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Moluscos e crustáceos do sítio de ocupação do menir de Padrão 1 (Vila do Bispo, Algarve, Portugal): aspetos da dieta alimentar e da ecologia litoral num contexto costeiro do Neolítico antigo

Moluscos y crustáceos del yacimiento de ocupación del menhir de Padrão 1 (Vila do Bispo, Algarve, Portugal): aspectos de la dieta alimentaria y de la ecología litoral en un contexto costero del Neolítico antiguo Mollusks and crustaceans from the menhir of Padrão 1 (Vila do Bispo, Algarve, Portugal) occupation site: aspects of the food diet and seashore ecology in a coastal context from the early Neolithic

Pedro Miguel Callapez1,2 & Ricardo Pimentel3 1. Departamento de Ciências da Terra, Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, Rua Sílvio Lima, 3030-790 Coimbra, Portugal. [email protected] 2. CITEUC - Centro de Investigação da Terra e do Espaço da Universidade de Coimbra, Observatório Astronómico, Almas de Freire, Santa Clara, 3040-004 Coimbra, Portugal 3. Agrupamento de Escolas de Guia, Rua Fundadores do Colégio, 3105-075 Guia, Portugal. ricardo- [email protected]

Recibido: 15 de noviembre de 2018. Aceptado: 12 de diciembre de 2018. Publicado en formato electrónico: 20 de diciembre de 2018.

Palavras-chave: Invertebrados marinhos, Captura e consumo alimentar, Ecologia e paleoambiente, Neolítico antigo, Menir de Padrão 1 (Vila do Bispo). Palabras clave: Invertebrados marinos, Captura y consumo de alimentos, Ecología y paleoambiente, Neolítico antiguo, Menhir de Padrão 1 (Vila do Bispo, SW Portugal). Key words: Marine invertebrates, Supply and food consumption, Ecology and palae- oenvironment, Early Neolithic, Padrão 1 menhir (Vila do Bispo, SW Portugal).

Resumo O menir de Padrão 1 constitui um dos monumentos mais representativos do núcleo me- galítico de Sagres - Vila do Bispo, localizado no extremo sudoeste do Algarve (sul de Portugal). Nas intervenções arqueológicas de que foi alvo em 1984 e 1994, sob direção de Mário Varela Gomes, foi efetuada uma amostragem exaustiva de concentrações de restos esqueléticos de in- vertebrados marinhos presentes num contexto de ocupação do Neolítico antigo. Considerando a sua importância para o entendimento das estratégias de subsistência, economia alimentar e práticas culturais durante este intervalo marcante da Pré-história recente, procedeu-se ao seu estudo zooarqueológico. Contabilizou-se um número mínimo de 1496 indivíduos pertencentes a 25 espécies de moluscos bivalves e gastrópodes, três de crustáceos e uma de anelídeo poli- queta. A sua composição, abundância relativa e análise paleoecológica sugerem práticas locais de subsistência, ligadas à exploração oportunista de espécies comestíveis. A recoleção seletiva incidiu em áreas rochosas expostas do litoral próximo (Patella depressa, P. ulyssiponensis, Mytilus galloprovincialis, Perna perna, Stramonita haemastoma, Pollicipes pollicipes), mas também em meio estuarino ou lagunar hoje já desaparecido (Cerastoderma edule, Ruditapes decussatus). A asso- ciação presente, com destaque para P. perna, S. haemastoma e Siphonaria pectinata, é compatível com o ótimo climático holocénico, durante o qual espécies mediterrânicas e oeste-africanas ampliaram a sua área de repartição biogeográfica para norte, até à costa portuguesa. Destaca-se, ainda, a ocorrência de P. perna, dado o seu possível carácter inédito em contextos pré-históricos portugueses.

doi: 10.29077/bol/112/ce06_callapez ISSN: 2659-2703 -53- Callapez, P.M. & Pimentel, R.

Resumen El menhir de Padrão 1 constituye uno de los monumentos más representativos del núcleo megalítico de Sagres - Vila do Bispo, ubicado en el extremo suroeste del Algarve (sur de Portu- gal). En las intervenciones arqueológicas de que fue objeto en 1984 y 1994, dirigidas por Mário Varela Gomes, se efectuó un muestreo exhaustivo de concentraciones de restos esqueléticos de invertebrados marinos en un contexto de ocupación del Neolítico antiguo. Considerando su importancia para el entendimiento de las estrategias de subsistencia, economía alimentaria y prácticas culturales durante este intervalo importante de la Prehistoria reciente, se procedió a su estudio zooarqueológico. Se contabilizó un número mínimo de 1496 individuos pertene- cientes a 25 especies de moluscos bivalvos y gasterópodos, tres de crustáceos y una de gusano poliqueto. Su composición, abundancia relativa y análisis paleoecológico sugieren prácticas loca- les de subsistencia, ligadas a la explotación oportunista de especies comestibles. La recolección selectiva se centró en áreas rocosas expuestas del litoral próximo (Patella depressa, P. ulyssiponen- sis, Mytilus galloprovincialis, Perna perna, Stramonita haemastoma, Pollicipes pollicipes), pero también en un medio estuarino o lagunar hoy ya desaparecido (Cerastoderma edule, Ruditapes decussatus). Esta asociación, especialmente P. perna, S. haemastoma y Siphonaria pectinata, es compatible con el óptimo climático del Holoceno, durante el cual las especies del Mediterráneo y de África Occidental extendieron su área de distribución biogeográfica hacia al norte, hasta la costa por- tuguesa. Se destaca también la presencia de P. perna, dada su posible primera cita en contextos prehistóricos portugueses.

Abstract The menhir of Padrão 1 has been known as one of the most representative monuments from the megalithic nucleus of Sagres - Vila do Bispo, in the southwest end of Algarve (South of Portugal). During two archaeological interventions made in 1984 and 1994, under direction of Mário Varela Gomes, an exhaustive sampling of concentrations of skeletal remains of marine invertebrates from an early Neolithic settlement context was made. Considering its importance to understand subsistence strategies, food economy and cultural practices during this important interval of recent Prehistory, the zooarchaeological study of this assemblage was carried out. A minimal number of 1496 individuals was counted, including 25 of bivalve and gastropod mollusks, three of crustaceans and one of polychaete worm. Its composition, relative abundance and paleoecologic analysis suggest local strategies of subsistence based on the opportunistic exploitation of edible species. The selective recollection was more effective on intertidal rocky shores available in the proximity (Patella intermedia, P. ulyssiponensis, Mytilus galloprovincialis, Perna perna, Stramonita haemastoma, Pollicipes pollicipes), but also made from a possible estuarine or lagoonal environment already disappeared (Cerastoderma edule, Ruditapes decussatus). The faunal association, with emphasis on P. perna, S. haemastoma and Siphonaria pectinata, is compatible with the Holocene climatic optimum, when several Mediterranean and West-African species have extended their biogeographic ranges northwards, till the Portuguese coast. The mytilid P. perna also stands out, as the first occurrence of this species in Portuguese Pre-historic contexts.

