UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE LETRAS «Não
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UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE LETRAS «Não sei se canto se rezo»: ambivalências culturais e religiosas do fado (1926-1945) Volume I Cátia Sofia Ferreira Tuna Orientadores: Prof. Doutor António Manuel Antunes de Matos Ferreira Prof. Doutor Tiago de Oliveira Santos Pires Marques Tese especialmente elaborada para obtenção do grau de Doutor no ramo de História, na especialidade de História e Cultura das Religiões 2020 UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE LETRAS «Não sei se canto se rezo»: ambivalências culturais e religiosas do fado (1926-1945) Volume I Cátia Sofia Ferreira Tuna Orientador(es): Prof. Doutor António Manuel Antunes de Matos Ferreira Prof. Doutor Tiago de Oliveira Santos Pires Marques Tese especialmente elaborada para obtenção do grau de Doutor no ramo de História, na especialidade de História e Cultura das Religiões Júri: Presidente: Hermenegildo Nuno Goinhas Fernandes, Professor Associado e Director da Área de História da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa; Vogais: - Tiago de Oliveira Santos Pires Marques, Investigador do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, co-orientador; - Alfredo Manuel Matos Alves Rodrigues Teixeira, Professor Associado da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa; - Rita Alexandra Borda de Água Mendonça Leite, Investigadora Doutorada do Centro de Estudos de História Religiosa da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa; - Rui Fernando Vieira Nery, Professor Associado da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa; - Sérgio Carneiro Campos Matos, Professor Associado com Agregação da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, - Anne Cova, Investigadora Auxiliar do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa. Instituição financiadora: Fundação para a Ciência e a Tecnologia (SFRH/BD/87448/2012) 2020 2 iii «És muito amiga dos livros» Para Abílio Tuna e Antónia Nazaré Luís Lopes e Maria da Encarnação, meus avós. iv Resumo O período entre 1926 e 1945 foi marcado pelo processo de profissionalização do fado e pela introdução de uma lógica comercial, o que foi acompanhado pela busca de uma afirmação sociocultural e do seu reconhecimento como canção nacional. O meio fadista era então atravessado por dinâmicas conflituais, por lideranças marcadas por um radicalismo político e pelo fortalecimento progressivo do jornalismo. Nesta conjuntura, intensificou-se um processo de metamorfose latente que marca o fado. Este trabalho pretende analisar os elementos religiosos que são reconhecíveis nessa mutação, nos discursos em que o fado se diz a si próprio, considerando-se oração e religião, e nas divergentes representações e opiniões que dele circulavam no espaço público. As dinâmicas de religiosidade e de espiritualidade também subsistem nas suas mitologias, nos espaços e nas sociabilidades que concitou, nos matizes deterministas que transportou ou na densidade existencial que construiu. Na poética popular, concretamente na abordagem vivencial em que se cantam os contrastes sociais ou os vínculos afetivos, bem assim na gestualidade em que o fado se exprimiu, o religioso participa na produção de sentimentos, de imagéticas e de normatividades. Palavras chave: destino, fado, performance, poesia popular, religiosidade. Abstract In the period between 1926 and 1945 fado was marked by a process of professionalization and by the introduction of a commercial logic, which was accompanied by the search of a sociocultural affirmation and by its recognition as a national song. The circle of fado was then traversed by contentious dynamics, by leaderships tainted with a political radicalism and by the progressive strengthening of journalism. In this juncture, fado went through a process of latent metamorphosis. This work aims to analyse the religious elements which were recognizable within this mutation, in the discourses where fado speaks about itself as a prayer and a religion and in the different representations and opinions which circulated about it in the public sphere. The spiritual and religious dynamics also subsist in the mythology of fado and in the spaces and sociabilities which it promoted, in the deterministic nuances it transported and in the existential density it built. In the popular poetics, namely in the experiential approach where the social contrasts and emotional bonds are sang, as in the gestures through which fado expressed itself, the religious participated in the production of feelings, images and norms. Palavras chave: destiny, fado, performance, popular poetry, religiosity. v Índice Resumo ..................................................................................................................... v Abstract .................................................................................................................... v Índice ....................................................................................................................... vi Índice das Figuras ............................................................................................. ix Índice das Tabelas ............................................................................................ ix Índice dos Gráficos ............................................................................................ x Índice dos Mapas ............................................................................................... x Agradecimentos ...................................................................................................... xi Siglas e abreviaturas ............................................................................................ xiii Siglas ..................................................................................................... xiii Abreviaturas ................................................................................................... xiii INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 1 1. Revisão bibliográfica ............................................................................ 6 2. O espaço, o tempo e o modo............................................................... 15 3. Fontes: permanências conflituais no meio fadista .............................. 22 4. Estrutura da tese.................................................................................. 30 PARTE I – DE MANEIRA DE MORRER A MANEIRA DE VIVER: A GRANDE METAMORFOSE DO FADO ENTRE 1926 E 1945 .................................................... 33 1. Aproximação histórica ao fado no período de 1926 a 1945 ........................... 34 1.1. Uma conjuntura favorável: o teatro, o cinema, o disco e a rádio ....... 38 1.2. A reorganização dos vínculos pelo mercado e pelo contrato ............. 56 1.3. Quatro novas mediações, uma falhada ............................................... 70 1.3.1. Inspeção Geral dos Teatros (até 1929) / Inspeção Geral dos Espetáculos (IGT/IGE) ........................................................................................................................ 71 1.3.2. Sociedade de Escritores e Compositores Teatrais Portugueses (até 1970) / Sociedade Portuguesa de Autores (SECTP/SPA) ............................................................ 75 1.3.3. As empresas ....................................................................................................... 79 1.3.4. O grémio, a casa ou o sindicato dos fadistas ...................................................... 82 1.4. Reconfigurações das sociabilidades e da presença no espaço público 88 1.5. O processo de criação e de execução musicais ...................................... 102 1.6. Implosão e explosão geográficas: as casas de fado e as digressões . 111 1.6.1. O fado em Lisboa ............................................................................................. 111 1.6.2. O fado fora de Lisboa ...................................................................................... 129 1.7. A regeneração do fadista pela moral do trabalho e da família ......... 155 1.8. Especialização e difusão ................................................................... 167 vi 2. Interfaces entre a convicção e o gosto no debate sobre fado: ideologias, religiosidades e pertenças ................................................................................... 172 2.1. Caracterização religiosa e política da comunidade fadista ............... 174 2.2. Os defensores, os detratores e as teias da opinião ............................ 190 2.2.1. Os defensores ................................................................................................... 193 2.2.2. Os detratores .................................................................................................... 220 2.2.3. Os estrangeiros ................................................................................................. 239 2.2.4. As redes e os jornais ........................................................................................ 243 2.3. Os argumentos da «questão fadográfica» ......................................... 252 2.3.1. A acusação ....................................................................................................... 254 2.3.2. A defesa ........................................................................................................... 267 2.4. A mobilização de tópicos religiosos na construção de justificações 274 2.5. Contributos para a compreensão da relação inicial entre o fado e o Estado