A Revolucao Federalista E O Id
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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE DIREITO CARLOS EDUARDO DIEDER REVERBEL A REVOLUÇÃO FEDERALISTA E O IDEÁRIO PARLAMENTARISTA SÃO PAULO 2014 CARLOS EDUARDO DIEDER REVERBEL A REVOLUÇÃO FEDERALISTA E O IDEÁRIO PARLAMENTARISTA Tese apresentada à Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Doutor em Direito. Área de Concentração: Direito do Estado Orientador: Prof. Dr. Manoel Gonçalves Ferreira Filho. SÃO PAULO 2014 Nome: REVERBEL, Carlos Eduardo Dieder. Título: A Revolução Federalista e o Ideário Parlamentarista Tese apresentada à Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Doutor em Direito. Aprovado em: Banca Examinadora Prof. Dr. _________________________ Instituição: _________________________ Julgamento: _______________________ Assinatura: _________________________ Prof. Dr. _________________________ Instituição: _________________________ Julgamento: _______________________ Assinatura: _________________________ Prof. Dr. _________________________ Instituição: _________________________ Julgamento: _______________________ Assinatura: _________________________ Prof. Dr. _________________________ Instituição: _________________________ Julgamento: _______________________ Assinatura: _________________________ Prof. Dr. _________________________ Instituição: _________________________ Julgamento: _______________________ Assinatura: _________________________ EPÍGRAFE De início, uma das mais óbvias de tais metáforas, a da tempestade, apresenta muitas falhas. Pode-se esboça-la facilmente: primeiro, há a trovoada distante, as nuvens escuras, a calma prenunciadora da violência, tudo isso correspondendo ao que os compêndios especializados citam, confiantes, como causas da revolução; depois vem a súbita investida da ventania e chuva, isto é, o comêço da revolução mesma; segue-se o pavoroso apogeu, com toda a violência do vento, chuva, trovões e relâmpagos, o céu limpando-se, o sol de novo brilhando, como nos dias calmos da Restauração1. Entrementes, reagrupavam-se as velhas forças conservadoras, preparando-se para a reconquista do poder. Silveira Martins, com os ex-liberais, e João Nunes da Silva Tavares com seus fiéis, uniram-se em Bagé no novel ―Partido Federalista‖, que de federalista só tinha o nome, eis que Gaspar voltara da Europa preconizando a República Unitária e Parlamentar2. A exclamação do famoso chefe republicano José Gomes Pinheiro Machado ao contemplar o cadáver exumado de Gumercindo: ―E pensar que esse arrivista fez a República tremer‖3. A sabedoria popular, maliciosamente, ainda registra: ―Não há nada mais parecido com um CHIMANGO do que um MARAGATO no governo‖4. Idéias não são metais que se fundem! Gaspar Silveira Martins Amo mais minha pátria do que ao negro. Gaspar Silveira Martins 1 BRITON, Crane. Anatomia das Revoluções. 1. ed. Tradução de José Veiga. Rio de Janeiro: Fundo de Cultura, 1958, p. 37. 2 FRANCO, Sérgio da Costa. Júlio de Castilhos e sua época. 3. ed. Porto Alegre: UFRGS, 1996, p. 118. 3 CHASTEEN, John Charles. Fronteira Rebelde: a vida e a época dos últimos caudilhos gaúchos. Porto Alegre: Movimento, 2003, p. 147. 4 MARIANTE, Hélio Moro. Chimangos e Pica-Paus no Folclore Político-Militar Gaúcho. Porto Alegre: Martins Livreiro-Editor, 1987, p. 69. Dedico este trabalho à família REVERBEL, nas suas diversas gerações, e o faço em homenagem ao: Coronel Ulysses Reverbel. Um dos chefes revolucionários gaúchos de maior evidência da Revolução Federalista, maragato e líder revolucionário. Ao Dr. Francisco Carlos Reverbel. Destacado Membro do Diretório Regional do 2º Distrito do Partido Republicano Federalista. Um dos tribunos presentes, quando da trasladação dos restos mortais, em 1920, de Gaspar Silveira Martins, de Montevidéu à Bagé. Ao ilustre Jornalista e literato Carlos Macedo Reverbel. Pensador político dos mais destacados do nosso Rio Grande, com sua célebre obra, Maragatos e Pica-Paus: guerra civil e degola no Rio Grande. Por fim, ao mais novo integrante da família, meu estimado filho: Carlos Henrique Medeiros Reverbel. AGRADECIMENTOS Agradecer é tarefa difícil. Esquecer aos que merecem, sobrevalorizar uns em detrimento de outros. Como o trabalho é histórico gostaria de homenagear a todos os historiadores do Constitucionalismo brasileiro, que valorizam as instituições e sua evolução, e o faço em nome de Paulino Jacques, Pedro Calmon e Cezar Saldanha Souza Junior, exemplo de homens públicos que se preocuparam, sem demérito de outros, à História Constitucional brasileira. Não posso deixar de registrar também meus sinceros agradecimentos: Aos meus pais e irmãos. À minha querida esposa e ao meu filho: Daniela Medeiros Reverbel e Carlos Henrique Medeiros Reverbel. Ao meu orientador: Professor Manoel Gonçalves Ferreira