamento e da entrega dos produtos, e estabelecidos os papéis dos diferentes membros da equipe que atuariam e atuaram no Plano de Manejo. Com a presença da equipe, especialmente a do próprio parque, foi organizada a Matriz de Organização do Planejamento, estabelecendo as atividades, responsáveis, período de realização, meio para execução, sujeitos envolvidos e providencias a serem tomadas para a realização das atividades. Nesta reunião, a partir dos mapas e imagens de satélite da região da UC foram estabelecidas as áreas temáticas (vegetação, fauna, características da população, uso e ocupação da terra, pressões sobre a UC, visão das comunidades sobre a UC e, ainda, estudos sobre o meio físico, e potencial para visitação). Noutra etapa a equipe técnica envolvida procedeu a coleta e análise das informações básicas disponíveis, incluindo o levantamento bibliográfico e cartográfico, assim como imagens de satélite disponíveis sobre a área. Foram coletados materiais relativos ao período da primeira versão do Plano de Manejo e, também foi verificado a existência de pesquisas desenvolvidas e em andamento na área (instituições envolvidas e períodos). Posteriormente, houve o reconhecimento de Campo, que consistiu em visitas à Unidade e região para o conhecimento local da situação (pontos positivos e negativos que afetam a área). Foram realizados os levantamentos dos dados necessários à elaboração do diagnóstico da UC e seu entorno incluindo-se ai visitas e consultas aos moradores da UC da região. O Plano de Manejo apresentado neste documento tem por objetivo fundamentar a tomada de decisões com relação ao uso e ocupação do espaço físico do PNMPV, na perspectiva da conservação e continuidade do mesmo no entorno da paisagem urbana. Qualquer iniciativa para a melhoria da qualidade ambiental do PNMPV dependerá necessariamente do comprometimento do poder público municipal e do envolvimento e participação da comunidade. O presente plano apresenta os seguintes encartes: Encarte 1 – Contextualização da Unidade de Conservação: insere o Parque no enfoque federal e estadual, descrevendo sua importância e representatividade, além de abordar relações institucionais e socioambientais.

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Encarte 2 – Análise da Região da Unidade de Conservação: contextualiza a região onde o Parque está inserido Encarte 3 – Análise da Unidade de Conservação: apresenta o diagnóstico do Parque mediante a caracterização de seus fatores abióticos, bióticos e antrópicos. Encarte 4 – Planejamento: trata do planejamento estratégico do Parque e de seu relacionamento com o entorno, incluindo seus objetivos específicos de manejo, seu zoneamento e o planejamento por áreas de atuação. Inclui cronograma físico- financeiro, com estimativa dos custos das ações propostas. 1.1. Introdução O presente documento constitui a uma revisão e atualização da versão I do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal de Porto Velho, enquadrado na categoria de proteção Integral (Lei 9.985/2000). Apresenta-se com 4 (quatro) encartes com diferentes temáticas, decorrentes da busca de um melhor planejamento, com vista a suprir necessidade de aprimorar o conhecimento (visualizaçãocompreensãoentendimento) da unidade de conservação, favorecendo sua implementação e colocando em prática novas propostas sustentáveis quanto a sua capacidade de suporte. O Plano de Manejo em questão contempla os critérios para visitação pública, especialmente no que concerne ao passeio nas trilhas, estabelecendo a sua capacidade de carga, utilização da área de recreação e infraestrutura básica para atendimento ao visitante. Estabelece, ainda, a instalação de sistema de segurança e monitoramento dos limites do Parque. Os Parques Nacionais, Estaduais ou Municipais são de posse e domínio público, sendo que as áreas particulares incluídas em seus limites serão objeto de regularização fundiária, de acordo com que dispõe a lei. A visitação pública está sujeita às normas e às restrições estabelecidas no Plano de Manejo da Unidade, as normas estabelecidas pelo órgão responsável por sua administração, e àquelas previstas em regulamento. A pesquisa científica depende de autorização do órgão responsável pela administração da unidade e está sujeita às condições e às restrições por este estabelecidas, bem com aquelas previstas em regulamento.

1.2. Acessos

O PNMPV está localizado em local de fácil acesso, onde se pode chegar a entrada principal através da Avenida ChiquilitoErse (Rio Madeira), a qual é

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Revisão do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal de Porto Velho pavimentada e dista cerca de 6 km do centro da cidade (figura 1).

Figura 1–Localização e acesso ao PNMPV no perímetro urbano de Porto Velho – RO.

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PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTO VELHO SECRETARIA MUNICIPAL DO MEIO AMBIENTE

ARC CONSULTORIA EMPRESARIAL - FISTER

REVISÃO DO PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE PORTO VELHO

ENCARTE 1 CONTEXTUALIZAÇÃO

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PORTO VELHO 2012 1. CONTEXTUALIZAÇÃO

1.1. Enfoque Internacional

O Brasil é signatário de documentos internacionais que visam, dentre outros intentos a conservação e preservação dos recursos naturais, dentre eles destacamos alguns, que por sua natureza possuem inter-relação com as potencialidades de desenvolvê-los, sob forma de diretrizes que devam ser fomentadas e, ou adotadas, na região de inserção ou na própria Unidade de Conservação. Dentre eles destacam-se: a Convenção para a proteção da flora, da fauna e das belezas cênicas naturais dos países da América (Washington, 12 de outubro de 1940, aprovado pelo Decreto Legislativo N° 58.054 de 23 de março de 1966); a Convenção relativa à proteção do patrimônio mundial, cultural e natural (Paris, novembro de 1972 aprovada, com reservas pelo decreto Legislativo N° 74 de 30 de junho de 1977 e promulgada pelo Decreto N° 80.978 de 12 de dezembro de 1977); a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio de Janeiro, Brasil, 1992) e; a Convenção sobre a diversidade biológica (1992, aprovada pelo Decreto Legislativo N°2, de 03 de fevereiro de 1994. Promulgada pelo Decreto N° 2.519, de 22 de março de 1998).

Entre estes, a Convenção sobre a Diversidade Biológica (CDB), visando conter a crescente alteração de ecossistemas e a destruição de habitats e espécies, e a Agenda XXI, plano de ação abrangente a ser implementado pelos governos, no longo prazo, estão diretamente relacionados às unidades de conservação e são considerados durante o processo de elaboração do Plano de Manejo.

Como signatário da CDB o Brasil assumiu, entre outros compromissos, o de considerar o Enfoque Ecossistêmico (EE) como um marco estratégico na implementação da Convenção. O EE representa uma estratégia de manejo integrado da terra, da água e dos recursos vivos, que visa promover a conservação e o uso sustentável de maneira equitativa.

O PNMPV também assume importância no contexto internacional por estar localizado na Amazônia, bioma com mais de seis milhões de quilômetros quadrados, em sua maior parte (cerca de 60%) em território brasileiro, abrangendo os Estados do Pará, Amazonas, Maranhão, Tocantins, Mato Grosso, Acre, Amapá, Rondônia e Roraima, ocupando, também, parte de oito países da América do Sul - Bolívia (5,3%), Peru (9,9%), Venezuela (6,3%), Colômbia (6,7%),

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Equador (1,1%), Guiana (3,2%), Suriname (2,5%) e Guiana Francesa (1,3%) (Fonseca & Silva, 2005).

A Amazônia, além de guardar enorme quantidade de carbono, possui uma imensa riqueza biológica e cultural, exerce importante função na regulação do clima e do regime hidrológico regional, nacional e global (Primack & Corlett, 2005).

Em 1978, os países amazônicos firmaram oTratado de Cooperação Amazônica, com o propósito comum de conjugar esforços para promover o desenvolvimento harmônico dentro do Bioma. E, em 1998, criaram a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA),com o objetivo de fortalecer a coordenação e a ação conjunta dos países, promovendo seu desenvolvimento sustentável em benefício de suas populações e das nações signatárias (OTCA, 2007). Desde 2003, a Secretaria Permanente da OTCA está sediada em Brasília.

1.2. Enfoque Federal

O Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), criado por meio da Lei 9.985/2000, estabelece legalmente, um sistema formal, unificado, para Unidades de Conservação (UC) federais, estaduais e municipais, que, instituiu as unidades de proteção integral e as unidades de uso sustentável. O SNUC objetiva a conservação da natureza no Brasil. Especificamente, fornece mecanismos legais às esferas governamentais federal, estadual e municipal e à iniciativa privada para que possam:

. contribuir para a manutenção da diversidade biológica e dos recursos genéticos no território nacional e nas águas jurisdicionais;

. proteger as espécies ameaçadas de extinção no âmbito regional e nacional;

. contribuir para a preservação e a restauração da diversidade de ecossistemas naturais;

. promover o desenvolvimento sustentável a partir dos recursos naturais;

. promover a utilização dos princípios e práticas de conservação da natureza no processo de desenvolvimento;

. proteger paisagens naturais e pouco alteradas de notável beleza cênica;

. proteger as características de natureza geológica, geomorfológica, espeleológica, paleontológica e cultural;

. proteger e recuperar recursos hídricos e edáficos;

. recuperar ou restaurar ecossistemas degradados;

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. proporcionar meios e incentivos para atividades de pesquisa científica, estudos e monitoramento ambiental;

. valorizar econômica e socialmente a diversidade biológica;

. favorecer condições e promover a educação e interpretação ambiental, a recreação em contato com a natureza e o turismo ecológico;

. proteger os recursos naturais necessários à subsistência de populações tradicionais, respeitando e valorizando seu conhecimento e sua cultura e promovendo-as social e economicamente.

Segundo o Artigo 2º do SNUC, entende-se por UC o “espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteç~o.” As unidades de conservação integrantes do SNUC dividem-se em dois grupos: Unidades de Proteção Integral e Unidades de Uso Sustentável. Entende-se por Proteção Integral a manutenção dos ecossistemas livres de alterações causadas por interferência humana, admitido apenas o uso indireto dos seus atributos naturais. O objetivo básico das Unidades de Proteção Integral é preservar a natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais, com exceção dos casos previstos em Lei. Dentre elas o Parque Nacional: tem como objetivo básico a preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico. As unidades dessa categoria, quando criadas pelo Estado ou Município, serão denominadas, respectivamente, Parque Estadual e Parque Natural Municipal. É assegurado pelo SNUC que nas UCs estejam representadas amostras significativas e ecologicamente viáveis das diferentes populações, hábitat e ecossistemas do território nacional e das águas jurisdicionais, salvaguardando o patrimônio biológico existente. Existe comprometimento também com relação à participação efetiva das populações locais na criação, implantação e gestão das UC. Para que seja garantido o desenvolvimento de pesquisas, as práticas de educação ambiental, as atividades de lazer, turismo ecológico, monitoramento e outras atividades de gestão das UC, buscam-se apoio das organizações não governamentais, organizações privadas e pessoas físicas. Hoje, nosso País tem próximo de 1.000 UCs entre Unidades Federais, Estaduais e Municipais de Proteção Integral e de Uso Sustentável. Porém, por mais 22 ARC FISTER NOVEMBRO DE 2012

Revisão do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal de Porto Velho que as UC sejam criadas, sabemos que apenas o estabelecimento destas áreas não garante a conservação da Biodiversidade. Segundo estudos da IEA/USP, a gestão de unidades de conservação é bastante difícil e mesmo problemática no Brasil (http://www.ciclovivo.com.br/noticia.php/2597/unidades_de_conservacao_tem_g estao_problematica_no_brasil_aponta_estudo/). As pressões que as UCs vem enfrentando ao longo do tempo, remete a vários tipos de desmandos, decorrentes da natural arbitrariedade e instabilidade política em relação às questões ambientais, encontrando na falta de um mecanismo para o cumprimento da legislação e, acima de tudo, na força do poder econômico suas principais dificuldades (BRASIL, 1997). Paralelamente a estes problemas, temos o crescente afastamento das pessoas com relação às áreas de proteção. O PNMPV situado na área rural do município de Porto Velho, mas muito próximo da área urbana, é uma UC que não apresenta destaque nos cenários nacional e ou regional, em função de sua pequena extensão territorial. Porém é uma UC de grande importância pelo seu papel na conservação da biodiversidade local especialmente por ser atravessada pelo Igarapé do Belmont e ter inúmeras nascentes e fluxos de águas dentro e no seu entorno.

1.3. Enfoque Estadual

Rondônia é um estado Amazônico e como tal, sua ocupação ocorreu primeiramente com os índios e, posteriormente a ocupação gananciosa, a partir de 1494, com o Tratado de Tordesilhas que coloca a floresta para os espanhóis, depois então, já em 1540 os portugueses a descobrem e chegam à região para impedir a invasão de outros interessados, os ingleses, franceses e holandeses. Em 1637 Portugal faz sua primeira grande expedição à região já com conotação comercial. Em 1750 os reis de Portugal e Espanha assinam o Tratado de Madri o que permite o direito às terras Amazônicas aos portugueses e, em fins do século XIX iniciam-se os ciclos exploratórios. Até então, a devastação ambiental era de pequena intensidade, até que em 1940 Getúlio Vargas com a política da chamada Marcha para o Oeste inicia a ocupação propriamente dita. Mais recentemente e fortemente, deu-se a colonização desta área de floresta amazônica a partir dos governos militares. Mesmo durante a construção da Estrada de Ferro Madeira Mamoré (1907-1912) e mesmo desde as passagens e explorações de Cândido Mariano da Silva Rondon, o Marechal Rondon, que remontam aos anos 30, foi somente após os esforços de integração nacional, feitos pelos governos militares a partir dos anos 70 que a floresta realmente começa a diminuir sua presença no Estado. Este processo intensificou-se através de uma política do governo Federal que objetivava a abertura de novas fronteiras agrícolas em oposição às tensões sociais no sul e sudeste do país. 23 ARC FISTER NOVEMBRO DE 2012

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Neste período, e durante os anos 80 o crescimento demográfico médio atinge índices próximos a 15% ao ano, com aproximadamente 100 mil famílias vindas dos estados do sul, sudeste e nordeste. Esta colonização desencadeia o processo de desmatamento, principalmente por que a estratégia de ocupação conhecida como espinha de peixe se transforma em sucesso no avanço sobre áreas naturais. Estes avanços, especialmente sobre florestas tropicais, ocorreram de forma intensa e continua para que fossem transformadas em áreas agrícolas e pastagens. Acrescidos a isso, a própria política de ocupação no Estado incentivava o desmatamento como forma de reconhecimento da posse de novas áreas por parte de colonos. (SEDAM, 1997). Porto Velho não fugiu à regra e viu nas últimas décadas um crescimento vertiginoso, rápido e desordenado que levou ao aumento dos seus limites de perímetro urbano de aproximadamente 8,5 Km² para mais de 15 Km². Num primeiro momento este fato ocorreu devido às tensões sociais geradas por invasões de terras, e que continuaram ocorrendo ao longo do tempo, como podemos notar na recente (julho, 2012) regularização fundiária da comunidade Terra Santa aos fundos do PNMPV. Nas imagens de 2003 não apareciam os lotes abertos e agora regularizados (Figura 2).

Figura 2 - Vista aérea do PNMPV e seu entorno, imagem de 08/2011 . Fonte: Google earth. Nesta área como em diversas outras do município posteriores regularizações de terra por vários governos municipais ao longo das três últimas décadas, legalizaram danos ambientais irreparáveis e, no esforço de preservar uma amostra significativa do ecossistema original é que foi criado o parque Natural Municipal de Porto Velho – PNMPV, anteriormente conhecido como Parque

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Ecológico e, até mesmo como zoológico, por ter num curto período abrigado algumas espécies capturadas por depredadores ou mesmo servido de residência temporária de animais que poderiam ser novamente integrados ao habitat natural.

Esta ocupação e uso do solo vêm intensificando-se em todo o Estado como veremos abaixo, mas em Porto Velho a partir de 2009 há uma maior pressão pois começou a receber os investimentos referentes à construção de duas usinas hidrelétricas de grande porte, os maiores investimentos do orçamento da união, atraindo inúmeros trabalhadores de todo o Brasil e até do exterior. Para que se possa ter dimensão deste impacto populacional basta comparar os números de população divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e estatística - IBGE que, para Rondônia no ano de 2000 tinha 1.379.787 habitantes e em 2010 a população chegou a 1.562.409 habitantes, ou seja, crescimento de 13,23% em dez anos em Porto Velho sai de 334.661 habitantes em 2.000 para 428.527 em 2010, crescimento de 28,04%, um forte crescimento populacional mesmo se comparado ao Brasil como um todo – que foi de apenas 8,35% no mesmo período (IBGE, 2010).

Em caráter legal, RO apresenta UCs que se enquadram nas duas categorias estabelecidas pela Lei 9.985/2000 (SNUC) as de Proteção Integral (que inclui Estações Ecológicas, Reservas Biológicas, Parques, Monumentos Naturais e Refúgios de Vida Silvestre) e as de Uso Sustentável (que inclui Áreas de Proteção Ambiental - APA, Áreas de Relevante Interesse Ecológico, Florestas Nacionais - FLONAS, Reservas Extrativistas, Reservas de Fauna, Reservas de Desenvolvimento) (Figura 3).

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Figura 3 - Unidades de Conservação de Rondônia. Fonte: kanindé, 2006.

O conjunto de unidades de conservação das instâncias federal e estadual somam 5.320.777 ha, o que corresponde a 22% da extensão territorial do Estado de Rondônia. As UCs do grupo de Proteção Integral compreendem 12% da área total do estado (cerca de 2.904,014 ha) e as UCs de uso sustentável correspondem a 10% da área do estado, cerca de 2.416,763 ha (WWF-Brasil, 2011). As UC estaduais também constituem, com as demais áreas protegidas no Estado (municipais, federais e particulares), o Sistema Estadual de Unidades de Conservação – SEUC (Decreto nº 38.614, de 26 de agosto de 1998). O SEUC tem, em Rondônia, como órgão superior o Conselho Estadual de Politica Ambiental (CONSEPA) e como órgão coordenador e executor a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Ambiental (SEDAM). A manutenção do SEUC constitui um dos objetivos específicos da política florestal do estado, conforme o Código Florestal Estadual.

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1.3.1. A importância do PNMPV no contexto estadual

O PNMPV esta localizado em área rural do município de Porto Velho, mas tão próximo do centro urbano que dista menos de 10 km. Sua entrada está localizada no final da Avenida Chiquilito Erse (Rio Madeira), sob as coordenadas geográficas em 8°41'11.34" de Latitude Sul e 63°52'4.73" de Longitude Oeste. Todo o entorno está antropizado, exceto na porção de área ao norte, entre o rio Madeira e o parque, mais precisamente na propriedade conhecida como Condomínio de Chácaras Águas do Belmont (embargado por determinação judicial por ter iniciado o loteamento de área averbada como de conservação em compensação a outra). O PNMPV é um dos elementos estruturais/naturais da paisagem urbana, que contribuiu para assegurar a qualidade ambiental e de vida da cidade. Não existe a integração da UC com UCs federais, estaduais ou municipais na forma de corredores ecológicos, sejam esses definidos em programas oficiais governamentais e/ou de programas de organizações nãogovernamentais, considerando-se a localização da mesma. Apesar de se constituir enquanto um fragmento vegetal isolado, situado no perímetro urbano, não conectado a outras áreas naturais, pesquisas indicam que o PNMPV possui potencialidade para a prática da conservação da biodiversidade no âmbito local.

1.3.2. Potencialidades de Cooperação

Diversas organizações governamentais e não governamentais, locais, estaduais e federais, podem contribuir para implementação do Parque. A tabela 1 ilustra algumas instituições com atuação na região.

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Tabela 1 - Relação de instituições com atuação local.

Instituição Contatos Endereço Ação Ecológica Guaporé - Ecoporé Alice Leite Avenida Rafael Vaz e Silva, 3335 - Liberdade. 3224 7870 Porto Velho, RO. [email protected] Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Paulo Baltazar Diniz Avenida Jorge Teixeira, nº 3.559 - Bairro: Costa e Recursos Naturais Renováveis – IBAMA/RO Superintendente do Ibama em Rondônia Silva (69) 3217-2701 76803-599 Porto Velho - RO [email protected] João Alberto Ribeiro (Analista Ambiental NEA) Índia Amazônia Betânia Avelar Av. Guaporé, 3555 – Agenor Carvalho- Porto Cel.: 8117-8645 Velho, RO [email protected] Ministério Público Estadual de Rondônia – André Pereira Rua Jamari, 1555, Bairro Olaria – Porto Velho, RO MPE/RO Tel.: 3216-3955 [email protected] Tânia Garcia Santiago Promotora de Justiça da área de Educação Serviço Florestal Brasileiro – SFB/RO Eliriane Silva Av. Lauro Sodré, 6500. Aeroporto [email protected] Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Carolina Carneiro (Coordenadora de Artesanato) Avenida Campos Sales, 3421 CEP: 76801-281 – Pequenas Empresas – SEBRAE/RO [email protected] Porto Velho/RO

Maria Valdecy Benicasa Esc.: 32173818 [email protected] BPA – Batalhão da Polícia Ambiental Sargento Lube BR-364, Candeias do Jamari, RO Esc.: 3230-1088 E-mail: [email protected] IFRO – Instituto Federal de Educação, Ciência Marilise Esteves (Pró-reitora de Extensão) Av. Jorge Teixeira Revisão do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal de Porto Velho

e Tecnologia Esc.:3225 5045 / Cel.: 99182569 [email protected] SEDUC – Secretaria Estadual de Educação Lenir de Souza Costa Rua General Osório, 81 – Centro Gerente de Educação Porto Velho/RO Fone: (69) 3216-5330 Alessandra Gomes Farias Subgerente de Projetos Fone: (69) 3216 5313/ 3216 5345. E-mail: [email protected]. SECEL – Secretaria Estadual de Cultura, Fone: (069) 3216 5131 Aven ida 7 de Setembro, 237 – Centro Esporte e Lazer Porto Velho/RO EMATER Avenida Farquar, Bairro Panair Fabiana Bezerra Neves [email protected] IEB – Instituto Internacional de Educação do Elza Suely Anderson Centro Comercial Gilberto Salomão SHIS Ql 05 Brasil Esc.: (61) 3248 7449 Brasília - DF [email protected] SENAR - Serviço Nacional de Aprendizagem Rodrigo Lewis Chaves Rua Getúlio Vargas, 1454 Rural Escr.: 3224 1399 Bairro Santa Bárbara Cel.: 9212 4136 Coletivo C.A.O.S. Marcos Nobre Júnior Rua Quintino Bocaiuva, - Olaria Cel.: 9240-2971 Porto Velho/RO comunicaçã[email protected] Centro de Estudos da Cultura e do Meio Alexis Bastos Rua: Rua Padre Chiquinho, 1651, B. S. João B Ambiente Rioterra Fone: (55)(69) 3223-6191 Porto Velho – Rondônia – Brasil E-mail: [email protected] CEP 76803-786 Associação Kanindé Israel Vale Rua Dom Pedro II, 1892, sala 07. [email protected] Bairro Nossa Senhora das Graças (69) 3229 2826 CEP: 76804-116 Porto Velho, Rondônia, Brasi Instituto Rio Madeira Vivo – IMV www.riomadeiravivo.org SEDAM Nanci Maria Rodrigues da Silva Estrada do Santo Antônio, S/N - Parque Cujubim Fone (Fax) (69) 3216-1059/1045 - CEP 78902-900 - Porto Velho

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PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTO VELHO SECRETARIA MUNICIPAL DO MEIO AMBIENTE

ARC CONSULTORIA EMPRESARIAL - FISTER

REVISÃO DO PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE PORTO VELHO

ENCARTE 2 ANÁLISE DA REGIÃO DA UC

PORTO VELHO 2012

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2. ANALISE DA REGIÃO DA UC

Este encarte tem como objetivo caracterizar de forma abrangente a região onde se insere a Unidade de Conservação. É feita com base no Plano de Manejo elaborado em 2003 revisado bem como a partir de um levantamento bibliográfico com estudos já conduzidos tanto no município de Porto Velho como no estado.

2.1. CARACTERISTICAS GERAIS

A integridade de uma UC, depende em grande parte do uso da terra e das atividades exercidas nos municípios e área de entorno. A Caracterização da região onde o PNMPV se encontra tem como objetivo a identificação e a avaliação desses processos para orientar futuras ações de manejo. Consideram-se como Região da unidade de conservação os municípios que formam a área de influencia da mesma (IBAMA, 2002). O PNMPV localiza-se no Município de Porto Velho/RO, em região que não sofre intervenção direta de outros municípios. Quanto {s |reas do seu entorno imediato, que compõe a chamada “Zona de Amortecimento”, o Parque apresenta situaç~o delicada, devido h| proximidade com a cidade de Porto Velho e a pressão urbana que esta exerce sobre a UC, além da pressão dos assentamentos rurais em seu entorno imediato.

2.2. CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL DA REGIÃO

Para caracterização ambiental da região os textos foram extraídos do atual plano de manejo do PNMPV, elaborado em 2003.

2.2.1. Clima O estado de Rondônia segundo a classificação de Köppen, possui um clima do tipo Aw - Clima Tropical Chuvoso, com média climatológica da temperatura do ar, durante o mês mais frio, superior a 18°C (megatérmico), e um período seco bem definido durante a estação de inverno, quando ocorre na região um moderado déficit hídrico, com índices pluviométricos inferiores a 50 mm/mês. A média climatológica da precipitação pluvial nos meses de junho, julho e agosto é inferior a 20 mm/mês.

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O clima de Rondônia caracteriza-se por apresentar uma homogeneidade espacial e sazonal da temperatura média do ar, o que não ocorre em relação à precipitação pluviométrica que apresenta uma variabilidade temporal, e em menor escala espacial, ocasionado pelos diferentes fenômenos atmosféricos que atuam no ciclo anual da precipitação.

Estando sob a influência do clima Aw, a média anual da precipitação pluvial varia entre 1.400 e 2.500 mm/ano, e a média anual da temperatura do ar entre 24 e 26 °C. Em alguns anos, em poucos dias dos meses de junho, julho e/ou agosto, o Estado de Rondônia encontra-se sob a influência de anticiclones que se formam nas altas latitudes e atravessam a Cordilheira dos Andes em direção ao sul do Chile. Alguns destes anticiclones são excepcionalmente intensos, condicionando a formação de aglomerados convectivos que intensificam a formação dos sistemas frontais na região sul do País. Estes se deslocam em direção à região amazônica, causando o fenômeno denominado de "Friagem" (figura 4).

Figura 4 - Mapa de Precipitação do Estado Rondônia. Fonte: Governo de Rondônia

Durante estes meses as temperaturas mínimas absolutas do ar podem atingir valores inferiores a 10º C. Devido à curta duração do fenômeno, este não influencia, significativamente, nas médias climatológicas da temperatura mínima do ar.

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A média anual da temperatura do ar gira em torno de 24°C e 26º C, com temperatura máxima entre 30°C e 34°C, e mínima entre 17º C e 23°C. As temperaturas médias do mês mais frio e mais quente aumentam do sudeste em direção ao extremo norte em torno de 1 a 2 º C, respectivamente.

A média anual da umidade relativa do ar varia de 80% a 90% no verão, e em torno de 75%, no outono - inverno. A evapotranspiração potencial (ETP) é alta durante todo o ano, apresentando valores superiores a 100 mm/mês. O total anual da ETP só atinge valores superiores aos da precipitação mensal nos meses de maio, junho, julho e agosto.

Os principais fenômenos atmosféricos ou mecanismos dinâmicos que atuam no regime pluvial do Estado de Rondônia são: as altas convecções diurnas (água evaporada no local e a evapotranspiração resultante do aquecimento das superfícies das águas, florestas e vegetação), associadas aos fenômenos atmosféricos de larga escala: a Alta da Bolívia - AB (anticiclone que se forma nos altos níveis da atmosfera (200 hPa) durante os meses de verão e se situa sobre o altiplano boliviano), a Zona de Convergência Intertropical - ZCIT e as Linhas de Instabilidade - LIs (conglomerados de nuvens cumulonimbus que se formam na costa norte–nordeste do Oceano Atlântico, devido à circulação da brisa marítima).

Nos meses de inverno, a brisa pluvial da Bacia Amazônica (circulação local que ocorre nos baixos níveis da atmosfera) e os aglomerados convectivos de meso e grande escala, associados com a penetração de sistemas frontais, advindos da região Sul e Sudeste do Brasil, são os principais mecanismos responsáveis pelas chuvas de baixa intensidade, enquanto que nos meses de verão ocorre o período mais chuvoso, onde se observa uma grande atividade convectiva causada por uma maior incidência de radiação solar durante o ano.

O período chuvoso ocorre entre os meses de outubro a abril, e o período mais seco em junho, julho e agosto. Maio e setembro são meses de transição.

Outros aspectos a serem considerados no clima em Rondônia são os efeitos do desmatamento e das queimadas que, em grande escala e num longo período de tempo, podem provocar mudanças na qualidade do ar e no clima regional e global. Em microescala, o aumento do aquecimento na superfície e no ar, causado pelo desmatamento das florestas, modifica o balanço de energia solar. Como consequência ocorre uma redução na taxa de evapotranspiração, no fluxo de calor latente e na precipitação local, visto que a radiação solar absorvida pela superfície é menor nas áreas desmatadas do que em áreas de florestas.

A área em tela enquadra-se no domínio do clima quente e úmido, com precipitações elevadas, cujo total anual compensa a ocorrência de um período seco, permitindo a existência de florestas tropicais. Segundo a classificação Kõppen, o

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clima é do tipo Awi, ou clima tropical chuvoso. A temperatura média anual é de 26° C, com média máxima de 32°C e média mínima de 21° C. (figura 5).

Figura 5 - Mapa de Temperatura do Estado de Rondônia. Fonte: Governo de Rondônia (2002)

2.2.2. Hidrografia

Com o objetivo de subsidiar a Lei Estadual de Recursos Hídricos foi realizado um estudo pelo CREA/RO (Conselho Regional de Engenharia, Agronomia e Arquitetura) Governo de Rondônia e MMA (Ministério do Meio Ambiente), onde o Estado de Rondônia foi dividido em sete bacias hidrográficas. Foram estabelecidos parâmetros para a divisão do Estado em 42 sub- bacias hidrográficas a partir das bacias hidrográficas identificadas. (figura 6 e tabelas 2 e 3)

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Figura 6 - Mapa das Bacias Hidrográficas de Rondônia. Fonte: CREA/RO, Governo de Rondônia/MMA/1999.

Tabela 2 - Bacias Hidrográficas do Estado de Rondônia. Fonte: CREA/RO, Governo de Rondônia/MMA (1999).

NOME ÁREA ( Km²) BACIA DO RIO GUAPORÉ 59.339,3805 BACIA DO RIO MAMORÉ 22.790,6631 BACIA DO RIO ABUNÃ 4.792,2105 BACIA DO RIO MADEIRA 31.422,1525 BACIA DO RIO JAMARI 29.102,7078 35 ARC FISTER NOVEMBRO DE 2012

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BACIA DO RIO MACHADO 80.630,5663 BACIA DO RIO ROOSEVELT 15.538,1922 Tabela 3 - Características Morfométricas das Principais Sub-Bacias Hidrográficas do Estado de Rondônia. Fonte: CREA/RO, Governo de Rondônia/MMA (1999).

BACIA DO RIO GUAPORÉ N.º SUB-BACIA ÁREA ( PERÍMETRO ( Km²) Km) 1 RIO VERMELHO / RIO CABIXI 2.005,0038 291,73 2 RIO ESCONDIDO / RIO GUAPORÉ 1.717,4615 225,79 3 RIO CORUMBIARA / RIO GUAPORÉ 9.795,9431 606,51 4 RIO VERDE / RIO GUAPORÉ 5.526,4098 393,68 5 RIO COLORADO / RIO GUAPORÉ 5.436,6703 522,31 6 RIO BRANCO / RIO GUAPORÉ 9.337,9785 683,57 7 RIO SÃO MIGUEL / RIO GUAPORÉ 10.293,6110 570,69 8 RIO CANTARINHO / RIO GUAPORÉ 3.461,5302 372,41 9 RIO SÃO DOMINGOS / RIO GUAPORÉ 2.941,4819 316,09 10 RIO CAUTÁRIO / RIO GUAPORÉ 8.823,2904 754,90 BACIA DO RIO MAMORÉ N.º SUB-BACIA ÁREA (Km²) PERÍMETRO (Km) 11 RIO SOTÉRIO / RIO MAMORÉ 3.831,0202 518,89 12 RIO NOVO 4.585,8759 362,56 13 RIO PACAÁS NOVOS / RIO MAMORÉ 7.578,0631 700,52 14 RIO OURO PRETO 4.604,6758 425,97 15 RIO LAJE / RIO MAMORÉ 2.191,0281 242,26 BACIA DO RIO ABUNÃ N.º SUB-BACIA ÁREA (Km²) PERÍMETRO (Km) 16 RIO ABUNÃ 4.792,2501 504,45 BACIA DO RIO MADEIRA N.º SUB-BACIA ÁREA (Km²) PERÍMETRO (Km) 17 ALTO RIO MADEIRA 7.037,8161 707,82 18 MÉDIO RIO MADEIRA 5.984,2763 461,45 19 RIO RIBEIRÃO/RIO MADEIRA 2.379,5439 294,36 20 RIO MUTUM PARANÁ 3.559,9204 318,22 21 ALTO RIO JACI PARANÁ 5.637,4958 442,70 22 BAIXO RIO JACI PARANÁ 6.823,1000 537,41 BACIA DO RIO JAMARI N.º SUB-BACIA ÁREA (Km²) PERÍMETRO (Km) 23 ALTO RIO CANDEIAS 5.169,9516 442,57 24 BAIXO RIO CANDEIAS 7.960,8272 564,72 25 ALTO RIO JAMARI 8.116,9990 492,94 26 BAIXO RIO JAMARI 7.854,9300 775,54 BACIA DO RIO MACHADO N.º SUB-BACIA ÁREA (Km²) PERÍMETRO (Km) 27 RIO PRETO 11.037,1047 549,54 28 BAIXO RIO MACHADO 5.495,3178 567,21 29 MÉDIO RIO MACHADO 7.063,7683 649,29 30 ALTO RIO MACHADO 10.696,8029 809,00 31 RIO MACHADINHO 5.514,3627 465,85 32 ALTO RIO JARU 3.921,8658 325,85 33 BAIXO RIO JARU 3.339,7186 316,55

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34 RIO URUPÁ 4.184,5682 389,63 35 RIO MUQUI 5.669,2282 369,14 36 RIO ROLIM DE MOURA 2.818,9001 234,73 37 BAIXO RIO PIMENTA BUENO 6.544,4860 447,44 38 ALTO RIO PIMENTA BUENO 3.598,5446 397,52 39 RIO COMEMORAÇÃO 5.953,6483 522,29 BACIA DO RIO ROOSEVELT N.º SUB-BACIA ÁREA (Km²) PERÍMETRO (Km) 40 RIO BRANCO DO ROOSEVELT 4.836,3831 387,47 41 RIO ROOSEVELT 6.904,4302 589,11 42 RIO CAPITÃO CARDOSO/TENENTE 3.897,3789 509,94 MARQUES

O município de Porto Velho esta situado na bacia do rio Madeira, que e subdividida em sub-bacia do Alto Rio Madeira e Médio Rio Madeira. A cidade de Porto Velho é banhada por igarapés afluentes da margem direita do rio Madeira, dos quais se destacam o Bate-Estacas, Belmont, Tanques, Grande e Periquitos (CPRM, 1997). Alguns destes, porem, encontram-se descaracterizados pela terraplanagem e arruamentos, que já causou o desaparecimento de parte de seus canais de drenagem (CPRM, 1997). O regime de cheia e vazante esta relacionado com o clima da região Andina do leste da Bolívia. O seu regime hidrológico e caracterizado por um período de águas baixas, de julho a outubro, e um período de águas altas, de fevereiro a maio. A flutuação media anual da água do rio varia na faixa de 10,8-12,4 metros. A variação entre o pico de água alta e água baixa e de aproximadamente 15,4-21,8 metros (GOULDING et al., 2003).

2.2.3. Geologia De acordo com SCANDOLARA et al (1998), o Estado de Rondônia está localizado a oeste da região conhecida como província tapajós, de acordo com a compartimentação elaborada por Almeida et al. (1977), também recebendo a denominação de Subprovíncia Madeira, segunda a proposta de Amaral (1984). A extensa região que inclui o Estado de Rondônia, parte do Mato Grosso e Amazonas, adentrando em território boliviano, historicamente recebeu designações usuais de “Faixa Móvel Rondoniense”, “Cintur~o Móvel Rio Negro- Juruena”, “Cintur~o Móvel Rondoniano”, Terreno Granio-Greenstone de Rondônia”, “Cintur~o Móvel Sunsas”, “Província Colisional Rio Negro-Juruena”, entre outros. A análise integrada dos dados petrológicos, petrográficos, geocronológicos, geofísicos e estruturas disponíveis, permitiu a elaboração de um esboço tectono- estratigráfico aplicável ao Estado de Rondônia, de onde depreende-se que ainda há limitação para o estabelecimento de camportimentações tectônicas como propostas pelos diversos autores que discorrem sobre a geologia da região, embora

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o contexto regional seja nitidamente compatível com o de um “ mobile belt” ou “faixamóvel”. Contudo, é importante ressaltar que a complexidade geométrica e cinemática, além dos produtos de retrabalhamento, é fator complicador quando se trata de modelar faixas móveis proterozóicas e, no caso da região em questão, é de aceitação quase unânime pelos geocientistas que o quadro geotectônico do sudoeste do Cráton Amazônico é retrato de sucessivas reativações relacionadas a episódios orogenéticos de atuação paulatinamente mais ocidental à medida que o período pré-cambriano vai chegando ao seu final. Em razão de tais limitações (parco conhecimento geográfico-geológico das faixas com relação à extensão real e conexões), os autores propõem para a identificação da região objeto, e no âmbito desta nota explicativa, a denominação “Faixa Orogênica Guaporé”, considerando o sentido genérico do termo (extensa zona tectônica que envolve um amplo segmento litosférico, palco de deformações policíclicas, relações metamórficas complexas, granitização, signitização significativa, migmatização sintectônica e retrabalhamento crustal, produto de uma evolução segundo processos superimpostos no curso de um ou mais ciclos orogênicos).

Figura 7 - Mapa Geológico do Estado de Rondônia. Fonte: CPRM

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2.2.4. Geomorfologia

No Estado de Rondônia, desde a década de 70, estudos geomorfológicos vêm sendo efetuados por instituições de pesquisa, como a CPRM e o RADAMBRASIL, produzindo documentos temáticos parciais. Com a realização do Zoneamento Sócioeconômico-Ecológico de Rondônia, desenvolvido nos últimos anos da década de 90, subsidiados pelo ZEE Brasil-Bolívia, foram elaborados os primeiros mapas integrados do Estado, baseados principalmente numa adequação metodológica do Sistema ITC (Van Zuidam, 1985). Foram incluídos ainda conceitos aplicados por Latrubesse et al. (1998), visando a ajustar os estudos às particularidades do meio físico regional, mormente nas regiões alagadiças do Vale do Guaporé e nas faixas fluviais dos principais rios da região. Este mapeamento procurou apresentar as formas de relevo através de uma classificação que favorecesse o reconhecimento das formas por meio de suas características morfológicas e morfométricas. Na elaboração do mapa geomorfológico, foram consideradas duas grandes categorias de unidades, associadas à degradação e à gradação. Segundo os volumes 16 e 19 do PROJETO RADAMBRASIL (1978/79) e EMBRAPA (1983), as formas de relevo do Estado de Rondônia podem ser dividas em nove unidades morfoestruturais: Planaltos Residuais do Guaporé, Planalto Dissecado Sul da Amazônia, Planalto Rebaixado da Amazônia (Ocidental), Depressão Interplanática da Amazônia Meridional, Pediplano Centro-Ocidental Brasileiro, Planície Amazônica, Planalto Sedimentar dos Parecis, Serras e Chapadas do Cachimbo e Planícies do Alto e Médio Guaporé. As características das unidades morfoestruturais podem ser observadas a seguir: Planaltos Residuais do Guaporé Esses planaltos ocupam a porção central do Estado, onde ocorrem as maiores cotas altimétricas, e são constituídos por três grandes conjuntos de relevo: a Serra dos Pacaás-Novos, a Serra do Uopiane e a Serra Moreira Cabral. Esses relevos são separados um dos outros por interpenetração de uma extensa superfície baixa, definida pelo Pediplano Centro-Ocidental Brasileiro. A denominação de Planaltos Residuais deve-se a esse caráter de isolamento dos conjuntos de relevo que constituem a unidade, enquanto sua complementação se relaciona ao fato da mesma se encontrar localizada sobre as áreas do antigo Território do Guaporé. A feição geomorfológica, característica desses planaltos, é constituída por relevos predominantemente tabulares, geralmente marcados por rebordos estruturais erosivos, com desníveis altimétricos da ordem de 150-200 metros, nas Serras do Uopiane e Moreira Cabral e de 350-400 metros na Serra dos Pacaás-Novos.

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Planalto Dissecado Sul da Amazônica Trata-se de uma unidade de relevo bastante fragmentada, tanto devido à descontinuidade geográfica, quanto à intensidade da dissecação. Ocupa a parte centro-oriental do Estado e é drenado pelos rios Candeias, Jamari e Machado (Ji- Paraná). Os leitos são bastante encaixados e apresentam barrancos em suas margens. O trecho do planalto, cortado pelos rios Candeias e Jamari, apresenta relevo bastante dissecado, com cristais geralmente contornados e interpenetrados por uma superfície mais baixa e talhada, predominantemente sobre granito e granulitos do Complexo Xingu. Apesar da compartimentação espacial, há um elemento comum a toda a unidade, que é constituído pelos relevos dissecados em cristais com vertentes muito pronunciadas, que se comportam como relevos residuais. Abrange as Serras dos Três Irmãos, a do Morais, a do Mirante, a da Providência, a do Machado e a do Sargento Paixão. Planalto Rebaixado da Amazônia Caracteriza-se por apresentar extensas áreas aplainadas, ainda conservadas, e relevos dissecados em interflúvios tabulares, cuja altimetria se situa entre 200 e 250 metros. Algumas vezes a topografia homogênea é interrompida pela presença de pequenos blocos de relevo tipograficamente mais elevados e com feições geomorfológicas bastante diferenciadas daquelas que caracterizam o planalto. De maneira geral a organização da rede de drenagem no planalto se faz em relação ao rio Madeira. Os principais rios (Madeira, Machado, Jaci-Paraná, Candeias e Jamari) apresentam leitos encaixados e a drenagem secundária apresenta um padrão dendrítico. Depressão Interplanática da Amazônia Meridional Essa unidade de relevo constitui uma superfície rebaixada (altimetria relativa em torno de 200 metros), entalhada por uma drenagem incipiente que proporciona uma dissecação do relevo em colinas e interflúvios tabulares. Ocorre em duas áreas do Estado: a parte oriental da unidade abrange a Serra da Panela e a da Fortaleza, e é drenada pela bacia do rio Machado, e a porção oriental abrange a Serra Grande e parte da Serra da Providência, drenada pelos rios da bacia hidrográfica do Guaporé. Pediplano Centro Ocidental Brasileiro Também conhecida como Depressão do Guaporé, caracteriza-se por ser uma área apalinada ainda conservada, que se estende por áreas extensas, na qual emergem relevos residuais do tipo inselberg e onde uma drenagem incipiente esculpiu localmente formas de relevo dissecado. A altimetria da unidade varia de 100 metros, nas proximidades do rio Mamoré, a 200 metros, no sopé dos Planaltos Residuais do Guaporé. Os rios que drenam esta unidade são o Mamoré, o Cautário, o Sotério, o São Miguel, o rio Pacaás-Novos e seus afluentes rio Ouro Preto e rio Novo. O rio Mamoré apresenta uma faixa de aluvião em suas margens, onde dois 40 ARC FISTER NOVEMBRO DE 2012

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elementos da planície se destacam: os meandros abandonados e os cordões de sedimentação. Planície Amazônica Essa unidade de relevo é correspondente ao trecho onde o rio Madeira elaborou uma faixa de aluviões sobre terrenos sedimentares de idade pleistocênica. Localiza-se na porção norte do Estado, ao longo do rio Madeira (40 Km a jusante de Porto Velho). Planalto Sedimentar dos Parecis O planalto é um prolongamento geomorfológico da Chapada dos Parecis, embora não possua a mesma cobertura sedimentar (altimetria relativa em torno de 350 metros). Esta unidade de relevo não se encontra espacialmente contínua, por achar interpenetrada pela Depressão Interplanáltica da Amazônia Meridional, apresentando assim duas feições diferenciadas: a primeira caracterizada por uma superfície plana, suavemente dissecada em largos interflúvios tabulares, e a segunda se apresenta bem mais dissecada, originando colinas e interflúvios tabulares de menores proporções. Serras e Chapadas do Cachimbo Compreendem uma superfície extremamente dissecada, com relevos tabulares bastante elevados (400 m de altitude), apresentando topos conservados, delimitados por rebordos erosivos. O contato das Serras e Chapadas do Cachimbo com a superfície mais baixa do Planalto Dissecado Sul da Amazônia, ao norte, é efetuado em parte por rebordos erosivos e, em parte, por um conjunto mais rebaixado de relevo dissecado em cristas. Planícies e Pantanais do Médio e Alto Guaporé Correspondem a extensas áreas de acumulação inundáveis, ao longo do rio homônimo. Sua altimetria raramente ultrapassa 200 m, constituindo, portanto, uma área de topografia uniforme, composta de sedimentos quaternários e solos de lateritas hidromórficas. Encontram-se envolvidas pelo Pediplano Centro Ocidental Brasileiro (Depressão do Guaporé) (Figura 8).

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Figura 8 - Mapa Geomorfológico do Estado de Rondônia. Fonte: Governo de Rondônia

2.2.5. Relevo

Mais de 60% do seu território se encontram entre 100 m e 300 m de altitude, e 30% entre 300m e 800m possuem platôs baixos ao norte, as Chapadas dos Parecis e Pacaás-Novos, que atravessam o Estado de sudeste para nordeste, como continuação do Planalto Central e planícies aluviais onde correm os meandros do rio Guaporé.

Todos os rios do Estado pertencem à bacia do rio Madeira, afluente do Amazonas. A chapada dos Parecis forma o divisor de águas entre os rios que correm diretamente para o Madeira e os que correm para o Mamoré e Guaporé.

Localizado em uma grande área que vai do leste do Mato grosso ao sudeste de Rondônia, o planalto e Chapada dos Parecis correspondem a uma área de terrenos sedimentares formados durante o período cretáceo. O planalto e a Chapada dos Parecis são formados predominantemente por topos planos e ligeiramente convexos. Na parte sudoeste, apresenta altitudes em torno de oitocentos metros, enquanto no norte as altitudes não ultrapassam os quatrocentos metros. A unidade limita-se a leste e a sul com as Depressões do Araguaia, Cuiabana 42 ARC FISTER NOVEMBRO DE 2012

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e do Alto Paraguai-Guaporé, quando então assume as formas de escarpas e cuestas, algumas com denominações de Serra do Roncador, Daniel, Tepirauã e rio Branco. (figura 9).

Figura 9 - Mapa Tectônico Estratigráfico do Estado de Rondônia. Fonte: CPRM.

2.2.6. Solos

Conforme EMBRAPA (1983), os principais tipos de solos que ocorrem no Estado de Rondônia são: Latossolo Amarelo Constituem-se de argilas de atividades baixas, expressas pela baixa capacidade de troca de catios, baixa mobilidade de argila, baixa saturação de bases e ausência de iluviação de argila. São encontrados em áreas de relevo plano, suave ondulado e ondulado, variando a erosão de não aparente a laminar ligeira. São derivados de materiais dominantemente areno-argilosos do terciário, da formação Solimões a, Complexo Xingu ou formação Pimenta Bueno, ocupando feições tabulares bastante características. 43 ARC FISTER NOVEMBRO DE 2012

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Latossolo Vermelho-Escuro São solos minerais, muito profundos, constituídos de horizontes. A moderado, esporadicamente com A proeminente, horizonte B latossolo, textura média, argilosa e muita argilosa, ricos em sesquióxidos, sendo as porcentagens de óxido de ferro, titânio e manganês bem menores que as do Latossolo Roxo. São de fertilidade natural variável, muito porosos, bastante permeáveis e bem drenados os de textura argilosa e acentuadamente drenados os de textura média. Ocorrem em áreas de relevo plano a forte ondulado, existindo, também, unidades em relevo ondulado e forte ondulado, fase muito rochosa e ondulado fase rochosa e pedregosa III. Latossolo Roxo São solos eutróficos, profundos, constituídos de horizonte A moderado e horizonte B latossólico, argilosos, com elevados teores de óxido de ferro, titânio e manganês, bastante porosos e normalmente bem drenados. A erosão destes solos varia de não aparente a laminar ligeira. Ocorrem em áreas de relevo suave ondulado e ondulado e são desenvolvidos a partir de rochas básicas Latossolo Vermelho-Amarelo Compreende os solos Álicos ou Distróficos, com horizonte B latossólico, não hidromórficos, de textura muito argilosa, argilosa ou média, com horizonte A moderado e de coloração variando de vermelha a amarela e nuances intermediárias. A drenagem varia de acentuadamente a moderadamente drenado, de acordo com a textura e presença de cascalho ou do lençol freático. Ocorre em áreas de relevo plano, suavemente ondulado e ondulado, condicionando diferentes graus de erosão, que pode variar de não aparente a laminar ligeira. Terra Roxa Estruturada A classe é constituída por solos com B textural, Eutróficos e Distróficos, argila de atvidade baixa de textura argilosa, bem a moderadamente drenados, coloração bruno-avermelhada-escura no A e vermelho-escura no B. São formados a partir de rochas básicas e ultrabásicas do Pré-Cambriano Superior e apresentam-se em relevo suave ondulado e ondulado. Podzólico Vermelho Escuro São solos minerais, não hidromórficos, com horizonte B textural, em sua maior parte vermelho-escuro, bruno-avermelhado, bruno-avermelhado-escuro, vermelho, vermelho-amarelo e muito raramente cores brunadas. Ocorrem predominantemente em relevo ondulado e forte ondulado. Podzólico Vermelho Amarelo São solos Eutróficos, Distróficos ou Álicos, moderadamente profundos, que apresentam perfis do tipo A, Bt e C, com distinta individualização de horizontes,

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com transição gradual. Apresentam textura dominantemente média/argilosa e média cascalhenta/argilosa a cascalhenta. Podendo ainda ter, em menor proporção, textura arenosa e arenosa cascalhenta. São predominantemente bem a moderadamente drenados, podendo ocorrer solos acentuadamente a fortemente drenados. Ocorrem em maior proporção em áreas de relevo suave ondulado e forte ondulado, com erosão variando de não aparente a laminar ligeira. Podzol Hidromórfio Caracterizam-se pela textura arenosa e presença de subhorizonte A2 de coloração cinzenta clara. O grau de consistência varia de solto a muito friável quando úmido e não plástico e não pegajoso quando molhado. Ocorre em relevo dominantemente plano e são excessivamente drenados e desenvolvidos de sedimentos arenosos do Quaternário. Brunizem São solos com horizonte B textual, não hidromórficos, constituídos de horizonte A chernozênico, sobre horizonte Bt, com argila de atividade alta. A consistência varia de ligeiramente dura a dura quando seco e ligeiramente plástica a muito plástica e ligeiramente pegajosa a muito pegajosa quando molhado. São moderadamente drenados e a erosão varia de não aparente a laminar ligeira. Ocorrem normalmente em relevo forte ondulado e montanhoso. Planossolo Compreende solos pouco profundos, hidromórficos, com diferença textural abrupta entre o horizonte A e o Bt. São solos Álicos ou Eutróficos, com argila de atividade alta. A drenagem é moderada a imperfeitamente drenada e a erosão laminar ligeira. Ocorre em áreas de relevo plano a suave ondulado. Cambissolo A classe abrange solos Álicos, Distróficos em pequena proporção e Eutróficos, de textura média ou argilosa, cascalhenta ou não e de atividade de argila baixa, porém com valores superiores aos encontrados nos Latossolos. A consistência a seco é dura, friável ou firme quando úmida e ligeiramente plástica a muito plástica e ligeiramente pegajosa a muito pegajosa quando molhado. A drenagem varia de moderadamente a bem drenado e a erosão é não aparente e laminar ligeira a moderada, podendo ocorrer áreas com sulcos. Plintossolo São solos minerais, pouco profindos, pouco porosos, pouco permeáveis, moderada a maldrenados e com reduzida suscetibilidade à erosão. De textura bastante variável, podendo ser arenosa, média, muito argilosa ou siltosa no horizonte A. Estão localizados, geralmente, em áreas de relevo plano ou plano de várzea, e sujeitas à oscilação do lençol freático e a periódicos alagamentos.

