Urbanização em : sociedade e cultura.

Erika Carvalho Uma sociedade urbana

• Entre os séculos XVII e XVIII, próximo às jazidas de ouro e diamantes, formaram-se arraias e vilas que, com o tempo, originaram várias cidades - , Sabará, , Mariana, Diamantina, Caetés, e São João Del Rei. • A expansão urbana ocorreu por causa do desenvolvimento da infraestrutura necessária para o comércio e a administração da atividade mineradora. • Regiões da Colônia passaram a fornecer carne, leite, frutas e hortaliças, entre outros produtos, para as áreas de extração. O transporte de alimentos até as regiões mineradoras era feito por tropeiros e tropas de mulas, que, na volta das minas, levavam carregamentos de ouro e diamantes para os portos, de onde eram enviados para . O cotidiano nas cidades

• Com o início da atividade mineradora, a colonização passou por um processo de interiorização e urbanização. Diversas atividades econômicas ganharam impulso, em diferentes locais, para abastecer a própria Colônia, contribuindo para o desenvolvimento de um mercado interno. Moradia da sociedade mineradora

• As casas térreas, pequenas, feitas de materiais como barro, pedra ou madeira, habitavam pessoas pobres. A elite da sociedade mineradora morava em casas maiores, geralmente com dois andares, construídas de pedra fixadas com argamassa. Já os escravos residiam em senzalas ao lado da moradia de seus senhores, em construções muito precárias. Extração de ouro e diamante

• A riqueza proporcionada pela extração de ouro e diamantes e o dinamismo crescente dos núcleos urbanos contribuíram para o desenvolvimento de atividades culturais nas vilas e cidades mineiras.

As vilas e a cidade de Mariana

Sociedade mineradora A multiplicidade étnica

• A sociedade mineradora era composta de uma grande diversidade étnica, mas essa miscigenação não era bem vista por todos. • Os libertos ou afrodescendentes, não eram admitidos em cargos de poder ou em postos municipais. Havia recomendações oficiais de Portugal para que os brancos não gerassem descendentes mestiços, considerados impuros e até mesmo defeituosos. O Barroco Colonial Barroco Colonial

• Barroco é um estilo de arte que surgiu no século XVI, na Itália. Os jesuítas trouxeram da Europa algumas influências religiosas que são predominantes no Barroco para serem utilizados nas construções e nas imagens feitas no país. Ele se desenvolveu principalmente durante o século XVIII, na região de Minas Gerais. As obras barrocas usavam para sua fabricação a pedra- sabão, o barro cozido e a madeira policromada. Utiliza a religiosidade relacionada com a arte renascentista. Os principais artistas desse gênero artístico foram Antônio Francisco de Lisboa, o , e o pintor Manuel da Costa Ataíde. Aleijadinho • Aleijadinho (Antônio Francisco Lisboa) nasceu em Vila Rica, no ano de 1730 (não há registros oficiais sobre esta data). Era filho de uma escrava com um mestre de obras português. Iniciou sua vida artística ainda na infância, observando o trabalho de seu pai que também era entalhador. • Por volta dos 40 anos de idade, começou a desenvolver uma doença degenerativa nas articulações. Não se sabe exatamente qual foi a doença, mas, provavelmente, pode ter sido hanseníase ou alguma doença reumática. Aos poucos, foi perdendo os movimentos dos pés e mãos. Pedia a um ajudante para amarrar as ferramentas em seus punhos para poder esculpir e entalhar. Demonstrou um esforço fora do comum para continuar com sua arte. Mesmo com todas as limitações, continuou trabalhando na construção de igrejas e altares nas cidades de Minas Gerais. Aleijadinho • Na fase anterior a doença, suas obras são marcadas pelo equilíbrio, harmonia e serenidade. São desta época a Igreja São Francisco de Assis, Igreja Nossa Senhora das Mercês e Perdões (as duas na cidade de Ouro Preto, cidade histórica de Minas Gerais). • Já com a doença, Aleijadinho começou a dar um tom mais expressionista às suas obras de arte. É deste período, o conjunto de esculturas "Os Passos da Paixão" e "Os Doze Profetas", da Igreja de Bom Jesus de Matosinhos, na cidade de Congonhas do Campo (Minas Gerais). O trabalho artístico, formado por 66 imagens religiosas esculpidas em madeira e 12 feitas de pedra-sabão, é considerado um dos mais importantes e representativos do barroco brasileiro. • A obra de Aleijadinho mistura diversos estilos do barroco. Em suas esculturas estão presentes características do rococó e dos estilos clássico e gótico. Utilizou como material de suas obras de arte, principalmente a pedra-sabão, matéria-prima brasileira. A madeira também foi utilizada pelo artista. A obra de • Morreu pobre, doente e abandonado na cidade de Aleijadinho Ouro Preto, no ano de 1814 (ano provável). O conjunto de suas obras foi reconhecido como importante muitos anos depois. Atualmente, Aleijadinho é considerado o mais importante artista plástico do Barroco mineiro. "Carregamento da Cruz" (escultura em madeira), Santuário de Bom Jesus de Matosinhos (Congonhas, Minas Gerais. Principais obras de Aleijadinho:

