MASARYKOVA UNIVERZITA

Filozofická fakulta Ústav románských jazyků a literatur

BAKALÁRSKA DIPLOMOVÁ PRÁCE

2019 ANEŽKA BOHÁČOVA MASARYKOVA UNIVERZITA

Filozofická fakulta Ustav románských jazyků a literatur Portugalský jazyk a literatura

Anežka Boháčova

História dos Açores: Achamento e povoamento em comparação com outras ilhas portuguesas no oceano Atlântico

Bakalářská diplomová práce

Vedoucí práce: Mgr. Michaela Antonín Malaníková, Ph.D.

Brno 2019 Prohlašuji, že jsem bakalářskou práci vypracovala samostatně, s využitím uvedených pramenů a literatury. Souhlasím, aby moje práce byla zveřejněna v souladu s § 47b zákona č. 111/1998 Sb., o vysokých školách ve znění pozdějších předpisů, a v souladu s platnou Směrnicí o zveřejňování vysokoškolských závěrečných prací.

Verze tisknutá se shoduje s elektronickou verzí, uloženou v archivu IS

MU.

Anežka Boháčova

V Brně dne 20. 2. 2019 Chtěla bych poděkovat Mgr. Michaele Antonín Malaníkové, Ph.D. za odbornou pomoc, vstřícnost, motivaci a cenné rady, které mi poskytla při zpracování mé bakalářské práce. Abstrakt

Cílem práce je analyzování způsobu, jakým se utvářela počáteční historie

Azorských ostrovů, azorská identita a kultura během 15. až 18. století, zejména jde o první kolonizátory, administrativní celky, problémy během osidlování a srovnání s ostatními portugalskými ostrovy.

Klíčová slova

Azorské ostrovy, historie, identita, 15.-18.století, kolonizátori, administrativa, problémy, srovnání.

Abstract

The aim of this thesis to analyze the way in which the initial history of the , the identity and culture were formed from the 15th to 18th century, especially the first colonizers, administrative units, problems during settlement and comparsion with other Portuguese islands.

Key words

Azores, history, identity, 15th- 18th century, colonizers, administration, problems, comparsion.

Abstrato

O objetivo desta tese é analisar a maneira de como a história inicial dos

Açores, a sua identidade e cultura se formaram entre os séculos XV e

XVIII. Especialmente trata dos primeiros colonizadores, unidades administrativas, problemas durante a colonização e comparação com outras ilhas portuguesas.

Palavras-chave

Açores, história, identidade, século XV-XVTII, colonizadores, administração, problemas, comparação. Conteúdo

INTRODUÇÃO 7

1 CIRCUNSTÂNCIAS HISTÓRICAS 10 1.1 Antecedentes da expansão portuguesa 10 1.2 O início da expansão 13

2 OS AÇORES 17 2.1 Descoberta e povoamento 18 2.2 Organização político-administrativa desde o século XV até ao XVIII 26 2.2.1 Regime das sesmarias 26 2.2.2. Donatarias-capitanias 30 2.2.3 Concelhos e Capitania-geral 34

3 ALGUNS DOS CONFLITOS, DESASTRES NATURAIS E OUTROS OBSTÁCULOS AO POVOAMENTO 36

4 BREVE COMPARAÇÃO DO POVOAMENTO DOS AÇORES COM POVOAMENTO DOS OUTROS ARQUIPÉLAGOS NO OCEANO ATLÂNTICO 38 4.1 39 4.2 Ilhas Canárias 40 4.3 Cabo Verde 43

CONCLUSÃO 44

BIBLIOGRAFIA 47 Introdução

Nesta tese de licenciatura queríamos concentrar atenção na expansão

marítima portuguesa que teve o seu início no século XV, indicar as

primeiras motivações expansionistas e obter uma visão global do

desenvolvimento das colónias portuguesas no oceano Atlântico desde a

primeira metade do século XV, quando tinha começado o povoamento,

até aos meados do século XVIII quando foram estabelecidas as reformas

pombalinas.1

"Foi, como é sabido, no imenso cantinho da Europa quatrocentista

que se preparou a decisão (histórica) de interromper as descontinuidades

tradicionais e encenar a comunicação entre nós e os outros... Portugal foi

das primeiras nações europeias a procurar encontrar uma solução

decisiva para esta crise de então."2 A razão para a expansão foi o desejo

dos portugueses de espalhar a fé cristã, estender o reino para novos

territórios e a procura de riquezas, nomeadamente ouro, pela escassez dos

recursos de mão de obra que indiretamente também está relacionada.

Escolhemos a história do povoamento dos Açores como o tema

principal, porque achamos esta história muito rica e interessante, e

também porque estas ilhas têm um valor estratégico para Portugal, pois

tiveram um papel muito importante na época dos descobrimentos, mesmo

como mais tarde durante a implantação do Liberalismo em Portugal.

A colonização dos Açores passou por uma evolução

consideravelmente difícil. Queríamos focalizar aos primeiros séculos, o

povoamento e os sistemas administrativos e políticos. Também estaremos

interessados na composição da primeira população e com ajuda de fontes

especializadas disponíveis, vamos tentar analizar de onde e com qual

objetivo as primeiras pessoas vieram aos Açores e como era a vida na

ilha, onde os primeiros habitantes tinham de construir tudo o necessário

Reformas estabelecidas por Marques de Pombal - Sebastião José de Carvalho e Melo (1699 - 1792), durante o reinado de D. José I. Tinham servido como um meio para modernizar a administração no Império Português, principalmente no Brasil. Santos, João Marinho dos. Os Açores nos Séculos XV e XVI. Coimbra. 1987. Pág. 9. para sobreviver. É difícil responder as perguntas como quem eram os primeiros povoadores e como se ambientaram no espaço inóspito insular, principalmente por falta de fontes. Os documentos mais importantes desta época são os mapas marinhos, cartas náuticas, crónicas e mais tarde também livros de linhagens. Os primeiros cronistas importantes que escrevem sobre os Açores são historiadores açorianos Gaspar Frutuoso

(1522-1591) e Diogo das Chagas (1584-1661).

Há estudos muito bons e aprofundados deste período inicial nos

Açores, que foram trabalhados por especialistas na história da

Universidade dos Açores, que fizeram um trabalho notável nesta área.

Eles por exemplo juntaram dados sobre a população, de acordo com dados da igreja disponíveis no Arquivo dos Açores, sobre batismos e casamentos durante os primeiros séculos (XVI - XVIII). Nessas estatísticas estava também incluída a parte escravizada da população.

Destes trabalhos podemos mencionar por exemplo a dissertação de doutoramento da professora Rute Dias Gregório - Terra e Fortuna nos primódios na ilha Terceira (1450-1550) ou Configurações de uma pequena nobreza e do seu património, Açores, séculos XV e XVII da mesma autora. Mas há muitos outros trabalhos e projetos que tratam deste assunto, a maioria deles disponível no Repositório da Universidade dos Açores (repositorio.uac.pt).

Este trabalho está dividido em cinco capítulos, primeiro analisamos as razões da expansão e o seu início, depois vamos directamente para a descoberta e povoamento das ilhas dos Açores, onde trataremos em detalhe das primeiras unidades administrativas

(donatárias, capitanias e capitania-geral). No terceiro capítulo resumimos brevemente alguns obstáculos ocorridos durante o povoamento, como lutas armadas e catástrofes naturais. O quarto capítulo trata das diferenças na colonização de outros arquipélagos portugueses no

Atlântico Norte - Madeira, Canárias e Cabo Verde. Descobriremos onde a forma do povoamento foi igual e onde foi diferente, e por quais razões.

Outra vez vamos nos concentrar principalmente na questão das primeiras unidades administrativas, habitantes e primeiras fontes de dinheiro, ou seja, produtos cultivados e exportados. No quinto capítulo fazemos um resumo e uma conclusão do nosso trabalho e novos conhecimentos. 1 Circunstâncias históricas

1.1 Antecedentes da Expansão portuguesa

Por várias razões, como eram por exemplo as mudanças políticas e

militares na China, a invasão turca, falta das reservas do ouro e a Peste

Negra, o comércio entre ocidente e oriente passava por uma chamada

Crise do século XIV ou Crise do final da Idade Média. Havia, portanto, a

possibilidade de continuar com os muçulmanos como intermediários do

comércio ou encontrar um novo caminho para oeste. Portugal e Castela

escolheram a segunda opção e começaram a procurar um caminho para

oeste pelo mar.

"O Homem da Idade Média é preferentemente terrestre. Apesar

do grande número de recortes de terra e da elevada quantidade de

pescadores e navegantes, a grande maioria da população europeia tinha

medo da água e, particularmente, da sua extensão ou seja do Mar

Oceano."3 Uma grande parte da população europeia tem medo da água

no início do século XV (mesmo como nos séculos anteriores e seguintes),

ainda mais do mar e do oceano. Navegar para ocidente como o lendário

São Brandão4 seria arriscar e, de acordo com antigas lendas, andar

perdido no oceano cheio de monstros. Os mares, e especialmente os

oceanos, mais concretamente o oceano Atlântico, neste tempo foram

considerados o reino dos monstros onde o homem não tinha nenhuma

chance de sobreviver. Medo maior tinham as pessoas de navegar para

oeste-um lugar onde o sol se perdia, enquanto que os cruzeiros para este

não traziam tanto temor. Neste período, só cruzar para sul ao longo da

costa era uma aventura grande e assustadora, graças às altas temperaturas

ao redor da costa africana. "Desta feita, navegar em direcção contrária à

terra, era, pois, como tentar viajar para lá da morte." 5

Os pescadores e navegadores viviam separados e construíram Sousa, João Silva de. A Expansão portuguesa no século XV, Parte 2 : O Medo do Mar. Artigo disponível em : http://www.arqnet.pt/portal/artigos/jss_expansao2.html (acesso : 11.4.2019). São Brandão (484-577) foi um padre e mongre irlandês, conhecido principalmente por seus cruzeiros no Atlântico. Ele dedicou a sua vida à busca da terra prometida aos santos. A sua biografia Vita Sancti Brendani do século X. tornou-se um texto de advertência e um exemplo dissuasivo para muitos. Informações disponíveis em https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A3o_Brand%C3%A3o. (acesso : 11.4.2019). Sousa, J. S. A Expansão, Parte 2 : O Medo do Mar. aldeias distantes das outras. "Contudo, pescadores e marinheiros faziam

normalmente vida à parte, formando comunidades distintas dos

camponeses, e, só muito lentamente, os seus conhecimentos começaram

a tornar-se património comum da cultura habitual."6

Uma parte da população, especialmente habitantes das localidades

costeiras, já estavam apaixonados pelas viagens marítimas. Isso teve

muitas razões diferentes, os que viajavam pelos rios eram, em sua

maioria, mercadores que queriam arrecadar dinheiro ou encontrar

melhores locais para o desenvolvimento do comércio. Na maioria das

vezes, os marinheiros queriam só encontrar alguma riqueza, descobrir o

que havia nos lugares de onde ainda não havia mensagens ou mapas.

Houve um grande desejo por parte dos marinheiros saber, como

primeiros, o que havia em lugares desconhecidos e depois passar essa

informação para o seu rei. Eles acreditavam na ajuda de Deus, mas para a

riqueza e lugares novos para comerciar, os portugueses ás vezes,

infelizmente, iam longe demais. Devido à falta do conhecimento dos

correntes e ventos no oceano, e também à mudanças climáticas

repentinas, aconteceu que muitos navios não retornaram.

