A Igreja De São Francisco De Assis Em Diamantina
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A IGREJA DE SÃO FRANCISCO DE ASSIS EM DIAMANTINA SELMA MELO MIRANDA A IGREJA DE SÃO FRANCISCO DE ASSIS EM DIAMANTINA THE CHURCH OF SÃO FRANCISCO DE ASSIS IN DIAMANTINA o país dos diamantes 1 A IGREJA DE SÃO FRANCISCO DE assis Em DIAmANTINA the church of são francisco de assis in diamantina SElmA mElO mIRANDA MONUMENTA | IPHAN cr é ditos Presidente da República do Brasil Luiz inácio Lula da silva ministro de Estado da Cultura João Luiz silva ferreira (Juca ferreira) Presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional Coordenador Nacional do Programa monumenta Luiz fernando de almeida Coordenador Nacional Adjunto do Programa monumenta robson antônio de almeida Coordenação editorial sylvia maria Braga Edição caroline soudant Copidesque ana Lúcia Lucena Revisão e preparação denise costa felipe / maíra mendes Galvão / Gilka Lemos Versão para o inglês George aune Versão das legendas paula Zimbres Revisão do inglês paula Zimbres/ maíra mendes Galvão Pesquisa histórica selma melo miranda / José Bizzoto ramos (assistente) Projeto gráfico cristiane dias Diagramação cristiane dias / fernando horta / ronald neri Fotos Giórgio Bordino / Laura c. caldas (projeto resgate) / Luiz mauro resende / manoel siveira ramos / nelson Kon / paulo cintra (projeto resgate) / Vicente mello arquivo iphan (antônio fernando Batista dos santos / assis alves horta / Bruno Galery / carlos emanuel Lopes ferreira /chichico alkmin / daniel mansur / Junno marins da matta / programa monumenta) Capa detalhe da porta principal da igreja de são francisco de assis. foto de nelson Kon, 2009. Guarda detalhe da pintura do forro do altar-mor da igreja de são francisco de assis. foto de nelson Kon, 2009. Frontispício medalhão central da pintura do forro do retábulo-mor da igreja de são francisco de assis. foto de nelson Kon, 2009. www.iphan.gov.br | www.monumenta.gov.br | www.cultura.gov.br A PRESENTAç ÃO em março de 2008, o programa monumenta/iphan teve o prazer de devolver aos diamantinenses, totalmente restaurado, um de seus mais significativos monumentos: a igreja de são francisco de assis, tombada em 1949. as obras, que incluíram a recuperação arquitetônica do edifício e de seus elementos artísticos e bens integrados, foram promovidas em parceria com a prefeitura municipal e supervisionadas pela equipe de obras do iphan/diamantina, que atuou sob a responsabilidade de paulo elias Lopes, contando com os oficiais Walter Lopes da silva, Geraldo da Luz ranulfo, Júlio Vito da silva e dionísio roberto pereira. foram reparadas as estruturas da edificação e da cobertura, com substituição das peças deterioradas e telhas. as instalações elétricas e de segurança mereceram reforma geral. a igreja recebeu nova pintura e um sistema de drenagem, e o relógio da torre encontra-se em pleno funcionamento, após ficar desativado por mais de vinte anos. no restauro dos elementos artísticos, trataram-se o forro do consistório, com sua emblemática pintura representando são francisco de assis em mística conversação com o cristo crucificado, o forro da capela-mor, presbitério, púlpito, tribuna do coro, frontispício, além de garantir-se a remoção de repinturas, fixação da policromia e a higienização e imunização dos bens. agora o monumenta/iphan quer dividir com os que se interessam por nosso patrimônio a minuciosa pesquisa desenvolvida pela professora selma melo miranda a respeito da história da igreja de são francisco de assis, desde sua construção por iniciativa da ordem terceira em 1766 até nossos dias, com o registro de todas as intervenções e obras de restauro que o monumento recebeu. Luiz Fernando de Almeida Presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional Coordenador Nacional do Programa Monumenta Dezembro 2009 6 a iGreJa de são francisco de assis em diamantina S umáRIO apresentação 05 introdução 09 Foreword 242 IntroductIon 243 capítuLo i 12 capítuLo ii 56 o país dos dIamantes madeIra, barro, ouro e carmIm: arquItetura relIgIosa no cIrcuIto dIamantIno chapter I 245 chapter II 263 the land oF dIamonds wood, clay, gold and carmIne: relIgIous archItecture In dIamantIna o país dos diamantes 7 capítuLo iii 108 capítuLo iV 164 a ordem terceIra e a Igreja as Intervenções na de são FrancIsco de assIs em Igreja de são FrancIsco dIamantIna de assIs chapter III 280 chapter Iv 297 the thIrd order and church oF InterventIons on the são FrancIsco de assIs church oF são FrancIsco In dIamantIna de assIs BiBLioGrafia 321 8 a IgreJa de são francisco de assis em diamantina INTRODuçÃO o território do antigo arraial do tijuco, atual cidade de diamantina, constituiu foco de atenção especial da coroa portuguesa e de outros reinos europeus desde as primeiras notícias, divulgadas na terceira década do século XViii, sobre