O Evangelho De Coco Chanel : Lições Da Mulher Mais Elegante Do Mundo / Karen Karbo ; Tradução De Cristina Cupertino ; Ilustrações De Chesley Mclaren
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O EVANGELHO DE COCO CHANEL Folha de Rosto Créditos Título original: The Gospel According to Coco Chanel. Copyright © 2009 Karen Karbo. Copyright das ilustrações © 2009 Morris Book Publishing. Publicado mediante acordo com Skirt! Books, uma divisão da The Globe Pequot Press, Guilford, CT 06437, USA. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou usada de qualquer forma ou por qualquer meio, eletrônico ou mecânico, inclusive fotocópias, gravações ou sistema de armazenamento em banco de dados, sem permissão por escrito, exceto nos casos de trechos curtos citados em resenhas críticas ou artigos de revistas. A Editora Pensamento-Cultrix Ltda. não se responsabiliza por eventuais mudanças ocorridas nos endereços convencionais ou eletrônicos citados neste livro. Coordenação editorial: Manoel Lauand. Editoração eletrônica: Estúdio Sambaqui. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Karbo, Karen O evangelho de Coco Chanel : lições da mulher mais elegante do mundo / Karen Karbo ; tradução de Cristina Cupertino ; ilustrações de Chesley McLaren. -- São Paulo : Seoman, 2010. ISBN do livro digital: 978-85-98903-33-0 1. Chanel, Coco, 1883-1971 2. Moda - França 3. Vestuário I. McLaren, Chesley. II. Título. 09-11448 CDD-746.92092 Índices para catálogo sistemático: 1. Estilistas de moda : Vida e obra 746.92092 O primeiro número à esquerda indica a edição, ou reedição, desta obra. A primeira dezena à direita indica o ano em que esta edição, ou reedição, foi publicada. Edição Ano 2-3-4-5-6-7-8-9-10-11 10-11-12-13-14-15 Seoman é um selo editorial da Pensamento-Cultrix. Direitos de tradução para o Brasil adquiridos com exclusividade pela EDITORA PENSAMENTO-CULTRIX LTDA. R. Dr. Mário Vicente, 368 — 04270-000 — São Paulo, SP Fone: (11) 2066-9000 — Fax: (11) 2066-9008 E-mail: [email protected] http://www.pensamento-cultrix.com.br que se reserva a propriedade literária desta tradução. Foi feito o depósito legal. Dedicatória Para Danna Onde ela está, é chique e À memória de minha avó, Emilia Burzanski Karbowski, também conhecida como Luna da Califórnia Gabrielle Chanel, conhecida como Coco (1883-1971), a mais importante estilista francesa, na Rue du Faubourg Saint Honoré, em Paris. Foto de Sasha/Getty Images. 1. Sobre estilo 1 SOBRE ESTILO “Uma mulher precisa ser duas coisas: chique e fabulosa.” ma foto antiga de Gabrielle Chanel mostra-a num parque de Vichy, na UFrança. Gabrielle está com 23 anos, ao lado de sua tia predileta, Adrienne, poucos anos mais velha. Digo com prazer que aquela que Giorgio Armani afirmava ser “a mulher mais elegante que jamais existiu” não era de uma beleza clássica. Gabrielle — ela ainda não era conhecida como Coco — tinha uma vasta cabeleira preta, olhos negros e boca rasgada. Ela era o tipo de garota que convence a colega de escola a romper as normas junto com ela e depois a deixa levar toda a culpa. Tanto a escritora Colette quanto Diana Vreeland (redatora da Harper´s Bazaar e da Vogue) achavam que ela parecia um touro. Talvez naquela época os touros, como os guarda-roupas e as porções de comida, fossem bem menores; Chanel era alegre, flexível, ágil. Vreeland, rememorando-a aos 50 anos, disse: “Sua pele era morena, o rosto largo, com um nariz resfolegante, tal qual um tourinho, e bochechas de um profundo vermelho Dubonnet”. Mas essa foto deixa bem claro que Coco não era linda. As duas jovens ocupam o lado esquerdo da imagem. Um homem com postura deselegante, usando um chapéu-coco, atravessa o caminho atrás delas. A foto é deliciosa. Já se podem ver as primeiras instigações do icônico estilo Chanel. Adrienne — mais bonita, com uma beleza clássica — usa a típica indumentária de passeio da época: túnica trespassada sobre uma saia ampla e longa, com a blusa por cima do cinto escondido por um amontoado de tecido excedente, um tipo de blusa de gola alta com abotoamento apertado no pescoço e um daqueles infames chapéus fin de siècle, que parecia uma travessa de bolo. Parece que as roupas não têm relação com o seu corpo; não exprimem nada além da moda da época. Gabrielle, por sua vez, parece fresca e quase libertina. Sua saia é mais justa, evasê, na altura do tornozelo. O blazer que faz conjunto desce até os quadris, tem a lapela recortada e é ligeiramente acinturado. A blusa é simples, o cinto é largo; o chapéu de palha é do tipo gondoleiro e tem um dos lados preso, como um Mosqueteiro. Ao redor do pescoço, babados que feminizam o conjunto de linhas simplificadas. Sua roupa dá uma impressão de caimento perfeito, com as proporções certas. É inevitável pensar que o gosto de Chanel deve ter sido hereditário, que ela descobriu quando muito jovem o que lhe ficava