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Glei Húmico Compreende solos hidromórficos, Álicos, argila de atividade baixa, gleizados, pouco profundos, formados em terrenos baixos, com grande influência do lençol freático. São solos de textura variável, porém mais freqüentemente argilosos ou muito argilosos. A consistência é muito firme ou firme quando úmido, e pegajosa ou muito pegajosa e plástica a muito plástica quando molhado. Ocorrem nas várzeas e áreas muito maldrenadas. Glei Pouco Húmico São semelhantes aos da classe Glei Húmico, diferindo por apresentar uma menor acumulação de matéria orgânica superficial, o que provoca o desenvolvimento de um horizonte A menos espesso e, às vezes, mais claro. Solos Hidromórficos Indiscriminados São constituídos pelos solos Glei Húmico, Glei Pouco Húmico. Areias Quartozozas Hidromórficas, Plintossolos e Solos Aluviais em proporções variadas, que não foram separados pelas dificuldades de acesso ao locais onde ocorrem. Areias Hidromórficas Quartzozas São solos minerais, pouco profundos, apresentando A moderado ou proeminente, textura arenosa e imperfeitamente ou maldrenados. Sofrem grande influência do lençol freático, que, condicionado pelo relevo, ocasiona acumulação de matéria orgânica no horizonte superficial ou a presença de cores cinzentas que indicam redução. A erosão não é aparente, uma vez que os mesmos se situam nas partes baixas, onde o relevo é plano. Areias Quartzozas Compreendem solos minerais muito pouco ou pouco desenvolvidos. São excessivamente drenados, muito porosos, muito suscetíveis à erosão e desprovidos de minerais primários, pouco resistentes ao intemperismo e extremamente pobres em nutrientes. Ocorrem em relevo plano, suave ondulado e ondulado. Solos Aluviais São solos pouco desenvolvidos, provenientes de deposições fluviais recentes, de natureza variada. São moderadamente profundos, de textura muito variada, com drenagem variando de moderada a imperfeitamente drenadas. A consistência é friável quando úmido, ligeiramente pegajosa a pegajosa e ligeiramente plástica a plástica quando molhado. A erosão é imperceptível ou não aparente, pois ocorre em áreas de topografia plana. Solos Litólicos São solos pouco desenvolvidos, rasos a muito rasos, possuindo apenas um horizonte A, assentado diretamente sobre a rocha ou um horizonte C de pequena espessura. A textura do horizonte A é arenosa ou média e a consistência quando 46 ARC FISTER NOVEMBRO DE 2012

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úmido é muito friável a friável, sendo ligeiramente pegajosa a pegajosa e ligeiramente plástica a plástica quando molhado. Ocorrem em relevo suave, forte ondulado, montanhoso e escarpado. Afloramento de Rocha Estão associados aos Podzólicos vermelho-amarelos e aos Solos Litólicos. Caracterizam-se pela presença de matações com mais de 1 metro de diâmetro. Ocorrem em relevo escarpado.

Figura 10 - Mapa Tectônico Estratigráfico do Estado de Rondônia. Fonte: Governo de Rondônia, 2002.

2.2.7. Vegetação

A fertilidade dos solos não é um fator decisivo (pelo menos nas formações primárias) na caracterização dos tipos de vegetação existentes em Rondônia, quando comparada a fatores como o relevo, a drenagem e a constituição física do solo. Assim, a vegetação sofre grande variação fisionômica e florística, principalmente pela existência das Serras dos Pacaás-Novos e da Serra dos Parecis, além dos ciclos de cheias de rios como o Guaporé. As Serras de Rondônia são geologicamente antigas, formadas por vastos depósitos sedimentares residuais. Estes chapadões areníticos, com altitudes entre 500 e 1.000m, apresentam vegetação florestal nas suas encostas, enquanto que nos topos surgem savanas,

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campinas e bolsões de vegetação rupestre bastante distintas em relação à floresta circundante, e mesmo aos cerrados do Brasil Central. Na Serra dos Pacaás-Novos ocorrem certas plantas que não fazem parte da composição normal da flora amazônica. Ocorre ali uma espécie de gimnosperma do gênero Decussocarpus, que tem sua maior diversidade nos Andes, com espécie próxima ocorrendo também nas matas de Araucária do sul e sudeste do Brasil. A espécie rondoniense, Decussocarpus piresii, foi descrita como nova e alocada a um gênero até então caracteristicamente andino e não registrado anteriormente no país. Outra espécie de origem andina que ali ocorre é Theobroma Sinuatum, do mesmo gênero do cacau e que ocorre relitualmente em algumas poucas áreas, geologicamente antigas, da Amazônia brasileira. Em Rondônia são encontrados 8 tipos principais de vegetação. Formação natural ou pouco alteradas ocupam 78% da área do Estado, enquanto 22 % correspondem a áreas antropizadas. As formações florestais dominadas pelo componente arbóreo são predominantementes, ocupando 72% da área do Estado. Formações abertas, como o campo cerrado, ocupam apenas 6%. Os levantamentos da 2a Aproximação do Zoneamento Sócio-econômico- Ecológico do Estado mostram que 98,21% das unidades de conservação e 98,28% das Terras Indígenas do Estado ainda permanecem recobertas por vegetação natural, e que a área restante foi ocupada por atividades humanas. Comparando-se ao restante do Estado, 66,56% da parte não protegida do território de Rondônia ainda apresentam cobertura vegetal e 33,44% foram convertidos para outros usos. As principais formações vegetais de Rondônia são: Floresta Ombrófila Aberta Ocupa cerca de 128.206,67 km² ou 55% da área total. É o tipo de floresta dominante no Estado. Conforme a situação topográfica pode assumir diferentes fisionomias e composições, podendo ser classificada como Floresta Ombrófila Aberta de Terras Baixas (localizada em altitudes inferiores a 100m), Aluvial( de áreas inundáveis), com Bambus e Submontana (localizada entre 100 e 600 m de altitude). Caracteriza-se pelo dossel descontínuo e por maior penetração de luz nos estratos mais baixos. Os troncos apresentam-se mais espaçados no estrato mais alto (dossel), que atinge cerca de 30 m de altura, e a mata se caracteriza pela presença de alguns elementos florísticos que lhe dão fisionomia peculiar. A floresta pode ser densamente povoada por palmeiras como o babaçu Orbygnia phalerata, paxiúba Iryartea exorrhiza, patuá Jessenia bataua; por cipós Derrissp, Bauhinia scanden., Ficus paraensis, Salacia opascifolia e Memora schomburgkii; ou por tabocas Guadua superba. Entre o norte e a cidade de Presidente Médici, a floresta aberta é constituída por espécie de ampla distribuição na Amazônia, sempre com palmeiras, cipós e tabocas (bambus).

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Esta floresta com bambus é considerada bastante particular em relação às restantes da Amazônia. Entre o rio Guaporé e a vertente oeste da Serra dos Pacaás- Novos, na região de Guajará-Mirim, a Floresta aberta predomina, apresentando grande abundância de palmeiras como o babaçu, patauá, buriti Mauritia flexuosa, açaís Euterpe precatoria e E. oleracea, e piaçava leopoldinia piassaba. Nesta área, a Castanheira-do-Brasil Bertholletia excelsa e a seringueira Hevea brasiliensis são frequentes e exploradas pelas populações extrativistas. As espécies arbóreas comerciais mais notáveis são o cedro Cedrella odorata, as ucuúbas virola pavonis, Iryanthera juruensis e I. sagotiana e a cerejeira Torresia acreana. Em regiões como a Bacia do rio Roosevelt e o sudeste do Estado, onde o relevo varia de suave a ondulado, as florestas abertas são caracterizadas pela presença de tabocas Guadua superba, considerado o bambu mais alto das Américas. A presença de tabocas se dá devido à ocorrência de solos profundos com deficiência hídrica marcante. Aí ocorrem espécies comerciais como mogno Swietenia macrophylla, a cerejeira e o cedro. No sub-bosque aparecem Heliconia psittacorum e Mendoncia sp. Entre as espécies que podem atingir grandes densidades, sobressai-se o cacau Theobroma cacao, com 142 indivíduos por hectare (ha), registrados no início da BR 429, em Presidente Médici. Floresta Ombrófila Densa Ocupa uma área de 9.108,21 Km² ou 4% do total, com maior extensão na parte central do Estado, entre latitudes 10º e 12º S, mas também com manchas dispersas em outras regiões. Em geral, estas florestas apresentam 500 árvores por hectare, com aproximadamente 150 a 200 espécies arbóreas. São sempre verdes, sem estacionalidade marcante. Estas florestas são pontuadas por indivíduos de grande porte e espécies de valor econômico como cerejeiras Torresia acreana e mogno Switenia macrophylla. A Floresta Ombrófila Densa pode ocorrer em diferentes situações de relevo e solo, sendo classificada como Floresta Ombrófila Densa Aluvial (em áreas inundáveis), de Terras Baixas ou Submontana. Caracteriza-se pelo dossel contínuo e fechado, pela grande biomassa, possuindo volume médio de madeira ao redor de 140 m³/ha, e sub-bosque denso, onde aparecem Phenakospermum guyanesis, Piper spp., Theobroma spp. e Maximiliana regia. Essa floresta ocorre ao longo do rios Madeira, Ji-paraná, Ituxi, Roosevelt, Guariba. A composição de espécies arbóreas varia conforme a situação geográfica da área mas, em geral, as espécies mais comuns são: Breu-vermelho Protium apiculatum, ucuuba Virola spp., taxi-preto Tachigalia paniculata, aquariquara Minquartia guianensis, maçaranduba manilkara amazonica, angelim-pedra Diniza excelsa, castanheira Bertolletia excelsa, ipê- amarelo Tabebuia serratifolia, seringueira Hevea brasiliensis, angelim-rajado Pithecolobium racemosum, cupiúba Goupia glabra, jutaí-pororoca Dialium gianense, matamatá branco Eschweilera sp., copaíba copaifera multijuga, e 49 ARC FISTER NOVEMBRO DE 2012

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palmeiras como patauá Jessenia bataua, babaçu Orbygnia phalerata, e açai Euterpe precatoria. Floresta Estacional Semidecidual Ocupa 5.139,15 km² ou apenas 2% de Rondônia. Conforme as variações do relevo, pode ser classificada como Floresta Estacional Semidecidual Aluvial, Montana ou Submontana. A deciduidade (perda de folha na seca) incide em até 30% das espécies da floresta. A sazonalidade é de natureza hídrica, devido ao período seco de até 4 meses por ano. O dossel tem poucas árvores e emergentes. Nas áreas aluviais, com solos de baixa capacidade de retenção de água, a deciduidade chega a 30% e as espécies principais são leiteiro Sapium marmieri, Maquira sclerophylla, ipês Tabebuia spp., corticeiras Bombax spp. e Hasseltia floribunda. Nas áreas adjacentes às Serras dos Parecis, Pacaás-Novos e Uopiane ocorrem as formações submontanas, caracterizadas por seu aspecto decíduo, dossel irregular de 25 a 30 m de altura e por emergentes. Nessa floresta 40 a 50% das árvores podem perder as folhas durante a seca. Nos contrafortes da Serra dos Pacaás-Novos, a floresta é rica em ipês-roxos Tabebuia spp. As formações montanas crescem em solos rasos e rochosos, em áreas acima dos 600 m de altitude (serras e planaltos). Nessas áreas de forte declividade crescem espécies como Scheflera morototoni. Na Serra dos Pacaás-Novos ocorre o raro Decussocarpus (ou Retrophyllum) piresii, de afinidades andinas. Savana Ocupam 12.885,24 ou 5% do Estado. Esta denominação abrange formações como cerrados, campinas, chavascais e formações rupestres de fisionomia estrutural e florísticas semelhante aos Cerrados, mas com determinados elementos florísticos que as distinguem entre si. Em Rondônia, distiguem-se áreas classificadas formalmente como Savanas Gramíneo-Lenhosas (campo limpo e sujo), Parque (campo cerrado), arborizada ou parque (cerrado arbóreo-arbustivo, campos de murunduns) e Densa (cerradão). As Savanas mais densas ocorrem em grandes extensões nos chapadões areníticos das Serras dos Pacaás-Novos, Uopiane e da Chapada dos Parecis. Entretanto, s~o manchas disjuntas que representam verdadeiras “ilhas ecológicas” cercadas de floresta. A vegetaç~o destas |reas é semelhante { dos cerradões e campinas, composta principalmente por arbustos e arvoretas como Bysonima lignifera, Tabernaemontana angulata, Ormosia sp., Metaxya rostrata, Qualea retusa, Laetia procera, Huminia balsamifera, Ouratea spp., Salvagesia fruticosa, Pagamea guianensis, Hirtella bicornis, Dipteryx sp., Pseudobombax sp., Tapirira guianensis, e Clusia columnaris. Em áreas limitadas a vegetação lembra o cerrado propriamente dito, sendo mais aberta e apresentando uma cobertura de gramíneas e arvoretas espaçadas. A Savana sobre os solos pedregosos que ocorrem entre Rolim de Moura e Pimenta Bueno caracteriza-se por ser baixa, aberta e com abundante cobertura de gramíneas. Ocorrem bromélias terrícolas como Ananas 50 ARC FISTER NOVEMBRO DE 2012

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ananassoides, a taquara Guadua weberbauri e arbustos como Byrsonima lignifera, callisthene fasciculata e Henrietella ovata. Em afloramentos rochosos (região de Ouro Preto d´Oeste), ocorrem orquídeas terrestres como Catasetum sp., Epidendrum sp., Habenaria sp. E Cyrtopodium andersoni, lírios Iris sp., ciperáceas e bromélias. Em manchas de solo mais profundo, ocorrem Helicteris sp., Kielmeyera sp., Erythroxyllum sp., Aristolochia sp., Paralabatia sp., Simlax sp., e Cedrella odorata. No Sul do Estado, na região do Vale Guaporé e em Vilhena, ocorre a vegetação aberta dominada por gramíneas, arbustos e arvoretas esparsas que caracteriza o campo cerrado (Savana Gramíneo Lenhosa) e onde são encontradas espécies com larga distribuição nos cerrados do Brasil Central, como Curatella americana, Qualea parvifolia, Byrsonima intermedia, Tapirira guianensis, Vochysia haenkeana etc. O campo cerrado, em áreas de solo arenoso que sofrem inundações periódicas, como no Parque Estadual do Corumbiara, evolui para uma Savana-Parque de campos de murunduns ou tesos. A vegetação lenhosa cresce em pequenas elevações do terreno, ovais ou circulares, com 3 a 6 m de di}metro (os “murunduns”), que invariavelmente contém um grande cupinzeiro. Os murunduns são isolados entre si por 10 a 15 metros de áreas sazonalmente inundáveis recobertas por gramíneas. Vegetação de Transição ou de Contato Savana/Floresta Ocupa 19.599,3 km² ou 8% do Estado. Este grupo de formações ocorre nas áreas de contato entre as Savanas e as diferentes formações florestais. Não chegam a apresentar a biomassa e o porte das Florestas Ombrófilas, mas sua estrutura é florestal. O grau de umidade é maior que o das savanas e o porte sensivelmente maior que estas. No alto de elevações (serras e platôs), essa floresta tem caráter semidecidual e forma dois estratos distintos, o mais alto com cerca de 20 m de altura. Espécies arbóreas desta formação são paineiras Chorysia pubiflora., Huberodendrum suaitenia, cajuís Anacardium spruceanum, araticuns Anona ambotay, breu Tetragastris altissima, Rheedia macrophylla, Clarisia racemosa, pau d’óleo Copaifera langsdorfii, jatobá Hymenaea courbaril, garapa Apuleia leiocarpa e astrocaryum aculeatum. Formações Aluviais Pioneiras Ocupam 9.205,3 km² ou 4% do Estado. Crescem sobre diferentes tipos de terrenos sujeitos à inundação e apresentam diversas fisionomias. As principais categorias são: Buritizais, dominados pela palmeira Mauritia flexuosa; Arbórea, onde ocorrem árvores como a ucuúba Virola surinamensis, Symphonia globulifera e triplaris spp, além de buritis esparsos; Arbustiva, que ocorre nas áreas de aluvião mais recente, colonizadas por espécies lenhosas de pequeno porte e gramíneas; e Herbácea, que também ocorre em áreas de aluvião recente, passando maior parte do ano alagadas. São colonizadas por gramíneas aquáticas como canaranas

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Hymenachne aplexicaule, arroz-bravo Oryza perennis etc. A região do Vale do Guaporé, no sul de Rondônia, apresenta grande heterogeneidade de formações vegetais devido ao complexo ciclo de cheias anuais e deposição / erosão de sedimentos. São identificáveis as formações aluviais pioneiras dominadas por gramíneas e ciperáceas, as formações aluviais dominadas por buritis Mauritia flexuosa, juntamente com algumas espécies arbóreas associadas e as formações pioneiras arbustivas dominadas por sarãs Alchornea sp. E cambarás Vochysia divergens, que se desenvolvem em áreas de deposição de sedimentos arenosos. Umirizal Ocupa 571,1 km² ou menos de 1% do Estado. Localiza-se nas áreas de aluviões das Bacias dos rios Madeira e Guaporé (municípios de Porto Velho e Pimenteiras d’Oeste), crescendo sobre solos pobres, maldrenados e rasos. Apresenta um dossel relativamente denso, de 5 a 10 metros de altura e um sub- bosque fechado de pouca visibilidade, com muitos cipós e arbustos da família Melastomataceae (Tococa spp. e Mayeta guianensis). Esta formação pode ser inundada durante o período chuvoso, sendo dominada por poucas espécies, como Qualea retusa, o umiri Humuria balsamifera, Saccoglotis guianensis e Ilex innundata. Campinarana ou Campina de Areia Branca É uma formação não florestal que ocorre em manchas pequenas e dispersas por toda a Amazônia. Em Rondônia, ocupa uma área de apenas 41 km², no município de Guajará-Mirim. Cresce sobre solos muito pobres de areia branca e apresenta muitas espécies endêmicas, embora algumas também ocorram nas Savanas e outras áreas não florestais. Espécies Ameaçadas O Brasil possui 462 espécies de árvores ameaçadas de extinção, correspondendo a uma porcentagem bastante considerável das espécies brasileiras. Destas, várias ocorrem em Rondônia, onde são ameaçadas pela exploração madeireira e pela destruição de seu habitat, especialmente pela expansão da pecuária e da agricultura de larga escala. Algumas espécies ameaçadas, como a cerejeira Torresia acreana, o mogno Sweetenia macrophylla, o cedro Cedrela odorata e a castanheira Bertholletia excelsa têm ampla distribuição na Amazônia, sendo consideradas “vulner|veis”. Outras espécies ameaçadas encontradas em Rondônia, e na mesma situação, são as abioranas Pouteria cicratricata e Pouteria pachypylla, o tauari Couratari guianensis, e Licania conferruminata. Situação mais grave é a de algumas espécies encontradas apenas em poucas localidades de Rondônia. A abiorana Pouteria pallens é conhecida apenas de uma coleta feita nas proximidades de Porto Velho em 1963, nunca mais tendo sido encontrada. É considerada criticamente em perigo de extinção. O jequitibá ou tauari Cariniana penduliflora é conhecido apenas de Mutum-Paraná, também sendo 52 ARC FISTER NOVEMBRO DE 2012

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considerado criticamente em perigo devido ao desmatamento da região. Uma espécie próxima, Cariniana Kuhlmanii, é uma espécie de savana encontrada, até hoje, apenas na região dos Campos de Urupá, sendo também considerada criticamente em perigo devido à destruição de seu habitat pela expansão da fronteira agrícola.

2.2.8. Fauna A região delimitada pelos rios Madeira e Beni a oeste, Amazonas ao norte, Tapajós a leste e pelos cerrados do Brasil Central ao sul, é considerada um dos “Centros de Endemismo” para espécies florestais da Amazônia, segundo estudos baseados nas distribuições geográficas de aves, lagartos e borboletas. Isto significa que a região possui espécies animais endêmicas desta parte da Amazônia. As espécies endêmicas representativas são os primatas Callicebus brunneus, Callicebus moloch (sauás), Aotus nigriceps (macaco-da noite) e Chiropotes albinasus (cuxiú), o cujubi Pipile cujubi nattereri, a tiriva Pyrrhura perlata (rhodogaster) e o araçari Selenidera gouldii. Um centro de endemismo similar é delimitado ao sul pelo rio Madeira, confronta-se ao norte com o rio Solimões e estende-se a oeste até o Peru. Da mesma forma que a anterior, essa região marca os limites da distribuição de várias espécies endêmicas, como os primatas Callimico goeldi, Callicebus caligatus e Saguinus labiatus, o araçari Selenidera reinwardtii, o jacamim Psophia viridis e a choca Rhegmatorhina hoffmansi.

Segundo Baraúna (2001), além destas grandes regiões zoogeográficas (norte e sul do rio Madeira), os trabalhos da 2ª Aproximação do Zoneamento Socioeconômico-Ecológico de Rondônia procuraram definir regiões zoogeográficas mais específicas para o Estado, com base em diversos grupos animais.

Levantamentos da ictiofauna mostraram-se adequados para a identificação de unidades geográficas com comunidades biológicas distintas, apresentando um grau de resolução diferente em comparação com os diversos grupos de vertebrados terrestres. Assim, para peixes, foram identificadas 7 unidades zoogeográficas concordantes com bacias e sub-bacias hidrográficas (Madeira, Pacaás-Novos, Guaporé, Serra do Parecis, afluentes de bacias do Mato Grosso, afluentes de bacias do amazonas, rios de águas brancas). Do ponto de vista conservacionista, deve ser realçada a presença de uma comunidade rica em espécies aparentemente endêmicas, nos córregos da serra dos Parecis e região sudeste do Estado. Outra área importante do Estado, em termos de espécies de distribuição restrita, é a bacia dos Pacaás-Novos.

Levantamentos enfocando abelha, herpetofauna, avifauna e mastofauna (ou seja, grupos terrestres) identificaram outras unidades zoogeográficas. Os mamíferos apresentaram maior poder de resolução para identificação de unidades distintas. 53 ARC FISTER NOVEMBRO DE 2012

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Com base, principalmente neste grupo, foram identificadas 6 regiões zoogeográficas em Rondônia(figura 11):

ZZ1: A região do Estado ao norte do rio Madeira (divisor biogeográfico bem conhecido), com comunidades de abelhas, herpetofauna, aves e mamíferos distintos. Espécies características são os primatas Aotus nigriceps, Callicebus, Callimico goeldi, Cebuella pygmaea e Saguinus labiatus;

ZZ2: A planície de inundação do rio Guaporé, com herpetofauna, avifauna e mastofauna, característica com forte influência do Pantanal Matogrossense. Espécies representativas são o cervo-do pantanal, Blastocerus dichotomus, o jacaré Caiman yacare e o tuiuiú Jabiru mycteria;

ZZ3: A região dos cerrados e matas ciliares do sudeste do Estado, com fauna típica de aves e mamíferos (por exemplo o lobo-guará Chrysocyon brachyurus, o bugio- preto Alouatta caraya e a gralha Cyanocorax cristatellus);

ZZ4: Localiza-se na região oeste do rio Machado, ao sul da Serra dos Pacaás-Novos e ao norte da planície de inundação do rio Guaporé. Essa área confunde-se, em parte, com a ZZ6 na região da Serra dos Parecis. Uma espécie característica é o primata Callicebus moloch:

ZZ5: A região situa-se a oeste do rio Machado, leste do rio Mamoré, sul do rio Madeira e ao norte da Serra dos Pacaás-Novos. Uma espécie característica é o primata Callicebus brunneus;

ZZ6: A área a leste do rio Machado ou Jí-Paraná, com limites imprecisos no sul do Estado (Vilhena e Serra dos Parecis). Espécie características são os primatas Callithrix nigriceps, Callicebus cinerascens e Chiropotes albinasus.

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Figura 11 - Mapa Zoogegráfico do Estado de Rondônia

As florestas de Rondônia estão entre as mais ricas em espécie de aves e borboletas na Amazônia brasileira, com listagens maiores do que 350 e 1.000 espécies, respectivamente, obtidas em algumas localidades em intervalos relativamente curtos (p. ex. Parque Estadual Guajará-Mirim, Reserva Biológica Jaru e Cacaulândia). Um levantamento realizado em Cachoeira Nazaré (bacia do rio Machado, ZZ6) ao longo de 1 ano de trabalhos intermitentes, encontrou 459 espécies de aves, sendo uma nova para a ciência (o formicarídeo Clytoctantes atrogularis, conhecido por um único exemplar). Um levantamento conduzido na última década, em Cacaulândia, encontrou mais de 1700 espécies de borboletas, com cerca de 200 espécies novas. Foi encontrado na mesma localidade um total de 363 espécies de aves, observadas em uma área relativamente pequena, de 2.000 ha.

Enquanto Cachoeira Nazaré representa a segunda localidade com maior diversidade de espécie de aves no país, Cacaulândia é a primeira em número de espécies de borboletas no Brasil e uma das mais ricas no Neotrópico. Considerando que há um aumento de diversidade de leste para oeste (localidades com mais de 550 espécies de aves são comuns na Amazônia Peruana) espera-se que as regiões zoogeográficas 4 e 5, onde se insere boa parte das unidades de conservação do Estado, sejam ainda mais ricas do que Cachoeira Nazaré.

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Rondônia apresenta várias espécies animais consideradas ameaçadas de extinção em nível global ou nacional. As principais causas da ameaça são a caça, que vitima principalmente as espécies maiores utilizadas para a alimentação ou no comércio ilegal de peles e animais de estimação, e a destruição do habitat, que vitima a todas indistintamente. Várias espécies ameaçadas encontradas em Rondônia têm distribuição relativamente ampla no país, embora esta esteja sendo reduzida cada vez mais. Entre estas encontram-se a onça-pintada Panthera onca, a ariranha Pteronoura brasiliensis, o gama Ozotocerus bezoarticus, o cervo Blastocerus dichotomus, o tatu-canastra Priodontes maximus, o gavião-real ou uiraçu Harpia harpija, a arara-azul Anodorhynchys hyacinthinus e a maracanã propyrrhura maracana.

Outro grupo de espécies tem distribuição restrita à Amazônia, embora sejam encontradas em outros Estados além de Rondônia. Entre estas encontram-se jacaré-açu Melanosuchus niger, o tracajá Podocnemis unifilis, macaco-aranha ou quatá Ateles chamek, o cuxiú Chiropotes albinasus, o macaco barrigudo Lagothrix cana, o sagui Mico nigriceps, o mico callimico goeldi, o boto-rosa Inia geoffrensis, o peixe-boi Trichecus inunguis, o cachorro-do-mato-de-orelha-curta Atelocynus microtis, a ararajuba Guaruba guarouba, o mutum-fava crax globulosa, a choca Rhegmatorhina hoffmannsi e o furnarídeo Synallaxis cherriei. O mutum-fava, uma espécie restrita às florestas das vérzeas dos grandes rios, pode estar extinto no Estado, já que não existem registros nos últimos anos.

A única espécie ameaçada restrita a Rondônia é a choca Clytoctantes atrogularis, uma pequena ave florestal conhecida apenas de um único indivíduo coletado em Cachoeira Nazaré, às margens do rio Ji-Paraná, durante levantamentos feitos por uma equipe do Field Museum de Chicago para subsidiar a construção de uma hidrelétrica na região pela Eletronorte.

Esta lista está longe de ser completa, já que os levantamentos faunísticos realizados em Rondônia foram em sua maioria superficiais ou, quando intensivos, restritos a poucas localidades como Cachoeira Nazaré e o Parque Estadual Guajará- Mirim. Por exemplo, praticamente nada se sabe sobre a fauna dos cerrados do Estado, especialmente as áreas relituais encontradas nos altos das serras onde existe alta probabilidade de serem encontradas espécies novas e endêmicas.

2.3. ASPECTOS HISTÓRICOS

O histórico do processo de ocupação da Região Amazônica e, particularmente do Estado de Rondônia, está relacionado não só aos ciclos econômicos que se sucederam nessas áreas (sertanismo de contrato - século XVII; mineração do ouro – século XVIII; borracha natural - final do século XIX à década de

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40 século XX; cassiterita – década de 50 à 70; agropecuária – década de 70 em diante), mas, principalmente, pelas políticas governamentais que visavam a garantir a integridade da “unidade nacional”. Além disso, durante os governos militares na Segunda metade do século passado, a região foi considerada como “território de segurança nacional”. A formação do Estado de Rondônia teve início no século XVIII, com a entrada dos bandeirantes, em 1776, em busca de mão-de-obra indígena, ouro, pedras preciosas e especiarias. A descoberta de ouro no alto Paraguai fez surgirem as primeiras povoações no alto Guaporé. No século seguinte, em 1877, ocorre o primeiro grande movimento migratório, com os nordestinos, em virtude da grande seca de 77 e atraídos pela exploração da borracha natural, impulsionada pelo advento da Revolução Industrial. No século XX, com início das obras da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, em 1907, constituíram-se diversos núcleos populacionais ao longo do eixo da ferrovia entre Porto Velho é Guajará-Mirim. Na década de 50, a descoberta de jazidas de cassiterita deu novo impulso à economia rondoniense. A exploração exclusivamente manual, com utilização intensiva de mão-de-obra, estimulou o crescimento da população. O governo cria oficialmente vários territórios, e dentre eles o Território Federal do Guaporé, que em 1956 passa a se chamar Território Federal de Rondônia, transformado em Estado de Rondônia, em 1981. Contudo, tomaremos como referência para esse estudo, dados demográficos a partir da década de 60. O incremento populacional intensifica-se na década de 70, então Território de Rondônia, com a abertura de vias de comunicação com o Centro-Oeste e a implementação de projetos de assentamentos do INCRA. Até a década de 60, as migrações e assentamentos humanos em Rondônia se concentravam ao longo das vias de transporte fluvial. A abertura de BR-364, que liga Cuiabá (MT) a Porto Velho (RO), no Governo Kubitschek, transforma profundamente os padrões de ocupação da região, possibilitando a ocupação de todo o sudoeste amazônico. A partir da década de 70, observa-se a rápida expansão de áreas urbanas, principalmente ao longo do eixo da BR-364, deslocando o eixo econômico do Estado do Vale do Madeira-Guaporé para a região do Vale do Ji- Paraná. A disponibilidade de terras férteis e baratas em Rondônia e a implantação de programas de fixação de agricultores no campo a partir da década de 70, aliadas à exploração mineral, impulsionaram uma explosão demográfica no Estado. Nos anos 70, a elevada oferta gerou um grande fluxo de migrantes, principalmente pequenos agricultores deslocados pela mecanização do Centro-Sul, atraídos pela possibilidade de se transformarem em proprietários das terras e confiantes no apoio governamental.

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Segundo estimativas oficiais a população passa de aproximadamente 112.000 habitantes em 1970, para 492.000 habitantes em 1980. A taxa anual de crescimento entre 1960 e 1970 foi de 4,76%; de 1970 a 1980, de 16,2% e de 1980 a 1991, de 7,89%. Esses valores indicam níveis expressivamente acima da média nacional, caracterizando o acelerado processo de ocupação no Estado. Nas décadas de 60 e 70, a participação da população urbana na população total de Rondônia equiparava-se à média brasileira. A partir da década de 80, esse índice apresenta valores acentuadamente inferiores à média nacional, ficando a diferença média entre eles em torno de 15%. Em 1980, participação da população urbana na população total de Rondônia era de 47%, enquanto a taxa brasileira atingia 67%, configurando a maior diferença entre eles. Contudo, observa-se que a taxa da participação da população urbana na população total de Rondônia mantém-se superior à média da Região Norte para o mesmo período. Percebe-se uma tendência à urbanização da população estadual, o que demandará uma maior disponibilidade de acesso a serviços coletivos, tais como educação e saúde. Em 1960, a população de Porto Velho correspondia a aproximadamente 73% da população do Estado de Rondônia, atingindo seu maior índice em 1970 (76%). A partir daí verifica-se uma inflexão nessa taxa, chegando a 24%, segundo os dados do Censo Demográfico de 2000. Observa-se que a participação de Porto Velho sobre as demais unidades, regional e nacional, apresenta taxas praticamente constantes, não apresentando grandes variações. Já a partir de 2008/09 com o inicio das especulações sobre a construção de duas usinas hidrelétricas o crescimento

2.3.1. Primórdios do Município de Porto Velho

Porto Velho foi criada por desbravadores por volta de 1907, durante a construção da Estrada de Ferro Madeira- Mamoré. Em plena Floresta Amazônica, e inserida na maior bacia hidrográfica do globo, onde os rios ainda governam a vida dos homens, atualmente é a Capital do estado de Rondônia. Situando-se a margem direita do rio Madeira, o maior afluente da margem direita do rio Amazonas. Desde meados do sec. XIX, nos primeiros movimentos para construir uma ferrovia que possibilitasse superar o trecho encachoeirado do rio Madeira (cerca de 380km) e dar vazão à borracha produzida na Bolívia e na região de Guajará Mirim, a localidade escolhida para construção do porto onde o caucho seria transbordado para os navios seguindo então para a Europa e os EUA, foi Santo Antônio do Madeira, província de Mato Grosso.

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As dificuldades de construção e operação de um porto fluvial, em frente aos rochedos da cachoeira de Santo Antônio, fizeram com que construtores e armadores utilizassem o pequeno porto amazônico localizado 7km abaixo, em local muito mais favorável. Em 15/01/1873, o Imperador Pedro II assinou o Decreto-Lei nº 5.024, autorizando navios mercantes de todas as nações subirem o Rio Madeira. Em decorrência, foram construídas modernas facilidades de atracação em Santo Antônio, que passou a ser denominado Porto Novo. O porto velho dos militares continuou a ser usado por sua maior segurança, apesar das dificuldades operacionais e da distância até S. Antônio, ponto inicial da EFMM. Percival Farquar, proprietário da empresa que afinal conseguiu concluir a ferrovia em 1912, desde 1907 usava o velho porto para descarregar materiais para a obra e, quando decidiu que o ponto inicial da ferrovia seria aquele (já na província do Amazonas), tornou-se o verdadeiro fundador da cidade que, quando foi afinal oficializada pela Assembléia do Amazonas, recebeu o nome Porto Velho. Hoje, a capital de Rondônia.

2.4. USO E OCUPAÇÃO DO SOLO

A expansão da fronteira agropecuária em Rondônia, teve início a partir de 1970 com a implantação dos Projetos de Colonização Oficial do Governo Federal, gerenciados pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), alterando a maior parte da estrutura de posse e uso da terra por meio da substituição de grandes áreas de seringais nativos por um novo contexto fundiário, inserindo a fronteira agrícola no sistema produtivo nacional. Os principais fatores que caracterizaram o tipo de ocupação que ocorreu em Rondônia entre 1970 e 1990 foram: • O aumento da ocupaç~o rural pela atividade agropecu|ria, refletindo o abandono do padrão típico Amazônico que era característico até 1960, provocando uma explosão da exploração predatória do extrativismo vegetal com corte raso das florestas para o preparo da área e exploração de madeiras de lei (madeiras nobres); • Formaç~o de um eixo econômico ao longo da BR-364, na parte central do Estado, com a perda da importância da ocupação ribeirinha. Ganham importância as cidades surgidas em função dos Projetos de Colonização, como Ouro Preto, Cacoal, Jaru, Rolim de Moura e Ariquemes;

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• H| um avanço sobre o Vale do Guaporé no sentido de Costa Marques, via BR-429 com o surgimento de novos núcleos populacionais; • A partir de 1985, inverte-se o fluxo com os migrantes, que passam a procurar mais as áreas urbanas e a ocupação no setor secundário e terciário da economia; • A |rea ocupada com imóveis rurais que correspondia em 1970 a 7% atinge em 1991 cerca de 57% da área territorial de Rondônia.

Os municípios de Nova Mamoré e de Porto Velho são os que mais concentram famílias assentadas pelo INCRA nesta porção do estado de RO. Está em implantação nestes dois municípios o modelo de assentamento baseado em uma nova modalidade de concepção no uso e manejo dos recursos naturais denominado de Projeto de Assentamento Florestal (PAF). Embora o modelo seja inovador e contextualizado do ponto de vista socioeconômico e ambiental, na prática há sérias limitações para o seu êxito: o perfil sociocultural dos beneficiários destes assentamentos é de pequenos agricultores com tradição no paradigma tradicional baseado na derruba e queima da floresta para a implantação de culturas muito exóticas para a região amazônica como arroz, milho e café. Da mesma forma, os dois municípios supra citados apresentam a maior demanda por terra no Território. A atuação do INCRA em Rondônia deu-se por meio dos Projetos Fundiários, Projetos Integrados de Colonização, Projetos de Assentamento Dirigido, Projetos de Assentamentos Rápido e, mais recentemente, da implantação da política de Reforma agrária.

2.4.1. Agricultura e Pecuária

No que tangue à agricultura, Porto Velho se destaca na produção de Mandioca, sendo o 1º colocado no ranking da produção estadual em 2009, também se destaca na produção de Banana, sendo o 3º colocado no ranking da produção estadual em 2009. No entanto, nas demais culturas, o município não possui destaque. Por outro lado devemos ressaltar aqui o alvorecer da agroindústria no município, que nos últimos anos vem se desenvolvendo, embora ainda timidamente. Quanto à pecuária, Porto Velho ocupa o 1º lugar no ranking estadual do número total de bovinos, no entanto devemos destacar a importância que o distrito de Extrema tem para tal. Como o mencionado distrito, recentemente em 2010, através de plebiscito popular adquiriu emancipação política, ganhando o direito de transformar-se em município, este número total de gados deverá sofrer alterações.

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Ainda no que tange à pecuária, Porto Velho também ocupa a primeira posição no ranking de bovino de corte, no entanto quando analisamos os dados do rebanho leiteiro, o município amarga a 30ª posição no ranking estadual. Devemos aqui ressaltar a grande importância que os distritos de Jacy- Paraná, Nova União Bandeirantes, Mutum-Paraná e o distrito de Extrema e região (incluindo-se Nova Califórnia e Vista Alegre do Abunã) exercem sobre os números da produção agropecuária de Porto Velho.

2.4.2. Extrativismo Devemos ressaltar aqui a aptidão florestal do município, sendo que esta não vem sendo explorada, desperdiçando toda sorte de produtos que poderiam ser reutilizados na produção de bio-jóias, óleos e cosméticos. A atividade madeireira toma conta da economia local, sendo que esta atividade deveria ser consorciada a outras atividades de cunho sustentável. A tabela 4 ilustra os números levantados pelo Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável (PTDRS, 2012).

Tabela 4 - Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura em Porto Velho. Fonte: PTRDS, 2012.

Produto Açaí Castanha Palmito Látex Madeira Copaíba Coagulado em tora Unidade Toneladas Toneladas Toneladas Toneladas M3 Toneladas Quantidade 139 1701 10 23 374.655 2 R$ Total 160.000 1.956.000 23.000 48.000 56.198.000 34.000

2.4.3. Atividades Industriais

A atividade industrial em Rondônia ainda é bastante incipiente. Os ciclos de extrativismo minero-vegetal por que passou a economia do estado não implicou o surgimento de um setor de transformação de produtos primários. Entretanto, o processo de colonização estimulou a construção civil, de vez que a migração provocou a demanda por obras públicas e o crescimento do mercado habitacional, mormente com a chegada de servidores públicos para compor os quadros institucionais. Além do segmento da construção civil, as atividades do setor secundário abrangem ainda o segmento madeireiro, e seu desdobramento na indústria moveleira, e a mineração, principalmente após a criação da Província Estanífera de Rondônia. Acompanhando esse processo, vem se desenvolvendo a indústria de alimentos, setor que vem ganhando relevo a ponto de ser atualmente, segundo a FIERO (1997), o primeiro colocado em quantitativo de empresas (NASCIMENTO, SANTOS E SILVA, 2012, p.27)

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O Distrito Industrial localizado em Porto Velho, mas administrado pelo estado de Rondônia passa por um momento de crescimento nunca visto antes. O Conselho de Desenvolvimento de Rondônia (Conder) reuniu- em Porto Velho, e aprovou a cessão de áreas para sete novas empresas no Distrito Industrial da capital. Entre as novas empresas, estão uma indústria gráfica de Porto Velho; uma indústria de móveis de Florianópolis; uma fábrica de equipamentos agrícolas de Porto Velho; uma transportadora de porte nacional, de São Paulo; uma fábrica de bebidas de Ariquemes, que irá envasar água mineral e uma indústria de panificação de Porto Velho. Além dessas empresas, será instalada uma recicladora de pneus da capital, que atuará na transformação de pó de borracha reciclada em diversos produtos, de maneira ambientalmente sustentável. Esta última acrescenta ganhos ambientais significativos, principalmente se somada ao investimento feito pela marca Dydyo para reclicar, injetar e envasar garrafas PET no Distrito Industrial, contribuindo com a retirada de toneladas de plástico da cidade e dos igarapés do próprio PNMPV como pudemos constatar em nossas pesquisas de campo.

2.4.4. Infraestrutura Urbana e Serviços Públicos

O Município de Porto Velho atualmente encontra-se em um novo momento sócio-econômico em decorrência do empreendimento relativo ao inicio em 2008 da construção das Usinas Hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau e das obras do PAC – Programa de Aceleração do Crescimento, que objetivam melhorar a infra-estrutura urbana dos Municípios como medida mitigadora dos impactos dos Empreendimentos citados (Porto Velho, 2009). Dentre as obrar programadas então investimentos como: mais de 400 quilômetros de asfalto na capital e distritos entre 2011 e 2012; construção de Unidades de Pronto Atendimento e ampliação da rede de Água e Esgoto e; construção de escolas e creches.

2.5. CARACTERISTICAS DA POPULAÇÃO DE PORTO VELHO

2.5.1. Aspectos Demográficos

O município de Porto Velho, a partir de 2007, passou a configurar como um dos principais canteiros de obras do Brasil. Contemplado pelo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), a cidade sofreu transformações marcantes em seu espaço físico e social em um curto intervalo de tempo.

Não obstante a isto, outro impacto veio a ser percebido fruto do novo ciclo migratório criado. Trabalhadores de diversas regiões do país migraram para Porto 62 ARC FISTER NOVEMBRO DE 2012

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Velho em busca de oportunidades, buscando ocupar postos no mercado de trabalho local, nos canteiros de obra das UHE, também vieram para a região empresários que migraram seus negócios de outros estados para cá, ou aqui abriram filiais.

Embora a estimativa da população 2009 do IBGE tenha previsto uma população de cerca de 382.829 habitantes, devemos ressaltar que o censo 2010 mostrou uma população de aproximadamente 428.527 habitantes.

Segundo o Censo do IBGE (2010), a taxa de crescimento populacional (2000/2010) no Brasil foi de 1,17/ano. A região que apresentou a maior taxa de crescimento foi a região Norte, com 2,09/ano, quase duas vezes maior que a taxa nacional. O estado de Rondônia obteve a taxa de 1,24/ano, enquanto que o município de Porto Velho, 1,27/ano. A partir dos dados, observa-se que o município de Porto Velho acompanha o padrão de crescimento do estado e do país.

Tabela 5 - População residente por região administrativa e sexo - Porto Velho – 2010. Fonte IBGE 2012.

Discriminação Total Sexo Homem Mulher Total 428.527 217.618 210.909 Urbana 390.733 193.768 196.965 Rural 37.794 23.850 13.944

Tabela 6 - Densidade demográfica, taxa de crescimento anual e participação percentual na área e população do Estado-Porto Velho – 1996/2000/2010. Fonte: IBGE, 2012.

Ano Densidade Demográfica Taxa de Crescimento % (hab/km²) % Área População 1996 9,78 . . . 14,34 23,91 2000 9,82 3,27 14,34 24,25 2010 12,57 14,34 27,42

Tabela 7 - Número de seções eleitorais e eleitores de Porto Velho - 2006. Fonte: IBGE 2012

Ano Seção Eleitores Total 2006 678 239.787

A população residente em Porto Velho é em torno de 428.526 habitantes com predomínio do sexo Masculino (50,78%), conforme estimativa do CENSO 2010

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(Tabela 8). A característica da população alterou mudanças em apenas um ano onde o CENSO 2009 apontava o sexo Feminino como predominante com 50,82%.

Tabela 8 - Censo Demográfico 2010: Características da população. Fonte: IBGE, 2010 FAIXA ETÁRIA Masculino Feminino Pop. Total 0 a 4 anos 18.236 17.064 35.300 5 a 9 anos 18.682 17.718 36.400 10 a 14 anos 21.240 20.016 41.256 15 a 19 anos 20.953 20.875 41.828 20 a 24 anos 23.568 22.746 46.314 25 a 29 anos 22.595 21.742 44.337 30 a 39 anos 35.865 35.490 71.355 40 a 49 anos 27.242 26.518 53.760 50 a 59 anos 17.428 16.176 33.604 60 a 69 anos 7.428 7.576 15.004 70 anos ou mais 4.380 4.988 9.368 TOTAL 217.617 210.909 428.526

Devido ao elevado fluxo de pessoas as poucas escolas particulares encontram-se praticamente sem vagas, tornando as escolas públicas uma segunda opção para os novos entrantes à capital. Segundo o IBGE Censo 2009, considerando a soma das matrículas das escolas públicas e privadas, foram registradas 78.697 matrículas referente ao ensino fundamental, 13.132 matrículas do ensino médio e 10.665 ensino pré-escola. Quanto à Universidade, Porto Velho possui uma universidade Pública – UNIR e as seguintes faculdades particulares: Faculdade São Lucas, FARO, FATEC, FIMCA, FIP, Universidade Católica de Rondônia, UNIRON, ULBRA, Instituto Metodista da Amazônia e algumas Faculdades a distância com cursos virtuais. O crescimento populacional ocorrido em Porto Velho foi considerado acima da média nacional, afetando diretamente a situação da saúde na capital. Como as unidades médicas não estavam preparadas para essa elevada demanda, houveram lotações nos postos de saúde e hospitais, tornando caótico o sistema de saúde. Com a compensação financeira das empresas construtoras das Usinas Hidrelétricas, a realidade da saúde melhorou. Construções de Unidade de Pronto Atendimento (UPA 24h) foram realizadas, reforma de hospitais e construção de um centro de especialização que recebe pacientes com agendamento online diretamente das unidades de saúde.

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Tabela 9 - Estabelecimentos de Assistência à Saúde em Porto Velho/RO 2012. Fonte: Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde - CNES Estabelecimentos Quantidade Total 102 Unidade de Saúde da Família 13 Posto de Saúde 24 Centro de Saúde/ Unidade Básica 8 Policlínica 5 Consultório Isolado - Unidade Móvel Terrestre 1 Clínica Especializada/ Amb. de Especialidade 4 Unidade de Vigilância Sanitária/Epidemiologia 1 Unidade de Apoio Diagnose e Terapia (SADT isolado) 29 Unidade Mista - Pronto Socorro Geral 1 Pronto Socorro Especializado 1 Hospital Geral 13 Hospital Especializado 2

Na tabela 10 verifica-se que a maior parte dos Leitos existentes em Porto Velho podem ser utilizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Dos leitos da capital 70,66%, tanto privados quanto públicos, são utilizados pelo sistema de Saúde pública e somente 29,33% são leitos privados e não disponibilizados ao SUS.

Tabela 10 - Distribuição dos leitos existentes e participação no total de Porto Velho/RO 2012 Fonte: Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde - CNES Estabelecimentos Quantidade Total % Total 992 100 SUS 701 70,66 Não SUS 291 29,33

2.5.2. Manifestações Socioculturais

Porto Velho é a síntese da diversidade cultural do Estado de Rondônia e demonstra seu pluralismo através de seu calendário de festas, onde se destacam os festejos de Carnaval com a tradicional Banda do Vai Quem Quer, fundado no ano de 1981 por Manoel Mendonça, o Manelão, e que reúne mais de 100mil pessoas nas ruas da Capital de Rondônia durante os festejos de Carnaval. Ainda pode-se encontrar vários outros atrativos culturais em Porto Velho como:

. Centros culturais: Casa de Cultura Ivan Marrocos, para exposições diversas.

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. Teatro: Teatro Municipal Banzeiros, Teatro do SESC e Teatro do SEST-SENAT.

. Salas de Cinema: oito salas de cinema, sendo o Cine Rio, Cine Veneza e Cine Araújo (5 salas Multiplex no Porto Velho Shopping).

. Museus: Museu da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré.

. Shoppings: Porto Velho Shopping, com 150 lojas, 3 andares e cinco salas de cinema;

. Leitura: Biblioteca municipal, bibliotecas em várias instituições de ensino, tanto superior quanto médio, livrarias como Exclusiva, Nobel e Dimensão e sebos como Carlos Gomes e Revistaria Central.

. Calendário de eventos anuais: Expovel é a festa agropecuária de Porto Velho, que se inicia com uma grande cavalgada; a peça "O homem de Nazaré", encenada na cidade cenográfica Jerusalém da Amazônia; o festival de música independente chamado Festival Casarão; Micaretas (carnavais fora de época), sendo a principal o Bloco Maria Fumaça; o Arraial Flor do Maracujá, o maior da cidade.

. Culturas populares e folclóricas são oriundas de todas as partes do Brasil e de outros países, trazidas com os imigrantes.

. Bares e casas de Shows.

