Gudbem Borges Castanheira Transcrição da íntegra de depoimento 13 maio de 2011

Este trabalho é parte às comemorações relativas ao Cinquentenário do Movimento da Legalidade

Entrevistadores: PROFA. CARLA BRANDALISE PROF. LUIZ ALBERTO GRIJÓ

Local: Memorial do Legislativo 2

DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA Entrevista com o Sr. Gudbem Borges Castanheira ASSUNTO: Legalidade - 13-05-2011

A SRA. CARLA BRANDALISE – Dr. Gudbem Castanheira, esta entrevista faz parte de um trabalho que tem por finalidade recuperar a memória da . Para tanto, gostaríamos de saber, por exemplo, qual foi sua participação na Assembleia naquele momento.

Qual foi sua posição na Assembleia em relação à posse do Jango?

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – Eu era deputado estadual pela bancada do Partido Libertador, que fazia oposição ao governador Brizola na época. No entanto, por ocasião da Legalidade, a sigla partidária ficou de lado, porque nós, como bacharéis de Direito, tínhamos de pugnar, lutar pela norma legal, pelo princípio jurídico. Então, quando o governador Brizola lançou a campanha da Legalidade, nós deixamos de fora as legendas e ficamos ao lado da lei.

A SRA. CARLA BRANDALISE – No começo da manifestação, da movimentação pela Legalidade, algum deputado demonstrou resistência a apoiar a campanha, a posse do Jango?

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – Uns 10 ou 15 deputados ficaram neutros, mas a maioria se manifestou pela posse do Jango, porque ele era uma pessoa excepcional. Embora adversário político, era um tipo cavalheiro, um gaúcho autêntico, um homem que dava valor não tanto à sigla partidária, mas, sim, à personalidade do indivíduo com o qual dialogava.

A SRA. CARLA BRANDALISE – E como se dava, antes da Legalidade, a relação do seu partido com o Brizola? Como eram as relações?

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – Antes da Legalidade, o nosso partido fazia oposição ao governo Brizola, mas não uma oposição ferrenha, e sim moderada.

A SRA. CARLA BRANDALISE – O senhor recorda algumas políticas adotadas pelo Brizola às quais o partido era contrário?

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – Eu participei de várias comissões parlamentares de inquérito, representando a bancada do meu partido, o glorioso Partido Libertador, e, nessas comissões parlamentares de inquérito, nós investigávamos, do início ao fim, o dinamismo, o lado positivo do governador Brizola. 3

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A SRA. CARLA BRANDALISE – Quando a Legalidade começou, vocês não ficaram com medo de que pudesse haver o bombardeio que se pensava, na época...

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – Na realidade, correu a notícia de que o palácio seria bombardeado, e, portanto, acorremos, fomos todos ao Palácio Piratini prestar solidariedade.

Lembro-me de que o Brizola começou a distribuir armas da Taurus. Chegou a mim e me disse: Castanheira, pega esse revólver Taurus que está carregado. Eu disse a ele: Obrigado, governador, eu costumo usar um Smith & Wesson que vem de família, que recebi de herança do meu pai e que está aqui na cintura.

A SRA. CARLA BRANDALISE – Apresento-lhe o professor Grijó, da universidade federal.

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – Muito prazer.

O SR. LUIZ ALBERTO GRIJÓ – Muito prazer.

A SRA. CARLA BRANDALISE – Mas vocês ficaram com medo de que fosse bombardeado de verdade?

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – Realmente correu a notícia. Ficamos entre o sim e o não, aguardando os acontecimentos. Sei que houve uma correria na vizinhança. Muitos que tinham apartamento aqui perto se retiraram, inclusive o deputado Poty Medeiros. Consegui falar com ele. Ele saiu com a mala na mão para ir a um hotel, com medo de que o edifício dele, que fica logo ali – é o Vista Alegre –, fosse bombardeado.

A SRA. CARLA BRANDALISE – Sabemos que a Assembleia ficou reunida de forma permanente. Como vocês se organizavam no cotidiano? Ficavam o tempo todo na Assembleia?

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – Esteve aqui o comandante do 3º Exército na época – se não me engano, era o marechal Lopes –, que garantiu solidariedade ao Brizola. Aí ficamos mais calmos, mais confiantes de que não viria o bombardeio.

A SRA. CARLA BRANDALISE – Essa distribuição de armas também foi feita à população, às pessoas que ficavam aqui na frente? 4

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O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – O Brizola distribuiu mais ou menos 100 revólveres da marca Taurus, com munição.

