Filme-Co Certo
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ATÓIO GOÇALO QUITAS FIGUEIREDO DE BARROS FILME-COCERTO: MÚSICA E CIEMA Orientador: Professor Doutor Luís Cláudio Ribeiro Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias Escola de Comunicação, Arquitectura, Artes e Tecnologias da Informação Lisboa 2014 ATÓIO GOÇALO QUITAS FIGUEIREDO DE BARROS FILME-COCERTO: MÚSICA E CIEMA Dissertação apresentada para obtenção do Grau de Mestre em Programação e Gestão Cultural no Curso de Mestrado de Programação e Gestão Cultural conferido pela Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias. Orientador: Prof. Doutor Luís Cláudio Ribeiro Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias Escola de Comunicação, Arquitectura, Artes e Tecnologias da Informação Lisboa 2014 2 Agradecimentos Agradeço a todos os que me ajudaram neste percurso, em especial aos meus pais, o apoio todos os dias e o seu amor; à Ângela Alves, a sua companhia; ao meu orientador, Professor Luís Cláudio, o seu tempo e perspicácia; ao Professor Victor Flores, o seu estímulo; ao Curtas Vila do Conde, a disponibilidade; Casa da Música no Porto, profissionalismo; ao crítico João Lopes, a sua delicadeza; aos músicos, Victor Afonso (Kubik), Ernesto Rodrigues, Tó Trips (Dead Combo), André Simão (La la la ressonance) e Emídio Buchinho, pela colaboração nas entrevistas, sem as quais este estudo não existiria. 3 Resumo Passado o tempo da investigação inerente ao conteúdo deste estudo, é importante fazer um pequeno balanço sobre a configuração do objecto Filme-concerto, numa perspectiva de emergência de uma prática artística em Portugal, nomeadamente, nos inícios do século XXI até à actualidade. Para o estudo, o ponto de partida foi o som e a imagem, a partir dos quais estabelecemos diferentes ligações. Para compreender este processo, tal como ele ocorre hoje, foi necessário analisá-lo a partir de diversas dimensões: da evolução e da experiência histórica; das metodologias de trabalho; dos agentes; das práticas; das programações. O tema surgiu na ideia de ordenar o caos na informação disponível sobre o objecto em estudo, na tentativa de unir um conjunto de iniciativas e reflectir a sua programação, nomeadamente, os seus programadores culturais e os músicos, os seus processos de criação e práticas culturais. A nova realidade começa a estruturar-se ainda durante os anos 80, século XX e, especialmente, na década 90 surgem as primeiras designações filme-concerto na Europa. Desenvolvem-se diferentes contributos de estudos nas áreas da música e na área do cinema que podem através do cruzamento das duas áreas fornecer novos caminhos, novas criações musicais e visuais. Analisam-se também as novas abordagens com recurso às novas tecnologias como ferramentas que permitem criar e apresentar novas dimensões onde surgem matérias sonoras e visuais nas quais se constroem narrativas de vanguarda, desenvolvendo ao mesmo tempo novas oralidades. Este é um contributo para fornecer um modo como olhamos para o objecto de estudo, alcançar um outro olhar, uma outra forma de compreender a criação artística através do filme-concerto e alterar a relação do público português com o cinema português e o cinema em geral. Assim reforça-se a ideia de criação de um festival específico para promover e questionar o filme-concerto, no sentido de novos desenvolvimentos para o formato de apresentação. Um espaço de incentivo à criação e promoção de bandas-sonoras originais interpretados ao vivo, um espaço de debate e aberto à ligação às universidades e escolas de ensino artístico, propondo novas leituras sobre o objecto, associado a valores de criatividade, inovação e aprendizagem. Palavras-Chave: Cinema, música, concerto, som, imagem 4 Abstract This study concerns a cultural practice that, in recent years, has been growing in popularity, in Portugal - the projection of films with live music accompaniment. For the sake of simplicity we will refer such a cultural event as "film-concert". This term first appeared in Europe, in the last decade of the 20th century, although this practice started spreading in the eighties. Since the early 21th century, we have been seeing a growing number of film-concerts happening all over Portugal. Film-concerts may be seen as a new art practice, but there was not a good source of information about these events. In order to achieve a better understanding of this new trend, we decided to collect information about this artistic practice and to look at film-concerts from several perspectives. We present a systematic study of the diverse aspects involved in film-concerts such as the cultural programmers, the musicians, the creative processes and the cultural practices. This led us to researching seminal events and how this practice evolved over time, how