VID’ACADÉMICA

Jornal Escolar | Nova série | N.º 11 | dezembro de 2018 Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade

É Natal, é Natal!

Ana Sofia Cabral, 7ºB

Esta estrela vai-te guiar nestas férias e há livros no final! | Vid’Académica, Jornal Escolar da Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade, Angra do Heroísmo |

Ficha técnica Professores que colaboraram neste número (fotografias; textos), composto pelo Jornal e pelo Suplemento: Ana Santos, Carlos Severino, Carlota Monjardino, Elisabete Oliveira, Joaquina Novo, Lucília Soares, Nuno Azevedo, Rosa Fonte, Roxana Ferreira, Simone Simões.

Créditos de imagens retiradas da internet: Carlos Reis: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Carlos_Reis_no_CIELLI.JPG; http://www.doutrotempo.com/livros/mau-tempo-no-canal---vendido/651/; Never: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/pt/d/dc/Twelve_Years_a_Slave.jpg; Retratos: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Sandro_Botticelli_- _Idealized_Portrait_of_a_Lady_(Portrait_of_Simonetta_Vespucci_as_Nymph)_- _Google_Art_Project.jpg?uselang=pt; https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Study_for_the_Head_of_Leda.jpg?uselang=pt; https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Johnny_Jackett_(1899),_olieverf,_Roy_Miles_Gallery_Londen .jpg; https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Dr%C3%B6lling,_Portrait_d%27Ad%C3%A9one.jpg; http://www.museuartecontemporanea.gov.pt/files/images/sousa-lopes---a-blusa-azul.jpg; https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Eliseu_Visconti_-_Autorretrato_-_1902.jpg; https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Magdalena_Mira_-_Autorretrato.JPG; https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Autoretrato_con_se%C3%B1as_particulares,_1993.jpg; Varandas: http://1.bp.blogspot.com/- E3Z9_drFrdg/UvdbBfegD6I/AAAAAAADF1I/GbEPZM_BHiA/s1600/Varandas_1.jpg; Partidas: https://pt.wikipedia.org/wiki/Vidiadhar_Naipaul#/media/File:VS_Naipaul_2016_Dhaka.jpg; https://pt.wikipedia.org/wiki/X-Men#/media/File:X-Men.jpg; https://pt.wikipedia.org/wiki/Quarteto_Fant%C3%A1stico#/media/File:Fantastic_Four_Vol_5_13.jpg; https://pt.wikipedia.org/wiki/Hulk#/media/File:Bruce_Banner.jpg; https://pt.wikipedia.org/wiki/Homem-Aranha#/media/File:Amazing_Spider-Man.jpg; https://pt.wikipedia.org/wiki/Stan_Lee#/media/File:Stan_Lee_December_2016.jpg; https://pt.wikipedia.org/wiki/Celeste_Rodrigues#/media/File:Crodrigues.jpg; https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=7467126; https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Charles_Aznavour_Cannes.jpg; https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Montserrat_Caball%C3%A9_1971f.jpg; Project: https://www.bbc.com/news/world-europe-44366357; https://www.freepik.com/free- vector/white-party-background-with-dancing- silhouettes_837276.htm#term=dance&page=1&position=2; https://radiohertz.pt/futsal-2a-divisao- ferreira-do-zezere-renasce-na-luta-pela-subida/; https://www.freepik.com/free-photos-vectors/travel; HGA: https://pt.wikipedia.org/wiki/Gabriel_de_Vallseca#/media/File:Gabriel_Vallseca._Museo_Mar%C3%ADt

imo,_Barcelona.1439.jpg; Índice

Este é um jornal não comercializável que pode ser partilhado desde que não seja alterado; procura respeitar os direitos de autor e os direitos conexos. Para mais informação, vai

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2 No v a série | N.º Especial | maio de 2015 | | Nova série | N.º11 | dezembro de 2018 | Jornal + Suplemento | Vid’Académica, Jornal Escolar da Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade, Angra do Heroísmo |

Editorial

Chegámos ao fim do primeiro período deste ano! E agora vamos para as férias!  Entretanto, está aqui o Vid’Académica, dando notícias e partilhando os textos e trabalhos do seu mais importante colaborador: TU! Muito obrigado por todo o teu apoio e envolvimento neste jornal escolar… Divulga-o junto dos teus colegas e amigos e familiares quando puderes, porque ele é o resultado do teu trabalho! Algumas das atividades que se fizeram na ESJEA e por muitos outros sítios desta ilha estão presentes ao longo do Vid’Académica! O Jornal e o Suplemento mantêm-se num documento só e, como tal, primeiro surgirão notícias e, depois, os textos de opinião, poemas, exercícios de escrita das aulas, trabalhos artísticos, etc. O projeto EPIS deixa-te alguns preciosos conselhos para melhores o teu aproveitamento ao longo do segundo período! Mantemos o formato A5, por ser prático. Se não concordares, envia-nos as tuas sugestões para o seguinte e-mail! Voltamos a lembrar que este jornal digital é gratuito, faz parte do projeto “Educação para os novos media”, que a Prof. Tânia Fonseca começou em 2015, e tem por intenção não ser estanque. Assim, não te esqueças de ver os links que fomos colocando ao longo dos vários textos! Apesar da intenção “digital”, achámos que devíamos ter exemplares em papel, que se encontram na reprografia, na Biblioteca Escolar Almeida Garrett, na Associação

de Estudantes, na sala dos Diretores de Turma, no Conselho

Executivo e também na Biblioteca Pública e Arquivo Regional Luís

da Silva Ribeiro. Índice Para finalizar, boas notas e boas férias! Podes sempre colaborar voluntariamente, enviando os teus trabalhos para este endereço de e-mail e, no assunto, escreve “Jornal Vid’Académica”!

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Prof. Carlos Severino 3 No v a série | N.º Especial | maio de 2015 | | Nova série | N.º11 | dezembro de 2018 | Jornal + Suplemento | Vid’Académica, Jornal Escolar da Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade, Angra do Heroísmo |

Índice JORNAL ...... 6 Comemoração do Dia Mundial da Saúde Mental: Visita de Estudo à Casa das Irmãs Hospitaleiras do Espírito Santo ...... 6 Lufinha School Tour na Jerónimo: uma sessão inspiradora com uma mensagem ambiental e pedagógica ...... 7 TAFAC2 visita o Núcleo Museológico de História Militar Manuel Coelho Baptista de Lima e a Fortaleza de São João Batista ...... 8 Golfista terceirense, aluno da ESJEA, conquista o título de campeão nacional de golfe ...... 9 Professor Doutor Carlos Reis dá conferência na BPARLSR sobre Mau Tempo no Canal de Vitorino Nemésio ...... 11 “Laços de Família” de Clarice Lispector no IAC ...... 12 Mobilidade do Erasmus + ...... 13 Atividades da Biblioteca Escolar Almeida Garrett neste 1º período ...... 14 EPIS – Dicas para o segundo período ...... 15 SUPLEMENTO ...... 17 PENSAR FAZ BEM! ...... 17 Never Give up (Nunca Desistir) ...... 17 A problemática da descoberta ou redescoberta dos Açores ...... 18 LETRAS EM VERSO ...... 20

Eu sou (autorretratos) ...... 20

ESCREVEMOS LOGO EXISTIMOS...... 31 Índice Nas ruas de Angra… à maneira de Cesário… ...... 31 I’m doing a project… ...... 32

José Saramago: 20 anos depois do Prémio Nobel da Literatura ...... 35

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PARTIDAS LITERÁRIAS, ARTÍSTICAS, DA CULTURA (jun-dez/18) ...... 60 4 No v a série | N.º Especial | maio de 2015 | | Nova série | N.º11 | dezembro de 2018 | Jornal + Suplemento | Vid’Académica, Jornal Escolar da Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade, Angra do Heroísmo |

E VIVAM AS ARTES! ...... 63 Educação Visual e Tecnológica ...... 63 O QUE ESTÁ PARA VIR? ...... 66

Luana Soares, 7ºB Magda Sousa, 9ºA

Índice

Ana Macedo, 9ºA Pedro Maciel, 7ºB | Voltar para para Voltar |

5 No v a série | N.º Especial | maio de 2015 | | Nova série | N.º11 | dezembro de 2018 | Jornal + Suplemento | Vid’Académica, Jornal Escolar da Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade, Angra do Heroísmo |

JORNAL

Chegámos ao final do 1.º período! Que bom!  Passou tão depressa!  Recorda o que tu e os teus colegas fizeram este período e partilha este jornal com os teus amigos e familiares! 

Comemoração do Dia Mundial da Saúde Mental: Visita de Estudo à Casa das Irmãs Hospitaleiras do Espírito Santo

No dia 10 de outubro, as turmas de Técnico de Apoio Familiar e de Apoio à Comunidade (TAFAC1 e TAFAC2) do PROFIJ, juntamente com os professores Américo Roque e Rosa Fonte, deslocaram-se à Casa das Irmãs Hospitaleiras do Espírito Santo, a convite dessa instituição a fim de se comemorar o Dia Mundial da Saúde Mental. Esta visita teve por objetivo combater o estigma face à saúde mental, bem como

identificar algumas causas desta doença,

nomeadamente o consumo de álcool em Índice excesso, o consumo de droga, o isolamento social e a falta de exercício físico. Além disso, foram abordados possíveis fatores

Fotografia de Samanta Aguiar. conducentes à depressão como: a baixa

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6 No v a série | N.º Especial | maio de 2015 | | Nova série | N.º11 | dezembro de 2018 | Jornal + Suplemento | Vid’Académica, Jornal Escolar da Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade, Angra do Heroísmo | autoestima, a falta de afeto, a vivência de acontecimentos trágicos, maus tratos, vida sedentária e o insucesso escolar. Esta visita permitiu o acesso a todo o edifício, tendo os alunos verificado que há várias atividades para a ocupação dos tempos livres dos utentes desta instituição e que estes beneficiam de acesso a terapias diversificadas. No final, os alunos afirmaram ter considerado a visita interessante e esclarecedora. Esta representou uma nova experiência e um momento de convívio agradável, dado que esclareceu algumas dúvidas relativamente ao tratamento facultado aos utentes e às suas condições habitacionais, tendo sido fundamental para se compreender a doença mental e fortalecer os laços de amizade entre todos os envolvidos. Turma de TAFAC1

Lufinha School Tour na Jerónimo: uma sessão inspiradora com uma mensagem ambiental e pedagógica

Francisco Lufinha, recordista mundial da maior viagem de Kitesurf sem paragens, em 2015, esteve, no dia 30 de outubro, no auditório da ESJEA a convite do nosso aluno Adelino Andrade, do 12º ano, também ele um amante dos desportos náuticos, nomeadamente a vela. Francisco Lufinha, um aventureiro português de 32 anos, apaixonado pelo mar e pelos desportos náuticos, o que lhe foi incutido pelos pais que o levavam a viajar de barco desde tenra idade, bateu o record mundial da maior viagem de Kitesurf sem paragens, em 2015, depois de ter percorrido 874 Km durante 48 horas em cima de uma prancha, entre Lisboa e a .