A SRA. CARLA BRANDALISE – E depois esses revólveres foram devolvidos?

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – A maioria dos deputados ficou com as armas.

A SRA. CARLA BRANDALISE – O senhor acha que a mudança de opinião do general do 3º Exército que veio apoiar o Brizola deveu-se a quê?

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – Tenho a impressão de que era um general legalista – considerou que o Brizola estava certo, alicerçado nos princípios da Constituição.

A SRA. CARLA BRANDALISE – Os deputados que ficaram neutros acabaram mudando de opinião depois ou permaneceram neutros?

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – Esses ficaram no recinto da Assembleia, reunidos. Os que foram a palácio apoiar o governador Brizola eram maioria. A minoria ficou aqui no plenário da Assembleia.

A SRA. CARLA BRANDALISE – Nem pegaram as armas?

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – Não pegaram armas.

O SR. LUIZ ALBERTO GRIJÓ – Com respeito à cidade, à população em geral, como o senhor percebeu a mobilização fora do ambiente político?

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – Notávamos um movimento diferente principalmente na Praça da Matriz. Ali se encontravam centenas de pessoas que, oriundas do centro da cidade e dos bairros, vinham assistir aos acontecimentos.

O SR. LUIZ ALBERTO GRIJÓ – Não ocorreu quebra-quebra como, por exemplo, em 54?

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – Não, nada disso.

O SR. LUIZ ALBERTO GRIJÓ – Há outra questão que muitos referem: a possível intervenção dos sargentos na Base Aérea de Canoas. 5

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O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – Realmente houve um certo movimento. Se não me engano, até foi assassinado um sargento.

O SR. LUIZ ALBERTO GRIJÓ – Corre que, eventualmente, eles teriam intervindo no sentido de evitar que os aviões viessem a bombardear o palácio. Ou seja, teria havido uma ordem superior para que os aviões bombardeassem o palácio, mas os sargentos teriam, de uma forma ou outra, boicotado essa aeronaves.

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – Não. Que eu saiba, não houve boicote.

A SRA. CARLA BRANDALISE – O senhor se recorda de como era o relacionamento do Brizola com o Jango?

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – Durante certo tempo, eles quase tiveram um atrito, mas, com a Legalidade, o Brizola aderiu ao Sr. João Goulart, que era seu cunhado.

A SRA. CARLA BRANDALISE – Quando o Jango chegou a Porto Alegre, as pessoas esperavam que ele fizesse um pronunciamento e tivesse uma posição mais clara no sentido de assumir a presidência sem o parlamentarismo. Houve decepção entre os deputados que apoiavam a posse pelo presidencialismo?

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – Apoiavam o Jango em qualquer sistema de governo, tanto o presidencialista como o parlamentarista.

A SRA. CARLA BRANDALISE – E não houve decepção por ele não ter se manifestado publicamente, não ter feito um discurso?

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – Não, porque o Jango gozava de uma simpatia quase geral entre os deputados.

A SRA. CARLA BRANDALISE – Junto à oposição também, não é?

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – Sim. Era um cavalheiro.

A SRA. CARLA BRANDALISE – Após a posse do Jango, como continuaram as relações do Brizola com o PL, Partido Libertador? Depois da Legalidade, voltaram a fazer oposição? 6

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O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – Aí voltamos a fazer oposição.

A SRA. CARLA BRANDALISE – O que o partido achou das encampações que ele fez, das companhias que ele nacionalizou?

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – O partido praticamente ficou neutro.

A SRA. CARLA BRANDALISE – O que o senhor lembra sobre a organização da rede? Como o Brizola acabou tomando conta das rádios?

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – Aquilo foi uma surpresa para os deputados. Em poucos minutos, tomamos conhecimento de que o Brizola havia encampado as estações de rádio da Capital.

A SRA. CARLA BRANDALISE – Mas algumas vezes ele falou aqui da Assembleia, não foi? Onde ficava essa...

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – No palácio do governo.

A SRA. CARLA BRANDALISE – Ouvimos outras pessoas dizendo que, às vezes, ele falava daqui. Isso não ocorreu?

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – Não. Que eu lembre, ele falava do palácio.

O SR. LUIZ ALBERTO GRIJÓ – O Partido Libertador era, vamos dizer assim, um pouco contra as encampações. Ou não? Posso ter uma impressão equivocada.