O grande crescimento demográfico e económico, que tinha

começado já no século XI na Europa, e que foi ainda mais notável desde

os finais do século XIV, embora quase um terço da população europeia

tenha morrido de peste e várias guerras tenham surgido (por exemplo a

Guerra de Cem Anos entre França e Inglaterra),7 iniciou o processo do

desenvolvimento do assentamento de vários países, construção das

cidades e negócios e, portanto, o velho continente, ou Velho Mundo (ou

seja, a Eurásia e Africa) começou a desenvolver-se e deixou de ser tão

isolado como tinha sido antes. Esta mudança exigiu uma ação das cortes

régias e do clero, porque estas instituções tinham a maior riqueza e

podiam investir em desenvolvimento urbano e comercial. Os

comerciantes - muitas vezes da Itália e de Flandres, e o conhecimento

dos mares, especialmente do Mediterrâneo e o Báltico, também tiveram

um papel muito importante nesta época.

Sousa, J. S. A Expansão, Parte 2 : O Medo do Mar. Vieira, Raymundo Manno. Raízes históricas da medicina ocidental. SciELO-Editora Fap-Unifesp, São Paulo. 2012. Desde a Idade Média temos referências à pesca e a extração de sal

na península Ibérica. Durante a reconquista, muitas fontes falam do

ataque de piratas sarracenos e da necessidade de uma marinha capaz de

defender a costa. Graças a essa medida, as águas do Mediterrâneo

tornaram-se mais seguras e o comércio entre o Norte e o Sul cresceu. Isso

também foi ajudado pelas condições do rio Tejo, por qual os

comerciantes vieram para Lisboa.

Em 1203, o rei inglês João Sem-Terra deu a carta de segurança

aos mercadores portugueses.8 Ainda nos finais da primeira dinastia

(Afonsina) o comércio no Mediterrâneo era menos comum do que o

comércio com Norte. Lisboa tornou-se, pela sua posição estratégica, um

porto para os encontros dos comerciantes do Norte e do Sul.

As nações marítimas não esqueciam de mostrar esta sua paixão

também na literatura. Ao contrário dos provérbios mediáveis europeus no

seu conjunto, que se referem apenas raramente a temas marinhos, na

literatura antiga portuguesa podemos encontrar muitas referências ao

mar, peixe ou navios, alguns alertam para o perigo do mar, outros

referem-se de forma positiva :

"Quem se não quer aventuar, não passa o mar "9

O mesmo pode ser visto nas cantigas de amigo galego-portuguesas :

"Ondas do mar de Vigo,

se vistes meu amigo?

E ai Deus, se verrá cedo? "10

"Mãe-d'água, rainha das ondas, sereia do mar,

Mãe-d'água, seu canto é bonito quando tem luar.

Oh, Iemanjá, rainha das ondas, sereia do mar,

Rainha das ondas, sereia do mar.

E tão bonito o canto de Iemanjá,

Que até faz o pescador sonhar,

8 Sousa, J. S. A Expansão, Parte 2 : O Medo do Mar. 9 Adágios, provérbios, rifaõs, e anexins da lingua portugueza, tirados dos melhores autores nacionaes. Lisboa. 1841. 10 Barz, Kris. Cantigas Trovadorescas - Seleção de cantigas. Editora Melhoramentos, São Paulo. 2014. Quem escuta a Mãe-d'água cantar,

Vai com ela pr'o fundo do mar. "n

1.2 O início da expansão portuguesa

No início, quando começou algum contato com o mar, quem fizera o

primeiro contacto foram os pescadores que viviam perto e possuíam o

melhor conhecimento dele. Os novos conhecimentos científicos

permitiram uma navegação mais segura pelo oceano e busca de novos

territórios e novas populações o que, mais tarde, depois do povoamento

de novos territórios e depois da instalação do sistema agrícola, serviu

como uma das fontes de dinheiro para a coroa portuguesa, através do

ouro encontrado às vezes nas áreas despovoadas, mesmo como mais

tarde por produtos agrícolas locais exportados para Europa.

Podemos dizer que o primeiro rei português interessado pela

navegação marítima foi D. Dinis, que apoiava os mercadores

portugueses, por exemplo com a aprovação da Bolsa dos Mercadores,

uma associação de mercadores de Portugal, em 1293.12 Depois, já

durante o reinado do seu sucessor Afonso IV (1325-1357) os portugueses

chegaram aos arquipélagos da Madeira e Canárias. Depois disso, em

1415, foi conquistada a cidade de Ceuta e durante os Descobrimentos

Henriquinos foram redescobertos e descobertos os arquipélagos no

oceano Atlântico e também atravessado o Cabo Bojador em 1434 por Gil

Eanes e o Cabo da boa Esperança em 1488 por Bartolomeu Dias.13 A

passagem do Cabo Bojador não só abriu novos caminhos para o comércio

na costa africana, mas também deu a conhecer que não existiam monstros

que afundavam os navios, como diziam as lendas. A passagem do Cabo

da Boa Esperança confirmou que era possível a ligação ao oceano Índico

por mar. Depois desta missão de Bartolomeu Dias começou a preparar-se

a viagem marítima para a descoberta da índia. Estes acontecimentos

foram fundamentais para a exploração marítima portuguesa.

Cantigas de umbanda e candomblé - Pontos Cantados e Riscados de Orixás, Caboclos, Pretos- Velhos e Outras Etnidades. Pallas Editora. Rio de Janeiro, Brasil. 2007. Bolsa dos Mercadores em Artigos de apoio Infopédia. Porto Editora, Porto. 2009. Disponível em: https://www.infopedia.pt/$bolsa-dos-mercadores Klíma, Jan. Dějiny Portugalska v datech. Libri Praha. 2007. Pág. 101- 154. Realmente, a expansão tinha começado com a conquista da Ceuta,

uma cidade islâmica no Norte da Africa, no dia 21 de Agosto de 1415,14

por tropas portuguesas sob o comando de João I de Portugal. O objetivo

mais importante foi a posição geoestratégica de Ceuta, que permita uma

navegação mais segura entre o mar Mediterrâneo e o oceano Atlântico, o

que era bom para os comerciantes e pescadores, por isso os mercadores

das cidades maiores como Lisboa ou Porto apoiavam esta expansão e

cederam os seus barcos para a deslocação das pessoas, mas certamente a

troco de alguma recompensa. Também a navegação cristã aqui

encontraria apoio, em alguns territórios recém-descobertos, havia pessoas

que podiam ser evangelizadas. A luta contra os muçulmanos daí era mais

fácil, porque Ceuta assegurava controlo da passagem entre os reinos de

Granada e de Fez. Ceuta era uma cidade de comércio, bastante rica, pois

os transportes com ouro do Sudão iam, entre outros, para aí.15

Depois da vitória, ocorreu a pergunta - o que fazer com Ceuta? Isso

mostra que este aspeto não foi muito bem planeado, e foi D. João I quem

decidiu a permanência em Ceuta com uma numerosa guarnição, por

razões missionárias, militares e políticas. Nesta altura, D. João acrescenta

ao título Rei de Portugal e do Algarve-Senhor da Ceuta.16

"Conquistada a cidade, fez-se a pergunta: o que fazer dela? D. João I

reuniu o seu conselho e iniciou-se o debate, dividindo os homens. Por um

lado, havia a facão favorável a destruir e abandonar a praça ... D. João I

decidiu que Ceuta era para manter e não para destruir. Era serviço de

Deus "fazer guerra aos Mouros" africanos e impedir o auxílio destes ao

reino de Granada; Marrocos abria espaço à nobreza para o exercício das

armas; o rei pensava poder criar aí um "couto de homiziados" de

Portugal."17

Portugal foi o primeiro país a sentir a importância da expansão

marítima. Porém, logo foi seguido por Castela, que se atrasou devido a

vários problemas como por exemplo o último - a derrota dos mouros em

14 Klíma, J. Dêjiny Portugalska. Nakladatelství Lidové noviny. Praha. 2007. Pág. 100. 15 Linhares, Maria Yedda Leite e Cardoso, Ciro Flamarion Santana. História geral do Brasil. 9a ed. rev. e atualizada. Editora Campus, Rio de Janeiro, Brasil. 2000. 16 Cardeira, Esperança. Entre o português antigo e o português clássico. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, Lisboa. 2005. 17 Santos, Ana Maria dos. A Nobreza e a Expansão no Norte de Africa (o caso de Ceuta). Pág. 132-133. Artigo disponível em : https://ler.letras.up.pt/uploads/fícheiros/l5241 .pdf (acesso : 13.4.2019). Granada em 1492. Este ano é considerado o fim da reconquista

castelhana, mesmo que é verdade que os governantes castelhanos e

muçulmanos cooperavam antes da conquista de Granada. Desde então

Portugal e Castelha competiam por territórios recém conquistados. As

primeiras disputas surgiram durante o século XIV, sobre as Canárias e

algumas partes da costa africana.

Após Ceuta, em 1419, descobre-se a Madeira e em 1420 inicia-se

o seu povoamento.18 Em 1422 D. Henrique mostra o seu interesse para

sul, nomeadamente á ideia da passagem do Cabo Bojador.19 Os objetivos

mais importantes de D. Henrique, segundo Zurara, foram: a curiosidade

geográfica, desejo de encontrar cristãos com que se pudesse

comercializar, controlar o poder militar mourisco, fazer uma aliança anti-

muçulmana com o Preste João20 e evangelizar outras partes do mundo.

Muitas destas razões eram concentradas na guerra contra os mouros.

Em 1487, durante o reinado de João II, uma expedição foi enviada

em busca de informações sobre o Preste João, e um caminho terrestre

para índia que foi liderada por Pêro da Covilhã e Afonso de Paiva. Em

1488 chegam a Adém (Iêmen), seguidamente continuam para a Etiópia, e

depois para o Índico. Depois da morte de João II e durante o reiando de

D. Manuel I, no mesmo ano que casa com D. Isabel-1497, Vasco de

Gama foi encarregado de partir para índia por mar, com a sua armada.

Durante este período de finais do século XV foram feitas viagens

marítimas para o ocidente onde em 1500, Pedro Alvares Cabral chega a

Porto Seguro, e assim acha o Brasil sobre o qual, no mesmo ano, Pero

Vaz de Caminha escreve a carta a El-Rei D. Manuel sobre o achamento

do Brasil.21 Os descobrimetos marítimos culminaram pela chegada a

Malaca (atual Malásia) em 1511, aproximando-se do sul da China

(descoberta em 1513 por Jorge Alvares) e em 1542, finalizando assim

este percurso, deu-se o descobrimento de Japão, realizado por Francisco

Rodrigues, António Simões e Capelo, Rui Grilo. História de Portugal em datas. Lisboa: Temas e Debates. 1996. Pág.

