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Frase ANTAlógica

"O único título que não ganhei nos últimos anos foi o Brasileiro, mas coloquei os times que dirigi na Libertadores. O Atlético-MG infelizmente não deu liga. E a reciclagem é muito rápida" - , agora no Flamengo, esquecendo que também não ganhou a mencionada Libertadores (nem nos últimos anos, nem nunca) e já se considerando pronto para novos projetos.

ÍNDICE

1 - Entrevista - rubro, negro e sinistro. 2 - Futebol - os guris querem dar as cartas. 3 - Danilo Mironga - te cuida, Cosme! 4 - Esportes - Slamdog games? 5 - Internauta - Sabichão, há 11 anos...

Participam deste número:

Capa: Ferrari Editor: Gus Textos: Gus Colaboradores: Deba, Fábio Augusto, Rogério Stein e Sérgio Bento

Entrevista - André Faissal

"Paixão é com a torcida!"

Direto do , um velho amigo do FOMQ fala sobre o momento inglório de seu Flamengo, lamentando os privilégios de medalhões e temeroso pelas decisões de sua diretoria, mostrando que nem só de oba-oba vive o carioca.

ANTAS - Depois de um grande título que encerrou o considerável período sem conquistas de impacto, o Flamengo amarga um ano com problemas que nem o mais pessimista dos cariocas - se é que existe carioca pessimista - imaginaria. Como descreveria esta sensação de reverso da fortuna?

Não acredito em sorte. Acredito que, de fato, tivemos um campeonato bastante disputado em 2009. Para surpresa dos nossos torcedores, o Flamengo conseguiu armar um bom time, com um goleiro muito bom (apesar de extremamente desequilibrado desde sempre), um grande lateral-direito, um meio-campo acima da média em termos de criatividade e, depois de anos a fio, um jogador de respeito e seleção no ataque. Some-se a isso o fato de que este mesmo grupo sofria imensa pressão da torcida e um treinador que conseguiu cativá-los, apesar de não ter comando algum.

Em 2010, com a troca da presidência, o torcedor esperava o resgate da decência e honra do Flamengo. Mas isso não ocorreu. Pior: a turma que gosta de aparecer começou a aprontar. Marcos Braz achou que podia intervir no trabalho do treinador. Andrade ficou sem autonomia e reclamando de salários. Adriano só queria saber de Chatuba, funk e Joana Machado. Petkovic se achava imprescindível e queria mandar no grupo, enquanto a presidente estava mais preocupada em não perder o Cielo para o Corinthians que com a Libertadores. Não podia dar certo. Por isso eu digo: não se trata de fortuna, mas sim de competência.

Quando o Flamengo venceu o campeonato brasileiro de 2009, houve até comentaristas afirmando que isto provava que a conversa de rigor disciplinar era uma balela, pois os privilégios dados a Adriano e outros terminaram funcionando. Esta "consagração" pode ser a raiz do que está dando errado em 2010?

No futebol mundial, não há mais espaço para desordem e benefícios. O que o Flamengo procurou fazer com Adriano foi inaceitável. Deu certo na reta final de 2009, mas não era uma fórmula de sucesso para sempre - ainda bem. Nenhum jogador aceita estar convivendo com um companheiro de profissão que tem privilégios. E o pior é que o Flamengo não aprende. Desde a "Era Romário" foi assim. E naquele momento não ganhou nada. A única vez que funcionou foi em 2009. E, mesmo assim, porque era reta final de campeonato e todos os jogadores estavam se doando, pois queriam ser campeões, independentemente de A, B ou C.

Qual foi a reação da torcida perante o caso Bruno e outras ocorrências envolvendo atletas rubro-negros com as páginas policiais? Acredita que esta situação também contribui para as dificuldades?