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – O partido realmente era contra essas encampações, mas não fazia oposição sistemática.

O SR. LUIZ ALBERTO GRIJÓ – Sobre esse aspecto?

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – É.

O SR. LUIZ ALBERTO GRIJÓ – Os libertadores consideraram normal a requisição das emissoras de rádio naquele momento? Não pensaram que poderia haver maiores... 7

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O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – Era normal.

O SR. LUIZ ALBERTO GRIJÓ – No sentido parlamentar, em que pontos o PL discordava da política que o Brizola estava implantando antes, fora a questão da Legalidade?

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – O PL era um partido de oposição principalmente porque era eminentemente parlamentarista, e o Brizola era presidencialista.

O SR. LUIZ ALBERTO GRIJÓ – Por isso, sob certo aspecto, a solução parlamentarista na posse do Jango agradou ao PL, não é?

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – É, agradou.

O SR. LUIZ ALBERTO GRIJÓ – Naquela época, era Mem de Sá a principal liderança?

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – Nós tínhamos uma liderança muito forte do deputado Raul Pilla. Depois do Mem de Sá vieram o Britto Velho e outras personalidades de grandeza que o partido tinha na época. Realmente era uma agremiação partidária que reunia os principais líderes políticos do , a começar pelo presidente estadual, Décio Martins Costa, um verdadeiro estadista, homem de grande coragem pessoal que, antes do Estado Novo, já tinha sido deputado pelo Partido Libertador nesta Casa.

O SR. LUIZ ALBERTO GRIJÓ – O Pilla também era uma liderança antiga.

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – O Raul Pilla era uma liderança respeitada.

O SR. LUIZ ALBERTO GRIJÓ – Quais são suas impressões sobre o Brizola?

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – Na realidade, eu considerava o governador Brizola um grande homem, principalmente porque saiu do nada, de um meio humilde, do interior do Município de Carazinho – dizem que até engraxate foi –, veio para a Capital estudar e aqui se formou engenheiro. Mas era um homem que entendia de Direito, com bastante sabedoria e sapiência. Parece que ele era mais advogado do que engenheiro. 8

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O SR. LUIZ ALBERTO GRIJÓ – E político ele era...

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – Era congênita nele a política, porque ele saiu do nada e atingiu os principais cargos no Rio Grande do Sul e principalmente na Câmara Federal. Depois foi governador do Estado do Rio de Janeiro por duas vezes.

A SRA. CARLA BRANDALISE – Em relação ao governo do Brizola, ele tinha muito apoio da Brigada Militar aqui, não é? O que o senhor recorda desse apoio? Como era a relação dele com a Brigada Militar?

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – Realmente a Brigada admirava-o. Por ocasião da Legalidade, a Brigada veio em peso para cá a fim de lhe prestar solidariedade.

A SRA. CARLA BRANDALISE – O senhor lembra o que o Brizola fazia para ter tanto apoio entre os integrantes da Brigada Militar?

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – Ele era uma pessoa simpática, tinha facilidade para conseguir apoio. Inclusive, para a sua eleição, ele conseguiu o apoio do Partido de Representação Popular e do Partido Comunista. Era um homem muito simpático, atraía as massas e as correntes político-partidárias. Inclusive um deputado do PRP, por ocasião da Legalidade, puxou do revólver no pátio do palácio do governo – esse deputado era o Onil Xavier, do PRP –, deu um tiro para cima e gritou: Viva a Legalidade!

A SRA. CARLA BRANDALISE – Então o PRP apoiava o Brizola em algumas circunstâncias.

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – Apoiava o Brizola.

O SR. LUIZ ALBERTO GRIJÓ – O grosso da segurança no palácio foi feito pela Brigada Militar?

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – Exatamente.

O SR. LUIZ ALBERTO GRIJÓ – Nisso o Exército praticamente não...

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – Praticamente ficou alheio. 9

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A SRA. CARLA BRANDALISE – O senhor recorda como o resto do País estava acompanhando o movimento da Legalidade no Rio Grande do Sul? Como o País estava vendo esse movimento?

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – Parece que o Estado do Paraná estava solidário com o Rio Grande do Sul. Se não me falha a memória, era governador, naquela época, o Ney Braga, que ficou solidário ao Brizola.

A SRA. CARLA BRANDALISE – E Rio de Janeiro, São Paulo? O senhor recorda alguma coisa?