1. Introdução A ocorrência de concentrações de restos esqueléticos de invertebrados marin- hos é muito comum em contextos arqueológicos do Mesolítico e do Neolítico antigo de Portugal, sobretudo se localizados na proximidade de áreas costeiras ou estuarinas (e.g. Silva & Soares, 1993, 1998; Araújo, 1998; Carvalho & Cardoso, 2003; Carvalho & Valente, 2005; Carvalho et al., 2010; Valente, 2010; Detry & Arruda, 2012). Relacio- na-se, sobretudo, com estratégias de subsistência assentes na exploração oportunista e no consumo alimentar de espécies comestíveis de moluscos e de crustáceos, cujos efetivos populacionais propiciariam condições favoráveis de abundância local e de fácil predação em biótopos costeiros dos andares litoral e infralitoral superior, numa época em que o meio ainda se encontraria no limiar do seu estado natural original, propician- do recursos intocados pelo homem ou, quando muito, sujeitos a influências antrópicas bastante pontuais. A importância desta economia de subsistência encontra-se hoje bem documentada, integrando-se em práticas de recoleção que remontam ao Paleolítico (e.g. Roche, 1982; Bicho, 1994, 2004; Callapez, 2000, 2003; Zilhão, 2001; Haws, 2003; Bicho & Haws, 2008) e persistem, de certa forma, até à modernidade, através de uma herança cultural milenar, subjacente a hábitos alimentares e gastronómicos (Callapez et al., 2017). Naquilo que é um dos seus registos mais significativos, a presença de restos es- queléticos de invertebrados marinhos impõe-se através de numerosas estruturas de concheiro, cujos depósitos abrangem um intervalo cronológico consentâneo com o Mesolítico, o Neolítico antigo, ou posterior, e se repartem, em grande medida, por sítios da costa sudoeste portuguesa e dos vales fluviais do Baixo Tejo e do Sado (e.g. Roche, 1972; Silva & Soares, 1997; Zilhão, 1998; Arnaud, 2000; Bicho et al., 2010; Diniz & Arias, 2012). A prevalência destes contextos situados na dependência da faixa costeira

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e das áreas estuarinas dos rios portugueses, desenvolvidas na dependência da “trans- gressão flandriana” (e.g. Dias et al., 1997), é, por outro lado, indissociável de muitas ou- tras ocorrências dispersas através do litoral espanhol, na Cantábria e na envolvente das rias da Galiza, ou ainda, em diversos pontos da fachada mediterrânica (e.g. Gutiérrez- Zugasti, 2006, 2008; Gutiérrez-Zugasti et al., 2011; Cortés Sanchéz et al., 2012). Para além desta sua importância enquanto recurso alimentar, o aproveitamento de restos esqueléticos de invertebrados marinhos também se verificou ao nível de práticas e de vivências quotidianas das comunidades da época, através da sua utilização como acessórios, instrumentos ou objetos decorativos. Os exemplos conhecidos em Portugal, descrevem conchas de moluscos bivalves ou gastrópodes que, graças à sua forma apropriada ou aspeto estético apelativo, foram objeto de utilização pontual como utensílios, ou ainda, como elementos de adorno, através de práticas que remontam ao Paleolítico e se generalizaram durante o Neolítico, relacionando-se com uma diversida- de de locais de ocupação e de contextos funerários (e.g. Silva & Cabrita, 1966; Ferreira & Roche, 1980; Zilhão, 1992, 1997; Chauvière, 2002; Vanhaeren & D’Errico, 2002; Zilhão et al., 2010; Tátá et al., 2013; Dean & Carvalho, 2014; Carvalho et al., 2016). O desenvolvimento destes temas, em que o estudo de concentrações de restos esqueléticos de invertebrados de ambientes marinhos ou de transição, preservadas in- situ em contextos arqueológicos, permite inferir aspetos de índole económica e cultu- ral relacionados com fases de ocupação, constitui, assim, uma mais-valia para o estudo e interpretação de sítios com diferentes cronologias e significados (Callapez et al., 2016). Neste domínio, apresentam-se, na presente investigação, os resultados da análise taxonómica e quantitativa de uma coleção de restos esqueléticos de invertebrados marinhos pertencente ao espólio arqueológico do menir de Padrão 1, monumento que constitui um dos registos mais expressivos do núcleo megalítico de Sagres - Vila do Bispo, localizado no extremo sudoeste do Algarve (e.g. Gomes, 1983, 1997; Gomes & Silva, 1987) (Figura 1). Erigido a sul da localida- de de Raposeira, no concelho de Vila do Bispo, numa peque- na elevação situada não longe da faixa litoral, este menhir e a sua envolvente foram objeto de duas intervenções arqueológicas levadas a cabo, respetivamente, em 1984 e 1994, sob direção de Mário Varela Gomes (Gomes, 1994, 1997; Carvalho, 2008; Go- mes & Paulo, 2011). Destas, a pri- meira incidiu, sobretudo, numa estrutura de lareira associada a um pequeno concheiro, designa- da por “Lareira 1” (Figura 2), da qual duas datações de radiocar- bono efetuadas a partir de valvas de Cerastoderma e de Ruditapes forneceram idades calibradas de 5366 e 5484 cal. A.C. (Gomes, 1997). Este intervalo é consentâ- neo com o Andar Nortegripiano, recém-estabelecido como subdi- visão da parte média do Holocé- nico (Walker et al., 2018) e no qual se deverá inserir o essencial das cronologias determinadas para o Neolítico português, con- temporâneas da melhoria climá- Figura 1. Localização do arqueossítio do menir de Padrão 1 (Raposeira, Vila do Bispo, Algarve, Portugal). A) Mapa geográfico simplificado da área sul do tica generalizada que acompan- concelho de Vila do Bispo, com representação do local em estudo. B-C) hou a “transgressão flandriana”. Localização nos contextos ibérico e do Algarve ocidental. D) Panorâmica Quanto à segunda inter- recente do menir de Padrão 1, depois de reerguido. venção efetuada no sítio de Pa- drão 1, esta revelou num con- junto de sepulturas visigóticas

Bol. R. Soc. Esp. Hist. Nat., 112, 2018 -55- Callapez, P.M. & Pimentel, R. sobrepostas a uma camada com arte- factos do Neolítico antigo (Gomes & Paulo, 2011). Destes trabalhos resultou um acervo considerável de restos esque- léticos de moluscos e de crustáceos, o qual, pelas suas características e ele- mentos líticos e cerâmicos associados, se contextualiza na etapa inicial de neo- litização do território, contemporânea de um intervalo de acentuada melhoria climática, que a própria dispersão bio- geográfica de algumas das espécies pre- sentes parece corroborar. Desta forma, a sua análise reveste-se de um duplo interesse, ao juntar a pertinência do estudo de espécies comestíveis e seu significado quanto a hábitos e estraté- gias de recoleção e subsistência, a uma avaliação de aspetos biogeográficos e paleoclimáticos, fundamentada na oco- rrência de elementos faunísticos com possível carácter termófilo warm-(“ guests”). Neste sentido, contribui tam- bém para o conhecimento do Neolíti- co antigo da região de Sagres - Vila do Figura 2. Planta (A) e corte (B) do menir de Padrão 1 (Rapo- Bispo, tendo em conta ser este um dos seira, Vila do Bispo), com representação da estrutura de espaços indissociáveis para o entendi- lareira (Lareira 1) [Fonte: Gomes, 1997]. mento das evoluções tecnológicas e culturais que acompanharam a fixação das primeiras populações neolíticas e o início do megalitismo em Portugal (e.g. Zbys- zewski et al., 1981; Gomes & Silva, 1987; Gomes, 1994, 1997; Carvalho & Cardoso, 2003).

