R e v ist a d o M u se u de A RQUEOLOGIA E ETNOLOGIA

U niversidade de SAo Pa u lo

As Práticas M ortuárias na região da Argólida entre os séculos XI e VIII a.C.

Camila Diogo de Souza R ev ista do M u seu de A rq u eo lo g ia e Et n o lo g ia

Comissão Editorial

Astolfo Gomes de Mello Araújo Camilo de Mello Vasconcelos Fabíola Andréa Silva Maria Isabel D’Agostino Fleming

Editora Responsável

Maria Isabel D’Agostino Fleming

Conselho Editorial

Ana Mae Tavares Barbosa Kabengele Munanga Antonio Porro Lux Vidal Augusto Titarelli Maria Luiza Corassin Aziz N. Ab’Saber Maria Manuela Carneiro da Cunha Carlos Serrano Maria Margareth Lopes Fábio Leite Niède Guidon Felipe Tirado Segura Noberto Luiz Guarinello Gabriela Martin D’A vila Pedro Ignácio Schmitz Igor Chmyz Pedro Paulo Abreu Funari Jacyntho Lins Brandão Rudolf Winkes José Antonio Dabdab Trabulsi Solange Godoy

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Av. Prof. Almeida Prado, 1.466 Cidade Universitária - São Paulo, SP CEP 05508-900 - Fax 3091-4977 http://www.mae.usp.br - [email protected]

Capa: Tirinto, T. 1971/1. Foto da sepultura aberta. GERCKE, P und HIESEL, G. Tiryns Vili. Taf. 31, 2. (N 1971-014-14 - Cortesia do DAI) R e v ist a d o M u se u d e A r q u e o l o g ia e E t n o l o g ia

U niversidade d e S ã o Pa u l o

As Práticas Mortuárias na região da Argólida entre os séculos XI e VIII a.C.

Camila Diogo de Souza

Suplemento 13

2011

S ã o P a u l o , B r a sil

Ao Prof. Dr. Robin Hägg.

Agradecimentos

A necessidade de concisão dos agradecimentos apresentados para a publicação não faz jus à gratidão às pessoas aqui mencionadas que desempenharam, por um lado, um papel fundamental na execução prática de um trabalho imenso, difícil e, à primeira vista, impossível; e, por outro lado, em diferentes momentos, proporcionaram formas diversificadas de apoio emocional, igualmente vitais para a realização de uma tese de doutorado. Meu profundo agradecimento à Profa. Dra. Haiganuch Sarian, minha orientadora, que me acompanhou, auxiliou e abriu portas para que eu conseguisse desenvolver tal pesquisa. Da mesma forma, agradeço imensamente a pessoa que considero meu co-orientador, responsá­ vel pela escolha do tema, que, desde o início, incentivou e colaborou intensamente para que sua própria pesquisa tivesse continuidade. Ao Prof. Dr. Robin Hãgg meus sinceros agradecimentos repletos de admi­ ração profissional e de carinho pessoal. A Profa. Dra. Elaine F. V. Hirata pela formação acadêmica, pela confiança e incentivo e pelas contribuições críticas ao trabalho, inclusive pelos comentários apresentados na defesa do doutorado, pelos quais agradeço também ao Prof. Dr. Álvaro H. Allegrette, Prof. Dr. Fábio V. Cerqueira e Prof. Dr. Norberto L. Guarinello. Agradeço também à Dra. B. Wells (in memoriam), ao Prof. Dr. A. M. Snodgrass, E. Pappi, L. Hapiot, Dra. A. Papadimitriou, Prof. Dr. R Gercke, Prof. Dr. Y. Garlan, Prof. Dr. J.-F. Bommelaer, Profa. Dra. C. Morgan, Prof. Dr. J. Maran, Dra. A.-L. Schallin, Prof. Dra. E. French, Prof. Dr. J. Whitley, Dra. A. Pariente, A. Philippa-Touchais, Prof. Dr. J.-M. Luce, Prof. Dr. D. Mulliez, G. Panitskas, L. Trouki, E. Platanitou, Y. Logelin, Ph. Pistikidis, Fl. Clark, V. Tzvara, R. Pitt, A. Kakissis, Dra. M.-F. Billot, Prof. Dr. R Carlier (in memoriam), Prof. Dr. F. DePolignac, Y. Khronis, Kh. Vlachos, V. Kosmopoulos, V. Gianno- poulos, M. Palaiodimou e V. Mavroth pelo apoio e contribuições à pesquisa das formas mais variadas, de um lado, discussões acadêmicas, críticas, comentários e sugestões, fornecimento de artigos, troca de informações e análises inéditas e, de outro, todo auxílio e a viabilização burocrática prestados no estudo de material inédito nas reservas técnicas dos museus, arquivos manuscritos e bibliotecas e em questões práticas fundamentais na realização da pesquisa de doutorado durante os estágios no exterior, como hospedagem. Particularmente, sou grata à gentileza dos pesquisadores e seus respectivos centros de pesquisa que forneceram os negativos para a presente publicação, incluindo os responsáveis pelos arqui­ vos dos respectivos centros: ao Prof. Dr. R. Hãgg e ao Instituto Sueco de Atenas (Swedish Institute at Athens - SIA), ao Prof. Dr. Yvon Garlan e ao Prof. Dr. J.-F. Bommelaer e à Escola Francesa de Atenas (École française d’Athènes - EfA), ao Prof. E Gercke e ao Prof. Dr. J. Maran e ao Instituo Alemão de Atenas (DAI), à Profa. Dra. E. French e à Escola Britânica de Atenas (British School at Athens - BSA) e à E. Pappi e à Eforia de Náuplia (A'EO>OPEIA nPOÏIT. & KAAZ. APX/TQN NAYIIAIO - A'EFIKA Mouoeío NanítMoi)). Sou profundamente grata aos meus amigos e familiares que, também de diversas maneiras, ofereceram apoio e suporte intelectual e emocional em vários momentos cruciais da pesquisa. Para meu querido e eterno companheiro, Gabriel de C. G. Castanho, à Carolina K. B. Dias, eterna amiga e com­ panheira de trabalho, por sua contribuição fundamental à tese, aos meus estimados pais, Vera A. L. de Sousa e Dalton D. Souza, meus avós, Jorge Liveraro (in memoriam) e Ilydia D. Liveraro, à Yara M. C. de Carvalho, ao amigo Gilberto S. Francisco pelos desenhos dos vasos, Suzana Melo, Ana Paula e Sandro Venturi, Maria Theodosi, Eleftheria Pinakoulaki, Olavo A. G. Castanho, Maria de Lourdes C. de Car­ valho, Emiliano Lima, Paula F. Argôlo e Cíntia A. Gama. Agradeço também aos funcionários do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo (MAE / USP), em especial à Denise Dal Pino pela elaboração dos mapas e plantas e aos docentes e responsáveis pelo Programa de Pós-graduação que apoiam e incentivam a publicação das teses do MAE. Finalmente, à FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), pelo imprescindível suporte financeiro durante os quatro anos de pes­ quisa de doutorado.

/ Indice

Agradecimentos...... 7 Prefácio...... 13 Abreviaturas...... 15 I) Periódicos...... 15 II) Obras específicas...... 15 III) Cronologia / Períodos e subperíodos abordados...... 15 Referências das Figuras...... 16 Referências das Tabelas...... 19 Referências dos Gráficos...... 22 Referências dos Mapas e Plantas...... 23 Fig. 1 - Quadro cronológico comparativo da Idade do Ferro para as regiões da Atica e da Argólida, segundo A. M. Snodgrass...... 24 Fig. 2 - Quadro cronológico comparativo do Período Geométrico na Argólida (cerâmica argiva), segundo P Courbin e J. N...... 25

Introdução...... 27

Capítulo 1 A Arqueologia das Práticas Mortuárias: fundamentos e perspectivas...... 39 I) O termo Arqueologia das Práticas Mortuárias e seus usos. Quando, onde, por quê?...... 39 II) A reprodução das relações sociais nos contextos funerários. Os pressupostos da Nova Arqueologia...... 41 III) A representação das relações sociais nos contextos funerários. Os fundamentos da Arqueologia Contextual...... 45 IV) A morte e as visões da Antropologia, da História e da Semiologia...... 47 V) Padrões de Representação? Os mortos, a ideologia e a estatística. Interações e perspectivas...... 51 VI) Conclusões: os mortos e a organização da sociedade. Mundos congruentes ou divergentes?...... 56

Capítulo 2 Os contextos funerários da Argólida: metodologia de análise...... 61 I) A elaboração e a organização do corpus documental...... 61 II A classificação e os critérios de análise do corpus documental...... 65 - Informações Gerais...... 65 Idade / Gênero e as relações com os Tipos de Sepultura...... 66 Orientação e Posição do corpo...... 69 - O Mobiliário Funerário...... 74 - Localização. Pensando o espaço dos mortos...... 82

Capítulo 3 Analisando os dados: a abordagem intrassítio...... 85 Argos...... 85 1) Informações Gerais...... 86 1.1) Campanhas da EfA...... 86 1.2) Campanhas do SG A ...... 87 2) Idade / Gênero e as relações com os Tipos de Sepultura...... 88 2.1) Campanhas da EfA...... 88 2.2) Campanhas do SGA...... 90 2.3) Reunindo os dados das campanhas da EfA e do S G A ...... 93 3) Orientação e Posição do corpo...... 97 3.1) Campanhas da EfA e do SG A ...... 97 4) O Mobiliário Funerário...... 101 4.1) Características da produção cerâmica argiva...... 101 4.2) Características dos artefatos em metal...... 121 4.3) O mobiliário e as relações com idade e tipo de sepultura...... 126 5) Localização. Pensando o Espaço dos Mortos...... 135 Tirinto...... 146 1) Informações Gerais...... 146 2) Idade / Gênero e as relações com os Tipos de Sepultura...... 147 3) Orientação e Posição do corpo...... 150 4) O Mobiliário Funerário...... 152 4.1) Características da produção cerâmica de Tirinto...... 152 4.2) Características dos artefatos em metal...... 155 4.3) O mobiliário e as relações com idade e tipo de sepultura...... 156 5) Localização. Pensando o Espaço dos Mortos...... 160

Asine...... 164 1) Informações Gerais...... 165 2) Idade / Gênero e as relações com o Tipo de Sepultura...... 165 3) Orientação e Posição do corpo...... 167 4) O Mobiliário Funerário...... 171 4.1) Características da produção cerâmica de Asine...... 171 4.2) Características dos artefatos em metal...... 172 4.3) O mobiliário e as relações com idade e tipo de sepultura...... 173 5) Localização. Pensando o Espaço dos Mortos...... 175 Micenas...... 177 1) Informações Gerais...... 177 2) Idade / Gênero e as relações com o Tipo de Sepultura...... 177 3) Orientação e Posição do corpo...... 181 4) O Mobiliário Funerário...... 182 4.1) Características da produção cerâmica de Micenas...... 182 4.2) Características dos artefatos em metal...... 184 4.3) O mobiliário e as relações com idade e tipo de sepultura...... 184 5) Localização. Pensando o Espaço dos Mortos...... 188 Náuplia...... 190 1) Informações Gerais...... 190 2) Idade / Gênero e as relações com o Tipo de Sepultura...... 191 3) Orientação e Posição do corpo...... 194 4) O Mobiliário Funerário...... 195 4.1) Características da produção cerâmica de Náuplia...... 195 4.2) Características dos artefatos em metal...... 196 4.3) O mobiliário e as relações com idade e tipo de sepultura...... 196 5) Localização. Pensando o Espaço dos Mortos...... 197 Lerna / Myloi...... 198 1) Informações Gerais...... 198 2) Idade / Gênero e as relações com o Tipo de Sepultura...... 198 3) Orientação e Posição do corpo...... 200 4) O Mobiliário Funerário...... 201 4.1) Características da produção cerâmica de Lerna...... 201 4.2) Características dos artefatos em metal...... 202 4.3) O mobiliário e as relações com idade e tipo de sepultura...... 202 5) Localização. Pensando o Espaço dos Mortos...... 203

Capítulo 4 ...... 205 Interpretando dos dados: a abordagem intersirió...... 205 I) O Submicênico. “Continuidades e rupturas”, elementos contraditórios ou complementares?...... 205 II) O Protogeométrico. Momento de experimentações...... 213 III) O início do Período Geométrico: o Geométrico Antigo e a consolidação de uma nova ordem social...... 218 IV) O Geométrico Médio. O processo de intensificação da ostentação...... 221 V) O Geométrico Recente. Renascimento ou reafirmação?...... 224 Considerações Finais...... 231

Mapa 1 ...... 234 Mapa 2 ...... 235 Mapa 3 ...... 236 Mapa 4 ...... 237 Mapa 5 ...... 238 Mapa 6 ...... 239 Mapa 7 ...... 240 Mapa 8 ...... 241 Mapa 9 ...... 242 Planta 1...... 243 Planta 2...... 244 Planta 3 ...... 245 Planta 4 ...... 246 Legendas dos Mapas e Plantas...... 247 Legenda do Mapa 3...... 247 Legenda do Mapa 4...... 249 Legenda Mapa 5...... 249 Legenda Mapa 6...... 250 Legenda Mapa 7...... 251 Legenda Mapa 8...... 252 Legenda Planta 1...... 253 Legenda Planta 2...... 254 Legenda Planta 3...... 254 Legenda Planta 4...... 254 Referências Bibliográficas...... 255 A) Fontes Antigas...... 255 B) Crônicas, Relatórios e Artigos em periódicos e Publicações sistemáticas sobre os túmulos da Idade do Ferro nos sítios da Argólida utilizados na elaboração do Catálogo...... 255 B.l) Geral (para todos os sítios):...... 255 B.2) Argos...... 256 B.3) Tirinto...... 258 B.4) Asine...... 260 B.5) Micenas...... 260 B.6) Náuplia...... 261 B.7) Lerna / Myloi...... 261 C) Bibliografia Geral...... 261 ANEXO - Listagem de contextos funerários catalogados...... 279 Argos. Campanhas da EfA...... 279 Argos. Campanhas do SGA...... 286 Tirinto...... 301 A sine...... 307 Micenas...... 311 Náuplia...... 313 Lema / Myloi...... 314 Argos. Campanhas do SGA...... 316 Prefácio

Este livro é o resultado da minha tese de doutoramento defendida em julho de 2010. A pesquisa teve como objetivos o levantamento, a reunião, a catalogação e a análise sistemática da cultura material proveniente dos contextos funerários dos principais sítios da região da Argólida, Grécia (Mapa 1), datados da Idade do Ferro, isto é, entre os séculos XI e VIII a.C. A região da Argólida apresenta um quadro particularmente rico e único no que diz respeito aos vestígios funerários que, por sua vez, constituem um material potencialmente fértil para diferentes leituras e interpretações. Seis sítios foram selecionados para análise: Argos, Tirinto, Asine, Micenas, Náuplia e Lema / Myloi (Mapa 2) e um total de 826 sepulturas forma o corpus documental inédito elaborado durante a pesquisa. Tal corpus apresenta duas partes: um catálogo efetuado em Word, contendo uma descrição exaustiva das informações sobre os contextos funerários, e uma base de dados elaborada em Excel e outra em FileMaker, que possibilita a classificação e viabiliza diferentes abordagens teórico-metodológicas oferecidas pelo extenso material catalogado. Nossa primeira proposta de leitura deste vasto material privilegia o exame dos diversos aspectos das práticas funerárias (como, por exemplo, a análise dos tipos de sepultura relacionados com os atributos idade e gênero, ou o exame das oferendas depositadas com o morto) por sítio e por subperíodos da Idade do Ferro. Em um segundo momento, a partir dessa análise mais específica do material, optamos por uma abordagem comparativa dos dados entre os sítios estudados. Tal abordagem permitiu definir padrões de enterramento e de comportamento sociocultural característicos de cada subperíodo da Idade do Ferro, visualizando similaridades, especificidades e transformações, e proporcionou também a reflexão sobre as características do processo de interação entre as comunidades da Argólida. Em última instância, tais considerações possibilitaram a compreensão de aspectos da organização social das comunidades estudadas inseridos no longo processo de mudanças políticas ocorridas ao longo de séculos e que têm como momento chave o período denominado de “Renascença Grega” ou “Alto Arcaísmo”, isto é, o século VIII a.C., e em particular sua segunda metade, entre 750 e 700 a.C., quando observamos a formação da pólis argiva. Os dados, as reflexões e os resultados que o leitor encontrará nas páginas que seguem correspondem fundamentalmente às mesmas considerações apresentadas na tese. Isto não significa dizer que o texto entregue e avaliado na época da defesa da tese é idêntico ao apresentado neste livro. Algumas modificações pontuais e estruturais foram feitas durante o processo de revisão da tese para a publicação. Tais alterações são essencialmente de caráter formal, decorrentes das exigências, das normas e dos limites de publicação e, ainda, em função de algumas atualizações das referências bibliográficas. A inviabilidade de publicação do catálogo em sua forma textual e imagética fez com que suas recorrentes menções no texto de análise cedessem lugar a referências à tese. Dessa forma, caso o leitor queira acessar as informações específicas e detalhadas sobre cada contexto funerário estudado, terá que se remeter ao catálogo inédito, original e único da tese. O mesmo ocorre em relação ao banco de dados elaborado em Excel e em FileMaker. O texto apresentado para a presente publicação corresponde, fundamentalmente, ao volume de análise de todo o material reunido durante a pesquisa de doutoramento, com ajustes, recortes e referências que não desintegram a originalidade do mesmo. Confesso que a revisão para a publicação constituiu um processo bastante árduo e conflituoso, equiparável ao longo, extenuante e sutil processo de redação da tese, no sentido de uma busca pessoal pela “perfeição” do conteúdo e do texto. Tal busca é, em grande medida, resultado do tempo decorrido entre a defesa e a publicação da tese que, apesar de ser um intervalo relativamente breve, foi suficiente para provocar um desconforto difícil de ser superado, principalmente em relação à atualização dos dados do corpus documental. Entretanto, a consciência de que o exercício da pesquisa acadêmica é caracterizada em sua essência por um processo incessante e infinito de produção de conhecimento felizmente me fez atentar para o fato de que tal busca pela pretendida “perfeição” por uma forma acabada do conteúdo e do texto é falsa, inútil e até mesmo prejudicial ao desenvolvimento e ao exercício da pesquisa. Explicito, assim, que o objetivo deste livro não corresponde, de forma alguma, ao esgotamento do material, fato que acredito ser impossível de alcançar em qualquer tema de pesquisa e reforço que a “imperfeição” e as lacunas (inerentes a toda pesquisa) não devem restringir o exercício da pluralidade de interpretações. Pelo contrário, podem contribuir para o exercício da pesquisa enquanto produção de conhecimento, mediante a abertura para novas possibilidades de leituras.

Abreviaturas

I) Periódicos

As abreviaturas dos periódicos utilizadas na publicação são as mesmas classificadas pelo American Journal of Archaeology (AJA), The Journal of the American Institute of America. A listagem extensa e completa das abreviaturas pode ser encontrada no site: http://www.ajaonline.org/submissions/abbreviations

II) Obras específicas

Coldstream, J. N. COLDSTREAM, J. N. 1968. Greek Geometric Pottery: A Survey of Ten Local Styles GGP, 1968. and Their Chronology. London : Methuen. Courbin, R CGA. COURBIN, 1966. La Céramique Géométrique de l’Agolide, E. De Boccard : Faris. 1966. Courbin, E TGA, COURBIN, 1974. Les Tombes Géométriques d’Argos, I (1952-1958). Études 1974. Péloponnésiennes VII. Ecole Française d’Athènes, Faris: Librairie J. Vrin, 1974. Foley, A. SIMA 80 FOLEY, A. 1988. The Argolid 800-600 B.C. SIMA, vol. LXXX, Göteborg. (1988). Gercke, E “Geometrische Keramik und Kleinfunde 1884 bis 1974. Mit Gercke, E submykenischen Vorläufern und subgeometrischen Ausläufern”. Arquivo Fessoal Geometrische. 2007. Não Fublicado, Cortesia do autor, 2007. Hägg, R. BOREAS HÄGG, R. 1974- Die Gräber der in submykenischer, protogeometrischer und 7:1, 1974. geometrischer Zeit. 1, Lage und Form der Gräber. BOREAS 7:1. Uppsala.

Para outras abreviaturas de obras específicas utilizadas vide: SOUZA, C. D. 2010. Práticas Mortuárias na Região da Argólida entre os séculos XI e VIII a.C. Tese de Doutorado, 3 vols. Museu de Arqueologia e Etnologia / Universidade de São Paulo. São Paulo.

III) Cronologia / Períodos e subperíodos abordados

HA Heládico Antigo HM Heládico Médio HR Heládico Recente SM Submicênico EG Protogeométrico G Período Geométrico GA Geométrico Antigo GM Geométrico Médio GR Geométrico Recente SG Subgeométrico Referências das Figuras

Número Descrição Créditos e Referências Pág.

Introdução

Quadro cronológico comparativo da Idade do Elaborado com base no quadro cronolôgico Fig. 1 Ferro para as regiões da Atica e da Argólida, 24 de A. M. Snodgrass 1971: 134-135. segundo A. M. Snodgrass. Elaborado com base no quadro cronolôgico Quadro cronológico comparativo do Período de R Courbin 1966: 177 e de J. N. Fig.2 Geométrico na Argólida (cerâmica argiva), 25 Coldstream 1968: 330 ou Idem. 1976: 385, segundo E Courbin e J. N. Coldstream. Fig. 166. T (695), correspondente ao T XXXIX. Mycenae Archive. BSA. Cortesia E. French. Fig. 3 33 Micenas. Cista monolítica ou sarcófago. BSA. Photothèque / Planothèque EfA. Neg. T (128), correspondente ao T. 263. Argos. Fig. 4 56815. Argos. Cortesia Y. Garlan et J.-F. 33 Fundo da cista com seixos. Bommelaer. EfA. Desenho esquemático da cista em Orthostatenkiste. Vista lateral e frontal. Fig. 5 Hâgg, R. BOREAS 7:1, 1974. Abb. 18, 109. 33 Exemplo de cista revestida e coberta com 3 placas de pedra. T (816), correspondente ao T 6. A. Karantzi. Argos. Exemplo de Orthostatenkiste (cista em ArchDelt 54 (1999), E^éô. 12, p. 144 Fig. 6 34 ortóstato) revestida com uma única grande e espessa placa de pedra em cada parede. Desenho esquemático da Fig. 7 Hâgg, R. BOREAS 7:1, 1974. Abb. 18, 109. 34 Orthostatenmauerkiste. Vista lateral e frontal. Mycenae Archive. BSA. Cortesia E. French. T (703), correspondente ao T. G.607. BSA. Fig. 8 Micenas. Exemplo de Orthostatenmauerkiste 34 Desborough, V.R.d’A. BSA 68 (1973), Pl. (cista em muro e ortóstato). 28a. Desenho esquemático da Mauerkiste. Vista Fig. 9 Hâgg, R. BOREAS 7:1, 1974. Abb. 18, 109. 35 lateral e frontal. Photothèque / Planothèque EfA. Neg. T (132), correspondente ao T. 278. Argos. Fig. 10 56815. Argos. Cortesia Y. Garlan et J.-F. 35 Mauerkiste. Sepultura fechada, cobertura. Bommelaer. EfA. Photothèque / Planothèque EfA. Neg. T (132), correspondente ao T. 278. Argos. 56815. Argos. Cortesia Y. Garlan et J.-F. 35 Fig-11 Mauerkiste. Sepultura aberta. Bommelaer. EfA. Photothek DAI. Neg. Tiryns 1971-012-14. T (559), correspondente aoT1971/l. Tirinto. Cortesia E Gercke e J. Maran. DAI. Fig. 12 Tirinto. Exemplo de Mauerkiste (cista em 35 muro). Gercke, R und W.; Hiesel, G. Tiryns VIII, 1975, Taf. 31,2. Fig. 13 Desenho esquemático do pito piriforme. Francisco, G. da Silva 36 Fig. 14 Desenho esquemático do pito ovoide. Francisco, G. da Silva 36 Fig. 15 Desenho esquemático do pito cilíndrico. Francisco, G. da Silva 36 C.3966, pito ovoide, T (109), correspondente Photothèque / Planothèque EfA. Argos. Fig. 16 ao T 191 (esquerda) e C.3967, pito piriforme, T Cortesia Y. Garlan et J.-F. Bommelaer. EfA. 36 (108), correspondente ao T 190 (direita). Argos. Courbin, E TGA, 1974, Pl. 51. Photothèque / Planothèque EfA. Argos. T (066), correspondente ao T. 124. Argos. Fig. 17 Cortesia Y. Garlan et J.-F. Bommelaer. EfA. 38 Placas de cobertura da cova simples. Courbin, R TGA, 1974, Pl. 37. Photothèque / Planothèque EfA. Argos. T (066), correspondente ao T. 124. Argos. Fig. 18 Cortesia Y. Garlan et J.-F. Bommelaer. EfA. 38 Enterramento em cova simples. Courbin, R TGA, 1974, Pl. 37. Capítulo 2

Fig. 19 Enócoa trilobada. Francisco, G. S. 78 Fig. 20 Enócoa trilobada com base plana. Francisco, G. S. 78 Fig. 21 Enócoa com borda circular. Francisco, G. S. 78 Fig. 22 Jarro. Francisco, G. S. 78 Fig. 23 Lécito. Francisco, G. S. 78 Fig. 24 Jarro com estribo. Francisco, G. S. 78 Fig. 25 Taça com base plana. Tipo A. Francisco, G. S. 79 Fig. 26 Taça com base plana. Tipo B. Francisco, G. S. 79 Fig. 27 Taça com pé em anel. Francisco, G. S. 79 Fig. 28 Taça com pé alto. Francisco, G. S. 79 Fig. 29 Esquifo com alças horizontais e base plana. Francisco, G. S. 80 Fig. 30 Esquifo com alças horizontais e pé alto. Francisco, G. S. 80 Fig. 31 Esquifo com alças horizontais e pé em anel. Francisco, G. S. 80 Fig. 32 Esquifo com alças horizontais e pé alto. Francisco, G. S. 80 Fig. 33 Cântaro. Francisco, G. S. 80 Píxide com alças de sustentação e base Fig. 34 Francisco, G. S. 81 pontiaguda. Fig. 35 Píxide hojuda com alças horizontais. Francisco, G. S. 81 Fig. 36 Píxide hojuda com alças de sustentação. Francisco, G. S. 81 Fig. 37 Anforisco. Francisco, G. S. 81 Fig. 38 Asco. Francisco, G. S. 81 Fig. 39 Suporte. Francisco, G. S. 81 Desenho esquemático representando uma Dal Pino, D. (Produção Gráfica / MAE / Fig. 40 82 sepultura em cista. USP) Desenho esquemático representando uma Dal Pino, D. (Produção Gráfica / MAE / Fig. 41 82 sepultura em cova simples. USP) Desenho esquemático representando Dal Pino, D. (Produção Gráfica / MAE / Fig. 42 82 uma sepultura em vaso funerário. USP)

Capítulo 3

Argos

Photothèque / Planothèque EfA. Neg. Fig. 43 Enócoa C.7739, T (130), Argos. 36487. Argos. Cortesia Y. Garlan et J.-F. 107 Bommelaer. EfA. Photothèque / Planothèque EfA. Neg. Fig. 44 Píxide C.7766, T (128), Argos. 37625. Argos. Cortesia Y. Garlan et J.-F. 107 Bommelaer. EfA. Desenho esquemático do ziguezague típico Fig. 45 Francisco, G. S. 110 do SM. Desenho esquemático do ziguezague típico do Fig. 46 Francisco, G. S. 110 PG. Desenho esquemático da composição barras Francisco, G. S. 112 Fig. 47 oblíquas e triângulos típica do PG. Fig. 48 Desenho esquemático do losango típico do GM. Francisco, G. S. 113 Desenho esquemático Francisco, G. S. 113 Fig. 49 da composição barras e X típica do GM. Desenho esquemático da composição barras e Francisco, G. S. 113 Fig. 50 * típica do GM. Foto : Souza, C. D. Arquivo Pessoal. Museu Píxide C.7380, T (123), Argos. Fig. 51 de Argos. 114 Desenho esquemático da composição de Fig. 52 114 folhas típica do GM. Francisco, G. S. Photothèque / Planothèque EfA. Neg. Fragmentos da borda da cratera C. 14495, T Fig. 53 38619. Argos. Cortesia Y. Garlan et J.-F. 115 (130), Argos. Bommelaer. EfA. Photothèque / Planothèque EfA. Neg. Fig. 54 Detalhe do suporte C.7919, T (134), Argos. 38571. Argos. Cortesia Y. Garlan et J.-F. 116 Bommelaer. EfA. Photothèque / Planothèque EfA. Neg. Fig. 55 Detalhe do esquifo C.7924, T (134), Argos. 38567. Argos. Cortesia Y. Garlan et J.-F. 116 Bommelaer. EfA. Photothèque / Planothèque EfA. Neg. Fig. 56 Detalhe da cratera C.7923, T (134), Argos. 38538. Argos. Cortesia Y. Garlan et J.-F. 116 Bommelaer. EfA. Photothèque / Planothèque EfA. Neg. Fig. 57 Detalhe da cratera C.7927, T (134), Argos. 37612. Argos. Cortesia Y. Garlan et J.-F. 117 Bommelaer. EfA. Photothèque / Planothèque EfA. Neg. Fig. 58 Detalhe da cratera C.7729, T (130), Argos. 38575. Argos. Cortesia Y. Garlan et J.-F. 117 Bommelaer. EfA. Photothèque / Planothèque EfA. Neg. Fig. 59 Detalhe da cratera C.7843, T (132), Argos. 37624. Argos. Cortesia Y. Garlan et J.-F. 117 Bommelaer. EfA. Foto : Souza, C. D. Arquivo Pessoal. Detalhe da cratera C.26608, do T (143), Photothèque / Planothèque EfA. Neg. Fig. 60 117 Argos. L. 1458.32. Argos. Cortesia Y. Garlan et J.-F. Bommelaer. EfA. Krystalli-Votsi, K. “Études Argiennes” BCH Fig. 61 Detalhe da cratera MA 5661, T (314), Argos. 118 Suppl. 6 (1980), Fig. 2, p. 86 Desenho esquemático da composição linha Fig. 62 Francisco, G. S. 119 ondulada e * típica do GR. Desenho esquemático da linha ondulada Fig. 63 Francisco, G. S. 119 contínua, composição típica do GR. Photothèque / Planothèque EfA. Neg. Fig. 64 Detalhe da cratera C.7729, T (130), Argos. 38575. Argos. Cortesia Y. Garlan et J.-F. 119 Bommelaer. EfA. Desenho esquemático das barras verticais Fig. 65 Francisco, G. S. 120 onduladas, composição típica do GR. Foto: Souza, C. D. Arquivo pessoal. Museu Fig. 66 Armadura “hoplítica” do T (041), Argos. de Argos. 124

Tïrinto

Fig. 67 Esquifo 10225, T (539). Tirinto. Verdelis, N. AM 78 (1963), Beil. 17, 1 154 Foto: Souza, C. D. Arquivo pessoal. Museu Fig. 68 Píxide 10213, T (239). Tirinto. 154 de Náuplia. Foto: Souza, C. D. Arquivo pessoal. Museu Fig. 69 Anforisco 10113, T (521). Tirinto. 154 de Náuplia. Foto: Souza, C. D. Arquivo pessoal. Museu Fig. 70 Escudo com ônfalo, T (544). Tirinto. 156 de Náuplia. Foto: Souza, C. D. Arquivo pessoal. Museu Fig. 71 Elmo em bronze, T (544). Tirinto. Face A. 156 de Náuplia. Foto: Souza, C. D. Arquivo pessoal. Museu Elmo em bronze, T (544). Tirinto. Face B. 156 Fig. 72 de Náuplia. Asine

Desenho esquemático da cista orientada no Fig. 73 sentido Sudoeste-Nordeste e Nordeste - Hágg 1980: 124. 170 -Sudoeste, respectivamente.

Náuplia

Detalhe da píxide NM 10006, T (713). Foto: Souza, C. D. Arquivo pessoal. Museu Fig. 74 196 Cavalos. Náuplia. de Náuplia. Detalhe da píxide NM 10006, T (713). Aves. Foto: Souza, C. D. Arquivo pessoal. Museu Fig. 75 196 Náuplia de Náuplia.

Referências das Tabelas

Número Descrição Pág.

Capítulo 2

Número total de enterramentos nos sítios da Argólida divididos por subperíodos da Idade 1 63 do Ferro.

Capítulo 3

Argos

2 Número total de enterramentos divididos por idade e subperíodos da Idade do Ferro (EfA). 88 Número total de enterramentos divididos por tipo de sepultura e subperíodos da Idade do 3 88 Ferro (EfA). Número de enterramentos em cistas divididos por idade e subperíodos da Idade do Ferro 4 89 (EfA). Número de enterramentos em vasos funerários divididos por idade e subperíodos da Idade 5 90 do Ferro (EfA). Número de enterramentos em cova simples distribuídos nos subperíodos da Idade do Ferro 6 90 (EfA). 7 Número total de enterramentos divididos por idade e subperíodos da Idade do Ferro (SGA). 91 Número total de enterramentos divididos por tipo de sepultura e subperíodos da Idade do 8 91 Ferro (SGA). Número de enterramentos em cistas divididos por idade e subperíodos da Idade do Ferro 9 92 (SGA). Número de enterramentos em vasos funerários divididos por idade e subperíodos da Idade 10 92 do Ferro (SGA). Número de enterramentos em cova simples distribuídos nos subperíodos da Idade do Ferro 11 93 (SGA). Número total de enterramentos (campanhas da EfA e do SGA) divididos por idade e 12 93 subperíodos da Idade do Ferro. Número de enterramentos em cistas (campanhas da EfA e do SGA) divididos por idade e 95 13 subperíodos da Idade do Ferro. Número de enterramentos em vasos funerários (campanhas da EfA e do SGA) divididos por 14 idade e subperíodos da Idade do Ferro. 95 Número de enterramentos em cova simples (campanhas da EfA e do SGA) distribuídos nos 15 subperíodos da Idade do Ferro. 95 Número dos enterramentos infantis em cistas (campanhas da EfA e do SGA) divididos por 16 97 orientação e subperíodos da Idade do Ferro. Número dos enterramentos adultos (campanhas da EfA e do SGA) divididos por orientação 17 98 e subperíodos da Idade do Ferro. Número dos enterramentos adultos em cistas (campanhas da EfA e do SGA) divididos por 18 99 orientação e subperíodos da Idade do Ferro. Número dos enterramentos adultos em pitos (campanhas da EfA e do SGA) divididos por 19 100 orientação e subperíodos da Idade do Ferro. Número dos enterramentos adultos em covas simples (campanhas da EfA e do SGA) 20 101 divididos por orientação e subperíodos da Idade do Ferro. Enterramentos infantis (campanhas do EfA) divididos por subperíodos e pelas categorias de 21 126 classificação do mobiliário funerário. Enterramentos de adultos (campanhas da EfA) divididos por subperíodos e pelas categorias 22 126 de classificação do mobiliário funerário. Enterramentos infantis (campanhas do SGA) divididos por subperíodos e pelas categorias 23 127 de classificação do mobiliário funerário. Enterramentos de adultos (campanhas do SGA) divididos por subperíodos e pelas categorias 24 128 de classificação do mobiliário funerário. Enterramentos infantis (campanhas da EfA e do SGA) divididos por subperíodos e pelas 25 128 categorias de classificação do mobiliário funerário. Enterramentos de adultos (campanhas da EfA e do SGA) divididos por subperíodos e pelas 26 129 categorias de classificação do mobiliário funerário. Enterramentos de infantis sem mobiliário funerário divididos por subperíodos e tipos de 27 130 sepultura. Enterramentos de adultos sem mobiliário funerário divididos por subperíodos e tipos de 28 132 sepultura. Enterramentos de adultos com mobiliário funerário variado divididos por subperíodos e 29 133 tipos de sepultura.

Tirinto

30 Número total de enterramentos divididos por idade e subperíodos da Idade do Ferro. 147 Número total de enterramentos divididos por tipo de sepultura e subperíodos da Idade do 31 148 Ferro. 32 Número de enterramentos em cistas divididos por idade e subperíodos da Idade do Ferro. 149 Número de enterramentos em vasos funerários divididos por idade e subperíodos da Idade 33 149 do Ferro. 34 Número de enterramentos em cova simples distribuídos nos subperíodos da Idade do Ferro. 149 35 Número dos enterramentos de adultos divididos por orientação e subperíodos. 150 Número dos enterramentos infantis divididos por subperíodos e pelas categorias de 36 156 classificação do mobiliário funerário. Número dos enterramentos de adultos divididos por subperíodos e pelas categorias de 37 157 classificação do mobiliário funerário.

Asine

38 Número total de enterramentos divididos por idade e subperíodos da Idade do Ferro. 165 Número total de enterramentos divididos por tipo de sepultura e subperíodos da Idade do 39 166 Ferro. 40 Número de enterramentos em cistas divididos por idade e subperíodos da Idade do Ferro. 166 Número de enterramentos em cova simples divididos por idade e subperíodos da Idade do 167 41 Ferro. 42 Número dos enterramentos divididos por orientação e subperíodos da Idade do Ferro. 168 43 Número dos enterramentos infantis divididos por subperíodos e pelas categorias de 173 classificação do mobiliário funerário. 44 Número dos enterramentos de adultos divididos por subperíodos e pelas categorias de 173 classificação do mobiliário funerário.

Micenas

45 Número total de enterramentos divididos por idade e subperíodos da Idade do Ferro. 178 Número total de enterramentos divididos por tipo de sepultura e subperíodos da Idade do 46 178 Ferro. 47 Número de enterramentos em cistas divididos por idade e subperíodos da Idade do Ferro. 180 Número de enterramentos em vasos funerários divididos por idade e subperíodos da Idade 48 180 do Ferro. 49 Número de enterramentos em cova simples distribuídos nos subperíodos da Idade do Ferro. 180 50 Número total de enterramentos distribuídos por orientação e subperíodos da Idade do Ferro. 181 Número dos enterramentos infantis divididos por subperíodos e pelas categorias de 51 185 classificação do mobiliário funerário Número dos enterramentos de adultos divididos por subperíodos e pelas categorias de 52 186 classificação do mobiliário funerário.

Náuplia

53 Número total de enterramentos divididos por idade e subperíodos da Idade do Ferro. 191 Número total de enterramentos divididos por tipo de sepultura e subperíodos da Idade do 54 192 Ferro. 55 Número de enterramentos em cistas divididos por idade e subperíodos da Idade do Ferro. 193 Número de enterramentos em vaso funerário divididos por idade e subperíodos da Idade do 56 193 Ferro. Número de enterramentos de adultos em cova simples distribuídos nos subperíodos da Idade 57 193 do Ferro.

Lem a / Myloi

58 Número total de enterramentos divididos por idade e subperíodos da Idade do Ferro. 199 Número total de enterramentos divididos por tipo de sepultura e subperíodos da Idade do 59 199 Ferro. 60 Número de enterramentos em cistas divididos por idade e subperíodos da Idade do Ferro. 200 61 Número de enterramentos em pitos divididos por idade e subperíodos da Idade do Ferro. 200 Enterramentos em cista e em pito divididos por subperíodos e pelas categorias de 62 203 classificação do mobiliário funerário. Referências dos Gráficos

Número Descrição Pág.

Capítulo 3

Argos

Número de enterramentos divididos por tipo de sepultura e subperíodos da Idade do Ferro 1 89 (EfA). Número de enterramentos divididos por tipo de sepultura e subperíodos da Idade do Ferro 2 92 (SGA). Número total de enterramentos (campanhas da EfA e do SGA) divididos por tipo de 3 94 sepultura e subperíodos da Idade do Ferro. Número de enterramentos de adultos em cistas (campanhas da EfA e do SGA), segundo o 4 99 sentido de orientação do corpo. 5 Porcentagem de enterramentos infantis sem mobiliário funerário. 129 6 Porcentagem de enterramentos infantis com mobiliário funerário variado. 130 7 Porcentagem de enterramentos de adultos sem mobiliário funerário. 132 8 Porcentagem de enterramentos de adultos com mobiliário funerário variado. 133

Tirinto

9 Número de enterramentos divididos por tipo de sepultura e subperíodos da Idade do Ferro. 148 10 Número de enterramentos de adultos segundo o sentido de orientação da sepultura / corpo. 151

Asine

11 Número total de enterramentos segundo o sentido de orientação da sepultura / corpo. 168 12 Número total de enterramentos de adultos segundo o sentido de orientação da sepultura. 169 13 Número total de enterramentos infantis segundo o sentido de orientação / corpo. 169

Micenas

14 Número de enterramentos divididos por tipo de sepultura e subperíodos da Idade do Ferro. 179

Náuplia

Representação em gráfico do número total de enterramentos divididos por subperíodo e 15 idade. 192 16 Número de enterramentos divididos por tipo de sepultura e subperíodos da Idade do Ferro. 193 Referências dos Mapas e Plantas

Número Descrição Créditos e Referências Pág.

Mapa político da Grécia com suas regiões, Mapa 1 em destaque para a região da Argólida e suas Dal Pino, D. (Produção Gráfica MAE / USP) 234 municipalidades. Piérart, M. et Gilíes, T. Argos. 1996, p. Região da Argólida destacando os sítios Mapa 2 235 analisados. 10. Tratamento da imagem: Dal Pino, D. (Produção Gráfica MAE / USP) Mapa de Argos com as áreas de concentração Mapa 3 236 de enterramentos. Dal Pino, D. (Produção Gráfica MAE / USP) Mapa de Argos com a distribuição dos Mapa 4 enterramentos do SM. Dal Pino, D. (Produção Gráfica MAE / USP) 237 Mapa de Argos com a distribuição dos Mapa 5 238 enterramentos do PG. Dal Pino, D. (Produção Gráfica MAE / USP) Mapa de Argos com a distribuição dos Mapa 6 Dal Pino, D. (Produção Gráfica MAE / USP) 239 enterramentos do GA. Mapa de Argos com a distribuição dos Mapa 7 Dal Pino, D. (Produção Gráfica MAE / USP) 240 enterramentos do GM. Mapa de Argos com a distribuição dos Mapa 8 Dal Pino, D. (Produção Gráfica MAE / USP) enterramentos do GR. 241 Mapa de Argos com a distribuição dos Mapa 9 Dal Pino, D. (Produção Gráfica MAE / USP) 242 enterramentos do Período Geométrico. Planta de Tirinto com as áreas de Planta 1 concentração e a totalidade de enterramentos Dal Pino, D. (Produção Gráfica MAE / USP) 243 datados da Idade do Ferro. Planta de Asine com as áreas de Planta 2 Dal Pino, D. (Produção Gráfica MAE / USP) 244 concentração de enterramentos. Planta de Micenas com as áreas de Planta 3 Dal Pino, D. (Produção Gráfica MAE / USP) 245 concentração de enterramentos. Planta de Náuplia com a distribuição dos Planta 4 Dal Pino, D. (Produção Gráfica MAE / USP) 246 enterramentos do GR. Fig. 1 - Quadro cronológico comparativo da Idade do Ferro para as regiões da Ática e da Argólida, segundo A. M. Snodgrass. Fig. 2 - Quadro cronológico comparativo do Período Geométrico na Argólida (cerámica argiva), segundo R Courbin e J. N. Coldstream.

Camila Diogo de Souza

Introdução

Conforme expusemos no Prefácio, os a região escolhida e apresentar algumas objetivos desta pesquisa correspondem à características gerais dos contextos funerários reunião, catalogação e ao exame sistemático (em especial, o tipo de enterramento e os tipos dos contextos funerários, datados entre o de sepultura). Tais considerações devem servir, intervalo do século XI ao VIII a.C. (denominado dessa maneira, como referências para a análise Idade do Ferro), nos principais sítios da região detalhada dos contextos funerários, através da Argólida, Grécia: Argos, Tirinto, Asine, dos vários aspectos das práticas mortuárias, Micenas, Náuplia e Lerna (Mapas 1 e 2). Tal que será conduzida nos capítulos que seguem. tratamento do material arqueológico possibilita Isto não significa dizer que essas características uma compreensão mais pormenorizada dos gerais constituem verdades fixas e absolutas. costumes funerários da região, na tentativa Inversamente, o exame do material proposto de levantar considerações sobre padrões de nesta pesquisa permite, muitas vezes, nuançar, enterramento e de comportamento sociocultural pormenorizar e reconsiderar tais considerações. e de revelar semelhanças e particularidades em A região da Argólida está localizada relação aos costumes praticados em cada uma na península do Peloponeso, porção leste, e das comunidades selecionadas para análise. geograficamente é delimitada por cadeias de Além disso, permite, em última instância, expor montanhas, a oeste pelos montes Parthenio, e entender mudanças em relação aos padrões Ktenias, Artemisio, Lyrkeio e Trachi e a leste funerários e ao comportamento sociocultural para pelos montes Oligyrtos, Farmakas, Megalovouni, cada subperíodo da Idade do Ferro, principalmente Psili Rachi e Trapezona. Ao norte, faz divisa com durante o século VIII a.C., momento de a região de Corinto e a oeste com a região da transformações e adaptações que expressam o Arcádia. A partir de uma reforma governamental processo de formação da pòlis argiva. geopolítica datada do início de 2011, a região As páginas introdutórias subsequentes foi dividida em quatro grandes municipalidades: correspondem a um panorama geral e uma Argos-Micenas, Náuplia, Epidauro e Ermione avaliação do estado atual do objeto de estudo (Mapa 1). Cada uma delas é composta por um selecionado, os quais que têm como função conjunto de cidades relacionadas na listagem a contextualizar geográfica e cronologicamente seguir:

27 SOUZA, C. D. As Práticas Mortuárias na região da Argólida entre os séculos XI e VIII a.C. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, Suplemento 13, 2011.

Municipalidades Cidades / comunidades integradas Achladokamos (Kotvóxr|xa AxAxôoKáp7iou) Aleas (Koivórrira AXéaç) Argos (Áf||xoç Apyouç) (Afjpoç Koi)TG07to8íou) Argos-Micenas Lerna (Af|poç Aépvaç) Lirkeia (Afipoç Auptceíaç) Micenas (Afipoç MuKrjvaícov) Nova Kios (Afipoç Néaç Kíon) Asine (Afipoç Aoívr|ç) Midéa (Afipoç Miôéaç) Náuplia Náuplia (Aripoç NaimXíou) Nova Tirinto (Aripoç Néaç TípovGaç) Asklipios (AfipOÇ AoKÀ,T17U£ÍOt)) Epidauro Epidauro (Af||xoç Emôaúpou) Ermione (Af|fioç Epptóvr|ç) Ermione Kranidi (Aqpoç Kpaviôíou)

As características geográficas da região (HR), que se estende por volta de 1550 a 1100 indicam que ela pode ser dividida em duas e é também denominado de Período Micênico, áreas distintas. A primeira delas, e onde se pois se trata do período de florescimento, de encontram as cidades mais importantes da maior desenvolvimento e de subsequente Argólida, é formada por uma extensa planície declínio da civilização micênica na Grécia com um formato triangular que apresenta cerca continental.1 O Heládico Antigo e o Heládico de 200 km2. A planície é constituída por solo Recente possuem uma segmentação muito aluvial, bastante fértil e, na área mais central, mais precisa, inicialmente, classificada em I, II estão localizados dois grandes rios sazonais de e III. No Heládico Recente III, a cisão é ainda fundamental importância na vida econômica da maior, fragmentando-se em III A, IIIB e IIIC. As região, o Inachos e o Charandros (ou Xérias). datas limites para cada subperíodo do Heládico A oeste, a planície é delimitada pelas cidades Recente III correspondem aproximadamente de Argos e Lerna, ao norte, por Micenas, pelo aos seguintes intervalos: HR IIIA (entre 1400 a Heraion Argivo, Berbati, Midéa (Dendra), a leste, 1300), HR IIIB (entre 1300 a 1200) e HR IIIC por Tirinto e Náuplia e a sudeste, por Asine. A (entre 1200 a 1100/1060). O HR IIIC ainda pode segunda área da Argólida corresponde a uma ser compartimentado em IIIC1 (ou IIIC inicial - região montanhosa, compreendendo os montes early), IIIC2 (ou IIIC médio - middle) e IIIC3 (ou Oligyrtos, Lyrkeio e Ktenias a oeste e Aderes, IIIC recente - late). Tais precisões cronológicas Arachnaio e Didymo a leste. para o HR são decorrentes, principalmente, A região da planície apresenta vestígios dos estudos exaustivos e sistemáticos das arqueológicos datados desde o Neolítico e, devido características formais e estilísticas da cerâmica à continuidade e a intensidade de ocupação até micênica conduzidos por A. Furumark (1941a; o final do Período Helenístico, adquiriu uma 1941b). importância baseada em elementos autóctones No final do Heládico Recente, revelando certo grau de independência em relação especificamente durante o HR IIIB, nota-se às demais regiões da Grécia. O Neolítico nesta um processo de colapso e dissolução do sistema região abrange aproximadamente entre 6000 político micênico e, a partir do HR IIIC, após e 2800 a.C. A partir de então, adentramos na denominada Idade do Bronze, compreendendo três grandes períodos: o Heládico Antigo (HA), 1 Todas as datas mencionadas que se referem aos que abrange aproximadamente de 2800 a 2100, diferentes momentos da história da Grécia Antiga são a.C. posteriormente o Heládico Médio (HM), entre e, quando indicam os limites cronológicos de um período, 2100 e 1550, e, finalmente, o Heládico Recente são sempre aproximadas.

28 Camila Diogo de Souza

1200, observa-se mudanças em todos os aspectos Micênico.2 O termo “Idade Obscura” (consagrado da vida nos sítios ocupados da região, inclusive (e pela língua inglesa como The Dark Age of principalmente) nas práticas mortuárias. Inicia- ou The Greek Dark Ages) é criado, dessa forma, -se, assim, por volta de 1100 a.C., a denominada para explicar o fosso temporal que iria do final do “Idade do Ferro Inicial”, composta por três século XI até o início do Período Arcaico, quando períodos principais, o Submicênico (SM), o teriam sido realizados os primeiros jogos olímpicos, Protogeométrico (PG) e o Período Geométrico em 776 a.C., marcando finalmente as origens do (G). Durante muito tempo, esta época foi mundo “glorioso” e “civilizado’' da pólis grega. denominada de “Idade Obscura” e considerada Esta situação só muda significativamente como a verdadeira “Idade Média” da história da por volta da segunda metade do século XX, Grécia Antiga. As causas dessa denominação são principalmente após a década de 1960. Neste de ordem filológica, pois encontra suas origens momento, alguns arqueólogos começam a se em um momento da história da Arqueologia em dedicar sistematicamente ao estudo da cultura que a documentação material possuía uma função material desse período e às escavações de meramente ilustrativa e complementar às fontes sítios que tiveram um processo de ocupação textuais. Durante o século XIX, a busca frenética relativamente contínuo durante toda “Idade e incansável do referente material das obras Obscura”, como Atenas, Argos, Lefkandi, homéricas, da sociedade homérica, resultará na Erétria, Tirinto, Micenas, Náuplia, Lerna, Zagoura, Nicória, Asine, entre outros.3 No final descoberta, por H. Schilieman, de uma sociedade da década de 1980 e início dos anos 1990, a ainda muito pouco conhecida, centrada política, situação já era inversa, e a “Idade Obscura”, religiosa e economicamente em torno de um passa a ser preferencialmente denominada de Palácio cercado por muralhas gigantescas que teve “Idade do Ferro Inicial” (Early Iron Age - EIA) como uma de suas principais localizações o sítio e considerada como um período fundamental de Micenas, na região da Argólida. Surge, dessa para o entendimento do processo de formação maneira, a denominação “civilização micênica” e consolidação da pólis. Contudo, a expressão e micênios (ou micênicos) para se referir a uma “Idade do Ferro Inicial” também levou a alguns cultura que, durante alguns séculos, dominou e problemas conceituais. Estudos mais recentes se espalhou por todo o Peloponeso e pela ilha de dos vestígios arqueológicos datados desse grande Creta, principalmente. intervalo de tempo (do século XI ao VIII a.C.) A descoberta dos abastados enterramentos proporcionaram seu detalhamento cronológico em dos Círculos Tumulares A e B e dos túmulos em subperíodos e de suas características, suscitando thóloi em Micenas levou Schilieman a acreditar contradições inerentes a tal terminologia. A que estava diante da comprovação material da maioria dos autores entende a Idade do Ferro existência da sociedade homérica. Contudo, Inicial como o todo, correspondente aos quatro a partir da década de 1950, M. Ventris e John Chadwick decifram grande parte do sistema de escrita encontrado nos contextos micênicos, 2 Uma discussão bibliográfica detalhada sobre as supostas a Linear B e, a partir daí, estabeleceram-se os invasões dóricas e suas conseqüências encontra-se no primeiros registros cronológicos dessa cultura, Capítulo 4. que teria tido seu período de apogeu entre 1600 3 Podemos afirmar que o primeiro estudioso responsável e 1200 a.C. No início do século XII, “povos por tal mudança na denominação e nos estudos sobre a bárbaros” supostamente vindos do norte da cultura material da “Idade do Ferro Inicial” foi C. Starr, Europa, os dórios, teriam invadido a Grécia seguido por A. M. Snodgrass e sua extensa lista de obras dedicadas aos diversos aspectos da “Idade do Ferro Inicial” e destruído a “civilização micênica”, sendo Seus estudos, ao lado das obras de J. N. Coldstream, V. R. responsáveis pelas profundas mudanças nos d’A. Desborough e E Courbin, configuram um verdadeiro costumes e caracterizando o início de um período marco nos estudos sobre a “Idade do Ferro Inicial”, “obscuro”, marcado pela ausência da escrita, por propondo uma cronologia comparativa e específica para uma brusca queda populacional e pela confecção cada região da Grécia durante este período. Até hoje, suas obras são consideradas como referências de metodologia dos artefatos em ferro considerados rústicos de análise e de classificação principalmente do material pelo pensamento colecionista do século XIX e, cerâmico e dos aspectos funerários do Período Geométrico. consequentemente, inferiores, em contraste com Para uma listagem completa das obras de Snodgrass e dos os ricos artefatos em ouro e bronze do Período demais autores citados, vide as referências bibliográficas.

29 SOUZA, C. D. As Práticas Mortuárias na região da Argólida entre os séculos XI e VIII a.C. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, Suplemento 13, 2011.

séculos, isto é, do XI ao VIII a.C. Porém, alguns da Grécia Central durante o mesmo período, utilizam o termo para se referir apenas aos principalmente em algumas áreas do Peloponeso, períodos, de fato, iniciais da “Idade Obscura” em particular a Argólida, por meio do exame do ou seja, abarcando apenas o Submicênico desenvolvimento da produção cerâmica argiva, e o Protogeométrico e excluindo o Período também proveniente dos contextos funerários. Geométrico. Dessa forma, atualmente, a expressão De outro lado, V. R. d’A. Desborough (1964: mais genérica “Idade do Ferro” tomou-se um termo 17-20, 28), A. M. Snodgrass (1971: 31-40) mais ampla e adequadamente utilizado para se e J. N Coldstream (1968) defendem que as referir ao intervalo entre os séculos XI e VIII a.C. manifestações do Submicênico nas demais regiões As denominações atribuídas aos subperíodos da Grécia seriam uma variante geográfica do da Idade do Ferro também suscitam alguns material encontrado em Atenas, em Salamis e em problemas de caráter epistemológico e algumas Lefkandi e, dessa forma, não configuraria uma fase divergências entre os especialistas. As primeiras delimitações cronológicas da Idade do Ferro são cronológica distinta, com características específica provenientes das intensas escavações realizadas e autónomamente estabelecidas. Portanto, o no Cemitério Arsenal na ilha de Salamis ainda no emprego genérico do termo para todas as regiões, final do século XIX, em 1893, por R Kawadias. com exceção da Atica, da Eubeia e das Cíclades, A grande quantidade de material cerâmico seria errôneo e inapropriado. Alguns anos mais proveniente dos contextos funerários foi estudada tarde, J. Rutter (1978) publica um artigo bastante por S. Wide e publicada em 1910. Tal estudo foi controverso questionando a existência de tal responsável pela identificação de estilos decorativos subperíodo e defendendo até mesmo o abandono bastante distintos em relação àqueles que do termo Submicênico. As manifestações do caracterizavam as fases finais do Período Micênico. estilo cerâmico que teriam caracterizado tal termo Esse “novo” estilo cerâmico foi denominado seriam, na verdade, um estilo cerâmico ateniense de “Salamis style” e seria caracterizado por tipicamente funerário correspondente ao HR motivos geométricos estilizados introduzidos por IIIC3 (ou HR IIIC recente - late) na classificação mudanças fundamentais na técnica de produção de A. Furumark. cerâmica, como, por exemplo, a utilização do Atualmente, apesar da expressão compasso múltiplo para o desenho do semi- -círculo e do círculo concêntricos. Na década de “Submicênico” ainda ser utilizada de forma 1930, T. C. Skeat, a partir da análise da cerâmica genérica para designar um curto período inicial proveniente de alguns contextos funerários do da Idade do Ferro, a maioria dos pesquisadores Cemitério do Cerâmico em Atenas, identificou reconhecem que tal estilo encontra expressão um estilo particular que estaria delimitado em poucas regiões da Grécia no mesmo período cronologicamente entre o final da Idade do Bronze e provém exclusivamente da cerâmica de e o “Salamis style”. Skeat denomina este estilo contextos funerários. O uso do termo deve levar peculiar ateniense de Submicênico e o “Salamis em consideração, dessa forma, os problemas style” seria correspondente ao Protogeométrico conceituais da caracterização do estilo Submicênico (Skeat 1934: 28). Skeat, a princípio, cria e utiliza enquanto uma fase histórico-cronológica o termo Submicênico como uma denominação distinta, abrindo a possibilidade para explicar provisória, até que se compreendesse e classificasse tais manifestações e diferenças estilísticas como sistematicamente os estilos da cerâmica do final resultados de mudanças diacrônicas e não como da Idade do Bronze. Contudo, mesmo após o uma simples variação sincrónica (Papadopoulos et estudo exaustivo de A. Furumark sobre a cerâmica alii 2011: 199). micênica, estabelecendo as características e No caso da região da Argólida, o estudo cronologias detalhadas para a cerâmica do HRIIIC, exaustivo e sistemático da produção cerâmica o termo cristaliza-se como uma fase cronológica específica, delimitada entre 1100 e 1050. argiva realizado por P Courbin demonstra que Cerca de 30 anos após o primeiro uso durante toda a Idade do Ferro a região, centrada do termo Submicênico, J. Deshayes (1966) e na comunidade argiva, possui características C.-G. Styrenius (1967) argumentam a favor e manifestações estilísticas próprias que de uma fase cronológica com características proporcionam especificidades cronológicas, próprias que são verificadas em outras regiões distinguindo-se da cronologia dos subperíodos

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estabelecida para a Ática.4 Além de E Courbin, J. N. Coldstream propõe recortes cronológicos J. Deshayes, a partir do estudo dos vasos distintos àqueles estabelecidos por R Courbin cerâmicos dos enterramentos encontrados na para o Período Geométrico: GA (entre 900 e área da Deiras em Argos, comprovou que as 830/820), GM (de 830/820 a 750) e GR (de 750 a características estilísticas e formais da cerâmica 690). Coldstream também divide cada subperíodo do Submicênico também se manifestavam na em I e II, porém o GR II não apresenta as cisões região da Argólida (Deshayes 1966). Dessa mais precisas a, b, c: GA I (900 a 880/870), GA forma, apesar dos problemas epistemológicos da II (880/870 a 830/820); GM I (830/820 a 800), utilização genérica da expressão “Submicênico”, GM II (800 a 750); GR I (750 a 730) e GR II a maioria dos pesquisadores, como o próprio (730 a 690) (vide Fig. 2 - Quadro cronológico J. Rutter, J. Papadopoulos e ainda os grandes comparativo do Período Geométrico na Argólida especialistas em Idade do Ferro e em cerâmica (cerâmica argiva), segundo P Courbin e J. N. geométrica, A. Snodgrass e J. N. Coldstream, Coldstream, p. 25). As diferenças mais marcantes concorda com E Courbin e J. Deshays, afirmando entre os limites cronológicos propostos pelos dois que tal subperíodo possui, de fato, expressões autores correspondem ao GM e ao GR. No geral, culturais próprias na Argólida, porém propõem os limites estabelecidos por Courbin são um pouco uma cronologia diferenciada em relação àquela posteriores comparados àqueles estabelecidos por indicada para a Ática. Na Argólida, o SM Coldstream. A cronologia indicada para a Argólida corresponde a um intervalo relativamente por J. N. Coldstream não está fundamentada no mais curto do que na região da Ática, ou seja, estudo detalhado do material cerâmico produzido aproximadamente entre 1060 e 1050 (vide Fig. na região. O autor estabelece a classificação 1 - Quadro cronológico comparativo da Idade cronológica, primordialmente, a partir do exame do Ferro para as regiões da Ática e da Argólida, sistemático do material ático e, posteriormente, segundo A. M. Snodgrass, p. 24). compara e analisa alguns exemplos da produção O subperíodo da Idade do Ferro subsequente cerâmica geométrica argiva. As especificidades ao Submicênico, o Protogeométrico (PG), tanto cronológicas do Período Geométrico propostas na Argólida quanto na Ática, corresponde a um por R Courbin levam em consideração precisões longo período que compreende desde a metade resultantes da análise estilística, formal e técnica do século X até o final do século IX, isto é, entre do material cerâmico argivo. Trata-se, assim, 1050 e 900. Neste momento, inicia-se o Período de um método de abordagem e classificação Geométrico, que pode ser dividido em outros três mais adequado no caso do estudo dos contextos grandes subperíodos: o Geométrico Antigo (GA), o funerários da Argólida, pois se baseia no estudo Geométrico Médio (GM) e o Geométrico Recente exaustivo e sistemático do material cerâmico (GR). Os limites cronológicos estabelecidos para proveniente dos contextos funerários e dos o Período Geométrico na Argólida modificam-se contextos habitacionais da região. As referências radicalmente em relação à Ática e constituem uma cronológicas utilizadas em nossa pesquisa questão complexa e controversa entre os autores. correspondem, portanto, àquelas classificadas por Segundo R Courbin, o GA corresponde a um longo P Courbin. período entre 900 e 820, o GM é identificado entre As mudanças que marcam a Idade do 820 a 735 e o GR abrange entre 735 a 700/690. Ferro como um todo, ocorridas após o colapso O autor divide cada subperíodo em duas fases e a dissolução do sistema político micênico, distintas I e II. Assim, de acordo com Courbin, podem ser resumidas através de transformações teríamos: GA I (900 a 860), GA II (860 a 820); na matéria-prima utilizada na confecção dos GM I (820 a 760), GM II (760 a 735); GR I (735 objetos em metal, na técnica de produção a 725) e GR II (725 a 700/690). As classificações cerâmica, nas dimensões e formas arquitetônicas detalhadas e precisas de Courbin ainda permitem e, significativamente, nos costumes funerários. compartimentar o GR II em três subfases distintas: O uso do ferro para a produção de artefatos GR lia (compreendendo de 725 a 720), GR Ilb (de generaliza-se, principalmente para armamentos, 720 a 715) e GR IIc (de 715 a 700/690). como espadas, pontas de lança, punhais, escudos, elmos e armaduras, mas também de outros objetos, como aqueles relacionados ao vestuário, 4 Trata-se da obra La Céramique Géométrique de l’Agolide. por exemplo, fíbulas, anéis, brincos e alfinetes. E. De Boccard : Paris, 1966. A produção cerâmica apresenta modificações

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no processo técnico e estilístico de fabricação funerários consagrados às comunidades dessa dos vasos. Surgem novas formas e a confecção região identificam alguns padrões mortuários dos vasos passa a ser feita em etapas. No caso da bem estabelecidos e característicos que, em ornamentação, as etapas se caracterizam através relação ao tipo de enterramento dado ao corpo, de faixas / bandas onde aparecem os motivos são manifestados pela inumação individual em geométricos configurados por formas inteiramente posição contraída.7 No que diz respeito ao tipo estilizadas e abstratas que vão preenchendo cada de sepultura, nota-se que fundamentalmente vez mais o espaço do vaso conforme adentramos três formas distintas são utilizadas: a cista, a cova no Período Geométrico. A rigidez, a simetria simples e o vaso funerário. Para os dois primeiros e o horror vacui marcam o desenvolvimento tipos de sepultura, a cista e a cova simples, a estilístico da cerâmica geométrica.5 A arquitetura posição contraída é caracterizada pelo indivíduo monumental dos palácios micênicos cede espaço deitado de costas e as pernas flexionadas para um para residências de pequeno porte com formato dos lados, esquerda ou direita do indivíduo. absidal e quadrado. Finalmente, as transformações Existem duas modalidades de cistas. A verificadas nos costumes funerários alcançam primeira corresponde a uma cavidade escavada todos os aspectos das práticas mortuárias, como, diretamente em uma grande e única rocha, sendo por exemplo, o tipo de enterramento dado ao utilizadas placas e pedras menores apenas para a corpo, o tipo de sepultura utilizada e as oferendas cobertura da mesma (Fig. 3). Este tipo de cista é depositadas com o morto. denominado “cista monolítica” ou “cista sarcófago” Quando comparada às demais regiões, e configura um exemplo de túmulo raramente a Argólida, durante toda a Idade do Ferro, utilizado na Argólia, concentrando-se no início apresenta padrões de práticas funerárias da Idade do Ferro, principalmente no SM.8 O bastante peculiares.6 Os estudos dos contextos segundo tipo de cista corresponde a uma fossa feita diretamente na terra e é totalmente revestida, nas laterais e na cobertura, com rochas (placas maiores ou pedras menores), geralmente, ricas 5 Os motivos geométricos de ornamentação são alvos de interpretações distintas e controversas. A abstração e a em calcário. O fundo da cista é habitualmente estilização oferecem formas variadas de leituras, tanto para deixado sem revestimento rochoso, porém a aqueles motivos constituídos por formas geométricas puras, disposição de uma camada de pequenos seixos como, por exemplo, os triângulos, losangos, meandros, etc., brancos sobre a qual o corpo do morto é depositado quanto (e principalmente) para aqueles motivos vegetais e aqueles que representam figuras animais e humanas. Para um estudo mais recente e considerações mais detalhadas sobre tais questões, incluindo referências bibliográficas Nessa Introdução, nos restringiremos a relacionar algumas atualizadas vide: Halm-Tisserant, M. 2010. Styles características e resultados gerais alcançados por Hágg géométriques et production céramique du Géométrique e Courbin que ainda hoje permanecem válidos para os grec. KTEMA 35: 123-162. estudos dos padrões de enterramento da Argólida como 6 A obra de R. Hägg (Die Gräber der Argolis in um todo. A análise detalhada dos tipos de sepultura submykenischer, protogeometrischer und geometrischer Zeit. relacionada às demais variáveis das práticas mortuárias, 1. Lage und Form der Gräber. BOREAS 7:1. Uppsala. como, por exemplo, idade, gênero e a configuração do 1974) e de R Courbin (Les Tombes Géométriques dArgos, I mobiliário funerário é apresentada nos Capítulos 3 e 4- (1952-1958). Etudes Péloponnésiennes VII. Ecole Française Tais capítulos incluem ainda reflexões sobre aspectos da d’Athénes, Paris: Librairie J. Vrin. 1974) constituem os organização social e das mudanças de caráter cultural, únicos estudos sistemáticos sobre os contextos funerários da social e político ocorridas durante os subperíodos da Idade Argólida (argivos no caso da obra de E Courbin) datados do Ferro. da Idade do Ferro. R. Hägg analisa exaustivamente apenas 7 Veremos que, com a análise detalhada dos duas características dos contextos: os tipos e as dimensões enterramentos por sítios, Asine constitui uma exceção em das sepulturas. Nossa pesquisa tem como objetivo atualizar praticamente todos os aspectos das práticas mortuárias, o levantamento desses contextos e levantar questões principalmente no que diz respeito à posição do corpo, pois relacionadas com outros aspectos das práticas funerárias, a maioria dos indivíduos encontra-se em posição estendida, principalmente, o exame do mobiliário funerário e da ou seja, deitada de costas com as pernas alongadas (Hàgg distribuição espacial dos enterramentos nos principais sítios 1974). As possíveis razões pelas quais a comunidade possui da região em cada subperíodo. Tais objetivos comporiam costumes tão distintos em comparação aos demais sítios são o segundo volume da obra de R. Hägg. Entretanto, o abordadas nos Capítulos 2 e 3. autor nunca terminou a pesquisa sobre tais atributos e, 8 Snodgrass denomina este tipo de cista de monolith-cist. gentilmente, nos cedeu as informações recolhidas para a (Snodgrass 1971: 142; 152). Hãgg prefere chamá-la de redação do volume II, atualizadas até a década de 1980. Steinsarkophag. (Hãgg 1974: 150-151).

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Fig. 3 - T (695), correspondente ao T XXXIX. Fig. 4 - T (128), correspondente ao T. 263. Argos. Micenas. Cista monolítica ou sarcòfago. Fundo da cista com seixos.

Fig. 5 — Desenno esquematico aa cista em ^mnosiaienKisie. vista laierai e rrontai. cxempio ae cista revestida e coberta com três placas de pedra.

também é bastante recorrente nos contextos Esta segunda modalidade de cista escavada funerários da Argólida (Fig. 4). O formato da cista diretamente na terra ainda pode ser dividida em predominantemente usado é o retangular, mesmo três tipos, de acordo com a classificação proposta para abrigar os corpos em posição contraída. por R. Hãgg (1974: 109). O primeiro tipo e o Contudo, o formato quadrado também é utilizado mais característico é denominado Orthostatenkiste em algumas sepulturas. Em raros casos, as cistas (cista em ortóstato - orthóstato).I0 Trata-se de possuem contornos mais arredondados ou uma fossa totalmente revestida com placas de ovalados. As dimensões das cistas variam bastante, calcário que podem variar de tamanho, espessura principalmente em decorrência do fenômeno de reutilização das sepulturas no final da Idade do Ferro, quando tendem a ser maiores.9 10 Do grego, o termo “opGóoiaxo” significa, literalmente, uma pedra reta, com ângulos retos, isto é, uma placa de pedra, uma laje. Em português, o termo transliterado 9 Para a análise detalhada dos tipos das cistas e suas corresponde à forma osthóstato, porém, já é consagrado dimensões: Hágg 1974: 108-136. Em especial sobre o exame como ortóstato. Houaiss. Dicionário Eletrônico da Língua das dimensões das cistas durante os subperíodos da Idade Portuguesa. Versão 1.0. Dezembro de 2001. Editora do Ferro, vide Abb. 33, p. 125. Objetiva Ltda. Vide verbete “ortóstato’'

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e forma, mas, em geral, são retangulares, grandes e cobertura (Figs. 7 e 8). As placas utilizadas neste espessas. As sepulturas podem possuir três, duas ou tipo de cista são, em geral, mais finas e menores apenas uma única grande e espessa placa de pedra quando comparadas às cistas em ortóstato. O dispostas em cada das paredes da cista, bem como segundo tipo, Mauerkiste (cista em muro), é em sua cobertura (Figs. 5 e 6). construído quase totalmente com lajes mais finas e menores ou com pequenas pedras de calcário, assemelhando-se a um muro edificado com tijolos. A cobertura pode apresentar apenas pedras ou algumas placas associadas (Figs. 9, 10, 11 e 12). Verificamos, assim, que as denominações destes dois tipos de cista estão intimamente relacionadas com o aspecto visual resultante da utilização de placas de pedra e pedras menores na construção da sepultura.

Fig. 6 - T (816), correspondente ao T 6. A. Karantzi. Argos. Exemplo de Orthostatenkiste (cista em ortóstato) revestida com uma única grande e espessa placa de pedra em cada parede.

Os outros dois tipos de túmulo em cista são denominados por Hâgg de Orthostatenmauerkiste (cista em muro e ortóstato) e Mauerkiste (cista em muro) (Flãgg 1974: 109). O primeiro é constituído pela associação de grandes lajes e pedras Fig. 8 - T (703), correspondente ao T. G.607. menores de calcário utilizadas principalmente na Micenas. Exemplo de Orthostatenmauerkiste (cista em construção das paredes da cista, mas também da muro e ortóstato).

Fig. 7 - Desenho esquemático da Orthostatenmauerkiste. Vista lateral e frontal.

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Fig. 9 - Desenho esquemático da Mauerkiste. Vista lateral e frontal.

Fig. 10 - T (132), correspondente ao T. 278. Argos. Fig. 11 - T (132), correspondente ao T. 278. Argos. Mauerkiste. Sepultura fechada, cobertura. Mauerkiste. Sepultura aberta

Fig. 12 - T (559), correspondente ao T 1971/1. Tirinto. Exemplo de Mauerkiste (cista em muro).

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Fig. 13 - Desenho esquemático do Fig. 14 - Desenho esquemático Fig. 15 - Desenho esquemático pito piriforme. do pito ovoide. do pito cilíndrico.

Fig. 16 - C.3966, pito ovoide, T (109), correspondente ao T. 191 (esquerda) e C.3967, pito piriforme, T (108), correspondente ao T. 190 (direita). Argos.

Os três tipos de cistas (a Orthostatenkiste, em ortóstato e a cista em muro caracterizam a a Orthostatenmauerkiste e a Mauerkiste) são maioria dos enterramentos. No PG, a cista em utilizados durante toda a Idade do Ferro; ortóstato corresponde quase à totalidade das contudo, é possível verificar uma preferência sepulturas. Conforme adentramos no Período específica pelo uso das diferentes modalidades Geométrico, a situação torna-se um pouco mais de cista em cada subperíodo da Idade do complexa. No GA, nota-se uma permanência Ferro. No geral, a quantidade de cistas em do padrão do PG, caracterizado pelo uso da ortóstato (Orthostatenkiste) e de cistas em cista em ortóstato, porém o número de cistas muro (Mauerkiste) é muito superior comparada em ortóstato e muro apresenta um crescimento à quantidade de cistas em ortóstato e muro acentuado. Durante o GM, percebemos que a (Orthostatenmauerkiste) quando analisamos o cista em ortóstato e muro corresponde à maioria total de enterramentos da Argólida durante dos enterramentos. Já no GR, os três tipos de toda a Idade do Ferro. Durante o SM, a cista cista são frequentemente utilizados, porém a

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quantidade de cistas em ortóstato e de cistas em Finalmente, o terceiro tipo de sepultura muro cresce de forma acentuada, enquanto o utilizado nas comunidades da Argólida entre os número de cistas em ortóstato e muro diminui séculos XI e VIII a.C. corresponde à cova simples. significativamente. Contudo, a porcentagem Trata-se de uma fossa escavada diretamente na de cistas em ortóstato e muro ainda é maior em terra que não possui qualquer tipo revestimento relação aos demais tipos de cistas.11 nas paredes, porém, às vezes, pode apresentar O outro tipo de sepultura recorrentemente algum tipo de cobertura, principalmente, placas utilizado nos enterramentos da Idade do Ferro de pedra, ou então, um conjunto de pedras na Argólida é o vaso funerário. Em geral, os pequenas (Figs. 17 e 18). O fundo, normalmente, vasos cerâmicos utilizados possuem grandes é forrado com pequenos seixos brancos.14 Os dimensões e, em relação à forma, correspondem padrões e a frequência de uso da cova simples ao pito, à cratera e à ánfora para a maioria também apresentam ordenações cronológicas. dos enterramentos, mas também à píxide. Nota-se que a distribuição dos enterramentos Usualmente, os vasos funerários são depositados em cova simples durante a Idade do Ferro é na posição horizontal em uma fossa cavada totalmente distinta em comparação com os diretamente na terra e podem apresentar uma enterramentos em cistas e, principalmente, em única placa de pedra, várias pedras pequenas, ou vasos funerários. As covas simples tendem a outro vaso também de grande porte colocados aparecer em maior quantidade nos dois primeiros sobre a abertura, tampando-o. A forma do pito subperíodos da Idade do Ferro, sobretudo durante constitui um elemento fundamental no processo o SM. Apesar da quantidade de covas simples ser de datação dos contextos funerários. Os pitos praticamente constante durante todo o Período utilizados durante o Período Geométrico são Geométrico, observa-se certo declínio do número exclusivamente de formato ovoide ou piriforme de covas simples em direção ao GM e GR. (Figs. 13, 14, 15 e 16). Os pitos de formato Durante o GR as covas simples correspondem a cilíndrico aparecem apenas no século VII a.C. uma porcentagem bastante pequena em relação e, portanto, são característicos do Período ao total de enterramentos.15 Arcaico.12 Visando ao cruzamento da tipologia dos Os padrões de utilização dos vasos durante a túmulos, aqui apresentada de maneira sintética, Idade do Ferro na Argólida também possuem uma com a análise detalhada dos demais aspectos ordenação cronológica nítida. Durante o SM, não das práticas mortuárias, como, por exemplo, há exemplos de enterramentos em vasos funerários a idade, o gênero, a posição e a orientação do em nenhum sítio da região. Os vasos começam corpo, a configuração do mobiliário funerário a ser utilizados para sepultar os mortos apenas e a distribuição dos enterramentos em relação no final do PG e a partir do Período Geométrico, às áreas de habitação nos principais sítios da apresentam um crescimento linear abrupto e Argólida durante a Idade do Ferro, o presente acentuado em direção ao final da Idade do Ferro, estudo organiza-se da seguinte forma. O ultrapassando o número de cistas no GR II.13 primeiro capítulo consiste em uma discussão teórico-metodológica sobre a Arqueologia das Práticas Mortuárias, apontando e

11 Para o exame exaustivo da frequência de uso dos tipos de cista em cada subperíodo da Idade do Ferro: Hâgg 1974: 129-136. Em destaque, Abb. 35, p. 130. 14 Para uma análise um pouco mais detalhada sobre as 12 Para o exame detalhado das formas dos vasos funerários e formas das covas simples e suas dimensões: Hágg 1974: suas dimensões: Hágg 1974; 136-149. Em especial as tabelas 100-108. Em especial, as Tab. 23 e Tab. 24, p. 101, com de distribuição dos enterramentos em vasos funerários nos a distribuição das covas simples por sítios da Argólida e subperíodos da Idade do Ferro, Tab. 35 e Tab. 36, p. 148. por períodos da Idade do Ferro. Para algumas conclusões As considerações conceituais sobre as formas dos vasos oriundas de uma análise comparativa do uso dos três tipos são apresentadas no Capítulo 2 desta obra e a análise de sepultura durante a Idade do Ferro: Hãgg 1974: 159- pormenorizada das formas dos vasos funerarios em relação -161. Em destaque as Tab. 39 e Tab. 40, p. 160. aos demais atributos das práticas mortuárias, como idade e 15 As reflexões sobre as prováveis causas desse fenômeno mobiliário funerário encontram-se nos Capítulos 3 e 4. e suas relações com os demais aspectos das práticas 13 Reflexões sobre as razões pelas quais tais mudanças nas mortuárias, como por exemplo, idade, gênero e mobiliário práticas funerárias ocorrem durante o GR são relacionadas e funerário são apresentadas no Capítulo 3 e, principalmente, analisadas no Capítulo 3 e, principalmente, no Capítulo 4. no Capítulo 4.

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Fig. 17 - T (066), correspondente ao T. 124. Fig. 18 - T (066), correspondente ao T. 124. Argos. Argos. Placas de cobertura da cova simples. Enterramento em cova simples.

debatendo as principais linhas de abordagem assim, a um longo capítulo de análise intrassítio, interpretativas dos contextos funerários e através do qual as categorias metodológicas visando a instrumentalizar os recursos teóricos de análise explicitadas no Capítulo 2 são necessários, disponíveis e adequados para a detalhadamente examinadas sítio por sítio e análise do material selecionado. No Capítulo subperíodo por subperíodo da Idade do Ferro. 2, expomos a metodologia utilizada para a Finalmente, o Capítulo 4 apresenta uma elaboração do corpus documental, discutindo comparação dos dados intersítios, levantando os atributos e critérios utilizados para a reflexões e propondo um novo olhar sobre os classificação e o exame dos contextos funerários padrões verificados nas práticas mortuárias e propondo novas abordagens e leituras do que caracterizam cada subperíodo da Idade do material inédito. Ferro. Trata-se, dessa forma, de um capítulo A partir desse momento, entramos na conclusivo que busca entender e alcançar segunda parte da pesquisa que diz respeito à aspectos da organização social das comunidades análise propriamente dita do extenso material estudadas e a relação entre elas nos diferentes catalogado. O terceiro capítulo corresponde, subperíodos.

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Capítulo 1

A Arqueologia das Práticas Mortuárias: fundamentos e perspectivas

I) O termo Arqueologia das Práticas Mortuárias ausência na dinâmica da sociedade vivente, e seus usos. Quando, onde, por quê? encontra-se em sua nova morada e adquire um novo papel social. O túmulo é a tentativa A morte se constitui como um fato de superar a ausência, de fixar a presença do universal marcado pela certeza, pela ausência morto, o lugar onde se dá o enterramento, seja e por mistérios que proporcionam às pessoas na forma da inumação ou dos restos de uma e aos mais diferentes agrupamentos humanos cremação, onde o morto é visitado e lembrado formas de representações e atitudes variadas, pelos amigos e familiares. 1 desde os tempos mais remotos até nossos dias. De outro lado, a morte abrange aquelas Médicos legistas, etnógrafos, antropólogos, práticas rituais que não proporcionam etnólogos, arqueólogos, teólogos, religiosos e resquícios, como, por exemplo, o conjunto cientistas em geral, entre outros, criam teorias de cerimônias simbólicas de lamentação distintas e elaboram um conjunto de ações executadas junto ao morto antes do padronizadas a fim de entendê-la, decifrá-la, enterramento ou, ainda, outros tipos de rituais retardá-la, ou, então, para tentar confortar os executados pelos vivos durante a preparação e o vivos da natureza de sua inevitabilidade e da incerteza do porvir. Enquanto fenômeno físico e biológico, a morte pode ser estudada pelo legista e pelo antropólogo físico, concentrando 1 Conforme propõe Pierre-Yves Balut, o túmulo configura seu objeto na causa mortis e nas circunstâncias o sêma (orjpa, xó) que, literalmente em grego antigo, através das quais ela teria ocorrido; como, quer dizer marca, sinal, monumento, tumba e indica o reconhecimento da sociedade do lugar do morto quando de que forma, há quanto tempo, se teria este teria deixado de existir enquanto ser humano, enquanto sido instantânea ou não, etc. Enquanto pessoa social. O túmulo, como uma marca física e material fenômeno social e humano, a morte possui (como sêma), corresponde, dessa forma, ao hábitat do morto duas características culturais fundamentais. e enquanto marca simbólica, possui a função de guardar a De um lado, ela envolve uma série de práticas memória do morto, com outras atividades que integram o rituais que produzem um conjunto de vestígios conjunto das práticas funerárias. Estas demais atividades constituem a outra face dos rituais funerários, denominada materiais remanescentes, como, por exemplo, pelo autor de mnêma (pvTjpa, xó) que, literalmente, quer o túmulo, por definição, o local específico do dizer monumento, túmulo, memorial, mas exerce, neste indivíduo que, apesar de, a partir de então, sentido, a função simbólica de preservar a memória do morto apresentar um novo estatuto caracterizado pela na sociedade (Balu 1986: 328).

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tratamento do corpo do morto; danças, músicas, artigos da RAMAGE o termo “Arqueologia discursos, mutilações, queima de ervas, uso de Funerária” (Archéologie Funéraire), ou ainda, vestimentas próprias, etc. 2 “Arqueologia dos Cemitérios” (Archéologie des Estudar a morte, então, significaria abordá- Cemitières) .4 Dentre toda essa multiplicidade de —la a partir de algum de seus aspectos, sejam termos existente atualmente, preferimos utilizar a físicos e biológicos ou sociais e humanos. Porém, denominação Arqueologia das Práticas Mortuárias seria extremamente difícil analisá-la segundo (Ribeiro 2002) 5, pois, conforme indicamos acima, suas próprias definições abstratas, tentando acreditamos que este termo ressalta a questão materializá-la. Se pensarmos, portanto, nos das práticas e nos remete fundamentalmente, pressupostos da arqueologia, principalmente dessa forma, ao objeto de estudo do arqueólogo: centrados no seu objeto de estudo, a cultura os vestígios da cultura material produzidos pelos material, entendemos que um estudo sobre a vivos. Dessa maneira, consideramos que a cultura morte neste campo não se dê enquanto a própria material possui dois aspectos fundamentais: 1) morte como objeto ou como fim último, mas a relação humana com o mundo material, dos enquanto fenômeno humano que proporciona objetos e 2) a relação dos homens entre si, uns com os outros (Matthew 2004: 123). Ambos vestígios materiais passíveis de análise das práticas os aspectos fazem com que a cultura material, rituais exercidas por uma determinada sociedade. portanto, seja caracterizada por significação; quer No caso das práticas que não produzem resquícios dizer, ela é, ao mesmo tempo, produto e vetor materiais, poder-se-ia recorrer, quando possível, à das relações sociais, passível de leitura a partir documentação textual. de um processo de abstração e de amostragem, Por volta da década de 1970, nos Estados seriação e repetição, tanto quantitativa quanto Unidos e na Inglaterra, cunhou-se o termo qualitativamente (Meneses 1983a). “Arqueologia da Morte” (Archaeology of Death) Os contextos funerários, dessa forma, para designar todos aqueles estudos que tratavam correspondem à cultura material produzida pelas dos diversos aspectos relacionados à morte práticas funerárias, não somente através do e tinham como objeto central de análise os túmulo em si, mas também do material utilizado enterramentos das mais variadas sociedades da para confeccionar e elaborar o túmulo como um Antiguidade. O uso do termo generalizou-se, todo (por exemplo, um vaso, uma construção entretanto; muitas vezes, os autores não faziam nenhuma consideração mais cautelosa a respeito do conceito em si e de seus usos.3 Na França, já na década de 1980, observamos o uso de termos 4 RAMAGE 1 (1982), p. 111. Já no voi. 2, de 1983, observamos o uso do termo “Arqueologia da Morte’’ um pouco diferenciados. O mais importante (Archeologie de la Mort) também pelos franceses da deles é “Ideologia Funerária” (Idéologie Funéraire), RAMAGE. definido por Jean-Pierre Vemant (1982b). 5 O termo práticas mortuárias havia sido utilizado Contudo, também encontramos presentes nos por Lewis Binford já na década de 1970 com a Nova Arqueologia, referindo-se às dimensões incorporadas nos rituais funerários (Binford 1971). Atualmente, muitos autores utilizam o termo praticas mortuárias ou funerárias 2 Segundo Jean-Pierre Vemant, as cerimônias simbólicas nos estudos arqueológicos, como, por exemplo, Feldore que não produzem registro material fazem parte de um McHugh (1999). Todavia, o termo Arqueologia das conjunto maior de símbolos utilizados pelos grupos Práticas Mortuárias foi formalmente cunhado e definido na humanos (as crenças, os rituais, as religiões) para mediar o dissertação de mestrado defendida por Marily. S. Ribeiro mundo presente, visível, palpável e o mundo dos mortos, na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da invisível, desconhecido. E esse conjunto que estabelece Universidade de São Paulo. Concordamos com a autora as relações entre os dois mundos, definindo suas regras sobre as especificações e os usos do termo, e acreditamos e instituindo o equilíbrio e a ordem no mundo dos vivos que se trata de um termo mais apropriado em relação aos (Vemant 1982b: 5-16). estudos sobre a morte no campo arqueológico devido à 3 Por exemplo, na coletânea de artigos da obra de R. ênfase atribuída às práticas rituais e ao produto material Chapman, I. Kinnes e K. Randsborg não encontramos resultante dessas práticas, portanto, a cultura material, qualquer capítulo introdutório, ou sequer uma preocupação objeto de estudo do arqueólogo. O termo Arqueologia da em discorrer ou discutir os pressupostos e as bases de tal Morte, a princípio, não denota tais preocupações e pode denominação. Há apenas a utilização recorrente do termo, indicar uma abordagem genérica da morte, a partir de seus aceitando seus princípios e fundamentos (Chapman, Kinnes aspectos abstratos, contraditoriamente aos pressupostos and Randsborg 1981). arqueológicos (Ribeiro 2002: 6-8).

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em pedra, o uso de uma lápide etc.), do tipo Essa situação é transformada definitivamente de enterramento dado ao morto (inumação, quando, na década de 1960, os contextos cremação, exposição etc.), da maneira como funerários passam a ser entendidos como objetos o morto é depositado na sepultura (deitado de empíricos expressamente arqueológicos, a partir costas com as pernas estendidas ou dobradas, dos pressupostos teórico-metodológicos da deitado de lado com as pernas dobradas, de Nova Arqueologia (ou também denominada bruços, de cócoras etc.) e através dos objetos que Arqueologia Processual), que encontra em L. são colocados com o morto. Todos esses elementos R. Binford, um de seus principais fundadores e materiais são produtos dos rituais funerários líderes (Binford 1962, 1983). A Arqueologia passa executados por uma determinada sociedade e a ser vista como uma disciplina científica que são caracterizados por representação e não por utilizava os recursos metodológicos das ciências reificação. Assim, seus significados sociais são exatas para alcançar análises precisas e rigorosas configurados através da relação entre os contextos que levassem às generalizações, regras e padrões funerários (em última instância, a cultura capazes de explicar os diferentes comportamentos material) e o sistema cultural que os produziu. das sociedades. Tais generalizações ultrapassam As características dessa relação têm sido alvo de as especificidades culturais e são testadas a partir interpretações variadas e disputas há mais de 30 da comparação com uma exaustiva quantidade de anos, indicando diferentes abordagens teórico- casos etnográficos, utilizando método hipotético- -metodológicas na análise do material proveniente —dedutivo. O recurso analógico possibilitou a dos contextos funerários. E exatamente sobre os observação e a ênfase no reconhecimento de pressupostos, fundamentos e perspectivas dessas pontos semelhantes nas diferentes culturas, a correntes teórico-metodológicas que iremos análise transcultural (denominada de Cross- nos debruçar nas próximas páginas, visando a -Cultural Analysis) e, dessa forma, a proposição entendê-las a fim de indicar os recursos de análise das leis gerais que caracterizam as mais e os pontos de vista utilizados no estudo do nosso variadas formas do comportamento humano. E objeto de pesquisa, os contextos funerários na interessante notar que o arqueólogo formulava região da Argólida entre os séculos XI e VIII a.C. previamente as questões e as hipóteses, provenientes do corpo teórico da Antropologia, e recorria à documentação material como uma II) A reprodução das relações sociais nos forma de testá-las. contextos funerários. Os pressupostos da Nova Um dos primeiros autores que se Arqueologia. preocuparam com as definições da relação entre contextos funerários e organização social Os contextos funerários desde muito é W. Goodenough (1965), seguido de uma das tempo constituem alvo de pesquisas científicas poucas teses de doutorado mais lidas, utilizadas e no campo da Antropologia, da Sociologia, também criticadas (Morris 1991a: 147-48), que da História, da Etnologia e da Arqueologia. tiveram um profundo e, poderíamos dizer até No que diz respeito à Arqueologia, apesar da mesmo, único impacto no estudo das práticas sistematização de métodos arqueológicos de mortuárias: o estudo de Arthur A. Saxe (1970). escavações, datações, estratigrafía e análises Goodenough sintetiza os conceitos de identidade laboratoriais e de sua consolidação enquanto social, relações sociais e persona social que serão disciplina terem ocorrido ainda no final do século fundamentais nas definições das relações entre XIX, até por volta de meados do século XX a os contextos funerários e a organização social. A disciplina se encontrou profundamente arraigada identidade social corresponde ao que usualmente aos princípios teóricos da Antropologia e, da se denomina status social que, na verdade, mesma forma, os estudos dos vestígios funerários indica a função desempenhada pelo indivíduo na encontraram suas bases teórico-metodológicas sociedade; relações sociais são entendidas como os nas análises antropológicas e etnológicas. diversos papéis assumidos pelo indivíduo ao longo Podemos afirmar que durante o século XIX os de sua vida; e persona social como o conjunto contextos funerários ainda não recebiam um das várias identidades sociais do indivíduo, porém estudo sistemático, mas constituíam objeto de aquele conjunto selecionado em uma determinada curiosidades e coleções, verdadeiros produtos de situação e, consequentemente, considerado caça ao tesouro. apropriado para uma dada interação social.

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Tais conceitos são apropriados e reelaborados objetos depositados nos enterramentos. Em por A. Saxe (1970), combinando arqueologia e um determinado domínio mortuário, personae etnografía na análise dos contextos funerários e sociais de status mais baixo são evidenciados por levando em consideração determinadas dimensões uma quantidade menor de elementos positivos das práticas mortuárias que se caracterizam por (componentes presentes no enterramento, o dois status diferentes do morto, o status atribuído mobiliário funerário) e vice-versa. (referente ao status social do morto, diretamente Tais hipóteses foram testadas e comprovadas relacionado à riqueza e às relações de poder) e o nos três casos etnográficos analisados e, segundo status adquirido (como sexo, idade e etnia). Isto Saxe, as três são passíveis de constatação quer dizer que, para o autor, a partir dos contextos arqueológica, uma vez que os enterramentos funerários, é possível reconstruir a organização apresentam elementos distintivos coerentes com e a estrutura sociais. Os registros mortuários diferenciações de status atribuído, de um lado, e de contêm informações dos vários subsistemas das status adquirido, de outro. sociedades; econômico, tecnológico, biológico A última hipótese que trata especificamente e religioso e são analisados a partir do grau de do domínio mortuário, a Hipótese 4, na realidade redundância (correlação diversificada entre os é uma complementação à Hipótese 3, pois atributos dos contextos funerários) e de entropia estabelece uma relação diretamente proporcional (correlação paradigmática entre os atributos das entre as personae sociais do morto representadas práticas mortuárias). Tais análises resultam em em um determinado domínio e seu status social. esquemas classificatórios e na formulação de Quanto maior o status social do morto, maior a oito hipóteses gerais do comportamento humano quantidade de identidades sociais representadas no que são testadas por Saxe através do registro domínio mortuário e vice-versa. Tal hipótese foi etnográfico em três sociedades; os Kapauku- testada nos casos selecionados, porém confirmada -Papuans, da Nova Guiné, os Ashanti, do oeste da apenas entre os Kapauku-Papuans, que são África e os Bontoc Igorot de Luzon, nas Filipinas. classificados pelo autor como uma sociedade As hipóteses formuladas por Saxe dividem- igualitária. —se em dois grandes grupos. As Hipóteses 1 a A Hipótese 5 indica a relação direta entre 4 referem-se ao modo como as personae sociais o grau de redundância e entropia com os tipos estão diferentemente representadas em um de sociedade. Quanto mais paradigmáticos os mesmo tipo de tratamento (domínio) dado atributos evidenciados na Estrutura Chave7 ao morto.6 Já as Hipóteses 5 a 8 concernem à do domínio de tratamento do morto, menos maneira como as diferentes estruturas sociais complexa e mais igualitária será a organização são representadas de formas diferenciadas entre social. Inversamente, quanto maior a variabilidade os diversos tipos de tratamento (domínios) dos atributos da Estrutura Chave do domínio, dispensados ao morto. A Hipótese 1 indica que assemelhando-se a uma árvore, mais complexa e diferentes personae sociais são representadas em menos igualitária será a organização da sociedade. um domínio mortuário (tipos de tratamento A Hipótese 6 define uma relação inversamente dado ao morto) através da combinações de proporcional entre os componentes simbólicos vários atributos presentes no domínio. A do domínio de tratamento do morto com os Hipótese 2 estabelece a relação diretamente proporcional entre os princípios que definem as personae sociais e a organização das relações sociais em uma sociedade como um todo. Isto 7 A Estrutura Chave (Key Structure) do domínio do significa dizer que a estrutura social (seja ela tratamento do morto consiste na organização de elementos básicos formados pelo conjunto de práticas mortuárias que igualitária ou hierárquica) determina a natureza são comparados por Saxe à estrutura de uma árvore: quanto da persona social exteriorizada nas práticas menos elementos, mais simples, mais próximos à figura de mortuárias. A Hipótese 3 aponta a existência uma raiz; quanto mais complexos, maior a quantidade de de uma relação diretamente proporcional elementos presentes nos contextos funerários, o domínio entre as personae sociais e a quantidade de assemelha-se a uma árvore, com vários galhos e ramos. Dessa forma, compreendemos a Hipótese 5 - Quanto maior o grau de entropia do domínio (como uma raiz), mais igualitária a sociedade e vice-versa; isto é, quanto maior o 6 Domínio (domain) é entendido como os tipos de grau de redundância (como uma árvore), mais complexa e tratamento dados ao morto (Saxe 1970: 17, 42). hierárquica a organização da sociedade (Saxe 1970: 75).