Na sua palestra, o orador pretendeu promover a autoconfiança dos Índice jovens e sensibilizá-los para a necessidade de se proteger os mares e oceanos do imenso lixo de plástico. Com o apoio da Fundação Oceano Azul e do Oceanário de Lisboa, Lufinha

criou o projeto “Lufinha school tour” em que conta aos jovens a emocionante

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7 No v a série | N.º Especial | maio de 2015 | | Nova série | N.º11 | dezembro de 2018 | Jornal + Suplemento | Vid’Académica, Jornal Escolar da Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade, Angra do Heroísmo | história dos seus desafios em alto mar, apelando a uma atitude positiva e pró- ativa nas suas vidas e perante a preservação do mar que os rodeia.

Francisco Lufinha mostrou ser um orador genuíno e inspirador ao contar a sua história de empreendedorismo, superação, coragem e trabalho em equipa, com o mar como pano de fundo. No final desta viagem com o embaixador do mar, todos nós gritámos “Portugal é mar!”.

TAFAC2 visita o Núcleo Museológico de História Militar Manuel Coelho Baptista de Lima e a Fortaleza de São João Batista

No sábado, dia 10 de novembro, a turma 2 de Técnico de Apoio à Família e à Comunidade deslocou-se ao Regimento de Guarnição, N.º 1, a fim de visitarem a Índice Fortaleza de São João Batista e conhecerem um pouco da importância dos Terceirenses para a história de

Portugal.

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Fotografias da Prof. Rosa 8 No v a série | N.º Especial | maio de 2015 | | Nova série | N.º11 | dezembro de 2018 | Jornal + Suplemento | Vid’Académica, Jornal Escolar da Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade, Angra do Heroísmo |

A visita ao forte teve início por volta das 10h e contou com a ajuda muito importante do guia turístico, Carlos Sozinho, que se disponibilizou para os acompanhar, orientar e esclarecer as suas dúvidas. Terminada a visita à Fortaleza, a turma dirigiu-se ao Núcleo Museológico de História Militar Manuel Coelho Baptista de Lima, onde puderam observar vestuário, armamento e utensílios militares. No final, a turma foi a pé até ao pátio da Alfândega, onde se encontra a estátua do navegador Vasco da Gama, que descobriu o caminho marítimo para a Índia. Turma 2 de TAFAC

Golfista terceirense, aluno da ESJEA, conquista o título de campeão nacional de golfe

Ricardo Garcia é formando do curso de Técnico de Desporto da nossa ESJEA e sagrou-se campeão nacional de golfe (sub-18), no passado dia 11 de novembro, em Setúbal. Por isso, entrevistámos o Ricardo para o conhecer um pouco melhor.

Como nasceu a tua paixão pelo golfe? RG: Comecei a jogar golfe com 9 anos, o meu pai jogava golfe e levava-me

com ele; foi assim que comecei a jogar e a gostar de o fazer. Índice

Aos jovens que consideram o golfe “um desporto para velhos”, o que gostavas de lhes dizer?

RG: Não acho que seja um desporto para velhos, pois exige coordenação | Voltar para para Voltar |

motora, acuidade visual e intensa preparação física. Pode ser praticado por 9 No v a série | N.º Especial | maio de 2015 | | Nova série | N.º11 | dezembro de 2018 | Jornal + Suplemento | Vid’Académica, Jornal Escolar da Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade, Angra do Heroísmo | pessoas mais velhas como forma de lazer, mais do que como desporto de alta competição.

Quanto tempo de treino dedicas ao golfe? RG: Em tempo de aulas, treino ao fim de semana, de manhã à noite, e nas férias treino todos os dias, de manhã à noite.

Como consegues conciliar o teu percurso na escola, num exigente curso de desporto, com a prática de dois desportos? Sim, porque soubemos que também jogas futebol… RG: Com disciplina, por vezes tenho de abdicar de alguns prazeres da vida, como sair à noite com os amigos. Faço um pouco de tudo, mas com conta, peso e medida.

Queres viver do golfe? RG: Sim, mas primeiro quero concluir o meu curso, o ensino secundário. É necessário ter um plano B, nunca sabemos se fisicamente estaremos sempre disponíveis para a prática do desporto.

Como foste recebido pela tua turma? RG: Fui recebido em festa, senti-me como o Fernando Santos quando regressou do Europeu…

E agora Ricardo, qual o próximo objetivo? Índice RG: Ir à seleção nacional!

Acabamos a entrevista com o NOSSO campeão nacional. Obrigado, Ricardo,

e votos de muito sucesso para os próximos desafios! | Voltar para para Voltar |

Formandos do curso de Técnico de Desporto 10 No v a série | N.º Especial | maio de 2015 | | Nova série | N.º11 | dezembro de 2018 | Jornal + Suplemento | Vid’Académica, Jornal Escolar da Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade, Angra do Heroísmo |

Professor Doutor Carlos Reis dá conferência na BPARLSR sobre Mau Tempo no Canal de Vitorino Nemésio

A turma 1 dos cursos Reativar assistiu à conferência “O mundo narrativo do Mau tempo no canal de Vitorino Nemésio”, proferida pelo Professor Doutor Carlos Reis, da Universidade de Coimbra. O evento decorreu na Biblioteca Pública e Arquivo Regional Luís da Silva Ribeiro (BPARLSR), a 22 de novembro de 2018, integrado nas comemorações dos 40 anos da morte do escritor da Praia da Vitória. No início da conferência, o Professor Doutor Carlos Reis começou por mostrar o seu agrado por estar na biblioteca da sua terra e disse que as suas memórias da juventude estavam por todo o lado. Por exemplo, na fotografia da capa do catálogo da exposição “Vitorino Nemésio – as fibras do mormaço”, a pessoa que está a tocar viola da terra ao lado de Vitorino Nemésio e o seu tio, Laureano Pereira dos Reis, o primeiro artista que o Professor conheceu. De forma muito global, o Professor Doutor Carlos Reis mostrou as características da personagem principal do romance de Nemésio – Margarida Clark Dulmo – e do “mundo narrativo” do romance, que se passa na ilha do Faial, em 1917. no centro da história, temos duas famílias rivais – Clark Dulmo e Garcia – que proíbem o romance de Margarida com João Garcia. Vitorino retrata uma mulher forte, destemida, corajosa e em

conflito interior, figura inesperada para a literatura neorrealista da época em que é publicado: 1944.

No final da conferência, o Professor Carlos Reis elogiou a BPARLSR pelo Índice seu trabalho e diversificadas iniciativas e referiu que, ao fim de três dias pela ilha, já recuperara o falar da Terceira.

Resta ler o romance, no qual a “açorianidade não se põe em causa, mas | Voltar para para Voltar | potencia a universalidade” desta obra fundamental de Nemésio.

Turma 1 dos cursos Reativar 11 No v a série | N.º Especial | maio de 2015 | | Nova série | N.º11 | dezembro de 2018 | Jornal + Suplemento | Vid’Académica, Jornal Escolar da Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade, Angra do Heroísmo |

“Laços de Família” de Clarice Lispector no IAC

No dia 10 de dezembro, a turma 1 dos cursos Reativar participou no “Grémio das 9” do Instituto Açoriano da Cultura (IAC), dedicado a Laços de Família (1960) de Clarice Lispector (1920-1977), escritora brasileira de ascendência ucraniana. O Prof. Carlos Severino dinamizou, a convite do IAC, um grupo de leitura destes contos de Clarice em duas sessões prévias. Esta última sessão começou com a leitura de um excerto do conto “Amor”, selecionado por Ítalo Moriconi como um dos 100 melhores contos do século XX, pelo formando Augusto Anjos da turma 1 dos cursos Reativar. Seguiu-se o diálogo partilhado entre o Prof. Carlos Severino e a Dr.ª Maria do Carmo à volta dos contos, com apontamentos da área da biografia da escritora, da área da saúde psicológica e curiosidades. Esta atividade esteve

Dr.ª Maria do Carmo Abrunhosa de Carvalho, Dr. Carlos inserida na chamada “Hora de Bessa (Diretor do IAC), Prof. Carlos Severino. Clarice”, promovida pelo (Fotografia de Cátia Duarte) Instituto Moreira Salles, e

pretende homenagear e lembrar a brilhante escritora, que nasceu a 9 de dezembro de 1920 e faleceu a 10 de dezembro de 1977. Este ano, o IAC foi a

única instituição Índice portuguesa participante. O próprio Google

relembrou, com o seguinte | Voltar para para Voltar |

“doodle”, a ocasião do 98º

aniversário da escritora! 12 No v a série | N.º Especial | maio de 2015 | | Nova série | N.º11 | dezembro de 2018 | Jornal + Suplemento | Vid’Académica, Jornal Escolar da Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade, Angra do Heroísmo |

Mobilidade do Erasmus +

European Youth Humanitarian OpenStreetMap é o nome do mais recente projeto Eramus+ em que a Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade (ESJEA) se encontra envolvida. Desafio: fazer mapas para países pobres que não têm recursos para o fazer, ajudando-os, desta forma, a conhecerem-se para se poderem (re)ordenar rumo a um desenvolvimento que se almeja há muito. Assim, na semana de 22 a 26 de outubro, dois professores da ESJEA, Elizabete Oliveira e Nuno Azevedo, deslocaram-se a Saarburg, na Alemanha, para participar numa intensa semana de formação para implementação do projeto. Juntamente com outras escolas de diversos países (Geschwister-Scholl Schule – Alemanha; Portmarnock Community School – Irlanda; IES A Sangriña – Espanha; Liceul Tehnologic General Magheru – Roménia), prepararam as diversas atividades a implementar e que levarão alunos e professores da ESJEA aos referidos países no corrente ano letivo e no próximo.

Índice

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Os Prof. Elisabete Oliveira e Nuno Azevedo com os seus colegas na formação. 13 No v a série | N.º Especial | maio de 2015 | | Nova série | N.º11 | dezembro de 2018 | Jornal + Suplemento | Vid’Académica, Jornal Escolar da Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade, Angra do Heroísmo |

Atividades da Biblioteca Escolar Almeida Garrett neste 1º período

A Biblioteca Escolar Almeida Garrett da ESJEA, coordenada pela Prof. Carlos Severino, realizou várias atividades ao longo deste 1º período. Eis algumas em que podes ter participado, para não te esqueceres…  “José Saramago (1922-2010): 20 anos depois do Prémio Nobel da Literatura”, exposição dedicada à vida e obra do único falante de língua portuguesa laureado como Nobel da Literatura. Os testemunhos de leitura constam deste número do Vid’Académica.  No dia 26 de outubro, relembrámos os 20 anos Tomé Gonçalves, da morte do escritor José Cardoso Pires e os 50 anos da ex-aluno da ESJEA publicação de O Delfim (1968), com o visionamento da adaptação para filme, realizado por João Lopes.  A 7 de novembro, “30 minutos a ler”, a ESJEA parou durante meia hora para ler, unicamente ler... Experimenta agora nas férias!   A 10 de dezembro, “inauguração da sala Ferreira Deusdado” e “EX LIBRIS 01”, integrado no IV Colóquio do Atlântico, dedicado a um antigo professor da ESJEA: Manuel Ferreira Deusdado!  Várias turmas da ESJEA participaram em atividades na BPARLSR, particularmente:  Conversa com… Professora Ana Bruno com o título “Pessoa, uma vida de desencontros”.