Descobrimentos e as marcas da globalização, National Geographic, Portugal. Disponível em : https://nationalgeograpMc.sapo.pťlústoria/grandes-reportagens/1094-descobrimentos-edespecial?start=3 (acesso : 14.4.2019). O Preste João foi um lendário soberano cristão do Oriente que detinha fincões de patriarca e rei, correspondendo, na verdade, ao Imperador da Etiópia (disponével em https://pt.wikipedia.org/wiki/Preste_Jo%C3%A3o'). Klíma, Jan. Dějiny Brazílie. Vyd. 2., dopl. Nakladatelství Lidové noviny, Praha. 2011. Zeimoto, António Peixoto e António da Mota.22

Com isto tentamos apenas centrar-nos no facto de que as viagens

expansionistas portuguesas, quer sejam as terrestres ou as marítimas,

duraram mais de duzentos anos. Os portugueses sempre estiveram um

pouco à frente e podemos dizer que nesse tempo "dominaram" toda a

expansão,como também os espanhóis, ingleses, franceses e holandeses,

todos de alguma forma sucedidos na expansão, mas Portugal e Castela

foram os participantes principais, o que pode ser visto, dum certo modo,

no Tratado de Tordesilhas, de 1494,23 onde Portugal e Castela, depois de

longas negociações, dividiram as terras "descobertas e para descobrir".

Aqui devia ser enfatizado que outros estados nunca aceitaram esta

divisão porque foi algo absurdo.

Rodrigues, António Simões e Capelo, Rui Grilo. História de Portugal. Lisboa: Temas e Debates. 1996 Pág. 78- Rodrigues, António Simões e Capelo, Rui Grilo. História de Portugal. Lisboa: Temas e Debates. 1996. Pág. 79. 2. Os Açores

Como já foi dito, depois da conquista de Ceuta, os portugueses e

nomeadamente as armadas de D. Henrique e D. Pedro dirigiam-se para

Ocidente e foram redescobrindo e descobrindo as ilhas no oceano

Atlântico, os arquipélagos das Canárias, Madeira e Açores

As Ilhas dos Açores são um arquipélago situado no Atlântico

Norte, na zona que hoje é chamada a Macaronesia. Nesta zona pertencem

também outras ilhas e arquipélagos, como a Madeira, Ilhas Canárias ou

Cabo Verde. Um parte da costa africana também pertenece a esta zona-a

fronteira entre a Saara Ocidental e Marrocos. Os Açores são considerados

a região mais distante da União Europeia.

E mais provável que as ilhas tenham recebido o seu nome dos

primeiros descobridores portugueses que viram muitos pássaros voando

sobre eles que achavam que eram açores. Estes provavelmente eram os

milhafres, mas o nome Açores ficou, talvez porque soava melhor. Outra

teoria explica o nome pela existência da Nossa Senhora de Açores na

Beira Alta, então podia ser que Gonçalo Velho Cabral lhes desse este

nome porque tinha conhecido este lugar e era religioso. Não podemos

dizer com certeza qual destas opções é verdadeira, também é possível

que exista outra alternativa que nem sequer conhecemos. Mas é verdade

que durante séculos os Açores eram um ponto de paragem para muitas

espécies de aves migratórias que aí têm condições ideais para um

descanso na longa viagem.

"(...) e Verão, e muy viçosas, de fontes, e ribeyras de muito boas

aguas, e frutas, em especial de espinho de toda a sorte; saõ taõ

abundantes de paõ (...) e outras partes: faz-se nellas muyto pastel, que se

leva para Flandres, Inglaterra e outras Províncias; saõ muyto abastadas de

caça, peyxe, e criaçones de gado : há nellas muytas matas de cedros."24

Pela sua localização as ilhas eram muito importantes na história como

uma posição estratégica, apropriada para o transporte marítimo. Quando

Góis, Damião de. Crónica do Sereníssimo Príncipe Dom João. Tipografia da Universidade de Coimbra. 1790. Pág.20-21. os navios voltavam de viagens para o Brasil, África ou índia, os Açores

eram único lugar onde os marinheiros podiam tomar água potável entre

outras comodidades. Esta importância do arquipélago durou até ao século

XIX - XX. "No caso dos Açores, no contexto da guerra civil de 1828-

1834, é aí que os liberais constituem o seu «santuário» contra o domínio

absolutista do território continental, tendo D. Pedro organizado nos

Açores o Exército Liberal (...) no contexto da 2a Guerra Mundial e

durante guerra-fria, os Açores constituem uma base de projeção de forças

do poder americano para a Europa."25

2.1 Descoberta e povoamento dos Açores

"The history of the discovery of the Azores is not entirely clear. Some of

the Azores are mentioned in the Libro del Conosfimiento of ca. 1350. The

islands appear in one of the nautical charts in the "Medici Atlas:' ca.

1351, and in the Catalan Atlas of 1375."26

Existem mapas dos marinheiros genoveses, marroquinos e

catalães, amiúde ao serviço de Portugal ou Castela, onde desde o ano de

1351 (Medici Atlas, o autor é desconhecido mas provavelmente foi feito

pelos genoveses), mas mais frequentemente na década de setenta,

aparecem várias ilhas, que alguns historiadores, tanto pela localização

deles como pelos nomes, identificam como sendo os Açores. Da década

de setenta temos mapas (1375) onde já podemos com certeza dizer que se

trata dos Açores. Por isso sabemos que já eram conhecidos no século

XIV e é provável que alguém já os tinha encontrado antes dos

portugueses, mas não temos nenhuma prova escrita disso, como a Carta

de Gabriel de Vallseca de 1439.

Nessa altura, os Açores eram aparentemente denotados em mapas

como "insulae solis" ou seja "ilhas do Soľ. No mapa de 1502 -

Planisferio de King-Hamy, que é considerado um dos primeiros mapas

25 Escorrega, Luís Falcão. Importância geoestratégica dos Açores e da Madeira. Faculdade IESM. Boa Vista, Brasil. 2013. Pág. 3. 26 Duzer, Chet Van. The History of the Azores as Insulaesolis or Islands of the Sun in 16th-Century Cartography. Terrae Incognitae, SHD, US. 2008. Pág. 33. que mostra o Novo Mundo, aparece pela primeira vez este nome insulae

solis e, os nomes das ilhas neste mapa (a graciosa, opico, corvo, s.maria

etc.) provam que esta determinação realmente pertencia aos Açores.

Há também representações míticas, das quais nos traz confusão,

por exemplo, o Mito da Atlântida, onde não temos certeza se se trata dos

Açores. Segundo a lenda, os Açores são os cumes das montanhas mais

altas da Atlântida, mas isso só é uma hipótese, porém, em comparação

com outras teorias da Atlântida, esta uma pode parecer a mais provável.

A primeira referência escrita a este arquipélago encontra-se no

mapa de marroquinho Gabriel de Valseca, onde aparece a inscrição de

ilhas na posição aproximada dos Açores "terem sido estas ilhas achadas

por um piloto do rei de Portugal, Diogo Silves (ou Sunis?), em 1427. "2?

Pode ser que sejam achados já prévios desta data, mas não temos

nenhuma prova, como esta carta, da época anterior. Este ano é uma data

da realização da expedição a Gran Canária, 1425-27, e também início do

povoamento da Madeira,28 que inaugurou uma rota entre Ilhas Canárias e

o Reino, e assim tornou mais possível o descobrimento dos Açores.

Houve pessoas, e talvez ainda hoje há quem ache que a data da

descoberta foi o ano de 1431, quando Gonçalo Velho Cabral chegou a

ilha de Santa Maria. Porém, a maioria dos historiadores considera a

viagem de como a primeira ou seja, como o ano da

descoberta.

"E, neste caso, o período que vai de 1419 a 1436 é

verdadeiramente um período de aprendizagem e de escola, onde se

conjugaram diversos aspectos concorrentes para o desenvolvimento da

técnica que mais tarde viria a ser uma efectiva ciência náutica."29

Santa Maria foi a primeira ilha descoberta, depois os navegadores

chegaram ao Ilhéu da Vila Franca, mas por causa do mau tempo eles não

27 Bethencourt Francisco e Chaudhuri, K. N.: História da Expansão Portuguesa. Vol. 1. Carta náutica de Gabriel de Valseca de 1439. Lisboa. 2000. Pág. 36. 28 Rodrigues, António Simões e Capelo, Rui Grilo. História de Portugal em datas. Lisboa: Temas e Debates. 1996 Pág. 60. 29 Serrão, Joel e Marques, António de Oliveira. Nova História da Expansão Portuguesa: A expansão Quatrocentista. Editorial Estampa, Lisboa. 1998. Pág. 74. viram a ilha de São Miguel primeiro.30 "As primeiras ilhas povoadas

foram as do grupo oriental - Santa Maria e São Miguel, por famílias que

vieram principalmente da Estremadura, do Alto Alentejo e do Algarve."31

Este povoamento foi mediado por Gonçalo Velho Cabral. Depois surgiu o

povoamento do grupo central, na ilha Terceira tinha começado em 1460 e

foi dirigido por um flamengo-Jácome de Bruges, que levou consigo

famílias flamengas. Depois da Terceira povoava-se também Faial (este

foi doado antes do ano 1466 ao flamengo Jos Dutra que, em 1482 além

de ser capitão do Faial, torna-se também capitão da ilha vizinha do Pico),

Graciosa (provavelmente antes de 1510) e São Jorge. As últimas ilhas

povoadas foram as do grupo ocidental - Flores e Corvo, depois do ano

1452. A situação das Flores e do Corvo era diferente das restantes ilhas

do arquipélago, porque estas ilhas são as mais afastadas da Europa e

foram descobertas e povoadas mais tarde. Durante algum tempo não

foram sequer considerados parte do arquipélago açoriano. O primeiro

capitão destas ilhas foi Diogo de Teive, quem os tinha descoberto. Em 1

de março de 1504 Manuel I de Portugal fez a doação desta capitania-

donatária32 a João da Fonseca, e só foi depois desta data que se iniciou o

povoamento destas ilhas.33

Entre 1427 e 1432, depois do achamento, foram provavelmente

feitas as primeiras viagens para reconhecer e lançar animais domésticos.

Depois, em 1432, fizeram-se viagens comandadas por Frei Gonçalo

Velho Cabral para a ilha de Santa Maria e um ano depois para São

Miguel, por ordem do Infante D. Henrique.34 O primeiro documento

sobre a autorização de povoar estas ilhas ao Infante D. Henrique,

concedida pelo rei D. Afonso V, sob a regência de D. Pedro, deu-se no

ano de 1439. Na Carta Régia de 2 de Julho de 1439 há informação de que

o Infante D. Henrique tinha ordenado para lançar ovelhas para as sete

ilhas dos Açores35. Neste tempo as ilhas de Flores e Corvo ainda não

30 Frutuoso, Gaspar. Saudades da Terra, Livro III. Cap.I. Instituto Cultural de Ponta Delgada. 1998. Pág. 4. 31 Disponível em http://nea.ufsc.br/sintese-historica-dos-acores/ - Povoamento e colonização (acesso : 13.4.2019). 32 Capitania-donataria = Divisão territorial dos domínios ultramarinos portugueses. Território descoberto ou a descobrir, doado a um donatário para povoamento, administração e exploração. Os donatários dividiram estes territórios em capitanias, cada uma tinha o seu capitão para cuidar delas, (priberam.org - acesso: 27.4.2019). 33 Disponível em http://nea.ufsc.br/sintese-historica-dos-acores/ - Povoamento e colonização (acesso : 13.4.2019). 34 Vieira, Domingos e Azevedo, Carlos A. Moreira. Ordem dos eremitas de Santo Agostinho em Portugal (1256-1834). Universidade Católica Portuguesa, Centro de Estudos de História Religiosa, Lisboa. 2011. Pág. 241. 35 Carta Régia de 2 de Julho de 1439 em Manuel Monteiro Velho Arruda: Colecção de documentos relativos ao descobrimento e povoamento dos Açores. Instituto Cultural de Ponta Delgada. 1997. Pág. 121. eram conhecidas, só foram descobertas em 1452, quando se fez a viagem

de exploração à Terra Nova. Em 20 de Janeiro do ano seguinte, Afonso V

de Portugal fez a doação das ilhas ao seu tio, Afonso I, Duque de

Bragança.36 As ilhas das Flores e do Corvo são, então, as ilhas mais

tardiamente povoadas, o povoamento começou entre os anos de 1508 e

1510.