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tipos de sociedade. Quanto mais igualitária e 1) Na medida em que os direitos de um simples a organização da sociedade, menor será a grupo corporativo, para usar e, ou, controlar quantidade de elementos simbólicos presentes nos recursos cruciais, porém restritos, são alcançados contextos funerários. A Hipótese 7 refere - e, ou, legitimados por meios de descendência -se à relação inversamente proporcional entre as linear com os mortos (por exemplo, laços lineares personae sociais desviantes da sociedade com os com ancestrais), tais grupos irão, através da tipos de sociedade. Quanto menor a variabilidade religião popular e sua ritualização, reafirmar no domínio do tratamento do morto desviante, regularmente os seus direitos. Ritualização mais simples e igualitária será a organização da significa a manutenção de uma área permanente, sociedade e vice-versa. especializada e cercada para a exclusiva deposição As Hipóteses 5, 6 e 7 foram testadas nos dos mortos. casos etnográficos analisados e não foram 2) Se existe uma área permanente, comprovadas em nenhum deles, apresentando especializada e cercada para exclusiva deposição resultados ambíguos. Porém, o autor chama dos mortos, então é provável que esta represente a atenção para o fato de que elas devem um grupo corporativo que tem direitos sobre o ser testadas em outras culturas, e indica a uso e, ou, controle de recursos cruciais, porém deficiência de dados como elemento responsável restritos. Esse controle corporativo é mais pelos resultados negativos. provável ser alcançado e, ou, legitimado através Finalmente, a Hipótese 8 indica que a de descendência linear com os mortos, tanto em emergência dos cemitérios formais é causada pela termos de uma linhagem real ou por uma tradição competição crescente por recursos naturais e a fortemente estabelecida de transmissão dos formação de grupos descendentes agnáticos, que recursos restritos de geração para geração, de pai tentam monopolizar esses recursos, justificando para filho. suas reivindicações como direitos através da 3) Quanto mais formal e estruturada a área descendência linear com os mortos. de deposição, menor a quantidade de explicações alternativas da organização social que se aplicam e Na medida em que os direitos de um vice-versa. grupo corporativo, para usar e, ou, controlar Para Goldstein, mesmo quando recursos cruciais, porém restritos, são comparamos culturas com aspectos econômicos alcançados e, ou, legitimados por meios de e condições ambientais similares, é improvável descendência linear com os mortos (por que tais sociedades simbolizem e ritualizem exemplo, laços lineares com ancestrais), tais elementos de suas organizações sociais da grupos irão manter áreas formais de deposição mesma maneira. Binford apropria-se das ideias exclusiva para exclusiva deposição de seus de Saxe e Goldstein e sistematiza também mortos e vice-versa (Saxe 1970: 119).8 algumas conclusões em relação às práticas As hipóteses de Saxe tiveram uma enorme mortuárias e à organização da sociedade repercussão para a Arqueologia das Práticas (Binford 1971). Segundo o autor, as práticas Mortuárias nas décadas seguintes do século XX, mortuárias podem ser divididas em três grandes principalmente a Hipótese 8 e a Hipótese 5. Uma categorias que, por sua vez, dividem-se cada das primeiras grandes reações ocorreu ainda na uma delas em três outros aspectos variáveis. A década de 1970, com a obra de Lynne Goldstein primeira corresponde ao tratamento diferencial (1976). A autora reanalisou os dados etnográficos do corpo, a segunda é identificada aos distintos utilizados por Saxe e testou as hipóteses em aspectos que compõem a constituição da 30 outras sociedades. A principal crítica da sepultura do cadáver e a terceira corresponde autora recai exatamente sobre a Hipótese 8, aos objetos diferenciais que são depositados reformulando-a e separando-a em três sub- com o defunto, denominado de mobiliário -hipóteses correlacionadas: funerário, conforme podemos resumir no esquema abaixo (ibid., 1971: 21): 1) Tratamento do corpo - Pode ser divido em a) preparação do corpo - rituais que incluem 8 “Áreas formais de deposição” são entendida por Saxe lavagem, higienização e exposição; b) tipo de como um “local permanente e especializado, uma área territorialmente delimitada como um cemitério” tratamento do corpo - rituais que variam entre (1970: 119). cremação, inumação, mumificação, mutilação e c)

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tipos de deposição do corpo - rituais que incluem mensurada pelas diferentes formas de práticas de o local onde o cadáver é depositado, como um subsistência. túmulo, um rio etc. 2) O número de dimensões da persona 2) Local de deposição do morto - Pode social também é comumente reconhecido a ser dividido em a) forma, incluindo variáveis partir dos rituais mortuários diferenciados e como tamanho, material utilizado na variam significativamente de acordo com a construção do túmulo, detalhes arquitetônicos complexidade organizacional da sociedade, etc.; b) orientação, variáveis associadas a mensurada pelas diferentes formas de práticas de pontos de referências como pontos cardinais, subsistência. ângulos do solstício etc. e c) localização do 3) As formas que definem as diferenciações contexto funerário, incluindo referências nos rituais mortuários variam significativamente em relação a local de assentamento, se nas de acordo com as dimensões da persona social próprias residências ou em áreas exclusiva e simbolizada. espacialmente delimitadas para a deposição dos O autor estabelece uma relação direta em mortos, como cemitérios. termos quantitativos entre padrões mortuários 3) Mobiliário funerário - Pode ser e tipos sociais para explicar a variabilidade dividido em a) forma dos objetos depositados; estrutural nos rituais mortuários. b) quantidade dos artefatos depositados e c) forma e quantidade associadas, verificando se (...) deve haver um alto grau de há diferenciação quanto ao tipo de objeto e sua isomorfismo entre a) a complexidade quantidade. estrutural em um sistema sociocultural e b) O autor sustenta que a persona social a complexidade do cerimonial mortuário representada simbolicamente nos contextos concernente ao tratamento diferencial dado funerários varia diretamente de acordo com às pessoas ocupando diferentes posições de dois fatores interdependentes: 1) a participação status (Binford 1971: 18). corporativa nessas cerimônias e 2) a hierarquia relativa da posição social ocupada pelo morto em O autor, da mesma forma que Saxe e vida. Binford não rejeita a premissa a partir da Goldstein, utiliza duas classificações sociais qual os contextos funerários são representações básicas, dividindo as culturas em igualitárias e simbólicas, entretanto argumenta a favor da complexas (hierarquizadas). Tais classificações, natureza arbitrária dos signos, indicando que entretanto, não são claramente definidas e são eles variam independentemente em relação marcadas por generalizações, sendo medidas aos seus referentes e, dessa forma, defende não e relacionadas, de um lado, diretamente às ser possível reconstituir um mundo simbólico, dimensões atribuídas do cerimonial funerário, mental, empático a partir dos restos arqueológicos como sexo, idade, etnia, e às dimensões (Hodder, Binford and Stone 1988: 373-76). Trata- adquiridas, de outro, o status social do indivíduo -se, portanto, de um campo que a arqueologia não em vida. Dessa forma, para se medir e entender consegue alcançar. as relações entre as dimensões das práticas Dessa forma, o reconhecimento das mortuárias e a sociedade que as produziu, deve- identidades sociais do morto se dá de forma direta -se recorrer à aplicação de métodos quantitativos e automática através das práticas mortuárias rigorosos que possam levar a formulação de e as intenções e interesses dos participantes padrões. dos rituais não podem ser alcançados, uma vez J. A. Tainter, ícone da Antropologia Cultural que constituem algo simbolicamente arbitrário, Americana, complementa a ideia da relação direta variável e específico. Percebemos que a persona entre os enterramentos como reflexo da estrutura social, as práticas mortuárias e a organização social de Binford a partir de fórmulas matemáticas social estão imbricadas formando uma relação e utilizando recursos informáticos que meçam direta, resumida pelas seguintes proposições a complexidade social através da classificação (Binford 1971: 23): dos contextos funerários (Tainter 1975, 1978, 1) As dimensões específicas da persona social 1981). Tainter parte de duas premissas diretas; são comumente reconhecidas a partir dos rituais a partir da primeira, propõe que quanto mais mortuários diferenciados e variam de acordo com complexa a sociedade, mais complexo será o a complexidade organizacional da sociedade, tratamento dado ao morto e, com a segunda,

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indica que quanto maior o status do morto, mais que aparecem nessa região (Morris 1987). complexo será o tratamento dado ao morto. Os Na Argólida, contudo, a situação é inversa, a objetos presentes nos enterramentos, o tipo de inumação permanece como prática dominante enterramento (inumação ou cremação), a duração e, na maioria dos casos, com um mobiliário dos rituais e as sepulturas construídas para o funerário bastante variado (Snodgrass 1971, morto são classificados e medidos de acordo com Coubin 1974, Hãgg 1974 e Foley 1988). Os casos o grau de energia despendida para a realização de cremação são caracterizados por cremações dos enterramentos. Quanto maior a quantidade incompletas e são bastante isolados (Hãgg de energia despendida, maior o status social e 1987). Dessa forma, estabelecer uma relação econômico do morto e vice-versa. Dessa forma, direta entre os enterramentos e a estrutura o status do morto está totalmente vinculado à social é problemático, da mesma maneira que quantidade diretamente proporcional de energia é insustentável arqueológicamente a assertiva investida nas práticas mortuárias. Esta se toma que indica que quanto maior a quantidade de um indicador infalível do status social. mobiliário nos túmulos, maior o grau de riqueza do morto e seu grupo e maior seu status social ou (...) a distribuição espacial dos restos quanto maior a energia despendida nas exéquias, mortuários, uma variável que contém maior será o status do morto. informação relativa à diferenciação de Os métodos quantitativos de análise não grupo corporativo e dispêndio de energia, constituem o problema na interpretação dos um indicador de marca hierárquica (Tainter contextos funerários pela Nova Arqueologia, 1978: 136). mas sim as fórmulas alcançadas a partir da E interessante notar que uma das afirmações relação entre os dados dos enterramentos com de Tainter também teve grande repercussão na a estrutura social. Aí está um dos principais Arqueologia das Práticas Mortuárias, seja na problemas desses estudos que procuram Nova Arqueologia ou na Arqueologia Pós- estabelecer hipóteses e leis gerais para testá-las e -Processual. O autor argumenta que os casos de aplicá-las em várias sociedades, sem considerar cremação, mesmo quando esses não apresentam as especificidades de cada uma delas. Tais mobiliário funerário, correspondem ao tipo de modelos acabam por serem arbitrários, além de enterramento em que há a maior quantidade de não denotarem o que está representado em cada energia despendida e, dessa forma, são sempre caso, sendo facilmente criticados. indicativos padrões de um elevado status social, inclusive maior em relação às inumações. Quando pensamos na Idade do Ferro na Grécia, III) A representação das relações sociais nos concordamos com o fato de que o ato da contextos funerários. Os fundamentos da cremação como um todo exige maior quantidade Arqueologia Contextual. de energia, de concentração do trabalho dos participantes, como a própria elaboração da pira. As críticas à Arqueologia Processual e a Além disso, é interessante considerarmos que proposição de novos preceitos para o estudo dos se trata de uma prática que pode envolver não contextos arqueológicos surgem alguns anos só os participantes mais próximos das exéquias, depois, na década de 1980, na Inglaterra com I. o grupo familiar ou social, mas o restante da Hodder, com a Arqueologia Pós-Processual ou comunidade, que também sentiria os odores também chamada de Arqueologia Contextual exalados da ação, uma vez que era executada (Hodder 1981a, 1982a, 1982b). A questão central ao ar livre. Contudo, não necessariamente dessa nova linha teórica da arqueologia é tentar a sua prática pura e simples denota o status entender o papel do indivíduo na sociedade e social elevado do morto (McKinley 2006). ressaltá-lo no contexto arqueológico, entendido Principalmente na Ática, durante este período, aqui como as diversas dimensões do registro as cremações difundem-se e generalizam-se material que o arqueólogo pode estudar (os como método de enterramento predominante, enterramentos de um lado e os assentamentos apresentando uma grande diversidade de de outro, por exemplo), sem isolar qualquer um mobiliário funerário, algumas com grande deles, mas ao contrário, considerando-os em quantidade e variedade de objetos e outras sem conjunto, comparativamente. O Estruturalismo oferendas. O mesmo acontece com as inumações e as abordagens marxistas contribuíram para

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os fundamentos teóricos da Arqueologia Pós- marcante nas obras de I. Morris (1987) e no —Processual, que buscou entender os conflitos estudo de F. McHugh (1999: 2). Segundo os entre os grupos sociais alcançando as ideologias fundamentos da Arqueologia Pós-Processual, e as representações simbólicas como formas a estrutura social seria um modelo ideal da de legitimação do poder. E o homem que dá posição dos indivíduos no mundo, em sociedade, sentido, representa e simboliza os objetos, os enquanto a organização social corresponderia à fenômenos e as relações sociais que o cercam distribuição empírica das experiências cotidianas. e não as adaptações ao meio-ambiente, como As personae sociais não são predefinidas, como pretendia a Nova Arqueologia. Isto leva a indica a Nova arqueologia, mas são resultantes conclusão de que as leis gerais estabelecidas pela das práticas sociais, que podem manipular e Nova Arqueologia são referenciais inúteis para a criar os papéis sociais. Os rituais mortuários são compreensão da diversidade do comportamento entendidos, dessa forma, como uma ocasião em humano nas culturas. A ênfase para a arqueologia que as relações entre as pessoas são mutáveis e contextual está nas particularidades e no caráter as identidades sociais simbolizadas nesse momento profundamente ideológico que caracterizam os são frutos de forças que atuam sobre os vivos e vestígios materiais. sobre os mortos, como ideologias de dominação. E Ucko, ainda na década de 1960, aponta para Essas ideologias podem resultar na completa os riscos de uma leitura distorcida dos contextos reorganização da sociedade para consolidar a funerários quando uma relação direta entre as nova configuração dos grupos dominantes. práticas mortuárias e a persona social é estabelecida A classificação dos contextos funerários é (Ucko 1969). É exatamente neste ponto que se dada através de seus aspectos simbólicos e esses encontram as divergências fundamentais entre as aspectos são compreendidos como uma forma interpretações dos contextos mortuários para a através da qual os indivíduos representam-se Arqueologia Processual e a Contextual. Os conceitos idealmente através dos rituais. Estes constituem de Goodenough e Saxe de persona social, identidade um mecanismo que “legitima a desigualdade e social e relações sociais são retomados a partir de a mascara como natural e inevitável” (Pader uma abordagem estruturalista e neomarxista. 1982: 41-42). Daí Pader dividir as atividades J. A. Brown (1971, 1981, 1995) também rituais funerárias em sete elementos essenciais: 1) aponta algumas críticas à ênfase excessiva nas formalização; 2) intencionalidade; 3) experiência relações de poder presente nas teorias de Saxe e sagrada ou santificada; 4) natureza conservativa, Binford. Brown indica que não necessariamente ou aparente imutabilidade; 5) estilização; 6) há liderança centralizada em sociedades comportamento especial e repetitivo e 7) formas hierarquizadas. Entretanto, o autor sustenta que extraordinárias de comunicação. se devem levar em consideração três elementos M. Parker-Pearson também afirma que as que são sim distintivos de estratificação a partir práticas mortuárias são produtos de decisões dos contextos funerários: 1) o investimento políticas através das quais os mortos são de energia nas práticas funerárias como um manipulados pelos vivos (Parker-Pearson 1982, todo, 2) a presença de símbolos de autoridade 1993, 1995, 1999). Parker-Pearson considera nos enterramentos e 3) a análise de estruturas que a morte pode ser um momento em que demográficas dos contextos funerários. Para Brown, ocorre a legitimação da ordem social, porém os portanto, os métodos quantitativos da Arqueologia vivos podem esconder, embelezar ou justificar as Processual e as teorias ideológicas da Arqueologia relações sociais através dos rituais mortuários. Contextual não dão conta isoladamente de todas as Para o autor, os rituais têm sido descritos como urr dimensões que os contextos funerários comportam. conjunto de performances prescritas e proscritas Faz-se necessária a utilização de ambos, e é que seguem uma série de rotinas ou fórmulas praticamente impossível identificar diferenças similares às peças teatrais, com a exceção de que econômicas e sociais sem considerar o modelo de não há espaço para improvisações. Parker-Pearson gasto e investimento de energia de Tainter e os fundamenta a sua análise dos contextos funerários métodos quantitativos de análise estatística da utilizando três tipos de recursos metodológicos. Nova Arqueologia (Brown 1981). 1) Análises de relações espaciais e topográficas E.-J. Pader (1982: 31) estabelece uma entre as habitações dos vivos e dos mortos. Estes tipos distinção entre a estrutura social e a organização de estudos remetem imediatamente à Hipótese 8 social, diferenciação está que também é de Saxe e sua repercussão na obra de Goldstein

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e indicam que tais generalizações só podem ser banquetes, libações e deposição de alimentos nas utilizadas dentro de circunstâncias históricas sepulturas, que podem implicar a necessidade específicas e com referências a grupos particulares. que os vivos teriam em fazer provisões aos Somente quando detectamos seqüências de mortos e, dessa forma sim, a crença em uma vida mudanças na localização da habitação dos mortos sobrenatural. (isto é, nos enterramentos, estejam eles agrupados A partir de tais recursos analíticos, concluímos ou não em cemitérios) é que podemos tentar que estudos sobre as práticas mortuárias, para atribuir sentido às relações dos mortos com os os pressupostos da Arqueologia Contextual, não vivos. De acordo com o autor, quanto maior a podem estar limitados pelas análises exclusivas proximidade física dos enterramentos das áreas de dos cemitérios, porém devem incluir análises de habitação, mais eles estão integrados à sociedade um contexto mais amplo, mapeando o sagrado e e maior o papel dos mortos ou sua influência sobre o profano na paisagem e identificando as relações os vivos. Dessa forma, eles podem formar um físicas entre as habitações dos vivos e dos mortos, elemento poderoso dentro da ordem social, como comparando os processos de fundações e abandonos, o papel dos ancestrais na legitimação do poder. a organização e morfologia dos assentamentos e dos cemitérios e o exame da variabilidade 2) Análises da organização intrassítio dentro intercontextual dos artefatos entre os depósitos das habitações dos vivos e dos mortos. Há três tipos sagrados e não sagrados. Uma das faces da análise de comparações nesses casos: a) entre unidades que propomos para os enterramentos da Argólida básicas como casas e túmulos - variações nas durante a Idade do Ferro insere-se nesta perspectiva, residências podem ser comparadas às variações pois buscamos refletir sobre o espaço dedicado aos nos enterramentos; b) o assentamento pode ser mortos (quer dizer, entender a distribuição dos organizado segundo princípios como gênero, enterramentos, sua localização em relação às áreas parentesco, status etc., que podem ser comparados de habitação), principalmente durante o século VIII aos cemitérios do mesmo período. Deste modo, a.C., com a formação da pólis e o domínio de Argos entendem-se os mortos dentro de uma paisagem na região, verificando a existência de um possível em que haja ou não conformidade com o mapa processo de formação de cemitérios, de um espaço simbólico da ordem social; c) a comparação exclusivo para enterramentos. entre o desenvolvimento do assentamento e do cemitério, que pode demonstrar inconsistências de leitura de representação do mundo dos mortos IV) A morte e as visões da Antropologia, da como, por exemplo, quando um modelo de História e da Semiologia. sociedade passada é simbolizado como ideal para o presente para justificar interesses dos vivos. Um dos estudos sobre os fundamentos e os conceitos que definem os rituais que teve 3) Análises da distribuição dos artefatos nos profundas repercussões no campo teórico da assentamentos, nos contextos funerários e ainda em Arqueologia das Práticas Mortuárias é a obra outros contextos arqueológicos. Estudos desse porte de A. Van Gennep (1908), na qual a morte consideram o valor simbólico dos artefatos para é entendida como um ritual de passagem. As uma determinada sociedade, assim como seu mudanças essenciais que ocorrem na vida dos processo de seleção, e não se preocupam apenas seres humanos como o nascimento, a puberdade, com a quantidade de objetos nos enterramentos ou o casamento e a morte são acompanhadas, com o cálculo de energia investida no processo de segundo Van Gennep, de mudanças na estrutura confecção do artefato e do sepultamento. Segundo social do mundo dos vivos, que afetam não o autor, os artefatos depositados nos enterramentos somente aqueles que estão passando diretamente formam uma categoria bastante especial de objetos por elas, mas também aqueles que participam que nos leva a uma categoria mais ampla da delas direta ou indiretamente, como os parentes experiência social, formada pela cosmologia básica mais próximos e amigos. Os rituais que cercam a partir da qual a vida esta ordenada. Entretanto, essas mudanças reafirmam a estrutura social, para Parker-Pearson, não necessariamente a a ordem estabelecida em uma determinada presença de artefatos nos túmulos indica a crença sociedade e, dessa forma, estão relacionados com na vida após a morte. Tal prática deve estar o status, a idade e o tipo de morte que o falecido associada à execução de rituais como, por exemplo, teve. Van Gennep divide os ritos de passagem

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em três estágios fundamentais que também são Dessa forma, a função dos rituais mortuários, compostos por cerimônias. para Bloch, é formalizar e simbolizar as posições O primeiro corresponde aos ritos de dos grupos na sociedade, legitimando-as e criando separação, os quais são caracterizados pelo uma estrutura social idealizada. Assim, torna- momento em que há toda a alteração do estado -se muito difícil para o pesquisador alcançar as de equilíbrio, de normalidade, um estado limítrofe nuanças da organização social a partir do registro em que os agentes sociais abandonam seu papel material. social original. O segundo estágio corresponde Na História, P Ariès (1977, 1981, 1985) aos ritos de marginalidade ou transitoriedade, procura entender a morte no mundo ocidental a expressos por uma situação em que há uma partir de quatro parâmetros fundamentais: inversão dos papéis sociais, de liminaridade e poluição em que os agentes sociais estão expostos Parâmetro 1 - A morte, assim como a vida, à desordem, ao perigo e aos desvios, inclusive de não constitui um ato apenas individual. Dessa comportamento. O terceiro momento dos ritos de forma, é celebrada por um conjunto de cerimônias passagem corresponde aos ritos de reintegração, que possuem três grandes momentos: a aceitação, incorporação ou agregação e são aqueles pelo moribundo, do seu papel ativo, a cena do responsáveis pelo restabelecimento do equilíbrio adeus e a cena do luto. e da ordem social; contudo, os agentes sociais envolvidos retornam a um status e a uma situação A morte não é, portanto, um drama nova, diferente do inicial, do original. Segundo pessoal, mas a prova da comunidade Van Gennep, no caso dos rituais funerários, este encarregada de manter a continuidade da momento é caracterizado pela execução dos espécie (Ariès 1977: 659). banquetes e pelas festividades e é quando se dá a incorporação da alma no mundo dos mortos e os vivos retornam às suas atividades dentro da Parâmetro 2 - A ritualização da morte normalidade. tem como função controlar a força impiedosa Uma linha diversificada em relação à da natureza, que o homem não consegue classificação da morte como ritual de passagem controlar. Trata-se de uma estratégia humana, na Antropologia é proposta por M. Bloch feita de interdições e concessões, a fim de (1989). O autor afirma que os rituais que prolongar culturalmente o que a natureza dá cercam a morte configuram-se, na verdade, descontinuidade evidente. Para Ariès, aí está como situações de crise em que os membros do a razão pela qual o ser humano não abandona grupo necessitam integrar outros membros, mas a morte em nenhuma sociedade e a toma sempre preservando e reafirmando a ordem social um espetáculo, aprisionado pelas cerimônias estabelecida, imutável e dominante. Percebe- mortuárias, e aí está também o motivo pelo -se uma visão neomarxista, na qual as relações qual não há possibilidades de a morte constituir nos rituais funerários são permeadas por relações um evento solitário, mas sim um fenômeno de de dominação, de poder. Para Bloch, enquanto comprometimento público. uma situação de crise, os rituais mortuários são definidos como práticas ideológicas que podem ser Parâmetro 3 - A morte é marcada pela resumidas em três etapas: característica intrínseca da tentativa humana de prolongamento da vida. Isto explica, segundo 1) A representação simbólica de certos o autor, a tenacidade e a longa duração das fenômenos biológicos por parte dos indivíduos em concepções da vida após a morte, das crenças grupo. na sobrevivência da alma e em um mundo 2) A legitimação e a aparente homogeneidade sobrenatural em que os mortos vivem uma vida do fenômeno biológico são alcançadas pela atenuada, de paz e repouso eternos nas mais representação. variadas sociedades. 3) A legitimação e reafirmação da autoridade, pois, de um lado, ela se torna naturalmente Parâmetro 4 - A morte, apesar de controlada representada nos rituais e, de outro, ela é pelos rituais, é sempre um mal inseparável do identificada às emoções presentes nos rituais. homem e resignação não significa submissão, mas sim reconhecimento desse mal.

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Esses parâmetros caracterizam os cinco o mais rápido possível e não se deve discutir o modelos ou mentalidades históricas propostos assunto, principalmente entre as crianças. Neste por Ariès para explicar as atitudes em relação à tipo de mentalidade, os parâmetros 2, 3 e 4 morte. Nem todos os parâmetros aparecem em encontram-se bem desenvolvidos. um modelo e, muitas vezes, há uma alteração nos E interessante notar que as considerações de pressupostos dos parâmetros de acordo com as E Ariès são fundamentadas em uma cultura de próprias transformações históricas nas sociedades elite essencialmente ocidental e são proposições ocidentais: genéricas sobre as sociedades do ocidente 1) A Morte Domada ou Subjugada - Neste envolvendo uma grande quantidade de locais modelo, a morte é tratada com familiaridade, e um recorte temporal extremamente vasto. como uma verdade universal, um fato da Além disso, está profundamente presente nos natureza e é, portanto, aceita como tal, apesar modelos propostos pelo autor a ideia de progresso de ser temida. Segundo o autor, neste tipo cronológico das sociedades em relação às atitudes de mentalidade inserem-se as sociedades da para com a morte e o morrer. Antiguidade e os quatro parâmetros estão Entretanto, é interessante ressaltar que o presentes. exemplo histórico analisado por Ariès, segundo 2) A Morte de Si Mesmo - Neste modelo seus parâmetros (Paris durante os século XVIII e a morte é encarada como um mal, um grande XIX), demonstra que as mudanças nas práticas sofrimento. Há uma ênfase na individualidade funerárias estão diretamente associadas com e também no fato de que ela não corresponde transformações na organização da sociedade. à morte física, ao final da vida, mas sim como o Dessa forma, segundo uma visão mais otimista do final da vida corporal somente. De acordo com que aquela defendida por M. Bloch, percebemos Ariès, este tipo de mentalidade é característico que é possível alcançar determinados aspectos das sociedades dos séculos XI e XII e apresentam, da organização social, partindo do princípio principalmente, os parâmetros 1 e 4. que os enterramentos jamais caracterizem 3) A Morte Longa e Próxima - Este modelo essa organização social em termos relativos de apresenta a morte como algo distante da vida complexidade, como sustenta Binford. cotidiana e corresponde a um momento em que há o As aproximações entre a História e a surgimento do ideal familiar ocidental moderno, no Arqueologia por parte dos arqueólogos clássicos final do século XVI. Ao mesmo tempo, ela também se tomaram mais intensas a partir do final da fascinava e provocava curiosidades e imaginações, década de 1980. Na França, encontramos duas daí o nome. Este tipo de mentalidade caracteriza-se linhas fundamentadas no aspecto simbólico dos principalmente pelo parâmetro 4. contextos funerários, uma desenvolvida por J. 4) A Morte do Outro - Este modelo -E Vernant(1965, 1981, 1982a, 1982b, 1985, apresenta uma crise dramática e uma revolução 1989, 1990, 1991) e outra pelos autores da Revue dos sentimentos, segundo o autor, pois há uma d’Archéologie Modeme et d’Archéologie Generóle mudança essencial no primeiro parâmetro que a (RAMAGE), em que E-Y. Balut (1982a, 1982b, caracteriza, centrando-se na figura do indivíduo. 1984/1985, 1986, 1987, 1988, 1990, 1991) e E A morte é vista como um ideal de beleza, inserido Bruneau (1983, 1984/1985, 1987, 1991, 1992) nos aspectos do ideal romântico do morrer propõem um modelo e perspectivas interpretativas e de morte. Tal mentalidade define, então, o dos contextos funerários a partir dos pressupostos século XVIII e também encontra suas raízes no e da terminologia semiológica e procuram unir crescimento da importância da família nuclear e História e Arqueologia (Bruneau et Balut, 1982). do conceito de privacidade. Vernant fundamenta um conceito essencial 5) A Morte Invertida ou Invisível - A partir no estudo das relações entre os contextos do século XIX, a Medicina ganha um papel mortuários e as sociedades, o de Ideologia fundamental no prolongamento da vida, na cura Funerária (Idéologie Funéraire), como o conjunto das doenças e, assim, na eliminação do sofrimento, de elementos significativos das práticas e dos inclusive em relação à morte, que agora passa a ser discursos relativos aos mortos que remete às encarada como algo sujo, extremamente perigoso, formas de organização social, às estruturas foco de doenças, e ainda como obscenidade. Dessa de grupo, traduz as diferenças, as tensões, o maneira, deve ser higienizada, ficar restrita aos equilíbrio, a ordem social e é testemunha das hospitais, velórios; o morto deve ser enterrado mudanças sofridas na dinâmica vivenciada por

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uma sociedade (Vernant 1982: 5-15). Vernant canto, indefinidamente repetido e do monumento trabalha com níveis do imaginário social, não funerário, para sempre visível e visitado. Esses se deve buscar no universo dos mortos traços heróis formam os “homens de outrora , os do universo dos vivos. Os contextos funerários antepassados da sociedade que configuram sua integram uma sociedade global, que apresenta tradição cultural e servem de cimento para a um conjunto de práticas, instituições e crenças existência social e para a forma civilizada entre as quais nos esforçamos para recuperar. Eles os vivos. O indivíduo heroico adquire uma nova fazem parte de um imaginário através do qual a existência social, rompe e vence as barreiras do sociedade forja seu passado e projeta seu futuro, esquecimento e do anonimato, intrínsecas da como uma estratégia adaptada às exigências da morte e transforma sua desaparição material vida coletiva. Daí Vernant falar em uma “política” (física, do corpo) em um estado positivo da morte, como o sistema formado pelos rituais invariável, inscrevendo sua presença política na que envolvem a morte e que teria por função sociedade dos vivos. Esse é o lugar do indivíduo. a afirmação dos traços específicos de um grupo A morte heroica, portanto, assume uma forma social, perdurando suas tradições e estruturas, idealizada da vida, como uma maneira através conduzindo-os continuadamente segundo regras e da qual é possível burlar e ultrapassar o caos e o sanções que lhe são próprias (ibid., 1982: 7). horror do esquecimento, os quais a vida, pela sua Para Vernant, a morte constitui um fato natureza, está fadada a enfrentar. A morte heroica universal e é marcada pela ausência, pelo não é o que Vemant denomina de “bela morte” - kalós ser, contrário à individualidade que caracteriza a thánatos - e é responsável pela permanência dos vida. Dessa forma, o ser humano enfrenta a morte heróis na comunidade dos vivos. Ela é caracterizada buscando formas de integrá-la ao universo mental pelo morrer jovem em combate, quando o ato e às práticas institucionais da sociedade dos vivos, é individualizado em relação às demais mortes isto é, elaborando uma memória coletiva para no campo de batalha e eleva o herói acima das um grupo de indivíduos que tenha um passado condições humanas, o diviniza. Do ponto de vista em comum. Essas práticas conferem a certos heroico, portanto, viver não tem tanto significado personagens mortos da sociedade, através de quanto ter uma “bela morte’’. Os rituais funerários rituais mortuários apropriados, um status social que tomam possível a transformação do corpo; a permanece mesmo após sua condição de morto cremação faz com que a psyché atinja o Hades para que, na verdade, se inscreve nas forças sociais dos não integrar mais o mundo dos vivos. O indivíduo, vivos, das quais dependem o equilíbrio e a ordem então, desaparece da fábrica das relações sociais da sociedade. Além disso, tais práticas também da qual fazia parte, mas continua a existir num se tomam uma forma de imortalizar o indivíduo outro plano, o da memória, perpetuada através que agora está ausente fisicamente na sociedade, das canções épicas e celebrada através do sêma, mas cuja memória estará presente tanto pela do túmulo. Negar as honras fúnebres é, portanto, sua definição nos rituais funerários, quanto pela o oposto da “bela morte”, e entende-se melhor existência de um monumento, o túmulo. o papel desses rituais numa cultura agnóstica A partir dessas premissas, Vemant tenta como esta, em que um único indivíduo prova seu entender a Ideologia Funerária na Grécia Antiga, valor em detrimento do outro e busca sempre ser principalmente em relação à morte relatada superior a ele. nas epopeias, em especial nas obras atribuídas a Vemant lembra, contudo, que tais leituras Homero, a Ilíada e a Odisséia (Vernant 1982a, são totalmente distintas daquelas representadas 1991). Dois fatores são fundamentais para a pelo hoplita na falange, onde não há espaço para Ideologia Funerária nas obras homéricas: o papel a individualidade e a tarefa do guerreiro é manter da memória e o lugar do indivíduo. O primeiro sua posição em conjunto durante o combate. Os é caracterizado, segundo o autor, pelo fato de soldados são capazes de se manterem na linha de que alguns guerreiros se sobressaem em relação batalha e permanecerem sãos e salvos e quando aos demais, aos indivíduos comuns e, assim, são retomam para casa recebem o mesmo prestígio, cremados, recebendo as honras funerárias dignas glória e honra em relação àqueles que pereceram de um herói. A morte para esses heróis não lutando. Da mesma forma, quando envelhecem, configura um fim, mas sim uma forma gloriosa merecem tanto respeito quanto os demais cidadãos através da qual eles ganham sua imortalidade, a da pólis. Há uma modificação, portanto, do lembrança eterna no mundo dos vivos através do sentido da “bela morte” Todavia, a glorificação

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dos heróis homéricos e de suas memórias nas O aparelho semiológico é apenas uma póleis durante o Período Clássico demonstra que a maneira sutil e retórica, um efeito de estilo para a Ideologia Funerária da “bela morte” épica manteve interpretação. Os conceitos significante (palavra) sua importância e seu efeito no comportamento e significado (sentido), quando transpostos para cultural e político das comunidades, mesmo em a técnica dos contextos funerários, temos a parte contextos históricos tão diferentes e tão remotos visível do túmulo (o jazigo, a lápide, o epitáfio, a em relação ao mundo homérico. cruz etc.) como a face significante do objeto e o Balut, na abordagem da RAM AGE, insere- significado enquanto a parte escondida, enterrada —se nas perspectivas que consideram a morte (o sarcófago, o caixão, a sepultura, o mobiliário como uma representação simbólica. Entretanto, funerário etc.). Para Balut, é temerário estudar apesar de utilizar os termos e fundamentar suas os contextos funerários sem que haja uma análise proposições na Semiologia, o autor deixa claro dos mecanismos da imagem e do conjunto da que é totalmente contra o mito semiológico técnica em geral (do material, dos instrumentos, de que “tudo é linguagem” e “tudo é signo” das áreas disponíveis, da estética etc.) relacionadas (Bruneau et Balut 1982). A morte é entendida à sua sociologia, quer dizer, aos seus usos. Não como uma indústria esquemática através da qual se deve reduzir a arqueologia à amostragem. o indivíduo ainda é um ser, e a técnica presente Nestes contextos, tudo depende da questão nesta indústria diz respeito ao tratamento que esse colocada e deve-se mudar de acordo com cada ser recebe, à preparação do corpo, à exposição, caso. Há um aspecto intrínseco que caracteriza os enterramentos, que é a representação. A ao transporte e aos rituais em sua homenagem. persona social sobrevive à desaparição material do E essa indústria esquemática que dá forma ao sujeito e é representada nos rituais mortuários. A ser, definido tanto como sujeito animal, mas, representação dentro do domínio funerário parte principalmente, quanto pessoa social. Essa da conservação da memória do indivíduo, que se indústria faz parte do que Balut define como dá através de um conjunto de indústrias dêiticas dormitoire (cultura humana) e, dessa forma, afirma (simbólicas, representadas nas práticas mortuárias, que ela existe de longa data e constitui um fato como a escolha do caixão, as vestimentas, os universal, que tende a estar presente nas mais objetos que serão enterrados com o morto etc.), distintas sociedades. O autor é extremamente designadas por Balut pelo termo conservatoire. Em crítico em relação àqueles arqueólogos cujas termos de representação, o conservatoire possui interferências nas interpretações dos registros três modalidades: a) a representação natural materiais do passado são definidas como naturais, para fabricar uma imagem; b) a relação simbólica sendo que, na verdade, aplicam sua própria visão para produzir um indicador, um sinal e c) o de mundo, típica das sociedades burguesas. signo lingüístico, ao qual se dá a forma técnica na escritura. De um lado, o conservatoire pode O mobiliário funerário tão abundante representar o morto ele mesmo (claro que em das tumbas pré-históricas ou antigas que sua ausência física), o que ele foi, o que ainda é supõe a boa conservação de algo, uma e o que se tomou, proporcionando a lembrança vez que há sua provisão, mesmo que ela para os vivos, a memória dos mortos, denominado não seja acompanhada de uma indústria por Balut de mnêma, ou literalmente do grego, esquemática sofisticada para alojar ou “memorial”. Por outro lado, conservatoire também tratar os corpos; as múltiplas técnicas do proporciona o hábitat do morto (a sepultura), seu tratamento dos corpos desde que o mundo lugar, sua insígnia, designado pelo autor como sêma, é mundo - enquanto se puder observá-lo ou literalmente, “sinal” (Balut 1986: 328). a tendência de que diversas civilizações dão aos mortos um hábitat decente, confortável: tudo isso, dentro dos mecanismos, tão V) Padrões de Representação? Os mortos, próximo étnicamente, senão tecnicamente, a ideologia e a estatística. Interações e de nosso comportamento funerário, não pode perspectivas. seguramente se reduzir a esta pseudo análise política da sociedade burguesa, mercantil, Na Arqueologia Clássica, principalmente possessiva, conservadora e outros horrores no que diz respeito à Idade do Ferro na Grécia, reacionários (Balut 1986: 321-22). cujos enterramentos constituem a fonte material

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primordial de conhecimento das sociedades, nos O autor critica veementemente os modelos últimos 30 anos os estudos sobre os contextos transculturais generalizantes propostos por Binford; funerários têm se voltado para tentativas de contudo, afirma que as atividades de subsistência integração entre os pressupostos teórico- podem sim influenciar nos elementos definidores -metodológicos da Arqueologia Processual e da da persona social. Em relação às hipóteses de Saxe, Contextual, integrando Arqueologia, História, Morris procura discutir as bases conceituais e as Antropologia e Etnologia. Na Inglaterra, Anthony implicações em específico da Hipótese 8 e sua M. Snodgrass apresenta uma nova abordagem repercussão em Goldstein (Morris 1991a). Em sobre a Idade do Ferro na Grécia Antiga, primeiro lugar, o autor estabelece uma diferença realizando um estudo dos objetos provenientes entre “culto ao ancestral” (ancestor cult) e “rituais dos enterramentos deste período em vários sítios mortuários” (mortnary rituais). O culto ao ancestral (Snodgrass 1971). Snodgrass foi responsável pela é definido como aquele conjunto de rituais que transformação do conceito “Idade Obscura”, proporcionam acesso contínuo dos vivos ao morto e demonstrou que um estudo exaustivo do no mundo dos mortos, e os rituais mortuários mobiliário funerário dos contextos funerários, correspondem àquelas cerimônias do ritual de associado às análises processuais metódicas passagem que separam o morto do mundo dos sobre o sexo, a idade e outros elementos, se vivos, produzindo os restos arqueológicos do possível, do morto e, ainda, relacionado também enterramento, os quais são escavados. De acordo com uma análise dos assentamentos, poderia com o autor, pode-se construir um modelo alcançar interpretações sobre a complexidade etnológico que relaciona culto ao ancestral com e a diversidade das sociedades nos diferentes transmissão de propriedade, entretanto não é períodos da “Idade Obscura” (agora denominada possível estabelecer uma relação direta entre o preferencialmente de Idade do Ferro). surgimento dos cemitérios formais (que configuram Inseridos nesta ótica, um significativo grupo de parte da esfera dos rituais mortuários) com as pesquisadores seguiu e avançou os estudos de mudanças de transmissão de propriedade. Snodgrass sobre a Idade do Ferro e, muitos deles, Morris (1991a) discute os dois modelos focados na Arqueologia das Práticas Mortuárias. antagônicos de sociedades (igualitárias e I. Morris (1992: 9), a partir da análise dos complexas, hierárquicas) fundamentados por enterramentos em Atenas durante a Idade do Saxe, Goldstein e Binford e utilizados como Ferro, assume a ideia da representação ideológica modelos econômicos por J. Woodbum (1980, nos contextos funerários, considerando a morte 1982). O primeiro modelo corresponde ao como um rito de passagem nos termos definidos tipo de sistema econômico identificado como por Van Gennep, a partir de uma estrutura retomo imediato (immediate retum), em que as tripartite. Para o autor, a estrutura social que pessoas obtêm retomo imediato e direto pelo seu é caracterizada na performance dos rituais não trabalho. Em geral, são sociedades igualitárias, corresponde necessariamente à organização caçadoras e coletoras, que consomem os alimentos social em termos da ação social prática, empírica, imediatamente no dia que caçam e coletam ou nos do cotidiano. As relações sociais de autoridade dias que se seguem, sem estocagem. As obrigações, podem ser, por exemplo, negadas, refletidas, cooperação e conflitos são minimizados, a noção exageradas (enfim, alvo de manipulação) na de território não é um fator tão importante e realização das cerimônias. A estrutura social é, as relações de parentesco são metáforas para as portanto, uma representação e, através de uma relações sociais. Assim, as atividades rituais no visão um tanto pessimista, Morris argumenta momento da morte são informais e o culto ao que o estudo dos contextos funerários jamais ancestral é pouco desenvolvido. alcança aspectos da organização social, somente O segundo modelo constitui um tipo de sistema questões concernentes à estrutura social, a partir econômico identificado como retomo não imediato da comparação dos contextos de deposição (delayed retum), em que o trabalho e os materiais são funerária, principalmente quando o arqueólogo investimentos para o futuro. Em geral, são sociedades está amparado por registro escrito. Somente dessa mais desiguais, pastoris e agrícolas, que estabelecem forma é possível entender ideologias, alcançar e relações mais fixas, ordenadas e juramentadas entre as compreender a sociedade, em termos da estrutura pessoas, através das quais os bens cruciais e os serviços social, não enquanto níveis de organização e são transmitidos. Além disso, há uma transferência de complexidade sociais (Morris 1987). direitos, deveres e bens na morte.

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Para Morris, tais modelos configuram Apesar das críticas às generalizações da generalizações insuficientes para a análise do Arqueologia Processual, Morris procura encontrar comportamento do cerimonial funerário em um meio-termo entre as proposições téorico- termos da transmissão de propriedade. Devem- -metodológicas das duas linhas, a Processual —se considerar questões pre-mortem versus post- e a Pós-Processual, para a análise das práticas -mortem, pois as cerimônias funerárias dependem mortuárias. Utiliza métodos estatísticos da Nova dos interesses e valores daqueles indivíduos que Arqueologia, como o sistema Zeitstufen do método detêm a posse dos recursos cruciais nas relações desenvolvido por G. Krause (1975), um sistema de herança. Entretanto, não necessariamente a que agrupa sepulturas similares cronologicamente, legitimação através da descendência linear com combinando fatores estratigráficos, estilísticos os mortos (por exemplo, o estabelecimento de e rituais a partir de uma seriação rigorosa, laços lineares com os ancestrais) irá resultar na comparando contextos de deposição para tentar configuração de um cemitério (áreas formais de entender ideologias observando as estruturas sociais deposição exclusiva para os mortos). e suas mudanças em uma perspectiva de longa Morris utiliza o caso ateniense para duração, proposições da Arqueologia Contextual. demonstrar que o culto aos ancestrais não resulta A partir desse quadro teórico e metodológico, necessariamente no estabelecimento de uma área Morris concluiu que durante a Idade do Ferro em de deposição formal exclusiva para os mortos. Atenas (do final do século XI ao século VIII a.C.) Durante os séculos VI e V a.C., principalmente, houve o domínio de um grupo de elite aristocrático o estado ateniense constituía-se como um corpo que controlava os enterramentos e os rituais político fundamentado em um grande grupo de funerários durante todo este período. Este grupo cidadãos descendentes entre si que controlava a entra em colapso por volta de 750 a.C., momento maioria dos recursos essenciais. O enterramento em que todo o sistema das práticas mortuárias sofre em um cemitério era a garantia de reconhecimento uma revolução social; o corpo de indivíduos como de pertença a este corpo de cidadãos. Dessa forma, um todo reivindica a participação nas exéquias os enterramentos nos cemitérios e não o culto e, dessa forma, surge a pólis ateniense, como aos ancestrais constituíam o elemento central nos uma associação de cidadãos iguais (indivíduos do rituais mortuários da comunidade ateniense em sexo masculino). E a partir deste momento que o sua autodefinição e o estado que configurava o enterramento nos cemitérios passa a ser símbolo de grupo corporativo detentor dos recursos essenciais. cidadania. Neste caso específico, portanto, Morris indica S. Humphreys (1980, 1981, 1983) define a que a Hipótese 8 de Saxe / Goldstein pode ser morte como um fenômeno social, através do qual útil; entretanto, apresenta algumas modificações. há a remoção da persorta social da sociedade. As O autor diverge no que diz respeito à dicotomia cerimônias funerárias servem, portanto, como parentesco / família para os grupos de enterramentos uma forma de reorganização dos direitos dos do Período Clássico. Segundo Morris, as ankhisteíai papéis dos parentes e dos indivíduos próximos proporcionaram lotes individuais de enterramentos do morto que participam das exéquias. A autora nos cemitérios e não teriam formado linhagens não aceita nem a ideia de que a morte está corporativas.9 Utilizando-se também das fontes intrinsecamente relacionada com a dicotomia literárias, o autor defende que tais sepulturas corpo / alma nem a perspectiva da poesia épica apresentam um significado simbólico como grega de Vemant. Para Humphreys, tais visões indicadores que o indivíduo pertencia ao corpo da morte são muito restritas e não se encaixam político de cidadãos como um todo. Aqueles que em muitas religiões ou crenças nas diferentes tinham acesso aos cemitérios eram, a priori, membros sociedades. O cerimonial funerário pode exercer desse grupo. Essa conexão entre enterramentos nos três funções em relação à persona social do morto: cemitérios e cidadania está clara nos discursos das orações em funerais públicos para os mortos em 1) A total representação do morto em seu guerra (Morris 1991a: 158). próprio corpo, isto é, o cadáver é identificado a um objeto material estável. 2) A reincorporação do morto na sociedade,

9 As ankhisteíai seriam as relações entre parentes próximos seja através da ancestralidade ou da reencamação. reconhecidos pela família; aqueles que teriam direito à 3) O reinicio de uma nova vida no mundo herança. dos mortos.

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Humphreys considera que esses três aspectos sociedades e, portanto, devem ser analisados, podem estar associados ou não, coexistindo não de maneira universal, mas culturalmente ou não. A morte, para a autora, é marcada específica, levando em consideração o papel e os pela atemporalidade, pela imortalidade. interesses dos vivos nos rituais mortuários nos A autora ainda afirma que é fundamental mais variados sistemas culturais (Whitley 1991b, para os estudos dos contextos funerários a 1996, 2002). Os enterramentos representam interdisciplinaridade, não aplicada a partir da o produto da escolha humana e funcionam criação de modelos etnográficos genéricos testados como respostas às necessidades da cultura e arqueológicamente, mas como um recurso da sociedade em questão. Os participantes dos analítico a ser apreciado e comparado caso a caso. rituais mortuários atuam sobre um repertório Fundamentada em tais perspectivas, do passado, modificando o que foi transmitido e Humphreys afirma que as hipóteses de Saxe e transformando também as identidades sociais do Goldstein são irrelevantes para o entendimento morto de acordo com suas próprias necessidades dos costumes funerários em Atenas durantes os e interesses. As práticas mortuárias são, dessa séculos VI, V e IV a.C. (Humphreys 1980). A forma, moldadas pelas ideias e pelas instituições autora acredita que os grupos de enterramentos comuns a uma sociedade, e os enterramentos clássicos tendiam a ser do tipo bilaterial de jamais representam as formas sociais de uma relações de parentescos / familiares. Com o maneira previsível e direta. Quanto mais crescimento do ideal de pólis enquanto uma complexa a sociedade, mais as instituições instituição que protege os direitos dos cidadãos mortuárias serão distintas do corpo social sem que haja uma grande disparidade social entre como um todo e menores serão as chances das os mais ricos e os mais pobres, o estado começa sepulturas e dos cemitérios representarem um a interferir no campo dos rituais funerários. quadro exato, fiel da estrutura social definido A legislação de Sólon limita a quantidade e a pelos modelos de Binford e Saxe. Entretanto, qualidade dos objetos depositados nos túmulos, para Whitley, não é possível trabalhar com os principalmente em relação àqueles visíveis.10 contextos funerários apenas em termos abstratos Durante o século V, o ideal coletivo é promovido e teóricos. E necessário que os dados levantados e, na época de Tucídides, as maiores honras nos nas escavações sejam transformados em elementos funerais eram oferecidas àqueles que morriam em comparativos e bases de análises, possíveis batalha, defendendo a integridade do território através dos recursos estatísticos matemáticos e ateniense. Um novo conceito da “bela morte” da analogia etnográfica, enquanto instrumentos tinha se formado e, dessa forma, esta nova forma úteis para caracterizar um padrão mortuário ou pública de honrar os mortos que pereceram simbólico distinto, desde que a interpretação durante uma guerra afeta profundamente a não incorra em generalizações e modelos a serem forma pela qual os cidadãos atenienses passam testados. a enterrar seus mortos no final do século V e, E importante observar que os usos da principalmente, durante o século IV a.C. analogia etnográfica formam mais um dos J. Whitley (1991b) também se enquadra pontos cruciais de divergência entre as duas nesse conjunto de autores que buscam uma linhas teórico-metodológicas interpretativas dos forma intermediária entre os pressupostos da contextos funerários. Enquanto a Arqueologia Nova Arqueologia e da Arqueologia Contextual. Processual a utilizava como um recurso para Os contextos funerários são entendidos como formular leis gerais que pudessem ser testadas formas de autorrepresentações simbólicas das contra os dados arqueológicos, a Arqueologia Pós-Processual procura empregá-la como recurso comparativo centrado nas especificidades de 10 A legislação de Sólon foi promulgada no século VI a.C. cada sociedade, ressaltando as diferenças. O e visava restringir os exageros nas práticas funerárias: “Não próprio pesquisador J. Whitley (1991a) faz uso de lhes permitiu mais que se ferissem no rosto, nos enterros, se dois modelos antropológicos, estabelecidos por entregassem a lamentos fingidos, afastassem gemidos e gritos, Schuyler Jones (1974) e Lewis Binford (1983), acompanhado um funeral, quando o cidadão falecido não fosse para analisar as comunidades da Idade do Ferro a seu parente. Não consentiu que se sacrificasse um boi no túmulo partir de um estudo dos períodos de utilização de do defunto, que com ele se entregassem mais de três fatos e se visitassem as sepulturas de estranhos, após dia do enterro’’ suas necrópoles. O autor divide os assentamentos (Plutarco, Sólon, 29). desse período em dois tipos: os assentamentos

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“estáveis” (por exemplo, as comunidades segurança econômica, política e manutenção do de Atenas, Argos e Cnossos) e “instáveis” status social. A competitividade nestes grupos (Lefkandi, Dhonoussa, Zagora, Nicória, Emporio constitui algo presente e fundamental para a e Kavousi). Esta divisão baseia-se no tamanho, sustentação da figura do “big man” Da mesma na densidade populacional e duração dos forma que este atrai seguidores, formando suas assentamentos, mas, principalmente, no que diz alianças, ele atrai também rivais, instigando respeito à continuidade do uso das necrópoles, a competição e a troca de linhagens no poder sendo utilizadas continuamente e com pequenas político. interrupções de um lado e, de outro, com grandes Não há, portanto, necessariamente, intervalos em que os enterramentos naquelas hereditariedade na constituição do poder. Há, comunidades teriam praticamente cessado. sim, uma extrema valorização das qualidades Para as comunidades estáveis, Whitley e conquistas individuais, associadas de forma propõe o modelo antropológico de Nuristan, geral às qualificações guerreiras, possíveis sugerido por S. Jones. Tanto em Nuristan, oferecedoras de estabilidade. Cabe ao mais quanto nas comunidades gregas de tipo destacado guerreiro do grupo aristocrático se “estáveis”, configuram-se exemplos de sociedades esforçar e conquistar seus seguidores, apoiando- patrilineares, patriarcais e, predominantemente, —se numa grande e poderosa rede de alianças. agrícolas. O status social e o poder político são, Contudo, quando este “big man” morre, suas em parte, conquistados mas, na maior parte dos alianças perecem com ele e suas prerrogativas casos, hereditários. São sociedades em que há de poder não são transferidas para seus filhos. intensa competição interna, em que a honra e Isto proporciona uma nova disputa por um o orgulho são condições para a posição social e novo “big man” de uma nova linhagem, mas possessões dos “destacados”. O trabalho manual é sempre pertencente à “elite” da comunidade. admirado e valorizado, porém é inferiorizado em Trata-se, portanto, de comunidades bastante relação aos demais. A cultura material produzida hierarquizadas. reflete os valores dominantes da comunidade, As comunidades da Idade do Ferro como a competição, a honra e a manutenção mencionadas para as quais se aplica este de um determinado status social e político. Isto modelo antropológico do “big man' são regiões faz com que características da decoração de que, geralmente, começaram a se formar a artefatos manufaturados valorizem a reprodução partir da reunião de grupos dispersos das áreas de símbolos que representam determinada ordem mais atingidas pelos movimentos migratórios social. E desta maneira que o autor interpreta e pela desintegração do Sistema Palacial muitos dos motivos geométricos da cerámica Micênico. A densidade demográfica nestes ateniense e indica certa estabilidade política povoamentos varia muito durante o início expressada pela existência de uma “elite” da Idade do Ferro (Snodgrass 1971: 327-29). ateniense no controle social e político. Whitley Assim, conforme aponta Whitley, a figura de afirma que o modelo é aplicável, principalmente um homem destacado e forte por suas relações para Atenas. Já para as demais comunidades de parentesco e alianças de fidelidade pode “estáveis”, o modelo funciona apenas em parte. ter tido grande peso e importância para o Os povoamentos “instáveis” são estudados desenvolvimento e consolidação política, por Whitley, segundo o modelo antropológico econômica e social da comunidade no início da do “big man”, descrito por Binford. Há três Idade do Ferro. comunidades da Idade do Ferro que possuem As atividades econômicas características maior quantidade de pontos convergentes com deste modelo do “big man” ajustam-se no tal modelo: Lefkandi, Kavousi e Nicória. Zagora quadro geral de mobilidade: são sociedades e Dhonoussa, entretanto, apesar de serem predominantemente pastoris e comerciais. As classificadas como “instáveis” não correspondem atividades comerciais são fundamentadas num ao modelo do “big man”. Sociedades do tipo do sistema de reciprocidade e troca de presentes sistema do “big man” possuem característica que auxiliam a perpetuar a competitividade instabilidade política. Um grupo de pessoas e, simultaneamente, a aumentar as alianças reúne-se sob o domínio de uma figura do “big man Devido à mobilidade e à centralizadora, um chefe, líder, o “big man” capaz instabilidade populacional, não há uma produção de, a partir de uma rede de alianças, oferecer de excedentes destinada exclusivamente ao

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comércio. Dessa forma, é a troca imediata que dado ao morto, quais seriam os rituais funerários satisfaz as necessidades ulteriores. e, ainda, como estaria organizada uma sociedade Não fazem parte dos objetivos desta caso o conjunto de suas crenças não incluísse esse pesquisa testar nem verificar a aplicação mundo dos mortos. Haveria o simples abandono ou o alcance dos modelos propostos por do corpo do defunto? Whitley para as comunidades da região da Dessa forma, ambas também acabam por Argólida. Tal metodologia de análise nos considerar a morte a partir da visão tripartite leva a uma problemática dos pressupostos de Van Gennep, caracterizando-a como um da Arqueologia Processual que incide no rito de passagem, através do qual é necessário perigo de o pesquisador analisar seu objeto o cumprimento de etapas que configuram as com interpretações e respostas previamente cerimônias fúnebres, definidas como normas, elaboradas, ignorando a leitura específica padrões e sanções de comportamento humano das informações que os dados permitem-lhe repetitivo (ritos). Esses rituais possuem alcançar. Teoria e método de análise devem funções não só biológicas, como a higiene dos caminhar juntos na elaboração de questões participantes, mas também são sanções e normas que devem ser colocadas ao objeto de estudo. necessárias para que, de um lado, o morto Os resultados e as interpretações dependem encontre sua nova ordem, sua nova morada, de inúmeros fatores condicionados não só às entre no mundo dos mortos e, de outro, para particularidades dos aspectos da sociedade em que a sociedade também re-encontre sua ordem questão (a configuração da estrutura social), normal. Os participantes exercem um controle mas até mesmo aos dados especificamente social sobre a morte. E a partir dessa perspectiva levantados dos contextos funerários como, por que ambas também utilizam os conceitos persona exemplo, a própria limitação de informações social, identidade social e relações sociais para mediar nos relatórios e crônicas de escavações, a as relações entre os enterramentos e a estrutura e ausência de publicações sistemáticas dos a organização da sociedade. enterramentos e seus conteúdos, de estudos As diferenças fundamentais entre as duas osteológicos, entre outros fatores. Entretanto, vertentes encontram-se exatamente nas definições uma análise comparativa com tais modelos dos parâmetros da relação entre os contextos etnográficos pode ser produtiva no que diz funerários com a organização e a estrutura social. respeito ao entendimento das particularidades Fundamentalmente, para a Nova Arqueologia, das comunidades dessa região da Argólida, os mortos refletem e reproduzem de forma real a na tentativa de alcançar algumas nuanças e estrutura social quantitativa e qualitativamente, especificidades da estrutura social. como se os contextos funerários fossem um espelho para alcançar a organização da sociedade. Dessa maneira, a preocupação com os significados sociais VI) Conclusões: os mortos e a organização da das práticas funerárias é minoritária em relação sociedade. Mundos congruentes ou divergentes? aos métodos quantitativos de análise, pois estes são essenciais no processo de identificação dos As duas correntes arqueológicas, a Nova padrões de comportamento. A persona social do Arqueologia e a Arqueologia Contextual, morto é resultante da escolha das identidades sociais configuram os dois grandes paradigmas teórico- que os participantes dos rituais funerários querem -metodológicos de interpretação dos contextos enfatizar. As práticas mortuárias configuram funerários. Ambas reconhecem que existe um momento em que as relações sociais são uma relação intrínseca entre sociedade e definidas e podem, portanto, refletir e reproduzir enterramentos e partem sempre do pressuposto a complexidade da estrutura social, a qual é, de que as sociedades em geral acreditam em dessa forma, entendida como igual à organização um mundo sobrenatural, extracorpóreo, pois social. A persona social do morto é caracterizada, entendem as exéquias como uma forma através portanto, pelos sentidos inerentes da reflexão e da da qual a sociedade se reorganiza, encontra seu reprodução, como imitação, cópia, re-exibição de equilíbrio novamente, para retornar ou modificar uma forma existente, sem alterações. um estado que havia sido alterado com o fato Os enterramentos constituem uma pequena universal e inevitável da morte. Não há um parte do conjunto de atividades cerimoniais que questionamento sobre qual seria o tratamento envolvem a morte (Leach 1954, 1976; Morris

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1987; Petersen 2007) e, se os entendermos como A ideia a partir da qual todo registro espelho da sociedade, estaremos recusando a ideia arqueológico é fruto de representações ideológicas de que as práticas funerárias envolvem criação de acaba por gerar uma conceitualização ideal da significados e representações simbólicas de valor. sociedade que jamais será totalmente alcançada. A riqueza dos objetos presentes nos contextos Há inúmeros aspectos ideológicos nas práticas funerários e os níveis de energia despendidos nas mortuárias que não são aparentes ao arqueólogo, práticas mortuárias não podem ser realisticamente não estão presentes nos vestígios materiais e, medidos através de recursos matemáticos. Está portanto, não são representados através da cultura claro que, de acordo com as leis da física, há material. Além disso, um grande problema deste alguns aspectos de distorção e atraso na ação tipo de abordagem é a identificação dos elementos de reflexão e a imagem simétrica do objeto que estão ideologicamente representados nos refletido em um espelho aparece em outro ponto contextos funerários (McHugh 1999: 16-17). caracterizado pela inversão da sua posição. Como reconhecê-los? Quais os traços e os Contudo, um espelho reflete praticamente a forma vestígios que proporcionam tal leitura e por quê? exata do objeto que está sendo colocado na sua A primeira vista, as duas correntes frente. Isto não acontece com os enterramentos. teórico-metodológicas parecem se contrapor Eles não refletem uma imagem exata da estrutura e contradizer em muitos sentidos. Todavia, da sociedade. acreditamos que devem ser entendidas como Para a Arqueologia Pós-Processual, de outro complementares e não devem ser utilizadas de lado, os contextos funerários são entendidos forma independente, pois, devido ao caráter como representações simbólicas marcadas de diversificado dos significados dos vestígios forma constante e intrínseca por ideologias. materiais presentes nos contextos arqueológicos, Nesse sentido, a ênfase nos rituais funerários sejam eles padronizados ou idealizados, a aplicação encontra-se na intencionalidade, na escolha e na de uma única teoria torna-se insuficiente e manipulação e nas possibilidades de representação problemática, ocorrendo em anacronismos e dos vivos (dos participantes) para com os mortos. incoerências. Conforme foi discutido, muitos A estrutura social é compreendida como a parte autores (como, por exemplo, I. Morris, S. ativa da manipulação das crenças e das ações dos Humphreys e J. Whitley) já chamaram a atenção vivos e, portanto, os contextos funerários não para tais fatos, buscando uma certa integração das podem ser o "reflexo” da organização social, uma duas vertentes como uma questão de estabelecer vez que esta é distorcida e idealizada através das e situar os recursos de uma forma mais apropriada práticas rituais executadas pelos participantes. (Brown 1995: 10; McHugh 1999: 2-3, 16, 18). Os Dessa maneira, os significados sociais das problemas de se assumir uma posição dogmática práticas funerárias ocupam o lugar de destaque em relação às linhas teórico-metodológicas da análise e são relativizados pela diversidade de recaem sobre uma abordagem tendenciosa e representações nos variados sistemas culturais, enviesada do material proveniente dos contextos marcados de forma intrínseca por questões funerários, pois o arqueólogo preocupa-se em ideológicas. Justamente pelo fato da persona primeiro lugar com o corpo teórico-metodológico social do morto ser fruto de uma escolha de em detrimento das informações disponíveis do um grupo, ela é transformada, manipulada, material arqueológico que está analisando. E idealizada, ou até mesmo criada, e não pode exatamente a partir do material reunido que se refletir a organização social '‘real” empírica. aplicam e definem os métodos e o corpo teórico Assim, organização social e estrutura social são coerentes com a análise do mesmo. As questões distintas, e as práticas funerárias caracterizam a colocadas ao corpus documental que devem estrutural social que é, na verdade, pretendida, estabelecer quais são a metodologia de análise e ideal. A persona social está representada nos a abordagem teórica mais adequadas. A ênfase enterramentos, caracterizada pela própria extremada dos métodos quantitativos em relação definição de representação, como algo que é aos significados sociais pode levar a interpretações apresentado em uma nova forma, com novas equivocadas dos contextos funerários da mesma características, qualidades e significados. Daí, forma que a exacerbada preocupação teórica sobre para alguns autores, jamais ser possível alcançar o método. a organização social através dos contextos As duas linhas interpretativas reconhecem funerários, mas apenas a estrutura social. que os contextos funerários possuem dimensões

57 simbólicas. Desse modo, independentemente localização dos sepultamentos nos assentamentos, das diferenças entre elas, se refletirmos sobre entendendo o espaço dos mortos em relação essa característica podemos afirmar que os ao dos vivos, e comparar os dados com outras enterramentos (entendidos sempre como comunidades que definam uma região. O uso uma parte das práticas mortuárias) denotam da analogia etnográfica também é necessário, dois aspectos fundamentais dos mortos: 1) na medida em que não gere fórmulas e modelos concernente às escolhas pessoais do defunto e gerais de interpretação, mas para entender as suas próprias conquistas em vida e 2) no que especificidades das sociedades estudadas. A diz respeito aos papéis e às relações sociais dificuldade de lidar com classificações e modelos estabelecidas com um grupo na vida e na gerais pré-estabelecidos como, por exemplo, a morte. Conforme indica Ucko (1969: 273), o dicotomia sociedade igualitária e hierarquizada, primeiro aspecto é considerado como o “pesadelo nos remete não apenas a uma ausência das do arqueólogo” sendo muito difícil de ser definições claras dos termos segundo as identificado apenas através da cultura material. especificações dos sistemas culturais, mas também Além disso, as conclusões levantadas para os às próprias incongruências dos termos em relação aspectos pessoais das práticas funerárias são a períodos de transição. Tais momentos são sempre bastante incertas e temerárias, objetos necessariamente acompanhados por mudanças facilmente suscetíveis a relativizações, críticas e ideológicas (Torralvo 2000: 80). questionamentos. A morte é um fato universal e é sempre O segundo aspecto das práticas mortuárias caracterizada pela ausência. Entretanto, ela não (o estabelecimento da persona social do morto) é tratada da mesma maneira pelas diferentes também não constitui um ofício simples. sociedades, pelo contrário, é simbolicamente Entretanto, acreditamos que a partir da representada de acordo com cada contexto sistematização dos dados fornecidos pelos cultural. Esta é uma característica básica dos contextos funerários, nos termos da Arqueologia elementos que são simbolicamente representados. Processual, proporcionando análises quantitativas Apesar de reincidirem mundialmente, apresentam e estatísticas sobre as informações de gênero e especificidades regionais, localizadas e, em muitos idade, sobre os tipos de sepultura, a orientação e casos, raros aspectos (Metcalf and Huntington o posicionamento do corpo do morto e também 1995). Dessa forma, a aplicação da analogia sobre o mobiliário funerário, associando uma etnográfica deve ser percebida como uma forma classificação qualitativa, evitando classificações de reconhecer e examinar as especificidades que definam os objetos como pessoais, coletivos, de cada cultura e não como paralelos através utilitários ou funerários e, ainda, jamais dos quais leis gerais do comportamento identificando tais categorizações como reflexo humano possam ser levantadas e testadas da complexidade social, seria possível alcançar arqueológicamente. não só a estrutura social ideal e manipulada Apesar dos problemas que surgem a (nos termos da Arqueologia Contextual), partir dos princípios estabelecidos pela Nova mas também aspectos da organização social. Arqueologia para as definições da relação entre E necessário ressaltar a necessidade do uso de os enterramentos e a sociedade, é necessário métodos quantitativos na análise das dimensões reconhecer que os avanços nos estudos dos dos contextos funerários, pois somente assim contextos funerários foram inúmeros. Pela o arqueólogo consegue reconhecer padrões, primeira vez, houve uma preocupação formal sejam eles ideologicamente construídos ou não, em sistematizar uma metodologia própria para alcançando seus significados sociais (Torralvo o estudo dos enterramentos. Obras anteriores, 2000, Aldrovandi 2006, Andrews and Bello 2006, como as de Durkheim (1912; Durkheim e Mauss Gowland and Knusel 2006). Somente a partir 1901-1902) e Frazer (1913-1922, 1933), estavam do estabelecimento de padrões que conseguimos preocupadas com aspectos filosóficos e religiosos, entender a sociedade, atingindo sempre alguns com as definições da crença na vida após a morte aspectos da organização e da estrutura social, e de um mundo sobrenatural nas diferentes porém jamais sua totalidade. culturas. Nesse sentido, a Arqueologia Processual Está claro que as análises quantitativas definiu as bases classificatórias e as etapas de e qualitativas não bastam, é necessário interpretação dos enterramentos, relacionando correlacioná-las com outros contextos, como a formalmente as variações nos enterramentos com

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a organização social. Tais etapas de análise são Luce (2007) propõe uma distinção para a análise utilizadas em nossa pesquisa para a confecção do das práticas mortuárias que também parece corpus documental, formado pelo catálogo e pela problemática e, em si mesma, contraditória. O base de dados. O primeiro passo seria realizar um autor divide, de um lado, os tipos de sepultura inventário completo do material arqueológico e os rituais funerários e, de outro, o mobiliário para que se possam aplicar recursos estatísticos funerário. Os tipos de sepultura e os rituais de análise. O segundo passo seria a classificação funerários formam um tipo de registro material dos dados dos enterramentos a partir das diversas que, segundo Luce, seria possível alcançar o dimensões que eles podem abranger como, por nível da sociedade. Já o mobiliário funerário exemplo, idade, gênero, tipo de enterramento, reflete informações como sexo e idade que são posicionamento do corpo, orientação da sepultura mediadas, portanto, por escolhas individuais no e as oferendas depositadas com o morto. A momento em que os objetos pessoais do morto partir do estudo das variações dessas dimensões são depositados na sepultura. Apesar do autor nos enterramentos, o arqueólogo seria capaz concordar que as informações sobre gênero e de identificar e compreender processos de idade podem indicar também a posição social, especialização do espaço como, por exemplo, a o status do indivíduo na sociedade, em sua formação de necrópoles e a relação entre o espaço opinião, a distinção fundamental entre essas dos vivos com o espaço dos mortos. As necrópoles duas categorias se dá pelo fato de que somente são produtos do tempo. As análises arqueológicas, a primeira (os tipos de túmulo e os rituais distintamente das etnográficas, são realizadas a funerários) podem definir padrões étnicos e partir de uma perspectiva de longa duração, fato escolhas coletivas. Acreditamos que estudos que possibilita o entendimento das transformações sobre as práticas funerárias fundamentados neste sociais. Finalmente, seria necessário que o tipo de análise teórico-metodológica apresentam arqueólogo recorresse à interdisciplinaridade, inúmeros problemas. como estudos de caráter osteológico, da Em primeiro lugar, definir identidades de paleonutrição, possibilitando alcançar dados sobre gênero e idade pelo mobiliário funerário é uma doenças, variabilidade genética associada a grupos questão bastante delicada. Possível, porém deve sanguíneos etc. (Willmens 1978). ser auxiliada por estudos osteológicos. Segundo, Todavia, é essencial lembrarmos que muitas que classificações dos objetos depositados com vezes o arqueólogo não consegue trabalhar o morto como personalia, parte do universo conjuntamente com os dados da Bioarqueologia. pessoal, individual do morto, são classificações Por exemplo, há muito poucos estudos desse arbitrárias sem definições claras e solidamente caráter realizados para o nosso objeto de estudo, estabelecidas. Poderíamos perguntar quais os enterramentos da Idade do Ferro na Argólida. critérios são utilizados para distinguir os objetos Dessa forma, identificar grupos étnicos ou grupos classificados como personalia daqueles que seriam, sociais através das referências alimentares ou das por exemplo, propriamente funerários, quer doenças torna-se inviável neste caso. Até mesmo dizer, confeccionados exclusivamente para serem as análises por gênero e idade são restritas, pois depositados com o morto, ou, ainda, daqueles tais informações são dadas para apenas uma que são classificados como utilitários, vale dizer, parte dos enterramentos catalogados. Diante artefatos utilizados no dia-a-dia. dessa dificuldade, seria possível uma tentativa de Terceiro, indicadores de gênero e idade identificação idade/gênero através do mobiliário podem levar ao segundo aspecto simbólico que funerário, como o estudo de A. Strõmberg, em elencamos, isto é, aos papéis e às funções do que a autora, através da comparação com os morto na sociedade e, consequentemente, às enterramentos cujas atribuições de idade e gênero relações sociais, às escolhas coletivas, uma vez são asseguradas por estudos osteológicos, procura que a distinção da cultura material entre homem definir oferendas prováveis determinantes de / mulher e adulto / criança em muitas sociedades enterramentos femininos de um lado e, de outro, não é mediada apenas por escolhas individuais, sepultamentos masculinos (Strõmberg 1993). mas sim por determinações sociais como laços As classificações do mobiliário funerário familiares, de solidariedade, ancestralidade, status são sempre arbitrárias, porém se deve tomar social etc. Tal distinção de gênero e idade pode cuidado com atribuições anacrônicas em relação ser influenciada por uma gama de fatores que a símbolos de riqueza e valor social e étnico. J-M integram o indivíduo na sociedade e definem

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seus papéis na vida e na morte, quando os nem como espelhos para seu status social, mas participantes das cerimônias fúnebres, também sim devem ser percebidos e interpretados "como através de uma atuação marcante, modificam e afirmações de inclusão dos participantes / vivos” interferem nas posições do morto. Poderíamos (Dickinson 2006: 178, ênfase do autor). Nesse mencionar como um exemplo desse tipo de sentido, os artefatos que compõem o mobiliário estudo, do mobiliário funerário como indicador de funerário atuam como símbolos sociais com gênero e idade, mas, na verdade, como uma forma significados durante a vida e a morte e são de representação coletiva, a obra de A. Strõmberg utilizados pelos participantes dos rituais funerários (1993) sobre a análise dos enterramentos “consciente ou inconscientemente para proclamar em Atenas do início da Idade do Ferro. Os suas posições e aspirações sociais” (ibid., 178). determinantes de gênero e idade são interpretados Assim, é necessário que o arqueólogo lide como um elemento de poder e riqueza das famílias com o material que se apresenta disponível, a que o morto pertencia e não como fruto de uma aplicando recursos teórico-metodológicos que escolha pessoal (Strõmberg 1993: 109). sejam coerentes com as informações fornecidas Dessa forma, nos parece uma tarefa pelos contextos funerários em estudo, evitando extremamente árdua o alcance do primeiro dogmatismos. Nenhum registro arqueológico aspecto simbólico das práticas mortuárias e, é característico de uma representação total da conforme aponta O. Dickinson, o mobiliário sociedade, nem mesmo quando manipulada e funerário não deve ser entendido nem como idealizada. Concordamos com F. McHugh em propriedades pessoais ou tesouros do morto enfatizar "a necessidade de manter a mente aberta intencionalmente usados para os enterramentos, quando se lida com interpretações ideológicas para os enterramentos” (McHugh 1999: 16).

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Capítulo 2

Os contextos funerários da Argólida: metodologia de análise.

I) A elaboração e a organização do corpus correspondem a três grandes variáveis com vários documental. atributos compositivos: o tratamento do corpo, o local de deposição do corpo do morto e o A partir da discussão teórica efetuada no mobiliário funerário colocado com o morto.1 Ao capítulo anterior, podemos concluir que os lidar com os contextos funerários na região da contextos funerários envolvem determinadas Argólida durante a Idade do Ferro, percebemos dimensões das práticas mortuárias que que a elaboração de um catálogo que reunisse apresentam variabilidade cultural e estão as dimensões das práticas mortuárias fazia-se relacionadas de forma intrínseca com a persona indispensável, na medida em que havia uma social do morto representada nos rituais. Tais enorme quantidade de enterramentos datada dimensões ou atributos foram sistematicamente desse período e, ainda, devido à ausência de classificados pela Nova Arqueologia, a fim de um corpus documental deste porte, que pudesse que se estabelecessem parâmetros para medir a ser complementado e analisado por futuros complexidade social e, principalmente, indicar pesquisadores e a partir de diferentes perspectivas o status social do morto, originando fórmulas e propostas de estudo. e modelos gerais de comportamento humano. A elaboração de corpus documental que A verificação, comparação, ou tampouco, reunisse todas as informações disponíveis sobre a utilização de tais classificações para medir os contextos funerários, portanto, foi o primeiro a complexidade social não fazem parte dos passo à classificação do material. O corpus é recursos analíticos aplicados no estudo do objeto composto por um catálogo e dois bancos de dados, selecionado. Entretanto, determinados aspectos um em Excel e outro em FileMaker.2 Tal recurso, da estrutura social só serão alcançados a partir de um estudo detalhado e tipológico das variáveis

dos contextos funerários, fornecendo padrões de 1 Ana Claudia Torralvo elabora uma tabela bastante representação que possam ser comparados entre elucidativa e sintética com os componentes das dimensões dos sítios de uma mesma região e analisados segundo contextos funerários em sua tese de doutorado (2000: 87). uma perspectiva de longa duração, visando 2 O banco de dados elaborado em FileMaker constitui entender possíveis transformações na estrutura um recurso inédito e de importância crucial na tentativa de viabilizar e facilitar o acesso às informações para futuras social representadas através dos enterramentos. análises a partir das diferentes abordagens do material Segundo Binford (1971: 21), as principais arqueológico. O FileMaker funciona através da lógica dimensões presentes nos contextos funerários simples elementar de pesquisa de informações em banco

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inédito para a região e o período selecionados Nos capítulos de análise dos diversos aspectos para estudo, configura um instrumento de dos contextos funerários todas as referências pesquisa em potencial que possibilita diferentes numéricas dos túmulos do corpus documental abordagens interpretativas, recortes e leituras dos correspondem ao número atribuído a cada túmulo dados e corrobora para futuras pesquisas sobre os durante o processo de catalogação da pesquisa e diferentes aspectos das práticas mortuárias. não ao número original do contexto. Devido às restrições e os limites da O levantamento e a catalogação dos dados publicação da tese, nem o catálogo completo arqueológicos possibilitaram a reunião de, no composto pelas fichas de cada contexto funerário mínimo, 826 contextos funerários (TABELA 1). em Word e nem o banco de dados em Excel Este levantamento exaustivo das informações dos completo constarão neste livro. Nesta publicação contextos funerários da Argólida foi realizado a consta apenas uma listagem dos 826 contextos partir dos relatórios e crônicas de escavações das funerários catalogados com o número atribuído diversas escolas estrangeiras autorizadas a escavar à sepultura durante o processo de catalogação os sítios da região, assim como do Serviço Grego da pesquisa de doutoramento e o número de Arqueologia (SGA), que realiza campanhas, original correspondente atribuído ao túmulo principalmente de salvamento, em quase todos pelos pesquisadores durante as campanhas de os sítios. Argos trata-se de um sítio de concessão escavações (vide ANEXO). Acrescentamos ainda da Escola Francesa de Atenas (Ecole française à listagem, as referências bibliográficas utilizadas d’Athénes - EfA), Tirinto do Instituto Alemão de Arqueologia (Deutsches Archäologisches Institut na reunião das informações de cada sepultura.3 - DAI), Asine do Instituto Sueco de Atenas (Swedish Institute at Athens - SIA), Micenas foi intensamente escavado pela Escola Britânica de dados. O pesquisador pode acessar o banco de dados em Atenas (BSA), Náuplia apenas pelo Serviço inteiro utilizando a opção “Browse Mode", ou, ainda, Grego de Arqueologia e Lerna corresponde a um único túmulo, ou um conjunto de túmulos usando a opção View> >Find Mode ou a opção tradicional uma concessão da Escola Americana de Estudos + < f> . Para todas as variáveis dos contextos funerários, Clássicos em Atenas (ASCSA). Além das com exceção das imagens, é possível acessar e contabilizar crônicas e relatórios de escavações, a reunião dos qualquer tipo de informação. Por exemplo, no modo dados também foi feita através de alguns estudos “busca”, um usuário pode encontrar todos os túmulos sistemáticos do material editados pelas escolas datados do Protogeométrico por sítio ou, ainda, em toda a estrangeiras, como o Les Tombes Géométriques Argólida, ou pode contabilizar todos os túmulos infantis, de adultos, femininos, masculinos, em que foram encontrados d’Argos I, (1952G958), de E Courbin, as séries determinados tipos de vaso, ou de objetos em metal, cujos Tiryns e Asine que apresentam de forma exaustiva mortos encontravam-se em posição contraída, etc. Tal os resultados das campanhas de escavações recurso foi fundamental no processo de análise da imensa do Instituto Alemão (DAI) e Sueco (SIA) quantidade de material catalogado e dos aspectos que respectivamente.4 Finalmente, as duas únicas visamos examinar isoladamente ou em conjunto durante obras que buscam interpretar alguns aspectos a pesquisa de doutorado. A impressão dessa enorme quantidade de fichas seria desnecessária e esvaziaria o dos vestígios funerários da Argólida datados da objetivo principal e os recursos da tal base de dados como Idade do Ferro também serviram de base para a a possibilidade de “navegar’ pelos túmulos buscando uma elaboração do corpus documental: Die Gräber der informação específica e contabilizá-la ou cruzá-la com Argolis in sumykenischer, protogeometrischer und alguma outra variável da ficha de análise. Para acessar geometrischer Zeit, de R. Hägg e The Argolid 800- as informações do banco de dados em FileMekar com a -600 B.C., de A. Foley. possibilidade de "navegar” e cruzar os dados dos contextos Este longo e árduo processo de levantamento funerários da região da Argólida datados da Idade do Ferro, faz-se necessário a consulta ao DVD com o arquivo, dos dados que, inicialmente, foi realizado a exemplar único e, ainda, até o momento, de acesso restrito, partir da tradução das crónicas e relatónos em anexo à tese depositada na biblioteca do MAE / USR de escavações em diferentes línguas e, 3 Para acessar a descrição completa das informações posteriormente, inclui o estudo a urna significativa dos contextos funerários, faz-se necessário a consulta ao catálogo: SOUZA, C. D. Práticas Mortuárias na Região da Argólida entre os séculos XI e VIII a. C. Tese de Doutorado, 3 vols. Museu de Arqueologia e Etnologia / Universidade 4 Para a indicação completa das publicações sistemáticas de São Paulo. São Paulo. VOLUME II - Corpus documental das séries Tiryns e Asine, vide referências bibliográficas (texto). específicas para os sítios de Tirinto e Asine.

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TABELA 1 Total de Sepulturas na Argólida durante a Idade do Ferro. Período / Sítio SM PG GA GM GR G Total Argos 16 106 70 52 119 160 523 Tirinto 10 43 20 18 31 16 138 Asine 60 6 3 69 Micenas 4 13 1 5 10 1 34 Náuplia 4 1 1 1 17 5 29 Lema 2 17 1 13 33 34 223 94 93 184 198 826

porcentagem do material realizado nas reservas bibliográficas, procurando incluir o máximo técnicas dos Museus de Argos, Micenas e Náuplia possível de variáveis dos contextos funerários, e na apoteca de Tirinto, permitiu um processo de fundamentais no processo de análise e reflexões reavaliação, principalmente no que diz respeito sobre as práticas mortuárias. O primeiro item às datações dos vasos cerâmicos presentes abrange as duas primeiras dimensões dos nas sepulturas. Pudemos, desse modo, excluir contextos funerários sistematizadas por Binford alguns contextos e incluir vários outros, cujas (1971: 21), isto é, o local de deposição do morto informações, infelizmente, ainda permanecem e o tratamento dado ao corpo do morto. A partir lacunares, incompletas ou imprecisas devido ao do local de deposição do morto, identificamos fato de se encontrarem restritas e inacessíveis nos os três atributos elencados pelo autor: a) cadernos de escavações e o mobiliário funerário aspectos arquitetônicos da sepultura: tipo de proveniente desses túmulos continuar guardado sepultura, forma, dimensões, material utilizado nas salas das reservas técnicas dos museus na construção do túmulo e outros detalhes mencionados aguardando estudos sistemáticos como a presença de algum tipo de marca, por que resultem na publicação do material. exemplo, uma placa um vaso etc., b) orientação Os contextos funerários foram numerados e c) localização do contexto no sítio estudado: de (001) a (826), considerando, em primeiro em qual propriedade, área do sítio específica ou, lugar, uma ordem decrescente da quantidade ainda, endereço onde o túmulo foi encontrado. de sepulturas por sítio: Argos do número (001) Ao lidarmos com o tratamento dado ao morto, ao (457); Tirinto do (458) ao (590), Asine do procuramos definir o segundo atributo indicados (591) ao (677), Micenas do (678) ao (709), por Binford, uma vez que o primeiro, relativo Náuplia do (710) ao (736) e Lema e do (737) ao à preparação do corpo (rituais que incluem (763). Os túmulos numerados do (764) ao (826) lavagem, higienização, vestimenta e exposição correspondem a contextos funerários argivos do morto), constitui um aspecto das práticas incluídos no corpus documental no último ano de mortuárias dificilmente reconhecido apenas a pesquisa de doutorado e resultantes do acesso partir da análise da cultura material e o terceiro, às novas publicações de crônicas e relatórios de concernente aos tipos de deposição, se em um escavações (fundamentalmente aos números túmulo construído ou em um local natural, como recentemente publicados do ArchDelt). Em um rio, por exemplo, não caracteriza nenhum segundo lugar, a organização do corpus documental dos casos analisados na pesquisa, pois todos os privilegia a ordem cronológica das campanhas de enterramentos são efetuados em algum tipo de escavações, vale dizer, os túmulos escavados em sepultura construída. Dessa forma, indicamos campanhas mais antigas são elencados primeiro, aspectos relativos aos tipos de tratamento dado ao finalizando com aqueles revelados nas campanhas corpo: cremação ou inumação, essencialmente, mais recentes. pois na Argólida durante a Idade do Ferro não Os itens que compõem as fichas de há casos de mumificação, mutilações etc. Ainda catalogação do material foram selecionados a nesta categoria do tratamento, acrescentamos partir das informações disponíveis nas referências quatro outras variáveis de fundamental

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importância nas práticas mortuárias da região e O terceiro item da ficha de análise do período analisados: enterramento individual compreende a data atribuída pelos pesquisadores ou coletivo (caracterizando casos de reutilização nas referências bibliográficas para o(s) da sepultura), o gênero e a idade aproximada enterramento (s) presente (s) no túmulo em do(s) morto (s) e a posição do corpo (em posição questão, a partir da análise estratigráfica ou contraída ou estendida). da análise dos artefatos, geralmente, dos vasos O segundo item da ficha de análise que diz cerâmicos. Para vários casos em que a datação respeito às dimensões dos contextos funerários em tais referências era bastante imprecisa, envolve questões referentes aos objetos devido à ausência de estudo e de publicação do depositados com o morto, também a partir dos material, tivemos a oportunidade de analisar o parâmetros definidos pela Nova Arqueologia, no material cerâmico e a permissão de incluir os artigo de Binford citado anteriormente, contudo resultados do estudo (assim como as fotos que acrescentando outras características que são tiramos) na presente pesquisa. Dessa maneira, essenciais na análise dos contextos selecionados pudemos atribuir uma data mais específica para para estudo em específico. O exame do mobiliário o(s) enterramento(s). Entretanto, apenas para funerário não está concentrado, portanto, apenas uma pequena porcentagem dos enterramentos na quantidade de objetos e na relação entre forma catalogados foi possível uma datação mais exata e quantidade, mas se preocupa com questões a partir das subdivisões I e II para o GA, o GM relativas à qualidade, isto é, a partir de uma e o GR e, para o GR II, as classificações lia, Ilb análise mais detalhada do artefato que considere e IIC foram aplicáveis para uma porcentagem aspectos decorativos e que dizem respeito ainda menor dos sepultamentos. Dessa forma, às técnicas de fabricação e evite associações para executar a análise dos diversos aspectos diretas e simples (que podem levar a conclusões das práticas funerárias proposta na pesquisa equivocadas e anacrônicas) como tamanho, e apresentada no Capítulo 3, optamos por decoração e quantidade enquanto sinônimo de utilizar apenas as datações correspondentes às riqueza. caracterizações GA, GM e GR. A distribuição Inicialmente, apresentamos uma descrição dos enterramentos de acordo com os atributos quantitativa e qualitativa breve dos objetos das práticas funerários como tipo de sepultura associados a cada uma das sepultura, incluindo e idade, por exemplo, pelos subperíodos da sua distribuição e localização na cova em relação Idade do Ferro se dá de forma mais geral, ao morto. Posteriormente, uma descrição mais visando entender as mudanças significativas detalhada dos objetos é realizada a partir de nos padrões funerários de um subperíodo para uma divisão segundo a matéria-prima utilizada outro, do SM para o PG, do PG para o GA, do na confecção dos artefatos (metais, cerâmica GA para o GM e, finalmente, do GM para o GR. e outros materiais). Em primeiro, aparecem os Apenas em casos específicos e relevantes para artefatos confeccionados em metal, especificando a análise dos contextos, individualizamos em I o metal utilizado (ferro, bronze, ouro) e o tipo e II, principalmente, para aqueles datados do de objeto (anéis, colar, pulseira, fíbulas, espadas, Geométrico Recente. adagas, escudos, pontas de lança, entre outros) Finalmente, o quarto e último item da ficha e incluindo, quando possível, suas medidas aparece apenas quando há incongruências e e seus números de inventário. Em segundo, discordâncias por parte dos pesquisadores em explicitamos os objetos em cerâmica, indicando, relação à data atribuída ao(s) enterramento (s) ou, quando possível, informações sobre os vasos ainda, quando tal data foi atribuída por nós no ou outros objetos: o número de inventário, as processo de estudo do material. No primeiro caso, medidas, os motivos ornamentais, as técnicas expomos as diferentes datações e os respectivos de fabricação (manufaturados ou torneados) e, argumentos utilizados pelos pesquisadores e dessa forma, a qual subperíodo da Idade do Ferro definimos nossa posição a respeito. No segundo pertencem. Finalmente, expomos os artefatos caso, explicitamos razões que nos levaram a feitos em outro material qualquer como, por tal (ou a tais) data(s). Este item também pode exemplo, em faiança, marfim, cristal de rocha, incluir aspectos relativos à ausência de mobiliário pedra (instrumentos líticos) etc., indicando funerário em uma sepultura que contém apenas também, quando possível, suas medidas e restos ósseos ou, ainda, à ausência de restos ósseos números de inventário. em uma sepultura contendo mobiliário funerário

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(caracterizando um kenotáphos — do grego — Informações Gerais. túmulo vazio, necessariamente sem restos ósseos, Esta primeira categoria abrange apenas porém pode conter ou não oferendas), questões uma contabilização do número total de túmulos que estão intimamente relacionadas ao processo de datação dos enterramentos. escavados no sítio em questão datado da Idade do Ferro. Inclui uma breve discussão sobre as campanhas de escavações que revelaram II) A classificação e os critérios de análise do os túmulos catalogados, sobre o estado atual corpus documental. da questão e apresenta uma descrição geral da configuração dos túmulos composta pela Finalizado o corpus documental, partimos quantidade de sepulturas, dos casos de reutilização para a primeira etapa do processo de análise: o e dos tipos de sepultura. Logo de início, quando exame detalhado das sepulturas intrassítio. O tratamos dos casos de reutilização da sepultura, faz- objetivo inicial de tal análise é a contabilização -se necessário definir alguns pressupostos e critérios das variáveis presentes nos contextos funerários, de análise. a partir de análises estatísticas simples como As definições e os usos dos termos túmulo, a elaboração de tabelas e gráficos. Contudo, sepultura, sepultamento, inumação, enterramento conforme discutimos exaustivamente no Capítulo e seus derivados constituem um problema nas 1, análises estatísticas diretas e que consideram as referências bibliográficas, pois são utilizados dimensões dos enterramentos de uma forma isolada de forma indiscriminada, muitas vezes, como e direta ocasionam interpretações inadequadas e sinônimos, por exemplo, enterrar com o mesmo anacrônicas da sociedade, resultantes de fórmulas significado de inumar e, ou, sepultar. O túmulo generalizadas. Desta maneira, toma-se essencial (entendido aqui como sinônimo de sepultura) relacionar as variáveis entre si e dividi-las pelos configura o todo do contexto funerário, isto é, o subperíodos da Idade do Ferro, pois nossa proposta lugar propriamente dito (independentemente do visa entender possíveis transformações nas tipo de sepultura e do tipo de enterramento) onde práticas mortuárias durante este longo período. se deposita o morto (ou os mortos), as oferendas e Finalmente, a partir desse exame mais aprofundado onde se constroem monumentos que identifiquem e individualizado por sítio, poderíamos alcançar o local enquanto o hábitat do(s) morto (s) - o o fim último da pesquisa através de uma análise sêma. Isto quer dizer que o túmulo pode ser comparativa, tentando compreender a relação caracterizado por vários tipos como, por exemplo, entre os sítios da região, principalmente em direção uma cista, uma uma funerária ou uma fossa e ao final da Idade do Ferro. pode conter essencialmente dois tipos diferentes Para a análise estatística, consideramos os de enterramento: a) inumação, quer dizer, a atributos principais dos contextos funerários que deposição do corpo sem alterações fisico-químicas fornecem reflexões sobre as práticas mortuárias. drásticas, b) cremação, isto é, a queima parcial Tais atributos correspondem às mesmas dimensões do corpo do morto, sendo depositados os restos sistematizadas no catálogo e na base de dados, carbonizados do corpo (cinzas e ossos queimados). porém procuramos organizá-los de uma maneira A cremação envolve elementos distintos na que privilegiasse a inter-relação dos dados. configuração da sepultura em relação à inumação Assim, relacionamos cinco categorias de análise: como, por exemplo, quando a pira é efetuada no 1) Informações Gerais, 2) Idade / Gênero e as próprio local em que os restos do morto serão relações com os Tipos de Sepultura, 3) Orientação depositados, geralmente, em uma uma funerária. e Posição do corpo, 4) Mobiliário Funerário e Dessa maneira, o termo inumação e o ato 5) Localização. Pensando o Espaço dos Mortos. de inumar são entendidos de forma distinta das Para cada um desses quesitos faz-se necessário denominações túmulo, sepultura, enterramento, o esclarecimento de alguns pressupostos no sepultamento e das ações de sepultar e enterrar. exame dos dados do catálogo e da base de dados, Compreendemos a ação de depositar o morto como, por exemplo, as definições e as utilizações (seja inumado ou cremado) como enterrar ou de alguns termos da arqueologia das práticas sepultar, porém jamais como sinônimo de inumar. mortuárias e os critérios de análise estabelecidos Em conseqüência, o sepultamento e o enterramento para efetuar a comparação e a relação entre as configuram o resultado dessa ação e, desse modo, informações disponíveis. trata-se de uma ação individual, a partir da qual

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um morto é depositado por vez. Isto nos leva Este tipo de análise é realizado por arqueólogos a concluir que um túmulo (ou uma sepultura) quando estes não dispõem de estudos osteológicos pode ter um único ou vários enterramentos (ou mais especializados para esqueletos cujo estado de sepultamentos), independentemente do fato conservação não permita uma análise imediata. dos defuntos terem sido enterrados (sepultados) Ambos os processos de atribuição da idade simultaneamente ou sucessivamente. Esta e do gênero do indivíduo, quando considerados questão da simultaneidade ou sucessividade dos de forma isolada, apresentam resultados enterramentos será tratada com mais detalhe problemáticos e questionáveis. As classificações adiante. Todavia, preferimos entender as decorrentes puramente da análise da antropologia sepulturas que apresentam vários enterramentos física não alcançam os significados culturais que como casos de reutilização dos túmulos e, desse as dimensões de idade e gênero podem ter em modo, como enterramentos sucessivos, uma uma determinada sociedade como, por exemplo, vez que enterramentos simultâneos (quando os papéis exercidos por uma criança e por um indivíduos morrem e são sepultados mais ou adulto ou as funções de um homem e de uma menos ao mesmo tempo) são raros (Hãgg 1974a, mulher em uma determinada prática social. Além 1980), podendo acontecer em caso de doenças disso, o próprio processo de identificação do que atingem proporções epidêmicas, guerras, gênero a partir do material ósseo, mesmo quando acidentes ou sacrifícios (Courbin 1977). realizado por especialistas, muitas vezes apresenta Assim, o total de túmulos escavados e dificuldades e incertezas, principalmente, quanto catalogados de um sítio não corresponde, mais jovem for o indivíduo. Para as crianças e necessariamente, ao total de enterramentos os bebês, até mesmo os antropólogos físicos não presentes naquele sítio, pois em alguns casos, arriscam afirmar o gênero, devido às próprias como, por exemplo, em Argos, há sepulturas características físicas de formação do esqueleto, que contêm até 7 enterramentos, entre adultos que, quando muito jovem, ainda não apresenta e crianças. Para examinarmos as variáveis dos uma diferenciação clara do gênero. contextos funerários, deve-se considerar sempre o Já as classificações originárias da análise enterramento individualizado e, portanto, lidamos restrita das demais dimensões das práticas sempre com o número de enterramentos (ou funerárias podem ser facilmente questionadas, sepultamentos) e não com o número de túmulos pois resultam em leis gerais que podem (ou sepulturas). apresentar inúmeras exceções. Por exemplo, é recorrente a ideia de que objetos em miniatura indicam túmulos infantis, ou que joias, como Idade / Gênero e as relações com os Tipos de anéis, brincos, pulseiras e colares denotam Sepultura. enterramentos femininos e instrumentos de As primeiras dimensões das práticas batalha, como espadas, adagas, elmos, escudos, mortuárias que lidamos na análise correspondem são típicos de enterramentos masculinos, à idade, ao gênero e às suas relações com os ou que a posição contraída é uma posição tipos de sepulturas. O processo de atribuição caracteristicamente infantil, ou, ainda, que a cista da idade e do gênero do indivíduo é, em geral, corresponde ao tipo de sepultura característico realizado de duas formas. A primeira é decorrente de enterramento feminino e a cremação em vasos da análise osteológica, isto é, das configurações para enterramentos masculinos etc. Tais fórmulas físicas do esqueleto, como tamanho do crânio, gerais não se aplicam em inúmeros casos nos características dos dentes e do conjunto dos ossos contextos funerários estudados e resultam em que formam a bacia. Este tipo de análise é feita de afirmações pré-formuladas e inadequadas como forma mais segura por antropólogos físicos, porém, uma posição da mulher necessariamente inferior muitos arqueólogos que dominam conhecimentos na sociedade em relação a do homem. básicos de anatomia do esqueleto humano acabam Deste modo, acreditamos que tais análises, por efetuar classificações de idade e gênero osteológicas de um lado e que consideram as durante as escavações. A segunda é proveniente demais dimensões das práticas mortuárias de da associação com outras dimensões das práticas outro, devessem ser conduzidas em conjunto, mortuárias, geralmente, com o tipo e as medidas proporcionando padrões mais seguros de da sepultura, a posição e a orientação do corpo determinação dos atributos idade e gênero e das e, principalmente, com o mobiliário funerário. relações entre tais atributos com os aspectos

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sociais. Um exemplo deste tipo de estudo é a Contudo, como tais estudos em conjunto obra de A. Strõmberg (1993)5, que, conforme já ainda se encontram em estados ideais, para mencionamos, a partir de um exame sistemático a elaboração do catálogo e do banco de do mobiliário funerário, fundamentado em alguns dados, tivemos que lidar com as informações estudos osteológicos, estabelece categorias bem disponíveis sobre as dimensões de idade e gênero definidas de objetos especificamente relacionados e estabelecemos determinadas classificações o gênero. Entretanto, conforme já dissemos, a e critérios de análise. As dimensões idade e quantidade de estudos osteológicos que foram e gênero nas práticas funerárias são duas variáveis ainda são realizados para os esqueletos datados frequentemente utilizadas como marcas de status da Idade do Ferro na Argólida é bem pequena, e riqueza, principalmente segundo os pressupostos ínfima se compararmos com a grande quantidade da Nova Arqueologia, que definem tais dimensões de enterramentos desse período. Desta maneira, como atributos inerentes dos seres humanos e, é extremamente difícil encontrar informações portanto, podem ser medidos e quantificados, específicas sobre idade e sobre o gênero nas indicando de forma direta, a complexidade referências bibliográficas. Estudos osteológicos social. Entretanto, é essencial lembrarmos que, realizados para os sítios da Argólida correspondem na verdade, tanto o atributo idade, quanto o apenas às obras de J. L. Angel (1971), para gênero são dimensões culturalmente construídas, Lema e de R. R Charles (1958, 1963), para quer dizer, envolvem conceitos e atitudes Argos. Atualmente, o diálogo entre antropólogos específicos, definidos a partir dos parâmetros físicos e arqueólogos vem se intensificando e proporcionando resultados bastante produtivos no campo da arqueologia das práticas mortuárias. Philadelphia (Pappi 2011: 718, especialmente n. 2). Tais Por exemplo, há alguns pesquisadores que estão estudos tinham como objetivos a análise de DNA e de se debruçando exaustivamente sobre o estudo dos isótopos estáveis de carbono e nitrogênio nos esqueletos esqueletos encontrados em Argos, como é o caso e envolvem um exame muito mais detalhado do material dos túmulos escavados pelas campanhas francesas6 ósseo que considera outras partes essenciais do esqueleto e dos túmulos revelados pelas campanhas gregas 7. humano para a definição de idade, gênero, dieta, doenças e etnia, distintamente de análises puramente craniográficas, como os estudo de R. Charles (1958, 1963) e J. Angel (1971). Contudo, o número de esqueletos 5 Vide páginas 59-60 do Capítulo 1. que receberam este tipo de tratamento ainda é pequeno 6 Trata-se da tese de doutorado da antropóloga física quando comparado ao total de enterramentos datados do Laurence Hapiot. A autora ainda não finalizou a redação Geométrico em Argos. Os resultados e as reflexões sobre da tese, porém uma série de diálogos proporcionou o tais análises foram apresentadas por Evanguelia Pappi fornecimento de informações inéditas resultantes da no Congresso sobre Idade do Ferro em homenagem a W. análise cautelosa realizada pela pesquisadora sobre a idade, D. E. Coulson, ocorrido em Volos em 2007 (PAPPI, E. o gênero e dieta dos indivíduos sepultados nos túmulos and TRIANTAPHILLOU, S. 2011. Mortuary Practices datados do PG e do Período Geométrico. Sua análise, em and the Human Remains: a preliminary study of the muitos casos, indica uma nova proposição e uma revisão geometric graves in Argos, Argolid. In: MAZARAKIS, A. das classificações estabelecidas por R. Charles. Da mesma A. (ed.) The “Dark Ages" Revisited. Acts ofan International forma, informações também inéditas sobre o estudo Conference in Memory ofWilliam D. E. Coulson, Volos 14- detalhado do mobiliário funerário de muitos túmulos foi -17 June, 2007. Volume II. University of Thessaly Press: fornecida de nossa parte para a pesquisadora, propondo Volos: 717-732). E. Pappi está conduzindo uma pesquisa também novas datações para os enterramentos em questão de doutoramento que também versa sobre as práticas e revendo as características da produção cerâmica argiva, mortuárias em Argos do Período Geométrico, com ênfase estabelecidas por R Courbin. Agradecemos a pesquisadora na análise exaustiva dos contextos funerários evidenciados pelas preciosas informações sobre idade, sexo e análise pelas campanhas do SGA. Os diálogos estabelecidos dentárias dos indivíduos presentes nos túmulos em Argos, com a pesquisadora durante a pesquisa de doutorado indicando possíveis práticas alimentares distintas entre as foram fundamentais para o fornecimento e a troca de dimensões de gênero. HAPIOT, L. (em curso) Alimentation, informações inéditas sobre as análises osteológicas e da hygiène et environnement sanitaire dans le monde égéen ancien. produção cerâmica. Agradecemos a oportunidade de Thèse de doctorar, Département d’Archéologie, Université discutir em conjunto o tema e as questões em comum e a Paris I, Panthéon-Sorbonne. gentileza em fornecer informações inéditas e em permitir 7 Estudos osteológicos para o material ósseo das que realizássemos o estudo da cerâmica de determinados escavações gregas em Argos foram conduzidos por S. contextos funerários do geométrico escavados pelas Triantaphyllou, principalmente durante 2005 e 2006, campanhas gregas que ainda não receberam qualquer tipo financiados pelo Institute of Aegean Prehistory, INSTAR de publicação sistemática.

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sociais e culturais de cada sociedade (Gibbs quando há momentos de transformações sociais. 1987: 80, McHugh 1999: 30). Isto significa dizer Nestes casos, os enterramentos infantis podem que a persona social do morto está intimamente indicar significados simbólicos relacionados não relacionada com as concepções de maturidade e à manutenção de uma determinada ordem social, os papéis que os homens e a mulheres assumem mas à legitimação de um novo grupo. em uma determinada sociedade. A partir dos poucos exemplos de estudos No que diz respeito à dimensão de idade, osteológicos realizados para as comunidades optamos por classificar o morto apenas pela da Idade do Ferro tanto na Argólida quanto divisão elementar da dicotomia adulto / criança. para outras regiões da Grécia, como a Ática e a Algumas crônicas de escavações consultadas Macedônia, a média de expectativa de vida dos apresentam classificações mais específicas de indivíduos corresponde a, aproximadamente, idade como bebê, criança muito pequena, 40 e 45 anos (Pappi 2011; Triantaphyllou 2001; adolescente ou subadulto, jovem e, ainda, idoso. Charles 1958, 1963; Angel 1971). Portanto, Essas categorias apresentam uma aparente criança seria aquele indivíduo que está entre o especificidade do atributo idade, pois não recém-nascido (ou até mesmo prematuramente correspondem a faixas etárias definidas. Elas nascido) e os 15 e 18 anos de idade (Pappi 2011: carregam atribuição de valores e significados 721-722, Tab. 4, p. 729). Adulto corresponderia anacrônicos, decorrentes do uso de tais ao indivíduo entre os 15 e 18 anos de idade até categorias nas sociedades contemporâneas. por volta de 45 anos ou mais quando for o caso, Tratam-se de conceitos culturalmente porém em nenhum dos esqueletos analisados, a estabelecidos e podem indicar significados idade de 50 anos é ultrapassada (Pappi 2011: 722- distintos de uma sociedade para outra como, -723, Tab. 6, p. 730; Hapiot - tese de doutorado por exemplo, a idade de transição de uma em curso). Conforme apontamos, a delimitação criança para a adolescência e desta para a de uma idade específica para o alcance da idade adulta ou, ainda, quais os parâmetros maturidade é relativa e difícil de ser estabelecida, etários que definem um jovem e um idoso em uma vez que é caracterizada por padrões uma determinada sociedade. Além disso, tais culturalmente definidos. Entretanto, mesmo categorias também nos remetam a questões apresentando uma margem relativamente grande, relativas à expectativa de vida de uma que nestes contextos seria aproximadamente determinada população, objeto de raros estudos entre 15 e 18 anos, o essencial é entender que esta para as sociedades da Idade do Ferro na Grécia. etapa de transição para a fase adulta representa Apesar de mais genérica, a classificação da o momento fundamental para as definições da dimensão idade em adulto / criança proporciona persona social e, portanto, tais definições podem reflexões sobre um ponto fundamental ser visíveis através das práticas mortuárias, da arqueologia das práticas mortuárias: a segundo a análise dos contextos funerários caracterização da persona social do morto. O realizada no capítulo consecutivo. alcance da maturidade pode ser um elemento A partir de tal categorização entre visível através dos diferentes tipos de tratamento enterramentos de adultos / crianças, contabilizamos dado aos mortos, definindo a própria inclusão inicialmente o total de cada um deles distribuindo- social do indivíduo, seus papéis e funções, -os pelos subperíodos da Idade, mas estabelecemos independentemente da atribuição a uma idade a primeira relação com uma outra dimensão específica. Em geral, a persona social está ausente das práticas mortuárias, o tipo de sepultura, que nas crianças quando definida apenas pelo atributo suscita padrões e atitudes em relação à morte idade (McHugh 1999: 19). Para entender os bastante interessantes para cada categoria (adultos contextos funerários infantis faz-se necessário de um lado e crianças, de outro). A quantidade o exame de outras dimensões mortuárias em de enterramentos de crianças, de um lado, e de conjunto, como o mobiliário funerário, os tipos adultos, de outro, relacionadas com o tipo de de sepulturas, a localização dos túmulos em sepultura é distribuída pelos subperíodos da Idade relação aos enterramentos de adultos, entre do Ferro, formando várias tabelas e gráficos. Tal outras. Tais relações tomam-se claras quando, recurso metodológico permite a visualização das por exemplo, em uma determinada sociedade distinções e das transformações dos padrões de o status é adquirido e, portanto, as identidades sepultamento em relação à idade e ao tipo de sociais são atribuídas no nascimento ou, ainda, sepultura durante a Idade do Ferro.

