Imagens Dos Povos No Cinema Brasileiro Contemporâneo
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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA JÚLIO CÉSAR ALVES DA LUZ POVOS IN/VISÍVEIS: IMAGENS DOS POVOS NO CINEMA BRASILEIRO CONTEMPORÂNEO Tubarão-SC 2018 UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA JÚLIO CÉSAR ALVES DA LUZ POVOS IN/VISÍVEIS: IMAGENS DOS POVOS NO CINEMA BRASILEIRO CONTEMPORÂNEO Tese apresentada ao Curso de Doutorado em Ciências da Linguagem da Universidade do Sul de Santa Catarina como requisito parcial à obtenção do título de Doutor em Ciências da Linguagem. Prof.a Dra. Ramayana Lira de Sousa (Orientadora) Prof.a Dra. Alessandra Soares Brandão (Coorientadora) Prof.a Dra. Lúcia Nagib (Coorientadora de estágio no exterior) Tubarão-SC 2018 3 Ficha catalográfica elaborada por Francielli Lourenço CRB 14/1435 4 5 AGRADECIMENTOS À minha família e aos amigos, pelo apoio de todo momento das pessoas que me são mais caras, companheiras em torcida a cada passo pelo caminho repleto de percalços no decurso desses anos de pesquisa acadêmica; À minha orientadora, Ramayana Lira de Souza, e coorientadora, Alessandra Soares Brandão, professoras queridas e comprometidas às quais devo minha trajetória pelo mestrado e doutorado, pela amizade, a atenção dedicada e o envolvimento de quem tanto apostou em mim e neste trabalho; A Lúcia Nagib, coorientadora de estágio no exterior, que tão gentilmente me acolheu em Reading e que contribuiu com preciosas sugestões e indicações para a escrita da tese; Aos membros da banca avaliadora, Ana Carolina Cernicchiaro, Antônio Carlos Gonçalves do Santos, Cezar Migliorin e Esther Hamburger, – bem como a Artur de Vargas Giorgi, que participou da fase de qualificação do texto –, pelo generoso tempo dispensado à leitura e as inestimáveis colaborações para a revisão da qual resultou esta redação final; Aos colegas, funcionárias, coordenadores, professores e professoras do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Linguagem da Unisul, pessoas que fizeram parte, de uma forma ou de outra, de toda a jornada ao longo dos sete anos – desde o mestrado – em que estive ligado ao curso; À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pelas bolsas que me foram concedidas – Programa de Suporte à Pós-Graduação de Instituições Comunitárias de Ensino Superior (PROSUC) e Programa de Doutorado Sanduíche no Exterior (PDSE) –, sem as quais esta pesquisa não teria sido viável; A todo/as, sou imensa e perpetuamente grato. 6 “É preciso que a arte, particularmente a arte cinematográfica, participe dessa tarefa: não dirigir-se a um povo suposto, já presente, mas contribuir para a invenção de um povo. No momento em que o senhor, o colonizador proclama ‘nunca houve povo aqui’, o povo que falta é um devir, ele se inventa, nas favelas e nos campos, ou nos guetos, com novas condições de luta, para as quais uma arte necessariamente política tem de contribuir” Gilles Deleuze 7 RESUMO Este estudo tem por objeto investigar as condições de visibilidade dos povos nas imagens da produção cinematográfica contemporânea no Brasil. Retomando uma discussão que irrompe com o realismo crítico no contexto de gestação do cinema moderno no país e é alçada a interesse central ao projeto estético-ideológico de uma geração intimamente envolvida nos conflitos do campo político, este trabalho a recoloca no presente a fim de pensar as formas de visibilidade dos povos em realizações fílmicas brasileiras recentes. Questionamos as imagens comuns que, ao designá-los, na verdade invisibilizam os povos, de modo a buscar as imagens do comum nas quais eles, com efeito, compareçam nas suas diferenças e sob condições reais de visibilidade. Partindo da crítica às formas de uma visibilidade que os reduzem à invisibilidade, o que propomos nesta tese é que as imagens que nos dão a ver os povos – tal como aparecem nos filmes que compõem o corpus analítico da pesquisa – configuram-se numa dialética entre o visível e o invisível, tensionada entre o que mostram e o que elidem, entre os sentidos do que se inclui e do que se exclui. Examinamos, para tanto, as imagens em seus aspectos composicionais, sobretudo o plano e a mise-en-scène, compreendidos enquanto operações estético-políticas que definem as formas sob as quais os povos aparecem nas imagens fílmicas. Palavras-chave: Cinema brasileiro contemporâneo. Povos. In/visibilidade. 