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – O Rio de Janeiro era contra o Brizola, porque tinha o Carlos Lacerda, que era um oposicionista sistemático do Brizola.

A SRA. CARLA BRANDALISE – E que opinião o senhor tinha sobre o Carlos Lacerda?

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – Foi um dos maiores políticos que o Brasil já teve em sua história. Como orador, era imbatível na Câmara dos Deputados.

A SRA. CARLA BRANDALISE – E o que o senhor achou da renúncia do Jânio Quadros?

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – Achei uma covardia. Um homem com aquela estatura moral e intelectual jamais poderia renunciar.

O SR. LUIZ ALBERTO GRIJÓ – Quer dizer: para o senhor, o ato do Jânio...

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – ... foi um ato de covardia.

O SR. LUIZ ALBERTO GRIJÓ – Sem dúvida alguma, ele pensava que...

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – Ele pensava que, com o ato, conquistaria apoio em outros Estados.

O SR. LUIZ ALBERTO GRIJÓ – Isso, claro, às custas de uma ruptura legal, não é?

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – Isso. 10

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O SR. LUIZ ALBERTO GRIJÓ – Legal e constitucional.

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – Isso.

A SRA. CARLA BRANDALISE – Dr. Gudbem, por que o senhor acredita que a Legalidade, em 61, foi tão bem sucedida e depois, em 64, não foi possível evitar o golpe militar? Qual foi a diferença de 61 para 64?

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – Em 64 o Brizola estava apoiando o Jango em todos os setores, e o Jango, no Rio de Janeiro, fez um discurso – principalmente para os sargentos, na época – que tinha uma finalidade quase comunista. As Forças Armadas ficaram com receio de que se alastrasse essa doutrina pelo País; por isso, resolveram derrubar o Jango.

O SR. LUIZ ALBERTO GRIJÓ – Por que o senhor acha que, naquele momento, não houve resistências maiores, mesmo aqui? A que o senhor atribuiria isso? Em 61 também houve uma perspectiva, em se evitando a posse, mas construiu-se uma resistência...

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – Em 64 as Forças Armadas estavam unidas, e não dava para oferecer resistência. Inclusive o Jango, em seguida, fugiu para o Uruguai, retirou-se, enfraquecendo, com isso, o seu prestígio perante as Forças Armadas.

A SRA. CARLA BRANDALISE – O senhor acha que o Jango deveria ter ficado e tentado reagir?

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – Deveria ter tentado reagir, mas ele era um homem de índole pacífica, não queria o derramamento de sangue.

A SRA. CARLA BRANDALISE – Como o senhor via na época os possíveis projetos do Brizola? Na verdade, ele já tinha... Ele sempre pensou em ser presidente da República. O senhor já percebia isso na sua ação?

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – Ele, no fundo, tinha receio de que o Jango usasse o continuísmo, de que o Jango tomasse alguma medida para continuar governando. Ele ficou contra o Jango porque essa situação poderia prejudicá-lo nos seus anseios de ser presidente da República. 11

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A SRA. CARLA BRANDALISE – O Brizola pensava inclusive em mudar a Constituição, a fim de que parente pudesse se eleger.

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – Exatamente.

A SRA. CARLA BRANDALISE – O senhor se recorda dessas ambições?

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – Recordo. Queria mudar a Constituição.

A SRA. CARLA BRANDALISE – O que mais o senhor recorda, de forma geral, da época? O que mais chamou a sua atenção? Algum detalhe, alguma coisa...

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – O que mais chamou minha atenção, mais tarde, com a adoção do parlamentarismo no Brasil, foi o surgimento da figura extraordinária do grande , que foi, se não me engano, primeiro-ministro do Brasil.

A SRA. CARLA BRANDALISE – Então o senhor admirou a ação do Tancredo Neves naquela época...

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – Sim, porque ele era um homem eminentemente pacífico.

A SRA. CARLA BRANDALISE – Por que o senhor acha que os militares e a ala do Tancredo Neves queriam realmente o parlamentarismo? Como o senhor viu essa adoção do parlamentarismo? Por que os militares endossaram o parlamentarismo?

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – Os militares apoiaram o parlamentarismo em seguida. Houve apoio integral.

A SRA. CARLA BRANDALISE – O senhor acha que eles fizeram isso para tirar poder do Jango?

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – Exatamente.