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Na Argólida apenas três tipos de sepultura podemos citar pelo menos dois estudos dessa são utilizados durante toda a Idade do Ferro: natureza, o de J. M. Luce (tese não publicada) a cista, o vaso funerário e a cova simples. O e de A. Foley (1998). Este ripo de relação é tipo de enterramento constitui uma dimensão bastante incerta e questionável, uma vez que se praticamente caracterizada apenas pela inumação, refere aos conceitos diversificados de identidade tanto para crianças quanto para adultos. Dessa étnica e pode levar a premissas de caráter social forma, as variações nas práticas mortuárias são determinas por elementos biológicos. Análises exteriorizadas inicialmente pela relação entre o osteológicas que explicitam características físicas atributo idade e o tipo de sepultura, possibilitando o levantamento dos primeiros padrões de específicas de um determinado grupo étnico são comportamento mortuário que podem indicar praticamente inexistentes para as comunidades possíveis elementos dos papéis dos adultos e das da Idade do Ferro. Além disso, as definições de crianças nas comunidades em questão. etnicidade baseadas pura e simplesmente em No que diz respeito ao gênero, a situação elementos raciais biológicos, como características para os contextos da Argólida apresenta-se físicas e consangüinidade (Kossina 1911) foram mais complexa. Classificações seguras sobre comprovadamente rejeitadas com exemplos o gênero são bastante raras e a amostragem é analisados antropológica e arqueológicamente, muito pequena para que possa ser contabilizada, tanto pelos seguidores da Nova Arqueologia, identificando padrões funerários que permitam quanto da Arqueologia Contextual. Atualmente, distinções entre adultos do sexo masculino e muitos autores preferem entender o termo feminino. Desta forma, o material analisado não etnicidade não de uma forma passiva, como um nos permite estabelecer relações entre o gênero elemento involuntário adquirido no momento e o tipo de sepultura e veremos mais adiante do nascimento, decorrente de um fenômeno que também não é possível relacionar o atributo biológico. Ao contrário, é compreendido como um gênero com as dimensões orientação e posição processo consciente e subjetivo de percepção de do corpo. Alguns apontamentos e reflexões são um grupo que se identifica a partir de elementos feitos apenas na relação entre gênero e mobiliário funerário e gênero e localização. culturais e antecedentes comuns (Jones 1997). Trata-se, dessa forma, de um processo dinâmico, que envolve estratégias políticas e transformações - Orientação e Posição do corpo. (Morgan 2001, 2003). Características genéticas, As duas próximas dimensões analisadas dizem lingüísticas, religiosas e culturais definem um respeito tanto ao tipo de tratamento dado ao corpo grupo étnico apenas se são manipuladas por um quanto ao local em que o corpo é depositado. determinado grupo de pessoas assentado em um Tratam-se de atributos também construídos território específico e que se caracteriza pelo culturalmente e, portanto, podem abranger dois vínculo a um antepassado mítico comum, a fim de tipos de distinções sociais. O primeiro deles apropriar-se de recursos essenciais ou de manter- é denominado dimensão vertical das práticas -se e legitimar-se no poder (Hall 1997). mortuárias e é caracterizado fundamentalmente Assim, evitamos a associação entre a pelas diferenças de status em uma sociedade, orientação e a posição do corpo com grupos econômica e politicamente (McHugh 1999: 51). O étnicos, privilegiando o alcance de possíveis segundo tipo é intitulado de dimensão horizontal e, categorias socialmente distintas e politicamente apesar das diferentes definições dadas pelos autores, em competitividade. Este tipo de relação é constituído por grupos que se definem através proporciona o levantamento de questões muito de laços de solidariedade como, por exemplo, mais produtivas para o estudo das práticas grupos vinculados por linhagens, por crenças, por funerárias, atingindo níveis da estrutura social. organizações de ofícios ou, ainda, por laços étnicos Entretanto, é necessário lembrar que há comuns (Chapman 1980, McHugh 1999: 40, exemplos bem-estabelecidos de grupos étnicos O ’Shea 1981, Whittle 1988: 171). A maioria dos estudos tenta vincular característicos de determinadas comunidades da orientação e posição do corpo com distinções Argólida, como os dorios em Argos e os Dríopes horizontais, principalmente fundamentadas em (gr. ApÚ07t£ç) em Asine e em Ermione, que são, laços étnicos. No caso da Argólida, por exemplo, na verdade, estabelecidos pela tradição literária

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posterior.8 Durante a Idade do Ferro, tais exemplos voltada para cima ou direcionada para esquerda podem ser confirmados a partir do exame dos ou para a direita do morto. contextos funerários, pois, conforme podemos No exame da posição dos indivíduos dos observar no Capítulo 3, os padrões funerários contextos funerários da Argólida durante a Idade apresentados no sítio de Asine constituem totais do Ferro é necessário considerar primeiro o tipo exceções em relação aos demais sítios da Argólida, de sepultura. Para os sepultamentos em cista e principalmente, quando comparados aos padrões em cova simples, em todos os sítios, com exceção argivos, no que diz respeito à posição do corpo, de Asine, a esmagadora maioria encontra-se tanto para as crianças, quanto para os adultos. em posição contraída e jamais de cócoras. O E exatamente neste quesito, a posição do indivíduo encontra-se sempre deitado, porém não corpo, que, a partir do material catalogado, faz-se de lado, mas de costas. Este fato constitui algo necessário elucidar alguns critérios e pressupostos bastante peculiar da região, que levou R. Hágg de análise. A princípio, o tratamento dado ao (1974a) a denominar tal posição de “Pseudo- morto nessa dimensão das práticas mortuárias -Hocker” (que literalmente significa uma posição pode ser dividido em duas posições básicas: fetal falsa), pois o mais natural seria depositar o contraída e estendida. Essencialmente, a primeira morto com as pernas flexionadas deitado para delas significa que o morto é depositado com as um dos lados, esquerdo ou direito e, dessa forma, a face estaria necessariamente voltada também pernas flexionadas e a segunda com as pernas para um dos lados, o mesmo para o qual as pernas alongadas. Contudo, os conceitos tornam-se se encontram dobradas. A posição contraída mais complexos na medida em percebemos que típica encontrada nos contextos funerários em tais posições podem apresentar uma série de Argos, Tirinto, Micenas, Náuplia e Lema é variáveis. A posição contraída pode significar que caracterizada pelo morto deitado de costas e as o os joelhos encontram-se dobrados em direção pernas flexionadas ou para o seu lado esquerdo ou à cabeça e, dessa maneira, o morto pode ter sido para o seu lado direito, com a face voltada para depositado sentado, de cócoras ou, então, deitado cima ou levemente para um dos lados e os braços, para um de seus lados, esquerdo ou direito. A em geral, também dobrados e cruzados sobre o posição estendida pode corresponder ao morto peito ou sobre o abdômen. No caso de Asine, que deitado de bruços ou de costas. No primeiro caso, não apresenta nenhum enterramento em posição a face pode estar voltada para baixo ou fortemente contraída, o esqueleto encontra-se sempre em inclinada para a esquerda ou para a direita do posição estendida deitado de costas e jamais de indivíduo. Já no segundo, a face pode estar bruços, com a cabeça para cima ou levemente curvada para um dos lados do morto e os braços, geralmente, estendidos ao longo das laterais do 8 Segundo a tradição literária, os Dríopes teriam corpo. habitado originalmente a região da Tessália, numa área A posição contraída típica da maioria dos denominada “Driópida, entre Mális e a Fócida, medindo sítios da região da Argólida suscita uma questão trinta estádios de largura”. HERÓDOTO VIII 31. Segundo Heródoto e Pausânias, os Dríopes teriam sido expulsos intrigante que nos remete imediatamente ao dessa região por Héracles e pelos Mélios e foram se instalar estabelecimento da distinção dos termos posição no Peloponeso em Asine e Hermione. HERÓDOTO, VIII e posicionamento do corpo. O posicionamento do 43; PAUSÂNIAS, IV 34,9. A partir de então, a área passa corpo corresponde à prática mortuária efetuada a ser denominada de Doris (Acapíç) e a região tida como durante as exéquias pelos vivos, ao ato de o local de origem dos dórios, que posteriormente migram depositar o corpo do morto na cova ou na cista, e ocupam todo o Peloponeso, com exceção de Asine e e a posição do corpo corresponde exatamente à Hermione. HERÓDOTO I 56-57. E interessante notar, que apesar da explusão dos Dríopes da Tessália, na realidade, postura que os restos ósseos foram encontrados. originalmente, eles teriam a mesma origem étnica que os O posicionamento do corpo, dessa forma, pode Dórios (seriam todos Pelasgos - HOMERO Ilíada II 681- incluir questões relevantes à escolha dos vivos -684), porém teriam se configurado em povos com costumes por uma determinada posição em função de bastante distintos. As definições para os Dríopes os indicam fatores variáveis como, por exemplo, marca de como os Pelasgos, quer dizer, povos que habitavam o sul distinção horizontal (grupos de solidariedade) ou da Tessália e que deram origem tanto aos Dríopes, quanto vertical (grupos sociais / status). A posição em aos Dórios. Bailly, A. Dictionnaire grec français / rédigé que o esqueleto é encontrado pode incluir fatores avec le concours de E. Egger. Ed. revue par L. Séchan et E Chantraine. Paris: Hachette, 1950. verbete: (p. 540). externos, como a ação do processo de composição

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do corpo, que pode modificar a postura que o Já para J-M. Luce, a posição do esqueleto corpo teria sido depositado originalmente. encontrado com as pernas flexionadas e caídas A análise da posição dos restos ósseos para um dos lados é decorrente, na verdade, encontrados nas cistas e nas covas simples em do processo de decomposição do corpo, uma Argos, Tirinto, Micenas, Náuplia e Lema indica vez que o autor acredita que os participantes que o padrão de posicionamento dos mortos teriam depositado o morto sempre deitado de dessas comunidades, independentemente das costas e as pernas dobradas com os joelhos demais dimensões das práticas mortuárias, para cima, mesmo que os vivos tivessem que corresponde à deposição do corpo do morto utilizar algum tipo de mecanismo para manter deitado de costas com as pernas flexionadas. Tal as pernas em tal posição, como, por exemplo, padrão define-se claramente como um resultado algum tecido para amarrar as pernas. Nas da intencionalidade dos vivos nessas comunidades sepulturas que não teriam sido preenchidas e pode denotar uma marca simbólica de distinção com terra, as pernas do indivíduo teriam, em relação à prática exercida pelos habitantes de portanto, inclinado ou para o lado esquerdo Asine, que enterravam a totalidade de seus mortos ou direto do corpo do morto e o tecido que durante o mesmo período em posição estendida. teria servido de amarra teria se deteriorado por Apesar das problemáticas apontadas sobre a completo (Luce 2007: 44). associação entre posição do corpo e etnicidade, Quando examinamos as duas proposições, os casos analisados parecem apontar claramente concluímos que ambas podem ser verdadeiras para uma distinção étnica entre os habitantes de no nível teórico, pois o fato das pernas estarem Asine em oposição aqueles assentados nos demais flexionadas para um dos lados do morto pode grandes sítios da Argólida no período analisado, ser resultado tanto da deposição do morto principalmente Argos. na sepultura já nesta postura, quanto da Para irmos além de uma análise mais deposição do morto na postura sugerida por elementar que busque visualizar a possibilidade Luce, isto é, com as pernas flexionadas e os da existência de padrões de posicionamentos joelhos para cima, ou, até mesmo, com os distintos nos enterramentos em posição joelhos dobrados em direção á cabeça, como contraída de um sítio ou entre os sítios que por exemplo, para aqueles esqueletos em que apresentam tal prática, seria necessário verificar as pernas foram encontradas com um ângulo se a posição das pernas inclinadas para um dos de flexão extremamente acentuado. Teórica e lados do morto é resultado da intencionalidade empiricamente, a proposta de Luce sugerindo dos vivos. Tal questão foi tratada pelas a utilização de um tecido que sustente a referências bibliográficas de duas maneiras posição contraída é plausível e atestada em distintas, porém percebemos que em ambas o várias sociedades, inclusive na própria Grécia fato das pernas dobradas estarem voltadas para em períodos posteriores, quando o morto é o lado direito ou esquerdo do morto não é fruto envolvido em uma mortalha (Garland 2001). de uma escolha consciente e manipulada dos Não necessariamente o uso de uma amarra, mas participantes dos rituais funerários. a própria mortalha pode ter tido a função de De um lado, para R. Hãgg, no momento manter o morto com as pernas flexionadas, seja das exéquias, o morto teria sido depositado com os joelhos para cima, seja com os joelhos já com as pernas levemente ou fortemente pendidos para o lado esquerdo ou o direito. As flexionadas para um dos lados, porém esta condições pós-deposicionais de um clima e solo decisão não seria resultado da intencionalidade como os da região da Argólida favorecem o dos vivos exatamente devido ao do morto ser desaparecimento de qualquer traço desse tipo de colocado deitado de costas. De acordo com o material. autor, se o posicionamento do morto voltado Todavia, as duas hipóteses apresentam para um dos lados configurasse um elemento de alguns problemas no que diz respeito à distinção de um determinado grupo da sociedade, metodologia de análise. Em primeiro lugar, a independentemente do fato de ser um grupo partir das evidências materiais levantadas, é étnico, social, religioso, familiar, de status etc., o muito difícil estabelecer se o morto teria sido morto teria sido depositado totalmente de lado depositado já com as pernas dobradas para um (em uma posição fetal “verdadeira”, completa) e dos lados, conforme sugere Hãgg, ou com os não de costas. joelhos dobrados para cima e, apenas após o

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processo de deterioração do corpo, as pernas as relações entre uma determinada posição teriam inclinado para um dos lados, segundo com a idade e o gênero do indivíduo e, ainda, afirma Luce. A determinação do posicionamento com as características do mobiliário funerário. do corpo a partir da posição dos esqueletos nos As definições de tais relações são dificultadas sepultamentos é possível a partir de uma análise pela ausência de informações detalhadas minuciosa das articulações ósseas realizada sobre a posição dos esqueletos nas referências por um especialista, um antropólogo físico. E bibliográficas disponíveis e, de forma mais necessário ressaltar que tal análise não foi feita acentuada, sobre as classificações de gênero, para os contextos funerários selecionados. Além conforme expusemos nas páginas anteriores. disso, mesmo que estudos osteológicos sejam Assim, na análise da dimensão posição feitos para o material ósseo conservado nas do corpo realizada no próximo capítulo, reservas dos museus da Argólida (conforme já procuraremos indicar a porcentagem de mencionamos alguns que estão em andamento) enterramentos de adultos e infantis para este aspecto em particular não pode ser os quais a posição contraída é explicitada visualizado, uma vez que os esqueletos estão nos relatórios de escavações. A partir das armazenados desarticuladamente e, portanto, a evidências visuais, isto é, do exame das fotos posição dos esqueletos encontrada no momento das sepulturas abertas revelando a posição da escavação foi perdida. exata em que o esqueleto foi encontrado, é Em segundo lugar, conforme apontamos possível determinar alguns elementos que, alguns parágrafos acima, discutir questões sobre o em associação, podem auxiliar a revelar o posicionamento do corpo é relevante na medida posicionamento do corpo. Por exemplo, a em que possa suscitar questões essenciais sobre as posição do crânio (se para o mesmo lado das práticas mortuárias. Estabelecer as especificidades pernas) e a sobreposição dos ossos dos pés e da relação entre a posição encontrada em um das pernas. Entretanto, é importante lembrar enterramento com o posicionamento exato em que a quantidade de fotos dos enterramentos que o morto foi intencionalmente depositado que mostram a posição dos esqueletos é no túmulo nos remete a uma série de variáveis pequena quando comparada ao número pós-deposicionais que interferem nos contextos, total de sepultamentos. Dessa maneira, tanto agentes naturais, quanto culturais, como procuraremos discutir as possibilidades do por exemplo, nos casos em que a sepultura é posicionamento do corpo verificando as reutilizada ou mesmo saqueada em períodos possibilidades dos padrões funerários a partir posteriores. da relação com as demais dimensões das Dessa forma, acreditamos que a relação não práticas funerárias, como gênero (quando deve ser tratada isoladamente e o entendimento possível) e mobiliário funerário. Contudo, é da posição dos esqueletos deve seguir um necessário ressaltar os limites de uma análise caminho oposto àquele proposto por Hàgg e deste tipo devido à ausência de informações por Luce. Antes da proposição de respostas precisas nas referências bibliográficas e de teóricas e técnicas sobre o posicionamento dos estudos especializados realizados por um mortos, devemos examinar cautelosamente o antropólogo físico. material catalogado verificando a possibilidade A problemática exposta até o momento de associações entre a posição do corpo e as demonstra apenas em parte a complexidade demais dimensões das práticas mortuárias. A da relação entre o posicionamento e a primeira delas, por exemplo, é considerar as posição do corpo que, reforçando o que já dimensões das sepulturas, pois quando a cova indicamos, só nos será útil na medida em ou a cista é bastante estreita e profunda, o que trouxer informações sobre os padrões único posicionamento possível seria deitado de funerários, isto é, caso possibilite o alcance costas com as pernas flexionadas e os joelhos de aspectos da organização da sociedade em direcionados para cima, conforme sugere Luce. si e não se enraíze em questões puramente Exemplos desse tipo são raros, na maioria dos técnicas. A partir deste ponto de vista, casos analisados, a largura da sepultura é ampla preferimos utilizar o termo posição do o suficiente para que o esqueleto tenha as corpo em vez de posicionamento, tanto no pernas dobradas inclinadas para um dos lados corpus documental, quanto nos capítulos de do morto. Seria necessário também verificar análise, a fim de enfatizar a maneira a partir

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da qual os restos ósseos foram encontrados parâmetros metodológicos de análise. Em nas sepulturas e, dessa forma, enfatizar o primeiro lugar, para entender as razões padrão de enterramento em Argos, Tirinto, pelas quais não separamos a orientação da Micenas, Náuplia e Lerna com os mortos sepultura e a do corpo em duas categorias de deitados de costas e com as pernas flexionadas, análise distintas, deve-se considerar o tipo independentemente da existência de distinções de sepultura. No caso das cistas e das covas de idade, gênero e, até mesmo, sociais. simples, a orientação da sepultura é dada pelos Ainda para o atributo posição do corpo, arqueólogos como um determinado sentido é imprescindível que explicitemos algumas cardeal, por exemplo, sentido Norte-Sul, Leste- questões relativas ao uso de determinados -Oeste, Nordeste-Sudoeste etc. e o esqueleto termos encontrados nos relatórios e crônicas encontra-se acompanhando a linha axial da de escavações. Alguns autores, essencialmente sepultura. Isto significa que a orientação do arqueólogos, utilizam os termos supinação corpo corresponde à mesma orientação da para identificar os enterramentos em posição sepultura e, em geral, o sentido final, isto é, o estendida com o morto deitado sobre suas ponto cardeal para qual a sepultura e o corpo costas e a face para cima. Todavia, nos termos estão direcionados equivale à extremidade da classificatórios da Antropologia, supinação sepultura onde o crânio teria sido depositado. refere-se somente ao fato da mão do esqueleto Desse modo, quando a orientação da sepultura estar com a palma voltada para cima e, dessa está indicada no sentido Leste-Oeste, por forma, pronação seria o oposto, quando a palma exemplo, significa que o crânio do esqueleto está voltada para baixo. Apesar do termo teria sido depositado na parte Oeste da em originalmente em latim9 não significar sepultura e, portanto, o sentido mencionado exclusivamente que apenas a palma da mão corresponde à orientação da sepultura / estaria voltada para cima, mas todo o corpo e, corpo do morto. Há vários enterramentos portanto, poderia ser utilizado para os casos em em que os autores mencionam apenas o que o esqueleto teria sido encontrado deitado de alinhamento dos túmulos, porém não informam costas em posição estendida, preferimos evitar tal se a posição do crânio do morto coincide correspondência e não utilizar o termo supinação com tal direcionamento ou não. Há, ainda, em nenhum momento da descrição da posição outros exemplos em que os esqueletos foram do corpo. encontrados inclinados em relação à linha axial Finalmente, para encerrar a discussão sobre que define o sentido da sepultura. Nestes casos, a posição do corpo, necessita-se esclarecer que a orientação do corpo não coincide com a para o tipo de sepultura em vasos funerários, a orientação da sepultura, pois o crânio encontra- posição do morto é necessariamente contraída -se deslocado em relação à linha axial da para a grande maioria dos casos, devido às sepultura. Exemplos desta natureza aparecem próprias características físicas do túmulo. Os vasos raramente nos contextos funerários analisados e funerários, mesmo quando apresentam grandes são devidamente indicados. dimensões para abrigar os mortos, são feitos em No caso das sepulturas em vasos funerários, partes, e para o processo de introdução morto a orientação da sepultura pode, em primeiro e adequação do corpo ao espaço disponível é lugar, ter dois sentidos: vertical e horizontal. necessário que o morto esteja contraído e, na Quando os vasos são depositados na vertical, a indicação para um sentido cardeal é maioria das vezes, com as pernas fortemente inapropriada. Há muito poucos exemplos de flexionadas. vasos depositados na vertical na Argólida Quando passamos para a análise da durante o período estudado. A maioria dimensão orientação do corpo / sepultura, corresponde ao depósito do vaso na horizontal e, também definimos alguns pressupostos e em geral, o que aparece nas crônicas e relatórios de escavações é a indicação do alinhamento com um ponto cardeal, da mesma forma que para as 9 Segundo o Houaiss, do latim o termo supínus.a.um cistas e as covas simples. Entretanto, o sentido quer dizer deitado de costas, que está voltado para cima. é caracterizado para onde está direcionada Houaiss. Dicionário Eletrônico da Língua Portuguesa. Versão 1.0. Dezembro de 2001. Editora Objetiva Ltda. Vide a borda do vaso. Isto significa dizer que uma verbete “supino” sepultura em vaso orientada no sentido Leste-

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-Oeste foi encontrada com a abertura do vaso em ouro como indicador de um grupo mais para Oeste. Além disso, a grande maioria dos abastado econômica e, por conseqüência, esqueletos encontra-se com o crânio próximo politicamente. à borda do vaso. Nestes casos, a orientação da Na tentativa de entender a sociedade em sepultura (para onde está voltada a borda do si e não aplicar fórmulas preestabelecidas, as vaso) corresponde à orientação do corpo (onde classificações do mobiliário funerário a partir se encontra o crânio do esqueleto). Da mesma das premissas definidas pela Arqueologia maneira que para os túmulos em cista e cova Contextual resultam em estudos que visam simples, as ocorrências que divergirem desse reforçar os aspectos simbólicos e ideológicos dos padrão serão devidamente tratadas. objetos depositados com o morto. Entretanto, Desse modo, os sentidos para os quais algumas delas tentam atingir níveis mais a cabeça está depositada são relacionados, subjetivos da sociedade, como o indivíduo, e quando possível, com o atributo idade e acabam por utilizar classificações metodológicas são distribuídos pelos subperíodos da Idade arbitrárias que encerram atribuições de valores do Ferro, formando tabelas e gráficos que anacrônicos e fórmulas gerais, da mesma possibilitem visualizar padrões preferenciais maneira que os estudos tão criticados da de deposição dos adultos e das crianças. Além Arqueologia Processual. disso, as tabelas e os gráficos também podem, A utilização de uma metodologia de análise em alguns casos, permitir a investigação de do mobiliário funerário que consiga alcançar transformações desses padrões. Todavia, é aspectos sociais, considerando, de um lado, os importante ressaltar que o alcance deste tipo de possíveis significados simbólicos dos objetos e, reflexão é bastante variado de sítio para sítio em de outro, evitando associações preconcebidas, decorrência da limitação das informações sobre constitui uma tarefa difícil e necessariamente orientação do corpo encontrada nas referências arbitrária. A classificação do material deve bibliográficas. considerar, portanto, dois fatores fundamentais: as características do material disponível e os objetivos pretendidos com a análise. Não se trata O Mobiliário Funerário. de buscar uma falsa e impossível neutralidade A análise do mobiliário constitui a ou imparcialidade frente ao material catalogado dimensão tratada de forma mais exaustiva e nem ter respostas prontas, mas sim ter nos diversos tipos de estudos das práticas consciência da arbitrariedade aplicada à análise mortuárias, principalmente aqueles de do material, propondo questões e reflexões caráter arqueológico. Talvez, constitua pertinentes às possibilidades e às limitações do também a parte mais controversa e polêmica corpus documental. no estabelecimento das relações entre os O objetivo da nossa pesquisa é tentar contextos funerários e a sociedade. Na maioria visualizar padrões de enterramento que dos estudos realizados segundo os pressupostos possibilitem o alcance de aspectos das da Nova Arqueologia, os objetos depositados sociedades da região da Argólida durante a com o morto são comumente entendidos como Idade do Ferro, como a formação de grupos símbolos de distinções de status social, riqueza sociais distintos, considerando tanto as e poder político, indicando necessariamente dimensões horizontais (laços de solidariedade), sociedades hierarquizadas (McHugh 1999: quanto as dimensões verticais das práticas 59). Tais associações são frequentemente mortuárias (status econômico e político). fundamentadas, na grande maioria dos casos, A partir de uma análise intrassítio, visamos em classificações puramente quantitativas do também entender tal processo durante mobiliário funerário ou, ainda, qualitativas que as diferentes fases da Idade do Ferro, comportam atribuições de valores anacrônicos. principalmente durante o século VIII a.C., Metodologias de análise dessa natureza com a constituição da pólis. Finalmente, resultam, muitas vezes, em interpretações partimos para uma análise interssítio a fim de inadequadas e preestabelecidas da sociedade, comparar e entender a dinâmica desse processo como por exemplo, a ausência de objetos em nas comunidades da região, considerando um contexto funerário como marca de um principalmente os possíveis papéis de Argos em grupo social inferior e a presença de objetos relação aos demais sítios.

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A análise do mobiliário funerário, da A segunda categoria engloba os enterramentos mesma forma que para as demais dimensões que contêm apenas artefatos cerâmicos consideradas até o momento, não deve ser (essencialmente vasos) como oferendas. A grande realizada de forma isolada. Inversamente, maioria dos enterramentos nos dois maiores sítios deve-se associá-la aos demais atributos, como da Argólida, Argos e Tirinto, apresenta até no idade, gênero, tipo de sepultura, posição e máximo 4 vasos cerâmicos; em Micenas e Asine, orientação do corpo e localização do túmulo. grande parte dos sepultamentos apresenta até no A partir da elaboração do corpus documental máximo 3 vasos cerâmicos; e em Lema, entre 1 (catálogo e banco de dados), percebemos que e 2 vasos apenas. Dessa maneira, esta categoria uma classificação fundamentada nos aspectos engloba os enterramentos que apresentam vasos qualitativos que apreciasse as características dos cerâmicos em pequena quantidade, podendo incluir objetos em relação à matéria-prima, às medidas vasos torneados (constituindo o maior número de e aos aspectos técnicos de produção, como exemplares), quanto manufaturados (feitos à mão), constituição e decoração, seria mais adequada com ou sem decoração. ao material catalogado e pertinente às questões A terceira é formada pelos enterramentos propostas. em que foram encontrados objetos A maioria das oferendas presentes nos confeccionados apenas em metal (principalmente contextos funerários da região da Argólida no em bronze e ferro) e, da mesma forma que a período selecionado é constituída por cerâmica, categoria anterior, a grande maioria desses essencialmente vasos. Porém, em alguns enterramentos contém uma pequena quantidade túmulos, notamos a associação do material desses artefatos, no geral, entre 1 e 4. Esta cerâmico aos objetos em metal, principalmente categoria constitui o menor número total de em bronze e em ferro e, em outros, nota-se a enterramentos, tanto infantis, quanto de adultos presença de objetos mais variados em termos de em todos os sítios analisados. matéria-prima, como faiança, cristal de rocha, A quarta categoria engloba os marfim, osso, entre outras. Observa-se, ainda, sepultamentos onde foram identificados objetos uma grande porcentagem de sepulturas sem em metal e em cerâmica (vasos) associados a presença de oferenda de qualquer natureza. em um pequeno número de cada, vale dizer; Percebemos que a quantidade configura um entre 1 e 4 vasos cerâmicos e 1 e 4 artefatos critério de distinção associado às características em metal. Entretanto, esses enterramentos qualitativas. Desse modo, dividindo o mobiliário representam um grande número do total de funerário em cinco categorias gerais associadas enterramentos nos sítios examinados e, não só fundamentalmente com outras duas dimensões pela quantidade total de artefatos, mas também das práticas funerárias, em primeiro lugar o tipo pelas características de confecção dos mesmos. de sepultura (cista, cova simples e em vasos Tais artefatos se diferenciam das três categorias funerários) e em segundo, a idade (adultos e relacionadas anteriormente, podendo, em crianças). Os resultados dessas associações são muitos casos, ser analisados em conjunto com a quantificados numericamente e distribuídos última categoria. nos subperíodos da Idade do Ferro, formando A quinta e última categoria encerra o que tabelas que proporcionem a visualização de optamos por denominar como os enterramentos processos de mudanças dos contextos funerários. variados, ou seja, aqueles que apresentam As categorias gerais podem apresentar algumas uma grande quantidade e, ou, variedade de variações a partir das especificidades do material artefatos, seja só um grande número de vasos levantado para cada sítio. cerâmicos com aspectos técnicos e ornamentais A primeira abrange os enterramentos semelhantes ou só de objetos em metal, ou a sem oferendas, ou seja, cistas, covas e vasos associação dos dois materiais, como também com funerários de crianças e adultos em que não foram outros artefatos fabricados em matérias-primas encontrados objetos, apenas os restos ósseos. distintas, como marfim (geralmente cabo de facas Esta categoria abrange ainda sepultamentos onde e adagas ou, ainda espadas e, mais raramente foram encontrados alguns fragmentos cerâmicos selos), faiança (em geral contas e pingentes), no interior da sepultura ou na área externa, que pedra (raros, mas em geral para instrumentos auxiliaram no processo de datação. polidores e usualmente para contas que formam

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um colar e pingentes), osso (a maioria para a um lado, constatamos uma incompatibilidade confecção de alfinetes), terracota (comumente das denominações utilizadas para classificar para figurinhas), madeira (geralmente para cabo algumas formas, pois apesar de serem formas de adagas, espadas e facas), cristais de rocha específicas da Idade do Ferro, as denominações (pingentes e contas), esteatito, um tipo de rocha se referem às formas tradicionais do Período constituída principalmente de talco, silicato Arcaico e Clássico. Além disso, devido de magnésio hidratado que tem um aspecto de à multiplicidade de línguas utilizada nos falso brilho, geralmente utilizada em objetos relatórios de escavações e nas publicações ornamentais, entre outros materiais. sistemáticas dos contextos funerários dos sítios A classificação proposta procura selecionados, muitas vezes, cada pesquisador considerar e relacionar os aspectos qualitativos opta por estabelecer seu próprio léxico de e quantitativos dos artefatos visando uma nomenclatura das formas de alguns vasos e a análise mais cautelosa do material presente tradução de tais termos, em alguns casos, não nos contextos funerários selecionados. A é a mesma de uma língua para outra para uma maior parte do mobiliário é constituída por mesma forma de vaso cerâmico. Um exemplo vasos cerâmicos e estes correspondem a bastante elucidativo deste caso corresponde uma preciosa fonte de informações sobre o aos termos utilizados para formas semelhantes processo de datação e reflexões sobre oficinas ao esquifo. Alguns pesquisadores franceses com produções locais próprias e relações de preferem utilizar a expressão “cálice com duas troca entre os sítios. Além disso, o estudo dos alças’' ao invés de manter o termo ou fazer vasos cerâmicos provenientes dos contextos uso de uma transliteração do termo em grego funerários também viabiliza reflexões sobre “Sicútpoç” Quando formas semelhantes de determinados aspectos simbólicos das práticas vasos apresentam uma única alça, as expressões mortuárias, como as relações com os atributos utilizadas variam de acordo com a língua, sendo idade e gênero e, ainda, com status social. encontrados, por exemplo, os termos “taça” Dessa forma, o foco da análise sistemática (;tasse no francês e no alemão) e “xícara” (cup do mobiliário funerário se dá sobre as no inglês). características dos elementos que configuram Fez-se necessária, desta forma, a a produção cerâmica. Isto significa dizer que adoção de termos específicos em português examinamos detalhadamente os vasos cerâmicos que unificassem as diferentes traduções a partir de três elementos essenciais: 1) os aspectos técnicos de fabricação dos vasos, isto utilizadas para um mesmo formato de é; as características do processo de confecção vaso. Até o momento não havia normas (manufaturados ou torneados) e da pasta da sistemáticas e universais de transliteração argila utilizada, como composição, queima e e de vernaculização dos nomes gregos coloração, classificada a segundo os códigos de em português. Contudo, o projeto “A cores do Munsell (Munsell, A. H. Munsell® Soil Nomenclatura dos Vasos Gregos em Color Book. Revised Edition. New York, 2009); Português”, que reúne pesquisadores da 2) os aspectos formais, quer dizer; dimensões e Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências formas e 3) aos aspectos estilísticos, vale dizer; Humanas e do Museu de Arqueologia e uma análise exaustiva dos motivos ornamentais Etnologia da Universidade de São Paulo e característicos de cada subperíodo da Idade do cuja responsável é a Profa. Dra. Haiganuch Ferro ou de um determinado sítio, do processo Sarian, tem como proposta a sistematização técnico de confecção do desenho, como por e vernaculização os nomes dos vasos. Dessa exemplo, a utilização do pincel múltiplo e forma, utilizaremos os termos já vernaculizados do compasso, da decoração incisa (quando pelo referido grupo para as formas dos vasos presente), da presença de pintura no interior do cerâmicos presentes nos contextos funerários vaso e da utilização de uma camada de pintura da Idade do Ferro. Indicamos abaixo, uma (engobo, por exemplo) antes da aplicação do relação dos termos em português e a respectiva verniz para execução dos motivos ornamentais nomenclatura em grego que corresponde propriamente ditos. à denominação das formas utilizadas na O exame das características formais dos pesquisa. vasos suscitou alguns problemas conceituais. De

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Termo em Termo em Termo em Termo em grego Termo em grego Termo em grego português português portugués

Alabastro (gr. AÀópaaipov) Cemo (gr. Képvoç) Pito (gr. níGoç)

Anfora (gr. Apcpopeúç) Cratera (gr. Kpcmíp) Píxide (gr. íluÇíç)

Anforisco (gr. Apcpopícncoç) Ciato (gr. KúaGoç) Rito (gr. Putóv)

Aribaio (gr. ApófiaM-oç) Cálice (gr. K1A1Ç) Esquifo (gr. iKÍxpoç)

Asco (gr. A ctkóç) Lécito (gr. AijicuGoç) Estaño (gr. Srápvoç)

Cálato (gr. KáÀ,a0oç) Enócoa (gr. OivoxÓTi) Hídria (gr. Yópía)

Cântaro (gr. KávGapoç) Olpa (gr. '(Tarn) Fíala (gr. iáX.r|)

Para complementar o processo de unificação trilobada (Figs. 19 e 20) e a circular (Fig. 21). A dos termos em português, fez-se imprescindível enócoa trilobada ainda pode apresentar dois tipos também uma sistematização da designação de bases, uma normal, em que o afunilamento utilizada e as possíveis variantes da forma do vaso em direção ao pé é proporcional em correspondente. Desta maneira, uma série de relação ao pescoço, fazendo com que o diâmetro desenhos esquemáticos, feitos a partir dos vasos do pescoço e da base sejam bastante próximos e encontrados nos enterramentos, exemplifica e a forma do corpo seja mais ovoide (Fig. 19), e a sistematiza a nomenclatura acima utilizada nesta outra, descrita como enócoa trilobada circular pesquisa para as formas específicas da Idade do com base plana (Fig. 20), em que o corpo do vaso Ferro. Os desenhos esquemáticos apresentados é arredondado e cortado, interrompido pela base, neste capítulo foram feitos apenas para aquelas que apresenta medidas bem maiores em relação formas que encontram variantes e suscitam ao diâmetro do pescoço. A enócoa trilobada questões em relação ao termo utilizado e sua com corpo arredondado, representada na Fig. 19, forma equivalente, seja devido a um problema aparece em número bem maior nos enterramentos de tradução, seja devido ao fato de que a forma e, apesar de ser comum durante todos os tradicionalmente aceita não encontra exemplos subperíodos da Idade do Ferro, é uma forma semelhantes nos enterramentos analisados.10 característicamente encontrada nos túmulos do Uma forma frequentemente encontrada nas início da Idade do Ferro, principalmente do PG sepulturas catalogadas que apresenta variantes e do GA. Já a enócoa trilobada com base plana, significativas é a enócoa. Trata-se de uma forma indicada na Fig. 20, é encontrada com maior semelhante a um jarro, com o corpo hojudo e frequência nos sepultamentos datados do GM com o pescoço relativamente largo, mas com e, principalmente, do GR. A enócoa com borda ângulo acentuado no ombro (Figs. 19, 20 e 21). circular (Fig. 21) aparece em menor número nos Esta última característica diferencia a enócoa enterramentos e durante todos os subperíodos. de vasos que são apenas classificados como jarro Outro elemento distintivo dos vasos (Fig. 22), pois o pescoço é largo, mas com ângulo genericamente denominados como jarros (Fig. pouco acentuado no ombro, fazendo com que 22) em relação à enócoa diz respeito ao processo tanto o pescoço quanto a borda tenham diâmetros de fabricação. A grande maioria das enócoas é maiores em relação aos da enócoa. Além disso, torneada e dos jarros, manufaturada, isto que a enócoa pode apresentar dois tipos de borda: a dizer; feitos à mão. Por fim, há uma outra forma de vaso que também pode ser caracterizada como um jarro, porém é denominado de lécito (Fig. 23). Este vaso difere da enócoa com borda circular 10 Para visualizar os desenhos das formas e as (Fig. 21) por apresentar um corpo bastante denominações correspondentes tradicionalmente aceitas, vide http://www.cva0nline.org/cva/pTojectpagps/FotProfiies6. arredondado e o pescoço bastante afunilado, htm. com ângulo bem acentuado. Em geral, os lécitos

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base plana. circular.

também são torneados, apresentam dimensões sempre uma única alça, pois esta será o elemento menores em relação às enócoas e a borda é sempre de distinção básico entre este tipo de vaso e circular. o esquifo, que apresenta sempre duas alças, Um último tipo de vaso classificado também sejam horizontais ou verticais. A primeira como jarro que apresenta diferenças fundamentais forma de taça que podemos elencar é aquela em relação às alças e ao orifício de servir é o jarro sem pé, quer dizer, com a base plana (Figs. 25 com estribo (stirrup jar em inglês, vase à étrier em e 26). Neste caso, há dois tipos de taça que se francês e Bugelkanne em alemão) (Fig. 24). Este dividem segundo o formato da borda e da alça. jarro apresenta duas alças que são separadas por Na primeira delas (Fig. 25 - tipo A), a alça é um pescoço falso, quer dizer, tampado, sem orifício pequena, alcançando até a metade do corpo de saída, situado sempre no centro do vaso. O do vaso apenas, e a borda é bem delimitada, pescoço “verdadeiro” que leva à borda, localiza- apresentando um estreitamento e ângulos mais -se imediatamente à frente do falso e com a borda acentuados no ombro. No segundo tipo de taça sempre circular. Trata-se de uma forma derivada com base plana (Fig. 26 - tipo B), a alça é maior, dos vasos micênicos e, portanto, ela também ocupando todo o corpo do vaso, prolongando- serve como um indicador de datação, pois aparece -se até a base. A borda é larga e contínua, exclusivamente nos túmulos do Submicênico e, formando uma unidade em relação ao corpo do em raros casos, do início do PG, porém jamais do vaso, ou seja, não apresenta ombro nem ângulos Período Geométrico. acentuados e, dessa forma, as medidas do A taça é uma das formas que mais apresenta diâmetro da base e da borda são semelhantes. variações no que diz respeito à tradução dos O segundo tipo de taça, com pé (Figs. 27 termos utilizados pelas diferentes línguas e e 28), também apresenta dois tipos que são também no próprio formato do vaso. Logo de diferenciados a partir do formato do pé e da início, é essencial destacar que a taça apresenta borda. No primeiro tipo (Fig. 27), o pé é baixo e

Fig. 22 - Jarro big. 23 - Lecito rig. - jarro com estribo.

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apresenta um ângulo reto na base e, no fundo, em relação aos pés e às bordas que as taças. O uma cavidade. Este tipo de pé é denominado esquifo é descrito como um cálice com duas alças “pé em anel”. A borda apresenta um diâmetro e é justamente a quantidade e a orientação das muito maior em relação à base e prolonga-se alças que o difere das taças, pois estas apresentam para o exterior. No segundo tipo (Fig. 28), o pé é sempre uma única alça vertical. Os esquifos bem mais alto e com ângulo bastante acentuado apresentam sempre duas alças que podem estar na base, maior que 90°, afunilando-se no ponto dispostas tanto na vertical quanto na horizontal. em que se dá a união com o corpo do vaso. A Os esquifos com alças horizontais (Figs. 29 e 30) borda, em geral, apresenta um ângulo bastante podem apresentar dois tipos de base e borda. A acentuado na junção com o corpo de vaso e tende primeira forma de esquifo com alças horizontais a ser reta, porém o diâmetro ainda é bem maior apresenta base plana, sem pé e a borda, em geral, em relação ao da base. sem delimitações, projeta-se para o interior do As quatro especificações de taça são vaso, mas apresenta diâmetro maior em relação encontradas nos contextos funerários de todos ao da base (Fig. 29). A segunda apresenta pé alto, os subperíodos da Idade do Ferro na Argólida. com ângulo bastante acentuado na base, maior As taças, em geral, configuram o tipo de que 90°, afunilando-se no ponto em que se dá a vaso encontrado em maior quantidade nos união com o corpo do vaso (Fig. 30). A borda, em enterramentos. Entretanto, nota-se que a forma geral, apresenta um ângulo bastante acentuado representada na Fig. 25, com o corpo mais reto na junção com o corpo de vaso e prolonga-se para em direção à base, corresponde a um tipo de taça o exterior, fazendo com que o diâmetro seja bem comumente encontrado nos enterramentos datados maior em relação ao da base. do final da Idade do Ferro, principalmente no GM e Os esquifos com alças verticais (Figs. 31 e GR. A forma identificada na Fig. 26, que apresenta 32) apresentam dois tipos de base diferentes. um corpo mais bojudo, circular, é encontrada com Geralmente, para ambas as formas de esquifos mais frequência nos túmulos do PG e do GA. Já a com alças verticais, as bordas são bem delimitadas, forma de taça exemplificada na Fig. 27 raramente com ângulos acentuados no ombro e com a aparece nos enterramentos do Período Geométrico, tendência de se prolongar levemente para o concentrando-se quase exclusivamente no PG. exterior. O primeiro tipo de esquifo com alças Finalmente, a forma retratada na Fig. 28, é verticais apresenta um pequeno pé em anel (Fig. encontrada em todos os suberíodos, porém tende a 31). Já o segundo possui um pé alto, com ângulo se concentrar nas sepulturas do início da Idade do bastante acentuado, maior que 90°, afunilando no Ferro, no SM, PG e GA. ponto onde se dá a junção com o corpo do vaso A forma de vaso que aparece na pesquisa (Fig. 32). Esta forma é comumente denominada como esquifo apresenta as mesmas variações pelos pesquisadores simplesmente como cálice,

79 SOUZA, C. D. As Práticas Mortuárias na região da A rgólida entre os séculos XI e VIII a.C. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, Suplemento 13, 2011.

como uma tradução do termo em grego kíAiÇ e, de píxide também aparece com maior frequência quando apresenta grandes dimensões, passa a ser nos enterramentos datados do GR e sua forma diz designada como cratera. Além do esquifo, outro respeito a uma aproximação maior àquela tradicional tipo de vaso que pode também ser classificado de períodos posteriores, com o corpo do vaso em como um cálice com duas alças verticais é forma de cilindro e a base plana. Um exemplo deste denominado de cântaro. A particularidade do tipo de píxide cilíndrica é a MM 929, encontrada na cântaro em relação ao esquifo com alças verticais cista do Túmulo (686) em Micenas. está no fato das alças ultrapassarem a borda do Há três formas ainda que devem ser vaso (Fig. 33). discutidas de acordo com a nomenclatura adotada As píxides também compreendem a partir da forma e da tradução dos termos nas formas bastante variadas. Elas estão presentes diferentes línguas dos relatórios e crônicas de nos enterramentos em grande quantidade, escavações. A primeira delas é o anforisco (Fig. principalmente aquelas de pequenas dimensões 37), que, na verdade, é bastante semelhante a e com tampa. Em geral, elas são encontradas uma ânfora, porém possui dimensões pequenas, durante toda a Idade do Ferro, variando em geralmente em miniatura, como os C. 190, C. 191 e relação ao tamanho e à forma em direção ao C. 192, encontrados no Túmulo (029), em Argos. final do Período Geométrico. Aquelas com a base A denominação anforisco também é utilizada pontiaguda e alças de sustentação (Fig. 34) são para formas maiores que se assemelham a uma encontradas com maior frequência nos túmulos do ânfora, porém possuem um formato um tanto início da Idade do Ferro. As formas mais bojudas diferenciado da ânfora tradicional como, por (Figs. 35 e 36), apesar de serem identificadas exemplo, o DV 10, encontrado no Túmulo (005), durante todos os subperíodos, aparecem com mais em Argos. recorrência nos enterramentos do GM e do GR, A segunda forma é o asco, que pode ser principalmente aquela representada na Fig. 36. definido como um vaso circular ou ovoide Entretanto, há outros dois formatos de píxides trípode (com três pés retos), com a alça na que não são exemplificados com desenhos e que parte superior do vaso, geralmente no centro estão intrinsecamente conectados à questão da e com uma terminação prolongada e o orifício datação. Trata-se da píxide trípode (com três pés de servir deslocado para um dos lados do vaso em forma de alças), que aparece principalmente no (Fig. 38). O asco caracteriza como uma variação final da Idade do Ferro, possui grandes dimensões do jarro com estribo e, portanto, também é e é essencialmente utilizada como uma funerário e derivado de formas micênicas. Durante a idade não mais como objeto ofertado no interior de uma do Ferro, da mesma forma que o jarro com cista, por exemplo. E o caso da píxide trípode C. estribo, o asco aparece quase exclusivamente 209, do Túmulo (023) em Argos. O segundo tipo nos contextos funerários datados do SM e do

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sustentação e base pontiaguda. horizontais. alças de sustentação.

PG. Contudo, tal forma de vaso volta a ser “utilitários” ou “personalia”. Tais termos nos encontrada em túmulos datados dos períodos remetem a significados simbólicos preestabelecidos subsequentes à Idade do Ferro. Um exemplo do material e esgotam as possibilidades de uma de asco com o corpo ovalado é o E 1919, análise em associação com as demais dimensões encontrado no Túmulo (183), em Argos. das práticas mortuárias, examinando o conjunto Finalmente, a terceira e última forma que do contexto funerário. Isto não significa dizer que merece comentários à parte é designada de não serão considerados significados simbólicos suporte cerámico (Fig. 39). Trata-se de um tipo da cultura material depositada com o morto. de vaso que aparece em pequeno número no total Pelo contrário, para alcançarmos aspectos da dos enterramentos da Argólida durante a Idade organização social está claro que é necessário do Ferro, mas que apresenta um grau de variação tratar dos aspectos simbólicos dos objetos elevado em relação às dimensões e aos aspectos depositados com os mortos. Por exemplo, como ornamentais, possuindo motivos decorativos os objetos podem denotar o túmulo de um característicos desde o PG até o GR. Um exemplo “guerreiro” ou que permitem visualizar a presença de suporte em miniatura é o C.7717, encontrado de uma camada “guerreira-aristocrática” em Argos no Túmulo (130), em Argos e um com grandes no final da Idade do Ferro. dimensões, corresponde ao C.7743, encontrado Conforme discutimos no Capítulo 1, no Túmulo (129), também em Argos. acreditamos que os contextos funerários devem Finalmente, para finalizar as questões ser entendidos, acima de tudo, como o produto referentes aos critérios de classificação do material de uma prática intencional realizada mobiliário funerário, é imprescindível ressaltar por um determinado grupo da sociedade e não que evitamos a utilização de classificações como uma reflexão direta e simples da sociedade. dos artefatos enquanto objetos “funerários” Essa prática intencional define a persona social

Fig. 37 - Anforisco. Fig. 38 - Asco. Fig. 39 - Suporte.

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Fig. 40 - Desenho esquemático representando urna Fig. 41 - Desenho esquemático representando urna sepultura em cista. sepultura em cova simples.

Localização. Pensando o espaço dos mortos

O uso do espaço nos estudos das práticas mortuárias assume fundamentalmente posições ideológicas que podem simbolizar diferenças de gênero, de idade, de grupos horizontais (de solidariedade) e verticais (status). Desde as hipóteses propostas por Saxe (1970), principalmente a Hipótese 8, a localização do enterramento constitui uma das dimensões das práticas mortuárias que pode revelar inúmeros aspectos da estrutura do mundo dos vivos.11 Fig. 42 - Desenho esquemático representando Elementos como a exclusão dos indivíduos de um urna sepultura em vaso funerário. determinado espaço reservado para os mortos e inclusão em outros, formando grupos específicos em uma necrópole, a deposição dos mortos em do morto e fica evidente que, mesmo distorcida espaços residenciais, entre outras formas de situar os enterramentos adquirem significados e, ou, idealizada em relação à organização social simbólicos que podem estar relacionados com os “real”, está sendo criada uma linguagem e, papéis dos indivíduos na sociedade e, dessa forma, consequentemente, uma mensagem, inteligível representar as distinções espaciais no mundo dos e aceita para aqueles que fazem parte dessa vivos (Parker-Pearson 1982, 1993, 1995, 1999, sociedade e, portanto, que dominam os códigos McHugh 1999). dessa linguagem. A decodificação da mensagem Para alcançar tal nível de análise, da mesma se dá através da análise das diversas dimensões maneira que os demais atributos abordados até das práticas mortuárias em associação e da então, a localização dos enterramentos também comparação entre os contextos funerários, pois não deve ser considerada de maneira isolada, nos permite visualizar e entender as diferenças. mas sim relacionada com os demais quesitos: Nosso objetivo é compreender a dinâmica dessas tipo de sepultura, idade, posição e orientação do diferenças, vale dizer; como esses enterramentos corpo e mobiliário funerário. Por conseguinte, estão distribuídos nos subperíodos da Idade do a análise proposta para tal dimensão dos Ferro e, ainda, se há possibilidades de visualizar contextos funerários da Argólida baseia-se essas diferenças em áreas distintas intrassítios substancialmente em recursos visuais, em mapas. e compará-las intersítios. Dessa forma, acreditamos que mesmo adulterada e fantasiada

através dos contextos funerários é possível 11 Para a discussão detalhada das ideias de Saxe centra alcançar determinados aspectos da organização na problemática da utilização do espaço dos mortos e, e social “dos vivos”. especial a Hipótese 8, vide Capítulo 1, p. 43-44-

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Inicialmente, verificamos e separamos as áreas examinada. Os ícones que aparecem nas de concentração de enterramentos, relacionando camadas foram desenvolvidos a partir dos localização e tipo de sepultura. Assim, para cada tipos de sepulturas mais freqüentes nos sítios área de concentração é possível identificar a da Argólida: a cista, o vaso funerários e a cova quantidade de cada tipo de enterramento na simples (Figs. 40, 41 e 42). Nos mapas, tais totalidade e, a partir da elaboração de mapas ícones apresentam uma referência numérica específicos, também é possível contabilizar a que evidencia a quantidade de enterramentos quantidade de cada tipo de sepultamento para daquele determinado tipo de sepultura na área cada subperíodo (Submicênico, Protogeométrico, de concentração indicada. Devido aos limites Geométrico Antigo, Médio e Recente e, ainda, e restrições da presente publicação, não estão um mapa específico para aqueles enterramentos inclusos todos os mapas elaborados durante a datados apenas como do “Geométrico”). Os pesquisa de doutorado. Selecionamos apenas mapas específicos por subperíodo formam aqueles mais significativos para cada sítio que camadas que permitem a visualização do resumem as considerações sobre a questão do processo de utilização e reutilização das áreas de espaço dos mortos. Os sepultamentos separados em camadas concentração. proporcionam uma visão não só da distribuição Em seguida, o atributo localização é associado dos contextos funerários pelo sítio, tentando à dimensão de idade, na tentativa de verificar entender o espaço dos mortos em relação ao possíveis áreas de deposição exclusivamente espaço dos vivos (as áreas de habitação), mas infantis ou familiares. Finalmente, para cada também das transformações em relação ao área de concentração, um exame do mobiliário processo de utilização das áreas ao longo da Idade funerário é realizado levando em consideração do Ferro. Este último ponto, de importância as relações com os dois atributos tratados fundamental para os objetivos da pesquisa, visa o anteriormente a fim de investigar a formação de exame das áreas de concentração como espaços grupos sociais distintos. de uso específico ou não para a deposição dos O recurso visual foi realizado com o auxílio mortos e como esses espaços estão organizados, técnico de Denise Dal Pino (Produção Gráfica se é possível notar a formação de lotes de MAE / USP) e representa uma versão gráfica sepultamentos (re) utilizados por determinados personalizada e inédita da documentação grupos sociais e, ou, familiares.

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Capítulo 3

Analisando os dados: a abordagem intrassítio

Argos de 1950 e no final da década de 1960. Durante os anos 1950, as campanhas foram coordenadas Argos sitúa-se na parte Centro-Oeste da principalmente por R Courbin e na década de grande planicie da Argólida, a 11 km a Noroeste 1960, principalmente entre 1966 e 1969, por de Náuplia. E a capital da Municipalidade de Y. Garlan, J.-F. Bommelaer e F. Croissant. Tais Argos-Micenas e a maior cidade atual da região. túmulos foram numerados pelos franceses do T 1 Geograficamente, a cidade apresenta na área ao T 319. Nem todos os túmulos datam da Idade Oeste uma grande montanha denominada do Ferro e muitos, principalmente aqueles datados Larissa com aproximadamente 300m de altura, do PG, ainda permanecem sem publicação. As onde se encontram os vestigios de um grande campanhas francesas mais recentes não têm castelo construído no século XII da nossa era trazido à luz enterramentos datados da Idade do (Kámpo Aápiaa). Entretanto, há vestigios de Ferro e se concentram em duas áreas da cidade ocupação do topo da montanha desde a Idade do de Argos, uma a Sudoeste, na área da Agora, e a Bronze até Período Helenístico. Imediatamente a outra, na área da Aspis. Nordeste da Larissa, na área Noroeste da cidade, As campanhas realizadas pelo Serviço Grego está localizada uma outra pequena colina, com de Arqueologia encontram-se espalhadas por cerca de 90m de altitude, denominada Áspis toda área da cidade moderna, caracterizadas, em (Aoníóa) ou de Colina do Profeta Elias (Aócpoç sua maioria, por campanhas de salvamento. Tais IJp(p. HXíaç). Na parte Norte e ao entorno Leste, campanhas ainda hoje revelam um grande número a cidade é contornada pelo Rio Charadros (ou de contextos funerários datados da Idade do Ferro. Xérias) e pelo Inachos que, como rios de planicie, Entretanto o material não recebe publicações apresentavam na antiguidade grandes áreas sistemáticas e permanece guardado e inacessível de cheia. Argos se configura como uma cidade nas salas da reserva técnica grega do Museu de continental, embora seja bem próxima do mar, Argos. Uma grande quantidade de túmulos datados aproximadamente 2 km, onde hoje se sitúa a da Idade do Ferro é proveniente das campanhas cidade de Nova Kios (Ar¡poq Néaç Kiou). realizadas durante os anos 1960 e 1990. A cidade moderna de Argos, desde a década Devido ao grande número de túmulos de 1950 do século XX, foi e ainda é intensamente descobertos nas campanhas francesas, de um lado, escavada pela EfA e pelo SGA. A maior e gregas, de outro, decidimos que, inicialmente, a quantidade de túmulos datados da Idade do Ferro exposição dos dados será realizada separadamente, pelas campanhas francesas foi revelada na década apresentando primeiro as informações das

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escavações francesas e posteriormente das túmulos que não continham nem restos ósseos escavações gregas para a análise de todas as nem oferendas, os túmulos T (001), T (002) e T dimensões das práticas funerárias. Finalmente, (118), sendo constituído apenas pela cista nos reunimos todas as informações e apresentamos dois primeiros exemplos e pelo pito funerário no uma análise do conjunto, uma vez que se trata de último caso. Contudo, o pito do T (118) estava contextos funerários do mesmo sítio. bastante destruído e pode ter sido espoliado ainda na Antiguidade. Há 3 túmulos onde foram encontrados poucos restos ósseos sendo impossível 1) Informações Gerais. determinar a idade pela análise osteológica: T (018), T (024) e T (029). Entretanto, E Courbin 1.1) Campanhas da EfA. acredita que, devido às pequenas dimensões das O levantamento bibliográfico realizado sepulturas e pelas características do mobiliário através da análise exaustiva dos relatórios de funerário (em miniatura), tais sepulturas tivessem escavações presentes nos Arquivos Manuscritos abrigado enterramentos infantis. da EfA, das crônicas publicadas no BCH, da A grande maioria do total de 145 sepulturas publicação sistemática de E Courbin TGA (1974) é classificada como inumações individuais e das obras de R. Hágg BOREAS 7:1 (1974) e infantis e de adultos. Há 16 túmulos onde foram de A. Foley SIMA 80 (1988). Tal levantamento encontrados mais de uma inumação: T (007), revela um total de 145 sepulturas escavadas pelas T (012), T (020), T (056), T (062), T (067), T campanhas francesas em Argos desde o início dos (088), T (097), T (099), T (108), T (128), T anos 1950, datadas da Idade do Ferro como um (129), T (130), T (132), T (134) e T (142). Em todo. 7 dessas sepulturas foram encontrados esqueletos Para analisarmos esse total de 145 sepulturas, de dois indivíduos adultos, ou seja, tais túmulos é necessário detalhar as sepulturas considerando foram reutilizados uma vez: T (012), T (062), em primeiro lugar, a quantidade de indivíduos T (067), T (088), T (097), T (099) e T (142). encontrada em cada sepultura, assim como Em 5 sepulturas foram identificados 3 indivíduos naquelas em que não foram encontrados restos adultos, sendo reutilizadas duas vezes: T (007), ósseos, mas apenas mobiliário funerário. Esta T (020), T (056), T (108) e T (134). No T (129) última categoria de enterramento aparece com foram encontradas as inumações de 5 adultos, no certa frequência em todos os sítios da Argólida T (128), 6 indivíduos adultos e nos T (130) e T durante a Idade do Ferro e constitui uma categoria (132), 7 adultos em cada. bastante peculiar de enterramento denominado O T (055) apresenta apenas um kenotáphos (do grego, literalmente, túmulo vazio). esqueleto de um indivíduo adulto do sexo No geral, o kenotáphos é interpretado como um feminino, encontrado em uma cova em um enterramento simbólico (Hàgg 1974, Courbin nível estratigráfico superior em relação ao 1974), isto é, as exéquias em homenagem ao mobiliário funerário, composto de quatro vasos morto são executadas normalmente e o hábitat do em miniatura. Devido ao fato dos vasos se morto é construído (o sêma), porém, por alguma encontrarem em um nível estratigráfico mais razão, seja intencional ou natural, o corpo do profundo, isolados em relação ao esqueleto da morto não pode ser depositado na sepultura. Há mulher, e por se tratarem de vasos em miniatura, 9 túmulos que são classificados como kenotáphoi: R Courbin (1974: 43-45) acredita que os vasos T (003), T (004), T (009), T (010), T (013), corresponderiam a um enterramento infantil, T (054), T (055), T (111) e T (112). Devido cujos restos ósseos teriam desaparecido por às pequenas dimensões das sepulturas ou então completo. Além disso, as dimensões da cista são às características do mobiliário funerário (em comparativamente pequenas em relação às cistas miniatura), os T (013), T (054), T (055), T de adultos e, dessa forma, mais adequadas às (111) eT (112) são considerados enterramentos medidas das cistas utilizadas em túmulos infantis infantis. Para os outros dois túmulos, T (009) em Argos. e T (010), não é possível indicar o atributo Quando somamos, portanto, todos os casos idade, pois a análise das demais dimensões de reutilização da sepultura, entendendo cada das práticas mortuárias, como as dimensões e inumação ou enterramento simbólico como um as oferendas, não permitem uma classificação sepultamento individualizado, o número total mais provável. É interessante notar que há três de enterramentos em Argos datados da Idade do

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Ferro revelados pelas campanhas francesas sobe inumações individuais de adultos e crianças, para 184. somados a 5 sepultamentos que continham poucos Finalmente, é importante ressaltar que restos ósseos impossibilitando a identificação da todos os enterramentos constituem inumações. idade e do gênero e, ainda, a 9 túmulos onde não Há apenas três túmulos, o T (051), T (054) e o foram encontrados restos ósseos, sendo inclusos T (095) em que foram encontrados vestigios de na categoria de enterramentos simbólicos. Há 53 queima no vaso ou na cista e, entretanto, não sepulturas que não apresentam informações sobre há evidências de restos ósseos queimados. Tais o morto, nem idade e nem gênero e, dessa forma, casos constituem exemplos isolados, podendo também constituem casos cuja análise se restringe ter ocorrido de forma não-intencional, dessa apenas a reflexões sobre o tipo de sepultura, o forma, considerá-los como cremações é bastante mobiliário funerário e a localização. questionável e incerto (Hãgg 1987). Do total de 371 túmulos, em 32 foram encontrados mais de um esqueleto, caracterizando 1.2) Campanhas do SGA. exemplos de reutilização da sepultura. Em 21 A reunião dos dados dos contextos funerários túmulos foram encontrados dois indivíduos, escavados pelo Serviço Grego de Arqueologia em sendo que em 18 eram todos adultos; 2 túmulos Argos foi uma das etapas mais árduas da pesquisa, continham 1 adulto e poucos restos ósseos de um pois não há publicações sistemáticas sobre os outro indivíduo, cuja identificação da idade e do contextos funerários, como o TGA de R Courbin gênero não pode ser realizada e 1 túmulo continha (1974). As informações sobre os enterramentos o esqueleto de um adulto e de uma criança. são bastante incompletas e escassas nas crônicas Em outras 9 sepulturas, foram encontrados 3 de escavações do ArchDelt. Há quatro áreas esqueletos, sendo que em 7 haviam apenas adultos escavadas na cidade em que foram encontrados e em 2, foram identificados os esqueletos de túmulos em cista, em pitos e em covas simples do dois adultos e uma criança em cada uma delas. “Geométrico”, porém não há qualquer informação Finalmente, os 2 últimos casos de reutilização sobre a quantidade específica de enterramentos e continham 4 indivíduos adultos em cada. Dessa nem sobre os indivíduos. Estes túmulos aparecem forma, a quantidade de indivíduos encontrados no corpus documental, contudo não são incluídos nas sepulturas reutilizadas totaliza o equivalente na análise das dimensões de idade, gênero e a 77. tipo de sepultura. São eles: T (240), T (348), T Quando consideramos, portanto, os casos (369) e T (370). Tais sepulturas foram inclusas de reutilização, os túmulos em que se encontrou no catálogo e no banco de dados devido ao fato pouco ou nenhum resto ósseo e também aqueles de algumas delas apresentarem dados sobre o que não apresentam informações sobre o morto, mobiliário funerário e proporcionarem elementos o total de enterramentos da Idade do Ferro de reflexões sobre a localização das sepulturas. escavados nas campanhas gregas em Argos sobe É importante notar que a classificação para 416. Finalmente, notamos que há quatro de um túmulo como “Geométrico” exclui os ocorrências classificadas como cremações dois subperíodos iniciais da Idade do Ferro, o incompletas, o T (187), T (387), T (783) e o T Submicênico e o Protogeométrico e, portanto, (784). Entretanto, os três primeiros túmulos não significa dizer que a sepultura pode datar dos apresentavam restos ósseos queimados, podendo três grandes subperíodos do Período Geométrico; indicar queima não intencional. Apenas para o GA, GM e GR. Apesar de ser ainda bastante o último, os restos ósseos da criança também imprecisa, tal classificação configura uma apresentavam traços de queima. Tal ocorrência determinada restrição na datação de um grande constitui um caso isolado e questionável e, número de sepulturas que será tratado, dessa dessa forma, podemos concluir que a prática maneira, como uma categoria separada. da cremação em Argos configura um costume Inicialmente, excluindo os túmulos presentes funerário isolado e totalmente não usual enquanto nas quatro áreas mencionadas acima, podemos forma de enterramento durante toda a Idade do notar que o número mínimo de sepulturas Ferro. reveladas pelas campanhas gregas corresponde a 371. Em primeiro lugar, considerando a quantidade de indivíduos depositados nos túmulos, percebemos que há um total de 272

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2) Idade / Gênero e as relações com os Tipos de de adultos. Os enterramentos para os quais a Sepultura. atribuição da idade não foi possível a partir de nenhum método são: o túmulo em pito, T (044), 1.1) Campanhas da EfA. classificado apenas como “Geométrico” os T Quando passamos para a análise do atributo (001), T (002), T (003), T (009), T (010), todos idade, notamos que do total de 184 enterramentos sem vestígios de restos ósseos, o T (019), T (050) investigados pelas campanhas francesas, para e o T (118), todos contendo poucos restos ósseos. 174 foi possível estabelecer a classificação entre Quando distribuímos os enterramentos infantis e adulto e criança. Desses 174 enterramentos, 44 os de adulto nos subperíodos da Idade do Ferro, são inumações infantis e 130 são sepultamentos obtemos a tabela a seguir:

TABELA 2 Número total de enterramentos divididos por idade e subperíodos da Idade do Ferro. Período/Idade SM SM/PG PG PG/GA GA GM GM/GR GR G Total

Criança 2 1 13 2 2 5 1 11 7 44

Adulto 7 1 19 4 13 20 53 12 129*

9 2 32 6 15 25 1 64 19 173

* O total de enterramentos de adultos eqüivale a 130. Entretanto, nesta tabela não foi incluído o T (058), que, apesar de se tratar de um túmulo de adulto em cova simples, apresenta uma datação bastante imprecisa nos Arquivos Manuscritos, podendo ser datado do PG ou do GM.

Logo de início, um primeiro fato que nos enterramentos durante o SM é bem pequena e chama a atenção é o pequeno número de percebe-se uma queda durante o GA. Entretanto, enterramentos infantis, comparado ao número após o GA, os enterramentos voltam a crescer e de enterramentos de adultos durante toda a de maneira acentuada durante o GR. Idade do Ferro. A quantidade de enterramentos Detalhando os enterramentos a partir do infantis representa cerca de 25% do total de quesito tipo de sepultura, verificamos que há um enterramentos, enquanto os de adultos compõem total de 99 sepultamentos em cista, 46 em vasos aproximadamente 75%. Ainda de forma mais funerários e 38 em covas simples. Há apenas um preliminar, notamos que há uma concentração túmulo que não apresenta informações sobre o dos enterramentos, tanto infantis, quanto de tipo de sepultura, o T (030). Distribuindo-os nos adultos, durante o PG e o GR. A quantidade de subperíodos da Idade do Ferro temos a TABELA 3.

TABELA 3 Número total de enterramentos divididos por tipo de sepultura e subperíodos da Idade do Ferro. Período/Tipo SM SM/PG PG PG/GA GA GM GM/GRGRG Total de Sepultura

Cista 1 2 24 4 11 13 33 11 99

Vaso funerário 1 1 5 1 26 12 46

Cova simples 9 1 8 1 3 7 7 1 37*

10 3 32 6 15 25 1 66 24 182*

* O total de enterramentos em cova simples é 38. Contudo, o T (58) foi excluído da tabela, pois apresenta uma datação bastante imprecisa. # O total de enterramentos eqüivale a 184- Entretanto, nesta tabela não foram incluídos o T (030) e o T (058). Camila Diogo de Souza

O número total de enterramentos em cista Idade do Ferro, marcadamente durante o GR II. (54 /o) corresponde a mais que o dobro do número Já os enterramentos em cova simples aparecem de enterramentos em vasos funerários (25%) e à desde o início da Idade do Ferro e se concentram quase o triplo dos enterramentos em cova simples também neste período, principalmente durante (21 /o). A primeira vista, as cistas são utilizadas de o SM. Contudo, são utilizados de forma mais ou forma mais recorrente durante o início e o final da menos estável durante toda a Idade do Ferro, Idade do Ferro, concentrando-se no PG e no GR. apresentando uma variação pequena durante Os enterramentos em vasos funerários começam 0 PG, o GA, o GM e o GR. Podemos visualizar a aparecer somente no final do PG e início do melhor tais apontamentos a partir do GRAFICO GA I e são mais utilizados em direção ao final da 1 abaixo:

______GRÁFICO_1______Número de enterramentos divididos por tipo de sepultura e subperíodos da Idade do Ferro.

Cistas

Vasos funerários

Covas simples

Poderíamos concluir que durante o enterramentos em vasos aumenta abruptamente. Submicênico, em Argos, há uma certa preferência Verificamos, dessa forma, que em direção ao final para se enterrar os mortos em covas simples, e da Idade do Ferro há uma predileção para inumar durante os períodos posteriores, o PG, o GA e o os mortos em cistas e em vasos. Para aprofundar GM, são utilizadas tanto as covas simples quanto a análise, é necessário correlacionar as duas as cistas preferencialmente, apesar da introdução dimensões tratadas até então, a idade e o tipo de dos enterramentos em vasos funerários no final do sepultura. Quando distribuímos os resultados de PG. A situação é modificada radicalmente durante tal relação nos subperíodos da Idade do Ferro, o GR (com ênfase no GR II), quando o número de visualizamos as TABELAS 4, 5 e 6 abaixo:

TABELA 4 Número de enterramentos em cistas divididos por idade e subperíodos da Idade do Ferro. Período/Idade SM SM/PG PG PG/GA GA GM GM/GR GR G Total

Criança 1 11 1 2 4 19 33 Adulto 1 13 3 11 11 4 76

2 24 4 11 13 33 8 95

89 ^ Prár 7 reglã° 00 Argóllda 67X1X6 05 sécuhs XI e VIU a C - Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, Sao Paulo, Suplemento 13, 2011.

TABELA 5 Número de enterramentos em vasos funerários divididos por idade e subperíodos da Idade do Ferro. Período/Idade SM SM/PG PG PG/GA GA GM GM/GR GR G Total

Criança 1 1 1 10 3 17

Adulto 4 14 7 25

1 1 5 1 24 10 42

TABELA 6 Número de enterramentos em cova simples distribuídos no subperíodos da Idade do Ferro. Período/Idade SM SM/PG PG PG/GA GA GM GM/GR GR G Total

Criança 1 2 1 2 1 7

Adulto 7 6 1 2 5 6 1 28*

8 8 1 3 7 7 1 35

* O total de enterramentos em cova simples de adultos corresponde a 29. Contudo, o T (058) não aparece incluso na TABELA 6 devido ao fato de apresentar uma datação bastante imprecisa, podendo ser datado do PG ou do GM.

Inicialmente, analisando os enterramentos adultos de forma quase estável durante toda a infantis, verificamos que o padrão para enterrar Idade do Ferro. A utilização dos vasos funerários as crianças é caracterizado pelo uso das cistas para os adultos é um pouco mais tardia em (representando cerca de 44% dos enterramentos relação às crianças, pois são introduzidos apenas infantis) e dos vasos funerários (aproximadamente no GM e crescem de forma acentuada no GR, 39%). Os enterramentos em cova simples são os constituindo junto com as cistas, a preferência menos usuais, correspondendo a cerca de apenas de inumações de adultos neste momento final da 17%. Entretanto, apesar de menor em relação Idade do Ferro. aos demais tipos de enterramentos, as covas simples são utilizadas para enterrar as crianças durante toda a Idade do Ferro, enquanto as cistas 1.2) Campanhas do SGA. concentram-se no início da Idade do Ferro e os vasos no final. Do total de 416 enterramentos revelados Os enterramentos de adultos apresentam pelo Serviço Grego de Arqueologia, para 347 padrões convergentes e divergentes em relação foi possível a identificação do quesito idade, aos infantis. Está claro que a preferência sendo 289 de adultos e 58 inumações infantis. para inumar os adultos é a cista, pois o uso Infelizmente, para uma grande quantidade total da cista é equivalente a 58,5% do total, de túmulos (no mínimo 52 sepulturas) não enquanto o das covas corresponde a um pouco há informações sobre o morto nas referências mais de 22% e dos vasos funerários representa bibliográficas e, para uma pequena parte das aproximadamente 19,5%. As covas simples, sepulturas (um total de 7 túmulos), a quantidade assim como os enterramentos infantis, também de restos ósseos presentes não possibilitou uma são empregadas durante toda a Idade do classificação em relação à idade nem ao gênero. Ferro, com uma certa concentração no início Quando distribuímos os enterramentos infantis da Idade do Ferro, principalmente durante o e de adultos nos subperíodos da Idade do Ferro, Submicênico. As cistas são utilizadas para os temos a TABELA 7, que segue:

90 Cimila Diogo de Souza

TABELA 7 Número total de enterramentos divididos por idade e subperíodos da Idade do Ferro. Período/ GA/ SM SM/PG PG PG/GA GA GM GR G Total Idade GM

Criança 5 9 2 6 2 15 19 58

Adulto 5 5 53 18 20 3 20 43 122 289

5 10 62 20 26 3 22 58 141 347

Logo de início, da mesma forma que na descrição bastante imprecisa e questionável nas análise dos enterramentos das campanhas da crônicas de escavações no que diz respeito ao EfA, podemos afirmar que o número total de tipo de sepultura. O T (200) parece ser uma enterramentos infantis é bastante pequeno (cerca cova simples de um provável adulto, mas K. de 16,7% do total) em comparação com o número Kristalli não deixa claro se os vasos datados total de enterramentos de adultos (um pouco mais de duas fases distintas foram encontrados em de 83%). Mesmo que todos os túmulos que não uma fossa ou em uma cista. O mesmo acontece apresentam classificação de idade (os 52 túmulos com o T (281), uma sepultura onde foram sem informações sobre o morto, os 7 com poucos encontrados dois objetos em metal e dois restos ósseos e os 9 kenotáphoi) configurassem vasos cerâmicos associados ao esqueleto de um enterramentos infantis, a diferença entre o adulto, porém E. Protonotariou-Deilaki não número de crianças e o número de adultos ainda especifica se ela configura uma cova simples ou seria muito grande. uma cista. O último túmulo que excluímos da Desse mesmo total de 416 enterramentos, análise trata-se de uma sepultura classificada se examinarmos o atributo tipo de sepultura, como uma cremação, o T (146). Todavia, não verificamos que 413 são divididos em 241 há vestígios de ossos cremados na cova que enterramentos em cistas, 127 em vasos abriga os fragmentos. Distribuindo os tipos de funerários e apenas 45 em covas simples. enterramentos nos subperíodos da Idade do Há três casos apenas que apresentam uma Ferro, obtemos a tabela a seguir:

TABELA 8 Número total de enterramentos divididos por tipo de sepultura e subperíodos da Idade do Ferro. Período/Tipo GA/ SM SM/PG PG PG/GA GA GM GR G Total de Sepultura GM

Cista 5 4 49 20 18 3 19 29 94 241

Vaso funerário 2 7 1 3 1 4 39 70 127

Cova simples 1 4 10 7 5 18 45 6 10 66 21 28 4 23 73 182 413

Igualmente aos padrões levantados a partir na pequena quantidade de enterramentos em dos dados das campanhas francesas, a preferência covas simples, pois a partir da TABELA 8, eles pela cista como tipo de sepultura é confirmada, correspondem a apenas 11% do total, enquanto o correspondendo a cerca de 58% do total de uso dos vasos equivale a aproximadamente 31%. enterramentos. Contudo, percebemos algumas Outra diferença encontra-se na quantidade de diferenças entre os dados levantados nas duas enterramentos em cista e vasos funerários durante campanhas em Argos. A primeira delas está do GR. Enquanto na TABELA 3 esses números

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são bem próximos, porém o de cista ainda é um de sepulturas durante toda a Idade do Ferro são pouco maior, na TABELA 8, os vasos funerários bastante semelhantes, indicando que o padrão ultrapassam as cistas. Apesar disso, verificamos geral de enterramentos se mantém. que os gráficos que mostram a utilização dos tipos

______GRÁFICO_2______Número de enterramentos divididos por tipo de sepultura e subperíodos da Idade do Ferro.

No início da Idade do Ferro a preferência sofrem um crescimento abrupto durante o GR. para enterrar os mortos se dá pelo uso da As covas simples são utilizadas de maneira mais cista e da cova simples e, no final do período, ou menos estável durante toda a Idade do Ferro. é caracterizado pelo uso da cista e dos vasos Relacionando o atributo idade com o tipo de funerários. Estes são introduzidos um pouco mais sepultura, obtemos as TABELAS 9, 10 e 11. cedo, ainda no final do SM e início do PG, e

TABELA 9 Número de enterramentos em cistas divididos por idade e subperíodos da Idade do Ferro.

Período/Idade SM SM/PG PG PG/GA GA G A / r i u GR G Total GM GM

Criança 2 7 2 6 1 1 5 24

Adulto 5 2 39 17 12 2 17 24 71 189

5 4 46 19 18 2 18 25 76 213

TABELA 10 Número de enterramentos em vasos funerários divididos por idade e subperíodos da Idade do Ferro. Período/Idade SM SM/PG PG PG/GA GA GM GM/GR GR G Total

Criança 2 2 1 14 13 32

Adulto 4 1 1 3 15 36 60

2 6 1 1 4 29 49 92

92 Camila Diogo de Souza

TABELA 11 Número de enterramentos em cova simples distribuídos no subperíodos da Idade do Ferro. Período/Idade SM SM/PG PG PG/GA GA GM GM/GR GR G Total

Criança 1 1 2

Adulto 3 10 7 4 14 38

4 10 7 4 15 40

Comparando a análise dos enterramentos nos subperíodos iniciais da Idade do Ferro é infantis investigados pelo SGA e pela EfA, configurado pela utilização da cista e da cova percebemos que a porcentagem dos sepultamentos simples. Nos períodos finais, durante o GM e o em vasos funerários (aproximadamente 55%) GR, o padrão é modificado pelo uso da cista (em é maior que a de cistas (cerca de 42%) e a de primeiro lugar) e dos vasos. covas simples é ínfima (um pouco mais de 3%). Apesar das diferenças, fica evidente que o padrão 1.3) Reunindo os dados das campanhas da EfA para enterrar as crianças durante os subperíodos e do SGA. iniciais da Idade do Ferro é caracterizado por túmulos em cista e no final, em vasos funerários. A análise conjunta dos contextos funerários Para os enterramentos de adultos, os datados da Idade do Ferro encontrados em dados das campanhas francesas e gregas são Argos, seja através das campanhas realizadas pela bastante próximos, indicando uma preferência EfA, seja daquelas realizadas pelo SGA, faz-se sobressalente pela cista, representando quase indispensável uma vez que se trata do mesmo 66% do total, enquanto os vasos correspondem sítio e do mesmo período estudado. Observa- a um pouco mais de 21% e as covas simples a -se que as diferenças entre os dados das tabelas aproximadamente 13%. E interessante ressaltar das escavações francesas e das gregas não são que, em relação ao total geral de enterramentos, discrepantes e os padrões de enterramentos a diferença entre o uso dos vasos e das covas levantados são bem semelhantes. Além disso, simples para se inumar os adultos é relativamente o número de enterramentos evidenciados, de pequena, quando comparada com a diferença um lado, pelas campanhas francesas e, de outro, entre o uso da cista com o uso dos vasos e das pelas campanhas gregas, constitui uma grande cistas com as covas simples. Contudo, há urna amostragem da totalidade. Entretanto, tais distinção importante no que diz respeito aos reflexões podem se tomar lacunares, incompletas períodos de concentração de enterramentos e equivocadas caso a análise permaneça isolada. em cova simples e em vasos. Apesar dos Dessa forma, quando reunimos as informações enterramentos em vasos aparecerem já no sobre o quesito idade, obtemos a seguinte tabela: final do PG, o padrão para enterrar os adultos

TABELA 12 Número total de enterramentos (campanhas da EfA e do SGA) divididos por idade e subperíodos da Idade do Ferro.

Período / GA/ GM/ SM SM/PG PG PG/GA GA GM GR G Total Idade GM GR

Criança 2 6 22 4 8 7 1 26 26 102

Adulto 12 6 72 22 34 3 43 92 134 418

14 12 94 26 42 3 50 1 118 160 520

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Conforme foi apontado nas páginas Além disso, observa-se que no início da anteriores, a diferença entre o total de Idade do Ferro, especificamente durante o PG, a enterramentos infantis e de adultos é muito diferença entre o número de enterramentos de grande. Nota-se que os enterramentos infantis adultos e de crianças é menor em relação àquela representam quase 20% apenas do total, enquanto apresentada no final do período, marcadamente os de adulto alcançam mais de 80%. Tal fato durante o GR. Poderíamos sugerir que neste encontra exemplos em estudos etnográficos e, subperíodo (provavelmente de uma forma mais conforme indicamos no Capítulo 2, pode estar acentuada que nos demais) o ato de realizar associado ao papel e as funções das crianças na todas as exéquias para as crianças, resultando sociedade pois, a persona social é estabelecida em enterramentos formais, deve ter assumido conforme a idade do indivíduo, no momento um significado social simbólico de acordo com em que este atinge as definições culturais de as necessidades e os interesses dos adultos. Para maturidade. A princípio, poderíamos sugerir que entender melhor esse fato e verificar se o papel o papel das crianças na sociedade argiva durante das crianças pode ter se modificado durante as toda a Idade do Ferro parece ser de menor diferentes fases da Idade do Ferro, deixaremos importância em relação aos papéis dos indivíduos a questão em aberto até o momento da análise adultos, pois os cuidados dos rituais funerários que conjunta da dimensão idade com o mobiliário resultam em enterramentos formais (por exemplo, funerário e com a localização das sepulturas. na construção de um túmulo) são pequenos, ainda Quando reunimos os dados das escavações sobre o mais se pensarmos que a mortalidade infantil tipo de sepultura, distribuindo-os nos subperíodos, nesse período deveria ser alta. obtemos o seguinte gráfico:

GRÁFICO 3______Número total de enterramentos (campanhas da EfA e do SGA) divididos por tipo de sepultura e subperíodos da Idade do Ferro.

Percebemos que as curvas do GRAFICO 3 No GA, há uma queda no número total de são bastante semelhantes àquelas apresentadas sepultamentos que continua até o GM, porém nos GRÁFICOS 1 e 2. Durante o SM, os a cista ainda permanece como a sepultura enterramentos, no geral, são realizados em mais utilizada. Durante o GR, verificamos cistas e covas simples. Nota-se que durante que os enterramentos crescem de forma o PG, há um crescimento significativo do acentuada, principalmente aqueles em vasos número de enterramentos e a cista constitui funerários. O total de enterramentos datados o tipo de sepultura largamente utilizado, do GR representa cerca de 23% do total de apesar da introdução do vaso funerário. sepultamentos da Idade do Ferro.

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Tanto a pequena quantidade de enterramentos Em Argos, portanto, podemos observar durante o SM, quanto o crescimento drástico esses dois eventos que caracterizam os dois durante o GR foram exaustivamente tratados pela períodos da história da Grécia; contudo, eles bibliografia, assinalando tais características para várias apresentam algumas particularidades. Em Atenas, comunidades de diversas regiões gregas. Durante por exemplo, a quantidade de enterramentos o SM, a queda nos enterramentos é vista como praticamente dobra no GR, mas o tipo de uma conseqüência direta dos acontecimentos do sepultura preferido para enterrar os mortos Heládico Recente IIIB, que resultaram na derrocada corresponde à cista, e os vasos funerários do Sistema Palacial Micênico e no processo de são designados para abrigar cremações, não migração (Dickinson 2006a; Snodgrass 1971,1993, inumações (Morris 1987, Whitley 1991b: 183). A análise pode ser aprofundada quando reunimos os 2006). O crescimento abrupto dos enterramentos no dados relacionando os atributos tipo de sepultura GR é caracterizado uma das faces do denominado e idade. Somando os enterramentos investigados “Renascimento” do século VIII a.C. (Snodgrass pelas campanhas francesas e pelas campanhas 1971), quando há um crescimento populacional de gregas, formamos as TABELAS 13, 14 e 15: grandes proporções também em várias regiões.

TABELA 13 Número de enterramentos em cistas (campanhas da EfA e do SGA) divididos por idade e subperíodos da Idade do Ferro. Período/ GA/ GM/ SM SM/PG PG PG/GA GA GM GRG Total Idade GM GR

Criança 3 18 3 6 3 1 9 43

Adulto 5 3 52 20 24 2 31 53 75 265

5 6 70 23 30 2 34 0 54 84 308

TABELA 14 Número de enterramentos em vasos funerários (campanhas da EfA e do SGA) divididos por idade e subperíodos da Idade do Ferro. Período/ GA/ GM/ SM SM/PG PG PG/GA GA GM GR G Total Idade GM GR

Criança 2 2 1 1 2 1 24 16 49

Adulto 4 1 1 7 29 43 85

2 6 2 2 9 1 53 59 134

TABELA 15 Número de enterramentos em cova simples (campanhas da EfA e do SGA) distribuídos no subperíodos da Idade do Ferro.

Período/ GA/ GM/ SM SM/PG PG PG/GA GA GM GR G Total Idade GM GR

Criança 1 1 2 1 2 1 1 9

Adulto 7 3 16 1 9 5 10 15 66

8 4 18 1 10 7 11 16 75

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Resumindo as reflexões levantadas adultos e, pelo menos em Argos, o padrão de anteriormente, podemos indicar que, em enterramentos infantil é distinto daquele tido primeiro lugar, durante o início da Idade do como o padrão geral de sepultamentos para as Ferro, marcadamente durante o SM, mas crianças na Grécia durante a Idade do Ferro. também praticamente durante todo o PG, os Muitos autores ressaltam que os enterramentos tipos de sepultura preferidos para se enterrar infantis são caracterizados pelo uso do pito por os adultos e as crianças são as cistas e as covas excelência (Whitley 2001). Em Argos, a cratera simples. Mesmo com o uso do vaso funerário corresponde ao vaso mais utilizado para as já no final do SM e durante o PG, a cista ainda crianças. Os primeiros enterramentos em vasos constitui o tipo de sepultura amplamente da Idade do Ferro aparecem ainda no final do utilizado para todos os indivíduos. Quando SM e são infantis em ânforas e crateras, o T adentramos o Geométrico, notamos que, devido (015), T (238), T (783), T (784). As ânforas a uma queda geral no número de sepulturas parecem ter sido mais usadas para enterrar as durante o GA e mesmo no início do GM, todos crianças no início da Idade do Ferro, enquanto os tipos de sepultura sofrem também uma diminuição, mas os três ainda continuam sendo os pitos e as crateras constituem o padrão utilizados, apresentando ainda uma preferência principalmente durante o GR. marcante pelo uso da cista tanto para as crianças Os enterramentos de adultos em vasos quanto para os adultos. vão aparecer somente no final do PG, como Já no final do GM, e principalmente durante por exemplo, o T (232), T (381), T (444), o GR, a situação modifica-se drasticamente. Todos e o T (768) e, até o final do GR, a maioria os tipos de sepulturas crescem, acompanhando o corresponde a sepultamentos em pitos. E crescimento geral do número de enterramentos interessante ressaltar o grande crescimento do durante o GR. As crianças são inumadas quase número de pitos para sepultar os adultos no de forma exclusiva em vasos funerários. Os final da Idade do Ferro que adentra o Período adultos são enterrados nos três tipos de sepultura, Arcaico. Há uma grande quantidade de pitos mantendo ainda a preferência pela cista. que são datados do Subgeométrico e do século Contudo, o crescimento do uso dos vasos para VII a.C. (Foley 1988) encontrados nos mesmos os enterramentos de adultos é muito maior em locais de concentração dos pitos datados do relação àquele representado pelo uso da cista e da GR. Contudo, a forma do pito Subgeométrico cova simples durante o GR. e Arcaico é um pouco diferenciada em relação E interessante notar que quando àquela utilizada durante a Idade do Ferro, sendo examinamos de forma mais detalhada os constituída pela maioria em formato cilíndrico enterramentos em vasos funerários, verificamos (vide Fig. 15, p. 36 - Introdução), mas o que há uma diferença entre os vasos usados formato ovoide ainda continua sendo utilizado com mais frequência para enterrar as crianças em menor quantidade. e os adultos. Dos 49 enterramentos infantis em vasos, 19 são em crateras, 18 são em Estas são as conclusões iniciais que pitos, 9 em ânforas, 2 em hídrias e 1 em jarro. podemos levantar a partir do exame mais Dentre os 85 enterramentos de adultos em detalhado dos dados relacionando os vasos funerários, constatamos que 76 são em atributos idade e tipo de sepultura, obtendo pitos, apenas 6 são em crateras, 2 em ânforas os primeiros padrões nas práticas funerárias e 1 em píxide. Está claro que o padrão para em Argos durante a Idade do Ferro. Faz-se enterrar os adultos em vasos é o pito ovoide necessária, a partir de então, uma análise desses e piriforme (vide Figs. 13, 14 e 16, p. 36 - enterramentos relacionando-os com os demais Introdução). Para as crianças a situação é atributos catalogados, como a orientação e um pouco diferente, pois verificamos que há a posição do corpo, do mobiliário funerário dois tipos de vasos que são recorrentemente e, finalmente, a distribuição dos túmulos no utilizados, a cratera e o pito. Todavia, as ânforas sítio para cada subperíodo, que permite uma também são usadas com periodicidade. Isto visualização e o entendimento do contexto indica que os enterramentos infantis são mais funerário como um todo. diversificados no que diz respeito aos vasos utilizados em relação aos enterramentos de

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3) Orientação e Posição do corpo. teria sido depositado é muito pequena, não alcançando nem 30% do total: apenas 17 dos 1.1) Campanhas da EfA e do SGA. 58. Somando os enterramentos infantis das Quando analisamos o atributo orientação duas campanhas, teríamos o equivalente a do corpo / sepultura, percebemos que para cerca de 37% do total cujas informações sobre os enterramentos infantis investigados pelas orientação do corpo são apresentadas. Este campanhas francesas, há informações para número é pequeno para levantar reflexões quase metade do total; 21 dos 44. A situação é sobre padrões mais seguros de orientação em completamente distinta para os enterramentos relação aos enterramentos infantis em geral. infantis investigados pelo SGA. A porcentagem Todavia tal situação muda por completo quando de enterramentos infantis para os quais os detalhamos a análise do quesito orientação autores indicam o sentido de orientação da relacionando-o com o atributo tipo de sepultura ou a extremidade onde o crânio sepultura.

TABELA 16 Número dos enterramentos infantis em cistas (campanhas da EfA e do SGA) divididos por orientação e subperíodos. Período/ _ GA/ SM/PG PG PG/GA GA GM G Total Orientação GM GR GR Norte 1 1 Sul 1 1 1 3 Leste 1 1 2 4 Oeste 1 2 1 1 5 Noroeste 7 2 9 Sudoeste 3 1 1 2 7 Nordeste 1 1 Sudeste 1 1 13 0 1 8 31

Observando a TABELA 16, em primeiro Infelizmente, para apenas 1 enterramento lugar, é necessário notar que o total de em cova simples (do total de 9 - vide TABELA sepultamentos infantis em cistas é equivalente 15) e somente para 10 enterramentos em vasos a 43 (vide TABELA 13). Portanto, para (do total de 49 - vide TABELA 14) a orientação aproximadamente 72% dos enterramentos infantis é informada. A cova simples, correspondente ao em cistas o quesito orientação é apresentado T (087) é datada do GR II e estava direcionada nas referências bibliográficas. No início da para Oeste. Os enterramentos em vasos funerários Idade do Ferro, especificamente durante o correspondem a 4 vasos depositados na vertical: SM e PG, subperíodos em que as crianças são, o T (021), uma hídria datada do GA I, o T (027), ainda, preferencialmente enterradas em cistas, um pito caracterizado apenas como “Geométrico”, os sentidos Oeste e seus derivados (Noroeste o T (040), uma cratera datada do GR II e o T e Sudoeste) são utilizados de forma exclusiva. (043), uma ânfora datada do GR I. Os outros Durante o Período Geométrico como um todo, 6 vasos são dois pitos datados do GR, um para com a queda do número de cistas, todos os Leste e um para Noroeste e duas crateras também sentidos são usados de forma mais ou menos datadas do GR e direcionadas para Oeste. Com uniforme. Os únicos sentidos que parecem ter tão poucos dados, não é possível levantar reflexões sido evitados são o Norte, Nordeste e Sudeste. mais aprofundadas.

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TABELA 17 Número dos enterramentos adultos (campanhas da EfA e do SGA) divididos por orientação e subperíodos. Período/ PG/ GA/ SM SM/PG PG GA r iu GM/ GRG Total Orientação GA GM GM GR

Norte 3 1 1 1 1 5 12

Sul 1 2 9 6 1 3 21 43

Leste 8 1 1 2 10 4 26

Oeste 2 19 4 9 8 26 14 82

Noroeste 2 2 1 4 5 14

Sudoeste 1 8 2 3 1 11 5 9 40

Nordeste 2 1 3 2 8

Sudeste 2 2 2 6

6 3 51 9 23 1 24 0 52 62 231

Quando passamos para o exame dos direcionamentos para Nordeste e Sudeste, da enterramentos dos adultos, a situação toma-se um mesma que para os enterramentos infantis, pouco mais clara devido à maior quantidade de parecem ser evitados para os enterramentos informações. Do total de 418 enterramentos de de adultos. E essencial assinalar que tais adultos descobertos pelas campanhas conduzidas conclusões são bastante genéricas, uma vez que a pela EfA e pelo SGA (vide TABELA 12), para um quantidade de enterramentos classificados apenas pouco mais de 55% nos é indicada a orientação. como “geométricos” é relativamente grande, De maneira geral, podemos distribuir tal principalmente para aqueles direcionados para porcentagem de enterramentos nos subperíodos Sul. Dessa forma, as questões tornam-se mais da Idade do Ferro de acordo com a TABELA 17, aprofundadas quando relacionamos tal análise na página anterior. com o tipo de sepultura. A primazia pelo direcionamento para o A quantidade de enterramentos em cistas sentido Oeste e para o Sudoeste é verificada para os quais o atributo orientação da sepultura é durante toda a Idade do Ferro. Durante o PG, tal informado (168 enterramentos) corresponde a mais preferência mostra-se de forma clara. Entretanto, de 63% do total de enterramentos de adultos em os direcionamentos para o sentido Leste e para o cistas (265 totais - vide TABELA 13, p. 95). Dessa Sul também aparecem com bastante frequência. forma, é possível levantar alguns apontamentos No GA, a predileção para Oeste, Sudoeste e Sul mais seguros em relação a esta dimensão das se mantém, enquanto os enterramentos para Leste práticas mortuárias. A partir do GRAFICO 4, diminuem de forma mais acentuada. No GM, na página seguinte, notamos que, de forma geral, verifica-se uma redução dos enterramentos de todas as direções são utilizadas, apresentando uma adultos também direcionados para Sul, restando preferência pelos sentidos Oeste, Sul, Sudoeste como padrão, a orientação para Oeste e Sudoeste. e Leste e uma rejeição ao sentido Norte (Hãgg Em direção ao final da Idade do Ferro, observa- 1999). Entretanto, a predileção pelo sentido -se um grande aumento daqueles enterramentos Oeste é marcante, uma vez que se somarmos as direcionados para Leste. Entretanto, a direção porcentagens de enterramentos orientados para para Oeste ainda constitui o padrão com Sudoeste e Noroeste, o total de enterramentos ampla diferença, representando mais de 50% de adultos em cista direcionados para Oeste do total de enterramentos datados do GR. Os representa cerca de 55%. Camila Diogo de Souza

Quando examinamos os sentidos Durante o Período Geométrico, a diferença entre distribuindo-os pelos subperíodos, através da a quantidade de enterramentos orientados para TABELA 18, percebe-se que o padrão geral Oeste, de um lado, e para Leste e Sul, de outro, é mantido durante toda a Idade do Ferro. aumenta e o número de enterramentos direcionados Contudo, a diversidade de direções é maior nos para Sudoeste também cresce. Poderíamos afirmar, períodos iniciais, principalmente durante o PG, portanto, que em direção ao final da Idade do momento em que a quantidade de enterramentos Ferro, essencialmente no GM e no GR, as direções orientados para sentidos completamente distintos para Oeste e Sudoeste constituem o padrão de como Oeste, Leste e Sul é bastante próxima. sepultamento para as cistas.

______GRÁFICO 4______Número de enterramentos de adultos em cistas (campanhas da EfA e do SGA), segundo o sentido de orientação do corpo.

TABELA 18 Número dos enterramentos adultos em cistas (campanhas da EfA e do SGA) divididos por orientação e subperíodos da Idade do Ferro. Período/ ow SM/ PG/ GA/ SM pG PG GA GM G Total Orientação GA GM

Norte 1 1 1 1 3 7

Sul 1 2 8 4 1 3 19 38

Leste 8 1 1 2 4 3 19

Oeste 2 11 2 8 8 19 12 62

Noroeste 1 2 1 4 2 10

Sudoeste 1 4 2 2 7 2 2 20

Nordeste 1 1 2 3 7

Sudeste 2 1 2 5

3 3 36 7 18 0 20 0 35 46 168

99 SOUZA, C. D. As Práticas Mortuárias na região da Argólida entre os séculos XI e VIII a.C. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, Suplemento 13, 2011.

Infelizmente, quando relacionamos a 19, durante a maior parte da Idade do Ferro, orientação com os demais tipos de sepultura, desde o PG, quando os vasos começam a ser verificamos que para 38 do total de 85 utilizados para os enterramentos de adultos, enterramentos em vasos funerários (vide TABELA até o GM, o padrão verificado para as cistas 14) o sentido é identificado nas referências também é utilizado pelos enterramentos em bibliográficas, representando cerca de 45% do total pitos, constatando uma clara predileção para de enterramentos de adultos em vasos. os sentidos Oeste e Sudoeste. A situação se Apesar dessa porcentagem de enterramentos modifica um pouco no GR, quando o número de ser pequena, sua totalidade é caracterizada por enterramentos orientados para Leste aproxima-se pitos e, conforme podemos observar na TABELA daqueles orientados para Oeste e Sudoeste.

TABELA 19 Número dos enterramentos adultos em pitos (campanhas da EfA e do SGA) divididos por orientação e subperíodos da Idade do Ferro. Período/ SM/ PG/ GA/ GM/ SM PG GA GM GR G Total Orientação PG GA GM GR

Norte 1 1

Sul 2 2

Leste 6 1 7

Oeste 2 1 3 2 8

Noroeste 1 1

Sudoeste 2 1 1 3 4 6 17

Nordeste 1 1 2

Sudeste 0

0 0 4 1 1 1 3 0 14 14 38

A porcentagem identificada de enterramentos possibilidade de relação entre os atributos idade, de adultos em covas simples é menor em tipo de sepultura, orientação e mobiliário funerário relação aos dois outros tipos de sepultura, pois será examinada nas páginas a seguir. corresponde apenas a cerca de 38% do total, Quando refletimos sobre o atributo posição do isto é, apenas 25 do total de 66 enterramentos corpo, cabe-nos lembrar que tal item é analisado (vide TABELA 15). Dessa forma, as reflexões apenas para os sepultamentos em cista e em cova sobre a dimensão orientação para este tipo de simples, uma vez que para os enterramentos em sepultura tomam-se bastante restritas e lacunares. vasos, pressupõe-se a posição contraída do corpo. Entretanto, examinando de forma mais cautelosa Dentre os 133 enterramentos de adultos e infantis a TABELA 20, é interessante chamar a atenção em cistas e covas simples investigados pelas para o fato de que, apesar do padrão geral para campanhas francesas, 74 esqueletos encontravam- o sentido Oeste verificado para as cistas e para -se em posição contraída, representando um pouco os pitos também ser confirmado para as covas mais de 55% do total. Há um único exemplo de simples, o direcionamento para Leste parece ser enterramento em posição estendida, o T (036), evitado. Talvez a análise do mobiliário funerário uma cista classificada apenas como “Geométrica”, desses enterramentos possa suscitar reflexões mais que abrigava os restos ósseos de um bebê; aprofundadas para enterramentos com sentidos fato que provavelmente explique a posição na tão variados para os três tipos de sepulturas. Tal pequena cista.

100 Camila Diogo de Smza

TABELA 20 Número dos enterramentos adultos em covas simples (campanhas da EfA e do SGA) divididos por orientação e subperíodos da Idade do Ferro. Período/ . SM/ PG/ GA/ PG GA GM ^ GR G Total Orientação SM PG GA GM

Norte 3 3

Sul 1 2 1 4

Leste 0

Oeste 7 1 1 4 13 Noroeste 1 1

Sudoeste 1 1 2

Nordeste 1 1

Sudeste 1 1

3 0 10 1 4 0 1 0 4 2 25

Se examinarmos mais detalhadamente Se discutirmos a questão do posicionamento estes 74 enterramentos, constatamos que 13 do corpo, percebemos que a quantidade de são infantis e 61 de adultos. Os enterramentos enterramentos para os quais é possível estabelecer infantis identificados no quesito posição do corpo uma relação segura entre o atributo gênero / idade eqüivalem, portanto, a exatamente 50% do total e a posição do esqueleto, para quais dos lados de enterramentos infantis em cistas somados as pernas encontravam-se dobradas (esquerda àqueles em cova simples. Já os enterramentos ou direita) é muito pequena. Dessa forma, tais de adultos, a amostragem corresponde a dados não nos permitem levantar reflexões sobre aproximadamente 57% do total. Isto significa padrões de posicionamento do corpo no momento que, apesar da falta de identificação da posição do enterramento, corroborando para a hipótese de do corpo para os demais enterramentos em cista J.-M. Luce, de um lado, ou de R. Hãgg, do outro.1 e em cova simples, o padrão de enterramentos tanto para as crianças quanto para os adultos é, certamente, a posição contraída em Argos. 4) O Mobiliário Funerário. Já para as campanhas gregas, dentre os 253 4.1) Características da produção cerâmica enterramentos em cistas e covas simples de adultos argiva. e infantis, 158 esqueletos foram encontrados em posição contraída, isto é, uma quantidade que representa mais de 62% do total de enterramentos O mobiliário dos contextos funerários em em cistas e covas simples. Dentre os 158, 144 Argos durante a Idade do Ferro é composto são identificados a enterramentos de adultos e fundamentalmente de vasos cerâmicos e artefatos confeccionados em metal, principalmente, em 14 infantis, eqüivalendo respectivamente a cerca ferro e bronze. Há ainda objetos em faiança, de 63,5% e 54% dos enterramentos em cistas e terracota, cristal de rocha, esteatito e outras em covas simples. Há apenas um enterramento pedras e, até mesmo, osso, porém eles aparecem de adulto, o T (175), datado do SM, em que o esqueleto encontrava-se em posição estendida. Dessa forma, confirma-se o padrão de enterramentos tanto para adultos quanto para crianças em posição 1 Para ver discussão aprofundada sobre o assunto e quais contraída em Argos, independentemente do são as posições detalhadas dos autores a este respeito, vide subperíodo da Idade do Ferro. p. 70-73 do Capítulo 2.

101 SOUZA, C. D. A í Práticas Mortuárias na região da Argólida entre os séculos XI e VIII a.C. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, Suplemento 13, 2011.

raramente nos túmulos. A análise dos vasos exame detalhado desses aspectos dos vasos cerâmicos proporciona, em primeiro lugar, a cerâmicos presentes nos contextos funerários divisão em duas grandes categorias que levam em toma-se desnecessário e incompatível com consideração o processo de confecção; os vasos os propósitos finais de um estudo das práticas torneados, que correspondem à grande maioria mortuárias. Nosso objetivo é expor as principais presente nos enterramentos e os manufaturados, características da análise cerâmica que foi entendidos literalmente como aqueles feitos à mão realizada a partir do estudo dos vasos encontrados e encontrados com menos frequência durante nos contextos funerários selecionados para a toda a Idade do Ferro. Ainda sobre o processo pesquisa, a fim de classificá-la nas categorias de de confecção dos vasos, também se considera análise propostas para o exame do mobiliário características da composição da pasta da argila funerário. Tal classificação visa alcançar os utilizada e do processo de queima. Em segundo possíveis significados sociais das oferendas e, lugar, a análise atenta para os aspectos relativos às formas e dimensões dos vasos que, conforme consequentemente, dos enterramentos. elucidamos no Capítulo 2, podem trazer elementos Logo de início, quando analisamos a específicos que proporcionam uma datação precisa produção cerâmica em Argos a partir dos ou determinam usos e funções particulares. enterramentos estudados, observamos que a argila Finalmente e acima de tudo, o exame dos vasos utilizada para confeccionar a grande maioria dos leva em conta os aspectos decorativos que se vasos, tanto torneados quanto manufaturados, apresentam como pintura ou incisões. A pintura, possui dois tipos de coloração bem clara, pálida; prática majoritariamente aplicada aos vasos, uma em tons de marrom e vermelho e a outra principalmente os torneados, é configurada por em tons de bege, amarelo e cinza. A primeira uma enorme variedade de motivos ornamentais é identificada pelos códigos 7.5YR 7/4 (pink), que possibilitam a datação do contexto funerário 7.5YR 6/4 (light brown), 5YR 7/4 (pink) e 5YR com uma maior precisão e certeza. 6/4 (light reddish brown) do Munsell (Munsell, A cerâmica argiva geométrica foi A. H. Munsell® Soil Color Book. Revised Edition. exaustivamente estudada e classificada a partir New York, 2009). Trata-se de uma cerâmica que dos seus elementos formais e decorativos por R apresenta tons pálidos de marrom e vermelho, Courbin CG A (1966), identificando Argos como um grande e importante centro de produção configurando aspectos rosado, ocre e alaranjado. cerâmica na Argólida, com seus pintores e suas Apresentamos uma listagem com exemplos de oficinas próprias (Courbin 1966: 447-52), da vasos encontrados nos contextos funerários mesma forma que Atenas para a Atica no mesmo classificados pelos códigos de cores do Munsell período (Coldstream 1968). Desse modo, um mencionados acima:

Número Números de inventário dos vasos Referência catalogado T (012) C .lljC . 12; C. 43 Courbin, R TGA, 1974, Pl. 22 e 23. T (014) C.65; C.101, C.151 Courbin, R TGA, 1974, PL 24. T (015) C.38; C.39 Courbin, E TGA, 1974, Pl. 24. T (019) C.3999 Courbin, R TGA, 1974, Pl. 24. T (020) C.61; C.95 Courbin, R TGA, 1974, Pl. 26. T (021) C.50 Courbin, R TGA, 1974, Pl. 27. T (022) C.62 Courbin, R TGA, 1974, Pl. 27. Souza, C. D. 2010. Volume III. Prancha 14 D. T (023) C.209; C.210 Courbin, R TGA, 1974, Pl. 28. T (024) C.161 Courbin, R TGA, 1974, Pl. 28. T (029) C. 190; C. 191; C.192: Courbin, R TGA, 1974, Pl. 29. T (031) C.303 Souza, C. D. 2010. Volume III. Prancha 16 F. T (034) C. 182 Courbin, R TGA, 1974, PL 29.

102 Camila Diogo de Souza

Número catalogado Números de inventário dos vasos Referência T (041) C.229 Souza, C. D. 2010. Volume III. Prancha 23 E. T (043) C.357 Courbin, E TGA, 1974, Pl. 30. T (051) C.469 Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 26 D, E, F. Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 27 A, B, T (052) C.505; C.507 C, G, H; 28 A. T (056) C.837; C.846, C.825; C.826; C. 827 Courbin, E TGA, 1974, Pl. 34 e Pl. 36. T (062) C.889; C.890; C.891 Courbin, R TGA, 1974, Pl. 35 e Pl. 36. Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 40 E, F. T (069) C.916; C.917 Courbin, R Archives Manuscrites, Ecole Française d’Athènes, FPC 1,3; 6,4. T (070) C. 195 Courbin, R TGA, 1974, Pl. 40. T (071) C.1434 Courbin, P TGA, 1974, Pl. 41. C.1574; C.1575; C. 1577; C 1579; C. Courbin, R CGA, 1966, Pl. 57, Pl. 71, Pl. 93 e T (080) 1576;C 1651 Pl. 96. T (088) C.2409; C.2411 Courbin, E TGA, 1974, Pl. 42. Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 47 A, B, T (089) C.2420 C. Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 47 D, E ; T (090) C.2416 48 A. T (095) C.2426; C.2427 Courbin, E TGA, 1974, Pl. 43. T (098) C.2430; C.2431; C 2432 Courbin, E TGA, 1974, Pl. 46. C.2434; C.2435; C.2436; C.2440; Courbin, E TGA, 1974, Pl. 47, Pl. 48. T (099) C.2441; C.2442; C.2443; C.2444; Courbin, E CGA, 1966, Pl. 74. C.2447; C. 2457;C 2530; C.2534 T (101) C.2451 Courbin, E TGA, 1974, Pl. 49. T (103) C.2449 Courbin, E TGA, 1974, El. 50. T (105) C.2488 Souza, C. D. 2010. Volume III. Franchas 61 B, C, D. T (108) C.2463 Courbin, E TGA, 1974, Pl. 52. T (109) C.2475; C.2476; C 2480 Courbin, E TGA, 1974, El. 54. T (111) C.3942 Courbin, E TGA, 1974, Pl. 55. Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 71 E, F; C.7351; C.7352; C.7353; C.7354; T (122) 72 A, B, C, D, E; 73 A, B, C, D, E, F, G, H; 74 A, C.7355 B, C, D. T (124) C.7387; C.7388 Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 76 D, E, F. C.7754; C.7757; C.7761; C.7760; Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 79 D, E; C.7762; C.7764; C.7759; C.7763; 80 A, B, E, F, G, H, I; 81 B, C, D, E; 82 A, B, C, D, 1 (128) C.7756; C.7814; C.7928; C.7930; E, F, G; 85 A, B, C, D, E, F, G; 86 A, B, C, D, E, F, C.7829 G, H, I; 87 A, B; 88 B, C; 89 A, B, C. Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 92 A, B, C.7736; C.7992; C.7993; C.7994; T (129) C, D; 94 A, B, C, D; 98 A, B, C, D; 99 B, C, D, C.7751; C 7750 C.7747; H; 100 A, B. Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 101 E, F, C.7704; C.7711; C.7720; C.7734; G, H; 102 A; 104 F, G, H; 105 G, H, I, J; 106 A, F, C.7703; C.7721; C.7733; C.7996; T (130) G, H, I, J; 108 D, E, F, G; 110 A, B, C, D, E; 111 F, C.7719; C.7722; C 7730 G, H, I, J; 112 A, B, C, D, E, F. Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 116 D, E, C.7851; C.7843; C.7849; C.7847; F; 117, A, B, C, D, E, F ,G; 118 A; 119 I; 120 A, C. 7964; C.7966; C.7967; C.7972; T (132) B, G, H; 121 D, E, F, G, H, I; 122 A, B, 123 E, F, G, C.7973; C.7846; C 7848 H, I; 124 A, B, C, D, E, F, G, H; 125 A, B.

103 SOUZA, C. D. As Práticas Mortuárias na região da Argólida entre os sécuhs XI e VIII a.C. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, Suplemento 13, 2011.

Número Números de inventário dos vasos catalogado Referência

Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 126 C, D; T (134) C.7925; C.7920; C.7922 127 A; 128 E, F, G; 129 A, B, C, D, E, F. Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 134 B, C, T (136) C.24042; C.24045 D, E; 135 A, B, C, D, E, F. T (142) C.26607 BCH95 (1971), Fig. 3, p. 738. T (145) C.26611 BCH 96 (1972), Fig. 4, p. 231 e Fig. 7, p. 232. T (153) Cratera ArchDelt 16:2 (1960), niv. 70y e üív. 71y. T (294) Cratera ArchDelt 29:2 (1973/1974), ] > • 150Ô. T (450) Cratera A rchDelt 46 (1991) [1996], Bl, ] > . 538.

Em alguns exemplares, a coloração pode (reddish brown) e 2.5YR 5/6 (red), como, por se tomar mais intensa, em tons de vermelho e exemplo, nos vasos relacionados abaixo: marrom mais vivos, caracterizados por 2.5YR 5/4

Número do Números de inventário dos vasos Referência Catálogo T (020) C.51; c.52; C.53; C.54; C.93; C.96 Courbin, E TGA, 1974, Pl. 26. T (029) C. 193 Courbin, E TGA, 1974, Pl. 29. T (034) C. 181 Courbin, P TGA, 1974, Pl. 29. T (055) C.816 Courbin, E TGA, 1974, Pl. 31. T (056) C.838; C.845 Courbin, R TGA, 1974, Pl. 33. T (062) C.894; C.899 Courbin, E TGA, 1974, Pl. 36. Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 47 D, E; T (090) C.2416; C. 2417 48 A, B, C, D. T (108) C.2461 Courbin, E TGA, 1974, Pl. 52. T (109) C.2479; C.2478 Courbin, E TGA, 1974, Pl. 54. Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 74 G, H; T (122) C.7357 75 A, B. Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 75 C, D, T (123) C.7378; C.7380 E, F, G; 76 A, B. Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 80 C, D; T (128) C.7755; C.7767; C.7929 85 H, I, J; 89 D, E. Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 92 G, H, C.7738; C.7740; C.7742; C.7743; T (129) I, J; 94 E, F, G; 95 A, B, C, D, E; 96 A, B, C, D, E; C.7744; C.7752; C.7753 97 A, B, C, D, E, F, G, H, I, J. Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 104 B, C.7701; C.7705; C.7706; C.7723; C, D, E; 105 A, B, C; 105 D, E, F; 108 H, 109 T (130) C.7728; C.7712; C.7961; C.7731 A, B, C; 109 F, G, H, I; 110 F,G; 113 B, C, D, E; 114 A Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 119 A, B, C.7844; C.7847; C.7962; C.7963; T (132) C, I; 120 A, B; 120 B, C, D, E, F, I; 121 A, B, C; C. 1965; C.7970; C.7971 122 C, D, E, F, G, H; 123 A, B, C, D. Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 127 B, C, C.7926; C.7924 T (134) D, E, F; 129 G, H; 130 A.

104 Camila Diogo de Souza

A segunda coloração pálida correspondente de bege, amarelo e cinza claro. Há uma grande 2.5Y 7/3 (pale yellow), 10YR 7/2 (light gray) e quantidade de vasos cerâmicos encontrados nos 10YR 7/3 e 7/4 (very pale brown) do Munsell. contextos funerários confeccionados com este tipo Trata-se de uma cerâmica que apresenta tons de coloração da argila, como por exemplo:

Número Referência catalogado Números de inventário dos vasos T (011) C .l; C.3; C.17 Courbin PTGA, 1974, PI 20. T (012) C. 13; C.15; C.16 Courb n PTGA, 1974, PI 22 e Pl. 23. T (014) C. 160 Courb n PTGA, 1974, PI 24. T (019) C.91 Courb n PTGA, 1974, PI 24. T (020) c.55; C.58 Courb n PTGA, 1974, PI 26. T (035) C. 169 Courb n PTGA, 1974, PI 30. T (040) C.201 Courb n PTGA, 1974, PI 30. T (043) C.358 Courb n PTGA, 1974, PI 30. T (053) C.652 Courb n PTGA, 1974, PI 30. T (054) C.847; C.942 Courb n PTGA, 1974, PI 31. T (055) C.814; C.813; C.815 Courb n PTGA, 1974, PI 31. T (062) C.893; C.898 Courb n PTGA, 1974, PI 36. T (067) C.1025 Courb n PTGA, 1974, PI 38. T (068) C.924; C.925 Courb n PTGA, 1974, PI 39. T (088) C.2410 Courb n PTGA, 1974, PI 42. T (093) C.2421 Courb n PTGA, 1974, PI 43. T (095) C.2425 Courb n PTGA, 1974, PI 43. T (099) C.2438; C.2439; C.2531 Courb n PTGA, 1974, PI 47 e Pl. 48. T (108) C.2460; C.2462; C.2464; 2465 Courb n PTGA, 1974, PI 52. T (109) C.2477 Courb n PTGA, 1974, PI 54. T (111) C.2482; C.2483 Courb n PTGA, 1974, PI 55. T (112) C.2509 Courb n PTGA, 1974, PI 55.

Souza, C. D. 2010. Volume Uh Pranchas 83 D, E, C.7768; C. 7769, C.7758; T (128) F, G; 84 A, B, C, D, E, F, G; 87 E, F, G, H; 88 A; C.7728; C.7931 90 A, B. Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 92 E, F; T (129) C.7737; C.7741; C.7745; C.7748 93 A, B, C, D, E; 96 F, G, H, I, J; 98 E, F, G; 99 A. Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 103 B, C, C.7702; C.7714; C.7725; C.7707; D, E, F, G, H, I; 104 A; 106 B, C, D, E; 107 A, B, T (130) C.7708; C.7709; C.7724; C.7717; C, D, E, F, G, H, I, J; 108 A; 109 D, E; 111 A, B, C, C.7729 D, E; 113 F G, H, I. Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 118 B, C, T (132) C.7933; C.7990 D; 125 C, D. Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 127 G, H; T (134) C.7919; C.7921; C.7923; C.7927 128 A, B, C, D; 130 B, C, D, E, F; 131 A, B, C, D, E; 132 A, B, C, D, E, F. Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 133 B, C, T (135) C. 19316 D, E, F. Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 136 A, B, T (136) C.24043; C.24046; C.24047 C, D; 137 A, B, C, D, E, F; 138 A, B, C, D. Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 138 F, G; T (137) C.24049; C.26731; C.24050 139 A, B, C, D, E, F; 140 A, B, C, D, E, F.

