Os Governos Civis De Portugal E a Estruturação Político-Administrativa Do Estado No Ocidente
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COORDENAÇÃO Fernando de Sousa MINISTÉRIO DA ADMINISTRAÇÃO INTERNA CEPESE TÍTULO Os Governos Civis de Portugal e a Estruturação Político-Administrativa do Estado no Ocidente COORDENAÇÃO Fernando de Sousa EDIÇÃO CEPESE – Centro de Estudos da População, Economia e Sociedade Rua do Campo Alegre, 1021 Edifício CEPESE 4169-004 Porto DESIGN EDITORIAL Diana Vila Pouca REVISÃO E TRADUÇÃO Ricardo Rocha TIRAGEM 500 exemplares IMPRESSÃO E ACABAMENTO Sersilito-Empresa Gráfica, Lda. DEPÓSITO LEGAL 384221/14 ISBN 978-989-8434-27-2 PORTO, OUTUBRO DE 2014 Os Governos Civis de Portugal e a Estruturação Político-Administrativa do Estado no Ocidente COORDENAÇÃO Fernando de Sousa CEPESE ÍNDICE 11 Introdução / Foreword Fernando de SouSa 29 Os Governos Civis de Portugal e a Estruturação Político-Administrativa do Estado no Ocidente Miguel Macedo 33 “Os Governos Civis de Portugal. História, Memória e Cidadania” – Objetivos do Projeto angélica Jorge | cidália Ferreira 36 Os Arquivos dos Governos Civis de Portugal – Desafios no seu tratamento ana luíSa FernandeS | catarina oliveira 43 A importância das fontes documentais dos Governos Civis de Portugal para o conhecimento da História do Portugal Contemporâneo Fernando de SouSa | M.ª João PireS de liMa 58 A divisão administrativa do território no Portugal Contemporâneo. Entre o Distrito e as Províncias Fernando catroga 76 Entre o centro e a periferia: os Governadores Civis no Portugal do século XIX Pedro tavareS de alMeida 81 Império e República no Brasil: divisão administrativa e estruturas de poder lená MedeiroS de MeneSeS | Marcia de alMeida gonçalveS 98 Evolución de la organización político-administrativa en España. Administración Local y Provincial: Ayuntamientos y Diputaciones. celSo alMuiña 137 Estado, poder y administración: los Gobiernos Civiles en la España Contemporánea Julio Ponce alberca 161 La división provincial y el sistema de entidades territoriales del Estado español lorenzo loPez trigal 177 Gobierno Civil y Orden Público. Barcelona en la primera mitad del siglo XIX Manel riSqueS corbella 196 De los reinos de España a la España de las provincias, una dialéctica histórica aún sin ganadores JeSúS burgueño 221 La création et l’évolution d’un modèle d’organisation administrative territoriale: la France, de la Révolution française à la III République Jean-Pierre PouSSou 242 La France à la recherche de sa administration bernard Pacteau 254 The civil and judicial organization from pre-unitary Italy to the laws of administrative and legislative unification of 1865 Maurizio vernaSSa 269 L’autonomia territoriale come autonomia politica: il modello italiano laura ronchetti 285 Notas sobre os autores 291 Resumos / Abstracts 308 Catálogo de publicações do CEPESE VIANA DO CASTELO BRAGANÇA BRAGA VILA REAL PORTO AVEIRO VISEU GUARDA COIMBRA LEIRIA CASTELO BRANCO SANTARÉM PORTALEGRE LISBOA ÉVORA R. A. AÇORES SETÚBAL BEJA R. A. MADEIRA FARO Distritos de Portugal Continental e Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira no ano do encerramento dos Governos Civis (2011) INTRODUÇÃO Seminário internacional oS governoS civiS de Portugal e a eStruturação Político-adMiniStrativa do eStado no ocidente PORTO, 3 DE JUNHO DE 2014 Em 1835, após a instauração definitiva do liberalismo em Portugal, foi estabelecida uma nova divisão territorial, tendo sido criados, pela primeira vez, os Distritos, circunscrições administrativas que tinham à sua frente um magistrado, o Governador Civil. Esta estrutura, apesar das mudanças de regime operadas em 1910 com a instauração da República e em 1926 com a Ditadura que esteve na base do Estado Novo, manteve-se intacta até 1974, ano em que um golpe militar seguido de revolução instaurou novamente a democracia em Portugal. A Constituição da República Portuguesa de 1976, que consagrou a democracia, alterou pro- fundamente o nosso regime jurídico-administrativo, ao instituir o sistema de governo das autar- quias locais, que passaram a ser, no território do Continente, as freguesias, os municípios e as regiões administrativas, retirando assim ao Distrito essa categoria. No entanto, a Constituição estabeleceu que, enquanto não fossem instituídas as regiões ad- ministrativas, o Distrito subsistiria como “divisão distrital”, continuando a ter à sua frente um magistrado administrativo, o Governador Civil, “o único órgão local da administração central e comum do Estado, exercendo na circunscrição distrital funções de representação do Governo, aproximação entre o cidadão e a Administração, segurança pública e proteção civil”. A lei fundamental do Estado português estatuía assim, claramente, que os Distritos e com eles os Governadores Civis e Governos Civis iam ser extintos. Tal processo, que se iniciou