Agenor Cavalcanti De Vasconcelos Neto a Música Kuximawara
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS INSTITUTO DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ANTROPOLOGIA SOCIAL Agenor Cavalcanti de Vasconcelos Neto A música kuximawara: uma etnografia da música popular entre indígenas de São Gabriel da Cachoeira (AM) Manaus, AM 2020 Agenor Cavalcanti de Vasconcelos Neto A música kuximawara: uma etnografia da música popular entre indígenas de São Gabriel da Cachoeira (AM) Tese apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal do Amazonas como requisito para obtenção de título de Doutor em Antropologia Social. Orientadora: Profa. Dra. Deise Lucy Oliveira Montardo Banca examinadora: Profa. Dra. María Eugenia Domínguez (UFSC) Prof. Dr. Julio Mendível (UniWie) Prof. Dr. Gilton Mendes dos Santos (UFAM) Prof. Dra. Ana Carla dos Santos Bruno (UFAM) Manaus, AM 2020 Ficha Catalográfica Ficha catalográfica elaborada automaticamente de acordo com os dados fornecidos pelo(a) autor(a). Vasconcelos Neto, Agenor Cavalcanti de V331m A musica kuximawara : uma etnografia da musica popular entre indigenas de Sao Gabriel da Cachoeira (AM) / Agenor Cavalcanti de Vasconcelos Neto . 2020 247 f.: il. color; 31 cm. Orientadora: Deise Lucy Oliveira Montardo Tese (Doutorado em Antropologia Social) - Universidade Federal do Amazonas. 1. Etnomusicologia. 2. Kuximawara. 3. Ate ykuema. 4. Bahsana. 5. Antropologia da musica. I. Montardo, Deise Lucy Oliveira. II. Universidade Federal do Amazonas III. Título Agenor Cavalcanti de Vasconcelos Neto A MÚSICA KUXIMAWARA: uma etnografia da música popular entre indígenas de São Gabriel da Cachoeira (AM) Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal do Amazonas como requisito para obtenção de título de Doutor em Antropologia Social. Manaus, __de _____________ de _____. BANCA EXAMINADORA ____________________________________________________ Profa. Dra. Deise Lucy Oliveira Montardo – Presidenta Universidade Federal do Amazonas ______________________________________________________ Prof. Dr. Gilton Mendes dos Santos – Membro Titular Interno Universidade Federal do Amazonas ______________________________________________________ Profa. Dra. Ana Carla dos Santos Bruno – Membro Titular Interno Universidade Federal do Amazonas ____________________________________________________ Prof. Dr. Julio Mendívil – Membro Titular Externo Universität Wien ____________________________________________________ Profa. Dra. María Eugenia Dominguez – Membro Titular Externo Universidade Federal de Santa Catarina Agradecimentos Agradeço a atenção com que fui tratado por todos os interlocutores deste trabalho. Parte significativa dos dados apresentados aqui se devem ao povo de São Gabriel da Cachoeira, que ama a música kuximawara. Suas composições e performances, para mim, possuem valor inestimável. Sou imensamente grato por compartilharem tão rico conteúdo artístico. Sem esses documentos sonoros, forjados no dia a dia da convivência, esta tese seria impossível. Assim, todos os interlocutores são também protagonistas deste trabalho. Ressalto a positividade por parte da querida orientadora, Dra. Deise Lucy Montardo, que pouco a pouco me mostrou um caminho a seguir na Antropologia. Sob sua orientação, com ajuda das instituições e projetos de que participa, pude conhecer diversos países e cidades da América Latina, apresentando e participando de eventos que moldaram a maneira como abordo a música kuximawara. Este trabalho e a parceria também me proporcionaram duas experiências extraordinárias na minha vida. A primeira é de naturza antropológica, digamos assim. O trabalho de campo entre músicos indígenas mudou a forma como eu percebia a música. Desconstuir meus próprios preconceitos foi um dos exercício mais significativos que a antropologia me proporcionou. A segunda experiência arrebatadora foi o intercâmbio sanduíche (PDSE/CAPES) na Universidade de Viena, sob supervisão do Prof. Dr. Julio Mendívil. As leituras e orientações recebidas nessa ocasião, a imersão no ambiente universitário e os diálogos com queridos colegas austríacos (Nora Brammer, Bern Brabec de Mori, Stephania, Vanessa Noronha) foram decisivos na escrita do texto. Também registro a paciência com que a coordenação do PPGAS-UFAM encaminhou o processo do intercâmbio em 2018, desbravando caminhos burocráticos tortuosos e cansativos até lograr a bolsa. O apoio financeiro da CAPES foi crucial em todo esse processo. Gostaria de prestar homenagem e lembrar a inestimável contribuição dada pelo Prof. Dr. Fantomé Bezerra Pacheco no exame de qualificação. Sua partida prematura desse mundo nos deixa saudades do ser humano incrível que era. Parte deste trabalho também se deve aos diálogos e encontros dos grupos de estudos do quais faço parte: Maracá (Grupo de pesquisa sobre Arte, Cultura e Sociedade) e NEAI (Núcleo de Estudos sobre a Amazônia Indígena). No PPGAS- UFAM, de maneira geral, a possibilidade de convívio com estudantes indígenas fortaleceram os argumentos da tese, amadurecendo toda teoria antropológica no dia a dia do curso de doutorado. Cito a ajuda inestimável de Dagoberto Azevedo, Gabriel Sodré Maia, João Paulo Barreto, Clarinda Ramos, Justino Tuyuka, sem esquecer de outros colegas de curso. Também agradeço à minha família pelo suporte emocional e a paciência com que me ajudaram a enfrentar as adversidades do caminho. Especialmente minha mãe, Marize Quirino, e a minha companheira, Patrícia Vaz Borges. Aos tios, cunhados, primos e todos os outros familiares que se fizeram presente nessa caminhada. Pelo amanhecer as danças estavam terminando. Falou Jurupari: “Quando eu não estiver mais neste mundo, vós continuareis a fazer assim (deste mesmo modo). Estes instrumentos que soam lá fora são os meus ossos. Quem não quer dançar é açoitado. (Bruzzi da Silva, 1994, p. 106) Resumo O trabalho busca conhecer a música kuximawara. Praticada entre a população de São GaBriel da Cachoeira (AM), especialmente por indígenas, a música popular fornece um ambiente simBólico propício para continuidades milenares da cultura indígena do Noroeste Amazônico. Esse encontro entre a música popular, as narrativas cosmológicas, as histórias pessoais de vida e a perspectiva indígena fornece os elementos bases para o que os interlocutores do trabalho sugerem ser um gênero musical-performativo de música popular local. A proposta etnográfica busca assimilar essa ideia tentando responder perguntas como: “o que é a música kuximawara? onde ela é praticada? Quais os costumes e comportamentos que caracterizam o grupo de participantes dessa prática musical?” e outras questões contextuais. A partir do traBalho de campo, quatro meses entre músicos indígenas de São GaBriel da Cachoeira, principalmente Baré e Tukano, descrevo como se deu minha participação na cena da música kuximawara. Por meio das atividades de produtor musical, músico e compositor, condição que compartilho com os interlocutores, realizei uma série de atividades em conjunto com os músicos e o público dessa cena. Os principais resultados desse processo são: gravação do CD Caboclo do Rio Negro, de Ary até Ykuema, indígena baré; CD Bahsana a’tia, de Jack da Guitarra; participação da Festa do Divino Espírito Santo da comunidade de Iá-miri; centenas de fotos e horas de gravação de performances ao vivo, realizadas com auxílio de um gravador de áudio digital portátil de seis canais. Ao participar do processo produtivo e criativo da cena da música kuximawara, as questões iniciais são esclarecidas. As músicas e outros materiais resultantes do traBalho de campo fornecem os dados e fatos em que se Baseiam os principais pontos da etnografia. Esses dados dialogam com a literatura especializada no tema, especialmente a etnografia produzida sobre os povos indígenas do Noroeste Amazônico, a literatura sobre Antropologia da Música nas Terras Baixas da América do Sul e as produções acadêmicas dos grupos de estudo do PPGAS-UFAM: Maracá (Estudos soBre Arte, Cultura e Sociedade) e NEAI (Núcleo de Estudos da Amazônia Indígena). O convívio e, principalmente, as viagens junto com os músicos e produtores locais para participar das festas da região levam a etnografia a focar em prescrições de comportamento que fundamentam o ritual cotidiano que envolve a música kuximawara. Nesse ponto do traBalho, os interlocutores passam a Buscar explicações para práticas que envolvem a música kuximawara nas narrativas cosmológicas, que circulam pela região do Noroeste Amazônico há milhares de anos. Busco projetar, com exemplos do traBalho de campo, uma perspectiva indígena soBre a música popular (seus instrumentos e práticas). Ao fim, enumero as práticas e prescrições comportamentais compartilhadas entre os praticantes da música kuximawara, que são as mesmas práticas rituais de antigas narrativas cosmológicas. Relacionando essas continuidades, em uma ilustracão apoteótica final: imagino o personagem mitológico Jurupary dançando ao som de um teclado eletrônico até amanhecer o dia no Alto Rio Negro. Desse modo, essa tese socializa os conhecimentos e materiais resultados desse processo etnográfico. Assim como engaja uma agenda política antropológica no sentido de olhar positivamente a música popular no contexto indígena e demonstrar como há potencialidades pedagógicas para popularizar conhecimentos e práticas indígenas sobre música muito antigas. Palavras-chave: Kuximawara. Até ykuema. Bahsana. Noroeste Amazônico. Antropologia da música Abstract The work seeks to know Kuximawara music. Practiced among the population of São GaBriel da Cachoeira (AM), especially