105 SOUZA, C. D. As Práticas Mortuárias na região da Argólida entre os séculos XI e VIII a.C. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, Suplemento 13, 2011.

Número Números de inventário dos vasos catalogado Referência

T (143) C.26608 BCH95 (1971), Fig. 4, p. 738. Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 142 A, T (144) C.26610 B, C. T (150) Anfora ArchDelt 16:2 (1960), [Jiv. 70ß. T (175) E 704 Kama, “Tripolis” AAA 8 (1975), Fig. 13. T (235) Hídria ArchDelt 27:2 (1972), n«v. 1368. Paléologou, H. “Etudes Argiennes” BCH Suppl. 6 T (312) 4813 (1980), Fig. 1, p. 76; Fig. 2, p. 77.

Entretanto, há um grande número de por 5Y 7/2 (light gray) e 5Y 7/3 (pale yellow). Este exemplares em que se podem observar tons pálidos último tipo de coloração clara é típico dos vasos em verde amarelado ou acinzentado, identificados corintios (Courbin 1966: 181-83; 1974).

Número Números de inventário dos vasos Referência catalogado T (020) C.56; C.92 Courbin, E TGA, 1974, Pl. 26. T (029) C.195 Courbin, E TGA, 1974, Pl. 29. T (052) C.506 Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 27 D, E, F. T (056) C.828; C.834 Courbin, E TGA, 1974, Pl. 33 e Pl. 34. Courbin, P Archives Manuscrites, Ecole Française T (059) C.817 d’Athènes, FPC 1,3; 6,4. T (062) C.897 Courbin, R TGA, 1974, Pl. 36. T (087) C.2302; C.2303 Courbin, R TGA, 1974, Pl. 41. T (088) C.2412 Courbin, E TGA, 1974, Pl. 42. T (098) C.2433 Courbin, E TGA, 1974, Pl. 46. C.2459; C.2466; C.2467; C.2468; T (108) Courbin, E TGA, 1974, Pl. 52. C.2469; C.2470 T (109) C.2473; C.2474 Courbin, E TGA, 1974, Pl. 53. T (111) C.2484 Courbin, R TGA, 1974, Pl. 55. T (129) C.7749 Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 99 E, F, G.

Em geral, a cerâmica argiva é bem queimada manufaturados, podemos encontrar exemplos de e cuja pasta da argila apresenta antiplásticos uma coloração mais escura da argila, como tons pequenos, geralmente mica e fragmentos de de cinza, quase preto, identificada pelo código 10YR 3/2 (very dark grayish brown) do Munsell e calcita, tomando-a bem fina, sendo utilizada com pasta mais grossa, com grandes antiplásticos, principalmente na fabricação dos vasos principalmente mica e fragmentos de calcário. torneados, mas usada também na confecção Estes vasos correspondem a uma série denominada dos vasos manufaturados.2 Em muitos dos vasos por E Courbin de “bucchero” ou “impasto”

2 Vasos manufaturados com antiplásticos bem pequenos, configurando uma argila semelhante àquela utilizada nos C.814 (Courbin, R TGA, 1974, Pl. 31); T (062): C.897 vasos torneados correspondem: Campanhas francesas: T (Courbin, P TGA, 1974, Pl. 36); T (071): C.1434 (Courbin, (012): C. 16 (Courbin, P TGA, 1974, Pl. 22); T (020): C.55 R TGA, 1974, Pl. 41); T (088): C.2411 (Courbin, R TGA, (Courbin, E TGA, 1974, Pl. 26); T (031): C.303 (Souza, C. 1974, Pl. 42); T (103): C.2449 (Courbin, R TGA, 1974, D. 2010. Volume III. Pranchas 16 F, G, H, I); T (034): C.182 Pl. 50); T (108): C.2460 (Courbin, R TGA, 1974, Pl. 52). (Courbin, R TGA, 1974, Pl. 29); T (052): C.506 (Souza, C. Campanhas gregas: T (212): enócoa com borda circular e D. 2010. Volume III. Pranchas 27 D, E, F); T (055): C.813, enócoa trilobada (AAA II (1969), E ik. 6, p. 162).

106 Camila Diogo de Souza

Fig. 43 - Enócoa C.7739, T (130), Argos. Fig. 44 - Píxide C.7766, T (128), Argos.

(Courbin 1966: 72-73), cuja singularidade está, Estes últimos tendem a ser manufaturados.4 segundo o autor, no processo de cozimento. São Os pitos, distintamente das ânforas, píxides e vasos pequenos, geralmente enócoas trilobadas em crateras são vasos exclusivamente utilizados como miniatura, com alça simples ou dupla (Fig. 43), urnas funerárias, formando a própria sepultura, anforiscos, pequenas hídrias e píxides (Fig. 44). raramente são encontrados como parte do Devido ao fato de serem mal cozidos, são porosos, mobiliário funerário. bastante friáveis e a parede apresenta espessura No início do SM, as formas mais freqüentes bem fina. Possuem, em geral, aspecto bem rústico correspondem ao jarro com estribo,5 ao esquifo de e grosseiro, mas alguns apresentam traços de dimensões pequenas, com duas alças horizontais alisamento e, quando apresentação decoração, é no meio do corpo do vaso e pé alto, ao lécito com sempre incisa.3 o corpo globular, bastante bojudo e o pescoço bem A análise das formas indica que, em geral, estreito e a ânfora também com o corpo bojudo, durante toda a Idade do Ferro, e particularmente globular e alças horizontais localizadas na pança durante o Período Geométrico, as formas mais do vaso. Percebe-se que, no final do SM, o jarro comumente identificadas nas sepulturas são as com estribo não aparece mais nos enterramentos, enócoas (a grande maioria trilobada, mas também as ânforas apresentam maiores dimensões e o um grande número com a borda circular), os corpo mais ovalado, aproximando-se da forma esquifos com alças verticais ou horizontais e com tradicional, e o mesmo acontece com os lécitos pé alto ou em anel, as taças com uma única alça que, com o corpo oval e o pescoço e borda vertical e com o pé alto ou em anel, as ânforas mais largas, assemelham-se mais às tradicionais com alças verticais que atingem o pescoço e o enócoas. E exatamente no final do SM e já ombro do vaso e também as ânforas com alças início do PG que aparece a primeira enócoa horizontais, geralmente localizadas na pança do trilobada, um exemplar de pança ainda bastante vaso, próximo ao ombro, as crateras e os cântaros. Todavia, aparece ainda um grande número de píxides e anforiscos e, em menor quantidade, 4 Exemplos de cemos manufaturados com argila romãs, hídrias, lécitos, olpas, fialas e cemos. bem rústica são: Campanhas francesas: T (029): C. 195 (Courbin, E TGA, 1974, Pl. 29) e T (075): C. 1567 (Courbin, R Archives Manuscrites, École Française d’Athénes, FPC 1,3; 6,4). 5 Exemplos de jarros com estribo, características do 3 Exemplos de vasos manufaturados da série “bucchero’' SM: Campanhas francesas: T (005): DV 32 (Deshayes, são: Campanhas francesas: T (052): C.614 (Souza, C. J. Études Péloponnésiennes IV. 1966. Pl. XIV); T (006): D. 2010. Volume III. Pranchas 28 F, G); T (061): C.811 DV 62 (Deshayes, J. Études Péloponnésiennes IV. 1966. (Souza, C. D. 2010. Volume III. Prancha 34 C); T (075): Pl. LVIII 1, Pl. XXII 11); T (007): DV 59 (Deshayes, J. C. 1567 (Courbin, R Archives Manuscrites, École Française Études Péloponnésiennes IV 1966. Pl. LIX 1); T (008): DV d’Athènes, FPC 1,3; 6,4); T (099): C.2437, C. 2446, C. 71 (Deshayes, J. Études Péloponnésiennes IV. 1966. Pl. LX). 2448 (Courbin, R TGA, 1974, Pl. 48). Campanhas gregas: Campanhas gregas: T (175): E 703 (Kanta, “Tripolis’' AAA T (158): E. 173 (Souza, C. D. 2010. Volume III. Prancha 149 8 (1975), Fig. 11 e Fig. 12); T (783): jarro com estribo A); T (212): jarros (AAA II (1969), Eue. 6, p. 162). (ArchDelt 53 (1998), flív. 64y).

107 SOUZA, C. D. A i Práticas Mortuárias na região da Argólida entre os séculos XI e VIII a.C. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, Suplemento 13, 2011.

bojuda, presente no T (770). Durante todo o possuir duas alças horizontais e ângulos bastante PG, a enócoa trilobada constitui uma das formas acentuados, com pés altos. Esta forma de esquifo mais recorrentes nos enterramentos e, em geral, se mantém durante todo o PG como o formato de possuem o corpo globular ou ovalado.6 Entretanto, esquifo predominante. há uma grande quantidade de enócoas trilobadas Conforme adentramos no Período Geométrico, constata-se que há uma maior em miniaturas com base plana.7 Neste subperíodo, variedade além do aumento das dimensões dos verifica-se uma grande quantidade de vasos vasos, que está, em grande parte, relacionada ao com pequenas dimensões, como taças, lécitos, aumento dos enterramentos em vasos funerários, anforiscos e píxides.8 O asco configura uma foram em pitos, crateras, ânforas e píxides de grandes característica do PG, ausente nos túmulos do dimensões.10 A enócoa trilobada, agora com Período Geométrico.9 Os esquifos continuam a a pança mais ovalada, ainda constitui a forma mais frequentemente encontrada nos contextos funerários do GA. As taças monocromáticas 6 Por exemplo: Campanhas francesas: T (020): C.52 também são recorrentes. (Courbin, E TGA, 1974, Pl. 26); T (020): C.53 (Courbin, Durante o GM e o GR a variedade das R TGA, 1974, Pl. 26); T (032): C. 188 (Courbin, R Archives formas atinge o ponto de maior desenvolvimento, Manuscrites, Ecole Française d’Athènes, FPC 1,3; 6,4); verificando-se uma grande quantidade de esquifos T (052): C.457 (Courbin, R Archives Manuscrites, École Française d’Athènes, FPC 1,3; 6,4); T (056): C.829 com alças horizontais e verticais, com pé alto (Courbin, R TGA, 1974, Pl. 33); T (064): C.881 (Courbin, ou em anel, bem como de crateras, ânforas, R Archives Manuscrites, École Française d’Athènes, FPC enócoas, píxides e taças. Porém, há também um 1,3; 6,4); T (099): C.2435 (Courbin, R TGA, 1974, Pl. 47); número significativo de romãs, fíalas, lécitos, T (109): C.2476 (Courbin, R TGA, 1974, Pl. 53); T (110): hídrias, aríbalos, cântaros e cálatos. As píxides, C. 2485 (Courbin, R Archives Manuscrites, École Française quando possuem pequenas dimensões, as bases d’Athènes, FPC 1,3; 6,4); T (113): C. 2491 (Courbin, R Archives Manuscrites, École Française d’Athènes, FPC 1,3; são pontiagudas, apresentando orifícios nas alças 6,4); T (115): C. 2516 (Courbin, R Archives Manuscrites, para a sustentação; quando utilizadas como École Française d’Athènes, FPC 1,3; 6,4); Campanhas vasos funerários, possuindo grandes dimensões, gregas: T (165): enócoa (ArchDelt 18 (1963) B, ]\iv. 71P); apresentam pés triplos. As alças dos vasos também T (186): E 1908 (Kokkou-Vyridi, K. AchEph 1977, [fiv. passam a apresentar formas diversificadas, como 55y); T (206): enócoa (ArchDelt 21:2 (1967), fliv. 126a); incisões que quase dividem a alça em duas ou T (207): enócoa (ArchDelt 21:2 (1967), flív. 128a); T (209): enócoa (ArchDelt 21:2 (1967), Ipv. 128P); T (211): três partes, alças duplas torcidas e, ainda, no enócoa (AAA II (1969), Eue. 3, p. 160); T (213): enócoas caso dos grandes esquifos, das crateras e das (ArchDelt 24:2 (1969), flív- 86a); T (226): enócoas (AAA grandes píxides, alças verticais duplas ou triplas III (1970), Eue. 3, Eue. 4, Eue. 5 e Eue. 6, p. 182). e horizontais duplas, assemelhando-se a asas.11 7 Há, por exemplo, enócoas trilobadas em miniatura com a base plana em grande quantidade durante o SM e o PG: Campanhas francesas: T (020): C.55 (Courbin, R TGA, 1974, Pl. 26); T (052): C.505 (Souza, C. D. 2010. Volume K. AchEph 1977, riív. 5 4 0 , E 1920 (Kokkou-Vyridi, K. III. Pranchas 27 A, B, C); T (052): C.506 (Souza, C. D. AchEph 1977, I > . 54r|). 2010. Volume III. Pranchas 27 D, E, F); T (052): C.507 10 Principalmente no final do Período Geométrico, (Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 27 G, H; 28 A). durante o GM e o GR, quando o número de enterramentos 8 Campanhas francesas: T (053): C.652 (Courbin, R em vasos funerários cresce de maneira acentuada, conforme TGA, 1974, Pl. 30); T (056): C.832 (Courbin, R TGA, foi constatado nas páginas anteriores. Exemplos de grandes 1974, Pl. 33); T (061): C.811 (Souza, C. D. 2010. Volume vasos funerários, pitos, ânforas, crateras e píxides são: III. Prancha 34 C); T (062): C.898 (Courbin, R TGA, Campanhas francesas: T (023): C.209 (Souza, C. D. 2010. 1974, Pl. 36); Campanhas gregas: T (210): taça e enócoa Volume III. Prancha 14 C, D; T (023): C.210 (Courbin, R (ArchDelt 23:2 (1968), n™- 70P); T (212): lécito, jarro e TGA, 1974, Pl. 28); T (035): C. 169 (Courbin, R TGA, taça (AAA II (1969), Eue. 6, p. 162). É importante ressaltar, 1974, Pl. 30); T (040): C.201 (Courbin, R TGA, 1974, Pl. todavia, que os vasos em miniatura não são exclusivos 30); T (070): C.915 (Courbin, R TGA, 1974, Pl. 40); T do SM e do PG, vários exemplares são encontrados em (071): C.1434 (Courbin, R TGA, 1974, Pl. 41); T (080): enterramentos datados do GM e do GR, por exemplo, C.1651 (Courbin, R CGA, 1966, Pl. 93); T (112): C.2509 píxides e romãs: Campanhas francesas: T (088): C.2410 (Courbin, R TGA, 1974, Pl. 55); Campanhas gregas: T (Courbin, R TGA, 1974, Pl. 42); T (099): C.2443, C.2444 (238): cratera (ArchDelt 27:2 (1972), nív. 140a). e C.2447 (Courbin, R TGA, 1974, Pl. 48); Campanhas 11 Exemplos de crateras com alças verticais e horizontais gregas: T (164): píxide (ArchDelt 18 (1963) B, flív- 70P). juntas: Campanhas francesas: T (023): C.210 (Courbin, 9 Campanhas gregas: T (183): E 1919 (Kokkou-Vyridi, R TGA, 1974, Pl. 28); T (040): C.201 (Courbin, R

108 Camila Diogo Je Souza

As enócoas trilobadas apresentam dimensões VII a.C. (Ibid. 288). A coloração do verniz é, maiores e, na grande maioria dos casos, possuem na maioria dos casos, bem escura, quase preta, base plana, quase que cortando o corpo do vaso com tons de marrom e vermelho, que podem ser ao meio, e alças, em geral, duplas torcidas ou identificados aos códigos 2.5YR 2.5/1 (reddish com incisões.12 Outro tipo de enócoa trilobada black), 10R 2.5/1 (reddish black), 5Y R2.5/1 encontrada constantemente nos enterramentos (black) e 5YR 2.5/2 (dark reddish brown). Alguns típica do GR é caracterizada por grandes vasos apresentam pintura bastante avermelhada, dimensões com um corpo globular, bastante 10R 4/6 (red) e 10R 3/6 (dark red). A composição bojudo, pescoço estreito e curto e alças torcidas. da tinta é fundamentalmente ferro e magnésio As taças monocromáticas passam a apresentar (Courbin 1966: 285). A pintura é feita em partes, ângulos mais acentuados e uma borda bastante da mesma forma que a confecção do vaso, em delimitada e, quando possuem decoração variada, zonas e bandas (Ibid. 314), formando painéis o corpo é um pouco mais arredondado. O pito lineares que são preenchidos com os motivos funerário apresenta sempre formato ovoide ou ornamentais específicos de cada subperíodo.14 piriforme em grandes dimensões e, em geral, com Inicialmente, durante o SM, os vasos incisões. apresentam um repertório de motivos ornamentais Finalizando o exame do material cerâmico bastante restrito. No início do SM, observamos dos contextos funerários em Argos, a decoração que a simetria e a regularidade característica dos dos vasos proporciona o item mais variado e motivos geométricos ainda não constituem a indicador dos subperíodos da Idade do Ferro marca da decoração dos vasos, assemelhando-se e de uma produção local própria com oficinas muito aos vasos do período anterior, o Heládico Recente IIIC (Desborough 1964; Deshayes específicas e variadas. A pintura, em geral, 1966; Styrenius 1967; Snodgrass 1971).15 Os apresenta características bastante específicas durante toda a Idade do Ferro, marcadamente a presença de um verniz de única cor e aplicado diretamente no vaso após o processo de queima CGA (1966), p. 267-268, 284-285, como elementos e secagem (Courbin 1966: 283). O engobo distintos resultantes do processo de alisamento do vaso, principalmente torneado. O processo de alisamento do propriamente dito é uma técnica raramente vaso constitui, de forma geral, uma tentativa de corrigir as aplicada nos vasos argivos, entretanto a técnica de marcas, decalques e pequenas imperfeições na superfície “leite” ou “lavagem” (“lait” em francês e “wash” do vaso, tornando-a plana e uniforme. O “leite” possui as em inglês) ocorre com frequência (Ibid. 267-268, mesmas propriedades químicas da argila utilizada para a 284).13 A policromia só vai aparecer no século confecção do vaso, pois se acrescenta apenas um pouco de água para alisar a superfície do vaso. Tal técnica é evidenciada através de uma camada bem fina na superfície do vaso com uma coloração um pouco mais clara em TG A, 1974, Pl. 30); T (041): C.171 (Courbin, R BCH relação aos tons da parte mais interna da argila. Já o 81 (1957), Fig. 14a e Fig. 14b p. 332) e C.229 (Souza, engobo, constitui uma verdadeira camada destacável em C. D. 2010. Volume III. Pranchas 23 E ; 24 A); T (070): relação à argila utilizada para fabricar o vaso. Em muitos C.915 (Courbin, R TGA, 1974, Pl. 40); T (112): C.2509 casos, a composição química do engobo difere daquela (Courbin, P TGA, 1974, Pl. 55); T (142): C.26607 (BCH da argila e, consequentemente, a coloração da superfície 95 (1971), Fig. 3, p. 738); T (143): C.26608 (BCH 95 do vaso pode apresentar tons mais claros, mais escuros, (1971), Fig. 4, p. 738); T (145): C.26611 (BCH 96 (1972), ou mesmo outras tonalidades de cor em relação à cor da Fig. 2, p. 230 ; Fig. 4, p. 231); Campanhas gregas: T (149): argila do vaso. cratera (BCH 85 (1961), Fig. 4, p. 676); T (238): cratera 14 Para o exame detalhado dos motivos geométricos, tanto (ArchDelt 27:2 (1972), U™- 140a); T (260): cratera decorativos, quanto figurativos, vide Courbin, R CGA (ASAtene 60 (1982), Eik. 9 e Eik. 10, p. 40); T (294): 1966, p. 338-445. Ainda sobre os possíveis significados dos cratera (ArchDelt 28:2 (1973), U™- 115y); T (450): cratera motivos decorativos e figurativos, p. 475-95. Tais questões (ArchDelt 51 (1996) [2001], Bl, Yi™- 37ß); Exemplo não são debatidas em profundidade em nossa pesquisa, uma de esquifo com alças verticais ou horizontais triplas: vez que os objetivos do trabalho constituem o levantamento Campanhas francesas: T (099): C.2441 (Courbin, R TGA, das práticas funerárias e não o estudo iconográfico e 1974, Pl. 48). iconológico da cerâmica geométrica. 12 Campanhas francesas: T (011): C.3 (Courbin, R TGA, 15 A semelhança nas formas e na decoração cerâmica 1974, Pl. 20); T (012): C .ll (Courbin, R TGA, 1974, Pl. entre o Heládico Recente IIIC e o Submicênico constitui 23); T (108): C.2462 (Courbin, R TGA, 1974, Pl. 52). um elemento fundamental de continuidade entre a Idade 13 As definições e os usos dos termos engobo e “leite’’ do Bronze e a Idade do Ferro. Entretanto, a denominação correspondem àquelas explicitadas por R Courbin no Submicênico surgiu como uma forma de classificar as

109 SOUZA, C. D. Aí Práticas Mortuárias na região da Argólida entre os sécubs XI e VIII a.C. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, Suplemento 13, 2011.

Fig. 45 - Desenho esquemático do ziguezague típico do SM. Fig. 46 - Desenho esquemático do ziguezague típico do PG.

motivos ainda são caracterizados por certa regulares na altura dos ombros também configura irregularidade e liberdade que caracterizam os um indicativo da regularidade geométrica.18 Um motivos “naturalísticos” dos períodos anteriores, outro motivo típico do SM já amadurecido é a verificados principalmente nos jarros com linha ondulada horizontal na pança do vaso (Fig. estribo.16 Os primeiros sinais de regularidade são 45), presente essencialmente em esquifos de linhas onduladas horizontais, localizadas, em pequenas dimensões, alças horizontais e pés altos, mas também em ânforas e anforiscos.19 A pintura geral, na pança ou na altura das alças dos vasos desse esquifo típico do SM é, na grande maioria e o restante do vaso todo pintado em preto ou já dos casos, de coloração vermelha, porém a preta apresentando algumas linhas horizontais paralelas, também é utilizada. No final do SM e início do como listras.17 O aparecimento de palmetas PG, começam a aparecer os primeiros círculos e semicírculos concêntricos, como por exemplo, a ânfora DV 98 do T (009), a ânfora do T (783) e a transformações não só no estilo de decoração cerâmica, ânfora e o lécito do T (784) .20 mas também nos costumes funerários e nos formatos dos Os semicírculos e círculos concêntricos alfinetes e das fíbulas encontrados nos enterramentos áticos feitos com compasso múltiplo correspondem (Desborough 1964). Deshayes (1966) comprovou que o fenômeno não era exclusivamente ático, mas aparecia em a marca registrada do PG e a um processo de Argos apenas para as características da produção cerâmica. Styrenius (1967) e Snodgrass (1971) seguiram Deshayes, identificando a classificação Submicênico unicamente como uma manifestação das mudanças constatadas na produção 2); T (050): C. 470 (Courbin, P Archives Manuscrites, cerâmica em diversas regiões da Grécia no início da Idade École Française d’Athènes, FPC 1,3; 6,4); T (172) : E 694 do Ferro. Entretanto, os costumes funerários nas mesmas (Kanta, “Tripolis’' AAA 8 (1975), Fig. 22) ; T (173) : E 696 regiões apresentavam-se bastante distintos. Dessa forma, (Kanta, “Tripolis’' AAA 8 (1975), Fig. 20) ; T (175) : E 704 alguns autores acreditam que a denominação Submicênico (Kanta, “Tripolis’' AAA 8 (1975), Fig. 13) ; T (770): enócoa seja inadequada e deva ser reconsiderada, analisando (ArchDelt 53 (1998), D[iv. 63a). especificamente não só as características da cerâmica, mas 18 Palmetas geométricas aparecem em alguns poucos das práticas funerárias exercidas nas diferentes regiões vasos do geométrico: T (005): DV 10 (Deshayes, J. Études da Grécia neste período (Rutter 1977, 1978; Touchais et Pébponnesiénnes IV. 1966. Pl. LIII 1); T (171): E 691 Valakou 1998). (Kanta, “Tripolis’ AAA 8 (1975), Fig. 23); T (173): E 695 16 Exemplos de jarros com estribo com decoração em (Kanta, “Tripolis” AAA 8 (1975), Fig. 19). estilo mais "naturalístico’' são encontrados nos T (005): DV 19 Alguns exemplos de ornamentação em linha ondulada, 32 (Deshayes, J. Études Péloponnésiennes IV. 1966. Pl. XIV); geralmente localizada na altura das alças dos vasos típica do T (006): DV 62 (Deshayes, J. Études Péloponnésiennes IV. SM: T (010): DV 158 (Deshayes, J. Études Pébponnesiénnes 1966. Pl. LVIII 1, Pl. XXII 11); T (007): DV 59 (Deshayes, IV. 1966. Pl. XCI 1); T (030): C.168 (Courbin, E Archives J. Études Péloponnésiennes IV. 1966. Pl. LIX 1); T (008): Manuscrites, École Française d’Athènes, FPC 1,3; 6,4); DV 71 (Deshayes, J. Études Péloponnésiennes IV. 1966. Pl. T (050): C.470 (Courbin, E Archives Manuscrites, École LX). Campanhas gregas: T (175): E 703 (Kanta, “Tripolis’’ Française d’Athènes, FPC 1,3; 6,4); T (061): C.812 AAA 8 (1975), Fig. 11 e Fig. 12); T (783): jarro com estribo (Courbin, E Archives Manuscrites, École Française (ArchDelt 53 (1998), f]ív. 64y). d’Athènes, FEC 1,3; 6,4); T (148): esquifos (Charitonidis, 17 Alguns exemplos de vasos com linhas onduladas ou S. Praktika 1952, Eue. 16 e Eue 17, p. 425); T (770): linhas horizontais paralelas geralmente localizadas na anforisco (ArchDelt 53 (1998), []iv- 63a). altura das alças e o restante do vaso apenas coberto com 20 Eara a ânfora DV 98 (Deshayes, J. Études verniz preto: T (005): DV 26 e DV 11 (Deshayes, J. Études Pébponnesiénnes IV. 1966. El. LXVII 3); ânfora do T (783): Pébponnesiénnes IV. 1966. Pl. LII 7 e Pl. LII 8); T (009): DV ArchDelt 53 (1998), fliv- 64(1 e a ânfora e o lécito do T 107 (Deshayes, J.Études Pébponnesiénnes IV. 1966. Pl. LXVII (784): ArchDelt 53 (1998), []iv. 648 e fliv. 64e.

110 Camila Diogo de Souza

inovação técnica na ornamentação dos vasos com frequência linhas paralelas horizontais que adentra todo o Período Geométrico.21 associadas aos ziguezagues ou a triângulos.24 Os O ziguezague típico do PG apresenta ângulos ângulos acentuados dos ziguezagues do PG serão bastante acentuados (Fig. 46) .22 mantidos durante todo o Período Geométrico. Além dos círculos e semi-círculos concêntricos, Todavia, a maior parte do corpo do vaso é coberta um outro motivo ornamental típico do PG é o apenas com um verniz preto brilhante, faz com que triângulo hachurado, que em alguns vasos, pode os autores denominem de vasos monocromáticos aparecer como triângulos preenchidos com linhas (Courbin 1966: 285-87). A maioria dos vasos com oblíquas paralelas, ou ainda formado por vários triângulos menores no interior.23 Ainda aparecem este tipo de pintura são taças e esquifos com alças horizontais e pé alto, porém, também há fialas e esquifos com alças horizontais e pé em anel.25

21 Alguns exemplos de vasos que apresentam círculos e semicírculos típicos do PG feitos com compasso múltiplo: T (031): C.82 (Courbin, R Archives Manuscrites, École P Archives Manuscrites, École Française d’Athènes, FPC 1,3; Française d’Athènes, FPC 1,3; 6,4); T (059): C.817 6.4); T (076): C.1643 (Courbin, R Archives Manuscrites, (Courbin, R Archives Manuscrites, École Française École Française d’Athènes, FPC 1,3; 6,4); T (078): C.1642 d’Athènes, FPC 1,3; 6,4); T (064): C.881 (Courbin, R (Courbin, R Archives Manuscrites, École Française d’Athènes, Archives Manuscrites, École Française d’Athènes, FPC 1,3; FPC 1,3; 6,4); T (094): C.2423 (Souza, C. D. 2010. Volume 6.4); T (081): C.1691 (Courbin, R Archives Manuscrites, III. Pranchas 50 C, D, E); T (110): C.2486 (Courbin, R École Française d’Athènes, FPC 1,3; 6,4); T (091): Archives Manuscrites, École Française d’Athènes, FPC 1,3; C.2407 (Courbin, R Archives Manuscrites, École Française 6.4); T (111): C.2482 e C.2483 (Courbin, R TGA, 1974, d’Athènes, FPC 1,3; 6,4); T (105): C.2488 (Souza, C. D. Pl. 55); T (114): C.2514 e C.2515 (Courbin, R Archives 2010. Volume III. Pranchas 61 B, C, D) e C.2489 (Courbin, Manuscrites, École Française d’Athènes, FPC 1,3; 6,4); R Archives Manuscrites, École Française d’Athènes, FPC 1,3; T (115): C.2517 (Courbin, R Archives Manuscrites, École 6.4); T (113): C.2491 (Courbin, R Archives Manuscrites, Française d’Athènes, FPC 1,3; 6,4); T (135): C.19316 École Française d’Athènes, FPC 1,3; 6,4); T (209): lécito e (Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 133 B, C, D, E, F); enócoa (ArchDelt 21:2 (1967), ] > . 128a e Yl™. 128b); T T (183): E 1907, E 1911, E 1913, E 1914, E 1919 e E 1920 (235): hidria (ArchDelt 27:2 (1972), ] > • 1365); T (238): (Kokkou'Vyridi, K. AchEph 1977, n iv- 5 4 a ,, f]iv. 545,, []iv- cratera (ArchDelt 27:2 (1972), Fliv. 140a). 54e,, niv. 54Ç, r]iv- 54 e , []ív- 54t|); T (184): E 1912 e E 22 Exemplos de ziguezague com ângulos acentuados 1910 (Kokkou-Vyridi, K. AchEph 1977, []iv- 55a e []iv- 55b); típicos do PG, feitos, em muitos casos, com pincel múltiplo T (186): E 1908 (Kokkou-Vyridi, K. AchEph 1977, [ > • 55y); são encontrados nos T (045): C. 196 e C.200 (Courbin, R T (230): ánfora (ArchDelt 26:2 (1971), Pliv. 66e). Archives Manuscrites, École Française d’Athènes, FPC 1,3; 24 As linhas paralelas começam a dividir as bandas do 6.4); T (051): C.468 (Courbin, P Archives Manuscrites, vaso e geralmente sâo triplas: T (032): C.188 (Courbin, R École Française d’Athènes, FPC 1,3; 6,4); T (089): C.2420 Archives Manuscrites, École Française d’Athènes, FPC 1,3; (Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 47 A, B, C) e 6.4); T (075): C.1523 (Courbin, R Archives Manuscrites, C.2416 (Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 47 D, E; École Française d’Athènes, FPC 1,3; 6,4); T (077): 48 A); T (092): C.2414 (Courbin, P Archives Manuscrites, C.1538 (Courbin, R Archives Manuscrites, École Française École Française d’Athènes, FPC 1,3; 6,4); T (104): d’Athènes, FPC 1,3; 6,4); T (089): C.2418 (Courbin, R C.2453 (Courbin, P Archives Manuscrites, École Française Archives Manuscrites, École Française d’Athènes, FPC 1,3; d’Athènes, FPC 1,3; 6,4); T (106): C.2455 (Courbin, P 6.4); T (110): C.2485 (Courbin, R Archives Manuscrites, Archives Manuscrites, École Française d’Athènes, FPC École Française d’Athènes, FPC 1,3; 6,4); T (115): 1,3; 6,4); T (186): E 1916, E 1917 () e E 1918 (Kokkou- C.2516 (Courbin, R Archives Manuscrites, École Française 'Vyridi, K. AchEph 1977, n iv- 555, fi™. 55e e fliv. 55 ç’); T d’Athènes, FPC 1,3; 6,4); T (230): esquifo (ArchDelt 26:2 (194): enócoa (ArchDelt 21:2 (1967), [lfv- 126a); T (209): (1971), n iv- 66r(). esquifo (ArchDelt 21:2 (1967), Iliv- 128(3); T (445): ánfora 25 Taças, fíalas e esquifos com alças horizontais e pé em (ArchDelt 51 (1996) [2001], Bl, ]> • 37a). anel: T (031): C.856 (Courbin, R Archives Manuscrites, 23 Os triângulos, hachurados ou similares, mas com École Française d’Athènes, FPC 1,3; 6,4); T (089): algumas variações, típicos do PG podem ser observados C.2419 (Courbin, R Archives Manuscrites, École Française nos vasos encontrados no T (010): DV 158 (Deshayes, d’Athènes, FPC 1,3; 6,4); T (090): C.2417 (Souza, C. J. Études Pébponnesiénnes IV 1966. Pl. XCI 1); T (032): D. 2010. Volume III. Pranchas 48 B, C, D); T (092): C.186 (Courbin, P Archives Manuscrites, École Française C.2413 (Courbin, R Archives Manuscrites, École Française d’Athènes, FPC 1,3; 6,4); T (045): C.197 e C. 198 (Courbin, d’Athènes, FPC 1,3; 6,4); T (094): C.2424 (Courbin, R R Archives Manuscrites, École Française d’Athènes, FPC Archives Manuscrites, École Française d’Athènes, FPC 1,3; 1,3; 6,4); T (052): C.457 (Courbin, R Archives Manuscrites, 6.4); T (104): C.2554 (Courbin, R Archives Manuscrites, École Française d’Athènes, FPC 1,3; 6,4); T (068): C.925 École Française d’Athènes, FPC 1,3; 6,4); T (106): (Courbin, R TGA, 1974, Pl. 39); T (069): C.916 (Souza, C. C.2457 (Courbin, R CGA, 1966, Pl. 74); T (174): E D. 2010. Volume III. Pranchas 40 D, E, F) e C.917 (Courbin, 702 (Kanta, “Tripolis’’ AAA 8 (1975), Fig. 10); T (207):

111 SOUZA, C. D. As Práticas Mortuárias na região da Argólida entre os séculos XI e VIII a.C. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, Suplemento 13, 2011.

Finalmente, há ainda alguns motivos ornamentais Durante o GA, observa-se que não há uma específicos do PG que indicam o início de uma grande diversificação dos motivos ornamentais variação e ocupação maior do espaço do vaso, em relação ao PG. O vemiz preto brilhante ainda formando combinações de motivos. Trata-se do cobre a maior parte do vaso, que vai apresentando quadriculado, encontrado, por exemplo, na píxide um número maior de linhas paralelas horizontais C. 1539 do T (075),26 das hachuras compostas dividindo o vaso em bandas.29 Os motivos por linhas oblíquas entrecruzadas, visualizadas ornamentais mais comuns são os losangos nos esquifos C.855, do T (031) e do T (209)27 e hachurados e meandros localizados, em geral, pela composição entre linhas oblíquas paralelas e no pescoço do vaso, principalmente em enócoas triângulos que formam uma fileira ao redor de todo e ânforas e os ziguezagues, que aparecem na o vaso, geralmente na pança das ânforas, como horizontal ou na vertical, em paralelo.30 por exemplo na ânfora encontrada no T (230).28 Somente durante o Geométrico Médio e O quadriculado e o conjunto de linhas oblíquas o Recente, principalmente no GM II e no GR paralelas intercaladas com triângulos (Fig. 47) são I, que as variedades dos motivos ornamentais motivos peculiares da cerâmica ática do mesmo geométricos alcançam um ponto máximo. período (Whitley 1991b: 99). Os ziguezagues paralelos aparecem tanto na horizontal, quanto na vertical, em série de três ou quatro paralelos ou, ainda, quando duplos, são hachurados.31 As grandes inovações do GM são a série de losangos preenchidos com um ponto no centro (Fig. 48),32 a composição entre barras verticais paralelas, geralmente quatro, intercaladas com um X ou com asteriscos que se assemelham a

Fig. 47 - Desenho esquemático da composição barras oblíquas e triângulos típica do PG.

29 O número de taças e esquifos monocromáticos ainda é grande durante o GA, como, por exemplo, aqueles encontrados nos T (062): C.892, C.893 e C.894 (Courbin, taça (ArchDelt 21:2 (1967), []iv- 128a); T (230): esquifo R TGA, 1974, PI. 36); T (103): C.2450 (Courbin, R TGA, (ArchDelt 26:2 (1971), ütv. 660); T (237): taça (ArchDelt 1974, Pl. 50); T (111): C.2484 (Courbin, R TGA, 1974, Pl. 27:2 (1972), [fiv. 137a). Esquifos com alças horizontais e 55); T (213): 2 taças e 1 esquifo com alças horizontais e pé pé alto: T (031): C.81 (Courbin, R Archives Manuscrites, em anel (ArchDelt 24:2 (1969), f]tv. 86a). École Française d’Athènes, FPC 1,3; 6,4); T (032): C.187 30 Os losangos e meandros hachurados e os ziguezagues e C.189 (Courbin, R Archives Manuscrites, Ecole Française horizontais paralelos podem ser visualizados nos seguintes d’Athènes, FPC 1,3; 6,4); T (042): C.279 e C.301 (Courbin, vasos: T (020): C.51, C.52 e C.54 (Courbin, R TGA, 1974, R Archives Manuscrites, École Française d’Athènes, FPC Pl. 26); T (056): C.829 e C.833 (Courbin, R TGA, 1974, 1,3; 6,4); T (052): C.461 (Courbin, R Archives Manuscrites, Pl. 33); T (062): C.889 e C.891 (Courbin, R TGA, 1974, École Française d’Athènes, FPC 1,3; 6,4); T (059): C.818 Pl. 36); T (213): 2 enócoas (ArchDelt 24:2 (1969), f]ív. (Courbin, R Archives Manuscrites, École Française d’Athènes, 86a); T (226): 2 enócoas e 1 píxide (AAA III (1970), Eik. FPC 1,3; 6,4); T (063): C.849 (Courbin, R Archives 5, Eik. 6, p. 182 e Eik. 8, p. 183); T (232): ânfora (ArchDelt Manuscrites, École Française d’Athènes, FPC 1,3; 6,4); T 27:2 (1972), f]ív. 134y); T (234): ânfora (ArchDelt 27:2 (065): C.882 e C.883 (Courbin, R Archives Manuscrites, (1972), niv. 1355). École Française d’Athènes, FPC 1,3; 6,4); T (069): 31 Exemplos de motivos com ziguezagues desses tipos C.918 (Courbin, R Archives Manuscrites, École Française encontram-se nos T (012): C.30 (Courbin, R TGA, 1974, d’Athènes, FPC 1,3; 6,4); T (081): C.1690 (Courbin, R Pl. 22); T (029): C. 190 (Courbin, R TGA, 1974, Pl. 29); T Archives Manuscrites, École Française d’Athènes, FPC 1,3; (029): C. 194 (Courbin, R TGA, 1974, Pl. 29). 6,4); T (091): C.2406 (Courbin, R Archives Manuscrites, 32 Os losangos com ponto no centro foram uma fileira École Française d’Athènes, FPC 1,3; 6,4); T (113): C.2492 que, em geral contorna todo o vaso na altura das alças. (Courbin, R Archives Manuscrites, École Française d’Athènes, Trata-se de uma série de losangos simetricamente pintados FPC 1,3; 6,4). com ângulos definidos e rígidos que podem ser encontrados, 26 Courbin, R Archives Manuscrites, École Française por exemplo, nos seguintes vasos dos T (123): C.7380 d’Athènes, FPC 1,3; 6,4. (Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 75 F, G; 76 A, B); 27 Para o esquifo C.855: Courbin, R Archives Manuscrites, T (130): C.7723 (Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas École Française d’Athènes, FPC 1,3; 6,4 e o esquifo do T 108 H; 109 A, B, C); T (132): C.7972 (Souza, C. D. 2010. (209): A rchDelt 21:2 (1967), ] > • 128p. Volume III. Pranchas 123 E, F, G, H); T (159): E 189 28 ArchDelt 26:2 (1971), 66Ç (Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 159 C, D, E, F).

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Fig. 48 - Desenho Fig. 49 - Desenho esquemático Fig. 50 - Desenho esquemático do losango da composição barras e X típica esquemático da composição típico do GM. do GM. barras e * típica do GM.

estrelas formando uma fileira que contorna o vaso a taças, esquifos, píxides e crateras, principalmente, ou localizada em uma banda específica do vaso, porém também são encontrados em enócoas e geralmente no pescoço ou na altura da alça (Figs. ânforas, onde as bandas situam-se no pescoço. 49 e 50)33 e a fileira de pontilhados dispostos Podemos verificar ainda a presença de barras horizontalmente, em geral, acompanhados com oblíquas paralelas contornando o vaso, como por linhas horizontais paralelas.34 Durante o GM, exemplo, T (099): C.2530 e C.2531 (Courbin, E principalmente no início, no GM I, tais motivos TGA, 1974, Pl. 47); T (136): C.24046 (Souza, C. ornamentais são feitos, na maioria das vezes, com D. 2010. Volume III. Pranchas 137 A, B, C, D, E) e pincel múltiplo e são marcados ainda por um rigor linhas horizontais paralelas espaçadas, fazendo com simétrico e preciso que vai sendo perdido em que a maior parte do vaso permaneça sem pintura, direção ao final da Idade do Ferro, durante o GR I e, sobretudo, o GR II. Os vasos monocromáticos, pintados praticamente por inteiro com verniz brilhante ornamentais de losangos e meandros hachurados, geralmente entre linhas horizontais e verticais paralelas, preto, ganham uma banda central, na altura ou associados a outros motivos, como os ziguezagues e a da alça, com a presença dos motivos descritos linha de pontilhados, podem ser observados nos T (013): anteriormente, ou, ainda, com losangos e C.35 (Courbin, R TGA, 1974, Pl. 24); T (056): C.831, meandros hachurados.35 Tais vasos correspondem C.836 e C.828 (Courbin, R TGA, 1974, Pl. 33 e Pl. 34); T (099): C.2434 (Courbin, R TGA, 1974, Pl. 47); T (109): C.2473, C.2479, C.2476, C.2477 e C.2478 (Courbin, R TGA, 1974, Pl. 53 e Pl. 54); T (117): C.7374 e C.7375 33 Alguns exemplos de vasos que apresentam o conjunto (Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 70 A, B, C); T de barras oblíquas intercaladas por asteriscos característico (122): C.7353 (Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 73 do GM estão presentes nos T (020): C.59 (Courbin, E C, D, E, F); T (123): C.7378 (Souza, C. D. 2010. Volume TGA, 1974, Pl. 26); T (056): C.837 (Courbin, E TGA, III. Pranchas 75 C, D, E); T (128): C.7760 e C.7763 1974, Pl. 33); T (130): C.7731 (Souza, C. D. 2010. Volume (Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 81, B, C, D, E; III. Prancha 114 A ); T (156): E 160 e E 162 (Souza, C. D. 82 A, B, C, D); T (130): C.7719 e C.7730 (Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 146 D, E, F, G; 147 F, G, H, I, J); 2010. Volume III. Pranchas 111 F, G, H, I; 112 A, B, C, D, T (158): E 168, E 169, E 170 e E 171 (Souza, C. D. 2010. E, F, G); T (132): C.7849 (Souza, C. D. 2010. Volume III. Volume III. Pranchas 149 F; 150 A, B, C, D, E, F, G, H; 151 Pranchas 117 E, F, G; 118 A), C.7971 (Souza, C. D. 2010. A, B, C, D, E .F .G ; 152 A, B, C). Volume III. Pranchas 122 H; 123 A, B, C, D), C. 7973 34 A fileira de pontilhados vai continuar a ser um motivo (Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 123 I; 124 A, B, ornamental bastante comum no GR, contudo neste C, D); T (136): C.24042 (Souza, C. D. 2010. Volume III. subperíodo a preocupação com a simetria e a rigidez cede Pranchas 134 B, C, D, E; 135 A), C.24045 (Souza, C. D. lugar para pontos irregulares, uns mais grossos que outros, 2010. Volume III. Pranchas 135 B, C, D, E, F), C.24043 formando uma linha mais tortuosa, mesmo quando feita (Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 136 A, B, C, D) com pincel múltiplo. Alguns exemplos da ornamentação e C.24047 (Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 137 constituída pela fileira de pontilhados típica do GM, F; 138 A, B, C, D); T (159): E 178 (Souza, C. D. 2010. associada com linhas horizontais paralelas que tomam conta Volume III. Pranchas 152 D, E; 153 A), E 182 (Souza, C. D. da maior parte do corpo do vaso podem ser encontrados nos 2010. Volume III. Pranchas 155 C, D, E, F; 156 A) e E 187 T (012): C.28, C.30, C.31 e C.32 (Courbin, R TGA, 1974, (Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 158 C, D, E, F); Pl. 22); T (020): C.56 (Courbin, R TGA, 1974, Pl. 26); T T (164): ânfora (ArchDelt 18 (1963) B, f[ív. 70a); T (165): (056): C.835 e C.836 (Courbin, R TGA, 1974, Pl. 33). enócoa (ArchDelt 18 (1963) B, []ív. 70a); T (167) : cratera 35 Alguns exemplos de vasos cerâmicos com motivos e ânfora (ArchDelt 18 (1963) B, I~[ív- 72y e f]ív. 72Ô).

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Fig. 51 - Píxide C.7380, T (123), Argos. Fig. 52 - Desenho esquemático da composição de folhas típica do GM.

encontradas, por exemplo, em vasos dos T (029): nos T (012): C.43 (Courbin, E TGA, 1974, Pl. C. 192 (Courbin, E TGA, 1974, Pl. 29); T (055): 22); T (046): C.423 (Courbin, E TGA, 1974, Pl. C.816 (Courbin, E TGA, 1974, Pl. 31); T (056): 30); T (123): C.7380 (Souza, C. D. 2010. Volume C.825, C.826 e C.827 (Courbin, E TGA, 1974, Pl. III. Pranchas 75 F, G; 76 A, B); T (130): C.7719 34). A configuração deste tipo de decoração com (Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 111 F, G, listras espaçadas é bastante recorrente nos vasos H, I).37 do GR, principalmente do GR II, quando elas vão Durante o GR, notamos que a diversidade adquirindo maior flexibilidade, sendo, muitas, de motivos ornamentais não apresenta um vezes, sinuosas. aumento significativo, mas as representações E ainda durante o GM II que aparecem os figuradas tornam-se muito diversificadas, primeiros motivos figurados animais e humanos principalmente a de animais. Fogo de início, e vegetais, como por exemplo, uma das primeiras é importante ressaltar que há uma diferença representações figuradas de pássaro, presente em marcante entre as características da pintura um esquifo, o C .7722, encontrado no T (130) do GR I e do GR II. Poderíamos afirmar que a (Bommelaer 1980: 53-55) e de cavalo com ser rigidez, a simetria, a estilização e a padronização humano, presente em uma píxide do T (164).36 As atingem a excelência durante o GM II e o GR cenas figuradas desenvolvem-se, neste momento, I. Conforme adentramos no GR, os espaços principalmente na altura das alças, mas a maior do vaso são utilizados praticamente em sua parte do corpo do vaso apresenta-se dividida em totalidade. O vaso é totalmente divido em bandas, zonas que são amplamente preenchidas partes, em bandas quase totalmente preenchidas com os motivos geométricos, sejam ornamentais, com motivos ornamentais geométricos sejam figurados. Há muito poucos exemplares combinados. As grandes zonas com verniz preto que apresentam bandas pintadas apenas com brilhante ocupam um espaço cada vez menor dos o verniz preto brilhante. Todavia, as taças vasos, em geral, restritas aos pés e ao pescoço dos monocromáticas ainda são encontradas com vasos. Um dos motivos figurados típicos do GM frequência nos enterramentos do GR.38 As linhas é a folha que, na maioria dos vasos, aparece em quatro formando uma cruz e assemelhando-se a uma flor (Figs. 51 e 52), encontrado, por exemplo, 37 Um dos únicos exemplos de folhas que aparecem em quatro, porém dispostos paralelamente, de forma independente, unitária encontra-se no vaso E. 190, 36 ArchDelt 18 (1963) B, [JM 70(3. Outros exemplos encontrado no T (159): Souza, C. D. 2010. Volume III. de representações figuradas de animais mais antigos da Pranchas 160 A, B, C, D, E. produção cerâmica argiva podem ser encontrados nos T 38 Conforme foi analisado nas páginas anteriores, as (012): C.33 (Courbin, B TGA, 1974, Pl. 22); T (056): formas das taças monocromáticas do GR são distintas em C. 840 (Courbin, E TGA, 1974, Pl. 34); T (130): C.7722 relação àquelas típicas do PG e do GA. Já durante o GM (Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 111J; 112 A, B). II, as taças apresentam-se menos globulares e com a borda

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Fig. 53 - Fragmentos da borda da cratera C.14495, T (130), Argos.

horizontais paralelas tomam conta da maior Durante o GR I, as aves são cuidadosamente parte do corpo do vaso e, em vários casos, são tracejadas e pintadas. A grande maioria aparece bastante espaçadas. A linha de pontilhados está em série (uma fileira geralmente localizada na constantemente presente, entretanto torna-se borda das crateras) e apresenta as pernas e o mais irregular.39 pescoço longos assimilando-se a cisnes (Figs. 53 e 56).40 Algumas apresentam o as pernas e o pescoço mais curtos e o corpo mais robusto (Figs. 54 e 55). O corpo das aves pode ser totalmente mais definida, apresentando ângulos mais acentuados e a pança mais retilínea, como por exemplo, aquelas preenchido pelo verniz preto (Figs. 53 e 55) ou, encontradas nos T (128): C.7758 (Souza, C. D. 2010. então, hachurado (Figs. 54 e 56). Volume III. Pranchas 84 E, F, G), C.7759 (Souza, C. D. O cavalo é uma representação animal 2010. Volume III. Pranchas 85 A, B, C), C.7763 (Souza, recorrente nos vasos durante todo o GR e C. D. 2010. Volume III. Pranchas 85 D, E, F, G), C.7767 configura um motivo peculiar da produção (Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 85 H, I, J), C.7814 cerâmica argiva. Geralmente ele aparece em (Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 86 F, G, H, I), C.7928 (Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 87 A, B), C.7930 (Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 87 C, D); T (130): C.7701 (Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 104 B, C, D, E), C.7704 (Souza, C. D. 2010. Volume III. (Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 126 C, D; 127 A), Pranchas 104 F, G, H), C.7705 (Souza, C. D. 2010. Volume C.7921 (Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 130 B, III. Pranchas 105 A, B, C), C.7706 (Souza, C. D. 2010. C, D, E, F); T (137): C .24049 (Souza, C. D. 2010. Volume Volume III. Pranchas 105 D, E, F), C.7711 (Souza, C. D. III. Pranchas 138 F, G; 139 A, B, C), C.26731 (Souza, 2010. Volume III. Pranchas 105 G, H, I), C.7720 (Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 139 D, E, F; 140 A, B). C. D. 2010. Volume III. Pranchas 105 J; 106 A), C.7725 Quando o vaso apresenta linhas horizontais paralelas mais (Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 106 B, C, D, E); espaçadas e irregulares não há outros motivos ornamentais T (132): C.7845 (Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas ou figurados em associação, por exemplo, nos T (098) : 119 G, H), C.7847 (Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas C.2433 (Courbin, E TGA, 1974, Pl. 46); T (108): C.2459 119 I; 120 A, B), C.7962 (Souza, C. D. 2010. Volume III. (Courbin, E TGA, 1974, Pl. 52); T (144): C.26610 (Souza, Pranchas 120 C, D), C.7963 (Souza, C. D. 2010. Volume III. C. D. 2010. Volume III. Pranchas 142 A, B, C). Nestes casos Pranchas 120 E, F), C .7964 (Souza, C. D. 2010. Volume II1. notamos que há um movimento no sentido inverso do uso Pranchas 120 G, H), C.7965 (Souza, C. D. 2010. Volume III. do espaço do vaso. No início da Idade do Ferro, a maior Pranchas 120 I; 121 A, B, C), C .7766 (Souza, C. D. 2010. parte do vaso é apenas pintada com verniz preto. Conforme Volume III. Pranchas 121 D, E, F). adentramos no período, o vaso é totalmente separado em 39 Em geral, as linhas horizontais paralelas cobrindo bandas totalmente preenchidas com motivos geométricos. todo o vaso estão associadas com a fileira de pontilhados Já no final, privilegiam-se as zonas sem pintura, onde os irregulares, como por exemplo, nos vasos presentes motivos possam ser dispostos livremente. nos T (012): C. 12 (Courbin, R TGA, 1974, Pl. 22); T 40 Na maioria dos casos, as aves aparecem em esquifos e (082): C.1577 (Courbin, P CG A, 1966, Pl. 71); T (099): crateras: T (128): C.7769 (Souza, C. D. 2010. Volume III. C.2440 (Courbin, R TGA, 1974, Pl. 48); T (108): C.2461 Pranchas 84 A, B, C, D); T (129): C.7736 (Souza, C. D. (Courbin, E TGA, 1974, Pl. 52); T (128): C.7764 (Souza, 2010. Volume III. Pranchas 92 A, B, C, D), C.7992 (Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 82 E, F, G); T (129): C. D. 2010. Volume III. Pranchas 94 A, B), C. 7747 (Souza, C.7749 (Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 99 E, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 98 A, B, C, D), C.7748 F, G); T (130): C.7702 (Souza, C. D. 2010. Volume III. (Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 98 E, F, G; 99 A) Pranchas 103 B, C, D, E) e C.7715 (Souza, C. D. 2010. e C.7750 (Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 99 H; Volume III. Prancha 108 B); T (132): C.7844 (Souza, C. D. 100 A, B); T (134): C.7922 (Souza, C. D. 2010. Volume III. 2010. Volume III. Pranchas 119 A, B, C); T (134): C.7925 Pranchas 129 B, C, D, E, F).

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Fig. 54 - Detalhe do suporte Fig. 55 - Detalhe do esquifo Fig. 56 - Detalhe da cratera C.7919,T (134), Argos. C.7924, T (134), Argos. C.7923.T (134), Argos.

dupla, um de frente para o outro (Figs. 57 e 58), e, ainda, suásticas aparecem com frequência, podendo haver uma figura humana entre eles próximos às patas e à cabeça do cavalo (Figs. 57, que parece segurar algum tipo de corda como 58, 59 e 60). As primeiras cenas figuradas surgem no se estive conduzindo-os (Fig. 60). Também é início do GR I, ou até mesmo no final do GM constantemente representado um único cavalo II, por volta de 750 a.C., desenvolvendo- sendo conduzido pela figura humana (Fig. 59) .41 -se principalmente na altura das alças, dos E comum, ainda, a associação entre cavalos e ombros ou ainda na pança dos vasos. Podemos peixes e, ou, pássaros (Figs. 57, 58 e 59). Losangos destacar dois exemplares únicos encontrados e triângulos hachurados, meandros, ziguezagues em túmulos em cista de indivíduos do sexo masculino escavados na Rua Gounari pelo SGA.42 O primeiro deles se trata de uma 41 Exemplos do motivo com cavalos em dupla ou sozinhos enócoa com a borda circular, cujo número de são encontrados nos T (011): C.20/B, C.22/A (Courbin, P inventário corresponde a 10320 e foi encontrada CGA, 1966, Pl. 58) e C.26/A (Courbin, R TGA, 1974, Pl. nas placas de cobertura da cista, juntamente 20); T (012): C.33, C.13 e C. 14 (Courbin, P TGA, 1974, com uma adaga e uma espada em ferro e uma Pl. 22 e Pl. 23); T (023): C.209 (Souza, C. D. 2010. Volume III. Prancha 14 D); T (041): C.171 (Courbin, P BCH 81 grande ânfora sem o fundo, provavelmente (1957), Fig. 14a, p. 332); T (098): C.2432 (Courbin, P utilizada para libações e como marcador de TGA, 1974, Pl. 46) ; T (099) : C.2441 (Courbin, P TGA, túmulo. Ela apresenta o conjunto típico argivo 1974, Pl. 48) ; T (108) : C.2463 (Courbin, P TGA, 1974, Pl. 52) ; T (129) : C. 7 743 (Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 95 A, B, C, D, E); T (130): C.7961 (Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 113 B, C, D, E), C.7729 (Souza, 42 Os vasos são analisados iconologicamente por E. C. D. 2010. Volume III. Pranchas 113 F, G, H, I); T (134): Pappi em um artigo publicado em 2006, entretanto a C.7927 (Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 132 A, autora não faz referências específicas sobre os contextos B, C, D, E, F); T (150): ânfora (ArchDelt 16:2 (1960), funerários em que foram encontrados, indicando apenas E[ív. 70(3); T (153): 2 crateras (ArchDelt 16:2 (1960), D[ív. que seriam dois túmulos de guerreiros, contendo armas em 70y); T (294): cratera (ArchDelt 28:2 (1973), I > . 113a). ferro e outros vasos cerâmicos, ambos encontrados na Rua Exemplos da composição peculiar da produção cerâmica Gounari e datados do GR I. Acreditamos pela descrição argiva formada pela figura humana masculina conduzindo resumida da autora que um deles (a enócoa) faça parte do um ou uma dupla de cavalos podem ser encontrados nos T T (434) e o outro (o frasco), teria sido encontrado no T (011): C.l (Courbin, R TGA, 1974, Pl. 20); T (012): C.4 (342). Entretanto, como não é possível determinar com (Courbin, R TGA, 1974, PL 23); T (023): C.210 (Courbin, exatidão em quais contextos eles foram encontrados, tais R TGA, 1974, Pl. 28); T (040): C.201 (Courbin, P TGA, vasos não foram incluídos no Catálogo e são apresentados 1974, Pl. 30); T (062): C.890 (Courbin, P TGA, 1974, Pl. neste capítulo, integrando a parte de análise do mobiliário 35); T (099): C.2537 (Courbin, R CGA, 1966, Pl. 138); funerário. Trata-se do artigo: PAPPI, E. “Argive Geometric T (128): C.7828 (Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas Figured Style. The rule and the exception”. In: RYSTEDT, 87 E, F, G, H; 88 A); T (132): C.7843 (Souza, C. D. 2010. E. and WELLS, B. (eds.) Pictorial Pursuits: Figurative Volume III. Pranchas 117 A, B, C, D); T (143): C.26608 Painting on Mycenaean & Geometric Pottery. Papers from (BCH 95 (1971), Fig. 4, p. 738); T (210): cratera (ArchDelt Two seminars at the Swedish Institute at Athens in 1999 & 23:2 (1968), Ilív. 70a); T (450): cratera (ArchDelt 51 2001. ActalnstAthenSueciae, Series in 4o, LIII. Stockholm: (1996) [2001], B l.n ív . 37(3). Distributor Paul Âstrõms Fõrlag, 2006: 229-37.

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big. 3 i - Detalhe da cratera L.7927, 1 (134), Argos. Fig. 58 - Detalhe da cratera C.7729, T (130), A rgos.

C.7843,T (132), Argos.

configurado pela dupla de cavalos e um homem ornamentais e das representações figuradas, no centro conduzindo-os e uma cena com navio, constatamos maior flexibilidade e liberdade extremamente rara nos vasos argivos.43 no traçado dos motivos, proporcionando um A outra cena se desenvolve em um frasco aspecto mais naturalístico às representações cujo número de inventário corresponde a humanas e animais. Nota-se, por exemplo, que 10321 e foi encontrada em uma outra cista a simetria e a estilização das figuras vão sendo com inúmeros vasos cerâmicos e objetos em deixadas de lado de maneira gradual, como por metal.44 A forma do frasco é semelhante ao exemplo, na representação das aves.46 Neste C.2440, encontrado no T (099) pelas campanhas período também encontramos representações de francesas realizadas em 1958, no Terreno Saidin, cenas figuradas, por exemplo, a cena de batalha na área do atual Museu de Argos.45 A cena é entre dois homens presente na píxide C.209, bastante complexa e rara mesmo para os padrões encontrada no T (023) e as figuras femininas argivos, incluindo uma diversidade de animais, enfileiradas segurando o que parece ser um ramo como representações de leões, escorpiões, de trigo nas mãos e configurando possíveis cenas veados, peixes e aves, provavelmente patos de danças (Fig. 61), por exemplo, na cratera e cisnes. O frasco possui dimensões bastante C.229, encontrada no T (041), na cratera MA reduzidas, com 0,153 m de altura e 0,02 m de 5661, presente no T (314) e na cratera C.2441, diâmetro da borda. No GR II, apesar de observarmos um aumento discreto da diversidade dos motivos

46 Um exemplo claro dessa transição da rigidez da estilização geométrica para uma liberdade e flexibilidade dos traços, característica da passagem do GR I para o GR 43 Para a enócoa 10320: Pappi 2006: Figs. 2 ,3 ,4 e 5, p. 233. II, pode ser observado nas aves representadas no esquifo 44 Pàra o fiasco 10321: Pappi 2006: Figs. 7,8,9,10 e 11, p. 235. C.7924, encontrado no T (134). Souza, C. D. 2010. Volume 45 Courbin, R TGA, 1974, PI. 48. III. Pranchas 129G, H; 130 A.

117 SOUZA, C. D. As Práticas Mortuárias na região da Argólida entre os séculos XI e VIII a.C. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, Suplemento 13, 2011.

figura humana também se torna menos estilizada, como a enócoa 4813, encontrada no T (312).49 O artesão começa a pintar detalhes como olhos e dedos nas figuras humanas e olhos e detalhes da crina nos cavalos. No GR II, os motivos ornamentais geométricos começam a perder a rigidez da regularidade. Por exemplo, as linhas paralelas não são mais feitas com pincel múltiplo, mas sim à mão e se tornam irregulares, umas mais espessas e outras mais finas e tortuosas. A série de pontilhados horizontais também Fig. 61 - Detalhe da cratera MA 5661, T (314), se apresenta irregular, da mesma forma Argos. que os losangos com ponto no centro.50 As

identificada no T (099) .47 Os pássaros continuam Pranchas 96 A, B, C, D, E), C.7745 (Souza, C. D. 2010. um motivo recorrente, porém seus traços vão se Volume III. Pranchas 96 F, G, H, I, J), C.7752 (Souza, C. tomando cada vez mais simples e livres, dando a D. 2010. Volume III. Pranchas 97 A, B, C, D, E), C. 7 753 impressão de rascunhos. Alguns são totalmente (Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 97 F, G, H I, J); preenchidos com vemiz preto, outros apresentam T (130): C.7733 (Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas linhas paralelas oblíquas ou entrecruzadas.48 A 110 A, B, C, D); T (134): C.7919 (Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 127 G, H; 128 A, B, C, D), C.7923 (Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 131 A, B, C, D, E ); T (260): cratera (ASAtene 60 (1982), Eik. 9 e Eik. 10, 47 Para a píxide C.209: Souza, C. D. 2010. Volume III. p. 40). Há um vaso em que aparecem simultaneamente os Prancha 14 D, trata-se de um dos poucos exemplos de dois tipos de aves, aquelas preenchidas totalmente com cenas de batalha da produção cerâmica argiva. As cenas tinta preta e as hachuradas, a cratera C.7933 (Souza, C. com mulheres segurando ramos, todavia, constitui um D. 2010. Volume III. Pranchas 118 B, C, D), encontrada no motivo ornamental bem mais recorrente e, muitas vezes, T (132). Os pássaros hachurados feitos com menos rigidez são representadas de forma similar, identificando uma aparecem com grande frequência em taças e associados com mesma oficina. Para a cratera C .229: Souza, C. D. 2010. um motivo ornamental bastante comum datado do final do Volume III. Pranchas 23 E; 24 A, para a cratera MA 5661: GR; o círculo com um asterisco no centro. Muitas dessas Krystalli-Votsi, K. “Études Argiennes” BCH Suppl. 6 taças apresentam pintura vermelha, ao invés do recorrente (1980), Figs. 1 e 2, p. 86; Figs. 3 e 4, pg. 88 e, finalmente, verniz preto. Tais exemplares podem ser encontrados nos para a cratera C.2441: Courbin, P TGA, 1974, Pl. 48. T (129): C.7741 (Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 48 Há vários exemplares de vasos, principalmente 93 A, B, C, D, E), C.7744 (Souza, C. D. 2010. Volume III. crateras, em que o corpo das aves é totalmente preenchido Pranchas 96 A, B, C, D, E), C.7745 (Souza, C. D. 2010. com vemiz, como aqueles encontrados nos T (011): Volume III. Pranchas 96 F, G, H, I, J), C.7752 (Souza, C. C.3 (Courbin, E TGA, 1974, Pl. 20); T (098): C.2431 D. 2010. Volume III. Pranchas 97 A, B, C, D, E), C.7753 (Courbin, E TGA, 1974, Pl. 46); T (099): C.2535, C.2540 (Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 97 F, G, H I, J); T (Courbin, E CGA, 1966, Pl. 57), C.2593 (Courbin, E CGA, (130): C.7733 (Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 110 1966, Pl. 117) e C.2532 (Courbin, P CGA, 1966, Pl. 86); A, B, C, D). T (128): C.7828 (Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 49 Paléologou, H. “Études Argiennes” BCH Suppl. 6 87 E, F, G, H; 88 A); T (129): C.7751 (Souza, C. D. 2010. (1980), Fig. 1, p. 76; Fig. 2, p. 77. Volume III. Pranchas 99 B, 99 C, 99 D); T (132): C.7843 50 Os losangos com ou sem ponto no centro passam a ser, (Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 117 A, B, C, D) e na verdade, feitos com linhas mais curvas, assemelhando- C.7848 (Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 124 G, H; -se à forma de um parêntese ou uma vírgula, como por 125 A, B); T (153): 2 crateras (ArchDelt 16:2 (1960), f]ív. exemplo, nos vasos encontrados nos T (012): C.6 (Courbin, 70y); T (210): cratera (ArchDelt 23:2 (1968), ]> • 70a); T E TGA, 1974, Pl. 23); T (041): C. 173 (Courbin, E CGA, (450): cratera (ArchDelt 51 (1996) [2001], B l, Ilív. 37(3). 1966, Pl. 74); T (082): C.1578 e C.1576 (Courbin, E CGA, Já exemplos de vasos que apresentam aves com o corpo 1966, Pl. 74 e Pl. 57); T (099): C.2541 e C.2593 (Courbin, preenchido com linhas oblíquas paralelas ou entrecruzadas E CGA, 1966, Pl. 59 e Pl. 117); T (108): C.2464 e C.2466 podem ser observados nos T (023): C.209: (Souza, C. D. (Courbin, E TGA, 1974, Pl. 52); T (128): C.7764 (Souza, 2010. Volume III. Prancha 14 D); T (128): C.7829 (Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 82 E, F, G), C.7756 C. D. 2010. Volume III. Pranchas 88 B, C; 89 A, B, C); T (Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 86 A, B, C, D, E), (129): C.7741 (Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas C.7828 (Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 87 E, F, G, 93 A, B, C, D, E), C.7744 (Souza, C. D. 2010. Volume III. H; 88 A), C.7829 (Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas’

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ondulada e * típica do GR. contínua, composição típica do GR.

linhas onduladas voltam a aparecer e um concêntricos feitos, geralmente, com pincel motivo ornamental particular do período é a múltiplo número 2 ou 3 e ligados por um traço composição entre a linha ondulada intercalada ondulado, como por exemplo, nos T (012): com asteriscos (Fig. 62), como por exemplo, C.33 (Courbin, P. TGA, 1974, Pl. 22); T nos vasos encontrados nos T (012): C. 11 (130): C.7729 (Souza, C. D. 2010. Volume III. e C .14 (Courbin, P. TGA, 1974, Pl. 23); T Pranchas 113 F, G, H, I). As vezes, os círculos (023): C.209 (Souza, C. D. 2010. Volume III. concêntricos contínuos são intercalados com Prancha 14 D; T (130): C.7703 (Souza, C. D. asteriscos (Fig. 63), por exemplo no C.201 2010. Volume III. Pranchas 106 F, G, H, I, J). encontrado no T (040).51 Há alguns exemplos em que a linha ondulada Há, ainda, outra composição de motivos forma círculos concêntricos contínuos (Fig. ornamentais bastante recorrente e típica do GR 63) ou falsamente contínuos (Fig. 64), II que aparece principalmente em taças e esquifos pois são, na verdade, pequenos círculos com alças horizontais e pé em anel, situada na altura das alças. Trata-se uma série de barras verticais paralelas levemente onduladas encerradas geralmente por linhas horizontais (Fig. 65).52 88 B, C; 89 A, B, C ); T (129): C.7738 (Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 92 G, H), C.7740 (Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 92 I, J), C.7743 (Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 95 A, B, C, D, E) e C.7751 (Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 99 B, C, D); T (130): 51 Courbin, P TGA, 1974, Pl. 30. C.7723 (Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 108 H; 52 Exemplos de tal composição são encontrados nos T 109 A, B, C); T (132): C.7972 (Souza, C. D. 2010. Volume (014): C.64 (Courbin, R TGA, 1974, Pl. 24); T (020): III. Pranchas 123 E, F, G, H), C.7848 (Souza, C. D. 2010. C.60 e C.57 (Courbin, R TGA, 1974, Pl. 26); T (053): Volume III. Pranchas 124 G, H; 125 A, B); T (134): C.7926 C.652 (Courbin, R TGA, 1974, Pl. 30); T (108): C.2465 (Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 127 B, C, D, E, F), (Courbin, R TGA, 1974, Pl. 52); T (128); C.7755 (Souza, C.7923 (Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 131 A, B, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 80 C, D); T (130): C.7707 C D, E); C.7927 (Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas (Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 107 A, B, C, D, 132 Â, B, C, D, E, F); T (143): C.26608 (BCH 95 (1971), E), C.7709 (Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 107 Fig. 4, p. 738); T (210): cratera (ArchDelt 23:2 (1968), flív. H, I, J; 108 A), C.7721 (Souza, C. D. 2010. Volume III. 70a); T (450): cratera (ArchDelt 51 (1996) (2001), Bl, Pranchas 108 D, E, F, G) e C.7724 (Souza, C. D. 2010. FIÍV.37P). Volume III. Pranchas 109 D, E).

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Fig. 65 - Desenho esquemático das barras verticais onduladas, composição tipica do OK.

Finalmente, deve-se chamar a atenção para presentes na cratera C. 169, pertencente ao T uma última composição de motivos ornamentais (035), na ânfora C.847, encontrada no T (054), geométricos que aparece exclusivamente nos na cratera C.915, encontrada no T (070), anforiscos de pequenas dimensões durante o GR na cratera C.2428, presente no T (097), na II. O corpo do anforisco é totalmente preenchido cratera C.2509, do T (112) e na cratera do T com linhas horizontais paralelas e no pescoço há, (149).55 Tais motivos ornamentais compõem em geral, uma seta com pontas duplas ( ^ ), ou um quadro denominado de Subgeométrico apenas uma ponta ( t ) , ou, ainda, pode aparecer ou de Proto-Argivo, e corresponde a uma um X, como nos exemplares encontrados nos T fase intermediária existente em Argos entre o (099): C .2443 (Courbin, E TGA, 1974, PI. 48); Geométrico e o Orientalizante. Entretanto a T (128): C.7757 e C.7761 (Souza, C. D. 2010. questão de delimitação cronológica entre o GR Volume III. Pranchas 80 E, F, G, H, I); T (158): E II e o Subgeométrico não constitui um ponto 167 (Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 149 consensual entre os pesquisadores. P Courbin B, C, D, E). acredita que por volta de 700, os vasos já Conforme nos aproximamos do final podem ser considerados como Subgeométrico do GR II, os motivos figurados humanos (Courbin 1966: 206-08, 259-60). J. N. e animais estilizados e padronizados vão Coldstream defende que o Subgeométrico desaparecendo, dando lugar para motivos argivo se inicia apenas por volta de 690 a.C. mais abstratos e livres que começam a quebrar (Coldstream 1968: 146-47). J.-F. Bommelaer com a separação rígida dos espaços do vaso. (1980) prefere a denominação Proto-Argivo A última década do século VIII e a primeira para identificar tal momento e concorda com da VII a.C. configuram um cenário bastante Courbin, recuando a data da transição para o início do século VII a.C. típico de transição, marcado pela associação Dessa forma, os vasos mencionados acima, entre motivos geométricos, porém já bastante datados do final do século VIII ou início do irregulares e motivos singulares. Um motivo VII a.C., foram incluídos no catálogo, pois ornamental recorrente desse período é as formas e os elementos fundamentais da caracterizado por um círculo contornado decoração geométrica ainda estão presentes por pontos, assemelhando-se a uma flor, por de maneira marcante. A maioria desses vasos exemplo, na cratera C.26611, encontrada são crateras e ânforas funerárias, semelhantes, no T (145).53 Outro motivo característico é no que diz respeito à forma, àquelas típicas composto por um círculo preenchido com uma do GR II e ainda apresentando motivos cruz ou com um asterisco no centro, como ornamentais típicos desse subperíodo. Tais por exemplo, na ânfora C.7742, encontrada similitudes se tornam mais evidentes na medida no T (129).54 Ainda podemos destacar os ziguezagues que em paralelos assemelham- -se mais a ondulações irregulares, como os 55 Para a cratera C. 169: Courbin, R TGA, 1974, PI. 30; a ânfora C.847: Courbin, R TGA, 1974, Pl. 31; as crateras C.915: Courbin, E TGA, 1974, Pl. 40; C.2428: Courbin, R 53 BCH 96 (1972), Fig. 4, p. 231. TGA, 1974, Pl. 45; C.2509: Courbin, R TGA, 1974, Pl. 55 e 54 Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 94 E, F, G. aquela presente no T (149): BCH 85 (1961), Fig. 4, p. 676.

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em que os comparamos, por exemplo, com vestuário, podendo ter sido utilizado para atar os pitos funerários que, durante o GR II, são as vestimentas com as quais o morto teria sido tipicamente ovoide ou piriformes e, já no século enterrado, a mortalha. Alguns autores, como E VII, são cilíndricos. A ruptura neste caso é Courbin (1974), indicam que esta vestimenta marcada não por uma transição, mas por uma trata-se do péplos dórico e os alfinetes são distinção clara e precisa. usados como um assessório típico argivo. Além disso, há certas linhas interpretativas que relacionam os alfinetes diretamente como 4.2) Características dos artefatos em metal. artefatos que compõem o universo de artefatos tipicamente femininos e, portanto, poderiam Quando passamos para a análise dos servir como um elemento identificador de artefatos confeccionados em metal, Argos um enterramento feminino, quando a análise também pode ser caracterizada como um osteológica é impossibilitada ou ausente. grande centro de produção local com suas Todavia, nos cabe ressaltar que tal visão não é oficinas específicas durante a Idade do Ferro sustentada arqueológicamente, pois há vários (Kilian-Dirlmeier 1984). Com exceção dos exemplos de enterramentos masculinos em que sepultamentos, os objetos em metal também são foram encontrados alfinetes, principalmente em frequentemente encontrados nos santuários, Argos, como por exemplo, o T (098), no Terreno principalmente no Heraion Argivo e, neste caso, a maioria é datada da segunda metade do Bonoris, datado do GR II. Os alfinetes aparecem desde o início da século VIII a.C., momento em que os grandes Idade do Ferro, contudo apresentam algumas santuários começam a se difundir por toda a Grécia. Notam-se algumas diferenças em mudanças nos aspectos formais em direção ao final do período, particularmente do relação à produção de metais para os contextos Geométrico Médio II ao Geométrico Recente funerários e para os contextos sagrados dos santuários como, por exemplo, nas dimensões II. Nos períodos iniciais da Idade do Ferro, são dos artefatos. Como nosso foco de estudo é o confeccionados em ferro e bronze associados, contexto funerário, procuraremos detalhar a quer dizer, com o corpo longo em ferro e a produção presente nos sepultamentos. cabeça em bronze.56 No final da Idade do Ferro, A maioria dos artefatos produzidos em os alfinetes tornam-se mais longos. Entretanto, metal que se encontra nos túmulos da Idade do é importante observar que os grandes alfinetes Ferro é caracterizada por alfinetes e anéis. Em do Geométrico Recente II encontram um menor número são identificadas fíbulas, armas maior número de exemplares nos santuários e armamentos em geral, como adagas e facas, e não nos túmulos, podendo assumir funções espadas, lanças e pontas de lanças, escudos, elmos distintas em relação àquelas exercidas nos e pontas de flecha, joias, como brincos, braceletes últimos. Nos santuários os alfinetes podem ter e tomozeleiras e, mais raramente, vasos. A maior apenas uma função simbólica do assessório parte dos alfinetes e dos anéis é feita em bronze e para as vestimentas ou, ainda, conforme sugere ferro, entretanto, há vários exemplares de anéis A. Foley, como parte do ritual executado em feitos em ouro, principalmente os que possuem homenagem ao deus cultuado, particularmente formato de espiral. As fíbulas são recorrentemente no momento do sacrifício, podem ter servido fabricadas com bronze, da mesma forma que como uma espécie de espeto, contendo os parte dos armamentos, como escudos e elmos. pedaços da carne servida para os participantes Já as espadas, adagas, facas, lanças e derivados, (Foley 1988: 83). em geral, são feitos de ferro e, algumas vezes, apresentam o punhal em marfim ou madeira. Para os vasos, a matéria-prima mais comum é o bronze 56 Os alfinetes são constituídos basicamente por duas e a forma mais comum é a fiala, mas também há partes: o corpo e a cabeça. Uma das extremidades do algumas tigelas. alfinete é a ponta aguda, a outra, portanto, é a cabeça, que Os alfinetes encontram-se situados, na geralmente possui formas variadas de terminações, como esferas e discos, ou, ainda, formato de folha com decoração. maioria dos enterramentos, nos ombros do E a cabeça do alfinete que fica à vista na vestimenta. Para morto, sugerindo uma função intimamente detalhes da constituição do alfinete, vide Kilian-Dirlmeier relacionada ao conjunto de apetrechos de (1984: 13, Abb. 1).

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A obra de I. Kilian-Dirlmeier (1984) constitui do SM e do PG estão classificados e podem ser um dos estudos mais recentes, sistemáticos visualizados em todas as suas pormenorizadas e detalhados dos alfinetes desde o Heládico variações nas Pranchas 6 a 12 de Kilian-Dirlmeier. Antigo até o Período Arcaico, apresentando uma O Período Geométrico traz inovações desde classificação minuciosa dos tipos de alfinetes no 0 GA I até GR II e os tipos mais comuns de mundo grego e incluindo inúmeras figuras. As alfinetes para esse período como um todo são classificações de Kilian-Dirlmeier baseiam-se, na aqueles classificados por Kilian-Dirlmeier como verdade, em um estudo mais antigo realizado por do Tipo I A ao Tipo I D, equivalente ao Grupo E Jacobsthal ainda na década de 1950 do século Geométrico 1 e 2 no sistema classificatório de XX e, ambos, servem de referências para o sistema Jacobsthal. O Tipo I (ou o Grupo Geométrico de classificação dos alfinetes em bronze e ferro 1), no geral, possui extremidades bem elaboradas durante o período selecionado para estudo na com a presença de uma cabeça, que pode ter presente tese (Jacobsthal 1956). Portanto, tanto as tanto o formato de uma esfera, quanto um classificações de Kilian-Dirlmeier, quanto aquelas formato mais quadrado ou de um disco chato, de Jacobsthal serão frequentemente utilizadas na seguido de um pino com uma ou várias pequenas análise dos alfinetes da Argólida, mencionando as esferas que finalizam a extremidade do alfinete. pranchas cuidadosamente elaboradas por ambos os Apresentam decoração em ziguezague, na autores. Cabe ao leitor buscar as referências para maioria das vezes. O Tipo I A ao Tipo I D estão exemplificados visualmente nas Pranchas 13 a 27 visualizar as especificações e as inúmeras variações de Kilian-Dirlmeier. Os Tipos I A e I B são mais dos alfinetes. Exemplos de tais classificações a característicos do GA, enquanto os Tipos I C e partir do material estudado; vale dizer, dos alfinetes 1 D aparecem mais nos enterramentos do GM e encontrados nos enterramentos catalogados serão do GR, entretanto todos os alfinetes do Tipo I de indicados, a fim de facilitar a leitura e a visualização Kilian-Dirlmeier podem aparecer nos contextos do tipo mencionado e exemplificar os sistemas funerários do Período Geométrico como um todo classificatórios de ambos os autores. em Argos.59 Na região da Argólida como um todo, Algumas mudanças podem ser notadas a durante o SM, os alfinetes são geralmente chatos partir do GM II; a cabeça possui um formato e com algum tipo de decoração.57 Já no final do bicônico e a extremidade contém um pequeno SM e durante todo o PG, aparecem uma grande quadrado e um globo separados por uma pequena esfera e um disco na extremidade e o disco distância. Além disso, ainda no GM II e durante constitui literalmente a terminação do alfinete, o GR I e II, os alfinetes apresentam motivos cujo restante do corpo pode se caracterizar por decorativos mais variados antes e depois da um alfinete mais longo e fino ou com um corpo cabeça em formato globular e são um pouco mais grosso e curto e variam entre 20 e 30 cm de mais longos, variando entre 25 e 40 cm de comprimento. São alfinetes simples e, geralmente, comprimento. com o globo e o disco feito em bronze, enquanto Em um número bem menor, há alfinetes dos o corpo é confeccionado em ferro.58 Tais alfinetes Tipos XIX e XX de Kilian-Dirlmeier encontrados, principalmente, em Argos. A extremidade deste tipo de alfinete é formada por um (ou alguns) 57 Exemplos desse tipo de alfinete do SM: Campanhas pequeno(s) globos e um cone, porém não há francesas: T (005): DB 1, DB 2, DB 3; T (007): DB 2; T disco e podem ser visualizados nas Pranchas 62 (010): DB 23. a 64 de Kilian-Dirlmeier.60 Estes dois tipos de 58 Jacobsthal indica que a simplicidade dos alfinetes do SM e do PG é uma característica que os distingue dos alfinetes do Período Geométrico, indicando mesmo um aspecto mais utilitário dos alfinetes durante o SM e o 59 Alfinetes datados do GA e do início do GM: PG, enquanto posteriormente eles são mais rebuscados, Campanhas francesas: T (034): B. 36; T (056): B. 95, com decoração abundante e detalhes de confecção que B. 96 e F. 62. Exemplos de alfinetes do GM: Campanhas proporcionam mais um caráter estético e simbólico do francesas: T (012): B. 5, B. 6 e F. 32; T (109): F. 54 e F. 55; que funcional (Jacobsthal 1956: 1-5). Alfinetes com essas Campanhas gregas: T (157): alfinete em bronze e ferro. características, datados já do final do SM e do PG, podem Finalmente, exemplos de alfinetes do final do GM e do GR: ser visualizados nas seguintes pranchas: Campanhas gregas: Campanhas gregas: T (165): alfinete em bronze. T (172): E 692 e E 693; T (183): E1956; T (184): E 1966 e 60 Há apenas uma foto desses tipos de alfinetes no E 1967; T (186): E 1970 eE 1971. catálogo que se encontra, aliás, bastante fragmentado:

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alfinetes são identificados com mais recorrência esferas na extremidade. Entretanto, esse tipo de em contextos funerários do PG, mas também alfinete aparece em apenas um enterramento em durante todo o Período Geométrico. Há, ainda, os Argos e um em Micenas e se trata de um alfinete alfinetes em forma de T, segundo a denominação comumente encontrado em santuários, inclusive de Jacobsthal, identificados ao Tipo XVIII de no Heraion Argivo, mas, principalmente em Kilian-Dirlmeier, que, em geral, datam do final Esparta e em Olímpia.63 No início do século VII da Idade do Ferro, do GM e do GR, apresentam a.C., os alfinetes encontrados nos enterramentos decoração e podem ser observados nas Pranchas tomam-se mais curtos e correspondem ao Grupo 61 e 62 de Kilian-Dirlmeier.61 Finalmente, outro 3 de Jacobsthal (1956: 12). tipo de alfinete bastante comum nos contextos Os anéis aparecem com tanta frequência funerários de Argos é constituído por um par de quanto os alfinetes nos enterramentos e são alfinetes cruzados, formando um X e atados por fabricados em bronze, ferro e, às vezes, em um anel fino e largo. Em geral, estes alfinetes são ouro. Há vários tipos de anéis, porém os mais bastante compridos, variando entre 30 e 40 cm recorrentes são os sólidos simples e os em e são datados do GM e do GR. Tais alfinetes não espiral. Os sólidos simples podem ser estreitos foram classificados nem por Kilian-Dirlmeier e e grossos, formando uma leve curvatura na nem por Jacobsthal.62 parte extema, semelhantes às alianças atuais Os alfinetes classificados pelos Tipos XIX e ou totalmente chatos e mais largos, formando XX de Kilian-Dirlmeier, aqueles em forma de T bandas e são, em geral, confeccionados em e os duplos ligados por um anel são formas mais bronze e ferro.64 Os anéis em espiral são, na frequentemente identificadas em Argos, sendo maioria dos casos, fabricados em ouro.65 Não encontradas em um número bem pequeno nos há um estudo classificatório sistemático dos contextos funerários das demais regiões durante anéis, porém N. Verdelis, estudando os anéis a Idade do Ferro. Essas peculiaridades argivas nas presentes nos sepultamentos em Tirinto, indica características dos alfinetes fazem com que Kilian- que os tipos mais comuns encontrados no Período -Dirlmeier identifique uma produção local argiva Geométrico correspondem aos Tipos B, D e E em própria para a confecção dos alfinetes em bronze sua classificação (Verdelis 1963: 7). Estes tipos e em ferro que, provavelmente, teria alcançado os correspondem aos anéis mais grossos e estreitos e um outro tipo recorrente nos túmulos datados demais sítios da Argólida. do final da Idade do Ferro é o Tipo H de Verdelis, Para finalizar a análise dos alfinetes nos mais chato e largo. Durante o GR, é possível contextos funerários de Argos, é necessário que identificar a utilização de motivos geométricos na mencionemos ainda um outro tipo de alfinete decoração dos anéis. que aparece em direção ao final do Período R Courbin (1966) argumenta que os anéis Geométrico é o Tipo “Mehrkopfnadeln” de Kilian- teriam sido, de fato, um objeto utilizado pelo -Dirlmeier, ou seja, com a presença de várias cabeças, podendo ser observados nas Pranchas 65 a 83. Trata-se de um alfinete bem fino e comprido com um disco mais largo e com várias pequenas 63 Os únicos exemplos de alfinetes desse tipo em Argos são: Campanhas francesas: T (062): B. 51 e B. 52. 64 Os exemplos de anéis sólidos mais estreitos e grossos são: Campanhas francesas: T (041): B. 41; T (056): B. Campanhas francesas: T (056): B. 88. Os demais exemplos 89-94 e F. 63; T (062): B. 50, B. 53; T (099): B. 126-128 não foram devidamente publicados e, dessa forma, podem e F. 56; T (109): B. 150-152; Campanhas gregas: T (147): ser observados a partir de desenhos esquemáticos nas anéis; T (155): anéis; T (183): E 1958, E 1959 e E 1961; Pranchas 62 a 64 da obra de Kilian-Dirlmeier. Contudo, T (184): E 1966 e E 1967; T (186): E. 1969. Há um único informações sobre tais alfinetes constam no catálogo; enterramento que apresenta um tipo de anel mais incomum são eles: Campanhas francesas: T (129): F. 115 e F. em Argos que é bem fino e com apliques, datado do GR: 116; Campanhas gregas: T (155): alfinete em ferro sem Campanhas francesas: T (041): O. 2, O. 3, O. 4- Já os anéis numeração. sólidos mais largos e chatos são: Campanhas francesas: T 61 Exemplos de alfinetes em T datados do GM e do GR: (009): DB12; T (012): B. 2 Íbis e B. 19; T (022): B. 24; T Campanhas francesas: T (012): F. 7 e F. 7bis; T (099): B. (034): B. 33-35; Campanhas gregas: T (232): anel. 137 e F. 53. 65 Os exemplos de anéis em espiral são: Campanhas 62 Exemplos de alfinetes duplos em X atados por um anel francesas: T (034): B. 31, B. 32, O. 5, O. 6; T (062): O. 8, largo e fino, datados do GR: Campanhas francesas: T (098): 0.9; Campanhas gregas: T (155): anéis; T (173): E 697; T B. 144-146; T (099): B. 147-149. (232): anel.

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morto e depositado em seu túmulo. Dessa maneira, explicar-se-ia o fato dos anéis serem encontrados, na grande maioria dos casos, nos dedos dos mortos. Além disso, entenderíamos também a variação no tamanho dos anéis, cuja espessura seria adequada àquela dos dedos dos mortos. Dessa forma, para Courbin e A. Foley (1988), os anéis são confeccionados de forma individualizada para adultos (homens e mulheres) e para as crianças e são classificados como objetos utilitários, como parte dos pertences pessoais do morto e não funerários. Entretanto, cabe- -nos lembrar que há enterramentos infantis que contêm anéis com diâmetro muito grande para ter sido utilizado pela criança em vida e, dessa forma, podem assumir uma função puramente simbólica nesses contextos como um símbolo de status familiar / social e não como um objeto utilitário, de uso pessoal do morto.66 Quando passamos para o exame das fíbulas, percebemos que elas aparecem em um número bem menor nos enterramentos em relação aos alfinetes, e no entanto estão frequentemente presentes nos santuários. Na área da Argólida, durante a Idade do Ferro, as fíbulas são confeccionadas em ferro e em bronze e aparecem Fig. 66 - Armadura “hoplítica” do T (041), Argos. desde o SM. Durante o GM e o GR elas sofrem algumas modificações similares àquelas ocorridas nos alfinetes, suas dimensões aumentam e passam a apresentar decoração. O maior número de grande valor e, dessa forma, podem denotar símbolo exemplares das fíbulas presentes em contextos de um status maior do que aquele representado funerários da Argólida foi encontrado em pelos alfinetes. Está claro que a presença de itens em Argos. Da mesma forma que os alfinetes, há um metal nos enterramentos, em geral, já nos remete estudo bastante antigo mais sistemático sobre a um valor simbólico de prestígio social. Contudo, as fíbulas, porém que possibilita comparações e entre os próprios artefatos de metal pode ter havido classificações de acordo com os tipos; trata-se da uma certa hierarquia no seu significado simbólico de obra de C. Blinkenberg (1926). A maioria das status familiar / social. fíbulas encontradas em Argos durante a Idade do Finalmente, uma última categoria de artefatos Ferro corresponde a denominada Classe VIII ou em metal que aparece com certa recorrência nos também chamadas de fíbulas do Tipo Beócio por enterramentos da Idade do Ferro corresponde Blinkenberg (1926: 147-85).67 aos objetos classificados como armamentos. O fato das fíbulas aparecerem em menor Entre eles, os mais significativos são os elmos, quantidade nos contextos funerários, apesar de as espadas e os punhais, os peitorais e as lanças. serem um acessório importante de vestuário, pode E interessante notar que a maioria desses indicar que, provavelmente, elas possuíssem um armamentos aparece com mais frequência nos contextos funerários do GR e o exemplo mais famoso é a armadura “hoplítica’' do T (041), descoberta por Courbin na década de 50, no 66 Por exemplo, anéis encontrados nos enterramentos: Odéon, na área Sudoeste da cidade. O elmo Campanhas francesas: T (069): anéis em ferro, F. 46, com presente na sepultura é classificado como do Tipo quase 2,0 cm de diâmetro e Campanhas gregas: T (147): “Kegelhem”, quer dizer, o elmo em forma de cone. anel, este com mais de 5,0 cm de diâmetro. 67 São exemplos desse tipo de ffbula: Campanhas gregas: Este tipo de elmo pode apresentar uma crista alta T (165): fíbulas em bronze. e proteção mandibular e é datado da segunda

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metade do século VIII, sendo encontrado também batalha defensivos são confeccionados em bronze, em Olímpia em grande número e em Délos. Outro como os elmos e peitorais, enquanto aqueles exemplar idêntico ao do T (041) foi encontrado ofensivos, as espadas, punhais e pontas de lança, no Terreno Stavropoulos por Protonotariou- são fabricados em ferro (Ibid. 1971: 271-73). -Deilaki durante as campanhas gregas de 1970, no Ao contrário dos instrumentos defensivos, as T (231), e a pesquisadora acredita que se trata da espadas, os punhais e as pontas de lança aparecem mesma oficina argiva de confecção de metais. com mais frequência nos enterramentos argivos Outro tipo de elmo também identificado datados principalmente do GR. Verifica-se que em Argos do final da Idade do Ferro bastante nestes mesmos contextos funerários em Argos, há diferente em relação ao Tipo “Kegelhem” é aquele uma grande quantidade de obelói em ferro. Parece encontrado no Terreno Theodoropoulos, na Rua estar claro que há uma camada guerreira em Argos Perseos, no. 41, também por Protonotariou-Deilaki, durante o GR, cujos integrantes são enterrados em durante as campanhas do SGA em 1971-1972, no cistas e, em muitos casos, reutilizadas. T (260). Trata-se de um elmo mais arredondado A análise dos metais, apesar de aparecerem sem protetores de mandíbulas, com a face aberta em um número bem menor em relação aos vasos e sem crista, porém com decoração, neste caso, cerâmicos e, ainda, devido a fatores físico-químicos com dois olhos. Elmos deste tipo, contudo sem apresentarem um grau maior de deterioração, decoração, são encontrados em miniatura em dificultando, muitas vezes, o levantamento de grande número em três sítios em Creta (Festo, interpretações mais seguras, indica que, assim como Palaikastro e Gortyn), datados da primeira a produção cerâmica, a Argólida e, principalmente metade do século VII a.C. (Protonotariou-Deilaki Argos, se destaca como um centro de produção 1982). Deilaki indica que a presença deste tipo local, com pouca importação de artefatos, podendo de elmo nos contextos funerários argivos pode até mesmo falar em uma oficina local argiva significar relações comerciais entre a Argólida e própria também para a confecção dos objetos Creta e acredita que este seja um dos primeiros em metais, fundamentalmente, dos alfinetes, dos tipos de elmos confeccionados e utilizados na armamentos e, provavelmente, dos anéis. Esta Argólida, ainda no início do GR I. Seguindo uma visão é sustentada pelos estudos e classificações seqüência cronológica, o elmo utilizado em Argos mais recentes dos artefatos em metais como a obra corresponderia àquele encontrado no T (231) do de Kilian-Dirlmeier, argumentado que alguns tipos Terreno Theodoropoulos e, finalmente, com o de alfinetes são típicos e exclusivos da Argólida. acréscimo da crista, teria sido o tipo característico Neste sentido, a fìbula seria um elemento intruso do elmo encontrado no T (041), utilizado no final e, portanto, importado e, por esta característica, do GR II. As espadas, punhais e pontas de lanças em denotaria, assim, um status social / familiar mais geral fornecem classificações importantes no que elevado no conjunto dos artefatos que formam o diz respeito à datação, às oficinas de fabricação mobiliário funerário dos enterramentos da Idade do dos instrumentos em metal e ao processo de Ferro na Argólida. difusão do uso do ferro durante a Idade do Ferro. Não constitui nosso objetivo tratar de A. M. Snodgrass (1971) indica que a forma e questões que nos remetam a função dos objetos principalmente as dimensões dos artefatos em enquanto funerários ou utilitários, conforme ferro variam de acordo com os subperíodos da já mencionamos anteriormente. Gostaríamos Idade do Ferro. Os primeiros exemplares de pontas de observar apenas que, sejam objetos de lança, espadas e punhais em ferro são datados confeccionados exclusivamente para serem do Protogeométrico na Atica (Snodgrass 1971: enterrados com o morto ou sejam objetos pessoais 222). As pontas de lanças tendem a se tomarem de possessão e uso do morto em vida, os artefatos menores, enquanto as espadas apresentam um em metal também denotam prestígio social, aumento no comprimento da lâmina em direção principalmente se pensarmos que eles podem ao final do Período Geométrico. Para a Argólida, ter sido um bem familiar passado de geração. o autor ressalta que esses tipos de artefatos em O objeto importado, conforme já observamos, ferro no Protogeométrico tendem a imitar os também pode denotar tal prestígio social / familiar, modelos em bronze do Submicênico e do Heládico pois indica que tal grupo era detentor de recursos Recente, porém originariamente derivam de para comprar tais artefatos e depositá-los com seus padrões orientais. No GR, os instrumentos de membros.

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4.3) O mobiliário e as relações com idade e tipo relacionando-o inicialmente com os atributos de sepultura. idade, verificamos para apenas um túmulo A análise dos vasos cerâmicos e dos objetos em o conteúdo não é informado nas crônicas e metal depositados nos contextos funerários argivos, relatórios de escavações das campanhas francesas realizada no Museu de Argos durante a elaboração em Argos, o T (074), uma sepultura de um do Catálogo, proporcionou a classificação do adulto em cista datada do PG. Há, ainda, um material em cinco categorias que, conforme já enterramento para o qual o atributo idade explicitamos no Capítulo 2, levam em consideração não foi identificado e não havia nenhuma aspectos quantitativos e qualitativos dos artefatos. oferenda no interior da sepultura, trata-se do Tais categorias isoladamente não suscitam T (044), um túmulo em pito, datado apenas questões relativas às práticas mortuárias e, desta como “Geométrico” Para as demais sepulturas, maneira, é essencial que sejam relacionadas com somando 171 enterramentos de adultos e os atributos idade e tipo de sepultura, distribuindo crianças, portanto, é possível classificação nas e examinando os enterramentos nos diferentes cinco categorias definidas de análise do mobiliário subperíodos da Idade do Ferro. funerário, distribuindo os enterramentos pelos Deste modo, investigando de forma mais subperíodos da Idade do Ferro e configurando as detalhada o conteúdo dos enterramentos tabelas que seguem: escavados pelas campanhas da EfA e

TABELA 21 Enterramentos infantis (campanhas do EfA) divididos por subperíodos e pelas categorias de classificação do mobiliário funerário. SM/ PG/ GM/ Período/ Mobiliário SM PG GA GM GR G Total PG GA GR Sem oferendas 1 2 1 1 7 5 17 Vasos (1 a 4) 1 4 2 1 1 2 1 12 Metais (1 a 4) 0 Vasos + Metais (entre 1 4 2 2 9 1 a 4 cada tipo) Variados 1 1 1 1 1 5

2 1 11 4 2 4 1 11 7 43

TABELA 22 Enterramentos de adultos (campanhas da EfA) divididos por subperíodos e pelas categorias de classificação do mobiliário funerário. SM/ PG/ GM/ Período/ Mobiliário SM PG GA GM GRG Total PG GA GR Sem oferendas 1 1 1 3 9 11 26 Vasos (1 a 4) 5 6 1 5 4 8 29 Metais (1 a 4) 1 1 3 1 6 Vasos + Metais (entre 2 8 1 2 4 17 1 a 4 cada tipo) Variados 2 6 13 29 50

7 1 18 4 13 20 53 12 128

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A análise do mobiliário funerário dos os autores indicam que havia alguns artefatos em enterramentos investigados pelo SGA mostra que bronze e em ferro, como alguns alfinetes e anéis e para 321 do total de 347 sepultamentos infantis 2, 3 ou 4 vasos cerâmicos, dependendo do túmulo. e de adultos é possível um detalhamento dos Para outros cinco túmulos os pesquisadores objetos, classificando-os nas cinco categorias indicam que foram encontrados somente propostas. Nota-se que há uma grande quantidade artefatos em metal em pequeno número, o T de túmulos para os quais o atributo idade e, ou, (393), T (394), T (818), T (819) e o T (820) o conteúdo não é informado nas crônicas do sendo classificados na categoria Metais, entre ArchDelt. Estes túmulos são excluídos da análise 1 e 4 objetos. Há túmulos sobre os quais nos é do mobiliário funerário. Em alguns casos, os informado que havia apenas vasos cerâmicos e autores, apesar de não precisar a quantidade ou em pequena quantidade (os T (264), T (338), T detalhar o tipo das oferendas, fornecem algumas (339), T (340), T (345), T (391) e o T (392)), informações que nos permitem classificá-las de fato que nos leva a caracterizá-los na categoria acordo com as categorias estabelecidas para a Vasos, entre 1 e 4. Finalmente, há, ainda, 7 análise. Por exemplo, para os túmulos T (371), T sepulturas para as quais os autores informam que (372), T (373), T (374) e T (375), encontrados foram encontradas várias oferendas em metal e na Rua Tripoleos, encontrados nas campanhas do vários vasos cerâmicos cuidadosamente decorados SGA realizadas em 1992, Anna Banaka-Dimaki (o T (149), T (216), T (217), T (221), T (222), T explica que foram encontradas poucas oferendas (447) e o T (456)) que são incluídas na categoria no interior dos túmulos, associadas aos restos dos túmulos variados, apresentando um grande ósseos e que tais objetos não correspondem apenas número, uma grande variedade e alta qualidade a vasos cerâmicos. Desse modo, poderíamos dos artefatos. incluir tais enterramentos no item Vasos + A partir de tais considerações, inicialmente Metais, com exemplares entre 1 e 4 de cada tipo podemos distribuir os enterramentos infantis em cada um dos enterramentos. Nesta mesma e de adultos escavados pelo SGA segundo classificação também entrariam os T (151), T a classificação do mobiliário funerário nos (152), T (153), T (154), T (291), T (432), T subperíodos da Idade do Ferro, obtendo as (450), T (824), T (825) e o T (826) para os quais seguintes tabelas:

TABELA 23 Enterramentos infantis (campanhas do SGA) divididos por subperíodos e pelas categorias de classificação do mobiliário funerário. SM/ PG/ GM/ Período/ Mobiliário SM pG PG GA GM GRG Total GA GR

Sem oferendas 1 3 2 1 1 7 6 21

Vasos (1 a 4) 4 2 4 1 2 2 15

Metais (1 a 4) 1 1 2 Vasos + Metais (entre 1 1 L J 7 1 a 4 cada tipo) Variados 2 i 6 9

5 9 2 6 2 12 18 54

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TABELA 24 Enterramentos de adultos (campanhas do SGA) divididos por subperíodos e pelas categorias de classificação do mobiliário funerário. SM/ PG/ GM/ Período/ Mobiliário SM PG GA GM GR G Total PG GA GR

Sem oferendas 1 4 8 6 41 60

Vasos (1 a 4) 2 16 5 4 4 11 23 65

Metais (1 a 4) 3 1 1 1 2 8 16 Vasos + Metais (entre 2 1 20 1 3 7 9 11 54 1 a 4 cada tipo) Variados 1 6 2 12 11 2 18 20 72

5 5 47 16 20 23 2 46 103 267

Da mesma forma que para o estudo das precisas e completas, uma vez que se tratam de demais dimensões das práticas mortuárias, contextos funerários do mesmo sítio. Quando elucidamos as tabelas isoladamente a fim de reunimos os dados das campanhas gregas e verificar as tendências e os padrões apresentados francesas, observamos que as tabelas elaboradas pelos contextos investigados pela EfA, de separadamente apresentam informações bastante um lado, e, de outro, pelo SGA. Todavia, o semelhantes e, consequentemente, alcançamos os exame do conjunto proporciona reflexões mais resultados expressos nas tabelas 25 e 26.

TABELA 25 Enterramentos infantis (campanhas da EfA e do SGA) divididos por subperíodos e pelas categorias de classificação do mobiliário funerário. SM/ PG/ GM/ Período/ Mobiliário SM PG GA GM GR G Total PG GA GR

Sem oferendas 2 5 3 2 1 14 11 38

Vasos (1 a 4) 1 4 6 2 5 2 4 3 27

Metais (1 a 4) 1 1 2 Vasos + Metais (entre 1 5 1 2 4 3 16 1 a 4 cada tipo) Variados 3 1 1 1 1 7 14

2 6 20 6 8 6 1 23 25 97

Discutindo inicialmente os enterramentos apenas objetos em metal, entre 1 e 4. Já o número infantis, a partir da TABELA 25, podemos de enterramentos em que foram encontrados notar que a maioria dos enterramentos não metais e vasos em associação e aqueles possui oferendas, representando cerca de 39% considerados como variados representam 16,5% do total. Em segundo lugar, a porcentagem dos e 14,5% respectivamente e, juntos, totalizam enterramentos que apresentavam apenas alguns por volta de 31% do total de enterramentos vasos cerâmicos, entre 1 e 4, eqüivale a quase infantis. A primeira vista, portanto, poderíamos 29% do total. E interessante reparar na pequena sustentar que o padrão para enterrar a maioria quantidade de enterramentos que continham das crianças em Argos é definido pela ausência

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de objetos ou com alguns poucos vasos cerâmicos. entre 1 e 4 vasos. É exatamente durante este Entretanto, quando examinamos os enterramentos subperíodo que se concentram os enterramentos nos diferentes subperíodos, percebemos que tal variados. Nos subperíodos intermediários, no GA hipótese é parcialmente válida. O número de e no GM, todos os tipos estão presentes de forma enterramentos infantis é muito pequeno durante o mais ou menos estável. A situação é quase que SM, dificultando, assim, qualquer tipo de reflexão. completamente invertida durante o GR, quando o Já durante o PG, verificamos que a quantidade número de enterramentos sem oferendas aumenta de enterramentos infantis variados e com metais significativamente. A diferença entre a quantidade e vasos entre 1 e 4 é próxima do número de de enterramentos sem oferendas e com mobiliário enterramentos sem oferendas e que continham funerário variado no GR é enorme.

TABELA 26 Enterramentos de adultos (campanhas da EfA e do SGA) divididos por subperíodos e pelas categorias de classificação do mobiliário funerário. SM/ PG/ GM/ Período/ Mobiliário SM PG GA GM GR G Total PG GA GR

Sem oferendas 2 5 9 3 15 52 86

Vasos (1 a 4) 7 22 6 9 8 19 23 94

Metais (1 a 4) 3 2 1 1 1 5 9 22 Vasos + Metais (entre 4 1 28 2 5 7 13 11 71 1 a 4 cada tipo) Variados 1 8 2 18 24 2 47 20 122

12 6 65 20 33 43 2 99 115 395

Podemos indicar, dessa forma, que, com o quesito tipo de sepultura. Analisando comparando o início e o final da Idade do Ferro, os enterramentos sem mobiliário funerário, duas atitudes distintas são praticadas em relação à percebemos que 25 do total de 38 são em vasos deposição de objetos nos enterramentos infantis. funerários, sendo 14 crateras, 5 pitos, 4 ânforas, Durante o PG, há uma tendência a depositar mais uma hidra e um jarro; 11 são em cista e apenas objetos com as crianças, distintamente do GR, 2 são covas simples. Tais informações podem quando há uma clara preferência para enterrá- ser visualizadas de uma maneira mais clara no -Ias sem oferendas. Tais atitudes em relação aos GRÁFICO 5: sepultamentos infantis podem estar relacionadas

GRAFICO 5 Porcentagem de enterramentos infantis sem mobiliário funerário.

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Entretanto, para aprofundar a relação entre portanto, que a maioria dos enterramentos infantis os enterramentos infantis sem oferendas com os sem mobiliário funerário está concentrada no GR tipos de sepultura, é necessário distribuí-los nos e se caracterizam quase que majoritariamente por subperíodos, a partir da TABELA 27. Constata-se, crateras (12 do total de 15).

