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TRÂNSITO DE TEMAS COMNS ENTRE O JN E AS

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GUIRM JOR N Bacharel em Comunicação pela G, estre em Ciências da Comunicação pela EC/P e Doutor em Comunicação pela EP. Professor ssociado na ni- versidade ederal de ão João del-ei, é professor da graduação em Letras e do estrado em Crí ca da Cultura. Coordenador do Curso de Comunicação ocial, habilitação jornalismo, em fase de implantação na J.

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Este ar go trata da incidência do sincre smo da realidade- cção na televisão brasileira. inves gação parte da hipótese de que a inter- penetração desses gêneros de programas se explicita no trânsito de conteúdos entre o telejornal e as telenovelas, mediante um espe- táculo con nuo. corpus do estudo compreendeu a sequência de programas exibidos em janeiro de 2000, pela ede Globo de Televi- são, na qual o Jornal Nacional se inseria entre duas telenovelas, “Vila Madalena” e “Terra Nostra”. pesquisa revelou indícios de uma no- tável recorrência de temas e abordagens na programação do horário nobre da emissora de maior audiência no Brasil. Palavras-chave: incre smo da realidade- cção, ede Globo de Tele- visão, Jornal Nacional, Vila Madalena, Terra Nostra.

SRA This ar cle deals with the incidence of the reality- c on syncre sm in the Brazilian television. The inves ga on begins with the hypoth- esis that the interpenetra on of these sorts of programs occurs in between the television news and the soap-opera contents, by means of a con nuous spectacle. The corpus of the study has included the series of programs shown in January of 2000, by Rede Globo de Tele- visão, in which Jornal Nacional was inserted between two soap-op- eras, Vila Madalena and Terra Nostra. The research disclosed evi- dences of a notable recurrence of subjects and approaches in the schedule of the major Brazilian network prime me. Keywords: eality- c on syncre sm, Brazilian television, Rede Globo de Televisão, Jornal Nacional, Vila Madalena, Terra Nostra.

COMUNIAÇÃO NFORMAÇÃO v. 12, n.2: p. 33-47 - jul./dez. 2009 33 Em 2000, realizei uma pes- Essa tendência se enraizou quisa sobre a incidência da rea- tão intensamente que o ensaísta lidade- cção na televisão brasi- Nélson Archer chegou a questio- leira. Tive a colaboração de dois nar se o fenômeno não seria de bolsistas de iniciação cientí ca fato uma peculiaridade essencial do PIBIC/FUNREI/CNPq. Um da linguagem televisiva. deles, Wagner Teixeira Dias, concentrou sua investigação em [...] os limites entre realidade e duas telenovelas da Rede Globo cção, assim como a natureza de de Televisão, “Vila Madalena” e ambas, estão sendo negociados “Terra Nostra”. A outra bolsista, e renegociados ininterruptamen- Patrícia Alves Dias, se dedicou te, diante dos nossos olhos, nas ao estudo de edições do “Jornal telas de milhões de televisores. Nacional”, no mesmo período. Será que é muito despropositado A investigação partiu da hipó- a rmar que, se a TV tenha al- tese de que, com uma frequência guma função, seja precisamente considerável, conteúdos se inter- esta? (ASCHER, 2001). penetravam nos dois gêneros de programas, não por coincidência, Estratégia já utilizada na mas como explicitação de um imprensa europeia do século espetáculo contínuo para atrair a XIX - em que Jornalismo e me- atenção do telespectador. lodrama mantinham uma convi- Este artigo relata alguns resul- vência íntima (MEYER, 1996), a tados da análise do conteúdo das a nidade entre realidade e cção telenovelas e do telejornal. As ganha ênfase no texto clássico de evidências observadas apontam Adorno e Horkheimer sobre a In- indícios de uma notável recorrên- dústria Cultural. Referindo-se às cia de temas e abordagens no ho- produções cinematográ cas, os rário nobre da tevê brasileira. pensadores da Escola de Frank- furt argumentavam que “o mun- do da rua é o prolongamento do Realidade e cção no espetáculo encenado no cinema”, horário nobre para ressaltarem que “a vida não deve mais poder se distinguir do A intercalação de “um tele- lme” (ADORNO; HORKHEI- jornal - o Jornal Nacional - entre MER, 1978, p. 165) duas telenovelas, as conhecidas Edgar Morin retomou essa e denominadas novela das sete e questão em outra conjuntura, novela das oito” condiciona uma onde a TV assumia uma posição rotina no comportamento da au- de destaque entre os mass media, diência, no prime time da grade para enfatizar que “a cultura de horária da TV Globo. Criou-se massa é animada por esse duplo “o hábito de ver TV, em famí- movimento do imaginário arre- lia, com programação e horários medando o real e do real pegando reforçando-se mutuamente e ga- as cores do imaginário (MORIN, rantindo uma delidade de públi- 1967, p. 39) . co e um aumento vertiginoso dos Em sintonia com Morin, Mar- índices de audiência [...]” (BO- tin-Barbero a rma que o folhe- RELLI; PRIOLLI, 2000, p. 19). tim seria a ponte para a inclusão