2.6. LEGISLAÇÃO PERTINENTE

Em apoio à implementação da gestão do PNMPV de maneira efetiva, apresentamos abaixo a legislação pertinente, sugerindo a criação de um Sistema Municipal de Unidades de Conservação, em apoio a criação de outras unidades.  Constituição Federal de 1988 no Título VIII – Da Ordem Social, arts. 23º e 24º;  Constituição Federal de 1988 em seu Capítulo VI – Do Meio Ambiente, art. 225º e parágrafos;  Constituição Estadual promulgada em 28 de setembro de 1989 e alterações até nº 80/2012, em seu capítulo II – Da Competência do Estado, em seus itens XV e XVI;  Constituição Estadual promulgada em 28 de setembro de 1989 e alterações até nº 80/2012, Art. 9º, item VI, VIII, XII;  Constituição Estadual promulgada em 28 de setembro de 1989 e alterações até nº 80/2012, Art. 154º;

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 Constituição Estadual promulgada em 28 de setembro de 1989 e alterações até nº 80/2012, Art. 157º;  Constituição Estadual promulgada em 28 de setembro de 1989 e alterações até nº 80/2012, em sua Seção II – Da Política Urbana, Art. 158º item V;  Constituição Estadual promulgada em 28 de setembro de 1989 e alterações até nº 80/2012 em sua Seção III – Da Política Agrícola arts. 162º item VIII e 166º;  Constituição Estadual promulgada em 28 de setembro de 1989 e alterações até nº 80/2012, em sua Seção IV – Da Política Fundiária, Art. 168 item V e VIII;  Constituição Estadual promulgada em 28 de setembro de 1989 e alterações até nº 80/2012, em sua Seção V – Da Política Industrial, Art. 180 parágrafo 2º e art. 181º item III;  Constituição Estadual promulgada em 28 de setembro de 1989 e alterações até nº 80/2012, em sua Seção VI – Dos Recursos Minerais, Art. 182 parágrafo 1º;  Constituição Estadual promulgada em 28 de setembro de 1989 e alterações até nº 80/2012, em sua Seção V – Da Política Industrial, Art. 180 parágrafo 2º e art. 181º item III;  Constituição Estadual promulgada em 28 de setembro de 1989 e alterações até nº 80/2012, em sua Seção VII – Do Turismo, Art. 185 item III;  Constituição Estadual promulgada em 28 de setembro de 1989 e alterações até nº 80/2012, em sua Seção V – Do Meio Ambiente, arts. 218º à 232º;  Constituição Estadual promulgada em 28 de setembro de 1989 e alterações até nº 80/2012, em sua Seção V – Da Saúde Art. 236º item II, art. 238º item II;  Constituição Estadual promulgada em 28 de setembro de 1989 e alterações até nº 80/2012, em Título I – Da Organização do Estado, Capítulo I – Disposições Preliminares, art. 6º paragrafo 4º;  Lei Orgânica do Município de Porto Velho assinada em 26 de junho de 1990, art. 23;  Lei Orgânica do Município de Porto Velho assinada em 26 de junho de 1990, Subseção III – Das Leis art. 65 parágrafo 4º item VIII;  Lei Orgânica do Município de Porto Velho assinada em 26 de junho de 1990, Seção III – Do Saneamento Básico art. 153º item II;  Lei Orgânica do Município de Porto Velho assinada em 26 de junho de 1990, Seção IV – Da Política Agrícola 154º item IX;  Lei Orgânica do Município de Porto Velho assinada em 26 de junho de 1990, Seção V – Da Política Industrial art. 157 parágrafo único item V;

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 Lei Orgânica do Município de Porto Velho assinada em 26 de junho de 1990, Subseção V – Do Meio Ambiente arts. 212º a 217º;  Decreto Legislativo nº3, de 13 de fevereiro de 1948. Aprova a Convenção para a proteção da Flora, da Fauna e das belezas Cênicas dos Países da América, assinada pelo Brasil, a 27 de dezembro de 1940;  Decreto Federal nº58.054, de 23 de março de 1966. Convenção para a proteção da flora, e das belezas cênicas dos países da América;  Decreto Federal nº76.623, de 17 de novembro de 1975. Convenção sobre o Comércio internacional das Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção (CITES);  Decreto Federal nº80.978, de 12 de dezembro de 1977. Referente a Convenção Relativa à Proteção do Patrimônio Mundial, Cultural e Natural, de 1972;  Decreto Federal nº 2.652, de 1º de julho de 1998. Referente à Convenção- Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima;  Decreto Federal nº 2.519, de 16 de março de 1998, Referente a convenção sobre a Diversidade Biológica (CDB);  Decreto Federal nº 3.607, de 21 de setembro de 2000. Referente a Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção(CITES) e dá outras providências;  Decreto Federal nº 5.705, de 16 de Fevereiro de 2006. Referente ao Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança da Convenção sobre Diversidade Biológica. O Protocolo objetiva contribuir para assegurar um nível adequado de proteção no campo da transferência, da manipulação e do uso seguros dos organismos vivos modificados resultantes da biotecnologia moderna que possam ter efeitos adversos na conservação e no uso sustentável da diversidade biológica, levando em conta os riscos para a saúde humana, e enfocando especificamente os movimentos transfronteiriços;  Decreto Federal Nº 84.017/1979 que regulamenta os parques nacionais;  Lei Federal Nº 6.902/1981 que cria as Estações Ecológicas (EEC) e Áreas de Proteção Ambiental (APAS) – nosso grifo em razão da proposição de extensão do parque até a APA do rio Madeira;  Portaria Normativa IBAMA Nº 208-P/1982 Regula acesso e trânsito de motocicletas e demais veículos no interior de parques federais que não sejam para o uso de fiscalização (reforçamos a constante circulação de motos e bicicletas dentro do PNMPV);  Resolução CONAMA Nº 10/1988 que regula as APAs;

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 Decreto Federal Nº 99.274/1990 regulamenta a Política Nacional de Meio Ambiente – Título II, caps. I e II – Estações Ecológicas e APAs Optamos também por inserir a legislações pertinentes à Educação Ambiental, uma vez que aparece como ponto fraco na análise SWOT do PNMPV, além de outras municipais de interesse:  Lei Federal 9.795/1999 que estabelece a Política Nacional de Educação Ambiental e que a SEDAM reproduz;  Lei Complementar Nº 237 de 23 de dezembro de 2005 que reestruturou a SEMA.

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PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTO VELHO SECRETARIA MUNICIPAL DO MEIO AMBIENTE

ARC CONSULTORIA EMPRESARIAL - FISTER

REVISÃO DO PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE PORTO VELHO

ENCARTE 3 ANÁLISE DA UC

PORTO VELHO 2012

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3. ANÁLISE DA UC

O PNMPV constitui um elemento rural de resistência na porção rural mais próxima do centro urbano que ainda conta com mata protegida. Contribui para a qualidade da água dos moradores do entorno e serve para o lazer, caça e pesca. Estes processos e a presença do seu componente vegetacional expressivo, caracterizado por indivíduos arbóreos de espécies de valor que atingem mais de 35m de altura podem levar a sua exploração, como já sofre com as retiradas de palmitos dos açaizeiros.

3.1. INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE A UNIDADE DE CONSERVAÇÃO

3.1.1. Localização e Limites

O PNMPV está localizado na porção norte do município, zona rural (Figura 12). Dista cerca de 10 Km do centro de Porto Velho e possui como principal via de acesso a avenida Rio Madeira. Porto Velho é a capital do Estado e hoje forte pólo regional de desenvolvimento, devido aos investimentos de construção de duas Usinas Hidrelétricas e uma ponte sobre o rio Madeira ligando o município ao estado do Amazonas. Porto Velho é a capital de estado brasileiro com maior área territorial, 34.068,50 km

Figura 12 - Mapa de localização do PNMPV quanto a Porto Velho em Rondônia.

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O PNMPV é formado por uma figura geométrica quadrada cujo registro é no imóvel GLEBA BELMONT, GLEBA Nº 2, LOTE Nº 2, com área total de 390,8216ha. É uma UC de proteção integral situado na área rural do município de Porto Velho. Pesquisas desenvolvidas na área indicam que o Parque apresenta relevância ecológica (mesmo sendo um fragmento isolado contribui no processo de conservação da biodiversidade em nível local). Também merece destaque a sua importância histórico-cultural, considerando-se os usos da UC (educação ambiental e lazer) ao longo de seu período de funcionamento.

3.1.2. Histórico de Criação do Parque Em 28 de novembro de mil novecentos e oitenta e nove a Câmara Municipal de Porto Velho, criava a Fundação Instituto do Meio Ambiente de Porto Velho (FIMA), através da Lei Municipal n° 849 para atender a crescente demanda ambiental decorrente de inúmeros fatores dentre osquais o crescimento populacional, a forte pressão imobiliária e a expansão urbana. A FIMA teve como objetivo desenvolver os estudos e projetos ambientais, assessorara administração municipal, implantar e desenvolver o PNMPV. Este criado pelo Decreto Municipal nº 3816 de 27 de dezembro de 1989, tendo como principais atividades integrar o lazer público com a consciência de preservação e de conservação da natureza através da educação ambiental (Plano de Manejo 2003). Posteriormente, em 30 de abril de 2001, a Lei Complementar Nº 119 cria a Secretaria Municipal de Meio Ambiente – SEMA como o órgão executivo do Sistema Municipal de Meio Ambiente com a finalidade de coordenar, controlar e executar a política municipal de proteção, controle e restauração do meio ambiente e a educação ambiental (http://www.portovelho.ro.gov.br/sema).

3.2. CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL DA REGIÃO

3.2.1. MEIO FISICO

3.2.1.1. Hidrografia - A Bacia do Igarapé Belmont

O PNMPV está localizado na bacia hidrográfica do Rio Madeira. A área do parque é drenada pelo igarapé Belmont, suas principais nascentes estão dentro do perímetro urbano ou área de expansão do mesmo perímetro. O igarapé Belmont, afluente da margem direita do baixo rio Madeira, esta localizado na Vila Belmont município de Porto Velho-RO, com cerca de 13,5km de extensão. Os formadores de cabeceira encontram-se descaracterizados pela terraplanagem e arruamentos, o que já causou o afogamento dos canais de drenagem de pequenos igarapés, que já estão transformados em canais de esgotos a céu aberto (MENEZES, 2007). Além de vários represamentos, que não obedecem

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a legislação de mananciais, facilmente observáveis por imagens do Google Earth e ou mesmo presencial, como as equipes tiveram oportunidade ver. A bacia do igarapé Belmont vem sofrendo grande pressão com a expansão urbana, apresentando cerca de 45% da sua área alterada (SEMA 2003). Várias de suas nascentes encontram-se dentro do perímetro urbano (Figura 13), estes pequenos corpos d’|gua foram impactados pela terraplanagem e arruamentos, causando o afogamento dos canais de drenagem que posteriormente foram transformados em canais de esgotos a céu aberto (CPRM 1997, Menezes 2007, SEMA 2003). A porção mediana do seu curso está mais preservada onde localiza-se o Parque Natural Municipal de Porto Velho (PNMPV). Este é cortado pelo Igarapé Belmont no sentido Sul – Norte. Do trecho inferior ao Parque até a foz do igarapé Belmont ocorre diversidade de usos de suas águas, desde captação para atividades agrícolas até a criação de suinocultura, avicultura e pecuária, inclusive clubes de lazer e residências para uso de lazer (Menezes 2007).

Figura 13 - Localização do igarapé Belmont, bacia do rio Madeira, Rondônia. (Fonte Araújo, et al 2009).

Na parte urbana da bacia os igarapés formadores desta bacia já estão transformados em esgoto a céu aberto. A oferta de água tratada é precária. A coleta de lixo não é regular e moradores ainda depositam os resíduos domésticos diretamente na calha dos igarapés (MENEZES, 2007)

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Os bairros urbanos inseridos na área de abrangência desta bacia são: Aponiã, Cuniã, Planalto, Teixeira, Tiradentes, Agenor de Carvalho, parte do Embratel, parte do Flodoaldo Pontes Pinto, Industrial, Rio Madeira e Igarapé (CPRM, 1997). Estes bairros abrigam um expressivo contingente populacional em torno de 67.000 habitantes, correspondendo a 21,34 % em relação a 315.653 habitantes do município de Porto Velho (IBGE, 2006). Trata-se de uma frente de expansão urbana bastante significativa que deve ser levada em conta por qualquer processo de gestão da bacia em seu conjunto e principalmente a integridade do Parque Natural Municipal.

3.2.1.2. Clima O clima da região e do tipo tropical chuvoso, com uma estação relativamente seca durante o ano. A temperatura média anual é de 26°C, com média máxima de 32°C e média mínima de 31°C. A precipitação média anual é da ordem de 2.265 mm, distribuída em duas épocas distintas: uma época chuvosa entre novembro e maio, apresentando índices pluviométricos acima de 300 mm mensais, com registros de chuvas superiores a 100 mm em um único dia; e um período de estiagem, entre junho e outubro, com índices pluviométricos mínimos em torno de 36 mm mensais entre junho e agosto (CPRM, 1997 apud MENEZES, 2007).

3.2.1.3. Geologia e Geomorfologia A área urbana de Porto Velho e seu entorno, consequentemente o PNMPV está inserida na unidade geomorfológica denominada Planalto Retrabalhado da Amazônia Ocidental. O contexto geológico da área é representado por coberturas cenozóicas, constituídas por sedimentos fluviais, colúvio-aluviais e flúvio- lacustres, além de lateritos imaturos. Secundariamente, identificam-se litotipos do Complexo Jamari, de idade arqueana a proterozóica superior (APIj), aflorante em algumas corredeiras no rio Madeira e em morrotes residuais na porção migmitizada, controlados pela presença de lateritos maturos e imaturos, de composição granítica-monzonítica, com gnaisses, anfibolitos e localmente granitóides. A evolução do relevo regional, condicionada à atuação vagarosa de processos erosivos, conduziu uma sedimentação expressiva, traduzida na pediplanização atual da morfologia, com uma cobertura cenozóica de depósitos associados a drenagens, lagos e coluviões, submetidos ou não a uma laterização posterior. Sedimentos detríticos mais antigos, de idade pleistocênica, denominados Formação Jaci-Paraná, foram originados a partir de pediplanos antigos, compostos por argila, silte e areia heterogênea incipientemente consolidados, aos quais se associavam um ambiente fluvial meandrante ou entrelaçado, localmente lacustre raso associados ainda a essa idade, constituídos por horizontes concrecionários e mosqueados, oriundos de mudanças climáticas do Pleistoceno (CPRM, 1997 apud MENEZES, 2007).

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3.2.1.4. Solos A caracterização do tipo de solo da bacia do Belmont e consequentemente da região do PNMPV é a mesma descrita para região de Porto Velho por (CPRM, 2011), que apresenta solos do tipo Latossolo, Podzólico, Concrecionários e solos Glei (Figura 14). Os latossolos, amplamente dominantes na área abrangida, são bastante intemperizados, constituídos por minerais derivados da argila, caolinita, gipsita, minerais amorfos e sesquióxidos de ferro e alumínio. Possui uma boa drenagem, favorecendo o desenvolvimento dos sistemas radiculares. Porém são ao mesmo tempo resistentes à erosão. Distinguem-se dois tipos de latossolos: latossolos vermelho- amarelos distróficos e latossolos amarelos distróficos. Os primeiros, dominantes e presente à leste do rio Madeira, geralmente são solos argilosos, bem drenados, ácidos, álicos, enquanto que os últimos são caracterizados pelo conteúdo de caolinita e hidróxido de alumínio e drenagem menos eficiente. São solos pobres em nutrientes, de baixa fertilidade e ricos em nódulos lateríticos. Os solos Glei hidromórficos, ocorrem em regiões com excesso de água temporal ou permanente como ao longo da planície aluvial do rio Madeira; freqüentemente são utilizados para implantação de culturas perenes ou de subsistência, favorecidos pelo teor elevado de matéria orgânica e pelo material inconsolidado e úmido. Podem ser de natureza eutrófica ou distrófica, mal drenados e argilosos. Os cambissolos, de distribuição mais restrita, caracterizam-se pela presença de horizonte “c}mbico”, contendo uma boa proporç~o de minerais intemperizáveis argilosos e bem drenados; são pouco a moderadamente profundos e ocorrem nas encostas de colinas. São solos muito susceptíveis à erosão quando desprovidos de cobertura vegetal. Ocorrem em duas manchas à oeste do rio Madeira, além de uma porção restrita no quadrante SW (CRPM 1997).

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Figura 14 - Mapa de solos da área do PNMPV

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3.2.1.4.1. Caracteristicas Limnológicas do Igarapé Belmont As informações limnológicas foram compiladas a partir dos dados obtidos por MENEZES (2007) que avaliou as condições limnológicas da bacia do Igarapé Belmont, através de variáveis ambientais (temperatura da água; oxigênio dissolvido; demanda química de oxigênio; pH; condutividade elétrica; transparência; amônia, fosfato dissolvido e fosfato total) dentro de um ciclo hidrológico completo. A autora coletou no período de Junho de 2005 a Maio de 2006 em 10 pontos de coletas distribuídos na Zona Rural, Zona Urbana e no Parque Natural Municipal (PE8; PE9; PE10).

Tabela 11 - Coordenadas em UTM pontos de coleta no Igarapé Belmont dentro do PNMPV (Fonte MENEZES, 2007). Ponto PE 8 406463 9038623 PE 9 405255 9040285 PE 10 405269 9040300 Estes dados foram comparados aos obtidos na coleta de peixes de pequeno porte realizada em Junho/2012. A seguir são apresentados os resultados obtidos pela autora e discussão apresentada.

3.2.1.4.1.1. Temperatura A variação nas temperaturas médias observadas por MENEZES (2007) na bacia do Belmont estiveram entre 23°C a 31,3°C. Esses valores estão de acordo com as temperaturas do ar naturalmente elevadas na região amazônica (EMBRAPA, 2007; SIVAM, 2007; INPE, 2007). Nos pontos amostrados dentro do PNMPV a temperatura media do igarapé variou entre PE8: 20,8o.C e PE9: 23,8 o.C. MENEZES (2007) observou uma diferença de mais de 10°C entre o mínimo e o máximo no período de amostragem (ciclo anual) relacionada à variação sazonal e a cobertura vegetal. A autora justifica que apesar da temperatura não ter apresentado diferença significativa com relação à zona de ocupação, a cobertura vegetal pode influenciar na variação da temperatura, de modo que os valores registrados nos pontos localizados na zona urbana e na zona rural apresentaram pouca diferença entre si, mas contrastaram com os encontrados no parque ecológico, que apresentou os menores valores para esse parâmetro. Visto que a manutenção das zonas ripárias é essencial no que diz respeito ao controle da temperatura em ecossistemas aquáticos.

3.2.1.4.1.2. Oxigênio Dissolvido (OD) Os valores médios de OD encontrado por MENEZES (2007) para bacia do Belmont foi de 1,73 mgO2/L (na zona urbana) a 7,2 mgO2/L (na área do PNMPV), com relação à saturação, variou 4,10 % a 165%.

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Os valores de OD dissolvido encontrados na zona urbana se mostraram baixos, principalmente nos meses de seca, o que pode está associado á maior concentração de matéria orgânica (menor precipitação pluviométrica, logo menor diluição), temperatura naturalmente elevada juntamente com menor cobertura vegetal, em decorrência do uso e ocupação dessas regiões e ao contínuo despejo de efluentes domésticos.

Tabela 12 - Valores de oxigênio dissolvido e saturação mínima e máxima de oxigênio pontos de coleta no Igarapé Belmont dentro do PNMPV. Ponto OD Saturação mínima Saturação máxima PE 8 7,2 70,5 94,2 PE 9 6, 18 50,9 87, 4 PE 10 6,3 50, 2 84, 7 (Fonte MENEZES, 2007)

O oxigênio dissolvido é de extrema importância para o funcionamento do metabolismo de um corpo d’|gua, desde a parte biótica até a trama de processos biogeoquímicos. Mudanças bruscas nos valores desse parâmetro refletem problemas ocorrentes no corpo d’|gua. Nesse caso, como os valores mais baixos em geral foram encontrados para pontos da zona urbana, reflete indicativos de pressão antrópica. Apesar da maioria dos valores de OD encontrados nos pontos amostrados dentro do parque ecológico apresentar concentração maior ou igual a 5,00mg/L (o mínimo exigido pela RESOLUÇÃO CONAMA 357 de 2005 para águas destinadas à balneabilidade), estudo feito por Albuquerque et al (2001) em pontos dentro do parque ecológico mostra que os mesmos se encontram impróprios para balneabilidade de acordo com a RESOLUÇÃO CONAMA 274 DE 2000 (todos apresentaram mais de 1600 coliformes por 100mL). Esse mesmo estudo mostra que banhistas utilizam a área frequentemente como opção de lazer.

3.2.1.4.1.3. Condutividade elétrica

A condutividade média apresentou diferença significativa entre a zona urbana das demais zonas de ocupação (PE e ZU). Variando entre o ponto do PNMPV: 23,62 e a Zona Urbana: 105,65 (μS/cm). Os pontos que apresentaram maiores valores de condutividade são aqueles localizados dentro da malha urbana do município de Porto Velho em bairros residenciais. Com base em indicativos tais como canalização dos pontos, forte odor, elevada presença de macrófitas em alguns desses pontos e elevada concentração de nutrientes, pode-se inferir que a elevada condutividade se deve em parte ao despejo de efluentes domésticos. Os igarapés de menor porte, afluentes do Belmont, localizados em zona rural e dentro do parque (PE8 e PE10) apresentaram os menores valores de

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condutividade, o que sugere que estes pontos ainda não se encontram em elevado grau de perturbação, principalmente os do parque . Tanto a zona urbana, zona rural e parque ecológico separadamente, quanto a bacia como um todo apresentaram valores médios de condutividade elétrica maiores no período de seca do que no período chuvoso, sugerindo que durante o período de chuvas ocorre uma diluiç~o dos íons concentrados nesses corpos d’|gua durante o período de seca.

Menezes (2007) mostrou que os valores de condutividade elétrica apresentaram perfil crescente sentido parque ecológico – zona urbana, fato esse possivelmente relacionado com os tipos de uso e ocupação da bacia.

Tabela 13 - Valores de condutividade elétrica pontos de coleta no Igarapé Belmont dentro do PNMPV. Ponto Condutividade elétrica PE 8 13,57 PE 9 48,62 PE 10 9, 37 (Fonte: MENEZES, 2007)

3.2.1.4.1.4. Potencial Hidrogeniônico (pH)

A resolução CONAMA 357 de 2005 prevê para todas as classes de água o valor de pH que varie entre 6,0 a 9,0, mas esses valores não condizem com a realidade da maioria das águas amazônicas, que em geral apresentam valores de pH ligeiramente ácidos, sendo que rios de água preta podem apresentar pH extremamente baixo, como é o caso do rio Negro (SIOLI, 1951).

Tabela 14 - Valores de Potencial Hidrogeniônico (pH) pontos de coleta no Igarapé Belmont dentro do PNMPV. Ponto Potencial Hidrogeniônico (pH) médio PE 8 6,3 PE 9 6,7 PE 10 5,8 (Fonte: MENEZES, 2007)

3.2.1.4.1.5. Transparência e Profundidade

Apenas a profundidade apresentou diferença significativa, sendo esta com relação à zona de ocupação e não com relação à sazonalidade, o que se deve à heterogeneidade dos pontos amostrados.

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Tabela 15 - Valores de transparência e profundidade pontos de coleta no Igarapé Belmont dentro do PNMPV. Ponto Transparência Profundidade PE 8 0,23 0,82 PE 9 0,76 0,45 PE 10 0,41 0,45 (Fonte: MENEZES, 2007)

3.2.1.4.1.6. Sólidos Totais em Suspensão

MENEZES (2007) inferiu que a maior quantidade de sólidos totais em águas urbanas se deva em parte a retirada da cobertura vegetal e impermeabilização do solo, o que trás como conseqüência um aumento no escoamento superficial e na quantidade de material carreado para esses corpos d’|gua. J| na zona rural o fenômeno também esteve associado à retirada de cobertura vegetal, expondo o solo a maiores taxas de erosão, que são mais na frente carreados até o parque ecológico, onde também se pode observar alguns pontos com valores expressivos para esse parâmetro.

3.2.1.4.1.7. Nutrientes

MENEZES (2007) observou um gradiente de depuração dos nutrientes, sentido zona urbana - parque ecológico, o que pode estar associado, entre outros fatores, à diluição, pois à medida que se afasta da zona urbana a bacia recebe tributários da zona rural e de zona de floresta, aumentado o volume de água e a capacidade de diluição; a questão da cobertura vegetal; e forma de uso e ocupação do solo. Quanto a presença de amônia, MENEZES (2007) observou diferença significativa entre parque ecológico e zona urbana (p < 0,009), fazendo da zona rural o grupo intermediário. A zona rural apresentou valores baixos na concentração de amônia, por isso ficou como grupo intermediário. Essa classificação, reforça a questão do gradiente de autodepuração decrescente, sentido zona urbana parque ecológico. O fato da concentração média de amônia na zona urbana ser duas vezes maior do que na zona rural e quatro vezes maior do que no parque ecológico também indica a ocorrência de tal gradiente. A autora conclui que a retirada da cobertura vegetal pode estar influenciando a quantidade de sólidos totais em suspensão, haja vista que os maiores valores para esses parâmetros foram encontrados em pontos localizados na zona urbana e na zona rural.

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3.3. MEIO BIÓTICO

3.3.1. VEGETAÇÃO

3.3.1.1. Caracterização Biogeográfica das formações vegetais do PNMPV. O estado de Rondônia situa-se no Domínio Amazônico, da região fitogeogr|fica Neotropical, que “cobre a maior parte da América do Sul e parte da América Central, com uma superfície de aproximadamente cinco milhões de quilômetros quadrados. Trata-se de um território biogeográfico de clima predominantemente quente e úmido, coberto por vegetação densa e com uma abundante flora e fauna. Por sua extensão constitui-se, sem dúvida, no território com maior volume de biomassa da Terra” (CABRERA & WILLINK, 1973). Ainda segundo CABRERA & WILLINK (1973) o Domínio Amazônico caracteriza-se por uma riqueza de endemismos de famílias, por exemplo, musáceas, icacináceas, sapotáceas, vochisiáceas, comelináceas, eritroxiláceas, esterculiáceas e anonáceas, apresentando, dentro do continente americano, relações estreitas com o Domínio Chaquenho e em menor grau com o Domínio Andino-Patagônico. As famílias Leguminosae, e Sapotaceae apresentam indivíduos arbóreos dominantes, com destaque para os gêneros Aldina, Bowdichia, Hymenaea, Sclerolobium, Enterolobium, Pouteria e Manilkara. Destacam-se também as famílias Moraceae, Euphorbiaceae, Rosaceae e Lauraceae. As lianas são abundantes. Em território rondoniense, das nove províncias biogeográficas constituintes do Domínio Amazônico ocorrem a Província Amazônica e a Província do Cerrado. Em Rondônia, particularmente na Serra dos Pacaás Novos, a relação fitogeográfica com o Domínio Andino-Patagônico é expressa pela ocorrência de espécies vegetais pouco comuns no Domínio Amazônico. Assim LISBOA (1989) afirma que “na Serra dos Paca|s Novos aparecem duas ou três espécies de coníferas do gênero Podocarpus, sendo uma delas descrita dentro do gênero Decussocarpus como D. piresii”, uma gimnosperma arbórea cujo gênero tem sua maior diversidade no Domínio Andino-Patagônico. Até aquele momento, somente dois gêneros de gimnospermas arbóreas tinham sido registrados no Brasil sendo o terceiro, o gênero Decussocarpus com registro para a região de Rondônia. Ocorre também na Serra dos Pacaás Novos, a espécie Theobroma sinuatum, igualmente típica dos Andes, ocorrente em áreas amazônicas antigas como nos arredores de Macapá e na região do Jari (LISBOA, 1989). A Província do Cerrado é constituída por uma vegetação xeromórfica, presente na maior parte do Brasil Central, ocupando uma área de mais de 2.000.000 km², correspondendo a aproximadamente 23% do território brasileiro (RIBEIRO & WALTER, 1998) compreendendo sua |rea “core” a quase totalidade do estado de Goiás, oeste da Bahia, oeste de Minas Gerais e leste de Mato Grosso (EITEN, 1972). Estende-se desde a margem da Floresta Amazônica até a Região Sul (RATTER et al., 1997). Extensões periféricas são observadas ao sul de Rondônia, sul do Maranhão, sudoeste de Mato Grosso e São Paulo (GIBBS et al. 1983), chegando 81 ARC FISTER NOVEMBRO DE 2012

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até o leste da Bolívia e nordeste do Paraguai (OLIVEIRA-FILHO & RATTER, 1995; RIBEIRO & WALTER, 1998). Ocorre também em pequenas áreas isoladas no Nordeste (EITEN, 1993) e na Amazônia (RATTER et al., 1997). Juntamente com as Províncias da Caatinga, no nordeste brasileiro e a Província Chaquenha, localizada em regiões da Argentina, Paraguai e Bolívia, forma a chamada diagonal de formações abertas, situada entre as províncias florestais Amazônica e Atlântica (VANZOLINI, 1963). Em Rondônia, a partir dos municípios de Vilhena e Colorado do Oeste, na divisa com o estado de Mato Grosso, estas formações estendem-se ao longo das Serras dos Parecis e dos Pacaás Novos até os municípios de Nova Mamoré e Guajará-Mirim expandindo-se até aqueles municípios de maneira disjunta, em meio a uma área florestal contínua, restringindo-se a áreas de solo raso cuja retenção de água é muito baixa (LISBOA, 1989). Ainda a respeito da entrada do cerrado em direção ao oeste, em Rondônia, SOARES (1955) apud PIRES (1973) afirma que “h| um longo apêndice de cerrado penetrando na floresta Amazônica, em Rondônia, entre Vilhena e Guajará-mirim (Serra dos Parecis)”. No entanto, PIRES (1973) supõe, acertadamente, “n~o se tratar de uma afirmação completamente correta, relatando a ocorrência de manchas de campinas e campinaranas, alternas com mata, parecendo n~o haver uma faixa contínua de cerrados”. Esta afirmaç~o de Pires refere-se possivelmente a formação vegetacional chamada Umirizal, localizada principalmente à margem direita do rio Madeira, na altura das localidades de Abunã e Mutum-Paraná, no município de Porto Velho e ainda as pequenas áreas de Campinas encontradas nos municípios de Pimenteiras e Guajará-mirim. As áreas de cerrado do sul do estado apresentam uma riqueza florística semelhante àquela do Brasil Central. Na medida em que nos afastamos em direção noroeste, a área antes contínua torna-se disjunta, com inúmeras “ilhas” de savanas em meio a floresta ombrófila, ocorrendo juntamente com a disjunção, uma diminuição da diversidade florística, enquadrando esta áreas no conceito proposto por EITEN (1977). Para os cerrados rondonienses o gradiente fisionômico vem acompanhado de um gradiente de riqueza, onde no sul estão as áreas mais ricas em relação às savanas do norte (RONDÔNIA, 1998; VIDOTTO et al., 2007; MIRANDA et al., 2006). O conjunto das formações abertas (cerrados, campinas, campos inundáveis) ocupa uma área de 13.115 km², equivalente a 5,2% de sua área total (RONDONIA, 1998). Não obstante a condição de transição, o território rondoniense está majoritariamente inserido dentro da Província Amazônica de CABRERA & WILLINK (1973) uma das nove províncias biogeográficas do Domínio Amazônico. Geograficamente, esta província ocupa todo o Norte do Brasil, inclusive o “norte do Guaporé”, parte das Guianas e Venezuela, leste da Colômbia, Equador, Peru e Bolívia (CABRERA & WILLINK, 1973), coincidindo assim com a área de distribuição dos gêneros Hevea e Gnetum (RIZZINI, 1997),constituindo-se uma província fitogeográfica bem individualizada, caracterizada pela fisionomia florestal tropical úmida com grande biomassa e heterogeneidade apresentando ainda uma 82 ARC FISTER NOVEMBRO DE 2012

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considerável variabilidade de local para local (BRAGA, 1979). No Brasil, cobre uma área de 3.700.000 km², o que a torna a maior província fitogeográfica brasileira, estendendo-se de maneira contínua, desde o Atlântico até a cordilheira andina (CABRERA & WILLINK, 1973). Para a Província Amazônica os endemismos de famílias e gêneros são poucos, entre eles Duckeodendraceae, Rhabdodendraceae e Dyalipethalantaceae. No entanto, para espécies, BRAGA (1979) afirma que é grande o endemismo amazônico. PRANCE (1977) baseado em dados de distribuição das famílias Chrysobalanaceae, Caryocaceae, Dichapetalaceae, Connareceae e Lecythidaceae propôs a divisão da Província Amazônica em sete regiões situando o território rondoniense na região Sudoeste, juntamente com o Acre, sudoeste do Amazonas, leste do Mato Grosso e parte da Bolívia e Peru (Figura 15).

Figura 15 - Regiões fitogeográficas de PRANCE (1977). Fonte: BRAGA

Para HUECK (1972) estão presentes em Rondônia três regiões floristicamente distintas (Figura 16). A primeira, na divisa com a Bolívia, a área formada pelos contribuintes dos rios Mamoré e Guaporé constituiriam junto com o Acre e as áreas do Beni (Bolívia) uma segunda região florestal. Constituem parte

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importante da flora desta região, Swietenia macrophylla, Myroxylon balsamum, Amburana acreana, Hura creptans e Calophyllum brasiliense. A segunda é a região dos campos cerrados do Brasil Central que se estendem em direção ao interior de Rondônia a partir do sul do estado. Por último, as florestas ao norte da Serra dos Pacaás Novos estariam dentro da região formada pelos rios Madeira e Purus. Nela encontra-se inserido o Parque Natural Municipal de Porto Velho. Esta região é relatada como menos rica que outras regiões da Amazônia. Espécies amazônicas orientais como Euterpe oleracea, Dinizia excelsa, Manilkara huberi, Hymenolobium excelsum, e Cordia goeldiana tem nesta região seu limite ocidental de ocorrência.

Figura 16 - Regiões florestais da América do Sul segundo HUECK (1972). Em destaque as três regiões presentes em Rondônia. Amarelo: regiões dos campos cerrados do Brasil central; Azul: região do Acre, Beni, Mamoré e Guaporé; Vermelho: região dos rios Madeira e Purus.

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3.3.1.2. Caracterização Fitofisionômica da vegetação do PNM de Porto Velho

A diversidade amazônica pode ser observada sob diferentes aspectos. A princípio, o termo nos remete a diversidade específica, aquela que retrata o imenso número de espécies existente na região. No entanto, podemos observar também a existência de uma diversidade elevada para as fisionomias vegetais. A expressão Floresta Amazônica abriga uma variedade de tipos vegetacionais tais como as florestas de terra firme, as florestas de várzea, as florestas de igapó, manguezais, os campos de várzea, os campos de terra firme, as campinas, a vegetação de encostas de serras (matas secas) e a vegetação de restinga. Estes tipos de vegetação não são uniformes em sua ocorrência, mas abrigam em seu interior manchas dispersas de outros tipos além de suas áreas de transição e contato. Como consequência, entre outros, dos altos índices de precipitação e da regularidade do clima quente, as formações florestais amazônicas apresentam grande biomassa e heterogeneidade e ainda uma considerável variabilidade de local para local (BRAGA, 1979; HUECK, 1972; RIZZINI, 1997). As florestas rondonienses assim como as demais florestas da Amazônia, caracterizam-se pela elevada heterogeneidade florística e fisionômica tendo como um dos principais agentes desta heterogeneidade as Serras dos Pacaás Novos e a Serra dos Parecis que cortam o estado no sentido sudeste-noroeste. As matas rondonienses apresentam um caráter de transição entre as formações amazônicas e aquelas extra-amazônicas, estando distanciadas florística e estruturalmente das florestas da Amazônia Central (OLIVEIRA, 1997). Estudos de caráter descritivo da flora rondoniense foram realizados por ABSY et al. (1986,1987), CARREIRA & LISBOA (1984), LISBOA & LISBOA (1984), LISBOA, (1989), MACIEL & LISBOA (1989), MIRANDA (2000), VIEIRA et al. (2002) e MIRANDA et al. (2006). As Florestas Ombrófilas Abertas Aluviais, subdivididas em matas de várzea e matas de igapós, distribuem-se ao longo do rio Madeira e de inúmeros rios e igarapés de águas pretas, respectivamente. As Florestas Ombrófilas Densas se distribuem em trechos concentrados na região central, logo ao norte da Serra dos Pacaás Novos, no extremo norte, na divisa com o Amazonas e a leste, na divisa com o Mato Grosso. Porém, são as Florestas Ombrófilas Abertas são as mais abundantes em Rondônia, respondendo pela maior parte da cobertura vegetal e estão presentes em quase todas as regiões do estado. As Florestas Ombrófilas Abertas são faciações da Floresta Ombrófila Densa. E eram consideradas anteriormente tipos transicionais entre a floresta amazônica e as áreas extra-amazônicas. São quatro as faciações das florestas abertas: as florestas com palmeiras, com bambus, com cipós e com sororoca. As faciações uma vez alterando a fisionomia da floresta proporcionam a abertura do dossel. Todas elas estão submetidas a um clima sazonal com mais de 60 dias secos por ano (VELOSO et al., 1991).

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Segundo ANDRADE (2005ª) a faciação Floresta Ombrófila Aberta com Palmeiras é a formação dominante na área do Parque Natural (Figura 17). As florestas abertas situadas em altitudes de 5 a 100 m e localizadas entre os 4° de latitude Norte e 16° de latitude Sul são denominadas Florestas Ombrófilas Abertas das Terras Baixas. Estão incluídas nestas formações vegetais as florestas resultantes da alteração por desmatamento cuja formação secundária é marcada fortemente pela presença de “babaçual” o qual domina a paisagem (VELOSO et al., 1991). No Parque Natural Municipal de Porto Velho a Floresta Ombrófila Aberta das Terras Baixas com Palmeiras é caracterizada por um dossel formado por indivíduos que podem variar de 25 a 30 m de altura. Os troncos retilíneos apresentam ramificações que são caracteristicamente concentradas em sua porção superior. Os indivíduos integrantes deste estrato estão distribuídos de forma espaçada proporcionando as aberturas conspícuas desta fisionomia.

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Figura 17–Caracterização da Vegetação do PNMPV

A presença de epífitas é escassa, sendo mais frequentes espécies hemi- epíficas da família Araceae (Figuras 18 e 19). O estrato inferior, de até 5 m, de

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maneira geral é denso e é formado por espécimes juvenis de espécimes do dossel e por espécies de porte arbustivo. São constituintes do dossel superior espécies como Ecclinusa guianensis Eyma (Caucho), Couratari macrosperma A.C.S. (Tauari), Manilkara huberi (Ducke) A. Chev. (Maçaranduba), Eschweilera tessmanii R Knuth, Brosimum rubescens Taub. (amapá-amargoso), pisonis Camb.(Sapucaia), Goupia glabra Aubl. (Copiúba), Licania micrantha Miq. (Caraiperana), Licania heteromorpha Benth. (macucuí-preto), Ormosia paraensis Ducke (Tento), Copaifra multijuga Hayne (Copaiba), Bowdichia nitida Spruce ex Benth (Sucupira), Dialiumguianense (Aubl.) Sandwith (Jataipeba), Sacoglottis guianensis Benth., Couepia bracteosa Benth. (Pajurá), Parinari excelsa Sabine (Farinha-seca) e Protium apiculatum Swart (Breu-vermelho).

Figura 19 - Monstera cf. obliqua Figura 18 - Anthurium sp.

O dossel intermediário ou sub-dossel é formado por indivíduos de Virola calophylla Warb. (Ucuúba), Mabea caudata Pax. & Hoffm. (Seringaí), Corythophora alta R. Knuth. (Matá-matá rosa), Zygia racemosa (Ducke) Barneby & J.W.Grimeshttp://floradobrasil.jbrj.gov.br/2012/index?mode=dp&tid=83889 (Angelim-rajado), Inga alba (Sw.) Willd. (Ingá), Eschweilera atroptiolata S.A.Mori (Matá-matá), Ocotea bofo Kunth, Neea floribunda Poepp. & Endl., Ouratea discophora Ducke, Apeiba echinata Gaertn., Duguetia arenicola Maas (matá-matá- do-igapó), Casearia javitensis Kunth, Simaba polyphylla (Cavalcante) W.W.Thomas e Himatanthus sucuuba (Spruce) Woodson (Ucuuba) entre outros. São observadas de forma característica, a presença de indivíduos emergentes das espécies Hymenolobium pulcherrimum Ducke (Angelim-pedra), Dinizia excelsa Ducke (Faveira-ferro) (Figura 9), Parkia pendula(Willd.) Benth. ex Walp.http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2012/index?mode=dp&tid=23111 Angelim- saia) (Figura 20 e 21), Anacardium giganteum W.Hancock ex Engl. (Cajuaçu) http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2012/index?mode=dp&tid=15462, lueheopsis rosea (Ducke) Burret, Naucleopsis caloneura (Huber) Ducke(Muiratinga) e Erisma

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bicolor Ducke (Quarubarana), Huberodendronswietenioides (Gleason) Ducke. Muitas delas com diâmetro superior a 1,5 m.

Figura 20 - Árvore de faveira-ferro Figura 21 - Árvore de angelim-saia (Dinizia excelsa) (Parkia pendula)

Adensamento de babaçu (Orbignya phalerata) é observado na antiga área desmatada e abandonada. Trata-se de uma área de floresta secundária que uma vez protegida encontra-se em processo de recuperação a mais de 20 anos (Figura 22). Compõe a flora arbórea deste sítio, espécies como Bellucia grossularioides (L.) Triana, Himatanthus sucuuba (Spruce ex Müll.Arg.) Woodson, Jacaranda copaia(Aubl.) D.Don, Schefflera morototoni (Aubl.) Magire et al.,Vismia brasiliensis Choisy, Cecropia sciadophylla Mart.e palmeiras das espécies Astrocaryum aculeatum G. Mey. e Attalea speciosa Mart. ex. Spreng.

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Figura 22 – Imagem de satélite mostrando área de floresta secundária no interior do PNMPV. Fonte: Google Earth.

3.3.1.3. A Flora do PNMPV

Estudos florísticos do componente arbóreo de duas fitofisionomias foram realizados no interior do PNM de Porto Velho. O primeiro trabalho foi direcionado ao estudo de uma fração de um hectare de Floresta Ombrófila Aberta das Terras Baixas e desenvolvido no âmbito de um Trabalho de Conclusão de Curso do curso de Ciências Biológicas da Fundação Universidade federal de Rondônia no ano de 2005. O segundo trabalho, também realizado por alunos da UNIR, mas não publicado, foi realizado em um hectare de Floresta Secundária. Foi registrado um total de 165 espécies distribuídas em 105 gêneros e 40 famílias para as duas áreas estudadas (Tabela 16). As florestas ombrófilas abertas apresentaram 135 espécies em 36 gêneros e 38 famílias em 676 indivíduos medidos em um hectare. Para o

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sítio de floresta Ombrófila Aberta as famílias botânicas com maior riqueza específica foram Fabaceae (18), Sapotaceae (13), Moraceae (10), Chrysobalanaceae (110) e Lecythidaceae (9). Os gêneros Pouteria (10), Licania (7), Eschweilera (5), Protium (5), Virola (5) e Brosimum (4) foram os mais diversos nesta formação. A diversidade específica estimada pelo índice de Shannon foi H’ igual 4,149 (nats) e equabilidade (J’ = 0,846) (ANDRADE, 2005a). Os gêneros Pouteria (10), Licania (7), Eschweilera (5), Protium (5) e Virola (5) foram os que apresentaram o maior número de espécies na formação Floresta Ombrófila Aberta. Dos 93 gêneros registrados nesta formação, 77 (82,8%) foram representados por apenas uma espécies. Para espécies, Protium apiculatum, Licania heteromorpha, Licania apetala, Orbygnia speciosa e Licania micrantha apresentaram os maiores valores de importância para espécies para a área de floresta ombrófila aberta.

Tabela 16 - Espécies ocorrentes na área do Parque Natural Municipal de Porto Velho organizadas segundo a família botânica. Base de dados: Relação das famílias, gêneros e espécies arbóreas. Família Espécie Nome Vulgar Anacardium giganteum W. Hancock ex. Cajuí Anacardiaceae Engl. Astronium lecointei Ducke Aroeira Annona insignis R.E. Fr. Envira-biribá Diclinanona calycina (Diels) R.E.Fr. Duguetia arenicola Maas Envira-amarela Duguetia trunciflora Mass & A.H.Gentry Annonaceae Guatteria discolor R.E. Fries Envira-preta Guatteria megalophylla Diels Envira Guatteria olivacea R.E. Fries Envira-fofa Xylopia bentamii R.E.Fr. Aspidosperma sandwithianum Markgr. Pau-marfim Apocynaceae Himatanthus sucuuba (Spruce) Woodson Sucuúba Schefflera morototoni (Aubl.) Maguirre et Araliaceae al. Astrocaryum aculeatum G. Mey. Tucumã Attalea maripa (Aubl.) Mart. Arecaceae Euterpe precatoria Mart. Açaí Oenocarpus bataua Mart. Bacaba Orbignya speciosa Mart. Babaçu Bignoniaceae Jacaranda copaia (Aubl.) D.Don Bixaceae Bixa orellana L. Boraginaceae Cordia goeldiana Huber Freijó-branco Protium apiculatum Swart. Breu-vermelho Protium heptaphyllum (Aubl.) Marchand Breu-amescla Protium robustum (Swartz.) D.M. Porter Breu-folha-grande Burseraceae Protium spruceanum (Benth.) Engl. Breu Protium trifoliolatum Engl. Tetragastris panamensis (Engl.) Kuntze

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Tetragastris serratifolium Breu-manga Trattinnickia glaziovii Swart. Breu-sucuúba Celastraceae Goupia glabra Aubl. Cupiúba Couepia bracteosa Benth. Pajurá Hirtella racemosa Lam. Macucu Licania apetala (E. Mey )Fritsch. var. Caraipé aperta (Benth.) Prance Licania blackii Prance Licania canescens Benoist Chrysobalanaceae Licania heteromorpha Benth. var. Macucu-sangue heteromorfa Licania longistyla (Hook.) Fritsch Licania micrantha Miq. Pintadinho Licania oblongifolia Standl. Parinari excelsa Sabine Farinha-seca Caraipa costata Spruce ex. Benth. Caraipa odorata Ducke Clusiaceae Dystovomita brasiliensis D'Arcy Sapateiro Lorostemon coelhoi Paula Combretaceae Buchenavia parvifolia Ducke Elaeocarpaceae Sloanea floribunda Spruce ex Benth. Urucurana Alchornea schomburgkii Klotzsch Hevea brasiliensis Müll. Arg. Seringa Euphorbiaceae Mabea caudata Pax & K. Hoffm. Taquari Mabea speciosa Müll. Arg. Maprounea guianensis Aubl. Abarema jupunba (Willd.) Britton & Killip Abarema-folha-miúda Balizia pedicellaris (DC.) Barneby & J.W.Grimes Bowdichia nitida Spruce ex. Benth. Sucupira-amarela Cenostigma cf. tocantinum Ducke Copaifera multijuga Hayne Copaíba Deguelia negrensis (Benth.)Taub. Dialium guianense Steud. Jutaí-pororoca Dinizia excelsa Ducke Angelim-pedra Dipteryx odorata (Aubl.) Willd. Cumarú Enterolobium schomburgkii Benth. Faveira-orelha-de- macaco Fabaceae Hymenolobium pulcherrimum Ducke Sucupira-preta Inga alba (Sw ) Willd. Ingá-vermelho Inga cayennensis Sagot. ex Benth. Inga cordatoalata Ducke Inga pezizifera Benth. Inga pilosula (Rich.) J.F.Macbr. Ormosia paraensis Ducke Tentoeira Peltogyne excelsa Ducke Roxinho Pterocarpus officinalis Jacq. Mututi Pterocarpus rohrii Vahl. Sclerolobium setiferum Ducke Tachi-vermelho Swartzia cuspidata Spruce ex Benth.