Ao descobrir a ilha do Corvo, os portugueses encontraram na

serra central da ilha uma estátua de um cavaleiro, feita de apenas uma

peça de pedra.37 Esta informação só temos de Damião de Góis, dos finais

do século XV, repetida por Gaspar Frutuoso em finais do século XVI

Alguns séculos depois, em 1749, moedas cartaginesas ou fénicas eram

provavelmente encontradas na ilha. Por isso, há historiadores

convencidos que o Corvo era algo como o ponto central do Atlântico

Norte, onde os povos antigos dos fenícios haviam aportado graças às

correntes e ventos convenientes. Por isso não temos certeza se no ano de

1427 se trata de uma descoberta ou redescoberta das ilhas.38 No entanto,

estas informações merecem algumas reservas, sobretudo porque se trata

de uma história muito antiga da qual não temos muitas fontes. Mas, quer

os fenícios estivessem lá ou não, sabemos que com a sua estadia não se

iniciou a colonização das ilhas. Esta só foi começada com a chegada dos

portugueses, que construíram as primeiras habitações e vilas e

começaram a fazer agricultura.

O povoamento dos Açores demorou muito tempo, mais ou menos um

século, principalmente porque os portugueses estavam mais preocupados

com o povoamento da Madeira e a expansão e exploração na costa

ocidental africana. Outra razão porque o povoamento demorou tanto

tempo foi que as ilhas eram despovoadas e havia uma floresta densa que

dificultava as condições para os primeiros colonos. Então eles tiveram de

queimar quase toda a vegetação (algumas das árvores originais da ilha

36 Gomes, Francisco António Nunes Pimentel. A Ilha das Flores: Da redescoberta à actualidade (subsídios para a sua história), 1997. ou Guedes, Maria Helena. As Belezas das Cascatas das Flores. 2016. Pág. 90. 37 Góis, Damião de. Crónica do Sereníssimo Príncipe Dom João. Tipografia da Universidade de Coimbra. 1790. Pág. 21. 38 Goulart Costa, Susana. Açores: Nove Ilhas, Uma História. Berkeley: Universiry of Califórnia. 2008. Pág. 4. não foram queimadas mas utilizaram-se para a construção naval)39

fizeram as chamadas "queimadas" e assim, graças à cinza, a terra tornou-

se muito fértil, para plantar uma vegetação mais útil, mas que não era

autóctone. Estas novas plantas na maioria dos casos estavam indo bem. O

primeiro produto da exportação foi o trigo. Mais tarde os mais

importantes eram mesmo batatas, laranjas, ananás, tabaco e chá.

Foi difícil trazer gente para o povoamento e depois os primeiros

trinta anos eram muito duros, tanto porque a geração que vinha como a

primeira muitas vezes não conhecia outra gente que vivia na ilha

(aconteceu que portugueses e flamengos viviam em uma aldeira), como

por razões de meio vulcânico que dificultou a colonização das ilhas.

Pelas primeiras três décadas, os habitantes quiseram ir para Norte da

Africa, onde o povoamento era mais fácil. Nas ilhas não haviam estradas

nem portos e ninguém que as quisesse ajudar a povoar porque eram

muito distantes de tudo, no mar oceano. O infante D. Henrique foi

incumbido, em 1439, de povoar as sete ilhas (pela Carta régia de D.

Afonso V). Mas em 1450, apesar de esforços anteriores, o povoamento

tinha pouco progresso e chegara ao impasse. A ilha Terceira estava

deserta e o infante D. Henrique não parecia ter maneira de prosseguir a

tarefa que o rei o incumbia.40 Depois foi aconselhado que os povoadores

da Madeira viessem para os Açores porque eles já tiveram experiências

com povoamento e vida na ilha. Isto também foi influenciado pelo facto

que a capitania de São Miguel foi "vendida" a Rui Gonçalves da Câmara,

filho de João Gonçalves Zarco, um dos homens conhecidos como os

descobridores da Madeira. A capitania foi vendida porque o segundo

capitão-João Soares de Albergaria, provavelmente tinha poucos lucros.41

Pelo contrário, as vantagens eram as dadas da terra gratuitas (75%

das terras concedidas gratuitamente)42, busca de melhores oportunidades,

as condições naturais, um certo espírito de aventura e mais tarde também

boa situação económica. Depois da chegada dos madeirenses foi

observado um grande desenvolvimento social e econômico.

Disponível em: http://nea.ufsc.br/sintese-historica-dos-acores/ - Exploração económica. Leite, José Guilherme Reis. 7 Ensaios Sobre o Povoamento dos Açores. Blu Edições - Terceira. 2012. Pág. 39. Magalhães, Joaquim Romero. O açúcar nas ilhas portuguesas do Atlântico séculos XV e XVI. Artigo disponível http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-87752009000100008 (acesso : 14.4.2019). Gregório, Rute Dias. Congigurações de uma pequena nobreza e do seu património, Açores, séculos XV e XVI. Centro da História de Além-Mar, Universidade dos Açores e Universidade Nova de Lisboa. 2010. Pág. 9. Os Açores tinham uma posição de cruzamento nas rotas

medievais : no início, durante a colonização de Santa Maria e São

Miguel, estavam ligados às rotas internacionais a meados de quatrocentos

- na zona da Mauritânia e Guiné, mais tarde, quando as caravelas

partiram para o Atlântico Sul e começaram as rotas da Mina e do Congo,

era o tempo do povoamento da Terceira, São Jorge, Pico, Faial e

Graciosa. E finalmente, no início do século XVI, quando se povoavam

ilhas de Flores e do Corvo, os Açores começaram a fazer parte das rotas

da índia e do Brasil. Desde o final do século XV, a Carreira da índia entre

Lisboa e Goa ou Cochin na índia) tem sido amplamente utilizada e uma

das paragens nela foram os Açores.

Cam bay í . *• Sural

Çeyío*

Carreira da India 0inward Rome (Inner, |> re July I

[Outer, post-July) Rsturn Route (inner) Return Route lOuter)

A navegação mais longe da costa era mais benéfica por causa dos

piratas que operavam perto da costa da Península Ibérica (mesmo como

da costa francesa ou italiana)44 mas também por causa dos ventos e

correntes que tinham direção mais conveniente e maior força mais no

Oeste. Os Açores eram, portanto, um lugar onde os marinheiros, além da

água, também abasteceram as naus para a defesa contra estes corsários e

piratas (principalmente da Inglaterra, França ou Holanda).

Imagem disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Carreira_da_%C3%8Dndia. (acesso: 11.4.2019). Ferreira, Ana Maria Pereira. Problemas marítimos entre Portugal e a França na primeira metade do século XVI. 1995. Redondo, Évora, Portugal. Pág. 111. Até à segunda metade do século XVIII, do ponto de vista político

e institucional, os Açores não eram um território homogéneo. Temos de

um lado as sete ilhas que atualmente pertencem aos grupos oriental e

central e de outo lado as ilhas das Flores e de Corvo. Havia então um

grupo chamado as ilhas Terceiras, ou Açoreanas, e outro grupo, chamado

ilhas Floreiras.45 Como a primeira fase da ocupação do arquipélago é

considerado o período entre 1427 (a descoberta) e 1642, quando a

independência foi restaurada após a união com Espanha. Nas ilhas este

processo não foi tão rápido, as últimas tropas castelhanas só retiraram em

1642. Mesmo como no início desta união, os Açores resistiram ao

domínio espanhol até 1583, embora a maioria dos territórios portugueses

já sucumbiram em 1580.46

A criação de primeiros concelhos data-se no último terço de

quatrocentos, como primeira foi criada a Vila do Porto na ilha de Santa

Maria, provavelmente por volta de 1470.

Em 1460, era (Vila do Porto) a sede da capitania-donataria das ilhas de

Santa Maria e São Miguel. Foi elevada a vila e sede de município em ano

incerto, mas anterior a 1472. Em 1474, foi constituída a capitania-

donataria da Ilha de São Miguel, com sede em Vila Franca do Campo.47

Depois, sendo a sede de administração da ilha, sucedeu também

Vila Franca. Depois a Praia e Angra do Heroísmo na Terceira e Lajes no

Pico - todos estes com data da criação desconhecida. Segundo Padre

Manuel Luís Maldonado Angra e Praia tornaram-se vilas cerca do ano de

1470. A cidade de Velas em São Jorge provavelmente na última década

de quatrocentos. A certeza temos com Ponta Delgada, que foi criada em

1499, por El-Rei D. Manuel.48 Durante o século XVI, com a chegada de

gente de várias partes do mundo e com melhores condições para vida foi

visto um grande crescimento demográfico e desenvolvimento socio•

económico em todas as ilhas, embora a dinâmica municipal fosse mais

intensa na Terceira e em São Miguel, porque estas ilhas são as maiores e

nas suas capitães houveram várias sedes institucionais.

Goulart Costa, Susana. Açores: Nove Ilhas, Uma História. 2008. Berkeley: Universiry of Califórnia. Pág. 3. Breve História dos Açores. Disponível em: https://www.visitazores.com/sites/default/files/brochures/sete_cidades_feel_alive_pt.pdf (acesso: 27.4.2019). Enciclopédia Açores XXI. Em: Freguesias, Municípios - Vila do Porto. Disponível em: https://acores.fandom.com/ wiki/ViladoPorto (acesso: 13.4.2019). O Panorama: jornal litterario e instructivo. Vol. 4. Pág. 198.(Publicado de janeiro a dezembro de 1840). Typographia do Panorama, Lisboa. 1860. Em 1533, foi criada a diocese de Angra do Heroísmo, depois a vila de

Angra foi elevada a cidade, em 1546 seguiu também Ponta Delgada.49

Apesar de, em geral, a razão para a colonização ter sido em

grande parte a evangelização, entre os primeiros colonos foi também

possível encontrar judeus ou mouros.50 Estes são chamados os "cristãos

novos" isto é, judeus ou mouros forçados pela Igreja Católica a

converter-se. Durante os séculos seguintes a população açoriana foi

enriquecida por pessoas de diferentes origens, sobretudo por flamengos5

mas também por castelhanos, franceses, ingleses ou italianos.52 Diz-se

que estas origens geográficas dos primeiros habitantes tiveram um

impacto sobre os sotaques locais de cada ilha. Por exemplo, na ilha de

São Miguel, onde uma parte do povo tinha vindo da Bretanha, podemos

ver até hoje um sotaque francês muito forte, especialmente em áreas

rurais.