 Encontro com… o escritor Joel Neto, a 8 de novembro, um ex-aluno da

ESJEA e um escritor cujo mais recente romance se passa no Faial, com ênfase

na II Guerra Mundial. Índice  Encontro com… a escritora Joana Bértholo, a 4 de dezembro, uma criativa e imaginativa e jovem escritora, cujo último romance – Ecologia – coloca a hipótese de cada pessoa pagar pelas palavras que diz…

Em síntese, passa pela tua biblioteca, descobre e participa nas atividades | Voltar para para Voltar |

que existem lá! Aparece! Lê e ouve ler! 14 No v a série | N.º Especial | maio de 2015 | | Nova série | N.º11 | dezembro de 2018 | Jornal + Suplemento | Vid’Académica, Jornal Escolar da Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade, Angra do Heroísmo |

EPIS – Dicas para o segundo período

O Programa EPIS (Empresários para a Inclusão Social) está agora a ser desenvolvido na ESJEA pelo Prof. Mário Rodrigues e aqui ficam alguns conselhos preciosos para o 2º período e para todos: 1. Aproveita o início do 2º Período para fazeres um balanço do teu comportamento e dos teus resultados escolares no 1º Período. Identifica as áreas em que precisas melhorar e partilha as tuas dificuldades com os teus pais ou professores. 2. Lembra-te que, se foste capaz de ter bons resultados a algumas disciplinas, com trabalho e empenho vais ser capaz de ter bons resultados em todas. 3. A escola é um lugar para aprender. Se tu e os teus colegas soubessem as matérias que os professores ensinam pela primeira vez, não precisavam de ir à escola. Ter dúvidas é normal. Não ter vergonha de as expor ao professor é sinal de inteligência. Sempre que tiveres dúvidas, pede ao teu professor para as esclarecer. 4. Quando estiveres a estudar uma matéria nova, começa por fazer uma leitura rápida e pouco profunda. Faz depois uma nova leitura

mais atenta, por partes ou subtítulos. A segunda vez que leres, procura compreender o texto, coloca questões. 5. Sublinha as ideias principais. Sublinha e destaca a cores diferentes Índice e com formas diferentes: os títulos, subtítulos, as palavras-chave, as palavras novas, as classificações, dados a memorizar (datas,

nomes, acontecimentos), etc. para Voltar |

15 No v a série | N.º Especial | maio de 2015 | | Nova série | N.º11 | dezembro de 2018 | Jornal + Suplemento | Vid’Académica, Jornal Escolar da Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade, Angra do Heroísmo |

6. Depois da leitura é importante organizar o conhecimento e estabelecer ligações entre os diferentes assuntos. Faz um esquema resumo e sintético, apresentando apenas o essencial. 7. Elabora resumos com as tuas as próprias palavras, utilizando um caderno de apontamentos ou fichas. O resumo deve seguir a ordem das diferentes partes que compõem o tema, ser completo (depois de o escrever confirmar que tem toda a informação necessária), sintético (deve ter uma menor dimensão do que o texto original e condensar a informação) e ter significado próprio (deve ter sentido e ser compreendido por quem o escreve, tu!). 8. Quando tiveres de realizar um trabalho de pesquisa a uma disciplina, começa por fazer uma planificação. Define o objetivo e tema do trabalho e faz um esquema por tópicos das questões que tens de abordar. Depois, define a lista de fontes de informação que vais consultar e o tempo de execução do trabalho, de acordo com a data de entrega estabelecida. 9. Dependendo da disciplina em que vais ter teste, decide estratégias de estudo: leitura e elaboração de resumos, elaboração de esquemas da matéria, memorizar a informação por repetição, identificar algumas mnemónicas, realizar exercícios. No final, elabora questões ou problemas que possam sair no teste e tenta resolvê-los. 10. Quando recebes as notas dos testes, deves sempre ficar orgulhoso dos teus resultados positivos, já que eles significam que te esforçaste

para alcançar um objetivo. Se o resultado não for o que esperavas, Índice pensa que se te esforçares mais da próxima vez vais, com certeza, alcançar o sucesso!

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16 No v a série | N.º Especial | maio de 2015 | | Nova série | N.º11 | dezembro de 2018 | Jornal + Suplemento | Vid’Académica, Jornal Escolar da Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade, Angra do Heroísmo |

SUPLEMENTO

Estamos no Natal e 2019 já vem ali mesmo! Por isso, aqui estão alguns textos e trabalhos para leres e veres onde e quando quiseres!  Uns teus, outros de amigos, alguns de desconhecidos, mas o importante é que dediques algum tempo à leitura! 

PENSAR FAZ BEM!

Never Give up (Nunca Desistir)

12 Ano Escravo (2013) de Steve McQueen mostra-nos a história de um homem livre transformado em escravo. A meados do séc. XIX em Saratoga, no estado de Nova Iorque, Solomon Northup, interpretado por Chiwetel Ejiofor, levava uma vida normal junto de sua família, quando dois homens o abordaram e aliciaram para trabalhar num circo. Mal-intencionados, os dois homens embebedaram-no e fizeram-no prisioneiro, arrastando-o mais tarde para um leilão de escravos onde foi vendido para trabalhos forçados numa fazenda de indústria madeireira juntamente com outros escravos. Porém, Platt, seu nome de escravo, depois de todos estes anos de muitos maus tratos nunca desistiu de sua liberdade e Índice de voltar à sua vida. Eis que conhece Mr Banks que envia uma carta a pedido de Platt a denunciar toda a situação. Mr Parker, conhecido de Solomon,

recebe a carta e vem ao seu encontro trazendo-o de volta à sua cidade.

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17 No v a série | N.º Especial | maio de 2015 | | Nova série | N.º11 | dezembro de 2018 | Jornal + Suplemento | Vid’Académica, Jornal Escolar da Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade, Angra do Heroísmo |

Em relação à imagem, os planos de pormenor são abundantes mostrando-nos momentos de maior tensão como as chicotadas e as feridas provocadas pelo chicote, que bem evidenciam o terror daqueles tempos. A banda sonora também está bem conseguida, contribuindo para um maior êxtase destas mesmas imagens, que impressiona o espetador. Na minha opinião, apesar de ser um filme chocante, ainda me impressiona mais por ser uma história verídica, que me mostrou a crueldade e a injustiça vivida naquele tempo provocado pelos caucasianos, que se julgavam superiores. Filmes com este conteúdo são importantes para mostrar às gerações vindouras o que os humanos são capazes de fazer para se sentirem poderosos e por terem alguém submisso a eles, para evitar que tal se repita. Para concluir, acho que este filme é mais um ensinamento e um “abre olhos” para todos nós, para que possamos aprender a conviver todos em harmonia neste planeta cada vez mais globalizado. Flávio Silveira, cursos Reativar, Sec.

A problemática da descoberta ou redescoberta dos Açores

No âmbito da aula de História, Geografia e Cultura dos Açores, foi-nos proposto elaborar um texto sobre a problemática da descoberta ou redescoberta do arquipélago dos Açores. Índice De acordo com o cronista açoriano Gaspar Frutuoso, acreditava-se que tinha sido Gonçalo Velho Cabral a descobrir os Açores, em 1432, mas

atualmente e, de acordo com a Carta de Gabriel Vallseca de 1439, crê-se que | Voltar para para Voltar |

tenha sido a descobrir os Açores em 1427, ao serviço do rei 18 No v a série | N.º Especial | maio de 2015 | | Nova série | N.º11 | dezembro de 2018 | Jornal + Suplemento | Vid’Académica, Jornal Escolar da Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade, Angra do Heroísmo | de Portugal. Mesmo não tendo a certeza de quem descobriu ou redescobriu os Açores, sabe-se que, em 1439, o Infante D. Henrique lança gado em sete ilhas dos Açores e escreve uma carta ao rei dando conta dessa informação e pedindo licença para as povoar. Com a aprovação desse pedido pelo rei, nesse mesmo ano, chegaram os primeiros povoadores aos Açores.

Portulano de Gabriel de Vallseca (1439).

A problemática acerca da (re)descoberta, deve-se ao facto do aparecimento de 7 ilhas dos Açores, em mapas do séc. XIV, muito antes da chegada dos portugueses ao arquipélago. Apesar de não se saber se os portugueses as descobriram mesmo, ou simplesmente as redescobriram, o

importante é que foram os primeiros a interessaram-se pelo seu povoamento.

Acerca da sua representação em mapas do séc. XIV, existem várias teorias,

a mais conhecida é a possibilidade de marinheiros e navegadores Índice comerciantes, terem avistado ao longe a grande erupção vulcânica de 1322, na ilha de São Miguel, e de se terem apercebido que lá existia algo, como

ilhas ou ilhéus. | Voltar para para Voltar | Catarina Andrade, Cláudia Sousa, 8ºA

19 No v a série | N.º Especial | maio de 2015 | | Nova série | N.º11 | dezembro de 2018 | Jornal + Suplemento | Vid’Académica, Jornal Escolar da Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade, Angra do Heroísmo |

LETRAS EM VERSO

Eu sou (autorretratos)

Andreia, de olhos pequenos, cabelo curto castanho, sorriso contagiante e cansado, de face pálida.

Segue sempre os seus sonhos e enfrenta os vários obstáculos. Vive uma vida agitada, mas sente-se realizada profissionalmente.

Adora conhecer novas pessoas, viajar pelos vários países mas, no fim do dia, anseia por receber um abracinho caloroso.

Andreia Fagundes, cursos Reativar, Sec. T.1

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Magdalena Mira Mena (1859-1930), Autorretrato (pormenor). 20 No v a série | N.º Especial | maio de 2015 | | Nova série | N.º11 | dezembro de 2018 | Jornal + Suplemento | Vid’Académica, Jornal Escolar da Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade, Angra do Heroísmo |

Cheiinha, de olhos castanhos, testa alta Cabelo revolto, mãos ásperas Gargalhada estridente e vibrante Figura alta e roliça

Pensativa mas revolta Num chamamento ternurento Para quem a sabe levar Num dia menos azarento

Nariz pontiagudo Às vezes mete-se Onde não é chamada

Mas não deixa de ser Uma pessoa querida

Sandro Boticelli (c.1445-1510), Retrato de Simonetta Vespucci como Ninfa (1480).

Têmpera, 54 x 82 cm.