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Swartzia reticulata Ducke Arabá-roxo Tachigali venusta Dwyer Tachi-preto Vatairea guianensisAubl. Faveira-bolacha Vatairea paraensis Ducke Zigia juruana (Harms) L. Rico Ingarana Zygia racemosa (Ducke) Barneby & J.W. Angelim-rajado Grimes Humiriaceae Sacoglottis guianensis Benth. Uxi-de-morcego Hypericaceae Vismia brasiliensis Choisy Vitex sprucei Briq. Lamiaceae Vitex triflora Vahl Aniba canelilla (Kunth) Mez Preciosa Licaria pachycarpa (Meisn.) Kosterm. Lauraceae Ocotea bofo Kunth Louro-preto Ocotea ceanothifolia (Nees) Mez Ocotea myriantha (Meisn.) Mez Cariniana decandra Ducke Cachimbó Corythophora alta R. Knuth Ripeiro-vermelho Couratari macrosperma A.C. Sm. Tauarí Eschweilera atropetiolata S.A. Mori Castanha-vermelha Eschweilera aubiflora (DC.) Miers Matamatá Lecythidaceae Eschweilera bracteosum (Poepp. & Endl.) Matamatá-amarelo Miers Eschweilera coriacea (A.DC.) Mart. ex Berg Matamatá-branco Eschweilera tessmanii R. Knuth Lecythis prancei Mori Jarana-vermelha Linaceae Roucheria punctata Ducke Apeiba echinata Gaertn. Pente-de-macaco Bombacopsis macrocalyx (Ducke) A. Munguba-da-mata Robyns Huberodendron swietenoides (Gleason) Mungubarana Malvaceae Ducke Lueheopsis rosea (Ducke) Burret Açoita-cavalo Sterculia duckeana Da Silva & Côelho Xixá Theobroma subincanum Mart. Cupuí Theobroma sylvestre Malv. Bellucia grossularioides (L.) Triana Miconia argyrophylla DC. Canela-de-velho Melastomataceae Miconia lepidota DC. Miconia regelii Cogn. Tinteiro Mouriri anguslicosta Morley Muiraúba Guarea convergens T.D. Penn Gitó-vermelho Guarea humaitensis T.D.Penn. Meliaceae Guarea pubescenses (Rich.) A.Juss.subsp. Pubescensis Trichillia velutina C. DC. Gitó-branco Amapa parinarioides Ducke Amapá-amargoso Brosimum acutifolium Huber Mururé Moraceae Brosimum guianense (Aubl.) Huber Janitá Brosimum parinarioides Ducke Amapá

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Brosimum rubescens Taub. Pau-rainha Clarisia racemosa Ruiz & Pav. Guariúba Ficus cremersii C.C. Berg. Ficus mathewsii (Miq.) Miq. Helicostylis scabra (Macb.) C.C.Berg Inharé Naucleopsis caloneura (Huber ) Ducke Muiratinga Naucleopsis macrophylla Miq. Naucleopsis stipularis Ducke Pseudolmedia laevis (Ruiz & Pav.) JF Macbr. Pamã Iryanthera elliptica Ducke Ucuúba-punã Virola caducifolia W.A. Rodrigues Ucuúba Virola calophylla (Spruce) Warb. Ucuúba-vermelha Myristicaceae Virola mollissima (Poepp. ex A. DC.) Warb. Virola surinamensis (Rol. ex Rottb.) Warb. Virola venosa (Benth.) Warb. Ucuúba-da-várzea Calyptranthes cuspidata DC. Goiabinha Myrtaceae Eugenia florida DC. Nyctaginaceae Neea floribunda Poepp. & Endl. João-mole Ochnaceae Ouratea discophora Ducke Heisteria acuminata (Huber & Banph.) Itaubarana Olacaceae Engler Heisteria duckei Engler Chupeta-de-macaco Rubiaceae Chimarrhis duckeana Delprete Pau-remo Salicaceae Casearia javitensis Kunth Piabinha Matayba opaca Radlk. Sapindaceae Talisia cupularis Radlk. Pitomba-da-mata Ecclinusa guianensis Eyma Abiurana-bacuri Micropholis guianensis (A. DC.) Pierre ssp. Micropholis-folha- Duckeana grande Micropholis splendens Gilli ex Aubrév. Abiurana Pouteria anomala (Pires) T.D. Penn. Abiurana-roxa Pouteria caimito (Ruiz & Pav.) Radlk. Pouteria campanulata Baehni Sapotaceae Pouteria durlandii (Standl.) Baehni Pouteria guianensis Aubl. Abiurana-abiu Pouteria hispida Eyma Pouteria opposita (Ducke) T.D. Penn. Caramurí Pouteria petiolata T.D. Penn. Pouteria prieurii A. DC. Abiurana-vermelha Pouteria reticulata (Engl.) Eyma Abiu Simaba polyphylla (Cavalcante) W. Thomas Simaroubaceae Simarouba amara Aubl. Marupá Siparunaceae Siparuna cuspidata (Tul.) A. DC. Capitiú-da-mata Cecropia concolor Willd. Embaúba Urticaceae Cecropia leucocoma Miq. Embaúba-branca Cecropia sciadophylla Mart. Leonia cymosa Mart. Leonia-folha-miúda Violaceae Paypayrola grandiflora Tul. Saco-de-porco Rinorea racemosa (Mart.) Kuntze Vochysiaceae Erisma bicolor Ducke Mandioqueira

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É bastante variável a riqueza específica por unidade de área em florestas rondonienses. Para seis hectares de florestas de terra firme em Jaru e Machadinho do Oeste a riqueza especifica variou de 103 a 122 espécies para um total de 278 espécies em 57 famílias (ABSY et al.,1986/1987). Para aquelas áreas as famílias mais ricas foram Leguminosae, Moraceae, Sapotaceae, Lecythidaceae, Burseraceae, Arecaceae e Euphorbiaceae. No entanto, os autores assinalam a pouca incidência de Faboideae em algumas das áreas estudadas. Esta mesma característica florística foi observada na área de influência das usinas do Madeira onde o baixo número de leguminosas foi registrado quando dos estudos ambientais preliminares. Ainda para floresta abertas, SILVA & BENTES-GAMA (2008) inventariaram 3,5 ha medindo 449 indivíduos distribuídos em 32 famílias e 69 espécies. Por sua vez, as famílias botânicas apresentadas como mais importantes, ora do ponto de vista do valor de importância ora restringindo-se ao número de indivíduos, tanto em Rondônia quanto na Amazônia de maneira geral também o são para as áreas do PNM de Porto Velho. Para as regiões de Pimenta Bueno, Presidente Médice e da Reserva Biológica do rio Ouro Preto as famílias de maior riqueza foram Leguminosae, Moraceae, Sapotaceae, Burseraceae, Myristicaceae, Annonaceae, Myrtaceae, Clusiaceae, Malpighiaceae e Lauraceae (MIRANDA, 2000; RONDÔNIA, 1999; LISBOA, 1989). LEITÃO-FILHO (1987) citando diversos autores e seus trabalhos destaca a elevada diversidade específica das florestas amazônicas cujos índices de diversidade variaram de 4,76 nats/ind para uma área nos arredores de Manaus a 3,58 nats/ind em sítio no interior do estado do Amazonas. Aquele mesmo autor cita as famílias Sapotaceae, Caesalpinaceae, Lecythidaceae, Moraceae, Chrysobalanaceae, Burseraceae, Mimosaceae, Apocynaceae, Annonaceae, Lauraceae, Fabaceae, como muito comuns e no geral apresentam um maior número de espécies e indivíduos dentre a flora amazônica. Sabe-se que a flora da região sudoeste da Amazônia é significativamente diferente daquelas da sua região central (PRANCE, 1977, HUECK, 1972). Por outro lado, as maiores similaridades são observadas com as áreas acreanas e das demais regiões do sudoeste amazônico, incluindo Peru e sudoeste do Amazonas. O sítio com formação secundária apresentou uma riqueza de 46 espécies para 39 gêneros em 40 famílias para 376 ind/ha. As formações secundárias apresentaram como famílias com maior número de espécies Fabaceae (11), Areacaceae (4) e Annonaceae (3), Clusiaceae (3), Melastomataceae (3) e Moraceae (3). Para gêneros, Inga (4) foi o mais rico, seguido de Caraipa (2), Vitex (2), Miconia (2), Guarea (2) e Ficus (2). Característica particular daquela área de formação secundária é a elevada presença das palmeiras Attalea speciosa e Astrocaryum aculeatum, dando forma ao que regionalmente é chamado de palhal. Em número de indivíduos estas duas palmeiras responderam por mais da metade da densidade total do hectare estudado.

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Foram importantes também na constituição do componente quanto ao número de indivíduos, as espécies Bellucia grossularioides, Bixa orellana e Schefflera morototoni. REIS (2007) apontou a presença dominante de Stryphnodendron guianensis em uma área de floresta secundária no campus José Ribeiro Filho em Porto Velho, por estar relacionada a suas características de espécie pioneira e pela abundância de seus indivíduos. Para uma segunda área de floresta secundária do campus José Ribeiro Filho, Cecropia sciadophylla aparece como a segunda espécie em valor de importância daquela comunidade. (ANDRADE, 2005b). Aspecto importante na florística das formações tropicais são as espécies raras, entendendo-se como tais aquelas que apresentam baixa densidade por unidade de área. No caso das duas formações estudadas no PNM de Porto Velho, esta categoria de espécies está fortemente representada. Para as formações secundárias 60% são espécies raras. Para as florestas ombrófilas abertas este percentual é de 33%. Para KAGEYAMA & GANDARA (1994) as espécies raras são importantes nas atividades de monitoramento dos recursos genéticos e a sua conservação tem por consequência benigna a garantia de conservação das espécies mais comuns e abundantes. Por sua vez, a raridade observada nas espécies pode ser entendida como um eficiente mecanismo biológico de defesa contra os predadores uma vez que populações com indivíduos distribuídos esparsamente ocupam grandes áreas diminuindo o sucesso de predadores. Porém espécies raras podem ser vulneráveis porque são especializadas em um conjunto restrito de fatores ambientais ou são limitadas em sua ação de dispersão para outras áreas (VIANA et al., 1992). As relações florísticas entre os sítios do Parque Municipal e algumas áreas rondonienses e amazonenses estão expressas na Figura 23. Uma primeira observação pode ser feita: alguns sítios geograficamente próximos apresentaram maior similaridade entre si do que com áreas distantes de mesma fisionomia. Este foi o caso das florestas secundárias do PNM de Porto Velho o qual está mais próximo floristicamente das florestas adjacentes do próprio parque do que das formações secundárias da Resex do Rio Ouro Preto. Porém mesmo sendo áreas próximas, a similaridade foi em torno de 50% demonstrando a riqueza florística desta unidade de conservação. Por sua vez, quando comparadas com as demais áreas da análise de agrupamento, estão mais próximas de sítios amazonenses das proximidades de Manaus, portanto da Amazônia Central, do que sítios geograficamente mais próximos como aqueles de Jaci-Paraná e Serra dos Reis.

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Figura 23 - Relações entre as áreas do Parque Natural Municipal de Porto Velho e sítios amazônicos. Relação cofenética: 0,6468. Medida de similaridade: distância euclidiana.

As peculiaridades da flora do Parque, com sua elevada diversidade, considerando as diversas formações vegetacionais incluídas em seu interior somadas à possibilidade de ocorrência de espécies ainda não descritas pela Ciência justificam um cuidado que deve ser dispensado a sua flora, com medidas de proteção visando a possibilidade de estudos futuros para um melhor entendimento desta fração de vegetação representativa da região da cidade de Porto Velho.

3.3.2. HERPETOFAUNA

A herpetofauna do Bioma Amazônico apresenta um alto índice de diversidade e abundância, sendo considerada uma das mais ricas do planeta (ÁVILA-PIRES et al.,2009; ÁVILA-PIRES, et al.,2007; CRUMP 1971; CUNHA &NASCIMENTO 1993; DIXON &SOINI 1986; MARTINS &OLIVEIRA 1998; MARTINS, M., M. E. OLIVEIRA, M. GORDO, H. C. L. LIMA e P. F. BÜHRNHEIM. 1992; RODRIGUEZ &CADLE 1990; SANTOS-COSTA M. C.; PRUDENTE, A. L. da C. 2003; ZIMMERMAN & SIMBERLOFF 1996; ZIMMERMAN & RODRIGUES 1990). O Brasil por sua vez apresenta sua herpetofauna igualmente diversa obtendo o título de País com a maior diversidade de anfíbios do planeta, com cerca de 946 espécies (SEGALLA et al.,2012) e a segunda maior fauna de répteis do mundo com 732 espécies de répteis (BÉRNILS & COSTA (org.). 2011) onde a Amazônia brasileira é representada por boa parte desta herpetofauna contendo cerca de 230 espécies de répteis e anfíbios (ÁVILA-PIRES et al., 2007).

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Apesar dos índices de diversidade na Amazônia serem considerados elevados, os estudos detalhados, de maneira geral, ainda são escassos. Porém, o estado de Rondônia, em conjunto com os estados do Amazonas e Pará são os estados melhor estudados quanto sua herpetofauna (e. g., VANZOLINI 1986, NASCIMENTOet al., 1988, JORGE-DA-SILVA JUNIOR 1993, BERNARDE & ABE 2006, BERNARDE 2007; AVILA-PIRES et al., 2009). No entanto, mesmo com muitos estudos pontuais já realizados são recorrentes os registros de espécies ainda não relatadas para a herpetofauna rondoniense (FREITAS et al.,2012; MENEGHELLI et al.,2011; HOOGMOED et al. 2012; MELO-SAMPAIO et al. 2012; OLIVEIRA et al. 2012), bem como novas espécies em fase de descrição, todas com sua devida importância ecológica e até mesmo potencial econômico (obs. pess.). As unidades de conservação são imprescindíveis para a preservação não só da herpetofauna como, de modo geral, para a manutenção e conservação da biota como um todo. Não obstante disto, os parques urbanos, por vezes, acabam por serem os últimos refúgios para a vida silvestre em regiões antropizada como as grandes cidades, neste caso a cidade de Porto Velho, Rondônia, Brasil. Tanto a herpetofauna, quanto o restante da fauna e flora rondoniense vem sofrendo há décadas as consequências de uma colonização conturbada acarretada dos impactos gerados por grandes ciclos econômicos, como o da cassiterita, ouro e borracha, a construção da BR 364, bem como os impactos gerados diretamente e indiretamente pela perda e fragmentação de hábitat devido o desflorestamento para fins agropecuários (TEIXEIRA et al. 2006). Recentemente a herpetofauna do norte do estado de Rondônia vem sofrendo grandes impactos gerados em decorrência da implementação de duas grandes hidrelétricas, em particular a UHE de Santo Antônio, localizada nas mediações da capital do estado na região do médio Rio Madeira, o que torna áreas de conservação como a do Parque Ecológico Municipal de Porto Velho de suma importância para a conservação da fauna local de répteis e anfíbios, apesar de possuir uma extensão relativamente pequena e ser isolada de outras áreas de conservação (Obs. pess.). Além disso, o contato da população porto velhense para com sua fauna e flora local é limitado, tornando-se perceptível o parcial ou por vezes total desconhecimento e ignorância sobre a importância do meio ambiente como todo. Parques urbanos podem ser importantes para a aproximação da população local à biota local, tornando-se um forte aliado à geração de conhecimento e mudanças de maus hábitos, os quais se tratam de importantes aliados para a conservação e preservação da herpetofauna e de todo o ecossistema (Obs. pess.).

3.3.2.1. Caracterização da Herpetofauna do PNMPV

Foram registradas, com 56 horas/homem totais de procura visual, 28 espécies subdivididas dentro de três Ordens de anfíbios e répteis, a Ordem Anura

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(sapos, rãs e pererecas), Squamata (serpentes, lagartos e anfisbênídeos) e Crocodylia (jacarés) dispostas em 10 famílias no total (Tabela 18).

Tabela 17 - Lista de espécies registradas no levantamento do Parque Ecológico de Porto Velho, Rondônia, Brasil. TÁXON (ORDEM E FAMÍLIA) ESPÉCIE ANURA Rhinella margaritifera BUFONIDAE Rhinella major Rhinella marina Dendropsophus minutus * Hypsiboas cinerascens Hypsiboas geographicus Hypsiboas lanciformis HYLIDAE Osteocephalus taurinus Phyllomedusa tomopterna * Phyllomedusa vaillantii Scinax ruber * Leptodactylus aff. wagnerii Leptodactylus andreae Leptodactylus chaquensis Leptodactylus pentadactylus LEPTODACTYLIDAE Leptodactylus pertesii Leptodactylus rhodomystax Leptodactylus sp. nov. (gr. pentadactylus) Pristimantis fenestratus Pristimantis reichlei STRABOMANTIDAE Pristimantis sp. nov. (gr. conspicillatus) SQUAMATA Leptophis ahaetulla COLUBRIDAE Imantodes cenchoa GEKKONIDAE Hemidactylus mabouia PHYLLODACTYLIDAE Techadactylus solimoensis POLYCHROTIDAE Anolis fuscoauratus TROPIDURIDAE Plica plica CROCODYLIA ALLIGATORIDAE Paleosuchus palpebrosus * Registro auditivo

Destes registros, apenas a espécie de lagartixa Hemidactylus mabouia foi registrada através do método de encontro ocasional enquanto os coletores se 99 ARC FISTER NOVEMBRO DE 2012

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deslocavam até uma das trilhas de coleta. Das 21 espécies de anfíbios, apenas três espécies de pererecas, Dendropsophus minutus, Phyllomedusa tomopterna (Figura 24) e Scinax ruber foram registradas auditivamente. O restante dos registros foi feito durante as buscas por procura visual, o que demonstra a eficiência do método para inventários rápidos e com limitações orçamentárias.

Figura 24 - Perereca verde (Phyllomedusa tomopterna) – Foto: Diego Meneghelli.

Através dos registros em literatura pôde-se aumentar substancialmente a listagem das espécies de anfíbios e répteis ocorrentes na área do Parque. Para o grupo de serpentes, Albuquerque et al. (2007) registraram 33 espécies subdivididas em cinco famílias. Lima & Albuquerque (2011), registraram para a área do Parque 24 espécies de anfíbios anuros subdivididas em sete famílias. Saymon de Albuquerque obteve dados sobre a diversidade de lagartos da área do Parque apenas através de encontros ocasionais, procuras visuais e alguns dados obtidos ocasionalmente através das pitfalls instaladas para a coleta de serpentes (ALBUQUERQUE et al. 2007). Foram registradas 17 espécies de lagartos subdivididas em nove famílias, sendo que estes dados ainda não foram publicados nem mesmo em forma de resumo. Recentemente, em mais uma incursão realizada por Saymon de Albuquerque para o fragmento florestal da área do parque ecológico, foram registradas mais duas espécies, sendo uma de lagarto, Uranoscodon superciliosus (Figura 25) e uma espécie de serpente, Drymoluber dichorus subindo para 18 espécies de lagartos registradas e 34 espécies de serpentes. Somando-se os dados levantados neste trabalho aos dados apontados nos resumos de Albuquerque et al. (2007), Lima & Albuquerque (2011), os dados sobre lagartos não publicados e a última incursão realizada tem-se uma lista com 84 espécies, sendo destas 31 espécies de anfíbios, 34 espécies de serpentes e 18 espécies de lagartos (Tabela 19).

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Figura 25 - Lagarto (Uranoscodon superciliosus) – Foto: Diego Meneghelli.

Tabela 18 - Lista de espécies registradas neste trabalho somadas aos dados publicados em resumos e dados não publicados. r r r r TÁXON ESPÉCIE ef 1 ef 2 ef 3 ef 4 SQUAMATA LACERTILIA GEKKONIDAE Hemidactylus mabouia X X Cercosaura eigenmanni X GYMNOPHTALMIDAE Cercosaura ocellata X IGUANIDAE Iguana iguana X PHYLLODACTYLIDAE Techadactylus solimoensis X X Anolis fuscoauratus X X POLYCHROTIDAE Anolis punctatus X SINCIDAE Mabuya nigropunctata X Coleodactylus amazonicus X SPHAERODACTYLIDAE Gonatodes hasemani X Gonatodes humeralis X Ameiva ameiva X TEIIDAE Kentropyx calcarata X Tupinambis teguixin X Plica plica X X Plica umbra X TROPIDURIDAE Tropidurus oreadicus X Uranoscodon superciliosus X OPHIDIA ANILIIDAE Anilius scytale X Boa constrictor X BOIDAE Corallus hortulanus X Epicrates cenchria X

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Eunectes murinus X Bothrops atrox X VIPERIDAE Bothrops brazili # X Micrurus albicinctus # X ELAPIDAE Micrurus lemniscatus X Micrurus spixii X Atractus snethlageae X Clelia clelia X Erythrolamprus aesculapii X Dipsas catesbyi X Dipsas pavonina X Chironius exoletus X Chironius scurrulus X Drymarchon corais X Drymoluber dichorus X Helicops angulatus X Helicops hagmanni X Imantodes cenchoa X X COLUBRIDAE Leptodeira annulata X Leptophis ahaetulla X X Liophis reginae X Mastigodryas boddaerti X Oxybelis aeneus X Oxybelis fulgidus X Oxyrhopus melanogenys X Rhinobothryum lentiginosum # X Phylodryas argentea X Pseustes poecilonotus X Siphlophis compressus X Spilotes pullatus X ANURA Rhaebo guttatus X Rhinella major X X BUFONIDAE Rhinella margaritifera X X Rhinella marina X X DENDROBATIDAE Adelphobates quinquevittatus X Dendropsophus minutus X X Hypsiboas cinerascens X Hypsiboas geographicus X X HYLIDAE Hypsiboas lanciformis X X Osteocephalus taurinus X X Phyllomedusa bicolor X Phyllomedusa tomopterna X X

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Phyllomedusa vaillantii X X Trachycephalus typhonius X Scinax garbei X Scinax ruber X X Pristimantis fenestratus X X Pristimantis reichlei X STRABOMANTIDAE Pristimantis sp. nov. (gr. X conspicillatus) LEIUPERIDAE Engystomops freiberg X Elachistocleis helianneae X MICROHYLIDAE Hamptophryne boliviana X Leptodactylus aff. wagnerii X Leptodactylus andreae X X Leptodactylus chaquensis X Leptodactylus fuscus X Leptodactylus hylaedactylus X LEPTODACTYLIDAE Leptodactylus petersii X Leptodactylus sp. (gr. X X pentadactylus) Leptodactylus pentadactylus X X Leptodactylus rhodomystax X CROCODYLIA ALLIGATORIDAE Paleosuchus palpebrosus X # Coleção do parque Ref 1 - Albuquerque S. (não publicado) Ref 2 - Albuquerque et al. 2007 Ref 3 - Lima & Albuquerque 2011 Ref 4 - Este trabalho

A diversidade de espécies relatada neste trabalho se mostra proporcionalmente significativa quando comparada com outros estudos em outras localidades (AVILA-PIRES, et al. 2009; AZEVEDO-RAMOS & GALATTI, 2002; BERNARDE et al. 2011; BERNARDE 2007; BERNARDE & ABE, 2006; FRANÇA & VENÂNCIO, 2010; MACEDO et al. 2008; MARTINS, 1991; TURCI & BERNARDE, 2008) principalmente pelo pequeno esforço amostral total empregado e a falta de métodos de coleta complementares (BERNARDE 2008; MACHADO 2008). Em um levantamento realizado em uma localidade do Município de Espigão do Oeste, Rondônia, Bernarde (2007) registrou entre os meses de fevereiro de 2001 e março de 2002 um total de 47 espécies de anfíbios utilizando os métodos de procura visual e armadilhas de interceptação e queda. Bernarde & Abe (2006) registraram 56 espécies de serpentes para uma localidade no município de Espigão do Oeste, Rondônia, através dos métodos de procura visual limitada por tempo, armadilhas de interceptação e queda, coleta por terceiros e encontros ocasionais.

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Macedo et al. (2008) estudaram a riqueza e a frequência de captura de lagartos em áreas de floresta e pastagem em uma localidade em Rondônia utilizando três métodos de amostragem: armadilhas de interceptação e queda, procura noturna limitada por tempo e encontros ocasionais obtendo uma lista com 29 espécies de lagartos. Turci & Bernarde (2008) apresentaram uma lista de espécies de répteis e anfíbios para uma localidade no município de Cacoal, Rondônia contendo 17 espécies de anfíbios, 23 espécies de serpentes e 15 espécies de lagartos. Se comparados a outras localidades da Amazônia os dados obtidos neste trabalho também são significativamente relevantes (AZEVEDO-RAMOS & GALATTI, 2002). França & Venâncio (2010) realizaram um inventário de espécies em Boca do Acre, Amazonas e registraram 53 espécies de anfíbios, 19 espécies de lagartos e 31 espécies de serpentes. Bernarde et al. (2011) ao estudarem a herpetofauna de uma localidade dentro da Reserva Extrativista Riozinho da Liberdade, Acre durante agosto de 2006 e junho de 2008 obtiveram uma lista de 162 espécies de anfíbios e répteis, sendo destas 83 espécies de anfíbios, 29 espécies de lagartos e 42 espécies de serpentes utilizando os métodos de procura visual, com 540 horas/homem de busca durante a noite e 180 horas/homem de busca durante o dia; armadilhas de interceptação e queda com 10 conjuntos de armadilhas com 40 baldes de 100 litros no total funcionais durante cinco dias por mês durante todos os 18 meses de estudo; registro auditivo e encontros ocasionais. Martins (1991) em um estudo na região de Balbina, Amazônia central, registrou 21 espécies de lagartos para a localidade através de procura visual e coleta através do resgate de fauna durante o enchimento do reservatório da UHE de Balbina. Em comparações de riqueza de anfíbios, lagartos e serpentes na Amazônia deve-se levar em conta, além do esforço amostral, também a área de estudo, pois quanto maior a área, um maior número de ambientes ela abrangerá e consequentemente poderá apresentar um maior número de espécies (AVILA-PIRES et al. 2009; AZEVEDO-RAMOS & GALATTI, 2002; BERNARDE 2007). Como os métodos de coleta e esforço amostral empregados em Albuquerque et al. (2007), Lima & Albuquerque (2011), as incursões recentes e este trabalho foram diferentes, faz-se necessário uma análise específica para cada grupo. Para a ofiofauna, ao se analisar os dados amostrados por Albuquerque et al. (2007) nota-se que a fauna de serpentes aparenta ter sido melhor amostrada do que os demais grupos se aproximando mais dos dados obtidos em outras localidades com um esforço amostral executado por vezes superiores como na Reserva Extrativista Riozinho da Liberdade, Acre (42 espécies – BERNARDE et al. 2011), Boca do Acre, Amazonas (31 espécies – FRANÇA & VENÂNCIO, 2010), Espigão do Oeste, Rondônia (56 espécies - BERNARDE & ABE, 2006). Isto se deu em decorrência da fauna de serpentes ter sido amostrada utilizando-se de duas metodologias complementares, busca ativa e armadilhas de queda (ALBUQUERQUE et al. 2007) o que tornou a amostragem deste grupo críptico muito mais eficiente (BERNARDE, 2008).

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Das 34 espécies de serpentes registradas apenas duas foram encontradas neste trabalho sendo estas as espécies de cobra cipó Imantodes cenchoa (Figura 26) e a cobra cipó espada da espécie Leptophis ahaetulla (Figura 27). O baixo número de espécies registradas durante este trabalho se deu devido à falta de métodos complementares de coleta sendo executado apenas a procura visual assim como o pequeno esforço amostram empregado (BERNARDE 2008). Serpentes são animais crípticos e os encontros com as mesmas na natureza costumam ser fortuitos, o que dificulta consideravelmente os estudos realizados in situ ressaltando a importância do uso de métodos complementares para se inventariar a herpetofauna corretamente de modo mais eficiente (BERNARDE 2008; CAMPBELL, H.W. &. CHRISTMAN, S.P. 1982).

Figura 26 - Cobra Cipó (Imantodes cenchoa) – Foto: Diego Meneghelli.

Figura 27 - Cipó Espada (Leptophis ahaetulla) – Foto: Diego Meneghelli.

Dentre as espécies listadas, três foram registradas apenas na pequena coleção existente no parque, a Coral verdadeira Micrurus albicinctus (Figura 28), a Jararaca vermelha Bothrops brazili (Figura 29)e a Falsa coral Rhinobothryum 105 ARC FISTER NOVEMBRO DE 2012

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lentiginosum (Figura 30)(ALBUQUERQUE et al. 2007), sendo estas três espécies tidas como de raro encontro, o que torna relevante a conservação da área do parque assim como o papel das coleções biológicas de pequeno porte como as coleções de referência, por exemplo, a Coleção de Referência da Herpetofauna de Rondônia – CRHRO, estruturada na Universidade Federal de Rondônia – UNIR.

Figura 28 - Coral Verdadeira (Micrurus albicinctus) – Foto: Sara Caroline.

Figura 29 - Jararaca Vermelha (Bothrops brazili) – Foto: Diego Meneghelli.

Figura 30 - Cipó Coral (Rhinobothryum lentiginosum) – Foto: Diego Meneghelli.

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De todas as espécies registradas apenas cinco são classificadas como serpentes peçonhentas e podem representar algum risco de intoxicação a seres humanos em caso de acidentes, sendo estas as espécies de jararaca Bothrops atrox (Figura 31), jararaca vermelha Bothrops brazili (Figura 29) e as espécies de cobras corais verdadeiras Micrurus albicinctus (Figura 31), Micrurus lemniscatus (Figura 29) e Micrurus spixii. Destas pode-se destacar a espécie Bothrops atrox (Figura 31) responsável por até cerca de 95% dos acidentes na região amazônica, podendo atingir uma taxa de letalidade de até 0,31% (ver BERNARDE & GOMES, 2012; BERNARDE, 2011; CAMPBELL & LAMAR, 2004).

Figura 31 - Jararaca (Bothrops atrox) – Foto: Diego Meneghelli.

Figura 32 - Coral Verdadeira (Micrurus lemniscatus) – Foto: Diego Meneghelli.

Para tanto, recomenda-se cautela ao se adentrar áreas onde a existência destas espécies peçonhentas é relatada, como o caso do Parque Ecológico de Porto Velho, sendo necessário o uso de vestimenta adequada como botas, calças, perneiras a fim de se evitar cerca de 95% dos acidentes (BERNARDE & GOMES 2012).

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As toxinas das serpentes peçonhentas são compostas por inúmeras substâncias capazes de, se trabalhadas, gerar poderosos fármacos como o conhecido remédio para o combate à pressão alta Captopril ® utilizado por milhares de pessoas em todo o mundo. As toxinas destas espécies ainda são pouco estudadas e podem designar certa importância econômica com patentes de novos remédios ou mesmo auxiliar no tratamento de diversas patologias (Obs. pess.). Todas as serpentes desempenham importante papel no equilíbrio das cadeias tróficas sendo as importantes reguladoras populacionais de diversos grupos animais como invertebrados, anfíbios, peixes, lagartos, aves, pequenos roedores e mesmo outras serpentes (BERNARDE & ABE, 2010; MARTINS & OLIVEIRA, 1998). As serpentes também acabam por ser fonte de alimento de diversos outros grupos, o que acentua ainda mais sua importância ecológica. Quanto à anurofauna, apesar desta não ter sido amostrada utilizando-se de métodos complementares, apenas procura visual, esta se mostrou relativamente eficiente. Foram amostradas no total 31 espécies de anfíbios pertencentes à Ordem Anura, sendo destas 24 espécies amostradas por Lima & Albuquerque (2011) e 21 espécies amostradas neste trabalho, sendo que destas as espécies de perereca Hypsiboas cinerascens (Figura 33), Pristimantis reichlei (Figura 34), Pristimantis sp. nov. (gr. conspicillatus) (Figura 35) e as rãs Leptodactylus aff. wagnerii, Leptodactylus chaquensis, Leptodactylus pertesii, Leptodactylus rhodomystax (Figura 36) foram registradas pela primeira vez na área do Parque.

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Figura 33 - Perereca (Hypsiboas Figura 34 - Perereca (Pristimantis cinerascens) – Foto: Diego Meneghelli. reichlei) – Foto: Diego Meneghelli.

Figura 35 - Perereca (Pristimantis sp. Figura 36 - Rã de Bigode (Leptodactylus nov.) – Foto: Diego Meneghelli. rhodomystax) – Foto: Diego Meneghelli.

Nota-se uma falha na amostragem de anfíbios quando se observa a diversidade de espécies e famílias obtidos em Lima & Albuquerque (2011) e neste trabalho quando se analisa a limitada quantidade de espécies da família Microhylidae (2 espécies), anfíbios anuros de hábitos fossoreais, também da família Dendrobatidae (1 espécie), onde muitas espécies possuem hábitos terrestres e nenhum registro para a família Aromobatidae, composta também por espécies terrestres. Tais famílias/espécies que não foram registradas neste trabalho são frequentemente relatadas em levantamentos na Amazônia não sendo consideradas raras ou incomuns (BERNARDE et al. 2011; BERNARDE 2007; FRANÇA & VENÂNCIO, 2010; TRAVASSOSet al. 2010). Tal falha poderia ter sido corrigida utilizando-se de métodos complementares de coleta como as armadilhas de interceptação e queda que com certeza aumentaria consideravelmente o número de espécies registradas para a área do parque, principalmente para os anfíbios de hábitos fossoreais e terrestres (CECHIN & MARTINS, 2000).

A riqueza de espécies de anfíbios do Parque Ecológico de Porto Velho, apesar de ainda não amostrada de maneira completa, pode ser considerada

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relativamente alta quando comparada a outras localidades no estado de Rondônia como em Espigão do Oeste, Rondônia (47 espécies – BERNARDE, 2007), Cacoal, Rondônia (17 espécies – TURCI & BERNARDE, 2008), Jarú, Rondônia (19 espécies – PIATTI et al. 2012). Quando comparada com outras localidades na Amazônia a riqueza de espécies de anuros para a área do parque também parece ser relevante (AZEVEDO- RAMOS & GALATTI, 2002) como em Boca do Acre, Amazonas (53 espécies – FRANÇA & VENÂNCIO, 2010), Rio Preto da Eva, Amazonas (23 espécies – ILHA & DIXO, 2010), Coari, Amazonas (44 espécies - Travassos et al. 2010) podendo chegar até 124 espécies como o amostrado por Souza (2009) nas localidades do Parque Nacional da Serra do Divisor e Reserva Extrativista do Alto Juruá, ambas localizadas no estado do Acre. Das 31 espécies de anfíbios registradas para a área do Parque podemos destacar algumas como a espécie de perereca Pristimantis reichlei (Figura 34) que consiste no primeiro registro da espécie para o estado de Rondônia e o segundo registro da espécie para o Brasil, o que demonstra o quão é necessário se conhecer a real diversidade de espécies da área estudada. Este espécime foi coletado e depositado na Coleção de Referência da Herpetofauna de Rondônia – CRHRO para servir como material testemunho onde uma nota de ampliação de distribuição geográfica será produzida e submetida à publicação para o periódico Herpetological Review. O constante relato de novas ampliações de distribuição geográficas de algumas espécies para o estado de Rondônia, particularmente em sua porção norte, comprova a necessidade de se aprofundarem os estudos como inventários e levantamentos na região (MELO-SAMPAIO et al. 2012; MENEGHELLI et al. 2011; OLIVEIRA et al. 2012). Outros registros de grande relevância são as espécies de rã Leptodactylus sp. nov. (gr. pentadactylus) (Figura 37) e Pristimantis sp. nov. (gr. conspicillatus) (Figura 35). Ambas espécies ainda não são conhecidas pela ciência e estão sendo descritas por este autor. Salienta-se aqui mais uma vez a extrema importância de conservação da área do Parque Ecológico de Porto Velho, uma vez que estas duas espécies aparentemente são endêmicas para sudoeste da Amazônia, mais especificamente para o extremo norte do estado de Rondônia, nas limitações da Bacia do Médio Rio Madeira. Logo, devido as recentes pressões antrópicas causadas pelos grandes empreendimentos na região, as quais acabam por gerar grandes impactos aos hábitats naturais e ambientes de reprodução das espécies de anfíbios, faz-se necessário tomar medidas urgentes para a manutenção e conservação de toda a área do Parque, uma vez que esta é um dos últimos remanescentes florestais próximos à cidade de Porto Velho.

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Figura 37 - Rã Pimenta (Leptodactylus sp. nov.) – Foto: Diego Meneghelli.

Outro registro interessante é o relato, através de registro auditivo, da presença da perereca kambô Phyllomedusa bicolor (Figura 38) (LIMA & ALBUQUERQUE, 2011) a qual tem seu veneno utilizada por algumas tribos indígenas no sudoeste amazônico para fins medicinais sendo conhecida como “vacina-do-sapo”, onde esta, aparentemente, ajuda a combater problemas de saúde (BERNARDE & SANTOS, 2009). Este habito foi registrado em Espigão do Oeste, Rondônia, onde BERNARDE & SANTOS (2009) entrevistaram 31 pessoas não indígenas, dentre as muitas que fazem o uso deste procedimento, onde 52% dos entrevistados afirmaram ter sentido melhorias após seu uso, porém, suas propriedades medicinais ainda encontram-se em fase de estudos (BERNARDE & SANTOS, 2009).

Figura 38 - Kambô (Phyllomedusa bicolor) – Foto: Saymon de Albuquerque.

Todos os anfíbios são venenosos sendo esse veneno parte de seu repertório do sistema imune bem como sendo utilizado na defesa contra predadores (TOLEDO et al. 2011), sendo que cada toxina de cada espécie possui

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sua especificidade resultando em um grande campo de estudo a ser explorado nos próximos anos para a indústria farmacêutica, cosmética entre outras. (Obs. pess.). Anfíbios estão em declínio no mundo todo, provavelmente por um sinergismo de fatores, o que os torna o grupo de tetrápodes (vertebrados terrestres) mais ameaçados da atualidade (TOLEDO et al. 2012). Declínios catastróficos são ainda mais preocupantes quando ocorrem nas regiões de alta riqueza e endemismo de espécies do planeta. Este é justamente o caso do Brasil, detentor absoluto do maior número de espécies, abrigando aproximadamente 17% da diversidade global, e o maior número de espécies endêmicas do mundo (Frost 2011, SEGALLA et al. 2012). Esta riqueza ainda está em constante ascensão e deve aumentar significativamente nos próximos anos, por meio de descrições de novas espécies e rearranjos taxonômicos (Obs. pess.). Dentre as diversas causas de declínio das populações de anfíbios no mundo, bem como populações de anfíbios da Amazônia, está a perda de hábitats naturais para fins agropecuários ou extrativistas (FUNK & MILLS, 2003; STUART et al. 2004). Sendo assim, os países devem preservar ao máximo as áreas de vegetação nativa para conservação da fauna associada, onde no Brasil a situação tende a se agravar de acordo com as pré- disposições do novo código florestal brasileiro (TOLEDO et al. 2012). Os anfíbios amazônicos possuem cerca de 29 modos reprodutivos descritos sendo que parte destes depende diretamente da água e os demais, em sua maioria, dependem de ambientes florestados intactos para poderem servir como sítios reprodutivos (HODL, 1990). Anfíbios, assim como a serpentes são peças fundamentais no equilíbrio das cadeias tróficas sendo grandes predadores de invertebrados, principalmente de artrópodes, servindo também de presa para diversos grupos de animais como serpentes, mamíferos, aves, peixes, outros anfíbios e mesmo invertebrados como escorpiões, formigas e aranhas (Toledo et al. 2006). Quando analisadas a riqueza de espécies de anfíbios do Parque, as espécies ainda não registradas para Rondônia e as duas espécies em fase de descrição para a ciência faz-se necessário uma imediata intervenção em prol da conservação dos habitats naturais e sítios reprodutivos como lagos, poças temporárias e áreas de mata ciliar, além de matas de terra firme do Parque Ecológico de Porto Velho, Rondônia bem como a criação de uma zona de amortecimento ao redor do mesmo (Obs. pess.) Tais medidas visam evitar a problemática perda de habitats naturais por ações antrópicas que como consequência vem causando declínio populacional na anurofauna em todo o Mundo (TOLEDO et al. 2012). Quanto à saurofauna (fauna de lagartos), nota-se que a diversidade obtida, até então, se mostra extremamente relevante, uma vez que mesmo com um pequeno esforço amostral e limitações de técnicas de coleta empregados por Saymon de Albuquerque (dados ainda não publicados) e este trabalho, a quantidade de espécies amostradas se aproxima e às vezes até ultrapassa a diversidade observada em outras localidades de Rondônia, como em Espigão do

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Oeste (29 espécies – MACEDO et al. 2008), Cacoal (15 espécies – TURCI & BERNARDE, 2008). Em outras localidades na Amazônia a diversidade de espécies também parece bem próxima da obtida até então na área do Parque, por exemplo, em Boca do Acre, Amazonas (19 espécies – FRANÇA & VENÂNCIO, 2010), Reserva Extrativista Riozinho da Liberdade, Acre (29 espécies – BERNARDE et al. 2011) e Balbina, região central do Amazonas (21 espécies – MARTINS, 1991). Quando relacionados estes estudos comparados ao baixo esforço amostral empregado na área do parque é possível inferir que a diversidade obtida ainda pode ser subestimada uma vez que métodos complementares não foram aplicados durante o tempo necessário (BERNARDE, 2008). Lagartos, assim como anfíbios e serpentes, também detêm importante papel nas cadeias tróficas servindo tanto como presas para mamíferos, aves, serpentes, peixes e mesmo outros lagartos bem como invertebrados e também como predadores podendo ter dita generalista ou específica podendo predar desde folhas, frutos até invertebrados ou mesmo pequenos vertebrados (BERNARDE, 2012). Muitas espécies de serpentes desenvolveram o hábito de predar exclusivamente lagartos, sendo este denominado saurivoria (BERNARDE & ABE, 2010; MARTINS & OLIVEIRA, 1998). As necessidades de conservação das espécies de répteis e anfíbios no Brasil vem se tornando algo alarmante e recentemente vem sendo alvo de profundos estudos devido principalmente à perda de habitat natural para a agropecuária e extrativismo bem como com as alterações propostas no novo código florestal (FUNK & MILLS, 2003; MARQUESet al. 2012; TOLEDO et al. 2012). Para tanto, algumas organizações vem ganhando força tentando catalogar e reunir informações de todas as espécies possíveis da biota mundial, analisando, por exemplo, o status conservacionista das espécies com base em inúmeras buscas de dados na literatura e parcerias com cientistas, programas governamentais e ONG’s no mundo todo como é o caso da lista vermelha das espécies ameaçadas (The IUCN Red List of Threatened Species™) a qual é amplamente reconhecida como a mais abrangente, em nível global para avaliar o estado de conservação de espécies vegetais e animais (IUCN, 2011). De acordo com a IUCN nenhuma das espécies registradas para a área do Parque apresenta grau de perigo quanto a sua conservação, mas praticamente todas elas apontam o desmatamento e perda de hábitat como possíveis causas de futuras reduções das populações destas espécies, onde as mesmas são relacionadas { categoria “pouco preocupante” (Least concern) por possuírem uma ampla distribuição geográfica pela Bacia Amazônica (IUCN, 2011). Porém, deve-se levar em consideração que muitas localidades onde estas mesmas espécies ocorrem já se encontram sobre forte ameaças seja por perda de habitat e poluição, como o caso do Brasil ou mesmo doenças infectocontagiosas o que torna iminente a conservação dos hábitats naturais onde estas populações ainda ocorrem sem sofrer

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grandes ameaças em curto prazo (FUNK & MILLS, 2003; IUCN, 2011; MARQUES et al. 2012; TOLEDO et al. 2012). Outra importante organização é a chamada CITES – Convenção sobre o comércio internacional das espécies ameaçadas da fauna e flora selvagem (The Convention on International Trade in Endangered Species of Wild Fauna and Flora) que busca garantir com que o comércio internacional de espécies de plantas e animais silvestres não ameace a sobrevivência e manutenção das populações destas espécies na natureza (CITES, 2012). A CITES apresenta uma relação de três listas de espécies, CITES I, CITES II e CITES III. A lista CITES I é composta por espécies ameaçadas de extinção onde o comércio destas só é permitido em circunstâncias excepcionais. A lista CITES II Inclui espécies as quais não estejam necessariamente ameaçadas, mas que se faz necessário um controle rigoroso sobre o comércio destas espécies a fim de se garantir a integridade das populações das mesmas na natureza. Já a lista CITES III possui espécies que são protegidas pelo menos em um País que tenha solicitado ajuda a CITES para controle do comércio destas espécies (CITES, 2012). Algumas das espécies relacionadas neste trabalho são apontadas em algumas das categorias CITES (verErro! Fonte de referência não encontrada.). Vale essaltar que a maioria espécies ainda carece de dados suficientes para que alguma conclusão quanto seu status conservacionista seja elaborado. Para as espécies em fase de descrição como o caso da rã pimenta Leptodactylus sp. nov. (gr. pentadactylus) e perereca Pristimantis sp. nov. (gr. conspicillatus) por não se saber de fato a amplitude de sua distribuição geográfica e o quão seus hábitats naturais estão ameaçados ambas são relacionadas como espécies críticas uma vez que há a possibilidade de serem espécies endêmicas, ou seja, espécies que só ocorram nesta localidade do extremo norte do estado de Rondônia (obs. pess.). Quanto às espécies relacionadas na tabela CITES II registradas nas mediações do Parque Natural, todas são constantemente procuradas para criação como pets, no Brasil e em outros Países devido suas cores vistosas (Adelphobates quinquevittatus – Sapinho ponta de flecha (Figura 39) e por algumas dessas espécies se tornarem relativamente dóceis quando criadas desde jovens em cativeiro (Iguana iguana – Camaleão – Serpentes: Boa constrictor – Jibóia (Figura 40), Eunectes murinus – Sucuri (Figura 41), Epicrates cenchria – Jibóia Arco-Íris, Corallus hortulanus – Cobra veadeira) (Obs. pess.).

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Figura 39 - Sapo Ponta-de-Flecha (Adelphobates quinquevittatus) – Foto: Diego Meneghelli.

Figura 40 - Jibóia (Boa constrictor) – Foto: Diego Meneghelli.

Figura 41 - Sucuri (Eunectes murinus) – Foto: Diego Meneghelli.

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Tabela 19 - Espécies registradas na área do Parque Ecológico relacionadas em alguma das categorias da CITES 2012. CITES TÁXON ESPÉCIE CITES I CITES II III SQUAMATA LACERTILIA GEKKONIDAE Hemidactylus mabouia Cercosaura eigenmanni GYMNOPHTALMIDAE Cercosaura ocellata IGUANIDAE Iguana iguana X PHYLLODACTYLIDAE Techadactylus solimoensis Anolis fuscoauratus POLYCHROTIDAE Anolis punctatus SINCIDAE Mabuya nigropunctata Coleodactylus amazonicus SPHAERODACTYLIDAE Gonatodes hasemani Gonatodes humeralis Ameiva ameiva TEIIDAE Kentropyx calcarata Tupinambis teguixin X Plica plica Plica umbra TROPIDURIDAE Tropidurus oreadicus Uranoscodon superciliosus OPHIDIA ANILIIDAE Anilius scytale Boa constrictor X Corallus hortulanus X BOIDAE Epicrates cenchria X Eunectes murinus X Bothrops atrox VIPERIDAE Bothrops brazili Micrurus albicinctus ELAPIDAE Micrurus lemniscatus Micrurus spixii Atractus snethlageae Clelia clelia X Erythrolamprus aesculapii Dipsas catesbyi COLUBRIDAE Dipsas pavonina Chironius exoletus Chironius scurrulus Drymarchon corais Drymoluber dichorus

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Helicops angulatus Helicops hagmanni Imantodes cenchoa Leptodeira annulata Leptophis ahaetulla Liophis reginae Mastigodryas boddaerti Oxybelis aeneus Oxybelis fulgidus Oxyrhopus melanogenys Rhinobothryum lentiginosum Phylodryas argentea Pseustes poecilonotus Siphlophis compressus Spilotes pullatus ANURA Rhaebo guttatus Rhinella major BUFONIDAE Rhinella margaritifera Rhinella marina DENDROBATIDAE Adelphobates quinquevittatus X Dendropsophus minutus Hypsiboas cinerascens Hypsiboas geographicus Hypsiboas lanciformis Osteocephalus taurinus HYLIDAE Phyllomedusa bicolor Phyllomedusa tomopterna Phyllomedusa vaillantii Trachycephalus typhonius Scinax garbei Scinax ruber Pristimantis fenestratus Pristimantis reichlei STRABOMANTIDAE Pristimantis sp. nov. (gr. conspicillatus) LEIUPERIDAE Engystomops freiberg Elachistocleis helianneae MICROHYLIDAE Hamptophryne boliviana Leptodactylus aff. wagnerii Leptodactylus andreae LEPTODACTYLIDAE Leptodactylus chaquensis Leptodactylus fuscus Leptodactylus hylaedactylus 117 ARC FISTER NOVEMBRO DE 2012

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Leptodactylus petersii Leptodactylus sp. (gr. pentadactylus) Leptodactylus pentadactylus Leptodactylus rhodomystax CROCODYLIA ALLIGATORIDAE Paleosuchus palpebrosus X

Com base nos dados levantados neste trabalho pode-se afirmar que toda a área do Parque Ecológico Municipal de Porto Velho assim como seu entorno é área prioritária para a conservação devido sua estimada riqueza de espécies da herpetofauna a qual além de incluir espécies raras e incomuns também possui novos registros para Rondônia bem como espécies ainda em fase de descrição as quais possuem chances de serem endêmicas para a região. O Parque Natural de Porto Velho esta situado em meio a uma área que vem sofrendo muitos impactos gerados pelos grandes empreendimentos como as UHE’s Santo Antônio e Jirau, bem como a reestruturação da Rodovia BR 319, entre outros, os quais representam grande ameaça para as espécies locais de répteis e anfíbios. Além destes fatos, este parque é um dos últimos remanescentes florestais preservados nas proximidades de Porto Velho, o que o torna peça chave fundamental para se trabalhar a educação ambiental e estimular a aproximação da população portovelhense para com sua biota local, o que pode ser traduzido em uma ferramenta única de conservação. Pelo fato do Parque Natural ser um dos últimos remanescentes florestais nas proximidades de Porto Velho esta área passou a sofrer um efeito de ilha onde provavelmente muitas espécies se refugiaram na área, o que explica a alta riqueza observada levando em consideração a pequena área total do Parque, ressaltando novamente sua importância estratégica na conservação e preservação destas espécies na região. A presença de espécies listadas na tabela CITES na área estudada releva a necessidade de conservação da mesma uma vez que tais espécies podem vir sofrer impactos em suas populações naturais brevemente devido a principalmente perda de habitat e comércio ilegal de vida selvagem. Toda a área do Parque é aqui considerada imprescindível para a conservação das espécies, porém, se forem listadas ordens de prioridade, é necessário uma atenção redobrada a pontos dentro do Parque que detêm maior abundância e diversidade de espécies como lagoas, poças temporárias, matas ripárias e igarapés. Não se pode abster à importância de também se conservar as áreas de terra firme uma vez que a herpetofauna ocupa os mais diferentes micro- habitats, desde igarapés, poças temporárias, serapilheira, vegetação arbustiva, sobosque e do céu.

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3.3.3. MASTOFAUNA A distribuição da riqueza de mamíferos é bastante heterogênea (Ceballos et al. 2005), assim como para outros grupos os Neotrópicos é a região zoogeográfica com o maior número de espécies (Cole et al. 1994), sendo a mastofauna brasileira composta por aproximadamente 701 espécies (Paglia et al. 2012), distribuídos em 243 Gêneros, 50 Famílias e 12 Ordens. Caracterizando o Brasil como a região com maior número de espécies de mamíferos do Planeta (Wilson & Reeder, 2005). Além de possuir o maior número de espécies o Brasil é um dos países que detém o maior número de endemismos, totalizando 231, com destaque para primatas e roedores (FONSECA et al. 1996; MMA, 2001; LEWINSOHN, 2005; LEWINSOHN &PRADO, 2005; PAGLIA et al. 2012). Nesse contexto, a Amazônia brasileira é destacada por registrar 399 espécies de mamíferos, sendo seis artiodátilos, 16 carnívoros, um cetáceo, 146 morcegos, seis cingulatos, quatro pilosos, 27 marsupiais, um lagomorfo, um perissodátilo, 92 primatas, 93 roedores e um sirenio (PAGLIA et al. 2012). A Amazônia, possui a maior diversidade de morcegos e de primatas do Brasil. Os mamíferos de médio e grande porte, apresentam grande importância ecológica (ALMEIDA &ALMEIDA, 1998), tanto no que diz respeito à estruturação de toda a comunidade de mamíferos (papel exercido pelos carnívoros predadores de topo, como os felinos), como em processos relacionados à regeneração da floresta, como a dispersão de sementes (PERES, 2010), principalmente no caso dos primatas frugívoros, quirópteros, ungulados, entre outros, e polinização, além do papel dos predadores de semente. Podendo exercer função de indicadores de qualidade dos ambientes florestais (COUTINHO et a. 1997; CLOZATO et al, 2008). Os pequenos mamíferos não-voadores, grupo ecológico mais diversificado de mamíferos das florestas Neotropicais possuem peso corporal > ou = 1kg (WILSON et al. 1996), são representados pelos roedores e marsupiais, apresentam enorme variação de nichos, hábitats e também de hábitos, o que pode refletir de forma marcante nas características morfológicas e ecológicas das espécies. Em geral, apresentam modo de vida noturno e solitário (VOSS & EMMONS, 1996). A dieta desses animais também apresenta uma grande amplitude, possibilitando classificá-los em seis categorias tróficas: herbívoro, insetívoro, onívoro, seminívoro-frugívoro, herbívoro/seminívoro-frugívoro, herbívoro/insectívoro (SILVA, 2005). Devido ao hábito frugívoro, eles podem atuar como dispersores ou predadores de sementes, selecionando as plantas participantes das sucessões ecológicas (MALCOLM, 1991). Além da dispersão e seleção de sementes, roedores e marsupiais também fazem parte da dieta de outros animais como aves, mamíferos e répteis. Em cachorros-do-mato (Cerdocyon thous), por exemplo, os vestígios de roedores nas fezes podem chegar a 36% (ROCHA et al 2004). Conhecer, portanto, seus padrões populacionais, é de suma importância, pois estes podem explicar presença ou ausências inesperadas de espécies, pois 119 ARC FISTER NOVEMBRO DE 2012

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atuam diretamente na base das cadeias energéticas, atuando ao mesmo tempo como consumidores e recurso alimentar (TAVARES, 1998; PARDINI, 2004; ROCHA, 2004; DeMATTIA et al. 2006), são pouco visados por caçadores (BONVICINO et al.2002), além de serem divididos em categorias ecológicas de acordo com sua distribuição, uso da vegetação alterada e especificidade de habitat. Morcegos apresentam uma grande importância ecológica (BERNARD et al.2011), interagem com um amplo espectro de organismos, sendo dispersores de sementes, polinizadores, presas e predadores (p.ex. KUNZ &FENTON, 2003), têm um importante papel epidemiológico, incluindo a transmissão do vírus rábico (p. ex. SCHNEIDER et al. 2009) e contribuem significativamente com a diversidade global dos mamíferos (WILSON &REEDER 2005). A dispersão de sementes por meio das fezes dos morcegos frugívoros é fundamental para o sucesso reprodutivo das plantas consumidas, a manutenção das florestas e a recuperação de áreas degradadas (FLEMING &SOSA, 1994; GARCIA et al. 2000). No entanto, apesar da grande riqueza de espécies, do importante papel que morcegos desempenham na funcionalidade das florestas tropicais e da sua estreita relação com os ambientes florestais, pouco se sabe a respeito da resposta deste grupo frente ao processo de fragmentação e alteração de florestas. A perda de habitat e a fragmentação, relacionadas com o desenvolvimento econômico, são as maiores ameaças aos mamíferos no Brasil (COSTA et al. 2005) e provavelmente no mundo. As mudanças no ambiente podem, ainda, provocar alterações na estrutura das comunidades animais, ocorrendo um aumento no número de espécies generalistas de borda e de espécies exóticas, bem como uma redução no número de espécies mais especializadas, principalmente aquelas de interior de florestas e que exigem grandes áreas de vida (LAURANCE, 1991; ANDRÉN et al., 1997). A caça de subsistência de vertebrados silvestres, pode também ser uma causa muito importante no declínio da população de mamíferos, por ser uma das formas mais difundidas de extração de recursos das florestas tropicas, acaba resultando em alterações profundas na biomassa das populações, diversidade de espécies e estrutura e tamanho das assembléias de fauna residual (PERES &MICHALSKI, 2006). Assim, a manutenção de unidades de conservação representa um passo fundamental para equilibrar o avanço das atividades antrópicas sobre os ecossistemas naturais. E, as avaliações da riqueza de espécies, reconhecimento das relações com o mosaico de hábitats são questões de primeira importância para a conservação dos mamíferos (NEPSTADT et al. 1997).