2. Elenco taxonómico e diversidade

Durante a intervenção arqueológica do menir de Padrão 1 (Gomes & Silva, 1987; Gomes & Paulo, 2011) procedeu-se à amostragem exaustiva das conchas, tecas e outros elementos de invertebrados encontrados nas quadrículas escavadas, daí resultando a recolha de 1892 restos esqueléticos, cujo estado de preservação tafonómica permite, com escassas exceções, a identificação das espécies correspondentes. Este acervo foi constituído em 1994 e encontra-se conservado no Laboratório de Arqueologia da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Em 2007, cerca de 13 anos após a conclusão dos trabalhos de campo, foi disponibilizado para estudo ao primeiro dos autores, daí tendo resultado um relatório exaustivo para pu- blicação, entregue a Mário Varela Gomes, o arqueólogo responsável pela intervenção arqueológica. A coleção em causa mereceu, também, a atenção de Carvalho (2008), em curta análise incluída na sua extensa monografia sobre o megalitismo do sudoeste do Algarve. O seu estudo taxonómico resultou na identificação de 29 espécies marinhas e salobras, das quais 16 de moluscos bivalves e nove de gastrópodes, para além de duas de crustáceos cirrípedes, um decápode e um anelídeo poliqueta. Esta associação é consentânea com as faunas modernas do litoral europeu e norte-africano, integrando espécies de identificação relativamente simples, ainda hoje amplamente representadas na costa portuguesa (e.g. Saldanha, 1997). Para efeitos de classificação taxonómica e ordenamento sistemático de conjunto, consideraram-se as propostas de Bieler et al. (2010, 2014), Huber (2010, 2014) e Car- ter et al. (2011) para os bivalves, e de Bouchet et al. (2005, 2017) para os gastrópo- des, complementando-as com as monografias deWenz (1938-44) e de Moore (1960, 1969), enquanto trabalhos exaustivos de referência, conservativos quanto a géneros e famílias. A base de dados WoRMS foi, também, utilizada como recurso. Na identificação das espécies e sua classificação taxonómica seguiram-se, ainda, diversos guias e trabalhos monográficos sobre a fauna europeia, com destaque para os de Rolán (1984), van Aartsen et al. (1984), Rolán et al. (1989), Sabelli et al. (1990),

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Poppe & Goto (1991, 1993), Rodríguez & Sánchez (1997), Bouchet et al. (2001) e Peñas et al. (2006). Com respeito à fauna portuguesa, também se tiveram em conta os contributos de Nobre (1931, 1936, 1940) e Saldanha (1997), bem como as atualiza- ções de Turkay (2001), Pitombo (2004) e Buckeridge & Newman (2006) extensíveis aos crustáceos. O elenco taxonómico é composto pelas seguintes espécies (Figuras 3-5):

Filo Classe Linnaeus, 1758 Subclasse Beurlen, 1944 Ordem Férussac, 1822 Superfamília Mytiloidea Rafinesque, 1815 Família Mytilidae Rafinesque, 1815 Subfamília Mytilinae Rafinesque, 1815 Género Mytilus Linnaeus, 1758 Mytilus galloprovincialis Lamarck, 1819 (Figura 3A-B) Género Perna Philipsson, 1788 Perna perna (Linnaeus, 1758) (Figura 3C-E)

Ordem Stolikzca, 1871 Superfamília Arcoidea Lamarck, 1809 Família Dall, 1908 Género da Costa, 1778 (Linnaeus, 1758) (Figura 3F)

Ordem Férussac, 1822 Superfamília Ostreoidea Rafinesque, 1815 Família Ostreidae Rafinesque, 1815 Subfamília Ostreidae Rafinesque, 1815 Género Ostrea Linnaeus, 1758 Ostrea edulis Linnaeus, 1758 (Figura 3G-H)

Ordem Pectinida Gray, 1854 Superfamília Pectinoidea Rafinesque, 1815 Família Pectinidae Rafinesque, 1815 Subfamília Pedinae Bronn, 1862 Género Mimachlamys Iredale, 1929 Mimachlamys varia (Linnaeus, 1758) (Figura 3I)

Subclasse Neumayr, 1884 Ordem Lucinida Gray, 1854 Superfamília Lucinoidea Fleming, 1828 Família Lucinida Fleming, 1828 Género Loripes Poli, 1791 Loripes orbiculatus (Poli, 1791) (Figura 3J-K)

Superfamília Hilatelloidea Gray, 1824 Família Hiatellidae Gray, 1824 Género Panopaea Ménard de la Groye, 1807 Panopaea glycimeris (Von Born, 1778) (Figura 3L)

Ordem Férussac, 1822 Superfamília Cardioidea Lamarck, 1809 Família Cardiidae Lamarck, 1809 Subfamília Lymnocardiinae Stoliczka, 1870 Género Cerastoderma Poli, 1795 Cerastoderma edule (Linnaeus, 1758) (Figuras 3M, 4A-B) Género Gray, 1851 Acanthocardia aculeata (Linnaeus, 1758) (Figura 4C)

Bol. R. Soc. Esp. Hist. Nat., 112, 2018 -57- Callapez, P.M. & Pimentel, R. Superfamília Blainville, 1814 Família Tellinidae Blainville, 1814 Subfamília Gastraninae Huber, Langleit & Kreipl, 2015 Género Gastrana Schumacher, 1817 Gastrana fragilis (Linnaeus, 1758) (Figura 4D)

Família Stolikzca, 1870 Género Schumacher, 1815 Scrobicularia plana (da Costa, 1778) (Figura 4E-F)

Ordem Venerida Gray, 1854 Superfamília Veneroidea Rafinesque, 1815 Família Veneridae Rafinesque, 1815 Subfamília Venerinae Rafinesque, 1815 Género Venus Linnaeus, 1758 Venus verrucosa Linnaeus, 1758 (Figura 4G) Género Ruditapes Chiamenti, 1900 Ruditapes decussatus (Linnaeus, 1758) (Figura 4H-I) Género Polititapes Chiamenti, 1900 Polititapes aureus (Gmelin, 1791) (Figura 4J) Género Callista Poli, 1791 Callista chione (Linnaeus, 1758) (Figura 4K)

