Machado De Assis, Poeta-Tradutor

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Machado De Assis, Poeta-Tradutor UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E NATURAIS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS DIEGO DO NASCIMENTO RODRIGUES FLORES MACHADO DE ASSIS, POETA-TRADUTOR VITÓRIA 2019 DIEGO DO NASCIMENTO RODRIGUES FLORES MACHADO DE ASSIS, POETA-TRADUTOR Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Letras do Centro de Ciências Humanas e Naturais da Universidade Federal do Espírito Santo, como requisito parcial para obtenção do Grau de Doutor em Letras. Orientador: Prof. Dr. Raimundo Nonato Barbosa de Carvalho. Coorientador: Prof. Dr. Eduardo Luis Araújo de Oliveira Batista VITÓRIA 2019 DIEGO DO NASCIMENTO RODRIGUES FLORES MACHADO DE ASSIS, POETA-TRADUTOR Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Letras, do Centro de Ciências Humanas e Naturais da Universidade Federal do Espírito Santo, como requisito para obtenção do título de Doutor em Letras. Aprovada em 1 de outubro de 2019. BANCA EXAMINADORA ____________________________________ Prof. Dr. Raimundo Nonato Barbosa de Carvalho Universidade Federal do Espírito Santo Orientador ___________________________________ Prof. Dr. Eduardo Luis Araújo de Oliveira Batista Universidade Federal do Espírito Santo Coorientador ____________________________________ Profa. Dra. Arlene Batista da Silva Universidade Federal do Espírito Santo Membro Titular Interno ____________________________________ Prof. Dr. Vitor Cei Santos Universidade Federal do Espírito Santo Membro Titular Interno ____________________________________ Prof. Dr. Marcelo Paiva de Souza Universidade Federal do Paraná Membro Titular Externo ____________________________________ Prof. Dr. Walter Carlos Costa Universidade Federal do Ceará Membro Titular Externo A Débora, minha esposa, sem cujo apoio incondicional esta tese não teria sido possível. A Dante, meu filho, que nasceu quando eu começava esta tese e que, sem compreender, tanto sacrificou nos primeiros anos de sua vida. AGRADECIMENTOS A todos da minha família, pelo apoio constante e irrestrito. Ao meu orientador, Prof. Dr. Raimundo Nonato Barbosa de Carvalho, pelo encorajamento, pelas sugestões, pelas leituras atentas, pelas aulas e pelas conversas que deram direcionamentos imprescindíveis a esta tese. Ao meu coorientador, Prof. Dr. Eduardo Luis Araújo de Oliveira Batista, por ter gentilmente aceitado a difícil tarefa de me auxiliar na finalização deste trabalho, pelos inestimáveis conselhos e pelo rigor científico com que tanto contribuiu. Ao Prof. Dr. Vitor Cei, que muito gentilmente me auxiliou na tradução da versão alemã de “O casamento do Diabo”. Ao Prof. Dr. José Américo Miranda de Barros, pelas leituras, sugestões, conversas e descobertas que compartilhamos. À Prof. Dra. Arlene Batista da Silva, cujas preciosíssimas sugestões durante a qualificação que em muito melhoraram este trabalho. A todos os professores do Programa de Pós-Graduação em Letras, pelas aulas, leituras, debates, conversas e por serem os modelos em quem me espelho. A todos os colegas, mestrandos e doutorandos, com quem compartilhei ótimos momentos. Ao Campus Serra do Instituto Federal do Espírito Santo, que me acolheu afetuosamente quando eu começava este trabalho, em especial aos Diretores Wagner Teixeira da Costa e Gilmar Luiz Vassoler, por todo o apoio e encorajamento. “No final das contas, toda poesia é tradução.” Schlegel RESUMO Buscamos estudar e perfilar, de maneira tão abrangente quanto possível, o poeta-tradutor Machado de Assis a partir dos poemas por ele traduzidos em confronto com os textos-fonte de que ele possa ter se servido. O corpus estudado compreende todas as traduções interlinguais incluídas em Crisálidas (1864), Falenas (1870), Americanas (1875) e Ocidentais (1901) e as onze traduções poéticas que o autor escolheu não incluir em seus livros. Adotando um viés metodológico bermaniano de crítica de tradução, estudamos cada uma de suas traduções de poesia, investigando os traços que poderiam nos ajudar a encontrar um projeto de tradução, um modus operandi machadiano do traduzir. Pressupondo que as traduções não se produziram isoladamente, nem são textos meramente secundários, procuramos mostrar que, em alguns casos, é possível correlacioná-las a outros momentos de sua produção poética ou ficcional, sugerindo que também esses poemas traduzidos se inserem organicamente no restante de sua produção autoral. Tais escolhas nos levaram a adotar a tese de que a prática da tradução surge como um espaço de experimentação poética em que o poeta-tradutor buscava sua autonomia e a reafirmação de sua tradição literária, desembocando numa poética em que as várias e recorrentes dissidências em relação aos textos e autores que traduziu apontam para uma frequente e cada vez mais visível independência do poeta-tradutor frente ao texto