TABELA 27 Enterramentos de infantis sem mobiliário funerário divididos por subperíodos e tipos de sepultura. Período/ Tipo de SM/PG PG PG/GA GA GM GR G Total sepultura

Cista 3 2 1 5 11

Vasos funerários 2 1 1 1 15 5 25

Cova simples 1 1 2

15 11 38

Voltando para a análise da TABELA 25, os 1 e 4 objetos de cada tipo e objetos mais variados enterramentos em que foram encontrados apenas relacionados com o atributo tipo de sepultura, alguns vasos cerâmicos (entre 1 e 4, no máximo) notamos que a maioria desse tipo de enterramento indicam uma maior quantidade de cistas, é em cista, 14 dos 30 totais, 12 enterramentos equivalentes a 13 dos 27 enterramentos infantis; são em vasos funerário e 4 em covas simples, 10 em vasos e 4 em covas simples. Todas as cistas quantidades que podem ser representadas por e as covas simples datam do início da idade porcentagens explicitadas no GRAFICO 6. do Ferro, do SM, PG e GA. Os enterramentos Percebe-se que a quantidade de enterramentos infantis em vasos dessa categoria concentram- infantis variados em cistas e em vasos funerários -se tanto no início, no PG, quanto no final do é próxima, distintamente daqueles sem período, no GR. oferendas. Contudo, as reflexões tomam-se mais Finalmente, investigando os enterramentos profícuas quando examinamos as datas desses infantis que apresentavam vasos e metais, entre enterramentos.

______GRÁFICO 6______Porcentagem de enterramentos infantis com mobiliário funerário variado.

130 Camih Diogo de Souza

A totalidade dos enterramentos infantis mais representando cerca de 18%. Finalmente, com variados no PG e no GA é constituída por cistas. uma diferença mais marcada, encontram-se os Os enterramentos variados do GM são em covas sepultamentos que continham apenas artefatos simples e vasos e no GR, apesar de representar um em metal em pequena quantidade, somando por número bem menor em relação aos enterramentos volta de 6% do total de enterramentos de adultos. sem oferendas, há uma quantidade significativa de Além disso, constata-se que os enterramentos vasos funerários, principalmente o pito, utilizados variados vão crescendo em direção ao final da Idade para enterrar as crianças com mobiliário funerário do Ferro e concentram-se no GR, pois configuram mais variado. Podemos concluir, portanto, que mais de 38% do total de enterramentos variados de no início da Idade do Ferro os enterramentos adultos e mais de 47% do total de enterramentos infantis, em sua maioria em cistas, estão divididos de adultos datados do GR. Durante o PG, nota-se basicamente em dois tipos opostos, aqueles que a maioria dos enterramentos possui oferendas, com mobiliário funerário mais variado e os sem sejam vasos apenas, sejam vasos e metais, sempre oferendas. No final da Idade do Ferro, durante em uma quantidade relativamente moderada. No o GR, há uma preferência marcante pelo uso do GA, a totalidade dos enterramentos contém objetos vaso funerário sem oferendas, principalmente e a quantidade de enterramentos variados aumenta pela cratera. No entanto, neste subperíodo, há significativamente e a presença dos artefatos em alguns enterramentos infantis mais variados, metal nos túmulos é constante, maior em relação aos principalmente em pitos. enterramentos de adultos dos demais subperíodos. E importante ressaltar que as crateras sem A maioria dos enterramentos do GA é constituída oferendas datadas do GR são vasos torneados de por cistas e, em menor número, por covas simples. grande porte e fazem parte dos vasos decorados E interessante chamar a atenção para o fato de que com grande diversificação de motivos ornamentais esses enterramentos começam a ser reutilizados e, em muitos casos, com cenas figuradas humanas no GM e no GR de forma ainda mais intensa, e animais. Por exemplo, a cratera C. 169, T (035), apresentando vários indivíduos. a cratera C.201, T (040), a cratera C.915, T Durante o GM, a proporção de (070), a cratera do T (303), e a cratera do T enterramentos variados em relação àqueles sem (805). Os pitos, em geral, apresentam apenas oferendas praticamente se mantém a mesma, decoração incisa. Uma associação direta entre o apresentando um leve crescimento. Os objetos em mobiliário funerário e o status social, que levasse metal também estão presentes de forma marcante em consideração apenas o aspecto quantitativo neste subperíodo. No GR, observa-se que o dos objetos, pode ser equivocada neste caso, pois aumento dos enterramentos variados é bastante apesar de não terem oferendas, os enterramentos acentuado, contudo o número de enterramentos infantis nas crateras do GR podem ser sem oferendas também cresce expressivamente, considerados como enterramentos mais abastados, proporcionando um quadro interessante no uma vez que encomendar vasos desse porte em final da Idade do Ferro, em que praticamente oficinas argivas específicas deve ter tido um custo os enterramentos de adultos estariam divididos alto por parte da família do morto. em duas categorias. De um lado, estariam Passando para a análise dos enterramentos os enterramentos variados, com uma grande de adultos, à primeira vista, quando observamos diversidade de vasos cerâmicos e artefatos a TABELA 26, notamos que a situação é em metal e, de outro, os enterramentos sem completamente distinta daquela definida pelos oferendas ou com alguns poucos vasos cerâmicos. enterramentos infantis. Os enterramentos Para entendermos melhor essas mudanças no variados representam a maior parcela dos mobiliário funerário, é necessário relacioná-los enterramentos de adultos em Argos durante a com o tipo de sepultura. Idade do Ferro, aproximadamente 31% do total. Investigando inicialmente os enterramentos Os enterramentos apenas com vasos, entre 1 e sem oferendas, observamos que, no geral, a grande 4, configuram cerca de 23%, com uma diferença maioria é em vasos funerários, principalmente bem pequena em relação aos enterramentos pitos, eqüivalendo a 43 do total de 86 (vide sem oferendas, que correspondem a um pouco TABELA 26), enquanto as cistas correspondem mais de 21%. Também com cifras similares a 34 desse total e as covas simples correspondem estão os enterramentos com vasos e metais a 9, conforme podemos observar as porcentagens associados, entre 1 e 4 exemplares de cada tipo, representadas no Gráfico que segue:

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______GRÁFICO 7______Porcentagem de enterramentos de adultos sem mobiliário funerário.

Detalhando os enterramentos nos oferendas em cista no início da Idade do Ferro e subperíodos da Idade do Ferro a partir da em vasos no GR, sendo que dos 13 enterramentos TABELA 28, constata-se que há uma grande em vasos, 10 são em pitos, 2 em ánforas e apenas quantidade de enterramentos classificados apenas 1 em píxide. Dos 28 enterramentos de adultos como “geométricos’'. Entretanto, confirma-se a sem oferendas datados como G, 22 são em pitos e concentração de enterramentos de adultos sem apenas 6 em crateras.

TABELA 28 Enterramentos de adultos sem mobiliário funerário divididos por subperíodos e tipos de sepultura. Período/Tipo de SM/pG PG PG/GA GA GM GRG Total sepultura

Cista 2 4 8 1 1 18 34

Vasos funerários 1 1 13 28 43

Cova simples 1 1 1 6 9 2 5 9 0 3 15 52 86

Percebemos, desse modo, que o padrão para a maioria também corresponde a cistas, 54 dos enterrar os adultos sem oferendas durante o 94 totais, enquanto há 18 enterramentos desse GR se dá pelo uso do pito. Estes vasos possuem tipo em vasos funerários e 22 em covas simples. grande porte, dimensões humanas e, em geral, As cistas e as covas simples se concentram decoração incisa. Já as ânforas, a píxide e as no início da Idade do Ferro, principalmente crateras utilizadas para enterrar os adultos sem durante o PG, enquanto os vasos funerários artefatos também possuem grandes medidas, mas se concentram no GR. Os enterramentos de apresentam diversificados motivos ornamentais adultos que apresentavam apenas artefatos em e, na maioria das vezes, figurados, como por metal e em pequena quantidade representam a exemplo, a píxide C.209 do T (023) e a ânfora do menor porcentagem do total de enterramentos T (807). de adultos. Aparecem durante toda a Idade do Os enterramentos com alguns vasos Ferro de forma mais ou menos estável e, da mesma cerâmicos (entre e 1 e 4, no máximo), apresentam forma que a categoria anterior, durante o SM, algumas semelhanças em relação à mesma PG e GA, caracterizam-se pela cista e pela cova categoria com os enterramentos infantis, pois simples, já no GR, pelo pito.

132 Camila Diogo de Souza

Finalmente, quando relacionamos os funerários, sendo as porcentagens representadas enterramentos que apresentam um mobiliário no GRÁFICO 8. mais variado, sejam aqueles que continham Verifica-se de forma clara uma preferência vasos cerâmicos e metais (entre 1 e 4 artefatos de pelo uso da cista para enterrar os adultos com cada), sejam aqueles com uma grande quantidade mobiliário funerário mais variado. As covas de vasos cerâmicos e, ou, grande variedade de simples e os vasos funerários apresentam artefatos no que diz respeito à matéria-prima, quantidades bastante semelhantes. Entretanto, com o quesito tipo de sepultura, verificamos que as covas concentram-se no início da Idade do a maioria dos enterramentos de adultos desse tipo Ferro, no SM, PG e GA, enquanto os vasos com são em cistas, 154 do total de 193 enterramentos; oferendas mais variadas concentram-se no GR, 19 são em covas simples e 21 são em vasos conforme podemos visualizar na TABELA 29.

______GRÁFICO _8______Porcentagem de enterramentos de adultos com mobiliário funerário variado.

A maior parcela das cistas variadas uma grande parte destas cistas variadas é concentra-se no GR e é interessante notar que reutilizada, isto é, apresentam originariamente quando examinamos o número total de cistas de enterramentos do GA e/ou do GM. Conforme adultos datado deste subperíodo (vide TABELA apontamos nas páginas anteriores, tais cistas 13, p. 95 - indicando que o total de cistas do também apresentam uma grande quantidade GR corresponde a 53), percebemos que quase a de objetos de batalha e são configuradas como totalidade das cistas de adultos do GR apresentam túmulos de guerreiros. mobiliário funerário mais variado. Além disso,

TABELA 29 Enterramentos de adultos com mobiliário funerário variado divididos por subperíodos e tipos de sepultura. Período/ Tipo PG/ SM SM/PG PG GA GR G Total de sepultura GA - %

Cista 1 1 30 4 16 23 2 50 27 154 Vasos 1 1 6 9 3 20 funerários Cova simples 4 4 6 2 2 1 19

5 1 35 4 23 31 2 61 31 193

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A situação é um pouco diferente quando bronze e os vasos, apresentando as mesmas comparamos o total de enterramentos de adultos características de confecção e decoração, são em vasos funerários (vide TABELA 14, p. 95 - encontrados nos enterramentos de ambos os indicando que o total de vasos funerários do GR gêneros. Entretanto, os anéis em espirais em corresponde a 29), pois 9 apresentavam objetos ouro, principalmente, tendem a aparecer nos mais variados, 13 não continham oferendas de contextos femininos. Além disso, devido à qualquer tipo e os 7 demais continham alguns pequena amostragem, torna-se difícil indicar artefatos em metal. Isto indica que, apesar qual gênero apresenta um maior número de da maioria dos enterramentos de adultos sem enterramentos variados. Podemos indicar apenas mobiliário funerário ser caracterizada por pitos, que, dentre esses enterramentos, ambos os também há um número relativamente grande gêneros apresentam mobiliário funerário bastante de pitos que apresenta mobiliário funerário mais diversificado, principalmente durante o GR. variado. Constatamos, portanto, que, durante Parece que não há um tratamento diferenciado o GR, a questão é um pouco mais complexa do para os gêneros no que diz respeito ao mobiliário que aquela exposta por R. Hágg (1983: 29-30). funerário dos enterramentos em pitos e em cistas. Os enterramentos de adultos não estão somente Tais conclusões são sustentadas pelo poucos divididos em duas grandes categorias, os pitos estudos osteológicos existentes mais recentes sem mobiliário funerário e as cistas com oferendas (Pappi 2011).68 mais variadas. Percebe-se que neste subperíodo Resumindo a análise do mobiliário funerário, há nuances nos enterramentos em pitos que relacionado com as dimensões tipo de sepultura mostram que as distinções sociais em camadas e idade, podemos apontar que houve sim um mais abastadas e mais pobres da sociedade não são processo de mudança em relação às práticas necessariamente definidas pela prática funerária mortuárias efetuada para adultos e para as do tipo de sepultura. crianças desde o PG até o GR. Durante o O exame dos enterramentos de adultos PG, parece haver uma divisão clara entre os variados em cova simples revela que, no geral, enterramentos em cista, aqueles com poucos eles se concentram no início da Idade do Ferro. vasos cerâmicos e os com oferendas variadas. Entretanto, comparativamente aos enterramentos Não há um tratamento diferenciado entre os em cista, as covas simples apresentam um enterramentos de adultos e infantis e as covas mobiliário funerário menos variado tanto em simples apresentam-se menos diversificadas em relação à quantidade quanto à qualidade dos relação às cistas. A partir do GA, verificamos artefatos, principalmente durante o GR. Elas um aumento na ostentação dos enterramentos apresentam, na maioria dos casos, alguns vasos em cistas, essencialmente dos adultos. Os manufaturados sem decoração e, quando há armamentos começam a aparecer de maneira mais artefatos em metal, geralmente são anéis ou intensa nestes enterramentos. Esta ostentação alfinetes em ferro. é mantida durante o GM, e o quadro é bastante A análise do mobiliário funerário dos similar em relação ao GA. Entretanto, a situação enterramentos de adultos relacionada com o modifica-se no final do GM e durante o GR, atributo gênero infelizmente não proporciona quando se dá o grande aumento de enterramentos reflexões mais detalhadas sobre as práticas em vasos funerários, adultos e infantis. A mortuárias. A porcentagem de enterramentos ostentação continua e é, na verdade, levada de adultos para os quais o gênero é identificado a um ponto máximo pelos enterramentos de é muito pequena, apenas 64 enterramentos, adultos em cista (principalmente de guerreiros) representando cerca de 15% do total, 28 do e também pelos enterramentos em vasos infantis sexo feminino e 36 do sexo masculino. O e de adultos, com as grandes crateras e ánforas único elemento constantemente presente nos ricamente decoradas. sepultamentos masculinos que pode ser distintivo Contudo, é importante ressaltar que o em relação aos femininos é composto pelos pequeno número de enterramentos infantis instrumentos de batalha em ferro e em bronze, durante toda a Idade do Ferro pode denotar punhais, adagas, espadas, pontas de lança, um fator de exclusão social, pois na medida em obelói, elmos e armaduras, que são encontrados fundamentalmente nos enterramentos masculinos do GR. Os anéis e os alfinetes em ferro e em 68 Vide notas 31 e 32, p. 67, Capítulo 2.

134 Camila Diogo de Souza

que as crianças não recebem enterramentos Kypseli, onde se localiza a grande Praça Kypseli, as formais, não são consideradas membros efetivos proximidades da Rua Tripoleos em frente à Praça da sociedade. Durante o PG e o GR, porém, e a Sondagem Su80, no Terreno Papaparaskevas) as crianças parecem assumir um papel de e a área do atual Cemitério Sul, próximo ao inclusão, pois com o aumento de enterramentos Estádio. A segunda área de concentração é infantis mais variados e nas grandes crateras formada pela região central da cidade, incluindo a com diversificados motivos ornamentais e área do Mercado e da Praça Central Dimokratias figurados, os laços familiares são reforçados e as (o Terreno Bonoris), a área do Museu e suas crianças passam a ter um papel fundamental na proximidades, e a área do Terrono Phloros, na sociedade. Reforçar os laços familiares através Sondagem Su76, na Rua Karaiskaki, número da ostentação dos enterramentos infantis e de 6. A terceira região de concentração situa-se a adultos pode significar um elemento substancial Noroeste e é composta pela Necrópole Micênica em sociedades hierarquizadas, em que o status da Deiras, pelas proximidades da Igreja Aghia e as identidades sociais são atribuídos no Paraskevi, da Capela Panagitsa, da Igreja Ioannis nascimento. A necessidade de reforçar tais laços Prodromos, pela área entre a Larissa e a Áspis e pode ser decorrente em um primeiro momento, duas outras sondagens realizadas nos arredores da durante o PG, das mudanças ocorridas ainda no Áspis, a Su78 e a Su79. final da Idade do Bronze, como por exemplo, As campanhas realizadas pelo SGA a dissolução do sistema político micênico, que distribuem-se por praticamente toda a cidade afetam a configuração da sociedade através do atual. A localização específica dos enterramentos estabelecimento de um novo poder político. Os se dá pelo nome do Terreno (isto é, o nome enterramentos assumem, dessa maneira, um papel do proprietário do lote) e, ou, pelo endereço fundamental no processo de estruturação social, específico (nome da rua com o número do definido por laços familiares. lote). Os terrenos com maior quantidade de Em um segundo momento, durante o GR, enterramentos escavados pelo SGA estão essa necessidade de reforçar os laços familiares concentrados nas regiões Central, Sudoeste, pode ser resultado de transformações políticas e Noroeste e Nordeste. A área a Norte, onde se econômicas que configuram a segunda metade do localiza o Hospital de Argos também apresenta século VIII a.C. e que resultaram no processo de uma concentração de túmulos classificados formação e consolidação da pólis argiva. Grupos como “Geométrico”. As áreas Sul e Sudeste competitivos tentam, através da representação apresentam uma porcentagem muito pequena de simbólica dos enterramentos, manter e legitimar enterramentos datados da Idade do Ferro, tanto a participação no poder não só pela ostentação aqueles descobertos pela EfA, quanto pelo SGA. material nas oferendas depositadas nos Da mesma forma que para todas as demais enterramentos, mas também pela formação de dimensões das práticas mortuárias, a análise lotes de enterramentos familiares e reutilizando do atributo localização das sepulturas, caso várias vezes um mesmo túmulo, procurando seja realizada de forma a separar os túmulos demonstrar o grande número de pessoas escavados pela EfA e pelo SGA, se toma lacunar pertencentes a um determinado grupo, pois o e questionável, uma vez que devemos considerar fator numérico pode ser fundamental para definir as localidades dos enterramentos em conjunto, a participação no poder. visando entender as áreas de concentração utilizadas para enterrar os mortos. Desta forma, a análise espacial se toma muito mais produtiva e 5) Localização. Pensando o Espaço dos Mortos. completa quando feita em conjunto, investigando o total de sepulturas datadas da Idade do Ferro em As campanhas de escavações realizadas pela Argos. EfA concentraram-se fundamentalmente em três Autores como R. Hãgg (1974, 1982), R áreas da cidade moderna de Argos. A primeira Courbin (1974), A. M. Snodgrass (1971) e A. delas é a Sudoeste, integrando as seguintes Foley (1988) se referem à questão da localização localizações: Ágora, Área do Teatro e do Odéon dos enterramentos datados da Idade do Ferro (que compreende o Terreno Bacaloyannis e em Argos como um quadro bastante complexo, também a área próxima às Termas romanas), o marcado pela dispersão e, aparentemente, com Bairro dos Refugiados (atualmente denominado poucas ou nenhuma possibilidade de identificação

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de áreas de concentração de enterramentos, datados da Idade do Ferro receberam uma formando necrópoles. A situação se complica numeração específica durante a pesquisa e estão ainda mais quando refletimos sobre a relação localizadas no Mapa 3, p. 236 (vide Legenda entre os locais de enterramentos e as áreas de Mapa 3, p. 247-248). Os mapas subsequentes habitação, sendo difícil estabelecer vínculos apresentam a distribuição dos enterramentos precisos entre o espaço dos vivos e o espaço nessas áreas de concetração para cada subperíodo dos mortos, segundo os mesmos autores. As da Idade do Ferro. Dessa maneira, dividimos todos evidências de espaços habitacionais encontradas os enterramentos por subperíodos localizando- nas campanhas, sejam francesas sejam gregas, são -os em mapas individualizados, permitindo a bastante escassas (Hágg 1982: Abb. 1, p. 299, visualização da quantidade de enterramentos Abb. 2, p. 301, Tab., p. 306; Touchais et Divari- relacionados com o tipo de sepultura e com os -Valakou 1998: Pl. IX). elementos idade e gênero. Selecionamos três A primeira vista, quando observamos a ícones para representar os três tipos de sepultura distribuição geral dos enterramentos no sítio, encontrados (Capítulo 2). Tais mapas estão percebemos que os apontamentos feitos pelos configurados em camadas que permitem observar autores mencionados acima são pertinentes. o processo de utilização das áreas de concentração Entretanto, na medida em que analisamos de enterramentos durante toda a Idade do Ferro de forma mais minuciosa os enterramentos, em Argos. O Mapa 4 apresenta os enterramentos verificamos que é possível identificar áreas de datados do SM, indicando a quantidade para concentração com características singulares e cada tipo de enterramento nos locais escavados. essenciais para a deposição dos mortos durante os O Mapa 5 contém os enterramentos do PG, o subperíodos da Idade do Ferro. A visão caótica e Mapa 6 indica aqueles datados do GA, o Mapa 7 difusa dos enterramentos se deve, em boa parte, corresponde à distribuição dos enterramentos do à grande quantidade de enterramentos datados GM e Mapa 8 evidencia aqueles enterramentos da Idade do Ferro como um todo, denotando datados do GR. Na medida em que examinamos o tamanho e a importância do próprio sítio na cada subperíodo, relacionamos tais enterramentos região durante este período. com o atributo idade e com as categorias de Nosso objetivo na análise espacial dos análise do mobiliário funerário. enterramentos é tentar entender a distribuição dos Examinando inicialmente o Submicênico sepultamentos de acordo com os subperíodos da (Mapa 4), notamos que os enterramentos se Idade do Ferro, buscando, de um lado, identificar concentram em duas áreas opostas, no extremo separadamente os locais em que aparecem Noroeste (próximo à Aspis) e no Sudoeste (na enterramentos no SM, PG, GA, GM e GR, e Área do teatro e no Bairro dos Refugiados, visando, de outro, a constatação de recorrências, na Praça Kypseli, situado a sul do Teatro). A permanências e transformações no uso do única exceção é o T (116), encontrado na espaço para enterrar os mortos nesses nestes área Central, onde está localizado o Museu de mesmos períodos. Tal distribuição detalhada dos Argos. O túmulo apresenta um esquifo com enterramentos nos permite examinar as áreas de alças horizontais, o C.3998, e verniz preto concentração de enterramentos relacionando com característico da produção cerâmica argiva, os atributos idade, tipo de sepultura e o mobiliário característica do final do SM e do PG. As funerário, a fim de visualizar a formação de duas áreas apresentam quantidades próximas possíveis grupos sociais, sejam verticais (status) ou de enterramentos: 9 na área Noroeste e 6 na horizontais (familiares) e qual a importância deste Sudoeste. Contudo as crianças estão presentes fenômeno para o processo de formação da pólis apenas na área Sudoeste da cidade. Os argiva na segunda metade do século VIII a.C. enterramentos na área Noroeste foram todos As sondagens realizadas pela EfA e pelo SGA encontrados na Necrópole da Deiras, são todos na cidade de Argos receberam diferentes tipos de sepultamentos em cova simples, caracterizando nomenclatura que podem apresentar a designação casos de reutilização dos túmulos micênicos de acordo com o número da sondagem, com o em câmara, inclusive duas covas simples em nome do proprietário do terreno e, ou, ainda, com que foram encontrados apenas vasos cerâmicos o endereço específico da área escavada, indicando e nenhum resto ósseo. As demais covas o número e o nome da rua. Todas as áreas apresentavam esqueletos de adultos associados escavadas com concentrações de enterramentos a alguns vasos cerâmicos e poucos objetos em

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metal, a maioria alfinetes, ou em cristal de rocha cerâmicos associados a artefatos em metal, a que formavam contas de um provável colar. maioria apresentando um número relativamente Na área Sudoeste, a situação é um pouco pequeno de objetos confeccionados em cada diferenciada, pois os enterramentos de adultos matéria-prima, porém alguns com uma grande são em cistas características do SM, construídas quantidade de cada, além da variedade e da alta e fechadas com grandes e finas placas de pedra qualidade de produção dos artefatos. de calcário. Estes enterramentos apresentam Essa tendência é complementada por uma um mobiliário funerário mais variado, um deles certa dicotomia entre os tipos de sepulturas contendo uma ponta de lança. Todavia, no recorrentes, a cova simples e a cista. Conforme geral os enterramentos desse período, seja em já foi mencionado, o número de cistas é muito cova simples ou em cista e seja de adulto ou maior do que o número de covas simples, mas as infantil, não se configuram enterramentos com últimas, durante o PG, apresentam apenas alguns uma grande quantidade e nem de qualidade vasos cerâmicos ou não apresentam oferendas. diferenciada de artefatos. Já a maioria das cistas, apesar de uma grande Quando passamos para o Protogeométrico quantidade ser classificada nestas duas categorias, (Mapa 5), a situação é completamente distinta. apresenta um conteúdo bem mais variado. Em primeiro lugar, a reutilização dos túmulos Devemos chamar a atenção para a introdução micênicos cessa e a área da Necrópole da Deiras do uso do vaso funerário (do pito para os adultos não é mais usada. A sondagem realizada em 1967 e da ânfora e da cratera para as crianças) para pela EfA na área da Deiras, próximo à Necrópole, enterrar os mortos no final do PG. Há apenas 9 revelou um enterramento datado do PG nesta área, enterramentos em vasos funerários do total de porém, não é um caso de reutilização, pois se trata 112 enterramentos datados do PG, 4 pitos com de uma cista típica do PG, o T (131), construída e enterramentos de adultos, 2 ânforas, 1 cratera e fechada com grandes e grossas placas de calcário 1 pito com sepultamentos infantis e 1 outro pito (Orthostatenkiste ou cista em ortóstato), contendo com poucos restos ósseos. Não há enterramentos um indivíduo adulto do sexo masculino, enterrado em vasos funerários na área Oeste-Sudoeste. com apenas um objeto em bronze. Um dos pitos de adultos do PG, o T (232), Conforme já foi examinado anteriormente, foi reutilizado durante o GR, pois apresenta nota-se um grande aumento no número de dois enterramentos. O enterramento do PG não sepultamentos durante o PG e, significativamente, possui mobiliário funerário variado, contendo das cistas. Observando o Mapa 4, percebemos apenas dois vasos cerâmicos. Entretanto o do que há uma concentração clara de enterramentos GR inclui vários objetos em metal, um obelós em em três grandes áreas da cidade, na área Centro- ferro e alguns anéis e espirais em ouro. Os demais -Leste, na área Oeste-Sudoeste e na área Norte- pitos de adultos apresentam vasos cerâmicos e -Noroeste, sendo que em cada uma delas o artefatos em metal em pequena quantidade e número de sepultamentos é bastante próximo, os 4 pitos de adultos estão localizados na área totalizando 43, 36 e 33 respectivamente. Apenas Central-Leste e Norte-Noroeste da cidade. Os um enterramento, o T (131), encontra-se mais enterramentos infantis em vasos datados do PG isolado em relação aos demais. também não apresentam mobiliário funerário As regiões do Teatro e do Bairro dos variado: o T (238) e o T (239) não possuem Refugiados, na Praça Kypseli, que concentravam artefatos de qualquer natureza, já o T (783) e o os enterramentos do SM, continuam sendo T (784) continham um e dois vasos cerâmicos utilizadas no PG. É interessante observar que respectivamente. todos os enterramentos datados da transição do Conforme já foi analisado no item tipo SM para o PG estão localizados nas proximidades de sepultura em relação com o atributo idade, daqueles datados do SM e constituem cistas nota-se que durante o PG há um total de 26 construídas com grandes placas de pedra de enterramentos infantis, representando cerca de calcário sem oferendas ou com apenas um vaso 25% dos enterramentos infantis totais datados cerâmico. Adentrando o PG, é possível notar um da Idade do Ferro. Desses 26 enterramentos, 19 claro aumento na variedade e na quantidade dos são em cistas, 4 são em vasos funerários e 3 em artefatos depositados com os mortos, verificando covas simples. A área que concentra o maior enterramentos sem oferendas, ou com 1 ou 2 número de enterramentos infantis é a Oeste- vasos apenas, de um lado, e, do outro, com vasos -Sudoeste, contendo 11 cistas, 2 ânforas e 1 cova

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simples. A área Centro-Leste abrange 5 cistas 12 enterramentos. Podemos indicar, desse modo, e 2 covas simples e a Norte-Noroeste, 3 cistas que há uma continuidade no uso das áreas de e 2 vasos funerários. As cistas apresentam um deposição dos mortos do PG para o GA, com a mobiliário funerário bem mais variado em relação preferência em ambos os subperíodos na área aos enterramentos em covas simples, como por Centro-Leste. exemplo, o T (257), que se trata de uma cista As crianças totalizam 13 enterramentos, ou reutilizada duas vezes, contendo esqueletos de seja, há uma queda no número de enterramentos três indivíduos, o da criança, constituindo o infantis, acompanhada pela queda geral no enterramiento mais antigo, datado do PG e dois número de enterramentos do PG para o GA e enterramentos de adultos, datados do GR. representando aproximadamente 13% do total de Do total de 84 enterramentos de adultos do enterramentos infantis da Idade do Ferro. Destes PG, 59 correspondem a cistas, 2 1 a covas simples 13 sepultamentos infantis, 10 são em cistas, 2 e 4 a pitos. A área Norte-Noredeste concentra em vasos (1 ánfora e 1 hídria) e apenas 1 em o maior número de enterramentos de adultos covas simples, porém este último, na verdade, somando 20 cistas, 9 covas simples e 2 pitos. não apresenta restos ósseos e é classificado como A área Centro-Leste inclui 19 cistas, 8 covas infantil por R Courbin devido à presença de simples e 2 pitos e a área Oeste-Sudoeste contém vasos em miniatura e às pequenas dimensões da 20 cistas e 4 covas simples. Observando o Mapa sepultura (o T (013), a Oeste do atual Cemitério 6, percebe-se que as covas simples concentram- Sul da cidade). Os dois enterramentos em vaso -se nas áreas Central, próximas ao Museu e ao não possuem oferendas e a maioria das cistas Norte, próximas do cruzamento da Rua Perseos apresenta poucos vasos cerâmicos como parte com a Rua Irakleous. As covas simples de adultos do mobiliário funerário, mas há algumas que são também não apresentam mobiliário funerário bastante variadas, como o T (052), situado na variado. As cistas se distribuem pelas três áreas área Sudoeste, no Bairro dos Refugiados, na Praça de concentração de maneira mais ou menos Kypseli, que é datada, na verdade, da transição do uniforme e os dois tipos de cistas de adultos, sem PG para o GA I. A área Centro-Leste apresenta 4 oferendas ou com alguns vasos, de um lado, e com enterramentos em cista e o enterramento em cova artefatos mais diversificados, de outro, aparecem simples. A parte Noroeste contém 4 cistas e a nos mesmos locais, como por exemplo, na área Sudoeste, os 2 enterramentos em vasos funerários do Museu, no Terreno Saídin, onde se situam os e 2 cistas. As cistas da área Centro-Leste e da túmulos T (091) e o T (105), juntos com os T área Noroeste apresentam 1 ou 2 vasos cerâmicos, (090) e o T (092), ou ainda, na área Bacaloyannis, enquanto as cistas da área Sudoeste possuem o T (059) e o T (064). artefatos mais variados. Podemos concluir, portanto, que os Distintamente deste quadro, os enterramentos em covas simples e em vasos enterramentos de adultos do GA totalizam 49, funerários no PG, tanto de adultos quanto eqüivalendo a cerca de apenas 12% do total de infantis, apresentam um mobiliário funerário enterramentos de adultos datados da Idade do bem menos diversificado quando comparados Ferro como um todo. Constatamos que 37 são com as oferendas depositadas nas cistas. Os em cista, 10 em cova simples e 2 são em pitos. enterramentos infantis aparecem nas mesmas A área Centro-Leste apresenta a grande maioria áreas que os enterramentos de adultos e as áreas das cistas, 27 e ainda 3 covas simples e 1 pito. Centro-Leste e Norte-Noroeste são utilizadas para A área Noroeste abrange o maior número de os três tipos de sepultura, cistas, covas simples e covas simples, 6 e apresenta também 3 cistas vasos. Apenas a área Oeste-Sudoeste é exclusiva e 1 pito. A área Sudoeste contém 7 cistas e 1 para enterramentos em cistas e covas simples. cova simples. As cistas continuam divididas em Quando passamos para a análise da dois grandes grupos segundo a composição do distribuição dos enterramentos datados do mobiliário funerário: de um lado, aquelas que Geométrico Antigo, a partir do Mapa 6, notamos não apresentam oferendas ou entre 1 e 3 vasos logo de início, que há uma intensificação do uso cerâmicos e, de outro, aquelas uma grande da área Centro-Leste para deposição dos mortos, diversidade de artefatos. Contudo, a quantidade apresentando um total de 40 enterramentos. As de cistas variadas aumenta de forma significativa outras duas área de concentração são a Noroeste, e representa um número bem maior em relação às com 16 enterramentos e a Sudoeste, totalizando demais. Conforme pudemos verificar na análise do

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mobiliário funerário, há uma grande quantidade T (345). As cistas e as covas apresentam alguns de túmulos com objetos em metal, principalmente vasos, entre 1 e 4, e 1 e 2 instrumentos em metal, armamentos em ferro, como pontas de lanças geralmente, anéis. A cratera não possui oferendas e punhais, alfinetes e anéis em bronze e ouro. no interior, porém o vaso é ricamente decorado. Tais enterramentos de adultos variados em cistas O número mínimo de enterramentos de localizam-se fundamentalmente nas áreas Centro- adultos datados do GM equivale a 45, cerca -Leste como, por exemplo, o T (127), T (160), T de 10% do total de enterramentos de adultos (162), T (217), T (226), T (234) e o T (765) e datados da Idade do Ferro como um todo e as Sudoeste, o T (020), T (022), T (028), T (056), T áreas de concentração se situam no Centro (062) eo T (129). e a Sudoeste, somando respectivamente 21 E essencial destacar que a maioria desses e 18 sepultamentos. Há, ainda, entre 6 e 8 enterramentos variados de adultos é reutilizada enterramentos na parte Noroeste da cidade. As durante o GM e o GR, principalmente, o GR II. cistas variam entre 36 e 38, as covas simples Os T (020), T (056), T (062), T (067), T (129), T correspondem 5 no total e os pitos a 4. Tais (167) e o T (245), por exemplo, foram reutilizados enterramentos se distribuem nas áreas de várias vezes no GM e no GR, totalizando 20 concentração da seguinte forma: Sudoeste (12 indivíduos adultos. Os enterramentos mais cistas, 5 covas e 1 pito); Central (20 cistas e 1 recentes, do GM e do GR, também se apresentam pito) e Noroeste (2 pitos e entre 4 e 6 cistas). bastante diversificados. Além disso, a maioria O número de cistas ainda é muito superior dessas cistas contém alguns e, às vezes, vários em relação aos enterramentos em pitos e em covas vasos datados do GR depositados na área simples. Todos os tipos de sepulturas aparecem externa das sepulturas. As covas simples também nas mesmas áreas. As covas simples de adultos apresentam artefatos em metal associados a vasos datadas do GM, situadas em sua totalidade na cerâmicos, contudo não só a quantidade é menor área Sudoeste, constituem enterramentos com em relação às cistas, como os objetos em metal um mobiliário funerário bem menos variado, correspondem, na maioria dos casos, a alfinetes entre 1 e 3 vasos cerâmicos ou mesmo sem a e anéis em ferro e bronze. Os dois exemplos de presença de oferendas. Os 4 enterramentos em enterramentos em pitos de adultos do GA não pitos apresentam um mobiliário funerário mais possuem oferendas. variado, dois deles com uma grande quantidade Analisando a distribuição dos enterramentos de vasos cerâmicos no interior e na área externa durante o Geométrico Médio (vide Mapa 7), com decoração bastante distinta, o T (136) e o T percebemos que as áreas de concentração de (302). Os outros dois contêm artefatos em metal enterramentos continuam sendo a área Central e e vasos associados, o T (109) e o T (441), sendo Sudoeste da cidade. Há um único enterramento que este último também apresenta uma grande em pito situado bem a Oeste e um outro em quantidade de vasos cerâmicos na área externa. cratera localizado na área Sudeste e por volta As cistas também apresentam oferendas de 6 enterramentos na área Norte-Noroeste. O bastante diversificadas e a maioria delas são número total de enterramentos atribuídos ao GM reutilizadas durante o GR, algumas delas mais cai em relação ao GA, totalizando, no mínimo de uma vez, contendo o esqueleto de 3, 4, 5, 6 55 sepultamentos. A área Sudoeste totaliza 23 e até 7 adultos no total. Comparativamente ao enterramentos, sendo configurados por 15 cistas, número total de enterramentos de adultos no GM 7 covas simples e apenas 1 pito. A Centro-Leste e mesmo em relação aos demais subperíodos da soma 24 enterramentos, caracterizados por 21 Idade do Ferro, a quantidade de enterramentos de cistas e 3 vasos funerários. adultos em cistas com mobiliário funerário variado A queda no número de enterramentos é grande. Os armamentos continuam presentes infantis é bastante significativa, de 13 no GA, na maioria das cistas, particularmente espadas em para apenas 6 durante o GM, representando quase ferro, como por exemplo, no T (164), T (166), 6% do total de enterramentos infantis datados da T (434) e no T (231), e é exatamente no final Idade do Ferro como um todo. A maioria desses do período, já na transição do GM II para o GR enterramentos se concentra na área Sudoeste da I, que aparece o primeiro elmo em bronze, no T cidade, abrangendo 2 cistas e 2 covas simples. (231). Estas cista mais variadas estão presentes Na área Noroeste situa-se um enterramento em tanto na área Central, quanto na área Sudoeste cratera, o T (303) e na área Sudeste, uma cista, o e é interessante notar que, quando elas não são

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reutilizadas no GR, muitas apresentam vasos cova simples e na área Sul-Sudoeste, abrangendo cerâmicos datados ainda do GM ou já do GR na 10 enterramentos, 9 em vasos e o enterramento área externa, em geral, sobre a placa de cobertura. em cista. Na parte Noroeste há um enterramento Finalmente, quando examinamos a em pito, no Terreno Photopoulou, Rua Aspidos, distribuição dos túmulos durante o GR (Mapa o T (316), e de forma isolada, aparece um 8), torna-se possível o levantamento de algumas enterramento em cratera na região do extremo questões essenciais sobre as práticas funerárias Noroeste, na Deiras, no Terreno Karantanis, o em Argos durante a Idade do Ferro. Em primeiro T (149), há outra cratera a Oeste, na Sondagem lugar, conforme já discutimos, notamos um 74, no flanco leste da Larissa o T (112) e, aumento brusco e acentuado no número total finalmente, uma terceira cratera segregada na de enterramentos, passando de 43 para 137, parte Sudeste, na Rua Karpetopoulou, o T (347). representando aproximadamente 26% do total de 0 enterramento infantil em cista, o T (432) enterramentos datados da Idade do Ferro como apresenta mobiliário funerário mais variado, um todo. Logo de início, quando observamos com artefatos em metal e vasos cerâmicos 0 Mapa 8, percebemos que, durante o GR, os em pequena quantidade. A cova simples, o T enterramentos voltam a ter um aspecto mais (087) apresenta uma fíbula em bronze e 2 vasos disperso na cidade. Entretanto as grandes áreas cerâmicos. Os enterramentos em vasos funerários de concentração ainda permanecem na porção correspondem a 15 crateras, 5 pitos, 4 ânforas e 1 Sul-Sudoeste e Central (abrangendo tanto jarro. A maioria das crateras não possui oferendas, uma porção para Leste, quanto para Oeste), porém são ricamente decoradas, com motivos totalizando 72 e 47 enterramentos em cada uma ornamentais geométricos variados e figurados, da delas respectivamente. Comparativamente, a mesma forma que as ânforas. Os pitos apresentam área Sul-Sudoeste apresenta um número bastante decoração incisa e o mobiliário funerário é para elevado de enterramentos, correspondendo a 34 todos os casos, constituído por 1 e 3 objetos em cistas, 29 vasos cerâmicos e 9 covas simples. A metal, alfinetes ou anéis em bronze e entre 1 e 4 área Centro-Leste está caracterizada por 17 cistas, vasos cerâmicos, como por exemplo, o T (024), 26 vasos cerâmicos e 4 covas simples, sendo uma T (147), T (316) e o T (811). Uma das ânforas delas uma possível ocorrência de cremação, o T apresentava um vaso depositado na área externa (146). A área A área Norte-Noroeste abrange da sepultura, o T (804). 10 enterramentos, configurados como 7 cistas e Os enterramentos de adultos eqüivalem a, 3 pitos, enquanto a área mais a Oeste apresenta no mínimo, 103, representando cerca de 25% 5, sendo 4 em vasos funerários e 1 em cova do total de enterramentos de adultos datados da simples. As partes mais isoladas a Sudeste contêm Idade do Ferro. A área Sul-Sudoeste apresenta 53 apenas 1 enterramento, uma cratera contendo enterramentos, 31 cistas, 13 em vasos funerários uma inumação infantil, o T (347), e no extremo e 9 covas simples. A região Central contém 31, Noroeste (no Terreno Karantanis), encontramos caracterizados por 16 cistas, 13 vasos funerários uma cratera com um enterramento infantil, o T e 2 covas simples. Na parte Norte-Noroeste há (149). Também durante o GR, verifica-se que os entre 15 e 17 enterramentos, 14 a 17 são cistas tipos de sepulturas aparecem em conjunto, nas e apenas um em pito. Isoladamente, a Oeste, há mesmas áreas de concentração. 1 enterramento em cova simples, o T (107) e, O número de enterramentos de crianças ainda, 3 enterramentos em um único pito, um do GR é 27, representando quase 27% do total deles é datado do GR I e os outros dois do GR II, de enterramentos infantis da Idade do Ferro e o T (108), caracterizando um caso de reutilização obtendo um aumento considerável durante o GR, da sepultura, todos encontrados na Sondagem 70, acompanhado pelo aumento geral na quantidade no flanco leste da Larissa. de enterramentos. Os enterramentos infantis Para os adultos a utilização dos vasos do GR são quase que exclusivamente em vasos funerários, em particular, do pito, também funerários, principalmente crateras, conforme já cresce de forma abrupta. Constatamos que dos foi verificado nas páginas anteriores. Há apenas 103 enterramentos mínimos de adultos, 30 são 1 cista, o T (432) e 1 cova simples, o T (087). em vasos funerários, sendo apenas 1 em uma As áreas de concentração dos enterramentos píxide, 2 em uma ânfora e os 27 outros em infantis situam-se na área Central, contendo 13 pitos. Entretanto, a cista ainda é majoritária, enterramentos, 12 em vasos e o sepultamento em contabilizando um número mínimo de 62

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enterramentos de adultos e as covas simples Teatro, na Rua Gounari, próximo à Agora, ou voltam a ter um aumento suave, somando 12 ainda nas proximidades do Cemitério Sul e do enterramentos. Durante o GR, novamente Bairro dos Refugiados, na Praça Kypseli: os T observa-se que não há áreas específicas para a (011), T (012), T (020), T (041), T (056), T utilização de um determinado tipo de sepultura (062), T (342) e o T (434). para os adultos, vasos funerários são encontrados Outro exemplo com características bastante nos mesmos lotes que as cistas e as covas simples. similares a esse tipo de lote específico de Estas últimas parecem se concentrar na região sepulturas é formado pelos T (772), T (773), Sudoeste. Todavia, se examinarmos de forma mais T (774) e T (775), enterramentos de adultos cautelosa, percebemos que, relativamente, quando encontrados pelo SGA no Terreno Xintaropoulou, comparamos o total de cistas e de vasos funerários na área Noroeste da cidade. Todos se configuram na região Centro-Leste, a quantidade de vasos enterramentos com mobiliário variado, contendo funerários é grande e na área Sudoeste-Sul da armamentos e vários objetos em ferro e bronze cidade, a quantidade de cistas é volumosa. Por e vasos cerâmicos ricamente decorados tanto exemplo, no Terreno Boulmeti, Rua Kalmochou, no interior do túmulo quanto na área externa, há um conjunto formado por 11 sepulturas em depositados sobre as placas de cobertura das cistas vasos funerários totalizando 7 crianças e 4 adultos, e são datado do GA, GM e GR, sendo que em com mobiliário funerário semelhante e, dessa dois casos as sepulturas foram reutilizadas duas forma, provavelmente, caracterizam um lote vezes. Ainda na área Norte-Noroeste situam-se familiar, expressando uma dimensão horizontal outros exemplos de cistas de adultos com essas das práticas mortuárias: do T (801) ao T (811). mesmas características, nos Terrenos Stavropoulos A maioria desses enterramentos são pitos que e Theodoropoulos: os T (231), T (257) e o T apresentam alguns artefatos em metal, geralmente (260). E interessante notar que há muito poucas anéis e alfinetes em bronze e alguns vasos ocorrências de enterramentos múltiplos com cerâmicos, entre 1 e 3. adultos e crianças, que poderiam denotar túmulos No Terreno Papaparaskevas, na Sondagem 80 familiares, apenas o T (257) e uma outra cista, realizada pela EfA, na área Sul-Sudoeste, situa-se o T (335) localizada também na área Norte- uma quantidade de cistas de adultos reutilizadas -Noroeste, porém classificada apenas como várias vezes durante o GM e, principalmente, o “geométrica”. O mesmo grupo de cistas de adultos GR, como já discutimos anteriormente, somando com mobiliário funerário variado e enterramentos um total de 25 indivíduos do sexo masculino múltiplos também pode ser constatado na área e feminino, os T (128), T (129), T (130) e o Central, na área do atual Museu de Argos, nos T (132). Tais cistas apresentam um mobiliário Terrenos Alexopoulos, Makris, Kympouropoulos funerário extremamente variado, composto e Lynkitsos, na área OTE: os T (099), T (158), T principalmente por vasos de grande porte e com (159), T (165), T (167), T (212) e o T (289). diversificados motivos ornamentais geométricos Muitas destas cistas possuem vasos datados e figurados. Além disso, vários vasos datados do GR depositados nas placas de cobertura. do GR II foram encontrados sobre a placa de A reutilização da cista e os vasos depositados cobertura das cistas e apresentavam grandes na área externa nos chamam a atenção para dimensões. Além de constituir um possível lote duas características importantes das práticas familiar, esses enterramentos de adultos podem mortuárias. A primeira delas está relacionada também denotar um determinado grupo social com a questão da visibilidade dos enterramentos, (guerreiro), estabelecido a partir dos critérios das pois para que a sepultura seja reaberta e abrigue dimensões verticais das práticas mortuárias, que, membros de um mesmo grupo familiar e, ou, durante o GR II, busca laços com os antepassados social, é necessário que haja algum tipo de do GM e do GA. Abrangendo a área Sudoeste, marca, de sinal que identifique o túmulo, como ainda percebemos que além desse lote específico, por exemplo, grandes lajes ou vasos cerâmicos. há uma grande quantidade de cistas de adultos A segunda está relacionada com práticas rituais com mobiliário funerário bastante variado, executadas pelos vivos, provavelmente membros principalmente armamentos em ferro e bronze e de um determinado grupo familiar e, ou, social, que se encontram nos mesmos locais que túmulos caracterizadas por visitas periódicas às sepulturas, datados do GA ou do GM e que foram reutilizados depositando objetos (vasos cerâmicos) e durante o GR, como por exemplo, na região do realizando exéquias como, por exemplo, libações

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em homenagens aos mortos. É interessante notar “pobres” A energia investida pelos artesãos no que, apesar de não encontrarmos em Argos as processo de fabricação desses vasos, seja por enormes crateras e ânforas com cenas de próthesis suas grandes dimensões, seja pela decoração e ekphorá encontradas no Cemitério do Dípylon elaborada, é grande e certamente proporciona em Atenas durante o GR II, a presença dos vasos um alto custo para aqueles que escolhiam os nas placas de cobertura pode denotar as mesmas vasos como o tipo de sepultura para enterrar os intenções dos vivos: homenagear e estabelecer mortos. vínculos com os mortos a fim de legitimar e Da mesma maneira, a construção de uma manter uma determinada ordem social e política. cista com grandes placas de pedra também Apesar da ausência de informações detalhadas deve ter despendido grandes esforços e altos nas crônicas e relatórios de escavações, há alguns custos. Comparativamente, as cistas do GR casos em que os autores afirmam que nas cistas apresentam uma maior quantidade e variedade de adultos foram encontrados vasos sem o fundo de artefatos depositados com os mortos e, em sobre as placas de cobertura, indicando a prática vários casos, elas foram reutilizadas várias da libação, como uma ânfora encontrada sobre vezes durante o GR e o enterramento mais as lajes de uma cista contendo armamentos em antigo data, principalmente, do GM. Porém em ferro e vários vasos cerâmicos e os restos ósseos alguns deles, ele pode datar do GA ou mesmo de um indivíduo do sexo masculino, encontrada do final do PG. Ressaltamos o fato de que na Rua Gounari, na área Sudoeste da cidade uma porcentagem significativa dessas cistas de (Pappi 2006: 232). adultos apresentam enterramentos masculinos Um exame mais detalhado da relação associados a armamentos, como espadas, entre a distribuição dos tipos de sepulturas e adagas, elmos, pontas de lança, entre outros e do mobiliário funerário indica que a maioria uma quantidade extraordinária de vasos com dos enterramentos de adultos enterrados motivos ornamentais bastante variados, com em pitos e em covas simples não apresenta figuras animais e humanas. Esses enterramentos oferendas ou contém apenas alguns vasos, reforçam a ideia de que uma camada guerreira- entre 1 e 4, em sua maioria. Em alguns casos, -aristocrática buscava se destacar e legitimar os vasos funerários contêm artefatos em seu status e sua participação no poder através metal em pequena quantidade e configuram dos costumes funerários, principalmente enterramentos múltiplos, por exemplo, um pito quando estabelece laços com seus antecedentes e uma ânfora situados na área Norte-Noroeste do GA e do GM. que apresentam um mobiliário funerário mais As covas simples, com algumas poucas variado, o pito tendo sido reutilizado duas vezes exceções, como por exemplo, o T (134) e o T durante o GR, o T (108) e a ânfora, T (456), (301), ambos encontrados na área Sudoeste, no Terreno Passias, apresentando vários objetos não apresentam oferendas ou contêm um em metal e vasos cerâmicos como mobiliário mobiliário funerário bem menos variado, formado funerário, ou ainda, a ânfora T (192), na Área por 1 e 3 vasos cerâmicos e, em grande parte, OTE, contendo vasos no interior do vaso e manufaturados. Além disso, alguns estudos na área externa, o T (441), contendo 8 vasos osteológicos realizados para túmulos escavados cerâmicos sobre a placa e artefatos em metal pelo SGA e datados do Período Geométrico e vasos no interior, encontrado no Terreno como um todo indicam que os indivíduos das Manou, na área Central, o T (415), situado covas simples apresentam uma incidência maior no Terreno Katsoguainnos, o T (814), no de doenças como infecções e traumas.69 Tais Terreno Kazantzi, o T (809), contendo um vaso depositado na área externa da sepultura, todos encontrados na área Central da cidade. Conforme já apontamos, os pitos apresentam 69 Tais estudos, conforme mencionamos anteriormente, decoração incisa e são de grande porte e os foram e ainda estão sendo realizados por pesquisadores enterramentos de adultos em ânforas, píxides e gregos. Contudo, a partir de 113 indivíduos estudados, outros vasos funerários, apresentam decoração já mostram alguns resultados interessantes que marcam bastante variada com motivos ornamentais diferenças de dieta e hábitos relacionados ao trabalho e esforço físico entre os indivíduos relacionados com figurados, dessa forma, não devem ser o atributo tipo de sepultura (Pappi 2011: 678-680, associados diretamente com enterramentos mais especialmenteTab. 8, p. 687 e Tab. 9, p. 688).

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evidências associadas à relativa ausência de áreas Central, Sudoeste e Noroeste. Os 164 oferendas e, ou, à baixa qualidade das mesmas e, enterramentos restantes são divididos em 26 ainda, a um dispêndio de energia mais baixo em infantis e 136 de adultos. relação aos demais tipos de sepultura no processo Os enterramentos infantis estão de construção do túmulo, podem indicar que configurados da seguinte forma: 16 em vasos tais indivíduos possuíam uma posição social funerários (sendo 11 em pito, 2 em cratera, mais baixa, exteriorizada através das práticas 2 em ánfora e 1 em hídria), 9 em cista e mortuárias. 1 em cova simples. Os enterramentos de Não parece haver tratamento diferenciado adultos dividem-se em: 73 em cistas, 47 em para adultos do sexo masculino e feminino vasos funerários (41 em pito e 6 em cratera) durante o GR e, em muitos casos de e, finalmente, 15 em covas simples. Há um enterramentos múltiplos, ambos os gêneros enterramento de adulto cujo tipo de sepultura é aparecem nas sepulturas. Da mesma forma, incerto, podendo ser uma cova simples ou uma comparando com os enterramentos infantis, cista, o T (281). Verificamos que o padrão de podemos afirmar que não é possível perceber a enterramento relacionando tipo de sepultura existência de áreas especificamente utilizadas e o atributo idade se mantém. Apesar de para enterrar as crianças, elas são depositadas haver um número grande de pitos utilizados nos mesmos locais que os adultos e, conforme para as crianças, os outros vasos também são vimos, em alguns casos bem claros, podem frequentemente utilizados. Já para os adultos, denotar lotes familiares. Nota-se, portanto, que a grande maioria dos enterramentos em vasos durante o GR, apesar da dispersão aparente dos é em pito e, no geral, a cista é mais usada para enterramentos, há um processo bastante visível enterrar os adultos do que os vasos ou as covas de concentração de enterramentos, formando simples. lotes exclusivos de uso de determinados grupos Partindo para uma análise do mobiliário familiares e, ou, sociais, principalmente, nas áreas funerário, é essencial ressaltar que a Sudoeste, Central (incluindo a região a Leste grande maioria dos enterramentos datados e Oeste) e Noroeste. Tais lotes organizam-se a genericamente como G não apresenta qualquer partir de enterramentos mais antigos, recuando oferenda no interior da sepultura e a datação até mesmo ao PG, mas fundamentalmente ao se dá ou pela análise estratigráfica associada GA. Há uma rejeição explícita das áreas Sudeste aos demais enterramentos, aos vestígios e Nordeste durante a Idade do Ferro como um habitacionais ou, ainda, a fragmentos ou vasos todo, sendo que no Período Arcaico, há uma cerâmicos que estavam imediatamente na área concentração de pitos na área Nordeste, nas externa dos túmulos, porém que não permitem margens do Rio Charadros. uma datação mais precisa, sendo possível Finalmente, cabe-nos examinar ainda obter apenas uma distinção clara daquilo que aqueles túmulos que são classificados apenas é característicamente SM e PG. De outro lado, como “Geométricos” (vide Mapa 9, p. 242), há muitos casos em que os enterramentos pois apesar de apresentarem uma datação mais possuem um mobiliário funerário bastante genérica, excluem os túmulos datados do SM variado e plenamente passível de datação, e do PG. Tais sepulturas correspondem, dessa porém os pesquisadores, devido à ausência forma, a enterramentos datados do GA, GM de um estudo mais detalhado que resulte ou GR. A porcentagem desses enterramentos na publicação do material, preferem apenas é relativamente grande quando comparamos classificá-los como “geométricos”. Por exemplo, com o total de enterramentos datados da o T (330), encontrado na área Central, Idade do Ferro em Argos, representando próximo ao Museu, o T (335), na área Norte - aproximadamente 34% e contabilizando um -Noroeste e os T (799), e o T (800), situados total de 206 enterramentos. Destes 206, na área Sudoeste, na Rua Tripoleos, próximo 42 correspondem a túmulos para os quais o à Agora. Esses túmulos são configurados por atributo idade não pode ser identificado, 22 cistas com enterramentos múltiplos de adultos são em vasos (19 pitos, 2 crateras e 1 jarro), e uma ocorrência com enterramentos de adulto 16 são em cistas e 4 em covas simples. A e infantil, o T (335), e todos eles contêm maioria desses enterramentos está localizada armamentos em ferro, artefatos em bronze e nas três grandes áreas de concentração, nas vários vasos cerâmicos ricamente decorados.

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Analisando a distribuição desses metal, contudo não especificam o conteúdo. enterramentos, observamos que as três grandes Entretanto, há alguns enterramentos de adultos áreas de concentração (Central, a Sudoeste e em pitos com mobiliário funerário bastante a Noroeste da cidade) se mantêm, tanto para variado também. Para as crianças, a situação é os enterramentos de adultos, quanto para os bastante similar; no geral, os pitos, as crateras infantis. Para os enterramentos de adulto temos e as ânforas não possuem oferendas ou apenas o seguinte quadro de acordo com as áreas da 1 ou 2 vasos. Já as cistas, a maioria delas cidade: apresenta um mobiliário funerário bem mais variado. Contudo, há alguns exemplos de pitos Central - total de 36 enterramentos: 19 em com enterramentos infantis que possuem uma cistas, 13 em pitos e 4 em covas simples; grande quantidade de vasos. Leste - total de 3 enterramentos em cista; Resumindo as reflexões levantadas até o momento sobre a questão do espaço dos Oeste - total de 5 enterramentos: 3 em pitos mortos, poderíamos sugerir, portanto, que ainda e 2 em cistas; durante o PG, mas de forma mais intensificada Noroeste - total de 33 enterramentos: 20 em no GA, observa-se um processo de formação cistas, 11 em vasos funerários (6 em pitos e 5 em de uma camada guerreira aristocrática que rateras) e 2 em covas simples; através das diferenças nas práticas funerárias Sudoeste - total de 29 enterramentos: 15 em evidencia seu status e seu poder social e cistas, 10 em pitos e 4 em covas simples; político. Esta camada seria responsável pela Norte - total de 15 enterramentos: 10 em reorganização e reestruturação dos aspectos cistas, 3 em covas simples e 2 em pitos; político e econômico em Argos durante o início da Idade do Ferro. O fato mais intrigante e Sul - total de 13 enterramentos: 9 em vasos que, provavelmente, nos forneça as reflexões (8 em pitos e 1 em cratera) e 4 em cistas; mais importantes em relação às práticas mortuárias está no fenômeno da reutilização da Já para os enterramentos infantis o quadro é sepultura. Apesar das áreas de concentração um pouco diferenciado: de enterramentos do PG permanecerem como áreas de concentração de sepultamentos Sudoeste - total de 8 enterramentos: 3 em também durante o GR, os enterramentos do pitos e 5 em cistas; PG não são reutilizados durante o GR. As Noroeste - total de 6 enterramentos: 4 em sepulturas do GA passam a ser reutilizadas no vasos (2 em crateras e 2 em pitos), 1 em cista e 1 GM e no GR, principalmente no GR II. Esses em covas simples; enterramentos reutilizados do GA, de forma Sul - total de 5 enterramentos: 4 em vasos (3 geral, são aqueles que apresentam mobiliário em pitos e 1 em ânfora) e 1 em cista; funerário extremamente variado. Poderíamos Norte - total de 4 enterramentos: 3 em vasos ir além da afirmação que durante o GA teria (2 em pitos e 1 em hídria) e 1 em cista; se formado uma camada mais abastada em Argos, indicando que esta camada teria se Central - total de 2 enterramentos: 1 consolidado social e politicamente durante o em ânfora e 1 em cista; Oeste - total de 1 período posterior, o GM, e que, durante o GR, enterramento em pito. principalmente em direção ao final da Idade do Ferro, no GR II, estaria estabelecendo laços Novamente podemos notar que os tipos com seus ancestrais do GA para reafirmar seu de sepulturas são encontrados em conjunto, prestígio social e tentar justificar e legitimar sua nas mesmas áreas de concentração, tanto para participação e sua manutenção / permanência os enterramentos infantis, quanto para os de no poder político, que se encontrava ameaçado adultos. Conforme já mencionamos, a maioria pelas transformações iminentes resultantes do dos enterramentos “geométricos” não possui processo de formação da pólis argiva. qualquer tipo de oferenda, principalmente E interessante notar que os indivíduos os pitos. Quanto às cistas de adultos, em do GR II em Argos estabelecem laços com muitos casos, os pesquisadores informam antecedentes da própria Idade do Ferro, buscam que foram encontrados vasos e artefatos em suas raízes no GA e não em períodos mais

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distantes, como pode ser verificado em outras relacionada à visibilidade dos enterramentos, regiões da Grécia no mesmo período.70 O GA aos enterramentos formais dos integrantes desse constitui-se, portanto, um período fundamental grupo. Tal fato, por exemplo, pode explicar a no processo de organização social e política queda no número de enterramentos do PG para para os grupos que estavam se formando e se o GA e do GA para o GM. consolidando em Argos, pois é neste momento Durante o GR, a situação é um pouco que tal processo é perceptível através das mais complexa. O processo de ostentação distinções nos costumes funerários, como por dessa camada guerreira exteriorizada exemplo, na ostentação do mobiliário funerário pelos enterramentos de adultos em cista é em determinadas cistas. intensificado e os laços familiares e com os Notamos que o processo de reorganização antepassados são reforçados a fim de legitimar (de todos os aspectos) da vida e de e justificar a permanência no poder durante as reestruturação do poder e da própria sociedade transformações que levam ao surgimento da após períodos tão conturbados, pós Heládico pólis argiva. Entretanto, a análise espacial e do Recente IIIB, com a desintegração do mobiliário funerário desses contextos revelam sistema palacial micênico, são sentidas nos que, pelo menos uma outra camada também enterramentos do SM (evidente e brusca faz uso dos enterramentos como uma forma de queda populacional e pelas características do tornar visível sua posição e seus anseios, aquela mobiliário funerário) e tais conseqüências ainda que utiliza os vasos funerários. Tal exame revela permanecem durante o PG, quando se inicia o que classificá-la como a “camada pobre” da processo de diferenciação e de estabelecimento sociedade corresponde a uma interpretação no poder de uma camada mais abastada que direta e simplista entre os contextos funerários proporcionava segurança, organização e e a estruturação da sociedade. Os indivíduos estabilidade social e política na comunidade enterrados em covas simples, por outro lado, que se formava, em pleno crescimento. podem, de fato, configurar uma camada menos Durante o GA e mesmo durante o GM, abastada da sociedade, que de forma cada vez a situação se mantém mais ou menos estável, mais intensa, recebe uma quantidade cada vez através de um processo de ostentação dos menor de enterramentos formais em direção ao contextos funerários verificado em ambos os final da Idade do Ferro. A comunidade argiva períodos. Poderíamos afirmar, dessa maneira, durante o século VIII a.C., portanto, pode ser que é durante o GA e o GM que se dá a considerada como complexa, hierárquica e consolidação dessa camada guerreira no poder fundamentada em posições sociais atribuídas e a organização da sociedade, mesmo que de ao nascimento, que busca reforçar os laços forma manipulada e ideal, está intimamente familiares e sociais e com seus antepassados.

70 Os laços com o passado da Idade do Bronze foram quebrados no final do SM em Argos, distintamente dos demais sítios da região, conforme veremos na análise que segue. Apenas durante o SM é possível observar o fenômeno de reutilização das sepulturas da Idade do Bronze (as reutilizações dos túmulos em câmara micênico na párea da Deiras, por exemplo). Após o SM, não há nenhum enterramento que tenha reutilizado as sepulturas das necrópoles micênicas. Pelo contrário, o processo de separação e continuidade de uso das áreas de concentração de enterramentos do PG até o final do GR é evidente e contínuo, tomando-se cada vez mais acentuado em direção ao final da Idade do Ferro. Não há evidências nem de deposição de vasos do GR em sepulturas da Idade do Bronze em Argos, fenômeno que ocorre não só nos demais sítios da Argólida, mas em vários sítios de outras regiões gregas durante o século VIII (Antonaccio 1995). A deposição de vasos durante o GR é verificada em túmulos do GA e do GM, conforme apontamos anteriormente.

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Tirinto. enterramentos encontram-se publicados no AM 78 (1963), p. 1-62. O sítio arqueológico de Tirinto (ou Atualmente, as campanhas se concentram também denominado de Ap%aía TípuvGaç) faz na área nordeste da chamada Cidade Baixa no parte do município da Nova Tirinto (Àf)poç interior da cidadela e também na área a Oeste Néaç TípnvGaç) e pertence a municipalidade da cidadela, nos limites do sítio arqueológico. de Náuplia. Situa-se entre Náuplia e Argos, As escavações neste setor são coordenadas aproximadamente a 5 km a noroeste de Náuplia pelo Prof. Dr. Joseph Maran, da Universidade e 6 km a sudeste de Argos e está a uma distância de Heidelberg, que busca entender a transição se 15 km a sudeste de Micenas (Mapas 1 e 2). da Idade do Bronze para a Idade do Ferro em A grande cidadela micênica, com suas muralhas Tirinto, principalmente o Heládico Recente IIIC ciclópicas, está assentada sobre uma montanha e, durante suas campanhas, inclusive naquelas isolada de 300 m de comprimento e entre 45 realizadas em 2008, ainda encontra enterramentos e 100 m de largura na planície da região da datados da Idade do Ferro nesta área fora da Argólida. As escavações em Tirinto tiveram início cidadela, a Oeste da muralha.71 por volta de 1831 e ainda são conduzidas em conjunto pelo Instituto Arqueológico Alemão de Atenas e pelo Serviço Grego de Arqueologia. 1) Informações Gerais. Um grande conjunto de sepulturas datadas da Idade do ferro corresponde aos túmulos No levantamento dos túmulos datados numerados pelos arqueólogos do T. 1 ao T. da Idade do Ferro em Tirinto realizado para a 41 e foram todos encontrados na Necrópole elaboração do Corpus documental a partir das Sudoeste em 1912 e se encontram publicados crônicas e relatórios de escavação desde os mais na Parte II “Die ‘geometrische’ Nekropole” da antigos até os mais recentes, verificamos que obra de Frickenhaus, A.; Muller, W.; Oelmann, há cerca de 133 túmulos escavados em Tirinto F. Tiryns I. Die Ergebnisse der Ausgrabungen des datados desde o Submicênico até o Geométrico Instituts. Athens: Eleutheroudakis und Barth, Recente. Tais sepulturas se configuram 1912. Correspondem a túmulos encontrados nas da seguinte forma: quatro sepulturas não campanhas de 1907 a 1909 e constituem um apresentavam restos ósseos, sendo classificados total de 41 sepulturas divididas em 18 túmulos como kenotáphoi. Tratam-se de 3 túmulos em em cista, 21 em vasos funerários, em pitos vaso funerário datados do GR, os T (479), T especificamente e apenas 2 em cova simples. (527) e o T (556), e um provável túmulo que Todos os túmulos em cista apresentavam formato seria constituído por um depósito de vasos, o T retangular e cujas paredes são constituídas por (554). Em um túmulo foram encontrados poucos grossas placas de pedra de calcário, ou seja, restos ósseos, T (540) e um único túmulo é configuram exemplos de cista em ortóstato. No descrito por Verdelis (1963: 53-54) como uma geral, também são fechados por uma ou mais cremação em pito parcialmente destruído, o T grossas placas de pedra e também apresentavam (532), o qual não foi possível qualquer sinal de medidas que variam entre 0,75 m a 1,70 m de identificação da idade. Os demais 127 túmulos comprimento, 0,40m e 0,75 m de largura e 0,50 são caracterizados por inumações de adultos e e 1,10 m de profundidade. As sepulturas em crianças, individuais ou múltiplas em cistas, vasos cistas correspondem o T. 1 ao T. 18. Os túmulos funerários e covas simples. Há um total de 14 em umas funerárias são, em sua grande maioria, túmulos com inumações múltiplas, contendo dois pitos, e apresentavam, em geral, uma placa de esqueletos em cada um deles. Dessa forma, o total pedra com cobertura, fechando a boca do vaso, ou de enterramentos em Tirinto datados da Idade do então, fragmentos de outros vasos, uma ánfora ou Ferro sobre para 141. uma cratera, ou mesmo os vasos inteiros. O segundo grande grupo de sepulturas datadas da Idade do Ferro corresponde aos túmulos numerados pelos pesquisadores de I a XXVIII e foram todos encontrados na área 71 Dois túmulos infantis em pitos foram encontrados durante a campanha realizada pelo Prof. Maran nesta Phylaki, na campanha de 1957. Apenas os T. XX área em 2008. Tais túmulos ainda não foram publicados e, e o T. XXI são datados do Heládico Recente. Tais portanto, não foram incluídos no catálogo.

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2) Idade / Gênero e as relações com os Tipos de sexo masculino e uma criança, o T (577) e a Sepultura. 27 sepulturas com inumações individuais. Os enterramentos de adultos correspondem a 13 Examinando o total de enterramentos a sepulturas reutilizadas uma vez, 12 contendo partir do atributo idade, notamos que desse dois indivíduos adultos em cada uma delas e 1 total de 141 enterramentos, 29 correspondem com um homem e uma criança e as demais 97 a inumações infantis e 110 a inumações de sepulturas abrigando inumações individuais. Há adultos. Há dois enterramentos em pitos o T 3 enterramentos de adultos para os quais não (551), classificado apenas como “Geométrico” há informações sobre o tipo de sepultura, o T e o T (557), datado do GR I, para os quais (500), datado do GM I, o T (550), classificado não há informações sobre o atributo idade. apenas como “Geométrico” e o T (588), datado As inumações infantis correspondem a duas do GA. Distribuindo inicialmente, portanto, os ocorrências de enterramentos múltiplos, uma enterramentos separados de acordo com a idade contendo duas crianças, o T (572) e a outra (crianças e adultos) nos subperíodos da Idade do abrigando os restos ósseos de um adulto do Ferro, obtemos a TABELA 30 a seguir:

TABELA 30 Número total de enterramentos divididos por idade e subperíodos da Idade do Ferro. Período / SM/ PG/ GA/ GM/ SM PG GA GM GR G Total Idade PG GA GM GR

Criança 1 14 2 1 3 2 5 1 29

Adulto 9 29 5 13 1 15 6 17 15 110

10 43 7 14 1 18 8 22 16 139

O primeiro fato que nos chama a também ocupação contínua, ininterrupta do atenção diz respeito à pequena quantidade de sítio, com um caráter mais acentuado do que a enterramentos infantis. Da mesma forma que ocupação argiva no mesmo subperíodo. em Argos, os enterramentos infantis eqüivalem Relacionando o total de 141 enterramentos a apenas aproximadamente 21% do total com a dimensão tipo de sepultura, verificamos de enterramentos, enquanto os de adultos que há um total de 67 enterramentos em cistas, representam cerca de 79%. Percebemos que a 54 em vasos funerários e 17 em covas simples e maioria dos enterramentos, tanto de adultos, tais sepultamentos podem ser distribuídos pelos quanto infantis data do PG. Durante o período subperíodos da Idade do Ferro, formando a que se segue, o GA, notamos que há uma TABELA 31, a seguir. queda relativa no número de enterramentos, Em primeiro lugar, o número de cista equivale contudo este número não cai de forma tão a cerca de 49% do total de enterramentos, brusca comparativamente aos enterramentos enquanto a quantidade de vasos funerários em Argos. Já em direção ao final da Idade do corresponde a aproximadamente 39% e as Ferro, durante o GM, e, principalmente durante covas simples representam apenas 12%. Há o GR, o número de enterramentos cresce uma preferência clara pelo uso da cista no início significativamente. Tal fenômeno também é da Idade do Ferro, fundamentalmente no PG. observado em Argos, conforme analisamos nas Durante o SM os enterramentos em covas simples páginas anteriores. Entretanto, é interessante são majoritários e, apesar deste tipo de sepultura reparar que, comparativamente a Argos, durante aparecer em quase todos os subperíodos da Idade o SM, a quantidade de enterramentos em Tirinto do Ferro, nota-se que a concentração se dá nos é grande, indicando um momento explícito de subperíodos iniciais, durante o SM e o PG. turbulência e queda população, porém, denotando

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TABELA 31 Número total de enterramentos divididos por tipo de sepultura e subperíodos da Idade do Ferro. Período/Tipo SM/ PG/ GA/ SM PG GA ™ GM/ GR G Total de Sepultura PG GA GM GM GR

Cista 3 36 5 8 1 8 3 3 67 Vaso 2 1 5 9 7 19 11 54 Funerário Cova 7 5 1 1 1 2 17 Simples

10 43 7 13 1 17 8 23 16 138

______GRÁFICO _9______Número de enterramentos divididos por tipo de sepultura e subperíodos da Idade do Ferro.

O enterramento em vaso funerário visualizar melhor tais conclusões iniciais a partir é introduzido no final do PG, da mesma do GRÁFICO 9. maneira que em Argos e, a partir do GM, Observando o gráfico, contata-se que há uma mas principalmente no GR, o uso do vaso diferença marcante em relação ao final da Idade para enterrar os mortos sofre um aumento do Ferro entre Argos (GRÁFICOS 1, 2 e 3, p. expressivo, sendo mais de 6 vezes maior do que os 118, 122 e 125) e Tirinto. Em Argos, notamos enterramentos em cista.72 Verifica-se que o GM que após um período de declínio, durante o GA se trata de uma fase intermediária, de transição, e o início do GM, as cistas voltam a apresentar pois o número de enterramentos em cista e em um crescimento no GR, acompanhado pelo vaso funerário são praticamente iguais. Podemos grande crescimento dos vasos funerários. Em Tirinto, a partir do GA, as cistas vão diminuindo de forma cada vez mais acentuada, de modo que, durante o GR, os enterramentos em vasos 72 Essa preferência geral por cistas e covas simples funerários representam mais de 82% do total de durante o início da Idade do Ferro em Tirinto configura enterramentos do período. Para entendermos um costume funerário oposto em relação àquele observado melhor a situação, faz-se necessário examinar a durante o GR, quando o vaso funerário corresponde ao tipo de enterramento padrão. Tal tendência já havia sido relação entre os dois atributos, idade e tipo de constatada tanto por R. Hàgg (1974) quanto por A. Foley sepultura, distribuídos para cada subperíodo da (1988), entretanto os autores não examinaram de forma Idade do Ferro, formando as tabelas seguintes mais detalhada a relação entre os tipos de sepultura e (TABELAS 32, 33 e 34): o atributo idade, distribuindo os enterramentos pelos subperíodos.

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TABELA 32 Número de enterramentos em cistas divididos por idade e subperíodos da Idade do Ferro. Período/ SM/ PG/ GA/ GM/ SM PG GA GM GR G Total Idade PG GA GM GR Criança 1 13 1 15 Adulto 2 23 4 8 1 8 3 3 52 3 36 5 8 1 8 3 3 67

TABELA 33 Número de enterramentos em vasos funerários divididos por idade e subperíodos da Idade do Ferro.

Período/ o w SM/ GM/ p r PG/ GA G A / P U GR G Total Idade S M PG PG GA GM GR

Criança 1 1 3 2 5 1 13 Adulto 2 4 6 5 13 9 39 2 1 5 9 7 18 10 52

TABELA 34 Número de enterramentos em cova simples distribuídos no subperíodos da Idade do Ferro. Período/ SM/ PG/ GA/ SM ™ GM/ GR G Total Idade PG GA GA GM GM GR Criança 1 1 Adulto 7 4 1 1 1 2 16 7 5 1 1 1 2 17

Analisando primeiramente os enterramentos O exame dos enterramentos de adultos nos infantis, notamos que o número de cistas e de revela que há uma predileção pelo uso da cista, vasos funerários é bastante próximo. Entretanto, pois esse tipo de sepultura corresponde a 48,5% há uma distinção evidente entre os períodos de do número total de enterramentos, enquanto os utilização de um e de outro tipo de sepultura. A enterramentos em vaso eqüivalem a 36,5% e em cista é exclusivamente utilizada durante o início da cova simples a cerca de 15% do total. A grande Idade do Ferro, até o final do PG e início do GA. maioria (mais da metade) da cistas é datada do A partir desse momento, exatamente quando se PG e do período de transição, do final do PG e dá a introdução do vaso funerário para enterrar as início do GA I. O pito começa a ser utilizado crianças, este para a ser o único tipo de sepultura ainda no final do PG para enterrar os adultos e usado até o final do GR. Podemos concluir que apresenta um crescimento linear até o final do há uma certa rejeição pelo uso da cova simples GR, sendo que este configura o subperíodo de para enterrar as crianças, pois há apenas um único maior concentração de enterramentos em pitos túmulo deste tipo, o T (564). Os enterramentos em para adultos. Todavia, apesar do número de pitos vaso funerário configuram-se da seguinte forma: ser mais de 6 vezes maior em relação à cista, 7 em pito, 5 em ânfora e apenas um em píxide. notamos que, distintamente dos enterramentos Distintamente dos padrões de enterramentos infantis, durante o GR, tanto as cistas quanto os infantis definidos para Argos, não há exemplos de pitos são utilizados para enterrar os adultos. Os enterramentos infantis em crateras em Tirinto. Os sepultamentos em vaso funerário de adultos estão pitos e as ânforas são os vasos funerários usados configurados da seguinte forma: 37 em pito, 1 frequentemente para as crianças. em ânfora, o T (506) e 1 em cratera, o T (507).

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Os enterramentos em cova simples, apesar da que não é possível levantar reflexões sobre os baixa quantidade em relação aos demais tipos de enterramentos infantis, apenas 1 do total de 29 sepultura, acompanham o padrão das cistas, pois sepultamentos apresenta informações seguras se concentram no PG e no GA. Contudo, as covas sobre tal atributo; o T (535), na Área Phylaki, simples são usadas para os adultos de forma mais datado do final do PG, orientado na direção ou menos estável durante toda a Idade do Ferro. Sul. Há dois enterramentos infantis cujas Resumindo, poderíamos afirmar que, no sepulturas estão alinhadas no sentido Norte-Sul início da Idade do Ferro, durante o SM e o PG, e, portanto, os crânios das crianças podem estar as crianças são enterradas quase que unicamente direcionados tanto no sentido Norte quanto para em cistas, enquanto os adultos, em cistas e o Sul, o T (460) e o T (470), ambos encontrados covas simples. Durante o Período Geométrico, a na Necrópole Sudoeste, o primeiro datado do partir do GA até o final do GR, as crianças são SM e o segundo do PG. enterradas exclusivamente em vasos e os adultos, Para os enterramentos de adultos a situação majoritariamente em vasos, mas as cistas e as covas é um pouco mais clara. Contudo comparado simples ainda são utilizadas em um número bem com o total de enterramentos, o número de menor. Estas são as conclusões preliminares dos sepultamentos que apresenta informações sobre padrões funerários em Tirinto durante a Idade o atributo orientação do corpo / sepultura é do Ferro, considerando as dimensões idade e tipo relativamente pequeno. Dos 110 enterramentos de sepultura. Passemos então, para a análise da de adultos, aproximadamente a metade, 54 Orientação e Posição do corpo. sepultamentos, apresenta informações seguras sobre a orientação. Tais enterramentos podem ser distribuídos nos subperíodos da Idade do 3) Orientação e Posição do corpo. Ferro de acordo com a TABELA 35. Quando passamos para a análise do quesito orientação do corpo / sepultura, notamos

TABELA 35 Número dos enterramentos de adultos divididos por orientação e subperíodos da Idade do Ferro. Período/ SM PG GA GM GR G Total Orientação

Norte 1 1

Sul 1 1

Leste 1 1 1 3

Oeste 2 12 2 1 2 1 20

Noroeste 1 3 4

Sudoeste 3 6 3 3 5 2 22 + 2*

Nordeste 1 1

Sudeste 0

5 20 8 5 10 4 52 + 2

* Há outros dois enterramentos de adultos que não possuem datação segura e outro que é datado do PG (o T (540), na Área Phylaki), porém, possui poucos restos ósseos no interior (provavelmente adulto, mas não há certeza). Entretanto, a orientação dos esqueletos é dada seguramente pelos pesquisadores no sentido Sudoeste. Dessa forma, decidimos incluí-los somente no total de enterramentos.

150 Camila Diogo de Souza

Há 10 sepulturas escavadas entre os anos apenas 1 é classificado genericamente como 1907 e 1909, na Necrópole Sudoeste que estão “Geométrico” alinhadas paralelamente em determinados Analisando os dados da TABELA 35 e sentidos padrões (Planta 7). Os T (459), T do GRAFICO 10, notamos que a maioria dos (461), T (462), T (463), T (464), T (465), T enterramentos de adultos do PG possui orientação (466), T (467), T (468) e o T (471) encontram- para Oeste / Sudoeste. Há apenas 1 enterramentos -se distribuídos em duas linhas paralelas no orientado para Nordeste. Dessa maneira, parece sentido Nordeste-Sudoeste e, dessa forma, os que o padrão de enterramento durante esse crânios dos indivíduos podem estar depositados subperíodo são as direções Oeste e Sudoeste e tanto na extremidade Nordeste, quanto na poderíamos sugerir que esses 7 enterramentos Sudoeste. Quando analisamos as datas desses datados do PG da Necrópole Sudoeste, muito enterramentos, percebemos que 7 são datados provavelmente, estariam orientados para Sudoeste do PG ou final do PG (no período de transição e não para Nordeste (Hãgg 1980:119-26). entre o PG e o GA), 2 são datados do GA e

______GRÁFICO 10______Número de enterramentos de adultos segundo o sentido de orientação da sepultura / corpo.

Ainda na Necrópole Sudoeste, há 2 túmulos, Percebemos que os adultos são o T (469) e o T (472), que estão alinhados no majoritariamente enterrados nos sentido Oeste sentido Noroeste-Sudeste e outro, contendo 2 e Sudoeste em Tirinto, durante toda a Idade do inumações de adultos, o T (481), que se encontra Ferro. Há exemplos de enterramentos para todas alinhado no sentido Norte-Sul. O T (469) é as direções, contudo está claro que os sentidos datado do GA, o T (472) é apenas classificado Norte, Sul, Nordeste e Sudeste são evitados. como “Geométrico’ e o T (481), tanto o Relacionando a orientação com o quesito tipo primeiro, quanto o segundo enterramento datam de sepultura, percebemos que os enterramentos do GM e, mais especificamente do final do GM. em cista (maioria durante o PG) apresentam Há, ainda, dois enterramentos, o T (479), na uma preferência marcante para o sentido Oeste, Necrópole Sudoeste e o T (527), na Area Phylaki, enquanto os enterramentos em vasos funerários que não contêm restos ósseos, portanto, não (dominantes durante o GM e, principalmente, pudemos incluí-los nos enterramentos de adultos. o GR) estão voltados não só para Oeste, mas Entretanto ambos apresentam orientação segura, também para Sudoeste e Noroeste. No final segundo os pesquisadores. O T (479) é datado do da Idade do Ferro o sentido Sudoeste parece final do GR II e está orientado para Norte e o T consistir a direção preferida para deposição (527) é datado do final do GM e início do GR e dos mortos e de construção da cista. R. Hãgg está direcionado para Oeste. (1980: 125-26) aponta para uma tendência

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durante o GR em enterrar os mortos para Oeste / 4) O Mobiliário Funerário. Sudoeste. Tendência esta que, segundo o autor, é acompanhada por uma predileção a estes sentidos 4.1) Características da produção cerâmica de Tirinto. maior nos enterramentos em vasos funerários do que em cista. Tal conclusão, como podemos Assim como em Argos, o mobiliário dos observar com os dados detalhados da tabela e da contextos funerários em Tirinto durante a Idade análise dos atributos anteriores, é, na verdade, do Ferro é constituído por objetos cerâmicos, complementar ao padrão de sepultamento fundamentalmente vasos, e artefatos em metal, durante o final da Idade do Ferro, pois coincide a maioria confeccionada em bronze e ferro, mas com o aumento do número de enterramentos também uma grande quantidade em ouro. Há em vasos (e de preferência em pitos) no GR. também um grande número de contas em faiança, Todavia, também é importante ressaltarmos que esteatito e cristal de rocha utilizado na fabricação não se trata de uma inovação, pois as cistas do de colares. As características da produção início da Idade do Ferro (principalmente do PG) cerâmica em Tirinto estão intrinsecamente já apresentavam tais direções. Acreditamos, dessa relacionadas à posição geográfica do sítio, situado maneira, que, apesar do tipo de sepultura ter quase na metade do trajeto entre Argos e Náuplia mudado, a preferência para enterrar os mortos e também próximo ao mar. A coloração e a pasta para os sentidos Oeste e Sudoeste permaneceu da cerâmica possuem características tanto da durante todas as fases da Idade do Ferro. produção argiva, quanto da cerâmica encontrada No que diz respeito à posição do corpo em Náuplia, e podem ser caracterizada como para os enterramentos em cista e cova simples, resultantes de uma mistura. No geral, a coloração percebemos que em 8 do total de 11 cistas infantis dos vasos torneados é bem pálida com tom de o esqueleto encontrava-se em posição contraída, bege, identificada pelos códigos 10YR 7/4 (very apenas 2 em posição estendida e 1 deles não palé brown) 2.5Y 7/3 (pale yellow) do Munsell. contém informações sobre esse dado. Dos dois Contudo, também encontramos, principalmente enterramentos em posição estendida, um data do em direção ao final da Idade do Ferro, vasos com SM (o T (460), na Necrópole Sudoeste) e o outro tons de vermelho e marrom, semelhantes àqueles do PG (o T (590), na Área Nordeste da Cidade encontrados em Argos e representados pelos Baixa). Como não há enterramentos infantis em códigos 5YR 7/4 (pink) e 5YR 6/4 (light reddish cista no GM e no GR, os que apresentam posição brown). Os vasos cerâmicos manufaturados, em contraída se concentram principalmente no PG. geral, apresentam tons mais escuros acinzentados Quando consideramos o atributo posição e pretos, correspondente aos códigos 2.5Y do corpo para os enterramentos de adultos, 4/1 (dark gray) e 2.5Y 3/2 (very dark grayish verificamos que 54 enterramentos em cista e brown). Tanto os vasos torneados, quanto os em cova simples possuem informações sobre tal manufaturados caracterizam-se por uma cerâmica atributo, representando cerca de 50% do total bem queimada, às vezes, exageradamente de enterramentos de adultos da Idade do Ferro. queimada, com o núcleo bem escuro em tons Desse total, apenas 3 esqueletos estão estendidos, alaranjado ou avermelhado. A pasta tanto dos deitados de costas e 1 (o T (498), na Necrópole vasos torneados quanto de uma grande parte Sudoeste) pode estar na mesma posição, mas é dos vasos manufaturados possui antiplásticos incerto. Os outros 50 enterramentos de adultos bem pequenos e finos. Entretanto, há uma foram encontrados todos em posição contraída, grande quantidade de vasos manufaturados com com o morto deitado de costas e com as pernas antiplásticos grossos, fazendo com que a cerâmica dobradas para a esquerda ou para a direita. Da adquira um aspecto bastante rústico e, muitas mesma forma como as duas cistas infantis que vezes, mal elaborada. apresentavam os esqueletos em posição estendida, No que diz respeito às formas dos vasos, uma as 3 cistas em que certamente foram encontrados vasta gama é encontrada nos contextos funerários. esqueletos de adultos nessa posição também As mais recorrentes são esquifos, taças, ánforas, são datadas do PG. Podemos concluir que a enócoas e cântaros. As píxides aparecem em preferência pela posição contraída em Tirinto número bem menor, quando comparadas aos se dá desde o início do Idade do Ferro e que contextos argivos, por exemplo. As peculiaridades contribui para o grande padrão de enterramentos de Tirinto em relação à produção cerâmica na Argólida neste período. caracterizam-se pelo grande número de vasos

152 Camila Diogo de Souza

manufaturados e pelas formas atípicas desses que motivo ornamental é reincidente principalmente não são encontradas em outros sítios da Argólida, nos vasos encontrados em Argos, Tirinto e Asine. como por exemplo, o cântaro e as ânforas com É necessário chamar a atenção para o fato de corpo bastante globular, bojudo, contendo um que os motivos figurados aparecem de forma orifício de saída na pança, como por exemplo bastante precoce em Tirinto, apesar de haver o anforisco a 13 do T (483), o cântaro d3 do T uma certa resistência à adoção da decoração (487) e o anforisco I]19 do T (492).73 Além disso, figurada ocupando a maior e mais visível parte há uma grande quantidade de taças e esquifos do vaso até o início do GM II. Há um fragmento, também com orifícios de saída que caracterizam cuja proveniência é de um contexto bastante bicos na altura das alças, por exemplo, as taças perturbado, provavelmente sagrado, situado na 15298 e 15306 encontradas nos T (568) e T área da StadcWest, que fornece uma cena de (569) respectivamente.74 Da mesma forma que batalha entre dois indivíduos, datado do final em Argos, as formas mais recorrentes do SM são do século X a.C. e, portanto, do final do PG os jarros com estribo, as ânforas e jarros em geral. (Papadimitriou 1987: pl. 19, 11; Pappi 2006: Fig. Durante o PG e o GA, as enócoas trilobadas l,p. 231). aparecem com frequência, principalmente aquelas Durante o GA, os motivos mais comuns são com base plana. Há também um grande número os meandros, as linhas paralelas, os losangos e de taças. No GM e no GR, as formas são mais triângulos hachurados localizados, em geral, no variadas, a maioria sendo composta por taças, pescoço de ânforas e enócoas trilobadas. Como esquifos, ânforas, cântaros, e algumas crateras, em Argos, durante o início da Idade do Ferro, há píxides e enócoas trilobadas. uma grande quantidade de vasos em miniatura, No item decoração, os motivos ornamentais essencialmente taças e esquifos, que apresentam mais constantes assemelham-se bastante àqueles a maior parte do vaso coberta com o verniz preto presentes nos vasos argivos. A linha ondulada brilhante. mais livre com as linhas paralelas caracteriza um A partir do GM, a variedade dos motivos motivo do SM presente, por exemplo, no anforisco ornamentais aumenta, como os losangos 1940 do T (460).75 Durante o PG, observa-se com pontos no centro (vide Fig. 48, p. 113) uma grande quantidade de vasos com círculos e e, principalmente, os asteriscos intercalados semicírculos concêntricos, caracterizando uma com barras paralelas verticais (Fig. 50, p. 113), decoração similar à ática para este subperíodo, encontrados, por exemplo, nos esquifos dl 1 e encontrada, por exemplo, nos esquifos 2007 do T 15304 dos T (492) e T (569) respectivamente e (458), 2008 do T (461) e 17374 do T (582), na na taça 15298 do T (568).78 Em Tirinto, notamos enócoa b2 do T (474), nas ânforas 17408 do T que os motivos ornamentais figurados (humanos (574) e 17381 do T (581) e no anforisco 10206 e animais) aparecem de forma mais recorrente do T (523).76 Os ziguezagues com ângulos mais já durante o GM. Aliás, um dos exemplos mais acentuados (vide Fig. 46, p. 110), peculiares do antigo de cena figurada na Argólida vem de PG, também são frequentemente encontrados. Os Tirinto, datado do Geométrico Médio II, uma triângulos geralmente aparecem em conjunto com enócoa com aves (Coldstream 1968: 124, pl. 25h). linhas oblíquas paralelas curtas, como apresentado Todavia, é no GR que os motivos figurados na Fig. 47, p- 112, presente por exemplo na ânfora ganham um espaço cada vez maior nas bandas de 1937 do T (459).77 É interessante notar que tal decoração dos vasos e variam, principalmente, entre a composição entre cavalo e homem ou a dupla de cavalos sozinha ou com a figura humana no meio conduzindo-os, bastante similares às Muller und Oelmann, Tiryns I, 1912, Taf. XVI, 11, Taf. oficinas argivas, encontrada, por exemplo, no [II, 5 e Taf. XVIII, 13, respectivamente. esquifo c8 do T (483) e nas crateras 10227 do Para a taça 15298: Souza, C. D. 2010. Volume III. T (539), 17156 do T (556) e do T (536).79 Há nchas 2 3 1 A, B, C, D e a taça 15306: Souza, C. D. 2010. m e III. Pranchas 232 G, H, I. Muller und Oelmann, Tiryns I, 1912, Taf. XVI, 8. Para o anforisco 2007: Muller und Oelmann, Tiryns I, 2 Taf. XVI, 9- Para os demais vasos; Souza, C. D. 2010. 78 Para o esquifo d ii: Muller und Oelmann, Tiryns I, tme III- Pranchas 193 A; 194 E; 209 A; 235 A; 238 A e 1912, Taf. XVIII, 12. Para os demais vasos: Souza, C. D. K, LM . 2010. Volume III. Pranchas 231 A, B, C, D; 232 A, B, C. Muller und Oelmann, Tiryns I, 1912, Taf. XIV, 7. 79 Para o esquifo d8: Muller und Oelmann, Tiryns I,

153 SOUZA, C. U As Praticas Mortuárias na região da Argólida entre os séculos XI e VIII a.C. Revista do Museu de Arqueobgia e ttnotogia, Sao Paulo, Suplemento 13, 2011.

Fig. 67 - Esquifo 10225, T (539). Tirinto. Fig. 68 - Píxide 10213, T (239). Tirinto.

algumas cenas encontradas em Tirinto que são raras no restante da Argólida, como por exemplo, cenas de batalha, com espadas e arcos e flechas, mais uma vez, assemelhando-se à cerâmica ática. Entretanto, exemplares áticos importados são raros, tanto nos contextos fúnebres, quanto nos profanos (Foley 1988: 63). As cenas figuradas do GR II contendo homens e cavalos e, ainda, aves, apresentam características bastante peculiares em relação às oficinas argivas. O formato do corpo humano, dos cavalos e das aves é singular, indicando, muito provavelmente, a existência de oficinas próprias (Figs. 67 e 68), como por exemplo, a ornamentação dos vasos encontrados no T (539), o esquifo 10225 (Verdelis, N. AM 78 (1963), Beil. 17, 1), a píxide 10213 (Souza, C. D. 2010. Volume Fig. 69 - Anforisco 10113, T (521). Tirinto. III. Pranchas 218 A, B) e as taças (Verdelis, N. AM 78 (1963), Beil. 16, 2 e Beil. 16, 3 e também Souza, Apesar da mistura e das singularidades, a C. D. 2010. Volume III. Pranchas 218 E). cerâmica produzida em Tirinto possui maiores Percebe-se que a faixa com a linha pontos de convergência e analogia em relação ondulada contínua e círculos concêntrico àquela produzida em Argos. Alguns autores que configura a Fig. 63, p. 157 está presente argumentam até mesmo que haveria apenas nas crateras do GR, porém, geralmente, não um local de produção para ambos os sítios ou, apresenta os asteriscos, como a cratera do T no mínimo, eles teriam uma fonte em comum (541).80 Finalmente, encontra-se uma grande para fabricação dos vasos (Foley 1988). Todavia, quantidade nos contextos funerários do GR especialmente durante o Geométrico Recente, de anforiscos decorados com linhas paralelas as diferenças são mais marcantes entre os espaçadas e com algum motivo ornamental no dois sítios e, conforme observaremos a seguir pescoço, como a seta com ponta dupla ( ^ ), ou através da análise mais detalhada do mobiliário apenas uma ponta ( | ) (Fig. 69), com um X, funerário dos enterramentos, provavelmente, uma cruz, ou similares, como por exemplo, os durante este período, Tirinto configura-se como anforiscos a8, a9, alO e a li do T (487), 10113 um assentamento de proporções relativamente do T (521), 10130 do T (534), 17158 do T grandes quando comparado aos demais, grande (556) e 15303 do T (569).81

I, 1912, Taf XVII, 2; Taf XVII, 3; Taf XVII, 7; Taf XVII, 1912, Taf. XV, 13. Para a cratera 17156: Muller, K. Tiryns 9. Anforisco 10113: Souza, C. D. 2010. Volume III. Prancha VIII (1975), Taf. 84, 1. Para as demais: Souza, C. D. 2010. 207 D. Anforisco 10130 Verdelis, N. AM 78 (1963), Beil. Volume III. Pranchas 211 D; 217 E. 12, 7. Anforisco 17158: Muller, K. Tiryns VIII (1975), Taf 80 Verdelis, N. AM 78 (1963), Beil. 23, 1. 83, 2. Anforisco 15303: Souza, C. D. 2010. Volume III. 81 Para os vasos do T (487): Muller und Oelmann, Tiryns Pranchas 231G, H, I.

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o suficiente para possuir sua própria indústria encontramos exemplares deste tipo de anel nos cerâmica local, caracterizada por oficinas com seus T (531), T (559) e no T (563).83 Finalmente, próprios artesãos (Papadimitriou 1987). Alguns datados do GM e do GR, há anéis nos T (519), T vasos apresentam uma qualidade excepcional (520) e no T (539).84 Há uma grande quantidade em todos os aspectos, sem paralelos em toda a de anéis em espiral em ouro, em bronze e também região, fato que pode indicar o florescimento dessa em ferro, como nos T (459), T (476), T (505), T indústria local até mesmo antes do GR. (525), T (533), T (570), T (571) e no T (582).85 Quando passamos para o exame das fíbulas, percebemos que elas são bem menos 4.2) Características dos artefatos em metal. freqüentes nos enterramentos que os alfinetes. Os artefatos em metal presentes nos túmulos No entanto aparecem desde o Submicênico, em Tirinto, somados àqueles em Argos, Micenas como por exemplo, no T (531), na Área Phylaki, e Náuplia, configuram a maior parte da produção em Tirinto. Durante o Geométrico Antigo, em metal na Argólida. Distintamente de Argos, os há um exemplo de fíbula em Tirinto em um contextos funerários de Tirinto da Idade do Ferro, enterramento infantil, o T (563), na Seção Oeste apresentam uma grande quantidade de artefatos da Cidadela. Em geral, elas são bem simples, em metal. A maioria desses objetos corresponde constituídas por hastes finas retorcidas em bronze a alfinetes e anéis em bronze e ferro. Durante ou em ferro, ou são mais grossas contendo uma o SM e o PG, da mesma forma que em Argos, placa com decoração. os alfinetes apresentam entre 20 e 30 cm de Há uma grande quantidade de túmulos comprimento, o corpo é confeccionado em ferro, em Tirinto que apresentam armamentos, enquanto o globo e o disco são feitos em bronze. principalmente, punhais, espadas e pontas de Exemplos desse tipo de alfinete são encontrados lança em ferro, nos T (477), T (528), T (530), nos T (458), T (464), T (523), T (524), T (525), T (539), T (541), T (542), T (544), T (559), T T (533), T (536), T (555), T (567), T (571), T (561), T (587). Há um único exemplo de elmo (574), T (580), T (581), T (582) e no T (583). e escudo em bronze encontrado em Tirinto, Os alfinetes típicos do GA, classificados como datados do final do Submicênico e início do PG, Tipo I A e Tipo I B de Kilian-Dirlmeier, podem encontrados no T (544) .86 O escudo redondo ser encontrados no T (539). Já os alfinetes do e com ônfalo (Fig. 70) e a ponta de lança em GM II e do GR, classificados como Tipo I C e bronze apresentam características da produção Tipo I D na obra de Kilian-Dirlmeier, apresentam micênica, ainda presente nos enterramentos do maiores dimensões alcançando 30 ou até 40 cm SM. Já o elmo, a espada e a adaga em ferro são de comprimento e, em muitos casos, apresentam características do início do PG. O elmo é bastante decoração, como aquele presente no T (534). A decorado e contém protetor de mandíbula, decoração também é marcante durante o GR, constituindo um exemplar do PG único na como por exemplo, o T (519), datado do GR I e Argólida (Figs. 71 e 72). que contém um total de 6 alfinetes decorados com ziguezagues e, ainda, o T (541), também datado do GR I. Além disso, em alguns casos, eles podem N. AM 78 (1963), Beil. 10, 1; Bell. 11, 1-2; Beil. 11, 5 Beil. apresentar duas hastes ligadas por um pequeno 13, 3, respectivamente. Para o T (560): Gercke, R und W.; tubo de metal, como o alfinete do T (541) do Hiesel, G. Tiryns VIU, 1975, Taf. 19, 4. Para o T (576): enterramento feminino. Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 235 B, C. Os anéis mais comumente encontrados 83 Para os anéis do T (531): Verdelis, N. AM 78 (1963), Beil. 4,1; Beil. 4, 2. Para os do T (559): Gercke, R und W.; Hiesel, nos enterramentos de Tirinto da Idade Ferro G. Tiryns VIII, 1975, Taf. 33, 3c. Para o T (563): Gercke, R und correspondem àqueles formados por uma Naumann, U. AAA VII (1974), Abb. 18, p. 22. única placa de metal mais grossa e larga. São 84 Anéis encontrados respectivamente nos T (519) e T identificados desde o final do SM e durante o (520): Verdelis, N. AM 78 (1963), Beil. 19, 2; Beil. 24, 4. PG, por exemplo, nos T (524), T (525), T (533), 85 Anéis e espirais em ouro e em ferro encontrados nos T T (536), T (560) e no T (576).82 Durante o GA, (476) e T (525): Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 195 E; 210 E e no T (533): Verdelis, N. AM 78 (1963), Beil. 11,5. 86 Para os instrumentos de batalha em metal encontrados no T (544): Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 221 C, 82 Para os T (524), T (525), T (533) e T (536): Verdelis, D, E; 222 A, B, C.

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Fig. 71 - Elmo em bronze, T (544). Tirinto. Face A. 72 ~ blmo em bronze- 1 W). lirinto. race ü

4.3) O mobiliário e as relações com idade e examinarmos de forma mais cautelosa as tipo de sepultura. oferendas encontradas nos contextos funerários relacionando-as com a idade e o tipo de sepultura A partir de tais considerações sobre a e distribuindo-os pelos subperíodos, obtendo as produção cerâmica e de metais em Tirinto tabelas que seguem: durante a Idade do Ferro, é necessário

TABELA 36 Número dos enterramentos infantis divididos por subperíodos e classificação do mobiliário funerário. SM/ PG/ O > £ Período/ Objetos SM PG o G Total PG GA O p % « Sem oferendas 2 1 2 1 6

Vasos (1 a 4) 1 4 1 1 7

Metais (1 a 4) 1 1 Vasos + Metais (entre 4 4 1 a 4 cada tipo) Variados 3 1 1 1 5 11

1 14 2 1 3 2 5 1 29

156 Camila Diogo de Souza

TABELA 37 Número dos enterramentos de adultos divididos por subperíodos e classificação do mobiliário funerário. SM/ PG/ GA/ GM/ Período/ Objetos SM PG GA GM GR G Total PG GA GM GR

Sem oferendas 2 1 2 1 2 4 12

Vasos (1 a 4) 4 7 1 8 1 5 3 9 3 41

Metais (1 a 4) 5 2 1 4 2 14 Vasos + Metais (entre 1 a 4 cada 2 6 1 1 4 1 2 17 tipo) Variados 1 10 1 2 6 2 4 26

9 29 5 13 1 15 6 17 15 110

Examinando inicialmente os enterramentos O fato que nos chama a atenção e constitui infantis a partir da TABELA 36 acima, percebemos uma prática funerária diferenciada em relação que a maioria possui mobiliário funerário variado à argiva, diz respeito aos enterramentos infantis e também que há uma grande quantidade de variados em vasos funerários do GR, pois se enterramentos contendo artefatos em metal compararmos com Argos, a grande maioria dos associados a vasos cerâmicos, entre 1 e 4 de enterramentos infantis em vasos funerários não cada, representando respectivamente cerca de possui oferendas e é composta de crateras e 38% e 14% do total. Tais enterramentos infantis ânforas. Em Tirinto, a maioria dos enterramentos concentram-se essencialmente em dois subperíodos infantis é composta por ânforas que, da da Idade do Ferro, no PG e no GR. A divisão na mesma forma que as crateras e ânforas argivas, concentração dos enterramentos é acompanhada apresentam-se ricamente decoradas, com motivos por uma divisão explícita no tipo de sepultura. No ornamentais bastante variados. Os pitos, também PG, os enterramentos variados correspondem a amplamente usados nos enterramentos infantis, cistas, enquanto no GR, exclusivamente a vasos apresentam decoração incisa e possuem oferendas, funerários, ânforas e pitos. As cistas infantis seja uma grande quantidade de vasos cerâmicos, variadas do PG apresentam uma grande quantidade seja vasos associados a metais ou, ainda artefatos de vasos cerâmicos e artefatos em metal, com confeccionados em outros materiais. qualidade excepcional também. Por exemplo: Todos os enterramentos infantis (que o T (470), T (555) e o T (587). Entretanto, é correspondem a vasos funerários) datados do GR interessante notar que desde a introdução, no PG, apresentam mobiliário funerário diversificado. Por do vaso funerário para os enterramentos infantis, exemplo, o T (495) apresenta 8 vasos, a maioria alguns também apresentam mobiliário funerário deles bastante decorados e torneados, com apenas variado, como o T (563) que contém vários objetos dois manufaturados, o T (483) possui 14 vasos em metal, uma fibula e alfinetes em bronze, anéis cerâmicos, 13 torneados, bastante decorados, em bronze e em ferro e uma colher em bronze e inclusive um esquifo com figuras animais e vários vasos cerâmicos torneados e que contêm a humanas e apenas uma enócoa manufaturada. camada de verniz preto brilhante encontrada em Podemos notar que os enterramentos em pitos também vasos do PG e do GA I em Argos. Além (datados do final da Idade do Ferro, do final do disso, ainda soma-se um fuso de tear, artefato GM II e do GR) apresentam uma variedade, tanto que comumente é confeccionada em osso ou em de material quanto de quantidade, maior do que pedra (na maioria das vezes em esteatito) e que os em cista (datados do início da Idade do Ferro, se encontra com certa frequência nos túmulos do PG e início do GA). Por exemplo, o T (487), variados, principalmente, infantis e de adultos do um enterramento em pito da transição do GM gênero feminino. II para o GR I, possui não só 8 vasos cerâmicos

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torneados, cuidadosamente decorados, incluindo maior percentual do total de sepultamentos de um esquifo com bico também decorado, mas adultos, quase 24%. Tais enterramentos também também objetos em bronze e ferro, abrangendo aparecem durante toda a Idade do Ferro, porém uma figurinha feminina em ferro semelhante constatamos que a maioria é datada do PG e do àquela em mármore encontrada no T (052), em GM. As duas últimas categorias de enterramentos Argos.87 a partir da classificação proposta do mobiliário Os enterramentos infantis sem mobiliário funerário apresentam quantidades de funerário e com poucos vasos, entre 1 e 4, também sepultamentos similares, representando cerca de são numerosos, equivalendo a aproximadamente 13% e 15% do total cada uma delas. A primeira 20% e 24% respectivamente. Essas duas corresponde aos enterramentos onde havia apenas categorias apresentam estão acumuladas, artefatos em metal, entre 1 e 4 e a segunda aos fundamentalmente, no PG e correspondem sepultamentos onde foram encontrados objetos a cistas. O único exemplo de covas simples em metal associado com vasos cerâmicos, entre utilizado para enterrar crianças é datado do PG 1 e 4 exemplares de cada. Esses enterramentos e apresenta um único vaso cerâmico, o T (564). apresentam uma concentração evidente durante Os enterramentos sem oferendas datados do final o PG, o GM e o GR. E interessante notar que a da Idade do Ferro, do GM, são identificados a quantidade de enterramentos que apresentam vasos funerários, o T (488), T (493) e o T (545). artefatos em metal é grande, pois eqüivalem Entretanto, tais vasos, duas ánforas e uma píxide, a mais da metade do total de enterramentos são ricamente decorados. de adultos da Idade do Ferro em Tirinto, Podemos concluir, portanto, que os totalizando 56 enterramentos e representando enterramentos infantis em Tirinto no início da aproximadamente 51%. Tal característica é Idade do Ferro são compostos por cistas e vasos bastante distinta dos enterramentos argivos, com mobiliário funerário variado, de um lado, conforme examinamos nas páginas anteriores. e cistas mais modestas, de outro. Em direção ao No início da Idade do Ferro, durante o SM, final da Idade do Ferro, principalmente durante verifica-se que a maioria dos enterramentos de o GR, percebe-se um aumento no número adultos apresenta alguns vasos cerâmicos ou não de enterramentos infantis e que passam a ser possuem oferendas e correspondem a cistas e exclusivamente vasos funerários, contendo uma covas simples. Entretanto, há um enterramento quantidade maior de oferendas, mais variadas em em cista que contém mobiliário funerário bastante relação à matéria-prima e também a qualidade de variado e apresenta o esqueleto de dois indivíduos sua produção. adultos, o T (539). Trata-se de uma cista típica do Quando passamos para a análise do conteúdo início da Idade do Ferro, em ortóstato, construída dos enterramentos de adultos, a partir da e coberta com grandes placas de calcário. O TABELA 37, percebemos primordialmente que a enterramento mais antigo, identificado como maioria corresponde a enterramentos onde foram enterramento feminino, apresenta vários objetos encontrados entre 1 e 4 vasos cerâmicos, em geral, em metal. A reabertura da sepultura ocorre ainda torneados, representando cerca de 37% do total no GA. Além disso, Verdelis indica que há cerca de enterramentos de adultos datados da Idade do de 16 vasos cerâmicos datados do Geométrico Ferro. Os enterramentos que não apresentavam Recente II, aproximadamente da metade do oferendas eqüivalem a menor porcentagem de século VIII a.C., encontrados na área externa da enterramentos, aproximadamente 11%. Ambos sepultura, sobre a placa de cobertura. Os vasos os tipos aparecem durante todos os subperíodos cerâmicos são todos torneados e apresentam da Idade do Ferro, os sem mobiliário distribuem- uma decoração notável, com motivos figurados -se de maneira mais ou menos uniforme, já os humano e animal, inclusive repetidas vezes a com uma pequena quantidade de vasos cerâmicos combinação da figura humana no meio de dois concentram-se no PG, no GA e, principalmente, cavalos, como por exemplo, na cratera 10227, no no GR. esquifo 10225 e em 3 taças.88 Verdelis acredita Os enterramentos que contêm um que se trata de um terceiro enterramento e uma mobiliário mais variado constituem o segundo

88 Verdelis, N. AM 78 (1963), Beil. 17, 1 (para o esquifo 87 Vide BCH 1955, Fig. 9, p. 313. 10225), Beil. 16, 2 e Beil. 16, 3 (para as taças).