Trânsito de temas comuns entre o JN e as telenovelas 34 Guilherme Jorge de ezende do romance escrito na imprensa. agressões, acidentes, roubos, es- “A indústria cultural produz uma quisitices, tudo isso remete ao informação onde primam os “su- homem, à sua história, à sua alie- cessos”, isto é, o lado extraordi- nação, a seus fantasmas, a seus nário e enigmático da atualidade sonhos, a seus medos” (BAR- cotidiana, e uma cção na qual THES, 1970, p. 58). predominará o realismo.” (MAR- Pierre Bourdieu (1997) indi- TIN-BARBERO, 1997, p. 82) cou outra expressão – informa- Na década de 1980, Umberto ção-ônibus – para denominar o Eco esclareceu que na Neotevê, mesmo fenômeno de dissimula- “não se está mais em questão [...] ção do real. a aderência entre o enunciado e o fato, mas a verdade da enunciação As notícias de variedades con- que diz respeito à cota de realidade sistem nessa espécie elementar, ru- daquilo que aconteceu no vídeo” e dimentar da informação que é muito não do que “foi dito através do ví- importante porque interessa a todo deo” (ECO, 1984, p.188). mundo sem ter conseqüências e por- Essa mistura de realidade e que ocupa tempo que poderia ser cção não foi sempre assim tão empregado para dizer outra coisa intensa. Se “nos primórdios da [...] o tempo que é extremamente televisão, havia uma clara sepa- raro na televisão. E se esses mi- ração entre o mundo do espetá- nutos tão preciosos são empregados culo, da encenação, da fantasia e para dizer coisas tão fúteis são de o mundo da vida prática, cotidia- fato muito importantes na medida na”, a evolução tecnológica tor- em que ocultam coisas preciosas nou-a cada vez mais tênue: “Os (BOURDIEU, 1997, p. 23). fatos do mundo [...] passaram a ser narrados como , e A prática de exibir recons- a telenovela adquiriu o estatuto tituições que se enquadram no de um fato do mundo” (ARBEX, conceito de fait divers, segundo 1996, p. 23-24). Jespers, acentua a impressão do Outro autor brasileiro refor- sincretismo da realidade- cção, ça essa impressão, assinalando porque “o espectador corre o ris- que o telejornalismo, revela um co de não fazer a distinção entre “novo horizonte informativo, em folhetim e a informação, entre a que a informação pura e simples cção e a representação jorna- já não é tão importante, mas é a lística da realidade” (JESPERS, encenação da informação que 1998, p. 61). toma o lugar principal” (MAR- Como efeito desse processo, CONDES FILHO, 1994, p. 45). “a tela da TV torna a realidade simulacro”. As imagens adqui- rem tal grau de auto-suficiên- Fait divers ou fatos-ônibus cia que se impõem ao que de fato se passa no “mundo real”, No jornalismo, o sincretismo criando-se “espetáculos drama- da realidade- cção tem a siono- tizados, nos quais a informação mia do fait divers, informação ocupa um espaço secundário” cujo conteúdo “não é estranho (TEMER; TONDATO, 2009, ao mundo: desastres, raptos, p.17).