Índice Sandra Sousa, cursos Reativar, Sec. T.1

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21 No v a série | N.º Especial | maio de 2015 | | Nova série | N.º11 | dezembro de 2018 | Jornal + Suplemento | Vid’Académica, Jornal Escolar da Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade, Angra do Heroísmo |

Eu sou a que no mundo anda perdida, Eu sou a que na vida é forte, Uma grande sonhadora, Rendida em sonhos neste mundo sem rosto. Sou uma pessoa simples, Que gosta de aproveitar a vida E o que ela me dá. Como dizem, sou mal-encarada e muito refilona. Mas ajudo os meus amigos verdadeiros, Que são poucos hoje em dia. Luto sempre pelos meus sonhos E nunca desisto até conseguir o que quero. Com a vida já aprendi um pouco. Apesar de ser nova, Já levei alguns trambolhões, Assim aprendi que não devo confiar Nas pessoas facilmente. Sou simples, como uma borboleta, Que se transforma, E voa em busca dos seus sonhos Porque o céu é o limite!

Juliana Coelho, cursos Reativar, Sec. T.1

Índice Alexej von Jawlensky (1864-1941), Cabeça de mulher (1911). Óleo sobre cartão, 55 x 51 cm.

Gemeentemuseum Den Haag, Haia, | Voltar para para Voltar |

Holanda. 22 No v a série | N.º Especial | maio de 2015 | | Nova série | N.º11 | dezembro de 2018 | Jornal + Suplemento | Vid’Académica, Jornal Escolar da Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade, Angra do Heroísmo |

No retrato que me faço tomo minhas decisões tenho muitas alegrias e algumas desilusões

Gosto de gente divertida que não mente que tem coragem que vai à luta

eu sou da vida, a história que vivi e que vou viver sou como um trovão e sou doce, mas não sou perfeita Leonardo Da Vinci (1452-1519). Estudo para a cabeça de Leda (c.1505-07). Eu sou como sou Caneta e tinta sobre papel. Não sou como o mundo quer Com uma alma grande compreendida por aqueles que amo

Esta sou eu!

Nilda Dutra, cursos Reativar, Sec. T.1 Índice

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23 No v a série | N.º Especial | maio de 2015 | | Nova série | N.º11 | dezembro de 2018 | Jornal + Suplemento | Vid’Académica, Jornal Escolar da Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade, Angra do Heroísmo |

Sou quem sou e não o que querem que seja

Por onde vou começar? Pois nem sei como acabar… Alegre, bem-disposto e extrovertido, alto, pés compridos, de cabelo preto e barba curta, corpo atlético e barriga de quem come bem, falar é o melhor remédio.

Conhecer pessoas é maravilhoso, sou o sonho e o pesadelo, amigo de quem é amigo, generoso e meigo, trabalhador e malandro.

Adoro ir ao gym e nadar, Vincent Van Gogh (1853-1890). Autorretrato (1886) (pormenor). viajar pelo mundo todo é o meu sonho! Óleo sobre cartão. 55 x 46 cm. Sou um pai babado e admiro cada dia Gemeentemuseum Den Haag, que passa Haia, Holanda. pelo meu filho… Sou tudo isto e muito mais!

Índice Flávio Gonçalves, cursos Reativar, Sec. T.1

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24 No v a série | N.º Especial | maio de 2015 | | Nova série | N.º11 | dezembro de 2018 | Jornal + Suplemento | Vid’Académica, Jornal Escolar da Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade, Angra do Heroísmo |

Sou o típico português Não sou alto, nem espadaúdo Sou um tipo simpático mas podia ser barrigudo

Não sou terceirense Nem nasci no Abano. Mas, porque me chamam cubano?

De olhos cor de mel e com um feitio à maneira Sou feliz e contente porque vivo na Terceira

Não sou do Porto mas vivi em Lisboa Também gosto de desporto porque levo tudo numa boa

Nuno Moreira, cursos Reativar, Sec. T.1

Índice Eliseu Visconti (1866-1944), Autorretrato (1902). Óleo sobre tela, 64 x 48 cm, Coleção

Visconti-Hirth, Rio de Janeiro, Brasil.

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25 No v a série | N.º Especial | maio de 2015 | | Nova série | N.º11 | dezembro de 2018 | Jornal + Suplemento | Vid’Académica, Jornal Escolar da Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade, Angra do Heroísmo |

Martin Drolling (1752-1817). Retrato de Louise-Adéone Drölling (1812) [pormenor]. óleo sobre tela. Museu de Belas Artes de Estrasburgo.

Eu tenho olhar triste das amarguras da vida. Muitas vezes perdida Entre aquilo que não existe.

Por tudo o que perdi, Meu coração por vezes chora, Por coisas de dias de outrora. Por tanto que não vivi.

Embora na vida vagueando, Alegrias também tenho,

Que me fazem continuar sonhando.

Mesmo com a alma ferida, Índice A felicidade também de acompanha Com as coisas boas da vida.

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Dina Capote, cursos Reativar, Sec. T.1 26 No v a série | N.º Especial | maio de 2015 | | Nova série | N.º11 | dezembro de 2018 | Jornal + Suplemento | Vid’Académica, Jornal Escolar da Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade, Angra do Heroísmo |

Faria (Nelson), branco terceirense cabelo castanho da castanha olhos verdes de poente uma pequena quadra se emana

Lá no cima instala-se a ternura de maneiras mil a encantar iluminada de uma só figura triste sorte a iluminar

Corpo alto em pedra dura cidade vejo, num mundo existo rosto pálido de doçura tranquilo pouso, assim persisto

Sentir-me além da aparência perdido no meio do tempo aspeto desfeito em sonolência somente no presente andamento Henry Scott Tuke (1858-1929). Retrato de Johnny Jackett (1899). Vejo o verde da natureza Óleo sobre tela. tão perdido, frio, sem forçar Roy Miles Gallery, Londres, UK.

na imensidão da incerteza tento por tanto a caminhar Índice Nelson Faria, cursos Reativar, Sec. T.1

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27 No v a série | N.º Especial | maio de 2015 | | Nova série | N.º11 | dezembro de 2018 | Jornal + Suplemento | Vid’Académica, Jornal Escolar da Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade, Angra do Heroísmo |

Retrato

No retrato que me faço, Com singelas palavras, Às vezes me pinto furacão, Às vezes me pinto sol.

Às vezes me pinto coisas De que nem há mais memória, Ou coisas que não existem, Mas que batem bem lá dentro.

E, nesta vida, com que diariamente luto, Sinto-me perdida, por vezes, Que nem uma brisa cintila, Nas minhas ilusões quotidianas.

Eduarda Câmara, cursos Reativar, Sec. T.1

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| Voltar para para Voltar | Eduardo Malta (1900-1967). As duas irmãs (1939).

Óleo sobre tela, Coleção Isabel Matos Chaves. Fotografia do Prof. Carlos Severino. 28 No v a série | N.º Especial | maio de 2015 | | Nova série | N.º11 | dezembro de 2018 | Jornal + Suplemento | Vid’Académica, Jornal Escolar da Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade, Angra do Heroísmo |

Autorretrato pela manhã

O meu rosto é expressivo todos os dias pela manhã: ensonado, gasto e de mau humor, mas sempre determinado.

Se o retrato do meu reflexo não me deixa enganar, sou alto, roliço, sou volumoso, sou um ser em constante evolução.

De cabelo castanho e encantado, olhos esverdeados e enremelados, tentando sempre ver o que é certo.

Depois de alguns cuidados, Surge então um rosto renovado. Cara lavada, dentes branqueados, Cabelo apartado, óculos no rosto, Pierre Bonnard (1867-1947). Autorretrato (c. 1889). Até apreço um novo ser, Óleo sobre tela, 21 x 16 cm. Uma nova criatura. Coleção privada.

João Paulo Cota, cursos Reativar, Sec. T.1 Índice

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29 No v a série | N.º Especial | maio de 2015 | | Nova série | N.º11 | dezembro de 2018 | Jornal + Suplemento | Vid’Académica, Jornal Escolar da Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade, Angra do Heroísmo |

De jeito tímido me apresento Risada espontânea e sorriso fácil Abestalhada não há igual Qualquer um me identifica

De cabelo loiro, sem jeito Pele escondida do sol Olhos claros de cores diferentes De herança ficou o papo

Com instinto maternal Faço-me à estrada Protejo, cuido e amo Não quero mais do que o bem

Autorretrato caricatural de De muitos interesses Cosima Van Manen. Há um que se destaca Com uma folha e um lápis Desenho para a vida

Cosima Van Manen, cursos Reativar, Sec. T.1

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30 No v a série | N.º Especial | maio de 2015 | | Nova série | N.º11 | dezembro de 2018 | Jornal + Suplemento | Vid’Académica, Jornal Escolar da Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade, Angra do Heroísmo |

ESCREVEMOS LOGO EXISTIMOS

Nas ruas de Angra… à maneira de Cesário…

Deambulando como uma típica turista pelas características ruas da cidade de Angra, deparei-me com vários quadros, feitos de luz e de neblina. Observando uma diversidade de elementos, fixei-me, no mesmo enquadramento “fotográfico”, na convivência discordante das construções abandonadas e dos edifícios mais recentes do centro, em cujas fachadas não há como não reparar nas típicas e tradicionais varandas de ferro, que contribuem para a beleza da cidade. Importante também é falar da natureza, salientando-se na paisagem o Monte Brasil, que aconchega e abriga a cidade. As calmas águas da Baía de Angra transmitiam serenidade e o doce balanço dos barcos nos fazem navegar a tempos idos…

Na Rua Direita, encontramos, talvez, a última loja típica, Índice espalhando no ar o cheiro intenso das especiarias que ainda vende a peso… É tão bom poder observar a minha cidade pelos olhos curiosos

de uma turista! para Voltar |

Inês Meneses, 12ºD 31 No v a série | N.º Especial | maio de 2015 | | Nova série | N.º11 | dezembro de 2018 | Jornal + Suplemento | Vid’Académica, Jornal Escolar da Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade, Angra do Heroísmo |

I’m doing a project…

O teu amigo George enviou-te um e-mail com questões sobre os teus tempos livres! Já respondeste? Eles sim! 

Hi, George! How are you? Of course I’ll answer your questions. I’ve never belonged to a Youth Club, but I’d like to, because it seems nice and, there, people do lots of activities. In my free time I play tennis. It is my favourite free time activity, because

I find it very exciting,

especially when I compete.

Some of my friends also Índice have activities in their free time, both sports practices and music lessons.

On there is a football stadium where people can watch para Voltar |

football (soccer) games, small amusement parks, some squares and the public 32 No v a série | N.º Especial | maio de 2015 | | Nova série | N.º11 | dezembro de 2018 | Jornal + Suplemento | Vid’Académica, Jornal Escolar da Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade, Angra do Heroísmo | garden. I prefer going to the public garden or to the amusement parks, and I usually go there with my family. I hope all of this is helpful for your project. Alice Monjardino, 8ºB

Hi, George! No, I don’t belong to a Youth Club, but I would like to be in one, because it looks fun and I would also have the chance to meet people and make some friends. My favourite free time activities are dancing and singing. I like them because Created by Kjpargeter - Freepik.com they relax me. I also enjoy the feeling of finally learning some choreography that I wanted to know from a long time. When this happens, I really feel proud of myself. My friends don’t do the same activities as me. Well, at least they have never told me that. They often listen to music, chat online or play football. In my area, there are some swimming pools, beaches and natural parks. I usually go to natural parks because I love nature. Inês Coutinho, 8ºB

Hi!