49 Rodrigues, António Simões e Capelo, Rui Grilo. História de Portugal em datas. 1996. Lisboa: Temas e Debates. Pág. 92, 95. 50 Arroteia, Jorge Carvalho. Portugal, perfil geográfico e social. Livros Horizonte, Lisboa. 1986. Pág.32. 51 Flamengos = habitantes de Flandres, uma região a norte da Bélgica. A pessoa responsável por a chegada deles foi a D. Isabel, irma de D. Henrique, que casou com Filipe III, Duque de Borgonha e dos Países Baixos. 52 Frutuoso, Gaspar. Saudades da Terra. Vol 3. 2.2 Organização político-administrativa desde o século XV até o século XVIII

2.2.1 Regime das sesmarias

O regime das sesmarias foi um modelo de regime de distribuição das

terras incultas no período do povoamento das ilhas. Em 1375, Fernando I

implantou o Lei das Sesmarias, para diminuir a crise do século XIV e

incitar os agricultores a cultivar as terras no interior que não eram

cultivadas. Havia uma proibição de substituir a cultura de cereais e

multas aos camponeses por não cultivar as suas terras.

Aproximadamente 73% destas terras foram entregues aos capitães

das ilhas, respectivos familiares e outros ilustres locais.53 O resto obteve

maioritariamente a igreja e nobreza. Este regime definiu-se e

formalizou-se durante o tempo em que teve aplicação, as regras e leis

mudaram. Foi um regime usado com sucesso na ilha da Madeira, mais

tarde também no Brasil. O principal objetivo era transformar o espaço

numa terra arável, onde se podia fazer agricultura. No início era

necessário trazer gado para as ilhas que, entre outros, servia como um

meio de transporte da pedra e outros materiais de construção.

Até 1475 não encontrámos dados concretos sobre a existência de

cartas e registos das dadas (sesmarias). Primeira regimentação das

sesmarias referente a todas as ilhas data do período de D. Beatriz (1470-

1482). Aterra, no regime das sesmarias, era concedida gratuitamente, e

estas dadas eram áreas muito grandes. As pessoas que tinham obtido

estas terras tinham a obrigatoriedade de arroteamento e exploração no

prazo de 5 anos, e mais 5 anos em que a terra se deveria manter

produtiva, antes da propriedade plena ser garantida. Os proprietários

também tinham de pagar um dízimo da produção à coroa portuguesa, por

um período de 5 anos.54

Goulart Costa, Susana. Açores: Nove Ilhas, Uma História. 2008. Berkeley: Universiry of Califórnia. Pág. 66. Anais. Vol. 7. 1952. Junta de Investigações do Ultramar, Portugal. (Original de Universidade da Califórnia). Pág. 188. Mesmo assim, esta oportunidade de ganhar terra era oportunidade

única. Por exemplo, na Terceira, quase 30% das pessoas vieram a exercer

funções de distribuição das terras, principalmente a nobreza,

aproximadamente 20% tinham laços familiares com os concessores,

outros 20% eram escudeiros ou cavaleiros, ou seja, baixa nobreza e cerca

de 20% coube a mesteirais - homens de ofícios, como alfaiates, tecelões,

sapateiros ou pedreiros.55 O resto eram de maior parte homens pobres.

"Passada uma década só duas ilhas tinham gente e mesmo assim

pouca e para a qual convocavam privilégios de não pagamento de

dízimos, por 5 anos, em 1443 e em 1445 especificamente para São

Miguel."56 Aqui podemos ver que realmente não era muita gente que

queria vir para viver nos Açores e que a coroa, mais precisamente o

donatário, tinha de fazer alguns passos-concessões para mudar esta

situação.

A distribuição da terra era sempre feita no sentido do mar á serra,

o que ainda hoje pode ser visto, normalmente em formas alongadas,

como a documentação regista, por razão das condições climáticas (sol e

temperatura), porque cada altitude é mais favorável para produzir

diferentes tipos de plantas. Toda a gente tinha de produzir algo para se

alimentar, por isso não construíram casas nos sítios com a terra mais rica.

"A terra, que na ilha de Santa Maria dá dez, doze moios de trigo, é

muito melhor que outratanta que nesta ilha de São Miguel dá vinte, por

causa do pouco custo e despesa que se fazem a semear e cultivar, porque

a melhor terra que há não passa de alqueire por alqueire, e asmondas

também custam pouco.O trigo dela, especialmente o do massapez, é o

melhor de todas as ilhas dos Açores, e dá-ode diversas sortes: nafil,

barbela, pelado, canoco, sete-espigo. E a cevada, semelhantemente,tem a

vantagem das outras."57

Gregório, Rute Dias. Congigurações de uma pequena nobreza e do seu património, Açores, séculos XV e XVI. 2010. Centro da História de Além-Mar, Universidade dos Açores e Universidade Nova de Lisboa. Pág. 9. Leite, José Guilherme Reis, 7 Ensaios Sobre o Povoamento dos Açores. 2012. Blu Edições - Terceira. Pág. 30. Frutuoso, Gaspar. Saudades da Terra, Livro III. Pág. 42. O trigo foi de fato o primeito produto importante, cereais foram

exportados para Portugal e também para alguns partes da Africa já no

século XV, como nos diz Frutuoso. Outra cultura graúda foram as plantas

tintureiras, trazidas pelos flamengos. O pastel, urzela ou ruiva serviram

como tintura. A expansão destas culturas contribuiu grandemente para a

riqueza dos Açores durante os dois primeiros séculos.

"Na época, Portugal enfrentava vários problemas da escassez de

recursos naturais no século XV sendo um dos mais graves a falta de pão,

de cereais."58 Durante várias crises em Portugal, entre os séculos XV e

XVI, os Açores eram considerados um "celeiro" de Portugal, um lugar de

abastecimento do reino. Assim, graças ao solo vulcânico muito fértil e ao

clima temperado que é ideal para o cultivo do trigo, as ilhas tornaram-se

uma parte da solução desta crise de então.

Outro produto cultivado a partir do século XVI foi a vinha que,

diferentemente das anteriores, não era cultivada para exportação mas

para os locais, para os quais era importante por causa do trabalho duro

que tinham de fazer, pois o vinho contém muitas calorias e realmente

alimenta. Neste tempo não havia muitos outos produtos com tantas

calorias na ilha.

Nos Açores foram provadas muitas culturas agrícolas, algumas

(por exemplo a cana-de-açúcar) foram cultivadas apenas por um curto

período59 e outras, por exemplo batatas ou o trigo perduaram durante

séculos. Mas a maior contribuição para agricultura sempre tinham e ainda

hoje têm vacas.

«casa que tem homem, tem vacas»60 Há piadas sobre ter mais

vacas nos Açores do que pessoas, mas quem visitou os Açores sabe que

os números são pelo menos equilibrados. E muito provável que na

história eram mais vacas do que os seres humanos. O arquipélago tem

58 Castelo, Fernando. O abastecimento de Lisboa com trigo dos Açores: repercussões neste arquipélago. In: Boletim do Instituto histórico da Ilha Terceira n°41. Angra: Instituto Histórico da Ilha Terceira. 1983. Pág. 613. 59 Canto, Meirelles e Castro, Luiz. Memoria sobre as ilhas dos Açores: e principalmente sobre a Terceira: considerando a educação da mocidade, a agricultura, o commercio, a administração da fazenda publica, e o governo municipal. 1834. Imprensa de mme Huzard, Paris. Pág. 39. 60 Santos, J. M. Os Açores nos séculos XV e XVI. Vol. I. 1987. Coimbra. Pág. 306. condições ideais para a criação de gado graças ao clima que não é muito

quente nem demasiado frio e há muita chuva. Isso permite as vacas

permanecer em pastagens verdes no ar livre ao longo do ano. Desde o

povoamento a tradição pecuária evoluiu e agora vêm dos Açores marcas

de produtos de qualidade como Terra Nostra ou Milhafre, que são

populares não só em Portugal, porque têm o leite das "vacas felizes" que

têm uma vida bonita num ambiente saudável, o que hoje em dia, quando

o vegetarianismo e o bem-estar dos animais está em moda, é muito

procurado. As pastagens de vacas eram situadas nas áreas da maior

altitude, onde as culturas vegetais falharam por causa do frio. Assim, o

potencial das ilhas era realmente usado ao máximo.

Nas ilhas mais chãs (Graciosa, Santa Maria), podemos ver o

modelo da ocupação litoral, mesmo como a ocupação do interior. Ao

contrário, nas ilhas mais escarpadas (São Jorge, Pico) vemos

normalmente só a ocupação de litoral, porque as áreas no interior são

muito montanhosas e mal acessíveis.

"Depois da preferência pelos terraços expostos ao meio-dia, será

a ocupação total até onde for possível (raramente acima da cota dos 400

metros para o povoamento humano), acabando por resultar uma

considerável fome de terra ainda no século XVI. A inflação dos preços da

rústica, as intermináveis demandas, sobre a sua posse e a abertura de

caminhos, a procura de «ilhas novas» (...) são alguns indicadores de

como já então a terra era uma matéria escassa nos Açores. "61E evidente,

a partir deste texto, que embora no século XV foi difícil encontrar gente

que se mudassem para os Açores e as casas foram construídas apenas em

locais onde a terra não era tão fértil, no século XVI os proprietários já

estavam a vender ao desbarato as suas "dadas" e começou um problema

de escassez da terra.

2.2.2 Donatarias-capitanias

Donatárias e capitanias eram sistemas administrativos aplicados a terras

Santos, J. M. Os Açores nos séculos XVe XVI. Vol. I. 1987. Coimbra. Pág. 10. possuídas pela coroa portuguesa no ultramar, como primeiro usados na

Madeira e mais tarde também noutros arquipélagos e territórios no além-

mar, que eram considerados domínios do Reino de Portugal. Estes

regimes eram situados entre o século XV e a segunda metade do século

XVIII.62

"Extinto o sistema das Capianias, os Açores seguiram o modelo

administrativo de Portugal do Continente, com Concelhos, Municípios e

Distritos."63

Mesmo donatárias como capitanias eram instituições senhoriais

que representavam os poderes públicos (fiscal, administrativa etc.) no

conjunto das ilhas. Podem implicar um território maior ou menor. O

senhor da donatária tem muito mais poder do que o senhor da capitania,

por exemplo, nas capitanias, o poder judicial está muito mais limitado,

mas os objetivos são mais ou menos os mesmos - principalmente trata-se

da delegação de poderes do rei.64

Para o rei não foi realmente possível governar em Portugal e ao

mesmo tempo também no ultramar, por isso ele tinha que delegar àqueles

em que confiava, com os seus direitos e deveres, com algumas exceções

- especialmente na área da justiça. Os donatários tinham direito de

fundar povoações, nomear funcionários, conceder a terra e outros. Por

outro lado, eles foram obrigados a povoar, cultivar e defender a terra.