Superordem Imparidentia Bieler, Mikkelsen & Giribet, 2014 Superfamília Ungulinoidea Gray, 1854 Família Ungulinidae Gray, 1854 Género Diplodonta Bronn, 1831 Diplodonta rotundata (Montagu, 1803) (Figura 4L)

Classe Gastropoda Cuvier, 1795 Subclasse Patellogastropoda Lindberg, 1986 Superfamília Patelloidea Rafinesque, 1815 Família Patellidae Rafinesque, 1815 Género Patella Linnaeus, 1758 Patella depressa Pennant, 1777 (Figura 4M-N) Patella rustica Linnaeus, 1758 (Figura 4O-P) Patella ulyssiponensis Gmelin, 1791 (Figura 5A-B)

Subclasse Caenogastropoda Cox, 1960 Superfamília Cerithioidea Fleming, 1822 Família Cerithiida Fleming, 1822 Subfamília Cerithiina Fleming, 1822 Género Cerithium Bruguière, 1789 Cerithium vulgatum Bruguière, 1792 (Figura 5C)

Ordem Neogastropoda Wenz, 1938 Superfamília Buccinoidea Rafinesque, 1815 Família Nassariidae Iredale, 1916 Subfamília Nassariinae Iredale, 1916 Género Tritia Risso, 1826 Tritia reticulata (Linnaeus, 1758) (Figura 5D)

Superfamília Muricoidea Rafinesque, 1815 Família Muricidae Rafinesque, 1815 Subfamília Muricinae Rafinesque, 1815 Género Hexaplex Perry, 1810 Hexaplex trunculus (Linnaeus, 1758) (Figura 5E)

Subfamília Rapaninae Gray, 1853 Género Stramonita Schumacher, 1817 Stramonita haemastoma (Linnaeus, 1767) (Figura 5F-G)

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Subfamília Ocenebrinae Cossmann, 1903 Género Nucella Röding, 1798 Nucella lapillus (Linnaeus, 1758) (Figura 5H)

Subclasse Heterobranchia Burmeister, 1837 Ordem Siphonariida Superfamília Siphonarioidea Gray, 1827 Família Siphonariidae Gray, 1827 Género Siphonaria G. B. Sowerby I, 1823 Siphonaria pectinata (Linnaeus, 1758) (Figura 5I-J) Classe Polychaeta Grube, 1850 Subclasse Sedentaria Lamarck, 1818 Ordem Sabellida Família Serpulidae Rafinesque, 1815 Género Serpula Linnaeus, 1758 Serpula sp.

Filo Arthropoda von Siebold, 1848 Subfilo Crustacea Brünnich, 1772 Classe Hexanauplia Oakley, Wolfe, Lindgren & Zaharof, 2013 Infraclasse Cirripedia Burmeister, 1834 Superordem Thoracica Darwin, 1854 Ordem Scalpelliformes Buckeridge & Newman, 2006 Família Pollicipedidae Leach, 1817 Género Pollicipes Leach, 1817 Pollicipes pollicipes (Gmelin, 1790) (Figura 5K-M)

Ordem Sessilia Lamarck, 1818 Subordem Balanomorpha Pilsbry, 1916 Superfamília Balanoidea Leach, 1817 Família Balanidae Leach, 1817 Subfamília Concavinae Género Perforatus Pitombo, 2004 Perforatus perforatus (Bruguière, 1789) (Figura 5N)

Classe Malacostraca Latreille, 1802 Ordem Decapoda Latreille, 1802 Superfamília Eriphioidea Macleay, 1838 Família Eriphiidae Macleay, 1838 Género Eriphia Latreille, 1817 Eriphia verrucosa (Forsskål, 1775) (Figura 5O)

3. Análise quantitativa A amostragem de restos esqueléticos de invertebrados marinhos é composta por 19 coleções, as quais são representativas de 18 das quadrículas escavadas e de uma es- trutura de combustão contígua ao topo do menir tombado (Gomes & Silva, 1987; Gomes, 1997). Da sua análise quantitativa resultou a contabilização de 1892 restos esqueléti- cos, os quais foram repartidos por espécie e determinadas as respetivas frequências absolutas e relativas por quadrícula e totais (Tabela I). Este processo de cálculo com- preendeu correções aproximativas, por forma a determinar o número mínimo de indi- víduos originais, tendo em conta a fragmentação in loco de restos esqueléticos perten- centes aos mesmos espécimes, bem como a ocorrência de elementos desarticulados, representativos de espécies cuja morfologia compreende múltiplas partes esqueléticas, nomeadamente moluscos bivalves, crustáceos cirrípedes e decápodes. Nos primeiros contabilizou-se a valva esquerda ou direita, numericamente dominante, por espécie e por quadrícula amostrada, considerando-se apenas valvas completas e fragmentos com charneira. Nos crustáceos cirrípedes (perceves), nos quais o número de placas do capí- tulo ascende a 18 ou mais (Alvárez-Fernández et al., 2010), contabilizaram-se apenas as placas de maior dimensão (tergum e scutum) por amostra, dividindo o valor obtido por quatro, como forma de estimar o número mínimo de indivíduos. Nos balanídeos (cracas), cada cluster foi contabilizado individualmente. Nos poucos restos de crustá- ceos decápodes amostrados, a estimativa do número de indivíduos foi inferida através

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Figura 3. Espécies de invertebrados marinhos amostrados no contexto de Neolítico antigo do arqueos- sítio do menir de Padrão 1 (Raposeira, Vila do Bispo). A-B - Mytilus galloprovincialis Linnaeus, 1758. Quadrícula Q10. Valva esquerda; C - Perna perna (Linnaeus, 1758). Quadrícula Q9. Fragmento de valva direita; D - P. perna (Linnaeus, 1758). Quadrícula Q5. Fragmento de valva direita; E - P. perna (Lin- naeus, 1758). Quadrícula Q17. Fragmento de valva direita; F - Glycymeris nummaria (Brocchi, 1814). Quadrícula Q9. Valva direita; G - Ostrea edulis Linnaeus, 1758. Quadrícula Q10. Valva esquerda; H - O. edulis Linnaeus, 1758. Quadrícula Q9. Valva esquerda; I - Mimachlamys varia (Linnaeus, 1758). Lareira 1. Fragmentos de valva; J - Loripes orbiculatus (Lamarck, 1818). Quadrícula Q9. Valva esquerda; K - L. orbiculatus (Lamarck, 1818). Quadrícula Q9. Valva direita; L - Panopaea glycimeris (Von Born, 1778). Quadrícula Q5. Fragmento com abrasão post-mortem; M - Cerastoderma edule (Linnaeus, 1758). Qua- drícula Q6. Valva direita. Escala = 1 cm.