I don’t belong to any Youth Club because I’ve got other activities that I spend several time in. So I think it’s fair to say that I don’t really want to be part of one. My favourite free time activity is playing futsal with my team because we’ve Índice got a really good squad and have a lot of fun playing together. My friends also do some sports, but not the same as me. They play volleyball,

basketball or they go swimming.

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33 No v a série | N.º Especial | maio de 2015 | | Nova série | N.º11 | dezembro de 2018 | Jornal + Suplemento | Vid’Académica, Jornal Escolar da Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade, Angra do Heroísmo |

In my area there are some fun places to go to, like the museum, the cinema, some swimming pools or the bowling alley. I don’t really go to them that often, so I don’t have a favourite one or one that I spend more time in. João Garcia, 8ºB

Hi George, For now, I don’t belong to any Youth Club, but if I had the opportunity, I would do it. Entering a new club would be great as I would learn new things, have nice moments and do my favourite activities. At the moment, my favourite free time activity is taking photos, because since I was young, I have always had a passion for cameras and photography. My best friend, Sebastião, is mad about drawing and he even visited her majesty, the Queen, for his extraordinary picture of the Buckingham Palace. In my hometown, there are many places where we can have fun. For example, we have the swimming pool in the centre of the town. I usually go to the history museum and, sometimes, to the cinema. Pedro Areias, 8ºB

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Created by Whatwolf - Freepik.com 34 No v a série | N.º Especial | maio de 2015 | | Nova série | N.º11 | dezembro de 2018 | Jornal + Suplemento | Vid’Académica, Jornal Escolar da Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade, Angra do Heroísmo |

José Saramago: 20 anos depois do Prémio Nobel da Literatura

Para comemorar os 20 anos da atribuição do Prémio Nobel da Literatura a José Saramago, a Biblioteca Escolar Almeida Garrett (BEAG), coordenada pelo Prof. Carlos Severino, organizou uma exposição sobre o autor e a sua bibliografia (ativa e passiva, principalmente livros de apoio ao estudo das obras do programa). Estiveram também em exibição excertos de entrevistas ao Nobel da Literatura ou à sua mulher, Pilar del Río, ou a curta- metragem A Maior Flor do Mundo (2006) de Juan Pablo Etcheberry. Na área de periódicos, para consulta dos alunos, esteve a “Autobiografia” de Saramago, disponível na Fundação José Saramago, bem como revistas e Tomé Gonçalves, ex-aluno da ESJEA jornais dedicados ao Nobel português. Para que a exposição fosse possível, professores e antigos professores da ESJEA emprestaram os seus livros, inclusive com autógrafos de Saramago e primeiras edições. Assim, fica o nosso agradecimento a Ana Maria Bruno, Carlos Severino, Eduardo e Maria José Dias, Elisabete e Hermano Oliveira, Lucília Soares, Paula Cotter Cabral, Paula Quadros, Sérgio Toste. Índice Agradecemos, ainda, a todos os professores que visitaram a exposição com as suas turmas, nomeadamente Paula Brasil, e aos professores que

estiveram presentes no visionamento do documentário Um humanista por | Voltar para para Voltar |

acaso escritor de Leandro Leal, Carlota Monjardino e Hermínia Martins. 35 No v a série | N.º Especial | maio de 2015 | | Nova série | N.º11 | dezembro de 2018 | Jornal + Suplemento | Vid’Académica, Jornal Escolar da Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade, Angra do Heroísmo |

Uma parte fundamental desta exposição foi a recolha e divulgação de testemunhos e experiências de leitura da obra de Saramago, espalhados por toda a ESJEA, que aqui se deixam reunidos para conhecimento de todos! Mais uma vez o nosso obrigado a todos os que tornaram possível e de qualidade esta atividade!

Testemunhos de Leitura

1971

O primeiro texto de Saramago que li foi uma crónica do livro Deste Mundo e do Outro, intitulada “O Sorriso”, por sugestão da minha orientadora de

estágio, no ano em que Saramago foi Nobel da Literatura. Nunca tinha lido nada deste autor (vergonhosamente!) e apenas tinha ouvido comentários menos

positivos relativamente à escrita de Saramago – “É difícil!”, “Não tem Índice pontuação.”, … Ao ler “O Sorriso”, fui agradavelmente surpreendida pela delicadeza da crónica, que não esperava, provavelmente influenciada pelos tais comentários.

Ensaio sobre a Cegueira é o meu livro preferido, embora ainda me falte para Voltar |

ler muitos da vasta obra do autor. Li Ensaio sobre a Cegueira numa altura em 36 No v a série | N.º Especial | maio de 2015 | | Nova série | N.º11 | dezembro de 2018 | Jornal + Suplemento | Vid’Académica, Jornal Escolar da Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade, Angra do Heroísmo | que andava um pouco “avessa” com a leitura, pelo que, para mim, este livro representa uma reconciliação com uma atividade que tanto me acompanhou na infância e adolescência. Li-o de um fôlego como há muito não fazia! O cenário escatológico e quase apocalíptico fascinou-me.

Ana Santos, professora de Inglês na ESJEA

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1980 37 No v a série | N.º Especial | maio de 2015 | | Nova série | N.º11 | dezembro de 2018 | Jornal + Suplemento | Vid’Académica, Jornal Escolar da Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade, Angra do Heroísmo |

O junho estava escaldante. A Lisboa, chegavam os restos mortais de Saramago, cujo féretro foi acolhido pela edilidade da capital. Em silêncio, anónimo, triste, o povo ladeava a Praça do Município, levantava o braço e erguia um livro na mão… Porquê aquele livro? Por que razão aquele livro? Sou leitora de Saramago. Fiquei curiosa e assumi a minha falha: ainda não tinha lido AQUELE livro! Vou lê-lo! – pensei. Vou ler o Levantado do Chão! E li! No verão de 2010, cada página que lia ficava com um pequeno marcador… e ficaram muitos entre aquelas páginas e palavras perturbadoras… aqueles relatos vividos pela família Mau-Tempo, no Alentejo, terra natal dos meus pais. A dureza narrativa sobre a vida pobre, oca, inócua, o trabalho explorado e abusado…. Perdi-me entre a ficção e a realidade e, quando vieram, de férias, os meus pais esclareceram cada um dos marcadores que abundavam no meu livro… Disseram-me que sim! Muitas daquelas palavras eram verdadeiras, do seu tempo de meninos… eles lembravam-se…eles ouviam falar…os donos dos latifúndios, o silêncio das mulheres “por medo que sofram os maridos, os filhos”, as ceifas de empreitadas, dia e noite, sem descanso, as côdeas de pão nas ceias, os castigos e torturas, silenciadores dos gritos dos sonhadores por melhores condições de vida, por dignidade, por liberdade! E foi uma formiga que descreveu a mais hedionda tortura que pode suportar um ser humano. Foi nos calabouços da polícia estatal que esta formiga morreu, atingida por uma gota de sangue! Sangue de alguém, de um homem que nunca foi menino, de alguém proibido de sonhar, de alguém sujeito a miséria extrema em nome do capital latifundiário…

Jamais esquecerei esta formiga que, entretanto, morreu e percebo agora a razão pela qual o Levantado do Chão estava preso naquelas mãos erguidas durante o velório de Saramago… Índice

Maria José Neves Filipe Dias, professora de Português na ESJEA

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38 No v a série | N.º Especial | maio de 2015 | | Nova série | N.º11 | dezembro de 2018 | Jornal + Suplemento | Vid’Académica, Jornal Escolar da Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade, Angra do Heroísmo |

1989 Índice Com a História do Cerco de Lisboa apaixonei-me por Saramago e nos 20 anos seguintes li praticamente tudo o que foi publicado. O Ano da Morte de Ricardo Reis e os Ensaios [sobre a Cegueira e sobre a

Lucidez] são, para além do primeiro, os que mais me agradaram, mas | Voltar para para Voltar |

é difícil escolher o favorito. 39 No v a série | N.º Especial | maio de 2015 | | Nova série | N.º11 | dezembro de 2018 | Jornal + Suplemento | Vid’Académica, Jornal Escolar da Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade, Angra do Heroísmo |

A temática da viagem, percurso físico ou emocional, muito presente em Saramago, é uma das características que mais me atrai no escritor e com a qual me é fácil identificar. Fotografia da Prof. Margarida Quinteiro.

Margarida Quinteiro, aluna (1972 a 1979) e professora de Inglês e Alemão (1985 a 2008) na ESJEA; atualmente, a trabalhar na Direção Regional da Educação.

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40 No v a série | N.º Especial | maio de 2015 | | Nova série | N.º11 | dezembro de 2018 | Jornal + Suplemento | Vid’Académica, Jornal Escolar da Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade, Angra do Heroísmo |

1982

O primeiro livro de Saramago que li foi Memorial do Convento. Isto deve ter sido por volta de 1993 ou 1994, portanto não foi propriamente uma descoberta precoce. Mas deixei-me fascinar de imediato por aquele rasgo narrativo – o fôlego infinito, o sentido de humor, o olhar sobre as personagens, o próprio uso da pontuação – e creio que posso dizer não só que é o autor português do qual li mais obras, mas também que foi e é aquele que mais me influenciou e influencia. O último romance que li penso que foi o Caim, que aliás foi também o único livro, até

hoje, que li num iPad. Não me marcou por aí

além, penso que sobretudo em virtude dessa

questão técnica (a ciência diz que a leitura Índice electrónica acciona áreas diferentes no cérebro), de maneira que também não tenho a certeza absoluta de que o último não tenha

Fotografia do escritor Joel Neto.

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sido A Viagem do Elefante, este em papel. 41 No v a série | N.º Especial | maio de 2015 | | Nova série | N.º11 | dezembro de 2018 | Jornal + Suplemento | Vid’Académica, Jornal Escolar da Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade, Angra do Heroísmo |

Foram os dois últimos, de qualquer modo. Mas os meus preferidos já estavam lá atrás, naqueles 13 anos estupendos que medeiam o Memorial (1982) e Ensaio Sobre a Cegueira (1995). Dos seis que Saramago publicou nesse intervalo, julgo que só História do Cerco de Lisboa (1989) ficaria fora da minha shortlist, e por pouco. Dos outros cinco, teria de eliminá-los um a um até chegar ao favorito. Primeiro eliminava A Jangada de Pedra (1986), porque apesar de tudo é o mais ligeiro (embora também seja o mais misterioso). Depois talvez eliminasse o Ensaio, porque é igualmente uma história contemporânea (apesar de tudo, o romance histórico fascina-me mais em Saramago). A seguir eliminava O Evangelho Segundo Jesus Cristo (1991), porque em todo o caso há um superavit de romances em torno da figura de Cristo (embora este seja brilhante, e aliás fundador no meu trajecto de subversão). E, finalmente, eliminava O Ano da Morte de Ricardo Reis (1984), por ser o mais filosófico (o que é um motivo bem estúpido para eliminar um romance, mas foi o jogo a que me propus). Portanto, o meu preferido será o Memorial do Convento, porque tem um pouco de tudo o que os outros têm e é uma grande história de amor. Além disso, foi o primeiro que li e o que me fez apaixonar-me por Saramago – faz todo o sentido elegê-lo.