Também tinham de exercer a justiça e cobrar impostos - dízimo de toda a

produção. Outra obrigação foi a de explorar recursos naturais em cada

ilha. O rei, claramente, sempre tinha o poder supremo, direito de declarar

guerra, cunhar moeda ou aplicar a justiça maior - a pena de morte.65

Como primeiro, a donatária foi concedida ao Infante D. Henrique,

governador da Ordem do Cristo e duque de Viseu. Não temos certeza da

data em que isso aconteceu, mas talvez podia ser cerca de 1433 ou 1443-

Goulart Costa, Susana. Açores: Nove Ilhas, Uma História. 2008. Berkeley: University of Califórnia. Pág. 25. Tutikian, Jane e Assis, Luiz Antonio de. Mar horizonte: literaturas insulares lusófonas. 2007. Porto Alegre: EdiPUCRS. Brasil. Pág. 36. Revista Universal Lisbonense. Vol. 5. Redigido por José Maria da Silva Leal. Imprensa da Gazeta dos Tribunaes, Lisboa. 1849. Pág. 229. Artigo disponível em : http://eve.fcsh.unl.pt/content.php?printconceito=1103 . (acesso: 15.4.2019). a data da doação da Madeira, também ao infante D.Henrique. Ele assim

obteve a obrigação de colonizar e explorar as ilhas, partilhou poderes

com o seu irmão infante D. Pedro, que assim tornou-se o donatário de

São Miguel. O capitão Jácome de Bruges, responsável pelo povoamento

da ilha Terceira, não parecia ter cumprido o seu parte do contrato que

tinha feito com o infante e, por isso, antes da morte de D. Henrique foi

substituído na função pelo seu sobrinho - infante D. Fernando. Na carta

da doação isso foi explicado como uma nova tentativa de povoamento.

Sabemos das crónicas que D. Henrique tinha uma relação muito

boa com o infante D. Fernando que tornou-se o seu filho adoptivo.

Depois da morte de D. Henrique, em 1460,66 ele tornou-se também o

segundo donatário dos Açores e ficou responsável pelas descobertas

portuguesas (1460-1470). D. Fernando começou a fazer novos planos

para o desenvolvimento das ilhas, mas depis da sua morte em 1470 estes

planos ficaram desacabados. Durante três anos seguintes os Açores foram

"esquecidos" e não houveram grandes mudanças. Depois destes três

anos, D. Beatriz, mãe de D. João, D. Diogo e D. Manuel, que foi tutora

dos filhos enquanto menores de idade, começou interessar-se da situação

no arquipélago. Isso foi um período durante que o povoamento efetivo

tinha realmente começado.

Da carta de 1474 sabemos que o novo senhor das ilhas enviou um

outro capitão para a ilha Terceira - Alvaro Martins Homem,67 um

explorador português e o fundador da vila de Angra. As Flores e o Corvo

foram só doadas em 1453 a D. Afonso, Duque de Bragança. Em 1460,

sucedeu o Infante D. Fernando, irmão do Rei D. Afonso V. Sucede - lhe ,

em 1470 o seu filho, D. João, depois da sua morte prematura, sucedeu D.

Diogo, o seu irmão que também morreu muito jovem, em 1487, quando

tinha 33 anos. D. Diogo foi sucedido por D. Manuel que, em 1495 é

coroado Rei de Portugal e assim origina - se a incorporação da donatária

na Coroa, só com duas exceções, que são Flores e Corvo.68

66 Rodrigues, António Simões e Capelo, Rui Grilo. História de Portugal em datas. 1996. Lisboa: Temas e Debates. Pág.70. 67 Leite, José Guilherme Reis. 7 Ensaios Sobre o Povoamento dos Açores. 2012, Blu Edições, Praia da Vitória. Pág. 41. 68 Rodrigues, José Damião. Sociedade e Administração nos Açores (Séculos XV—XVIII) : O caso de Santa Maria, 1995, Ponta Delgada. Pág. 35. A donatária dos Açores foi dividida, outra vez com excepção de

Flores e Corvo, em capitanias, que duravam até ao ano 1766.69 As

capitanias eram, mesmo como donatária, instituções políticas,

administrativas e jurídicas, mas também sociais e económicas, dirigidas

por um capitão, que tinha várias obrigações e direitos. Ele tinha de

conduzir o povoamento - tinha o direito da distribuição das terras. O

poder judicial estava muito mais limitado no tempo das capitanias (do

que durante a donatária).

A primeira capitania foi a de Santa Maria e São Miguel, fundada

provavelmente em 1444, com o primeiro capitão - Frei Gonçalo Velho

Cabral. Estas ilhas, até ao ano de 1474 eram unidas numa só capitania.70

Seguiu a Capitania da Terceira, em 1450, com o capitão Jácome de

Bruges. Depois, em 1468 a Capitania do Faial com o capitão Jos Dutra e

em 1474 Capitanias de Angra (João Vaz Corte Real), Praia (Alvaro

Martins Homem) e São Miguel com o segundo capitão - Rui Gonçalves

da Câmara.71

A sociedade nos Açores era então dividida, mesmo como em

Portugal e outros países europeis, em classe alta e baixa. Durante séculos

algumas gerações de famílias mais influentes mantiveram seus lugares no

poder. Por exemplo, na ilha de São Miguel era a família Gonçalves da

Câmara, que esteve no poder a partir do século XV até a abolição das

capitanias-donatárias. Esta família era originária da Madeira,

descendentes de João Gonçalves Zarco que foi o incumbido pelo

povoamento da Madeira.

Durante o tempo das capitanias a vida na ilha era mais ou menos

estável e a maioria das pessoas vivia bem. Quando dizemos que eles

viveram bem - isso significa que tinham boa e suficiente alimentação e

boas condições de vida em geral, a população cresceu. Agora falamos

principalmente das cidades (Ponta Delgada, Angra do Heroísmo, Praia)

Meneses, Avelino de Freitas de. Os Açores nas encruzilhadas de setecentos, 1740-1770. 1995. Universidade dos Açores. Ponta Delgada. Pág. 292. Rodrigues, José Damião, Sociedade e Administração nos Açores (Séculos XV'-XVIII) : O caso de Santa Maria. Ponta Delgada. 1995. Pág. 36. Saldanha, António Vasconselos de. As capitanias o regime senhorial na expansão ultramarina portuguesa. Centro de Estudos de História do Atlântico. Funchal. 1992. porque é só daqui que temos os primeiros dados. Não temos muita

informação das ilhas menores ou das áreas rurais. Dados, principalmente

os socio-econômicos desse período podem, portanto, ser imprecisos e

enganosos.

Avila de Ponta Delgada tinha crescido muito durante o reinado de

D. João III. Desde a mudança da alfândega em 1518 de Vila Franca para

Ponta Delgada,72 o que era uma instituição importante para a coroa. Um

triste acontecimento que fez de Ponta Delgada a maior cidade na ilha foi

o terramoto em Vila Franca, onde morreram quase todos os habitantes da

cidade. Em 1546 ganhou o título de cidade por carta régia de D. João III.

Alguns anos depois tornou-se também a sede de juiz de fora, que era

apenas um no arquipélago. Assim, já neste período Ponta Delgada

tornou-se algo como "o capital" das ilhas.

Os mais pobres tinham (nas cidades maiores) já neste período

compensações diferentes. Eram frequentes as esmolas dadas aos pobres

ou, como nos diz Gaspar Frutuoso, os actos de generosidade para com os

seus rendeiros: o capitão João Soares de Sousa arrendava sempre as suas

terras a diversos camponeses como forma de garantir o sustento de

todos.73 Por isso, mas também por outras razões, os capitães eram

predominantemente populares nas ilhas, nas clases baixas mesmo como

nas altas. Na ilha de Santa Maria, por exemplo, a reunião camarária

escrevi uma carta para um dos capitães da ilha (Brás Soares de Sousa)

onde foi escrito «nos tempos em que estammos era elle muito nesesairio

na tera por ser muito exprimentado em os negócios da gera e no bom

governo com q. ate agora se governou esta ilha em tem em muita pas e

quietasãm pello respeito que se lhe tem de modo que era muito

nesesairio sua estada na tera pera bem comum delia»1*

As câmaras fizeram reuniões onde procuravam soluções para

diferentes tipos de problemas, como fornecimento de água para aldeias e

cidades, o estado e melhoramento das estradas públicas e o controlo da

Arquivo dos Açores. Vol. 12. Edições 67-72. Universidade dos Açores. Ponta Delgada. 1980. Pág. 158. Frutuoso, Gaspar. Saudades da Terra, Vol.3. Pág .134. Arquivo dos Açores , Vol. 15. Universidade dos Açores, Ponta Delgada. 1980. Pág. 338. produção de cereais (principalmente trigo e milho). Foram concedidas

licenças para a venda e exportação do trigo e estas tinham de ser

aprovadas pelos funcionários camarários.75 Eles também estavam

encarregados de organizar e pagar algumas festas civis e religiosas.

Desde meados do século XVI as capitanias começaram a perder o

valor e o seu significado. O declínio começou já dois séculos antes da

fundação da capitania-geral, por causa da interferência régia e a

tendência de controlar e limitar o poder dos capitães, o que causou a

ausência e indiferença gradual dos capitães. "Em Abril de 1762, por

exemplo, marcam-se seis reuniões da câmara que acabaram por não se

efectuar."76 As reformas pombalinas acabaram com elas e foram

incorporadas a administração da Coroa portuguesa.

2.2.3 Concelhos e capitania-geral

Em 1766, durante o reinado de D. José, foi, por Marquês de Pombal,

estabelecida nova forma de governo nos Açores e outras colónias, que se

chamou a capitania-geral.77 Esta durou até ao ano de 1830 e o objectivo

administrativo principal era unificar o arquipélago, o que já foi tentado

no período filipino (1580 - 1640) e também depois da Restauração

(1640), mas o que deparou com grande resistência local. Esta forma

corresponde a um modelo político e administrativo centralizador, o que

era característico para o período do Iluminismo. Tenta negar a divisão

administrativa por ilhas ou grupos de ilhas, que tinha existido até então.

Nesta estrutura só existia um delegado régio, o governador das ilhas, o

primeiro foi D. Antão de Almada.78 Foi estabelecido o centro de todas

ilhas - em Angra do Heroísmo, onde se encontravam os órgãos centrais,

como Junta Criminal (Tribunal), Junta da Fazenda ou Comando militar.