3.3.3.1. Caracterização da Mastofauna do PNMPV

Durante 16 dias/noite de trabalho em campo, entre 02 à 17 de Abril de 2012, obtivemos um esforço amostral de 43:15hs de censo, realizado nas trilhas do 120 ARC FISTER NOVEMBRO DE 2012

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parque e 09:31hs de esforço em rondas noturnas de carro pela área do entorno, totalizando 52:46hs de esforço amostral e 20 entrevistas feitas com funcionários e moradores da área de entorno do parque. O estudo totalizou o registro de 35 espécies de mamíferos, pertencentes a sete ordens (Tabela 21). O número total de mamíferos registrados durante o trabalho mostra que a área possui um número representativo da mastofauana amazônica. Por exemplo, se considerarmos apenas os mamíferos de médio e grande porte, não voadores temos 30 espécies registradas para área, número esse muito representativo, já que em outros estudos realizados no estado apenas com mamíferos de médio e grande porte, nota-se uma riqueza muito menos expressiva do que a encontrada no parque. Ferrari (1995a), em uma Avaliação Ecológica Rápida realizada na Estação Ecológia Estadual Serra dos Três Irmãos, registrou 15 espécies de mamíferos de médio e grande porte em uma área de 99.813ha. Messias (2002a), avistou 12 espécies de mamíferos de médio e grande porte na ESEC Antônio Mojica Nava, 18.280ha. Casagrande (2009), registrou 24 espécies de mamíferos de médio e grande porte na fazenda Manoa em Cujubim/RO, área com cerca de 73.000ha e, ainda Bacelar (2010), obteve o registro de 20 espécies da mastofauna de médio e grande porte em uma área ecotonal, localizado no município de Pimenta Bueno/RO, área com cerca de 5.228ha. Vale ressaltar que nos trabalhos de Ferrari (1999a), Messias (2002a), Casagrande (2009) e Bacelar (2010), não foi utilizado o método de entrevistas semi-estruturadas, nestes estudos as atividades seguiram apenas o método de transecção linear. Dessa forma, a alta riqueza de mamíferos indicada para o parque, pode estar relacionada diretamente com os métodos empregados durante a coleta de dados, haja vista que o maior número de registro de espécies da mastofauna para o parque, se deu através das entrevistas semi-estruturadas.

Figura 42 - Toca utilizado por mamífero Figura 43 - Fruto de babaçu (Orbignya para descanso. sp.) predado por roedor na área de estudo

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Tabela 20 -Espécies de mamíferos ocorrentes no Parque Ecológico de Porto Velho, registradas entre os dias 02/04 a 22/04/2012, de acordo com sua forma de registro. C, captura; Vi ,visualização; Ve, vestígio; E, entrevista. Forma de Registro Ordem Nome Científico Nome vulgar C Vi Ve E Euphractus sexcinctus Tatu-peba X X Cingulata Dasypus novemcinctus Tatu-galinha X X Tamandua tetradactyla Tamanduá-mirim X Myrmecophaga Tamanduá-bandeira X Pilosa tridactyla Choloepus didactylus Preguiça-real X Bradypus variegatus Preguiça-de-bentinho X Carollia perspicillata Morcego X X X Glossophaga soricina Morcego X X X Chiroptera Pteronutus parnellii Morcego X X Artibeus lituratus Morcego X X Saccopteryx bilineata Morcego X X X Saguinus fuscicollis Soim-preto X X Mico rondoni Soim-branco X Cebus apella Macaco-prego X X Primates Saimiri ustus Mão-de-ouro X X Aotus sp. Macado-da-noite X Callicebus brunneus Zog-Zog X Pithecia irrorata Macaco-velho, Parauacu X Panthera onca Onça-pintada X Puma concolor Onça-parda, Suçuarana X Puma yagouaroundi Gato-mourisco X Leopardus wiedii Gato-maracajá X Carnivora Leopardus tigrinus Gato-do-mato-pequeno X Nasua nasua Quati X X Eira barbara Irara, Papa-mel X Pteronura brasiliensis Ariranha X Potos flavus Jupará X Mazama nemorivaga Veado-roxinho X Artiodactyla Pecari tajacu Cateto, caititu X X Guerlinguetus ignitus Quatipuru, esquilo X Dasyprocta fuliginosa Cutia-preta X X Dasyprocta variegata Cutia-marron X X Rodentia Cuniculus paca Paca X X Hydrochaeris Capivara X X hydrochaeris Coendou prehensilis Porco-espinho X X

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O esforço amostral total para o subgrupo de pequenos mamíferos foi de 320 armadilhas convencionais x noites, resultando em um sucesso de captura geral de 0,0%, já que nenhum espécime de pequenos mamíferos (Roedores e Marsupiais) foi capturado durante a realização do trabalho. Mesmo em grandes amostragens, nas duas estações do ano (no caso da Amazônia), o sucesso de captura para pequenos mamíferos é baixo, por exemplo, Araújo (2008) em doze meses de amostragem, com esforço total de 4.950 armadilhas convencionais x noites, teve um sucesso de captura de pequenos mamíferos de 0,26%. Santos-Filho, et al. (2008) em seis meses de amostragem (três na estação chuvosa e três na seca), obteve um esforço total de 12.800 armadilhas convencionais x noites e, para pitfalls um esforço total de 4.800 baldes x noites, o sucesso de captura de pequenos mamíferos durante todo o estudo foi de 2,2%. Como a amostragem foi realizada em um curto período apenas no pico da estação chuvosa Amazônica, o não sucesso da captura pode estar relacionado em geral com a grande disponibilidade de alimento encontrado em florestas nessa estação do ano. Santos-Filho, et. al. (2008), obteve quase o dobro de capturas durante a seca em relação ao período chuvoso, 2,7% e 1,6% respectivamente. Há também, aumento significativo da disponibilidade de artrópodes na época chuvosa, como encontrado em outros estudos (p. ex. BERGALLO & MAGNUSSON 1999, 2002). Assim, durante o período de chuva, a maior disponibilidade de alimento no ambiente pode diminuir a eficiência das iscas e a probabilidade de captura de pequenos mamíferos cai (MACCLEARN et al. 1994). Adicionalmente, nesta época do ano a maioria das populações destes animais apresenta poucos adultos e muitos jovens, os quais s~o menos capturados em armadilhas com iscas (O’CONNELL 1989, VIEIRA 1996, QUENTAL et al. 2001). De acordo com as referencias bibliográficas utilizadas para este trabalho, foi produzida também uma listagem das espécies de mamíferos com potencial ocorrência no Parque Natural Municipal de Porto Velho (Tabela 22).

Tabela 21 - Espécies de mamíferos com potencial ocorrência no Parque Natural Municipal de Porto Velho.

Ordem Nome Científico Nome vulgar

Didelphis marsupialis Mucura, Gambá Metachirus nudicaudatus Cuíca-de-quatro-olhos Caluromys lanatus Cuíca Didelphimorphia Marmosa murina Cuíca, Marmosa Caluromys philander Cuíca-lanosa Micoreus sp. Cuíca Marmosops sp. Cuíca Pilosa Cyclopes didactylus Tamanduaí

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Dasypus septemcinctus Tatuí, Tatu-sete-cintas Dasypus novemcinctus Tatu-galinha Cingulata Cabassous unicinctus Tatu-de-rabo-mole Dasypus kappleri Tatu-quinze-quilos Primates Ateles chamek Macaco-aranha, coatá Mazama americana Veado-vermelho Artiodactyla Mazama gouazoupira Veado-roxo, catingueiro Tayassu pecari Queixada Urosciurus spadiceus Esquilo Neacomys spinosus Rato Nectomys sp. Rato Oecomys bicolor Rato Rodentia Oligoryzomys microtis Rato Isothrix bistriata Rato Mesomys hispidus Rato Proechimys sp. Rato de espinho

A presença de diferentes espécies da fauna na área de estudo corrobora os resultados de trabalhos que destacam a importância de pequenos fragmentos para a manutenção da fauna silvestre em regiões sob ação antrópica (ver, por exemplo: LOPES & FERRARI, 2000; BERNARDO & GALETTI, 2004; MICHALSKI & PERES 2005; SILVAet al. 2005; STONE et al. 2009). Em paisagens muito fragmentadas, a manutenção de, ao menos, pequenos remanescentes, como observado na área de estudo, pode amenizar a perda de espécies ou o declínio nas populações locais (ANDRÉN, 1994). Dessa forma, as espécies de mamíferos registradas no parque possuem grande importância ecológica na manutenção do fragmento, seja por exercerem papel de dispersores de sementes, polinizadores (p. ex., mamíferos herbívoros, pequenos mamíferos, quirópteros), atuarem como reguladores de populações de frugívoros (EMMONS, 1987; CHIARELLO, 2008), ou herbívoros (p. ex. carnívoros), ou ainda por serem controladores naturais de pragas, como no caso dos morcegos insetívoros (p. ex. Quirópteros). Esses por sua vez, registrados em grandes populações, abrigadas em paredões ou cavernas dentro do parque, além de importantes dispersores e polinizadores (PERINI et al. 2003), são importantíssimos controladores de insetos, (RIVAS-PAVA et al. 1996), como no caso de Pteronotus parnellii e Saccopteryx bilineata, ambos registrados no parque e, que se alimentam principalmente de lepidópteros, coleópteros e dípteros. Muitos dos insetos capturados pelos morcegos são daninhos à lavora ou podem transmitir doenças como a dengue. Além disso, capturam coleópteros e isópteros que atacam a estrutura de casas construídas com madeira (YALDEN & MORRIS, 1975).

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Estima-se que algumas espécies possam comer quantidades correspondentes a uma vez e meia o seu peso e uma única noite (GOODWIN & GREENHALL, 1961). Alguns Phyllostomidae comuns no Brasil também podem capturar até 500 insetos por hora (GRIFFIN et al. 1960). Tendo em vista a grande importância que os mamíferos desempenham na estrutura de uma floresta, torna-se extremamente importante ações conservacionistas que visem a preservação e conservação do parque. É imprescidível também, que seja feito um trabalho mais minucioso (quantitato e qualitativo) com toda a comunidade de mamíferos do parque, utilizando-se de diversos métodos de amostragem, afim de que se possa ter respostas mais precisas da situação da mastofauna, sendo possível dessa forma, traçar medidas ecológicas eficientes para um bom manejo e manutenção ecológica do remanescente florestal. Outro fator determinante para a conservação das espécies de mamíferos do parque é a delimitação da área de visitas, uma vez que o grande fluxo de pessoas no interior do parque, gera um elevado grau de perturbação o que pode levar ao deslocamento de espécies para outras áreas como p. ex. Pteronura brasilienses (ariranha), que é extremamente sensível a perturbação, ou mesmo extinção local como o caso de Tapirus terristris (anta), que após o ano de 2008, nunca mais foi avistado no parque. A caça também é outro fator que deve ser coibido dentro da área do parque. Durante a realização deste trabalho, foi comum encontrar moradores da área do entorno transitando livremente dentro do parque com facões e outros apetrechos de caça e pesca. Foi encontrado também “esperas” (local onde os caçadores se abrigam para caçar), em vários pontos ao longo do igarapé Belmont, animais como Cuniculus paca (paca), são extremamente visados por caçadores e, sofrem pressão de caça muito elevada, por sua carne ser considerada saborosa (PERES, 2010). Foram detectadas no parque cinco espécies ameaçadas de extinção segundo o Instituto Brasileiro de Conservação da Biodiversidade, ICMBio (2011). Tamanduá-bandeira Myrmecophaga tridactyla: dentre os dois grandes mirmecófagos ocorrentes no parque, este pode ser considerado localmente raro. A rigor, nenhum sinal de sua ocorrência foi detectado nas trilhas durante a realização dos trabalhos em campo. No entanto em grande parte das entrevistas aplicadas, vários entrevistados afirmaram a visualização da espécie no parque. Moradores das localidades vizinhas, também falaram da ocorrência da espécie, mas sempre com a ressalva da raridade dos avistamentos. Gato-maracajá Leopardus wiedii, onça-pintada Panthera onca,gato-do-mato Leopardus tigrinus: os três carnívoros de forma geral, nomalmente são crípticos e de rara aparição nos habitats florestais. Infelizmente, o período chuvoso, o pouco esforço amostral e a indisponibilidade de substratos adequados para observação de pegadas, na maior parte das localidades amostradas, praticamente impediu que estas e outras espécies de carnívoros terrestres fossem localizadas e suas 125 ARC FISTER NOVEMBRO DE 2012

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abundâncias avaliadas. O fato dos carnívoros estarem em perigo pode representar uma ameaça a todo o ecossistema, ao perder grandes reguladores de populações de espécies herbívoras, que por sua vez tornam ameaçadoras às espécies vegetais, significando o colapso do ambiente em médio ou longo prazo. Ariranha Pteronura brasiliensis: ariranhas não suportam fortes distúrbios em seus territórios e são extremamente sensíveis a desequilíbrios nos habitats aquáticos, como turbidez, rarefação de estoques de pescado e destruição de barrancos. Não se habituam à presença humana quando esta vem acompanhada por perseguição, barulho excessivo, tiro e aproximação às tocas. Por esses motivos, sugerimos que um estudo populacional piloto de ariranhas seja iniciado o quanto antes no parque, para que se possa planejar estratégias adequadas de estudo e conservação da espécie. Mamíferos, são elementos essenciais para a manutenção e saúde dos ecossistemas, presentes em vários momentos e níveis das cadeias tróficas, além de contribuírem significativamente para a manutenção e reposição de formações vegetais. São ainda organismos de grande interesse para contemplação da natureza, constituindo-se em alternativa para o uso sustentável da fauna, instrumento para o ecoturismo e para a educação ambiental (MAMEDE E ALHO, 2004). Além disso, suas características anatômicas e fisiológicas refletem muito bem o que são os próprios seres humanos, principalmente para o grupo dos primatas. Benites & Mamede (2008), sugerem que sejam criados grupos de observadores e protetores de biodiversidade (GOB), os grupos teriam como principais objetivos: i) levar a comunidade a conhecer, reconhecer e valorizar as espécies de mamíferos e aves que ocorrem nos municípios, como estratégia de conservação, instrumento de educação e interpretação ambiental; ii) aliar pesquisa científica, geoprocessamento e educação ambiental buscando a integração entre os mesmos, facilitando o acesso e a compreensão dos dados de pesquisa; iii) incentivar o ecoturismo regional; e iv) permitir aos membros dos grupos sentirem- se integrantes da biodiversidade. Tais medidas podem contribuir consideravelmente para a conservação dos mamíferos do Parque Natural Municipal de Porto Velho, sendo de valiosa importância ações multidiciplinares e interligadas de profissionais de diversas áreas do conhecimento, afim de estimular a consciência crítica ambiental sobre a problemática conservacionista.

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Figura 44 - Saimiri ustus em Figura 45 - Saguinus fuscicolis avistado deslocamento na área de estudo. parado na área de estudo

Figura 46 - Exemplo de trilha utilizada Figura 47 - Armadilha utilizada para durante a realização do trabalho captura de pequenos mamíferos

3.3.4. ICTIOFAUNA

Na Amazônia a grande riqueza de espécies ícticas está correlacionada com a complexidade desse ecossistema (Goulding 1980, 1988, Ferreira et al. 1993, Lowe-McConnell 1999), contudo essa riqueza e a vasta área a ser estudada têm dificultado a aquisição de um conhecimento adequado a respeito dessa ictiofauna (Bohlke et al. 1978), pouco se conhece sobre a composição e os mecanismos que sustentam e limitam essa diversidade em determinadas áreas. Apesar da sub-bacia do Madeira ser uma das maiores do complexo amazônico (GOULDING,1979) e apresentar grande riqueza de espécies (TORRENTE-VILARA et al., 2005) estudos de ictiologia para comunidade de peixes nesta subbacia e seus afluentes são raros (ARAÚJO et al, 2009). Em estudos realizados na foz do igarapé Belmont destacou-o pela riqueza de espécies quando comparado a outros afluentes desse sistema (TORRENTE- VILARA et al., 2005), dentre as espécies levantadas no Belmont, muitas são de grande importância comercial em toda Amazônia (BRITSKI 1999, FERREIRA et al., 1998, SANTOS et al., 2006).

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A caracterização da ictiofauna existente na área do parque irá considerar dados registrados para Igarapé Belmont, que corta a unidade, e para seus afluentes. O igarapé Belmont afluente da margem direita do baixo rio Madeira, localizado na Vila Belmont município de Porto Velho-RO. Sua extensão é de 13,5km, e a área amostrada no presente estudo compreende um trecho aproximado de 1 km de extensão a partir da desembocadura deste igarapé com o rio Madeira.

3.3.4.1. Base de dados

Os dados a serem utilizados consideram as coletas realizadas pelo Laboratório de Ictiologia e Pesca da UNIR nos períodos: 1) abril de 2005 a março de 2006 na foz do igarapé Belmont (8°38’38,38’’ S e 63°51’02,49’’ W) e 2) maio de 2008 a abril 2012, na área da foz e montante do igarapé. Ressalta-se que esse ultimo foi coletado no âmbito do Programa de Conservação da Santo Antônio Energia, a qual cedeu gentilmente os dados para o presente estudo. Em ambos, utilizou-se, duas baterias de 13 redes de espera (30, 40, 50, 60, 70, 80, 90, 100, 120, 140, 160, 180 e 200mm entre nós opostos), total de 26 redes, com medidas de 10m de comprimento e 2,5m de altura, totalizando uma área de 650m2 de captura, as quais foram armadas durante 24 horas, com intervalos de despesca entre 2 e 6 horas, conforme abundância e/ou predação nas capturas. Todos os espécimes capturados foram levados até o laboratório de campo onde foram triados e identificados ao nível de espécie com apoio de chaves taxonômicas, predominantemente Reis et al., 2003 e auxílio de especialistas. Após foram medidos (mm) e pesados (peso total em gramas), exemplares testemunhos de cada espécie foram depositados na Coleção do Laboratório de Ictiologia e Pesca da Universidade Federal de Rondônia.

3.4.4.2. Análise dos Dados

Para análise dos dados foram utilizados os seguintes atributos: riqueza de espécies; captura por unidade de esforço (CPUE) para total de indivíduos e biomassa; índice de dominância de espécies (cf. McNAUGHTON 1968); constância de ocorrência, determinada com base no percentual de períodos em que cada espécie ocorreu (cf. DAJOZ,1973); diversidade (SHANNON-WIENER e SIMPSON’S).

3.4.4.3. Pesca experimental nos afluentes do Igarapé Belmont dentro da área do parque

Nos dias 1 e 2 junho de 2012, foram realizadas uma coleta em três pontos amostrais nos pequenos igarapés na área destinada a pesquisa com pouca e/ou nenhuma visitação e em 17 de agosto de 2012 foram realizadas coletas em dois 128 ARC FISTER NOVEMBRO DE 2012

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afluentes localizados próximos a trilhas de visitação ou área de acesso no parque (Tabela 22).As coletas nos afluentes do igarapé Belmont foram divididas em duas categorias: preservados e impactados.

Tabela 22 - Pontos de coleta da pesca experimental nos afluentes dos Igarapé Belmont. P Local Coord. Lat. Coord. Long. 1 Ig. do Paulo 8º 41' 12.50" S 063º 51' 51.20" W 2 Ig. Cedro Mara 8º 41' 20.00'' S 063º 51' 46.60'' W 3 Ig. Atrás do Parque 8º 41' 41.86'' S 063º 51' 50.18'' W 4 Ig. Laguinho (trilha para viveiro)* 8º 41' 05.30'' S 063º 51' 57.08'' W Ig. Trilha do afloramento 5 8º 41' 41.86'' S 063º 51' 50.18'' W rochoso* * afluentes impactados

As variáveis ambientais medidas foram largura do canal, largura por segmento, profundidade média e a cada segmento, velocidade média por segmento realizadas antes das coletas de peixes para evitar alterações na qualidade da água causadas pela movimentação dos coletores. As características físicas e químicas da água foram no ponto equivalente ao meio do trecho, no meio do canal e no meio da coluna d’|gua. Para estimar o pH, a condutividade (μS/cm), a concentraç~o de oxigênio dissolvido (mg/L) e temperatura da água (ºC), foi utilizado um medidor digital multiparâmetros (marca Hanna, modelo HI 9828). A coleta foi realizada por três pessoas utilizando puçás de malha fina (Figura 49) e uma rede de cerco de 2 m de comprimento (malha 2 mm) (Figura 48). As redes foram posicionadas de modo a fechar um trecho de 50m que foi explorado durante 2h, ou até que não fosse visualizado nenhum peixe. Os peixes coletados foram acondicionados em sacos plásticos devidamente etiquetados, onde foram fixados em solução de formaldeído (10%).

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Figura 48 - Coleta de peixes no igarapé Belmont utilizando redes de conteção.

Figura 49 - Coleta de peixes no igarapé Belmont utilizando puçás.

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Os exemplares foram levados para o Laboratório de Ictiologia e Pesca da UNIR, onde foram identificados, com auxilio de chaves de identificação, até o menor nível taxonômico. Após a triagem, os exemplares foram acondicionados em álcool 70% e depositados e tombados na Coleção de Ictiológica da Universidade Federal de Rondônia – UNIR, sob o acrônimo UFRO-I.

3.4.4.4. Caracterização da Ictiofauna do PNMPV

No período de 5/2008 a 4/2012 foram capturadas 5340 exemplares de peixes pertencentes a 8 ordens, 18 famílias e 81 espécies. A ordem mais abundante foi Characiformes (78%) seguida por Siluriformes (15%), Perciformes, Clupeiformes, Gymnotiformes, Synbrachiformes e Gymnotiformes juntos representaram apenas 10% da amostra. Foram observadas 29 (vinte e nove) sendo as mais representativas foram: Characidae. e Curimatidae. Na área a montante do igarapé forma coletadas 1798 indivíduos de 184 espécies e na área da foz do igarapé foram coletadas 5342 indivíduos de 198 espécies. O número de indivíduos observados por família e espécies e o percentual por área amostral é apresentado na tabela x e as dez espécies com maior número de indivíduos coletados estão na Tabela 23.

Tabela 23. Lista de espécies coletadas com diferentes apetrechos de pesca no igarapé Belmont entre novembro de 2008 e novembro de 2011. Belmont Belmont Total Frequencia Ordem/Família/Espécies foz montante geral Relativa (%) Beloniformes

Belonidae Potamorrhaphis guianensis 1 1 0,02

Characiformes

Acestrorhynchidae

Acestrorhynchus cf. pantaneiro 20 20 0,37

Acestrorhynchus falcatus 1 6 7 0,13 Acestrorhynchus falcirostris 1 1 2 0,04 Acestrorhynchus heterolepis 13 13 0,24

Acestrorhynchus microlepis 2 1 3 0,06 Anostomidae

Laemolyta taeniata 1 1 0,02

Leporinus cylindriformis 1 1 0,02

Leporinus desmotes 1 1 0,02

Leporinus fasciatus 5 11 16 0,30 Leporinus friderici 1 13 14 0,26 Leporinus trifasciatus 2 2 0,04

Pseudanos gracilis 1 1 0,02

Pseudanos trimaculatus 2 2 0,04

Rhytiodus argenteofuscus 1 1 2 0,04 Rhytiodus microlepis 5 5 0,09

Schizodon fasciatus 55 20 75 1,40 Characidae

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Acestrocephalus pallidus 2 2 0,04

Acestrocephalus sardina 2 1 3 0,06 Aphyocharacidium bolivianum 12 30 42 0,79 Aphyocharacidium sp. “amarelo” 17 17 0,32

Aphyocharax avary 15 10 25 0,47 Aphyocharax sp. 2 9 5 14 0,26 Aphyodite grammica 1 5 6 0,11 Astyanax aff. maximus 4 1 5 0,09 Astyanax aff. bimaculatus 12 3 15 0,28 Astyanax ajuricaba 1 1 0,02

Astyanax anterior 1 1 0,02

Astyanax maculisquamis 1 1 0,02

Axelrodia stigmatias 10 10 0,19

Brachychalcinus copei 1 1 0,02

Brycon amazonicus 6 10 16 0,30 Brycon cf.pesu 1 1 0,02

Brycon melanopterus 10 5 15 0,28 Bryconops aff.caudomaculatus 1 1 0,02

Bryconops giacopinii 7 7 0,13

Charax caudimaculatus 1 1 2 0,04 Charax macrolepis 3 1 4 0,07 Cheirodon troemneri 1 1 0,02

Creagrutus anary 2 2 0,04

Creagrutus maxillaris 1 1 2 0,04 Ctenobrycon hauxwellianus 19 3 22 0,41 Cynopotamus amazonus 1 1 0,02

Engraulisoma taeniatum 7 7 0,13

Galeocharax goeldii 6 1 7 0,13 Gnathocharax steindachneri 1 1 0,02

Gymnocorymbus thayeri 4 4 0,07

Hemigrammus aff. gracilis 1 1 0,02

Hemigrammus analis 3 16 19 0,36 Hemigrammus belottii 6 26 32 0,60 Hemigrammus lunatus 6 4 10 0,19 Hemigrammus melanochrous 1 1 0,02

Hemigrammus ocellifer 14 31 45 0,84 Hemigrammus schmardae 1 1 2 0,04 Hemigrammus vorderwinkleri 1 17 18 0,34 Hyphessobrycon agulha 5 5 0,09

Hyphessobrycon bentosi 2 14 16 0,30 Hyphessobrycon copelandi 9 14 23 0,43 Hyphessobrycon diancistrus 3 1 4 0,07 Hyphessobrycon hasemani 2 2 0,04

Hyphessobrycon sp. “rosy tetra” 6 6 0,11

Hyphessobrycon sweglesi 1 1 2 0,04 Iguanodectes cf. spilurus 1 1 0,02

Jupiaba zonata 1 1 0,02

Knodus cf.heteresthes 6 3 9 0,17 Knodus smithi 16 1 17 0,32

132 ARC FISTER NOVEMBRO DE 2012

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Metynnis hypsauchen 1 1 0,02

Microschemobrycon casiquiare 3 1 4 0,07 Microschemobrycon geisleri 1 1 0,02

Microschemobrycon melanotus 2 1 3 0,06 Moenkhausiaaff.chrysargyrea 1 1 0,02

Moenkhausiaaff.collettii sp. 2 2 6 8 0,15 Moenkhausiaaff.lepidura 1 2 3 0,06 Moenkhausiacf.gracilima 6 3 9 0,17 Moenkhausiacf. oligolepis 4 4 0,07

Moenkhausia collettii 12 20 32 0,60 Moenkhausia cotinho 4 5 9 0,17 Moenkhausia dichroura 14 2 16 0,30 Moenkhausia intermedia 10 1 11 0,21 Moenkhausia intermedia alta 1 1 2 0,04 Moenkhausia jamesi 1 1 0,02

Moenkhausia lata 1 1 0,02

Moenkhausia lepidura 4 4 0,07

Moenkhausia mikia 1 1 0,02

Moenkhausia sp.“lepidura curta” 3 3 0,06

Moenkhausia sp.“lepidura 1 1 2 0,04 melanurus” Moenkhausia sp.“prata” 1 1 2 0,04 Moenkhausia sp. “virgulata 1” 4 4 0,07

Myloplus asterias 1 1 0,02

Mylossoma aureum 74 25 99 1,85 Mylossoma duriventre 218 42 260 4,87 Odontostilbe fugitiva 40 5 45 0,84 Paragoniates alburnus 1 1 0,02

Parecbasis cyclolepis 17 17 0,32

Petitella georgiae 2 2 0,04

Phenacogaster pectinatus 2 2 0,04

Poptella compressa 10 9 19 0,36 Prionobrama filigera 13 3 16 0,30 Prodontocharax melanotus 7 7 0,13

Roeboides affinis 5 1 6 0,11 Roeboides myersi 8 8 0,15

Serrapinnus micropterus 1 1 2 0,04 Serrasalmus aff. rhombeus 2 2 0,04

Tetragonopterus argenteus 10 2 12 0,22 Triportheus albus 18 1 19 0,36 Triportheus angulatus 349 282 631 11,81 Triportheus auritus 85 26 111 2,08 Triportheus culter 1 1 0,02

Tyttobrycon sp. 2 3 5 0,09 Tyttocharax madeirae 1 1 2 0,04 Xenurobrycon pteropus 6 28 34 0,64 Crenuchidae

Characidium aff. zebra 2 4 6 0,11 Characidium etheostoma 1 1 0,02

Characidium pellucidum 8 8 0,15

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Characidium pteroides 3 3 0,06

Elacocharax pulcher 1 1 0,02

Curimatidae 0,00

Curimata inornata 1 1 0,02

Curimata roseni 1 1 0,02

Curimatella alburna 4 1 5 0,09 Curimatella meyeri 1 1 0,02

Curimatopsis crypticus 2 2 4 0,07 Curimatopsis evelynae 1 1 0,02

Curimatopsis macrolepis 4 1 5 0,09 Cyphocharax notatus 1 1 2 0,04 Cyphocharax plumbeus 3 3 0,06

Cyphocharax spiluropsis 11 7 18 0,34 Potamorhina altamazonica 315 112 427 7,99 Potamorhina latior 255 5 260 4,87 Psectrogaster amazonica 49 54 103 1,93 Psectrogaster rutiloides 532 127 659 12,34 Steindachnerina bimaculata 1 1 0,02

Steindachnerina dobula 2 2 0,04

Steindachnerina hypostoma 4 4 0,07

Steindachnerina leucisca 5 5 0,09

Cynodontidae

Cynodon gibbus 1 1 0,02

Hydrolycus scomberoides 23 5 28 0,52 Rhaphiodon vulpinus 236 42 278 5,20 Erythrinidae 0,00

Hoplias malabaricus 5 7 12 0,22 Gasteropelecidae

Carnegiella strigata 1 1 0,02

Gasteropelecus sternicla 1 1 0,02

Thoracocharax stellatus 19 19 0,36

Hemiodontidae

Anodus elongatus 25 3 28 0,52 Anodus sp. 2 2 0,04

Hemiodus atranalis 1 1 0,02

Hemiodus microlepis 1 1 0,02

Hemiodus semitaeniatus 1 1 0,02

Hemiodus unimaculatus 1 21 22 0,41 Lebiasinidae

Nannostomus digrammus 4 21 25 0,47 Pyrrhulina aff.australis 3 3 0,06

Pyrrhulina cf. brevis 4 4 0,07

Prochilodontidae

Prochilodus nigricans 125 24 149 2,79 Prochilodus nigricans 2 2 0,04

Semaprochilodus insignis 1 1 0,02

Serrasalminae

Pygocentrus nattereri 2 2 0,04

Serrasalmus eigenmanni 5 5 0,09

134 ARC FISTER NOVEMBRO DE 2012

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Serrasalmus hollandi 1 1 0,02

Serrasalmus maculatus 3 3 0,06

Serrasalmus rhombeus 9 27 36 0,67 Serrasalmus sp. n.“lauzzanei” 2 2 0,04

Clupeiformes

Engraulidae

Anchoviella sp. n.“maxila longa” 2 2 0,04

Jurengraulis juruensis 9 9 0,17

Pristigasteridae 0,00

Pellona castelnaeana 34 2 36 0,67 Pellona flavipinnis 7 1 8 0,15 Cyprinodontiformes

Rivulidae

Pterolebias longipinnis 1 1 0,02

Rivulus sp “Belmont” 4 1 5 0,09 Gymnotiformes

Apteronotidae

Adontosternarchus balaenops 1 1 0,02

Apteronotus albifrons 1 1 0,02

Sternarchogiton nattereri 1 1 0,02

Hypopomidae

Brachyhypopomus pinnicaudatus 1 1 0,02 Brachyhypopomus sp. n.“walteri” 1 1 0,02

Sternopygidae

Eigenmannia macrops 8 8 0,15

Eigenmannia sp. “B” 1 1 0,02

Sternopygus macrurus 3 3 0,06

Perciformes 0,00

Cichlidae 0,00

Aequidens aff.gerciliae 1 1 0,02

Aequidens tetramerus 7 13 20 0,37 Apistogramma agassizi 2 2 4 0,07 Apistogramma cf.eunotus 1 1 0,02

Apistogramma cf.staecki 1 1 0,02

Apistogramma gephyra 6 6 0,11

Apistogramma luelingi 1 1 0,02

Apistogramma resticulosa 11 22 33 0,62 Astronotus crassipinnis 5 5 0,09

Chaetobranchus flavescens 1 1 0,02

Cichla pleiozona 1 13 14 0,26 Cichlasoma boliviense 7 1 8 0,15 Crenicichla johanna 11 11 0,21

Crenicichla regani 7 7 0,13

Crenicichla semicincta 1 1 2 0,04 Geophagus proximus 1 1 0,02

Mesonauta festivus 2 2 0,04

Satanoperca jurupari 1 19 20 0,37 Satanoperca sp. 37 37 0,69

Eletroidae 0,00

135 ARC FISTER NOVEMBRO DE 2012

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Microphilypnus ternetzi 6 26 32 0,60 Sciaenidae 0,00

Plagioscion squamosissimus 10 11 21 0,39 Siluriformes

Aspredinidae

Bunocephalus coracoideus 1 1 0,02

Auchenipteridae

Ageneiosus atronasus 4 4 0,07

Ageneiosus ucayalensis 4 4 0,07

Ageneiosus vittatus 1 1 0,02

Auchenipterus ambyiacus 5 5 0,09

Auchenipterus brachyurus 1 1 0,02

Auchenipterus nuchalis 1 1 0,02

Centromochlus heckelii 12 12 0,22

Parauchenipterus galeatus 1 1 2 0,04 Callichthyidae

Hoplosternum littorale 6 5 11 0,21 Megalechis picta 1 1 0,02

Cetopsidae 0,00

Cetopsis coecutiens 3 3 0,06

Doradidae

Amblydoras affinis 16 16 0,30

Anadoras weddellii 1 1 0,02

Astrodoras sp.“fulcro” 5 5 0,09

Hemidoras stenopeltis 96 96 1,80

Leptodoras juruensis 5 5 0,09

Nemadoras elongatus 8 8 0,15

Nemadoras hemipeltis 1 1 0,02

Nemadoras humeralis 88 21 109 2,04 Opsodoras boulengeri 2 35 37 0,69 Ossancora asterophysa 1 1 0,02

Ossancora fimbriata 2 2 0,04

Ossancora punctata 2 2 0,04

Oxydoras niger 3 3 0,06

Pterodoras granulosus 1 1 2 0,04 Scorpiodoras liophysus 1 1 0,02

Trachydoras brevis 1 1 0,02

Trachydoras paraguayensis 4 9 13 0,24 Trachydoras steindachneri 3 3 0,06

Heptapteridae

Gladioglanis conquistador 1 1 0,02

Pimelodella cf. cristata 1 1 2 0,04 Pimelodella howesi 1 1 0,02

Pimelodella sp n 1 1 0,02

Loricariidae

Ancistrus dubius 1 26 27 0,51 Ancistrus sp.“Sideral” 2 4 6 0,11 Ancistrus sp. “1 aff.lithurgicus” 6 6 0,11

Apistoloricaria laani 1 1 0,02

136 ARC FISTER NOVEMBRO DE 2012

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Farlowella smithi 2 1 3 0,06 Hypostomus plecostomus 3 1 4 0,07 Hypostomus sp. 2 1 1 0,02

Hypostomus unicolor 10 10 0,19

Loricaria cataphracta 4 16 20 0,37 Otocinclus caxarari 1 1 0,02

Otocinclus vestitus 1 1 0,02

Pterygoplichthys lituratus 5 5 0,09

Rineloricaria cf. castroi 9 9 0,17

Rineloricaria formosa 1 1 0,02

Rineloricaria lanceolata 1 1 0,02

Rineloricaria phoxocephala 5 5 0,09

Rineloricaria sp. 2 3 4 7 0,13 Squaliforma emarginata 4 5 9 0,17 Sturisoma lyra 2 2 0,04

Pimelodidae

Brachyplatystoma vaillantii 14 14 0,26

Calophysus macropterus 25 8 33 0,62 Cheirocerus eques 1 1 0,02

Cheirocerus goeldii 1 1 0,02

Hypophthalmus edentatus 5 5 0,09

Leiarius marmoratus 1 1 0,02

Megalonema platanum 1 1 0,02

Pimelodus aff. blochii 113 37 150 2,81 Pimelodus ornatus 1 1 0,02

Pinirampus pirinampu 17 17 0,32

Platynematichthys notatus 1 1 0,02

Pseudoplatystoma punctifer 6 6 0,11

Sorubim elongatus 28 1 29 0,54 Sorubim elongatus 1 1 0,02

Sorubim lima 46 8 54 1,01 Sorubim maniradii 23 10 33 0,62 Trichomycteridae

Henonemus punctatus 3 3 0,06

Ochmacanthus reinhardtii 4 4 0,07

Paravandellia sp.1 1 1 0,02

Pareiodon microps 1 1 0,02

Pseudostegophilus nemurus 1 1 0,02

Schultzichthys bondi 2 2 0,04

Vampyroglanis belalugosii 1 1 0,02

Vandellia cirrhosa 3 3 0,06

Vandellia sanguinea 5 5 0,09

Synbranchiformes

Synbranchidae

Synbranchus madeirae 1 1 0,02

Synbranchus sp.“karipunas” 1 1 0,02

Total 3544 1798 5342

137 ARC FISTER NOVEMBRO DE 2012

Revisão do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal de Porto Velho Das 81 espécies capturadas, 10 são destacadas por apresentar grande importância comercial ou ecológica (Tabela 24) (Figuras 50 a 59)

Tabela 24 - Dez (10) principais espécies capturadas no Igrapé Belmont. Belmont Belmont Total Frequencia Relativa Espécies foz montante geral (%) Psectrogaster rutiloides 532 127,00 659 12,34 Triportheus angulatus 349 282,00 631 11,81 Potamorhina 315 112,00 427 7,99 altamazonica Rhaphiodon vulpinus 236 42,00 278 5,20 Mylossoma duriventre 218 42,00 260 4,87 Potamorhina latior 255 5,00 260 4,87 Pimelodus aff. blochii 113 37,00 150 2,81 Prochilodus nigricans 125 24,00 149 2,79 Triportheus auritus 85 26,00 111 2,08 Nemadoras humeralis 88 21,00 109 2,04

Figura 50 - Psectrogaster rutiloides14,0 cm. Foto Bruno Barros.

138 ARC FISTER NOVEMBRO DE 2012

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Figura 51 - Triportheus angulatus 6,9 cm. Foto Bruno Barros.

Figura 52 - Potamorhina altamazonica 18,8 cm. Foto Bruno Barros.

Figura 53 - Rhaphiodon vulpinus 45,8 cm. Foto Bruno Barros.

139 ARC FISTER NOVEMBRO DE 2012

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Figura 54 - Mylossoma duriventre 13,2 cm. Foto Bruno Barros.

Figura 55 - Potamorhina latior 15,8 cm. Foto Bruno Barros.

140 ARC FISTER NOVEMBRO DE 2012

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Figura 56 - Pimelodus aff. blochii 15,3 cm. Foto Bruno Barros.

Figura 57 - Prochilodus nigricans 29,5 cm. Foto Bruno Barros.

Figura 58 - Triportheus auritus 19,1 cm. Foto Bruno Barros.

141 ARC FISTER NOVEMBRO DE 2012

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Figura 59 - Nemadoras humeralis 11,0 cm. Foto Bruno Barros.

As capturas por unidade de esforço (CPUE) total obtidas no Igarapé Belmont variaram de CPUE BIOMASSA =3,8 a 275,7 m²/24h. Avaliadas por coleta, os valores diferiram entre os meses, tanto em número de indivíduos (N) quanto para biomassa (B) (Tabela 25).

Tabela 25 - Valores encontrados para Captura por unidade de esforço da ictiofauna do igarapé Belmont entre novembro de 2008 a novembro de 2011. MÊS/ANO N CPUE 2008 Novembro 760 38,0 Dezembro 742 37,1 2009 Abril 1424 71,2 Maio 790 39,5 Junho 445 22,2 Julho 431 21,5 Agosto 974 48,7 Setembro 229 11,4 Outubro 161 8,0 Dezembro 46 2,3 2010 Janeiro 77 3,8 Fevereiro 1110 55,5 Março 468 23,4 Abril 686 34,3 Junho 594 29,7 Agosto 427 21,3 Outubro 284 14,2 Dezembro 697 34,8 2011 Fevereiro 193 9,6 Março 1709 85,4 Abril 5515 275,7 Junho 1661 83,0 142 ARC FISTER NOVEMBRO DE 2012

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Agosto 340 17,0 Outubro 691 34,5 Novembro 415 20,7

A diversidade total encontrada foi de 3,76 (Shannon-Wiener) e 0,90 (Simpson’s), com valores variando entre os meses e anos (Tabela 26Erro! Fonte de referência não ncontrada.). Quando analisada a comunidade íctica local como um todo, a dominância observada foi de 0,098.

Tabela 26 - Valores encontrados para os índices de diversidade, equitabilidade e dominância de espécies da ictiofauna do igarapé Belmont entre novembro de 2008 a novembro de 2011. Índices de diversidade

S N Dominância Simpson Shannon Equitabilidade

Novembro 19 760 0,1382 0,8618 2,347 0,797 2008 Dezembro 41 742 0,08556 0,9144 2,888 0,7778 Abril 53 1424 0,1109 0,8891 2,783 0,7009 Maio 70 790 0,0525 0,9475 3,48 0,8192 Junho 26 445 0,186 0,814 2,187 0,6713 Julho 31 431 0,1997 0,8003 2,206 0,6424 2009 Agosto 49 974 0,3174 0,6826 2,117 0,544 Setembro 25 229 0,1237 0,8763 2,429 0,7545 Outubro 30 161 0,1522 0,8478 2,461 0,7237 Dezembro 19 46 0,104 0,896 2,607 0,8854 Janeiro 13 77 0,2225 0,7775 1,885 0,7348 Fevereiro 58 1110 0,2545 0,7455 2,217 0,5461 Março 38 468 0,09801 0,902 2,799 0,7694 Abril 47 686 0,1356 0,8644 2,673 0,6943 2010 Junho 53 594 0,1043 0,8957 2,848 0,7174 Agosto 34 427 0,09741 0,9026 2,704 0,7669 Outubro 30 284 0,1114 0,8886 2,614 0,7686 Dezembro 48 697 0,06982 0,9302 3,023 0,7808 Fevereiro 40 193 0,09565 0,9043 2,994 0,8116 Março 68 1709 0,2819 0,7181 2,303 0,5458 Abril 96 5515 0,4187 0,5813 1,813 0,3972 2011 Junho 90 1661 0,05686 0,9431 3,363 0,7474 Agosto 51 340 0,07626 0,9237 3,155 0,8025 Outubro 51 691 0,08524 0,9148 2,901 0,7379 Novembro 83 415 0,04124 0,9588 3,685 0,8339 Total 274 26471 0,09868 0,9013 3,376 0,6014

No ano de 2005 (ARAÚJO, et al., 2009) os dados registrados na Foz do Igarapé Belmont demostravam quanto à constância de ocorrência, 15 espécies eram consideradas como constantes (C>50%), oito acessórias (C>25<50%) e a maioria representada por 58 espécies foi classificada como acidentais (C<25%) (Tabela 27). Os dados biométricos do comprimento padrão (CP) revelaram uma comunidade composta principalmente por

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Revisão do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal de Porto Velho indivíduos de médio porte, com média CP=154 mm, variando entre 55 mm (P. altamazonica) e 485 mm (P. nigricans). A assembléia íctica foi composta por 64,64 % de indivíduos pertencentes a espécies com hábito alimentar detritívoro, 15,49% indivíduos de espécies onívoras e 19,9% dos indivíduos representaram espécies com outros hábitos alimentares, como: frugívoro, iliófago, carnívoro, pscívoro, insetívoro, planctófago, herbívoro e necrófago (SANTOS, 1991).

Tabela 27 - Classificação quanto à ocorrência, dados biométricos e categoria trófica da ictiofauna do igarapé Belmont entre abril de 2005 a março de 2006 (▲ Constante; ■ Acessória e ▬ Acidental). Comprimento Padrão (mm) Categoria Espécie N Ocorrênci M Median % Média dp trófica a ín-Máx a Psectrogaster rutiloides730 3 5 ▲ 164±63,4 143 Detritívoro 3,86 9-460 Potamorhina 225 1 5 ▲ 117±18,1 114 Detritívoro altamazonica 0,44 5-186 Potamorhina latior 156 7 8 ▲ 122±29,6 115 Detritívoro ,24 2-280 Triportheus angulatus147 6 6 ▲ 171±84,7 139 Onívoro ,82 7-417 Mylossoma duriventre144 6 5 ▲ 192±70,9 192 Frugívoro ,68 6-432 Rhaphiodon vulpinus88 4 1 ▲ 162±30,8 169 Piscívoro ,08 06-245 Prochilodus nigricans81 3 9 181±132, ▲ 112 Detritívoro ,76 8-485 6 Psectrogaster amazonica71 3 7 182±94,9 ▲ 136 Detritívoro ,29 9-429 5 Loricaria cataphracta57 2 7 ▬ 128±40,8 120 Detritívoro ,64 5-225 Hypoptopoma gulare47 2 7 ▲ 141±70,3 125 Iliófago ,18 1-332 Curimatella meyeri 38 1 7 ▲ 121±24,1 133 Detritívoro ,76 2-146 Pimelodus sp. “blochii36” 1 1 ▲ 158±26,4 165 Onívoro ,67 1-207 Chalceus guaporensis34 1 1 ▲ 166±45,1 144 Onívoro ,58 02-253 Triportheus albus 32 1 1 ▲ 189±58,7 163 Onívoro ,48 14-339 Schizodon fasciatum29 1 1 ▲ 168±57,2 149 Herbívoro ,35 16-339 Sorubim lima 18 0 9 ▲ 140±33,6 129 Carnívoro ,83 9-216 Serrasalmus rhombeus15 0 1 ■ 155±75 131 Onívoro ,70 03-413 Hemidoras stenopeltis14 0 1 ▬ 122±10,5 123 Onívoro ,65 07-137 Ancistrus sp. 13 0 7 ▬ 96±35,8 83 Detritívoro ,60 5-188 Acestrorhynchus 12 0 8 ▬ 108±23,3 102 Piscívoro heterolepis ,56 4-170 144 ARC FISTER NOVEMBRO DE 2012

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Anodus sp. 12 0 6 Planctófag ■ 129±39,8 131 ,56 6-179 o Triportheus elongatus12 0 1 ■ 170±27,6 170 Onívoro ,56 24-210 Plagioscion 11 0 1 ▬ 150±36,3 130 Carnívoro squamosissimus ,51 18-215 Pygocentrus nattereri10 0 1 ■ 170±6,80 171 Onívoro ,46 61-180 Pellona flavipinnis 9 0 1 ▬ 133±5,5 135 Carnívoro ,42 24-140 Hemiodus sp. 8 0 1 ■ 151±38,5 138 Iliófago ,37 23-241 Laemolyta taeniata 8 0 9 ▬ 115±14,6 116 Onívoro ,37 0-136 Hydrolycus scomberoides6 0 1 ■ 132±16 130 Piscívoro ,28 10-156 Sorubim elongatus 6 0 1 ■ 147±27,5 147 Carnívoro ,28 09-181 Nemadoras humeralis5 0 1 ▬ 138±8,49 135 Onívoro ,23 30-152 Acestrorhynchus 4 0 7 ▬ 120±30,5 131 Piscívoro microlepis ,19 6-145 Ancistrus sp. 4 0 7 ▬ 89±19,9 81 Detritívoro ,19 6-119 Apteronotus bonapartii4 0 1 ▬ 139±16,7 142 Carnívoro ,19 14-159 Centromochlus heckelii3 0 1 ▬ 172±12,5 174 Carnívoro ,14 59-184 Curimatela alburna 3 0 1 140±5,5 138 Detritívoro ,14 37-147 Curimata inornata 3 0 1 ▬ 128±7,3 131 Detritívoro ,14 20-134 Hydrolycus armatus3 0 1 ▬ 136±7 136 Piscívoro ,14 29-143 Leporinus friderici 3 0 1 ■ 133±6,8 131 Onívoro ,14 28-141 Biotodoma cupido 2 0 9 ▬ 103±18,3 103 Onívoro ,09 0-116 Brycon amazonicus 2 0 9 ▬ 139±67,8 139 Onívoro ,09 1-187 Calophysus macropterus2 0 1 ▬ 143±9,1 143 Onívoro ,09 37-150 Ctenobrycon 2 0 1 ▬ 129±2,8 129 Onívoro hauxwellianus ,09 27-131 Curimata vittata 2 0 1 ▬ 119 119 Detritívoro ,09 19 Doras punctatus 2 0 1 ▬ 136±1,4 136 Onívoro ,09 35-137 Hoplias malabaricus2 0 1 ▬ 118±1,4 118 Piscívoro ,09 17-119 Leporinus fasciatus 2 0 1 ▬ 121±4,9 121 Onívoro ,09 18-125 Loricarichthys maculata2 0 2 ▬ 231±12 231 Detritívoro ,09 23-240

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Loricariichthys 2 0 2 ▬ 211±6,3 211 Detritívoro platymetopon ,09 07-216 Peckoltia sp. 2 0 1 ▬ 145 145 - ,09 45 Pellona castelnaeana2 0 1 ▬ 134±9,8 134 Piscívoro ,09 27-141 Rhytiodus argenteofuscus2 0 1 ▬ 170±1,4 170 Herbívoro ,09 69-171 Sturisoma robustum2 0 1 ▬ 156±4,9 156 - ,09 53-160 Tetragonopterus 2 0 1 ▬ 140±2,8 140 Onívoro argenteus ,09 38-142 Aequidens tetramerus1 0 3 ▬ 305 305 Onívoro ,05 05 Anodus elongatus 1 0 8 Planctófag ▬ 89 89 ,05 9 o Astronotus crassipinnis1 0 1 ▬ 127 127 - ,05 27 Astyanax sp. 1 0 1 ▬ 109 109 Onívoro ,05 09 Auchenipterus ambyiacus1 0 8 ▬ 87 87 Insetívoro ,05 7 Cetopsis coecutiens 1 0 1 ▬ 160 160 Necrófago ,05 60 Charax gibbosus 1 0 1 ▬ 126 126 Carnívoro ,05 26 Cichla monoculus 1 0 1 ▬ 136 136 Piscívoro ,05 36 Crenicichla johana 1 0 1 ▬ 128 128 Carnívoro ,05 28 Curimata sp. 1 0 1 ▬ 130 130 - ,05 30 Cynopotamus amazonus1 0 1 ▬ 108 108 Carnívoro ,05 08 Cyphocharax notatus1 0 1 ▬ 109 109 Detritívoro ,05 09 Hemiodus amazonum1 0 1 ▬ 134 134 Iliófago ,05 34 Hemisorubim 1 0 1 ▬ 136 136 Carnívoro platyrhynchos ,05 36 Heros efasciatus 1 0 1 ▬ 123 123 Onívoro ,05 23 Hoplerythrinus 1 0 1 ▬ 123±6,3 123 - unitaeniatus ,05 19-128 Hypophthalmus edentatus1 0 1 Planctófag ▬ 127 127 ,05 27 o Hypostomus marginatus1 0 1 ▬ 153 153 Detritívoro ,05 53 Hypostomus sp. 1 0 2 ▬ 215 215,00 - ,05 15 Jurengraulis juruensis1 0 1 Planctófag ▬ 126 126 ,05 26 o Leiarus pictus 1 0 7 ▬ 72 72 Carnívoro ,05 2

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Leporinus trifasciatus1 0 1 ▬ 129 129 Onívoro ,05 29 Liposarcus pardalis 1 0 1 ▬ 120 120 - ,05 20 Mylossoma aureum 1 0 1 ▬ 134 134 Frugívoro ,05 34 Pseudorinelepis 1 0 1 ▬ 199 199 - genibarbis ,05 99 Rineloricaria aff.formosa1 0 1 ▬ 136 136 Detritívoro ,05 36 Rineloricaria cf. castroi1 0 1 ▬ 168 168 Detritívoro ,05 68 Semaprochilodus 1 0 1 ▬ 138 138 Iliófago taeniurus ,05 38 Total 2156 5 154±64.6 135 5-485

Os pontos de coletas nos afluentes preservados apresentaram características limnológicas e estruturais semelhantes as registradas por Menezes (2007).Nos afluentes classificados como impactados as características foram acima do esperado principalmente para condutividade (Tabela 28).