Com certeza. O Bruno sempre foi um desequilibrado, brigava com a torcida, achava-se o melhor do mundo e se aproveitava do paternalismo da Gávea. Mas daí a matar uma pessoa é uma diferença enorme. A torcida sentiu e o próprio time não achou que ele seria louco a este ponto. Com relação às noitadas de Vagner Love e Adriano nas favelas, não vejo problema, contanto que fossem em dias de folga. Acho que deveriam cuidar da imagem, mas não se pode impedi-los de fazer o que quiserem em dias livres - desde que não prejudique a forma física e o clube.

Mas insisto: o pior mesmo é a falta de critérios e punições de uma diretoria que tinha medo de se posicionar quando da falta a treinos e outras atitudes erradas por parte de suas estrelas. Essa sensação de "pode tudo" deixa no grupo um sentimento de anarquia e de injustiça para aqueles que treinam, gostam do clube e têm compromisso por aquele que paga seus salários.

Como você avalia a postura da presidente Patrícia Amorim neste primeiro ano? E como diretor? Há risco de se queimar o maior ídolo do clube?

A Patrícia não sabe o tamanho do Flamengo. Logo após o mico do Carioca, colocou Rogério Lourenço para comandar o time na Libertadores. Nesta época, ao invés do time correr atrás de um técnico de ponta e que valesse o investimento (Muricy), preferiu travar um leilão esdrúxulo com o Botafogo pelo (técnico que só ganha estadual do Rio e da Bahia). E Muricy acabou no Fluminense, que nem time tinha direito e muito menos estava na Libertadores - o que pesaria na decisão do treinador, caso o Flamengo fizesse proposta. Depois disso, ela começou a ter dificuldades em romper com integrantes da diretoria anterior, até que demitiu Marcos Braz. Então efetivou Zico. Porém, o trabalho não era dentro das quatro linhas e, como dirigente, o Galo se mostrou uma negação.

Zico não entendeu o tamanho de seu cargo e suas responsabilidades. Contratou extremamente mal (Borja, Val Baiano, Leandro Amaral e afins); teve que trazer outros bondes e pagou caro por isso (ex.: com salário de Adriano); fez parceria com o CFZ (o que acabou levantando suspeitas sobre seu filho) e, ainda, não conseguiu ter pulso para controlar os treinadores. Sem falar que ele resolveu trazer Silas para Gávea. Acho um absurdo o Zico ter saído por conta de um ex-integrante de torcida organizada que hoje, pasmem, preside o conselho fiscal do Clube. Mas isso é outro (mais um!) problema e, de fato, ele não fazia um bom trabalho.

Curto e grosso: você teme o rebaixamento? Caso ele ocorra, acredita que ajudaria a limpar a casa?

Sim. O time está sem qualidade. Sem falar que a bagunça administrativa não ajuda. E não temos o Maracanã para ajudar na reta final. Limpar a casa se cair? Não acredito. Aliás, para mim a saída do Flamengo é vender o clube para uma empresa administrar. Enquanto continuar tendo sócios, estatuto, panelas, grupos políticos e empresários no poder, seus interesses estarão acima do clube. Somente com executivos compromissados com lucro e resultados esportivos é que teremos um Flamengo forte. Já imaginaram uma Souza Cruz ou, AMBEV gerindo clubes de futebol? A paixão tem que estar com a torcida, não com a administração.

A contratação de Luxemburgo, após uma série de "projetos" fracassados, pode ser considerada um gesto ambicioso ou desespero total?

Como se não bastasse o Flamengo ter contratado no desespero, agora tenta uma última cartada. É uma temeridade, levando-se em consideração que não conseguiu nada com o grupo do Atlético-MG. O Flamengo deve estar gastando perto de 1,2 milhões mensais só com salários de treinador, contando com os demitidos. Eu me pergunto: o Flamengo precisa mais do Luxemburgo do que ele do Flamengo? Quem está salvando quem nesta história? Precisa trazê- lo a peso de ouro? Como serão as bases deste contrato? E se não der certo? Ficaremos com outro "problema" para pagar até o final de 2012? Alguém deveria deixar claro para ele que o Flamengo não é balcão de negócios e que ele não poderá ficar trazendo seus jogadores "queridinhos" e de futebol duvidoso. Em tempo: pagando-se muito menos o Flamengo já escapou do rebaixamento com Carlos Aberto "hic" Torres, o Capita!