COMUNIAÇÃO NFORMAÇÃO v. 12, n.2: p. 33-47 - jul./dez. 2009 35 Por essa razão, o telejornalis- dos”, o das pessoas comuns e o mo no Brasil “se organiza como das celebridades, representando, melodrama” para, através da ao mesmo tempo, o discurso da oferta do espetáculo “como se imparcialidade, objetividade do fossem produtos de puro entrete- universo jornalístico televisivo nimento” criar “um vínculo afe- e todo o glamour próprio das ve- tivo” (BUCCI, 1996: 26) com o detes da indústria cultural (HA- telespectador. Nessa condição de GEN, 2005, p.103). melodrama, “o telejornalismo, Entre as pesquisas realizadas de modo destacado o Jornal Na- sobre o sincretismo da realidade- cional, passou a seguir algumas cção no telejornalismo brasilei- regras próprias do melodrama, ro, sobressai o estudo de Iluska em suas edições diárias. A regra Coutinho acerca da estrutura dra- central é o permanente con ito mática nos telejornais. Uma das entre o bem e o mal, que culmi- características que veri cou foi na no “boa-noite, com um happy “a presença da marca melodra- end de preferência. Em cada blo- mática no horário nobre global co, ou a cada dois blocos, o bem em 11,76% das matérias apre- vence o mal (ou no mínimo tenta sentadas pelo JN” (COUTINHO, vencê-lo)” (BUCCI, 1996, p. 31). 2006, p. 118) na semana de edi- François Jost assinala que o ções que analisou. telejornal, “embora pretenda fa- lar da realidade, observa-se fre- quentemente que ele a reduziu O sincretismo no melodrama ao visível, a ponto de, às vezes, realista a existência dos acontecimentos depender de sua capacidade de Correspondente nas telenove- visualização” (JOST, 2004, p. las do fait divers, o melodrama 84). Essa supervalorização da é a mais eloquente expressão do imagem do fato, de modo a tor- sincretismo da cultura popular nar a representação mais crível e de massa na América Latina. do que o fato por si mesmo, é Ambientada em cenários do coti- um dos fundamentos da crítica diano familiar, a trama melodra- de Debord (1997) à Sociedade mática na telenovela contém to- do Espetáculo. dos os ingredientes do espetáculo A mesma lógica poderia justi- televisivo. (BALOGH, 2002) e a car também a escolha dos apre- catarse maciça e descargas emo- sentadores do Jornal Nacional, cionais que oferece a qualquer William Bonner e Fátima Ber- tipo de público organizam a com- nardes, par romântico idealizado preensão da realidade” (Carlos - jovens, bonitos, bem sucedidos Monsivais Apud. MATTELART - semelhantes aos casais de per- & MATTELART, 1989, p. 19), sonagens das telenovelas? Em seus primeiros anos, a Para Sean Hagen (2005), o telenovela brasileira repetiu um sentido da presença do casal na modelo melodramático latino- bancada do telejornal ultrapassa americano. A partir dos anos 60, os limites do campo meramente depois do endurecimento do regi- informativo: os dois apresenta- me militar, dramaturgos de gran- dores “circulam entre dois mun- de talento, como Dias Gomes e

Trânsito de temas comuns entre o JN e as telenovelas 36 Guilherme Jorge de ezende Lauro César Muniz, encontram personagens dessa trama ccio- na telenovela uma alternativa nal, porque “preenche o cotidia- para driblar a censura, e expor no das pessoas (...) de forma mais suas críticas sociais. Começa-se, rica, densa e emocionante do que então, a se “abrir caminho para a própria vida.” E substitui um uma estética que gira como um convívio social que por uma sé- cata-vento maluco entre a c- rie de fatores já não se dá mais ção e a realidade” (FAERMAN, (...) através de um componente 1998, p. 79). de familiaridade do dia a dia tele- Foi, porém, com Beto Ro- novelístico que garante e facilita ckfeller, de Bráulio Pedroso, em a aceitação das pessoas” (MAR- 1968-1969, na TV Tupi, que se CONDES FILHO, 1994, p. 45). consolidou o “gênero românti- Nesse estilo peculiarmente co-realista, mesclando folhetim brasileiro de produzir telenovela, tradicional com esboços de dra- o realismo superpõe-se ao roman- maturgia popular, nacional, em tismo. Por meio de uma estética íntima conexão com aspirações “naturalista”, dota-se a narrativa do mercado: a mistura do mito melodramática de um teor rea- de Cinderela com sociologia” lista, que permite a telenovela (TÁVOLA, 1996, p. 94). “acompanhar jornalisticamente Pode-se dizer que, desde as transformações afetivas na fa- então, ao promover um desen- mília liberal-burguesa, incorpo- volvimento paralelo de “histó- rando pelos roteiros dramáticos rias de amor” (romantismo) e temas como liberdade sexual, “temáticas sociais (realismo)”, juvenilização dos velhos, desca- a telenovela se transforma em samentos e muitos outros a ns à um espaço cultural em que co- crítica dos costumes” (SODRÉ, tidianos do real e do imaginário 1991, p. 227). interagem. Em análise sobre as represen- Clarice Herzog a rma que o tações verossímeis da contem- impacto da telenovela no dia-a- poraneidade apresentadas na TV, dia de grande parte da população Esther Hamburger identi ca rela- brasileira se amplia ao marcar ções “da cção e da notícia” nas telenovelas “Irmãos Coragem”, [...] a rotina da família e serve “Roque Santeiro”, “Selva de Pe- como ponto de referência para dra” e “Vale Tudo” (HAMBUR- as atividades do cotidiano. Ela GER, 2003). A verossimilhança regula o ritmo da vida, os horá- do universo ccional das nove- rios, os afazeres, não apenas os las é construída da apropriação da casa como os pessoais (...). recorrente de elementos da lin- Grande parte da ordem dos dias guagem jornalística para aludir a é determinada pela novela: o eventos da conjuntura, elementos m do dia, o m da semana... o da cultura e da história do Brasil início da semana, o próximo ca- (HAMBURGER, 2003, p. 142). pítulo, o próximo dia [...] (HER- Mauro Wilton adverte, no en- ZOG, 1997, p. 49). tanto, que há que se ter em conta o limite de e cácia dessa fusão A telenovela motiva o teles- das duas instâncias: “na hora que pectador a se relacionar com os a telenovela é só reportagem, é