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Figura 4. Espécies de invertebrados marinhos amostrados no contexto de Neolítico antigo do arqueos- sítio do menir de Padrão 1 (Raposeira, Vila do Bispo, Algarve, Portugal). A-B - Cerastoderma edule (Linnaeus, 1758). Quadrícula Q6. Valva direita. C - Acanthocardia aculeata (Linnaeus, 1758). Lareira 1. Fragmento de valva direita; D - Gastrana fragilis (Linnaeus, 1758). Quadrícula Q9. Valva direita; E - Scro- bicularia plana (Da Costa, 1758). Lareira 1. Fragmento de valva esquerda; F - S. plana (Da Costa, 1758). Lareira 1. Fragmento de valva direita; G - Venus verrucosa Linnaeus, 1758. Quadrícula Q18. Valva direita; H-I - Ruditapes decussatus (Linnaeus, 1758). Quadrícula Q8. Valva esquerda; J - Polititapes aureus (Gme- lin, 1791). Lareira 1. Valva esquerda; K - Callista chione (Linnaeus, 1758). Quadrícula Q6. Fragmento de valva com abrasão post-mortem; L - Diplodonta rotundata (Montagu, 1803). Lareira 1. Valva esquerda; M - Patella depressa Pennant, 1777. Quadrícula Q4; N - P. depressa Pennant, 1777. Quadrícula Q18; O-P - Patella rustica Linnaeus, 1758. Quadrícula Q4. Escala = 1 cm.

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Figura 5. Espécies de invertebrados marinhos amostrados no contexto de Neolítico antigo do arqueossítio do menir de Padrão 1 (Raposeira, Vila do Bispo). A - Patella ulyssiponensis Gmelin, 1791. Quadrícula Q10; B - P. ulyssiponensis Gmelin, 1791. Quadrícula Q13. Espécime com marca de percussão intencional para sua extração da rocha; C - Cerithium vulgatum (Bruguière, 1792). Lareira 1. D - Tritia reticulata (Linnaeus, 1758). Quadrícula Q11; E - Hexaplex trunculus (Linnaeus, 1758). Quadrícula Q11. Fragmento com a es- pira e a columela percutidas intencionalmente; F - Stramonita haemastoma (Linnaeus, 1767). Quadrícula Q11; G - S. haemastoma (Linnaeus, 1767). Quadrícula Q7. Espécime com bioerosão pre-mortem provo- cada por Cliona; H - Nucella lapillus (Linnaeus, 1758). Quadrícula Q17; I-J - Siphonaria pectinata (Linnaeus, 1758). Quadrícula Q10; K-M - Pollicipes pollicipes (Gmelin, 1790). Quadrícula Q5. Tergum; N - Perforatus perforatus (Bruguière, 1789). Quadrícula Q11; O - Eriphia verrucosa (Forsskål, 1775). Quadrícula Q7. Pinça incompleta. Escala = 1 cm.

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Tabela I. Frequências absolutas das espécies de invertebrados marinhos amostradas (N=1496) na estrutura de lareira (Lareira 1) e nas quadrículas P10, Q3 a Q20 do contexto de Neolítico antigo do arqueossítio do menir de Padrão 1 (Raposeira, Vila do Bispo) e frequência e relativa, em percentagem, de cada espécie face número de indivíduos contabilizados em todas as quadrículas amostradas. 100 6,89 1,47 0,07 1,67 0,13 0,74 0,07 6,68 0,07 0,87 0,27 0,20 0,07 6,89 0,20 0,07 1,87 0,87 0,07 0,20 3,61 0,07 2,54 0,40 3,48 1,47 0,07 44,39 14,64 % total 1 2 1 1 4 3 1 3 1 1 3 1 6 1 22 25 11 13 28 13 54 38 52 22 103 100 103 664 219 1496 Totais 2 1 2 5 Q20

2 1 2 1 3 1 13 23 Q19 4 1 4 1 2 1 5 1 41 60 Q18 2 2 1 6 1 3 6 2 1 4 33 61 Q17 1 1 2 Q16 1 1 2 Q15 2 1 3 Q14 1 1 1 13 16 Q13 2 2 1 5 Q12 3 4 6 1 1 1 1 1 1 12 37 10 11 15 219 323 Q11 4 3 3 7 2 3 5 2 8 1 10 20 42 14 Q9 137 261 4 4 2 2 6 3 1 5 1 11 31 11 13 Q8 100 194 2 3 5 2 3 1 1 10 21 48 Q7 1 2 1 1 5 1 2

14 27 Q6 1 2 1 1 2 1 5 2 5 3 1 1 2 2 29 Q5 1 3 1 3 8 Q4 1 3 5 1 1 11 Q3 3 2 8 4 1 4 4 56 25 107 P10 4 6 2 7 1 6 4 1 3 1 7 4 1 5 2 2 3 63 19 90 20 44 16 311 LAR1 sp. Espécie Mytilus galloprovincialis Perna perna Perna Glycymeris nummaria Ostrea edulis Ostrea Mimachlamys varia Loripes orbiculatus Panopaea glycimeris Panopaea Cerastoderma edule Cerastoderma Acanthocardia aculeata Acanthocardia Gastrana fragilis Gastrana Scrobicularia plana Venus verrucosa Venus Callista chione Rudiapes decussatus Polititapes aureus Polititapes Diplodonta rotundata Patella rustica Patella Patella depressa Patella Patella ulyssiponensis Patella Cerithium vulgatum Tritia reticulata Tritia Hexaplex trunculus Stramonita haemastoma Stramonita Nucella lapillus Siphonaria pectinata Serpula Balanus Perforatus Pollicipes pollicipes Pollicipes Eriphia verrucosa Totais por quadrícula Totais

