Tese Versãocorrigida 16Fevereiro2016
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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SOCIOLOGIA DIMITRI PINHEIRO DA SILVA Abertura da teleficção no Brasil: as minisséries da Rede Globo de Televisão (1982-1992) VERSÃO CORRIGIDA São Paulo 2016 0 UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SOCIOLOGIA Abertura da teleficção no Brasil: as minisséries da Rede Globo de Televisão (1982-1992) Dimitri Pinheiro da Silva Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Sociologia do Departamento de Sociologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, para obtenção de título de Doutor em Sociologia. Orientador: Prof. Dr. Luiz Carlos Jackson São Paulo 2016 1 Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte. Catalogação na Publicação Serviço de Biblioteca e Documentação Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo Silva, Dimitri Pinheiro da SCH742 Abertura da teleficção no Brasil: as minisséries .7.12. da Rede Globo de Televisão (1982-1992) / Dimitri 5a Pinheiro da Silva ; orientador Luiz Carlos Jackson. - São Paulo, 2016. 187 f. Tese (Doutorado)- Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Departamento de Sociologia. Área de concentração: Sociologia. 1. Sociologia da televisão. 2. Minissérie. 3. Televisão. 4. Comunicações. 5. Cultura. I. Jackson, Luiz Carlos, orient. II. Título. Para Ana Carolina 2 Agradecimentos Apesar da intensidade da sensação de isolamento que por vezes vivenciei ao longo do processo de pesquisa e de espessura da aparência que impõe a todo instante a impressão de uma atividade individualizada, seus resultados são em graus variados desdobramentos de um trabalho coletivo. Cabe arrolar aqui uma breve lista de agradecimentos que dá ao menos uma mostra do quanto o esforço deste trabalho dependeu do acionamento de uma rede multifacetada de colaboração. O trabalho intelectual que resultou nesta tese foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), que proveu bolsas de Doutorado e de Estágio de Pesquisa no Exterior que viabilizaram a realização das atividades de pesquisa, bem como a minha estadia junto ao Consortium for Women and Research (CWR) da Universidade da Califórnia – Davis (UC Davis) entre agosto de 2012 e agosto de 2013. O Departamento de Sociologia da Universidade de São Paulo proporcionou as condições institucionais que garantiram o desenvolvimento de todas as etapas referentes ao trabalho de pesquisa. Agradeço nas pessoas de Angela Ferraro e Gustavo Mascarenhas o suporte oferecido pelos funcionários da casa, especialmente nos momentos de embaraço com o sistema Janus e outras plataformas virtuais. Meu orientador, Luiz Carlos Jackson, que vem me acompanhando desde a pesquisa de mestrado, reconheceu, através de nossas conversas, potencial sociológico insuspeito na minha predileção por telenovelas; delineou abordagens possíveis desse objeto; encorajou a arriscada reconversão ao outro polo de estudo; aturou as inseguranças e chamou à realidade o pessimismo habitual que ameaçou me tirar do prumo. Isto para me ater ao âmbito das relações acadêmicas. A perda inesperada do professor Antônio Flávio Pierucci seguramente fará falta a quem como eu, foi duas vezes brindado – na graduação e novamente na pós-graduação – com o domínio com que se movia pelo universo conceitual de Max Weber. O professor Sergio Miceli conduziu de modo inspirado o Seminário de Projetos com a turma de dourado do Programa. A professora Heloísa Buarque de Almeida propiciou em seu curso sobre o gênero um mapeamento irretocável do campo de estudos feministas, franqueou generosamente informações que pavimentaram o meu percurso na Rede Globo e sua participação no exame de qualificação foi fundamental para que eu pudesse atinar com a formulação ainda precária do problema básico da pesquisa. O professor Fernando Pinheiro, que também integrou minha banca de qualificação, realizou uma leitura cuidadosa do texto apresentado, apontando e discutindo, caso a caso, os esquemas simplificadores através dos quais o trabalho se aproximava do material de pesquisa. Por intermédio dos encontros proporcionados pelo Projeto Temático da FAPESP Formação do Campo Intelectual e Indústria Cultural no Brasil Contemporâneo pude vivenciar momentos riquíssimos de discussão acadêmica estimulante nos âmbitos das ciências sociais e da crítica cultural que influíram diretamente na minha pesquisa. A estadia de 12 meses junto ao CWR-UCD foi imensamente produtiva e gratificante e a então diretora Laura Grindstaff, que supervisionou minhas atividades nessa instituição, foi fundamental para 3 isso. Devido a sua formação, inserção