estrangeiro. Isso nos levou a concluir que as traduções poéticas de Machado de Assis sempre foram feitas sem deferência servil ao texto ou autor estrangeiro, carregando consigo a marca do poeta- tradutor, obrigando-nos a ler esses poemas como novos originais que frequentemente dialogam com o restante de sua produção autoral e principalmente com sua visão de mundo e de literatura, além de terem sido instrumentais na sua formação como escritor. Palavras-chave: Estudos da tradução. Crítica de tradução. Tradução de poesia. Machado de Assis. RÉSUMÉ Notre objectif était d’étudier et de profiler, de la manière la plus complète possible, le poète- traducteur Machado de Assis à partir des poèmes qu’il a traduits par rapport les sources qu’il aurait pu utiliser. Le corpus étudié comprend toutes les traductions interlinguales incluses dans Crisálidas (1864), Falenas (1870), Americanas (1875) et Ocidentais (1901) et les onze traductions de poésie que l’auteur a choisie de ne pas inclure dans ses livres. En adoptant un parti pris bermanien de la critique de traduction, on a étudié chacune de ses traductions poétiques en y cherchant les traces qui pourraient nous aider à trouver un projet de traduction, un modus operandi machadien du traduire. En supposant que les traductions n’aient pas été produites isolément, ni ne soient simplement des textes secondaires, on a essayé de les corréler, quand possible, au reste de sa production, à la fois poétique et fictive, afin de démontrer que ces poèmes traduits peuvent également être insérés organiquement dans sa production d’auteur. Ces choix nous ont amenés à adopter la thèse selon laquelle la pratique de la traduction apparaît comme un espace d’expérimentation poétique dans lequel le poète traducteur cherche son autonomie et réaffirme sa tradition littéraire, ce qui nous amène à une poétique dans laquelle les diverses et récurrentes dissidences relatives aux textes et aux auteurs qu’il a traduits soulignent une indépendance fréquente et de plus en plus visible du traducteur-poète devant le texte étranger. Cela nous a amenés à conclure que les traductions poétiques de Machado étaient toujours faites sans déférence servile pour l’auteur ou le texte étranger, portant les marques du poète-traducteur, nous obligeant à lire ces poèmes comme des nouveaux originaux qui ont joué un rôle déterminant dans sa formation d’écrivain. Mots-clés : Études de traduction ; critique de traduction ; traduction de poésie ; Machado de Assis ; ABSTRACT We aimed at studying and profiling, as broadly as possible, the poet-translator Machado de Assis based on the poems he translated in confrontation with the sources he may have used. The corpus studied comprises all interlingual translations included in Crisálidas (1864), Falenas (1870), Americanas (1875) and Ocidentais (1901) and the eleven translations of poetry that the author chose not to include in his books. Adopting the bermanian view of translation criticism, we studied each one of his translations of poetry investigating in them the traces which could help us find a translation project, a machadian modus operandi of translating. Assuming that the translations were not produced isolatedly, nor are they merely secondary texts, we tried to correlate them to the rest of his production, both poetic and fictional, in an attempt to demonstrate that also these translated poems can be organically inserted into the rest of his authorial production. Such choices led us to adopt the thesis that the practice of translation emerges as a space of poetic experimentation in which the poet-translator sought his autonomy and reaffirmation of his literary tradition, leading to a poetic in which the various and recurrent dissentions in relation to the texts and authors he translated point to a frequent and increasingly visible independence of the poet-translator when faced with the foreign text. This led us to conclude that the Machado de Assis’ poetic translations were always made with no slavish deference to the foreign text or author, carrying along with them the marks of the poet- translator, making us read these poems as new originals which were instrumental in his formation as a writer. Keywords: Translation studies; translation criticism; translation of poetry; Machado de Assis; Lista de figuras Figura 1 - Reprodução da primeira publicação de “A uma donzela árabe” ........................... 110 Figura 2 - Reprodução da primeira publicação de “Souvenir d’Exil” ................................... 116 Figura 3 - Reprodução do manuscrito de “O casamento do diabo” ....................................... 121 Figura 4 - Reprodução da primeira publicação de “As ondinas” ........................................... 179 Figura 5 - Reprodução da primeira publicação de “Maria Duplessis” ..................................
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