Bol. R. Soc. Esp. Hist. Nat., 112, 2018 -63- Callapez, P.M. & Pimentel, R. dos fragmentos de pinças presentes, consi- derando serem estas as partes esqueléticas mais resistentes. Desta forma, a contabili- zação por estimativa do número mínimo de indivíduos presentes na amostragem ascen- deu a apenas 1496, por comparação com a amostragem total inicial de 1892 restos esqueléticos (Figura 6). As espécies numericamente domi- nantes correspondem a moluscos bivalves e gastrópodes comestíveis, com destaque para as lapas (Patella depressa - 44,39% e P. ulyssiponensis - 14,64%), o mexilhão (Mytilus galloprovincialis - 6,89%), a amêijoa (Ruditapes decussatus - 6,89%) e o berbigão (Cerasto- derma edule - 6,68%). Embora com menor frequência relativa, seguem-se a craca (Per- Figura 6. Frequências absolutas das espécies de foratus perforatus - 3,48%), o perceve (Pollici- invertebrados marinhos contabilizadas para o total da pes pollicipes - 1,47%), duas outras espécies amostragem efetuada (N=1496) no contexto de Neolítico antigo do arqueossítio do menir de Padrão 1 (Raposeira, de lapa (Siphonaria pectinata - 2,54% e Patella Vila do Bispo). rustica - 1,87%), o búzio (Stramonita haemas- toma - 3,61%), a ostra (Ostrea edulis - 1,67%) e o mexilhão castanho (Perna perna - 1,47%). Todas as restantes espécies presentes na amostragem ocorrem de forma mais esporádica, conforme o comprovam frequências relativas inferiores a 1%. Os gráficos da Figura 7 ilustram a frequência absoluta das espécies recolhidas na estrutura de lareira e nas quadrículas cujas amostragens totais excedem mais de 3% do total de indivíduos contabilizados (N=1496; quadrículas: P10, Q7, Q8, Q9, Q11, Q17 e Q18). Nas restantes quadrículas, a escassez dos espécimes presentes torna menos relevante o significado estatístico das respetivas amostragens. Da análise das coleções efetuadas por quadrícula, verifica-se existir uma relativa homogeneidade entre a abundância relativa das espécies comestíveis mais representa- tivas, com predominância evidente para as lapas P. depressa e P. ulyssiponensis. Tal homo- geneidade também se observa, ao se compararem os histogramas da Figura 7 com o da Figura 6, que resume as frequências absolutas por espécie, no total da amostragem. A coleção proveniente da estrutura de lareira (Lareira 1, Figura 6a) apresenta, por sua vez, uma composição bastante diferenciada do restante conjunto. O mexilhão (Mytilus galloprovincialis) e a amêijoa (Ruditapes decussatus) são, desta feita, as espécies numericamente dominantes, seguindo-se o berbigão (Cerastoderma edule), o perceve (Pollicipes pollicipes) e as lapas (Patella ulyssiponensis e P. depressa), com predomínio do primeiro. Esta discrepância por comparação com os valores contabilizados nas quadrí- culas, poderá refletir causas diversas, incluindo a escolha seletiva de diferentes locais de recoleção, a preferência por dietas alimentares distintas, ou ainda, diferentes tempos de ocupação do sítio, entre os quais poderão ocorrido variações sazonais na composição das comunidades litorais e no crescimento das espécies comestíveis e disponíveis para captura.

4. Interpretação paleoecológica A fauna de invertebrados marinhos de Padrão 1 reparte-se por três grupos com significado ecológico distinto, função da ecologia das espécies presentes e sua tolerância aos principais fatores abióticos que controlam a dispersão das comunidades bentónicas de ambientes costeiros e de transição (Tabela II). Destes, o grupo mais representativo é composto por moluscos, crustáceos e anelídeos poliquetas adaptados à vida em meio litoral com substratos rochosos, expostos periodicamente durante os ciclos de maré e sujeitos à dinâmica da ondulação costeira. Este tipo de substratos encontra grande desenvolvimento na região de Sagres, cuja faixa costeira se desenvolve, sobretudo, em arriba, embora com algumas praias arenosas intercaladas a espaços. Entre as formas mais características deste tipo de ambiente encontram-se as lapas (Patella rustica, P. depressa, P. ulyssiponensis, Siphonaria pectinata), os mexilhões (M. galloprovincialis, Perna perna), a craca (Perforatus perforatus), o perceve (Pollicipes pollicipes) e os serpulídeos (Serpula sp.), a par de diversos gastrópodes (N. lapillus, S. haemastoma, H. trunculus) e de crustáceos decápodes (Eriphia verrucosa). Desta associação, os cirrípedes e os ser-

-64- Comunicaciones especializadas Moluscos e crustáceos do sítio de ocupação do menir de Padrão 1

Figura 7. Frequências absolutas das espécies de invertebrados marinhos presentes na estrutura de lareira e nas quadrículas amostradas no contexto de Neolítico antigo do arqueossítio do menir de Padrão 1 (Raposeira, Vila do Bispo). Áreas escavadas: A) Lareira 1. B) Quadrícula P10. C) Quadrícula Q7. D) Quadrícula Q8. E) Quadrícula Q9. F) Quadrícula Q11. G) Quadrícula Q17. H) Quadrícula Q18. Espé- cies: 1. Glycymeris nummaria, 2. Mytilus galloprovincialis, 3. Perna perna, 4. Mimachlamys varia, 5. Ostrea edulis, 6. Loripes orbiculatus, 7. Diplodonta rotundata, 8. Cerastoderma edule, 9. Acanthocardia aculeata, 10. Gastrana fragilis, 11. Scrobicularia plana, 12. Venus verrucosa, 13. Callista chione, 14. Ruditapes decussatus, 15. Polititapes aureus, 16. Panopaea glycimeris, 17. Patella rustica, 18. P. depressa, 19. P. ulyssiponensis, 20. Cerithium vulgatum, 21. Hexaplex trunculus, 22. Stramonita haemastoma, 23. Nucella lapillus, 24. Tritia reticulata, 25. Siphonaria pectinata, 26. Serpula sp., 27. Perforatus perforatus, 28. Pollicipes pollicipes, 29. Eriphia verrucosa.

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Tabela II. Importância como recurso alimentar e principais características ecológicas das espécies de invertebrados marinhos amostrados no contexto de Neolítico antigo do arqueossítio do menir de Padrão 1 (Raposeira, Vila do Bispo). Incidência de uso como recurso alimentar: MF - muito frequente, F - frequente, R - rara, O - ocasional.

Recurso Zonação Posição Mobilidade e tipo de Espécie alimentar batimétrica Biótopo costeiro substrato substrato Mytilus galloprovincialis A Litoral/ infralit. Marinho rochoso Epifauna Bissado sobre rochas Perna perna F Litoral/ infralit. Marinho rochoso Epifauna Bissado sobre rochas Glycymeris nummaria - Infralitoral Lagun/mar. aren. Infauna Vágil/fundos arenosos Ostrea edulis F Litoral Estuário/Laguna Epifauna Fixo por cimentação Mimachlamys varia - Infralitoral Marinho rochoso Epifauna Bissado/críptico Loripes orbiculatus O Litoral/ infralit. Estuário/Laguna Infauna Vágil/areias lodosas Panopaea glycimeris - Infralitoral Marinho arenoso Infauna Vágil/areias lodosas Cerastoderma edule A Litoral Estuário/Laguna Infauna Vágil/areias lodosas Acanthocardia aculeata - Infralitoral Marinho arenoso Epifauna Vágil/fundos arenosos Gastrana fragilis R Litoral/ infralit. Lagun/mar. aren. Infauna Vágil/fundos arenosos Scrobicularia plana R Litoral Estuário/Laguna Infauna Vágil/fundos lodosos Venus verrucosa O Litoral/ infralit. Lagun/mar. aren. Infauna Vágil/fundos arenosos Callista chione - Infralitoral Marinho arenoso Infauna Vágil/fundos arenosos Ruditapes decussatus A Litoral Estuário/Laguna Infauna Vágil/areias lodosas Polititapes aureus O Litoral Estuário/Laguna Infauna Vágil/areias lodosas Diplodonta rotundata - Infralitoral Lagun/mar. aren. Infauna Vágil/fundos arenosos Patella rustica R Litoral Marinho rochoso Epifauna Vágil/sobre rochas Patella depressa A Litoral Marinho rochoso Epifauna Vágil/sobre rochas Patella ulyssiponensis A Litoral Marinho rochoso Epifauna Vágil/sobre rochas Cerithium vulgatum - Litoral/ infralit. Lagun/mar. aren. Epifauna Vágil/areias lodosas Tritia reticulata - Lit. a infralit. Lagun/mar. aren. Epifauna Vágil/areias lodosas Hexaplex trunculus O Litoral/ infralit. Marinho rochoso Epifauna Vágil/sobre rochas Stramonita haemastoma F Lit. a infralit. Marinho rochoso Epifauna Vágil/sobre rochas Nucella lapillus - Litoral Marinho rochoso Epifauna Vágil/sobre rochas Siphonaria pectinata F Litoral Marinho rochoso Epifauna Vágil/sobre rochas Serpula sp. - Lit. a infralit. Marinho rochoso Epizoário Fixo por cimentação Balanus perforatus - Lit. a infralit. Marinho rochoso Epizoário Fixo por cimentação Pollicipes pollicipes A Lit. a infralit. Marinho rochoso Epifauna Fixo por pedúnculo Eriphia verrucosa O Infralitoral Marinho rochoso Epifauna Vágil/fundos rochosos