Tabela 28 - Variáveis limnológicos registradas nos pontos amostrais da pesca experimental em afluentes do Igarapé Belmont. Larg. Média Prof. Média Con Tem O Pt Local Substrato pH 2 (cm) (cm) d. p. D 5,2 24,3 1 Ig. do Paulo 112 18 liteira grossa 10 6,78 4 0 liteira grossa e 4,7 24,3 2,4 2 Ig. Cedro Mara 106 11 14 raiz 2 8 0 liteira grossa e 4,3 25,3 3,8 3 Ig. Atras do Parque 139 10 10 areia 6 3 0 Ig. Laguinho (trilha 5,6 25,1 6,6 4 904 45 liteira grossa 88 para viveiro)* 9 6 8 Ig. Trilha do liteira grossa e 6,1 25,0 2,8 5 257 10 9 afloramento rochoso* lama 0 3 7 * afluentes impactados

Na pesca experimental em afluentes do igarapé Belmont foram coletados 1.157 indivíduos, distribuídos em 14 famílias,seis ordens e 29 espécies (Tabela 30). Characiformes foi a mais representativa com 71,3% dos indivíduos coletados seguida de Perciformes com 21,5% e Gymnotiformes com 4,3%. Cyprinodontiformes, Siluriformes e Synbranchiformes somaram 2,9%. As espécies mais abundante foramPyrrhulina cf. brevis (N=187), Crenuchusspilurus (N=186), Hyphessobryconagulha (N=173) e Apistogramma cf.pulchra (N=162) somando 61% da abundância total.

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Revisão do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal de Porto Velho Tabela 29 - Lista de espécies coletadas em afluentes do igarapé Belmont em junho/2012. Ordem/Família/Espécie Afluentes Afluentes N total Frequência Impactados Preservados relativa Characiformes Characidae Amazonspinther dalmata 32 32 2,8 Hemigrammus belottii* 34 34 2,9 Hemigrammus ocellifer* 48 2 50 4,3 Hyphessobrycon agulha* 173 173 15,0 Moenkhausia aff. comma 3 4 7 0,6 Moenkhausia cf. oligolepis* 5 5 0,4 Moenkhausia collettii* 3 3 0,3 Phenacogaster beni 14 4 18 1,6 Phenacogaster pectinatus* 7 7 0,6 Crenuchidae Characidium aff. zebra* 2 3 5 0,4 Crenuchus spilurus 169 17 186 16,1 Curimatidae Cyphocharax spiluropsis* 1 1 0,1 Erythrinidae Erythrinus erythrinus 3 3 6 0,5 Hoplias malabaricus* 2 4 6 0,5 Lebiasinidae Copella nigrofasciata 9 95 104 9,0 Pyrrhulina aff. australis* 1 1 0,1 Pyrrhulina cf. brevis* 116 71 187 16,2 Cyprinodontiformes Rivulidae Rivulus sp.“Belmont”* 4 9 13 1,1 Gymnotiformes Gymnotidae Gymnotus coropinae 48 48 4,1 Hypopomidae Hypopygus lepturus 1 1 2 0,2 Perciformes Cichlidae Aequidens tetramerus* 12 12 1,0 Apistogramma cf. pulchra 66 96 162 14,0 Apistogramma gephyra* 58 58 5,0 Apistogramma resticulosa* 16 16 1,4 Polycentridae Monocirrhus polyacanthus 1 1 0,1 Siluriformes Auchenipteridae Tatia gyrina 1 1 0,1 Cetopsidae Helogenes marmoratus 4 4 0,3

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Pseudopimelodidae Batrochoglanis raninus 1 1 0,1 Synbranchiformes Synbranchidae Synbranchus sp.“karipunas"* 8 6 14 1,2 Total 551 781 1332 * espécies que ocorrem no igarapé Belmont.

Nos afluentes do igarapé Belmont foram capturadas espécies pequenas e crípticas que caracterizaram a ictiofauna de pequenos igarapés, destacando-se Helogenes marmoratus, Monocirrhus polyacanthus e Copella nigrofasciata. Dezesseis espécies foram comuns as coletas realizadas no igarapé Belmont. E treze espécies complementam as informações para a ictiofauna da bacia do rio Madeira. O predomínio de Characiformes e Siluriformes no igarapé Belmont assemelha-se, de forma geral, a resultados obtidos para diversos rios e igarapés não estuarinos da região neotropical (ROBERTS 1972, SABINO & ZUANON 1998, LOWE-McCONNELL 1999, Castro 1999). Dentre as espécies mais abundantes no período estudado foram curimatídeos considerados detritívoros: Psectrogaster rutiloides; Potamorhina altamazonicae Potamorhina latior corroborando com o observado por Araújo et al., (2009). A família Curimatidae, apresenta ampla distribuição em toda a bacia Amazônica e importância considerável na pesca de subsistência e comercial (BRITSKI 1999, FERREIRA et al., 1998, SANTOS et al., 2006). O uso da CPUE reflete acuradamente as mudanças espaciais ou temporais na abundância de peixes no estoque (BINI et al., 1997). Diferente do que foi observado por Araújo et al., (2009) as maiores capturas no Belmont foram observadas no período de cheia na região. Assim como ocorreu para captura, a riqueza íctica no igarapé Belmont também se alterou de acordo com o nível hidrológico. Os autos índices de captura altos índices de captura observados em alguns meses de setembro, não demonstraram altos índices de diversidade, isso está relacionado provavelmente à grande ocorrência de P. rutiloides em ambas amostras, como observado por Araújo et al (2009). Esta espécie vive em aglomerados (VARI,1989) e realizam migrações reprodutivas, sendo conhecida a desova no início da enchente, logo, a captura desta espécie provavelmente ficou facilitada por presença de cardumes. Análises da diversidade de espécies através do índice de Shannon em ambientes aquáticos Amazônicos têm registrado valores entre 0,97 a 5,35 (MERONA, 1986/1987, FERREIRA et al., 1988b, GOULDING 1988, SANTOS, 1991). De acordo com Araújo et al., (2009) a dominância de espécies se comportou de forma inversa ao padrão encontrado para riqueza no Belmont, onde na vazante (maior riqueza) observaram-se os menores valores de dominância, e na seca (menor riqueza) encontrou-se valores maiores de dominância de espécies. Na vazante o ambiente apresenta maior variedade de nichos e oferta de diferentes itens alimentares, as áreas de várzea servem como abrigo e fonte de recursos, logo maior número de espécies passa a utilizar o igarapé. Na seca as condições oferecidas pelo ambiente são mais extremas, o canal do rio diminui drasticamente, tornando-se bem encaixado e com maior correnteza, a variedade de 149 ARC FISTER NOVEMBRO DE 2012

Revisão do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal de Porto Velho itens alimentares de origem alóctone diminui, restando mais oferta de alimento para espécies detritívoras, piscívoras ou carnívoras de forma geral, portanto somente espécies melhor adaptadas a estas condições ambientais permanecem no ambiente (SANTOS,1991). As duas espécies dominantes nas amostras, de forma geral, (P. rutiloides e P. altamazonica) são detritívoras, demonstrando boa oferta de alimento neste ambiente para que possam dividir recursos, uma vez que estas espécies apresentam hábito de vida semelhante e mesmo hábito alimentar. De acordo com Araújo et al., (2009) quando analisado o hábito alimentar de todos os indivíduos capturados no igarapé Belmont, tem-se 65% dos indivíduos pertencentes a espécies com hábito alimentar detritívoro, pouco mais de 15% dos indivíduos como espécies onívoras e espécies com outras categorias tróficas perfizeram 20% dos indivíduos capturados. No Belmont, o substrato encontrado é lodoso, além disso, devido ao igarapé receber dejetos de vários efluentes de origem urbana (SEMA, 2003), possivelmente ocorra grande disponibilidade de matéria orgânica local, e sendo parte do detrito originado a partir da matéria orgânica, provavelmente essa é uma fonte de alimento para espécies detritívoras. Com o refluxo da água, por ocasião da vazante, grande parte do material orgânico decomposto oriundo das áreas alagadas é carreado para o rio, onde, muitas vezes se acumula e se junta ao limo, passando assim a constituir a fonte alimentar dos detritívoros. A ocorrência de grande número de curimatídeos no período de baixa das águas do igarapé Belmont deve ser conseqüência natural desse fenômeno (ARAÚJO et al., 2009). Uma comunidade também pode ser caracterizada, com base nos resultados de constância de ocorrência de suas espécies. Uma comunidade residente (permanente) pode ter todo seu ciclo de vida desenvolvido no local (LOWE-McCONNELL 1999), estas comunidades podem suportar a presença de espécies imigrantes que se juntam aos residentes por algum tempo, envolvendo atividade alimentar, reprodutiva, ou apenas utilizando a área como rota de deslocamento. Araújo et al., (2009) caracterizou a comunidade ictica do Igarapé Belmont em dois grupos ictiofaunísticos distintos: um residente e outro visitante (imigrante). As espécies consideradas pelos autores como constantes são as residentes e as demais, acessórias e acidentais, como visitantes (Erro! onte de referência não encontrada.). Nota-se um elevado número de espécies com ocorrência restrita (acidental=58), um possível efeito das variações sazonais sobre a comunidade local, resultado semelhante ao encontrado em diversos sistemas aquáticos já estudados. Matthews (1998) sugere que, na maioria das comunidades animais, há poucas espécies abundantes e muitas espécies representadas por poucos indivíduos, sendo que em condições naturais de ecossistemas tropicais isso se torna bem mais marcante (LOWE- McCONNELL 1999). Apesar da descaracterização florestal e o mau uso do Igarapé Belmont por moradores e visitantes, suas águas ainda preservam uma rica fauna íctica, sendo ela bem marcada, pela dominância de branquinhas da família Curimatidae (ARAÚJO et al., 2009). Com relação a fauna dos igarapés podemos observar que apesar do pequeno esforço houve uma captura representativa de peixes de pequeno porte.Barbosa et al.,

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Revisão do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal de Porto Velho (2003) em estudo realizado em igarapés de terra firme na Amazônia Central registraram a presença de 10 espécies, distribuídos em sete famílias e quatro ordens, onde Characiformes foi a ordem predominante seguida por Perciformes assim como encontrado para os pequeno afluentes do igarapé Belmont. A subbacia do igarapé Belmont tem um histórico de ocupação devido a expansão da população de Porto Velho. Suas margens, em seus cursos alto e médio tem sido descaracterizadas e a mata ciliar tem sido drasticamente reduzida. A manutenção da diversidade de peixes de igarapés está relacionada com o aporte de material orgânico oriundo da mata que circunda esses corpos d’|gua. As matas ciliares, que se formam {s margens dos cursos d’|gua, além de servircomo refúgio e criadouro de animais terrestres e aquáticos, servem como reserva paraconservação da biodiversidade vegetal e , e atenuam a erosão das margenstanto pela dinâmica do rio como pelo escoamento superficial, protegendo os cursosd’|gua de assoreamento. Ações antrópicas não planejadassobre o ambiente aquático põem em risco a diversidade da ictiofauna existente nos cursos d’|gua, principalmente por influir na relação entre os sistemas terrestres e aquáticos. A mata ciliar apresenta maior influência na dinâmica ecológica de ambientes aquáticos. Por isso, quando destruída, facilita a ocorrência de assoreamento dos leitos, tornando os igarapés cada vez mais rasos, estreitos e canalizados, resultando na perda de hábitats aquáticos (BARRELLA et al., 2001). É necessário o investimento intelectual para investigar a fauna de peixes dessa região e quais os efeitos da pressão antrópica que vem ocorrendo. Comparar esses resultados podem orientar nas medidas de gestão para preservação de remanescentes baseados na fauna de peixes.

(A)Hyphessobrycon agulha 3,1 cm. Foto (B)PyrrIhulina cf. brevis 4,6 cm. Foto Bruno Barros. Bruno Barros.

(D)Apistograma cf. pulchra 4,1 cm. Foto Bruno (C)Crenuchus spilurus 2,6 cm. Foto Bruno Barros. Barros.

Figura 60 - Espécies de pequeno porte coletadas nos igarapés que drenam para o igarapé Belmont e ocorrem no mesmo. (A) Hyphessobrycon agulha, (B) Pyrrhulina cf. brevis, (C) Crenuchus spilurus e (D) Apistogramma cf. pulchra. Fotos: Bruno Barros.

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3.4.4.5. Consideraçoes sobre Espécies Endêmicas, Raras ou Ameaçadas de Extinsão e Interesse para Conservação

Os resultados obtidos quando comparados com as listas oficiais que tratam do status de ameaçada ou endemicida da espécie não nos permite afirmar que haja espécies nessas categorias na região do parquet. Contudo considerações importantes merecem ser feitas sobre essa afirmação que não diminui em nada a importância de conservação da UC. Os conhecimentos básicos sobre taxonomia, filogenia e biogeografia dos peixes da Amazônia ainda andam a passos modestos, embora um grande avanço tenha sido verificado nessa última década. Existem regiões e bacias que os cientistas nunca visitaram, e muitos espécimes de diversos grupos taxonômicos coletados durante os últimos séculos que ainda não foram sequer estudados detalhadamente (QUEIROZ et al., 2010). Portanto, assumir que uma espécie é endêmica de uma bacia é algo que pode refletir apenas as grandes lacunas de conhecimento sobre a ictiofauna amazônica (BOLHKE et al.,1978). De acordo com o Queiroz et al., (2010), que fizeram um extenso inventário no Madeira no âmbito das UHE em implantação da região, ao avaliarem as listas oficiais existentes de espécies ameaçadas ou vulneráveis, poucas espécies presentes no rio Madeira são incluídas, como por exemplo, o pirarucu, Arapaima gigas. Espécie essa que não foi coletada no Belmont, mas que há relatos de sua ocorrência. A instrução normativa número 5 de 2004, o Ministério do Meio Ambiente inclui dentre as espécies sobre-explotadas e ameaçadas de sobre-explotação a Piramutaba, Brachyplatystoma vaillantii, a dourada, B. rosseauxii, o jaú, Zungaro zungaro, o tambaqui, Colossoma macropomum, e as duas espécies de jaraquis, Semaprochilodus insignis e S. taeniurus. Embora essas espécies tenham tido pouca representatividade na coleta ficou evidente que elas utilizam o Igarapé Belmont em algum momento do seu ciclo de vida, para reprodução e/ou alimentação. Neste sentido, da lista obtida para o PNMPV assim como a conhecida para o rio Madeira (QUEIROZ et al., 2010), as únicas menções se referem a espécies sobre- exploradas ou ameaçadas de explotação. De acordo com Queiroz et al., (2010), dentre as espécies que constam da lista efetivamente ameaçadas de extinção, a grande maioria está restrita àquelas do sul/sudeste do Brasil. Embora essa porção do território brasileiro tenha um histórico muito mais antigo de pressão antrópica sobre os sistemas aquáticos, isso pode ser um grande reflexo do desequilíbrio do conhecimento da ictiofauna entre as grandes áreas. Enquanto os peixes da bacia amazônica são pobremente conhecidos, a ictiofauna das demais bacias possui um conhecimento muito mais completo. Logo, como já citado por Rosa & Lima (2008), é provável que já existam espécies ameaçadas na Amazônia, mas que ainda não puderam ser diagnosticadas. Em igarapés e corpos d’|gua de menor porte a possibilidade de existirem espécies ameaçadas é maior pois suas comunidades de peixes estão entre as mais diversificadas e menos conhecidas, podendo ser encontradas de 20 a 50 espécies em um

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Revisão do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal de Porto Velho único igarapé (HENDERSON & WALKER, 1986; SABINO & ZUANON, 1998; SABINO, 1999; LOWE-McCONNELL, 1999; MENDONÇA et al., 2005). A despeito de não haver espécies endêmicas ou raras, a conservação de toda a bacia do Igarapé Belmont, por meio de estratégias de conservação na área do PNMPV e entorno, é fortemente defendida pela equipe, justificada em especial pelo fato deste ser um dos últimos igarapés a montante da cachoeira do Teotônio, utilizados para reprodução de espécies que constituem a base da cadeia trófica de peixes de importantes comercialmente como a dourada, filhote e piramutaba.

3.4.5. ORNITOFAUNA A região da Amazônia Ocidental é provavelmente, a mais diversa do planeta em termos de animais vertebrados (VOSS & EMMONS, 1996). Apenas na Amazônia brasileira existem cerca de 1.000 espécies de aves, sendo 32 delas endêmicas a Amazônia brasileira (MMA, 2002). Tal número corresponde a, aproximadamente, 11% do total de espécies de aves existentes no mundo (OREN, 2001). No entanto, a riqueza em espécies da avifauna na Amazônia brasileira pode estar subestimada, já que a região é ainda pouco conhecida, sendo que inúmeras áreas nunca foram amostradas (OREN, 2001; LEWINSOHN &PRADO, 2002; PERES, 2005). Especificamente no que diz respeito a levantamentos ornitológicos conduzidos em áreas urbanas e suburbanas da Amazônia brasileira (BORGES &GUILHERME, 2000; GUILHERME, 2001; RASMUSSEN et al., 2005). As aves estão entre os organismos vertebrados mais conspícuos e de maior biomassa em ambientes florestais neotropicais (TERBORGH et al., 1990), atuando como polinizadores e dispersores chave de diversos grupos de angiospermas (LEVEY et al., 2005). Além disso, por existir uma grande diversidade, permite que várias espécies sejam utilizadas como bio-indicadoras (FURNESS & GREENWOOD, 1993), devido a diversos fatores: facilidade de identificação das espécies; amplo conhecimento de sua biologia e ecologia; longo ciclo de vida que possibilita monitoramentos em longo prazo; grande interesse público; e por ocuparem, muitas vezes, o topo de cadeias alimentares (famílias Falconidae e Accipitridae, por exemplo), possibilitando estudos de bioacumulação em ambientes, inclusive aqueles que sofrem ou sofreram ações antrópicas (OREN 2001), como no caso do Parque Natural Municipal de Porto Velho. Bioindicadores são organismos capazes de responder a alterações no equilíbrio do meio ambiente, através de alterações na distribuição das espécies, disfunções comportamentais, fisiológicas e anatômicas, ou no sucesso reprodutivo, causado por um estresse (FRÄNZLE, 2003). Biondicadores da sustentabilidade e qualidade do ambiente florestal poderão ser encontrados em um determinado fragmento ou, mesmo em uma área que tenha sofrido alteração, como por exemplo, a presença de aves de topo de cadeia como, espécies da família Accipitridae - gaviões, (MARTUSCELLI, 1996; LUZ, 2005; CASTRO &COSTA, 2007). Entretanto, não é de hoje que o meio ambiente vem sofrendo profundos impactos pela ação humana resultando em perda da biodiversidade (FEARNSIDE, 2005; 2006), 153 ARC FISTER NOVEMBRO DE 2012

Revisão do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal de Porto Velho extinção de espécies, degradação ambiental e perda na qualidade de vida (FERREIRA, 2000), de todos os seres vivos existentes no planeta. A fragmentação florestal é um problema eminente para a conservação da biodiversidade (LAURANCE, et al., 2002). E, com o isolamento florestal, há maior susceptibilidade a extinção e redução na biodiversidade (MIRANDA &MATTOS, 1992; BIERREGAARD et al., 1992; TERBORGH, 1992). Sendo que a redução da cobertura florestal a fragmentos pequenos vem trazendo consequências negativas para a avifauna, empobrecendo-a consideravelmente (D’ÂNGELO-NETO et al., 1998). A perda de hábitat pura e simples implica em redução de área disponível para as espécies residentes e, consequentemente da oferta de recursos (alimentos, refúgios), provocando a redução do tamanho das populações locais ou mesmo a exclusão imediata - efeito a curto prazo (CHIARELLO et al., 2008). Contudo, ao se preservar ambientes naturais, pequenos fragmentos de vegetação nativa e, áreas cobertas por vegetação secundária também não podem ser negligenciadas, visto que, são importantes para as aves em deslocamento (LEVEY, 1988) e contribuem para a manutenção da diversidade local e regional (MARSDEN et al., 2000), pode-se reduzir significativamente a perda de biodiversidade. De forma que, esses pequenos fragmentos, como o Parque Natural Municipal de Porto Velho (PNMPV), possam manter suas funções ecológicas equilibradas, trazendo benefícios a todo o meio ambiente e a população. Sendo assim, torna-se essencial a realização de pesquisas com o intuito de avaliar o grau de impacto e degradação, formular estratégias para minimizar esses efeitos negativos e contribuir para o desenvolvimento sustentável (FIGUEIREDO, 1993). Assim, o objetivo deste estudo é apresentar uma listagem preliminar das aves ocorrentes no Parque Natural Municipal de Porto Velho, afim de que se possam traçar medidas para a conservação das espécies distribuídas ao longo do parque, para estudos posteriores de sua biologia e ecologia, e afim de manter preservada uma área extremamente importante para a avifauna local, já que é o único Parque Natural localizado dentro do perímetro urbano de Porto Velho. Devido à importância ecológica do grupo, associada à sensibilidade, à perda e fragmentação de hábitats, o conhecimento científico, desde inventários básicos até a investigação dos processos que levam a perda de espécies, é necessário para orientar estratégias de conservação não apenas o grupo, mas toda a biodiversidade da região.

3.4.5.2. Caracterização da Avifauna do PNMPV As atividades de campo tiveram início no dia 02/04/2012 e foram até o dia 17/04/2012, durante os 16 dias/noite de coleta de dados, obtivemos um esforço amostral de 40:15hs de observações realizadas ao longo de todas as trilhas existentes no parque. Os trabalhos realizados em campo pela esquipe de Avifauna foram feitos conjuntamente com a equipe de Mastofauna. O estudo totalizou o registro de 41 espécies de aves, distribuídas em 23 famílias (Tabela 30).

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Revisão do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal de Porto Velho Tabela 30 - Espécies de aves do Parque Natural Municipal de Porto Velho, registradas entre os dias 02/04 a 22/04/2012, de acordo com sua forma de registro. A, auditivo; Vi, visualização; E, entrevista. Família Nome Científico Nome vulgar Forma de Registro A V E i Accipitradae Urubitinga urubitinga Gavião-preto X X X Spizaetus tyrannus Gavião-pega-macaco X X Ardeidae Tigrisoma lineatum Socó-boi X Butorides striata Socozinho X X Alcedinidae Megaceryle torquata Martin-pescador-grande X X Caprimulgidae Hydropsalis albicollis Bacurau X Cracidae Penelope jacquacu Jacu-de-spix X Columbidae Columbina passerina Rolinha-cinzenta X X Columbina minuta Rolinha-de-asa-canela X Contigidae Lipaugus vociferans Capitão-da-mata X X X Cuculidae Crotophaga ani Anu-preto X X Emberizidae Catamenia homochroa Patativa-da-amazônia X Sporophila angolensis Curió X X X Falconidae Caracara plancus Gavião-caracara, carcará X X Icteridae Psarocolius decumanus Japu X X Molothrus oryzivorus Iraúna-grande X Cacicus cela Japim X X X Molothrus oryzivorus Chico-preto, graúna X Nyctibiidae Nyctibius grandis Mãe-da-lua-gigante X Nyctibius griseus Mãe-da-lua X X Opisthocomid Opisthocomus hoazin Cigana X ae Psittacidae Pionus menstruus Maitaca-de-cabeça-azul X X Ara ararauna Arara-canindé X Aratinga Periquito-maracanã X leucophthalma Brotogeris Periquito-testinha X X sanctithomae Picidae Picumnus aurifrons Pica-pau-anão-dourado X Rallidae Gallinula galeata Frango-d'água-comum X X Ramphastidae Pteroglossus castanotis Araçari-castanho X Ramphastus tucanus Tucano-grande-de-papo- X X grande Strigidae Athene cunicularia Coruja-buraqueira X X Megascops choliba Corujinha-do-mato X X Thraupidae Lanio versicolor Pipira-de-asa-branca X Tinamidae Tinamus guttatus Inambu-galinha X X X Tinamus tao Inambu-açu X Crypturellus strigulosus Inambu-relógio X Tityridae Laniocera hypopyrra Chorona-cinza X Trogonidae Trogon viridis Surucuá-grande-de-barriga- X X amarela Tyrannidae Pitangus sulphuratus Bem-te-vi X X X Myozetetes luteiventris Bem-te-vi-barulhento X X 155 ARC FISTER NOVEMBRO DE 2012

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Ochthornis littoralis Maria-da-praia X Tyrannus Suiriri X melancholicus

Os resultados do estudo mostra que o PNMPV, possui ainda, uma floresta que mantém uma alta diversidade de aves, similar a outras áreas de terra firme na Amazônia (p. ex. VASCONCELOS et al., 2007). A presença das aves Urubitinga urubitinga, Spizaetus tyrannu e Caracara plancus, por exemplo, das famílias Accipitridade e Falconidae respectivamente, são indicativos de boa qualidade ambiental (MARTUSCELLI, 1996; LUZ, 2005), mesmo em um fragmento florestal que tenha sofrido alteração (CASTRO & COSTA, 2007), haja vista, que espécies dessas famílias, consideradas de topo de cadeia alimentar, se alimentam de outras aves, bem como répteis, marsupiais, roedores entre outros.

Outro aspecto presenciado é a existência de aves com grande plasticidade de adaptação como espécies da família Tyrannidae (Pitangus sulphuratus, Myozetetes luteiventris, Ochthornis littoralis, Tyrannus melancholicus), alguns autores apontam esses registros como um ótimo sinal, haja vista que tal situação denota qualidade na regeneração de um ambiente que sofreu algum processo de antropização (HOFLING & LENCIONI, 1992; ALLEGRINNI, 1997; DÁRIO, 1999; DEVELEY, 2003; DÁRIO, 2008), tal fato, deve-se provavelmente, a flora presente que sustenta a existência dessa comunidade, que se adaptou a essa nova condição.

A presença de grandes frugívoros florestais, tais como Penelope jacquacu, Pteroglossus castanotis, Ramphastus tucanus, Ara ararauna, Pionus menstruus é outro aspecto bem relevante e indica a boa qualidade do ambiente (ALEIXO & VIELLIARD, 1995; LEVEY et al., 2005; DÁRIO, 2008), uma vez, que aves desse tipo são muito exigentes em relação a sua alimentação, exigindo uma alta diversidade e densidade de frutos na mata para composição de sua dieta, até mesmo porquê aves desse porte não são capazes de atravessar campos abertos muito extensos a procura de alimento. Apresentam ainda, grande importância na manutenção dos fragmentos florestais, por serem grandes dispersores de sementes (LEVEY et al., 2005).

De maneira geral, é possível afirmar que as aves encontradas na área de estudo apresentam estreita relação com as condições em que os ambientes se encontram, e a resposta das aves a essas condições varia desde aquelas que se beneficiaram com as alterações do habitat e podem aumentar suas populações (p. ex., bem-te-vi - Pitangus sulphuratus (WILLIS, 1979), bem como as que podem diminuir drasticamente sua população, até mesmo serem extintas localmente (p. ex., mutum-cavalo - Pauxi tuberosa), pelo fato de serem mais sensíveis à alterações antrópicas e mais exigentes quanto às condições ambientais.

No entanto, outras importantes espécies florestais o foram, porém em um número bastante reduzido (Tinamus tao), visualizado por quatro vezes no parque e Penelopejacquacu, que não foi visualizada, porém sua presença foi indicada por vários moradores das áreas circuvizinhas. 156 ARC FISTER NOVEMBRO DE 2012

Revisão do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal de Porto Velho Como não foi possível realizar coletas, e o tempo para realização do trabalho foi relativamente curto, uma segunda listagem com as espécies com possível ocorrência no Parque Natural Municipal de Porto Velho também foi feita baseada em dados disponíveis nas bibliografias consultadas (Tabela 31).

Tabela 31 - Espécies de aves com possível ocorrência para Parque Natural Municipal de Porto Velho. Família Nome Científico Nome vulgar Accipiter superciliosus gavião-miudinho Busarellus nigricollis gavião-belo Buteo albonotatus gavião-de-rabo-barrado Buteo brachyurus gavião-de-cauda-curta Buteo nitidus gavião-pedrês Buteo platypterus gavião-de-asa-larga Buteogallus schistaceus gavião-azul Chondrohierax uncinatus Caracoleiro Elanoides forficatus gavião-tesoura Elanus leucurus gavião-peneira Gampsonyx swainsonii Gaviãozinho Accipitridae Geranoaetus albicaudatus gavião-de-rabo-branco Geranospiza caerulescens gavião-pernilongo Harpagus bidentatus gavião-ripina Harpia harpyja gavião-real Ictinia plumbea Sovi Leptodon cayanensis gavião-de-cabeça-cinza Leucopternis kuhli gavião-vaqueiro Rupornis magnirostris gavião-carijó Spizaetus melanoleucus gavião-pato Spizaetus ornatus gavião-de-penacho Spizaetus tyrannus gavião-pega-macaco Chloroceryle aenea Martinho Alcedinidae Chloroceryle amazona martim-pescador-verde Chloroceryle americana martim-pescador-pequeno Amazonetta brasiliensis pé-vermelho Anatidae Dendrocygna autumnalis asa-branca Neochen jubata pato-corredor Anhimidae Anhima cornuta Anhuma Anhingidae Anhinga anhinga Biguatinga Apodidae Tachornis squamata andorinhão-do-buriti Aramidae Aramus guarauna Carão Ardeidae Agamia agami garça-da-mata

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Ardea alba garça-branca-grande Ardea cocoi garça-moura Egretta thula garça-branca-pequena Nycticorax nycticorax Savacu Pilherodius pileatus garça-real Tigrisoma lineatum socó-boi Malacoptila rufa barbudo-de-pescoço-ferrugem Monasa morphoeus chora-chuva-de-cara-branca Monasa nigrifrons chora-chuva-preto Nonnula ruficapilla freirinha-de-coroa-castanha Notharchus hyperrhynchus macuru-de-testa-branca Notharchus tectus macuru-pintado Nystalus striolatus rapazinho-estriado Capitonidae Capito dayi capitão-de-cinta Chordeiles nacunda Corucão Chordeiles rupestris bacurau-da-praia Caprimulgidae Hydropsalis albicollis Bacurau Hydropsalis climacocerca Acurana Hydropsalis nigrescens bacurau-de-lajeado Cardinalidae Habia rubica tiê-do-mato-grosso Pheucticus aureoventris rei-do-bosque

Cathartes aura urubu-de-cabeça-vermelha Cathartes burrovianus urubu-de-cabeça-amarela Cathartidae Cathartes melambrotus urubu-da-mata Coragyps atratus urubu-de-cabeça-preta Sarcoramphus papa urubu-rei Charadrius collaris batuíra-de-coleira Charadriidae Pluvialis dominica batuíra-de-esporão Vanellus cayanus quero-quero Jabiru mycteria cabeça-seca Ciconiidae Mycteria americana Cambacica Coereba flaveola pararu-azul Coerebidae Coragyps atratus urubu-de-cabeça-preta Sarcoramphus papa urubu-rei Charadrius collaris batuíra-de-coleira Charadriidae Pluvialis dominica batuíra-de-esporão Vanellus cayanus quero-quero Jabiru mycteria cabeça-seca Ciconiidae Mycteria americana Cambacica Coerebidae Coereba flaveola pararu-azul Claravis pretiosa pararu-azul Columbidae Columbina talpacoti rolinha-roxa Geotrygon montana Pariri 158 ARC FISTER NOVEMBRO DE 2012

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Leptotila rufaxilla juriti-gemedeira Leptotila verreauxi juriti-pupu Patagioenas speciosa pomba-trocal Patagioenas subvinacea pomba-botafogo Corvidae Cyanocorax chrysops gralha-picaça Cotinga cayana anambé-azul Gymnoderus foetidus anambé-pombo Cotingidae Haematoderus militaris anambé-militar Lipaugus vociferans Cricrió Nothocrax urumutum Urumutum Cracidae Ortalis guttata Aracuã Pauxi tuberosa mutum-cavalo Coccyzus americanus papa-lagarta-de-asa-vermelha Cuculidae Crotophaga major anu-coroca Piaya melanogaster chincoã-de-bico-vermelho Dendroplex picus arapaçu-de-bico-branco Dendrocolaptidae Sittasomus griseicapillus arapaçu-verde Xiphorhynchus elegans arapaçu-elegante Ammodramus aurifrons cigarrinha-do-campo Emberizidae Ammodramus humeralis tico-tico-do-campo Sporophila castaneiventris caboclinho-de-peito-castanho Eurypygidae Eurypyga helias pavãozinho-do-pará Daptrius ater gavião-de-anta Falco rufigularis Cauré Herpetotheres cachinnans Acauã Falconidae Ibycter americanus Gralhão Micrastur semitorquatus falcão-relógio Milvago chimachima Carrapateiro Euphonia chrysopasta gaturamo-verde Fringillidae Euphonia minuta gaturamo-de-barriga-branca Euphonia rufiventris gaturamo-do-norte Furnariidae Ancistrops strigilatus limpa-folha-picanço Brachygalba lugubris ariramba-preta Galbula cyanescens ariramba-da-capoeira Galbula cyanicollis ariramba-da-mata Galbulidae Galbula dea ariramba-do-paraíso Galbula leucogastra ariramba-bronzeada Galbula ruficauda ariramba-de-cauda-ruiva Jacamerops aureus Jacamaraçu Heliornithidae Heliornis fulica Picaparra Atticora fasciata Peitoril Hirundinidae Hirundo rustica andorinha-de-bando Progne chalybea andorinha-doméstica-grande 159 ARC FISTER NOVEMBRO DE 2012

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Progne elegans andorinha-do-sul Progne subis andorinha-azul Progne tapera andorinha-do-campo Pygochelidon melanoleuca andorinha-de-coleira Stelgidopteryx ruficollis andorinha-serradora Tachycineta albiventer andorinha-do-rio Icterus cayanensis Inhapim Psarocolius bifasciatus Japuaçu Icteridae Psarocolius viridis japu-verde Sturnella militaris polícia-inglesa-do-norte Momotidae Electron platyrhynchum udu-de-bico-largo Nyctibius bracteatus urutau-ferrugem Nyctibiidae Nyctibius griseus mãe-da-lua Parulidae Phaeothlypis fulvicauda pula-pula-de-cauda-avermelhada Passeridae Passer domesticus Pardal Campephilus melanoleucos pica-pau-de-topete-vermelho Campephilus rubricollis pica-pau-de-barriga-vermelha Celeus elegans pica-pau-chocolate Celeus grammicus picapauzinho-chocolate Celeus torquatus pica-pau-de-coleira Picidae Colaptes punctigula pica-pau-de-peito-pontilhado Dryocopus lineatus pica-pau-de-banda-branca Melanerpes cruentatus benedito-de-testa-vermelha Piculus chrysochloros pica-pau-dourado-escuro Piculus flavigula pica-pau-bufador Picumnus aurifrons pica-pau-anão-dourado Lepidothrix nattereri uirapuru-de-chapéu-branco Machaeropterus Pipridae uirapuru-cigarra pyrocephalus Pipra rubrocapilla cabeça-encarnada Amazona farinosa papagaio-moleiro Amazona ochrocephala papagaio-campeiro Ara ararauna arara-canindé Ara chloropterus arara-vermelha-grande Ara macao Araracanga Ara severus maracanã-guaçu Psittacidae Aratinga weddellii periquito-de-cabeça-suja Brotogeris chiriri periquito-de-encontro-amarelo Brotogeris chrysoptera periquito-de-asa-dourada Deroptyus accipitrinus Anacã Forpus modestus tuim-de-bico-escuro Orthopsittaca manilata maracanã-do-buriti Pionites leucogaster marianinha-de-cabeça-amarela

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Pionus menstruus maitaca-de-cabeça-azul Pyrilia barrabandi curica-de-bochecha-laranja Pyrrhura perlata tiriba-de-barriga-vermelha Pyrrhura snethlageae tiriba-do-madeira Rallidae Laterallus viridis sanã-castanha Pteroglossus beauharnaesii araçari-mulato Pteroglossus bitorquatus araçari-de-pescoço-vermelho Pteroglossus castanotis araçari-castanho Ramphastidae Pteroglossus inscriptus araçari-miudinho-de-bico-riscado Pteroglossus mariae araçari-de-bico-marrom Ramphastos vitellinus tucano-de-bico-preto Hemitriccus minor maria-sebinha Rhynchocyclidae Myiornis ecaudatus Caçula Todirostrum maculatum ferreirinho-estriado Rynchopidae Rynchops niger talha-mar Actitis macularius maçarico-pintado Scolopacidae Calidris fuscicollis maçarico-de-sobre-branco Tringa solitaria maçarico-solitário Sternidae Phaetusa simplex trinta-réis-grande Athene cunicularia coruja-buraqueira Strigidae Glaucidium hardyi caburé-da-amazônia Lophostrix cristata coruja-de-crista Cercomacra manu chororó-de-manu Cercomacra serva chororó-preto Cymbilaimus lineatus papa-formiga-barrado Epinecrophylla haematonota choquinha-de-garganta-carijó Formicivora rufa papa-formiga-vermelho Hypocnemis ochrogyna cantador-ocráceo Hypocnemis peruviana cantador-sinaleiro Microrhopias quixensis papa-formiga-de-bando Myrmeciza atrothorax formigueiro-de-peito-preto Thamnophilidae Myrmoborus myotherinus formigueiro-de-cara-preta Sclateria naevia papa-formiga-do-igarapé Thamnomanes caesius Ipecuá Thamnomanes saturninus uirapuru-selado Thamnophilus aethiops choca-lisa Thamnophilus amazonicus choca-canela Thamnophilus doliatus choca-barrada Thamnophilus murinus choca-murina Thamnophilus schistaceus choca-de-olho-vermelho Thamnophilus stictocephalus choca-de-natterer Chlorophanes spiza saí-verde Thraupidae Cissopis leverianus Tietinga 161 ARC FISTER NOVEMBRO DE 2012

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Cyanerpes caeruleus saí-de-perna-amarela Cyanerpes nitidus saí-de-bico-curto Dacnis cayana saí-azul Dacnis lineata saí-de-máscara-preta Hemithraupis flavicollis saíra-galega Lamprospiza melanoleuca pipira-de-bico-vermelho Lanio surinamus tem-tem-de-topete-ferrugíneo Lanio versicolor pipira-de-asa-branca Paroaria gularis cardeal-da-amazônia Ramphocelus carbo pipira-vermelha Saltator coerulescens sabiá-gongá Schistochlamys melanopis sanhaçu-de-coleira Tangara chilensis sete-cores-da-amazônia Tangara episcopus sanhaçu-da-amazônia Tangara mexicana saíra-de-bando Tangara nigrocincta saíra-mascarada Tangara palmarum sanhaçu-do-coqueiro Tangara velia saíra-diamante Tersina viridis saí-andorinha Mesembrinibis cayennensis coró-coró Threskiornithidae Platalea ajaja Colhereiro Crypturellus cinereus inhambu-preto Tinamidae Crypturellus soui Tururim Crypturellus variegatus inhambu-anhangá Iodopleura isabellae anambé-de-coroa Tityridae Tityra semifasciata anambé-branco-de-máscara-negra Amazilia fimbriata beija-flor-de-garganta-verde Anthracothorax nigricollis beija-flor-de-veste-preta Chlorostilbon notatus beija-flor-de-garganta-azul Florisuga mellivora beija-flor-azul-de-rabo-branco Trochilidae Phaethornis malaris besourão-de-bico-grande Phaethornis philippii rabo-branco-amarelo Phaethornis ruber rabo-branco-rubro Thalurania furcata beija-flor-tesoura-verde Topaza pella beija-flor-brilho-de-fogo Campylorhynchus turdinus Catatau Cantorchilus leucotis garrinchão-de-barriga-vermelha Troglodytidae Cyphorhinus arada uirapuru-verdadeiro Pheugopedius genibarbis garrinchão-pai-avô Troglodytes musculus Corruíra Pharomachrus pavoninus surucuá-pavão Trogonidae Trogon curucui surucuá-de-barriga-vermelha Trogon melanurus surucuá-de-cauda-preta 162 ARC FISTER NOVEMBRO DE 2012

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Turdidae Turdus ignobilis caraxué-de-bico-preto Attila spadiceus capitão-de-saíra-amarelo Empidonomus varius Peitica Fluvicola albiventer lavadeira-de-cara-branca Knipolegus poecilocercus pretinho-do-igapó Muscisaxicola fluviatilis gaúcha-d'água Myiarchus ferox maria-cavaleira Myiarchus swainsoni Irré Myiozetetes cayanensis bentevizinho-de-asa-ferrugínea bentevizinho-de-penacho- Myiozetetes similis Tyrannidae vermelho Phaeomyias murina Bagageiro Philohydor lictor bentevizinho-do-brejo Pyrocephalus rubinus Príncipe Ramphotrigon ruficauda bico-chato-de-rabo-vermelho Rhytipterna simplex Vissiá Sublegatus obscurior sertanejo-escuro Tyrannopsis sulphurea suiriri-de-garganta-rajada Tyrannulus elatus maria-te-viu Tyrannus savana Tesourinha

Diante dos resultados é possível notar que oPNMPV apresenta-se, como uma área extremamente importante para a conservação da avifauna regional, pois, esses fragmentos florestais são os mais importantes centros de colonização de espécies florestais e representam a única chance de haver, no futuro, o reestabelecimento de condições ambientais suficientes para a conservação de um grande número de espécies animais (DARIO, 2008).

Para, além disto, ao contribuírem para o normal funcionamento e evolução do ecossistema florestal, com a participação na dispersão de sementes e na reciclagem dos nutrientes, as aves desempenham um papel importante na sucessão ecológica florestal e dão o seu contributo para a manutenção de um bom estado sanitário dos povoamentos florestais, que ficam desta forma menos susceptíveis aos ataques das pragas.

Levando-se em consideração que este é um levantamento preliminar, associado ao tamanho da área florestal remanescente e sua proximidade com a cidade de Porto Velho, pode-se considerar o total de espécies encontrado nesta área como dentro do esperado para um fragmento urbano da Amazônia brasileira. Borges & Guilherme (2000), registraram 44 espécies de aves em um fragmento urbano de 546 ha, em Manaus, Guilherme (2001) registrou 121 espécies no Parque Zoobotânico da Universidade Federal do Acre, em Rio Branco, área com cerca de apenas 100 ha.

Assim sendo, segundo Primack & Rodrigues (2001), os esforços conservacionistas devem focar seus objetivos na manutenção da biodiversidade, através de medidas de 163 ARC FISTER NOVEMBRO DE 2012

Revisão do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal de Porto Velho manejo e conservação de habitats, principalmente em unidades de conservação. Logo, para a conservação das espécies registradas, bem como de outras espécies, que possam ocorrer e/ou fazer uso da área do parque é necessário também, que seja realizado um trabalho de monitoramento das espécies a longo prazo, afim de compreender melhor os padrões ecológicos e comportamentais que a avifauna desenvolve no parque, já que o mesmo sofre forte pressão antrópica.

Portanto, o Parque Ecológico Natural de Porto Velho, necessita de um Plano Municipal Estratégico para a Conservação das Aves, que possibilite organizar e definir as prioridades para as ações de diferentes instituições e profissionais; definir ainda, as necessidades para a pesquisa futura e a capacitação de pessoal; estabelecer prioridades para a conservação e manejo das espécies ameaçadas ali residentes; e promover políticas publicas (educação ambiental) para melhorar a proteção das aves no parque.

Figura 61 - Trogon viridis - Surucuá-grande-de-barriga-amarela. Foto: Alexandre Casagrande.

Figura 62 - Megaceryle torquata martim-pescador-grande. Foto: Bruno Bacelar.

164 ARC FISTER NOVEMBRO DE 2012

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3.4.6. ENTOMOFAUNA

Dentro do grupo dos insetos foram levantados 3 trabalhos científicos realizados no parque e de grande relevância para entendimento da importância desse grupo no ecossistema avaliado. Os quais são apresentados resumidamente a seguir.

3.4.6.2. Caracterização da Entomofauna do PNMPV

3.4.6.2.1. Ichneumonoidea

A superfamília Ichneumonoidea é composta por duas das maiores famílias de Famílias de Hymenoptera, Braconidae e Ichneumonidae. Trata-se de vespas parasitóides de grande importância no controle de insetos fitófagos em agrosistemas e florestas. Gadelha (2010) realizou um trabalho sobre a diversidade de Ichneumonoidea (Insecta: Hymenoptera) na região do PNMPV. As coletas foram feitas com duas armadilhas Malaise em cada uma das três áreas de coleta por um período de um ano. Foram coletados 1223 espécimes. Dentre os Ichneumonidae foram 846 espécimes sendo identificadas 16 subfamílias e 24 gêneros. Para Braconidae foram 377 espécimes sendo identificadas 17 subfamílias e 57 gêneros. Houve diferença significativa entre a abundância de Ichneumonidae e Braconidae. O índice de diversidade Shannon- Weaner para as subfamílias de Braconidae (2,14) foi maior que o das subfamílias de Ichneumonidae (1,58), provavelmente dada a superabundância de Cryptinae. A riqueza de subfamílias registradas se apresentou próximo a de outros trabalhos, mas, assim como a abundância, ainda ficou abaixo da média. Cryptinae (Ichneumonidae) foi considerada super abundante e Ichneumoninae e Nesomesochorinae (Ichneumonidae), e Braconinae, Microgastrinae, Doryctinae e Rogadinae (Braconidae) foram consideradas muito abundantes. Com exceção de Nesomesochorinae, todas as outras subfamílias também estão entre as mais abundantes de outros trabalhos. A abundância e diversidade das duas famílias diferiram e estão correlacionadas as condições climáticas, sobretudo as temperaturas máximas registradas.

Tabela 32 - Famílias, subfamílias e gêneros de Ichneumonoidea coletados no Parque Natural Municipal de Porto Velho – RO no período de junho/2008 a maio/2009 (Fonte: Gadelha, 2010). FAMÍLIA SUBFAMÍLIA Gênero Alabagrus Bassus Coccygidium AGATHIDINAE Dichelosus BRACONIDAE Earinus Zamicrodus ALYSIINAE Microcrasis BRACONINAE Bracon 165 ARC FISTER NOVEMBRO DE 2012

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Compsobracon Cyanopterus Gracilibracon Hemibracon CARDIOCHILINAE Toxoneuron Capitonius CENOCOELINAE Cenocoelius Chelonus CHELONINAE Phanerotoma Pseudophanerotoma Acrophasmus Aivalykus Concurtisella Curtisella Hansonorum Heterospilus Johnsonius DORYCTINAE Leluthia Megaloproctus Nervellius Notiospathius Pedinotus Semirhytus Trigonophasmus GNAMPTODONTINAE Gnamptodon Eubazus HELCONINAE Urosigalphus HOMOLOBINAE Exasticolus HORMIINAE Hormius Alphomelon Apanteles MACROCENTRINAE Diolcogaster Fornicia Hymenochaonia Glyptapanteles MICROGASTRINAE Hypomicrogaster Pseudapanteles Xanthomicrogaster OPIINAE Opius Bentonia ORGILINAE Orgilus Stantonia Aleiodes ROGADINAE Cystomastax Rogas

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Stiropius SIGALPHINAE Pselaphanus Ophiopterus ANOMALONINAE Podogaster Lissonota Diradops BANCHINAE Meniscomorpha Mnioes Syzeuctus CAMPOPLEGINAE

Creagrura Eiphosoma CREMASTINAE Tersilochinae Trathala Xiphosomella CRYPTINAE

Physotarsus ICHNEUMONIDAE CTENOPELMATINAE Gênero não identificado

Apechoneura ICHNEUMONINAE LABENINAE * Labena METOPIINAE Colpotrochia NESOMESOCHORINAE Nonnus OPHIONINAE Enicospilus ORTHOCENTRINAE

Acrotaphus Hymenoepimecis PIMPLINAE Neotheronia Pimpla Gênero não identificado RHYSSINAE Epirhyssa TERSILOCHINAE

Netelia TRYPHONINAE Gênero não identificado

3.4.6.2.2. Cerambycidae

Cerambycidae representa uma das maiores famílias de besouros e estima-se que existam cerca de 25000 espécies de Cerambycidae no mundo. No entanto, pouco se conhece sobre a distribuição geográfica de muitas espécies, conseqüência da escassez de coletas em algumas regiões, como a Amazônia. Os cerambicídeos desempenham um papel imprescindível na cadeia ecológica, contribuindo na reciclagem de madeira morta na floresta Souza e Silva (2011). Souza e Silva (2011) realizaram um inventário de Cerambycidae no PNMP, no período de junho de 2008 a maio de 2009 utilizando as armadilhas Malaise e luminosa (modelo Luiz de Queiroz). Um total de 61 espécies foram identificadas, das quais 33 são 167 ARC FISTER NOVEMBRO DE 2012

Revisão do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal de Porto Velho novos registros para Rondônia e um para a região amazônica Anisopodus melzeri Gilmour, 1965 (Tabela 33).

