Universidade Federal Do Paraná Setor De Ciências
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ SETOR DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS VINICIUS FERREIRA BARTH O CANTO I DAS ARGONÁUTICAS DE APOLÔNIO DE RODES: ENSAIOS DE INTERPRETAÇÃO, TRADUÇÃO POÉTICA E NOTAS CURITIBA 2013 VINICIUS FERREIRA BARTH O CANTO I DAS ARGONÁUTICAS DE APOLÔNIO DE RODES: ENSAIOS DE INTERPRETAÇÃO, TRADUÇÃO POÉTICA E NOTAS Dissertação apresentada como requisito parcial à obtenção de grau de Mestre em Letras (Estudos Literários) no curso de Pós-Graduação em Letras, Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes da Universidade Federal do Paraná. Orientador: Prof. Dr. Alessandro Rolim de Moura. CURITIBA 2013 Aos meus pais, Helder e Leticia. Agradecimentos Antes de tudo, à minha família, pelo constante suporte, carinho e bifes de chorizo. Nada seria possível sem vocês. Ao professor Alessandro Rolim de Moura, grande mestre, pela amizade e confiança. E, sobretudo, pela paciência em ter me orientado de maneira impecável mesmo a mil e oitocentos quilômetros de distância. Sempre foi um privilégio trabalhar com você. Ao professor Henrique Cairus, por fazer parte deste momento especial da minha formação. Ao professor Bernardo Guadalupe dos Santos Brandão, por estar novamente me avaliando em uma banca. Grande parte da minha produção se deve ao que aprendi com você. Ao professor Rodrigo Tadeu Gonçalves, por ter aceitado assumir a fase inicial da orientação e por ter acompanhado com cuidado a formação deste projeto. Ao professor Guilherme Gontijo Flores, o Alberto Caeiro de Morretes, que me apresentou a poesia de Apolônio de Rodes e que sempre apostou todas as fichas no projeto. Aos professores Fernando Rodrigues Júnior e Leonardo Medeiros Vieira, por terem se dado o trabalho de nos enviar alguns textos fundamentais. A todo o departamento de Letras Clássicas da UFPR, sempre grandes amigos. À Rafa, minha Medeia, por tudo. Às amizades de sempre, que estiveram comigo desde o momento da aprovação no mestrado, ou que chegaram um pouquinho depois: Emerson Christian Pereira, Leandro Cardoso, Juliano Samways Petroski, Adriano Scandolara. Oh baby, love and happiness. Al Green Resumo A intenção deste trabalho é apresentar uma tradução poética do canto 1 das Argonáuticas de Apolônio de Rodes, acompanhada por uma introdução ao texto, estudos interpretativos, notas e uma breve discussão teórica sobre tradução. Focamos esta investigação na reunião de argumentos relevantes na crítica para tratar de alguns dos assuntos que mais se destacam na épica helenística de Apolônio, com atenção especial ao canto 1, nomeadamente: i) o papel do Amor; ii) a figura do narrador; iii) a importância do espaço. Além disso, compusemos uma série de notas explicativas e críticas para auxiliar a leitura do texto, principalmente no que se refere aos tópicos mencionados acima. Palavras-chave: Apolônio de Rodes; Argonáuticas; tradução; erotismo; narrador; espaço. Abstract This work intends to present a poetic translation of book 1 of Apollonius Rhodius’ Argonautica, accompanied by introduction, notes and interpretative studies, and a brief theoretical discussion of translation issues. The research has focused on collecting relevant arguments from Apollonian scholarship to address some of the issues that stand out in Apollonius’ Hellenistic epic, with special attention to book 1, namely: i) the role of Love; ii) the narrator’s profile; iii) the importance of space. In addition, we have written several notes to the text, in order to explain and discuss difficult passages, especially those which are relevant to the above-mentioned topics. Keywords: Apollonius Rhodius; Argonautica; translation; eroticism; narrator; space. Sumário Sumário ..................................................................................................................................................09 Introdução ..............................................................................................................................................10 1. Alexandria ..........................................................................................................................................14 2. Aspectos do Canto 1 ...........................................................................................................................32 2.1. Papéis e representações do Amor: a ilha de Lemnos ...................................................... 32 2.1.1. Heroísmo sedutor .................................................................................................... 33 2.1.2. Lemnos ................................................................................................................... 34 2.1.3. Ecos ........................................................................................................................ 