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Volume 47(9):127-135, 2007 NOTAS E NOVAS ESPÉCIES DE ONCIDERINI (COLEOPTERA,CERAMBYCIDAE,LAMIINAE) UBIRAJARA R. MARTINS1,3 MARIA HELENA M. GALILEO2,3 ABSTRACT Notes and new species of Onciderini (Coleoptera, Cerambycidae, Lamiinae). New species described from Brazil: Hypsioma carioca sp. nov. (Rio de Janeiro) and Hesychotypa maraba sp. nov. (Pará); from Ecuador: Sternycha ecuatoriana sp. nov. (Pichincha); from Bolivia (Santa Cruz): Hesychotypa magnifica sp. nov., Tibiosioma maculosa sp. nov. and Alexera secunda sp. nov. Hesycha strandi (Breuning, 1943) is transferred to the genus Cacostola Fairmaire & Germain, 1859. Hesychotypa archippa Dillon & Dillon, 1946 is considered a synonym of H. miniata Thomson, 1868. New record (Trinidad) and figure for Trachysomus surdus Dillon & Dillon, 1946 are given. KEYWORDS. Cerambycidae, Lamiinae, Neotropical, Onciderini, Taxonomy. INTRODUÇÃO MZSP. Enquanto que as de Oncideres Lepeletier & Audinet-Serville, 1830 e gêneros relacionados, fa- A tribo Onciderini foi motivo de minuciosa zem posturas em madeira recém-abatida; as fêmeas revisão por Dillon & Dillon (1945, 1946). Posterior- previamente roletam os ramos, com as mandíbulas, mente, vários autores publicaram descrições isoladas antes de efetuar as posturas, no galho já derruba- sobre o grupo, por exemplo, Gilmour (1950), Franz do. Se tal comportamento for realizado em árvores (1954), Breuning (1961), Fragoso (1970), Marinoni & utilizadas para exploração econômica, frutífera ou Martins (1982), Giesbert (1984), Martins & Galileo ornamental esses insetos assumem grande impor- (1990, 1998), Noguera (1993), Giorgi (2001), Galileo tância econômica. & Martins (2003). Amante et al. (1976), por exemplo, discutiram os A postura dos adultos é bem distinta e exis- danos de O. impluviata (Germar, 1824) na cultura da tem dois padrões conforme os gêneros. Espécies acácia-negra no Rio Grande do Sul. de Hypsioma Audinet-Serville, 1834, e gêneros afins, Atualmente, Onciderini conta com 80 gêneros põem seus ovos em madeira em decomposição e cerca de 420 espécies (Monné, 2005) com distri- conforme constatamos em material na coleção do buição predominante na América do Sul com poucas 1. Museu de Zoologia, Universidade de São Paulo, Caixa Postal 42.494, 04218-970, São Paulo, SP, Brasil. E-mail: [email protected] 2. Museu de Ciências Naturais, Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul. Caixa Postal 1.188, 90001-970, Porto Alegre, RS, Brasil. E-mail: [email protected] 3. Pesquisador do CNPq. 128 MARTINS, U.R. & GALILEO, M.H.M.: NOTAS E NOVAS ESPÉCIES DE ONCIDERINI penetrações na América do Norte, principalmente do Hypsioma carioca sp. nov. (Fig. 1) distingue-se de gênero Oncideres. H. dejeanii (Fig. 2) pela pubescência da cabeça, es- As siglas utilizadas no texto correspondem a: capo e pronoto, branca e entremeada por numero- ACMS, American Coleoptera Museum, San Anto- sas manchas pequenas de pubescência acastanhada. nio (Coleção J. Wappes); MCNZ, Museu de Ciências Além disso, a crista centro-basal dos élitros é mais Naturais, Fundação Zoobotânica do Rio Grande do curta em H. carioca e com menos grânulos do que em Sul, Porto Alegre; MCZC, Museum of Comparati- H. dejeanii. ve Zoology, Cambridge; MNHN, Muséum National d’Histoire Naturelle, Paris; MNKM, Museo de His- toria Natural Noel Kempff Mercado, Santa Cruz; Hesychotypa magnifica sp. nov. MZSP, Museu de Zoologia, Universidade de São Pau- (Fig. 7) lo, São Paulo; USNM, National Museum of Natural History, Washington. Etimologia. Latim, magnificus = magnífico; devido ao esplendor do seu habitus. Hypsioma carioca sp. nov. Cabeça com tegumento castanho-escuro re- (Fig. 1) vestido por pubescência amarelada; duas manchas pequenas, glabras, entre os tubérculos anteníferos e Tegumento castanho-escuro. Cabeça com pu- duas manchas de pubescência preta no vértice; lado bescência uniforme, amarelo-acastanhada. Lobos externo dos tubérculos anteníferos com pubescência oculares inferiores mais curtos que as genas. Antenô- preta. Pubescência amarelada reveste: escapo, pedi- meros III-VII revestidos por pubescência castanha celo, dois terços basais do antenômero III, protórax, com as bases cobertas por pubescência branca; (ante- escutelo e profêmures. Lobos oculares inferiores tão nômeros VIII-XI faltam). longos quanto as genas. Tubérculos anteníferos (fê- Protórax revestido por pubescência uniforme, mea) muito projetados. Antenas apenas ultrapassam castanho-amarelada. Pronoto com cinco tubérculos os ápices dos élitros. Escapo com dois anéis estrei- rombos, os mais laterais apenas projetados. tos de pubescência castanha: um no meio e outro Élitros com pubescência castanho-amarelada, anteapical. Antenômero III com terço apical com indistintamente mais clara em algumas áreas