Joel Neto, escritor e ex-aluno da ESJEA

Fiquei excitada e pavorosa ao pensar que ia ler uma obra de Saramago,

que ganhou o Prémio Nobel da Literatura em 1998. Estava curiosa em conhecer o tão conhecido livro Memorial do Convento, que é mais do que um livro sobre

reis e rainhas. Índice Memorial do Convento é um livro que critica a sociedade daquele tempo (crítica essa que se pode aplicar aos dias de hoje, às vezes) e que mostra um

romance raro e puro entre duas pessoas pobres, do povo: uma mulher que vê | Voltar para para Voltar | por dentro, Blimunda, e um homem que perdeu a sua mão esquerda ao serviço de D. João V, numa guerra, Baltasar Sete-sois. Temos um rei que, para gerar um 42 No v a série | N.º Especial | maio de 2015 | | Nova série | N.º11 | dezembro de 2018 | Jornal + Suplemento | Vid’Académica, Jornal Escolar da Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade, Angra do Heroísmo | herdeiro, promete levantar um convento, pelo que mais tarde vemos D. João V a cumprir a sua palavra. Mas na foi o rei que construiu o convento, que passou horas e horas, durante anos a fio, a erguer pedras, a carregá-las, a usar toda a sua força e mesmo a que não tinha para construir um convento a troca de meia dúzia de tostões, que mal dava para sustentar a família e, por vezes, uma morte certa. Temos também o inventor da “passarola”, o padre Bartolomeu de Gusmão, que correu mundos e fundos para a criar e, quando conseguiu, morreu louco em Espanha. A sátira e a crítica social estão presentes ao longo de toda a obra, muitas vezes aliadas à ironia e ao sarcasmo. Ninguém é poupado, nem mesmo o povo ou a opulência do rei e de alguns nobres em oposição à extrema pobreza do povo. A religião era, na época, um verdadeiro fanatismo e o romance mostra a forma sagaz, inteligente e inebriante de que a igreja dispunha para manter a ordem e o lucro. O clero não dá o exemplo, pois muitos membros da Igreja desrespeitam os votos que fizeram, os seus mais altos dignatários são a personificação da vaidade, da luxúria, da gula, pecados com que enganam o povo com o intuito de o manter ignorante e mais facilmente manipulável: “se a vida não tivesse tão boas coisas como comer e descansar, não valia a pena construir conventos”.

Eduarda Câmara, formanda dos Cursos Reativar – Secundário

José Saramago, o autodidata? Fica-me na memória a escrita singular de Saramago. No desfilar das suas

palavras, sinto a dureza e a desinibição do seu pensamento. Ele é cáustico… severo mesmo! “Senhor do seu nariz”, arrogante no discurso e gostosamente

ousado… De forma acutilante, destrói uma figura distinta como, com um Índice abraço, afaga um faminto. O escritor criou uma armadura em seu redor que o protege das acérrimas

críticas que se lhe dirigem. Sensível ao perscrutar da vida em sociedade, narra,

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como quem conta um conto, o dantes eivado de presentes e de futuros. Corre, 43 No v a série | N.º Especial | maio de 2015 | | Nova série | N.º11 | dezembro de 2018 | Jornal + Suplemento | Vid’Académica, Jornal Escolar da Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade, Angra do Heroísmo | ora subtil ora sub-repticiamente o fio da sua mãozinha irónica, seca… diria, mesmo, sarcástica quanto baste! O filho da Azinhaga foi e é incómodo. Alinhou pela subversão. Mas granjeou mérito; leitores, muitos! Memorial do Convento e Ensaio sobre a Cegueira são, entre tantos, dois que exigiram a minha atenção. Deram-me lições de vida. O leitor “ouve” o sacudir das suas palavras e sente a força genesíaca das suas personagens. Assim, por tudo, para tudo e com tudo há o Sempre. Merecida homenagem.

Ana Maria Bruno, professora de Português na ESJEA

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44 No v a série | N.º Especial | maio de 2015 | | Nova série | N.º11 | dezembro de 2018 | Jornal + Suplemento | Vid’Académica, Jornal Escolar da Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade, Angra do Heroísmo |

1991

No ano em que José Saramago ganhou o Prémio Nobel, eu já havia lido livros seus. No ano em que José Saramago ganhou o Prémio Nobel, eu já comprava livros com o meu próprio dinheiro. No ano em que José Saramago ganhou o Prémio Nobel, eu ouvi António Lobo Antunes a desbocar invejidades devido à vitória do laureado. Este incómodo alheio de um colega escritor só me confirmou que a obra do autor de Ensaio sobre a cegueira e Todos os nomes só poderia ser brilhante. Desde então, Saramago passou a fazer parte mais firme do meu percurso leitor. Não que tenha lido já todos os seus livros. Mas, profissão oblige, tive de o ler por gosto e por “obrigação”, pois que, junto de muitos alunos, tive de

desvendar os mundos de Memorial do Convento, de As pequenas memórias e de O conto da ilha desconhecida. A nível pessoal, acompanhei a leitura do meu

filho mais velho, com o qual descobri que há A maior flor do mundo. Índice A minha descoberta do universo saramaguiano acontece, porém, em 1991 ou 1992. Envolto em polémica, O Evangelho Segundo Jesus Cristo catapultou o nome de Saramago para o mediatismo. Lembro-me como se fosse hoje das

palavras patéticas de Sousa Lara, o então Subsecretário de Estado da Cultura para Voltar |

de Portugal, que acusavam a obra de amoralidade, por perverter os dogmas 45 No v a série | N.º Especial | maio de 2015 | | Nova série | N.º11 | dezembro de 2018 | Jornal + Suplemento | Vid’Académica, Jornal Escolar da Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade, Angra do Heroísmo | católicos canónicos. Como fui sempre pouco dado à coisa eclesiástica, quis ler a obra “maldita”! Como fui sempre pouco dado à coisa eclesiástica, quis ler a obra “maldita”! Na altura, os meus livros eram basicamente comprados no Círculo de Leitores com o dinheiro dos papás. A edição que li de O evangelho não foi exceção. A obra apresenta-nos uma visão pessoalíssima e obviamente ficcionada da vida de Cristo. É uma visão que humaniza Jesus, fazendo dele um homem como todos nós, que sente, ama, copula, tem falhas, comete erros. Não foi propósito de Saramago pôr em causa as crenças religiosas, mas denunciar os abusos das religiões ou, se calhar, os abusos daqueles que, servindo-se da fé de milhares de crentes, manipulam a sua perspetiva em nome sabe lá do quê. Da sua ganância, provavelmente… Lembro-me bem da cena em que Jesus Cristo faz amor com Maria Madalena (que heresia!), momento em que Jesus é concetualizado na sua total humanidade. A descrição do ato amoroso contraria toda a ideia de espiritualidade de Cristo, tal como preconizada pela Igreja. É toda uma ideia de prazer carnal, de mundanidade, que Saramago quer trazer à construção da sua personagem. Não negando a sua capacidade de líder intelecto-espiritual, Saramago constrói um Cristo-homem que vive dos sentidos e que age como

mais um comum dos mortais.

Já li o livro há quase trinta anos (tempus fugit), mas foi, de facto, uma

leitura inolvidável, já que a obra marca um momento histórico na cultura Índice portuguesa e prova como ainda no final do século XX (e, infortúnio!, também no início do XXI) é visível que a Literatura tem um papel de alerta em prol da

dignidade humana, sobretudo a do livre pensamento. Fica a dica!... | Voltar para para Voltar |

Paulo Matos, professor da ESJEA; Diretor de Serviços Pedagógicos – Direção

Regional da Educação 46 No v a série | N.º Especial | maio de 2015 | | Nova série | N.º11 | dezembro de 2018 | Jornal + Suplemento | Vid’Académica, Jornal Escolar da Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade, Angra do Heroísmo |

1994-2018

Este é um simples contributo, parco em palavras, que resulta das minhas Índice (já longínquas) leituras de Saramago, poucas mas diversificadas. A primeira foi o Memorial do Convento, obra lida em jovem e que me

cativou desde o início da leitura. Seguiram-se, em adulta, os Cadernos de | Voltar para para Voltar |

Lanzarote (aguardo com muita expectativa o recém-descoberto 6.º Caderno…) 47 No v a série | N.º Especial | maio de 2015 | | Nova série | N.º11 | dezembro de 2018 | Jornal + Suplemento | Vid’Académica, Jornal Escolar da Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade, Angra do Heroísmo | e os dois contos infantis – O Conto da Ilha Desconhecida e A Maior Flor do Mundo. Como por vezes acontece, há obras que não nos tocam e cuja leitura abandonamos, fazendo uso de um dos Direitos do Leitor: o direito de não acabar um livro. Foi o caso de Todos os Nomes.

Filipa Magalhães Tavares, encarregada de Educação de dois ex-alunos da ESJEA e Técnica Superior na BPARLSR

Índice

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48 No v a série | N.º Especial | maio de 2015 | | Nova série | N.º11 | dezembro de 2018 | Jornal + Suplemento | Vid’Académica, Jornal Escolar da Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade, Angra do Heroísmo |

1995

Creio que o primeiro livro de Saramago que li foi o Ensaio sobre a Cegueira, poucos meses depois de ter sido publicado, ou seja, nas férias de Natal/Ano Novo de 1995/1996. Foi uma prenda de Natal. Gostei desde as primeiras páginas pela estupefação criada: a metáfora da cegueira coletiva, geradora de situações desconcertantes (do filme, vi apenas excertos, mas achei que ficava aquém do ambiente criado no livro). O discurso narrativo, pontuado apenas com pontos finais e vírgulas, não me causou qualquer tipo de estranheza, pois, desde logo, percebi que se pretendia uma leitura fluente, próxima do oral.

Lucília Soares, professora de Português na ESJEA

O nome de Saramago nunca me passou despercebido, mas durante muito Índice tempo não foi mais do que um autor que seria para “deixar para mais tarde”. Não passava de algo que uma pessoa de 13 anos não tinha maturidade para ler

e compreender. Mas, graças à minha curiosidade, decidi experimentar. Tinha | Voltar para para Voltar |

apresentado, no oitavo ano, um trabalho sobre José Saramago e aí interessei- 49 No v a série | N.º Especial | maio de 2015 | | Nova série | N.º11 | dezembro de 2018 | Jornal + Suplemento | Vid’Académica, Jornal Escolar da Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade, Angra do Heroísmo | me ainda mais por este autor. Sempre gostei muito de ler e os clássicos da literatura portuguesa chamam-me a atenção. No início das mais recentes férias de verão, quando procurava algo novo para ler, escolhi conhecer o nosso Nobel da Literatura, com quem me vou “cruzar” muitas vezes, e agora sei que isso também acontecerá por vontade própria. Escolhi o livro Ensaio sobre a Cegueira, de entre os vários deste autor que enchem uma prateleira lá de casa. Li este livro durante metade das minhas férias. Falar deste livro não é fácil. Tenho refletido bastante sobre o assunto, e cada vez se torna mais evidente a particularidade que este tem, a meu ver. Ao contrário de qualquer outro livro que já tenha lido, sobre este não sou capaz de responder com coerência quando me perguntam como o interpretei, ou que moral da história encontrei, tal a complexidade deste livro! Compreendi bem todo o enredo e aprendi com ele. Nas diferentes partes da história, notam-se segundos sentidos, e mais do que uma interpretação possível para cada passagem… A particularidade da escrita deste autor, relativamente à pontuação, não foi uma surpresa para mim, mas não esperava que contribuísse para tornar a história tão cativante e para variar ainda mais as interpretações e segundos sentidos que somos capazes de identificar. A leitura destas 310 páginas foi demorada… Cheguei a ler 730 páginas de outro livro em mais ou menos o mesmo tempo. É uma história intensa, e raramente fui capaz de ler muitas páginas seguidas, por ter uma necessidade acrescida de assimilar a informação.

