Black Is Beautiful: O Ensino De História a Partir Da Cultura Soul Como Expressão De Resistência Durante a Ditadura Militar No Brasil (1970-1980)

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Black Is Beautiful: O Ensino De História a Partir Da Cultura Soul Como Expressão De Resistência Durante a Ditadura Militar No Brasil (1970-1980) BLACK IS BEAUTIFUL: O ENSINO DE HISTÓRIA A PARTIR DA CULTURA SOUL COMO EXPRESSÃO DE RESISTÊNCIA DURANTE A DITADURA MILITAR NO BRASIL (1970-1980) Regina Célia Daefiol Mestranda do Programa de Pós-Graduação em História Universidade Estadual de Maringá [email protected] Resumo: O objetivo deste artigo é propor o uso da música, de imagens publicadas na mídia e de documentos do aparato repressor sobre a cultura soul e o movimento Black Rio (1970-1980) como fontes para o estudo, nas aulas de História para o 9º ano do Ensino Fundamental, de ações de resistência no período da ditadura militar instaurada no Brasil a partir de 1964. Adotando como sua uma cultura estrangeira, vinda dos Estados Unidos, a comunidade negra da periferia carioca constituiu um espaço de resistência à ideia de “harmonia racial”, instrumento ideológico usado pelo regime autoritário para garantir a ordem social vigente. Ao longo do artigo serão analisadas como fontes a serem trabalhadas em sala de aula a música Mandamentos Black, do cantor e compositor soul brasileiro Gerson King Combo; fotografias publicadas pela imprensa na época, retratando bailes soul e pessoas identificadas com o estilo black; e documentos produzidos pelos órgãos de repressão sobre o movimento black. O recorte temporal situa-se entre a década de 1970 e início da década de 1980, por ter sido o período em que o movimento Black Rio decolou e se espalhou por outras capitais brasileiras. A análise tem como base teórica o conceito de infrapolítica de James Scott (2013), que aborda as estratégias de resistência possíveis dos grupos socialmente subordinados. Introdução Os estudos historiográficos sobre a resistência durante a ditadura militar no Brasil multiplicaram-se nos últimos anos tanto pela diversidade de agentes que lutaram na oposição ao regime autoritário, como pela profusão de fontes sobre o período. Especialmente aquelas produzidas pela imprensa, característica comum a temas circunscritos na história do tempo presente. Esta multiplicidade de agentes de resistência e de fontes historiográficas coloca ao historiador, ao mesmo tempo, desafios e oportunidades. Os desafios se relacionam às dificuldades para o estabelecimento de recortes e para a seleção do corpus documental com o qual se pretende trabalhar. As oportunidades residem na facilidade de acesso aos documentos – uma vez que boa parte dos arquivos se encontra preservada e disponível, inclusive digitalmente – e nas múltiplas opções de escolha, pelo historiador, do conjunto de fontes que melhor se adequa à pesquisa que pretende desenvolver. No campo do ensino de História, essa diversidade constitui-se em grande oportunidade para o professor. A disponibilidade de fontes diversificadas sobre a resistência durante a ditadura militar permite ao professor fugir das abordagens historiográficas tradicionais e trabalhar o tema a partir do ponto de vista de sujeitos sociais muitas vezes desconsiderados. Isso contribui, como coloca Albuquerque Júnior, para o exercício da crítica à narrativa do passado construída por meio da monumentalização, das noções consagradas, na medida em que possibilita um múltiplo olhar dos atores envolvidos no processo ensino/aprendizagem para ir além do que ficou cristalizado na memória coletiva (ALBUQUERQUE JR., 2012). Partindo desta perspectiva, o presente artigo tem o objetivo de propor o uso, nas aulas de História para o 9º Ano do Ensino Fundamental, de música, imagens divulgadas pela imprensa e de documentos do aparato repressor relacionados à cultura soul e ao movimento Black Rio (1970-1980) como fontes para abordar a resistência dos negros diante da ideia de “harmonia racial” que predominava no Brasil e que era utilizada pela ditadura militar para garantir a ordem vigente e vender no exterior a imagem de um país onde reinava a “democracia racial”. Por meio dessas fontes é possível pensar a resistência na ditadura a partir da ótica e das subjetividades inerentes a sujeitos sociais que nem sempre tiveram papel de destaque na historiografia do período. Ao mesmo tempo em que se vê diante de uma nova possibilidade de abordagem, o professor tem pela frente o desafio de tocar, sob uma perspectiva inusual, num tema que atualmente é alvo de discursos revisionistas e negacionistas que disputam a hegemonia das memórias e narrativas sobre o período. A cultura soul chegou ao Brasil na década de 1970, trazendo consigo os ecos da efervescência política e cultural que redundou na luta pelos direitos civis dos negros nos Estados Unidos. Era um momento em que a juventude negra brasileira, especialmente a periférica, tinha poucas oportunidades de ascensão social, a despeito do senso comum, constantemente reafirmado, de que no Brasil não existia preconceito racial. Neste contexto, os bailes soul realizados nos clubes da periferia do Rio de Janeiro a partir de 1972 e que deram origem ao movimento Black Rio tornaram-se território de florescimento