Para encerrar: do outro lado da ponte aérea, como tem visto a temporada medíocre do São Paulo? Acidente de percurso ou o salto quebrou?

Acho que é acidente. E agora o SPFC contratou um técnico excelente e disciplinador. Pena que ele não veio para o Flamengo.

Futebol

Meninos Malvados!

"Muita humildade, graças a Deus"? Não para esta patota.

Parece, mas não é. Ver jovens causando impacto por atitudes pessoais é algo comumente esperado... em Hollywood. E não falta quem simpatize com eles e ainda os justifique, dizendo que são explorados por agentes, anunciantes, pais, paparazzi & CIA. Logo alguns se acham autorizados a vedetismos, mentir descaradamente e outros pequenos pecados de superstar precoce. Mas, no planeta globalizado, o cinema invadiu outras áreas em que, por similaridade de situações, a fórmula pode se repetir. Acabou encontrando o Brasil e seus clubes de futebol, onde moleques viram fenômenos por conta de uma rodada. Entre investimentos e resultados, seus produtores descobriram outra necessidade: lidar com o tal do "charme de artista".

Os dois estúdios favoritos dos meninos-prodígio estão em Santos e . A preferência pelo Internacional baseia-se em duas palavras: , atacante de ascensão fulminante às telonas esportivas. Entre seu primeiro jogo e a assinatura de contrato com os milanistas, passaram-se menos de doze meses. Alexandre é de uma geração que mal calçava chuteiras ao ser procurada por empresários decididos a colocá-los na Europa, antes mesmo da maioridade. Se nem tivessem que passar por um clube sul-americano, como Messi, melhor ainda. Assim, completar 20 anos atuando no Brasil passou a ser um incômodo para os projetos de craque, que resolveram dar preferência a clubes grandes que os lançassem o quanto antes. Com o sucesso de Pato, o colorado virou chamariz até para quem já estava em centros de renome, como o leão de subcategorias Oscar Emboaba, que aproveitou a polêmica liberação judicial para ir aos pampas. Até aqui, teve menos oportunidades que no São Paulo dos medalhões. Pela concorrência interna, percebeu que não foi o único a ter tal idéia.

Enquanto Oscar chegava, outro garoto trocava boas jogadas pela indisciplina. Após uma lesão o tirar de boa parte de 2009, o atacante Walter ganhou espaço e era titular no início da Libertadores deste ano. Porém, quando o Internacional venceu a final, já não o tinha em seu elenco. Neste meio tempo, faltou a treinos e brigou com dirigentes, até forçar transferência para o Porto no mês em que faria 21 anos - CQD. Mas as complicações de Walter são bobagens se considerarem o que já apronta Andrigo, de 15 anos. Com pose de protagonista de Malhação, motivou uma operação de guerra para mantê-lo. Em dado momento, chegou a sumir e reaparecer em São Paulo, ao lado de seu staff (que inclui a mãe pasteleira), para discutir seu futuro com o Grupo Sonda. O aparente desfecho foi um acordo verbal em que o atleta se compromete a assinar até 2016. Como nada é juridicamente oficial até lá, ainda não se pode descartar uma reviravolta, com o High School Music seguindo para Barcelona. Neste caso, considerando a idade, só restaria pensar no 1 % do clube formador - se tanto.

Andrigo - você ainda ouvirá falar dele - ou não.