A SRA. CARLA BRANDALISE – Qual era o temor que o Jango despertava? 12

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O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – Os militares já não o engoliam mais. Queriam uma mudança porque viam na pessoa do Jango um verdadeiro perigo às instituições democráticas do País.

A SRA. CARLA BRANDALISE – Qual era esse perigo? Eles tinham medo de que o Jango fizesse o quê?

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – Tinham medo de que o Jango partisse para um governo eminentemente esquerdista.

A SRA. CARLA BRANDALISE – E o senhor achava que as reformas que ele queria fazer – por exemplo, a reforma agrária – estavam corretas?

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – No meu entender, o Brasil não comportava, naquela oportunidade, a reforma agrária. Era mais um sinônimo de anarquia do que de reforma.

A SRA. CARLA BRANDALISE – Então esse lado da política do Jango não era um lado interessante, não era um bom lado?

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – Não. Era um lado negativo.

A SRA. CARLA BRANDALISE – E o Brizola apoiava esse lado negativo?

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – Apoiava.

A SRA. CARLA BRANDALISE – E o partido liberal não simpatizava com...

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – O Partido Libertador era contra.

Tivemos, no Congresso Nacional, uma figura extraordinária, que foi o senador Mem de Sá. Esse homem era praticamente o dono do Senado na época, tinha um prestígio extraordinário. Na Câmara Federal, tivemos uma figura impoluta, de grande eloquência, que foi o deputado Carlos de Britto Velho. O SR. LUIZ ALBERTO GRIJÓ – Alguns analistas dizem que o fato da UDN não ser muito forte aqui no Rio Grande do Sul se deve à existência do 13

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Partido Libertador, que à época teria ocupado, no plano regional, o espaço que a UDN tinha no plano nacional.

Como o senhor avalia isso?

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – Realmente o Partido Libertador tinha uma legenda maior do que a da UDN, mas costumavam se coligar. Inclusive em 47 houve uma coligação em torno do Dr. Décio Martins Costa, ficando a UDN e o PL unidos – foram chamados de oposições coligadas.

A SRA. CARLA BRANDALISE – Eu poderia, então, passar a outro assunto, a fim de analisarmos um pouco toda a resistência, no conjunto. Refiro-me à formação do Grupo dos 11.

Como o senhor recorda...

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – O Brizola, para garantir sua administração, fundou ou mandou fundar em quase todos os Municípios rio-grandenses o Grupo dos 11, o qual tinha uma finalidade mais ou menos revolucionária.

A SRA. CARLA BRANDALISE – O senhor recorda como isso se deu em Porto Alegre?

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – Aqui, em Porto Alegre, não. Mas na minha terra, Soledade, conheci vários que pertenciam ao grupo.

A SRA. CARLA BRANDALISE – O que queriam as pessoas que entraram para o Grupo dos 11?

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – Eles se reuniam semanalmente, durante certos dias, para planejar algo que desse resultado em benefício do governador Brizola.

A SRA. CARLA BRANDALISE – Então havia uma admiração pelo Brizola nesses grupos.

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – Exatamente.

A SRA. CARLA BRANDALISE – Essas pessoas que entraram para o grupo, que profissão tinham? 14

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O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – Eram de todas as profissões. Havia advogados, médicos, operários.

A SRA. CARLA BRANDALISE – Havia profissionais liberais – médicos, advogados – e operários também.

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – Também.

A SRA. CARLA BRANDALISE – O senhor lembra em que momento, em que época eles começaram a ser organizar?

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – Depois de 62.

A SRA. CARLA BRANDALISE – O senhor chegou a vê-los em ação ou algo assim quando o golpe ocorreu? Eles promoveram algum tipo de ação, chegaram a ir às ruas?

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – Não, eles ficaram solidários ao governador Brizola.

A SRA. CARLA BRANDALISE – Mas não chegaram a fazer nenhuma manifestação de rua, nada?

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – Nada.

A SRA. CARLA BRANDALISE – Então, pelo que o senhor lembra, o Brizola pretendia fazer grupos de revolucionários?

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – Revolucionários.

A SRA. CARLA BRANDALISE – E eles andavam com armas?

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – Andavam, inclusive com aquelas que o Brizola distribui por ocasião da Legalidade – a maioria dos Grupos dos 11 ficaram com os revólveres Taurus.

A SRA. CARLA BRANDALISE – Ah! Eles tinham já essas armas...