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segunda reutilização da sepultura ocorrida durante dos artefatos dessas cistas do PG de Tirinto é o GR. Para o autor, tais vasos configuram um superior quando comparamos com todos os enterramento simbólico de um indivíduo que teria demais enterramentos diversificados da Idade morrido distante da comunidade, por exemplo, do Ferro e mesmo quando comparamos com um guerreiro durante uma batalha distante. os enterramentos variados do PG em Argos. Todavia, é interessante ressaltar que há inúmeros Alguns exemplos de cistas variadas de adultos exemplos deste tipo em Argos, cistas originalmente do PG são: T (459), T (508), T (525), T (533), T datadas do PG e, principalmente, do GA e do GM (541), T (571), T (574), T (581), T (582) e o T que apresentam vasos cerâmicos do GR na área (583). Entretanto, há uma cova simples contendo externa, sobre as placas de cobertura. os restos ósseos de dois indivíduos que apresenta Essa segunda intervenção no T (539) oferendas únicas, o T (544). O enterramento mais pode ser entendida da mesma forma que os antigo é datado do SM e a reutilização do PG. E enterramentos que apresentam características interessante notar que Verdelis atribui a maioria semelhantes em Argos, como oferendas dos vivos do conteúdo do mobiliário funerário à reutilização aos seus antecedentes, pertencentes a um passado da sepultura, caracterizando mais um modelo de não tão distante (do GA e do SM). A deposição enterramento de guerreiro. Os instrumentos de de oferendas nestes túmulos durante o GR, batalha tanto em bronze quanto em ferro, como a caracteriza um costume funerário que possui dois ponta de lança, o escudo, a espada, a adaga e o elmo, aspectos. Um deles é configurado por uma prática são de uma qualidade excepcional, comparáveis ao religiosa no âmbito familiar, privado, como uma túmulo da panóplia, o T (041) em Argos. O elmo é forma dos membros lembrarem e homenagearem cuidadosamente decorado e o escudo em formato seus antepassados familiares. O segundo, que de ômphalos configura um exemplo de escudo está intimamente relacionado ao primeiro, encontrado em túmulos do final do Micênico e não é caracterizado pelo âmbito público, como característico da Idade do Ferro. uma forma dos indivíduos reforçarem os laços À medida que adentramos no Período com o passado a fim de legitimar uma posição Geométrico em Tirinto, percebemos que a social de destaque durante o GR, momento de quantidade de enterramentos variados sofre uma transformações sociais e políticas. queda suave e aumentam os enterramentos que Entretanto, podemos assinalar uma diferença contêm apenas vasos cerâmicos, entre 1 e 4. As importante neste processo entre os dois sítios, cistas de adultos se dividem nas duas categorias Argos e Tirinto. As reutilizações das sepulturas mencionadas acima, de um lado, aquelas com em Tirinto ocorrem em subperíodos bastante mobiliário funerário mais variado, contendo recuados da Idade do Ferro. Os enterramentos artefatos em metal, como punhais e pontas de múltiplos aparecem desde o SM e tanto os lança em ferro e anéis em bronze e, de outro, mais remotos, quanto os mais recentes (que aquelas que apresentam alguns vasos cerâmicos caracterizam a reutilização da sepultura) são no interior. Durante o GA, cresce o número de datados do próprio SM ou dos demais subperíodos. pitos para enterrar os adultos e estes, no geral Um exemplo de reutilização da sepultura datada apresentam também alguns vasos cerâmicos. do SM corresponde a uma cova simples contendo As mudanças mais significativas no mobiliário os restos ósseos de dois adultos, um do sexo funerário em relação com o tipo de sepultura para masculino, outro do feminino, encontrada na os enterramentos de adultos ocorrem no GM e, Área Phylaki, o T (531). Os dois enterramentos principalmente no GR. No GM, o número de possuem artefatos em metal e vasos cerâmicos. enterramentos variados volta a crescer e, somados Comparativamente, não há túmulos reutilizados àqueles que apresentam artefatos em metal, entre datados do SM em Argos. Conforme vimos, as 1 e 4 e, ainda, àqueles que contêm objetos em sepulturas são reabertas com frequência no GM metal e vasos cerâmicos, entre 1 e 4 de cada, e, fundamentalmente, no GR; e os enterramentos tomam a quantidade de enterramentos mais mais antigos datam, principalmente, do GA. diversificados neste subperíodo relativamente Durante o PG, a maior parte dos grande. Contudo, é interessante notar que a enterramentos de adultos possui mobiliário maioria desses enterramentos são pitos. Durante funerário mais variado e é constituída por cistas. o GR, a quantidade de enterramentos variados Observa-se que a variedade, tanto no que diz cai, mas os pitos de adultos (que agora eqüivalem respeito à quantidade, quanto à qualidade a grande maioria dos enterramentos) quando

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não apresentam artefatos em metal, possuem enterramentos estão situadas a Sul (na Àrea oferendas, principalmente vasos cerâmicos, como Phylaki), Sudoeste (na Necrópole Sudoeste por exemplo os T (478), T (481), T (485), T - Terreno A), na Secção Oeste da Cidadela, (491), T (500), T (504), T (507), T (511), T também denominada de Stadt-West, a Nordeste (512), T (513), T (520), T (521), T (521), T da Cidade Baixa (no denominado Túmulo N) (526), T (529), T (530) e o T (569). e a Sudeste das muralhas (onde este situada a A maioria dos pitos de adultos do GR Secção H). As demais áreas escavadas apresentam em Tirinto, portanto, distintamente daqueles uma pequena quantidade de enterramentos e presentes em Argos, apresenta oferendas e, estão localizadas nas proximidades das áreas inversamente ao processo argivo e aos períodos mencionadas acima. A única exceção é a área iniciais da Idade do Ferro em Tirinto, as cistas 8, isolada na área Noroeste da Cidadela (ver do GM e do GR configuram um mobiliário Planta 1), denominada de Túmulo O, Rhevma, funerário bem menos variado. Dos enterramentos que apresenta dois enterramentos em cista. em cista, destaca-se o T (568), que apresenta Antes de iniciarmos a análise da distribuição dos dois enterramentos, um datado do GM I e o enterramentos nas áreas de concentração pelos segundo do GM II. O fato do túmulo em cista subperíodos da Idade do Ferro, é importante notar ter sido reutilizado ainda durante o GM nos que os enterramentos datados do SM até o GR chama a atenção, principalmente pela presença situam-se fora das muralhas da Cidadela micênica. de dois fragmentos de esteatito que podem ser As únicas exceções são dois enterramentos de selos do Período Micênico. Tal fato pode indicar adultos datados do GM que foram encontrados no o estabelecimento intencional de laços com o interior da Cidadela, um nas campanhas de 1924, passado como forma de denotar prestígio social. o T (499), e o outro em 1925, o T (500). Finalmente, é importante chamar a atenção para A Área Phylaki corresponde a área com o fato de que, como em Argos, há uma grande maior quantidade de enterramentos da Idade do quantidade de sepulturas que apresentam vasos Ferro em Tirinto. Há 39 enterramentos de adultos cerâmicos datados do GR em sua área externa. nesta área, sendo 9 túmulos caracterizados como Sintetizando as reflexões sobre a análise do casos de reutilização da sepultura, contendo mobiliário funerário, podemos inferir que no início dois esqueletos em cada uma delas. Além disso, da Idade do Ferro, durante o SM, o PG e o GA, há 1 enterramento com poucos restos ósseos e a sociedade configura-se como uma sociedade outro em um pito para os quais não foi possível a bastante hierarquizada, que exterioriza o prestígio identificação da idade e do gênero dos indivíduos social de uma determinada camada guerreira que e há, ainda, 1 enterramento sem restos ósseos desfruta um alto status e, provavelmente, detém e uma cremação. Os enterramentos nessa área o poder político na comunidade. Esta camada totalizam 44 e representam mais de 32% do total. faz uso da cista fundamentalmente como o tipo A Necrópole Sudoeste contém 42 de sepultura padrão para enterrar seus mortos. enterramentos (quase 30% do total), configurados O sítio é continuamente ocupado e passa por da seguinte forma: 27 enterramentos de adultos, transformações sociais e políticas no final da Idade com apenas um caso de reutilização com dois do Ferro, transformações essas que se refletem nos indivíduos na sepultura, 14 enterramentos enterramentos de formas diversas, seja através da infantis e 1 túmulo sem restos ósseos. A área da modificação no uso do tipo de sepultura, com a Secção Oeste da Cidadela apresenta um total de utilização quase exclusiva do vaso funerário, seja 29 enterramentos, equivalente a 20,5%. Desses através de práticas rituais que configuram incursões 29, 21 são enterramentos de adultos, sendo duas dos vivos às sepulturas a fim de estabelecer laços sepulturas reutilizadas com 2 indivíduos em cada. com essa antiga camada guerreira. Os 8 enterramentos restantes são de crianças e incluem dois casos de enterramentos múltiplos, um com um indivíduo adulto e uma criança 5) Localização. Pensando o Espaço dos Mortos. juntos, o T (577), exemplo raro em todos os sítios da Argólida. Há 11 locais de escavações em Tirinto que Finalmente, a quarta área de concentração revelaram enterramentos da Idade do Ferro, de enterramentos, contendo uma quantidade conforme podemos observar na Planta 1. As bem menor de enterramentos quando comparada áreas que apresentam a maior quantidade de às três áreas mencionadas anteriormente,

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corresponde a Sudeste da Cidadela, a Secção simples de adultos localizadas em túmulos em H e abrange 11 enterramentos, representando câmara micênicos. aproximadamente 8% do total. Esses As covas simples da Área Phylaki estão enterramentos correspondem a 10 indivíduos configuradas da seguinte forma no que diz adultos e 1 única criança, todos configurados respeito ao mobiliário funerário: duas delas não como inumações individuais. apresentam oferendas de qualquer natureza e as Para entendermos melhor tais áreas, outras duas contêm artefatos em metal e vasos tentando visualizar processos de formação de cerâmicos em pequena quantidade, entre 1 e 4 de lotes específicos de enterramentos, seja a partir de cada. No entanto, a cista de adulto encontrada dimensões horizontais (familiares e pelo atributo na mesma área, o T (539), possui um mobiliário idade), seja através das dimensões horizontais funerário muito mais variado e caracteriza um (status social), distribuímos os enterramentos caso de reutilização da sepultura, contendo dois pelos subperíodos da Idade do Ferro, formando esqueletos no interior da cista. As covas simples camadas que consideram a relação entre o encontradas nos túmulos em câmara micênicos, quesito idade e tipo de sepultura nas áreas de no Túmulo N, apresentam apenas 1 ou 2 vasos concentração. Dessa forma, como em Argos, cerâmicos, representado incursões aos túmulos da obtivemos cinco Plantas do sítio que fornecem Idade do Bronze, porém com mobiliário funerário uma melhor visualização da distribuição dos bem menos diversificado. enterramentos para cada subperíodo. Contudo, Durante o PG, o quadro é bastante distinto, devido às restrições e limites da publicação da pois se percebe que há quatro grandes áreas tese de doutorado, a Planta apresentada neste que reúnem maior parte dos enterramentos livro abrange a totalidade dos enterramentos do período, a Necrópole Sudoeste, a Área datados da Idade do Ferro, desde o SM até o GR, Phylaki, a Secção Oeste da Cidadela (Stadt- localizados nas áreas de concentração.89 -West) e a Nordeste da Cidade Baixa, da muralha A diferença marcante em relação a Argos, da Cidadela (no denominado Túmulo N), que apresenta os enterramentos da Idade do abrangendo respectivamente um total de 9, Ferro distribuídos de uma maneira bastante 8, 20 e 7 enterramentos. Há ainda uma cista dispersa na cidade e em conjunto com as áreas de infantil encontrada no Terreno Daskalakis, uma habitação, está no fato de que em Tirinto as áreas outra cista infantil e uma de adulto localizadas de concentração constituem espaços exclusivos de no Terreno Bavela e uma terceira cista infantil deposição dos mortos desde o início da Idade do situada no Túmulo O (Rhevma). A maioria dos Ferro, pois não há vestígios habitacionais nas áreas enterramentos está situada na área da Secção de concentração de enterramentos. Oeste, cerca de 41% do total de enterramentos Examinando inicialmente os enterramentos do PG. Conforme já analisamos no item tipo datados do SM, verificamos que estão de sepultura relacionado com o atributo idade, concentrados em duas áreas opostas do sítio, a notamos que há 14 enterramentos infantis SubSudoeste da Cidadela, na Área Phylaki e a datados da Idade do Ferro, sendo 13 em cistas e Nordeste da muralha, no Túmulo N. A Necrópole apenas 1 em cova simples. Os 29 enterramentos Sudoeste apresenta um único enterramento de adultos do PG são identificados a 21 infantil em cista, o T (460), e na área Sudeste sepultamentos em cista, 3 em pitos e 5 em covas da Cidadela, na Secção H, também há uma cista simples. do SM, porém de adulto, o T (504). A Área As cistas, tanto as infantis, quanto as de Phylaki corresponde a área com maior número de adultos, apresentam artefatos em metal associados enterramentos, contendo 1 cista e 4 covas simples a vasos cerâmicos, em geral, entre 1 e 4 de cada, de adultos. A Área a Nordeste apresenta 3 covas ou vários artefatos em metal, vasos cerâmicos e objetos confeccionados em outros materiais. Principalmente as cistas situadas na Secção Oeste da Cidadela, na Necrópole Sudoeste e na Área 89 Para visualizar os Mapas específicos com a distribuição Phylaki apresentam mobiliário funerário bastante dos enterramentos de cada subperíodo da Idade do Ferro, variado e também há exemplos de enterramentos vide: SOUZA, C. D. 2010. Práticas Mortuárias na Região da múltiplos datados do próprio PG, como o T (577), Argólida entre os séculos XI e Vlll a.C. Tese de Doutorado, 3 que constitui o único caso de enterramento vols. Museu de Arqueologia e Etnologia / Universidade de São Paulo. São Paulo. múltiplo de um adulto do sexo masculino e uma

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criança em Tirinto e o T (581), que apresenta os 1 cista. As cistas infantis e de adultos distribuem- restos ósseos de dois adultos, um do sexo feminino -se de maneira mais ou menos uniforme pelas e o outro masculino. áreas de concentração, mas a maioria se encontra As covas simples infantis e de adultos na Necrópole Sudoeste e na Área Phylaki. Os possuem entre 1 e 3 vasos cerâmicos e encontram- pitos concentram-se na Necrópole Sudoeste e -se nos mesmos locais de concentração das cistas, na área a Sudeste da Cidadela, na Secção H. Da na Área Phylaki e na Secção Oeste da Cidadela. mesma forma que no PG, durante o GA também Contudo, é importante lembrar que há um não é possível visualizar áreas distintas para os enterramento em cova simples localizado na Área enterramentos de adultos e infantis, nem para os Phylaki que possui mobiliário funerário único, o tipos de sepultura. T (544). O túmulo apresenta dois enterramentos As cistas do GA apresentam uma divisão mais de indivíduos adultos um datado do SM e o mais clara no que diz respeito ao mobiliário funerário recente, caracterizado por um homem, datado em comparação com as cistas do PG. De um lado, do PG. Este enterramento possui armamentos há uma grande quantidade de cistas contendo extremamente elaborados, como o elmo, o escudo entre 1 e 4 objetos em metal e vasos cerâmicos, e a espada em bronze e ferro, constituindo um incluindo armamentos, como punhais e pontas de exemplo claro de um enterramento de guerreiro. lança e anéis e vasos cerâmicos e, de outro lado, O pito é introduzido para enterramentos de há algumas cistas que não apresentam oferendas, adultos durante o PG e, da mesma forma que as ou contém 1 ou 2 vasos cerâmicos. A variedade covas simples, é encontrado na Área Phylaki, na e a qualidade dos artefatos diminuem em Secção Oeste e Nordeste da Cidade Baixa, da relação aos objetos depositados nas cistas do PG. muralha da Cidadela (no denominado Túmulo N) Inversamente, os enterramentos em pitos passam e apresenta entre 1 e 3 vasos cerâmicos. a apresentar alguns instrumentos em metal, Podemos concluir, dessa forma, que as principalmente, mas também vasos cerâmicos. Há áreas de concentração do SM são intensamente um exemplo de pito, contendo restos ósseos de utilizadas durante o PG, mas a área da Secção uma criança, que apresenta mobiliário funerário Oeste da Cidadela surge como o principal local diversificado, o T (563), localizado na Secção de deposição dos mortos neste subperíodo. Oeste da Cidadela. O único exemplo de cova Aparentemente, não há áreas exclusivas de simples do GA contém um indivíduo adulto e enterramentos nem classificados por idade, pois apenas um vaso cerâmico. os infantis e os de adultos situam-se nos mesmos Apesar da queda no número de locais, nem classificados por tipos de sepultura, enterramentos, durante o GM a Necrópole pois os três tipos são encontrados também nos Sudoeste e a área da Secção Oeste constituem as mesmos locais de concentração de enterramentos. áreas com maior quantidade de enterramentos, As cistas do PG, tanto infantis, quanto de atingindo um total de 7 e 4 respectivamente. adultos, possuem mobiliário funerário bastante Há também 2 enterramentos em cada uma das diversificado comparado às oferendas dos demais seguintes áreas: na Área Phylaki, a Noroeste tipos de sepultura e também quando comparado da Cidadela, no Túmulo N e na área a Sudeste com o mobiliário das cistas do PG em Argos. da Cidadela, na Secção H. Há, ainda, dois Quando passamos para o exame dos enterramentos encontrados excepcionalmente enterramentos datados do GA, podemos observar no interior da fortificação micênica, no Terreno um processo bastante claro de continuidade de Balaskas, configurados por uma cista de adulto e uso das áreas de concentração de enterramentos. um outro enterramento de adulto para o qual não A Necrópole Sudoeste contém um total de há informações sobre o tipo de sepultura. Ambos 8 enterramentos; a Área Phylaki e a área a apresentam mobiliário funerário bastante variado Sudeste da Cidadela, na Secção H, somam 4 e são os únicos enterramentos datados da Idade enterramentos em cada uma delas, a Secção do Ferro encontrados no interior das muralhas Oeste contém 2 enterramentos e a área do micênicas. Túmulo O, Rhevma, totaliza 3 enterramentos do A quantidade de cistas é equivalente a de GA. Dos 18 enterramentos de adultos datados do enterramentos em vasos funerários. Há 9 cistas GA, 12 são cistas, 4 em pitos, 1 em cova simples e e 9 vasos (6 pitos, 2 ánforas e 1 píxide) e não há para um deles não há informações sobre o tipo de exemplos de covas simples. Os adultos totalizam sepultura. As crianças correspondem a 2 pitos e 15 enterramentos distribuídos de maneira mais

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ou menos uniforme pelas áreas de concentração. na Necrópole Sudoeste, abrangendo. Há apenas Há apenas 3 enterramentos infantis do GM, todos 1 pito infantil localizado na área a Sudeste da em vasos funerários, 1 pito, 1 píxide e 1 ânfora. Cidadela, na Secção H, cujo mobiliário funerário Dois deles localizam-se na Necrópole Sudoeste, é formado por 5 vasos cerâmicos. As ânforas juntamente com enterramentos em pitos e em e os pitos da Necrópole Sudoeste apresentam cistas de adultos. A píxide e a ânfora não possuem mobiliário funerário bastante variado, composto oferendas, contudo são ricamente decoradas.90 Já por uma grande quantidade de vasos, ricamente o pito, apresenta 4 vasos cerâmicos. decorados e, em alguns casos, associados a As cistas de adultos do GM somam 9 artefatos em metal. Há apenas uma única ânfora enterramentos e no que diz respeito ao mobiliário que não contém oferendas, o T (493). funerário, apresentam artefatos em metal e Dentre os 23 enterramentos de adultos, 2 vasos cerâmicos entre 1 e 4 exemplares de cada. são em covas simples, 3 em cista e 18 em vasos Entretanto, conforme já notamos na análise do funerários, sendo 17 pitos e 1 cratera. O exame mobiliário funerário, os instrumentos de batalha dos enterramentos de adultos em vasos funerários são encontrados de forma mais escassa nas cistas do GR fornece reflexões interessantes no que diz desse subperíodo e, em geral, os artefatos de metal respeito ao mobiliário funerário. Apenas um pito e correspondem a anéis e alfinetes em bronze. Há a cratera não possuem oferendas, os demais pitos uma cista situada na Secção Oeste, o T (568), apresentam entre 1 e 7 vasos cerâmicos ou, ainda, que contém os restos ósseos de dois adultos com entre 1 e 4 vasos associados a alguns objetos em oferendas bastante variadas que constitui mais um metais, anéis em bronze. exemplo de reutilização da sepultura ocorrida no As cistas de adultos, apesar da pequena mesmo subperíodo da Idade do Ferro. Os vasos quantidade, apresentam um mobiliário funerário funerários totalizam 6 enterramentos, 5 em pitos menos diversificado em relação aos enterramentos e 1 em ânfora. Percebemos que há 4 pitos que em vasos. Duas delas se encontram na Área possuem entre 1 e 3 vasos cerâmicos. Entretanto, Phylaki e possuem alguns objetos em metais um pito localizado na Secção Oeste, o T (569), e (alfinetes e anéis) e alguns vasos cerâmicos, entre a ânfora situada na área a Sudeste da Cidadela, 2 e 3. A mais variada delas corresponde a uma na Secção H, o T(505), apresentam mobiliário reutilização de um cista datada do final do PG funerário bastante variado. e início do G A I, o T (541). As covas simples Finalmente, durante o GR, as áreas também se caracterizam por enterramentos bem que apresentam a maior porcentagem dos menos variados, uma delas, localizada na Área enterramentos são a Necrópole Sudoeste, Phylaki, possui 2 objetos em metal e a outra, totalizando 12 e a Área Phylaki, somando 11. encontrada na Necrópole Sudoeste, possui 2 vasos A Secção Oeste e a área do Terreno Mermingis, cerâmicos. ambas situadas a Oeste da Cidadela, apresentam Resumindo as reflexões levantadas até 2 enterramentos em cada, enquanto a área a então sobre o espaço dos mortos em Tirinto, sudeste da Cidadela, a Secção H, contém 4. podemos afirmar que as quatro maiores áreas Conforme já indicamos na análise do tipo de de concentração de enterramentos, a Área sepultura e do atributo idade, o número de Phylaki em primeiro lugar, a Necrópole Sudoeste, enterramentos em vasos funerários durante o a Secção Oeste e a Secção H, a Sudeste da GR cresce de forma acentuada, totalizando 25 Cidadela, configuram-se como áreas específicas enterramentos (20 pitos, 4 ânforas e 1 cratera). que apresentam um processo contínuo evidente As cistas eqüivalem a apenas 3 ocorrências e as de deposição dos mortos, sejam adultos, sejam covas simples contabilizam a pequena quantia de crianças, desde o Submicênico até o final do 2 enterramentos. Geométrico Recente. E interessante notar que Os 7 enterramentos infantis do GR são em os enterramentos infantis estão concentrados sua totalidade em vasos funerários, 4 em ânfora de forma marcante em duas dessas áreas, na e 3 em pito e concentram-se fundamentalmente Necrópole Sudoeste (9 enterramentos) e na Secção Oeste (8 enterramentos). Entretanto, quando examinamos a distribuição dos enterramentos infantis nas áreas de concentração 90 Trata-se da píxide do T (488): Müller und Oelmann, pelos subperíodos da Idade do Ferro, tal análise Tiryns I, 1912, Taf. XIV, 6, e da ânfora do T (545): Kunze, E. ÖJH XXXIX (1952), Abb. 18a e 18b, p. 54. nos mostra que, do SM ao GM, as crianças são

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enterradas de uma maneira mais espalhada pelo porém, devido às características do mobiliário sítio, em todo entorno da Cidadela e, durante funerário, provavelmente indicam a presença de o GR, nota-se uma preferência explícita para uma camada social mais abastada que detém o uso sepultá-las na Necrópole Sudoeste. Observando deste espaço funerário continuadamente durante com mais cautela os enterramentos infantis da a Idade do Ferro. Necrópole Sudoeste, percebemos que os T (492), As quatro principais áreas de concentração T (494), T (495) e o T (496) se situam bastante de enterramentos em Tirinto revelam, dessa próximos uns dos outros e estão alinhados forma, que o processo de formação de áreas paralelamente. O T (492) data do GM, o T (494) exclusivas para enterramentos pode ter ocorrido do final do GM e início do GR e os outros dois, precocemente em Tirinto, já no Protogeométrico. o T (495) e o T (496) datam do GR II. Tal fato Além disso, a formação de pequenos lotes pode indicar a presença de uma área exclusiva utilizados por grupos familiares e, ou, sociais para os enterramentos infantis dentro da própria dentro dessas áreas principalmente no GR, podem Necrópole Sudoeste (Hágg 1974: 82), ou ainda, significar mudanças nos costumes funerários que um lote familiar, pois também próximos e estão relacionadas às transformações do século alinhados localizam-se enterramentos de adultos. VIII a.C., inclusive com o próprio processo de Conforme analisamos nas páginas anteriores, esses formação da pólis argiva. Discutiremos tal questão enterramentos do GR são constituídos por ânforas de forma mais detalhada no Capítulo 4 de análise e pitos com mobiliário funerário relativamente interssítio. variado. Tais características podem indicar que as crianças podem ter assumido um papel diferenciado na sociedade durante o GR. Asine. Os enterramentos de adultos, distintamente dos infantis, encontram-se distribuídos nas O sítio arqueológico de Asine se situa na quatro principais áreas de concentração de costa a aproximadamente 12 km a sudeste de enterramentos de uma maneira mais uniforme. Náuplia e pertence à municipalidade de Náuplia, Percebemos que a preferência para enterrar os (Mapas 1 e 2). As ruínas da Acrópole localizam- adultos durante o Início da Idade do Ferro é a -se em uma montanha bastante rochosa e o Secção Oeste, que contém um número maior de restante do sítio é formado por uma área de vale, cistas. A Área Phylaki e a Necrópole Sudoeste denominada Cidade Baixa que separa a Acrópole também são intensamente utilizadas neste período da Colina Barbouna.91 As escavações no sítio para enterrar os adultos, principalmente em cistas. tiveram início por volta de 1922, dirigidas por E interessante notar que a área ao norte é muito Axel W. Persson e Otto Frõdin, do Instituto pouco utilizada para as sepulturas, entretanto Sueco em Atenas. Tais campanhas investigaram a pequena quantidade de enterramentos que a área da Acrópole e da denominada Cidade aparece nessa área é caracterizada por cistas Baixa e foram revelados 50 túmulos datados datadas desde o PG até o GM. Podemos concluir, do Submicênico, do Protogeométrico e do desse modo, que durante o início da Idade Geométrico como um todo (numerados pelos do Ferro, principalmente no SM, no PG e no pesquisadores de L.FT 10 até o PG. 46). Tais GA toda área no entorno da fortificação era sepulturas encontram-se publicadas na obra de utilizada para os sepultamentos, verificando Frõdin, O. and Persson, A. Asine, 1938. Apenas o uma evidente concentração na utilização da Túmulo sem Numeração, encontrado na Acrópole Secção Oeste, da Área Phylaki e da Necrópole foi identificado em 1926 e os dois túmulos PG. Sudoeste. Durante o GM e o GR, com o 47 e EG. 48 foram descobertos nas campanhas de aumento do número de enterramentos em vasos 1934 e 1935. R. Hãgg publica o material de alguns funerários, cessam os sepultamentos ao norte e túmulos encontrados em 1922 e em 1934/35 nos parece haver uma preferência para depositar os números VI e X do OpAth. adultos na Necrópole Sudoeste, na Área Phylaki Após um período sem campanhas, as e na área Sudeste da Cidadela, na Secção H. escavações no sítio foram retomadas na década Os enterramentos de adultos da Área Phylaki também denotam a formação de lotes, pois apresentam a mesma orientação, tanto as cistas, 91 Frõdin, O. and Persson, A. W. Asine, 1938, Fig. 27, p. quanto os pitos. Tais lotes podem ser familiares, 45 e Fig. 39.

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de 1970, sob a direção de Robin e Inga Hágg e modo, se considerarmos esses 12 túmulos Berit Well na área da Colina Barbouna, buscando enquanto enterramentos individuais o total de entender vestígios habitacionais do Período enterramentos subiria para, no mínimo, 89. Geométrico. No final dos anos 1980 e início dos 1990, as atividades no sítio foram finalizadas. 2) Idade / Gênero e as relações com o Tipo de Sepultura. 1) Informações Gerais. Analisando o total de enterramentos de Após o levantamento das crônicas e relatórios acordo com atributo idade, observa-se que dos de escavações desde os mais antigos até os mais 89 enterramentos totais, 31 correspondem a recentes, constatamos que há cerca um total inumações individuais infantis. Para os adultos, de 87 túmulos datados do Protogeométrico ao verificamos que 37 sepulturas apresentavam os final do Geométrico Recente em Asine. Esses restos ósseos de apenas um adulto e 2 túmulos 87 túmulos estão configurados da seguinte continham esqueletos de dois adultos em cada. forma: 68 sepulturas correspondem a inumações Dessa forma, o total de enterramentos de adultos individuais de adultos e crianças e 2 túmulos equivale a 41. E interessante ressaltar que, assim comportam enterramentos múltiplos, contendo como em Argos e Tirinto, há alguns túmulos que dois indivíduos em cada um deles; 3 túmulos são classificados como enterramentos de adultos aparecem nos relatórios como kenotáphoi, um pelos escavadores, mas não lhes é possível atribuir deles é genericamente datado como “Geométrico’' 100% de certeza, pois não foram alvo de estudos e trata-se de um depósito de vasos cerâmicos, o osteológicos. Há 11 enterramentos de adultos T (596). Os outros dois são túmulos em cista, dentre os 41 que pertencem a essa classificação. um datado do PG, o T (627), e o outro do Todavia, consideramos para a análise futura, o G RT (663); 2 túmulos em cista apresentam total de enterramentos de adultos, isto é, 41, pois restos ósseos destruídos, em péssimo estado de a classificação dos arqueólogos é relativamente conservação e datados do PG, os T (630) e o T segura. Poderíamos distribuir inicialmente (643) e, finalmente, para 12 túmulos não constam os enterramentos de adultos e infantis pelos quaisquer informações sobre os mortos, nem subperíodos da Idade do Ferro, formando as idade, nem gênero ou mesmo sobre a quantidade TABELA 38 a seguir: de esqueletos depositados nas sepulturas. Desse

TABELA 38 Número total de enterramentos divididos por idade e subperíodos da Idade do Ferro.

Período/Idade SM PG p'A r'XytCM GM/ GR GR G Total

Criança 28 3 31

Adulto 36 1 2 5 44

64 1 5 5 75

Logo de início, uma primeira observação o PG. Durante este subperíodo, a concentração que nos chama a atenção é a total ausência de enterramentos representa cerca de 85% do de enterramentos tanto infantis, quanto de total. E interessante notar que, comparativamente adultos durante o SM. O GA e o GM também se a Argos e a Tirinto, o número de enterramentos caracterizam como períodos de declínio brusco infantis em relação aos enterramentos de adultos dos enterramentos e, mesmo quando eles voltam em Asine é elevado e, durante o PG e o GR, são a reaparecer no final do GM e início do GR, a bastante próximos. Este configura um primeiro quantidade de enterramentos no final da Idade diferencial nos costumes funerários do sítio do Ferro é muito inferior em relação ao começo, que, conforme veremos nas páginas seguintes,

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apresenta várias características únicas quando funerários para enterrar os mortos, nos chama comparadas com todos os sítios da região da a atenção, principalmente se lembrarmos que Argólida. em Argos e em Tirinto, em direção ao final Quando analisamos a dimensão tipo de da Idade do Ferro, especificamente durante o sepultura, constatamos que há 48 enterramentos GR, a quantidade de enterramentos em vasos em cista e 21 em cova simples. Não há um único cresce e até mesmo supera de forma marcante exemplo de enterramento em vaso funerário os enterramentos em cista e em cova simples. em Asine durante toda a Idade do Ferro. Este Distribuindo os enterramentos em cistas e em constitui o segundo aspecto peculiar dos padrões covas simples pelos subperíodos, obtemos a funerários do sítio. A total ausência dos vasos TABELA 39 abaixo:

TABELA 39 Número total de enterramentos divididos por tipo de sepultura e subperíodos da Idade do Ferro. Período/Tipo . PG GA GM GM/GR GR G Total de Sepultura Cista 43 1 4 48 Cova 17 1 3 21 Simples 60 1 5 3 69*

* O total do número de enterramentos difere da tabela anterior, pois neste caso (em que os enterramentos estão distribuídos por tipo de sepultura) há 6 túmulos de adultos cujos tipos de sepultura não foram informados nos relatórios e crônicas de escavações pelos pesquisadores, sendo classificados como indeterminado: T (648), T (649), T (650), T (651), T (652) e o T (653).

O número de cistas é mais de duas vezes o número de enterramentos em cista e em maior do que o número total de enterramentos cova simples distribuídos pelos subperíodos e em cova simples. Cada um representa cerca classificados a partir do atributo idade (a partir das de 69,5% e 30,5% respectivamente. Durante TABELAS 40 e 41), percebemos que a preferência o PG, a porcentagem de cistas sobe para por um determinado tipo de sepultura é muito aproximadamente 71% do total de enterramentos, mais evidente para os enterramentos infantis, pois enquanto os sepultamentos em cova simples, o número de cistas é mais de seis vezes maior em caracterizam cerca de 28% desse total. Apesar do relação ao número de enterramentos em cova pequeno número de enterramentos no GR, nota- simples, correspondendo a cerca de 88% do total. -se que a preferência pelo uso das cistas ainda Dessa forma, a preferência pelas cistas para os permanece como padrão geral de sepultamento. enterramentos infantis permanece do PG para o GR, Entretanto, se observarmos com mais atenção apesar do intervalo brusco durante o GA e o GM.

TABELA 40 Número de enterramentos em cistas divididos por idade e subperíodos da Idade do Ferro. Período/ SM PG GA GM GM/GR GR G Total Idade

Criança 25 2 27

Adulto 18 1 19

43 1 2 46

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TABELA 41 Número de enterramentos em cova simples divididos por idade e subperíodos da Idade do Ferro. Período/ SM PG GA GM GM/GR GR G Total Idade Criança 3 1 4 Adulto 12 2 14 15 1 2 18

Já para os enterramentos de adultos a praticadas em Asine. De qualquer maneira, a situação é um pouco diferenciada. Durante o excentricidade dos costumes no sítio é marcada, PG, reparamos que, apesar do número de cistas seja pela grande quantidade de enterramentos ser maior do que o número de enterramentos em infantis, seja pela ausência do uso vaso funerário cova simples, essa diferença não é tão acentuada, para sepultar os mortos, ou seja pela utilização pois os números são próximos, representando elevada da cova simples para enterrar os adultos 50% e cerca de 33% respectivamente. Poderíamos durante toda a Idade do Ferro. concluir, desse modo, que, distintamente dos enterramentos infantis, o padrão para enterramentos de adultos é caracterizado pela 3) Orientação e Posição do corpo. utilização dos dois tipos de sepultura, tanto em cista quanto em cova simples, com uma ligeira Considerando o atributo orientação do preferência pelas cista durante o início da Idade corpo / sepultura, verificamos que do total de do Ferro. Assim como os enterramentos infantis, 89 enterramentos, 51 apresentam informações os enterramentos de adultos também estão sobre a direção que os túmulos em cista ou em ausentes nas fases intermediárias da Idade do cova simples foram construídos, representando Ferro, o GA e o GM. A análise torna-se mais aproximadamente 58% do total. Logo de início, difícil em direção ao final da Idade do Ferro, podemos afirmar que não existe um padrão tão no GR, não só devido ao pequeno número de claro como em Tirinto e, dessa forma, as reflexões enterramentos de adultos, mas também pela sobre este quesito assemelham-se mais a Argos, incerteza na datação de dois enterramentos pois todas as direções são utilizadas em Asine. em cova simples, classificados apenas como Contudo, uma observação mais detalhada nos “Geométricos”. Conforme já apontamos, tal mostra mais uma das peculiaridades de Asine nas classificação exclui o SM e o PG. No entanto, práticas funerárias. A maioria dos sepultamentos é bastante imprecisa em relação aos outros três está direcionada para o sentido Leste e seus subperíodos; GA, GM ou GR. De qualquer forma, derivados, Nordeste e Sudeste, eqüivalendo a um a quantidade de enterramentos em cova simples total de 7, 14, 12 enterramentos respectivamente. durante todo o Período Geométrico é maior do A preferência subsequente seria para o sentido que a quantidade de enterramentos em cista. Este Noroeste, com 6 enterramentos, Sudoeste, fato denota que o padrão de enterramentos para somando 4 sepultamentos e 2 para Oeste. adultos em direção ao final da Idade do Ferro Finalmente, 3 estariam direcionados para Sul e 3 pode ter se configurado por dois aspectos. De um para Norte. A peculiaridade se encontra no fato da lado, pode ter havido uma continuidade entre predileção para o sentido Leste para as sepulturas o uso da cista e da cova para enterrar os adultos em cista e em cova simples. Mesmo em Argos, ou, de outro, pode ter ocorrido uma modificação que também apresenta todas as direções para os que levou a inversão da preferência inicial, do enterramentos, podemos perceber que há uma PG, com uma ligeira predileção pelo uso da preferência por sentidos a Oeste e uma rejeição cova simples durante o GR. Devido ao pequeno para a direção Leste. Em Asine, as direções Oeste, número de enterramentos, as reflexões sobre os Sudoeste e Noroeste aparecem em um número padrões funerários tomam-se mais restritas e, bem menor de enterramentos. Tais números e suas dessa forma, é necessário examinar os demais respectivas porcentagens podem ser visualizadas a atributos para entender melhor as exéquias partir da TABELA 42 e do GRÁFICO 11.

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TABELA 42 Número dos enterramentos divididos por orientação e subperíodos da Idade do Ferro.

Período/ Orientação PG GM/GR GR G Total

Norte 2 1 3

Sul 3 3

Leste 6 1 7

Oeste 2 2

Noroeste 4 1 1 6

Sudoeste 3 1 4

Nordeste 13 1 14

Sudeste 12 12

45 1 2 3 51

GRÁFICO 11 Número total de enterramentos segundo o sentido de orientação da sepultura / corpo.

Quando relacionamos esta dimensão o mesmo padrão de enterramento para o sentido das práticas funerárias com o atributo idade, Leste, entretanto nota-se que não há exemplos percebemos que do total de 51 enterramentos, de sepulturas infantis com orientação para os 26 são identificados a indivíduos adultos e 24 a sentidos Norte-Sul ou vice-versa, Sul-Norte. crianças. Há um único enterramento sem restos Podemos comparar os padrões de enterramentos ósseos, datado do PG, que está orientada para infantis e de adultos a partir dos GRÁFICOS 12 e Noroeste, o T (627). Ambas as categorias seguem 13 seguintes:

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______GRÁFICO 12 ______Número total de enterramentos de adultos segundo o sentido de orientação da sepultura.

______GRÁFICO 13______Número total de enterramentos infantis segundo o sentido de orientação corpo.

Tanto as crianças, quanto os adultos são natural de deposição do corpo corresponde a uma preferencialmente enterrados para Nordeste e disposição no túmulo em que a cabeça do morto Sudeste, fato que faz com que as posições da cista, se situasse em uma posição mais alta em relação no momento de construção, sejam completamente às pernas. Para que isso ocorresse nesta área distintas (ou no sentido Noroeste-Sudeste ou intensamente utilizada para os enterramentos do Sudoeste-Nordeste). Contudo, a cabeça do PG no sítio, o morto teria que ter sido depositado morto é depositada sempre na extremidade Leste, perpendicularmente em relação à encosta, o que conforme podemos observar pelos desenhos não acontece na grande maioria dos casos. esquemáticos da Fig. 73, na página seguinte. Desse modo, a construção da sepultura e a Hãgg (1974, 1980: 124) indica que a topografia deposição do morto na mesma constituem fatores local não teve um papel definitivo no que refere à decorrentes da escolha dos vivos que acabam orientação dos corpos nos enterramentos durante por definir padrões funerários intencionalmente o PG. A maioria dos enterramentos desse período estabelecidos. A singularidade dos costumes se encontra na área da Cidade Baixa, na encosta funerários de Asine durante a Idade do Ferro, que vai da Acrópole. A posição mais lógica e principalmente durante o PG, no que diz

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Fig. 73 - Desenho esquemático da cista orientada no sentido Sudoeste-Nordeste e Nordeste-Sudoeste, respectivamente.

respeito à orientação do corpo, definida por uma apenas um caso em Asine em que o esqueleto se preferência para os sentidos a Leste, pode ser encontra em posição estendida e deitado sobre fruto de uma escolha delineada por fatores étnico- o lado direito do morto, um túmulo infantil, o T -culturais, de acordo com conceitos estabelecidos (632). Desses 43 enterramentos, a grande maioria no Capítulo 2 (vide p. 69-70). Conforme caracteriza-se pela posição estendida, somando discutimos, os habitantes de Asine são Dríopes92 um total de 32 enterramentos, 19 de adultos e e este fato pode explicar a excentricidade nos 13 infantis. Os 11 demais enterramentos foram costumes funerários em relação aos demais sítios encontrados na posição contraída típica dos da região, da mesma forma que Argos seria um enterramentos argivos e de Tirinto, correspondendo sítio dórico par excellence (Foley 1988; Hall 1995, a 5 de adultos e 6 infantis. 1997; Luce 2007, tese de doutorado não publicada, Esse fato configura uma das mais significativas cortesia do autor). Contudo, é necessário cautela peculiaridades das práticas funerárias em Asine, neste campo étnico-cultural, evitando entender pois os enterramentos em posição estendida são as distinções nos contextos funerários de sítio para bastante raros nos demais sítios da região durante sítio como decorrente de fatores étnicos em termos toda a Idade do Ferro, conforme observamos em raciais puros, simples e diretos. Argos e em Tirinto. E interessante notar que todos Quando analisamos o quesito posição do os enterramentos em posição contraída (infantis e corpo, verificamos que as particularidades nos de adultos) são datados do PG. padrões de enterramento são reforçadas, tomando Isto poderia nos levar a questões sobre a evidente que o sítio de Asine seria um exemplo postura cultural e até mesmo política de Asine em totalmente singular na região. Há informações relação aos demais sítios da região, indicando que para 43 enterramentos entre infantis e de adultos, em direção ao final da Idade do Ferro, a diferença ou seja, quase 60% do total. Conforme elucidamos entre os costumes funerários em Asine comparada no Capítulo 2, a posição estendida pode ser aos outros sítios tende a ser mais destacada, caracterizada por dois tipos de configuração dos apesar da pequena quantidade de enterramentos restos ósseos do indivíduo. O primeiro e raro é datados do GR. Seria uma forma dos habitantes configurado pelo morto deitado de bruços, com a de Asine de marcar sua identidade ou uma forma cabeça virada para um dos lados do corpo, esquerdo de independência e autonomia em relação à ou direito e os braços estendidos ao longo do corpo. região (principalmente em relação a Argos) no O segundo tipo, que corresponde àquele encontrado final da Idade do Ferro? De qualquer maneira, nos contextos funerários de Asine, é caracterizado está claro que a posição e a orientação do corpo pelo morto deitado de costas, geralmente, com constituem, portanto, elementos de distinção os braços estendidos ao lado do corpo ou então, fundamental entre os costumes funerários dos dobrados sobre o abdômen ou sobre o peito. Há sítios da Argólida, ainda mais se considerarmos que a grande maioria dos enterramentos em posição estendida são caracterizados por cistas

92 HERODOTO VIII 43; PAUSÂN IA SIV 34,9. Para retangulares, cujas paredes e a cobertura são mais detalhes, vide nota 8, p. 70 do Capítulo 2. construídas com grandes e grossas placas de

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calcário, da mesma forma que as cistas que do Ferro e a outra caracterizada por elementos que continham enterramentos em posição contraída definem uma produção autônoma (Foley 1988: em Argos e Tirinto, por exemplo. Como 56-61; Morgan and Whitelaw 1991). A começar constatamos ñas páginas anteriores, não há pela própria constituição da argila, notamos que sequer um enterramento em vaso funerário. Esta a coloração daquela utilizada em Asine difere da ausência pode estar intimamente relacionada presente nos vasos dos demais sítios analisados ao atributo posição do corpo, pois a posição até então. A maioria dos vasos é feita com uma estendida é extremamente difícil de ser efetivada argila de coloração vermelha escura, identificada em túmulos em vasos funerários, como o pito, a pelos códigos 10R 5/8 (red) e 2.5YR 5/8 (red) cratera, a píxide ou a ánfora. do Munsell. Outra grande porcentagem da Está claro que Asine constitui uma exceção cerâmica é produzida com uma argila bastante desde o início da Idade do Ferro, entretanto escura, acinzentada, correspondente aos códigos é importante levar em consideração também 10YR 4/1 (dark gray) e 10YR 3/1 (very dark aspectos geográficos e sócio-económicos. gray). A mistura da pasta geralmente contém O sitio está localizado em urna área mais uma grande quantidade de pequenas pedras isolada em relação à planície Argiva e se brancas e a coloração vermelho-alaranjada encontra claramente voltado para o mar, fato interna da cerâmica indica que os vasos não são que certamente deve ter influenciado a bem queimados, decorrente do uso de fomos configuração da estrutura econômica, social e de baixas temperaturas. Tais características da política da sociedade, fundamentada em um pasta indicam que, provavelmente, a maioria da caráter mais comercial. Tais características cerâmica produzida em Asine é de fabricação podem ter proporcionado urna certa local. Poderíamos afirmar que se trata de uma independência do sítio não só em relação cerâmica mais rústica, com antiplásticos grossos, aos costumes funerários, mas ainda de vários tanto para os vasos manufaturados, quanto para aspectos da vida econômica, como por exemplo, os torneados. a produção cerâmica. Além disso, Asine A análise das formas indica que a maioria também apresenta aspectos culturais singulares, é caracterizada por vasos abertos para beber, como a escolha da divindade principal cultuada como taças, esquifos, cântaros e tigelas. Anforas pela comunidade, Apolo. Nos demais sítios da e enócoas, formas recorrentes em Argos e em Argólida no final da Idade do Ferro, cultuava- Tirinto, aparecem com bem menos frequência -se Hera (Morgan and Whitelaw 1991). em Asine. As enócoas, na grande maioria das Esta independência e singularidade do sítio vezes são vasos manufaturados, bem rústicos exteriorizada pelas práticas mortuárias podem e não apresentam qualquer tipo de decoração. configurar alguns dos principais motivos que Os cântaros e as tigelas com formas variadas levaram Argos a destruir Asine em 700 a.C. também são, na maioria dos exemplares, vasos manufaturados. Uma característica peculiar nos contextos funerários é a alça dupla alta 4) O Mobiliário Funerário. ou a alça simples alta que ultrapassa a borda, principalmente em enócoas, jarros em geral e 4.1) Características da produção cerâmica de algumas tigelas, como por exemplo, a enócoa do Asine. T (624), a concha manufaturada encontrada no Apesar do pequeno número de enterramentos T (633) e o jarro com bico do T (655).93 durante o Geométrico Recente, a maioria da Os túmulos do Protogeométrico cerâmica da Idade do Ferro é datada desse apresentam vasos torneados semelhantes subperíodo. Tal fato se deve, não só à grande àqueles encontrados em Argos e em Tirinto quantidade de objetos encontrados nas áreas de no que diz respeito aos motivos ornamentais. habitação, mas ainda devido à grande quantidade de oferendas encontrada nesses poucos túmulos, quando comparada com a quantidade de vasos 93 Para a enócoa e a concha: Fròdin, O. and Persson, presente nos enterramentos do PG. A produção A. Asine, 1938, Fig. 278 e Fig. 280. Para o jarro com bico: cerâmica em Asine apresenta duas configurações Wells, B. Asine II. Results of the excavations East of the distintas, uma delas marcada pelas características Acropolis 1970-1974. Fase. 4. The Protogeometric Period. da produção cerâmica argiva durante toda a Idade Part 1. The Tombs. 1976.

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Todavia, além do verniz preto brilhante, há todos os sítios da Argólida. Corinto configurou um uma grande quantidade, principalmente de grande exportador de vasos para diversas regiões esquifos, que possui um tipo de engobo banco e na Argólida, esses vasos constituem o maior e a tinta utilizada é vermelha. Tais esquifos número de importações da região, à frente em são semelhantes aos esquifos do Submicênico relação aos vasos áticos. em Argos e em Tirinto que apresentam na Tais elementos característicos da produção altura das alças, uma faixa com o ziguezague cerâmica em Asine nos levam a afirmar que o com ângulos menos acentuados (vide Fig. 45, sítio pode ter tido suas próprias oficinas desde p. 146). Em Asine, o ziguezague apresenta o início da Idade do Ferro, durante o PG até ângulos mais acentuados e é semelhante àquele o final do período, durante o GR. Além disso, encontrado em formas diversificadas do PG em pelas próprias características geográficas do sítio, Argos e em Tirinto, visualizado na Fig. 46, p. a produção parece ter recebido mais influências 146. Alguns exemplos desse tipo de esquifo do externas através do contato comercial, contendo PG típico da produção cerâmica de Asine são inclusive uma maior quantidade de vasos encontrados no T (595), esquifo 35; T (623); importados, principalmente áticos. A produção T (645), esquifo 2915 e no T (659), esquifo cerâmica cessa quase que por completo no F.70-32.94 Os triângulos hachurados estão final do Geométrico Recente II e só volta a constantemente presentes nos vasos do PG e a aparecer novamente no Período Helenístico. grande quantidade de círculos e semicírculos Tal fato corrobora a tradição literária que marca concêntricos denotam uma certa influência a destruição de Asine por Argos por volta de ática na decoração cerâmica de Asine durante 700 a.C. E lamentável o fato de não haver este subperíodo. exemplares submicênicos da produção cerâmica Quando adentramos no Período Geométrico, em Asine e pouquíssimos datados do Geométrico fundamentalmente no GR, notamos que as Antigo e Médio, pois poderíamos entender formas tomam-se mais similares em relação melhor o percurso da ocupação do sítio. Apesar àqueles datadas do mesmo subperíodo em Argos disso, poderíamos dizer que há um período de e em Tirinto, como grandes crateras ricamente interrupção apenas durante o SM. No entanto, decoradas, com motivos ornamentais geométricos mesmo com uma queda relativamente brusca e mais variados e figuras humanas e animais, marcante durante principalmente o século IX enócoas e ânforas. As aves e os cavalos parecem a.C., Asine permaneceu ocupada desde o PG ser o motivo mais recorrente e possuem as mesmas até o final do GR. Provavelmente, no início era características dos presentes nos vasos em Argos, constituída por uma comunidade relativamente como por exemplo, a cratera 2239 encontrada grande, comparável àquela presente em Tirinto no T (591).95 Entretanto, parece haver um e durante o GR configurava-se por uma aumento das semelhanças em relação aos aspectos comunidade de pequenas proporções, porém decorativos entre a cerâmica encontrada em autônoma. Asine e a cerâmica ática durante o Geométrico Recente II, inclusive com a presença de alguns vasos que seriam originalmente áticos. Ainda 4.2) Características dos artefatos em metal. durante esse período parece haver também Os artefatos em metal encontrados nos importações da Beócia e das Cíclades (Foley, contextos funerários em Asine correspondem 1988: 61). Coldstream (1968), por outro lado, principalmente a alfinetes e anéis em bronze defende que tais exemplares seriam de produção e ferro. Os alfinetes do PG são característicos local. Já vasos protocorínticos são encontrados das formas encontradas em Argos e em Tirinto, não somente em Asine, mas em praticamente classificados nas Pranchas 6 a 12 de Kilian- -Dirlmeier (1984). O T (642) contém exatamente o típico alfinete datado do GM II ou, ainda, início do GR I encontrado também em Tirinto, 94 Esquifo 35: Mountjoy, E Asine ¡II, Fase. 1, Fig. 14 ; com decoração em ziguezague. Distintamente da esquifo do T (623): Frõdin, O. and Persson, A. Asine, 1938, produção cerâmica, não parece haver oficinas Fig. 277 ; esquifo 2915: Souza, C. D. 2010. Volume III. próprias de confecção dos objetos em metal Pranchas 257 E, 257 F, 258 A e 258 B. 95 Hãgg, OpAth VI (1965), Taf. III; Souza, C. D. 2010. em Asine. Há apenas um túmulo em que foi Volume III. Pranchas 245 D, E, F, G. encontrada uma fíbula em ferro, o T (659),

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uma cista infantil do PG encontrada no Lote 4.3) O mobiliário e as relações com idade e tipo Karmaniola, a Leste da Acrópole. Os anéis são, de sepultura. na maior parte, sólidos e em bronze. Um exemplo Detalhando o mobiliário funerário de acordo de anel com decoração geométrica foi encontrado com a idade, podemos distribuir as categorias também no T (642), na Área da Cidade Baixa, estabelecidas de análise de acordo com os subperíodos em Asine e datado do final do GM II e início do da Idade do Ferro, formando as tabelas 43 e 44. GR I. Os armamentos são raros, por exemplo, uma Analisando inicialmente os enterramentos adaga em ferro, encontrada no T (638), uma cista infantis, percebemos que a maioria daqueles que são de adulto do PG. E interessante notar, entretanto, datados do PG não possuem qualquer oferenda ou que apesar da pequena quantidade de artefatos em então possuem entre 1 e 3 vasos cerâmicos apenas, metal nas sepulturas, há uma grande quantidade sem objetos em metal. Apenas dois enterramentos de artefatos confeccionados em outros materiais, deste subperíodo apresentam a associação vasos + como rochas, principalmente a obsidiana e o sílex, metais, variando entre 4 e 5 vasos e 2 e 3 objetos em em osso, concha e em faiança, para fabricação de metal, conforme distribuídos na TABELA 43. colares.

TABELA 43 Número dos enterramentos infantis divididos por subperíodos e classificação do mobiliário funerário. Período / Objetos PG GM/GR GR Total

Sem oferendas 16 1 18

Vasos (entre 1 e 3) 10 10 Vasos + Metais (entre L7 1 4. 1 e 4) Variados 1 1

28 3 31

TABELA 44 Número dos enterramentos de adultos divididos por subperíodos e classificação do mobiliário funerário. Período / Objetos PGGM/GR GRG Total

Sem oferendas 13 2 15

Vasos ( 1 a 4) 8 8

Metais ( 1 a 4) 5 1 1 7 Vasos + Metais A J' l (entre 1 e 4 cada) Não informado 4 2 1 7

34 1 2 4 41

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A pequena quantidade de enterramentos Durante o PG, há um total de 34 infantis durante o GR restringe bastante uma enterramentos de adultos, mas para 4 deles não análise mais conclusiva. Todavia, o único há informações sobre o conteúdo. Da mesma enterramento que apresenta um mobiliário forma que os enterramentos infantis do PG, a funerário mais variado, o T (591), contém uma maior parte dos enterramentos de adultos desse quantidade de vasos marcadamente superior em subperíodo também não apresenta qualquer relação a todos os demais enterramentos, mesmo oferenda ou contém entre 1 e 3 vasos cerâmicos, quando comparado aos de adultos durante toda entre torneados e manufaturados. Apenas um a Idade do Ferro. Trata-se de uma cerâmica desses enterramentos contém 4 vasos, o T (625). extremamente refinada, tanto no aspecto da E interessante observar que não há enterramentos fabricação, quanto da decoração. Apesar de de adultos que podem ser classificados como fragmentados, os vasos apresentam-se bem variados, todavia, os poucos enterramentos do queimados, a maioria de cor laranja escura e todos Geométrico como um todo, como o T (642), bastante decorados com motivos geométricos datado do final do Geométrico Médio II e início em tinta vermelha ou preta. Alguns apresentam do Geométrico Recente I, contém apenas metais. a camada de engobo branco antes da aplicação Nenhum dos enterramentos de adultos em da pintura vermelha ou preta propriamente dita, cova simples apresenta qualquer tipo de oferenda como por exemplo, a enócoa 2243.96 A grande e, apesar de haver um grande número de cistas que maioria dos vasos é datada do GA até o GR, também não contém artefatos, no geral, as cistas sendo o GR II representado por um exemplar caracterizam-se por enterramentos mais variados. figurado com cavalos e pássaros, a cratera 2239.97 Contudo, o enterramento infantil variado do GR, o Quando passamos para o exame dos 41 T (591), é constituído por uma cova simples. enterramentos de adultos, através da TABELA Estes enterramentos em que os metais 44, verificamos que há ainda uma quantidade estão presentes, apesar de em pequeno relativamente grande de enterramentos (7 número, podem significar, portanto, símbolos enterramentos no total) que não apresenta de destaque e prestígio social em relação aos informações sobre o conteúdo, o que dificulta demais, principalmente em relação àqueles em a análise, principalmente daqueles datados do que se optou por não depositar qualquer tipo de GR. Há 4 enterramentos que são classificados oferenda. A proporção de enterramentos com como “geométricos” que também consideramos metais no final da Idade do Ferro, durante o GM para a análise; dois deles não possuem oferendas e o GR, aumenta em relação aos subperíodos e são enterramentos em cova simples, um anteriores. Assim, a ostentação do status social possui apenas um fragmento de um objeto em ou familiar deve ter sido um elemento importante metal e é constituído por uma cova simples em durante esses subperíodos. túmulo em câmara micênico reutilizado e para Sintetizando o exame do mobiliário o outro não há informações sobre as oferendas. funerário nas cistas e covas simples de Asine Há, ainda, um enterramento datado do final durante a Idade do Ferro, verificamos que, do GM II e início do GR I, apresentando 4 apesar do fato intrigante da queda brusca dos objetos em metal e caracterizado por uma cista. enterramentos no GA e no GM, os poucos Este enterramento possui 3 objetos em bronze, enterramentos do GR apresentam mobiliário dois anéis e um alfinete em ferro. O alfinete funerário mais variado, tanto em quantidade, em bronze apresenta decoração e, segundo os quanto em qualidade de artefatos, quando autores, motivos semelhantes aos encontrados comparados com os enterramentos do PG. A nos alfinetes em bronze em Tirinto durante o GM maioria dos enterramentos do PG não possui e o GR. E interessante notar que talvez um dos qualquer oferenda ou apresenta apenas alguns poucos túmulos representantes do GM em Asine poucos vasos cerâmicos, em grande parte contenha apenas metais e em maior quantidade manufaturados e bastante rústicos e raramente em relação aos datado do PG. encontramos artefatos em metal. Principalmente o enterramento infantil datado do GR apresenta uma quantidade de vasos surpreendentemente grande em relação aos demais e, em sua maioria, 96 Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 244 D, E, F, G. 97 Hãgg, OpAth VI (1965), Taf. III; Souza, C. D. 2010. são vasos torneados ricamente decorados, com Volume III. Pranchas 245 D, E, F, G motivos figurados.

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A amostragem dos enterramentos em 6 enterramentos fazem parte das campanhas Asine é infinitamente menor do que a argiva e gregas de escavações em Asine de 1969, cujas aquela proveniente de Tirinto. Entretanto suas crônicas não fornecem qualquer informação sobre características peculiares indicam que o sítio os mortos e classificam todos os enterramentos constitui uma exceção em relação às práticas apenas como “geométricos’ podendo ser datados, funerárias, seja pela presença mais marcante de portanto, desde o GA I até o GR II. Contudo, enterramentos infantis, seja pela ausência total observamos que novamente os números de de enterramentos em vasos, seja pela orientação enterramentos de adultos e infantil aproximam- e posição do corpo e, ainda, pela configuração do -se e são também datados do PG. Há apenas 2 mobiliário funerário. enterramentos de adultos nessa área que são classificados como “geométricos” Podemos inferir que durante o PG, as 5) Localização. Pensando o Espaço dos Mortos. crianças são enterradas nas mesmas áreas que os adultos, não há, portanto, um local Há três grandes áreas de concentração dos específico para os enterramentos infantis, pois enterramentos em Asine durante a Idade do as duas áreas de concentração de enterramentos Ferro; a área da Cidade Baixa, o Lote Karmaniola do PG apresentam quantidades similares de e o Terreno Gogonas (vide Planta 2). Porém, enterramentos de adultos e infantis. Tal fato nos também foram encontrados enterramentos em remete a provável existência de lotes familiares menor quantidade na Colina Barbouna, na área de enterramentos desde o PG. As covas simples da Necrópole Micênica I, que se situa no sopé e as cistas aparecem nos mesmos locais e não é a Nordeste da Colina Barbouna, na Acrópole possível identificar áreas que concentrem maior e, ainda, na área denominada Kastraki, que se quantidade de enterramentos sem oferendas ou localiza a Sul-Sudeste da Acrópole.98 com alguns poucos vasos cerâmicos, de um lado, e A maior área de concentração e com uma sepultamentos mais variados, de outro. diferença bastante acentuada em relação às A terceira área em que foi encontrada demais corresponde a Área da Cidade Baixa, também uma quantidade considerável de Terraço IV-VI e Terraço II, localizados no enterramentos é o Terreno Gogonas, a Noroeste sopé da Acrópole, a Noroeste, totalizando da Acrópole e na parte Sudeste da Colina 50 enterramentos infantis e de adultos e Barbouna, perfazendo 8 enterramentos. Nesta área representando cerca de 56% do total. Destes 50 a situação é um pouco diferente daquela descrita enterramentos, 24 são de adultos, 21 infantis, nas duas anteriores. Destes 8 enterramentos, 4 são 2 continham esqueletos mal conservados, infantis, 2 de adultos, 1 vazio, sem restos ósseos impossibilitando a identificação do gênero e e 1 não apresenta informações sobre o morto. da idade, para outros 2 túmulos os autores E interessante notar que apenas 3 são datados não informaram dados sobre o morto e 1 deles do PG, os dois enterramentos de adultos e um constituía um kenotáphos, o T (627), sendo infantil, todos os demais são datados do GR. interpretado como um túmulos infantil por Parece haver, deste modo, uma concentração dos R. Hágg (1974: 52). 47 enterramentos são enterramentos do GR nesta área e talvez uma datados do PG, 2 cistas datadas do final do GM preferência para se enterrar crianças. II e início do GR I, os T (593) e o T (642) e 1 Nas demais áreas foram encontrados 4 túmulo destruído do GM, o T (647). Todos os 21 enterramentos de adultos na Colina Barbouna, enterramentos infantis e 23 de adultos nesta área 2 do PG e 2 do GR; 2 na área da Necrópole são datados do PG. Apenas 1 enterramento de Micênica I, 1 sem restos ósseos, classificado adulto é datado do GM II / GR I. apenas como “Geométrico” e outro de adulto A segunda área de concentração é o Lote também identificado como “Geométrico”; 1 Karmaniola, tanto a Nordeste quanto a Leste na área da Acrópole, que corresponde a um da Acrópole. Nessa área, foram encontrados 19 enterramento em cova simples de adulto. Há, enterramentos, cerca de 21% dos enterramentos ainda, 3 sepulturas encontradas na Área Kastraki totais; 6 são de crianças e 7 de adultos. Os outros que ainda não foram publicadas e, dessa forma, não foram inclusas nem no banco de dados e nem na análise. 98 Frõdin, O. and Persson, A. W. Asine, 1938, Fig. 28, p. 47. Pela distribuição dos enterramentos de

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acordo com os subperíodos da Idade do Ferro, Médio, indicando que o sítio permaneceu habitado o PG e o GR, podemos notar que durante este continuamente apesar da queda e da interrupção período os enterramentos se deslocaram para nos enterramentos. sul-sudeste, pois a grande Necrópole Micênica, Quando observamos a distribuição dos com vários enterramentos datados do Heládico enterramentos do GR, verificamos que, durante Recente situa-se na encosta Norte-Nordeste da este subperíodo, a área de deposição dos mortos Colina Barbouna. Apesar do número relevante de se desloca um pouco para Noroeste, ainda na área enterramentos no Lote Karmaniola, a esmagadora da Cidade Baixa, porém na encosta da Colina maioria dos enterramentos, principalmente Barbouna. É interessante ressaltar que as áreas de datados do PG, estão localizados na encosta habitação do GR também se concentram próximas Norte-Noroeste da Acrópole. a esta área, localizadas no Setor Levendis, no sopé Conforme notamos nas páginas anteriores, não da mesma colina. São residências construídas com foram encontrados túmulos do SM em Asine e nem pedras finas e regulares de calcário, com formato áreas de habitação. As evidências arqueológicas absidal e que incluem a presença de lareiras. desse subperíodo permanecem bastante escassas, Algumas delas são quadradas ou retangulares e caracterizadas apenas por alguns vasos descobertos com formato de U. A função (ou funções) dessas imediatamente no sopé da Acrópole. Durante o estruturas ainda constitui um ponto de debate entre PG a situação se modifica, paredes construídas com os pesquisadores, entretanto pode estar associada a pedras formando duas fileiras de blocos configuram banquetes e reuniões da comunidade e, ou, ainda, as habitações do subperíodo, sendo que uma delas a banquetes funerários, uma vez que vários dos possui formato absidal, forma arquitetônica mais enterramentos foram encontrados sobre ou próximos comum utilizada durante o início da Idade do Ferro. das habitações, como os Túmulos T (663), T (665) As habitações do PG concentram-se a nordeste e T (666), durante o GR e, ainda, os túmulos da da Acrópole. Somando-se a grande quantidade de campanha de 1970 (T (654), T (655), T (656), T enterramentos datados desse subperíodo, podemos (657), T (658) e T (659)), durante o PG. Dessa concluir, portanto, que a comunidade de Asine deve forma, as áreas de concentração de enterramentos ter tido um rápido crescimento depois de um período parecem acompanhar as áreas de habitações de queda abrupta após o Heládico Recente IIIB, desde o PG até o final do GR. Um fato que nos queda esta ocasionou um período de estagnação e chama a atenção em Asine é a relativa ausência de escassez durante não só o Heládico Recente IIIC, enterramentos múltiplos, de sepulturas reutilizadas. mas também e, principalmente, durante o SM. Há apenas dois exemplos de túmulos em que foram Após um período de florescimento, porém encontrados restos ósseos de dois indivíduos adultos, sem grandes ostentações, pois a maioria dos o T (660), datado do PG e o T (669), datado do GR. enterramentos durante o PG não possui oferendas Nenhum deles apresenta oferendas. ou contém apenas alguns vasos, Asine entra Apesar do pequeno número de enterramentos no Geométrico com importantes evidências de durante o Geométrico Recente, a ostentação habitações, em contraste com uma nova queda na aumenta e as evidências de habitações também, quantidade de sepultamentos. Várias paredes de indicando que, provavelmente, a comunidade habitações foram identificadas na área da Acrópole, teria passado novamente por um período de na encosta da Colina Barbouna e próximo à praia, rápido crescimento. Soma-se a construção de no mesmo local e sobre as habitações do PG. Na um importante e imponente santuário dedicado Acrópole, campanhas conduzidas pelo Instituto a Apoio no topo da Colina Barbouna durante Sueco, encontraram um complexo de habitações o Geométrico Recente e que, mesmo após a quadradas, orientadas no sentido Nordeste-Sudoeste destruição de Asine por volta de 700 a.C., teria e construídas com grossas placas de pedra. Na sido mantido e freqüentado durante o Período área da Cidade Baixa também foram encontradas Arcaico. Tal fato é comprovado não só pela habitações, porém construídas com pedras pequenas evidência literária," mas também pelos vestígios e bastante irregulares que formavam construções arqueológicos encontrados no santuário, pois as estreitas. Já na área próxima à praia, uma lareira foi oferendas datam do século VIII e adentram para o detectada em fundações do Geométrico que seguiam VII e até mesmo início do VI a.C. o mesmo sentido das habitações anteriores do PG. A cerâmica encontrada nesses locais formava camadas datadas desde o Heládico Recente até o Geométrico 99 PAUSÂNIAS II.36.5.

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Micenas. um enterramento, em 3 delas há 2 enterramentos de adultos em cada e na outra há um adulto O sítio arqueológico da Micenas situa- e duas crianças enterradas conjuntamente. -se 11 km ao Norte de Argos, na porção norte Finalmente, há uma sepultura em que pode ter da região da Argólida (Mapas 1 e 2), em uma sido identificada uma possível cremação em uma área bastante acidentada com montanhas altas, fíala de bronze, o T (684). Dessa forma, o número caracterizada por um solo mais árido, com total de enterramentos em Micenas é de 37. vegetação rasteira. No sopé da montanha, onde está o sítio arqueológico, localiza-se o povoado 2) Idade / Gênero e as relações com o Tipo de de Micenas (Af|poç Muicr|vaícov), que integra a Sepultura. Municipalidade de Argos-Micenas. A Acrópole A partir da classificação dos relatórios de Micênica está localizada no topo de uma grande escavações e crônicas, percebemos que desses montanha totalmente cercada pela grande 37 enterramentos, 18 são configurados como muralha ciclópica, cuja entrada se dá através enterramentos de adultos e 15 como enterramentos da famosa Porta dos Leões. Do topo, no interior infantis, que são classificados pelos pesquisadores da Cidadela, é possível visualizar toda a área de genericamente como recém-nascidos, crianças, planície da região do sul, com vista para Argos. assim como, adolescentes. Os casos de reutilização As escavações no sítio tiveram início ainda da sepultura constituem ocorrências bastante no século XIX, por volta de 1841, dirigidas interessantes e significativas, inicialmente pelo arqueólogo grego Kyriakos Pittakis. Na devido ao fato de que dois deles são datados dos segunda metade do mesmo século, o alemão períodos iniciais da Idade do Ferro: o T (698), Heinrich Schliemann dirigiu e financiou uma do PG e contém 3 enterramentos, um adulto grande campanha de escavação no sítio, porém, do gênero feminino e duas crianças e o T (700), investigações sistemáticas só tiveram início no do final do GAII e início do GM I, contendo começo do século XX, entre 1920 e 1923 e, a inumação de dois adultos, um homem e uma posteriormente em 1939, com as campanhas mulher. Conforme já discutimos anteriormente, a realizadas pela Escola Britânica em Atenas, sob simultaneidade dos enterramentos constitui um a direção de Alan J. B. Wace e Carl Blegen. fenômeno raro e, em muitos casos, especulativo Após a Segunda Guerra Mundial, outras grandes e difícil de ser comprovado. Entretanto, no caso campanhas de escavações foram conduzidas do T (698), em que uma mulher é enterrada com no sítio pelo Serviço Grego de Arqueologia, duas crianças uma com 6 e a outra com 7 anos coordenadas por George E. Mylonas entre 1951 de idade, sendo todos os enterramentos datados e 1954, e pela BSA na década de 1970 por H. do PG, pode indicar que são membros da mesma W. Catling e na década de 1980 por Elizabeth B. família e, ainda, podem ter sido sepultados na French, diretora da BSA na época. Atualmente, mesma ocasião, em decorrência da uma causa as campanhas britânicas cessaram e novas mortis comum. Contudo, mesmo sendo datados investigações arqueológicas têm sido conduzidas do PG, os enterramentos também podem ter sido pelo SGA na área da Acrópole, porém elas não têm realizados em um curto intervalo de tempo entre revelado sepulturas datadas da Idade do Ferro. eles, fato de difícil reconhecimento arqueológico. De qualquer forma, comparativamente aos demais 1) Informações Gerais. sítios examinados até o momento, a reutilização A partir do levantamento das crônicas e da sepultura durante o PG na Argólida é rara, pois relatórios de escavações mais antigos até os mais encontra alguns exemplos apenas em Tirinto. Os recentes, chegamos a um total de 32 túmulos outros dois túmulos reutilizados são datados do GR datados do Submicênico ao final do Geométrico II, o T (684) e o T (697) e, portanto, da mesma Recente em Micenas. Desses 32 túmulos, 24 forma que os casos de reutilização em Argos e em constituem inumações individuais de adultos e Tirinto, caracterizam ocorrências mais comuns de crianças somados a outros 3 túmulos em que, re-abertura da sepultura durante este subperíodo da provavelmente, havia inumações individuais, Idade do Ferro. porém a idade e o gênero não foram identificados A princípio, um fato que nos chama a pelos pesquisadores. Há um total de 4 sepulturas atenção é quantidade de enterramentos de adultos reutilizadas, em que foram detectados mais de e infantis. Em Micenas, da mesma forma que

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em Asine, não constatamos a grande diferença em tais sociedades, marcados pela inclusão e uma entre eles, caracterizando um número ínfimo de maior influência na configuração da organização enterramentos infantis em relação aos de adultos, social. Em Argos e Tirinto, este processo teria como em Argos e em Tirinto. A primeira vista, se dado apenas no final do período, no GM e, poderíamos afirmar, portanto, que as crianças em principalmente, no GR. Micenas e em Asine receberam, durante toda a Quando distribuímos os enterramentos Idade do Ferro, enterramentos formais e tal fato infantis e de adultos pelos subperíodos da Idade do pode indicar que elas assumiram papéis distintos Ferro, obtemos a seguinte tabela:

TABELA 45 Número total de enterramentos divididos por idade e subperíodos da Idade do Ferro. Período/ SM SM/PG PG GA GA/GM GM GR Total Idade

Criança 3 2 7 3 15 Adulto 1 1 5 1 3 1 6 18 4 3 12 1 3 1 9 33

A concentração de enterramentos se dá o início da Idade do Ferro, marcadamente no SM no PG e, em segundo lugar, no GR II. Esta é e no PG o número de enterramentos infantis é verificada tanto para os enterramentos infantis, elevado. Enquanto o número de enterramentos quanto para os adultos. E interessante notar infantis diminui em direção ao final da Idade do também que os enterramentos de adultos não Ferro, inversamente, os enterramentos de adultos cessam durante toda a Idade do Ferro, estão aumentam, principalmente, no GR II. presente desde o SM até o GR II, mesmo que Dos 37 enterramentos totais, nota-se em pequeno número. Já sobre os enterramentos que 22 enterramentos em cistas, 4 em vasos infantis, percebemos que do GA I ao GM funerários e 8 em covas simples, representando II há uma ausência intrigante deste tipo de aproximadamente 62%, 14,5% e 23,5%, enterramento, quando comparada com os demais respectivamente, do total. Distribuindo tais números de enterramentos infantis datados dos números pelos subperíodos, forma-se a TABELA demais subperíodos da Idade do Ferro. Durante 46 e o GRÁFICO 14 que seguem:

TABELA 46 Número total de enterramentos divididos por tipo de sepultura e subperíodos da Idade do Ferro. Período/Tipo de GA/ SM SM/PG PG GA GM GR G Total Sepultura GM

Cista 4 3 5 1 3 6 22

Vaso Funerário 1 3 4

Cova Simples 5 1 1 1 8

4 3 10 1 3 2 10 1 34*

* O total de enterramentos difere da tabela anterior, pois a TABELA 45 refere-se ao total de enterramentos de adultos e infantis e, neste caso, incluímos 2 enterramentos de adultos datados do PG, o T (704) e o T (705), para os quais não foi possível identificar o tipo de sepultura. Em contrapartida, na presente Tabela onde consta o tipo de sepultura separada pelos subperíodos da Idade do Ferro, foram inseridos 3 túmulos para os quais o tipo de sepultura foi identificado, porém o atributo idade/gênero do morto não pode ser reconhecido. São eles: dois túmulos em cova simples, um datado do GM II, o T (682), o outro simplesmente classificado como “Geométrico”, o T (683) e um em túmulos em vaso funerário, um pito fechado com placa de pedra de calcário datado do GR II, o T (693), localizado na área do Cemitério Proto-histórico.

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______GRÁFICO 14______Número de enterramentos divididos por tipo de sepultura e subperíodos da Idade do Ferro.

i Cistas

Vasos funerários Covas Simples

Além de constatar que o número de cistas e os enterramentos em vasos funerários e é majoritariamente maior em relação aos cistas passem a ser os tipos mais freqüentes demais tipos de sepultura, elas estão presentes de enterramentos. Tais padrões funerários durante todos os subperíodos, concentrando-se são verificados em Argos e em Tirinto, mas durante o PG e o GR e havendo um declínio há uma diferença essencial em Micenas durante o GA. Os vasos funerários aparecem caracterizada pela ausência de sepulturas em já no SM, o T (687) e, posteriormente, voltam cova simples durante o SM. Nos outros dois a aparecer somente no GM, T (691), porém sítios da Argólida, é exatamente durante o SM seu uso sofre um aumento significativo apenas que elas aparecem de forma mais acentuada, no GR. As covas simples se concentram principalmente como formas de reutilização principalmente durante o PG. Não há exemplos de túmulos micênicos. Apesar de Micenas de enterramentos em cova simples durante o ter sido um centro de suma importância SM e durante o intervalo correspondente ao durante o Período Micênico, com os abastados GA este tipo de enterramento também não enterramentos dos túmulos em thólos e dos é identificado, voltando a aparecer somente Círculos tumulares A e B, não há exemplos no GM e no GR, em pequena quantidade. de reutilizações dos túmulos durante o SM. A Todavia, há um enterramento deste tipo datado ruptura entre a Idade do Bronze e a Idade do somente como “Geométrico” que poderia ser, Ferro no que diz respeito às práticas funerárias portanto, identificado tanto como GA, GM ou em Micenas se dá de forma mais abrupta, pois GR, o T (683). a cista típica do SM e do PG, construída com A princípio, portanto, poderíamos afirmar grandes e grossas placas de pedra de calcário, é que a cista é utilizada durante praticamente utilizada para a maior parte dos enterramentos. toda a Idade do Ferro, talvez com uma leve Relacionando o atributo idade com o tipo de concentração durante os subperíodos iniciais. sepultura, para cada subperíodo, verificamos que Neste mesmo período, em menor quantidade, tais reflexões podem apresentar algumas variações também são utilizadas as covas simples para interessantes, a partir do exame das TABELAS enterrar os mortos, essencialmente durante 47, 48 e 49. o PG. Os vasos funerários não constituem o Inicialmente, notamos que há uma padrão de enterramento neste momento. Já em preferência pelas cistas não só para os direção ao final da Idade do Ferro, os três tipos enterramentos de adultos, mas também para de sepultamentos são usados, embora o número os infantis em relação ao número total de de covas simples diminua consideravelmente enterramentos. O número de cistas utilizadas

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para enterrar crianças durante toda a Idade do crianças (2 em vasos e 3 em covas simples). Ferro (10 enterramentos no total) é exatamente Para os adultos, a situação é similar, pois há 12 duas vezes maior em relação à soma dos demais enterramentos em cistas, contra 1 em vasos e 3 tipos de enterramentos utilizados para as em covas simples.

TABELA 47 Número de enterramentos em cistas divididos por idade e subperíodos da Idade do Ferro. SM/ Período/Idade SM PG GA Total PG GM GM GR

Criança 3 2 4 1 10

Adulto 1 1 1 1 3 5 12

4 3 5 1 3 6 22

TABELA 48 Número de enterramentos em vasos funerários divididos por idade e subperíodos da Idade do Ferro.

Período/Idade SM GM GR Total PG PG GA GM

Criança 2 2

Adulto 1 1

1 2 3

TABELA 49 Número de enterramentos em cova simples distribuídos no subperíodos da Idade do Ferro.

Período/Idade SM PG GA Total GM GM GR

Criança 3 3

Adulto 2 1 3

5 1 6

Observamos que durante o início da configura-se um vaso funerário e os demais Idade do Ferro, do SM ao final do GA, as enterramentos de adultos do início da Idade crianças são enterradas em cistas e no PG, do Ferro são exemplos tanto de cistas, como em cistas e em covas simples. Já no final da de cova simples, principalmente durante o PG. Idade do Ferro, durante o GR, esta tendência é Conforme nos aproximamos do final da Idade modificada, e as crianças passam a ser enterradas do Ferro, do GM ao GR, notamos que há uma preferencialmente em vasos funerários. Para os predileção para enterrar os adultos em cistas, adultos a situação é ligeiramente distinta. O embora haja uma ou outra ocorrência em vaso único enterramento de adulto datado do SM funerário e em cova simples.

180 Camila Diogo de Souza

3) Orientação e Posição do corpo. 3 enterramentos e, cada um deles, possui um sentido diferente: um direcionado para Sudeste, Quando passamos para a análise do atributo datado do SM, o T (695); um único direcionado orientação do corpo / sepultura, a situação dos para Norte datado da transição do SM para o PG, enterramentos em Micenas é mais complicada o T (708) e um dos enterramentos direcionados do que o quadro apresentado nos demais sítios, para Oeste datados do PG, o T (702). A maioria principalmente devido ao pequeno número de dos enterramentos são de adultos, totalizando enterramentos para os quais tal informação é 9. Neste caso, analisamos o conjunto total de disponibilizada na bibliografia. Não é possível enterramentos e, dessa maneira, se excluirmos realizar uma análise mais detalhada dos o provável caso de cremação, teríamos um total enterramentos relacionando a orientação do corpo de 36 enterramentos. Para apenas 12 foram do morto com o atributo idade, pois a quantidade identificadas a orientação do corpo / sepultura, de enterramentos infantis para os quais há representando cerca de 33% do total. informações sobre a orientação é ínfima, apenas

TABELA 50 Número total de enterramentos distribuídos por orientação e subperíodos da Idade do Ferro.

Idade/Período SM S} * ! PG GR Total r b GA GM GM Norte i 3 4 Sul 0 Leste 1 1 Oeste 2 1 1 4 Noroeste 1 1 Sudoeste 1 1 Nordeste 0

Sudeste 1 1

1 2 3 1 3 2 12

Inicialmente percebemos que quase todas Leste são as menos utilizadas e, portanto, as as orientações estão presentes, entretanto nota- mais evitadas, da mesma forma que em Argos e -se uma predileção clara pelas direções a Oeste Tirinto. Assim, poderíamos afirmar que as práticas e Norte. Durante o início da Idade do Ferro funerárias em relação à dimensão da orientação poderíamos afirmas que há uma preferência para do corpo / sepultura em Micenas se aproximariam se enterrar os mortos em Micenas para os sentidos desses dois sítios, mas também são marcadas por a Oeste. Durante o GM esta predileção pode ter uma certa excentricidade, decorrente do número sido modificada e a prática mais habitual para se de enterramentos direcionados para o Norte. enterrar os mortos toma-se para a direção Norte. Infelizmente, o exame do quesito posição do De qualquer forma, Micenas constitui um corpo nos enterramentos em Micenas também não caso interessante quando comparado com os nos proporciona uma análise mais aprofundada, demais sítios da Argólida examinados até então, uma vez que o número de enterramentos para pois apresenta alguns fatores singulares e outros os quais possuímos tal informação é bastante semelhantes. Em primeiro lugar, não há uma pequeno em relação ao total de enterramentos preferência explícita para uma direção, como da Idade do Ferro. Considerando o total de observamos em Tirinto e em Asine. Todavia, enterramentos em cistas e em covas simples e é possível indicar que as direções para Sul e excluindo os enterramentos em vasos funerários,

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obtemos um total de 31 enterramentos que são peculiaridades. A pasta da maioria dos vasos somados a 2 outros enterramentos de adultos cerâmicos torneados apresenta coloração bem datados do PG para os quais não foi informado clara e antiplásticos bem pequenos. Em geral, os o tipo de sepultura, o T (704) e o T (705) vasos são bem queimados em baixas temperaturas. e, ainda, um terceiro enterramento de uma A coloração mais característica da maioria dos provável criança, o T (708), na área da Casa da vasos em Micenas é laranja avermelhada, ou Cidadela. Para 18 desses 32 enterramentos foram mesmo em um tom rosa claro, correspondente aos identificados a posição do corpo, caracterizando códigos 2.5YR 7/6 (light red) e 10R 7/6 (light red) 16 esqueletos em posição contraída e apenas 2 do Munsell. Exemplos de vasos com tal coloração que parecem estar em posição estendida. da pasta são: o cântaro MM 932 e a cratera MM A princípio, portanto, o exame deste 935, descobertos no T (694), a enócoa trilobada atributo nos levaria a concluir que Micenas não MM 895 e a píxide MM 894, ambas encontradas constitui uma exceção na Argólida, pois a maioria no T (700), localizado na Casa dos Escudos, dos enterramentos se caracteriza pela posição também o lécito MM 873, do T (707), encontrado contraída, como nos maiores sítios, em Argos e na área da Casa da Cidadela, a taça MM 867, o em Tirinto. Entretanto, os 2 enterramentos que se jarro MM 864 e o lécito MM 863, presentes no T encontravam em posição estendida são datados do (708), revelado na área da Casa da Cidadela.100 PG, o T (678) e o T (680), da mesma forma que o Há vários vasos que possuem a coloração padrão para a grande maioria dos enterramentos bege clara, com tons de amarelo e marrom, datados do mesmo subperíodo em Asine. semelhante àqueles encontrados em Argos e em Tirinto, identificados pelos códigos 2.5Y 7/3 (pale yellow) e 10YR 7/2 (light gray) do Munsell, como 4) O Mobiliário Funerário. por exemplo, a píxide do T (686), o cântaro MM 926 e a taça MM 925, presentes no T (694), a 4.1) Características da produção cerâmica de ânfora MM 871 do T (696), encontrada na Casa Micenas. dos Escudos, os lécitos MM 862 e MM 865 e MM Os artefatos cerâmicos datados da Idade 866, encontrados no T (708), descobertos na do Ferro em Micenas são, fundamentalmente, área da Casa da Cidadela.101 Raros são os vasos provenientes dos contextos funerários e, em confeccionados com uma argila mais escura, com uma quantidade bem menor, das áreas de tons de cinza, caracterizados pelos códigos 5YR habitação e no santuário de Agamêmnon. 4/1 (dark gray) e 7.5YR 4/1 (dark gray), como Neste último, os fragmentos datam do século por exemplo, o vaso manufaturado encontrado VIII a.C., principalmente da segunda metade no T (682) e o jarro 55-202 do T (702).102 Não e a área continua sendo utilizada durante todo há exemplares da série “bucchero”, encontrados o Período Arcaico. E interessante notar que a em uma grande parcela dos contextos funerários cerâmica proveniente do santuário se sobressai argivos. em relação àquela presente nas demais áreas As formas dos vasos mais comuns são as do sítio, tanto no que diz respeito ao processo mesmas identificadas em Argos e em Tirinto, de confecção do vaso em si (como a pasta da como ânforas, crateras, enócoas trilobadas, lécitos, argila e o cozimento), como na elaboração da esquifos, cântaros, taças e píxides. A quantidade forma dos vasos e da pintura, com os variados de lécitos e píxides é relativamente superior em motivos ornamentais. Além disso, a quantidade comparação com os demais sítios. As píxides de artefatos presente nesta área pode indicar que a comunidade em Micenas no final da Idade

do Ferro teria sofrido um aumento significativo, 100 Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 278 C, D, E; e que a cerâmica pode ter tido uma produção 279 A, B, C, D; 280 A; 293 B, C, D, E, F; 294 A, B, C, D; local, especialmente voltada para o santuário e, 303 C, D, E, F, G; 305 D, E, F, G; 306 A, B, C, D, E; 309 A, portanto, caracterizando-se como material votivo B, C, D, E. (Foley 1988: 64). 101 Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 268 A; 272 B, C, D, E; 273 A, B, C, D, E, F; 283 B, C, D, E; 308 A, B, A cerâmica proveniente dos contextos C, D, E; 310 A, B, C, D, E; 311 A, B, C, D, E. funerários em Micenas possui características 102 Para o vaso manufaturado: Frickenhaus, Muller and que são similares àquela encontrada em Argos Oelmann, Tiryns I (1912), Abb. 8, p. 136. Para o jarro 55- e em Tirinto e outras que apresentam certas -202: Desborough, V.R.d’A. BSA 51 (1956), Pl. 34a.

182 Camila Diogo de Souza

possuem formas e tamanhos variados, grandes e em Em relação à decoração, os motivos miniatura, apresentando a base reta, como a píxide ornamentais mais comuns também são do T (686), a pequena píxide MM 900 do T (699), recorrentemente encontrados em Argos e Tirinto. encontrado na Casa dos Escudos e, ainda, a MM No SM, o esquifo com pé alto e alças horizontais 894 do T (700), também descoberto na Casa dos contendo uma faixa na altura das alças com uma Escudos, ou com a base pontiaguda, por exemplo, linha ondulada também é encontrado em Micenas as pequenas píxides MM 902 e MM 901, do T (Fig. 45, p. 110), por exemplo, os esquifos do T (699) ou, ainda, a píxide 59-74 no T (703), na (687) e o MM 859, do T (695).108 Em Micenas, Casa das Esfinges.103 Este tipo de píxide pequena e esses esquifos apresentam pintura vermelha, como com base pontiaguda é encontrada frequentemente em Asine. Os círculos concêntricos aparecem também nos contextos funerários em Tirinto, na desde o SM, como o cantil encontrado no T maioria dos casos datados do século IX a.C. (679).109 Durante o SM, as formas recorrentes são os Durante o PG, há uma grande quantidade jarros com estribo e, principalmente, os lécitos de exemplares com triângulos hachurados, com o corpo mais globular, bojudo, como em triângulos preenchidos alternados e o ziguezague Argos, por exemplo, o MM 862 e o MM 865, com ângulos acentuados formando uma faixa ambos encontrados no T (708).104 O esquifo com horizontal situada na altura das alças (vide Fig. pé alto e alças horizontais típicos do SM em Argos 46, p. 110). Além disso, há também uma grande também aparece constantemente nos contextos quantidade de vasos com círculos concêntricos, do SM em Micenas. como a ânfora MM 871, do T (696).110 No PG, observam-se formas recorrentemente Os motivos ornamentais e os figurados encontradas em Argos e em Tirinto, como a do GM e do GR também são comumente enócoa trilobada. Um formato particular do PG encontrados em Argos, Tirinto e Asine. As figuras em Micenas, raramente identificado em outros animais mais freqüentes são os pássaros e os sítios, sendo encontrado somente em Argos, cavalos, mas também peixes e figuras humanas corresponde ao asco, como o MM 869, presente totalmente preenchidas. No final do século VIII no T (696), localizado na área da Casa dos a.C., há vasos com figuras humanas femininas Escudos, que apresenta um dos típicos motivos com vestimentas preenchidas por linhas oblíquas ornamentais do PG, o triângulo hachurado.105 E e segurando ramos, da mesma maneira que alguns interessante notar que o jarro com estribo aparece exemplares encontrados em Argos no mesmo também no PG em Micenas, como por exemplo, a subperíodo. MM 861, encontrada no T (708).106 A qualidade dos vasos cerâmicos torneados Durante o GA e o GM, há uma grande encontrados nos contextos funerários em quantidade de enócoas, taças e esquifos. Já no Micenas, tanto no que diz respeito ao processo final do GM, mas principalmente durante o GR, o de confecção, quanto à pintura, é bastante tamanho dos vasos aumenta, principalmente das aprimorada e detalhada, mesmo em relação píxides, esquifos, cântaros e enócoas trilobadas e aos vasos encontrados nos demais sítios da o número de crateras e ânforas também é maior Argólida. Podemos notar que em Micenas há nos enterramentos. Uma forma característica uma grande quantidade de vasos com pintura dos contextos funerários em Micenas do GM e, em tons vermelhos, como por exemplo, o principalmente, do GR é a enócoa trilobada com esquifo MM 933 do T (694), a taça MM 859 base plana de grandes dimensões, como a MM e o jarro MM 860, ambas encontradas no T 934, encontrada no T (694).107 (695).111 A produção cerâmica em geral possui características similares às argivas e também àquelas encontradas em Tirinto, de um lado, e,

103 Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 268 A; 289 também, em relação àquelas encontradas em A, B, C, D; 293 F; 294 A, B, C, D; 289 E, F; 290 A, B, C; 300 F. 104 Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 308 A, B, C, D, E; 310 A, B, C, D, E. 108 Wace BSA 25 (1921/1923), Fig. 9a, Fig. 9b, p. 3. 105 Souza, C. D. 2010. Volume HI. Pranchas 284 A, B, C, D, E, F. 109 Tsountas, ArchEph (1891), fjív. 3, 1. 106 Souza, C. D. 2010. Volume 111. Pranchas 307 A, B, C, D, E. 110 Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 283 B, C, D, E. 107 Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 277 B, C, D, 111 Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 280 B, C, D; E; 278 A, B. 281 A; 281 C, D; 282 A, B, C, D, E, F.

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Asine, de outro. Além disso, ainda podemos não se limitam às bordas, mas podem ocorrer afirmar que existem algumas características no corpo todos do vaso e, principalmente, nas peculiares que sugerem a existência de uma alças, como a ánfora MM 899 do T (699), no oficina própria. Uma dessas características diz Cemitério Pré-histórico, as ânforas MM 59-54 e respeito à produção cerâmica manufaturada. 59-72, ambas presentes no T (703), na Casa das Verificamos que é possível identificar em Esfinges.114 Micenas o que A. Wace denominou como o estilo granular. Trata-se de uma argila bastante rústica, com antiplásticos grossos e laros, dando 4.2) Características dos artefatos em metal. um aspecto de flocos de aveia. A coloração da O exame dos artefatos em metal presentes pasta é bem pálida, geralmente bege, em tons nos enterramentos da Idade do Ferro em Micenas de branco-amarelaro ou branco-amarronzado, revela que há uma grande quantidade de metais identificada no Munsell pelos códigos 10YR 8/4 nos enterramentos, principalmente de alfinetes, (very palé brown) e 10YR 7/4 (very pale brown). fíbulas, alfinetes, anéis e brincos em ferro e No geral, os fragmentos dos vasos pertencentes bronze. Os armamentos aparecem em menor a esse estilo são grandes e possuem formas número e são caracterizados principalmente por abertas. A maioria deles é constituída por grande punhais. Alguns exemplos de alfinetes datados do ánforas com bocas largas, enócoas trilobadas SM e do PG, segundo a classificação de Kilian- com o corpo bem bojudo, globular, grande jarros, -Dirlemeier (1984), correspondem ao 53-616, tigelas, grandes potes e pratos.112 Raros são os encontrado no T (696), 2 alfinetes no T (704), exemplos de vasos com estilo granular com 1 alfinete no T (705), o 64-618, presente no formas fechadas e pequenos, como a ánfora 39- T (706) e 2 alfinetes do T (708). Um exemplo -262, no T (691) e a tigela MM 923, presente de alfinete datado do Período Geométrico pode no T (694), encontrado no Cemitério Proto- ser encontrado no T (689).115 As fíbulas são -histórico.113 cuidadosamente elaboradas, como por exemplo, Os vasos do estilo granular não apresentam aquela encontrada no T (699).116 Há alguns anéis decoração pintada, porém, quando há que apresentam decoração, como o MM 868, elementos de ornamentação, geralmente, estes encontrado no T (708).117 Entretanto, apesar da são caracterizados por linhas incisas simples diversificação, Micenas não parece se destacar ou duplas ou uma série de pontilhados que como um centro de produção própria de objetos em metal.

112 Grandes ânforas: T (691): 39-262 (Souza, C. D. 2010. Volume III. Prancha 271 A); T (699): MM 899 Souza, 4.3) O mobiliário e as relações com idade e tipo C. D. 2010. Volume III. Pranchas 291 G, H; 292 A, B); de sepultura. T (702): 55-201 (Desborough, V.R.d’A. BSA 51 (1956), Examinando o conteúdo dos enterramentos PI. 35c); T (703): 59-54 (Souza, C. D. 2010. Volume III. de forma mais detalhada, de acordo com Prancha 299 C); T (703): 59-72 Souza, C. D. 2010. Volume III. Prancha 299 D); T (707): MM 872 (Souza, C. D. 2010. o atributo idade, podemos distribuir os Volume 111. Pranchas 304 A, B, C); enócoas trilobadas: enterramentos infantis de acordo com a T (693): 53-335 (Desborough, V.R.d’A. BSA 49 (1954), classificação proposta para a análise do mobiliário Pl. 46); T (694): 53-329 e 53-332 (Desborough, V.R.d’A. funerário no subperíodos da Idade do Ferro, BSA 49 (1954), Pl. 46); T (700): 54-214 (Desborough, obtendo a TABELA 51: V.R.d’A. BSA 50 (1955), Pl. 49a); T (703): 59-69 (Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 301 A, B); jarro: T (694): 53-328 (Desborough, V.R.d’A. BSA 49 (1954), Pl. 46); T (702): 55-202 (Desborough, V.R.d’A. BSA 51 (1956), Pl. 34a); T (698): 54-220 (Desborough, V.R.d’A. BSA 50 (1955), Pl. 47c); prato: T (694): MM 923 (Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 276 A, B, C); potes e tigelas: T (694): 53-330 (Desborough, V.R.d’A. BSA 49 (1954), Pl. 46); T (702): 55-203 (Desborough, V.R.d’A. BSA 51 114 Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 291 G, H; (1956), Pl. 34a); T (703): 55-71 (Desborough, V.R.d’A. 292 A, B; 299 C, D. BSA 68 (1973), Pl. 32e). 115 Wace, “Mycenae’’ 1932, Fig. 49. 113 Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 271 A; 276 116 Souza, C. D. 2010. Volume III. Prancha 286 D. A, B, C. 117 Souza, C. D. 2010. Volume III. Prancha 305 C.

184 Camila Diogo de Souza

TABELA 51 Número dos enterramentos infantis divididos por subperíodos e classificação do mobiliário funerário. Período/ Objetos SM SM/PG PGGR Total

Sem oferendas 1 3 4 Vasos (1 a 3) 1 1 1 3

Metais (1 a 3) 1 1 Vasos + Metais (entre z 1 1 4 1 a 3 cada tipo) Variados 1 1 1 3

3 2 7 3 15

A quantidade de enterramentos infantis disso, ainda foi descoberto um fragmento cerâmico sem oferendas representa cerca de 26% do total também manufaturado do que pode ser uma de enterramentos infantis, e se somarmos esta espécie de lamparina.118 O T (708) constitui um quantidade aos enterramentos que contêm entre dos enterramentos mais variados encontrados em 1 e 3 vasos cerâmicos apenas, verificamos que esta Micenas datados da Idade do Ferro. A quantidade porcentagem sobe para quase 50% em relação de vasos torneados é grande e a maioria deles é ao total. Por outro lado, notamos que há uma em miniatura com pintura e motivos ornamentais concentração destes enterramentos durante o variados (como, por exemplo, os lécitos MM PG. Apesar da queda abrupta de enterramentos 862, MM 863, MM 865 e MM 866,119 incluindo infantis após o PG até o início do GR, os um jarro com estribo, típica do SM, porém enterramentos variados e aqueles que apresentam apresentando motivos decorativos já do PG vasos e artefatos em metal estão presentes em (jarro MM 861).120 Contudo, os artefatos que se quase todos os subperíodos da Idade do Ferro em sobressaem neste enterramento são em metal com que há enterramentos infantis, mesmo que em a presença de 3 fíbulas, 2 alfinetes e 1 anel em pequeno número. bronze.121 A presença de motivos ornamentais em Relacionando o mobiliário funerário com o anéis e, ainda mais, uma decoração aprimorada tipo de sepultura, percebemos que no início da com dois círculos concêntricos é rara nos demais Idade do Ferro, do SM até o PG, as crianças são contextos funerários do início da Idade do Ferro enterradas preferencialmente em cistas e covas na Argólida. Além desses 2 enterramentos variados, simples. Dos três exemplos de covas simples notamos ainda que durante esse período inicial datadas do PG, 2 não possuem oferendas (o T da Idade do Ferro, há um número relativamente (698), na Casa dos Escudos, que, na verdade, grande de enterramentos infantis em cista apresenta três inumações, 1 mulher e 2 crianças) contendo vasos e artefatos em metal que, mesmo e 1 possui apenas 1 vaso, o T (692). Dessa forma, em pequena quantidade, denotam o detalhamento os outros 9 enterramentos infantis datados do SM ao PG são cistas e estas, no geral, apresentam maior quantidade de artefatos, inclusive 2 enterramentos bastante variados, o T (702), 118 Ânfora 55-201: Desborough, V.R.d’A. BSA 51 na Casa das Esfinges e o T (708), na Casa da (1956), PI. 35 c; contas 55-205: Desborough, V.R.cTA. BSA Cidadela. 51 (1956), Pl. 34 b e “lamparina” 55-204: Desborough, O T (702), apresentava 2 anéis em bronze, V.R.cTA. BSA 51 (1956), Pl. 34 a. uma grande quantidade de vasos manufaturados e 119 Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 308 A, B, C, D, E; 309 A, B, C, D, E; 310 A, B, C, D, E; 311 A, B, C, D, E. apenas uma enócoa torneada, porém um dos vasos 120 Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 307 A, B, C, D, E. manufaturados, inclusive confeccionados no estilo 121 Fíbulas em bronze MM 2201, MM 2202, MM 2203, granular, a ânfora 55-201 continha 24 contas de alfinetes em bronze MM2199 MM 2200 e anel em bronze MM argila no interior, podendo ser um jogo e, além 868: Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 305 A, B, C.

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TABELA 52 Número dos enterramentos de adultos divididos por subperíodos e classificação do mobiliário funerário. Período/ Objetos SM SM/PG PG GA GAI1/GMI GM GR Total

Sem oferendas 1 1

Vasos (1 a 4) 1 1 1 2 5

Metais (1 e 3) 1 1 2 Vasos + Metais (entre 1 3 2 5 e 4 cada) Variados 1 1 3 5

1 1 5 1 3 1 6 18

do processo de confecção e dos motivos enterramentos que possuem uma quantidade decorativos dos objetos, por exemplo, o T (695), mais modesta de artefatos em metal e vasos no Cemitério Pré-histórico. cerâmicos, porém no total apresentam uma Se examinarmos os enterramentos infantis quantidade relativamente grande de objetos e datados do GR, percebemos que 2 são em estes objetos caracterizam-se por um aprimorado vasos funerários, uma cratera, que constitui um processo de confecção e variação de motivos enterramento variado, apresentando artefatos ornamentais, verificamos que eles representam em metal, vasos cerâmicos e o que pode ser um mais de 55% do total. Todavia, ao efetuarmos uma colar em cristal de rocha, o T (689), na área análise mais pormenorizada, observamos que os da Necrópole Micênica; uma ânfora contendo enterramentos variados de adultos só aparecem 3 vasos torneados com típicos motivos do GR, no final do GA, como por exemplo, o T (703), o T (685) e uma cista que apresentava dois na Casa das Esfinges, e não há exemplos desse grandes alfinetes em bronze aprimoradamente tipo de enterramento no início da Idade do Ferro, confeccionados, típicos do GR, e uma taça durante o SM e o PG, período em que os adultos torneada também com motivos típicos do GR, o T são enterrados com oferendas, mas de uma forma (701), na área da Casa das Esfinges.122 mais moderada e modesta. E interessante notar Desta maneira, apesar do pequeno número que o T (703) configura um dos enterramentos de enterramentos infantis, podemos concluir que mais variados durante toda a Idade do Ferro em as cistas são utilizadas para enterramentos mais Micenas, contendo uma quantidade incomparável variados, mais ricos durante o início da Idade do de vasos cerâmicos, 26 no total, incluindo Ferro, enquanto as covas simples parecem ter sido manufaturados e torneados.123 utilizadas para enterramentos mais modestos. Em direção ao final da Idade do Ferro, a cista ainda parece ser utilizada para enterramentos variados, 123 Ânforas 59-51 (Desborough, V.R.d’A. BSA contudo os vasos funerários passam a apresentar 68 (1973), Pl. 28b e 29a), 59-54 (Souza, C. D. 2010. um mobiliário mais diversificado e mesmo em Volume III. Prancha 299 C) 59-72 (Souza, C. D. 2010. maior quantidade que as cistas. Volume III. Prancha 299 D); esquifos 59-52, 59-53, 59- Em primeiro lugar, destaca-se o grande -67 (Desborough, V.R.d’A. BSA 68 (1973), Pl. 29c, 29d, número de enterramentos classificados como 29e), 59-68 (Souza, C. D. 2010. Volume III. Prancha 299 variados em relação ao total de enterramentos B); taças 59-55, 59-56, 59-57, 59-58, 59-59, 50-60, 59-61, 59-66, 59-76 (Desborough, V.R.d’A. BSA 68 (1973), Pl. de adultos, quase 28% e se os somarmos aos 30a, 30b, 30c, 30d, 30e, 30f, 30g, 30h, 30i); tampa 59-76 (Desborough, V.R.d’A. BSA 68 (1973), Pl. 32c); aríbalo 59-65 (Desborough, V.R.d’A. BSA 68 (1973), Pl. 32f); píxides 59-63, 59-64, 59-74 (Souza, C. D. 2010. Volume III. 122 Taça MM 893: Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 300 C, D, F), 59-70 (Desborough, V.R.d’A. BSA Pranchas 295 B, C, D, E. 68 (1973), Pl. 3 le); enócoas 59-69, 59-73 (Souza, C. D.