Gostei muito de ler este livro! Espero continuar a ler as obras de Saramago

(Ensaio sobre a lucidez, A caverna, Todos os nomes, A viagem do elefante). Este

autor tornou-se um dos meus preferidos, e uma inspiração, com Ensaio sobre a Índice Cegueira.

Magda Costa Sousa, estudante da ESJEA

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50 No v a série | N.º Especial | maio de 2015 | | Nova série | N.º11 | dezembro de 2018 | Jornal + Suplemento | Vid’Académica, Jornal Escolar da Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade, Angra do Heroísmo |

Normalmente volto a ler um escritor quando gostei particularmente do primeiro livro que li dele, neste caso o primeiro foi o Memorial do Convento. O segundo, o de que falo agora foi o Ensaio sobre a cegueira. É um livro, que embora já tenha lido há muito tempo, ficou marcado na minha memória. É um livro que mostra a rapidez com que o ser humano deixa de ser Humano para passar a ser um Animal Irracional. Basta que de um momento para o outro passe a “ver” o mundo de forma diferente. As imagens que imaginei enquanto lia o livro fizeram-me WPP of the year: Jean-Marc Bouju 2004 lembrar as imagens de guerra que vi numa exposição do World Press Photo, caos. É um livro marcante que aconselho todos a ler.

Roxana Ferreira, professora de EV/ET na ESJEA

Ensaio sobre a Cegueira foi uma leitura brutal, dolorosa, desafiante, exigente, que me obrigou a “despir-me” de todos os preconceitos para chegar ao fim do livro. Esta inquietude deixou-me ávida de outras leituras que apaziguassem os sentimentos que me atormentavam e me ajudassem a refletir acerca do ser

humano de forma como nunca o tinha feito. Cresci como leitora.

Li este livro por volta de 1999, depois de José Saramago ter recebido o Índice Prémio Nobel da Literatura. Achei que tinha de conhecer esta obra do Nobel português, pois apenas tinha lido Memorial do Convento.

Curiosamente, esta experiência de leitura antecedeu uma fase em que | Voltar para para Voltar |

tive de me defrontar com o maior sofrimento que alguma vez vivenciei. Agora, 51 No v a série | N.º Especial | maio de 2015 | | Nova série | N.º11 | dezembro de 2018 | Jornal + Suplemento | Vid’Académica, Jornal Escolar da Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade, Angra do Heroísmo | passados anos, vejo como este ser humano (eu) também foi posto à prova perante o desespero e a impotência de alcançar a sobrevivência do “outro”. Coincidências da vida!

Graça Vaz Cardoso, ex-aluna da ESJEA e Técnica Superior da Biblioteca Pública e Arquivo regional Luís da Silva Ribeiro

1997

Se não estou em erro, o primeiro livro de Saramago que li foi Todos os Nomes. E li-o certamente há cerca de 20 anos. Pensava que se encontrava entre

os livros que possuo do autor, mas estava enganada! Devo tê-lo trazido da biblioteca! Cheguei à ilha em setembro de 1992 e como o livro foi editado em

1997, o mais certo é tê-lo requisitado na biblioteca pública de Angra do Índice Heroísmo. Li pelo menos uma dezena de livros de Saramago e gosto muito de vários, mas Todos os Nomes deixou uma marca indelével na minha memória.

Quase me parece impossível ele nunca ter estado na minha estante, até o | Voltar para para Voltar |

procurei entre os livros de António Lobo Antunes, que se encontram mesmo ao 52 No v a série | N.º Especial | maio de 2015 | | Nova série | N.º11 | dezembro de 2018 | Jornal + Suplemento | Vid’Académica, Jornal Escolar da Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade, Angra do Heroísmo | lado. Já estava a imaginar o sorriso trocista do pequeno funcionário a sair do Arquipélago da Insónia com Todos os Nomes…

Maria da Conceição Martins, professora de Inglês-Alemão na ESJEA

Quando me perguntaram de supetão qual das obras de Saramago mais me tinha marcado, pus logo de parte, por múltiplas razões, Memorial do Convento e O Ano da Morte de Ricardo Reis, e respondi prontamente Todos os Nomes. Justificá-lo é que está a ser difícil, porque já a li há vários anos e tenho tentado, em vão, encontrar as razões que me levaram a referir esta e não outra das tantas obras que já li deste autor, presença assídua nos conteúdos programáticos do 12º ano de escolaridade. Fotografia da Prof. Aida Silva. Talvez tenha sido a história de vida do protagonista, Sr. José, um homem de meia idade, funcionário inferior do Arquivo do Registo Civil que, como todas as pessoas que têm uma profissão e vida monótonas e sem graça, arranjou uma forma de lhes dar cor, cultivando a mania de colecionar recortes de jornais e revistas com notícias e imagens de gente célebre, sendo-lhe “indiferente que se trate de políticos e de generais, de atores ou de arquitetos, de músicos ou jogadores de futebol, de ciclistas ou de escritores, de especuladores ou de

bailarinas, de assassinos ou de banqueiros, de burlões ou de rainhas de beleza”.

Este hobby (tão atual) permite distrair-se e, ao mesmo tempo, alerta-nos para

a necessidade que uns, mais do que outros, têm de vasculhar a vida alheia, Índice passatempo daqueles cuja existência não tem nada de interessante e traço característico de uma sociedade onde a inveja impera e o sucesso dos outros

incomoda.

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53 No v a série | N.º Especial | maio de 2015 | | Nova série | N.º11 | dezembro de 2018 | Jornal + Suplemento | Vid’Académica, Jornal Escolar da Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade, Angra do Heroísmo |

Por último, o facto de o Sr. José, depois de uma investigação aturada sobre a mulher desconhecida, ter chegado, perplexo e inquieto, à conclusão de que a vida de gente anónima pode ser bem mais interessante do que a dos famosos/célebres /conhecidos.

Aida Machado Nunes da Silva, professora de Português na ESJEA

Estava a trabalhar há muito pouco tempo e comprei o livro Todos os nomes de José Saramago, pois algumas pessoas tinham-me dito que “não gostavam” e mesmo que “não conseguiam ler Saramago, pois ele escrevia de forma diferente”. Comecei a ler o livro, com alguma curiosidade e quando dei por mim estava muito entusiasmada e depressa o terminei. Desde essa altura, já li vários livros da obra deste autor, no entanto, Todos os nomes continua a ser o meu preferido, pois foi através dele que descobri Saramago e, quando ouço alguém dizer “que não consegue ler Saramago”, conto esta minha experiência.

Hermínia Martins, professora de Economia e Contabilidade na ESJEA

Índice

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54 No v a série | N.º Especial | maio de 2015 | | Nova série | N.º11 | dezembro de 2018 | Jornal + Suplemento | Vid’Académica, Jornal Escolar da Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade, Angra do Heroísmo |

2004

Em busca de Saramago Corria o ano de 2007. O tempo urgia e o prazo para ler o Memorial do Convento estava prestes a terminar. Como poderia eu motivar os alunos se insistentemente tropeçava na página 51 e daí não passava? Como faria para ultrapassar aquele obstáculo de leitura? Insisti… uma e outra vez…nada. Fechava o livro e dizia, ou melhor, sussurrava para a minha consciência leitora, que no dia seguinte continuaria. No entanto, o dia seguinte era constantemente adiado e o lado trabalhador e responsável castigava a leitora inconsequente. Não podia admitir…era urgente seguir um novo rumo. Dirigi-me à prateleira e selecionei

As intermitências da morte, recente oferta do

dia da mãe.

De que modo poderia a Vida ser Índice revisitada pela Morte? Repleta de coragem abri o livro. A ideia de um país onde a Morte deixa de acontecer, cria um cenário

Fotografia da Prof. Paula Cotter Cabral. | Voltar para para Voltar |

socialmente perturbador. Percorri as folhas 55 No v a série | N.º Especial | maio de 2015 | | Nova série | N.º11 | dezembro de 2018 | Jornal + Suplemento | Vid’Académica, Jornal Escolar da Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade, Angra do Heroísmo | continuamente e perdi-me por completo, sobretudo, na experiência apaixonante da Morte pelo músico e pela sua arte… O compasso de leitura enlaçou-me ficcional e poeticamente na certeza de querer ler mais Saramago. Por vezes, é necessário afastarmo-nos para lermos melhor.

Paula Cotter Cabral, professora de coração da ESJEA e eterna aluna

2006

Pequenas, grandes memórias… Foi com Memorial do Convento que estabeleci o primeiro contacto com a

obra saramaguiana. O riso escarninho do narrador na desconstrução da

História e o fabuloso desenho das personagens ficaram-me dessa experiência

de leitura desconcertante, não sem esquecer o protagonismo da arraia-miúda, Índice tão ao gosto de Fernão Lopes. Mas Baltasar e Blimunda impõem-se como figuras de papelão, é certo, às quais é insuflado o fogo do espírito, a leveza da

alma, o que não foi certamente intenção de Saramago, neste último caso. | Voltar para para Voltar |

Ficarão estas personagens na História da Literatura Portuguesa e Universal, a

ombrear com Tristão e Isolda, com Pedro e Inês… 56 No v a série | N.º Especial | maio de 2015 | | Nova série | N.º11 | dezembro de 2018 | Jornal + Suplemento | Vid’Académica, Jornal Escolar da Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade, Angra do Heroísmo |

Outra obra lida mais recentemente – As Pequenas Memórias – apresenta um outro Saramago, menos «fingidor» (Se a Literatura alguma vez não finge!). Parece-me que o memorialista se desnuda e é mais genuíno, o que é característico, sem dúvida, das literaturas autobiográficas. À altivez do autodidata que emerge em quase toda a obra de Saramago, investe-se agora num registo que permite conhecer o Homem («Bicho da terra tão pequeno»), particularmente a sua infância e adolescência. Porém, cônscio estou de que o resgate do passado é frequentemente atraiçoado pelo presente que «mente», situação que Saramago considerou assertivamente «Às vezes pergunto-me se certas recordações são realmente minhas…» As Pequenas Memórias talvez não tenham a dimensão estética e a amplitude de boa parte da narrativa de o autor de A Bagagem do Viajante, no entanto, ganham em humanismo, o que se consubstancia em cada momento evocado. De resto, são as pequenas, as grandes memórias do Nobel da Literatura Portuguesa, a quem foi atribuído o Prémio da Academia Sueca; completam-se exatamente hoje 20 anos.