bem e nunca perdeu a crença nisso, como alguns de nós fazemos. Nunca aconteceu de um belo dia ela acordar farta dos seus casaquinhos de corte impecável e das pérolas e pensar: “O que eu preciso mesmo é de um chapéu com forma de sapato e de um sári de raiom vermelho debruado com minúsculas lantejoulas douradas”. As épocas avançavam e mudavam, mas por décadas Chanel simplesmente aprimorou seu gosto pessoal, o que sabia que lhe caía bem e o que achava confortável e prático. O mínimo que se pode dizer é que ela era totalmente imune a compras por impulso, e essa já é razão suficiente para a saudarmos. É impossível resistir a uma análise mais profunda da foto: nela Adrienne está observando Gabrielle, ao passo que Gabrielle olha diretamente para o fotógrafo, ou seja, para o mundo. y y y Durante quase cem anos Coco Chanel tem sido sinônimo de qualquer tipo de roupa que consideremos elegante — e que envolve muita coisa sobre a qual nunca pensamos. Abra a porta do seu guarda-roupa e você encontrará o espírito de Chanel. Se você tem uma coleção de casaquinhos para vestir junto com seu jeans — a melhor forma de mostrar que você realmente se vestiu para a ocasião, em vez de simplesmente pegar uma roupa qualquer, lixar as unhas e sair de casa — isso é Chanel. Qualquer vestido preto é um descendente direto do modelo curto de seda que Chanel criou em 1926. Uma saia justa ou evasê logo acima do joelho? Chanel. Qualquer coisa de jérsei? Mais uma vez Chanel. Ela nos deu bolsos de verdade, a calça boca-de-sino, o twin set, a cintura baixa, o casaquinho com cinto, o vestido curto para a noite, a roupa esportiva — inclusive calças de montaria — e a necessidade de uma profusão de acessórios em todas as ocasiões. Qualquer coisa que tenha linhas simples, deslize pelo corpo, seja fácil de vestir e permita o uso de muitas joias ou semijoias é Chanel. E o mesmo se pode dizer de qualquer coisa em que a beleza exceda a originalidade. Chanel corria das últimas modas como o diabo da cruz. Achava-as expressões de exibições inferiores, e de qualquer modo elas raramente atendiam aos seus padrões de elegância simples. Assim, ponchos, calças fusô ou vestidos frente-única que mostram a nossa calcinha, definitivamente não são Chanel. Se no seu guarda-roupa existe qualquer coisa que tem dragonas (e você não está nas forças armadas), uma quantidade de tecido desnecessária nas roupas, mangas desconjuntadas ou ombreiras enormes, isso não é Chanel. Qualquer coisa ligada ao renascimento do grunge, com calças rasgadas que a fazem parecer vítima de uma agressão? Ah, não é Chanel. Qualquer roupa dentro da qual não se consegue respirar, sentar ou entrar no carro sem mostrar as partes íntimas — bem, eu nem preciso dizer. Quando Chanel observou que “nem todas as mulheres têm o corpo de Vênus[1] e no entanto nada deve ser escondido”, não era disso que ela estava falando. (Esclarecendo: ela queria dizer que as camisetas compridas e largas que reservamos para nossas “fases gordinhas” nos tornam ainda mais gordas.) A estética de Chanel é como a força em Guerra nas Estrelas, envolvendo, penetrando e ligando o universo da moda, agora e para sempre. Enquanto escrevo isso estou usando um jeans masculino da J. Crew — embora seja largo nos quadris, com pernas retas e braguilha abotoada, ele normalmente é projetado para não ficarmos parecendo uma caixa de ferramentas — e uma blusa de caxemira marrom de mangas compridas. As duas peças descendem diretamente das ideias outrora escandalosas de Chanel, segundo a qual, com uma pitada de imaginação, as roupas masculinas são facilmente adaptadas para as mulheres e os tecidos leves, que marcam o corpo (alguns dos quais eram usados para a roupa íntima), podiam fazer uma peça de roupa simplérrima parecer um luxo. Quando entramos no campo das roupas produzidas pela própria Maison Chanel, as coisas se complicam. Acredito que tudo o que foi desenhado pela própria Coco, desde o seu primeiro chapéu de palha, no início do século passado, até o último casaco da sua última coleção, em 1970, é Chanel- Chanel. Todas as peças produzidas a partir de 1983, quando o temível Karl Lagerfeld assumiu e revitalizou a casa de moda, são Lagerfeld-Chanel[2]. Além disso, há imitações de ótima qualidade que passam por Chanel-Chanel (ainda se discute acaloradamente se o conjunto cor-de-rosa que Jackie Kennedy usava no dia do assassinato de seu marido era um Chanel legítimo ou uma cópia feita às pressas por um costureiro novaiorquino) e imitações das coleções semestrais de Lagerfeld, que quase sempre fazem uma leitura superficial dos conjuntos femininos de Mademoiselle, correntes douradas, bolsas acolchoadas e os icônicos “Cs” entrelaçados. Há também cópias para o mercado popular das imitações feitas para os ricos. Especialistas em alta costura e alguns blogueiros passam um número assombroso de horas classificando tudo.