40 2.1.4. Eros ......................................................................................................................... 45 2.2. A figura do Narrador ....................................................................................................... 50 2.3. Entre mares e blasfêmias: algumas incursões pelo espaço do desconhecido .................. 65 2.3.1. O espaço desconhecido do mar e o fado heroico .................................................... 67 2.3.2. Antecipações e personificações do desconhecido, o canto de Orfeu e o perigo da blasfêmia ........................................................................................................................... 71 2.3.3. O desconhecido no Outro, Lemnos e a hospitalidade velada ................................. 78 3. Tradução .............................................................................................................................................84 3.1. Traduzir Apolônio de Rodes ........................................................................................... 85 3.1.1. Breve nota sobre a tradução.................................................................................... 95 4. Texto e tradução do Canto 1 das Argonáuticas ..................................................................................97 5. Notas ao Canto 1 ..............................................................................................................................153 6. Referências bibliográficas ................................................................................................................177 Introdução Este é um trabalho de tradução, embora não seja um trabalho sobre tradução. Isso quer dizer que nossa visada, desde o princípio, foi a de apresentar uma versão em português para o canto 1 das Argonáuticas1 de Apolônio de Rodes (cuja tradição de leitura no Brasil ainda é muito escassa) e, a partir dessa “melhor leitura que jamais poderíamos ter feito”2, reunimos e debatemos questões de interpretação literária a respeito do poema. Ou seja, a partir do projeto tradutório que apresentamos como resultado maior deste período de pesquisa foi possível descobrir significados mais profundos no texto de Apolônio de Rodes, o que nos interessou enquanto investigação literária. Para procurarmos justificativas para o estilo de Apolônio, os modos como constrói intertextos ou reutiliza convenções da poesia grega arcaica, é necessário compreender como se constituiu a metrópole alexandrina sob o comando da dinastia ptolomaica, e como isso se reflete na consolidação de uma sociedade intelectualizada e artística, simbolizada sobretudo pela Biblioteca. Esse ambiente bastante propício à atividade intelectual fez com que nomes como os de Apolônio de Rodes, Calímaco e Teócrito unissem as atividades acadêmicas à produção poética, de modo que se criasse um estilo vanguardista, mas com alto apreço pela poesia arcaica. É uma época em que se revisitam a poesia homérica, a hesiódica e a dos principais trágicos, extraindo-se delas uma enorme quantidade de matéria prima para a composição poética helenística. A poesia grega é catalogada, revista e recriada nesse momento. Calímaco, talvez o mais versátil autor do período, preza pela poesia breve, compõe 1 A fase inicial de tradução e desenvolvimento deste projeto adotava para o poema o título de “Argonáutica”, ainda sem uma justificação adequada, seguindo alguns usos vernáculos. Considerando a forma grega do título, ΑΡΓΟΝΑΥΤΙΚΩΝ, em genitivo plural, assim como sua posterior versão latina, Argonautica, neutro plural nominativo, cheguei à decisão de utilizar também a forma plural em uma só palavra, Argonáuticas, de modo a não complementá-la com títulos compostos (o que significará, como provavelmente é o caso das outras traduções no mesmo formato, “[sc. Narrativas] Argonáuticas”). Outros usos modernos apresentam, por exemplo, títulos como Cantos Argonáuticos para o poema de Valério Flaco (Gouvêa, 2012), e Os Argonautas de Apollonio Rhodio (Costa e Silva, 1852), The Voyage of Argo: The Argonautica (Rieu, 1959), The Argonautic Expedition (Greene, 1780), The Argonautica of Apollonius Rhodius (Coleridge, 1889), The Argonautics of Apollonius Rhodius (Fawkes, 1780) e El viaje de los Argonautas (Gual, 1983). Embora seja grande a variedade de traduções para o título, os formatos com uma só palavra no singular ou no plural são os mais comuns: Argonáutica; Argonáuticas, Argonautiche, Argonautiques. Outra opção seria simplesmente Os Argonautas. Foram levados em conta também os títulos das demais épicas em português, em que predomina o uso do singular: Ilíada, Odisseia, Teogonia, Eneida, etc. Mas, diferentemente desses poemas, e como se vê comentado em algumas das notas ao texto, as Argonáuticas