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Revista Brasileira

o Fase VII JANEIRO-FEVEREIRO-MARÇO 2004 Ano X N 38

Esta a glória que fica, eleva, honra e consola. ACADEMIA BRASILEIRA REVISTA BRASILEIRA DE LETRAS 2004

Diretoria Diretor Presidente: Ivan Junqueira João de Scantimburgo Secretário-Geral: Evanildo Bechara Primeira-Secretária: Conselho editorial Segundo-Secretário: Marcos Vinicius Vilaça , , Tesoureiro: Cícero Sandroni , Oscar Dias Corrêa

Membros efetivos Produção editorial e Revisão Affonso Arinos de Mello Franco, Nair Dametto , Alberto Venancio Filho, , Assistente editorial Ana Maria Machado,Antonio Olinto, Frederico de Carvalho Gomes , Arnaldo Niskier, Candido Mendes de Almeida, , Carlos Nejar, Projeto gráfico , Cícero Sandroni, Victor Burton , Evanildo Cavalcante Bechara, , Editoração eletrônica Pe. Fernando Bastos de Ávila, Estúdio Castellani Ivan Junqueira, , João de Scantimburgo, João Ubaldo ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS Ribeiro, José Murilo de Carvalho, Av. Presidente Wilson, 203 – 4o andar José Sarney, Josué Montello, Lêdo Ivo, – RJ – CEP 20030-021 , , Telefones: Geral: (0xx21) 3974-2500 Marcos Vinicios Vilaça, Miguel Reale, Setor de Publicações: (0xx21) 3974-2525 , Murilo Melo Filho, Fax: (0xx21) 2220.6695 Nélida Piñon, Oscar Dias Corrêa, E-mail: [email protected] , Sábato Magaldi, Sergio site: http://www.academia.org.br Corrêa da Costa, Sergio Paulo Rouanet, Tarcísio Padilha, Zélia Gattai. As colaborações são solicitadas. Sumário

Editorial ...... 5 PROSA ALBERTO VENANCIO FILHO Lúcio de Mendonça e a Fundação da Academia Brasileira de Letras...... 9 ARNALDO NISKIER Aspectos legais da educação à distância no Brasil...... 29 JOÃO DE SCANTIMBURGO A instituição ...... 33 MASSAUD MOISÉS A retórica da sedução em “Missa do galo” ...... 51 VAMIREH CHACON Celso Furtado: formação e ação...... 85 VERA LÚCIA DE OLIVEIRA Algumas considerações sobre a poesia italiana contemporânea ...... 101 PER JOHNS Viagem alma adentro ...... 133 JOSÉ ARTHUR RIOS Carlyle e o Brasil...... 159 ANTONIO CARLOS SECCHIN Mário Pederneiras: às margens plácidas da modernidade...... 169 LUIZ ANTONIO DE ASSIS BRASIL A espuma do fogo: ancestralidade e vida . . . . 185 ANA MARQUES GASTÃO A aprendizagem da visão ...... 189 Romance: uma fábula do vento...... 193 LUÍS AUGUSTO FISCHER Poesia e distância ...... 197 ANTONIO CARLOS SECCHIN A idade da noite, A idade da aurora ...... 199 POESIA O indiferente ...... 203 MÁRIO DE ANDRADE Noturno de Belo Horizonte ...... 205 Germinal ...... 221 A noite verde ...... 227 Vou-me embora pra Pasárgada ...... 231 ALFRED DE MUSSET As noites ...... 233 ALFRED DE MUSSET Saudade ...... 291 GUARDADOS DA MEMÓRIA MACHADO DE ASSIS A morte de Eça de Queirós...... 307 JOÃO DE SCANTIMBURGO Pobreza digna...... 309