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – Certas armas que lhes foram dadas aqui pelo Brizola. 15

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A SRA. CARLA BRANDALISE – Então a orientação era usar essas armas para...

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – Era usar essas armas.

A SRA. CARLA BRANDALISE – O senhor lembra se isto – o Grupo dos 11 – foi importante no resto do País?

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – No resto do País não houve oposição nenhuma; houve, sim, silêncio total a respeito da criação desse grupo.

A SRA. CARLA BRANDALISE – Como o PL e os partidos de oposição reagiam à presença desses Grupos dos 11?

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – O PL e os partidos de oposição praticamente não deram muita importância à criação do Grupo dos 11.

A SRA. CARLA BRANDALISE – Não parecia uma coisa perigosa?

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – Não.

A SRA. CARLA BRANDALISE – Como foi depois do golpe? Eles sofreram perseguições – os membros do Grupo dos 11 – lá em Soledade?

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – Não. Na minha terra, não.

A SRA. CARLA BRANDALISE – Não houve perseguição?

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – O pessoal os respeitava.

A SRA. CARLA BRANDALISE – Depois do golpe, os militares não perseguiram?

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – Também não.

A SRA. CARLA BRANDALISE – Não houve perseguição. Então não era uma coisa importante naquele momento. 16

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O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – Não. Não era importante.

O SR. LUIZ ALBERTO GRIJÓ – O seu colega na época, deputado Paulo Brossard, tinha uma atuação frontal contra o Dr. Brizola.

Havia uma atuação também muito peculiar dos chamados pelegos. Há algo que o senhor possa lembrar sobre os chamados pelegos, que eram, digamos assim, os soldados políticos da época?

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – O peleguismo também existiu durante o governo Brizola. Os pelegos eram, como se diz na gíria, os puxa- sacos do Brizola.

O SR. LUIZ ALBERTO GRIJÓ – Há uma história que o senhor sempre conta, envolvendo os pelegos, do Dr. Brizola, e o Dr. Paulo Brossard. Eles teriam se encontrado, em frente à catedral e...

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – Nós saímos daqui, da Assembleia, a convite do deputado Paulo Brossard, para tomar um uísque na sua residência, à tarde. Ocorre que o Paulo Brossard atacava muito o Brizola pela TV. Quando chegávamos em frente à catedral, um grupo de mais ou menos 20 pessoas, todas armadas, com pedaços de madeira na mão, se aproximou do deputado Paulo Brossard. Vendo aquele movimento, percebi que iria sobrar para mim, que eu também iria apanhar, e saí na frente. Foi quando um cara chegou e disse ao Brossard: Repete, seu galã, aquelas palavras que o senhor disse ontem na televisão. Aí eu meti o revólver no peito do cara e disse: Quem vai repetir é este, seu bagaço. Com isso, de revólver em punho, espantei o bando.

A SRA. CARLA BRANDALISE – O senhor recorda a posição do Paulo Brossard na época da Legalidade? Como ele se manifestou?

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – O Paulo Brossard ficou aqui na Assembleia.

A SRA. CARLA BRANDALISE – Era neutro?

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – Não ficou a favor nem contra. 17

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O SR. LUIZ ALBERTO GRIJÓ – Passado o período de exílio do Dr. Brizola, depois que ele retornou, houve uma oportunidade em que comemoraram novamente a Legalidade – se não me engano, por ocasião dos 20 ou 25 anos, já na Assembleia nova –, e ele teve um reencontro com o senhor.

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – O Brizola estava na Assembleia nova, reunido numa sessão toda especial, e eu chegava naquele momento por lá. Ele estava a uns 10 ou 15 metros, mais ou menos, e, quando me enxergou, abanou e gritou: Aí, meu velho amigo Castanheira, como vai? Eu respondi: Muito bem, Dr. Brizola. E V. Exa., como se encontra? Mantivemos um diálogo cordial.

O SR. LUIZ ALBERTO GRIJÓ – O costume da época era esse armamentismo. Eram poucos os deputados que não usavam armas. Houve inúmeras oportunidades em que esta Casa, a Assembleia, foi sitiada. Pessoas aguardavam para não deixar os deputados saírem. Alguns saíam pelos fundos, outros insistiam. Inclusive houve uma oportunidade do doutor saindo...

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – Realmente, dizem que, certa noite – à noitinha, antes do encerramento da sessão da Assembleia –, o Brizola mandou uma turma aqui porque tinham votado contra um projeto de aumento de tributos que ele mandara para a Assembleia. Nós tínhamos votado contra.