Tabela 33 - Espécies de Cerambycidae especies coletadas no Parque Natural Municipal de Porto Velho entre Junho/2008 a Maio/2009. *novo registro para Rondônia; **novo registro para Amazônia. Fonte: Souza e Silva (2011). Familia Cerambycidae

Subfamilia

Tribo Espécie Chlorida festiva (Linnaeus, 1758) Bothriospilini Chlorida curta Thomson, 1857 Callichroma sericeum (Fabricius, 1792) Callichromatini Mionochroma vittatum (Fabricius, 1775) Clytini Mecometopus wallacei (White, 1855) Aglaoschema cyaneum (Pascoe, 1860) Compsocerini Orthostoma abdominale (Gyllenhal, 1817 Dodecosini Dodecosis saperdina Bates, 1867* Eburodacrys sexmaculata (Olivier, 1790) Opades costipennis (Buquet, 1844)* Anelaphus robi Hrabovsky, 1987* Elaphidionini Paranyssicus conspicillatus (Erichson, 1847)* Chrysoprasis abyara Napp & Martins, 1998 Compsibidion charile (Bates, 1870)* Ibidionini Compsibidion maronicum (Thomson, 1867) Gnomidolon conjugatum (White, 1855)* Odontocera furcifera Bates, 1870* Odontocera molorchoides (White, 1855)* Rhinotragini Ommata (Agaone) notabilis (White, 1855)* Oxylymma telephorina Bates, 1870* Coremia plumipes (Pallas, 1772)* Rhopalophorini Cosmisoma argyreum Bates, 1870* Tillomorphini Epropetes metallica Martins, 1975* Batus barbicornis (Linnaeus, 1764)* Trachyderini Ceragenia bicornis (Fabricius, 1801) Sternacanthus picticornis Pascoe, 1857* Subfamilia Disteniinae

Tribo Espécie Disteniini Distenia (Distenia) suturalis Bates, 1870* Subfamilia

Tribo Espécie Anisopodus melzeri Gilmour, 1965** Nyssocarinus humeralis Monné, 1985 Acanthocinini Nyssodrysina spreta (Bates, 1864) Nyssodrysternum serpentinum (Erichson, 1847) Nyssodrysternum signiferum (Bates, 1864)*

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Palame anceps (Bates, 1864) Toronaeus perforator Bates, 1864 Ateralphus senilis (Bates, 1862) Macropophora worontzowi Lane, 1938* Aegoschema moniliferum (White, 1855)* Acanthoderini Oreodera bituberculata Bates, 1861 Oreodera undulata Bates, 1861* Psapharochrus longispinis (Bates, 1861) Helvina lanuginosa (Bates, 1865)* Agapanthiini Hippopsis (Hippopsis) truncatella Bates, 1866* Anisocerus stellatus Guérin-Méneville, 1855 Anisocerini Gounellea bruchi (Gounelle, 1906) Onychocerus aculeicornis (Kirby, 1818) Drycothaea anteochracea (Breuning, 1974)* Calliini Drycothaea ochreoscutellaris (Breuning, 1940) Colobothea bisignata Bates, 1865 Colobothea decemmaculata Bates, 1865* Colobotheini Colobothea eximia Aurivillius, 1902* Colobothea macularis (Olivier, 1792)* Compsosomatini Cristaerenea cognata (Pascoe, 1859)* Hesychotypa liturata (Bates, 1865) Hypsioma sororcula Martins, 1981* Jamesia globifera (Fabricius, 1801) Oncideres crassicornis Bates, 1865* Paratrachysomus huedepohli Monné & Fragoso, 1984* Trestonia frontalis (Erichson, 1847) obscura (Fabricius, 1801) Subfamília Prioninae

Tribo Espécie Callipogonini Callipogon (Orthomegas) cinnamomeus (Linnaeus, 1758)* Mallaspini Esmeralda laetifica Bates, 1869*

3.4.6.2.3. Flebotomíidae Os flebotomíneos são pequenos dípteros holometábolos, as formas adultas são encontradas, sobretudo em ambientes com vegetação saprófita encontrados majoritariamente na região amazônica, principalmente em florestas primárias de terra firme. A importância dos estudos da fauna de Phlebotominae nas áreas médica e veterinária deve- se ao seu papel como vetores de protozoários do gênero Leishmania entre outros, os quais são transmitidos pela picada de suas fêmeas. A doença mais importante e comum transmitida pelos flebotomíneos é a Leishmaniose, causada pelo protozoário do gênero Leishmania (Silva et al., 2011) Silva et al. (2011) com o objetivo de conhecer a fauna de flebotomíneos, principalmente os de importância médica, na área do Parque Natural Municipal de Porto Velho/RO, realizaram um levantamento desse grupo no período de Março de 2010 a Maio 169 ARC FISTER NOVEMBRO DE 2012

Revisão do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal de Porto Velho de 2012. Estes foram coletados em armadilhas luminosas do tipo Center of Disease Control (CDC), colocadas no interior da floresta de forma aleatória, sendo seis armadilhas em solo e seis em copa, permanecendo em cada ponto durante dois dias consecutivos, ficando expostas no local das 18:00 às 8:00 horas. Foram identificadas 79 espécies de flebotomíneos sendo seis espécies de importância médica, totalmente envolvidas na transmissão das leishmanioses (Tabela 35). Os autores concluíram que a proximidade da área de estudo com a área urbana do município torna-se um agravante, podendo aumentar o risco de transmissão de Leishmania, servindo este estudo de alerta ao município para possíveis epidemias futuras.

Tabela 34 - Espécies de flebotomíneos coletados no Parque Natural Municipal de Porto Velho/RO. Fonte: Silva et al. (2011). Espécies Lutzomyia abonnenci Lutzomyia amazonensis Lutzomyia antunesi Lutzomyia aragaoi Lutzomyia begonae Lutzomyia brasiliensis Lutzomyia campbelli Lutzomyia carrerai carrerai Lutzomyia carvalhoi Lutzomyia chagasi Lutzomyia corossoniensis Lutzomyia davisi Lutzomyia diabolica Lutzomyia dreisbachi Lutzomyia eurypyga Lutzomyia longipennis Lutzomyia migonei Lutzomyia monstruosa Lutzomyia paraensis Lutzomyia readyi Lutzomyia shannoni Lutzomyia trinidadensis Lutzomyia ubiquitalis Lutzomyia umbratilis Lutzomyia walkeri Lutzomyia wellcomei

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Revisão do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal de Porto Velho 3.5. MEIO SOCIOECONOMICO

3.5.4. Aspectos Culturais e históricos

O histórico do processo de ocupação da Região Amazônica e, particularmente do Estado de Rondônia, está relacionado não só aos ciclos econômicos que se sucederam nessas áreas (sertanismo de contrato - século XVII; mineração do ouro – século XVIII; borracha natural - final do século XIX à década de 40 século XX; cassiterita – década de 50 à 70; agropecuária – década de 70 em diante), mas, principalmente, pelas políticas governamentais que visavam a garantir a integridade da “unidade nacional”. Além disso, durante os governos militares na Segunda metade do século passado, a região foi considerada como “território de segurança nacional”. A formação do Estado de Rondônia teve início no século XVIII, com a entrada dos bandeirantes, em 1776, em busca de mão-de-obra indígena, ouro, pedras preciosas e especiarias. A descoberta de ouro no alto Paraguai fez surgirem as primeiras povoações no alto Guaporé. No século seguinte, em 1877, ocorre o primeiro grande movimento migratório, com os nordestinos, em virtude da grande seca de 77 e atraídos pela exploração da borracha natural, impulsionada pelo advento da Revolução Industrial (Rondonia, 2012) No século XX, com início das obras da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, em 1907, constituíram-se diversos núcleos populacionais ao longo do eixo da ferrovia entre Porto Velho é Guajará-Mirim. Na década de 50, a descoberta de jazidas de cassiterita deu novo impulso à economia rondoniense. A exploração exclusivamente manual, com utilização intensiva de mão-de-obra, estimulou o crescimento da população. O governo cria oficialmente vários territórios, e dentre eles o Território Federal do Guaporé, que em 1956 passa a se chamar Território Federal de Rondônia, transformado em Estado de Rondônia, em 1981. Contudo, tomaremos como referência para esse estudo, dados demográficos a partir da década de 60. O incremento populacional intensifica-se na década de 70, então Território de Rondônia, com a abertura de vias de comunicação com o Centro-Oeste e a implementação de projetos de assentamentos do INCRA. Até a década de 60, as migrações e assentamentos humanos em Rondônia se concentravam ao longo das vias de transporte fluvial. A abertura de BR-364, que liga Cuiabá (MT) a Porto Velho (RO), no Governo Kubitschek, transforma profundamente os padrões de ocupação da região, possibilitando a ocupação de todo o sudoeste amazônico. A partir da década de 70, observa-se a rápida expansão de áreas urbanas, principalmente ao longo do eixo da BR-364, deslocando o eixo econômico do Estado do Vale do Madeira- Guaporé para a região do Vale do Ji-Paraná. A disponibilidade de terras férteis e baratas em Rondônia e a implantação de programas de fixação de agricultores no campo a partir da década de 70, aliadas à exploração mineral, impulsionaram uma explosão demográfica no Estado. Nos anos 70, a elevada oferta gerou um grande fluxo de migrantes, principalmente pequenos agricultores deslocados pela mecanização do Centro-Sul, atraídos pela possibilidade de se transformarem em proprietários das terras e confiantes no apoio governamental.

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Revisão do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal de Porto Velho Segundo estimativas oficiais a população passa de aproximadamente 112.000 habitantes em 1970, para 492.000 habitantes em 1980. A taxa anual de crescimento entre 1960 e 1970 foi de 4,76%; de 1970 a 1980, de 16,2% e de 1980 a 1991, de 7,89%. Esses valores indicam níveis expressivamente acima da média nacional, caracterizando o acelerado processo de ocupação no Estado. Nas décadas de 60 e 70, a participação da população urbana na população total de Rondônia equiparava-se à média brasileira. A partir da década de 80, esse índice apresenta valores acentuadamente inferiores à média nacional, ficando a diferença média entre eles em torno de 15%. Em 1980, participação da população urbana na população total de Rondônia era de 47%, enquanto a taxa brasileira atingia 67%, configurando a maior diferença entre eles. Contudo, observa-se que a taxa da participação da população urbana na população total de Rondônia mantém-se superior à média da Região Norte para o mesmo período. Percebe-se uma tendência à urbanização da população estadual, o que demandará uma maior disponibilidade de acesso a serviços coletivos, tais como educação e saúde. E, desde então o estado mantem-se como o 3º mais populoso do norte e o 23º do pais. Porto Velho por sua vez é a 4ª cidade mais populoso do norte e a 46ª do país e, com o 3º maior PIB da região norte – é a capital que mais cresce economicamente no pais com 30,2% em 2009 (Wikipedia, 2009). Este crescimento de Porto Velho é eminentemente urbano e advindo da implantação de DUAS usinas hidrelétricas neste período. Em 1960, a população de Porto Velho correspondia a aproximadamente 73% da população do Estado de Rondônia, atingindo seu maior índice em 1970 (76%). A partir daí verifica-se uma inflexão nessa taxa, chegando a 24%, segundo os dados do Censo Demográfico de 2000. Observa-se que a participação de Porto Velho sobre as demais unidades, regional e nacional, apresenta taxas praticamente constantes, não apresentando grandes variações até o período da chegada dos investimentos do orçamento da união nas UHEs Santo Antonio e Jirau. Neste período, o Censo/IBGE 2010 indica crescimento acelerado na urbanização e antropização da capital do estado de Rondônia, conforme relatado a seguir.

3.5.5. Aspectos demográficos O município de Porto Velho, em 2010 possuia uma população residente de 426.558 habitantes, sendo que a população urbana é de 391.014 habitantes (91,67%) e a população residente rural é de 35.544 habitantes (8,33%); destes 215.561 (50,53%) são do sexo masculino e 210.997 (49,47%) do sexo feminino. Com uma área da unidade territorial de 34.082,4 Km² o município possui uma densidade demográfica 12,57 hab/km² (IBGE, 2010). A Figura 63 apresenta a evolução populacional, enfatizando o crescimento populacional para o município de Porto Velho, do ano de 1991 a 2011, de acordo com os dados do IBGE.

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Revisão do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal de Porto Velho

500000 450000 426.558 435.732 369.345 400000 350000 334.661 287.534 292.399 300000 250000 200000 150000 100000 50000 0 1991 1996 2000 2007 2010 2011

Figura 63 - Evolução da população do município de Porto Velho, no período de 1991 a 2011.

O município de Porto Velho comporta-se como cidade de atração regional, seja nos investimentos imobiliários, seja no crescente setor industrial/agroindustrial, seja pela gama de serviços oferecidos na área de educação, saúde e instituições financeiras. A evolução da população não se dá apenas pelo fator de crescimento vegetativo, mas em muito por crescimento a partir de migrações regionais e mesmo de locais mais distantes em função de demanda de mão-de-obra qualificada. A construção das Usinas Hidrelétricas influenciou diretamente no crescimento da população do município (Tabela 35).

Tabela 35 - Estimativa Populacional frente aos Empreendimentos AHE Santo Antônio e UHE Jirau. Fonte: PBA-AHE Santo Antônio, PBA-Jirau e IBGE 2009 EMPREENDIMENTO POPULAÇÃO ATRAÇÃO ATRAÇÃO TOTAL DIRETA INDIRETA

AHE Santo Antônio 3.975 12.307 16.282 UHE Jirau 3.854 11.908 15.762 SUB TOTAL 7.829 24.215 32.044 População de Porto Velho - - 383.425 (IBGE,2009) TOTAL 7.829 24.215 415.469

A pirâmide populacional do município, já possui uma base relativamente mais estreita que na faixa etária dos 15 aos 39 anos, que são representados segundo o IBGE (2012), como População Economicamente Ativa (Figura 64).

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Figura 64 - Pirâmide etária do Município de Porto Velho – RO. IBGE (2012)

Para atender à clientela de aproximadamente 102 mil alunos, o município conta com escolas, sendo 108 estaduais, 135 municipais e 49 particulares de Ensino Fundamental e Médio. Também conta com 38 escolas municipais de educação infantil. Segundo o IBGE (2009) estavam matriculados na Pré-Escola 10.665 estudantes, no Ensino Fundamental 78.697 estudantes; e no Ensino Médio 13.132; 459 docentes atuam na Pré-Escola, 3.124 docentes atuam no Ensino Fundamental, e 761 no Ensino Médio. Segundo dados do IBGE para o ano de 2009 existem no município de Porto Velho 51 estabelecimentos de saúde municipais e 148 privados (Figura 65).

Estabelecimentos de Saúde - Porto Velho

3

10

51 Federais Estaduais Municipais Privados

148

Figura 65 - Estabelecimentos de Saúde no Município de Porto Velho – RO em 2009. Fonte: IBGE.

Em relação ao saneamento básico do município de Porto Velho, para aprovação do Alvará de Licença para execução de obras, a Prefeitura vem exigindo e fiscalizando o 174 ARC FISTER NOVEMBRO DE 2012

Revisão do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal de Porto Velho tratamento individual conforme descrito no artigo 53 da Lei Complementar Municipal Nº 138, de 28 de dezembro de 2001 como forma de minimizar a poluição dos recursos hídricos pela falta de um sistema público coletivo de coleta e tratamento de esgoto. O sistema composto de fossa séptica seguido de filtro anaeróbio atende teoricamente o pré-requisito de redução da carga orgânica que a legislação ambiental exige. Quanto ao sistema de gerenciamento de resíduos sólidos, na área urbana, a coleta do lixo é terceirizada, atendendo a 98% dos domicílios. O Sistema atual de coleta consolida o diagnóstico da situação atual de gerenciamento de resíduos sólidos do município de Porto Velho, tendo como referência o chamado gerenciamento integrado, o qual pressupõe um conjunto de ações, normas e planejamento a serem implementados para:

 Educar os cidadãos quanto aos aspectos de manutenção da limpeza urbana, de minimização da geração e dos cuidados necessários para com os resíduos sólidos por eles gerados;  Coletar e transportar todos os resíduos sólidos gerados nas residências e estabelecimentos comerciasi com características residenciais;  Tratar os resíduos anteriormente citados, de modo a reduzir-lhes o volume e a periculosidade, bem como propiciar o aproveitamento dos materiais recicláveis neles contidos;  Dispor adequadamente, em aterro sanitário a ser implantado em área desapropriada pelo município, todos os rejeitos das atividades citadas. A quantidade coletada corresponde à aproximadamente 250 toneladas/dia de resíduos. A quilometragem média percorrida para a coleta e transporte do lixo domiciliar é de 1.916,42 km/dia útil. Com relação à coleta e ao transporte de resíduos de contrução e demolição, o serviço é feito por particulares, quando de origem particular. O entulho depositado em via e logradouro público ou de origem pública é removido pela prefeitura, que detêm equipamentos apropriados para a remoção e transporte deste material (EIA - ATERRO SANITÁRIO DE PORTO VELHO, 2011). Em relação à economia do município de Porto Velho, conforme dados do IBGE (2009) o PIB per capita a preços correntes é de R$ 17.260,03 e quanto as Finanças Públicas de 2009, as receitas orçamentárias realizadas correntes foi de R$53.998.211.350,00; as despesas orçamentárias empenhadas foram de R$57.704.833.494,00 e o valor do Fundo de Participação dos Municípíos (FPM) foi de R$12.926.781.924,00.

3.5.6. Uso e ocupação da terra

A integridade de uma unidade de conservação depende em grande parte do uso da terra e das atividades desenvolvidas no entorno desta. A caracterização da região onde se situa o PNMPV tem por objetivo subsidiar as ações de manejo que serão desenvolvidas na unidade. Segundo Batista e Silva (2002) não é fácil compreender o uso da terra em

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Revisão do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal de Porto Velho Rondônia, embora tenha sido o primeiro Estado da União a realizar o zoneamento sócio econômico ecológico, por exigências do BIRD, como medida para compensação do ordenamento do uso e ocupação do solo . No documento Plano de Manejo de 2003, levantamentos do Censo Agropecuário (IBGE 1995/1996) apresentou dados que não ficaram claros quanto à divisão entre área ocupada com pastagem e a ocupada com agricultura. Por exemplo, área agropastoril é uma categoria de uso indefinida, pois não se pode determinar quanto é ocupada com agricultura e quanto com pecuária. De qualquer maneira, utilizamos aqueles dados para demonstrar a preocupação que devemos ter com a conservação e preservação em Rondônia. E em Porto Velho mais especificamente após o início da construção das usinas hidrelétricas. Naquele censo pode-se agrupar as categorias em três grandes blocos: vegetação nativa (floresta e cerrado), ocupando 18.427.242ha, representando 77,61% da área territorial do Estado; áreas de serviço (cidades e vilas, área construída e áreas de expansão urbana), somando 32.863ha, 0,14% da área do Estado; e áreas produtivas (as demais classes), que atinge 5.069.633ha, significando 21,35% da área do Estado. A agropecuária ocupava aproximadamente 84% da área total desmatada. A comparação direta destes dados não é mais possível, pois o IBGE modificou seus critérios, mas apresentamos dados mais atualizados que demonstram a grande perda vegetal natural para o Estado e Porto Velho consequentemente. A alteração feita na lei do zoneamento, Lei Complementar Nº 233 de 06 de Junho de 2000, que dispõe sobre o Zoneamento Sócio Economico Ecologico (Figura 34) do estado de Rondônia, à época já contestada, pois alterava o documento original e, portanto, sofria questionamentos do Ministério do Meio Ambinete - MMA, através de sua Secretaria de Coordenação da Amazônia – SCA, findou por criar legitimidade à pressão antrópica em todo o Estado e, numa análise mais simplória, acelerou as invasões e o desmatamento.

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Revisão do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal de Porto Velho

Figura 66. Zoneamento do estado de Rondônia. (SEPLAN, 2006)

E, posteriormente em 2006 a SEPLAN trazia o quadro síntese (figura 67) e o mapa estratigráfico de uso da terra (figura 68), conforme abaixo:

Figura 67 Publicação SEPLAN 28/12/2006

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Revisão do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal de Porto Velho

Figura 68 - Mapa tectônico estratigráfico do Estado de Rondônia. Fonte: Governo de RO (SEDAM 2002)

As publicações da SEPLAN acima (figuras 67 e 68), retratam a segunda aproximação do zoneamento. Em nossa opinião carece de maiores estudos, uma vez que visualmente pelo Google Earth é possível inferir números até mesmo inversos. O próprio zoneamento foi questionado pelo Ministério do Meio Abiente – MMA e há, ainda, o impasse quanto a reserva legal entre 50% e 80%. Portanto, o PNMPV é fundamentalmente importante para garantir um pequeno extrato de Amazônia no município de Porto Velho.

3.5.6.2. Caracterização do uso do solo da área do PNMPV

O ambiente físico do mundo não é uniforme. Existem diferenças causadas pelo aquecimento desigual da terra, o que leva a variações espaciais das condições físicas características do ar e das águas, com massas de ar e de mar distintas. Estas características, quando associadas ao relevo e às diferentes formas dos continentes, criam condições particulares de clima. As características minerais das rochas associadas ao clima determinam, por sua vez, solos distintos. Assim o mundo é heterogêneo, um mosaico. Quando se observa o ambiente num dado local ou região, pode se perceber que existem diferenças em escalas menores. Por exemplo, o solo não é uniforme e a umidade que contém também varia. Os seres vivos vão encontrar no mundo uma colcha de retalhos, onde os recursos para a sua sobrevivência estão distribuídos em três dimensões. Espécies e indivíduos têm habilidades diferentes em conseguir estes recursos. Pode-se denominar o conjunto dos fatores abióticos, isto é, os fatores físicos e químicos do ambiente, de um 178 ARC FISTER NOVEMBRO DE 2012

Revisão do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal de Porto Velho dadolocal como habitat. Habitats são, portanto, as partes do mosaico do ambiente no espaço geogr|fico. A área do PNMPV é constituída em sua maioria de área de floresta, portanto nota- se (figura 69), a aproximação de áreas de uso intensivo, nas proximidades e/ou com os limites do parque, em especial devido a loteamentos urbanos e o acelerado processo de crescimento e expansão da cidade de Porto Velho, podem gerar em curto prazo, um cenário de fragmentação, tornando o PNMPV um fragmento isolado e/ou sem conectividade com outras áreas florestadas, exceto para porção norte, onde ainda existe um maciço florestal contiguo a área do parque, caso a floresta ali existente se mantenha. Este processo deve ser considerado dentro das ações de gestão da unidade, pois os impactos ambientais causados pelo uso inadequado do solo no entorno da UC é tão prejudicialambientalmente quanto alterações ambientais realizadas no interior desta. Em geral, quando se fala em fragmentação pensa-se numa floresta que foi derrubada, mas que partes dela foram deixadas mais ou menos intactas. Entretanto, a fragmentação pode referir-se às alterações no habitat original, terrestre ou aquático. Neste caso, a fragmentação é o processo no qual um habitat contínuo é dividido em manchas, ou fragmentos, mais ou menos isoladas. Os fragmentos são afetados por problemas direta e indiretamenterelacionados à fragmentação, tal como o efeito da distância entre os fragmentos, ou o grau de isolamento; o tamanho e a forma do fragmento; o tipo de matriz circundante e o efeito de borda. O tamanho e a forma do fragmento diferem do habitat original em dois pontos principais: 1) os fragmentos apresentam uma altarelação borda/área e, 2) o centro de cada fragmento é próximo a uma borda.

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Revisão do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal de Porto Velho

Figura 69 - Mapa de Uso e Ocupação do Solo da área do PNMPV

180 ARC FISTER NOVEMBRO DE 2012

Revisão do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal de Porto Velho Portanto, podemos notar o adensamento de áreas de uso intensivo em todo o entorno do PNMPV. Destaca-se em área bem próxima ao que se definiu como Zona de Amortecimento a existência de cascalheiras irregulares ou mesmo clandestinas.

3.5.6.3. Problemas ambientais decorrentes do Uso e Ocupação da Terra.

O processo de fragmentação do ambiente existe naturalmente, mastem sido intensificado pela aç~o humana. Desta aç~o tem resultado um grande número de problemas ambientais. Dentre os quais podemos citar: Degradação dos recursos hídricos, em especial dos afluentes do igarapé Belmonte;Redução de florestas na zona de amortecimento; Aumento do efeito de borda; Perda de biodiversidade dentre outros. Considerando a fragmentação como a alteração de habitats, oresultado deste processo é a criação, em larga escala, de habitats ruins, ou negativos, para um grande número de espécies. A fragmentação, portanto, implica na restrição da aptidão de certasespécies na área fragmentada. No entanto, áreas negativas para uma espécie podem ser de boa qualidade para outras. Nem todas as espécies são afetadas da mesma forma pelo processo de fragmentação. Mas, com certeza, este processo muda os mesohabitats e microhabitats disponíveis, bem como todas as espécies e, portanto, todas as comunidades são afetadas. Além da redução do tamanho de habitat, o desmatamento e a fragmentação levam à modificaç~o do habitat remanescente devido {influência dos habitats alterados criados ao seu redor – o chamado efeito de borda. Estas alterações na borda do fragmento podem ser de natureza abiótica (microclimáticas), biótica direta (distribuição e abundância de espécies) ou indireta (alterações nas interações entre organismos), causadas pelo contato da matriz com os fragmentos, propiciadas pelas condições diferenciadas do meio circundante desta vegetação. Muitas evidências empíricas sugerem que, pelo menos no médio prazo, estas mudanças qualitativas no habitat remanescente causam alterações das comunidades biológicas, em muitos casos mais evidentes do que a redução do tamanho das populações. A diminuição da área de habitat favorável a uma determinada espécie, leva a uma menor abund}ncia regional desta espécie, j| que a diminuiç~o da aptid~o significa menores taxas de sobrevivência e reprodução. Uma área menor de habitat de boa qualidade acarreta menores populações e, eventuais excedentes populacionais migram para outras áreas, onde passam a competir com as populações residentes ou então, podem deslocar-se para áreas de má qualidade. Os fenômenos e processos biológicos são alterados quando ocorre fragmentação. Perde-se diversidade e isto implica na perda de grupos funcionais em muitos lugares. Os sistemas ecológicos s~o simplificados e, no longo prazo, h| um certo temor de que essa perda se acentue. Vários serviços ambientais são prestados pelos ecossistemas à sociedade humana. A alteração dos ecossistemas leva à perda de muitos destes serviços com conseqüências deletérias tanto no médio quanto no longo prazo. Algumas são já claramente

181 ARC FISTER NOVEMBRO DE 2012

Revisão do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal de Porto Velho visíveis em nosso país, como a diminuição dos estoques pesqueiros das águas interiores e alterações nos regimes hídricos.

3.5.7. Caracterização dos visitantes do PNMPV

Na Determinação do Zoneamento para o Uso Recreativo, é necessário além dos demais diagnósticos sobre as características principais da área, fazer uma pesquisa de perfil do visitante antes de iniciar o planejamento para conhece as expectativas das pessoas que visitam o parque e como poderemos melhorar a experiência da visitação naquele ambiente, respeitando os limites da conservação. Foram elaborados questionários que procuravam descobrir as informações mais relevantes sobre os visitantes da área do parque, como idade, meio de transporte utilizado para chegar ao parque, renda, origem, escolaridade e outras informações que embasarão a tomada de decisão no planejamento tais como principais problemas encontrados no parque problemas de infra-estrutura, atividades que gostaria de participar, conhecimento sobre a função de uma área protegida como o caso do parque e sobre ações de Educação Ambiental além de reclamações e sugestões. O levantamento Socioeconômico dos visitantes foi realizado no mês de maio/2012 durante os finais de semana e feriados, período de maior fluxo de visitas no PNMPV. O número de visitas no mês de Maio/2012 foi de aproximadamente 2.300 pessoas. As entrevistas procederam-se com foco no integrante de um grupo ou representante de família, porém as questões motivacionais e comportamentais do questionário envolveram a opinião de todos os integrantes do grupo ou família e não somente do representante avaliado. No levantamento socioeconômico foram entrevistados 63 integrantes de um grupo ou família, entre adultos Masculinos e Femininos.

3.5.7.2. Perfil dos Entrevistados

Dos 63 entrevistados a maioria estão entre 20 a 30 anos (29%) e entre 30 a 40 anos (42%). Nota-se que a maioria está em idade economicamente ativa (Figura 70).

5% 2% 5%

29% 17% 0 a 20 20 a 30 30 a 40 40 e 50 50 a 60 acima 60

30 a 40 42% Figura 70- Idade dos visitantes entrevistados no PNMPVH (Freqüência relativa %) 182 ARC FISTER NOVEMBRO DE 2012

Revisão do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal de Porto Velho

Quanto ao sexo 79% dos entrevistados são do sexo Masculino e somente 21% pertencem ao sexo Feminino. Contudo vale ressaltar que a entrevista foi realizada com um integrante do Grupo ou da família, e que na maioria das vezes os homens é quem tomavam a frente para responder o questionário, o que pode justificar a disparidade nos resultados entre os sexos (Figura 71)

21%

Masculino

Feminino

79%

Figura 71 - Frequência relativa do sexo dos visitanes do PNMPV entrevistados (Freqüência relativa %)

O estado civil dos entrevistados em grande maioria (73%) foi de indivíduos casados e como vamos verificar mais a frente estes visitam o parque com a família.

3% 2% 5%

17%

Casado

Solteiro União estável

Divorciado Viúvo (a)

73%

Figura 72 - Estado Civil Visitantes do `PNMPV (Freqüência relativa %)

Dos 63 entrevistados a maioria possui ensino Superior Completo (46%) e 2° Grau Completo (19%) sugerindo que possuem um bom nível de escolaridade (Figura 73).

183 ARC FISTER NOVEMBRO DE 2012

Revisão do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal de Porto Velho

35 29 30

25

20

15 12

10 6 7 4 5 2 2 0 1 0

1º grau I 1º grau C 2º grau I 2º grau C Superior I Superior C Mestrado Doutorado Pós Graduação

Figura 73 - Nível de Escolaridade dos visitantes (Freqüência numérica)

A atividade econômica principal observada da maioria dos entrevistados foi assalariado (32%), Autônomo (25%) e Funcionário Público (21%) (Figura 74).

20 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0

Assalariado Estudante Empresário Autônomo Aposentado Dona de Casa

Funcionário Público Profissional Liberal

Figura 74 - Principal Atividade Econômica (Freqüência numérica).

A maioria dos visitantes possuem boas condições financeiras, podendo ser classificados como Classe B e C (Figura 75). A renda familiar da maioria dos entrevistados está entre os que recebem 1 a 3 salários mínimos (44%), 4 a 6 salários mínimos (24%) e mais de 8 salários mínimos (24%). (Valor Salário Mínimo em setembro de 2012: R$622,00)

184 ARC FISTER NOVEMBRO DE 2012

Revisão do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal de Porto Velho

0%

24%

44% 0 s.m.

1 a 3 s.m.

8% 4 a 6 s.m.

6 a 8 s.m.

+ de 8 s.m.

24%

Figura 75 - Renda Familiar dos Visitantes do PNMPV (Freqüência relativa %)

Dos 63 visitantes 77% visitam o PNMPV com a família, 20% com Grupos de Amigos, 3% em Casal. Os resultados levantados deixam claro que os visitantes nunca vão sozinhos ao Parque (Figura 76)

0% 3%

20%

Sozinho

Com a família

Grupo de amigos

Casal

77%

Figura 76 – Acompanhantes (Freqüência relativa %)

O meio de transporte mais utilizado para visitar o parque foi (75%) carro próprio, moto (11%), Ônibus (5%) como meio de transporte. Esse quadro representa um reflexo da renda familiar onde maior parte dos entrevistados pertencem a Classe B e C (Figura 77)

50 47

45 40

35 30

25 20

15 11 10 5 5 0 0 0 0 Carro próprio Táxi Moto Ônibus Bicicleta A pé

Figura 77 - Transporte utilizados pelos Visitantes do PNMPV (Freqüência numérica). 185 ARC FISTER NOVEMBRO DE 2012

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Foi avaliado se o visitante possuía dificuldades em visitar o Parque e quase a metade 48% alegou não ter dificuldades em visitar o parque, 34% alegaram falta de tempo, 10% o acesso (distância) como dificuldade para visitação e empatado com 2% cada: a falta de dinheiro, a pouca atratividade, as condições da estrada e reunir o Grupo de amigos (Figura 78).

48%

Tempo Dinheiro 2% Acesso 10% 2% Não tem 2% Estrada Pouco Atrativo 2% Reunir um grupo

34% Figura 78 - Dificuldade para Visitação (Freqüência relativa %),

Com os dados obtidos com os questionários foi possível traçar um perfil dos visitantes que visitam o Parque Natural Municipal de Porto Velho. A maioria observada de respondente do sexo masculino se deve ao fato da maioria dos entrevistados irem ao parque com as suas famílias e responderem por elas, característica essa que se reflete na faixa etária dos respondentes com a predominância de 30 a 40 anos. O grau de escolaridade da maioria é médio a alto e a renda familiar segue um padrão também mediano, acompanhado dos dados de sobre profissionalização, com uma superioridade de respondentes assalariados e profissionais liberais. Predominantemente, os entrevistados vão ao Parque em família, em casais e em pequenos grupos de amigos, revelando que esse tipo de passeio raramente se faz sozinho. Os dados se tornam preocupantes quando notamos que as visitas se concentram nas áreas do zoológico e da trilha e que, das pessoas ouvidas o maior percentual delas desconhece completamente a função de uma Unidade de Conservação como o parque. A maior parte dos respondentes se interessa em apenas observar os animais no zoológico e muitas vezes desconhecem os demais atrativos. Mesmo os que citaram conhecer todo o parque, revelaram que só o zoológico tem algo interessante que justifique a visita ao parque. Vindos de Porto Velho, os entrevistados afirmam que o pior problema do parque é a falta de infra-estrutura, de informações sobre a unidade e sobre as questões de meio ambiente e o péssimo acesso até o parque. Apesar disso, os visitantes preocupam-se apenas com as condições em que os animais expostos vivem e sugerem absurdos como a falta de um sistema de som que toque músicas, churrasqueiras, calçamento e um balneário, que os visitantes chamam de “banho”, que é um tipo de opç~o de lazer muito apreciada 186 ARC FISTER NOVEMBRO DE 2012

Revisão do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal de Porto Velho pelos moradores regionais, mas que pelo próprio desconhecimento dessas pessoas é absolutamente inviável dentro de uma área protegida para conservação. Ainda assim quando questionados sobre qual uma melhor forma de melhorar a relação do homem com o meio ambiente, a maioria acredita que as campanhas educacionais e a educação ambiental são as melhores opções para resolver os problemas de impactos ambientais. Como em grande parte já visitaram muitas vezes o parque, muitos revelaram que a área está melhor do que antes, com mais limpeza e organização, ao passo que mesmo com todos os problemas visíveis de conservação, alguns visitantes não vêem problema algum. Os problemas do Parque apenas foram confirmados com as respostas dos questionários. É difícil abrir uma área protegida para a visitação onde as pessoas não têm um mínimo de discernimento e são insensíveis às questões de proteção e preservação do meio ambiente e definitivamente estão longe do perfil ecoturista.

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PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTO VELHO SECRETARIA MUNICIPAL DO MEIO AMBIENTE

ARC CONSULTORIA EMPRESARIAL - FISTER

REVISÃO DO PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE PORTO VELHO

ENCARTE 4 PLANEJAMENTO

PORTO VELHO 2012

188 ARC FISTER NOVEMBRO DE 2012

Revisão do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal de Porto Velho

4. PLANEJAMENTO

4.1. O Processo de Planejamento O plano da UC PNMPV está organizado a partir do Roteiro Metodológico de Planejamento de Parque Nacional proposto pelo IBAMA (BRASIL, 2002). É composto pela análise estratégica da Unidade, os objetivos específicos para o seu manejo, o zoneamento e o planejamento por áreas (planejamento segundo áreas de atuação). A partir dos objetivos específicos do manejo da UC, foram estabelecidas as gradações de uso para a área e o zoneamento. Com base nestes elementos foram identificadas as propostas de ação, que foram agrupadas de acordo com as áreas estratégicas. As propostas de ação compõem-se de atividades, subatividades e normas específicas.

4.2. Avaliação estratégica da Unidade de Conservação Este item constitui uma análise da situação geral do PNMPV, com relação aos fatores, tanto internos quanto externos, que a impulsionam ou que dificultam a consecução dos objetivos para os quais foi criado. As informações para as análises do ambiente interno e externo da unidade foram obtidas na Oficina de Planejamento, subsidiando a equipe técnica na identificação dos principais fatores a serem abordados na Matriz de Análise Estratégica. Os fatores endógenos, que constituem o cenário interno de uma Unidade de Conservação, são caracterizados como pontos fortes e pontos fracos e condicionam o manejo da Unidade. Os fatores do cenário externo são caracterizados como oportunidades e ameaças, e auxiliam ou dificultam o cumprimento de seus objetivos de criação. Os elementos que constituem os cenários interno e externo, sob o ponto de vista do planejamento estratégico, são definidos como:  Pontos Fracos: Fenômenos ou condições inerentes à UC, que comprometem ou dificultam seu manejo;  Pontos Fortes: Fenômenos ou condições inerentes à UC, que contribuem ou favorecem seu manejo;  Ameaças: Fenômenos ou condições externos à UC, que comprometem oudificultam o alcance de seus objetivos;  Oportunidades: Fenômenos ou condições externos à UC, que contribuem ou favorecem o alcance de seus objetivos.

189 ARC FISTER NOVEMBRO DE 2012

Revisão do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal de Porto Velho As informações discutidas durante a Oficina (pontos fracos e fortes; ameaças e oportunidades) foram cuidadosamente verificadas, reavaliadas e registradas em uma Matriz de Análise Estratégica. As propostas de ações elaboradas pelos participantes na Oficina de Planejamento, foram analisadas quanto à viabilidade técnica e institucional de implementação, avaliadas quanto à efetividade e sistematizadas como premissas defensivas, ou de recuperação e como premissas ofensivas ou de avanços, enfocando os programas temáticos – pesquisa/monitoramento, proteção/manejo, educação ambiental, visitação, alternativa de desenvolvimento, integração externa, orientando a Matriz de Análise.

4.2.1. Análise dos Fatores Internos e Externos

Interação dos Fatores de Análise Estratégica

Ambiente Interno Ambiente Externo Pontos Fracos Ameaças Pouco conhecimento sobre o Falta Segurança Parque, a maioria da população sabe que ele existe apenas ou acreditam Próximo ao Presídio que está fechado; Ocupação desordenada no Entorno, Trabalho de Educação Ambiental comprometendo a preservação do incipiente e inadequado parque. Infraestrutura ausente ou Prática de atividades ilícitas dentro do inadequada Parque Poluição dos Recursos Hídricos Acidentes com a fauna O PMNPVV não é valorizado pela população, principalmente do Local de descarte de resíduos sólidos Forças entorno do parque; Restritivas Ausência de agentes ambientais capacitados para orientação dos Imagem negativa visitantes

Fragmento isolado sem presença de Canalização de esgoto sanitário corredores ecológicos danificadas Limite do Parque não definidos por Extração de recursos naturais meio de marcos visuais; Nascentes desprotegidas Falta de segurança e proteção do Presença de plantas exóticas recurso natural e dos visitantes Atividades produtivas na zona de amortecimento sem regularização ambiental

Pontos Fortes Oportunidades

Conservação da natureza - área Atividades de Educação Ambiental verde urbana Marco histórico Atividades Ecoturísticas Área de referencia (localização , Atividades físicas identidade) Proporciona melhor qualidade de Integração e sustentabilidade vida ambiental-social-cultural

Área paisagística Captar recursos

Forças190 ARC FISTER Impulsoras NOVEMBRO DE 2012

Revisão do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal de Porto Velho Incentivo á Feiras de produtos conservação/preservação da ecológico/amazônicos biodiversidade regional Geração de emprego e renda para Espaço de convivência social comunidade do entorno "Pulmão verde", fornece ar puro Religiosa e cultural para o visitante Parceria com órgãos competentes para Símbolo de orgulho uma guarda de ação intensiva Pesquisa científica Grande diversidade de espécies Visita orientada Produção de um filme Banco genético Cobrança de ingresso

191 ARC FISTER NOVEMBRO DE 2012

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4.3. Objetivo Geral do Plano de Manejo do PNMPV

Preservar um ecossistema natural de relevância ecológica e beleza cênica na área rural de Porto Velho, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de lazer e recreação em contato com a natureza, consideradas a educação e a interpretação ambiental de forma lúdicas.

4.3.1. Objetivos Específicos do Manejo do PNMPV  Proteger a biodiversidade e os recursos genéticos do Parque, com ênfase nas populações das espécies animais e vegetais raras ou ameaçadas de extinção em nível regional ou global;  Promover o desenvolvimento científico, proporcionando oportunidades de apoio a projetos de pesquisa, em especial, àqueles relacionados a temas importantes para o manejo do Parque, como o estudo da sucessão da vegetação em áreas em processo de recuperação; a biologia, monitoramento e manutenção das populações das espécies de maior interesse para a conservação; o monitoramento dos impactos da visitação pública sobre os recursos naturais da UC;  Promover processos de comunicação e educação ambiental que sensibilizem e informem a comunidade sobre a importância e benefícios da conservação da biodiversidade e dos recursos naturais, criando oportunidades para o desenvolvimento de atividades interpretativas que também contemplem a história da ocupação humana no município;  Proteger os recursos naturais e paisagísticos do Parque e promover seu uso correto, criando oportunidades de lazer através de atividades de visitação de baixo impacto.

4.4. Zoneamento De acordo com as especificações do SNUC (BRASIL, 2000) o zoneamento ambiental constitui um instrumento de ordenamento territorial, usado como recurso para se atingir melhores resultados no manejo da unidade de conservação, pois estabelece usos diferenciados para cada zona ou setor em uma unidade de conservação com objetivos de manejo e normas específicas, com o propósito de proporcionar os meios e as condições para que todos os objetivos da unidade possam ser alcançados de forma harmônica e eficaz. Com fundamento nos objetivos gerais do PNMPV foi estabelecido o seu zoneamento e as normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais, inclusive a implantação das estruturas físicas necessárias à gestão da unidade. Desta forma foram definidas e delimitadas 3 (três) zonas internas à unidade (Tabela 37) e a de amortecimento com raio de 300mts em seu entorno. Estas zonas apresentam Revisão do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal de Porto Velho características próprias, com propostas de manejo e normas individualizadas, que levam em consideração graus específicos de proteção e possibilidades de intervenção humana. Os tipos e as definições das zonas têm como base o Roteiro Metodológico de Planejamento (BRASIL, 2002). Algumas áreas do entorno (área 1 e 2 na Figura 79) do parque em situação de integridade ambiental ou de pouca descaracterização ambiental estão sendo proposta para inclusão à área do PNMPV,devido a necessidade de contenção dos avanços sobre o parque e a necessidade de aumentar a área de vida de algumas espécies. Contudo, recomenda-se fortemente que o PNMPV seja estendido até a APA do rio Madeira, garantindo a integridade da foz do igarapé Belmont. O qual é o primeiro igarapé mais próximo das barragens, e possivelmente um berçário e refúgio de espécies da ictiofauna, especialmente as comerciais como a piramutaba encontrada lá no presente estudo.

Tabela 36- Macrozonas determinadas para o Zoneamento do Parque Municipal de Porto Velho. Zona Área (m2) Porcentagem (%) Sigla

Zona Primitiva 360,6776 92,296 Z P

Zona de uso extensivo 28,32 7,247 Z E

Zona de uso intensivo 1,787 0457 Z I

Zona de amortecimento 264,87 - Z A

193 ARC FISTER NOVEMBRO DE 2012

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Figura 79 -Proposta de Zoneamento do Parque Natural Municipal de Porto Velho. Revisão do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal de Porto Velho

4.4.1. Diretrizes e Normas Gerais das Zonas do PNMPV • O monitoramento ambiental das condições gerais de cada zona deve ter prioridade, visando futura revisão de seus respectivos limites; • A fiscalização deverá ser constante em todas as zonas visando diminuir as infrações ambientais, o fogo, a visitação irregular e outras formas de degradação ambiental. Na Zona Primitiva (ZP) a fiscalização deve ser intensificada; • Todos os resíduos sólidos devem ter seus componentes orgânicos separados dos inorgânicos para reciclagem, sendo que os orgânicos poderão sofrer processo de compostagem no local, quando possível; • A permanência e a circulação de animais domésticos não são permitidas no Parque, em função do potencial impacto sobre a fauna local. Vale ressaltar que durante o estudo presenciou-se as cabras do vizinho de lote pastando no interior do PNMPV na Zona 4 (conforme figura 81);

Figura 80 - Cabras pastando livremente pela Zona 4.

• Alterações significativas da biota, do relevo, do solo e dos cursos d’|gua, sem projeto autorizado, não são permitidas, como o caso nas divisas com o PNMPV, demonstrados nas figura 82 e 83.

Figura 81 - Aterramento para passagem de água loteamento conforme autorização Revisão do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal de Porto Velho

Figura 82 - Licença de Instalação (LI) e Prévia (LP) do Lote XX divisa com o PNMPV, cujo aterro para abertura de via de acesso ilustrado na Figura 03.

• A coleta, retirada ou dano a espécimes nativos de fauna e flora, produto mineral, atributo histórico-cultural, arqueológico e paleontológico só poderão ser realizados mediante aprovação de projetos científicos desenvolvidos por pesquisadores autorizados; • A introdução ou transporte de animais e plantas são proibidos, exceto quando os produtos em questão forem utilizados para alimentação, sendo que os resíduos orgânicos devem ser dispostos nas lixeiras apropriadas; • É proibida a circulação de indivíduos ou grupos não autorizados, notadamente portando qualquer tipo de instrumento de corte, armas de fogo e exemplares (ou parte) de fauna, flora ou mineral; • É proibido qualquer tipo de acampamento em local não autorizado ou não destinado a este fim pela equipe gestora do Parque; • É proibido fazer fogueiras ou atear fogo em qualquer área do Parque. A equipe gestora poderá oficializar um ponto ou mais pontos para a prática de fogueiras, desde que estabelecidos critérios para seu uso, garantindo sua supervisão por representantes da UC; • É proibido o plantio de qualquer espécie exótica, sendo que as espécies existentes deverão, prioritariamente, ser gradativamente substituídas por espécies nativas; • Todas as obras a serem implantadas devem dispor de projetos previamente aprovados pelo órgão gestor do PNMPV; • As intervenções e projetos que possam trazer significativo impacto ambiental, e que interfiram sobre o zoneamento interno do Parque, deverão ter a anuência do gestor e contar com o parecer de seu Conselho Consultivo; • A equipe do PNMPV, com respaldo e apoio técnico e jurídico da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SEMA), deverá empreender esforços para a consolidação da 196 ARC FISTER NOVEMBRO DE 2012

Revisão do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal de Porto Velho ZA, buscando estabelecer parcerias locais e com instituições promotoras de práticas conservacionistas, sustentáveis e de geração de renda; • O trânsito de veículos motorizados só será permitido nos trechos especialmente dedicados a este fim. Nas demais áreas, caminhos, trilhas e picadas, fica proibido o trânsito de veículos motorizados.

4.4.2. Características e normas das Zonas propostas

4.4.2.1. Zona Primitiva A zona primitiva é aquela onde tenha ocorrido pouca ou mínima intervenção humana, contém espécies da flora e da fauna ou fenômenos naturais de valor científico. Possui características de zona de transição onde as formações vegetais, embora bem conservadas, são mais acessíveis. Tabela 37 - Relação entre objetivos e normas de uso para Zona Primitiva

Objetivos de Manejo Normas para a zona

a) As atividades permitidas serão a pesquisa, o monitoramento ambiental, e a fiscalização; b) A interpretação dos atributos desta zona será somente através de folhetos e/ou recursos indiretos, inclusive aqueles oferecidos no centro O objetivo é de conservação do ambiente de visitantes e educação ambiental; natural e da biodiversidade e dos aspectos físicos a ela associados. Ao mesmo tempo, c) As atividades permitidas não poderão facilitar as atividades de pesquisa científica. comprometer a integridade dos recursos naturais;

d) Não serão permitidas quaisquer instalações de infraestrutura; e) A fiscalização será constante nesta zona.

4.4.2.2. Zona de Uso Extensivo

A zona de uso extensivo é aquela constituída em sua maior parte por áreas naturais, podendo apresentar algumas alterações humanas. Caracteriza-se como uma zona de transição entre a Zona Primitiva e a Zona de Uso Intensivo.

197 ARC FISTER NOVEMBRO DE 2012

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Tabela 38 - Relação entre objetivos e normas de uso para Zona de Uso Extensivo

Objetivos de Manejo Normas para a zona

a) As atividades permitidas serão a pesquisa, Apresenta como objetivo de manejo propiciar o monitoramento ambiental, a visitação e a atividades de uso público com baixo impacto fiscalização; (trilhas interpretativas), priorizando a manutenção b) Deverão ser instalados equipamentos dos ambientes naturais, visando à sensibilização simples para a interpretação dos recursos ambiental e conhecimento da Vegetação e suas naturais (Placas de sinalização e informativas Espécies. para a realização de trilhas autoguiadas), sempre em harmonia com a paisagem; c) Esta zona será constantemente fiscalizada.

4.4.2.3. Zona de Uso Intensivo

A zona de uso intensivo é aquela constituída, em sua maior parte, por áreas naturais com alteração antrópica que concentram as atividades ligadas ao uso público de maior intensidade. Nela está instalado a sede administrativa, o centro de visitantes e de Educação Ambiental e sanitários; esta zona já contem equipamentos de lazer e recreação (mesas com bancos; e equipamentos de recreação infantil).

Tabela 39 - Relação entre objetivos e normas de uso para Zona de Uso Intensivo

Objetivos de Manejo Normas para a zona

a) As construções implementadas deverão estar harmonicamente integradas com o meio ambiente;

O principal objetivo é proporcionar aos visitantes do b) A utilização das infraestruturas destas parque oportunidades de interação dos ambientes zonas será subordinada à capacidade de naturais, bem como abrigar facilidades e estruturas de suporte estabelecida para elas; apoio ao uso público e atrativos que suportem maior c) As atividades previstas devem levar o visitação. O contato direto do publico com o ambiente visitante a entender a filosofia e as natural pode acontecer por meio de atividades práticas de conservação da natureza; recreativas, esportivas e educativas. d) A fiscalização será intensiva nesta zona; e) Esta zona deverá comportar sinalização educativa, interpretativa ou 198 ARC FISTER NOVEMBRO DE 2012

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indicativa; f) Os esgotos dos sanitários das construções deverão receber tratamento suficiente para não contaminarem recursos hídricos e o tratamento dosesgotos deve priorizar tecnologias alternativas de baixo impacto; g) Os resíduos sólidos gerados nas infraestruturas previstas deverão ser acondicionados separadamente, recolhidos periodicamente e depositado em local destinado para tal.