Filho, o paulista que valoriza temas gaúchos, mais do que os próprios gaúchos. A iniciativa de trabalhar a Revolução Federalista, com viés Histórico Constitucional, partiu dele. Eu apenas as coloquei no papel. Personalidade ímpar, jurísta sólido, convicções firmes, franco e sério em tudo que faz, conduziu este trabalho com a mais alta competência, compreendendo a importância da Revolução Federalista para a História Político-Constitucional da República. Ao Professor Cezar Saldanha Souza Junior, meu estimando mestre, que bem compreende a tradição parlamentar do Império, originária de Gaspar Silveira Martins, aprimorada por Raul Pilla, minhas sinceras e afáveis homenagens. Ao Ilustre ministro Paulo Brossard, homem de convicções sólidas, parlamentar destacado, parlamentarista convicto, tribuno inesquecível. Ao Instituto Histórico-Geográfico do Rio Grande do Sul, meus sinceros agradecimentos, que na aventura de manter nossas tradições vivas, arquivam os mais relevantes documentos e jornais, mantendo viva as tradições do Rio Grande, minhas homenagens as faço em nome do Ilustre Presidente e amigo Dr. Fausto José Leitão Domingues. Aos amigos e colegas Andrio Português Fonseca, Rômulo Ponticelli Giorgi Júnior, Wagner Felloniuk, Anelise Domingues Schuler, Marcelo Schenk Duque, Mauro Lucio Baioneta Nogueira, Marcus Paulo Rycembel Boeira, Augusto Jaeger Junior, Rodrigo Valin de Oliveira, Luis Fernando Barzotto, Cláudia Lima Marques, Elton Somensi de Oliveira, Alfredo de Jesus Dal Molin Flores, Danilo Knijnik, pela ajuda prestada, pelo companheirismo nos momentos difíceis. RESUMO REVERBEL, C. E. D. A Revolução Federalista e o Ideário Parlamentarista. 2014. 217f. Tese (Doutorado) – Faculdade de Direito, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2014. A Revolução Federalista e o ideário parlamentarista remonta à história política do Império do Brasil. Com a proclamação da República em 15.11.1889, a vida política e social modificou-se sobremaneira. A forma de Estado deixou de ser Unitária para ser Federativa, o sistema de governo deixou de ser Parlamentarista para ser Presidencialista, a forma de governo deixou de ser Monárquica para se tornar Republicana. Tais reformas lideradas pelo Marechal Deodoro da Fonseca e por Benjamin Constant depositaram grandes expectativas no povo brasileiro. Todos os males do império projetavam-se na república. Com o tempo, o povo foi vendo, pouco a pouco, que as velhas mazelas que assombravam a vida imperial, rondavam, igualmente, a vida republicana. O sistema eleitoral e as reformas eleitorais não garantiam a plena democracia, tanto que Deodoro e os seus garantiram, artificialmente, a maioria na Constituinte de 1891. O alistamento ainda era forjado, a ―grande naturalização‖ favorecia os Republicanos Históricos, sendo que a vontade da Nação distanciava-se, cada vez mais, da vontade dos proclamadores da República. A instabilidade política e social era acompanhada pelo abalo econômico. As constantes emissões, a jogatina na bolsa, o ―encilhamento‖, a substituição do trabalho servil pela mão de obra livre, a substituição dos velhos liberais e conservadores do Império pela mocidade imberbe da República, toda ela inexperiente, toda ela não versada no serviço público é que passou a gerir a vida pública nos mais diferentes estados da nossa federação. A ala jovem republicana, lotada em importantes cargos administrativos e governamentais, ―trocou os pés pelas mãos‖, angariando a raiva das forças tradicionais do Império. O Estado do Rio Grande do Sul, por exemplo, assistiu, durante o Governo Provisório, passar pelo Estado, nada menos que seis Governadores. A instabilidade política era total. A diátese revolucionária prenunciava levantes armados em poucos dias. Parafraseando D. Pedro, Deodoro abandonou o poder, momento em que assina o decreto de alforria do ―verdadeiro escravo do Brasil‖. Assume o poder o Vice-Presidente, Marechal Floriano Peixoto, o qual presta apoio político ao Governador do Estado do Rio Grande do Sul, o Sr. Júlio de Castilhos. Ambos aliam-se contra o exército libertador de Gaspar Silveira Martins, que havia retornado do exílio e fundara o Partido Federalista Rio-Grandense, no Congresso de Bagé, para fazer frente ao Governo autoritário de Júlio de Castilhos. Travou-se no Rio Grande do Sul uma das mais sangrentas guerras de nossa história. A Revolução Federalista foi um guerra fratricida, que matou mais de dez mil homens. Estes revolucionários liderados intelectualmente por Gaspar Silveira Martins e militarmente pelo General Joca Tavares, Gumercindo Saraiva e Aparício Saraiva, guerrearam por três estados da federação (RS, SC e PR), fazendo a ―república tremer”. Em certos momentos, a revolução parecia que garanharia contornos nacionais, e o Presidente Floriano temia o futuro da República. No governo de Prudente