186 Camila Diogo de Souza

Os outros exemplos de enterramentos relativamente grande. Desborough (1954: 260- variados de adultos são: o T (699), na área da -65) e Coldstream (1968) reconhecem que há Casa dos Escudos, o T (694), no Cemitério Pré- uma diferença cronológica entre os vasos que -histórico e o T (697), encontrado a Leste do estão na área externa e aqueles que se encontram Túmulo de Clitemnestra. As três sepulturas são no interior da sepultura junto ao morto. Após a cistas, a primeira datada do final do G A II e análise dos vasos realizada no Museu de Micenas, início do GM I e as outras duas datadas do GR, percebemos que os da área externa são, na sendo o T (697) do GR I e o T (694) do GR II. verdade, um pouco mais antigos em relação aos O T (697) apresenta duas inumações de adultos, presentes na área interna, por exemplo, o cântaro ambos em posição contraída, porém com a cabeça MM 926, as duas taças, MM 928 e MM 925, o depositada em direções opostas, um esqueleto esquifo 53-326, as duas píxides, MM 924 e MM no sentido Leste-Oeste e o outro na direção 922 e a enócoa, 53-334 são todos vasos datados Oeste-Leste. O conteúdo do túmulo encontrava- do GR I.124 Os vasos presentes no interior da -se imediatamente sob a placa de cobertura da sepultura datam do GR II, apresentam motivos cista, não no interior associados diretamente figurados bastante variados, com pássaros e aos restos ósseos e, portanto, não puderam ser cavalos. identificados quais artefatos estariam associados Desborough afirma que, devido à grande ao enterramento I e ao II. quantidade de vasos presentes na área externa Entretanto, a quantidade de artefatos em e ao fato de serem mais antigos do que metal é relativamente grande, mesmo se for àqueles do interior da sepultura, haveria um dividida para os dois enterramentos, 1 tigela em enterramento mais antigo na área externa, um bronze e 12 alfinetes (10 em bronze e 2 em ferro), provável kenotáphos. Todavia, para sustentar além de um cíato. O fato do mobiliário funerário tal interpretação, seria necessário que houvesse estar quase na área externa da sepultura, suscita indícios de que a sepultura teria sido perturbada uma questão intrigante, que tem sido debatida no momento do segundo enterramento, quer para alguns enterramentos nos sítios analisados dizer, o do interior do túmulo e, dessa forma, os até o momento; se a cista teria sido reutilizada, vasos do primeiro enterramento, da área externa ou se os dois indivíduos teriam sido enterrados da sepultura, teriam sido deslocados, ou destruídos simultaneamente. I. Papadimitriou data os dois de alguma forma. Todos os vasos se encontram enterramentos do GR I, mas tal classificação é em ótimo estado de conservação e, assim, ou feita a partir da análise do mobiliário funerário eles foram depositados concomitantemente ao e, desse modo, não denota elementos de enterramento, indicando uma escolha para deixar sucessividade nos enterramentos, podendo ter sido na área externa os vasos mais antigos, ou então, depositado no momento da morte dos ocupantes os vasos mais antigos teriam sido inicialmente da sepultura (que, neste caso, poderia ter ocorrido depositados no local de sepultamento, como de forma concomitante) ou, ainda, posteriormente uma marca, denotando a possibilidade de uma à morte dos mesmos, caracterizando incursões exclusividade no uso do espaço funerário, posteriores à sepultura de membros da família, controlado e reservado por determinado grupo por exemplo. Como o material não é publicado social. e as informações das crônicas de escavação são Notamos que tais túmulos apresentam bastante imprecisas e lacunares, não é possível mobiliário funerário destacável em comparação confirmar nenhuma das hipóteses levantadas. com os demais tipos de enterramentos para O T (694) apresenta apenas uma inumação adultos durante toda a Idade do Ferro, mas de adulto, embora a quantidade de vasos tanto na principalmente durante o GR, em que um área externa da cista, encontrados imediatamente dos únicos enterramentos sem oferendas é em cima das placas de cobertura, quanto a caracterizado por uma cova simples, o T (690), quantidade de artefatos descobertas no interior e os dois demais caracterizam-se provavelmente da cista, associados ao esqueleto, seja também

124 Esquifo 53-362 e enócoa 53-334 (Desborough, 2010. Volume III. Pranchas 301 A, C), 59-75 (Desborough, V.R.d’A. BS A 49 (1954), Pl. 44), demais vasos: Souza, C. V.R.cTA. BSA 68 (1973), Pl. 3 lh) e pote manufaturado 55- D. 2010. Volume III. Pranchas 272 B, C, D, E; 273 A, B, C, -71 (Desborough, V.R.d’A. BSA 68 (1973), Pl. 32e). D, E, F; 274 A, B, C, D, E, F; 275 A, B.

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por um caso de reutilização da sepultura, um corresponde à Casa dos Escudos, situada a Oeste túmulo em cista, o T (686), contém apenas três da Cidadela, totalizando 7 enterramentos. vasos cerâmicos, entretanto todos torneados e A segunda maior área de concentração está com motivos bastante sofisticados. Associado aos localizada a Leste do Túmulo de Clitemnestra esqueletos, na área interna da cista, há apenas (Planta 3), somando 6 enterramentos. Em um vaso, uma enócoa,125 que é um pouco mais seguida, observamos que há duas áreas antiga em relação aos dois vasos que se encontram localizadas no interior da Cidadela micênica, na área externa; uma píxide e um esquifo.126 a Nordeste da Porta dos Leões, apresentando Estes dois vasos são bem grandes, principalmente 4 enterramentos e a denominada Casa da a píxide, e datam do GR II. Como estavam Cidadela, com 3 enterramentos. Outras 2 colocados sobre o túmulo, provavelmente podem áreas, ambas localizadas na área externa da ter sido utilizados como marcadores de túmulos ou Cidadela, contêm 3 enterramentos cada urna como oferendas aos mortos. délas: a Necrópole Proto-histórica, situada Sintetizando a análise do mobiliário imediatamente a Noroeste da Porta dos Leões, e funerário dos enterramentos da Idade do Ferro a denominada Casa das Esfinges que se encontra é interessante notar alguns padrões semelhantes a Sul da Casa dos Escudos. Há, ainda, 7 áreas àqueles levantados em Argos e em Tirinto. Os que apresentam 1 enterramento em cada, 4 délas enterramentos em cistas no caso dos adultos localizadas na área externa da Cidadela, nas são bastante variados, principalmente quando proximidades das maiores áreas de concentração comparamos com as covas simples. Além disso, mencionadas acima (na área Norte da o número de cistas diversificadas aumenta na Acrópole micênica, na área da Porta dos Leões, medida em que nos aproximamos do final da imediatamente a Norte do Círculo Tumular A, a Idade do Ferro. A situação assemelha-se mais ao Sul da Casa da Fonte Perseia e a Sul do Círculo caso argivo, em que neste momento, as cistas se Tumular B) e as 3 outras situadas no interior tomam maiores e com uma maior variedade de da fortificação (na área da Porta dos Leões, da objetos, assim como uma maior quantidade de denominada Casa Sul e da Casa de Tsountas). indivíduos depositados nos túmulos. As cistas Finalmente, em urna área bem mais afastada, a com enterramentos infantis também são mais Sudoeste da Acrópole, na área do Túmulo de variadas, no entanto, no GR, são enterradas Atreu, foram descobertas duas sepulturas de exclusivamente em vasos e estes, além de adultos datadas do PG. apresentarem motivos ornamentais e figurados Percebemos, dessa maneira, que os variados, ainda apresentam alguns artefatos em enterramentos se distribuem tanto na área metal. No geral, tanto os enterramentos infantis, externa da Acrópole micênica, na porção quanto os de adultos em Micenas apresentam imediatamente Oeste e Sudoeste em relação uma variedade e uma quantidade de objetos à Porta dos Leões e na área interna da excepcionais quando comparadas com os demais Cidadela, concentrando-se na porção Noroeste sítios durante toda a Idade do Ferro. e, principalmente, Sudoeste da Acrópole, imediatamente a Sul da Porta dos Leões. A área externa contabiliza 27 enterramentos e a 5) Localização. Pensando o Espaço dos Mortos. área interna 10 enterramentos. Os três tipos de sepulturas aparecem nas duas áreas, interna Constatamos que os enterramentos datados e externa da Acrópole e, aparentemente, da Idade do Ferro em Micenas encontram-se também não há espaços exclusivos de deposição dispersos tanto na área externa da fortificação, dos adultos e das crianças, pois ambas as quanto no interior das muralhas. Há um total categorias são encontradas nas mesmas áreas de de 12 áreas onde foram encontradas sepulturas concentração. Entretanto, a área a Nordeste da que podem ser visualizadas na Planta 3. A área Porta dos Leões apresenta apenas enterramentos que concentra o maior número de enterramentos infantis e todos em cista, uma delas datada do SM e as outras duas do PG. Distribuindo os enterramentos nas áreas

125 Evangelidis, D. AE (1912), Ar|0. 4, p. 132. de concentração de acordo com os subperíodos 126 Esquifo: Evangelidis, D. AE (1912), Aq0. 3, p. 132. da Idade do Ferro, durante o SM, apesar do Píxide: Souza, C. D. 2010. Volunte III. Prancha 268 A. pequeno número de enterramentos, nota-se que

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há uma preferência evidente para enterrar os nos mesmos locais onde foram encontrados mortos no interior das muralhas, na área Sul da vestígios habitacionais destes subperíodos. Acrópole, onde foram encontrados os vestígios Entretanto, a área interna da fortificação de habitações deste subperíodo. Tais habitações continua sendo intensamente ocupada, com estão assentadas sobre habitações datadas do a presença do que parece ser um edifício Heládico Recente, indicando que esta área da sagrado com formato absidal sobre as ruínas do Acrópole é utilizada durante o início da Idade antigo Palácio Micênico. Além disso, também do Ferro, tanto como espaço habitacional, é possível identificar a presença de cabanas quanto espaço funerário. Há um único exemplo que foram construídas sobre o pátio do antigo de enterramento fora da fortificação, uma Palácio Micênico e foram utilizadas durante cista infantil, o T (695), encontrado na área todo o Período Geométrico, desde o GA até o do Cemitério Proto-histórico. Percebemos, final do GR. Dessa maneira, da mesma forma portanto, que apesar deste enterramento se que em Tirinto, parece que, durante o Período destacar das áreas de habitações, padrão que Geométrico, a Acrópole micênica teria sido parece definir as práticas funerárias do SM, utilizada para habitações e para propósitos está situado numa antiga necrópole, uma área sagrados, porém já não é mais usada como espaço exclusiva de deposição dos mortos durante de deposição dos mortos. a Idade do Bronze. Todos os enterramentos Com a introdução do pito no GM para correspondem a cistas típicas do SM, enterramento de adulto, o T (691), que, aliás, construídas e fechadas com grandes placas de constitui o enterramento em vaso funerário pedra de calcário e apresentam oferendas mais menos variado de Micenas, quando comparado diversificadas, em metal essencialmente. aos infantis em ânfora e cratera, nota-se que os No final do SM e durante o PG, o enterramentos em cova simples diminuem. As número de enterramentos sofre um aumento cistas de adultos do GR são caracterizadas por acentuado e eles encontram-se tanto na área enterramentos bastante variados, principalmente interna da Cidadela, próximos aos locais aquelas situadas na área a Leste do Túmulo dos enterramentos do SM, quanto na área de Clitemnestra, área que concentra a maioria externa, principalmente, na área da Casa dos dos enterramentos do GR. A outra área de Escudos. Nas duas áreas, os enterramentos são concentração de enterramentos desse subperíodo covas simples e cistas de adultos e infantis. é o Cemitério Proto-histórico, indicando As cistas são típicas do PG e apresentam continuidade do uso da área como espaço de mobiliário funerário mais variado, contendo deposição dos mortos. principalmente, artefatos em metal. A área mais Sintetizando a análise espacial das práticas afastada a Sudoeste, próxima ao Tesouro de mortuárias em Micenas durante a Idade do Atreu, apresenta dois enterramentos de adultos Ferro, podemos concluir que há um processo bastante variados, o T (704) e o T (705). As evidente de deposição dos mortos na área evidências de habitações deste subperíodo externa da Acrópole micênica, acompanhado continuam modestas e situadas nas mesmas por um processo de distinção entre os espaços áreas de habitações do SM, no interior da habitacionais e mortuários. Durante o SM, as fortificação, principalmente, na porção Oeste. sepulturas se localizam nas mesmas áreas que Quando adentramos no Período as habitações e estão no interior das muralhas. Geométrico, durante o GA e o GM, percebe- No PG, percebemos que tanto a área interna, -se que as áreas de concentração estão ao redor quanto a externa em relação à muralha são da Casa dos Escudos e da Casa das Esfinges. utilizadas, configurando um período de transição, É interessante observar que, apesar da queda em que as sepulturas tendem a se situar fora da brusca dos enterramentos durante o GA e o Cidadela, mas ainda se encontram associadas às GM, parece haver uma tendência a enterrar áreas de habitação. A partir do GA e durante o os mortos fora das muralhas, processo que é GM, os túmulos começam a se restringir à área finalizado de forma explícita no GR. No início externa, porém apenas durante o GR, podemos do Período Geométrico, notamos que há uma perceber com clareza a efetivação deste processo, certa expansão das áreas de habitação na área associado à configuração de locais específicos externa da Acrópole, a Oeste, principalmente para a deposição dos mortos. próximo da Casa dos Escudos e das Esfinges,

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Náuplia. apenas indica que foram encontradas 12 sepulturas datadas desde o Protogeométrico Náuplia está situada na costa, na porção até o Helenístico e afirma que todas elas central da região da Argólida, integrando a são caracterizadas por covas simples, porém Municipalidade de Náuplia (Af|poç Nau7tX.íou), não informa a quantidade de indivíduos e na área da planície (Mapas 1 e 2). Durante alguns nem o conteúdo das mesmas. Dessa forma, anos, entre 1829 a 1834, a cidade foi a capital seguramente, ao menos, uma sepultura da Grécia, e atualmente é a capital da região da pertence ao período estudado, no mínimo, Argólida. Geograficamente, a cidade apresenta um enterramento é do PG. E certo apenas duas montanhas altas, uma delas denominada que nenhum desses 12 túmulos é datado do Acronauplia e, a outra, Colina Palamidi, onde Submicênico. se localiza o Castelo Palamidi construído pelos R. Hágg (1974) acredita que os 12 túmulos Venezianos durante a segunda ocupação de datam, na verdade, do Geométrico Recente Náuplia, entre 1686 e 1715. Acronauplia está e A. Foley (1988) menciona que eles são situada na extremidade Sudoeste da cidade e classificados imprecisamente apenas como constitui a parte de ocupação mais antiga da “geométricos”. Charitonides deixa claro que cidade, datando desde a Idade do Bronze. Foi nem todos os 12 túmulos são “geométricos” e intensamente ocupada e fortificada no período indica de forma bastante evidente que o mais Bizantino, durante as invasões venezianas, e, antigo é datado do Protogeométrico e mais ainda, pelos Turcos. Atualmente, abriga um recente do Período Helenístico. Dessa forma, grande hotel. As escavações no sítio foram decidimos não incluí-los em sua totalidade conduzidas pelo Serviço Grego de Arqueologia como “geométricos”. O arqueólogo apenas durante o século XX, principalmente na década afirma que todos os túmulos não apresentavam de 1950. Atualmente, as campanhas cessaram, oferendas e, assim, teriam sido datados de porém não há publicações sistemáticas sobre acordo com a análise estratigráfica, a qual o material descoberto. As informações se não é explicitada por ele nas crônicas de encontram dispersas nas crônicas e são bastante escavação. Dessa forma, mesmo que todas as lacunares. sepulturas fossem “geométricas”, seria muito difícil sustentar a hipótese segundo a qual elas datariam do Geométrico Recente, pois não há 1) Informações Gerais. evidência que a confirme ou a torne provável. Em nossa análise, essas sepulturas A partir do levantamento das crônicas e serão consideradas apenas no exame dos dos relatórios de escavações mais recentes, o enterramentos de adultos incertos, associada número total de túmulos em Náuplia datados ao tipo de sepultura e, ainda, quando desde o Submicênico até o Geométrico considerarmos a análise do espaço dos mortos, Recente II é de no mínimo 27 e no máximo pois todas elas situam-se no Terreno Pronoia, 38. Essa variação se deve à precariedade das uma área em Náuplia em que há uma grande publicações integrais dos contextos funerários. concentração de enterramentos durante As informações relativas aos enterramentos toda a Idade do Ferro e que continua sendo são bastante escassas e apesar de a maioria utilizada como espaço de deposição dos mortos das sepulturas ter sido encontradas ainda na após este período até o Período Helenístico. década de 50, as características descritivas Para as demais dimensões das práticas do túmulo, de seu conteúdo e do morto não funerárias, contudo, tais túmulos não fornecem foram publicadas de forma apropriada. Isto informações precisas que possam ser incluídas acontece, por exemplo, com um grupo de nas análises estatísticas. Consideraremos, sepulturas encontradas durantes as campanhas portanto, o total de 26 sepulturas. Há quatro do Serviço Grego de Arqueologia em 1954 no casos de reutilização da sepultura, em três Terreno Pronoia Triantaphyllos.127 Charitonides túmulos foram encontrados dois esqueletos (o T (1954: 193-94) nas crônicas de escavações (717), o T (725) e o T (728), todos no Terreno Pronoia Triantaphyllos) e em um túmulo, havia três esqueletos (o T (714), também no Terreno 127 Ergon (1954), AtiG. 41, p. 33. Pronoia Triantaphyllos, porém na Rua 25 de

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Março). Assim, o total de enterramentos em indivíduos adultos, porém devido à cremação e Náuplia seria de 31. ao mau estado de conservação, os arqueólogos Desse total, é interessante ressaltar que não estão convictos de tal afirmação. O quarto há um enterramento sem restos ósseos, um enterramento é caracterizado seguramente kenotáphos, o T (710) e dois em que não como o de uma criança, cujos restos ósseos há qualquer referência sobre o gênero ou a foram depositados no interior de uma ânfora, idade aproximada dos mortos, o T (711) e o T (713). E interessante notar, portanto, o T (732). Um fato intrigante neste sítio se que a cremação é realizada também para as comparado a todos os demais analisados até crianças em Náuplia, mesmo que haja apenas o momento, tanto Argos, Tirinto, Asine, um único exemplo. Apesar do pequeno Micenas e Lerna, diz respeito à prática da número de cremações e do fato delas serem cremação. Em Náuplia, apesar do pequeno incompletas e até mesmo incertas, elas são número de enterramentos, notamos que significativas e representantes de um tipo de há quatro ocorrências em que o esqueleto sepultamento incomum na região da Argólida, apresenta traços de queima, caracterizando à parte dos demais sítios analisados até então. prováveis cremações incompletas e, em uma Dessa forma, é válido e relevante o exame mais delas, há mesmo a identificação de uma pira detalhado desses enterramentos a partir de seus junto à cova simples globular, o T (712). Tais conteúdos. cremações são encontradas em todos os tipos de sepultamentos, dois em vasos funerários 2) Idade / Gênero e as relações com o Tipo (um em uma ânfora e um em um pito), um de Sepultura. em uma cista e o outro em uma cova simples globular. Apesar do pequeno número, tais Devido à falta de informações precisas nos ocorrências configuram exemplos mais seguros relatórios e crônicas de escavações, percebemos de cremações, distintamente dos argivos. um número altíssimo de enterramentos para Cabe-nos ressaltar que o formato globular os quais a classificação por idade é incerta e, para a cova simples é raramente utilizado nos dessa forma, o número de enterramentos de demais sítios durante a Idade do Ferro. Se adultos seguramente classificados como tal é analisarmos as datas das cremações, percebemos de apenas 10 somado a 13 outros prováveis. que apenas a cista possui uma data mais O total de enterramentos de adultos é 23. Já recuada, do GA II (T (731), no Terreno Pronoia para as crianças, há 4 enterramentos atribuídos Triantaphyllos). Os demais são todos datados como tais e apenas 1 incerto. O total de do GR II, o T (713) e até mesmo do finalzinho enterramentos infantis é 5. Distribuímos os do século VIII a.C., o T (712) e o T (725). enterramentos de adultos e os infantis na Três dos enterramentos são provavelmente de TABELA 53 e no GRÁFICO 15:

TABELA 53 Número total de enterramentos divididos por idade e subperíodos da Idade do Ferro. Período/Idade SM GA 11 GMII GR G Total

Criança 4 1 5

Adulto 4 1 1 13 4 23

4 1 1 17 5 28

191 SOUZA, C. D. As Práticas Mortuárias na região da Argólida entre os séculos XI e VIII a.C. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, Suplemento 13, 2011.

______GRÁFICO 15______Representação em gráfico do número total de enterramentos divididos por subperíodo e idade.

Da mesma forma que em Argos e em Tirinto, os períodos iniciais, as crianças não recebiam observamos que o número de enterramentos enterramentos formais, denotando um papel de de adultos é superior em relação aos infantis, exclusão social. Já durante o GR, este papel pode porém ambos concentram-se em direção ao final ter se modificado e a persona social da criança da Idade do Ferro, no Geométrico Recente e, pode ter adquirido funções fundamentais na particularmente no GR II, no final do século VIII configuração da sociedade, mesmo caracterizada a.C. Não há exemplos de enterramentos infantis por formas manipuladas ou ideais. nos subperíodos iniciais da Idade do Ferro, desde Examinando o atributo tipo de sepultura, o SM até o final do GM. Eles só aparecem no GR. percebemos que há 8 enterramentos em cista, 16 Tal fato pode indicar que, no início, o tratamento em vasos funerários, a maioria pitos e 5 em covas dado às crianças, no que diz respeito às práticas simples, conforme a distribuição na TABELA 54 e mortuárias, se distingue daquele dado no final no GRÁFICO 16. da Idade do Ferro. Provavelmente, durante

TABELA 54 Número total de enterramentos divididos por tipo de sepultura e subperíodos da Idade do Ferro. Período /Tipo de sepultura SM PG G A II GM II GR G Total

Cista 4 1 1 1 1 8

Vaso funerário 15 1 16

Cova Simples 1 1 3 5

4 1 1 1 17 5 29*

* O total de enterramentos difere da tabela anterior devido ao fato do enterramento T (732) ser incluído apenas na TABELA 54, pois apesar de se tratar de uma sepultura em cova simples globular, mas não há qualquer informação sobre o indivíduo depositado na cova.

192 Camila Diogo de Souza

______GRÁFICO 16______Número de enterramentos divididos por tipo de sepultura e subperíodos da Idade do Ferro.

listas

Jasos funerários

lovas simples

O número total de enterramentos em vasos II. Eles aparecem somente durante o GR e, neste corresponde ao dobro de enterramentos em momento, constituem o tipo de sepultura padrão cistas e mais do triplo em relação àqueles em para enterrar os mortos. Durante o SM, o padrão covas simples. Entretanto, os enterramentos em de enterramento é a cista e do PG ao GM, tanto vasos funerários concentram-se todos no final a cista, quanto a cova simples são utilizadas. da Idade do Ferro, não há um único exemplo de Relacionando o tipo de sepultura com o atributo enterramento em pito ou ânfora do SM ao GM idade, obtemos as seguintes tabelas:

TABELA 55 Número de enterramentos em cistas divididos por idade e subperíodos da Idade do Ferro. Período/Idade SM GA II GM II GRIG

Criança 1

Adulto 4 1 1 1

TABELA 56 Número de enterramentos em vaso funerário divididos por idade e subperíodos da Idade do Ferro. Período/Idade SM G A II GM II GR II G

Criança 4

Adulto 11 1

______TABELA 57______Número de enterramentos de adultos em cova simples distribuídos no subperíodos da Idade do Ferro. Período/Idade SM GA II GM II GR II G

Adulto 1 3

193 SOUZA, C. D. As Práticas Mortuários na região da Argólida entre os séculos XI e VIII a.C. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, Suplemento 13, 2011.

As crianças são predominantemente significa que, apesar da falta de informações para enterradas em vasos funerários, tanto pitos quanto os demais subperíodos da Idade do Ferro, há uma ánforas e todos os enterramentos são datados clara tendência para enterrar os mortos nos vasos do GR II. O único exemplo de enterramento funerários, tanto adultos como crianças, durante o infantil que não é em vaso trata-se de uma cista GR II, no sentido Leste-Oeste. Vale dizer, as umas que é classificada apenas como “Geométrica’ funerárias são depositadas na horizontal e o morto Já para os adultos a situação é um pouco mais é depositado acompanhando a abertura do vaso complexa. As cistas aparecem durante toda a para Oeste. Idade do Ferro, contudo podemos afirmar que há O décimo sexto exemplo de enterramento uma certa predominância em utilizá-las durante direcionado para Oeste trata-se de uma cova o início do período, principalmente no SM. Uma simples datada apenas como “Geométrica” onde peculiaridade dos enterramentos em vasos em havia três adultos e todos eles estavam no sentido Náuplia corresponde ao fechamento de uma Leste-Oeste, o T (714). Há ainda uma cista (o grande porcentagem dos pitos com discos de T (731), no Terreno Pronoia Triantaphyllos) que argila. Nos demais sítios, em Argos, em Tirinto estaria orientada no sentido Norte-Sul e, dessa e em Micenas, o pito ou a ánfora são fechados, maneira, o crânio do morto estaria na parte Sul da na maioria dos casos, com uma placa de pedra sepultura. Este enterramento é, provavelmente, de calcário e, algumas vezes, com outros vasos, de um adulto, cujo esqueleto apresenta traços crateras e tigelas, por exemplo. Em Náuplia, há de cremação e é datado do GAII. O último 5 enterramentos fechados com discos de argila, 5 enterramento para o qual dispomos de informações com placas e apenas 2 fechados com outros vasos, sobre este atributo é outra cista reutilizada, o T sendo que um deles encontrava-se com uma tigela (728), também no Terreno Pronoia Triantaphyllos. seguida de um fileira de três pedras.128 Tanto os O enterramento mais recente, datada do GR adultos, quanto as crianças são enterradas em I, cujos restos ósseos se encontram no interior pitos e ánforas. da cista e correspondem a um indivíduo adulto do gênero masculino, está orientado no sentido Noroeste-Sudeste, isto é com a cabeça posicionada 3) Orientação e Posição do corpo. na parte Sudeste da cista. Poderíamos indicar que nesta dimensão das Em relação ao atributo orientação da práticas funerárias, há uma certa similaridade sepultura / corpo notamos que as informações em relação aos contextos funerários em Tirinto, fornecidas pelas crônicas de escavações também onde, em direção ao final do Idade do Ferro, não são precisas e completas e muito menos no há uma predominância de enterramentos em que diz respeito à posição do corpo do morto. Para pitos com a abertura direcionada para Oeste. apenas 19 enterramentos obtivemos a direção à Poderíamos ainda ir um pouco além indicando qual o corpo estaria orientado. Como o número que, distintamente de Tirinto, no caso de é bem pequeno, não é possível realizar grandes Naúplia, o único exemplo de cista do GR se opõe análises estatísticas ou levantar reflexões mais drasticamente em relação aos enterramentos detalhadas. Todavia, vale a pena observar que dos em vasos. Seria uma forma de distinção entre os 19 enterramentos 16 são orientados no sentido dois tipos de enterramentos neste subperíodo? Leste-Oeste e destes 16, 15 são caracterizados por Infelizmente as evidências são muito escassas para enterramentos em vasos funerários, pitos e ánforas levantarmos qualquer conclusão. Entretanto, é e, portanto, estariam com a abertura do vaso e relevante examinar e comparar o conteúdo dos o crânio do indivíduo direcionados para Oeste. enterramentos para tentar auxiliar na análise. Além disso, dos 15 enterramentos em vasos, A análise do quesito posição do corpo 3 são infantis e 12 de adultos e, com exceção é bastante prejudicada, pois para apenas um de apenas um deles classificado apenas como enterramento, o T (728), nos é indicado a “Geométrico” todos são datados do GR II. Isto posição contraída. Está claro que a maioria dos enterramentos em Náuplia é em pitos e ânforas e, desse modo, os restos ósseos encontram-se necessariamente em posição contraída. Contudo, 128 Trata-se do pito funerário NM 10048, que configura o T (719), encontrado no Terreno Pronoia. BCH 79 o número de cistas e covas simples somados, (1955), Fig. 16, p. 239. contabilizam um total de 13 enterramentos que

194 Camila Diogo de Souza

poderiam ser examinados de acordo com a posição no T (719), no Terreno Pronoia e a NM 10069, do corpo. A princípio, poderíamos afirmar que no T (731), no Terreno Pronoia Triantaphyllos Náuplia não constitui uma exceção nos padrões e o pequeno aríbalo NM 10018 do T (727), no funerários no que diz respeito a este atributo, Terreno Pronoia). 130 como Asine, por exemplo, e que a posição As formas dos vasos também são bastante contraída constitui a posição padrão. comuns nos outros contextos funerários dos sítios da Argólida. Os vasos mais encontrados são enócoas, taças, crateras, ânforas e anforiscos 4) O Mobiliário Funerário. e esquifos. Estes últimos são mais raros quando comparados com os demais sítios a Argos e 4.1) Características da produção cerâmica de Micenas. Há uma forma bastante peculiar Náuplia. encontrada em Náuplia, que é encontrada O exame da produção cerâmica em Náuplia também apenas em Asine e em Tirinto, o estano também é incompleto e lacunar devido à falta com alças horizontais duplas. Contudo, um de material publicado proveniente dos contextos dos exemplares encontrados no T (728), o NM funerários. Mesmo tendo conseguido a devida 10043, corresponde a um dos poucos vasos áticos autorização para estudar alguns vasos dos importados encontrados na Argólida como um enterramentos, como, por exemplo, aqueles todo durante a Idade do Ferro.131 Por outro encontrados nas sepulturas descobertas dos lado, uma forma similar comumente encontrada anos 50 por S. Charitonides, tal material não nos túmulos em Argos e Tirinto é a ânfora em foi encontrado na reserva técnica do Museu de miniatura com alças verticais no pescoço, como Náuplia e os vasos foram dados como perdidos NM 10031, presente no T (728), enterramento 2, pelos funcionários.129 Entretanto, a partir da no Terreno Pronoia Triantaphyllos. 132 análise daqueles que são publicados e que tivemos Segundo as crônicas de escavações, acesso, notamos que a grande maioria dos vasos é identificamos apenas um único vaso torneada e a pasta utilizada apresenta-se bastante manufaturado, o pequeno aríbalo NM 10016, apurada, com antiplásticos pequenos. A cor da encontrado no T (726), no Terreno Pronoia argila varia bastante neste sítio, distintamente dos que aparentemente apresente decoração incisa. demais, podendo ser encontrada desde uma cor Devido à pequena amostragem, a dificuldade de bastante característica em Micenas, por exemplo, relacionar o formato dos vasos com os subperíodos com um tom mais avermelhado ou alaranjado, da Idade do Ferro aumenta. O único exemplar identificados pelos códigos 2.5YR 7/6 (light red) típico é o jarro com estribo NM 3559, encontrada e 10R 7/6 (light red) do Munsell, como o esquifo no T (710), na Colina Palamidi, nas campanhas NM 10005 ou a ánfora NM 10007, no T (712), entre os anos 1878 a 1892. 133 ou, ainda, apresentando uma nuança bege pálida Quando passamos para os motivos de com tons amarelados, comum em Argos e Tirinto, ornamentação, observamos que a maioria dos correspondente ao código 2.5Y 7/3 (pale yellow) exemplares corresponde aos motivos típicos do do Munsell, por exemplo, a ánfora trípode NM GR, como a ânfora trípode NM 10006, no T 10006, no T (713) e o anforisco NM 10031, do (713), na qual aparece a dupla de cavalos no T (728), enterramento 2, no Terreno Pronoia Triantaphyllos, como aquela presente na cerâmica em Asine, em Argos e em Tirinto e também de cor mais escura, acinzentada ou mesmo preta da 130 Ânfora trípode NM 10006: Souza, C. D. 2010. mesma forma que em Argos ou Tirinto (como Volume III. Prancha 313 C. Anforisco NM 10031: Souza, C. por exemplo, as xícaras NM 10019, encontrada D. 2010. Volume III. Pranchas 315 C, D, E; 316 A. 131 Conforme discutimos no Capítulo 2, as denominações das formas durante a Idade do Ferro são bastante controversas e variadas. O estano, por exemplo, é denominado genericamente de ânfora por A. Foley (1988), 129 Gostaríamos de agradecer mais uma vez à curadora já Charitonides e Hãgg preferem classificar o vaso como um do Museu de Náuplia, Vasso Mavroth, que procurou estano. BCH 79 (1955), Fig. 17, p. 239. durante dias os vasos NM 10070 e 10084, entre outros 132 Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 315 C, D, E; números de inventários que havíamos pedido para estudar 316 A. na reserva técnica do museu, porém não conseguiu obter 133 Styrenius, G. Submycenaean Studies. Acta Inst. sucesso. Athen. Sueciae. IN. 8. Voi. VII, 1967. Fig. 51.

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pescoço delimitados por uma série de três linhas apresenta triângulos duplos preenchidos por paralelas acima e abaixo e, dos lados, entre linhas entrecruzadas no ombro. Dessa forma, suásticas, meandros, ziguezagues e triângulos poderíamos sugerir que a datação de, pelo menos, (Fig. 74). A cena que constitui um painel de um dos três enterramentos presentes na sepultura, pássaros, cujos corpos são preenchidos por linhas seria deste subperíodo. entrecruzadas (Fig. 75) aparece frequentemente As características da produção cerâmica em em nos vasos em Tirinto. Náuplia, portanto, não apresentam elementos que indiquem uma produção própria e independente, mas, ao contrário, que está intimamente ligada à produção dos demais sítios da Argólida, formando quase que uma mistura dos fatores essenciais dos grandes, como Argos, Tirinto, Micenas e até mesmo Asine.

4.2) Características dos artefatos em metal.

A quantidade de artefatos em metal presente nos túmulos em Náuplia é pequena, formada por anéis e alfinetes em bronze e 3 adagas em ferro datadas do GR I, encontradas no T (728). Fig. 74 - Detalhe da píxide NM 10006, T (713). 135 Este enterramento, contendo dois esqueletos Cavalos. Náuplia. de adultos, constitui o enterramento mais variado durante toda a Idade do Ferro no sítio. Dessa forma, não é possível afirmar que há uma produção local dos objetos em metal em Náuplia.

4.3) O mobiliário e as relações com idade e tipo de sepultura.

Um primeiro fato que nos chama a atenção no exame do mobiliário funerário é a grande quantidade de enterramentos que não Fig. 75 - Detalhe da píxide NM 10006, T (713). apresentam oferendas de qualquer natureza e, Aves. Náuplia. dessa maneira, foram datados, a partir da análise estratigráfica. Há um total de 10 enterramentos Outro motivo também encontrado em Tirinto seguramente classificados nesta categoria de e datado do GR é o peixe também preenchido análise, representando mais de 32% do total de com linhas entrecruzadas que aparece no pescoço enterramentos. Entretanto é importante lembrar de anforiscos enquanto o restante do vaso é que há 12 túmulos em cova simples escavados apenas decorado com linhas horizontais paralelas, durante os anos 50 por Charitonides no Terreno como na ânfora em miniatura NM 10031, do Pronoia que também não apresentam nenhuma T (728), enterramento 2, no Terreno Pronoia oferenda. Há, ainda, dois enterramentos com Triantaphyllos. 134 As taças monocromáticas apenas alguns fragmentos cerâmicos e outros três com verniz preto brilhante são bastante comuns com apenas um vaso cerâmico. em Náuplia, da mesma forma que em Argos, Se analisarmos o tipo de sepultura desses em Tirinto e em Micenas. Sobre os motivos enterramentos, percebemos que daqueles 10 específicos do GM, vale ressaltar um pequeno enterramentos iniciais, 9 são em vasos funerários e lécito, NM 10000, encontrado no T (714), que todos datados do GR II. Dos outros enterramentos

134 Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 315 C, D, E; 135 Adagas em ferro NM 10025, NM 10026 e 316 A. NM10027: BCH 79 (1955), Fig. 19, p. 239.

196 Camila Diogo de Souza

mencionados acima em que foram encontrados visível entre os enterramentos infantis e os apenas alguns fragmentos cerâmicos e um vaso, de adultos, pois tanto um, quanto outro são um deles é caracterizado por uma cova simples desprovidos de oferendas no GR II. Todavia, da e é datado do PG, enquanto os quatro restantes mesma forma que em Argos, é essencial ressaltar são em vasos funerários e todos datados do GR que as ânforas utilizadas nos enterramentos II. Poderíamos afirmar, então, que o padrão para infantis, principalmente, apresentam motivos enterramentos em Náuplia em direção ao final da ornamentais geométricos e figurados bastante Idade do Ferro seria o uso do vaso funerário e da variados, como por exemplo, a ânfora trípode NM cova simples sem a presença de oferendas ou com 10006, do T (713).139 apenas um vaso cerâmico. Quando examinamos as cistas a situação parece um pouco distinta. As quatro cistas 5) Localização. Pensando o Espaço dos Mortos. datadas do SM possuem vasos cerâmicos, que inclusive são comparados por E. Protonotariou- A área onde foi identificado o maior número -Deilaki (1973: 91) com vasos semelhantes de enterramentos datados da Idade do Ferro e àqueles presentes nos T (531) e no T (544), em também de períodos posteriores, chegando até o Tirinto. Porém, a quantidade de vasos em cada Helenístico, trata-se do Terreno Pronoia ou, ainda, túmulo não é informada. Os enterramentos chamado de Pronoia Triantaphyllos. Este lote que apresentam pelo menos dois artefatos em situa-se na área norte-nordeste da Colina Palamidi metal e vasos cerâmicos correspondem a uma (Planta 4) e concentra 19 enterramentos de adultos cista datada do GA II, o T (731), no Terreno e os 5 enterramentos infantis totais e, portanto, Pronoia Triantaphyllos, contendo dois anéis em há uma grande quantidade de enterramentos em bronze e dois vasos cerâmicos,136 e a outra com vasos funerários. Isto quer dizer que a maioria enterramentos múltiplos, um datado do GM II e dos enterramentos da Idade do Ferro presentes o outro do GR I, o T (728), também encontrada nesta área é datada do GR. Além disso, nesta área no Terreno Pronoia Triantaphyllos. Estes dois também foi descoberto um grande número de últimos enterramentos são os mais diversificados enterramentos em covas simples, incluindo aqueles em Náuplia, contendo a maior quantidade e 12 túmulos escavados nas campanhas de 1954- variedade de material, não só anel em bronze, Nesta área de concentração há enterramentos mas também adagas em ferro, alfinete em bronze, de todos os tipos, cistas, covas simples e vasos assim como uma pérola em ouro e, ainda, uma funerários, tanto de adultos, quanto de crianças. Os pedra de polir e cortar.137 Os vasos são exemplares vasos funerários e as covas com mobiliário funerário da produção cerâmica apurada e possuem uma mais modesto localizam-se junto com as cistas mais decoração refinada, incluindo a importação ática. variadas, inclusive o T (728). 138 O enterramento mais antigo é datado do GM II A princípio poderíamos sugerir que o Terreno e o mais recente do GR I. Pronoia passa a ser utilizado como uma área de Dessa forma, está claro que, apesar da enterramentos a partir do PG e, durante o SM, pequena amostragem, as cistas constituem período em que a utilização das cistas é maior, os enterramentos variados em Náuplia, os enterramentos concentram-se mais a leste de mesmo durante o GR, quando o padrão de Palamidi, na encosta da colina e nas proximidades enterramento é caracterizado pelo uso do da Necrópole Micênica, a noroeste desta (vide vaso funerário. As covas simples e os vasos Planta 4). E aí que encontramos um provável funerários constituem enterramentos bem menos túmulo caracterizado como um depósito de variados. E interessante notar que este padrão vasos cerâmicos que pode, na realidade, ser uma de enterramento assemelha-se ao verificado em oferenda aos mortos, aos antepassados micênicos, Argos. Aqui, entretanto, não há uma distinção o T (710). Próximo a esta área, está situada a Praça Evanguelistria, onde foram identificadas as 4 cistas do Submicênico na década de 1970 por Protonotariou-Deilaki. 136 Taça NM 10069 e enócoa NM 10070: Prakt (1955), nív. 83p. 137 Pedra de polir NM 10024: BCH 79 (1955), Fig. 19, p. 239. 139 Souza, C. D. 2010. Volume III. Pranchas 315 C, D, E; 138 Estaño NM 10043: BCH 79 (1955), Fig. 17, p. 239. 316 A.

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As evidências de habitações em Náuplia são sítio, denominada de Lerna I a Lerna V. Os bastante escassas. Há apenas registros de paredes poucos túmulos datados da Idade do Ferro foram e uma área pavimentada onde foram encontrados investigados, principalmente, nas campanhas da fragmentos cerâmicos datados desde o GA até década de 1950 e início dos anos 1970. o GR no Terreno Pronoia, próximo à área de enterramentos. Já os resquícios habitacionais do SM e do PG são suficientes para afirmar que o 1) Informações Gerais. sítio permaneceu habitado de forma contínua. Todavia está claro que o assentamento em Segundo as crônicas e relatórios de Náuplia durante o início da Idade do Ferro escavações mais recentes, foi levantado um era caracterizado por pequenas proporções, total de 27 túmulos em Lema datados desde principalmente quando comparamos com os o SM até o final do GR. Há quatro prováveis demais sítios analisados até então em relação ao casos de reutilização da sepultura, sendo que em PG, particularmente. Parece que tais aspectos dois deles havia três esqueletos cada, o T (739) configuram a comunidade em Náuplia durante e o T (742), encontrados na área do Monte toda a Idade do Ferro. Pontinos, e em outras duas sepulturas havia Acompanhando o padrão verificado nos dois mortos em cada, no T (762) e no T (763), demais sítios da Argólida, podemos verificar um ambos localizados nas proximidades da estrada aumento populacional significativo em direção Argos-Tripolis. Isto significa dizer que o total de ao final da Idade do Ferro, durante o GR. Da enterramentos em Lerna durante a Idade do Ferro mesma forma, parece ter havido uma área de sobe para 33. Todos os túmulos caracterizam-se concentração de enterramentos utilizada desde por cistas ou enterramentos em vasos funerários, o PG que teria se desvinculado e se afastado da especificamente, pitos. Lerna se configura como Necrópole Micênica no final do SM e início do um dos únicos sítios na Argólida, juntamente PG e teria se aproximado das áreas de habitação. com Argos e Asine, que apresentam um estudo Esta área é caracterizada como um espaço de osteológico sistemático dos enterramentos (Angel deposição dos mortos utilizada continuadamente 1971), contendo informações mais precisas e desde o PG até o Período Helenístico. detalhadas sobre os atributos idade e gênero. Entretanto, para um total de quatro sepulturas não há qualquer informação sobre os indivíduos Lema / Myloi. enterrados, os T (756), T (757), T (760) e o T (761). Além disso, ainda há 9 enterramentos que O sítio arqueológico de Lerna situa-se na são classificados como prováveis adultos. porção Sudoeste da Argólida, onde atualmente se encontra a cidade de Myloi (Af|poç Aépvaç) e faz parte da Municipalidade de Argos-Micenas. Situa- 2) Idade / Gênero e as relações com o Tipo de Sepultura. -se aproximadamente a 6 km a sudoeste de Argos e 13 km a oeste de Náuplia, na área da planície Dos 33 enterramentos totais, apenas 5 são argiva e, na antiguidade, apresentava um lago de identificados seguramente como infantis e 15 grandes dimensões bem próximo ao mar e ao sul são certamente de indivíduos adultos. Todavia, de Argos. Segundo a mitologia, neste local teria outros 9 enterramentos também são classificados ocorrido o segundo trabalho de Héracles, através como enterramentos de prováveis adultos. Dessa do qual o herói teria que matar a hidra de Lema, forma, o total de enterramentos de adultos seria habitante do lago. 24. Poderíamos distribuir tais enterramentos na As escavações no sítio tiveram início seguinte tabela de acordo com os subperíodos da em 1952, conduzidas pela Escola Americana Idade do Ferro: de Estudos Clássicos em Atenas (ASCSA) e coordenadas por John L. Caskey. Tais campanhas revelaram que o sítio foi ocupado desde o Neolítico e de forma bastante intensa durante a Idade do Bronze, desde o Heládico Antigo até o Período Micênico, que levou Caskey a estabelecer uma cronologia específica para o

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TABELA 58 Número total de enterramentos divididos por idade e subperíodos da Idade do Ferro. Período/Idade GA GA U/GMI GM GR I/GR II G Total

Criança 2 2 1 5

Adulto 12 3 9 24

2 14 3 1 9 29

Novamente, como acontece em Argos, grande durante a Idade do Bronze. Os Tirinto e Náuplia, o número de enterramentos sepultamentos começam no GA e ainda durante infantis é muito menor do que o de adultos. O o GM são relativamente numerosos. No GR, segundo é quase 5 vezes maior em relação ao observamos uma queda, processo novamente primeiro. Inversamente à tendência verificada inverso àquele evidenciado em todos os demais nesses sítios, os enterramentos infantis sítios da Argólida. Contudo, há uma grande concentram-se no início da Idade do Ferro, quantidade de enterramentos classificados mais especificamente, no início do Período apenas como “geométricos’ fato que poderia Geométrico, durante o GA. Notamos que não há aumentar o número de enterramentos desde o um único exemplo de enterramento datado do GA até o GR. SM e do PG, fato que pode indicar uma ruptura Quando examinamos o atributo tipo de mais brusca e marcante no assentamento entre sepultura, percebemos que o número de cistas a Idade do Bronze e o início da Idade do Ferro, e de pitos é bem próximo. Há um total de 18 pois a comunidade parece ter sido relativamente enterramentos em cista e 15 em pitos.

TABELA 59 Número total de enterramentos divididos por tipo de sepultura e subperíodos da Idade do Ferro. Período/Tipo GA 11/ GR I/GR GA GM G Total de sepultura GM I II

Cista 12 6 18 Vaso funerário 2 2 3 1 7 15

2 13 4 1 13 33*

* O total de enterramentos difere da tabela anterior devido ao fato da inclusão de 4 enterramentos em pito classificados apenas como “Geométricos’', para os quais não há qualquer referência sobre a idade ou o gênero do morto, o T (756), T (757), T (760) e o T (761). Assim, o número de enterramentos classificados pelo tipo de sepultura sobe de 29 para 33.

Os pitos aparecem com a cista. Entretanto, tanto de cistas quanto de pitos classificados os primeiros exemplos são usados para apenas como “geométricos”, o que pode enterramentos infantis. A concentração de ocasionar algumas mudanças na análise desses cistas no final do GA e início do GM é grande, o costumes. De qualquer maneira, poderíamos número de cistas é 6 vezes maior em relação ao afirmar que durante o início do Período número de enterramentos em pito. A primeira Geométrico os mortos são enterrados tanto em vista, poderíamos dizer que os pitos são utilizados pitos quanto em cistas, já em direção ao final de maneira mais uniforme durante todo o da Idade do Ferro, o padrão para enterramentos Período Geométrico, enquanto as cistas são talvez seja o uso exclusivo do pito. preferencialmente utilizadas no início do Período Relacionando os atributos idade e tipo de Geométrico. Porém, há uma grande quantidade sepultura, obtemos as TABELAS 60 e 61:

199 SOUZA, C. D. As Práticas Mortuárias rta região da Argólida entre os séculos XI e VIII a.C. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, Suplemento 13, 2011.

TABELA 60 Número de enterramentos em cistas divididos por idade e subperíodos da Idade do Ferro. Período/Idade GA 1I/GM I GM GR I/GR II G

Criança 2

Adulto 10 6

TABELA 61 Número de enterramentos em pitos divididos por idade e subperíodos da Idade do Ferro. Período/Idade GA GA II/GM I GM GR I/GR II G

Criança 2 1

Adulto 2 3 3

A quantidade de enterramentos tanto de para Sudoeste e o T (762), que se trata de um crianças quanto de adultos é bastante pequena, caso de reutilização da sepultura, contendo dois fato que nos permite apenas levantar alguns enterramentos de adultos, ambos datados apenas apontamentos e algumas questões que podem como do “Geométrico’ e orientados no sentido ser interessantes quando comparadas com os Norte-Sul, ou seja, com a abertura do vaso e os demais sítios da Argólida. As crianças, no início crânios dos dois esqueletos posicionados para Sul. do Geométrico, são sepultadas tanto em cistas Dessa forma, não é possível levantar padrões de quanto em pitos. Já em direção ao final da Idade enterramentos a partir de dados tão escassos. do Ferro, poderíamos sugerir que há uma certa Em relação à posição do corpo, para um preferência pelos pitos para os enterramentos total de 13 enterramentos em cistas dispomos infantis. Para os adultos o padrão é o mesmo, de informações, representando uma amostragem no entanto, apresenta-se de uma forma mais equivalente a aproximadamente 72% do total. evidente. O pito é introduzido no final do Isto significa que, apesar da pequena quantidade GA para enterrar adultos simultaneamente em geral de cistas, a amostragem é significativa há a utilização das cistas, cuja quantidade é 5 e passível de reflexões mais detalhadas. Dos vezes maior do que a quantidade de pitos neste 13 enterramentos, apenas 1 se encontrava subperíodo. Durante o GM e até o final da Idade em posição contraída, com as pernas deitadas do Ferro, parece que o único tipo de enterramento para a direita do morto; trata-se do T (759), utilizado passa a ser o pito. descoberto nas campanhas dos anos 70, nas proximidades de Myloi e classificado apenas como “Geométrico’'. Todos os demais parecem 3) Orientação e Posição do corpo. ter sido encontrados em posição estendida, ou com as pernas levemente flexionadas para um O exame do quesito orientação do corpo / dos lados do indivíduo. Todos os sepultamentos sepultura é bastante restrito devido às escassas são datados do final do GA II e início do GM I, 2 informações fornecidas sobre tal atributo nos são infantis e o restante de adultos. Isto significa relatórios e crônicas de escavações. O sentido que o padrão de enterramento em Lerna, no que para o qual a cista foi construída ou para o qual a diz respeito à posição do corpo, difere daquele abertura do pito foi depositada é indicado apenas apresentado em Argos, Tilinto, Micenas e, muito para 4 enterramentos. Um deles é o T (759), provavelmente, em Naúplia e aproxima-se da caracterizado por uma cista orientada no sentido prática executada em Asine. Notamos, ainda, Leste-Oeste; os outros três são enterramentos em que há enterramentos infantis e de adultos em pitos, o T (737), datado do GM e cuja abertura tal posição e, da mesma forma que em Asine, do vaso e o crânio do morto estavam direcionados esses enterramentos aparecem mais no início da

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Idade do Ferro, essencialmente do PG. Cabe­ como por exemplo, a taça L.668 e o cântaro L.669 mos ressaltar que em Lema eles são um pouco presentes no T (751), no Monte Pontinos.140 posteriores em relação aos de Asine. Entretanto, Os vasos manufaturados, no geral também ao mesmo tempo, os costumes funerários são apresentam pasta fina, com antiplásticos pequenos bastante distintos daqueles apresentados em e com a mesma coloração dos torneados, por Asine, pois encontramos uma grande quantidade exemplo, a enócoa L. 76, do T (737), ou o jarro de enterramentos em pito em Lema. L.667, do T (751), no Monte Pontinos. 141 As Tal particularidade dos contextos funerários da formas encontradas com mais recorrência nos Idade do Ferro em Lema, associada ao fato desses contextos funerários em Lema são aquelas enterramentos não apresentarem qualquer tipo encontradas também em Argos, Tirinto e de oferenda é inesperada e totalmente divergente Micenas, como taças, esquifos, cântaros, jarros e àquela verificada nos demais sítios da região da píxides. As enócoas, principalmente as trilobadas Argólida. R Courbin (1974, 1977) afirma que com o corpo ovalado, forma típica do PG, e essa excentricidade de Lema é fruto de um erro grandes crateras, formas típicas do GR, aparecem no processo de datação dos enterramentos que com menor frequência e as ânforas e anforiscos, devem ser, na verdade, datados do Período Arcaico. também formas mais encontrados durante o GR, Todavia, Caskey deixa claro que as sepulturas foram são encontradas raramente nos túmulos. Uma encontradas na mesma camada estratigráfica onde forma interessante, um tanto distinta, é a enócoa se encontravam diversos fragmentos cerâmicos trilobada L. 671, também do T (751), no Monte datados do GA, e alguns apresentavam decoração Pontinos, devido ao pescoço bem curto e o corpo já transitória pata o GM. Dessa forma, acreditamos bojudo, bastante arredondado. 142 Tal formato é que não há elementos suficientes para indicar um incomum para enócoas trilobadas e um exemplar erro na datação proposta por Caskey e nem para semelhante é encontrado em Tirinto apenas. datá-las do Período Arcaico. A diversificação nos A análise dos motivos ornamentais também costumes funerários pode ser fruto de vários fatores, revela elementos similares aos argivos. As taças, como a expressão de um grupo social distinto, por exemplo, podem ser monocromáticas pintadas por exemplo. A particularidade dos contextos inteiramente com o verniz preto brilhante funerários em Lema pode indicar a influência de característico das taças de Argos, como a L. 77, dois grupos opostos que estariam configurando encontrada no T (737), ou apresentar motivos a comunidade neste local e que podem ser típicos do GR como a taça L. 668 do T (751), no provenientes de Argos, de um lado, e de Asine, de Monte Pontinos. 143 Há um motivo ornamental outro, por exemplo. encontrado recorrentemente em taças e esquifos do GM em Argos e Tirinto, configurado por barras verticais paralelas intercaladas com asteriscos 4) O Mobiliário Funerário. (Fig. 50, p. 113). Um outro motivo típico do GR, comumente presente em Lema e em Argos, 4.1) Características da produção cerâmica em Titinto e Micenas, corresponde as barras verticais Lerna. onduladas paralelas formando uma faixa na altura A análise da cerâmica dos túmulos da Idade das alças de taças e esquifos (Fig. 65, p. 120). do Ferro em Lema, apesar do pequeno número Podemos concluir, portanto, que a cerâmica de enterramentos com oferendas, indica que, encontrada nos contextos funerários em Lema está na verdade, os artefatos são bastante similares intimamente ligada à produção cerâmica argiva aos produzidos em Argos e em Tirinto, no que ou, em menor porcentagem, àquela presente em se refere às características técnicas de produção, Tirinto, indicando que, dificilmente, deve ter como a argila, a constituição e a coloração da havido uma produção local, própria e independente pasta, a produção propriamente dita do vaso, em Lema, mas sim que os artefatos devem ter seja manufaturado ou torneado, aos aspectos que vindo dos grandes centros de produção próximos. dizem respeito à forma dos vasos e, ainda, aos motivos de ornamentação dos mesmos. No geral, a argila possui coloração pálida em bege com tons 140 Caskey, J. Hesperia 25 (1956), PI. 48c e PI. 48d. marrons e amarelos, correspondente aos códigos 141 Caskey, J. Hesperia 23 (1954), PI. 2c e PI. 48e. 2.5Y 7/3 (palé yellow) e 10YR 7/2 (light gray) 142 Caskey, J. Hesperia 25 (1956), PI. 48g. do Munsell e apresenta antiplásticos pequenos, 143 Caskey, J. Hesperia 25 (1956), PI. 2c e PI. 48f.

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4.2) Características dos artefatos em metal. Percebemos que a maioria dos enterramentos não possui oferendas ou apresenta apenas alguns Já sobre os artefatos em metal, embora fragmentos cerâmicos. Dos 22 enterramentos também não haja uma grande quantidade de classificados nesta categoria, 2 são infantis e os oferendas produzidas neste tipo de matéria- demais são de adultos, 11 cistas e 9 pitos. Os -prima nos túmulos, a qualidade da produção e da dois enterramentos que apresentam entre 1 e 3 decoração merecem destaque. Há seguramente vasos cerâmicos correspondem a pitos de adultos. duas sepulturas em que foram encontrados O enterramento que apresenta alguns artefatos artefatos em metal bem preservados, o T (738) e em metal corresponde a uma cista de adulto o T (751), ambas situadas no Monte Pontinos. A classificada apenas como “geométrica” primeira trata-se de um provável enterramento de Os enterramentos mais variados são adulto e apresenta um alfinete e um anel em bronze caracterizados por um enterramento em pito de que, são classificados apenas como “geométricos” adulto, o T (737), que apresenta apenas um vaso por Caskey. A segunda apresenta dois anéis e duas no interior (uma xícara monocromática com argolas largas em bronze, que também podem verniz preto, L. 77) e alguns poucos fragmentos ser dois anéis e uma fíbula. 144 Este objeto possui em bronze que não puderam reconstituir o objeto, uma decoração bastante rebuscada; uma ave em na área externa. Segundo Caskey, há mais dois ambos os lados da placa, cujo corpo é preenchido vasos associados à sepultura (uma outra xícara, L. com linhas onduladas paralelas. A parte lateral da 75, e uma enócoa trilobada manufaturada, L. 76) fíbula também é trabalhada com losangos em linhas e uma conta em concha que poderia formar um duplas. Esta ornamentação é típica do Geométrico colar, um pingente ou corresponder a uma espécie Recente, mais especificamente, do início do GR de amuleto. 146 A datação do enterramento II. O enterramento continha restos ósseos de uma pode ser dada não só pela estratigrafía, como criança e também apresenta artefatos em cerâmica, também pelo pito funerário, e ainda pelos motivos caracterizando um dos mais variados encontrados decorativos da xícara L. 75 que, a partir de outras em Lema. Apesar da qualidade aprimorada, não há semelhantes em Argos, acreditamos datar mais elementos suficientes que indiquem uma produção especificamente do GM I. local dos artefatos em metal. O segundo enterramento diversificado também é em pito que apresenta restos 4.3) O mobiliário e as relações com idade e tipo ósseos de duas crianças, o T (763), ambos os de sepultura. enterramentos datados do GA, com um total de 6 vasos no interior do pito. Tais artefatos O T (751) constitui o enterramento mais cerâmicos correspondem a vasos cuidadosamente variado datado de toda a Idade do Ferro no sítio confeccionados, todos torneados, em miniatura de Lema. Trata-se de enterramento de uma e com decoração aprimorada, caracterizados por criança em pito, datado do final do GM II e início uma mamadeira (uma xícara com bico), uma taça do GR I, contendo quatro anéis e uma fíbula em monocromática com verniz preto brilhante, uma bronze e quatro vasos cerâmicos torneados de enócoa, uma cratera e dois esquifos. produção aprimorada, tanto na pasta da argila O terceiro e último enterramento variado quanto nos motivos decorativos, que variam desde corresponde a uma cista de um adulto, o T o GM II, como por exemplo, o cântaro L. 669, até (753), cujo conteúdo é formado por uma grande o GR I, como a enócoa L. 671, e, ainda, um vaso quantidade de vasos cerâmicos torneados e com manufaturado bastante refinado em sua pasta e motivos ornamentais diversificados; 4 vasos confecção, o jarro L. 66 7 .145 foram encontrados no interior da cista e outros Quando relacionamos o mobiliário 3, entre eles dois cálices e uma píxide, além de funerário com o tipo de sepultura, distribuindo uma alça que poderia ser um quarto vaso, foram os enterramentos pelos subperíodos da Idade do identificados na área externa da cista, em cima da Ferro, obtemos a tabela da página ao lado (62): placa de cobertura. Assim, podemos afirmar que os pitos apresentam uma quantidade maior de oferendas

144 De Vries, K. Hesperia 43 (1974), Pl. 16e e Pl. 7. 145 Caskey, J. Hesperia 25 (1956), Pl. 48c, Pl. 48e e Pl. 48g. 146 Caskey, J. Hesperia 23 (1954), Pl 2c.

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TABELA 62 Enterramentos em cista e em pito divididos por subperíodos e classificação do mobiliário funerário. Período / Objetos GA GA II / GM I GM GR I / GR II G Total

Sem oferendas 14 2 6 22

Vasos cerâmicos 7 L 7 (entre 1 e 3) Metais (entre 1 e 3) 1 1

Variados 1 1 1 1 4

Não informado 3 3

1 14 3 1 13 32

que as cistas durante a Idade do Ferro em Lema. notamos que esta área começa a ser utilizada para A maioria das cistas não apresenta oferendas. Os enterrar os mortos, tanto adultos como crianças pitos variados, da mesma forma que as cistas sem e tanto em cistas como em pito ainda no GA e, oferendas configuram tanto enterramentos de após uma intensificação deste uso no final do GA adultos quanto infantis. Porém, o enterramento e início do GM, ela ainda continua sendo utilizada mais variado encontrado no sítio é identificado até o GR. a uma criança em pito. Parece não haver um As evidências de habitações em Lema são tratamento diferencial entre adultos e crianças e praticamente inexistentes no que se refere à os enterramentos sem oferendas se concentram Idade do Ferro, fato intrigante, na medida em no início do Período Geométrico. Em direção que durante o Heládico Médio e toda a Idade do ao final da Idade do Ferro, apesar do declínio na Bronze Lema parece ter sido uma comunidade quantidade de enterramentos, a quantidade e a relativamente grande e significativa. Na própria variedade dos artefatos aumentam, principalmente, Área D, há vestígios de habitação do HM e nos enterramentos infantis em pito. do Período Micênico.148 A comunidade parece ter sofrido uma queda drástica no período pós- -palacial, devido à ausência tanto de vestígios 5) Localização. Pensando o Espaço dos Mortos. funerários, quanto de ocupação durante o SM e o PG. Os contextos funerários do Período Em Lema, há uma grande área de Geométrico concentram-se todos na área concentração de enterramentos da Idade do Sudoeste do sítio pré-histórico, mas parece que Ferro, o Monte Pontinos e suas proximidades, o assentamento em Lerna, mesmo no final da a leste e sudeste, na denominada Área D, Idade do Ferro, durante o GM e o GR, não escavada durante os anos 1950.147 Nesta área era constituído por uma larga comunidade. foram encontrados 20 enterramentos do total, 3 Pelo contrário, as evidências demonstram que infantis e 18 de adultos. A grande maioria data da provavelmente se tratava de uma comunidade transição do GA II para o GM I, 14 entre infantis bem pequena, mesmo no século VIII a.C. e adultos. Há 2 classificados como “geométricos” porém os 3 enterramentos que são datados do GM, seja GM I ou II, assim como o único enterramento datado do GR, o T (751), também foram descobertos nesta área. Além disso, 13 são enterramentos em cista e 7 em pito. Dessa forma,

147 Caskey, J. Hesperia 25 (1956), Pl. 48; BCH 7 9 ------(1955), Fig. 20, p. 240. 148 Caskey, J. Hesperia 23 (1954), Pl 2b.

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Capítulo 4

Interpretando dos dados: a abordagem inter-sítio.

I) O Submicênico. “Continuidades e rupturas”, As mudanças mais marcantes do SM estão elementos contraditórios ou complementares? exatamente relacionadas às práticas funerárias. Os enterramentos coletivos nos grandes túmulos em O final da Idade do Bronze, imediatamente thólos cedem lugar para as inumações individuais após o colapso e a dissolução do sistema palacial em cistas ou em covas simples. Conforme micênico, ocorrido durante o Heládico Recente pudemos observar na análise dos contextos IIIB (entre 1300 e 1200 a.C.), é alvo de debates, funerários dos sítios da Argólida, este padrão que o caracterizam como um momento que de enterramento corresponde à norma durante apresenta várias questões e lacunas da história toda a Idade do Ferro. Na Atica e na Eubeia, por da Grécia Antiga. Tal período corresponde ao exemplo, verifica-se uma grande quantidade de Heládico Recente IIIC (entre 1200 e 1100) é visto cremações individuais que tendem a crescer em como um momento de transição, conturbado direção ao final da Idade do Ferro (Morris 1987; e instável em que convivem formas plurais de Whitley 1991; Lemos 2002). manifestações culturais. O início da Idade do A cremação na Argólida reaparece logo após Ferro, cronologicamente estabelecido por volta o colapso do sistema palacial, durante o Heládico de 1100 a.C., marca uma fase de mudanças mais Recente IIIC.2 Há duas grandes ocorrências, uma profundas e abruptas em relação às características da Idade do Bronze. Conforme elucidamos na Introdução, a primeira metade do século XI é identificada recortes propostos pelos especialistas no estudo da ao Submicênico, subperíodo inicialmente cultura material da Idade do Ferro, vide Fig. 1 - Quadro cronológico comparativo da Idade do Ferro para as regiões constatado apenas na Atica, particularmente da Atica e da Argólida, segundo A. M. Snodgrass, p. 24 em Atenas, porém que encontra expressões e Fig. 2 - Quadro cronológico comparativo do Período culturais específicas na Argólida e abrange um Geométrico na Argólida (cerâmica argiva), segundo R curto intervalo de tempo entre 1060 a 1050.1 Courbin e J. N. Coldstream, p. 25. 2 A cremação aparece raramente em túmulos do Heládico Médio (2000 a 1600 a.C.) em Argos e, poderíamos afirmar que durante o Heládico Médio e o 1 Para uma discussão mais detalhada dos problemas Período Micênico o padrão de enterramento dos mortos é conceituais e epistemológicos do uso da expressão a inumação. Casos isolados de cremação voltam a aparecer “Submicênico”, assim como das questões referentes aos na Argólida apenas no Heládico Recente IIIC. Entretanto, limites cronológicos de cada subperíodo da Idade do Ferro, é interessante reforçar que, desse modo, tal prática vide Introdução, p. 30-31. Para comparar os diferentes funerária não é desconhecida e não pode considerada com

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delas descoberta a 2,5km sudoeste de Micenas, como inovações, elementos intrusos à cultura em Chania, e a outra na Rua Tripoleos em Argos. característica da Idade do Bronze, trazidos pelos Ambas são configuradas como tumuli. A primeira dórios (Desborough 1952: 204; Eder 1990: 207- ainda permanece não publicada e contém 8 -08), caracterizados como um povo seminômade, cremações sem umas funerárias (French 2002: fundamentado em uma economia pastoril e de 140; Lemos 2002: 139, fig. 10), e a segunda criação de animais, e tradicionalmente guerreiros contém 36 vasos funerários com cremações e (Eder 1990: 210). 16 inumações individuais de adultos e crianças De outro lado, o colapso seria resultado de (Piteros 2001). uma série de fatores internos do sistema político Além das transformações ocorridas no micênico, responsáveis por sua própria hipertrofia campo das práticas mortuárias no período pós- (Kilian 1988: 134). As transformações culturais, -palacial, destacam-se também mudanças no neste sentido, não são vistas como inovações, mas que diz respeito aos aspectos arquitetônicos e como readaptações, isto é, elementos já conhecidos na confecção e uso dos artefatos em metal e e praticados no passado que, em um determinado cerâmicos. Por exemplo, podemos citar a adoção momento, devido às condições socioeconómicas, do plano absidal para a maioria das habitações são retomados e passam a constituir as bases de uma (Ainian 1997); o amplo uso do ferro na nova sociedade em processo de reorganização e fabricação dos artefatos em metal, tanto objetos reestruturação social, política e econômica. Segundo de vestuário quanto armamentos (Snodgrass esta linha, as mudanças de comportamento não 1967; 1971); a adoção de um novo estilo de resultam de fatores étnicos introduzidos por levas produção dos vasos cerâmicos na Argólida, o migratórias, mas os pesquisadores reconhecem que estilo granular, associado à adoção de motivos durante o HRIIIC e, principalmente, durante o SM, decorativos que começam a adquirir formas há, de fato, um declínio populacional marcante e um geométricas, como a linha ondulada e o círculo processo intenso de movimentação de pessoas pelas e semi-círculo concêntricos (Courbin 1966; regiões da Grécia, fundamentalmente, na Corintia, Desborough 1952; Deshayes 1966; Coldstream Argólida, Messênia e na Lacônia (Snodgrass 1971; 1968, 1977); o uso do longo alfinete em bronze e Whitley 2001; Papadimitriou 2006). ferro e da fíbula em bronze ou em ferro em forma Apesar da questão étnica ainda constituir de arco (Kilian-Dirlmeier 1984). alvo de discussões e estar distante de um As causas da dissolução do sistema palacial consenso, o ponto fundamental para esta linha micênico no final do século XIII e as origens interpretativa é a multiplicidade de fatores que das mudanças culturais constituem o ponto proporcionaram a dissolução política do poder essencial de discordância entre os autores. De micênico e as transformações do SM. Fatores um lado, durante muito tempo, a primazia da esses determinados por parâmetros culturais, documentação textual proporcionou a visão a econômicos e ambientais. O colapso interno do partir da qual a coesão política micênica teria sido sistema palacial estaria associado a causas naturais decisivamente abalada pela chegada de um novo para tais pesquisadores, como por exemplo, a grupo étnico proveniente do Norte-Nordeste da ocorrência de fortes terremotos e incêndios Grécia, os dórios, que, com costumes bastante no final do século XIII, que, atualmente, são diversificados em relação aos micênicos, teriam atestados arqueológicamente (Papadimitriou se instalado no Peloponeso, em particular na 1996: 531). Tais eventos ocasionaram mudanças Argólida e, principalmente, em Argos (Lévêque climáticas, responsáveis por períodos de seca 1964, 1973, 1990; Desborough 1972; Eder 1990, e, provavelmente, queda na produtividade 1998: 70-71)3. As transformações culturais, agrícola.4 A movimentação populacional, de acordo com esta linha, são entendidas dessa forma, estaria associada a tais mudanças.

um elemento inovador, de introdução ou intruso no início 4 Uma pesquisa sobre as mudanças climáticas ocorridas da Idade do Ferro. Para alguns exemplos de cremações na Argólida no final da Idade do Bronze vem sendo datadas do Heládico Médio, vide BCH 91 (1967), p. 801 - conduzida pelo Departamento de Geologia da Universidade -49, encontradas no setor 8, na Agora. de Gotemburgo. Parece que, de fato, houve um período 3 H ER Ó D O TO I 56-57, HOMERO Ilíada II 681-684, de extrema seca, porém os resultados ainda são bastante Odisséia XIX 177. preliminares.

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É interessante notar que tal ponto de vista do dispêndio de energia e trabalho humano para a não rejeita a presença dórica no Peloponeso, construção do túmulo toda vez que um indivíduo considerando a região da Argólida como uma vai ser enterrado. Além disso, o mobiliário área multiétnica (Hall 1997). No final do século funerário de algumas cistas e covas simples do SM VI e, principalmente, no V a.C., as evidências e, particularmente do PG, são bastante variados e, que corroboram para a existência definitiva de portanto, não podem ser vistos como uma forma uma Argos dórica fundamentam-se tanto nas mais econômica de enterramento. fontes escritas quanto nas arqueológicas (vide Finalmente, O. Dickinson (2006) e J. nota 8, p. 70, Capítulo 2). As fontes epigráficas Whitley (2001) preferem entender as mudanças registram um dialeto dórico específico em Argos como conseqüências do contato com o Oriente (Ibid., 1997). Entretanto, antes do século VI, as Próximo, como a Ásia Menor e, de forma mais evidências se restringem aos registros escritos, às imediata, Creta. Dickinson concorda que há obras de Homero e Hesíodo. similaridades explícitas entre o Heládico Médio e As causas culturais do colapso podem o SM, porém enfatiza que, simultaneamente, há ser divididas em três linhas interpretativas profundas diferenças. Durante o Heládico Médio, principais. De um lado, A. M. Snodgrass (1971, a cista em ortóstato é largamente utilizada para 2006) indica que as transformações do SM inumações individuais, contudo a cremação e o podem ser entendidas como uma restauração e uso do ferro para fabricação dos artefatos não são reconfiguração (revival / souvenir) de costumes elementos comuns ao período. característicos das sociedades do Heládico Snodgrass reconhece que a “Creta Central Médio que, na realidade, teriam permanecido incorpora o ferro e a cremação muito antes de em segundo plano durante o Período Micênico. adotar o sistema de decoração Protogeométrico” Para o autor, as comunidades da Idade do (Snodgrass 2006: 134) e propõe um modelo para Ferro retiveram muitos poucos elementos da explicar o uso do ferro no período pós-palacial, cultura micênica, mas conservaram aspectos denominado de circulation model, através do qual fundamentais da cultura do Heládico Médio. o estanho teria se tomado um recurso escasso e o Poderíamos afirmar, portanto, que houve um bronze passa a ser considerado não mais como um processo de lembrança, de memória (Sarian elemento fundamental na confecção dos artefatos. 1989). Devemos falar, desta maneira, em Morris (1989), contrapondo o modelo de reminiscência e não em “continuidade”. Snodgrass, sugere que o ferro teria assumido um W. G. Cavanagh e C. B. Mee (1984) valor simbólico essencial, constituindo o material discordam de Snodgrass argumentando que as opcional utilizado nos artefatos depositados mudanças são resultado de transformações sociais, nos contextos funerários, modelo explicativo políticas e econômicas ocorridas no final do denominado de deposition model. Período Micênico que requereram formas mais Apesar das controvérsias e das diferentes econômicas de enterrar os mortos, distintas da interpretações, observamos que o SM é, de fato, ostentação dos túmulos micênicos em thólos. Para marcado por uma brusca queda populacional. os autores, tais transformações encerram mais de Conforme aponta A. Foley (1988), após o dois séculos de instabilidades e turbulências que Heládico Recente IIIB há uma queda drástica caracterizaram o final da Idade do Bronze. Esta no número de sítios ocupados na Argólida. De abordagem suscita dois problemas. O primeiro diz 59 comunidades com algum traço de ocupação respeito à associação direta entre enterramentos durante o HR IIIB, apenas 6 apresentam em cistas e covas simples como indicadores de sepulturas e vestígios arquitetônicos residenciais um status social mais baixo em comparação com nos dois períodos subsequentes, no HR IIIC e no os abastados enterramentos em thólos micênicos, SM (Foley 1988: 23). Argos é um sítio marcado pois a energia investida para a construção de pela continuidade de ocupação desde o Neolítico, uma sepultura individual seria menor do que que remonta ao sexto milênio com vestígios aquela monumental que abriga enterramentos de habitações e contextos funerários na área múltiplos. Tal premissa é questionável na medida Sul-Sudoeste e na Áspis (Touchais et Divari- em que, apesar das grandes dimensões, a câmara -Valakou 1998: 9-10). Durante o Heládico Antigo era construída uma única vez para abrigar as mesmas áreas permanecem ocupadas, e no diversos indivíduos, enquanto os enterramentos Heládico Médio é possível perceber uma expansão individuais, principalmente em cistas, necessitam em direção à porção Norte da cidade, para a área

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da Deiras, no sopé do flanco Leste da Larissa e Asine apresenta um quadro um pouco mais na Aspis. Nesta área foram encontrados vários complexo, pois imediatamente após a dissolução vestígios de habitações retangulares e algumas do sistema palacial, durante o HR IIIC, ainda em formato absidal, e enterramentos associados é possível observar áreas ocupadas na Cidade datados do HM, indicando que, durante este Baixa, com habitações e edifícios sagrados, período, o assentamento pode ter alcançado como a presença de um santuário. Contudo, grandes proporções (Ibid., 1998: 11). Durante no SM, não há vestígios habitacionais e nem o início do HM, os adultos e, principalmente, funerários, denotando que houve um momento as crianças são enterradas no interior ou nas de interrupção, provavelmente caracterizado proximidades das residências. Já em direção ao por uma profunda instabilidade e transumância. final do HM e início do HR, a área no sopé da A interrupção em Asine é marcante, uma vez Áspis parece ter tido um uso exclusivamente que a comunidade parece ter sido relativamente funerário, configurando uma necrópole. grande e significativa durante o Heládico Médio, No HR a quantidade de túmulos aumenta contando mais de 100 enterramentos. significativamente. Na área da ravina que separa Tal situação também é verificada em as duas colinas foram encontrados 40 túmulos em Lema, pois foram encontrados mais de 200 câmara e 30 em cista (Touchais 2011). No HR II, enterramentos datados do HM situados entre os há uma tendência inversa em relação à anterior, vestígios de grandes habitações, principalmente, com o deslocamento das áreas de habitação de formato absidal. Contudo, as evidências do Norte para o Sul. Apesar de escassas, as arqueológicas do HR são bastante escassas. evidências funerárias e habitacionais do HR IIIB Em Náuplia, os vestígios habitacionais do indicam que mesmo após os eventos que levaram final da Idade do Bronze e início do Ferro são ao colapso do sistema palacial Argos permanece escassos e dispersos, da mesma forma que os ocupada. Durante o SM, os vestígios de enterramentos, indicando que o sítio não teria habitações são isolados, mas estão concentrados sido totalmente abandonado nos períodos de na área Central da cidade, onde se localiza o maior turbulência, porém, da mesma forma que atual Museu, na área Sudoeste, principalmente Asine, teria sentido de maneira mais acentuada nas proximidades do Teatro e do Cemitério Sul, os resultados da dissolução do sistema político e ainda na área a Leste, no Terreno Bertzeletos micênico. Entretanto, as evidências de ocupação (Touchais et Divari-Valakou 1998; Hãgg 1982). da Idade do Bronze também não são numerosas As evidências de uma ocupação contínua e, dessa forma, o sítio deve ter sido caracterizado entre o HR IIIB e o SM também estão presentes por pequenos agrupamentos, pelo menos até o em Tirinto e em Micenas. Em Tirinto, a final do Período Geométrico, quando os vestígios área interna da Cidadela continua ocupada, arquitetônicos e funerários aumentam. principalmente na área da Cidade Baixa, As mudanças culturais são efetivamente abrigando edifícios de pequeno porte com um significativas e abruptas durante o HR IIIC. único andar. Nesta mesma área foi encontrado Conforme indicamos na análise da produção o Edifício T, que parece ser uma construção de cerâmica argiva no Capítulo 3, percebe-se uma caráter sagrado, construído sobre os resquícios do diferenciação evidente no estilo decorativo e mégaron micênico e datado do HR IIIC (Maran nas formas dos vasos cerâmicos entre o HR 2001). Durante o SM, os vestígios de habitação IIIC e o SM. A correlação desses aspectos da parecem estar localizados na mesma área, na produção cerâmica é muito maior entre o SM Cidade Baixa, no interior da própria Cidadela e e o PG (Deshayes 1966; Rutter 1992). Isto não sobre ruínas de antigas habitações do HR (Foley significa que não há elementos de continuidade, 1988: 25; Papadimitriou 1998). como o jarro com estribo e o esquifo com pé alto Em Micenas, as evidências de ocupação do e alças horizontais apresentando como motivo HR IIIC situam-se no interior da Cidadela, na ornamental a linha ondulada (ver Fig. 45, p. área Sul. Durante o SM, vestígios de habitações 110), que se trata de uma das formas derivada são encontrados sobre as habitações do HR, tanto do esquifo micênico remanescente nos contextos na parte Sul quanto na área Oeste da Acrópole, funerários do HR IIIC na Argólida. indicando que a área interna das muralhas Por outro lado, em relação aos costumes apresenta ocupação contínua entre o final da funerários, por exemplo, o uso da cista construída Idade do Bronze e o início da Idade do Ferro. e coberta com grandes placas de calcário (a cista

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em ortóstato) e a deposição do morto em posição Segundo Deshayes (1966), seria uma tendência contraída encontram numerosos exemplares evolutiva que culmina na cista em ortóstato, nos contextos funerários do HM na Argólida. E quando a cova simples é totalmente revestida e interessante notar que os enterramentos do HM coberta com placas de pedra (vide Figs. 5, p. 33 e aqueles do SM e PG são bastante similares, e 6, p. 34). Podemos indicar que essa tendência de forma que, em muitos casos, quando não é acompanhada por uma sofisticação não só da há a presença de oferendas, toma-se difícil construção do túmulo em si, mas também do estabelecer uma datação segura. Além disso, mobiliário funerário, pois, conforme analisamos, apesar das formas dos vasos do HM e do SM e as cistas apresentam um mobiliário funerário mais PG serem distintas, a constituição da pasta da variado, principalmente durante o PG. Neste argila, da coloração e até mesmo os motivos sentido, percebemos que as semelhanças nos ornamentais geométricos, principalmente dos costumes funerários entre Argos e Tirinto durante vasos manufaturados, são semelhantes. Conforme o SM são muito maiores quando comparadas com aponta A. Touchais (2011), em muitos casos é os demais sítios da Argólida. A cista em ortóstato difícil distinguir entre um vaso do HM e do PG, é típica e praticamente utilizada na totalidade dos por exemplo. A pesquisadora também chama a enterramentos em cista do SM e também do PG. atenção para o fato de que em ambos os períodos Em todos os sítios, com exceção de Lema, há uma ausência evidente e intencional dos há enterramentos datados do SM, do PG ou motivos figurados. mesmo do Período Geométrico, em túmulos em Dessa forma, os elementos de reminiscência câmara micênicos, sejam covas simples, em sua são maiores entre o HM e o início da Idade do maioria, cistas ou depósito de vasos. Em Argos, Ferro do que entre o Período Micênico e a Idade tal fenômeno ocorre fundamentalmente no do Ferro, e as mudanças culturais do SM não SM e pode ser entendido como um elemento devem ser vistas como aspectos inovadores ou de reminiscência, da mesma forma que nos intrusos, resultantes de fatores étnicos, como a enterramentos em Tirinto. Todavia, notamos chegada e a instalação destruidora dos dórios no que em Micenas, um sítio de grande importância Peloponeso. Examinando os contextos funerários durante a Idade do Bronze, os enterramentos do do SM nos sítios selecionados em relação ao SM parecem ser caracterizados por uma ruptura atributo tipo de sepultura, nota-se que o número mais abrupta em relação ao passado próximo, de enterramentos em cova simples é elevado, pois a cista em ortóstato representa a maioria dos ultrapassando o número de cistas em Argos (vide enterramentos e a presença de objetos micênicos é GRÁFICO 3, p. 94) e Tirinto (vide TABELA 30, menor em relação aos demais sítios. p. 202; GRÁFICO 9, p. 204). Não há exemplos Podemos afirmar que é bem pequeno o de covas simples do SM em Asine (vide TABELA número total de enterramentos datados do SM 38, p. 165), Micenas (vide TABELA 45, p. 178; na Argólida se comparados aos enterramentos GRÁFICO 14, p. 179), Náuplia (vide TABELA datados dos demais subperíodos da Idade do 53, p. 191) e nem em Lema (vide TABELA Ferro, principalmente em relação ao PG e ao 58, p. 199), porém, neste último sítio, a cova GR. Tal declínio na quantidade pode significar simples não é utilizada durante toda a Idade do um período de adaptação às mudanças sociais Ferro. Em Micenas e em Náuplia, a cista é o e políticas decorrentes do colapso do HR IIIB. tipo de sepultura característico do SM. Asine, Durante o SM, as comunidades na região ainda conforme já indicamos, não apresenta nenhum estariam se reorganizando e tentando definir quais enterramento datado do SM. membros da comunidade recebem enterramentos Em Argos e Tirinto, portanto, parece haver formais e quais não. Este fato nos remete à até mesmo um processo gradual que relaciona questão da visibilidade dos enterramentos, os dois tipos de sepultura, pois durante o HM, relacionada com as definições da persona social do as covas simples são bastante numerosas e, morto e a organização social (conforme discutimos em geral, não apresentam placas de cobertura. no Capítulo 1). Não necessariamente o número No HR IIIC elas são majoritárias e raramente de enterramentos representa o total da população, apresentam cobertura. No SM, verificamos que mas pode indicar amostra significativa daquele há uma grande quantidade delas que possuem ou grupo que recebe formalmente as exéquias, como uma grande placa fechando a sepultura, ou várias ocorre em Atenas, por exemplo (Morris 1987). pedras dispostas ao redor do túmulo na superfície. Tal reflexão pode ser aplicada também para

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explicar a pequena quantidade de enterramentos (ainda no GA), Micenas (durante o GM) infantis em Argos, Tirinto, Náuplia e Lema, e, finalmente, Náuplia (somente no GR). E principalmente quando comparada com o número interessante chamar a atenção para o fato de que de enterramentos de adultos. quando o vaso é introduzido, em todos os sítios, Se entendermos o SM como um período ele é inicialmente usado para enterramentos de instabilidade e tensões, as condições de infantis e, em direção ao final da Idade do Ferro, vida devem ter sido abaladas, resultando, ele se torna praticamente o tipo de sepultura provavelmente, em uma taxa elevada da exclusivo dos sepultamentos infantis nos sítios mortalidade de adultos e, particularmente, de mencionados. crianças. A morte é encarada como um fato Quando comparamos o conteúdo dos comum, recorrente, natural, como parte da vida contextos funerários dos quatro sítios que cotidiana, porém requer métodos de assegurar possuem enterramentos datados do SM, Argos, o retomo seguro dos vivos à vida normal. Dessa Tirinto, Micenas e Náuplia, notamos que, no forma, a pequena parcela infantil formalizada geral, as cistas e as covas simples apresentam pelo enterramento pode indicar variações no alguns poucos vasos cerâmicos e artefatos em papel da criança nas comunidades da Argólida. metal, embora haja alguns exemplos de covas Em Micenas, ela parece assumir um papel mais simples excepcionais em Tirinto e outras com relevante na sociedade, de inclusão da persona mobiliário funerário mais variado em Argos, da social, comparativamente a Argos, Tirinto, mesma forma que encontramos algumas cistas Náuplia e Lema no mesmo subperíodo. Este com metais e vasos em Argos e Micenas. E papel de inclusão da criança, fundamental para interessante notar que apesar desses exemplos, as definições da organização social e política da quando comparamos com os enterramentos dos sociedade, vai se tornando mais evidente no final demais subperíodos, o mobiliário funerário do SM da Idade do Ferro, principalmente em Argos, apresenta-se mais modesto, tanto para as crianças quando os enterramentos infantis aumentam, quanto para os adultos. Tirinto corresponde tornam-se mais variados e localizam-se junto aos ao sítio que contém enterramentos de adultos enterramentos de adultos, isolados das áreas de com mobiliário funerário mais variado no SM e habitação. apresenta os casos de reutilização da sepultura Comparando a análise dos dois atributos mais antigos constatados na Argólida, datados do (idade e tipo de sepultura) entre os sítios próprio SM. Um fato nos chama a atenção para selecionados, percebemos que apesar de os enterramentos do SM, principalmente argivos algumas diferenças, a Argólida apresenta certa e em Tirinto. Trata-se da presença, mesmo que uniformidade das práticas mortuárias durante em pequena quantidade, de objetos de origem o SM. Os sítios que apresentam enterramentos micênica, como contas em cristal de rocha e em datados do SM são Argos, Tirinto, Micenas e esteatito usado em colares e alfinetes, e fíbulas Náuplia. Conforme apontamos, há uma distinção que são de origem micênica. entre a quantidade de enterramentos de adultos Estas ocorrências somam-se ao fenômeno de e de crianças e entre a quantidade de cistas deposição de vasos datados do SM em túmulos e covas simples entre os sítios. Entretanto, micênicos, como ocorre principalmente em observa-se que o padrão de sepultamento é o Argos, na Necrópole Micênica da Deiras e em mesmo, tanto os adultos quanto as crianças Tirinto. Tais características nos remetem ao são enterrados em cistas e covas simples, sendo estabelecimento de laços com o passado micênico perceptível uma preferência nítida pela cista e, provavelmente, como uma forma de legitimar para os enterramentos infantis. Argos é o os enterramentos formais através da pertença a primeiro sítio a fazer uso dos vasos funerários, um grupo da sociedade que esteja conectado de especificamente de crateras, para enterrar as alguma forma, mesmo que idealizada e fictícia, a crianças, no período de transição do SM para esses antecedentes. o PG. Podemos concluir, desse modo, que esta Durante o SM, percebemos que o quesito prática funerária teria sido reintroduzida na orientação do corpo / sepultura pode ser Idade do Ferro, então, como o tipo de sepultura examinado e comparado apenas entre os para enterrar as crianças e, na Argólida, teria enterramentos argivos e de Tirinto. Em Argos, origens argivas, difundindo-se já no PG para notamos que o padrão geral para as cistas infantis Tirinto e no Período Geométrico para Lerna e de adultos são as direções Oeste e Sudoeste.

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As cistas de adultos também são direcionadas podem estar localizados nos limites físicos da para o sentido Sul, mas o fator de maior distinção comunidade quando esta não apresenta marcos diz respeito ao tipo de sepultura, pois os únicos tão definidos e visíveis como a presença de exemplos de covas simples de adultos para os muralhas, mas antes de tudo, mesmo situados nas quais há informações sobre a orientação do corpo proximidades das habitações são caracterizados são caracterizados pelo direcionamento para o pela especificidade funerária, isto é, como espaços sentido Norte. Em Tirinto, o quadro é bastante exclusivos de deposição dos mortos, formando semelhante. Durante o SM, os enterramentos em lotes de enterramentos ou verdadeiras necrópoles cistas e em covas simples de adultos apresentam as (Nordquist 1990: 42). direções Oeste e Sudoeste como as preferidas. Preferimos utilizar o próprio termo grego Finalmente, quando comparamos a necrópole (vcKpÓTtoXiç) de acordo com suas localização dos enterramentos datados do SM definições etimológicas, cidade dos mortos, nos sítios, notamos algumas diferenças e alguns entendido aqui como o espaço de uso coletivo pontos de convergência fundamentais. Em dedicado aos mortos. A utilização do termo primeiro lugar, quando pensamos na dimensão latino cemitério traz alguns problemas das práticas mortuárias relacionada à localização conceituais e anacrônicos, pois está intimamente dos enterramentos, é necessário estabelecer ligado ao estabelecimento de espaços cristãos relações entre o espaço dos vivos e o espaço dos reservados aos mortos. Além dos problemas mortos. Uma classificação fundamental que tenta etimológicos, as definições de um cemitério compreender tal relação corresponde à divisão também envolvem questões relativas à entre enterramentos intra e extramurais. Tais quantidade, localidade dos enterramentos e termos são amplamente utilizados pela bibliografia continuidade de uso da área. I. Lemos, por sem preocupações teóricas mais aprofundadas, exemplo, define cemitério como um local mas as definições estão intrinsecamente ligadas onde há, no mínimo, 30 enterramentos à relação entre práticas funerárias e organização e fundamentalmente caracterizado pela social e, desta maneira, faz-se necessário continuidade de uso, pelo menos durante 3 indicar de forma explícita os parâmetros que gerações (Lemos, 2002: 187). O estabelecimento delineiam tal classificação. Acreditamos que uma de parâmetros tão rígidos para o conceito de divisão simplificada e imediata dos termos, que cemitério ocasiona alguns problemas de ordem identifica os enterramentos intramurais como prática que podem restringir reflexões sobre aqueles presentes no interior das habitações os contextos funerários, resultando inclusive e os extramurais como aqueles encontrados em interpretações equivocadas. O elemento na área externa das residências, não encerra a continuidade é fundamental para entender a complexidade dos enterramentos da Idade do processo de delimitação do espaço dos mortos Ferro nos diferentes sítios da Argólida. e a quantidade de enterramentos também é Os enterramentos intramurais devem ser um fator importante, mas os valores numéricos entendidos não somente como aqueles situados destes aspectos podem variar, dependendo no interior do espaço habitacional dos vivos, de várias outras características das práticas mas também em suas proximidades, formando mortuárias. Por exemplo, uma pequena um conjunto único, sendo impossível identificar quantidade de enterramentos pode indicar a os limites do espaço dos mortos e dos vivos, pois existência de um pequeno lote exclusivamente os enterramentos encontram-se no interior dos funerário configurado por dimensões horizontais limites da comunidade, do espaço de ocupação. (grupos familiares, de ofício, solidariedade etc.) Os enterramentos extramurais situam-se numa e, ou, verticais (grupos definidos por status área mais afastada das habitações, configurando econômico e social) que pode ser utilizado por espaços delimitados e diferenciados em um curto ou um longo intervalo de tempo, relação ao espaço dos vivos e, em alguns casos, dependendo dos interesses dos vivos. Excluir tais localizados até mesmo fora dos limites físicos lotes da classificação de necrópole pode deixar da comunidade, como por exemplo, fora das de lado reflexões importantes sobre a relação muralhas que envolvem a área de ocupação, entre as práticas mortuárias e a organização da sejam elas caracterizadas por funções residenciais, sociedade. Dessa forma, a análise específica e comerciais ou, ainda, sejam por funções sagradas. de longa duração desses espaços reservados ou Desse modo, os enterramentos extramurais não para os mortos e suas relações com as áreas

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de habitação constitui o elemento fundamental Em Tirinto, a situação é um pouco distinta. para entendermos a formação de possíveis Enquanto os vestígios habitacionais estão necrópoles nas comunidades da Argólida da Idade localizados no interior das muralhas micênicas, do Ferro, e não a adoção de termos e conceitos os enterramentos do SM encontram-se na área preestabelecidos. externa, configurando enterramentos extramurais. Em Argos, apesar dos poucos enterramentos Entretanto, apesar do pequeno número, estão datados do SM, há dois padrões distintos configurados de uma maneira bastante dispersa e para sepultar os indivíduos. O primeiro deles isolada, da mesma forma que em Argos. Na área corresponde à deposição dos mortos junto às da necrópole Sudoeste foi encontrada apenas uma habitações, como enterramentos intramurais, cista e a Sudeste da Cidadela, na Seção H, uma não sendo possível observar a formação de outra cista. As duas únicas áreas que concentram lotes específicos de sepultamentos. Estes um número maior de enterramentos do SM são sepultamentos encontram-se bastante dispersos e a Área Phylaki, contendo 5 enterramentos, e isolados na cidade, nas mesmas áreas onde estão a área a Nordeste, com 4 enterramentos que concentrados os vestígios habitacionais, na área correspondem a casos de reutilização de túmulos Central, onde está situado o Museu e na área em câmara micênicos. Essas duas últimas Sudoeste, ao entorno do Teatro e do Cemitério concentrações podem até ser entendidas como Sul. O segundo padrão é caracterizado pela pequenos lotes, porém a pequena amostragem e deposição dos mortos e de objetos em túmulos o elemento continuidade de uso da área como em câmara micênicos, em locais que durante área caracteristicamente funerária corroboram a a Idade do Bronze já eram entendidos como classificação negativa das regiões como necrópole. necrópoles e, portanto, como enterramentos Apesar disso, verificamos que o processo de extramurais. Entretanto, é importante ressaltar separação do espaço dos mortos em relação aos que tais enterramentos também possuem espaço dos vivos em Tirinto se dá precocemente aspecto isolado e, na maioria dos casos, são em relação aos demais sítios da Argólida, pois caracterizados pela simples deposição de objetos conforme discutiremos nas páginas que seguem, em uma cova localizada no drómos do túmulo em já durante o PG, o processo de formação de lotes câmara e, portanto, não podem ser denominados de enterramentos torna-se mais claro e ocorre sepultamentos em necrópoles, uma vez que exatamente nas áreas onde foram identificados os também não constituem lotes de enterramentos. enterramentos mais dispersos e isolados do SM, na Este segundo tipo de prática funerária em Necrópole Sudoeste e na Área Phylaki. Argos configura exemplos de reutilização da Em Micenas os enterramentos do SM sepultura originalmente micênica e pode significar estão situados nos mesmos locais dos vestígios a tentativa dos habitantes do SM em estabelecer habitacionais, na área Sul da Acrópole micênica laços com o passado glorioso da Idade do Bronze e, portanto, no interior da fortificação. Tratam- micênica. Tal fato pode ter constituído um recurso -se de enterramentos intramurais, porém importante nas definições dos enterramentos também caracterizados por sepulturas isoladas, formais dos indivíduos neste período que, após um sem a possibilidade de formação de lotes. momento de turbulências e mudanças políticas Finalmente, em Náuplia, os vestígios habitacionais e sociais, ainda estavam sendo estabelecidos. proporcionam um quadro bastante lacunar, Esta conclusão é reforçada pela presença de entretanto os sepultamentos do SM podem objetos de origem micênica nos enterramentos ser caracterizados como casos de reutilização do SM, como por exemplo, as contas em cristal de sepulturas micênicas, assim como acontece de rocha e em esteatito usadas nos colares nos em Argos e Tirinto, pois se localizam nas sepultamentos argivos e em Tirinto. Em Argos, proximidades da Necrópole Micênica. essa ligação com o passado micênico cessa ainda Podemos concluir desse modo que, em no próprio SM, pois constatamos que durante o relação ao espaço dos mortos, o SM não apresenta PG há um processo evidente de reorganização da ainda as características de necrópoles, nem mesmo estrutura social a partir do estabelecimento de de lotes de enterramentos. No geral, em todos os novos parâmetros que vão definir uma sociedade sítios da Argólida que apresentam sepultamentos estratificada e hereditária, exteriorizada nas datados do SM, tais sepultamentos configuram- práticas mortuárias, conforme veremos nas -se de maneira dispersa e isolada nos limites da páginas que seguem. comunidade e intimamente relacionados com o

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espaço dos vivos. Tais características, associadas comparada aos enterramentos dos demais ao pequeno número de enterramentos e à subperíodos da Idade do Ferro. Isto significa constituição do mobiliário funerário, denotam que um maior número de crianças recebe que se trata de um período de instabilidade e enterramentos formais durante o PG nestes rupturas, porém com elementos de continuidade sítios e que, provavelmente, o papel da criança que tentam estabelecer parâmetros para a nas comunidades deve ter sofrido modificações configuração de uma nova ordem social. Isto em relação ao SM. De um lado, Argos e Tirinto significa que o SM deve ser entendido não como apresentam padrões de enterramento semelhantes um período de inovações, mas de experimentações durante o PG, pois tanto as crianças quanto os em que o novo e o velho convivem e são adultos são enterrados em cistas, covas simples e readaptados. Assim, preferimos classificar o SM em vasos funerários, havendo uma predominância como um período transitório entre o H RIIIC e do uso da cista. Em Argos, o pito é utilizado o PG (Lemos 2002) e caracterizado também por durante o PG para enterramentos de adultos e, reminiscências do HM. em Tirinto, é introduzido para enterramentos infantis e um pouco posteriormente para sepultar os adultos. De outro lado, Micenas e Asine II) O Protogeométrico. Momento de aproximam-se neste subperíodo no que diz experimentações. respeito ao tipo de sepultura e a idade. Em ambos os sítios não há exemplos de enterramentos em A primeira característica marcante do vasos funerários e, dessa forma, os indivíduos PG é evidenciada por um grande aumento do são sepultados em cistas e em covas simples. número de enterramentos nos grandes sítios da Em Micenas a quantidade de cistas e de covas Argólida. O PG, juntamente com o GR, constitui simples é próxima e ambos os tipos de sepulturas o subperíodo da Idade do Ferro com a maior são usados para as crianças e para os adultos. Em quantidade de sepultamentos de adultos e infantis Asine, constata-se uma preferência evidente do em Argos, Tirinto e Micenas (vide TABELAS 11, uso da cista para as crianças, enquanto os adultos 33 e 48, p. 93, p. 149 e p. 180 respectivamente). são enterrados tanto nas cistas quando nas covas A situação de Asine é bastante particular, simples. pois os enterramentos são, quase que em sua Alguns elementos nas práticas funerárias do totalidade, datados do PG (vide TABELAS 41 e PG marcam uma certa continuidade em relação 42, p. 167 e 168). Náuplia só vai apresentar um àquelas do SM. A cista em ortóstato permanece crescimento significativo dos contextos funerários como o tipo de sepultura mais utilizado durante durante o GR (ver TABELAS 56 e 57, p. 193), todo o PG, tanto para adultos, quanto crianças. e Lerna não apresenta enterramentos datados Além disso, a cova simples ainda é bastante do SM e nem do PG, os sepultamentos datam utilizada. Por outro lado, percebemos alguns apenas do Período Geométrico e apresentam aspectos bastante distintos em relação ao SM, quantidades semelhantes durante o GA, o assinalando rupturas. Talvez a mais importante GM e o GR (ver TABELAS 61 e 62, p. 200 e delas seja a introdução do vaso funerário para 203). O aumento no número de enterramentos enterramentos infantis e de adultos. Conforme parece acompanhar um aumento populacional vimos detalhadamente na análise intra-sítio do nos principais sítios, indicando que o período Capítulo 3, tal prática de enterramento, a partir de maior instabilidade teria cessado e os do Período Geométrico, apresenta um crescimento enterramentos formais teriam alcançado uma contínuo em direção ao final da Idade do Ferro maior parcela da comunidade, mesmo que e, durante o GR, o vaso passa a ser o tipo de definidos pela execução de práticas mortuárias sepultura padrão para enterrar os indivíduos. distintas entre os diferentes grupos sociais. Além do tipo de sepultura, as rupturas A relativa homogeneidade em relação ao também estão manifestadas no que diz respeito tipo de sepultura e a idade característica do à produção cerâmica, às formas dos vasos e à SM é substituída por um discreto aumento das decoração, a partir de uma nova utilização do diferenças entre os sítios. Verificamos que para espaço do vaso, associada à presença de motivos Argos, Tirinto, Asine e Micenas a diferença ornamentais puramente geométricos. As formas entre a quantidade de enterramentos infantis mais globulares, da jarra com estribo, do lécito e e de adultos durante o PG é pequena quando o esquifo com pé alto, tradicionais do SM, não

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são mais recorrentes nos enterramentos do PG. único assentamento que se diferencia em relação A enócoa trilobada globular e ovalada ou os aos demais, apesar das formas e dos motivos vasos em miniatura (taças, esquifos, anforiscos, ornamentais serem os mesmos. A coloração e a píxides) são as formas encontradas com uma constituição da pasta da argila e a coloração da maior frequência nos contextos funerários em pintura de muitos vasos são singulares, como por Argos, Tirinto, Asine e Micenas. Conforme exemplo, a pintura vermelha e branca. examinamos no Capítulo 3, a maior parte desses As mudanças na produção cerâmica, vasos é coberta com um verniz preto brilhante e, configurando vasos bastante elaborados, muitas vezes, pode apresentar divisões em faixas principalmente no que diz respeito à decoração, com linhas paralelas. A rigidez do preenchimento acompanham a produção dos metais, que a de uma das faixas do vaso, em geral localizada partir de então possuem formas específicas, no pescoço das enócoas e ânforas, com motivos como os alfinetes, confeccionados em bronze e especificamente geométricos, é a principal ferro, e os armamentos, como punhais, espadas diferença em relação aos motivos mais livres e e pontas de lança, além dos anéis e das fíbulas. ainda não completamente sistemáticos do SM, Tais características nos remetem ao conteúdo localizados, em muitos casos, em espaços não dos contextos funerários nos sítios estudados delimitados do vaso. As características rígidas e durante o PG. Com exceção de Lerna, que não sistemáticas do Geométrico só se desenvolvem apresenta enterramentos datados do PG, todos no PG, com a adoção do pincel múltiplo os demais sítios, Argos, Tirinto, Micenas, Asine (Snodgrass 1971), daí a repetição dos motivos, e Náuplia, apresentam uma grande quantidade como o círculo e o semicírculo concêntrico, as de enterramentos variados, correspondendo linhas paralelas, os ziguezagues e os triângulos ao subperíodo com a maior concentração de hachurados. sepultamentos variados de adultos e infantis em B. Wells defende que o círculo e o semicírculo Tirinto e em Micenas. O padrão geral verificado concêntrico teriam suas origens próprias na para tais enterramentos é a cista. A cova simples Argólida, em Asine, marcando o início do no PG apresenta conteúdo bem mais modesto Protogeométrico (Wells 1983b). Entretanto, em relação às cistas e, na maioria dos casos, não A. Papadimitriou e I. Lemos acreditam que apresenta oferenda de qualquer natureza. tais motivos ornamentais assinalam o início Em Argos, notamos que quase a totalidade do Protogeométrico ático, posteriormente dos enterramentos infantis possui mobiliário transmitidos para a Argólida (Lemos 2002; funerário variado e corresponde a cistas. Já os Papadimitriou 2006). As autoras fundamentam- enterramentos de adultos possuem dois tipos -se na análise de uma ânfora funerária de origem de mobiliário diferentes, um caracterizado ática apresentado tais motivos descoberta em um por uma grande variedade de objetos, vasos e contexto funerário em Argos, sendo um pouco metais e configurados por cistas, e o outro, por anterior ao início do PG argivo (Piteros 2001: enterramentos sem oferendas ou com alguns 117-18, fig. 41). vasos cerâmicos, correspondentes a cistas, covas A produção cerâmica nos grandes sítios, simples e alguns vasos funerários. E interessante Argos, Tirinto e Micenas, durante o PG, apresenta observar que as cistas variadas do PG são características bastante semelhantes, seja em identificadas, na maioria dos casos, sepultamentos relação à constituição da pasta, seja das formas, de crianças e de indivíduos do sexo feminino. seja dos motivos ornamentais geométricos. C. Há uma grande quantidade de enterramentos do Morgan e T. Whitelaw, a partir de uma detalhada PG com aspirais em ouro que são considerados análise estilística considerando 495 variáveis como artefatos típicos de túmulos femininos de motivos geométricos nos principais sítios da (Courbin, 1974). Todavia, há enterramentos Argólida durante a Idade do Ferro, já haviam variados de indivíduos do sexo masculino que notado que, no PG, a relação entre a similaridade já apresentam armamentos, sendo classificados dos elementos estilísticos com a distância entre os como enterramentos de guerreiros. Esta última sítios é bastante próxima, com exceção de Asine categoria é mais evidente em Tirinto como, (Morgan and Whitelaw 1991). Isto significa que por exemplo, o T (544), que contém inclusive Argos parece constituir neste subperíodo o grande armamentos de origem micênica. As cistas de centro de produção cerâmica local exportador adultos e crianças, em geral, em Tirinto no para os demais sítios da Argólida. Asine é o PG apresentam-se extremamente variadas e se

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destacam casos de reutilização da sepultura. Além recebe enterramentos formais, utiliza um outro disso, as crianças enterradas em vasos também tipo de sepultura, a cova simples. Neste caso, apresentam conteúdo mais variado. Em Micenas, podemos concluir que o tipo de sepultura está a concentração de enterramentos infantis relacionado com as dimensões verticais (status) variados em cista no PG é a maior durante toda das práticas mortuárias. a Idade do Ferro e os adultos em cista também Asine, como praticamente em todas as outras apresentam enterramentos com vasos cerâmicos dimensões das práticas mortuárias, constitui uma e artefatos em metal, porém não são tão variados exceção também na configuração do mobiliário comparativamente àqueles presentes em Argos e funerário dos enterramentos do PG. Em primeiro em Tirinto. lugar, apesar de apresentar uma grande parcela de A partir desse quadro, podemos inferir que enterramentos infantis, o padrão de enterramento durante o PG, pelo menos em Argos, Tirinto, do PG, tanto para os adultos, quanto para as Micenas e, provavelmente, em Náuplia, o crianças, é a cista sem oferendas ou com alguns tratamento dado aos mortos em relação ao vasos cerâmicos. Há alguns exemplos de cistas mobiliário funerário difere bastante em relação com metais ou, ainda, com metais e vasos ao SM. Conforme assinalamos, uma grande cerâmicos em pequena quantidade. Entretanto, quantidade de crianças recebe enterramentos a grande maioria das covas simples, assim como formais e esses são, em sua grande maioria, as cistas, não apresenta artefatos de qualquer bastante variados em conteúdo. A concentração natureza. Neste aspecto, as práticas mortuárias do de enterramentos variados de adultos também é PG em Asine se assemelham às argivas, embora grande, tanto para indivíduos do sexo feminino, elas divirjam radicalmente no que diz respeito às quando para os do sexo masculino. Não há uma cistas com enterramentos infantis e de adultos distinção específica em relação às dimensões em Argos que apresentam mobiliário funerário das práticas mortuárias caracterizada pelo tipo mais variado. Tal fato pode estar associado às de sepultura, nem à constituição do mobiliário particularidades étnicas e geográficas de Asine, funerário, fundamentada nos atributos gênero conforme já discutimos nos Capítulos 2 e 3. e idade. Tal fato sugere uma sociedade em que A base da sociedade também parece ter sido o grupo social básico é formado pelo homem, a família nuclear, mulher, homem e criança, pela mulher e pela criança, porém a criança, no caracterizando-se fundamentalmente pela PG, assume um papel fundamental em relação hereditariedade. Todavia, o aspecto hierárquico, à constituição da organização social, pois a expresso tanto pelos laços familiares quanto inclusão da persona social está relacionada com as pelas riquezas materiais neste sítio, não deve atribuições do status ao nascimento e não apenas ter tido a mesma importância na configuração à riqueza material, reforçando os laços familiares. da sociedade como em Argos, em Tirinto e em Além disso, a alta concentração de Micenas, por exemplo. A sociedade em Asine enterramentos variados indica a formação de deve ter tido um caráter mais dinâmico em uma camada aristocrática com aspectos de uma decorrência do aspecto comercial, de acordo com sociedade guerreira, principalmente em Tirinto e as características geográficas privilegiadas, fator em Argos, que busca, através dos laços familiares, que inclusive explica a ocorrência de elementos se estabilizar no poder, após um período de áticos precocemente na cerâmica em Asine, como instabilidades como o SM. As sociedades do PG, o círculo e o semicírculo concêntrico. portanto, principalmente em Argos e em Tirinto, Os padrões de enterramento a partir da podem ser configuradas como hierárquicas e orientação do corpo / sepultura durante o PG hereditárias. Em Tirinto ainda é possível afirmar são um pouco mais complexos, principalmente que esta camada busca laços com o passado devido à introdução do vaso funerário para micênico, pois ainda constatamos ocorrências de enterrar adultos e crianças em Argos e Tirinto. reutilização de túmulos micênicos. Provavelmente Em Argos, quase todas as direções são utilizadas, esta prática mortuária seja uma forma de legitimar porém as cistas e os vasos funerários usados para e justificar o status e o poder dessa camada na enterramentos infantis parecem seguir o mesmo sociedade que está se organizando. E interessante padrão, para Sudoeste e Noroeste. Os adultos ressaltar que esta camada faz uso da cista para apresentam tendências mais variadas para as enterrar seus indivíduos, enquanto uma camada cistas, prevalecendo os sentidos Sul, Leste, evidentemente menos abastada, mas que também Oeste e Sudoeste. Já os enterramentos em vasos,

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exclusivamente em pitos, apresentam desde o PG Em Argos, notamos que há uma continuidade uma preferência explícita para as direções Oeste e nítida entre as áreas de habitações do SM e do Sudoeste. Os poucos enterramentos de adultos em PG. Elas concentram-se na área Sudoeste, junto covas simples do PG acompanham o padrão geral ao Cemitério Sul, no Terreno Papaparaskevas e para Oeste. Granias e, ainda, no Terreno Anagnostopoulos, Em Tirinto o padrão do SM se mantém e, Sondagem 88, onde não foram encontrados mesmo com a introdução do pito para enterrar túmulos; também na área Central da cidade, adultos, os sentidos Oeste e Sudoeste constituem na área do atual Museu e, ainda, na área a a orientação majoritariamente utilizada. Micenas, Leste, no Terreno Bertzeletos. No Terreno durante o PG, apresenta um quadro mais claro Papaparaskevas, Granias e na área do Museu em relação à orientação dos enterramentos foram encontrados vestígios de fornos utilizados, quando comparado com aqueles datados do SM, muito provavelmente, para a confecção de vasos evidenciando uma preferência para o sentido cerâmicos (Hãgg 1982: 303-306). Oeste, principalmente das cistas de adultos, da Os contextos funerários do PG também mesma forma que em Argos e em Tirinto. demonstram uma continuidade do uso das Durante o PG em Asine, a questão da áreas do SM para o PG, porém apresentam uma orientação dos enterramentos, da mesma forma expansão. Os enterramentos estão concentrados que a posição do corpo, parece denotar uma em três grandes áreas da cidade, Centro-Leste, opção clara por um determinado sentido, oposto Oeste-Sudoeste e Norte-Nordeste. Cada área em relação àquele apresentado em Argos e em possui uma quantidade similar e substancial de Tirinto. Tanto as crianças, quanto os adultos sepultamentos, não apresentando distinções em em cistas estão orientados nos sentidos Leste, relação ao tipo de sepultura nem ao atributo Nordeste e Sudeste. Conforme analisamos no idade. E interessante notar que os enterramentos Capítulo 3, provavelmente em Asine, da mesma estão situados próximos às áreas de habitação forma que em Tirinto, desde muito cedo, é e ainda possuem um caráter disperso, mas não possível perceber a formação de lotes familiares, são isolados. Dessa forma, ainda podem ser a partir do atributo orientação do corpo, pois classificados como enterramentos intramurais as sepulturas situadas na área da Cidade Baixa, e não é possível indicar com nitidez a formação além de estarem bem próximas umas das outras, de necrópoles. Contudo, podemos destacar possuem a mesma orientação (Hãgg 1974: 51- algumas áreas com grandes concentrações de -52) e são caracterizadas por enterramentos de enterramentos que podem significar o início da adultos e de crianças, apesar de corresponderem formação de espaços exclusivos de deposição a inumações individuais. E evidente que a dos mortos e, além disso, começam a aparecer preferência pelas direções para Leste, somada os primeiros agrupamentos de sepulturas, que à posição estendida e à presença exclusiva de denotam claramente a existência de um grupo cistas, indicam particularidades fundamentais aristocrático fundamentado em laços familiares. nas práticas mortuárias em Asine definidas por Verificamos também a presença de algumas áreas aspectos étnico-culturais,5 que são marcados de utilizadas especificamente como habitações forma intencional e denotam a configuração de e oficinas, como, por exemplo, no Terreno uma sociedade bastante diferenciada em relação Anagnostopoulos e no Terreno Granias, na região aos demais sítios da Argólida. Sudoeste da cidade. Vestígios de oficinas de Quando passamos para a análise dos produção e até mesmo de um provável local de vestígios habitacionais do PG, constatamos que refinamento de metais foram encontrados nessas as evidências ainda são bastante escassas em áreas datados do PG em Argos (Foley 1988). todos os sítios da Argólida. Entretanto é possível E importante notar que, apesar da existência observar os primeiros vestígios de oficinas de precoce de oficinas especializadas de produção produção cerâmica e a relação entre o espaço artesanal, as moradias possuem um caráter dos vivos e dos mortos torna-se mais produtiva. disperso nos limites da cidade, da mesma forma que os enterramentos e os vestígios do espaço dos vivos ainda não denotam uma organização comercial complexa. O assentamento, portanto, 5 Conforme explicitamos no Capítulo 2 e 3, Asine seria caracterizado por pequenas aldeias rurais configura uma comunidade Dríope, vide nota 8, p. 70 e p. formadas por cabanas, construções de pequeno 169-170, sobre a questão da orientação do corpo.