4.4.2.4. Zona de Amortecimento.

Corresponde ao entorno do Parque Natural Municipal de Porto Velho, onde as atividades humanas estão sujeitas a normas e restrições especificas, com o propósito de minimizar impactos negativos sobre a unidade. Esta área não poderá ser transformada em zona urbana, sendo que a instalação de infraestrutura e serviços públicos, se admitidos, dependem de prévia aprovação do órgão responsável pela administração do Parque, sem prejuízo do necessário cumprimento das exigências legais para seu licenciamento, conforme previsto na Resolução CONAMA 13/90. Esta zona visa conter a forte antropização no entorno e a pratica de atividades incompatíveis com a UC. Considerando seus limites entende-se que a Leste estão as áreas recentemente tituladas como assentamento Terra Nova que foram fruto de invasões posteriores a 2003. No limite Norte encontramossua porção melhor conservada por estar em área de litígio legal - estava averbada como reserva, porém foram loteadas em chácaras. AoSul,encontramos áreas que sofrem forte pressão de caça, apanha ilegal e também, lotes alguns muito antropizados outros conservados. Nesta área encontra-se também as empresas cascalheiras – extrativismo de cascalho - que apuramos serem ilegais. A Oeste esta a frente do PNMPV e sua entrada , onde chega a estrada de acesso, e suas suas edificações. Ressalta-se que essa parte não pertence oficialmente ao PNMV portanto sugere-se que o devaincorporado ao patrimônio do parque.

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Revisão do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal de Porto Velho Tabela 40 - Relação entre objetivos e normas de uso para Zona de Amortecimento

Objetivos de Manejo Normas para a zona

a)Indicada para incorporação ao Parque Natural Municipal de Porto Velho, devido sua característica especial hídrica, de fauna e flora remanescente. b)Área com ocupação e uso acentuado, onde se deve implementar programas de educação ambiental. c) Nesta zona os proprietários rurais deverão ser orientados para respeitar os limites de proteção a mananciais – 30 metros, portanto, deverão fazer conservação de solos e água conforme legislação atual. • Promover o ordenamento territorial das d) Deverá ser aprovada recomendação áreas que integram as faixas contínuas de floresta e legal de proibição de uso de fogo e fragmentos florestais PMNPV, estimular atividades agrotóxicos em atividades compatíveis com a manutenção dos processos agrosilvopastoris em raio de 1km, a partir ecológicos naturais, proteção de mananciais, dos limites do parque. valorização sociocultural e viabilização de práticas sustentáveis; e) Ações de recuperação de áreas degradadas deverão ser preferenciadas. • Recomendar políticas públicas, favorecer as articulações interinstitucionais e potencializar as f) Empreendimentos tipo loteamentos ou iniciativas relacionadas à proteção e recuperação do de adensamento populacional deverão ser contínuo de florestas, dos mananciais e da tratados junto ao Conselho Consultivo do integridade da paisagem no PMNPV; PNMPV. • Manutenção da biodiversidade e dos recursos g) Não serão apoiados ou autorizados hídricos e maior integração da UC à vida econômica e obras de infraestrutura e ou instalação de social das comunidades vizinhas. indústrias que causem prejuízos ao meio ambiente. f)Fomentar projetos e ações visando o estímulo às praticas sustentáveis da região como um todo e das comunidades vizinhas ao PNMPV em particular; i) Desenvolver atividades que possam contribuir para elevar a qualidade ambiental e a qualidade de vida das comunidades do entorno, concomitantemente à proteção do patrimônio natural, histórico, étnico e cultural; j) Desenvolver atividades que possam 200 ARC FISTER NOVEMBRO DE 2012

Revisão do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal de Porto Velho

contribuir para a melhoria do controle ambiental das atividades e dos agentes causadores de degradação ou poluição ambiental no entorno do Parque; l) Desenvolver atividades que possam contribuir para a integração da dimensão ambiental nas políticas setoriais de forma a conciliá-las com os objetivos da UC; m)Desenvolver atividades que possam contribuir para a diminuição dos impactos negativos das atividades humanas sobre a qualidade e quantidade das águas tributárias do igarapé Belmont.

4.4.3. Estratégias para o órgão gestor • Integração e cooperação de esforços entre as diversas secretarias municipais para promoção de políticas públicas integradas na ZA; • Articulação com as populações envolvidas na ZA e instituições responsáveis pelo planejamento territorial, gestão do uso do solo e dos recursos hídricos, maximizando o ganho ambiental em toda a ZA; • Promover usos múltiplos em bases sustent|veis, incentivando e priorizando atividades que não causem impactos ambiental, social e/ou visual e evitando culturas homogêneas, espécies contaminantes biológicas e invasoras, bem como uso de agroquímicos; • Evitar, nas |reas de entorno imediato do Parque, ações e obras que possam alterar a qualidade da água e as taxas de balanço hídrico ou das áreas indicadas para proteção integral no entorno. Dentre estas atividades podem ser citadas, como exemplo, desvios, canalizações ou represamento de cursos d’|gua, bombeamento intensivo, contaminação por agroquímicos e efluentes, deposição inadequada de resíduos. Quaisquer atividades nessas áreas deverão observar a adoção de tecnologias adequadas; • Incentivar a proteç~o de |reas naturais na ZA, por meio da criaç~o de UC (proteção integral e uso sustentável), da averbação de reservas legais e da proteção de APP; • A ZA deve integrar as |reas priorit|rias no município para operacionalização de Pagamento por Serviços Ambientais e outros instrumentos de estímulo à conservação ambiental; • Apoiar o fortalecimento das comunidades locais e envolver as empresas no desenvolvimento social daregião, buscando o compromisso com a responsabilidade socioambiental;

201 ARC FISTER NOVEMBRO DE 2012

Revisão do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal de Porto Velho • Articular a implantaç~o de políticas públicas intersetoriais de educaç~o b|sica, saneamento, transportee lazer com qualidade e incentivo ao turismo sustentável e de base comunitária; • Considerar o trabalho conjunto com as comunidades vizinhas como estratégia de conservação.

202 ARC FISTER NOVEMBRO DE 2012

Revisão do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal de Porto Velho

4.4.4. Quadro-síntese do Zoneamento Tabela 41 - Quadro Síntese do Zoneamento Caracterização geral

Zona Principais características Uso permitido Demanda

Aquela onde tenha ocorrido pouca ou mínima Zona de intervenção humana, contem espécies da flora e Pesquisa, monitoramento ambiental e Restauração de áreas degradadas, Primitiva da fauna ou fenômenos naturais de valor fiscalização. proteção de mananciais. cientifico.

Aquela que propicia melhor qualidade a Intensa educação ambiental do unidade de conservação, seja por que exige Áreas urbanas, agrícolas e industriais de entorno, regularização de atividades e Zona de autorização especial do órgão gestor sobre o uso e ocupação intensos controlados, sob de áreas de baixo impacto ambiental, amortecimento tipo de atividades, seja por que inibe atividades licenciamento restritivo. desintrusão, restauração de áreas degradantes, ou ainda, por proteger fragmento degradadas. ambiental da região.

Atividades de uso público com baixo Instalação de equipamentos para a Constituída em sua maior parte por áreas impacto (trilhas interpretativas), interpretação dos recursos naturais naturais, podendo apresentar algumas Zona de Uso priorizando a manutenção dos ambientes (placas de sinalização e informativa alterações humanas. Caracteriza-se como uma Extensivo naturais, visando à sensibilização para a realização de trilhas zona de transição entre a Zona Primitiva e a ambiental e conhecimento da vegetação e autoguiadas), sempre em harmonia Zona de Uso Intensivo. suas espécies. com a paisagem.

A zona de uso intensivo é aquela constituída em Reforma da sede administrativa, o sua maior parte, por áreas naturais com centro de visitantes e de educação Zona de Uso Atividades ligadas ao uso público de maior alteração antrópica que concentram as ambiental e sanitários. Deverão ser Intensivo intensidade. atividades ligadas ao uso público de maior realizadas melhorias na infraestrutura intensidade. de lazer já disponível.

203 ARC FISTER NOVEMBRO DE 2012

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4.5. NORMAS GERAIS DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO

O processo de gestão do PNMPV deverá seguir as normas abaixo especificadas:

4.5.1. Normas Administrativas

a. A Administração da UC será coordenada por um profissional (Diretor/Gestor da UC) com formação na área de Ciências Biológicas, preferencialmente concursado e que integre o quadro permanente de profissionais da SEMA; b. A UC deverá contar um quadro de profissionais capacitados para seu processo de gestão - atividades de educação e comunicação ambiental, fiscalização ambiental, manutenção e limpeza, entre outras especificadas neste Plano; c. O visitante para acesso ao Parque deverão identificar-se junto portaria; d. As atividades de visitação e uso público serão desenvolvidas de terça-feira a domingo, no horário de expediente da UC. Esses dias e horários poderão ser modificados de acordo com necessidade e conveniência, além das demandas específicas; e. As atividades de educação ambiental poderão ser realizadas de acordocom a demanda e deverão ser previamente agendadasjunto à Diretoria do Parque; f. É proibida a realização de eventos de cunho político, partidário e religiosona UC; g. É proibido o uso de equipamentos sonoros, que exteriorizem o som, salvo equipamentos para fins de pesquisa, monitoramento, educação ambiental e fiscalização, desde que autorizados pela administração da UC; h. O uso de uniforme é obrigatório para os funcionários públicos que atuarem na gestão do Parque, bem como para o pessoal terceirizado e para os concessionários das atividades de uso público. i. É obrigatória a identificação de estagiários, concessionários, prestadores de serviço e pesquisadores enquanto estiverem atuando na UC.

4.5.2. Estrutura

a. Deverá ser instalada na Sede da UC a infraestrutura básica para garantir as atividades de gestão e manejo, previstas neste Plano: para todas as proposições deverão ser observadas as especificidades de PNES, o PNMPV deverá ter uma identidade arquitetônica incluindo projeto urbanístico da entrada e estacionamento. 204 ARC FISTER NOVEMBRO DE 2012

Revisão do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal de Porto Velho b. A instalação de edificações e de quaisquer equipamentos no interior do Parque deverá utilizar técnicas de baixo impacto, buscando o máximo possível de harmonização com a paisagem natural. Deverá ser considerado também o arco-solar visando maximizar o uso da luz natural, bem como, as condições climáticas (temperatura e umidade); c. As edificações de acesso ao público deverão prever acesso à portadores de necessidades especiais; d. As instalações sanitárias do Parque deverão contar um sistema de tratamento de esgotos, segundo projeto aprovado por profissional habilitado, atendendo a legislação vigente; e. Todas as edificações da UC deverão contar com extintores de incêndios de acordo com as normas técnicas. f. Deverá ser implementado um sistema de sinalização, de acordo com sua finalidade e conforme especificado nos programas de manejo relacionados. g. Fica proibida a instalação de qualquer sinalização em desacordo com a oficial, incluindo as de cunho publicitário junto à UC.

4.5.3. Utilização de recursos naturais

a. É proibida a caça, a coleta e a apanha de espécimes da fauna e da flora ou de parte destes, nativa ou exótica nas dependências do PNMPV, exceto para atender as atividades previstas neste PM (atividades de pesquisa); b. A captura, a coleta e apanha de espécimes da fauna e da flora ou de parte destes são permitidas com finalidade científica e/ou didática, devidamente autorizadas pela Diretoria do PNMPV, observando as normas pertinentes, e estão sujeitas às condições e restrições previamente estabelecidas.

4.5.4. Introdução de plantas e animais

a. Atividades de reintrodução de fauna e flora nativas somente poderão ocorrer após a realização de pesquisas, pareceres técnicos favoráveis e a anuência da Diretoria do PMNPV; b. A manutenção de animais silvestres nativos ou exóticos em cativeiro no interior do Parque não é permitida, incluindo as cabras e avestruzes do vizinho; c. É proibido molestar, alimentar e cevar animais silvestres.

205 ARC FISTER NOVEMBRO DE 2012

Revisão do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal de Porto Velho 4.5.5. Resíduos Sólidos

a. A coleta seletiva de resíduos sólidos deverá ser implantada no Parque, sendo destinados para a Coleta Pública Municipal, de forma total ou parcial. O lixo orgânico poderá ser destinado para compostagem, cujo composto será utilizado na Unidade, na adubação das plantas e no ajardinamento junto à sede da UC . b. A Zona de Uso Intensivo deverá conter lixeiras para depósito em separado de material orgânico e reciclável, além de contêineres de lixo, em local de fácil recolhimento

4.5.6. Pesquisa e estrutura de apoio

a. As pesquisas a serem realizadas na Unidade deverão ser autorizadas pela Diretoria do PNMPV, seguindo as determinaçõesda legislação vigente (que envolvem também questões associadas à ética na pesquisa envolvendo animais). b. As atividades de pesquisa deverão ser monitoradas para evitar que causem danos ao patrimônio natural do Parque e garantir o cumprimento de seus objetivos. c. Os pesquisadores deverão retirar todas as marcações e armadilhas utilizadas ao final da pesquisa, ou no intervalo entre expedições de campo, salvo se autorizada a permanência. d. Os pesquisadores deverão sempre evitar que sua metodologia de coleta interfira em outras pesquisas em andamento. e. Os pesquisadores deverão respeitar as normas gerais da Unidade e das zonas. f. Os pesquisadores deverão se comprometer em disponibilizar obrigatoriamente a SEMA e à chefia da UC os resultados de pesquisas desenvolvidas no Parque, promovendo, sempre que solicitado, uma apresentação à administração da UC. g. O Parque, ao utilizar os resultados das pesquisas, deverá observar os direitos autorais dos pesquisadores.

4.5.7. Uso Público

a. Até que seja estruturada a infraestrutura para atendimento ao visitante, as visitas ao Parque deverão ser previamente agendadas junto à Diretoria PNMPV. b. O consumo de bebidas alcoólicas no interior do Parque não é permitido, assim como fumar e comer (entrar com alimentos) nas trilhas da UC. O consumo de alimentos é permitido nas zonas de uso intensivo.

206 ARC FISTER NOVEMBRO DE 2012

Revisão do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal de Porto Velho c. As atividades de uso público deverão ser monitoradas para evitar que causem danos ao patrimônio natural do Parque e para garantir o cumprimento de seus objetivos.

4.5.8. Proteção

a. As atividades de fiscalização deverão ser contínuas, abrangendo a totalidade da área do Parque. b. É proibido fazer uso do fogo no interior do Parque, exceto nos locais apropriados, como por exemplo, em churrasqueiras; c. É proibido entrar na Unidade portando armas, facões, tinta spray e outros incompatíveis com as condutas em UC ou que possam ser prejudiciais à flora e à fauna, exceto para uso nas atividades de manejo, pesquisa, educação ambiental, uso público e proteção da UC. As normas gerais do PNMPV deverão ser regulamentadas via legal, através de Decreto Municipal.

4.6. PROGRAMAS DE GESTÃO

Os programas de gestão visam o gerenciamento da UC e do seu entorno, estabelecendo, áreas estratégicas, as ações a serem desenvolvidas em cada uma destas áreas, organizando seu planejamento segundo programas temáticos. Os programas temáticos devem guiar as atividades da Unidade de Conservação, indicando a infraestrutura e pessoal necessários para a administração, manutenção e proteção da mesma, os estudos a serem realizados para que se tenha um melhor conhecimento da diversidade biológica da área, as ações para diminuição de impactos na UC e as ações visando a integração com as comunidades do entorno. Para o Plano de Manejo do PNMPV foram estabelecidas as ações gerenciais gerais para o interior da UC, abordando atividades de caráter abrangente direcionadas para toda a UC.

Os programas considerados no Plano de Manejo são listados abaixo e logo após detalhados:  Programa de Administração  Programa de Proteção/Manejo  Programa de Pesquisa e Monitoramento  Programa de Uso Público

207 ARC FISTER NOVEMBRO DE 2012

Revisão do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal de Porto Velho  Programa de Programa de Educação e Comunicação Ambiental  Programa de Proteção

4.6.1. Programa de Administração

Este programa tem como Objetivo Geral, garantir o funcionamento do Parque no que se refere ao provimento de controle dos processos administrativos e financeiros, dando suporte aos demais programas. Dentro os objetivos específicos destacamos:  Elaborar e operacionalizar as estratégias de implementação do Plano de Manejo;  Captar recursos para a instalação de infraestrutura mínima no Parque;  Promover a cooperação interinstitucional para a implementação aos Programas da UC;  Buscar o apoio da população para os programas implementados pelo Parque.

4.6.1.1. Recursos Humanos

O PNMPV atualmente conta com 25 servidores distribuídos em 10 funções distintas (tabela 42). O parque encontra-se uma nova fase, porém com defasagem de pessoal e recursos por isso, este programa será simplificado de modo a atacar as ações prementes e deve ser ampliado em infraestrutura e recursos humanos com o tempo – principalmente na busca de parcerias e de programas de compensação. Recomenda-se fortemente a necessidade de maior eficiência no uso dos recursos do parque para cumprir essas diretrizes e a permanência destes funcionários no parque. Tabela 42–Número de servidores do Parque Natural Municipal de Porto Velho atuais e proposta.

Quantidade em 2012 Função Comissão Quantidade sugerida

Chefe de Divisão 1 Chefe de Divisão de áreas 1 protegidas

Diretor do 1 Aux. de Serviços Veterinários 1 Departamento

Chefe de Divisão 1 Professor Nível II de 1 Administração

208 ARC FISTER NOVEMBRO DE 2012

Revisão do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal de Porto Velho

2 Técnico de Nível Médio 3

3 Agente de Educação Ambiental 4

2 Artíficie Especializado

1 Aux. Administrativo 1

3 Aux. de Serviços Gerais 5

10 Gari

1 Vigia 2 ou 3

Como proposta de estruturação de recursos humanos está deverá se compor por uma equipe mínima de referência, constituída por um biólogo, um turismólogo, um educador ambiental para o Parque, um guarda- parque, equipe para vigilância e manutenção A estrutura organizacional do Parque está inserida dentro da estrutura da SEMA, compreendendo uma divisão ligada ao Departamento de Proteção e Conservação Ambiental – DPCA, conforme ilustra figura 83.

Figura 83 - Organograma da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Porto Velho em 2012. 209 ARC FISTER NOVEMBRO DE 2012

Revisão do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal de Porto Velho

Além dos recursos materiais e humanos básicos necessários, é preciso prover ao PNMPV graus de autonomia e a responsabilização dos agentes envolvidos na organização e operacionalização das atividades de gestão. Isso requer a garantia de recursos de ordem institucional, assim como a interlocução eficiente entre gestor, funcionários do Parque, Conselho Consultivo e demais secretarias envolvidas na cogestão da UC. As atividades e normas devem contar com apoio e cooperação de todos os agentes envolvidos, tendo como base o acompanhamento das prioridades descritas nos programas de gestão deste Plano.Esta avaliação deve estar contida num Plano Operativo do Parque ou Plano de Metas Anual. Abaixo as ações e atividades que são especificadas para o programa de gestão:

4.6.1.2. Atividades e Normas Específicas

Tabela 43 - Atividades e Normas especificas para o programa de administração

Atividades Normas

Articular com o Setor Administrativo da SEMA, garantia do provimento de servidores concursados para compor uma equipe mínima de referência,

constituída por um biólogo, um turismólogo, um educador ambiental para o Parque, um guarda- parque, equipe para vigilância e manutenção.

Elaborar o Regimento Interno do Parque, definindo O Regimento Interno deverá ser elaborado os setores e os servidores responsáveis por cada com o prazo máximo de um ano a partir da tema de manejo (pesquisa, monitoramento, elaboração do Plano de Manejo. proteção, manejo florestal, administração, dentre outros).

Fazer gestão para contratar empresa prestadora de

serviços do programa de uso público;

Contribuir decisivamente na consecução das demais

ações e atividades dos demais programas;

- Estabelecer treinamento mínimo para funcionários e contratados; - O pessoal contratado para limpeza deverá Contratação de serviços terceirizado de limpeza e de manter as áreas de uso público, gestão e vigilância administração limpos, inclusive com a seleção, coleta, armazenamento e disposição do lixo em local adequado; - O pessoal contratado para vigilância

210 ARC FISTER NOVEMBRO DE 2012

Revisão do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal de Porto Velho

deverá zelar pelo patrimônio do Parque, de acordo com a demanda; - Os postos de trabalhos dos vigilantes patrimoniais devem funcionar 24 horas; - Os vigilantes patrimoniais, além do treinamento definido para a função também devem ter treinamento em técnicas de comunicação, atendimento ao público e de primeiros socorros; - Estabelecer kits de primeiros socorros aos funcionários e equipes de campo; - Prover a equipe do Parque de uniforme e identificação dos servidores, funcionários terceirizados e colaboradores a serviço do Parque.

- Manter bom relacionamento com a Avaliar periodicamente a necessidade de dotar o Secretaria Estadual de Desenvolvimento Parque de outros recursos humanos, através da Ambiental – SEDAM, com a Polícia remoção de servidores da SEMA para a UC e/ou pela Ambiental e com o Ministério do Meio contratação de pessoal terceirizado e/ou por meio Ambiente; de parceria.

Promover o treinamento e a capacitação continuada do pessoal que atuará no Parque para: Atendimento Os treinamentos devem ser ministrados ao Público (comunicação e prestação de informações tanto para os servidores da Unidade quanto sobre a UC); Manejo de Visitação; Monitoramento do para os servidores das instituições Uso Público; Manutenção da Infraestrutura; Manejo parceiras. e Manutenção de Trilhas; Condução de Grupos em Ambientes Naturais e Identificação da Fauna e Flora.

Participar e promover eventos com a comunidade,

especialmente a do entorno

Divulgar e acompanhar as divulgações da mídia

quanto ao parque.

Buscar parceria com as entidades locais ou regionais - Normatizar e fiscalizar todos os serviços de que viabilizem a implementação deste Plano de concessão, terceirização e parcerias, Manejo, tendo como referência as instituições garantindo a qualidade dos serviços. indicadas na Oficina de Planejamento Participativo.

Elaborar anualmente o Planejamento Orçamentário - As definições da aplicação dos recursos do Parque, de acordo com as atividades previstas, devem levar em conta a manifestação do priorizando recursos conforme demandas Conselho Consultivo

211 ARC FISTER NOVEMBRO DE 2012

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existentes, definidos pela gestão da UC. - Prover periodicamente o Parque de materiais de expediente necessários à execução das atividades gerenciais e administrativas previstas neste Plano de Manejo - Elaborar relatório das atividades anuais, comparando o planejado e o implementado, e os recursos necessários para a execução das mesmas e apresentá-lo ao Conselho Consultivo para acompanhamento e avaliação em relação aos objetivos do Parque.

Realizar a monitoria e avaliação do Plano de Manejo, O Relatório da Monitoria deve ser elaborado identificando os motivos de sucesso e insucesso, e enviado anualmente, ao setor competente propondo ações corretivas necessárias para da SEMA adequações

- Efetuar anualmente aceiros e limpezas de caminhos; - Dar manutenção aos veículos, máquinas e equipamentos do PNMPV; - Manter extintores de incêndio adequadamente operacionais; - Manter as placas e sinalizações do PNMPV; Estas atividades devem ser realizadas periodicamente a fim de evitar danos a - Manter a sede e seus prédios em condições de uso Unidade, equipamentos e instalações. e em boa aparência; - Vistoriar e fazer a necessária manutenção de rede elétrica, hidráulica, e esgoto; - Vistoriar e acompanhar a qualidade da AGU servida na sede; - Fazer gestão do lixo

4.6.1.3. Infraestrutura e Equipamentos As estruturas presentes no Parque são antigas e o estado de conservação de alguns edifícios não permite o adequado atendimento ao público visitante.Serão necessárias reformas, assim como a execução de projetos de revitalização de parte dos imóveis existentes, possibilitando o melhor aproveitamento das edificações existentes e das áreas destinadas à visitação pública. Ressalta-se a necessidade de aquisição de equipamentos mínimos para o desenvolvimento dos programas de gestão apresentados neste Plano de Manejo.

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Revisão do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal de Porto Velho

Tabela 44 - Atividades e Normas especificas para o programa de administração (Infraestrutura e Equipamentos)

Atividades Normas

Desenvolvimento de identidade arquitetônica a se A Sede Administrativa e o Centro de visitantes e de adotada em todas as construções e reformas futuras EA deve dispor de: infraestrutura administrativa, de edificações a serem realizadas no PNMPV de sala de exposições, sala para atividades de EA e forma a criar uma identidade e unidade entre as sanitários. mesmas

Elaboração do projeto urbanístico de definição do acesso e estacionamento do parque A instalação de novas edificações e outros Elaboração do projeto urbanístico de acesso e equipamentos deverão observar normas e técnicas acessibilidade das edificações existentes de baixo impacto Elaboração dos projetos arquitetônicos básicos de reforma das edificações existentes

Elaboração dos projetos arquitetônicos básicos para construção das seguintes edificações sugeridas: Mirante, Orquidário, Borboletário, Serpentário, Tanques de Peixes para Observação, Pista de Caminhada em Passarela de Madeira para PNES e espaços temáticos para povos indígenas, seringueiros e ribeirinhos.

Contratar/executar obras civis para dotar a UC de infraestrutura adequada ao atendimento deste e dos demais programas deste Plano de Manejo.

Melhorias na área de lazer da UC, transformando o

atual play ground em brinquedos sustentáveis.

Desenvolver e/ou adquirir um sistema informatizado para armazenar e tratar as informações geradas sobre o Parque

- Realizar a manutenção periódica das trilhas e seus Implementar projeto para definição/revitalização do equipamentos, bem como das demais infraestruturas traçado das trilhas, conforme previsto no Programa a serem implantadas, mantendo-as em bom estado de Uso Público de utilização para todos os fins a que se destinam.

Adquirir mobiliário, máquinas, equipamentos, O pórtico deve conter sistema de controle de implementos, etc. além deavaliar e propor, visitantes e prestadores de serviço, bem como, periodicamente, a aquisição/substituição desses ou espaço com instalações sanitárias e sistema de de novos comunicação;

Implantar adequado sistema telefônico e de rádio no

Parque,

Monitorar o estado de conservação das estruturas de

cercamento do Parque

213 ARC FISTER NOVEMBRO DE 2012

Revisão do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal de Porto Velho 4.6.1.4. Parcerias Tabela 45 - Atividades e Normas especificas para o programa de administração (Parcerias)

Atividades Normas

Estabelecer parcerias para possibilitar estágios para estudantes de ensinomédio e superior, no As Entidades parceiras deverão assinar um apoio às diversas ações de educação e termo de parceria com a UC onde será sensibilização ambiental, uso público, especificado o objeto da parceria; atividades de apoio à pesquisa, manejo florestal e administração

Manter a parceria com as Universidades e faculdades da Região para o desenvolvimento As Entidades parceiras deverão ter experiência de trabalhos de pesquisa e educação ambiental, comprovada em gestão, manejo e E.A. de no estabelecerparceria com outras instituições de mínimo cinco anos. pesquisa objetivando a implementação das pesquisas prioritárias para gestão e manejo.

4.6.1.5. Conselho Consultivo De acordo com o SNUC, cada UC do grupo de Proteção Integral deverá contar com um Conselho Consultivo, presidido pelo órgão responsável por sua administração e constituído por representantes de órgãos públicos e de organizações da sociedade civil. Desta maneira, o Conselho Consultivo surge como um importante instrumento de articulação e participação comunitária. A participação comunitária no equacionamento dos problemas é hoje amplamente aceita como uma das bases do desenvolvimento local (SNUC, 2002). O parque não deve ser gerido, isoladamente, sem considerar os diversos condicionantes do contexto em que o mesmo está inserido. É recomendável uma gestão compartilhada com a comunidade do entorno, com total envolvimento do Conselho Consultivo. Na primeira versão, Plano de Manejo do Parque Natural Municipal de Porto Velho, o conselho consultivo é citado algumas vezes, mas não há registros de sua formação ou implementação. O SNUC recomenda que o mesmo seja paritário entre governo e sociedade, mas presidido pelo órgão responsável por sua administração. O conselho deve ser gestor no cotidiano de acordo com o Decreto nº 4.340 de 22 de Agosto de 2002 e, em conformidade com a Lei nº 9.985 de 18 de julho de 2000. Recomendamos como marco legal do decreto de sua criação e, em consonância à referida lei e citados decretos, que:  O Conselho consultivo seja presidido pelo Secretario da SEMA;  O Conselho Consultivo do PNMPV deverá ter paridade entre órgãos públicos e sociedade civil;

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Revisão do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal de Porto Velho  Os órgãos ambientais nos níveis federal, estadual e municipal devem ter um assento cada;  Devem ser contemplados os órgãos públicos de pesquisa científica, educação, cultura e turismo;  A comunidade científica deve ter assento, principalmente através da instituições de ensino superior públicas e privadas que tenham cursos em áreas que possam colaborar efetivamente na gestão do parque;  Assentos a organizações não governamentais ambientalistas, notadamente atuantes, devem ser garantidos;  Deverão também ser representadas as associações AMPAPE e de moradores do Assentamento Terra Santa, UDV e outros que estejam organizados formalmente.

4.6.2. Programa de Proteção/Manejo. Este programa tem como objetivo garantir a proteção e o manejo à biodiversidade e atributos naturais do Parque, conforme seus objetivos de manejo e visando sua proteção integral. Dentre os objetivos específicos, destacamos:  Garantir a proteção dos hábitats e espécies do Parque;  Recuperar as áreas degradadas no interior do Parque e mesmo as do entorno nos limites e Zona de Amortecimento.

4.6.2.1. Atividades e Normas Específicas Tabela 46 - Atividades e Normas especificas para o programa de Proteção/Manejo

Atividades Normas

- Deverá ser elaborado um projeto específico para a restauração das áreas degradadas e submetido a apreciação pelo Conselho Consultivo e aprovação pela Departamento de Proteção e Controle Ambiental – DPCA Fomentar a recuperação de áreas degradadas e das matas ciliares que drenam do exterior para o interior - As áreas de trilhas que deverão ser PNMPV; restauradas, por terem o solo e o banco de sementes desestruturado, necessitam da recomposição ativa, através da descompactação do solo (no caso das estradas) e plantio de mudas. Esses aspectos deverão ser previstos em projeto específico.

215 ARC FISTER NOVEMBRO DE 2012

Revisão do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal de Porto Velho

- As espécies exóticas introduzidas deverão ser removidas da UC a partir da aprovação de um projeto específico;

- Fomentar e apoiar a conservação de solos e mananciais nas propriedades do entorno Manter relacionamento com os proprietários de imóveis do entorno no sentido de obter ajuda; - Fomentar a recuperação das áreas comprometidas no entorno por processos de extração de cascalho

Fomentar a formação de brigada de incêndio conjunta – comunidade, SEMA, SEDAM, IBAMA e outros;

Criar e manter atualizado livro de ocorrências do PNMPV, com registros relativos a incêndios, ilícitos e ocorridos na Zona de Amortecimento.

Obter georreferenciamento de toda a área do PNMPV, instalando seus marcos e obtendo regularização Verificar semestralmente, por motivo de fundiária, tanto da frente do parque que não lhe manutenção, se necessário, as condições pertence (Oeste), quanto, se possível, a ampliação de dos marcos divisórios dos limites do 300 metros ao Leste, incluindo área que esta PNMPV. invadida entre o parque e o Lote nº77

Cercar por completo a UC através de mourões a cada 4 mts, trespassados por 6 fios de arame liso (poderão Verificar rotineiramente as condições de ser obtidas em doação as madeiras resistentes da cercas e placas, solucionando problemas supressão das usinas do rio Madeira e, desde que não encontrados; sejam madeiras brancas) avaliando se a parte a ser enterrada no solo deve e pode receber tratamento do produto CM-30 (para maior durabilidade).

Estabelecer rotina de ronda do PNMPV Instalar guaritas nos dois acessos à UC para fiscalizá-lo e evitar ilícitos em seu entorno, tomando providencias cabíveis.

Instalar placas de alerta e defesa de forma padrão em

todo o PNMPV.

4.6.3. Programa de Pesquisa

O Objetivo deste programa é conhecer melhor e de forma progressiva os recursos naturais e culturais do Parque, subsidiando o aprimoramento dos processos de conservação desses recursos.

216 ARC FISTER NOVEMBRO DE 2012

Revisão do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal de Porto Velho

4.6.3.1. Atividades e Normas Específicas Tabela 47 - Atividades e Normas específicas para o programa de Pesquisa

Atividades Normas

- A divulgação das pesquisas prioritárias será realizada por meio de reuniõestécnicas envolvendo as instituições de pesquisa e o Conselho Consultivo da UC; - Avaliar permanentemente as propostas de pesquisa e ordem de prioridadepara ajustar o programa e o cronograma físico; - As propostas de pesquisa deverão atender prioritariamente as demandas daUC; - Avaliar permanentemente os resultados das pesquisas verificando se eles estão fornecendo as informações necessárias para promover o ajuste na gestão e manejo da UC; - Os pesquisadores deverão apresentar semestralmente relatório técnico das pesquisas desenvolvidas na UC;

Divulgar junto a instituições - Manter atualizado o banco de dados sobre de pesquisa e de ensino as pesquisas pesquisa, que deverá conter o nome do pesquisador, da prioritárias para a UC, buscando instituição e do projeto, assim como o respectivo projeto e parcerias para implementação destas licenças pertinentes, relatórios derivados, resultados e pesquisas datas de início e término previstos e efetivos; - É de responsabilidade do Gestor da UC a manutenção do banco de dadosatualizado sobre as pesquisas desenvolvidas; - Todo e qualquer material de pesquisa coletado deverá ser depositado em coleção biológica científica, preferencialmente da região e a administração do Parque deverá ser informada do local e o número do registro - Não será autorizada a coleta de espécimes das espécies de fauna ameaçadas de extinção, sendo permitido para essas espécies apenas a captura deindivíduos para: marcação, fotografia, coleta de sangue ou fezes e análise de conteúdo estomacal, entre outros; - As publicações dos resultados de quaisquer pesquisas realizadas na UC deverão fazer constar o nome do PNMPV e o numero da autorização de pesquisa; - O acesso do pesquisador às áreas da UC deve ser

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Revisão do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal de Porto Velho

comunicado previamente à administração do Parque; - As pesquisas sobre fauna e de monitoramento da qualidade da água deverão ser realizadas em pelo menos dois períodos (verão e inverno)

Propostas de Temas para Pesquisa a) Interação flora e meio físico i. Desenvolver pesquisas, de curta e de longa duração, sobre composiçãoflorística, fitossociologia e ecologia relacionados a aspectos biofísicos como solo, luminosidade, temperatura e umidade relativa, principalmente nas áreas que se destinam à recuperação ambiental, com o objetivo de subsidiar esta ação.

b) Vegetação i. Aprimorar o levantamento florístico e fitossociológico. ii. Avaliar as populações de araucárias existentes na PNMPV. iii. Realizar pesquisa das espécies medicinais com interesse comunitário paraprodução e uso como fármacos; iv. Promover estudos de recuperação de áreas utilizando técnica de enriquecimento com plantio e/ou semeadura de espécies de interesse para a rápida recuperação do solo (pioneiras iniciais, pioneiras tardias, etc.), bem como de espécies de interesse para a conservação.

c) Fauna i. Complementar os inventários de fauna já realizados (mamíferos, aves, répteis, anfíbios e peixes), assim como inventários de grupos pouco ou ainda não investigados (invertebrados terrestres e aquáticos), inclusive de bioindicadores ambientais, avaliando ocorrência, abundância, situação de espécies ameaçadas de extinção, deslocamentos sazonais e movimentos migratórios, dieta ereprodução.

4.6.4. Programa de Monitoramento Ambiental

Este programa tem como objetivo registrar e avaliar os resultados de quaisquer fenômenos e alterações naturais ou induzidos no Parque que permitam melhorias constantes e progressivas visando ao melhor manejo e a proteção da área.

218 ARC FISTER NOVEMBRO DE 2012

Revisão do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal de Porto Velho 4.6.4.1. Atividades e Normas Específicas

Tabela 48 - Atividades e Normas específicaspara o programa de Monitoramento Ambiental

Atividades Normas

- Deverão ser avaliados o uso e a conservação das estruturas das trilhas e das áreas de recreação, observando condições de uso, seja por desgaste Elaborar e implementar um sistema de natural ou uso inadequado monitoramento do Parque. - O monitoramento deverá ser realizado por meio do preenchimento de um formulário específico, sendo realizado em cada estação do ano

- Deverão ser avaliados a ocorrência de danos à vegetação, a presença de lixo, Selecionar indicadores a serem utilizados. Os mesmos problemas de erosão deverão ser de fácil coleta e de baixo custo; - O monitoramento deverá ser realizado no mínimo em duas estações do ano

Avaliar periodicamente a eficiência dos indicadores e suas formas de medição quanto ao alcance dos objetivos a que se destinam;

- Realizar monitoramento da qualidade da Coletar periodicamente as informações de acordo com água, com base nos parâmetros já os indicadores estabelecidos; adotados no diagnóstico deste Plano de Manejo

Registrar as informações obtidas em todas as atividades de campo, rotineiras ou esporádicas, em uma Ficha de Monitoramento, visando identificar todo - Acompanhar o processo de regeneração tipo de ocorrência (visualização de fauna e seus na Zona de Recuperação indícios, ações inadequadas como coleta de material biológico);

Sistematizar as informações obtidas em banco de dados, visando acompanhar os fenômenos ou as alterações naturais ou induzidas à longo prazo;

Com base na avaliação dos resultados das ações de monitoramento, tomar as medidas cabíveis para solução dos problemas.

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Revisão do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal de Porto Velho

- Deverá ser promovida a avaliação da capacidade de suporte (número de visitantes por grupos e por dia) com base Elaborar e executar projeto de monitoramento do uso nos itens acima; e encaminhar as público. providências de controle necessárias. - Deverá ser avaliado o nível de satisfação do visitante, suas expectativas e sugestões

4.6.5. Programa de Uso Público

O objetivo deste programa é criar condições para a realização de atividades de recreação, lazer e interpretação ambiental no interior da UC em Zonas de Uso Intensivo e Extensivo. Os objetivos específicos são:  Implementar infraestrutura para atividades de interpretação ambiental e de lazer contribuindo para proporcionar o enriquecimento das experiências de caráter ambiental dos diferentes públicos visitantes;  Implantar um sistema de informação sobre a UC, bem como sobre normas deconduta no interior do Parque;  Ordenar e orientar o uso do Parque para os visitantes, promovendo seucontato com o meio ambiente por meio de atividades de recreação, lazer e interpretação ambiental.

4.6.5.1. Atividades e Normas Específicas

Tabela 49 - Atividades e Normas específicas para o programa de Uso Público

Atividades Normas

- Quando definidas as novas construções e atividades, deverão ser alvo de estudo de capacidade de carga. Elaborar e implantar o projeto específico de Uso Público do Parque; - O projeto deverá prever atividades para portadores de necessidades especiais

Elaborar diagnóstico com a percepção das

comunidades da zona de Amortecimento;

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Revisão do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal de Porto Velho

Mapeamento e demarcação detalhado das trilhas;

Elaborar e possibilitar a implementação através de projetos específicos para a atividade e/ou a construção de infraestrutura necessária para utilização pelos visitantes. Sendo elas, na Zona de Uso Extensivo e Intensivo:Escaladas; Rapel; - Deverá ser realizado estudo de viabilidade Arvorismo; Tirolesa; treeclimbing; Falsa baiana; de terceirização das atividades eestruturas Slackline; Pêndulo; Giro máster;Pula pula; Cama de serviços de recreação e lazer, bem como elástica; Casa na árvore; Pista de caminhada em da possibilidade de cobrança de ingresso passarela de madeira (para incluir o PNES na visita para a realização de práticas diversas como a floresta, porém recomenda-se a restrição pelo de arvorismo, tirolesa e outros na UC tamanho da trilha e pelo tamanho de grupos);Play ground sustentável; Bird watching (com guias e grupos reduzidos);Torre de observação – mirante; aquário de observação no centro de educação ambiental.

Além dos já citados, e possíveis, Borboletário, espaços específicos para os homens da floresta

(ribeirinhos, seringueiros, indígenas), orquidário, serpentário.

Manter no Centro de Visitantes e de EA, exposição permanente sobre o Parque abordando a fauna, a - No centro de visitantes deverá ser flora, fatos históricos da região, mapas da Unidade, disponibilizado o material de divulgação do atividades desenvolvidas na UC, que permitam a PNMPV interpretação ambiental da UC e entendimento da sua importância no contexto ambiental e científico;

Este guia deverá estar disponível nas guaritas de acesso a UC e em placas informativas Elaborar guia de procedimentos com as sobre normas e regras (planejadas para normatizações e regulamentaçõesdas atividades de serem atrativas e compreendidas por visitação do Parque públicos diversos)

Elaborar projeto interpretativo para melhoria das trilhas, contendo equipamentos e infraestruturas - O projeto interpretativo das trilhas deverá necessárias, tais como: tipo de revestimento do contemplar os principais atributos da UC solo, placas (reguladoras – divulgação de normas e perceptíveis a partir do seu trajeto regras; informativas – informam distância, nomes e infraestrutura; indicativas – indicam as direções e também as distâncias; interpretativa – explicam as - O traçado da Trilha, pelo menos em parte, características naturais ou culturais e seus deverá permitir o uso de portadores de significados), estruturas que facilitem o acesso e a necessidade especiais. locomoção, instalação de bancos para descanso,

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Revisão do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal de Porto Velho

guarda de material (baú) para suporte das atividades de interpretação e de educação ambiental, etc.

Elaborar e executar projeto de melhoria do espaço

de lazer implantado na área de uso intensivo.

A pesquisa deverá ser realizada por meio de questionários. Estes deverão ser armazenados em um banco de dados da Realizar pesquisas periódicas sobre o perfil do Unidade, para posterior processamento e visitante e sua satisfação e percepção ambiental, ao análise, servindo de parâmetro de final das atividades. monitoramento das atividades. Os resultados da pesquisa irão orientar os ajustes no Programa de Uso Público.

Realizar manutenção e melhorias periódicas das trilhas, área de lazer e Centro de Visitantes e de Educação Ambiental.

É de responsabilidade dos auxiliares de Manter a limpeza e organização das estruturas de serviços gerais realizarem a limpeza e a recebimento de visitantes manutenção das estruturas.

4.6.5.2. Normas Gerais do Programa a) As atividades estarão abertas ao público, inicialmente, de terça-feira a domingo, podendo este período ser modificado, de acordo com avaliação da administração da UC; b) Para segurança dos visitantes, os mesmos devem estar com vestimentas adequadas aos objetivos/atividades previstos para a visita; c) As trilhas poderão ser guiadas, sendo os serviços de guias realizados pelos servidores do PNMPV ou por pessoal previamente capacitado e autorizado; d) O tamanho do grupo para cada trilha deverá ser de no máximo 20 pessoas. Este número de pessoas por grupo poderá ser ajustado após o monitoramento de cada uma das trilhas; e) Deve ser mantido intervalo de tempo entre a saída de grupos evitando a fusão destes ao longo do trajeto das trilhas; f) Os visitantes deverão receber instruções para o armazenamento do lixogerado, que deverá ser depositado nas lixeiras de coleta seletiva, existentes no Centro de Visitantes e de EA e em diversos pontos na área de uso público. 222 ARC FISTER NOVEMBRO DE 2012

Revisão do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal de Porto Velho

4.6.6. Programa de Educação e Comunicação Ambiental

O programa tem como objetivo sensibilizar a sociedade para a importância das UC, promovendo o conhecimento sobre o Parque, sua importância e suas necessidades de gestão e incentivar ações para melhoria da relação Parque – Comunidade, oportunizando o resgate da cidadania e da identidade histórico-cultural, bem como, da sensibilização em relação ao valor do Parque para a melhoria da qualidade de vida da população local. Como objetivos específicos destacamos:  Elaborar materiais didáticos sobre o Parque para uso no sistema formal de ensino e para EA não formal.  Desenvolver uma compreensão integrada do PNMPV em suas múltiplas e complexas relações, envolvendo aspectos ecológicos e culturais;  Garantir a democratização de informações sobre o PNMPV;  Incentivar à participação individual e coletiva, permanente e responsável, para a conservação da biodiversidade;  Estimular o envolvimento de diferentes segmentos sociais na gestão da Unidade, contribuindo para a internalização de valores de corresponsabilidade na gestão e proteção do PNMPV.

4.6.6.1. Atividades e Normas Específicas

Tabela 50 - Atividades e Normas especificas para o programa de Comunicação e Educação Ambiental

Atividades Normas

Criar e implantar o Conselho Consultivo A criação e implantação do Conselho Consultivo deve da Unidade, definindo a composição, seguir as orientações do SNUC (BRASIL, 2000, 2002), atribuições e regimento interno. conforme propusemos acima.

Elaborar materiais educativos, tais folhetos e cartazes, vídeo documentário para subsidiar as ações de Educação e Deverá ser produzido materiais educativos destinados Comunicação Ambiental e uma página aos diferentes públicos (estudantes, visitantes da UC, para rede mundial de computadores professores, universitários e comunidade em geral). para divulgação das informações do Parque.

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Revisão do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal de Porto Velho

Divulgar junto aos meios de comunicação de massa (jornais, Deverá ser estabelecida uma rotina de divulgação de emissoras de rádio e televisão), informações sobre o Parque. Recomenda-se o informações sobre o Parque, atividades estabelecimento de parcerias com os meios de desenvolvidas e outras informações comunicação relevantes.

- O projeto deverá propor atividade de recepção dos visitantes (apresentação da UC, principais características, aspectos bióticos e abióticos, importância ecológica e histórico-cultural), atividades de EA com os visitantes incluindo a realização de trilhas interpretativas; - O projeto deverá prever a instalação de placas para: Elaborar e implementar um projeto de divulgar normas e regras da UC (placas reguladoras); interpretação ambiental para ser informar as distâncias e os nomes dos lugares e desenvolvido na UC. infraestrutura (placas informativas); indicar as direções e distâncias (placas indicativas); e explicar as características naturais e culturais e seus significados (placas interpretativas). Pequenas placas informando nomes de espécies de animais e de plantas deverão ser previstas incluindo nas mesmas características associadas às espécies com intuito de aumentar o interesse público sobre asmesmas

As exposições serão exibidas no Centro de Visitantes e Elaborar e implementar exposições de Educação Ambiental; poderão também estar sobre a importância do Parque. acontecendo em espaços públicos

Recuperar registros históricos da As exposições serão exibidas no Centro de Visitantes e colonização na região e sua relação com de EducaçãoAmbiental; poderão também estar abiodiversidade local e organizar acontecendo em espaços públicos. exposições sobre o tema.

4.6.6.2. Normas Gerais do Programa A EA deverá seguir os princípios estabelecidos na Estratégia Nacional deComunicação e Educação Ambiental no âmbito do SNUC (BRASIL, 2010).

4.6.7. Programa de Proteção Este programa tem por objetivo garantir a segurança do visitante, dos servidores e prestadores de serviço, bem como, dos bens patrimoniais existentes no interior do Parque.

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Revisão do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal de Porto Velho Tabela 51 - Atividades e Normas especificas para o programa de Proteção

Atividades Normas

- O monitoramento deverá ser executado de forma a orientar o visitante, paraque este adote uma Monitorar as atividades e locais de uso postura conservacionista, bem como para evitar público, priorizando áreas com maiorfluxo de acidentes; visitantes e com maior vulnerabilidade ambiental - Nas trilhas o monitoramento deverá ser realizados pelos funcionários doParque com apoio dos condutores (guias);

Instalar placas indicativas e informativas nos As placas deverão ser padronizadas de fácil acessos ao Parque, e proibitivas quanto à visualização e entendimento caça e coleta de plantas, dentre outras.

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Revisão do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal de Porto Velho

4.7. ENQUADRAMENTO DAS AÇÕES POR PROGRAMA TEMÁTICO.

Tabela 52 - Resumo das ações por programa

EDUCAÇÃO E PRINCIPAIS AÇÕES GERENCIAIS / PROTEÇÃO E PESQUISA E USO ADMINISTRAÇÃO COMUNICAÇÃO PROTEÇÃO PROGRAMA MANEJO MONITORAMENTO PÚBLICO AMBIENTAL

Composição de equipe para atuação no X x x x x X PNMPV

Centro de Visitantes e Educação X X x Elaboração de Ambiental Projeto e Instalação de infraestrutura da Sede Administrativa X X UC Guaritas nos X X acessos

Elaboração e implementação projeto de melhorias na infraestrutura da área de X X lazer da UC

Elaboração e implementação de projeto de

uso público do PNMPV

Elaboração de projeto interpretativo para a melhoria das trilhas, contendo X X x equipamentos

Elaboração e implementação de sistema de X

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Revisão do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal de Porto Velho

monitoramento ambiental do parque

Elaboração e implementação de projeto de X monitoramento do Uso Público

Elaboração do regimento interno da UC e Guia de procedimentos com X normatizações e regulamentação de atividades de visitação

Criação e implantação do Conselho X X Consultivo da UC

Contratação de serviços terceirizados de X X X x limpeza e vigilância do PNMPV

Promoção de treinamento para o pessoal X x X x x da UC

Estabelecimento de parcerias com X instituições de ensino e Pesquisa

Instalação de placas indicativas e x x x informativas

Manutenção periódica das trilhas, x x X equipamentos e demais infraestrutura

Monitoramento da qualidade da água X

Acompanhamento do processo de X regeneração da Zona de Recuperação

Realização de pesquisa periódica sobre x X

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Revisão do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal de Porto Velho perfil do visitante e satisfação e percepção ambiental na UC

Elaboração de materiais educativos para X EA

Divulgação da UC nos meios de X comunicação

Desenvolvimento de atividades educativas sobre o PNMPV em entidades do X município

Organização de exposições sobre o parque, X recuperando registros históricos

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Revisão do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal de Porto Velho

4.8. CRONOGRAMA FÍSICO Ano I e Ano Ano Ano Ano PRINCIPAIS AÇÕES GERENCIAIS / PROGRAMA II III IV V VI

Composição de equipe para atuação no PNMPV x x

Centro de Visitantes e Educação Ambiental X

Elaboração de Projeto e Instalação de infraestrutura da UC Sede Administrativa X

Elaboração e implementação projeto de melhorias na infraestrutura da área de lazer da UC x X

Elaboração e implementação de projeto de uso público do PNMPV x X

Elaboração de projeto interpretativo para a melhoria das trilhas, contendo equipamentos x

Elaboração e implementação de sistema de monitoramento ambiental do parque x X

Elaboração e implementação de projeto de monitoramento do Uso Público X X

Elaboração do regimento interno da UC e Guia de procedimentos com normatizações e regulamentação de x X atividades de visitação

Criação e implantação do Conselho Consultivo da UC x x

Contratação de serviços terceirizados de limpeza e vigilância do PNMPV X x x x x

Promoção de treinamento para o pessoal da UC x X X x x

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Revisão do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal de Porto Velho

Estabelecimento de parcerias com instituições de ensino e Pesquisa x x x x X

Instalação de placas indicativas e informativas x x x x X

Manutenção periódica das trilhas, equipamentos e demais infraestrutura x X X x x

Realização de pesquisa periódica sobre perfil do visitante e satisfação e percepção ambiental na UC x x x X x

Elaboração de materiais educativos para EA x x x X X

Divulgação da UC nos meios de comunicação X x x X x

Desenvolvimento de atividades educativas sobre o PNMPV em entidades do município x x x X X

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Revisão do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal de Porto Velho

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