Editorial

o presente volume da Revista Brasileira, oferecemos à consi- Nderação dos leitores e, também, ou principalmente, à sua meditação, alguns episódios e fatos que tocam a sensibilidade. Pri- meiro, temos a reparação de uma injustiça. O Acadêmico Alberto Venancio Filho escreveu longo e documentado artigo sobre Lúcio de Mendonça e a fundação da Academia. Não foi, portanto, Ma- chado de Assis o fundador da Academia, como sempre se pensou. Denominamos a Academia Casa de Machado de Assis, por ter sido o grande genial autor de tantas obras-primas, o mais prestigiado autor de seu tempo, e quando se tratou de atraí-lo para o meio aca- dêmico, tendo o convite sido aceito, já se podia prever que a Aca- demia converter-se-ia em realidade, dentro de pouco tempo. Foi o que se deu. Das sucessivas reuniões, ora na redação da Revista Brasi- leira, da qual era diretor o crítico José Veríssimo, ora no escritório de Rodrigo Octavio, acabou adquirindo corpo a sociedade que iria congregar os escritores de maior relevo no país, e, em 20 de julho de 1897, inaugurou-se com um breve discurso de Machado de Assis, que o nosso Austregésilo de Athayde, durante anos, leu na instalação das sessões de ingresso de novos acadêmicos, como que a acentuar a elevada concepção em que era e deveria sempre ser tida a Academia.

Editorial 5 Editorial Editorial

Por sua importância nos meios intelectuais brasileiros, Machado de Assis foi, naturalmente, elevado à altura de patrono da nova entidade. Mas, esse fato não deslustra o esforço despendido por Lúcio de Mendonça, que teve a idéia de instalar no Brasil uma Academia tomando a francesa como modelo. Os es- tatutos, assinados por Machado de Assis, , Rodrigo Octavio e Inglês de Sousa, constituíram certidão de nascimento definitiva e intocável, por isso mesmo, por ter a assinatura de Machado de Assis e seus companheiros de fundação. O nome de Lúcio de Mendonça não figura nos estatutos, mas essa omissão não o deslustra em nada, pois, como expõe admiravelmente o Acadêmico Alberto Venancio Filho, não há confrade que não saiba da origem da Academia e de seu modesto e despretensioso idealizador, de resto muito bem sucedido. Merece, pois, ser sempre lembrado por essa ação, que o fez fun- dador da mais alta Casa de cultura e de brasilidade do país. Temos, em seguida, uma série de alta expressão de artigos, que merecem a perenidade das estantes, como a própria revista, sem dúvida, por seu conteúdo e por sua apresentação gráfica, uma das mais belas do Brasil. Escolhemos poe- mas de alguns dos grandes poetas modernos já mortos, para trazê-los à lem- brança dos leitores e fixar, nas páginas da revista, os nomes que fizeram poesia no Brasil, um dos países onde ela é mais cultivada e com talento, sensibilidade e inspiração. Lembramos o Mário de Andrade de “Noturno de Belo Horizon- te”, o Guilherme de Almeida, em versos admiráveis de Toda a poesia, o Cassiano Ricardo de Martin Cererê, o Menotti Del Picchia de Juca Mulato, a sua obra- prima, e o Manuel Bandeira que nos convida a irmos todos para Pasárgada, embora tenhamos vontade e não tenhamos a possibilidade. Finalmente, nos Guardados de Memória, a bela, concisa crônica de Ma- chado de Assis sobre o falecimento de Eça de Queirós, que toca fundo no co- ração não só eceanos como de todos quantos admiram Machado de Assis e as letras na sua alta expressão. Também nos Guardados da Memória, dois exemplos de pobreza digna, um dado por Hermes da Fonseca, que foi presi- dente da República, e outro de . Dois grandes brasileiros que se projetaram como poucos, um na História política, outro, na literária, que

6 Editorial morreram pobres, tão pobres que não deixaram nada, ao contrário do que acontece em nossos dias, em que a concussão é a regra, entre altos funcioná- rios desonestos até à medula, como é amplamente conhecido. São dois no- mes que trouxemos para aqui, a fim de servirem de exemplo para os brasilei- ros que, não raro, se envergonham de suas administrações públicas, nos três graus de mandato, o municipal, o estadual e o federal. Esperamos que a Revis- ta Brasileira continue a agradar.

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