logo em 1976, com a extinção dos quatro Distritos Autónomos dos Açores e Madeira e das funções dos respetivos Governadores, após mais de três décadas de indecisão quanto ao estabelecimento das regiões administrativas, foi reatado, em 2011, pelo Governo presidido por Pedro Passos Coelho, que exo- nerou os Governos Civis em exercício e criou as condições necessárias, quer por parte do Governo, quer por parte da Assembleia da República, para se proceder à transferência das competências dos Governadores Civis para outras entidades da Administração Pública, estabelecendo as regras e procedimentos a seguir quanto à liquidação do património dos Governos Civis e à reafectação dos seus funcionários para os designados “serviços integradores”. 12 INTRODUÇÃO No que diz respeito ao seu património, os bens do Estado, assim como as bibliotecas e ar- quivos dos Governos Civis, ficaram sob a responsabilidade da Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna (SGMAI), que, confrontada com os amplos e valiosos fundos documentais existentes nos 18 Distritos do Continente, procedeu à abertura de um concurso público interna- cional, sob o títuloOs Governos Civis de Portugal. História, Memória e Cidadania, através do qual o CEPESE foi selecionado para a execução das ações previstas no Projeto que esteve na base do concurso, cujo prazo de execução termina em dezembro de 2014: _ avaliação, eliminação e inventariação das fontes documentais existentes nos 18 Governos Civis, onde têm trabalhado mais de seis dezenas de investigadores e técnicos de arquivo; _ digitalização dos fundos documentais referenciados pela SGMAI; _ produção da obra Os Governos Civis de Portugal. História e Memória (1835- 2011), para dar a conhecer a história dos Governos Civis, desde as suas origens até ao seu encerramento, que está em preparação; _ realização de um Seminário Internacional e publicação do respetivo livro de atas. Foi pois no âmbito deste Projeto que realizámos, em junho de 2014, um Seminário Interna- cional subordinado ao tema Os Governos Civis de Portugal e a Estruturação Político-Administrati- va do Estado no Ocidente, o qual teve como principais objetivos: apresentar a evolução da organi- zação administrativa do território português desde a criação dos Governos Civis, em 1835, até ao presente; estabelecer uma análise comparativa entre a realidade portuguesa e a de outros países ocidentais nos séculos XIX e XX; chamar a atenção para a importância das fontes documentais dos Governos Civis de Portugal quanto à História do Portugal Contemporâneo; e apresentar a metodologia e técnicas utilizadas no tratamento e inventariação dos fundos documentais dos Governos Civis de Portugal no contexto do referido Projeto. No que diz respeito à análise comparativa da organização territorial administrativa de Portu- gal com outros países, tivemos em consideração aquele que serviu de modelo aos sistemas admi- nistrativos de boa parte dos países continentais da Europa Ocidental e de outros Estados que fo- ram no passado colónias europeias. Referimo-nos à França. A pátria da Revolução Francesa e de Napoleão (1789-1815) estabeleceu um sistema administrativo com as seguintes características: _ separação de poderes – administração propriamente dita separada da justiça, estabelecendo assim um corte definitivo com o sistema confuso e anárquico do Antigo Regime; _ institucionalização do Estado de Direito, garantindo os direitos do homem e do cidadão; INTRODUÇÃO 13 _ centralização da máquina administrativa, fortemente hierarquizada, com a ad- ministração local subordinada ao Governo; _ sujeição da administração a tribunais administrativos, de forma a impedir a intervenção do poder judicial no funcionamento da administração pública. O modelo francês acabou por ser adotado, embora com variantes nacionais, no século XIX, pela Espanha, pela Itália, pelo Brasil após a independência, influenciado por Portugal, e pelo nosso País a partir de 1832, com as prefeituras ou províncias, as quais, de 1835 em dian- te, deram origem aos Distritos e Governos Civis, que vieram até aos nossos dias. Com ligeiras variantes, estes países seguiram, assim, o sistema francês. Daí a razão de termos convidado para este Seminário investigadores de Portugal, Espanha, França, Itália e Brasil, e não, por exemplo, investigadores ingleses, uma vez que o sistema administrativo britânico, que vigora na maior parte dos países anglo-saxónicos, pela sua feição descentralizadora e pela sua uni- dade de jurisdição revela-se profundamente distinto do sistema francês, não tendo assumido particular influência em Portugal. O que importa agora sublinhar é que, sob influência francesa e espanhola, entre 1832-1835, Portugal adotou um modelo administrativo com as características já referidas, que assentou a divisão básica do território em Distritos, tendo à sua frente magistrados administrativos,