História E Teoria Da Arquitetura E Do Urbanismo I
Total Page:16
File Type:pdf, Size:1020Kb
A ARQUITETURA DA MINERAÇÃO URBANISMO MINERADOR: 1700 A 1750 Teoria, História e Crítica da Arquitetura e do Urbanismo II – TH 2 Curso de Arquitetura e Urbanismo Pontificia Universidade Católica de Goiás ARQUITETURA DA MINERAÇÃO – LOCALIZAÇÃO interiorização do território brasileiro: incentivo da Coroa na busca por ouro e pedras preciosas 2ª metade Séc. XIX Decadência da lavoura de cana Crise econômica em Portugal Solução: encontrar outra fonte de riqueza, o ouro. ARQUITETURA DA MINERAÇÃO – HISTÓRIA A descoberta do ouro vai provocar uma corrida de aventureiros sedentos de riqueza fácil à região das minas. O surgimento de uma forma FIGURA– O sítio urbano de Ouro Preto implantado: bairros, arruamento e topografia. Fonte: SILVA (2004) diferente de ocupação espacial, até então desconhecida na colônia portuguesa da América. O processo minerador, pelo seu próprio caráter de organização, não comporta o FIGURA – Ilustração do “caminho-tronco” feita estabelecimento da população pelo arquiteto Sylvio de Vasconcellos; termo de forma rural ou isolada. criado por ele. Fonte: SALCEDO (2007, p.117) ARQUITETURA DA MINERAÇÃO – HISTÓRIA A OCUPAÇÃO DO ESPAÇO URBANO Em decorrência da forma como os pontos de mineração se organizavam, entrincheirando-se junto ao próprio local do trabalho, utilizando as bocas das minas como abrigo. Não houve dificuldade alguma na formação dos primeiros povoados, que se estabeleceram tendo como referências principais a estrada, que geralmente margeava os cursos d’água, e a capela, construída e ocupada de forma democrática e coletiva, onde era mantido um tosco oratório de viagem. A Estrada ARQUITETURA DA MINERAÇÃO – ESPAÇO URBANO Os primeiros núcleos implantados junto aos pontos de mineração recebiam o nome de “arraial” e eram estabelecidos a curta distância uns dos outros, estando, na maioria das vezes, separados por densas matas e tendo como ponto comum a proximidade ou mesmo a ligação direta com o caminho geral, FIGURA– Mariana - implantado: bairros, arruamento e topografia. a estrada que, fazendo a ligação entre eles, promovia o abastecimento de gêneros vindos principalmente de São Paulo e do Rio de Janeiro. ARQUITETURA DA MINERAÇÃO: ESPAÇO URBANO Estrada, vira Rua Direita ARQUITETURA DA MINERAÇÃO – ESPAÇO URBANO O elemento primordial e determinante no que se refere às primeiras fixações de mineradores: adaptação à conformação irregular do terreno, seguiam as meias encostas, acompanhavam as curvas impostas pelos cursos d’água ou lançavam-se de cumeada, já que as regiões ricas em depósitos auríferos são caracterizadas por uma topografia marcadamente acidentada. Mariana Tiradentes Ouro Preto ARQUITETURA DA MINERAÇÃO – ESPAÇO URBANO Reduzido número de estradas: controle do escoamento da produção aurífera impedir o contrabando de pedras Facilidade de controle Contribui para o isolamento da população A estrada era fonte de alimentos, notícias e informações; Estabelece o contato direto entre um centro minerador e outro, entre um arraial ou vila e qualquer outro núcleo de mineração. Tiradentes O contato com a estrada dava ao Ouro Preto núcleo uma conformação longilínea a rua principal é o aproveitamento da própria estrada A construção das residências foi um elemento fundamental de estruturação urbana as residências são de um único pavimento, construídas parede- meia e perpendicular ao arruamento. Implantadas no limite entre o lote e Goiás o espaço público, definem e Tiradentes dimensionam a rua. Em decorrência da migração intensa, as cidades vão surgir de uma forma espontânea, sem planejamento ou ordem predeterminada. As descobertas ou primeiros achados expressivos de ouro definiam o assentamento e implicavam também a construção imediata de capelas: toscas que inicialmente fossem, nos morros, outeiros ou encostas adjacentes onde depositar as imagens trazidas na empreitada e agradecer aos santos de proteção, ao Cristo ou à Virgem. Os arraiais se organizavam então em torno das capelas e se estendiam pelos caminhos de acesso às áreas de mineração. Passo aberto na Rua Direita Tiradentes ARQUITETURA DA MINERAÇÃO – LEGISLAÇÕES O urbanismo colonial português não possuía uma legislação específica sobre implantação de áreas urbanas. Os povoadores adotavam sempre as Ordenações do Reino, que geralmente deveriam trazer determinações específicas para cada caso particular. As determinações contidas nas Cartas Régias nem sempre eram obedecidas, como foi o caso de Vila Boa de Goiás e Mariana. Em Vila Boa de Goiás o traçado não foi feito em linha reta, como prescrevia a Carta Régia de 11 de fevereiro de 1736, que determina a fundação da Vila Boa de Goiás: “que façais se delinear por linhas retas a área para casas com seus quintais”. PONTOS PREDOMINANTES