No badalado Santos, o auxílio de investidores tem segurado turbulências contratuais. O problema é que suas crias e parceiros se sentiram os donos da Vila Belmiro. Enquanto os complicados do Internacional fazem das suas pensando em sair, os santistas parecem mais querer aproveitar a fase em que tudo gira em torno deles. Para muitos, esta seria a verdadeira razão para o já consagrado ter recusado a proposta do Chelsea. Com as atuações brilhantes desta temporada, ele e seus parceiros se acharam no direito - e até na obrigação - de estrelar polêmicas inéditas, como quando se recusou a sair de campo numa final de campeonato. Até colegas um pouco mais velhos, como o meia Zé Eduardo, entraram no clima e não respeitaram sequer o experiente . Faltava Neymar deixar sua marca, o que fez com gosto nos insólitos incidentes de setembro (incluindo a orgia recém-revelada), cujo fim foi a demissão do treinador por desrespeitar a hierarquia. Restou saber se o desrespeitado era o presidente ou o atleta.

O lado positivo das conturbações santistas e coloradas, acrescidas por casos como o do citado Oscar, é que enfim se busca as causas para o império dos insolentes. A primeira ocupante do banco dos réus é a família. "A culpa primária é dos pais, que não conseguem impor limites e impedir o deslumbramento dos garotos" - acusa Rogério Stein. Não bastasse a usual falta de diálogo dos tempos modernos, há uma dificuldade peculiar: o fato de, em 99 % dos casos, o futebol do filho ser o caminho para uma nova vida. Isso faz com que muitos se tornem permissivos justamente na época em que mais deveriam exercer a autoridade paterna. Mais tarde, a omissão será retribuída com expedientes humilhantes, caso tentem aconselhá-los. Não são poucos os jovens que, incomodados, respondem que não devem mais se meter, pois quem sustenta a casa faz o que bem entende. A esta altura, os parentes só têm duas escolhas: bajulá-los ou calar-se. Ignorados, terminam por se afastar de vez, deixando os filhos à mercê de amigos suspeitos - os "brothers" - e amores eternos da semana.

A colaboração negativa de dirigentes e empresários é óbvia. "Pensam apenas no lucro a curto prazo" - resume Stein. O atrito entre Neymar e Dorival deixou claro que, entre orientá-lo e atender aos interesses negociais, até os investidores/torcedores pressionaram pela segunda alternativa. Ao lado deles, está a imprensa com suas dicotomias. No momento, o mote é dividir atletas entre medíocres-disciplinados e talentosos-rebeldes. "O futebol tá muito chato" é a frase de ordem quando um colega critica determinadas atitudes. As punições também são patrulhadas: suspender os atletas é punir o clube; desconvocá-los da seleção é querer aparecer e assim sucessivamente. Por fim, há aquele que, outrora, era insuspeito: o ídolo. "Os privilégios de jogadores como Adriano e Ronaldo fazem com que os jogadores diferentes, ou que se acham diferentes, considerem-se no direito de exigir condições diferentes" - conclui Fábio Augusto da Silva. Curiosamente, os dois citados eram fãs de Zico, que nunca fez parte deste rol de privilegiados. Novos ícones, novos exemplos.

Adriano e uma nova balada - modelo de conduta?

Contra todos estes fatores desfavoráveis, qual a postura cabível para reverter o quadro de peraltices? "Da parte dos clubes, um acompanhamento especializado desde cedo, por psicólogos e especialistas em comportamento, poderia amenizar esses problemas" - opina Silva. A eficiência desta sugestão encontra uma barreira: estes garotos não apenas acham que não precisam de conselhos, como se sentem bem assim. Neste cenário, seria árduo obter uma brecha para psicólogos trabalharem com eficácia, até porque já são vistos com desconfiança mesmo por atletas experientes. Para Stein, o caminho é cobrar. "Se um garoto de dezoito anos exige contratos milionários, precisa entender que é um profissional e tem obrigações" - sustenta. Neste ponto, o essencial parece ser que o dirigente evite ficar em situação de dependência, ou o cobrado passará a ser ele. Quando chegou de Bauru, Pelé era apenas mais um e ainda ouviu Pepe dizer "olha outro que faz xixi na cama". No Santos de hoje, talvez sobrasse para o ponta-esquerda.

Top 5 do papo furado

Cinco toques inúteis a quem acha que pode tudo:

5 - um dia você não será jovem - esse dia está longe...