irregu- pubescência acastanhada intercalada por máculas de lares; crista centro-basal com apenas três ou quatro pubescência branca. Antenômeros IV e seguintes grânulos; região entre as cristas centro-basais com com pubescência acastanhada entremeada por man- apenas alguns grânulos pequenos e esparsos (32 x); chas pequenas de pubescência branca; bases com anel úmeros muito projetados e arredondados. branco. Pernas e face ventral revestidas por pubescência Protórax mais largo na base do que anterior- castanho-amarelada. Centro dos urosternitos glabro mente com pequeno tubérculo lateral; tegumento cas- e brilhante. tanho-escuro. Partes laterais do protórax com faixa de pubescência branca nos três quartos posteriores. Dimensões em mm, holótipo fêmea. Comprimento total, Pronoto com cinco tubérculos: quatro látero-anterio- 17,9; comprimento do protórax, 2,8; maior largura res (os dois mais externos, situados um pouco atrás do protórax (base), 4,8; comprimento do élitro, 13,6; dos centro-laterais) e um, discreto, centro-basal; de largura umeral, 8,4. cada lado, faixa estreita de pubescência castanho-es- cura que vai do friso basal até pouco adiante do meio; Material-tipo. Holótipo fêmea, BRASIL, Rio de Janei- alguns pontos contrastantes esparsos entre as faixas. ro: Rio de Janeiro (Floresta da Tijuca), 25.II.1986, M. Élitros, da base ao meio, com área triangular Hrabosvsky col. (MZSP). de pubescência laranja-acastanhada, delimitada pos- teriormente por faixa estreita, oblíqua, de pubescên- Discussão. Segundo Tavakilian (comunicação pessoal), cia castanho-escura. Lado de cada élitro com grande o holótipo de Hypsioma dejeanii Thomson, 1868, de- mancha de pubescência branca que se estende do positado no MNHN (Coleção Thomson) está sem a úmero até próximo da sutura, bordeja a faixa cas- cabeça e o protórax. O Pe. J.S. Moure fotografou o tanho-escura e segue obliquamente para o lado da holótipo em 1969 quando estava perfeitamente con- margem até o quarto apical. O lado externo dessa servado. Essa fotografia foi examinada para estabele- faixa, coberto por pubescência amarelada. Ter- cer-se comparações com H. carioca sp. nov. ço apical com pubescência amarelada entremeada PAPÉIS AVULSOS DE ZOOLOGIA, 47(9), 2007 129 FIGURAS 1-4: 1, Hypsioma carioca sp. nov., holótipo fêmea, comprimento, 17,9 mm; 2, H. dejeanii Thomson, 1868, comprimento, 17,5 mm; 3, Hesychotypa maraba sp. nov., holótipo fêmea, comprimento, 18,8 mm; 4, Alexera secunda sp. nov., holótipo macho, comprimento, 12,1 mm. 130 MARTINS, U.R. & GALILEO, M.H.M.: NOTAS E NOVAS ESPÉCIES DE ONCIDERINI por faixas estreitas, longitudinais, de pubescência 17°40,3’S, 63°27,4’W), 22.XI-12.XII.2005, B.K. branca. Pontuação elitral densa no triângulo basal Dozier col. (MNKM). laranja-acastanhado. Protíbias com a metade basal amarelada e um Discussão. Hesychotypa magnifica sp. nov. caracteriza-se anel acastanhado no quarto basal; a metade apical cas- pelas duas faixas longitudinais, estreitas no pronoto; tanho-amarelada. Mesofêmures amarelados com anel pelos tubérculos no pronoto bem projetados e pelo central acastanhado. Metafêmures amarelados com padrão de colorido dos élitros. largo anel de pubescência castanha entremeada por pequenos tufos de pubescência branca. Face ventral com pubescência amarelo-alaran- Hesychotypa maraba sp. nov. jada; centro do metasterno com pubescência amare- (Fig. 3) lada. Centro dos urosternitos I-IV, castanho-escuro, entremeado por pubescência amarelo-alaranjada. Etimologia. Marabá = nome de uma tribo de guerrei- ros, mará-aba = homens de guerra (Tibiriçá, 1997). Dimensões em mm, holótipo fêmea. Comprimento total, 17,2; comprimento do protórax, 3,2; maior largura Tegumento da cabeça castanho, revestido por do protórax, 4,8; comprimento do élitro, 12,9; largura pubescência predominante amarelada. Fronte tão lar- umeral, 7,6. ga quanto longa. Escapo revestido por pubescência amarelada. Flagelômeros sem anel basal; com pubes- Material-tipo. Holótipo fêmea, BOLÍVIA, Santa Cruz: cência acastanhada e, no antenômero III, pequenas Potrerillos del Guenda (40 km NW de Santa Cruz, manchas indistintas de pubescência amarelada. FIGURAS 5-6: 5, Sternycha ecuatoriana sp. nov., holótipo macho, comprimento, 10,8 mm; 6, Tibiosioma maculosa sp. nov., holótipo macho, comprimento, 13,2 mm. PAPÉIS AVULSOS DE ZOOLOGIA, 47(9), 2007 131 Protórax revestido por pubescência amarelo- meas, XI.1962, Dirings; (700 m), fêmea, I.1915, J.F. alaranjada, mais esbranquiçada em algumas áreas, sem Zikán col.; macho, fêmea, I.1915, J.F. Zikán col.; faixas longitudinais escuras. Tubérculos do pronoto (Estação Biológica), fêmea, X.1932, W. Zikán col.; muito discretos. Tubérculo lateral do protórax bem fêmea, XI.1932, W. Zikán col.; São Paulo, fêmea, J.C. pronunciado. Mesepisterno, metepisternos e metepi- Dixon col. Santa Catarina: Anita