pulídeos constituem os epizoários mais comuns sobre valvas de mexilhão, sendo que N. lapillus e E. verrucosa se encontram entre os principais predadores destes bivalves sésseis e bissados. A maioria das espécies restantes é característica de comunidades bentónicas de meio estuarino ou lagunar. Repartem-se, usualmente, por substratos arenosos ou are- no-lodosos, em locais moderada ou fracamente energéticos e apresentam uma certa tolerância a variações mais significativas de salinidade, turbidez e/ou temperatura das massas de água. As espécies mais significativas integram a infauna pouco profunda (Ce- rastoderma edule, Ruditapes decussatus, Polititapes aureus, Gastrana fragilis, Venus verru- cosa, Loripes orbiculatus, Diplodonta rotundata, Scrobicularia plana) e a epifauna livre ou cimentada (Cerithium vulgatum, Tritia reticulata, Ostrea edulis), adaptadas em função do zonamento batimétrico dos andares litoral ou infralitoral superior. Um terceiro grupo, embora mais escasso na amostragem, mas com significado di- verso dos anteriores quanto à seleção intencional das espécies e possível uso dos seus restos esqueléticos, é composto pelos bivalves marinhos de meio infralitoral Glycymeris nummaria, Mimachlamys varia, Acanthocardia aculeata, Callista chione e Panopaea glyci-

-66- Comunicaciones especializadas Moluscos e crustáceos do sítio de ocupação do menir de Padrão 1 meris. Valvas desarticuladas destas espécies encontram-se, com relativa frequência, em cordões litorais ricos de restos esqueléticos arrastados pela ondulação e correntes de deriva, e arremessados à praia durante os ciclos mareais. A sua presença no contexto arqueológico neolítico do menir de Padrão 1, poderá estar ligada a situações episódicas de aproveitamento como utensílios ou elementos de adorno, à semelhança de outros exemplos já conhecidos para o Neolítico português, incluindo o da região de Sagres (Zbyszewski et al., 1981). Destaca-se, em particular, a ocorrência de P. glycymeris, em virtude de esta ser a maior espécie de molusco bivalve a habitar os fundos infralitorais da costa portuguesa, sendo que as suas valvas côncavas, com dimensões até 30 cm, se utilizam tradicionalmente como recipientes.

5. Consumo alimentar O consumo de espécies comestíveis de moluscos e de crustáceos terá constituí- do uma estratégia alimentar significativa para o sustento da comunidade neolítica do lo- cal de ocupação de Padrão 1. Esta prática estaria ligada a uma economia de subsistência assente em recursos locais, permitido uma maior diversificação da dieta alimentar, sem grande dispêndio adicional de meios materiais e humanos, mas beneficiando também de reservas permanentes, facilmente acessíveis num espaço costeiro de proximidade. No quadro desta economia recolectora litoral, baseada na disponibilidade de recursos de moluscos e crustáceos durante todo o ano, independentemente da eventual sazona- lidade de algumas espécies, é também expressivo o contraste existente com a escassez de restos de outras faunas comestíveis, nomeadamente de vertebrados marinhos e terrestres. Este facto que vai ao encontro de outros registos já conhecidos, nomeada- mente em concheiros mesolíticos a calcolíticos (e.g. Silva & Soares, 1993, 1997, 1998). Os hábitos e estratégias de recoleção e subsistência, independentemente de uma possível sazonalidade, repartiram-se por dois dos principais tipos de ecótonos costei- ros e de transição existentes na região no sudoeste do Algarve, a ocidente do sistema lagunar da Ria Formosa: (1) O litoral rochoso, desenvolvido em arriba calcária ou grau- váquica e batido pela ondulação, quase omnipresente nos troços costeiros situados entre Lagos e Aljezur; (2) O estuário e/ou laguna confinada, com fundos móveis, areno- sos ou areno-lodosos, bastante mais restrito quanto à sua extensão geográfica recente (Rio Alvor e Ribeira de Odiáxere), mas possivelmente existente, ao tempo, na região de Sagres, quando a subida eustática de longo termo ainda se distanciava dos seus valores atuais. Tendo em conta as curvas eustáticas presentemente admitidas para o Holocéni- co da costa Portuguesa (Dias et al., 1997), admite-se que existiriam outros pequenos sistemas estuarinos e/ou lagunares, hoje já desaparecidos, associados às ribeiras locais, onde atualmente se encontram as enseadas do Zavial, da Ingrina e da Baleeira. A recoleção sistemática no litoral rochoso incidia particularmente na predação de lapas, de mexilhões, do búzio Stramonita haemastoma e de perceves (Figuras 6-8). Neste contexto é também interessante notar a ausência de outros moluscos, com destaque para várias espécies de burrié (Phorcus spp., Gibbula spp. e Littorina spp.), potencialmente abundantes nos mesmos locais de recoleção, mas preteridas em detrimento de outros moluscos de maior porte e de mais fácil extração da parte comestível. A recoleção local de moluscos de meio estuarino e/ou lagunar centrava-se na apanha da amêijoa (Ruditapes decussatus, Polititapes aureus), do berbigão (Cerastoder- ma edule) e da ostra (Ostrea edulis), complementada pela de outras espécies fortuitas, comestíveis, ou recolhidas involuntariamente. Por outro lado, a muito fraca represen- tatividade da lambujinha (Scrobicularia plana) na amostragem é consentânea com fraca representatividade, no território envolvente ao sítio de Padrão 1, de ecótonos mais francamente salobros e com substratos mais lodosos, os quais apenas encontram maior desenvolvimento na dependência dos sapais do Rio Alvor e Ribeira de Odiáxere, onde esta espécie ainda hoje é comum.