• Talha - Retábulo da capela-mor da Igreja de São Francisco em São João Del-Rei. - Retábulo da Igreja de São Francisco de Assis em Ouro Preto. - Retábulo da Igreja de Nossa Senhora do Carmo em Ouro Preto.

• Arquitetura - Projetos de fachadas de duas igrejas (Igreja de São Francisco em São João Del-Rei e Nossa Senhora do Carmo em Ouro Preto).

• Escultura - Conjunto de esculturas do Santuário do Bom Jesus de Matosinhos (incluindo as mais conhecidas: "Os Doze Profetas"). "Profeta Daniel" (pedra sabão), Santuário de Bom Jesus de Matosinhos (Congonhas-MG). - O Santuário do Bom Jesus de Matosinhos é Patrimônio Mundial da UNESCO. O adro é Você sabia? ornado com esculturas em pedra-sabão (estátuas dos Doze Profetas), feitas por Aleijadinho. Mestre Ataíde Mestre Ataíde • Manuel da Costa Ataíde, conhecido artisticamente como Mestre Ataíde, foi um pintor e decorador mineiro do período Barroco. Também atuou como militar do exército brasileiro. Depois de Quem foi? Aleijadinho, é considerado um dos principais representantes do Barroco mineiro nas Artes Plásticas. Sua obra também apresenta características relacionadas ao Rococó. - Mestre Ataíde nasceu na cidade mineira de Mariana, em 18 de outubro de 1762. - Seus país eram portugueses e proprietários de um pequeno sítio em Mariana. Além do sítio, o pai, Luís da Costa Ataíde, foi capitão do exército. Teve quatro irmãos (três homens e uma mulher). - Na fase adulta, foi sargento do exército e alferes (mesma profissão de Tiradentes). - Provavelmente, aprendeu artes no início da fase adulta, com algum mestre de Minas Gerais. Aprendeu a pintar painéis e imagens, além de fazer ilustração e desenho. Provavelmente, foi ensinado também na arte da arquitetura e cartografia. Biografia - Em 1797, tornou-se sargento da Companhia de Ordenança do Distrito do Arraial do Bacalhau, na cidade de Mariana (Minas Gerais). resumida: - No ano de 1799, foi nomeado alferes da Companhia do Distrito de Mombaça, também na cidade de Mariana. - Perdeu o pai no ano de 1802 e abriu mão da herança em favor dos irmãos. - Durante sua vida teve seis filhos com Maria do Carmo Raimunda da Silva, mulata alforriada. - Trabalhou muito como artista, pois recebia muitas encomendas. Chegou a ter vários ajudantes. Teve também muitos seguidores e alunos. - Faleceu em 2 de fevereiro de 1830, aos 67 anos, na mesma cidade em que nasceu. - Obteve destaque na pintura de tetos de igrejas, principalmente em trabalhos de perspectiva. - Destaque para pinturas com temas religiosos ligados ao Cristianismo. - Como integrante do movimento artísticos Barroco, suas Principais obras são marcadas pela presença de detalhes e decorações. Também apresentam dinamismo nos características desenhos e composições, além de grande contrate de cores. de suas obras e - Utilização de cores vivas em combinações diferentes das estilo artístico: usadas na época. - Desenhou, com grande beleza, imagens de anjos, madonas e santos. Um fato interessante é a presença de traços mestiços nas personagens retratadas em suas obras. - Forro da sacristia e pano de porta da Igreja da Ordem Terceira de São Francisco de Assis, em Mariana.