COMUNIAÇÃO NFORMAÇÃO v. 12, n.2: p. 33-47 - jul./dez. 2009 37 recusada pelo público. Na hora de e a iniciativa privada, perme- em que é só cção, não atrai, não aram as referências a esses te- tem poder de sedução” (Apud mas selecionados. FAERMAN, 1998, p. 80). O que parece inquestioná- vel mesmo é a conveniência do Exaltação da criança e dos sincretismo na telenovela. Para valores juvenis Maria Aparecida Baccega, a per- manente troca entre a cção e a A criança e os valores juvenis realidade, “não descreve a pró- foram temas bastante focalizados pria realidade, mas faz as pes- no JN. No total, dezoito minutos soas verem, a partir da emoção, e seis segundos das seis edições algumas questões da realidade” semanais do telejornal foram (Apud FAERMAN, 1998, p. 82). destinados às notícias envolven- Não só os teóricos defendem do crianças. essa prática. A autora de teleno- Relevância similar atribuiu-se velas Glória Perez considera o a essa temática nas duas teleno- seu ofício uma oportunidade de velas. Assim como na vida real, viver o cotidiano das pessoas co- as crianças de “Vila Madalena” muns. Consciente da existência e “Terra Nostra” foram vítimas do sincretismo, ela propõe que o de desentendimentos dos adultos, jornalismo deve car atrelado à principalmente de seus pais. cção nas telenovelas, as quais, Especi camente em “Vila sem perder a condição de diver- Madalena”, observou-se que os são, podem “cumprir também lhos de Eugênia (Maitê Pro- uma função, promovendo deba- ença) e Arthur (Herson Capri) tes e colocando questões” (NE- sofriam por causa do destino in- POMUCENO, 1998, p. 96). certo: ora viviam com o pai, ora com a mãe. O pai não lhes ofere- cia o carinho, a compreensão e o O trânsito de temas no respeito de que elas precisavam. estudo empírico O dinheiro de Arthur era usado como instrumento de manipula- O primeiro procedimento me- ção das crianças, a ponto de levá- todológico, o estudo empírico, las a sentirem aversão pela mãe. consistiu na gravação integral Em “Terra Nostra”, os fatos de sete edições do telejornal e eram ainda mais complicados. dos capítulos das duas teleno- Giuliana (Ana Paula Arósio) e velas, correspondentes ao pe- Mateo (Thiago Lacerda), após ríodo do dia 10 de janeiro a 17 um intenso romance na viagem de janeiro do ano 2000. O passo de imigração para o Brasil, aca- seguinte foi a identi cação de baram se separando quando temas e abordagens comuns aos chegaram a São Paulo. Para au- dois gêneros de programas. Para mentar o teor dramático, Giulia- este artigo, foram selecionados na, depois de ter lho sozinha, três temas recorrentes: a crian- foi alvo da crueldade da dona da ça e a juventude, a violência e casa onde estava hospedada, Ma- a mobilidade. Outras questões dame Janete (Ângela Vieira), que como o amor, o sexo, a liberda- ordena à sua governanta a levar

