A HISTÓRIA ESCRITA PERCURSOS DA HISTORIOGRAFIA GOIANA Universidade Federal De Goiás
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A HISTÓRIA ESCRITA PERCURSOS DA HISTORIOGRAFIA GOIANA Universidade Federal de Goiás Reitor Edward Madureira Brasil Vice-Reitora Sandramara Matias Chaves Pró-Reitora de Graduação Flávia Aparecida de Oliveira Pró-Reitor de Pós-Graduação Laerte Guimarães Ferreira Júnior Pró-Reitor de Pesquisa e Inovação Jesiel Freitas Carvalho Pró-Reitora de Extensão e Cultura Lucilene Maria de Sousa Pró-Reitor de Administração e Finanças Robson Maia Geraldine Pró-Reitor de Desenvolvimento Institucional e Recursos Humanos Everton Wirbitzki da Silveira Pró-Reitora de Assuntos da Comunidade Universitária Maisa Miralva da Silva Conselho Deliberativo do CEGRAF/ UFG Conselho Deliberativo Alberto Gabriel da Silva Aloisio das Dores Neiva Antonio Carlos Novaes Antonio Corbacho Quintela (Diretor) Daniel Ancelmo Igor Kopcak José Luiz Rocha José Vanderley Gouveia Maria Lucia Kons Revalino Antonio de Freitas Sigeo Kitatani Júnior A HISTÓRIA ESCRITA PERCURSOS DA HISTORIOGRAFIA GOIANA Cristiano Alencar Arrais Noé Freire Sandes (Org.) Contribuições de: Cristiano Alencar Arrais; Noé Freire Sandes, Lídia Gonçalves Araújo; Barsanufo Gomides Borges; Nasr Chaul; Dalisia Elizabeth Martins Doles; Eliane Martins Freitas; Lena Castelo Branco Freitas; Mary Karash; Fernando Lobo Lemes; David Maciel; Sônia Maria de Magalhães; Sérgio Paulo Moreyra; Luiz Mott; Eliézer Cardoso de Oliveira; Luiz Palacin; Marshal Gaioso Pinto; Rogério Chaves Silva; Maria Conceição Silva Projeto gráfico e editoração eletrônica Keslley Albano Capa Keslley Albano Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) A773h Arrais, Cristiano Alencar A história escrita : percursos da historiografia goiana / Cristiano Alencar Arrais; Noé Freire Sandes (Org.) – Goiânia : Gráfica UFG, 2018. 324 p. Inclui referências ISBN 978-85-495-0185-1 1. Economia. 2. História de Goiás. 3. Costumes goianos. I. Título. CDU 930(817.3) Sumário Apresentação Durval Muniz de Albuquerque Jr. ............................................................9 Introdução ........................................................................19 Parte 1 – A Configuração do Campo: entre a memória e a historiografia Cristiano Alencar Arrais & Noé Freire Sandes .................................. 25 O passado que não passa ........................................................... 27 O tempo partido em dois .......................................................... 51 Parte 2 – Percursos da historiografia goiana ................... 63 Aspectos econômicos e sociais do coronelismo em Goiás Dalisia Doles .............................................................................................. 65 O olho que vê o mundo Sérgio Paulo Moreyra .............................................................................. 79 A inquisição em Goiás: fonte e pistas Luiz Mott ..................................................................................................... 85 Os homens pardos em Goiás à procura da cidadania Luiz Palacín .............................................................................................. 105 Economia agrária goiana no contexto nacional (1930-1960) Barsanufo Gomides Borges .................................................................... 117 A Coluna Prestes: memória e política em Goiás Lidia Gonçalves Araújo ...........................................................................131 Comida de hospital: uma história da alimentação em Goiás Sônia Maria de Magalhães ...................................................................143 Revisitando os caminhos historiográficos de Luiz Palacin Rogério Chaves Silva .............................................................................. 165 A ausência do celibato na Cidade de Goiás no século XIX Maria da Conceição Silva ......................................................................177 Construindo comunidades: as irmandades dos pretos e pardos Mary Karasch ...........................................................................................187 Vivendo sem um tostão furado! Eliézer Cardoso de Oliveira .................................................................. 207 Crimes da paixão Eliane Freitas ............................................................................................ 221 Catalão e a República do trem de ferro Nasr Chaul ................................................................................................. 241 A música nas irmandades de Goiás Marshal Gaioso Pinto .............................................................................255 Honorários de um cirurgião de Justiça Lena Castelo Branco Freitas ................................................................ 