- Forro da nave da Igreja da Ordem Terceira de São Francisco de Assis, em Ouro Preto.

- Painéis na Igreja Matriz de Conceição do Mato Dentro.

- Duas imagens de Cristo na Igreja Matriz de Santo Antônio, em Santa Bárbara.

- Pintura de quatro painéis na Igreja da Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo, em Ouro Preto.

- Obras na Catedral de Mariana. Principais - Teto da Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, em Mariana. - Pintura de um retrato do imperador Dom Pedro I na Câmara Municipal de Mariana. obras: - Pintura da Última Ceia no Colégio do Caraça. - Projeto do altar e douramento da Igreja Nossa Senhora do Carmo de Ouro Preto.

- Retábulo, altar-mor e trono e altar-mor da Igreja da Ordem Terceira de São Francisco de Assis, em Mariana.

- Altar da igreja de Santa Isabel, Mariana.

- Altar da Capela de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos.

- Tabernáculo da Igreja da Ordem Terceira de São Francisco de Assis, em Ouro Preto.

- Encarnação de estátuas no Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas; na Igreja da Ordem Terceira de São Francisco de Assis, em Mariana e na Igreja da Ordem Terceira de São Francisco de Assis, em Ouro Preto. Ascensão de Cristo, obra de Mestre Ataíde na Matriz de Santo Antônio em Santa Bárbara. As Irmandades Religiosas • As irmandades surgiram na Europa durante a Idade Média. Por meio de cerimônias, festas e outras atividades, elas ajudavam a valorizar a religiosidade entre os leigos, difundiam o culto a alguns santos e auxiliavam os missionários no trabalho de catequização. • Prestavam assistência a necessitados, viúvas e órfãos e providenciavam os funerais de seus membros. Organizavam festas religiosas, muitas vezes uma das únicas oportunidades mantidas por meio de doações ou com o dinheiro obtido nas festas. • A formação de irmandades foi facilitada com o crescimento As irmandades religiosas repentino das vilas. As irmandades e o patrocínio da arte

• A presença das irmandades religiosas em Minas Gerais, nos séculos XVIII e XIX, foi fundamental para o desenvolvimento artístico e arquitetônico da região. • O luxo e a beleza das igrejas estavam relacionados a uma competição entre as irmandades – cada uma buscava mostrar mais riqueza em suas construções e ornamentações. O prestígio social das irmandades se dava por meio das obras artísticas que patrocinavam e também das festas religiosas que organizavam. Artistas eram contratados para qualquer tipo de serviço: esculpir imagens santas, pintar os tetos, reformar os altares, compor e executar canções. • As cidades e vilas mineiras sempre tiveram seu cotidiano marcado pela presença da música. Essa tradição está relacionada também com as irmandades, que, assim como poderes públicos, contratavam músicos para as festas e comemorações. Essas comemorações religiosas frequentemente encomendavam composições exclusivas para suas festividades. Essa prática fez nascer em Minas Gerais uma forte tradição musical.

A influência das irmandades na tradição musical mineira Presença e resistência indígena nas Minas

• Após a descoberta das primeiras minas de ouro, etnias como o dos Botocudo, Coroado, Maxakali, Pataxó e Puri ofereceram resistência contra a ocupação de suas terras e o avanço da atividade mineradora. Uma parte dessa populações, buscou refúgio no interior do território. • O período de maior violência contra os indígenas no sertão mineiro foi a segunda metade do séc. XVIII, conforme as descobertas de ouro se tornavam mais raras. • Nesse violento processo de ocupação para trabalhar na mineração e em outras atividades indígenas foram dizimadas ou capturadas para trabalhar e em outras atividades da colônia, como a agricultura e os serviços domésticos. Fique de olho...

• https://arquitracobrasil.wordpress.com/periodo- colonial-1530-a-1830/ - ArquitraçoBrasil • https://youtu.be/xkZMoLm0GUQ - História do Brasil - Período Colonial (1530-1822) - Aula 13 - Ciclo do Ouro • https://youtu.be/QmOnrSYo00U- A descoberta do ouro em Minas Gerais • https://youtu.be/Ilxe45E5nUw - Ouro e Cobiça (Ouro Preto, 1719) - Histórias do Brasil (5/10) • https://youtu.be/7BxnD0TIZ1g - Caminhos da Reportagem: A rota do ouro e do diamante (parte III)