Trânsito de temas comuns entre o JN e as telenovelas 38 Guilherme Jorge de ezende o bebê para a roda dos excluídos. nal Nacional exibiu uma série de Já casada com Marco Antô- matérias, relatando a disputa pela nio (Marcelo Anthony), Giulia- guarda do menino cubano, Elian. na (Ana Paula Arósio) dá à luz a Aos seis anos de idade, Elian pro- outra criança. No entanto, o ca- tagonizou, nos edições dos dias sal, que se unira por conveniên- 10, 12, 14 e 15, um con itante cia, se separa, originando mais enredo noticioso, que envolvia, uma tragédia infantil, ao privar a além de seus familiares, dois paí- criança até mesmo da amamen- ses ideologicamente antagônicos, tação pela mãe. Estados Unidos e Cuba. Outro personagem infanto- No Brasil, acontecimentos juvenil, o menino negro Tizil em relação à guarda de crianças (André Luiz), sonha com o dia também foram noticiados pelo em que poderá sentar-se em uma Jornal Nacional, na semana pes- cadeira de escola. Filho de ex-es- quisada. Em um gesto de soli- cravos, se vê obrigado a trabalhar dariedade, na edição do dia 14, como engraxate nas ruas de São pessoas anônimas tornaram-se Paulo. Contudo, em consonân- padrinhos e madrinhas de crian- cia com o slogan “Toda criança ças abandonadas, dedicando-lhes na escola”, em que a Rede Globo carinho e proteção. relevava seu compromisso com O mesmo espírito protecio- a educação, Tizil consegue ser nista em relação às crianças pare- matriculado e troca a função de ceu inspirar, no noticiário do dia engraxate por um trabalho digno, 11, a prefeitura e organizações na casa bancária ítalo-brasileira não governamentais do Recife, de Francesco (), que na criação do toque de recolher. não o impediria de estudar. Às 21 horas, todas as crianças Muito além de uma mera que trabalhassem ou pedissem coincidência, o Jornal Nacional donativos seriam recolhidas e dedicou parte signi cativa de seu encaminhadas às suas respecti- noticiário a matérias a respeito vas famílias. da realidade infantil. Em uma Outra notícia que evidenciou delas, a notícia sobre engraxates a gura infantil referia-se à en- brasileiros que construíram uma chente em São Paulo, divulgada carreira promissora em Nova nos dias 12 e 13. O menor Jackson Iorque, é uma referência explíci- transformou-se em herói ao pro- ta ao menino Tizil, personagem teger um bebê e sua irmã Talita, da novela “Terra Nostra”. Essa no teto de uma casa. Na edição do mesma notícia pode ser consi- dia seguinte, o garoto reapareceu, derada como uma representação chorando, em frente às câmeras do sucesso da mobilidade sócio- ao lembrar-se dos momentos de econômica, à medida que atribui desespero exibidos lentamente na aos engraxates o status de ho- edição do dia anterior. mens de negócio bem sucedidos. Situações de violência con- Acredita-se que, também não tra crianças também foram men- por acaso, mas pela a nidade te- cionadas. A cantora mexicana mática que uni ca a programação Glória Trevi, acusada de abuso para fortalecer os laços do sincre- sexual contra menores, foi presa tismo, na mesma semana, o Jor- no Brasil. (Meses depois, Glória

COMUNIAÇÃO NFORMAÇÃO v. 12, n.2: p. 33-47 - jul./dez. 2009 39 Trevi viria protagonizar uma his- jovem, extremamente avançada tória folhetinesca, que incluiu, para a sua época. Administradora entre outros ingredientes, uma das fazendas do marido, Angé- misteriosa gravidez contraída lica mostrava que o jovem pode dentro da carceragem da Polícia assumir responsabilidades. Federal, em Brasília). A jovem Rosana (Carolina Outra informação envolven- Kasting), no entanto, não vivia do essa faixa etária relatou que de sonhos. Seus anseios precisa- crianças, nos Estados Unidos, ti- vam ser satisfeitos no momento nham aulas sobre assédio sexual em que se originavam. Dessa como matéria escolar a m de se forma, Rosana não temia se en- defenderem de eventuais ataques. tregar a amores momentâneos e, Como extensão da proble- muito menos, desfrutar os pra- mática infantil, a exaltação dos zeres do sexo. Rosana chegou valores juvenis ocupou par- ao ponto extremo de manter re- te signi cativa das tramas das lações sexuais na casa do pró- duas telenovelas e do noticiário prio pai sem temer represálias. do Jornal Nacional. No período Esse contraste era interessante, analisado, o vigor juvenil expli- pois a novela que se passava nos citou-se diariamente. ns do século XIX se mostrava Nas duas novelas, encontra- mais atual que a que narrava fa- vam-se jovens com diferentes tos corriqueiros do ano 2000. características. A juventude de Os jovens de “Vila Mada- “Vila Madalena” se mostrou lena” viviam dilemas comuns mais conservadora que a juven- à juventude brasileira: con i- tude de “Terra Nostra”. Na pri- tos de personalidade, problemas meira telenovela, os jovens con- existenciais, falta do diálogo na seguiam auto-a rmação através família. Os pais, frequentemente dos sonhos, do romantismo, do retratados como cada vez mais amor e dos planos para o futuro. ocupados, com os problemas re- Era o caso dos personagens lacionados ao trabalho, davam Nancy (Carla Marins) e Hugo pouca atenção aos lhos. Era o (Thierry Figueira), que idealiza- que acontecia com a personagem vam seus planos e viviam uma “Zu”- Zuleika (Fernanda Rodri- história romântica, recheada de gues), que sofria com a separa- pureza e lirismo. Nancy, sonha- ção dos pais e com a solidão. Sua dora, esperava encontrar o seu mãe Raquel (Luiza Tomé), admi- príncipe encantado. Hugo dese- nistradora de um restaurante, di- java ser um grande instrumen- cilmente encontrava tempo para tista para viver da música e assu- dialogar com a lha. mir, através do casamento, uma vida ao lado de Nancy. Em “Terra Nostra”, os jovens Violência na grade se apresentavam menos con- da programação servadores e não manifestavam tantos pudores, principalmente A semana em questão reser- os sexuais. Isso cava mais evi- vou boa parte do tempo de exi- dente na personagem Angélica bição das telenovelas à questão (Paloma Duarte), uma mulher da violência. Armas brancas e de