Esses elementos cercaram a Assembleia. Alguns deputados não tinham como sair e, por isso, foram falar com o presidente da Assembleia, Domingos Spolidoro. Disseram-lhe que queriam sair, mas que a Assembleia estava cercada. Ele respondeu: Então saiam pelos fundos. Ele chegou a mim e ao deputado Hélvio Jobim e nos disse: Se quiserem sair, saiam pelos fundos. Eu disse: Não, meu amigo, eu entrei pela frente e saio pela frente. Puxei o meu revólver e, juntamente com o deputado Hélvio Jobim, saí pela frente da Assembleia, de revólver em punho.

Nesse momento, um elemento passou a mão numa pedra do calçamento e atirou num funcionário da Assembleia, ferindo-lhe o rosto. Foi a vítima daquele movimento naquela oportunidade.

O SR. LUIZ ALBERTO GRIJÓ – Esse era mais ou menos o ambiente na época, tenso. Pelas mínimas votações, eles se preparavam para guerras públicas aqui na frente da Assembleia e do palácio, com pelegos de ambos os lados. Coletamos muitas dessas histórias mais informais. Estou estudando um pouco de história e coletando dados para um livro. Já temos fotos e inclusive depoimentos de alguns deputados que faleceram recentemente, como o deputado Borges e o secretário Luciano Machado. Consegui coletar em vídeo imagens deles 18

DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA Entrevista com o Sr. Gudbem Borges Castanheira ASSUNTO: Legalidade Porto Alegre - 13-05-2011 conversando sobre o acirramento dos ânimos à época, companheiros que se manifestavam frontalmente contra o governo do Dr. Brizola e colegas de partido que posteriormente se embatiam em plenário por terem ideias diferentes.

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – Devo frisar ainda que um dos deputados que faziam grande oposição ao Dr. Brizola era um parlamentar de grande inteligência e cultura, o saudoso Luciano Machado. Esse homem, extraordinário na tribuna, fazia oposição quase sistemática ao Dr. Brizola, mas era uma personalidade extraordinária, um dos maiores oradores que conheci naquela época aqui na Assembleia.

Outro foi o deputado Getúlio Marcantônio, uma glória do Partido Libertador.

Imbatível nos apartes era Cândido Norberto, que, à época, fazia parte da bancada do Partido Libertador.

A SRA. CARLA BRANDALISE – Como se dava a liderança de Cândido Norberto? Era um líder partidário bastante atuante?

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – Era muito atuante. Era imbatível em qualquer aparte.

O SR. LUIZ ALBERTO GRIJÓ – As brigas político-partidárias, então, se davam na tribuna. Havia muita oralidade, muito discurso?

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – Os discursos eram violentos. Lembro-me de uma ocasião em que o deputado Antônio Bresolin pediu- me que lhe concedesse um aparte enquanto eu falava. Eu ficava quieto, fazia de conta que não estava ouvindo, mas, de tanto ele insistir, disse-lhe: Olha, deputado, costumo dar aparte para pessoas que tenham mais conhecimento do que eu. Eu tenho medo de lhe dar o aparte e ficar desaprendendo o pouco que aprendi neste plenário.

O SR. LUIZ ALBERTO GRIJÓ – Eram os ânimos à época. Percebe-se o ambiente em que viviam.

A SRA. CARLA BRANDALISE – O senhor quer dizer algo mais? Alguma lembrança?

O SR. GUDBEM BORGES CASTANHEIRA – Quero prestar aqui uma homenagem póstuma a vários deputados que estão no outro lado da vida, como Synval Guazzelli, Getúlio Marcantônio, Heitor Galant, Braga Gastal e tantos 19

DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA Entrevista com o Sr. Gudbem Borges Castanheira ASSUNTO: Legalidade Porto Alegre - 13-05-2011 outros. Embora pertençam agora a outro mundo, ficarão espiritualizados sempre no plenário desta Assembleia Legislativa, porque, na realidade, eram homens dotados de invejável cultura e brilhante inteligência. Deixo aqui minha grande homenagem a essas figuras rutilantes que fazem parte da história do Rio Grande do Sul e do Brasil.

A SRA. CARLA BRANDALISE – Agradecemos-lhe a entrevista, Sr. Gudbem Castanheira.

O SR. LUIZ ANTÔNIO GRIJÓ – Muito obrigado.