are film- concerts created, who are the people involved in the creation and presentation of film- concerts and how are these events programmed and set up. Creating a musical piece to be performed while a film is being projected may involve experimenting with image-music correspondences. Consequently, this art practice leads to new creative fields where images and music are combined to produce artistic events. In recent years, digital technology has been used to develop tools that allow artists to develop multi-sensory experiments in the genre of visual music, music visualization, audiovisual art and other innovative combinations of music and images. We present an overview of these experimental and emerging artistic practices. I intend that this study contributes to a better understanding of the film-concert creative process and, furthermore, to emphasize the relevant role that this artistic practice may play in promoting a closer relationship between people and cinema. I believe that a festival dedicated to film-concerts should be created in order to broaden the discussion of film-concert issues and to promote new forms of approaching this art practice. The scope of the festival should include both learning and creative activities besides the presentation of artistic projects and the projection of films accompanied by original soundtracks played live. Keywords: Film, music, concert, sound, image. 5 ÍDICE GERAL 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 8 2. HISTÓRIA DA SONORIZAÇÃO DO CINEMA .................................................. 15 3. AS MODALIDADES DO FILME-CONCERTO ....................................................... 3.1 Revivalismo ............................................................................................................ 27 3.2 Recriação ................................................................................................................ 40 3.3 Novo ........................................................................................................................ 81 4. CONCLUSÃO ............................................................................................................. 95 5. BIBLIOGRAFIA ....................................................................................................... 102 6. ANEXOS .......................................................................................................................... Entrevistas ................................................................................................................... 106 Programação Curtas Vila do Conde (2001-2013) ..................................................120 6 ÍDICE DE IMAGES 2.1 Fonógrafo de cilindro de Thomas Edison (1877) ………………………………………….18 2.2 Gramofone de Emil Berliner (1888) ……………………………………………………….18 2.3 Fonoautógrafo de Édouard-Léon Scott de Martinville (1860) …………………………….18 2.4 Kinetoscope de Thomas Edison (1894) ……………………………………………………19 2.5 Phono-Cinéma-Théâtre (1900) …………………………………………………………….19 2.6 Chronophone de Léo Gaumont (1902) …………………………………………………….20 2.7 Kinetophone de Thomas Edison (1913) …………………………………………………...20 2.8 Exemplo 1 - Cue Sheet …………………………………………………………………….21 2.9 Exemplo 2 - Cue Sheet …………………………………………………………………….21 2.10 Tri-Ergon (1923) ………………………………………………………………………….24 2.11 Vitaphone (1926) …………………………………………………………………………25 7 1. ITRODUÇÃO No livro, “O que é o Cinema?” publicado em 1958, André Bazin escreve “O Cinema ainda não está inventado!” (Bazin, 1992 (1958), p. 28). Quando Jean-Luc Godard, no último episódio “Os Signos entre nós”, do filme “História(s) do Cinema” diz “…o único grande problema do Cinema, onde e porquê começar um plano e onde e porquê acabá-lo.” (Godard, 1998) Entre as duas frases passaram-se quarenta anos, os músicos quando trabalham a relação entre a imagem e o som têm a mesma questão em pensamento, onde e porquê começar um som ou uma música e onde e porquê acabá-lo. Enquadro as frases no contexto sobre o objecto de estudo filme-concerto e a sua potencialidade observada como uma emergente prática cultural, em Portugal. O objectivo do estudo é fazer um plano sobre o panorama filme-concerto em Portugal, para melhor analisar o conceito. Sendo esta prática cultural recente, existe a necessidade de reflectir o tipo de programação, investigar quem e em que contextos culturais são programados. Outro objectivo da investigação, será verificar se o filme- concerto é um conceito com uma identidade, e se a tem, qual é a identidade do filme- concerto. No percurso da investigação verifiquei que não existe praticamente nenhum material sobre o tema em si e a informação encontra-se muito dispersa pelas várias organizações. Por este facto, reuni o material existente e analisei, por um lado, em alguns programadores culturais,