Trânsito de temas comuns entre o JN e as telenovelas 40 Guilherme Jorge de ezende fogo, temas como a condenação sexual, em ações contra a fauna e de inocentes, violência nos presí- a ora e através da guerra. 22,6 dios, críticas ao sistema peniten- % do número de notícias veicu- ciário brasileiro zeram parte dos ladas pelo telejornal nas edições capítulos de “Vila Madalena”. estudadas mostraram alguma Solano (), em forma de violência. um dos capítulos, recebeu das As penitenciárias, espaço cê- mãos dos outros presidiários, nico mostrado em “Vila Madale- uma lista das leis de nidas pelos na”, se destacaram também no internos. Em episódios exibi- Jornal Nacional. No presídio de dos nos dias 13 e 14 de janeiro Piracicaba, no interior do Estado de 2000, Solano escapa de uma de São Paulo, 120 reféns viveram agressão a golpes de estilete, per- angustiantes 23 horas de tensão petrada por um grupo de presos, durante uma rebelião de detentos. comandados pelo personagem O ambiente do presídio re- Xerife (Adalberto Nunes). Aler- apareceu na notícia “Igreja nas tado a tempo por outro presidi- Grades”, onde presos que fun- ário seu amigo, o homossexual daram a Igreja Evangélica do Pink (Élcio Romar), Solano ilu- Presídio Ary Franco, no Rio de diu os seus desafetos ao colocar Janeiro, deram testemunho do na cama onde pretensamente processo de conversão. Segundo dormiria um boneco de pano. a informação do JN, o projeto Por ser outro fator relacio- “Igreja nas Grades” propiciou a nado à vida nos presídios, o ho- 320 seguidores várias mudanças mossexualismo foi descrito em positivas em suas vidas. cenas de “Vila Madalena”, es- O telejornal também apresen- pecialmente nas que mostraram tou uma série de reportagens so- a violência praticada contra os bre a venda irregular de armas no homossexuais. Em uma dessas Paraguai. Nos dias 10, 11, 13 e cenas, Pink é espancado por Xe- 17, dez minutos do JN denuncia- rife e seus comparsas por avisar ram a venda ilegal de vários tipos Solano de um atentado. de armas, inclusive uma caneta Em “Terra Nostra”, as cenas revólver, calibre 22, que mais mais marcantes de violência se parecia uma inovação criada nos passaram no capítulo exibido no lmes de agentes secretos. dia 10 de janeiro de 2000, em que Francesco (Raul Cortez) narrava à Paola (Maria Fernanda Cândi- A sedução da mobilidade do) os motivos de sua imigração da Itália para o Brasil. Francesco Uma das principais carac- envolvera-se em uma briga e, ten- terísticas da cultura de massa, tando se defender de um agressor segundo Edgar Morin, é a sua que o ameaçava com uma faca, capacidade de mobilizar o lazer acabou por matá-lo. coletivo, através dos espetácu- O tema violência se sobres- los, das competições, da televi- saiu no noticiário do Jornal Na- são, do rádio, da leitura de jor- cional, em várias situações: nas nais e revistas. “Não há dúvida rodovias brasileiras, no comércio de que mesmo com o jornal, o irregular de armas, no assédio rádio, a televisão, o lar nunca