263 A criaço de Vila Boa e o Senado da Câmara de Goiás Fernando Lobo Lemes ............................................................................ 275 A esquerda goiana nos anos 60/70 David Maciel ............................................................................................. 287 O Campo configurado Cristiano Alencar Arrais & Noé Freire Sandes ...................... 301 Referências ..................................................................... 313 Agradecimentos .............................................................. 319 Apresentação Durval Muniz de Albuquerque Jr. Para além de duplas sertanejas Há uma etimologia fantasiosa da palavra Goiás que apareceria compondo uma passagem da cena final de um conto de Cora Coralina, intitulado “Minga, zóio de prata”. Nela, uma das irmãs, senhoras-donas moradoras do beco do Calabrote, mulheres damas afamadas daquelas paragens, dá um ensinamento em regra ao homem de sua irmã, Dondoca, que se atrevera a partir-lhe a cara. Zóio de Prata, como era chamada por causa de seu bugalho branco e saltado, moeu Izé da Bina a golpes de porrete, depois sentou em cima dele e o esmurrou a vontade, quebrou-lhe as ventas, partiu-lhe dois dentes, entrou nos olhos, o xingou com todos os nomes que sabia. Não satisfeita, “depois de ver o cabra mole, estirado, fungando, Zóio de Prata assungou a saia, abriu as pernas e mijou na cara de Izé da Bina”. Segundo essa etimologia, que circula na internet, a palavra Goiás, além de remeter, possivelmente, ao nome de uma tribo indígena que habitou o atual território desse estado, os Guaiá ou Guajás, que significaria “gente de mesma origem”, poderia vir do quimbundo “sunga”, que teria resultado em palavras como assungar, sungar, significando puxar, suspender; poderia também vir do grego “kara”, cabeça, através do latim “cara”, resultando em cara, face, rosto; ou ainda do latim “mejere”, resultando em mijar, urinar. Segundo essa etimologia fantástica, a poetisa e contista goiana, Cora Coralina, teria se servido da etimologia do nome de seu estado natal para construir essa cena que finaliza o conto sobre as irmãs prostitutas conhecidas como as Cômodas. Tornando ainda mais fantasiosa essa etimologia do nome do estado de Goiás, pois nada tenho contra as fantasias – elas criam suplementos de mundos e de realidades, elas materializam virtualidades, tornam atual o devir – eu diria que a palavra Goiás remeteria ao ato de “passar na cara”, de “levar nas fuças”, de “esfregar nas ventas”, ou, talvez de “dar a cara a bater”. Esse livro, que você leitor tem nas mãos, é aparentado com Minga, a zóio de prata, mas também seria aparentado com o estado de Goiás, pois seria um gesto de “passar na cara” o fato de que esse estado brasileiro também produz uma historiografia de boa qualidade, esse estado brasileiro não só produz soja, cria boi ou dá origem a duplas sertanejas, mas faz parte, também, do processo de descentralização da produção historiográfica brasileira, de sua diversificação 10 | A HISTÓRIA ESCRITA | Percursos da historiografia goiana temática, teórica e metodológica, possibilitada pela emergência dos cursos de Pós-Graduação em várias regiões do país; pela expansão e interiorização das Universidades públicas; pelo desenvolvimento dos novos meios de comunicação que veio conectar qualquer parte do país ao mundo; pela emergência e acesso às novas tecnologias de pesquisa, de acesso, reprodução e armazenamento documental; pelo crescimento do volume de recursos investidos em fomento à pesquisa, no financiamento da realização e comparecimento a eventos acadêmicos nacionais e internacionais, ocorrido na última década; pela realização regular de concursos públicos que permitiu a renovação e ampliação dos quadros de pesquisadores no campo da historiografia, em todo país; pela política de destinação de trinta por cento dos recursos de pesquisa ou das bolsas de pesquisa às regiões Norte, Nordeste e Centro- Oeste; pela política de acompanhamento e avaliação da produção docente realizada no bojo da avaliação dos cursos de Pós-Graduação do país; pela expansão e diversificação dos meios de divulgação da produção acadêmica; pela descentralização da editoração de produtos acadêmicos, com o surgimento de editoras em vários estados do país e pela maior presença e dinâmica das editoras universitárias. Esse livro, organizado por dois historiadores que militam no Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Goiás, que forma pesquisadores nessa área há quarenta e cinco anos, que se consolidou nos últimos anos com a criação do Doutorado em História, deixa Cristiano Alencar Arrais | Noé Freire Sandes | 11 claro que a historiografia que se produz, hoje, em Goiás, sabe onde tem as ventas. Cristiano Arrais e Noé Freire Sandes, uma dupla de professores que goza de reconhecimento nacional na área (não sei se a ponto de rivalizar com Leandro e Leonardo),