DAS CARTAS RÉGIAS: A ESCOLHA DO SÍTIO O sítio deveria ser seguro, evidenciando uma preocupação com defesa, além de possuir abastança de água. A defesa se fazia pela altura, ou seja, sítios em acrópole (situados no alto da colina) A preocupação com a fácil acessibilidade e grande quantidade de água era decorrente das cidades não possuírem rede de água e esgoto encanado. Ambos eram transportados pelos escravos em recipientes próprios e adequados. PREOCUPAÇÕES URBANÍSTICAS Toda cidade colonial deveria possuir uma Casa de Câmara e Cadeia, uma praça com pelourinho e uma igreja Matriz. Tanto a praça como as ruas eram definidas pela testada das casas nos lotes. As casas deveriam ser alinhadas e as ruas possuírem a mesma largura. ARQUITETURA DA MINERAÇÃO: LEGISLAÇÕES Deveria existir uma rua mais ‘reta’, a Rua Direita, que ligasse dois pontos importantes da cidade. As igrejas geralmente situavam-se em uma praça, largo ou adro, localizados em locais elevados para se destacarem na paisagem. As casas, além do alinhamento no lote, deviam externamente seguir o mesmo estilo para garantir uma uniformização das fachadas e sua integração em conjuntos maiores em cada quadra. A ARQUITETURA DA MINERAÇÃO – CIDADE DE GOIÁS CIDADE DE GOIÁS – LOCALIZAÇÃO Goiás - também conhecida como Cidade de Goiás ou Goiás Velho – é um Município do estado de Goiás. Sua população estimada em 2017 era de 24.103 habitantes de acordo com o IBGE. O município foi reconhecido em 2001 pela UNESCO como sendo Patrimônio Histórico e Cultural Mundial por sua arquitetura barroca peculiar, por suas tradições culturais seculares e pela natureza exuberante que a circunda. CIDADE DE GOIÁS – HISTÓRIA Expedições bandeirantes, principalmente paulistas, em território goiano, culminaram com a descoberta e apropriação das minas de ouro dos índios goiases. Onde habitava a nação Goiá, Bartolomeu Bueno da Silva fundaria, em 1727, o Arraial de Sant'Anna. Em 1736 o local foi elevado à condição de vila administrativa, com o nome de Vila Boa de Goyaz (ortografia arcaica) e pertencia à Capitania de SP. Em 1748 foi criada a Capitania de Goiás, mas o primeiro governador, dom Marcos de Noronha, o Conde dos Arcos, só chegaria ali cinco anos depois. CIDADE DE GOIÁS – ESPAÇO URBANO O descobrimento de ouro ao longo do rio Vermelho fez surgir, ainda em 1726, uma série de arraiais mineradores, ocupados por uma população que, nos anos que se seguiram, foi responsável pela implantação de vários outros pequenos núcleos de mineração em regiões cada vez mais afastadas de seu centro irradiador. Planta da Aldeia de Santa Ana, já Vila Boa de Goyaz, 1775 “As casas dispunham-se ao redor de uma única praça, com a igreja isolada em uma das extremidades, dois blocos mais estreitos de cada lado, e um bloco com alojamentos um pouco mais amplos, na face oposta à igreja. O projeto inclui um detalhe curioso, que é a existência de um rego, para a condução da água de serventia da aldeia, para um poço no centro da praça.” Original manuscrito do Arquivo Histórico Ultramarino, Lisboa CIDADE DE GOIÁS – ESPAÇO URBANO A arquitetura inicial vai seguir aquela implantada em outras regiões mineradoras, reduzindo-se a ranchos de cobertura vegetal, construídos no terreno da data mineradora. O local de mineração tendia a transformar-se em verdadeiros lamaçais. Devido a isso, os primeiros ranchos eram construídos a uma certa distância da água, mas não o suficiente para descaracterizar a propriedade. Localizavam-se, portanto, no extremo oposto do terreno em relação ao local de exploração. Assim surgiram as primeiras ruas conformadoras do núcleo urbano tendo, em um primeiro momento, a função de favorecer o acesso individual às datas. CIDADE DE GOIÁS A OCUPAÇÃO DO ESPAÇO URBANO Seguindo ainda a forma tradicional mineradora, em um local mais alto e plano, com a mesma rusticidade das habitações, implantava-se uma capela, dedicada à invocação do santo do dia da instalação do assentamento. Catedral da cidade de Goiás, a Igreja de Santana começou a ser A antiga igreja do Rósario dos construída em 1743 pelo Ouvidor pretos foi erguido em 1734 por Geral de Goiás, Manoel Antunes Antônio Pereira Bahia. Em 1934 da Fonseca, ordenando a foi construida a atual igreja. demolição da antiga capela. CIDADE DE GOIÁS – ESPAÇO URBANO Do outro lado do rio, também em local mais alto que aquele ocupado pela mineração, vai ser construída, em 1734, a igreja de Nossa Senhora do Rosário, da irmandade dos pretos. As duas igrejas evidenciam a segregação social e racial, com a utilização da primeira dessas edificações pelos brancos e senhores que já se estabeleciam em seu entorno, e a segunda pelos negros e pardos, que compunham a grande maioria dos habitantes da rua da Cambaúba, atual Bartolomeu Bueno. Uma característica fundamental das cidades do período colonial é