COMUNIAÇÃO NFORMAÇÃO v. 12, n.2: p. 33-47 - jul./dez. 2009 41 foi tanto outro lugar” (MORIN, Além da modalidade sócio- 1967, p. 74). econômica, a promessa de mo- Thompson tem a mesma bilidade se expressa em outros apreciação sobre o poder mobi- modos de transformações, se- lizador da indústria cultural. Os jam elas geográ cas e até se- meios de comunicação se tornam xuais. O importante é que se “um multiplicador da mobilida- passe a impressão de que tudo de”, uma forma vicária de viajar está sujeito a mudanças, princi- que permite ao indivíduo se dis- palmente quando elas signi cam tanciar dos imediatos locais de alguma conquista para quem as sua vida diária” (THOMPSON, alcança. Nas telenovelas anali- 1998, p. 185). sadas foram múltiplos os exem- De todas as formas de mo- plos de mobilidade. bilidade uma das que se destaca é a sócio-econômica. DeFleur e Ball-Rokleach enfatizam que 1) Mobilidade conjugal “mobilidade virou meta co- mum”, sobretudo pelos contos A troca de estado civil é um do escritor norte-americano Ho- acontecimento corriqueiro. Os ratio Alger. Nessas narrativas, casais se separam e se casam conhecidas como o mito de Ho- com muita rapidez. Há ainda os ratio Alger, relata-se como um concubinatos, frequentes na vida grande número de pessoas real e nas tramas ccionais. O caso mais evidente de mo- Estavam determinadas a “subir bilidade conjugal nas duas te- trabalhando” - algo que não havia lenovelas aconteceu em “Terra sido possível nos sistemas mais rí- Nostra”. O sessentão Francesco gidos das sociedades tradicionais. (Raul Cortez) deixa a esposa Ja- Nem todos “subiram”, mas o sonho nete Magliano (Ângela Vieira) de fazê-lo foi amplamente compar- por uma relação amorosa com tilhado, e, de fato, a melhoria de a jovem Paola (Maria Fernanda status tornou-se necessária para Cândido), que deixa o seu ex- evitar-se ser rotulado de um “fra- parceiro, deputado Augusto Mar- casso”. A emergente cultura urba- condes (Gabriel Braga Nunes). no-industrial ressaltou o sucesso Os personagens Rosana (Ca- como princípio central dos estilos rolina Kasting), Giuliana (Ana de vida e pensamento de milhões de Paula Arósio), Mateo (Thiago indivíduos” (DEFLEUR E BALL- Lacerda) e Marco Antônio (Mar- ROKLEACH: p. 201-202). celo Anthony) passam quase toda a novela permutando parceiros. Em inúmeras obras de Alger, Em “Vila Madalena”, as re- a trama gira em torno de uma lações amorosas vividas por Eu- mesma fórmula, na qual “um gênia (Maitê Proença), Arthur rapaz pobre, porém digno que (Herson Capri) e Solano (Edson começa a vida como jornaleiro Celulari) demonstram a facilida- ou engraxate, supera obstáculos de com que se alteram as ligações impossíveis e atinge absoluto conjugais. Pillar (Cristiana Oli- sucesso” (DEFLEUR E BALL- veira), Solano (Edson Celulari) ROKLEACH, 1983, p. 201). e Roberto (Marcos Winter) for-

Trânsito de temas comuns entre o JN e as telenovelas 42 Guilherme Jorge de ezende mam outro núcleo, enquanto as casos de ascensão econômico-so- irmãs Bibiana (Yoná Magalhães) cial no desenrolar das narrativas. e Margot (Rosamaria Murtinho) Em todas as situações apresenta- e o personagem Franco (Francis- das, identi cou-se uma clara co- co Cuoco) protagonizam um ter- nexão entre mobilidade, iniciati- ceiro triângulo amoroso. va privada e liberdade. Em “Vila Madalena”, a moto de Cachorro Louco (Marcelo 2) Mobilidade geográ ca Farias) é um símbolo do suces- e social so da livre iniciativa. Em “Ter- ra Nostra”, o coche doado por Transitar de um lugar ao outro Francesco ao cocheiro da famí- também foi uma ação marcante lia, Damião (Gésio Amadeu), de mobilidade no enredo das te- revela outro êxito de uma inicia- lenovelas analisadas. Os meios de tiva privada. Damião passa a tra- transporte, nas duas telenovelas, balhar sem patrões, fato que está são instrumentos que viabilizam diretamente ligado à promoção as mudanças. Esse tipo de mobili- da liberdade. dade pôde ser facilmente identi - Bartolo (Antônio Calloni), cado nos capítulos dos dias de 10 quando deixa o trabalho nas fa- a 13, 15 e 17 de janeiro de 2000. zendas de Gumercindo (Antônio O metrô de “Vila Madalena” Fagundes) e parte para o interior serviu tanto para o deslocamento de São Paulo para cultivar uvas, geográ co quanto como meio sim- ganha do fazendeiro um cavalo bólico de ascensão social do subúr- e uma carroça – meios de trans- bio para as regiões da cidade mais porte essenciais para a mobilida- bem dotadas de equipamentos ur- de na zona rural. Bartolo aban- banos. De fato, esses deslocamen- dona o trabalho quase escravo tos são comuns na teledramaturgia a que eram submetidos os imi- por simularem a possibilidade de grantes italianos e torna-se dono promoção de uma classe conside- do seu próprio negócio. A condi- rada baixa economicamente para ção de construtores de sobrados outra mais elevada. em “Terra Nostra”, realizada por Em “Terra Nostra”, obser- Mateo (Thiago Lacerda) e seu vou-se uma grande quantidade parceiro italiano, Amadeo (Fá- de tomadas dentro do trem, do bio Dias), explicita também uma coche, do bonde, das carruagens iniciativa privada, de mobilidade ou, até mesmo cenas em que os e de liberdade. personagens aparecem montados Tão significativa quanto às em cavalos, representando a faci- outras situações de mobilidade lidade que se tem de se deslocar foi a protagonizada por Paola de um local ao outro. no ambiente onde funcionará a sua emancipadora Fábrica de Macarrão. 3) Mobilidade sócio-econômica Em “Vila Madalena”, a ini- ciativa privada também é vista Os exemplos de mobilidade como fator de mobilidade. Pillar mais visíveis que as duas teleno- (Cristiana Oliveira) e Raquel (Lu- velas mostraram se referiram a íza Tomé) administram negócios