4 - encrenqueiro tem que ser genial pra dar certo - eles se acham geniais.

3 - Pelé, Zico, etc... não eram rebeldes - Maradona, & Cia eram.

2 - na Europa, não vai ser essa moleza toda - qualquer coisa, forçam a barra e voltam.

1 - desse jeito, você fica longe da seleção - azar da seleção!

A rigor, a forma mais cruel e infalível de aprender será o decorrer da própria carreira - para quem chegar a uma. Fazer lances de efeito sem pressão e com a maré a favor - quando não a proteção da arbitragem - pode não ser moleza, mas é mais fácil que nas situações adversas. Por mais benevolente que seja a imprensa, não há um único atleta sobre o qual não se tenha dito, em algum momento, que "nunca foi tudo isso". Superar esta etapa é a verdadeira seleção natural da bola. Não será inusitado se, em poucos anos, o mesmo Andrigo for visto no Juventude (se a neblina permitir), culpando as "más companhias" e pedindo outra chance. Se não as tiver, será bem vindo ao clube de Gláucio, Gilmar Popoca e outros fracassos usualmente lembrados. Haveria quem se sentisse "vingado", mas não deixaria de ser uma pena. Talentos fazem falta. Lapidados dentro e fora de campo, poderiam existir em maior profusão. Mas, no momento, eles só querem saber da merenda. Afinal, estão pagando.

Danilo Mironga

PAINEL DM

Carpegiani não foi à pizzaria. No dia daquela reunião entre Juvenal Juvêncio e seu círculo de confiança, estava em vias de ser demitido do Vitória. Tinha menos cartaz que Sérgio Soares, que também seria demitido do Santo André. Os nomes mais votados foram os de Luxemburgo, outro futuro demitido, e , também dispensado da seleção. Até aqui, as informações são líquidas e certas. Como não surgiu nenhuma nova versão de bastidores, eu mesmo fabricarei a minha. Fabricarei, não. Tenho certeza que será a pura verdade. Questão de ligar os fatos, caro Valdson.

Na véspera da turnê verde, Juvenal estava decidido a trazer Vanderlei Luxemburgo, técnico que descartara após a anchova. Contudo, seu instinto infalível lhe disse que a hora era aquela. Juvenal telefonou e Luxemburgo desligou na sua cara, pensando que fosse trote. Na terceira tentativa, o técnico fez perguntas sobre várias bebidas, até se convencer que realmente era o alcaide atrás de seu projeto. A negociação evoluiu. Vanderlei já tinha aceitado reduzir sua comissão técnica para apenas seis integrantes, sendo que receberia cem mil reais a menos que no Atlético. Também abriria mão de metade das indicações de atletas, deixando o resto com o amigo Maharishi Cruz e o compadre Figer. Juvenal estava orgulhoso por não ter perdido sua habilidade verbal. O anúncio seria feito tão logo Luxemburgo cavasse sua demissão. Mas...

Além das inesperadas vitórias sobre Palmeiras e Guarani, Dorival Junior foi sacado na calada da noite e passou a ter a preferência dos diretores. A cabeça de Juvenal estava girando. De um lado, a tentação dos dez mil reais com Baresi. De outro, o tal do instinto e o ex-santista dando sopa. Entre eles, a caixa postal do celular, com os números de Luxemburgo e Dorival, ambos querendo saber se a conversa do momento especial era blefe ou não. Juvenal não sabia e deixou de responder. No dia seguinte, Dorival fechou com o Atlético e Vanderlei, que tinha entregado o jogo no Engenhão para ser mandado embora, cansou e enviou um SMS para Patrícia Amorim. No meio da confusão, o Goiás fazia 3 a 0 no Morumbi. Juvenal pegou o telefone e ligou para Vanderlei, dizendo que a proposta continuava de pé. Luxemburgo desligou na sua cara de novo - desta vez, sabendo quem era.