institucional, bem como os trabalhos que realiza na interface envolvendo sociologia da cultura, estudos culturais e campo de pesquisas feministas seria impossível uma sintonia melhor com o desenvolvimento de meu trabalho de pesquisa vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Sociologia (PPGS-USP). Não poderia deixar de mencionar aqui o calor humano com que ela e seus familiares (Ryken, Chella e Hannah) me recepcionaram em sua casa, corrigindo os barbarismos com a língua, tornando viável meus deslocamentos semanais entre Davis e Berkeley, não apenas para as visitas ao campus universitário, mas principalmente para encontrar minha esposa, que lá desenvolveu o seu estágio sanduíche. O Programa Globo Universidade, na pessoa de Juan Crisafulli, prestou o auxílio fundamental que viabilizou meu acesso ao acervo da Rede Globo acondicionado pelo Centro de Documentação (CEDOOC). Eliane de Pinho Araújo, do setor de Pesquisa e Texto, me instruiu sobre a organização do Centro e pôs a minha disposição material impresso e digitalizado que constituíram subsídios importantíssimos para a análise das minisséries, especialmente. José Eriberto da Silva, do setor de Sinopse, explicou o sistema de organização dos videotapes referentes aos programas das linhas de jornalismo e de shows, além de ter operado a mesa de edição que me permitiu assistir alguns capítulos de duas minisséries integrantes da amostra definida preliminarmente pela pesquisa. As amigas do peito Daniela Perutti, Renata Mourão e Maíra Volpe leram, fizeram anotações, sugeriram leituras e discutiram comigo a pesquisa em diferentes momentos do andamento do trabalho. Os colegas de orientação, especialmente Adriana, Guilherme, Sidney e Wellington leram generosamente ao menos duas versões do texto. Minha irmã querida, Dalila Pinheiro, e o irmão de minha mãe, Israel Pinheiro, também se prontificaram a ler, em momentos diferentes, mostras parciais da pesquisa. Com a generosidade que lhe é habitual, Edu Dimitrov me ajudou a superar o labirinto das plataformas digitais das agências de fomento. As pessoas que integram meu círculo de amizades formam o núcleo de convivência de onde extraí energias para investir neste trabalho de pesquisa. A memória não me falha em mencionar André Velasco, Camila Rocha, Edson Miagusko, Eduardo Amaral, Eduardo Dimitrov, Joana Barros, João Carlos, Júlia Neiva, Kleber Valadares, Luciano Vitoriano, Maíra Volpe, Marcelo Aguirre, Marcelo Nastari, Márcia Cunha, Mariana Raupp, Noam Eshel, Rafael Soares, Rafaela Deiab, Tiffany Higgins e Yael Segalovitz. Ela não esquece também da graça que a nova leva de pequenos acrescenta ao mundo: Artur, Clara, Francisco, João, Olga, Tereza e Tomás. O trabalho e o carinho de Lucimere de Melo garantiram a arrumação da casa que serviu como base para a minha dedicação à tese. Alice e Moysés ficaram na retaguarda com os cuidados indispensáveis de sempre. André e Nadia partilharam os momentos suaves de sua intimidade. A minha mãe, Iara, me acolheu sempre que precisei. A Ana Carolina, com quem admiro, cúmplice, as surpresas sempre renovadas de Catarina, dedico este trabalho. 4 RESUMO Esta tese toma por objeto a teleficção brasileira, mais especificamente as minisséries produzidas pela Rede Globo de Televisão entre 1982 e 1992. A análise aborda aspectos centrais para a produção desses programas: as determinantes sociais e políticas mais gerais, os sentidos atribuídos pelos produtores, as lógicas de distribuição das principais propriedades sociais, os mecanismos de recrutamento, os princípios de hierarquização vigentes na indústria televisiva, as convenções e os conteúdos ideológicos dos produtos. Sob a conjuntura de efervescência social e política que marca esse período, o conglomerado mais dinâmico da indústria cultural no Brasil iniciou a diversificação dos seus formatos teleficcionais, visando predominantemente a obtenção de rendimentos simbólicos. Oferecendo ao público ampliado programas sofisticados, a Rede Globo angaria para si uma respeitabilidade pública que lhe permite neutralizar um amplo arco de acusações, mas, sobretudo, a plataforma pela “democratização” dos meios de comunicação defendida por movimentos sociais e partidos de esquerda. Do ponto de vista interno, todavia, as minisséries são muito valorizadas. Idealizada como via de aprimoramento das telenovelas, essa produção também abre margem para experimentação no próprio âmbito da arte comercial, razão pela qual se prestam melhor às pretensões autorais de roteiristas e diretores propensos a expressar suas perspectivas pessoais sobre o mundo e a teleficção, expondo de modo mais explícito o viés pedagógico subjacente às tramas,