Até ao ano de 1823 existiam duas comarcas : a de Angra e a da Ponta Memoria histórica sobre as ilhas dos Açores, como parte componente da monarchia portugueza, com ideas políticas relativas a reforma do governo portuguez, e na sua nova Constituição. Na offic.de Antonio Rodrigues Galhardo, Impressor do Conselho da Guerra. Lisboa. 1821. Meneses, Avelino de Freitas de. Os Açores nas encruzilhadas de setecentos, 1740-1770. Universidade dos Açores. Ponta Delgada. 1995. Pág. 159. Leite, José Guilherme Reis. O Códice 529-Açores do Arquivo Histórico Ultramarino: a Capitania-Geral dos Açores durante o consulado pombalino. 1988. Secretaria Regional de Educação e Cultura, Direcção Regional dos Assuntos Culturais. Pág. 13, 19. Melo, Francisco Afonso da Costa Chaves. Memoria histórica sobre as ilhas dos Açores, como parte componente da monarchia portugueza, com ideas políticas relativas a reforma do governo portuguez, e na sua nova Constituição. 1821. Na offic.de Antonio Rodrigues Galhardo, Impressor do Conselho da Guerra. Lisboa. Pág. 51. Delgada. Depois, em 1823 foi estabelecida outra comarca, da cidade da

Horta (na ilha do Faial).79 Foram também nomeados os juízes que não

vieram das ilhas e que só podiam exercer os processos judiciais na

presença do capitão-general.80

A forma da política, durante a capitania-geral, foi muito

contestada, principalmente em São Miguel, onde neste período foi o

centro económico e social das ilhas. Provavelmente uma sede para nove

ilhas não foi suficiente. Em 1782, quando morreu Marquês de Pombal,

começou a primeira crise séria do regime, em 1799 surgiu uma

reorganização e quase uma refundação,81 com novas instruções e novos

regulamentos. Em 1807 chegou o período das invasões francesas.82

79 O Independente. Edições 1-72. N°37. Sexta-feira 15 de Fevereiro de 1822. Lisboa. Disponível em: https://books.google.cz/books?id=_vovAAAAYAAJ&printsec=frontcover&hl=pt- PT&source=gbs_ge_summary_r&cad=0#v=onepage&g&f=false (acesso: 28.4.2019). 80 Arquivo dos Açores. Vol. 9. Universidade dos Açores, Ponta Delgada. 1980. Pág. 116. 81 Serrão, Joel. Nova história da expansão portuguesa. Vol. 1. Editorial Estampa, Lisboa. 1998. 82 Rodrigues, António Simões e Capelo, Rui Grilo. História de Portugal em datas. Lisboa: Temas e Debates. 1996. Pág. 191-192. 3. Alguns dos conflitos, desastres naturais e outros obstáculos ao povoamento

Embora saibamos das fontes literárias das primeiras disputas sobre os terrenos que tinham ocorrido já no século XVII, de outra maneira, a história dos Açores tinha sido mais ou menos pacífica, em geral, e os

únicos conflitos maiores foram três batalhas contra Castela, nas quais os açorianos defenderam os seus territórios da União Ibérica (dominação espanhola).

Estes foram a Batalha da Salga, na ilha de São Miguel, em 1581 onde, usando o gado, fogo e armas, os açorianos venceram. Outra foi a batalha naval de Vila Franca e a última, a batalha da Ilha Terceira, conhecida também como o desembarque da Baía da Mós, na qual as lutas duravam muito tempo que no fim a Terceira (e mesmo as restantes ilhas, com exceção do Faial) ficaram submetidas aos espanhóis. Depois desta vitória as armadas espanholas levaram como prisioneiros todas as famílias influentes da ilha.

Uma das armadas tinha fundeado no porto de Ponta Delgada e os açorianos tentavam defender a ilha da mesma maneira como na Batalha da Salga, utilizando gado, mas desta vez sem sucesso. Em 1783, exatamente 200 anos da chegada dos combatentes espanhóis foi construído um monumento chamado Portas da Cidade, como símbolo e comemoração da primitiva defesa terrestre na cidade de Ponta Delgada.

Outros acontecimentos adversos, em verdade mais graves do que os conflitos armados, mas desta vez do campo natural, foram várias calamidades de diferentes escalas. A maior delas foi o terramoto ocorrido na noite de 21 a 22 de Outubro de 1522 na cidade de Vila Franca.

Destruiu a maioria das habitações e em Vila Franca, a capital de então, morreram quase 5000 pessoas, quase todos os habitantes da vila e quase um quarto da população da ilha (dos arquivos sabemos que neste tempo vivia aproximadamente 20 000 de pessoas em São Miguel).83 Na ilha

maior do arquipélago, quase cem anos desde o início do povoamento

onde era, entre outros, a sede de instituções civis e religiosas, mesmo

como a sede do capitão da ilha, foi uma catástrofe muito grave e depois

dela a vida mudou. O acontecimento resultou em uma migração

económica e social de Vila Franca para a cidade de Ponta Delgada, que

estava se desenvolvendo.

Esta claramente não foi a única catástrofe natural nas ilhas.

Durante o século XV temos, das crónicas de Gaspar Frutuoso,

informações imprecisas sobre pelo menos duas erupções que ocorreram

na área de hoje Sete Cidades (São Miguel), onde a atividade vulcânica

ainda hoje está bem visível na paisagem. De acordo com as informações

que Gaspar Frutuoso tinha recolhido, a primeira explosão ocorreu por

volta de 1439 ou 1444. Sabemos que os primeiros habitantes da

Povoação sentiram vibrações da terra e a pedra pomes (de lava) foi

encontrada perto do local.

No século XVI, depois da subversão de Vila Franca, entre 1523 e

1530, os Açores tinham sofrido uma epidemia de peste causando (mais

uma vez principalmente na ilha de São Miguel) milhares de mortos. A

ilha teve de ficar isolada das outras e da Europa durante vários anos. A

epidemia também tocou a ilha do Faial, mas aí a situação não foi tão

grave.

Vaquinha, Irene. Revista de História da Sociedade e da Cultura n.°18. Imprensa da Universidade de Coimbra. 2018. g. 380. 4. Breve comparação do povoamento dos Açores com outros arquipélagos portugueses no oceano Atlântico

Os arquipélagos que queremos comparar com os Açores (Madeira,

Canárias, Cabo Verde) também têm a origem vulcânica. Apesar dos

Açores se integrarem nas ilhas atlânticas, ou Macaronésia, são diferentes

da Madeira, Canárias e Cabo Verde, na grande distância em que se

encontram da costa europeia e africana. O que cada pessoa que visita as

ilhas pode ver é que a Madeira e Açores são muito verdes, ou seja, é visto

que têm o solo muito fértil. Enquanto as Canárias e Cabo Verde parecem

ser muito estéreis porque são muito arenosos, alguns partes das Canárias

são realmente pequenas partes do deserto. Nas Canárias, isto é causado

pela areia de Saara que atinge as ilhas durante as tempestades de areia.

Em Cabo Verde, a aridez deve-se principalmente a temperaturas mais

elevadas ao longo do ano, devido a localização mais no sul. No entanto,

há mesmo lugares com muita vegetação em ambos arquipélagos,

especialmente em altitudes mais elevadas, mas esta vegetação não é

muito rica.

Todos os nomes dos arquipélagos (mesmo como os nomes das

ilhas) são relacionados com a época da colonização. Madeira foi

nomeada por causa da abundância desta matéria-prima por João

Gonçalves Zarco. O Cabo Verde tem o nome do próximo Cabo Verde na

costa senegalesa. As Canárias são uma exceção, foram nomeadas por um

rei da Numídia (antigo nome para um região na Norte Africa) Juba II que

mandou para reconhecer as ilhas onde foram encontrados muitos cães.

(Canárias=ilhas de cães).84

Seria difícil comparar estes arquipélagos porque são diferentes em

vários aspetos. Muitas vezes existem diferentes hábitos em diferentes

ilhas de um arquipélago, talvez como resultado de diferentes

Disponível em: https://pt.wikipedia.Org/wiki/Categoria:Arquip%C3%A91agos_do_Oceano_Atl%C3%A2ntico (acesso: 11.4.2019). nacionalidades (portugueses, flamengos, franceses - na ilha de São

Miguel, ou espanhóis, portugueses e os habitantes originais nas Canárias)

que os povoaram. Mas podemos comparar a história deles-já desde a

época da descoberta (ou redescoberta) e colonização. Temos também

dados aproximados sobre a composição da primeira população de todos

arquipélagos e algumas informações sobre como eles mudaram durante

os primeiros séculos após a descoberta.

4.1 Madeira

Os arquipélagos da Madeira e Porto Santo foram descobertos em 1418

(Porto Santo) e 1419 (Madeira) e entre os anos 1419 e 1420 começaram a

ser povoadas. O primeiro donatário foi mesmo como nos Açores o

infante D. Henrique.85

Mesmo como nos Açores a Madeira foi também dividida em

capitanias., mas só em três: a capitania de Funchal, com o capitão João

Gonçalo Zarco e a de Machico com Tristão Vaz Teixeira. A terceira

capitania foi a ilha do Porto Santo, confiada a Bartolomeu Perestrelo.86

Existem também pequenas ilhas Selvagens que pertenecem a

Madeira, mas só têm mais ou menos 3 km2 em total, por isso não tinham

nenhum papel importante na história da colonização atlântica. Mas como

estas ilhas se encontram no caminho para Canárias, e também porque têm

fauna e flora muito ricas, os espanhóis estão até hoje em disputa com os

portugueses sobre estas ilhas. "Em Junho de 2007, um avião militar

espanhol faz voo rasante sobre as Selvagens em plena época de

nidificação e ameaçando as aves marinhas. Em situações excepcionais o

voo não poderia ser feito a menos de 2 mil pés de altitude. "87

O sistema inicial agrícolo era parecido em todos os arquipélagos.

Como primeiro os portugueses exploravam a situação de madeira, peixe e

outras comodidades que já eram nas ilhas e depois começaram a Giuseppe Carlo Rossi, Rinaldo Caddeo, João Martins da Silva Marques. Navegações de Luís de Cadamosto, texto italiano, tradução portuguesa. Instituto para a Alta Cultura, Lisboa. 1944. Pág. 8-9. Frutuoso, Gaspar. Saudades da Terra, Livro 2 - Madeira e Ilhas Adjacentes. Instituto Cultural de Ponta Delgada. 1998. Pág. 9. Disponível em: https://sol.sapo.pt/artigo/115530/selvagens-territorio-de-m-ltiplos-incidentes (acesso: 11.4.2019). descobrir o que podia ser cultivado ou criado em cada uma das ilhas. Na

Madeira os produtos principais da exportação eram a madeira, açúcar e vinho. Mesmo como nos Açores, eram também boas condições para criar o gado e ainda melhores para cultivar a vinha. Os produtos destas ilhas são exportados para vários partes da Europa até hoje. O trigo não teve tanto sucesso na Madeira, não foi possível o produzir em grandes quantidades, por isso os agricultores orientavam-se sobretudo para cana- de-açúcar.

A maior diferença é que os Açores são nove, enquanto a Madeira e Porto Santo são apenas duas ilhas, um pouco mais próximos ao continente. Apesar do facto que os portugueses muitas vezes mostraram que ainda não havia o fim, que há mais mar para descobrir, demorou quase setenta anos até a América ser descoberta, e assim as suposições de que os Açores não seriam o fim do mundo foram confirmadas, os Açores tornaram-se, portanto, por muito tempo o ponto mais ocidental do mundo conhecido. Não havia grandes desastres naturais na Madeira, como por exemplo o terramoto no início do povoamento dos Açores, que afectou muitos açorianos. Embora também houvesse várias desastres, nenhuma foi fatal. O arquipélago está situado numa região mais ou menos estável, com um nível de sismicidade baixo. Assim, viver na Madeira talvez parecia ser mais seguro e confortável, pode ser que isto foi uma das razões porque a Madeira foi povoada mais rapidamente e provavelmente também mais facilmente.

4.2 Ilhas Canárias

"Estas ilhas são sete, quatro habitadas por Christãos, a saber Lançarote,

Forteventura, a Gomera e Fero, e tres por Idolatras : isto he a grande

Canária, Tenerife e Palma. (...) O sustento destes Christãos, conforme as producções do terreno, he pão de cevada, carne, e leite, principalmente de cabra, de que tem grande abundância, não tem vinhos, nem trigos se lhos não levão de fora, poucos fructos, e quase mais nada bom. (...) As outras três habitadas por Idolatras são maiores e muito mais povoadas, principalmente duas, a grande Canária e Tenerife. De Tenerife, que he a mais habitada, se deve fazer particular mamoria, pois he huma das mais altas Ilhas do mundo, e em tempo claro vê-se nella hum grandíssimo

Volcão..."88

O que as ilhas dos Açores e as Canárias têm em comum é, entre

outros, que neles encontra-se a montanha mais alta de Portugal (Pico-

2351m) e de Espanha (Pico de Teide-3718m), ambas montanhas são hoje

um volcão inativo. Os picos mais altos dos outros arquipélagos são,

igualmente, de grande altura. Na Madeira é o Pico Ruivo (1862m) e no

Cabo Verde Pico do Fogo (2829m).