Passaram-se uns dias e veio a avalanche em Porto Alegre - o mais perto de ser considerado exterior que o time chegará, pelo menos até a Sul-americana. Juvenal soube que Vanderlei estava fechando com o Flamengo e radicalizou: pediu a sua secretária que lhe mandasse um SMS garantindo a comissão técnica inteira, duzentos mil a mais e um salão de jogos particular. Luxemburgo leu a mensagem quando estava chegando à Gávea. Deu meia-volta e enviou resposta positiva. Só não sabia que, pelos lados do Morumbi, a secretária de Juvenal tinha deixado o celular do chefe sobre a mesa e Jesus Lopes leu a mensagem. Transtornado, deletou-a e aproveitou a primeira oportunidade para declarar que iria embora se Vanderlei chegasse. Luxemburgo telefonou e Juvenal já estava com o celular de volta. Luxemburgo o mandou tomar banho. Juvenal não entendeu nada. Só restou ligar para Curitiba.

Carpegiani ainda levou dois dias para aceitar. Um amigo, que joga pôquer com Vanderlei, contou sobre a proposta do SPFC. Sabendo disso, Paulo César exigiu metade do que Luxemburgo levaria. Juvenal ofereceu um quarto e fecharam em trezentos mil. Podem contar essa história nas rodas de chope. Se é verdade mesmo, não sei. Mas por que não seria? É tudo muito claro...

Esportes

Programa de Indiano!

Na (des)organizção dos jogos britânicos, uma mistura de Deja Vu com Hare Baba.

País emergente, com economia em franco crescimento e desigualdade social notória, ganha o direito de sediar jogos regionais. Organiza-se de forma desastrosa, permitindo que a corrupção impere. Termina as obras de última hora, à custa de mais gastos públicos. As falhas são encobertas por uma cobertura ufanista, para desespero daqueles que não acham que crítica é traição. Os leitores já viram esse filme em versão chanchada. Pois bem: ele acaba de ganhar um remake em Bollywood.

Começou, no dia 3 de outubro, a nova edição do Commonwealth Games, os jogos da comunidade britânica. Desde 1931, a competição reúne ingleses, escoceses, galeses, canadenses, australianos e qualquer nação que tenha feito parte do Império Britânico. Desta vez, a sede escolhida foi Nova Delhi, na Índia. Como era de se esperar, os indianos prometeram um sucesso para ratificar a prosperidade das últimas décadas. A abertura teve a pompa esperada, com a presença do príncipe Charles ao lado da presidente indiana, Pratibha Patil. No lugar do espetáculo de MPB que encantou o Maracanã, o estádio presenciou a esperada dança cinematográfica das produções locais, que os telespectadores brasileiros conhecem bem. Ao contrário do que houve em 2007, o mundo - britânico - realmente parou para ver os jogos, pelo menos no que tange à cobertura da BBC. Em muitas modalidades, as equipes estarão representadas pelo que têm de melhor, como no adorado cricket. Mas a parte empolgante acaba neste parágrafo.

O príncipe de Gales e a presidente indiana - prestigiando a festança

Dias antes do início, um susto: o teto de um ginásio desabou. Foi convocada uma reunião de emergência pelo primeiro-ministro, Manmohan Singh, com o objetivo de evitar um vexame de proporções catastróficas para a imagem do país. Um contingente de mais mil operários foi contratado para somar esforços aos já existentes, na luta para concluir as instalações antes da abertura. Enquanto corriam contra o tempo para finalizar a maquiagem, os defensores da organização apelaram para a auto-indulgência, alegando que a Índia também deve ter o direito de sediar competições de grande porte, não se podendo restringir tal privilégio aos países ricos - nessa hora, a suposta prosperidade foi deixada de lado. Este foi, precisamente, um dos trunfos que o presidente Lula usou no discurso que defendeu a escolha de um país sul- americano para as Olimpíadas de 2016. Não foi surpresa que a África do Sul, que se valeu dos mesmos expedientes para sediar a Copa do Mundo, tenha manifestado repúdio às reclamações de outros comitês. É a chamada meritocracia de conveniência.