8 ABSTRACT This study has as purpose the investigation of the conditions of visibility of people regarding the images of contemporary cinematographic production in Brazil. Getting back to the point that bursts with the critical realism in the context of the emergence of the modern cinema in the country and it is lifted to the central interest in the aesthetic ideological project of a generation deeply involved in the conflicts of the political sphere, this project relocates it in the present in order to rethink the forms of visibility of people in recent Brazilian films. We problematize the common images that, by designating them, actually make people invisible, in order to find the images of the common in which they effectively appear with their differences and under real visibility conditions. Starting from the critics on the way of a visibility that reduces them to invisibility, what we propose on this theses, when examining the images of people in the films that compose the analytical corpus of the research, is that we see people feature in a dialectic between the visible and invisible, stressed between what they show and what they elide, between the senses of what is included and what is excluded. For this purpose, we examine the images in their compositional aspects, especially the frame and the mise-en-scène, identified as the aesthetic-political operations that define the ways in which people are shown in the film images. Keywords: Contemporary Brazilian cinema. People. In/visibility. 9 LISTA DE FIGURAS Figura 1 – A aparição dos povos no cinema em A saída dos operários da fábrica Lumière ... 52 Figuras 2-3 – Thesouro perdido e a imagem do “menino-sapo” .............................................. 56 Figura 4 – A visão oficial do povo em O descobrimento do Brasil ......................................... 58 Figuras 5-6 – A invasão do erudito pelo popular em Carnaval Atlântida ............................... 62 Figuras 7-10 – As crianças da favela na cidade que as exclui em Rio, 40 graus ..................... 66 Figuras 11-13 – A terra e a vida áridas do povo sertanejo em Deus e o Diabo na Terra do Sol .................................................................................................................................................. 70 Figuras 14-21 – Galeria de rostos do povo brasileiro em Central do Brasil ............................ 77 Figura 22 – O povo “bandido” supliciado em Tropa de elite ................................................... 81 Figura 23 – A des/(h)umanidade do cárcere em Carandiru ..................................................... 85 Figura 24 – Rostos severinos em Narradores de Javé ............................................................. 86 Figura 25 – O espaço/tempo do patrão e o da empregada no apartamento de João ................. 98 Figura 26 – O espaço/tempo do patrão e o da empregada no apartamento de Francisco ......... 99 Figura 27 – O espaço/tempo das crianças de classe média e o das babás no playground ...... 100 Figuras 28-31 – Panorâmica de Recife: os dois lados da cidade dividida .............................. 101 Figuras 32-35 – Intrusões do povo no mundo da classe média .............................................. 103 Figuras 36-37 – Sônia, Severino e a distância vertical entre o alto e o baixo na comunidade da imagem ................................................................................................................................... 109 Figuras 38-39 – Os universos justapostos da família burguesa e da empregada .................... 111 Figura 40 – Sônia e Vânia em plano próximo e o vulto de Rita refletido no quadro dentro do quadro ..................................................................................................................................... 112 Figuras 41-42 – Bairro nobre e favela: os cenários das desigualdades expostos em Casa grande ................................................................................................................................................ 113 Figura 43 – O umbral da divisão de classes ........................................................................... 118 Figuras 44-46 – A arquitetura da desigualdade de classes ..................................................... 123 Figuras 47-48 – Vanessa caracterizada como negra e indígena ............................................. 131 Figura 49 – A “invasão” de Ricardo ao mercado de Helena .................................................. 134 Figuras 50-51 – A mancha que gangrena a parede ................................................................. 135 Figura 52 – O plano-prólogo de Avenida Brasília Formosa .................................................. 141 Figuras 53-55 – A singularidade e a rede do comum tra(n)çada por Avenida Brasília Formosa ................................................................................................................................................ 143 10 Figura 56 – Recife: os dois lados da cidade partida ............................................................... 148 Figuras 57-58 – O plano do coral das crianças e os bastidores de sua preparação ................ 155 Figura 59 – Dildu “dentro” da cidade que o repele para fora ................................................