João Manuel Avelar, professor de Português na ESJEA

Índice

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57 No v a série | N.º Especial | maio de 2015 | | Nova série | N.º11 | dezembro de 2018 | Jornal + Suplemento | Vid’Académica, Jornal Escolar da Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade, Angra do Heroísmo |

2008

O primeiro livro que li de Saramago foi Memorial do Convento: tinha de ser, era “a” obra colada a Saramago, era o grandioso palácio e convento de Mafra, a passarola do Pe. Bartolomeu de Gusmão (cujo documento original vi em exposição na Torre do Tombo, em Lisboa), a música do cravo de Scarlatti, o casal Baltasar e Blimunda. Mas o livro que escolho é A Viagem do Elefante. Eu estava em Timor-Leste e as notícias referiam que Saramago estava doente e não se sabia se haveria livro (o documentário de Miguel Gonçalves Mendes, José e Pilar, de 2010, retrata muito bem essa altura). Por isso, pensava-se que, quase de certeza, seria o último livro do Nobel. Quando na época do Natal viajei para Macau com amigos, já o livro tinha sido publicado e tinha esperança de o encontrar na “IPOR – livraria portuguesa e galeria de arte”, uma das poucas livrarias com

literatura portuguesa e certamente das mais antigas. Realmente, lá estava em destaque na sua capa amarela e roxa. Lembro-me que foi caro e que daria para comprar pelo menos dois exemplares em Portugal (o preço da distância). Índice Comecei a sua leitura em Macau e acabei-a já em Timor, em Díli. Em Saramago, sempre me impressionou o romance com um fundo

histórico e A Viagem do Elefante tinha um pouco disso, porque a maioria foi | Voltar para para Voltar |

invenção, como referiu o escritor. A relação homem-animal mostra que o 58 No v a série | N.º Especial | maio de 2015 | | Nova série | N.º11 | dezembro de 2018 | Jornal + Suplemento | Vid’Académica, Jornal Escolar da Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade, Angra do Heroísmo | cornaca Subhro é a pessoa que mais gosta daquele elefante e esse sofrimento e preocupação são visíveis ao longo da viagem entre Lisboa e Viena de Áustria. Não é um livro difícil de ler e tem uma simplicidade na narrativa, que mostra que “sempre acabamos por chegar aonde nos esperam” (epígrafe do livro).

Carlos Severino, professor de Português e coordenador da BEAG na ESJEA

Página da Fundação José Saramago disponível aqui, onde podes encontrar a sua autobiografia, a sua biografia, uma cronobiografia, entre muitos outros documentos e fotografias e vídeos! Também podes seguir a Fundação José Saramago nas redes sociais, designadamente Facebook e

todas as outras! Quando fores a Lisboa, visita a sede da Fundação,

na Casa dos Bicos, na rua dos Bacalhoeiros, N.º 10, Índice ali ao lado do Terreiro do Paço, e não te esqueças de parar um pouco junto da oliveira que se encontra à entrada…

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59 No v a série | N.º Especial | maio de 2015 | | Nova série | N.º11 | dezembro de 2018 | Jornal + Suplemento | Vid’Académica, Jornal Escolar da Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade, Angra do Heroísmo |

PARTIDAS LITERÁRIAS, ARTÍSTICAS, DA CULTURA (jun-dez/18)

Desde meados de março até agora, partiram algumas pessoas interessantes e importantes pela sua vida, intervenção, cultura, arte, enfim, pela sua existência! Relembra-os, lendo a sua obra e conhecendo o seu trabalho…

Nas LETRAS, O escritor de ascendência indiana Vidiadhar Naipaul (17.08.1932- 11.08.2018), mais conhecido por V. S. Naipaul, nasceu em Trinidad e Tobago e faleceu em Londres, onde residia desde o seu tempo de universidade. Nobel da Literatura em 2001, era conhecido por obras como O mistério de Mr. Biswas (1961) cujo início do “Prólogo” surge abaixo, ou Num país livre, que ganhou o Booker Prize em 1971, ou A curva no rio (1979), entre outras, nas quais dedicou particular atenção ao legado do colonialismo, refletindo sobre questões de identidade. Notícia do óbito aqui e aqui.

Dez semanas antes de morrer, Mr. Mohun Biswas, jornalista da Sikkim Street, St. James, Port of Spain, foi despedido. Já há algum tempo que estava doente. Em menos de um ano passara mais de nove semanas no Índice Hospital Colonial e convalescera em casa durante mais tempo ainda. Quando o médico lhe aconselhou repouso completo, o Trinidad Sentinel não teve outra hipótese. Notificou Mr. Biswas do despedimento com três

meses de antecedência e continuou, até à sua morte, a enviar-lhe todas as para Voltar |

manhãs um exemplar grátis do jornal. 60 No v a série | N.º Especial | maio de 2015 | | Nova série | N.º11 | dezembro de 2018 | Jornal + Suplemento | Vid’Académica, Jornal Escolar da Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade, Angra do Heroísmo |

Stanley Martin Lieber (28.12.1922- 12.11.2018), mais conhecido por Stan Lee, foi escritor, editor, produtor, publicitário, produtor e ator, tendo dedicado grande parte da sua vida à Marvel Comics, criadora de super-heróis como Homem-Aranha, Hulk, Quarteto Fantástico ou X-Men. A nossa maior homenagem será ler os comics, ou bandas desenhadas ou “livros de quadrinhos” dos seus heróis. Notícia do óbito aqui e aqui.

Nas ARTES…

A artista plástica Helena Almeida (1924-25.09.2018) é sem sombra de dúvida uma das maiores artistas portuguesas do séc. XX. Filha do escultor Leopoldo de Almeida, autor das estátuas dos Padrão do Descobrimentos, optou por seguir pintura e apaixonou-se depois pela fotografia, combinando as duas na sua obra de forma magistral. O nome da exposição que decorreu em Serralves me 2005 – A minha obra é o meu corpo, o meu corpo é a minha obra – é bastante emblemática da sua ação. Exemplo disso é o excerto da sequência Pintura Habitada (1976; Gulbenkian,

Lisboa), abaixo. Índice

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Notícia do óbito aqui e aqui e aqui. Uma seleção dos seus trabalhos aqui, em vídeo. 61 No v a série | N.º Especial | maio de 2015 | | Nova série | N.º11 | dezembro de 2018 | Jornal + Suplemento | Vid’Académica, Jornal Escolar da Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade, Angra do Heroísmo |

A professora e artista plástica Isabel Laginhas (1942-18.08.2018) formou-se em pintura pela Escola de Artes António Arroio e pela Escola Superior de Belas Artes. Interessou-se pela tapeçaria, ilustrou diversos livros infantis e desenhou figurinos para teatro. Podes ver algumas das suas obras, na Gulbenkian (como esta) aqui e, no Centro Português de Serigrafia aqui. Notícia do óbito aqui e aqui.

Na MÚSICA…

Celeste Rodrigues (14.03.1923- 01.08.2018) era irmã mais nova da grande Amália Rodrigues e igualmente fadista. Podes ouvi-la, por exemplo, aqui, a cantar “Ouvi dizer que me esqueceste (Guitarra Triste)”. Notícia do óbito aqui e aqui.

Aretha Franklin Charles Aznavour Montserrat Caballé (Shahnour V. Aznavourian) (25.03.1942- (22.05.1924- (12.04.1933- 16.08.2018) 01.10.2018) 06.10.2018) Ícone da música negra e O mais popular cantor Cantora lírica soprano “rainha do soul”, como francês. De origem extraordinária.

foi apelidada. arménia. Índice Podes ouvir “Respect” (1967) Podes ouvir um best of aqui, Podes ouvi-la aqui, cantando aqui, mas também “Spanish onde se incluem “For me com Freddie Mercury Harlem” (1971), “I Knew You formidable”, “L'amour et la “”, ou a ária “Casta Were Waiting (For Me)” (com guerre” ou “Il y avait trois Diva”, da ópera Norma de

George Michael) (1987) jeunes garçons”. Bellini aqui. | Voltar para para Voltar | Notícia do óbito aqui e aqui. Notícia do óbito aqui e aqui. Notícia do óbito aqui e aqui.

62 No v a série | N.º Especial | maio de 2015 | | Nova série | N.º11 | dezembro de 2018 | Jornal + Suplemento | Vid’Académica, Jornal Escolar da Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade, Angra do Heroísmo |

E VIVAM AS ARTES!

Educação Visual e Tecnológica

Foi um período de trabalhos vários! A Prof. Roxana Ferreira trabalhou a ilusão ótica, como os que se podem ver abaixo e que podes manipular na Biblioteca Escolar Almeida Garrett.

Índice

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63 No v a série | N.º Especial | maio de 2015 | | Nova série | N.º11 | dezembro de 2018 | Jornal + Suplemento | Vid’Académica, Jornal Escolar da Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade, Angra do Heroísmo |

A Prof. Carlota Monjardino trabalhou com a aplicação expressiva dos polígonos em cores frias e dos arcos de arquitetura, a rotação e trabalhos com parábolas, isto é, a arte linear!

Índice

Maria Luísa, 7ºB Maria Antónia, 7ºB Daniela Botelho, 7ºB | Voltar para para Voltar |

64 No v a série | N.º Especial | maio de 2015 | | Nova série | N.º11 | dezembro de 2018 | Jornal + Suplemento | Vid’Académica, Jornal Escolar da Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade, Angra do Heroísmo |

Magda Sousa, 9ºA Catarina Castro, 9ºA Maria Constança, 9ºA

Rodrigo Ferreira, 9ºA Pedro Alves, 9ºA Mara Pamplona, 9ºA

Ana Sofia Macedo, 9ºA Madalena Lima, 9ºA Inês Reis, 9ºA

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Ana Sofia Macedo, 9ºA Rodrigo Ferreira, 9ºA Madalena Lima, 9ºA

65 No v a série | N.º Especial | maio de 2015 | | Nova série | N.º11 | dezembro de 2018 | Jornal + Suplemento | Vid’Académica, Jornal Escolar da Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade, Angra do Heroísmo |

O QUE ESTÁ PARA VIR?

DIVERTE-TE MUITO NESTAS FÉRIAS! ☺ PASSEIA, LÊ, OUVE MÚSICAS DE NATAL E APROVEITA ESTES DIAS PARA RECUPERARES FORÇA PARA O 2º PERÍODO!  OS REIS MAGOS TALVEZ TE TRAGAM ALGUM PRESENTE! 

Índice

João Cunha, 9ºA

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‘Vid’Académica’ no assunto! 66 No v a série | N.º Especial | maio de 2015 | | Nova série | N.º11 | dezembro de 2018 | Jornal + Suplemento