promissoras jazidas de diamantes localizadas nos confins das minas gerais. encravado em meio ao maciço rochoso do espinhaço, o povoado tornou-se o principal núcleo urbano da numerosa rede de povoações surgidas e consolidadas no desenrolar daquele século. hoje, é oficialmente reconhecido como paisagem cultural que interessa a toda a humanidade. o conceito de paisagem cultural instituído pela unesco comporta espaços urbanos e rurais aos quais a inter-relação entre a cultura humana e o ambiente natural confere identidade singular. envolve conhecimentos e tradições longamente acumulados e exprime, sobretudo, longa e íntima relação dos povos com seu sítio natural. diamantina atende plenamente a esses requisitos pela excepcional conjugação de arquitetura, urbanismo, paisagem e expressões culturais imateriais. apesar do reconhecimento de sua importância, a cidade e a região não tiveram até o momento os estudos e a divulgação que merecem. as fontes bibliográficas e iconográficas sobre seus acervos naturais e culturais são ainda insuficientes, apesar das valiosas contribuições existentes. mostra-se, portanto, imperativa a necessidade de ampliar e difundir informações sobre os valores locais. diante desse quadro, optou-se por abordar mais amplamente o contexto das intervenções e das obras de restauro da igreja da ordem terceira de são francisco de assis, estendendo considerações sobre aspectos físicos, históricos, socioculturais e artísticos ao antigo arraial e ao âmbito regional. tratou-se em linhas gerais da caracterização do sítio natural, com suas especificidades geomorfológicas e paisagísticas, e de dados básicos sobre os preciosos diamantes. seguiu- se a formação histórica da demarcação diamantina como resultante da expansão do império colonial após o primeiro momento de exploração do ouro. destacou-se a evolução urbana do núcleo setecentista e as peculiaridades de sua organização espacial, instalada e consolidada a partir da aplicação de ordenações e preceitos urbanísticos, mais do que da articulação espontânea de esparsos focos de povoação preexistentes. nesse sentido, adquire maior pertinência a nomeação do dr. rafael pires pardinho como primeiro intendente, em 1734. sua participação na história do distrito até o momento é considerada apenas no âmbito político e administrativo. entretanto, sua escolha certamente levou em conta a vasta experiência adquirida durante o exercício do cargo de ouvidor geral das 10 a iGreJa de são francisco de assis em diamantina capitanias do sul, quando lançou as bases, ordenou e fez correições em inúmeras vilas e povoações, hoje cidades, como curitiba, Laguna, são francisco do sul, paranaguá e florianópolis. no tijuco, assumiu as responsabilidades de organizar e regular a vida urbana e criar as estratégias de consolidação e proteção do arraial. o núcleo urbano causou boa impressão naqueles que o visitaram, por suas perspectivas agradáveis e ruas largas e limpas, como observou saint-hilaire. no decorrer dos séculos XiX e XX, as novidades do ecletismo e do modernismo, este introduzido na cidade nos anos de 1950 pelo hoje consagrado oscar niemeyer, foram incorporadas e se tornaram importantes contribuições. aspectos da vida social foram tratados em linhas gerais. embora a riqueza tenha se concentrado nas mãos de poucos, houve certa mobilidade dos grupos sociais e maior participação das mulheres na sociedade. a ascensão de chica da silva não foi caso isolado e, como demonstrou a historiadora Júnia furtado, outras mulheres de cor livres conquistaram espaço e contrariaram no cotidiano as despóticas proibições oficiais. em 1774, quase a metade dos chefes de domicílio do tijuco eram mulheres, em grande maioria de cor e forras, ao contrário do que ocorria com os homens, entre os quais prevaleciam os brancos. houve, também, intenso movimento cultural e artístico. as práticas e costumes mostraram- se mais abertos do que em outros arraiais e vilas da antiga capitania. o gosto pela festa, marcante no território minerador, ali se acentuou, expressando-se em festejos religiosos e civis, bailes e festas públicas. nos meados do século XiX, notícias sobre a alegria da cidade eram divulgadas em outros locais, como Barbacena e ouro preto, e o carnaval, muito movimentado, reunia multidões dos arredores e de longe, como nos dias atuais. a grande atividade comercial tornava disponível toda sorte de artigos brasileiros e europeus, trazidos em penosas viagens serra acima. além de produtos mais simples, como azeite, vinho, roupas, chapéus e louças, foram transportados pianos para as casas mais ricas e, conforme registrou o viajante suíço Johann von tschudi, até um elefante teria vindo do rio de Janeiro, encomendado pelo Barão de araçuaí para presentear sua esposa, doente e desenganada pelos médicos. Quanto às manifestações artísticas, foi inserido