6. Implicações biogeográficas e paleoclimáticas Nobre (1938-40) menciona a existência de Mytilus pictus [= Perna picta (Von Born, 1780)] na costa sudoeste de Portugal, com base em exemplares recolhidos por Adolfo Möller no litoral de Aljezur, em finais do século XIX, a par de dois espécimes por ele encontrados nas imediações de Lagos. Não obstante, o grande espécime por ele figu- rado na estampa 60 corresponde a Perna perna (Linnaeus, 1758), espécie com forma tipicamente cilíndrica e dimensões médias da ordem dos 80 a 120 mm. Este bivalve cosmopolita de baixa latitude encontra-se em águas subtropicais do Atlântico e do

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Índico (Poppe & Goto, 1993). Ocorre, presentemente, na cos- ta ocidental de África e nalgumas ilhas do arquipélago das Canárias (Rodrigues & Sanchéz, 1997), assim como em níveis de praia do Plistocénico de Marrocos e da Mauritânia (Lecointre, 1963; Brebion, 1979). Perna picta é, por sua vez, típica do Mediterrâ- neo ocidental, conhecendo-se as populações mais próximas no Sul de Espanha (Aartsen et al., 1984). Para além de Nobre (1936, 1938-40), são bastante escassas as menções à presença do gé- nero Perna no litoral português, notando-se a falta de um estudo de campo exaustivo que englobe áreas rochosas menos acessíveis da Costa Vicentina e do Barla- vento Algarvio. Ocorrências, ain- da que pontuais ou localizadas, de indivíduos ou populações de algum destes taxa (v. Lourenço Figura 8. Frequências relativas das espécies de invertebrados mari- et al., 2012), deverão situar-se no nhos comestíveis, amostradas no contexto de Neolítico antigo limite noroeste da sua repartição do arqueossítio do menir de Padrão 1 (Raposeira, Vila do Bispo). biogeográfica atual (Callapez et 1. Patella depressa (44,38%), 2. P. ulyssiponensis (14,64%), 3. My- al. 2012; Callapez, 2017). tilus galloprovincialis (6,89%), 4. Ruditapes decussatus (6,89%), 5. A identificação dePerna per- Cerastoderma edule (6,68%), 6. Stramonita haemastoma (3,61%), na na amostragem de moluscos 7. Siphonaria pectinata (2,54%), 8. Patella rustica (1,87%), 9. Os- marinhos de Padrão 1 parece trea edulis (1,67%), 10. Pollicipes pollicipes (1,47%), 11. Perna perna constituir a primeira evidência (1,47%), 12. Somatório das restantes espécies. da presença deste “warm-guest” num contexto tão antigo do Ho- locénico português, sugerindo que poderão ter existido populações estáveis no litoral rochoso da região de Sagres - Vila do Bispo. A migração desta espécie e o consequente alargamento da sua área de repartição para Norte refletem o clima ameno ao tempo existente, assim como temperaturas médias das águas superficiais costeiras capazes de permitirem a progressão para Norte de espécies noroeste-africanas ou mediterrânicas. Este facto também parece ser corroborado pela associação com os gastrópodes Stramonita haemastoma e Siphonaria pectinata. A primeira destas espécies é anfiatlântica, sendo comum ao longo do litoral oeste-africano, até ao sul de Angola, onde ocorre conjuntamente com elementos das “faunas senegalesas”, para além dos arquipélagos da Macaronésia e do Mediterrâneo. A sua presença na costa portuguesa é hoje bastante rara, conhecendo-se exemplares até à latitude da Figueira da Foz. Não obstante, a es- pécie aparenta ter sido bastante abundante desde o Mesolítico e Neolítico, até meados da Idade Média, período a partir do qual os efeitos da pressão humana no litoral terão contribuído para reduzir significativamente os seus efetivos populacionais. Por sua vez, S. pectinata encontra-se na costa portuguesa até ao Cabo Mondego, mas a sua repar- tição também é essencialmente mediterrânica e oeste-africana, sugerindo uma coloni- zação contemporânea da melhoria climática que se seguiu ao Dryas recente.

7. Conclusões Desde a intervenção arqueológica de que foi alvo, em 1994, na sequência da qual foi reerguido e valorizado para fins turístico-lúdicos, o menir de Padrão 1 tem vindo a ser considerado como um dos monumentos mais representativos e emblemáticos do núcleo megalítico de Sagres - Vila do Bispo, um dos importantes conjuntos deste período no sudoeste Peninsular. Durante os trabalhos arqueológicos identificou-se localmente um contexto de ocupação do Neolítico antigo, contemporâneo da melhoria climática generalizada que acompanhou a “transgressão flandriana”, durante o recém-

-68- Comunicaciones especializadas Moluscos e crustáceos do sítio de ocupação do menir de Padrão 1 estabelecido Andar Nortegripiano do Holocénico médio. A recolha dos respetivos artefactos cerâmicos e líticos foi acompanhada por uma amostragem exaustiva dos restos esqueléticos de invertebrados marinhos, estes últimos presentes em abundância nalgumas das quadrículas escavadas. Sabendo da sua importância para o entendimento de estratégias de subsistência, economia alimentar e práticas culturais durante este intervalo marcante da Pré-história recente, marcado por uma provável sedentarização progressiva de populações em áreas próximas da orla costeira, procedeu-se ao seu estudo zooarqueológico. Contabilizou- se, em concreto, um número mínimo de 1496 indivíduos pertencentes a 25 espécies de moluscos bivalves e gastrópodes, três de crustáceos e um poliqueta. A sua composição, abundância relativa e análise paleoecológica sugerem práticas locais de subsistência, ligadas à exploração oportunista de espécies comestíveis, incluindo a lapa, o mexilhão, o berbigão e a ameijoa, o búzio e o perceve. A recoleção seletiva de invertebrados terá incidido em áreas rochosas expostas do litoral próximo (Patella depressa, P. ulyssiponensis, Mytilus galloprovincialis, Perna perna, Stramonita haemastoma, Pollicipes pollicipes), complementadas por outras recolhas, ainda que menos numerosas, em meio estuarino ou lagunar hoje já desaparecido na região envolvente (Cerastoderma edule, Ruditapes decussatus). A associação de espécies reconhecida, em que se evidenciam P. perna, S. haemastoma e Siphonaria pectinata, é compatível com o ótimo climático holocénico, durante o qual diversas espécies com afinidades biogeográficas mediterrânicas e/ou oeste-africanas terão ampliado a sua área de repartição em direção a Norte, até à costa portuguesa. Destaca-se a ocorrência de P. perna, dado o seu possível carácter inédito em contextos pré-históricos portugueses.

Agradecimentos

Os autores estão particularmente gratos ao Prof. Mário Varela Gomes, da Faculda- de de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, pela disponibilização da coleção de invertebrados marinhos em estudo e pela leitura crítica do manuscrito. Agradecem, também, o importante contributo dos revisores Prof. Manuel Segura e Prof. Fernando Barroso-Barcenilla, incluindo o auxílio deste último na elaboração dos textos em castelhano. O presente estudo realizou-se no âmbito de projetos em curso no CITEUC - Centro de Investigação da Terra e do Espaço da Universidade de Coimbra.

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