Por mais politicamente incorreto que seja apontar os problemas estruturais no país, em especial com a sensibilidade paquidérmica do tenista Ricardo Mello, não é segredo que vários estereótipos indianos não se mostram muito distantes da realidade. Um exemplo: entre as inusitadas providências para a segurança, está uma que deixaria o ator Sylvester Stallone pensativo, antes de repetir sua piada sobre o Rio de Janeiro. Foram contratados os serviços de macacos langurs para impedir que colegas de outras espécies invadam os locais de competições. Motivo: como alguns destes macacos inconvenientes são sagrados, só outros animais poderiam impedi-los. O que será difícil para os abnegados símios é evitar que o surto de dengue ameace a saúde dos atletas, como já aconteceu com um oficial indiano no primeiro dia. Para quem decidiu encarar os riscos, as delegações não economizaram nos repelentes, além de outras recomendações como só tomar água engarrafada e cuidados sanitários. Tudo pelo espírito esportivo.

Macacos em patrulha - serão pagos com bananas?

Alguns poucos jornalistas brasileiros ensaiaram uma comparação com o que pode vir por aí em 2016, mas o assunto não chamou a atenção - até porque, adivinhem os leitores, as grandes emissoras de TV nada destacaram s respeito. Perguntado se imagina a possibilidade de algo similar acontecer nas Olimpíadas cariocas, o colaborador Sérgio Bento acredita que, guardadas as proporções, não é algo a descartar. "São dois países com problemas crônicos de corrupção em todos os níveis da sociedade, o que torna uma temeridade qualquer grande movimentação de dinheiro público. Talvez não cheguemos ao ponto de ter ginásio com o teto desabando, mas modalidades sem público, gafes de todos os tipos e o caos urbano são probabilidades fortes" - lamenta. Do Ganges à Baía de Guanabara, pode haver mais que uma ponte aérea da novela de Glória Peres, em que até a língua é a mesma. Mas, do lado de cá, não será só para inglês ver.

Internauta

Desafio Sabichão!

Considerando que o vencedor do número 39 abriu mão de enviar suas perguntas, não poderá participar das respostas do teste de hoje, em que a banca volta a dar as cartas. E, muito oportunamente, o tema da vez é:

CARPEGIANI E MORUMBI

Aproveitando os 50 anos do estádio Cícero Pompeu de Toledo e o retorno de Paulo César Carpegiani ao tricolor paulista, o sabichão original pergunta:

1 - um dos jogadores que mais deram problemas para Carpegiani foi Dodô. O primeiro deles foi uma banana dada à torcida, após marcar um gol. Contra quem foi e qual o placar da partida? a - Palmeiras 4 x 4 São Paulo b - São Paulo 2 x 2 Guarani c - São Paulo 2 x 1 Santos

2 - no jogo que comemorou a inauguração dos novos refletores do Morumbi, o São Paulo virou uma partida dada como perdida e salvou a festa. Contra quem foi e qual o placar? a - São Paulo 3 x 2 Matonense b - São Paulo 3 x 2 Rio c - São Paulo 2 x 1 União Barbarense

3 - a maior goleada de 1999 foi sobre o Botafogo, mas o tricolor perdeu os pontos. Qual foi o motivo e quem presidia o STJD? a - problemas no registro - Waldemar Zveiter b - problemas no registro - Sérgio Zveiter c - idade adulterada - Luiz Zveiter

4 - na fantástica virada 100 % Paraíba, nos playoffs do Brasileirão, quantos gols de Marcelinho foram marcados com o pé direito? a - nenhum b - um c - dois

5 - qual foi o resultado da última partida da primeira passagem de Carpegiani pelo SPFC, no Morumbi? a - derrota por 4 a 2 b - derrota por 2 a 1 c - vitória por 2 a 1

Vamos ver se, desta vez, os internautas entram na disputa com raça. Até a próxima ANTAS!