Então, as Canárias foram redescobertas em agosto de 1336 pelos

portugueses, mas o Papa Clemente VI concedeu-as a Castela por causa de

sua posição.89 Afonso IV, na carta de 1345 expressou a sua desaprovação

deste passo. Na conquista das Canárias podemos ver alguma semelhança

com a posterior conquista do Novo Mundo, ambas eram baseadas na

completa destruição das culturas originais. Os castelhanos então se

instalaram e começaram com uma económica baseada em monoculturas,

primeiro cana-de-açúcar e depois a vinha.90A terra nas Canárias não é

muito fértil, o que está relacionado com a sua proximidade de Africa,

mais precisamente do deserto de Saara.

O aspeto mais notável que foi diferente nas Canárias durante a

colonização é que nalgumas ilhas já havia gente. "Nas Canárias, os

guanches são entendidos como os habitantes oriundos da ilha de Tenerife,

mas tal designação foi a que mais se vulgarizou para os indígenas das

Canárias, sendo também testemunhada por Gaspar Frutuoso quando se

refere à população daquelas ilhas de uma forma global. Mas, na

documentação camarária do Funchal, são conhecidos como escravos

canários."91 Guanches tinham, de acordo com informações disponíveis,

uma cultura bastante desenvolvida, criavam gado, conheciam música e

gostavam de cantar, também eram bons nadadores. Mesmo assim, com

base neste e noutros textos, sabemos que uma grande parte deste povo

Giuseppe Carlo Rossi, Rinaldo Caddeo, João Martins da Silva Marques. Navegações de Luís de Cadamosto, texto italiano. Instituto para a Alta Cultura, Lisboa. 1944. Pág. 11-12. Souza, Armênia Maria de. Afonso IV (1325-1357) e a doação das Ilhas Canárias pelo papa Clemente VI (1332- 1342). Imprensa da Universidade de Coimbra. 2015. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Can%C3%A 1 rias. (acesso: 13.4.2019). Disponível em: http://aprenderamadeira.net/guanches/. (acesso: 12.4.2019). indígena foi escravizada e levada para trabalhar nas colónias,

frequentemente na Madeira.

Se quiséssemos falar sobre a propriedade dos primeiros colonos

de qualquer um desses arquipélagos, o mais valioso, além da terra,

seriam os escravos. O escravo era um dos indicadores de riqueza, as

pessoas que os possuíam não precisavam de trabalhar tanto e viviam das

suas rendas. Eram usados principalmente para o trabalho agrícola e

doméstico.

"Já quanto aos elementos do género masculino, atestamo-los

ocupados na criação do gado, no serviço de recolha das searas, na

sementeira, em todo o necessário ao corregimento da fazenda do

proprietário, inclusive atravessar o oceano com cartas e papéis em nome

de seu senhor ; no gerir o negócio do dono, (...) ainda ajudar a criar os

filhos do senhor, independem ente do significado real desta "criação"; e,

por fim, na marinharia, actividade na qual em Portugal se detectam

habitualmente escravos, pelo menos desde a segunda metade do século

XIII."92

Estes escravos nas ilhas são muitas vezes esquecidos, fala-se mais

sobre os norte-africanos e subsaarianos, porque estes eram muito mais. E

claro que os escravos nas ilhas não eram tantos na escala mundial, mas

era uma presença bastante marcante. "Inquirindo os testamentos

terceirenses de 1500 a 1559, no total de 212 compulsados, constatámos

então que 26% dos testadores registavam a posse de escravos (...) 50%

dos inventariantes possuíam escravos."93 Estes dados merecem ser

tomados com alguma reserva, como não temos informações muito

precisas da época antes do início do censo.

4.3 Cabo Verde

"Ilhas que eu tinha descoberto, outros que chegarão aqui as forão

Dias, Rute Gregório. Africanos nos Açores - informes sobre uma presença quinhentista. Centro de História de Além-Mar, Ponta Delgada. 2009. Dias, Rute Gregório. Construindo a história da escrevatura nos Açores: projectos, abordagens, fontes e primeiros resultados. Universidade dos Açores, Ponta Delgada. 2009. Pág. 6. reconhecer, e acharão serem dez entre grandes, e pequenas, todas

deshabitadas: não havendo nellas senão pombos, e aves de estranhas

sortes, e grande pescaria de peixes.94

O ano da descoberta de Cabo Verde é diferentemente indicado por vários

historiadores. Segundo José Conrado Carlos de Chelmicky isso

aconteceu no maio de 1446, por Luís de Cadamosto, António de Nolle e

Vicente de Lagos. E certo que em 1445 Dinis Dias chegou até ao Cabo

Verde (o chamou de Verde para deixar claro onde é que acaba o deserto e

começa a selva).95

Não temos nenhum documento como uma carta para o rei, ou

ordem do rei para povoar as ilhas, então a primazia de Cadamosto

permanece controversa. Temos certeza sobre a viagem de Diogo Gomes e

António Noli, que em 1460 vieram ao arquipélago e escreveram uma

carta sobre o assunto. Gomes descreve as ilhas como ilhas despovoadas ,

mas com uma natureza rica. Após a morte do infante D. Henrique, em

1462 as ilhas ficaram em administração do infante D. Fernando, que foi

incumbido de os povoar. Ele fundou duas capitanias, uma conduzida por

Antonio Noli e segunda por Diogo Afonso. Várias famílias instalaram-se

no sudoeste da ilha, num lugar chamado Ribeira Grande, onde havia agua

potável. Em 1475-79 navios castelhanos atacaram e destruíram a Ribeira

Grande. Esta disputa foi resolvida pelo Tratado de Alcáçovas de 1479,

onde Castela ficou com as Canárias e Portugal com Guiné (hoje toda

costa ocidental africana), Madeira, Açores e Cabo Verde.96

Giuseppe Carlo Rossi, Rinaldo Caddeo, João Martins da Silva Marques. Navegações de Luís de Cadamosto, texto italiano. Instituto para a Alta Cultura, Lisboa. 1944. Pág. 60-61. Klíma, Jan. Stručná historie států: Kaprverdské ostrovy, Svatý Tomáš a Princův ostrov. Libri, Praha. 2008. Pág. 10. Klíma, Jan. Stručná historie států: Kaprverdské ostrovy, Svatý Tomáš a Princův ostrov. 2008. Libri, Praha. Pág. 11- 12. Conclusão

Escolhemos este tópico por causa de uma estadia mais longa nos Açores, bem como visitas à Madeira e às Canárias. A principal motivação foi a curiosidade em várias áreas da história, desde as razões que levaram à expansão, quem eram os primeiros povoadores e como a área era dividida e administrada, também algumas das dificuldades durante o processo do povoamento, principalmente as desastres naturais e as suas consequências, até a comparação com outros arquipélagos portugueses.

Descobrimos que muitos "factos" que circulam sobre a história dos

Açores não são apoiados por nenhumas fontes credíveis e que temos que verificar em diferentes fontes e às vezes temos de procurar

"compromissos" entre o que os fontes nos dizem.

Fala-se muito, nos Açores, sobre este período inicial da história, mas não podemos acreditar em tudo, porque algumas informações são um pouco distorcidas. Por exemplo, diz-se que eram os prisioneiros e criminosos, mandados de Portugal continental, quem tinha povoado as ilhas. E verdade que alguns prisioneiros tinham esta oportunidade de ir trabalhar para as ilhas, mas no seu conjunto, estes números eram insignificantes.

O trabalho com os fontes para esta matéria foi muito interessante, do período desde o século XV até ao XVIII temos principalmente mapas, cartas (do e para o rei ou infantes) e crónicas preservadas. Quase nunca temos uma certeza absoluta sobre a veracidade desses dados, mas não temos outras fontes, por isso não temos muita escolha e os aceitamos.

Outras fontes importantes são os registros da igreja, especialmente as listas de batismos e casamentos e também os livros onde se registrava a terra. Muitas dessas fontes temos disponíveis recolhidos no Arquivo dos

Açores. Hoje em dia, com o turismo a crescer, nos Açores e nas ilhas

Atlânticas em geral, também com o desejo dos açorianos de saber mais sobre os seus raízes, as pessoas estão tornando-se mais interessadas na história e vários estudos são feitos sobre esses primeiros períodos. E por isso que alguns artigos e trabalhos universitários fazem parte dos nossos

fontes.

A história dos Açores, mesmo como dos restantes arquipélagos,

foi de um certo modo enquadrada na história nacional portuguesa. As

famílias influentes (do capitão e da nobreza) estavam no poder e tinham

mais dinheiro. Depois foi a pequena nobreza e os trabalhadores, o parte

mais pobre dos habitantes (claramente com exceção dos escravos). Aqui

podemos ver um certo paralelo com Portugal. O próprio reino, através

das suas práticas, estava ajudando a esta divisão da sociedade, mas é

também verdade que nesta época, este modelo era usual na disposição da

sociedade.

Descobrimos que as pessoas mais importantes da corte real

durante as primeiras épocas foram os donatários, principalmente o

primeiro - Infante D. Henrique, e mais tarde também D. Beatriz, graças a

qual o povoamento tornou-se mais sistemático.

Todos os arquipélagos foram usados como paragens durante a

procura de viagem para a índia por mar. Madeira, Canárias e Cabo Verde

principalmente no caminho do Sul, porque são situados perto da costa,

enquanto os Açores foram a única estação apropriada para o caminho de

volta.

Descobrimos também que os Açores têm sido verdadeiramente

importantes, não só para Portugal, desde a época quando as embarcações

chegavam para abastecer-se da água e alimentos para os seguintes

cruzeiros, também por serem as únicas ilhas que mantinham a

independência de Castelha até ao ano de 1583, ou por as bases formadas

lá durante as lutas pelo liberalismo, ou também pelo ano de 1885, quando

a Estátua da Liberdade foi transportada da França pela ilha do Faial para

América.97

Existem documentos antigos que dizem que não seria possível

criar um ambiente conveniente para a vida humana nas ilhas. ("As ditas

Artigo disponível em: https://tribunadasilhas.pt/a-famosa-estatua-da-liberdade-esteve-no-faial/ (acesso: 28.4.2019). ilhas não eram tais, para quem elas homens pudessem viver. ").98 No

início a situação nas ilhas foi muito complicada e as condições nas ilhas

realmente não pareciam ser boas para o povoamento humano, mas

admiramos esses esforços dos portugueses e a sua capacidade de

construir algo tão grande e quase incrível no meio do oceano, o que hoje,

no século XXI, pessoas de todo o mundo chegam a admirar.

Carta de comutação de degredo a João Vaz, natural de Montemor e Velho, 1453. Documento citado na historiografia de Maria Olímpia da Rocha Gil. 1995. Pág. 12. Bibliografia

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Imagem disponível em : https://pt.wikipedia.org/wiki/Carreira_da_%C3%8Dndia