COMUNIAÇÃO NFORMAÇÃO v. 12, n.2: p. 33-47 - jul./dez. 2009 43 próprios. A primeira, uma peque- ra Nostra” e o mito de Horatio na empresa que presta serviços de Alger, foi relativa aos engraxates organização de festas infantis e a brasileiros que construíram uma segunda, um restaurante. carreira promissora em Nova Iorque. Com o sucesso empre- sarial, tornaram-se homens de Mobilidade no jornal nacional negócio e garantiram conforto para suas famílias. O Jornal Nacional exibiu também exemplos de mobilida- de, um deles quanto à liberdade Breves considerações sexual, em noticia sobre uma ci- dadã carioca, Rosemari da Costa, O sincretismo da realidade e que discutiu com policiais na orla da cção é um fenômeno univer- marítima do pelo sal. Na televisão brasileira, essa direito de fazer “topless”. fusão do real e do imaginário se Ainda no âmbito do compor- consolidou com mais intensidade tamento sexual, outra matéria - no horário nobre da programação Os homossexuais na Grã-Breta- da emissora líder de audiência, nha ganharam o direito de servir Rede Globo. Há décadas milhões às forças armadas - destacou a de brasileiros acompanham re- homossexualidade como uma es- gularmente – para não dizer re- colha diferente da convencional. ligiosamente – a sequência mais As representações no campo atraente de programas: novela da mobilidade econômica foram das sete, Jornal Nacional – no- frequentes. Manifestaram-se em vela das nove. informações sobre o movimento Assegurar a delidade de das bolsas de valores, a respeito uma audiência tão numerosa e das possibilidades de se quitar heterogênea requer uma grande uma dívida ou diretamente rela- dose de dedicação, criatividade cionadas a práticas do consumo: e talento. É preciso, todos os o uso de cartão de crédito como dias, manter a continuidade do nova mania nacional e o cres- espetáculo televisivo dentro de cente hábito de fazer compras padrões técnicos e estéticos ri- via Internet. gorosos. Essa operação envol- Os ambulantes de tempora- ve um meticuloso trabalho para da constituíram um exemplo de prover a programação do equi- vida, exibido no nal da edição líbrio adequado das porções de do dia 12. Vendedores de Fortale- realidade e cção, no trânsito za, Vitória da Conquista, Brasília entre as novelas e o jornalismo. e do interior da Bahia circularam A proposta deste estudo foi pelas praias cariocas no verão a descrever, com base em ob- m de aumentar suas economias servações empíricas, como se e espantar o desemprego. dá um processo paralelo e com- Entretanto, a notícia mais plementar ao do sincretismo: a emblemática da possibilidade de abordagem de temas comuns ascensão, articulada com a situ- nas emissões jornalísticas e dra- ação do personagem Tizil (An- matúrgicas. Na análise qualita- dré Gomes) da telenovela “Ter- tiva, identi camos o que pode-

Trânsito de temas comuns entre o JN e as telenovelas 44 Guilherme Jorge de ezende ria parecer mera coincidência: de transmitir uma mensagem de o noticiário e a novela tratando esperança ao indicar as possibi- dos mesmos assuntos em pers- lidades de transformação. A nal pectivas distintas. Infância mal- de contas, nenhuma audiência tratada, violência sem controle, suportaria o contato diário com a mobilidade como redenção tantas notícias terríveis se não libertadora. recebesse ao menos um sinal de Assim, poderíamos dizer que que as coisas podem melhorar. ao se referir enfaticamente a es- Ilusão, manipulação, alienação, ses temas, o horário nobre da te- alento. Cada telespectador lida levisão não ignora os problemas com essas questões de acordo sociais. Ao contrário, desnuda- com suas convicções e experi- os. No entanto, não se esquece ências culturais.

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