de uma identidade negra ancorada na cultura black/soul e de uma consciência das diferenças sociais que separavam negros e brancos no Brasil. Esse espaço de identidade e consciência incomodou os militares a ponto de movimentarem o aparato repressivo do regime, que, por meio de seus agentes, acompanhava de perto os bailes. Um olhar sobre a cultura soul abre ao professor possibilidades de trabalhar com os alunos o período da ditadura sob a perspectiva de uma ação de resistência silenciosa, mas efetiva, a ideias vigentes durante o regime autoritário. A soul music no Brasil Em meados da década de 1950 e nos anos 1960, os movimentos de luta pelos direitos civis dos negros ganharam corpo nos EUA e a música ocupou um papel central neste cenário como expressão de resistência e de luta por mudanças nas leis. Esse fenômeno teve ressonância em outras partes do mundo. A soul music esteve no centro desta efervescência política, “dando voz às movimentações culturais e políticas do período, incentivando a conscientização política e racial da população negra norte- americana e chegando também a outros contextos sociais em diferentes países.” (OLIVEIRA, 2018, p. 243). Os ecos da efervescência cultural e política em torno da afirmação de uma identidade afro-americana e de luta pelos direitos civis dos negros chegaram ao Brasil em meados da década de 1970, em pleno período da ditadura militar e da repressão política. Era também um momento de poucas chances de ascensão social para os jovens pobres, em especial os negros; e de uma idealização reafirmada pelo regime autoritário de que no Brasil não existia preconceito e sim uma “harmonia racial”. (OLIVEIRA, 2016). Foi neste contexto que cultura soul começou a ganhar espaço, inicialmente na cidade do Rio de Janeiro. Em 1972 tiveram início, no Renascença Clube, os bailes de soul music que deram origem ao movimento Black Rio, articulado mais tarde por diversas personalidades artísticas. Esses eventos eram frequentados por milhares de jovens negros. Eram anos de grande mobilização suburbana em torno da estética negra, com o surgimento de diversos nomes do movimento black nacional, como Toni Tornado, Gerson King Combo, Tim Maia, Tony Frankie, grupo Senzala (embrião da banda Black Rio), Cassiano, Hildon e equipes de som como a Paulista, Chic Show e a carioca Soul Grand Prix.” ( (NACKED, 2012, p. 4) Em muitos desses eventos, Asfilófio de Oliveira Filho, conhecido como Filó Filho, precursor dos bailes soul, encarnava o papel de MC (Mestre de Cerimônias) e dialogava com o público, divulgando entre os jovens presentes mensagens sobre a importância do crescimento intelectual. [...] no decorrer da festa eram projetadas nas paredes frases do tipo: “Eu estudo, e você?”, indicando que, além do visual black power, o estudo também fazia parte do ideal de orgulho negro que a festa promovia e propugnava. Assim, outras características positivas são associadas aos líderes, como a valorização do estudo e, através deste, de uma perspectiva de ascensão social que se encontra fortemente associada ao chamado orgulho negro (ALVES e PELEGRINI, 2014, p. 5) Nos bailes soul, a música, a dança, as roupas, o estilo dos cabelos formaram um caldo de cultura para o surgimento de uma identidade negra que forjava uma consciência das diferenças sociais que separavam negros e brancos. Para os jovens negros periféricos, os bailes representavam a possibilidade de existir num espaço novo, onde podiam exercer de forma livre sua identidade, com a valorização de sua beleza para além dos estereótipos da sociedade branca, de seus gostos musicais e estéticos, de suas performances na dança. Um local em que o orgulho de ser negro podia ser exercido em sua plenitude. Eram também um novo espaço de sociabilização e de politização, uma vez que, por meio dos bailes, muitos jovens tiveram os primeiros contatos com organizações ativistas e passaram a militar pela causa negra. A cena Black Rio, dessa forma, se definiu como um território político do qual emergiu uma identidade negra corporificada que rejeitava a “tropicalidade”, a mestiçagem e a pretensa democracia racial. Os blacks, apesar de ambiguidades e tensões, não aceitavam uma negritude mediada pela brasilidade, se apropriando em momentos estratégicos e convenientes de um radicalismo pautado na experiência afro-americana. (OLIVEIRA, 2018, p. 273) O surgimento de uma consciência da diferença, que levava a pensar na desigualdade social, e de uma identidade própria confrontava os ideais defendidos pelas elites conservadoras e pelo regime autoritário, cujo discurso oficial glorificava o convívio harmonioso e igualitário entre as raças no Brasil. A resistência pelo “não dito” A ideia de que o Brasil é o país da convivência pacífica entre as raças serviu, em diversos momentos da história, como mecanismo ideológico de controle e garantia da ordem vigente. Mais ainda durante a ditadura militar. Naquele contexto, ações ou movimentos que de alguma forma contestassem esse ideal em vistos, sob a perspectiva da Doutrina de Segurança Nacional que regia as ações da repressão, como ameaças a serem combatidas. Com esse o olhar a repressão passou a vigiar de perto os bailes soul nos subúrbios cariocas.
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