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porte espalhadas pelas áreas Sudoeste, Central áreas funerárias específicas classificadas de e Leste da cidade (Hágg, 1982: 300). Apenas a acordo com os atributos tipo de sepultura e nem partir do Período Geométrico, principalmente idade, porém já no PG, observa-se o início de no final do GM e durante o GR, é que as delimitação de espaços dos mortos. concentrações habitacionais tornam-se mais Asine, distintamente dos demais sítios, densas e localizadas e estão associadas a oficinas e apresenta uma quantidade significativa a áreas comerciais específicas e de grande porte. de vestígios habitacionais datados do PG. Em Tirinto, o padrão de assentamento no As habitações possuem formato absidal e interior das muralhas micênicas, principalmente quadrangular, e estão situadas na área da Cidade na área da Cidade Baixa, parece se manter Baixa, no sopé da Acrópole, na própria Acrópole durante o PG. Além disso, vestígios de uma e na encosta da Colina Barbouna (Dietz, 1982; construção sagrada, denominada templo, Wells, 1983). Da mesma forma que o registro contendo vários fragmentos cerâmicos, foram habitacional, os contextos funerários também são encontrados sobre as ruínas do mégaron do abundantes em Asine e estão concentrados nas Palácio Micênico (Foley 1988: 26). Neste mesmas áreas onde se localizam as habitações. local foi encontrado um bóthros datado do PG Não foram encontrados vestígios de oficinas. (Papadimitriou 2003: 725, no. 53). A data da E interessante notar, portanto, que da mesma construção do templo ainda permanece alvo maneira que em Tirinto, provavelmente em de discussões, contudo assume-se algo no final Asine também há um processo de formação de do século XII e início do XI e ela parece ter necrópoles bastante precoce durante o PG. Os sido utilizada de forma contínua, pelo menos, enterramentos podem ser classificados como até o final do século IX e início do VIII a.C. intramurais, porém percebemos que as grandes (Maran 2001; Maran and Papadimitriou 2006). áreas de concentração de sepultamentos do PG Não foram encontrados vestígios de oficinas ou abrigam também a formação de lotes familiares, ateliês de produção cerâmica datados do PG no pois, conforme apontamos nas páginas anteriores, sítio. Entretanto, alguns vestígios de habitações as sepulturas de adultos e de crianças situadas começam a ser encontrados na área externa da na área da Cidade Baixa estão bem próximas e fortificação micênica, principalmente na área possuem a mesma orientação. Nordeste, indicando a presença de pequenos Em Micenas, os vestígios habitacionais conglomerados rurais (Papadimitriou 1998, 2006). do PG estão localizados fundamentalmente As áreas de concentração de enterramentos no interior da Cidadela micênica, nos mesmos do PG em Tirinto estão localizadas na parte locais onde foram encontradas habitações do externa, no entorno da muralha micênica. SM, na parte Sul e também na parte Oeste da Observam-se quatro grandes áreas de Acrópole. Também não foram identificados concentração de sepulturas: na denominada vestígios de ateliês cerâmicos em Micenas durante Seção Oeste da Cidadela (Stadt-West), com o PG. Os enterramentos desse subperíodo estão uma grande quantidade de enterramentos, localizados na área interna da fortificação, junto na Necrópole Sudoeste, na Área Phylaki e a das áreas habitacionais - portanto, configuram- Nordeste da Cidade Baixa, no mesmo local onde -se enterramentos intramurais -, e em uma outra foram encontrados vestígios habitacionais. Os concentração na área externa da Acrópole, demais enterramentos do PG estão situados de principalmente na área da Casa dos Escudos, uma forma bastante dispersa e isolada, e estas caracterizando enterramentos extramurais. grandes áreas, distintamente de Argos, começam O número de enterramentos é pequeno para desde o PG a possuir um caráter mais específico levantar reflexões mais aprofundadas em relação de espaço reservado aos mortos, formando as à formação de necrópoles e lotes específicos primeiras necrópoles em Tirinto, que, aliás, serão de enterramentos, mas podemos afirmar que utilizadas até o final da Idade do Ferro. As três se trata de um período de transição, em que os primeiras áreas de concentração caracterizam enterramentos, antes com um caráter bastante enterramentos extramurais, e a última ainda disperso e isolado, começam a se agrupar de um pode ser considerada intramural, mas pode ser lado nas proximidades das habitações, de outro entendida como uma necrópole própria dos em áreas mais afastadas, configurando o início da grupos rurais que habitavam nas proximidades formação de futuras necrópoles. Entretanto, não é (Papadimitriou 1998). Não é possível identificar possível constatar a presença de lotes configurados

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a partir dos quesitos tipo de sepultura e nem de seu caráter extremamente perecível, como por acordo com o elemento idade. exemplo, a utilização de placas de madeira (Hãgg Finalmente, Náuplia apresenta vestígios 1980: 119). habitacionais e funerários bastante escassos durante o PG. Contudo, o único enterramento do subperíodo está localizado na área que será III) O início do Período Geométrico: o utilizada especificamente para enterramentos no Geométrico Antigo e a consolidação de uma Período Geométrico, principalmente durante o nova ordem social. GR, no Terreno Pronoia. Podemos concluir dessa maneira, que o A primeira característica marcante do GA PG caracteriza-se por um período em que as em relação aos contextos funerários diz respeito primeiras áreas exclusivas de deposição dos mortos à quantidade total de enterramentos datados começam a ser delineadas em todos os sítios da deste subperíodo. Podemos notar que há uma Argólida, com possibilidades de identificação queda substancial do número de enterramentos de lotes familiares e, ou, configurados a partir em Argos, Tirinto, Asine, Micenas e Náuplia. do status de um determinado grupo. Ainda não Em Asine, o declínio é abrupto, e Lema começa está totalmente nítida a presença de necrópoles, a apresentar enterramentos da Idade do Ferro porém tal processo se desenvolve com maior e somente durante o GA. Percebemos que há uma menor grau de acordo com o sítio. Por exemplo, queda geral na utilização da cova simples nos observamos que em Argos, Micenas e Náuplia os principais sítios da Argólida. Em Argos e Tirinto, os enterramentos ainda possuem um caráter mais três tipos de sepultura são utilizados para enterrar disperso, apesar de apresentar em determinadas adultos e crianças, mas observa-se uma diferença áreas a formação de lotes de enterramentos. Já em relevante entre os dois sítios. Em Argos, a cista Tirinto e em Asine, tal processo é evidenciado de ainda é majoritária e, em seguida, destacam-se forma mais clara e precisa. os enterramentos em covas simples, embora a E interessante acrescentar que é justamente quantidade de vasos funerários seja similar à de em Tirinto que aparecem os primeiros casos de covas simples. Em Tirinto, a situação é um pouco reutilização das sepulturas e de utilizações de diferenciada, pois a cista e os vasos funerários marcadores de túmulos, como por exemplo, um são usados com uma frequência próxima, e a túmulo, o T (581), contendo duas inumações cova simples quase que desaparece. Além disso, a de adultos, um do sexo masculino e outro do partir do GA, em Tirinto, as crianças passam a ser sexo feminino, marcado por uma ânfora com sepultadas exclusivamente nos vasos funerários, alça na pança e decorada com semicírculos essencialmente em pitos e ânforas. concêntricos.6 Ambos os fenômenos estão Em Micenas, Náuplia e Lerna, a cista relacionados e contribuem para a confirmação continua sendo o tipo de sepultura padrão para da existência de grupos sociais familiares e, os adultos. As crianças em Micenas também ou, fundamentados no status que, desde cedo, são enterradas nas cistas durante o GA, definem áreas próprias e exclusivas para a enquanto em Lema, é neste subperíodo que deposição de seus membros. A marcação do se dá a introdução do vaso funerário para os túmulo, muito provavelmente, deve ter ocorrido enterramentos infantis, mas as cistas ainda são em Argos e também nos demais sítios de forma sobressalentes. Os enterramentos infantis em recorrente (Lemos 2002; Papadimitriou 2006). Náuplia só aparecem no GR e, durante o GA, os No entanto, infelizmente, para muitos dos adultos também são enterrados em covas simples, enterramentos, os relatórios de escavações porém em um número bastante reduzido quando não detalham tais características e, além disso, comparado às cistas. conforme indica R. Hàgg, devem ter existido Quando examinamos o conteúdo dos formas de assinalar o local da sepultura distintas contextos funerários do GA em Argos, Tirinto do uso de vasos funerários que não deixaram e Micenas, percebemos que, no geral, há uma vestígios no registro arqueológico devido ao certa continuidade do padrão verificado no PG, definido pelas cistas com oferendas mais variadas e as covas simples com oferendas mais modestas. Nota-se que em Argos há até mesmo um aumento 6 Trata-se da ânfora 17381 (Souza, C. D. 2010. Volume evidente da ostentação dos enterramentos de III. Prancha 238 A).

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adultos (vide TABELAS 29, 31 e 32 p. 133, 148 e começam a apresentar elementos mais singulares 149 respectivamente). Durante este subperíodo, e independentes, ocasionando um declínio não há exemplos de enterramentos sem oferendas, na similaridade estilística. Segundo Morgan todos os adultos são sepultados com vasos e Whitelaw, o GA constitui o subperíodo da cerâmicos e, principalmente, artefatos em metal. Idade do Ferro em que as diferenças entre Em Tirinto, a situação é um pouco distinta, pois os estilos decorativos dos vasos cerâmicos a quantidade de enterramentos com mobiliário são marcadamente maiores em uma mesma funerário mais variado sofre um leve declínio comunidade, formando grupos solidários e (vide TABELA 40, p. 166). Entretanto, as cistas hierárquicos, nas diferentes sociedades da variadas ainda são numerosas, e começam a Argólida (Morgan and Whitelaw, 1991). Em aparecer enterramentos de adultos em vasos Argos, por exemplo, nota-se que essa variabilidade funerários com artefatos mais diversificados, dos motivos ornamentais é maior nos principalmente metais, tendência que vai ser enterramentos de adultos em cistas. Poderíamos mantida no GM e reforçada no GR. Micenas indicar, dessa forma, que neste subperíodo há apresenta um quadro bastante semelhante ao uma tomada de consciência do estilo decorativo argivo no GA, pois as cistas infantis e de adultos como um elemento de distinção social. Este contêm oferendas bastante variadas, enquanto aspecto será intensificado com a adoção de as covas simples correspondem a enterramentos motivos figurados, principalmente durante o GM bem mais moderados. Em Náuplia e Lema, e o GR, quando elementos típicos dessa camada apesar da pequena quantidade de enterramentos, guerreiro-aristocrática são exteriorizados através a maioria não possui oferendas, e o número dos motivos figurados, como as representações de enterramentos com mobiliário funerário de cavalos com a figura humana no centro e as diversificado é pequeno, não só durante o GA, cenas de batalha (Pappi 2006). O GA configuraria mas em toda a Idade do Ferro, e tendem a se assim, uma fase de transição e experimentação, concentrar no GR. através da qual as mudanças gradativas vão As tendências que também evidenciam a sofrendo um processo de aceleração e crescimento continuidade nas práticas mortuárias do PG até o final do GR. A cerâmica nos enterramentos para o Período Geométrico como um todo passa a assumir, portanto, um papel ativo na são observadas a partir do exame do atributo configuração das relações sociais (Ibid.., 1991). orientação do corpo / sepultura. Em Argos, as E interessante notar que tais reflexões estão crianças sepultadas tanto nas cistas quanto nos fundamentadas nas demais dimensões das práticas vasos são preferencialmente direcionadas para mortuárias do GA. Conforme constatamos, a Noroeste, Sudoeste e ainda aparecem alguns análise do mobiliário funerário deste subperíodo indivíduos para Leste. Para os adultos, os pitos indica que, apesar de haver um declínio na e as covas simples estão orientadas, na maioria quantidade total de enterramentos, há um dos casos, para a direção Oeste. As cistas processo evidente de ostentação de um grupo apresentam majoritariamente os sentidos Oeste e da sociedade argiva em especial. Tal ostentação Sudoeste, porém ainda há um grande número de é marcante nos enterramentos de adultos que enterramentos orientados para Sul. Em Tirinto, passam a ser, na maioria dos casos, reutilizados o padrão para Oeste e Sudoeste permanece, e durante o GM e o GR. começam a se tomar cada vez mais numerosos Os vestígios de ocupação do Período os exemplos direcionados para Sudoeste, Geométrico são mais evidentes e abundantes principalmente em relação aos pitos, que, aliás, em relação aos subperíodos anteriores. Em também apresentam um crescimento contínuo Argos, notamos que as áreas de habitações até o final da Idade do Ferro. Quanto a Asine, do SM e do PG passam a ser utilizadas apenas Micenas e Náuplia há muito poucas informações para enterramentos e são deslocadas para as sobre tal quesito durante o GA. Lema, entretanto, proximidades, ainda concentradas na área Central apesar dos poucos exemplos, parece se aproximar e Sudoeste, porém se expandindo para a região de Argos e Tirinto, pois as cistas de adultos do GA Oeste. Apenas a área do Cemitério Sul continua estão orientadas para Oeste e Sudoeste. habitada durante o GA, contendo vestígios de Quando examinamos a produção cerâmica construções absidais. Contudo, no final do GA I dos sítios, percebemos que a homogeneidade o local parece ter sido abandonado devido a um observada no PG começa a diminuir e os sítios incêndio (Hágg 1982: 303).

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As áreas de concentração de enterramentos revestimento no chão constituído por placas do GA situam-se na área Centro-Leste, Noroeste de pedras coloridas e dois tipos de fomos; um e Sudoeste da cidade. Da mesma forma que composto por um grande quarto circular ou no PG, a área Centro-Leste apresenta a maior elíptico, construído com tijolos de barro crus e quantidade de enterramentos, indicando um fragmentos de tijolos, e o outro formado por dois processo claro de continuidade de uso do pequenos quartos superpostos sobre uma fossa espaço para deposição dos mortos entre o PG de argila. O ateliê produzia artefatos cerâmicos e o GA. Além disso, esta área, com a área variados, entre vasos de grandes tamanhos (formas Sudoeste, abriga a maioria das cistas variadas abertas e fechadas) e figuras em miniatura, como de adultos, tanto do PG, quanto do GA. São por exemplo, a cabeça de uma figurinha de um estas mesmas cistas do GA que apresentam guerreiro pintada, encontrada no interior da enterramentos múltiplos, sendo reutilizadas, em estrutura (Maran and Papadimitriou 2006). muitos casos, mais de uma vez, durante o GM e, Notamos, dessa forma, que a ocupação no principalmente, o GR. Muitas delas, quando não interior da Cidadela micênica não cessa durante foram reutilizadas, apresentam um série de vasos o Período Geométrico, principalmente durante cerâmicos datados do GR depositados sobre as o GA. Todavia, observamos um movimento de placas de cobertura da cista. Podemos inferir que ocupação inverso, através do qual as áreas de o processo de organização da sociedade argiva habitação começam a se expandir para fora dos iniciado no PG é consolidado durante o GA, limites da fortificação, a Oeste, nas proximidades com a formação de uma sociedade guerreiro- dos locais onde se situam as áreas de concentração -aristocrática estratificada e fundamentada de enterramentos. em posições atribuídas ao nascimento. Esta As áreas de concentração de enterramentos camada exterioriza seu poder e status através do GA localizam-se nos mesmos locais dos dos enterramentos em cistas. As covas simples sepultamentos do PG, na Necrópole Sudoeste, na podem indicar a presença de uma camada menos Área Phylaki e na área a Sudeste da Cidadela, na abastada que cada vez mais, em direção ao final Seção H. A variedade e a quantidade dos artefatos da Idade do Ferro, perde espaço na participação depositados nas cistas do GA diminui em relação da sociedade, através da diminuição dos àquelas datadas do PG, mas os enterramentos enterramentos formais. Ainda podemos concluir em vasos funerários passam a apresentar um que o processo de separação entre o espaço mobiliário funerário mais diversificado constituído profano e o funerário iniciado no PG se acentua principalmente por metais. Não é possível durante o GA, pois as áreas de concentração identificar lotes específicos de enterramentos de enterramentos são mantidas, embora as classificados segundo o tipo de sepultura e nem áreas habitacionais se afastem, sem se isolarem de acordo com o atributo idade, pois os três tipos totalmente. de enterramentos, tanto de adultos, quanto de Em Tirinto, quando adentramos no Período crianças são encontrados em todas as áreas de Geométrico como um todo, as evidências concentração. de habitações ainda continuam escassas, Podemos concluir que os enterramentos todavia tomam-se um pouco mais nítidas. Há desse período podem ser classificados como vestígios de habitações, muros e pavimentos intramurais, pois estão situados nas proximidades e fragmentos cerâmicos datados desde o GA de habitações. Contudo, da mesma maneira que até o GR nos arredores da Cidade Baixa, no em Argos, o processo de separação do espaço interior da fortificação e, na área externa dos vivos e do espaço dos mortos é intensificado das muralhas, principalmente a Oeste da neste subperíodo. Além disso, observa-se em Cidadela, próximo da área funerária. Em 2001, Tirinto um outro processo de especialização a campanha de escavação dirigida por J. Maran maior do espaço e das atividades comerciais, e A. Papadimitriou revelou o primeiro ateliê como o estabelecimento das primeiras oficinas cerâmico em Tirinto, datado do início do Período de produção cerâmica. Apesar de constituir uma Geométrico e localizado na área Nordeste da comunidade menor em relação à argiva, Tirinto Cidade Baixa.7 A construção apresenta um se destaca desde o início da Idade do Ferro no desenvolvimento de atividades artesanais próprias e na configuração de áreas exclusivas para deposição dos mortos. 7 BCH 124 (2001), Fig. 61, p. 832.

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O mesmo processo de expansão das áreas sua hegemonia sobre os demais sítios da Argólida. habitacionais para a área externa da Acrópole Entretanto, Tirinto, de forma mais acentuada, mas é verificado em Micenas, onde essas áreas estão também Micenas, apresentam características que localizadas na região da Casa dos Escudos e denotam certa independência e competitividade da Casa das Esfinges, a Oeste da fortificação. em relação à supremacia argiva. Tirinto inclusive Entretanto, a área interna, no Palácio micênico, desenvolve ateliês próprios. Náuplia e Lema também continua sendo intensamente ocupada se caracterizam mais pela influência argiva e com construções habitacionais e de caráter de Tirinto. Notamos ainda uma intensificação sagrado. Há vestígios de construções absidais generalizada no processo de separação do espaço de pequeno porte e cabanas. Os enterramentos dos vivos das áreas funerárias. concentram-se todos na área externa da fortificação, próximos da Casa dos Escudos e das Esfinges e, portanto, nos mesmos locais IV) O Geométrico Médio. O processo de onde se localizam habitações. Observamos, intensificação da ostentação. dessa maneira, que o processo de expansão dos enterramentos para fora dos limites da Cidadela O GM é configurado por uma nova queda iniciado no PG é consolidado durante o GA. As no número total de enterramentos de adultos e áreas de concentração do PG continuam sendo de crianças em Argos. Tirinto, Asine, Micenas, utilizadas para a deposição dos mortos e, portanto, Náuplia e Lema, inversamente, voltam a podemos perceber que em Micenas também há apresentar um crescimento, mesmo que uma intensificação do processo de especialização moderado. Uma característica marcante deste do espaço dos mortos, mesmo que localizado nas subperíodo para todos os sítios, com exceção de proximidades de áreas residenciais. A área interna Asine, é o aumento no uso dos vasos funerários da Acrópole micênica a partir do GA toma-se um para enterrar os indivíduos. Em Argos, a cista espaço exclusivamente habitacional e sagrado, ainda é majoritariamente utilizada para enterrar uma vez que deste subperíodo em diante não são adultos e crianças, porém o número de covas mais encontrados enterramentos no interior da simples diminui, sendo superado pela quantidade muralha. de enterramentos em vasos funerários. Em Em Náuplia os vestígios habitacionais e Tirinto, os vasos e as cistas são utilizadas em também funerários datados do GA são bastante quantidades próximas, mas as crianças são escassos e lacunares. Todavia, parece haver uma enterradas exclusivamente nos vasos e, dessa continuidade do uso da área de concentração forma, nota-se que ainda há uma preferência por do PG para o GA, no Terreno Pronoia, que enterrar os adultos nas cistas, da mesma forma continuará sendo utilizada durante o GM e, que em Argos. Entretanto, a cova simples não de maneira mais intensa durante o GR, como é utilizada nos enterramentos em Tirinto deste área exclusiva de deposição dos mortos. Lerna subperíodo. é marcada por uma ausência de vestígios Micenas apresenta um quadro semelhante habitacionais durante toda a Idade do Ferro. Os ao argivo durante o GM, sendo utilizados os enterramentos, que aparecem apenas no GA, se três tipos de sepultura para enterramentos de concentram em uma área, o Monte Pontinos e adultos e infantis, com primazia pelo uso da suas proximidades, onde se localizam importantes cista, seguida do vaso funerário e, finalmente, e abundantes vestígios habitacionais do HM e da cova simples. Náuplia, apesar da pequena do HR. Durante todo o Período Geométrico, quantidade de enterramentos datados do GM, a área passa a abrigar apenas enterramentos. pode ser caracterizada como uma exceção, pois Náuplia e Lema devem ter sido comunidades de não apresenta enterramentos em vasos funerários, pequenas proporções durante toda a Idade do mas apenas adultos em cistas e covas simples. Ferro, caracterizada por instabilidade e profunda Este fato pode estar relacionado com a ausência influência argiva e de Tirinto. de enterramentos infantis no sítio desde o SM. Podemos inferir que o GA constitui um As crianças só aparecem no GR em Náuplia e são período de suma importância no processo de enterradas exclusivamente em vasos. Tal aspecto consolidação da sociedade guerreiro-aristocrática reforça a relação entre a adoção do uso do vaso hierarquizada argiva que, muito provavelmente, funerário como o tipo de sepultura originalmente também encontra neste momento as origens de destinado aos enterramentos infantis.

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A análise da produção cerâmica revela que, de adultos e de crianças. As exceções deste a partir do GM, há um aumento na variabilidade subperíodo são Asine e Micenas. Asine, durante entre os sítios tanto em relação à constituição o GM, parece se aproximar mais de Argos e da pasta e da coloração da argila, quanto (e Tirinto em relação às cistas de adultos, pois os principalmente) dos motivos ornamentais escassos exemplos do subperíodo encontravam- geométricos e figurados, com o aparecimento das -se direcionados para Noroeste e Sudoeste. primeiras figuras animais e humanas. Contudo, Inversamente, Micenas distancia-se das práticas verifica-se que neste subperíodo Argos e funerárias argivas e de Tirinto neste subperíodo, Tirinto apresentam uma proximidade maior na sendo a direção Norte o sentido de enterramento diversificação estilística de um lado, enquanto predominante das cistas e dos vasos funerários. Asine e Micenas parecem formar um conjunto Os vestígios de ocupação do início do GM mais similar de outro lado (Morgan and Whitelaw são mais escassos em relação àqueles datados do 1991). A interação entre os sítios aumenta, porém GA e, principalmente, àqueles do GR. Contudo, resulta, simultaneamente, no crescimento da no final do período, durante o GM II, pode-se competitividade. observar um processo de rápido crescimento das A configuração do mobiliário funerário nos áreas habitacionais, dos ateliês, de estruturas com sítios da Argólida durante o GM reforça a ideia da possíveis funções rituais e também do número competitividade interssítios. Em Argos, o padrão de sepulturas em todos os sítios da Argólida. Em do GA de ostentação das cistas, principalmente dos Argos, na área Sudoeste, no Terreno Bonoris, adultos, é mantido, e verificamos um aumento na foram identificados vestígios de uma camada de quantidade de enterramentos variados. Micenas ocupação do GM onde, posteriormente, durante apresenta um quadro similar ao argivo, com o o Período Arcaico, foi construído um edifício com crescimento das cistas com mobiliário funerário funções provavelmente sagradas; outro edifício mais variado para os enterramentos de adultos. com prováveis funções rituais foi identificado a Tirinto se distancia um pouco deste quadro, 700 m a leste da Agora. Os restos da estrutura pois além das cistas diversificadas de adultos, arquitetônica estavam associados a uma fossa há um grande número de pitos utilizados para utilizada para libações, caracterizando um possível adultos que contêm principalmente artefatos em culto heroico, pois na área foi identificada um metal. E interessante notar que, ainda no GM, cista classificada como sendo de um guerreiro. são encontrados objetos de origem micênica nos Durante o Período Arcaico a estrutura sofreu contextos funerários. Esta prática indica que os implementações e foi destinada como um local de habitantes de Tirinto buscam estabelecer laços com culto a Hera.8 Ainda na área Sudoeste da cidade, os antepassados da Idade do Bronze, distamente no Terreno Pilios, a nordeste do Teatro, foram do processo verificado em Argos durante o mesmo encontrados vestígios de muros que indicam a subperíodo. Náuplia e Lema possuem muito poucos presença de habitações e, na área Central, no enterramentos datados do GM, da mesma forma Terreno Makris, uma outra construção orientada que Asine, mas ainda tendem a seguir o padrão no sentido Leste-Oeste também denota a argivo, apresentando cistas mais variadas em presença de habitações no local, onde também relação aos demais tipos de sepulturas. foram encontradas sepulturas em cista alinhadas Durante o GM, a orientação do corpo / com a construção, no sentido Leste-Oeste (Hãgg sepultura já apresenta o padrão fundamental 1982: 305). Tais sepulturas denotam a presença que irá configurar os enterramentos do GR, de um lote de um grupo social destacado, pois acompanhando as mudanças gerais nas práticas todos os enterramentos presentes nesta área são funerárias em relação ao tipo de sepultura. Em de adultos em cistas, com mobiliário funerário Argos e Tirinto, as cistas, mas principalmente os bastante variado, sendo dois deles reutilizados, enterramentos em vasos funerários de adultos e um originalmente do GA e reutilizado no GM, e o crianças, apresentam duas direções essenciais, outro, originalmente datado do GM e reutilizado para Oeste e Sudoeste. As poucas ocorrências de duas vezes, uma durante o próprio GM e a outra covas simples para enterramentos de adultos em no GR (vide Capítulo 3, p. 139, 141). Argos acompanham o padrão geral, direcionadas para Oeste. Náuplia e Lema também seguem a tendência geral para Oeste e Sudoeste, verificado 8 BCH (2000): 799; ArchDelt 50 11995] (2000) Bl- 91 tanto nas cistas quanto nos vasos funerários -101, 108, 169-70.

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Os enterramentos do GM apresentam uma Em Asine os vestígios habitacionais do GM relação evidente de continuidade com as áreas se concentram na área da Cidade Baixa e parecem de concentração do GA. Apesar da queda do indicar um crescimento e intensificação da ocupação número total de enterramentos, observamos que do sítio, inversamente aos dados revelados pelos o processo de ostentação do mobiliário funerário enterramentos, pois a quantidade de sepulturas das cistas se intensifica ainda mais, com a presença datadas do subperíodo é bem pequena. Não há de túmulos de guerreiros, com armamentos em evidências de oficinas especializadas em produção bronze e em ferro, principalmente na área Sul- cerâmica; vestígios de habitações e construções, -Sudoeste e Central da cidade. Muitos destes principalmente de formato absidal e quadrado, túmulos são reutilizados durante o GR e, em alguns parecem indicar funções sagradas. casos, várias vezes, e, além disso, apresentam uma Micenas apresenta um quadro similar grande quantidade de vasos cerâmicos datados ao argivo e àquele descrito para Tirinto. As do GR depositados sobre as placas de cobertura evidências habitacionais e de estruturas sagradas das cistas. Percebemos, portanto, que durante permanecem mais restritas à área interna da este período as áreas habitacionais permanecem fortificação, nas porções Oeste e Sul da Acrópole. próximas das sepulturas, embora se tome mais A quantidade total de enterramentos também nítido o estabelecimento de lotes familiares e de diminui no GM, porém o processo de separação determinados grupos sociais como áreas específicas do espaço dos vivos e dos espaços específicos de e de uso contínuo para propósitos exclusivamente deposição dos mortos é reforçado, uma vez que funerários, processo este que é concluído durante o a concentração dos enterramentos localiza-se GR, formando necrópoles propriamente ditas. na área externa da Cidadela micênica, na Área Em Tirinto também observamos uma queda a Leste do Túmulo de Clitemnestra. Contudo, no número total de enterramentos e os vestígios não é possível identificar de forma tão explícita a habitacionais não são abundantes, contudo formação de lotes, e os enterramentos de adultos permanecem nos mesmo locais onde foram em cista configuram os enterramentos mais encontrados os vestígios do GA, concentrando - variados do subperíodo, como em Argos. -se na área extema da Cidadela. Durante o GM, Em Náuplia, tanto os vestígios habitacionais, a Necrópole Sudoeste e a Área Phylaki passam a quanto os funerários são bastante escassos apresentar a maior quantidade de enterramentos durante o GM, entretanto parecem manter o e é possível identificar com mais clareza a padrão verificado no GA e no PG, através do qual formação de lotes familiares dentro das próprias os enterramentos situam-se nas proximidades áreas de concentração de enterramentos, por das residências, concentrados no Terreno exemplo, o conjunto de enterramentos infantis Pronoia. Lerna, apesar da ausência de vestígios datados do GM e do GR na Necrópole Sudoeste habitacionais, durante o GM apresenta um (vide Capítulo 3, p. 163 e 164). O processo de aumento do número de enterramentos na área ostentação da camada guerreiro-aristocrática de concentração originalmente do GA, o Monte em Tirinto é um pouco diferenciado do argivo, Pontinos. O padrão de enterramento parece pois conforme discutimos anteriormente, os assemelhar-se mais ao argivo, com intensificação enterramentos em vasos funerários de adultos do uso de vasos funerários, principalmente e infantis apresentam oferendas em metal, do pito, não só para enterramentos infantis, principalmente. E interessante notar que há dois mas também para os adultos, sem a presença enterramentos do GM encontrados no interior de oferendas. Contudo, alguns pitos com da fortificação. Tais enterramentos apresentam sepultamentos de adultos apresentam mobiliário mobiliário funerário bastante diversificado funerário bastante variado, ou artefatos em metal. e um deles é caracterizado por uma cista de Podemos concluir, dessa maneira, que durante adulto. Tal fato, apesar de indicar exceções ao o GM, o processo de ostentação nas sepulturas é padrão geral, denotando possíveis indivíduos intensificado de forma acentuada principalmente destacados na comunidade, não excede à norma em Argos e sua influência na planície vai no sentido de que estão próximos de áreas que aumentando em direção ao GR. Entretanto, ainda apresentam, mesmo que de forma escassa, Tirinto, Asine e Micenas parecem conservar vestígios habitacionais e de estruturas com traços que definem uma certa independência. As funções sagradas que são utilizadas até o final da áreas de enterramento vão adquirindo cada vez Idade do Ferro. mais um caráter especializado, apesar de não ser

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possível a identificação de necrópoles. Entretanto, Há uma diferença evidente entre as formas a formação de lotes exclusivos de enterramentos de vasos usadas com mais frequência para os familiares / sociais já é claramente perceptível em enterramentos infantis em Argos em relação Argos, Tirinto e Micenas. aos demais, Tirinto, Micenas, Náuplia e Lema. Em Argos, o padrão para enterrar as crianças é a utilização da cratera, enquanto nas demais V) O Geométrico Recente. Renascimento ou comunidades, é o pito. A ânfora também aparece reafirmação? em grande número nos sepultamentos infantis. Além disso, o pito, na grande maioria das vezes, O Geométrico Recente constitui o é um vaso manufaturado de grandes proporções subperíodo da Idade do Ferro em que as com decoração incisa ou com apliques. Já as transformações evidenciadas desde o PG, mas crateras e ânforas são torneadas e apresentam principalmente no início do Período Geométrico, motivos ornamentais bastante variados, inclusive no GA, se consolidam e alcançam o grau máximo figurados típicos da produção cerâmica argiva do de maturidade, no que diz respeito às práticas GR, como os cavalos, as aves e as representações mortuárias. As mudanças ocorridas no século VIII de figuras humanas. a.C. que levam ao processo de consolidação da As maiores diferenças entre os sítios dizem pólis argiva, portanto, devem ser entendidas não respeito aos enterramentos de adultos. Em Argos como inovações e singularidades inusitadas, mas e Micenas, a maioria dos adultos é enterrada sim como tendências já existentes e manifestadas em cistas, enquanto em Tirinto e Náuplia o desde, pelo menos, o final do século IX a.C., padrão de enterramento dos adultos segue o das que durante o século VIII a.C., principalmente crianças e, portanto, uma parcela vultosa dos na segunda metade, sofreram um processo de adultos é enterrada em pitos. Lema apresenta crescimento acelerado. poucos enterramentos datados do GR, contudo Um dos elementos mais visíveis desse parece seguir o padrão verificado em Tirinto processo de crescimento se trata do notável e Náuplia, pois o número de vasos funerários aumento da quantidade de enterramentos, parece crescer em direção ao final da Idade do principalmente em Argos (TABELA 11, p. 93; Ferro, desde o GM. Conforme já mencionamos, GRÁFICO 3, p. 94), Tirinto (TABELAS 33 tal característica parece estar relacionada com e 34, p. 149; GRÁFICO 9, p. 148), Micenas os enterramentos infantis, pois neste sítio não há (TABELAS 48 e 49, p. 180; GRÁFICO 14, p. exemplos deste tipo de enterramento antes do 179) e Náuplia (TABELAS 56 e 57, p. 193; GR. Este fato nos remete novamente à questão GRÁFICO 15, p. 192). Percebemos que há uma da inclusão das crianças nas práticas mortuárias certa homogeneização das práticas funerárias e, portanto, proporcionam reflexões sobre os em relação às dimensões de idade e tipo de papéis e a importância de sua persona social nas sepultura nos sítios da Argólida neste subperíodo, sociedades da Argólida. Durante o GR, notamos com exceção de Asine e com algumas nuances que, mesmo nos sítios em que o número total de entre as comunidades examinadas. A tendência enterramentos infantis é muito inferior ao total de geral em relação ao tipo de sepultura utilizada sepultamentos de adultos, como Argos, Tirinto, durante o GR é o vaso funerário, principalmente Náuplia e Lema, a diferença entre eles diminui, para enterramentos infantis, mas também para da mesma forma que durante o PG. De forma enterramentos de adultos. O número de vasos geral, há dois subperíodos da Idade do Ferro que funerários utilizados cresce vultuosamente, concentram a maior quantidade de enterramentos chegando até mesmo a ultrapassar o número de infantis, o PG e o GR, conforme examinamos no cistas em Argos, Tirinto e Náuplia. Em Micenas e Capítulo 3. Para entender melhor quais seriam Lema, as quantidades dos dois tipos de sepulturas as funções das crianças nas sociedades do GR, é são semelhantes. Em Argos, Tirinto, Náuplia e fundamental relacionarmos tais questões com a Lema, as crianças são enterradas exclusivamente análise do mobiliário funerário. em vasos funerários no GR. Micenas ainda O exame da produção cerâmica interssítio apresenta alguns exemplos de enterramentos denota que durante o GR, principalmente no GR infantis em cista. A cova simples é raramente I, apesar do grande aumento na quantidade dos utilizada em todos os sítios, principalmente para motivos ornamentais geométricos e figurados, eles as crianças. são utilizados no mesmo padrão nos principais

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sítios, vale dizer; o grau de similaridade estilística entre a quantidade de enterramentos infantis aumenta e, portanto, o grau de interação entre os e de adultos diminui no GR, e observamos três sítios também. Nota-se que a produção argiva é configurações distintas entre os sítios no que diz encontrada nos contextos funerários dos demais respeito às categorias de análise do mobiliário sítios da Argólida e, dessa forma, Argos, neste funerário, relacionado com os atributos idade subperíodo, pode caracterizado como um grande e tipo de sepultura. Uma delas é definida pelos centro produtor e exportador de vasos na planície. enterramentos de adultos em Argos, Micenas Durante o GR II, verificamos um processo e Náuplia, que correspondem a cistas com inverso, que indica uma maior independência artefatos bastante diversificados. A segunda, dos sítios. Tirinto se distancia de Argos, da para os enterramentos de adultos e de crianças, mesma forma que Micenas se aproxima de é caracterizada pelos enterramentos em vasos Corinto e Asine de Micenas. Há um declínio no funerários sem a presença de oferendas, verificada processo de interação dos sítios e, inversamente, em Argos e em Náuplia. A terceira corresponde uma ampliação na competição, exatamente no aos enterramentos de adultos e infantis também momento em que Argos teria destruído Asine em vasos funerários, principalmente em pitos, com (Morgan and Whitelaw 1991). O tamanho e a mobiliário funerário mais variado, seja composto quantidade dos vasos cerâmicos depositados nos por vasos cerâmicos e metais ou por apenas enterramentos aumentam de forma acentuada, artefatos em metal. Tal padrão é constatado em e tais características estão associadas à refinada Tirinto, Micenas e Lema. Nestes sítios, as cistas elaboração dos motivos ornamentais e figurados, do GR apresentam um mobiliário funerário mais e a presença de temas aristocráticos, como o modesto, processo radicalmente inverso ao argivo. cavalo sendo guiado pela figura humana, cenas Em Tirinto, todos os enterramentos infantis em de batalha e procissões ou danças. A cerâmica, e vasos possuem oferendas mais diversificadas. particularmente a iconografia, passam a constituir Argos é o sítio que apresenta o quadro mais um elemento fundamental no processo de complexo em relação ao mobiliário funerário. exibição da hierarquia social tanto interna em um Conforme apontamos no Capítulo 3, à primeira sítio, como externa, marcando diferenças entre as vista, os enterramentos estariam divididos em comunidades. O estilo e a ornamentação reforçam duas grandes categorias: as cistas variadas e os a identidade de um determinado grupo, servindo pitos sem oferendas. Entretanto, examinando os como indicador das relações sociais dentro enterramentos mais cautelosamente, notamos de uma comunidade e entre elas. Conforme que os enterramentos infantis, na maioria em já mencionamos, os motivos geométricos vasos funerários, não apresentam oferendas, figurados são caracterizados por elementos principalmente aqueles em crateras e ânforas. fundamentalmente aristocráticos, como por Os pitos apresentam, muitas vezes, algum tipo exemplo, a dupla de cavalos com a figura humana de oferenda, essencialmente vasos cerâmicos. Os no centro ou cenas de batalha (Pappi 2006). Tais enterramentos de adultos em cistas apresentam cenas desenvolvem-se principalmente nos vasos artefatos bastante diversificados, principalmente de grandes dimensões encontrados nas cistas e nas em metal, e caracterizados por armamentos em crateras, ánforas e píxides usadas para enterrar as enterramentos de indivíduos do sexo masculino. crianças e alguns adultos. Os pitos utilizados para os adultos, na grande Tal processo de distinção social manifestado maioria dos casos, não possuem oferendas, porém através da cultura material, particularmente dos há alguns deles que são extremamente variados. contextos funerários, é reforçado pela presença È essencial ressaltar que, mesmo sem a presença dos armamentos nos enterramentos desse de objetos, os vasos funerários do GR são vasos subperíodo, como espadas, punhais, pontas de de grande porte e possuem decoração incisa, no lanças, além de elmos e armaduras em bronze e caso dos pitos, e uma rica diversidade de motivos em ferro, principalmente em Argos, denotando ornamentais geométricos e figurados para as a presença de uma camada guerreira (Snodgrass crateras e ânforas com sepultamentos infantis, e 1967: 98, 106-07). Durante o GR, percebemos ânforas, píxides e crateras para os enterramentos que em todos os sítios a concentração de de adultos. enterramentos com mobiliário funerário mais Está evidente que em Argos, durante o variado é grande, tanto para as crianças, quanto GR, o processo de ostentação daquela camada para os adultos. Conforme indicamos, a diferença guerreiro-aristocrática, que tem suas origens no

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GA, intensifica-se, muito provavelmente, devido funerário, essencialmente o pito, para enterrar às transformações que levam à consolidação da seus integrantes (Hãgg 1980: 126). pólis argiva. As crianças voltam a possuir um Está claro que a preferência e o aumento papel fundamental na constituição da sociedade, dos enterramentos para os sentidos Oeste e pois reforçam os laços familiares legitimando Sudoeste são constatados principalmente nos e justificando o status e o poder de um grupo. sepultamentos em vasos funerários no final da Tais reflexões são fortalecidas com a análise da Idade do Ferro, principalmente quando notamos localização das sepulturas e devido ao grande que no início do século VII a.C. quase todos os número de reutilizações das sepulturas durante o enterramentos em Argos são em vasos funerários GR. Uma parcela significativa dos enterramentos e a grande maioria deles possui orientação para múltiplos corresponde a cistas de adultos datadas Oeste e Sudoeste (Foley, 1988). Contudo, é originalmente do GA e do GM reutilizadas no importante observar que as cistas, ainda bastante GR. numerosas no GR, também apresentam as mesmas No GR, percebemos que a orientação do direções predominantes para Oeste e Sudoeste e corpo / sepultura é bastante definida e uniforme já possuem tal tendência de sentido desde o SM, para todos os sítios examinados. Em Argos, tanto em Argos quanto em Tirinto. Isto significa a grande maioria das cistas e as poucas covas que, apesar da introdução e do aumento contínuo simples de adultos apresentam orientação marcante do vaso funerário, indicando mudanças para Oeste. Enquanto os pitos de adultos no tipo de sepultura em relação ao início e ao podem seguir a direção Oeste, a Sudoeste é final da Idade do Ferro, a orientação do corpo / majoritária. Notamos que há alguns exemplos de sepultura não acompanha tais transformações. enterramentos em pitos orientados para Leste. Em Dessa forma, as duas dimensões tipo sepultura e Tirinto, o sentido Sudoeste, fundamentalmente orientação do corpo não estão, necessariamente, para os pitos de adultos, toma-se praticamente relacionadas. Além disso, conforme já apontamos exclusivo durante o GR. O mesmo padrão é na análise do mobiliário funerário dos sítios no verificado em Lerna, tanto para os enterramentos Capítulo 3 (p. 134-135, 142-143) é bastante em cista, quanto para vasos funerários infantis e questionável a associação direta entre os de adultos. Em Náuplia, as crianças e os adultos enterramentos em pito com camadas menos sepultados nos vasos funerários encontravam- abastadas da comunidade. -se direcionados essencialmente para Oeste. Os vestígios de ocupação do GR tomam- Asine, durante o GR, novamente aproxima-se de -se abundantes na maioria dos sítios examinados Argos e Tirinto, pois as poucas cistas de adultos e, principalmente, em Argos, suficientes para apresentam o padrão do sítio verificado no PG, afirmar que a partir da segunda metade do com os enterramentos orientados para Leste, século VIII a.C. a comunidade adquire aspectos mas também, como no GM, para Noroeste e de uma verdadeira pólis, caracterizada por uma Sudoeste. Finalmente Micenas, no GR, apresenta expansão significativa das atividades comerciais e preferências opostas que indicam proximidades artesanais (Hãgg, 1982: 302). As concentrações com Argos e Tirinto de um lado, e com Asine, de de habitações do GR em Argos situam-se no outro. O número de enterramentos que possuem entorno da Agora e do Teatro, na área Sudoeste e informações sobre a orientação do corpo durante no vale entre a Larissa e a Aspis. Várias cisternas o GR é muito pequeno, entretanto as direções e encanamentos do GR foram identificados na utilizadas são Leste e Oeste. área da Praça Kypseli, no Terreno Bacaloyannis, Esta predileção e uniformização dos no Terreno Xenakis e próximo à Necrópole enterramentos orientados para Oeste e Sudoeste Micênica na Deiras. Nesta última, nota-se que as no final da Idade do Ferro estão associadas à cisternas ainda são utilizadas durante o Período dimensão tipo de sepultura, pois conforme já Arcaico, e a área se expande com a construção de destacamos, o número de enterramentos em vasos calçamentos de pedra ainda no Subgeométrico. funerários aumenta significativamente em todos Vestígios de construções e camadas de ocupação os sítios da Argólida, com exceção de Asine. Hãgg com fragmentos cerâmicos foram detectados no acredita que a orientação do corpo durante o GR Terreno Paleologos, Sondagem 84, e no Terreno constitui um elemento de distinção nas práticas Anagnostopoulos, Sondagem 88, próximos à mortuárias intencional, definindo um grupo social Praça Kypseli; no Bairro dos Refugiados, próximo menos abastado da sociedade que faz uso do vaso à Igreja Ioannis e da Capela Panagitsas, na área

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Oeste e, finalmente, na área a Leste, no Terreno vários indivíduos, em sua maioria adultos, Bertzeletos, onde também foram encontradas do sexo feminino e masculino, e uma grande sepulturas deste subperíodo. Na área da Capela quantidade de vasos cerâmicos e artefatos Panagitsas foi identificada uma grande quantidade em metal. Além disso, exatamente devido ao de vestígios que indicam a presença de uma fenômeno de reutilização das sepulturas, as cistas grande oficina especializada, provavelmente uma se tomam maiores, adquirem grandes proporções, oficina cerâmica e uma tinturaria, com a presença alcançando até mesmo 2,0m de comprimento e de fomos e pias, além de grandes pitos (Hágg, l,50m de largura. 1982: 304). Está claro que tais enterramentos denotam a Hágg afirma que já no final do GM II pode presença de uma camada guerreiro-aristocrática, ter havido um processo de synoikismós9 intemo fundamentada em laços familiares, que busca no assentamento, responsável pelo agrupamento legitimar seu poder e seu status no final da Idade das pequenas aldeias rurais e as propriedades do Ferro. Tal ideia encontra ainda respaldo na comerciais e artesanais, formando a pólis argiva prática de deposição de vasos sobre as sepulturas, durante o GR (Hágg, 1982: 302). Percebemos executada durante o GR, em túmulos datados do que as áreas de enterramentos ainda continuam GA e GM, principalmente, mas que recuam, em próximas das concentrações habitacionais, porém alguns casos, até mesmo ao PG. Tais incursões durante o GR tornam-se mais densas e isoladas, indicam que determinados grupos do GR buscam formando lotes de sepultamentos, conforme reafirmar laços familiares com seus antepassados pudemos verificar na análise do espaço no da própria Idade do Ferro, seja através de rituais Capítulo 3, p. 135-145. privados, familiares, que se tomam visíveis e As áreas de concentração de enterramentos públicos para toda a comunidade. do GR em Argos correspondem à área Sul- O processo de formação da pólis argiva -Sudoeste, Central e Noroeste. Estes locais, envolve, portanto, uma sociedade complexa principalmente a área Sul-Sudoeste e a Central, que está em processo de transformação, mas correspondem às mesmas regiões utilizadas desde que tem suas raízes fundamentadas em uma o SM, com intensificação do uso no PG, no GA sociedade guerreiro-aristocrática hierarquizada e no GM. Não é possível verificar uma distinção e cujo poder é atribuído ao nascimento. Esta entre os as áreas de enterramentos de acordo com sociedade teria se formado ainda no PG e se o atributo idade nem a partir da dimensão tipo consolidado no GA. Isto não significa dizer de sepultura. Os adultos e as crianças e os três que tal processo é semelhante ao Ateniense, tipos de sepultura são encontrados nos mesmos principalmente nos termos definidos por I. Morris, locais. No entanto, há evidências nítidas de em que haveria “cemitérios de cidadãos” como lotes familiares definidos por tipos de sepultura, símbolos garantidos de direito políticos e acesso a como o grupo de pitos na área Centro-Leste, propriedade, a partir das definições da Hipótese no Terreno Boulmeti, na Rua Kalmochou, e 8 de A. Saxe (1987: 54, 210; 1991: 157, 158)10. dois grupos de cistas, um deles localizado na Tais reflexões foram criticadas por vários autores área Sul-Sudoeste, no Terreno Papaparaskevas, e, na medida em que os dados arqueológicos e o outro situado na área Noroeste da cidade, vão sendo estudados de forma mais sistemática, no Terreno Xintaropoulou (vide Capítulo 3, p. a existência de cemitérios é questionada, assim 141-142). É importante ressaltar que as cistas como a relação entre o uso destes cemitérios possuem mobiliário funerário bastante variado como exclusivo por uma determinada camada de e foram reutilizadas várias vezes, contendo cidadãos, fundamentalmente do sexo masculino (Humphreys 1980; Small 1999; Patterson 2006)n.

9 Do grego m)vonao|ióç, que significa literalmente coabitação, fusão, estar reunido em uma cidade (être réuni 10 Para ver discussão detalhada sobre a Hipótese 8 de en une ville) Bailly, A. Dictionnaire grec français / rédigé Arthur Saxe, suas repercussões nos estudos das práticas avec le concours de E. Egger. Ed. revue par L. Séchan et mortuárias e, ainda, suas implicações e usos na obra de Ian R Chantraine. Paris: Hachette, 1950. verbete: (p. 1864). Morris, vide Capítulo 1, p. 41-43, 52-53. Trata-se do processo de agregação das comunidades 11 Para ver as críticas feitas por Humphreys, vide gregas, levando a constituição da pólis que em português é discussões no Capítulo 1, p. 53-54- Patterson e Small tradicionalmente denominado de sinecismo. concordam com a autora e indicam que Morris interpretou

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Em Argos, a partir do exame exaustivo realizado ou, quando algum conteúdo está presente, dos enterramentos, podemos afirmar que a corresponde a uma quantidade e qualidade de situação não pode ser simplificada nestes termos. artefatos muito mais modestas em relação àquelas A complexidade dos enterramentos do GR que caracterizam as cistas. Tais fatos podem ser revela que o processo de consolidação da pólis explicados pelo elemento visibilidade, pois este abrange mais do que duas simples categorias grupo estaria recebendo cada vez mais em direção sociais que, segundo Hãgg (1974, 1983, 1998), ao final da Idade do Ferro uma quantidade menor Ainian (2006), Foley (1988), é entendida como de enterramentos formais, pelo fato de denotar os ricos e os pobres. Conforme indicamos, os uma parcela menos abastada da sociedade. enterramentos em vasos funerários, sejam pitos Conforme indicamos no Capítulo 3, alguns ou crateras e ânforas, não devem ser entendidos estudos osteológicos dos enterramentos em cista como uma correspondência direta de uma e em cova simples de adultos corroboram tal prática de enterramento executada por um hipótese, pois os indivíduos sepultados nas covas grupo menos abastado da sociedade. Alguns simples apresentam uma quantidade maior de apresentam mobiliário funerário bastante variado doenças que estão diretamente relacionadas, de e decoração ricamente elaborada. Isto indica um lado, às atividades cotidianas e, de outro, que devem ter sido objetos de grande valor, já à dieta alimentar dos indivíduos (Pappi 2011). que o esforço e o investimento para a confecção As doenças desses indivíduos são configuradas do vaso são elevados. Além disso, notamos que por infecções, traumas e doenças metabólicas e os enterramentos múltiplos correspondem, na denotam, no geral, condições mais precárias de grande maioria dos casos, a cistas. Tal tipo de vida, como a exposição a práticas cotidianas de sepultura também possui um alto investimento trabalho mais árduas e a uma dieta mais pobre no processo de elaboração. Contudo, verificamos e deficiente, indicando, assim, um status social que, durante o GR, apesar do aumento das inferior. dimensões das cistas, não são construídas novas Dessa forma, percebemos uma nítida cistas para cada indivíduo, mas as cistas do GA estratificação na sociedade que, através das e do GM são reutilizadas, indicando que, apesar práticas mortuárias, exterioriza seus interesses do trabalho de reabertura da cista, não há um e anseios sociais em um momento em que as investimento e nem dispêndio tão grande de transformações políticas estão se acentuando. energia no processo de edificação do túmulo, Podemos inferir, então, que no século VIII a.C. quando comparados às inumações individuais Argos caracteriza-se por uma comunidade com em cista. A maioria dos vasos funerários do GR grandes proporções e potencialmente hegemônica contém inumações individuais e, desse modo, que tende a intensificar sua influência sobre podem denotar um investimento maior deste as demais sociedades na Argólida, visando grupo na realização das práticas funerárias. expandir seu domínio na planície. Este processo Além disso, como já discutimos, quando os é evidenciado não só pelas práticas funerárias, vasos apresentam decoração, podemos afirmar mas também pelos vestígios arquitetônicos. A que não somente a variedade e a qualidade de construção do Heraion pode ser entendida como motivos ornamentais geométricos e figurativos uma tentativa de Argos de estender seu território são grandes, mas também seu repertório pertence e aumentar sua influência e dominação sobre as às mesmas características guerreiro'aristocráticas demais comunidades da Argólida. A tentativa do repertório iconográfico encontrado nos vasos de adoção de um culto comum significa, na presentes nas cistas, contendo cenas de batalha e realidade, a expressão da diplomacia agressiva a dupla de cavalos com a figura humana. argiva (Morgan and Whitelaw, 1991: 85). Dessa O exame dos enterramentos das covas forma, compreendemos as destruições dos sítios, simples, contudo, fornece um quadro diferenciado. seja de Asine, ainda no final do século VIII a.C., Este tipo de sepultura é menos numerosa durante seja de Micenas e Tirinto no século V a.C. o GR, e a grande maioria não apresenta oferendas O exame dos vestígios habitacionais em Tirinto indica que a área interna da Cidadela micênica continua sendo ocupada de forma intensa para funções profanas e sagradas. mal os dados arqueológicos e textuais, indicando que a sociedade ateniense nao é patrilinear, mas bilinear (Small Entretanto, a área externa, principalmente 1999; Patterson 2006). a Oeste, também apresenta evidências de

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habitações. É interessante notar que o caráter explícito de concentração das sepulturas na habitacional mais disperso no entorno da área a Leste do Túmulo de Clitemnestra, fortificação que caracteriza o PG soffe um indicando continuidade do uso funerário processo de intensificação na área Oeste e Sul desta área do GM para o GR. O processo de em direção ao final da Idade do Ferro. Este ostentação das cistas dos adultos também é fenômeno também é verificado na distribuição verificado neste sítio e somado a uma certa dos enterramentos, pois em direção ao GR, ostentação dos enterramentos infantis em pitos, principalmente a área a Norte e Leste da muralha que também apresentam mobiliário funerário apresentam uma quantidade cada vez menor mais diversificado. Não é possível visualizar de sepulturas. As áreas de concentração de em Micenas de forma tão nítida a formação de enterramentos são essencialmente a Necrópole lotes familiares / sociais. Entretanto, tanto as Sudoeste e a Area Phylaki. Os exemplos de cistas de adultos quanto os pitos de crianças covas simples são raros e os vasos funerários são aparecem na mesma área de concentração. E majoritários, porém todos eles são encontrados interessante notar que apesar de apresentar nas duas áreas de concentração e são uma certa independência e peculiaridade em caracterizados tanto por enterramentos infantis relação à produção cerâmica e às próprias quanto de adultos. Entretanto, podemos constatar práticas funerárias, as evidências arqueológicas a existência de lotes familiares e sociais de examinadas apresentam semelhanças tanto aos enterramento que são formados desde o GM. aspectos argivos, quanto em relação a Tirinto, E importante ressaltar que esses lotes e, às vezes, até mesmo a Asine. Mesmo durante familiares / sociais em Tirinto possuem algumas o GR, a comunidade em Micenas não deve ter características distintas em relação aos argivos, atingido grandes proporções e, até o momento, indicando que o processo de ostentação da não há vestígios que confirmem a existência de camada guerreiro-aristocrática no sítio se deu comércio e artesanato de grande porte. de uma forma mais peculiar. Os enterramentos Asine mostra-se um sítio independente desde em pitos de adultos e, principalmente, de o início da Idade do Ferro em todos os sentidos e, crianças são mais variados que as cistas neste apesar de não apresentar uma camada guerreiro- subperíodo, contendo particularmente objetos em -aristocrática tão nítida quanto à argiva ou até metal. Tais peculiaridades aumentam a ideia de mesmo em relação àquela evidenciada em Tirinto competitividade entre os sítios neste momento. e em Micenas, constitui o sítio mais excêntrico Entretanto, é difícil classificar Tirinto como da Argólida, com características socioculturais uma pólis, pois as evidências arqueológicas não próprias. Durante o GR, apesar da escassez dos revelam o crescimento da comunidade como registros funerários, os vestígios habitacionais uma área comercial e artesanal do mesmo porte são significativos. Há evidências de habitações que Argos. Está claro que a comunidade atinge localizadas na área da Cidade Baixa, no Setor um grande crescimento no GR ultrapassando Levendis, no sopé da Colina Barbouna e também o status inicial verificado no PG de áreas rurais na área da Acrópole. As construções são bastante isoladas, e certamente constituiu a segunda maior elaboradas com pedras de calcário e possuem comunidade da região. Todavia, o sítio ainda formato absidal e quadrado. A maioria apresenta continua sobre fortes influências argivas, tanto lareiras no interior e podem estar relacionadas no âmbito cultural (inclusive religioso), quanto a funções sagradas ou mesmo a banquetes no âmbito político. Tais reflexões se relacionam funerários, uma vez que a concentração de também com a própria localização geográfica enterramentos datados desde o PG encontra-se do sítio na planície, extremamente próximo de nas proximidades (Ainian 1997; Wells 1983)1Z. É Argos. Micenas, no que diz respeito aos vestígios habitacionais, mantém o padrão de assentamento verificado no GA e no GM. As 12 Para uma discussão mais detalhada sobre a residências, compostas fundamentalmente configuração dessas estruturas e suas prováveis funções, além de uma bibliografia mais completa, vide Souza, por cabanas e vestígios de construções com C. Estruturas e Artefatos: o culto heroico em sítios gregos funções rituais, concentram-se na área interna da Idade do Ferro (séc. XI ao VIII a. C.). Dissertação de da Acrópole micênica. Em relação às áreas Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação funerárias, percebemos que há um processo em Arqueologia no Museu de Arqueologia e Etnologia da

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importante lembrar que há apenas dois casos de grandes proporções, caracterizada por um processo reutilização da sepultura e ambos não apresentam interno de synoikismós, agrupando os pequenos oferendas, fato que, mais uma vez, singulariza o assentamentos de um lado, expandindo as áreas sítio no que diz respeito às práticas mortuárias. comerciais e artesanais de outro e, ainda, fixando Soma-se, ainda, a independência religiosa, através de forma nítida a divisão entre o espaço dos vivos da adoção do culto de Apoio Pítio ainda no século e dos mortos, com a formação de necrópoles VIII a.C. (Wells 1990b). Tais fatores indicam que e, dentro delas, estabelecendo lotes específicos a influência argiva percebida nos demais sítios utilizados pelos diferentes grupos que configuram da planície não é verificada em Asine e, dessa a sociedade argiva neste momento. A ligação com forma, a autonomia da comunidade deve ter o passado e um passado próximo, definido pela se tomado intolerável por parte dos argivos, de reutilização e pela deposição de oferendas sobre forma independente das características étnicas, as sepulturas do GM e do GA, principalmente, mas motivada, sobretudo, pelos aspectos culturais denotam a busca da legitimidade e da e sociais. manutenção do status e do poder, fundamentados Náuplia apresenta um aumento marcante na ostentação dos enterramentos formais. do número de sepultamentos durante o Talvez a complexidade da sociedade GR, entretanto os vestígios habitacionais argiva esteja relacionada ainda com as permanecem escassos. Há evidências de muros relações estabelecidas entre Argos e as demais e áreas pavimentadas próximos à grande área comunidades da planície durante a Idade do Ferro de concentração de enterramentos, o Terreno e, principalmente no GR. O fator geográfico não Pronoia. O padrão de enterramento neste deve ser entendido como determinante, mas sítio aproxima-se do argivo, pois a maioria de corrobora de maneira significativa para os tipos de enterramentos de adultos e crianças é realizada relações estabelecidas, pois a proximidade entre em vasos funerários, principalmente em pitos, os sítios é marcante13. A influência e a hegemonia sem a presença de oferendas. Contudo, também argivas são perceptíveis não somente na análise são vasos de grande porte e, particularmente, da produção cerâmica dos demais sítios e nos para os enterramentos infantis em outras formas vestígios habitacionais, mas fundamentalmente de vasos funerários, como ánforas, estas se nas práticas funerárias e religiosas. Mesmo os apresentam ricamente decoradas. Apesar do dois maiores e mais importantes sítios do GR, aumento dos sepultamentos, a comunidade não Tirinto e Micenas, apesar de apresentarem deve ter alcançado grandes proporções. Também elementos característicos de uma certa podemos indicar que a hegemonia argiva se faz independência, manifestam aspectos explícitos presente no sítio, da mesma forma que em Lema, da dominação argiva no que diz respeito aos pois as evidências habitacionais indicam que a costumes mortuários. Asine, caracterizada por comunidade, mesmo durante o GR, deve ter tido uma comunidade com costumes tão excêntricos proporções bem pequenas. Devido à escassez dos em relação a praticamente todos os padrões contextos funerários neste sítio, não é possível culturais praticados no restante das comunidades indicar a formação de lotes. Entretanto, nota-se da planície, deve ter proporcionado uma relação que a área do Monte Pontinos corresponde a uma de maior competitividade e intimidação durante o área utilizada exclusivamente para deposição dos processo de synoikismós argivo externo, isto é, no mortos durante todo o Período Geométrico. agrupamento dos sítios da região, que teve lugar Podemos concluir, portanto, que o ainda no século VIII a.C. Geométrico Recente na Argólida apresenta Tais mudanças fazem parte de um processo transformações fundamentais para o processo de de transformações graduais iniciado já no PG, formação da pólis argiva, exteriorizado, em muitos de seus desdobramentos, através das práticas mortuárias. A consolidação de uma sociedade mais complexa, hierarquizada e hereditária indica 13 Basta indicar que da Larissa, em Argos, é possível que neste subperíodo a comunidade atingiu visualizar Tirinto, Náuplia, Lerna e Asine e da Áspis, Micenas. Tal proximidade e localização que contam com o elemento visibilidade constituem aspectos que possuem um significado relevante no que diz respeito ao entendimento Universidade de São Paulo. São Paulo, 2005, p. 121-27, dessas relações, uma vez que podemos considerar a planície 165-74. da Argólida, de fato, como uma unidade.

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mas intensificado durante o Período Geométrico, A queda de enterramentos no GA e no no GA, e reforçado no GM. Dessa forma, o início do GM e a continuidade do processo de século VIII a.C. não deve ser entendido como um ostentação contribuem para uma falsa impressão período caracterizado por elementos inovadores e de sociedade homogênea no PG, GA e GR (Hãgg nem como um renascimento (Whitley 2001), mas 1980; Pappi 2011) em todos os sítios. Contudo, sim como reafirmação, confirmação e validação. um exame mais detalhado dos enterramentos Isto não significa que não tenha sido um século denota que se trata de uma sociedade hierárquica revolucionário (Snodgrass 2006), caracterizado e fundamentada em laços familiares (Lemos 2002; por mudanças generalizadas no que diz respeito Papadimitriou 2006) e, assim, torna-se inteligível aos resultados sociais, culturais e políticos, apesar a importância da persona social da criança na das nuanças e peculiaridades verificadas nas configuração da sociedade principalmente diferentes regiões da Grécia, que culmina em durante o PG e o GR, momentos de formação última instância, na formação da pólis. e consolidação dessa sociedade. O PG e o GR correspondem aos subperíodos com as maiores concentrações de enterramentos da Idade do Considerações Finais. Ferro, e particularmente no final do GM, mas A importância das comunidades da região principalmente durante o GR e, de maneira da Argólida durante a Idade do Ferro não está concentrada no GR II, observamos um rápido e relacionada apenas com a grande quantidade de intenso aumento populacional na Grécia como enterramentos levantados durante a pesquisa, um todo (Snodgrass 1971). Este processo de mas essencialmente, devido ao fato dessa hierarquização da sociedade tem início ainda quantidade indicar um processo evidente de no PG, momento em que as sociedades estão se ocupação contínua, ininterrupta nos principais organizando e definindo seus padrões funerários sítios, Argos, Tirinto, Asine e Micenas, desde o através das delimitações dos enterramentos final da Idade do Bronze até o final da Idade do formais. Além disso, a relação entre o espaço dos Ferro, isto é, do Heládico Recente IIIC até o final vivos e o espaço dos mortos começa a sentir as do Geométrico Recente II, aproximadamente primeiras modificações, seja de uma forma mais entre 1100 e 700 a.C. Tal fato demonstra que o marcante e evidente como em Tirinto e em Asine, desenvolvimento da região está distante de ser seja de uma forma mais lenta e gradual como em classificado como “obscuro” e, apesar das lacunas Argos e Micenas. no que diz respeito às evidências habitacionais Está claro que este processo de estratificação e de ocupação e à ausência de publicações social verificado nas sociedades da Argólida sistemáticas sobre os contextos funerários ou não apresenta as mesmas características em estudos osteológicos dos indivíduos encontrados outras regiões da Grécia, como por exemplo, na em tais contextos, os vestígios mortuários revelam Ática e na Eubeia. Tanto Argos quanto Atenas que houve também um processo contínuo de são classificadas como sociedades “estáveis” e, estratificação da sociedade que se inicia no PG e a partir da analogia etnográfica, assemelham- vai sendo intensificado no Período Geométrico, -se ao modelo de Nuristan, segundo o qual a no GA e no GM, apresentando seu maior grau sociedade é configurada pelo domínio de uma de desdobramento e complexidade durante o parcela aristocrática que detém o poder político e GR. O SM é entendido, dessa maneira, como o status social são atribuídos ao nascimento.14 São uma fase transitória, marcada por turbulências, sociedades fundamentalmente pastoris, porém cuja que são configuradas por elementos de rupturas e importância das atividades artesanais e comerciais continuidades com o passado da Idade do Bronze assume um papel cada vez maior na estrutura (principalmente do Heládico Médio), porém, social, formando sociedades mais complexas. começam a delinear uma nova sociedade. A Idade Entretanto, tal modelo etnográfico não do Ferro como um todo pode ser compreendida, representa todas as nuanças e as características assim, como um período de mudanças graduais que, a partir da dissolução da coesão política micênica centrada na figura do wánax, adquire novas formas sociais que se desdobram na 14 Para maior detalhamento da classificação proposta por J. Whitley e as características das sociedades de Nuristan emergência e na consolidação de sistemas sociais e do modelo do “big man”, vide Capítulo 1, p. 54-55 complexos (Morgan 2001). (Whitley 1991a).

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da sociedade argiva e, além disso, há diferenças uma sociedade que, provavelmente, também entre as sociedades argiva e ateniense durante atingiu grandes proporções durante a Idade do o século VIII a.C. Comparativamente, podemos Ferro e é classificada como um assentamento afirmar que as comunidades na Argólida, “instável”, segundo o modelo do “big man” mesmo a argiva, não apresentam habilidades e cuja organização social corresponde ao que tão dinâmicas e variadas em providenciar e dar muitos pesquisadores denominam de “sociedade tanto suporte à diversificação e à ostentação dos homérica”15. Neste tipo de sociedade, é possível contextos funerários quanto às comunidades a identificação de um único chefe destacado (o na Atica, essencialmente Atenas. Como vimos, basiléus) que se sobressai do conjunto da camada autores como I. Morris e J. Whitley afirmam guerreiro-aristocrática. Trata-se de uma sociedade que o processo de formação de necrópoles e de bastante hierarquizada e, em Lefkandi, por ostentação de um determinado grupo guerreiro - exemplo, exteriorizada através dos enterramentos -aristocrático agnático através da adoção de lotes no interior do próprio edifício Toumba e do familiares / sociais em Atenas é levado ao extremo conjunto de sepulturas extremamente variadas durante o GR. Tal ostentação é entendida como localizadas nas demais necrópoles da comunidade, uma tentativa de manutenção e legitimidade no mas principalmente naquela situada em frente à poder por parte desse grupo, frente ao reforço entrada do edifício absidal Toumba (Coulton and dos valores públicos da cidadania e dos princípios Catling 1993; Popham and Lemos 1996; Whitley de igualdade política, tensões engendradas pelo 2001; Lemos 2002). Argos, neste sentido, de surgimento da pólis ateniense (Morris 1987, maneira semelhante a Atenas (Foley 1988), não 1991b, 1997a; Whitley 1991b). apresenta um enterramento único exclusivamente Em Argos, há um processo evidente de diversificado e associado a uma estrutura formação de lotes familiares, porém não há arquitetônica de grande porte. Entretanto, exclusividade do uso de áreas específicas por conforme pudemos observar pela extensiva um determinado grupo agnático, segundo os análise do material levantado, desde cedo, já no parâmetros gerais da Hipótese 8 de Saxe e PG, começa a apresentar sinais da presença dessa Goldstein, isto é, que garante a propriedade camada guerreiro-aristocrática que busca definir da terra e de recursos essenciais através dos seu espaço e seus papéis na sociedade através das enterramentos. A sociedade argiva do século práticas funerárias. VIII a.C., através da análise do material Sintetizando os costumes funerários da região arqueológico dos contextos funerários, possui durante a Idade do Ferro, podemos inferir que elementos que a definem como estratificada a inumação pode ser considerada como a única e cujo status é atribuído ao nascimento. Da prática de enterramento, pois as ocorrências de mesma forma, também possui elementos de cremações são raras e isoladas (Snodgrass 1971; uma sociedade guerreiro-aristocrática. Todavia, Courbin 1963; Hãgg 1987; Papadimitriou 2006; não há um tratamento diferenciado em relação Pappi 2011). As dimensões de gênero e idade não ao gênero nem à idade e, assim, não é possível constituem elementos de distinção em relação classificá-la como agnática, patrilinear. Os dados às demais práticas mortuárias nem ao tipo de arqueológicos também não permitem indicar que sepultura, à orientação e posição do corpo, à existem áreas exclusivas de deposição dos mortos constituição do mobiliário funerário nem aos utilizadas como “cemitérios” dessa camada, pois espaços de deposição dos mortos. E interessante o atributo tipo de sepultura também não sustenta ressaltar, no entanto, que algumas diferenças tal hipótese; as cistas, os enterramentos em vasos podem ser destacadas em relação ao atributo funerários e em cova simples são encontrados nas mesmas áreas de concentração. Dessa forma, a sociedade argiva neste momento crucial de

formação da pólis envolve uma complexidade 15 As sociedades “instáveis’' e as características de muito maior do que tais classificações e também comunidades similares ao modelo do “big man” também não pode ser caracterizada de uma forma simplista estão detalhadas no Capítulo 1, p. 54-55 (Whitley, a partir da identificação bipolar entre “ricos” e 1991a). Para uma breve discussão sobre a questão da “pobres” “sociedade homérica’ e sobre Lefkandi, vide: Snodgrass Um exemplo totalmente distinto em relação (1974), Schnapp-Gourbeillon (1982), Morris (1997b,) Lemos (2002), Ainian (2006). Para uma bibliografia mais a Argos e Atenas é caracterizado por Lefkandi, específica sobre o assunto, vide: Souza, C. D. 2005.

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idade no que diz respeito ao tipo de sepultura da ostentação do status social e da intensificação e a constituição do mobiliário funerário, pois o dos laços familiares, são caracterizados pelos vaso funerário é introduzido originalmente para fenômenos de reutilização das sepulturas, enterramentos infantis e constitui praticamente ocasionando enterramentos múltiplos, em muitos o tipo de sepultura exclusivo de deposição das casos, como mais de três indivíduos, e, ainda, a crianças no final da Idade do Ferro, durante deposição de oferendas, principalmente vasos o GR. Todavia, neste subperíodo, os adultos cerámicos, sobre as placas de coberturas das cistas também são enterrados majoritariamente em ou ñas proximidades dos vasos funerários. As vasos, principalmente em pitos, reforçando a relações com o passado e com os mortos indicam excepcionalidade de Asine. O quesito idade que os contextos funerários constituem elementos está representado simbolicamente nos contextos fundamentais no processo de representação da funerários e torna-se, portanto, um elemento sociedade, denotando tensões e transformações de inclusão da persona social da criança como que definem uma sociedade mais complexa, que urna forma de exteriorizar e estreitar os laços culminam no surgimento da pólis. familiares e o status social de um determinado Finalmente, gostaríamos de indicar que grupo social, principalmente nos períodos em que muitas questões ainda permanecem em aberto, a sociedade está se estruturando, como no PG, e principalmente no que diz respeito à relação entre se consolidando, durante o GR. o espaço dos vivos e dos mortos e a configuração Este grupo social também está da sociedade no início da Idade do Ferro nas simbolicamente representado pela grande comunidades da Argólida. Nosso objetivo quantidade de enterramentos de guerreiros, primordial corresponde a uma análise detalhada e principalmente no final do GM e durante o exaustiva das dimensões dos contextos funerários, GR, verificado pela presença de urna grande a fim de entender as transformações ocorridas quantidade de artefatos em metal, essencialmente nos padrões funerários durante a Idade do Ferro, armamentos em bronze e ferro, conforme levantando algumas reflexões sobre a configuração pudemos constatar na análise do mobiliário das sociedades nos diferentes subperíodos e sobre funerário realizada no Capítulo 3. Alguns autores as relações entre as principais comunidades da identificam tal processo como um fator pan- planície. A reunião dessa grande quantidade -helénico, possível de ser constatado nas mais de contextos funerários, formando um catálogo diversas regiões e sítios da Grécia durante o século inédito para a região da Argólida na Idade do VIII a.C., como um dos fatores fundamentais Ferro, visa também a complementações futuras, no processo de formação e consolidação da a partir da publicação de materiais e de estudos polis (Snodgrass 1971, 1977, 1993; Whitley osteológicos em curso, que examinem os dados 2001; Dickinson 2006a; Pappi 2011). Outros e revisem as datações atribuídas aos contextos desdobramentos das práticas funerárias da região funerários e tragam novas possibilidades de da Argólida, exteriorizados fundamentalmente interpretação. na sociedade argiva do GR, que reforçam a ideia

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MAPA 1 Mapa político da Grécia com suas regiões; destaque para a região da Argólida e suas municipalidades.

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MAPA 2 Região da Argólida, destacando os sítios analisados.

235 SOUZA, C. D. As Práticas Mortuárias na região da Argólida entre os sécuíos XI e VIII a.C. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, S io Paulo, Suplemento 13, 2011.

MAPA 3 Mapa de Argos com as áreas de concentração de enterramentos.

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MAPA 4 - Mapa de Argos com a distribuição dos enterramentos do SM.

237 SOUZA, C. D. As Práticas Mortuárias na região da Argólida entre os séculos XI e VIII a.C. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, Suplemento 13, 2011.

MAPA 5 - Mapa de Argos com a distribuição dos enterramentos do PG.

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MAPA 6 - Mapa de Argos com a distribuição dos enterramentos do GA.

239 SOUZA, C. D. As Práticas Mortuárias na região da Argólida entre os sécubs XI e VIII a.C. Revista do Museu de Arqueologia e Etnobgia, São Paulo, Suplemento 13, 2011.

MAPA 7 Mapa de Argos com a distribuição dos enterramentos do GM.

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MAPA 8 - Mapa de Argos com a distribuição dos enterramentos do GR.

241 SOUZA, C. D. As Práticas Mortuárias na região da A rgólida entre os séculos XI e VIII a.C. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, Suplemento 13, 2011.

MAPA 9 - Mapa de Argos com a distribuição dos enterramentos do Período Geométrico.

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PLANTA 1 Planta de Tirinto com as áreas de concentração e a totalidade de enterramentos datados da Idade do Ferro.

243 SOUZA, C. D. As Práticas Mortuárias na região da Argólida entre os séculos XI e VIII a.C. Revista do Museu de Arqueobgiae Etnobgia, São Paulo, Suplemento 13, 2011.

PLANTA 2 - Planta de Asine com as áreas de concentraçâo de enterramentos.

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PLANTA 3 Planta de Micenas com as áreas de concentração de enterramentos.

245 SOUZA, C. D. As Práticas Mortuárias na região da Argólida entre os sécuhs XI e VIII a.C. Revista do Museu de A rqueobgia e Etnologia, São Paulo, Suplemento 13, 2011.

PLANTA 4 - Planta de Náuplia com a distribuição dos enterramentos do GR.

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Legendas dos Mapas e Plantas.

Legenda do Mapa 3.

mer° a area Localização (Nome do Terreno escavado) Área da cidade no Mapa

1 Necrópole Micènica da Deiras / Terreno Karantanis NO 2 Terreno Bacaloyannis / Área do Teatro e das Termas Romanas SO 3 Terreno Kouros SO 4 Área do Museu Central 5 Ágora SO 6 Cemitério Sul Oeste do SO 7 Bairro dos Refugiados, Praça Kypseli SO 8 Igreja Aghia Paraskevi, Oeste, flanco da Larissa NO 9 Capela Panagitsa, Rua Phoroneos O 10 Sondagem Su82c, Deiras NO 11 Terreno Theodoropoulos N 12 Terreno Bertzeletos Central 13 Terreno Phlessas e Makris Central 14 Terreno Konstantopoulos NO 15 Área OTE / Terreno Lynkitsos C 16 Terreno Desminis NO 17 Terreno Kympouropoulos / Terreno Kalogeropoulos NO 18 Terreno Zervos Central 19 Terreno Papanikolaou Central 20 Terreno Kosmas / Terreno Kavouzis NO 21 Terreno Bozonelos NO 22 Terreno Kotsiopoulou N 23 Rua Danaou, 27 Central 24 Terreno Nikolopoulos SO 25 Terreno Poulos Central 26 Terreno Georgopoulos NO 27 Terreno Antovopoulos SO 28 Terreno Manou Central 29 Terreno Passias / Rua Irakleous NO 30 Terreno Theophanopoulou SO 31 Sondagem Su80, Terreno Papaparaskevas SO 32 Terreno Tsakiropoulos Central 33 Terreno Tzoulos Central 34 Terreno Karabelas Central 35 Terreno Ioannidis NO 36 Terreno Michalaki Central 37 Praça Central Dimokratias - dos Stratonies Central 38 Terreno Xenakis / Rua Irakleous NO 39 Terreno Dontas Central 40 Terreno Katsaros Central 41 Terreno Giagos / Terreno Bonoris Central 42 Rua 4 Ianouariou 1833 Central

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Número da área Localização (Nome do Terreno escavado) Área da cidade no Mapa 43 Terreno Alexopoulos Central 44 Rua Karpetopoulou SE 45 Rua Gounari SO 46 Sondagem 70, flanco leste da Larissa O 47 Rua Miaouli S 48 Área do Odéon SO 49 Sondagem Su76, Terreno Phloros Central 50 Sondagem Su81, Terreno Zacharias e Terreno Tsounkrianis S 51 Sondagem 74, flanco leste da Larissa O 52 Sul do Cemitério Sul SO 53 Rua Dagre / Su 78 / Terreno Chr. Hestia O 54 Terreno Stavropoulos NO 55 Terreno Raptis Central 56 Terreno Paraskevopoulos Central 57 Área do Estádio SO 58 Terreno Photopoulou NO 59 Terreno Mastorakos Centro-Oeste 60 Terreno Pappas / Rua Tripoleos (300 m SE da Ágora) SO 61 Área do Hospital N 62 Terreno Nikas S 63 Terreno Tsouloucha s 64 Terreno Iliopoulos Centro-Oeste 65 Terreno Totsikas NO 66 Terreno Konstantinopoulos Central 67 Rua Kophiniotou, 27 Central 68 Rua Papalexopoulou NO 69 Rua Diomidous 48 / 54 NO 70 Terreno Naskos / Rua Tsokri, 144 NO 71 Rua Kalmochou L 72 Rua Pheidonos, 20 Central 73 Rua Kolokotroni e Rua Gordonos NO 74 Rua Zographou, 9 Central 75 Ag. Konstantinou Central 76 Rua Kallergi, próximo ao Museu Central 77 Rua Irakleous e Rua Aspidos NO 78 Rua Belinou Central 79 Rua Polikleitou NE 80 Rua Tsokri e Rua Danopoulou Central 81 Rua Asklipiou, nordeste do Teatro SO 82 Igreja Ag. Konstandikos e Rua Atreos S 83 Rua do Teatro / Praça 15 de Setembro SO

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Legenda do Mapa 4.

Número Quantidade de Quantidade de Localização (Nome do Terreno da área enterramentos por enterramentos por escavado) - Área da cidade no Mapa Tipo de sepultura Idade

Necrópole Micênica da Deiras / Terreno 6 adultos, 2 sem restos 1 8 covas simples Karantanis - NO ósseos Terreno Bacaloyannis / Área do Teatro e 1 cova simples / 1 2 1 criança / 1 criança das Termas Romanas - SO túmulo ? 3 Terreno Kouros - SO 3 cistas 3 adultos 4 Área do Museu - Central 1 cova simples 1 adulto 38 Terreno Xenakis / Rua Irakleous - NO 1 cista 1 adulto 45 Rua Gounari - SO 1 cista 1 adulto

Legenda Mapa 5.

Número Quantidade de Quantidade de Localização (Nome do Terreno da área enterramentos por enterramentos por escavado) - Área da cidade no Mapa Tipo de sepultura Idade

3 crianças, 6 adultos, 1 Terreno Bacaloyannis / Área do Teatro e 10 cistas / 2 covas 2 poucos restos ósseos / 2 das Termas Romanas - SO simples adultos 3 Terreno Kouros - SO 4 cistas 2 crianças / 2 adultos 4 crianças, 5 adultos / 1 4 Área do Museu - Central 9 cistas / 4 covas criança, 3 adultos 5 Ágora - SO 1 cova simples 1 adulto 6 Cemitério Sul - Oeste do SO 2 cistas 2 crianças 1 cista / 1 cova 7 Bairro dos Refugiados, Praça Kypseli - SO 1 adulto / 1 adulto simples Igreja Aghia Paraskevi, Oeste, flaco da 8 1 cista 1 adulto Larissa - NO 2 cistas / 1 cova 1 criança, 1 adulto / 1 9 Capela Panagitsa, Rua Phoroneos - 0 simples criança 10 Sondagem Su82c, Deiras - NO 1 cista 1 adulto 11 Terreno Theodoropoulos - N 2 cistas 1 criança, 1 adulto 12 Terreno Bertzeletos - Central 1 cova simples 1 adulto Terreno Phlessas / Terreno Makris - 13 1 cista 1 adulto Central 14 Terreno Konstantopoulos - NO 4 cistas 4 adultos 15 Área OTE / Terreno Lynkitsos - Central 3 cistas 3 adultos 16 Terreno Desminis - NO 3 cistas 3 adultos Terreno Kympouropoulos / Terreno 17 1 cista 1 adulto Kalogeropoulos - NO 18 Terreno Zervos - Central 1 pito poucos restos ósseos 19 Terreno Papanikolaou - Central 2 pitos / 1 cista 1 adulto / 1 adulto 2 vasos funerários (1 20 Terreno Kosmas / Terreno Kavouzis - NO 2 crianças cratera, 1 pito) 21 Terreno Bozonelos - NO 2 cistas 2 adultos 22 Terreno Kotsiopoulou - N 3 cistas 1 criança, 2 adultos 23 Rua Danaou, 27 - Central 1 cova simples 1 adulto

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Número Quantidade de Quantidade de Localização (Nome do Terreno da área enterramentos por enterramentos por escavado) - Área da cidade no Mapa Tipo de sepultura Idade 1 adulto, restos ósseos na Terreno Nikolopoulos - SO 1 cista 24 área externa 1 criança, 2 adultos, 1 25 Terreno Poulos - Central 4 cistas sem restos ósseos 3 cistas / 5 covas 1 criança, 2 adultos / 5 26 Terreno Georgopoulos - NO simples / 2 pitos adultos / 2 adultos 27 Terreno Antovopoulos - SO 3 cistas 1 criança, 2 adultos 28 Terreno Manou - Central 2 cistas / 1 pito 2 adultos / 1 adulto 1 cova simples / 1 29 Terreno Passias / Rua Irakleous - NO 1 adulto / 1 adulto cista 30 Terreno Theophanopoulou - SO 7 cistas 7 adultos Terreno Michalaki / Rua Kallergi e Rua 4 covas simples / 2 1 criança, 3 adultos / 1 36 Seferi - Central cistas adulto, 1 indivíduo (?) Terreno Pappas / Rua Triptoleos (300m SE 60 1 cista 1 adulto da Ágora) - SO 6 cistas / 2 vasos 2 crianças, 4 adultos / 2 67 Rua Kophiniotou, 27 - Central funerários (ânforas) crianças 68 Rua Papalexopoulou - NO 2 cistas 2 adultos 69 Rua Diomidous 48 / 54 - NO 3 covas simples 3 adultos

Legenda Mapa 6.

Número Quantidade de Quantidade de Localização (Nome do Terreno da área enterramentos por enterramentos por escavado) - Área da cidade no Mapa Tipo de sepultura Idade

Terreno Bacaloyannis / Área do Teatro e 3 cistas / 1 cova 2 3 adultos / 1 adulto das Termas Romanas - SO simples 6 cistas / 2 covas 1 criança, 5 adultos / 1 4 Área do Museu - Central simples criança, 1 adulto 1 vaso funerário 5 Ágora - SO 1 criança (ânfora) 4 cistas / 1 vaso 1 criança, 3 adultos / 1 6 Cemitério Sul - Oeste do SO funerário (hídria) criança 7 Bairro dos Refugiados, Praça Kypseli - SO 1 cista 1 criança Igreja Aghia Paraskevi, Oeste, flanco da 8 1 cova simples 1 adulto Larissa - NO 3 adultos, 1 indivíduo 13 Terreno Phlessas e Makris - Central 4 cistas (?) 15 Área OTE / Terreno Lynkitsos - NO 1 cisto 1 adulto 19 Terreno Papanikolaou - Central 2 cistas adultos 20 Terreno Kosmas / Terreno Kavouzis - NO 1 cista poucos restos ósseos 2 adultos / 1 indivíduo 28 Terreno Manou - Central 2 cistas / 1 ânfora (?) 29 Terreno Passias / Rua Irakleous - NO 2 cistas 2 adultos 31 Sondagem Su80, Terreno Papaparaskevas 1 cista 1 adulto 32 Terreno Tsakiropoulos - Central 1 cista 1 adulto 33 Terreno Tzoulos - Central 1 cista 1 adulto

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Número Quantidade de Quantidade de Localização (Nome do Terreno da área enterramentos por enterramentos por escavado) - Area da cidade no Mapa Tipo de sepultura Idade 34 Terreno Karabelas - Central 1 cista 1 adulto 35 Terreno Ioannidis - NO 2 cistas 1 criança, 1 adulto Terreno Michalaki / Rúa Kalergi e Rúa 3 crianças, 4 adultos / 1 36 7 cistas / 1 pito Seferi - Central adulto Praça Central Dimokratias - dos Stratonies 37 1 cista 1 adulto - Central Terreno Xenakis / Rúa Irakleous - NO 3 cistas / 5 covas 38 3 crianças / 5 adultos simples 2 cistas / 2 covas 2 adultos / 2 adultos / 2 39 Terreno Dontas - Central simples / 2 pitos indivíduos (?) 40 Terreno Katsaros - Central 1 cista 1 adulto 41 Terreno Giagos / Terreno Bonoris - Central 1 cista 1 adulto 42 Rúa 4 Ianouariou 1833 - Central 1 cista 1 adulto 67 Rúa Kophiniotou, 27 - Central 1 cista 1 adulto 68 Rúa Papalexopoulou - NO 1 pito 1 adulto 70 Terreno Naskos / Rúa Tsokri, 144 - NO 1 pito 1 indivíduo (?)

Legenda Mapa 7.

Número Quantidade de Quantidade de Localização (Nome do Terreno da área enterramentos por enterramentos por escavado) - Área da cidade no Mapa Tipo de sepultura Idade

Terreno Bacaloyannis / Área do Teatro e 5 cistas / 4 covas 2 crianças, 3 adultos / 1 L7 das Termas Romanas - SO simples criança, 3 adultos Área do Museu - Central 4 1 cista 1 adulto

3 cistas / 1 cova 6 Cemitério Sul - Oeste do SO 3 adultos / 1 criança simples 2 covas simples / 1 7 Bairro dos Refugiados, Praça Kypseli - SO 2 adultos / 1 adulto pito 13 Terreno Phlessas e Makris - Central 9 cistas 8 adultos, 1 indivíduo ? Terreno Kympouropoulos / Terreno 2 vasos funerários (1 17 1 criança, 1 adulto Kalogeropoulos - NO cratera, 1 pito) 2 vasos funerários (1 28 Terreno Manou - Central 1 adulto, 1 indivíduo ? pito, 1 ánfora) 29 Terreno Passias / Rua Irakleous - NO 4 a 6 cistas 4 a 6 adultos Sondagem Su80, Terreno Papaparaskevas 31 5 cistas 5 adultos -SO Terreno Michalaki / Rua Kalergi e Rua 36 1 pito 1 adulto Seferi - Central 41 Terreno Giagos / Terreno Bonoris - Central 1 cista 1 adulto 43 Terreno Alexopoulos - Central 5 cistas 5 adultos 44 Rua Karpetopoulou - SE 1 cista 1 criança 45 Rua Gounari - SO 2 cistas 1 adulto, 1 indivíduo ? Sondagem 70, flanco leste da Larissa - O 46 1 pito 1 adulto

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Número Quantidade de Quantidade de Localização (Nome do Terreno da área enterramentos por enterramentos por escavado) - Área da cidade no Mapa Tipo de sepultura Idade 67 Rua Kophiniotou, 27 - Central 5 cistas 5 adultos

Legenda Mapa 8.

Número Quantidade de Quantidade de Localização (Nome do Terreno da área enterramentos por enterramentos por escavado) - Area da cidade no Mapa Tipo de sepultura Idade

Necrópole Micènica da Deiras / Terreno 1 vaso funerário 1 criança Karantanis - NO (cratera) 2 cistas / 4 vasos Terreno Bacaloyannis / Área do Teatro e 2 adultos / 3 crianças, 1 funerários (1 ânfora, das Termas Romanas - SO adulto 2 crateras, 1 píxide) 2 cistas / 3 vasos funerários (2 pitos, 2 adultos / 2 crianças, 1 Área do Museu - Central 1 ânfora) / 2 covas adulto /1 criança simples 3 cistas / 5 vasos funerários (2 3 adultos / 4 crianças, 1 Cemitério Sul - Oeste do SO crateras, 2 pitos, poucos restos ósseos / 2 1 jarro), 2 covas adultos simples 1 cista / 6 pitos / 1 1 adulto / 6 adultos / 1 Bairro dos Refugiados, Praça Kypseli - SO cova simples adulto 11 Terreno Theodoropoulos - N 3 cistas 3 adultos 12 Terreno Bertzeletos - Central 1 cremação / 1 pito ? /1 criança 13 Terreno Phlessas e Makris - Central 1 cista 1 adulto 3 cistas / 3 vasos 2 adultos, 1 poucos funerários (1 cratera, 15 Área OTE / Terreno Lynkitsos - Central restos ósseos / 1 criança, 1 ânfora, 1 pito), 1 2 adultos / 1 adulto cova simples Terreno Kympouropoulos / Terreno 17 2 cistas / 1 pito Kalogeropoulos - NO 2 adultos / 1 adulto 19 Terreno Papanikolaou - Central 1 pito 1 adulto 7 a 9 cistas / 2 vasos 7 a 9 adultos / 2 29 Terreno Passias / Rua Irakleous - SO funerários (1 pito, 1 indivíduos ? ânfora) Sondagem Su80, Terreno Papaparaskevas 31 19 cistas -SO 19 adultos Terreno Michalaki / Rua Kalergi e Rua 36 1 pito Seferi - Central 1 adulto 41 Terreno Giagos / Terreno Bonoris - Central 5 cistas 5 adultos 42 Rua 4 Ianouariou 1833 - Central 1 cova simples 1 adulto 43 Terreno Alexopoulos - Central 2 cistas 2 adultos 1 vaso funerário (1 44 Rua Karpetopoulou - SE 1 criança cratera) 6 cistas / 6 vasos 1 criança, 3 adultos, 2 45 Rua Gounari - SO funerários (5 pitos, 1 indivíduos ? / 1 adulto, 5 cratera) indivíduos ?

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Número Quantidade de Quantidade de Localização (Nome do Terreno da área enterramentos por enterramentos por escavado) - Area da cidade no Mapa Tipo de sepultura Idade 3 pitos / 1 cova 46 Sondagem 70, flanco leste da Larissa - O 3 adultos / 1 adulto simples 47 Rua Miaouli - S 1 cista 1 adulto 1 cista / 3 vasos Area do Odéon - SO 1 adulto / 1 criança, 1 48 funerários (1 ânfora, adulto 2 pitos) Sondagem Su76, Terreno Phloros - 49 2 pitos 2 adultos Central Sondagem Su81, Terreno Zacharias e 1 pitos / 3 covas 50 1 adulto / 3 adultos Terreno Tsounkrianis - S simples 51 Sondagem 74, flanco leste da Larissa - O 1 cratera 1 criança 1 cratera / 1 cova 52 Sul do Cemitério Sul - SO 1 criança / 1 adulto simples 54 Terreno Stavropoulos - NO 1 cista 1 adulto 55 Terreno Raptis - Central 1 cista 1 adulto 56 Terreno Paraskevopoulos - Central 2 cistas 2 adultos Area do Estádio - SO 57 2 pitos 2 adultos 1 criança, 1 com poucos 58 Terreno Photopoulou - NO 2 pitos restos ósseos 2 adultos, 1 sem restos 59 Terreno Mastorakos - Centro-Oeste 3 pitos ósseos Terreno Pappas / Rúa Tripoleos (300 m SE 60 1 cista 1 adulto da Agora) - SO 62 Terreno Nikas - S 1 pito 1 indivíduo ? 63 Terreno Tsouloucha - S 2 covas simples 2 adultos 1 vaso funerário 64 Terreno Iliopoulos - Centro-Oeste 1 criança (cratera) 65 Terreno Totsikas - NO 1 cista 1 adulto 66 Terreno Konstantinopoulos - Central 1 pito 1 indivíduo ? 67 Rúa Kophiniotou, 27 - Central I cista 1 adulto II vasos funerários 71 Rua Kalmochou - L (4 pitos, 2 ânforas, 5 4 adultos, 7 crianças crateras)

Legenda Planta 1.

Número da área no Mapa Localização (Nome da área escavada) 1 Necrópole Sudoeste (Terreno A) 2 Área Phylaki 3 Secção Oeste da Cidadela (Stadt-West) 4 Secção H. Sudeste da Cidadela 5 Terreno Daskalakis 6 Terreno Mermingis 7 Terreno Tsekrekos 8 Túmulo O. Rhevma

253 SOUZA, C. D. As Práticas Mortuárias na região da Argólida entre os séculos XI e VIII a.C. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, Suplemento 13, 2011.

Número da área no Mapa Localização (Nome da área escavada) 9 Túmulo N. Nordeste da Cidade Baixa. Terreno Petroulas 10 Túmulo M 11 Terreno Bavela

Legenda Planta 2.

Número da área no Mapa Localização (Nome da área escavada) 1 Área da Cidade Baixa - Terraço IV-VI 2 Área da Cidade Baixa - Terraço II 3 Terreno Gogonas / Lote Kapsorachis e Terreno Samaras 4 Area da Necrópole Micênica I 5 Área da Necrópole Micênica II 6 Nordeste da Colina Barbouna 7 Terreno Karmaniola 8 Terrenos Levendis 9 Área da Acrópole

Legenda Planta 3.

Número da área no Mapa Localização (Nome da área escavada) 1 Nordeste da Porta dos Leões 2 Norte da Acrópole Micênica 3 Área externa da Porta dos Leões 4 Área interna da Porta do Leões 5 Necrópole Proto-histórica 6 Casa Sul 7 Casa da Cidadela 8 Casa de Tsountas 9 Sul da Fonte Perseia 10 Leste do Túmulo de Clitemnestra 11 Sul do Círculo Tumular B 12 Casa dos Escudos 13 Casa das Esfinges 14 Nordeste do Túmulo de Atreu

Legenda Planta 4.

Número da área no Mapa Localização (Nome da área escavada)

i Terreno Pronoia Tryantaphillos, Nordeste da Colina Palamidi / Rua 25 de Março 2 Praça Evanguelistria 3 Palamidi Necrópole Micênica 4 Encosta Noroeste da Colina Palamidi

254 Camila Diogo de Souza

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278 Camila Diogo de Souza

ANEXO - Listagem de contextos funerários catalogados,1

N9 do Número do Túmulo Referências Bibliográficas Catálogo

Argos. Campanhas da EfA.

Vollgraff, W. BCH 28 (1904), p. 366; Hâgg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. (001) T. Càmera Micenico V. 24,35 Vollgraff, W. BCH 28 (1904), p. 366; Hâgg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. (002) T. Càmera Micenico V. 24, 35. Vollgraff, W. BCH 28 (1904), p. 366; Hâgg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. (003) T. Càmera Micènico V. 24, 35. Vollgraff, W. BCH 28 (1904), p. 366; Hâgg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. (004) T. Càmera Micènico V. 24, 35. Deshayes, J. Etudes Péloponnésiennes IV, 1966, 40-45; Hâgg, R. (005) T. XIV. BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 26; Styrenius, C.-G., Sybmycenaean Studies, 1967, p. 128-30. Deshayes, J. Etudes Péloponnésiennes IV, 1966, 51-54; Hâgg, R. (006) T. XVII. BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 26; Styrenius, C.-G., Sybmycenaean Studies, 1967, p. 50-54. Deshayes, J. Études Péloponnésiennes IV, 1966, 54; Hâgg, R. BOREAS (007) T. XVIII. 7:1, 1974, p. 24, 26; Styrenius, C.-G., Sybmycenaean Studies, 1967, p. 54 Deshayes, J. Études Péloponnésiennes IV, 1966, 55-56; Hâgg, R. (008) T. XX. BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 26; Styrenius, C.-G., Sybmycenaean Studies, 1967, p. 55-6 Deshayes, J. Études Péloponnésiennes IV, 1966, 66-69; Hâgg, R. (009) T. XXIV. BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 26; Styrenius, C.-G., Sybmycenaean Studies, 1967, p. 64-9. Deshayes, J. Études Péloponnésiennes IV, 1966, 98-101; Hâgg, R. (010) T. XXXIII. BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 26; Styrenius, C.-G., Sybmycenaean Studies, 1967, p. 98-101. Courbin, E Archives Manuscrites, EfA, FPC 6, 4; BCH 77 (1953), p. 258-63; Courbin, R TGA, 1974, p. 11-3; Hâgg, R. BOREAS 7:1, 1974, (011) T. 1 p. 24, 41, 120; Foley, A. SIMA 80 (1988), p. 212; Charles, R R. Étude Anthropologique, 1963; p. 61-62.

1 As descrições completas de cada contexto com informações sobre o tipo de sepultura e enterramento, idade e gênero, posição e orientação do corpo / sepultura, objetos que compõem o mobiliário funerário e datação encontram-se no Volume II da tese de doutorado, referente ao corpus documental - Catálogo (texto). Apresentamos aqui uma listagem com a equivalência entre os números dos túmulos catalogados durante a pesquisa (os quais aparecem nos capítulos desta publicação) e os números dos túmulos atribuídos pelos pesquisadores durante as escavações, indicando as referências bibliográficas utilizadas para reunir as informações contidas no catálogo e para a análise proposta dos contextos. Para acessar também tais informações sistematizadas no banco de dados em Excel e em FileMaker, vide: SOUZA, C. D. 2010. Práticas Mortuárias na Região da Argólida entre os sécubs XI e VIII a.C. Tese de Doutorado, 3 vols. Museu de Arqueologia e Etnologia/ Universidade de São Paulo. São Paulo.

279 SOUZA, C. D. As Práticas Mortuárias na região da Argólida entre os séculos XI e VIII a.C. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, Suplemento 13, 2011.

Courbin, R Archives Manuscrites, EfA, FPC 6, 4; BCH 77 (1953), p. 260; BCH 82 (1958), p. 282; Courbin, R TGA, 1974, p. 14-22; Hâgg, (012) T. 6 R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 41, 118, 120; Foley, A. SIMA 80 (1988), p. 211. Courbin, R Archives Manuscrites, EfA, FPC 6, 4; Courbin, R TGA, (013) T. 7 1974, p. 23-4; Hâgg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24; BCH 77 (1953), p. 260. Courbin, R Archives Manuscrites, EfA, FPC 6, 4; Courbin, R TGA, 1974, p. 23-5; Hâgg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24; Foley, A. SIMA (014) T. 8 80 (1988), p. 211; BCH 77 (1953), p. 260; Charles, R R. Étude Anthropologique, 1963, p. 61-62. BCH 77 (1953), p. 253-54; Courbin, R Archives Manuscrites, EfA, FPC (015) T. 9 6, 4; Courbin, R TGA, 1974, p. 25; Hâgg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 137. (016) T. 10 Courbin, R Archives Manuscrites, EfA, FPC 6, 4. (017) T. 11 Courbin, R Archives Manuscrites, EfA, FPC 6, 4. Courbin, R Archives Manuscrites, EfA, FPC 6, 4; BCH 77 (1953), p. (018) T. 12 260; Courbin, R TGA, 1974, p. 25; Hâgg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 41, 140-41; Foley, A. SIMA 80 (1988), p. 212. Courbin, R Archives Manuscrites, EfA, FPC 6, 4; BCH 77 (1953), p. (019) T. 13 260; Courbin, R TGA, 1974, p. 26-7; Hâgg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 41, 140-41; Foley, A. SIMA 80 (1988), p. 211-12. Courbin, R Archives Manuscrites, EfA, FPC 6, 4; BCH 77 (1953), p. 260; BCH 82 (1958), p. 277-78, 282; Courbin, R TGA, 1974, p. 27- (020) T. 14 -32; Hâgg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 41, 116, 118, 120; Foley, A. SIMA 80 (1988), p. 211; Charles, R R. Étude Anthropologique, 1963, p. 62 Courbin, R Archives Manuscrites, EfA, FPC 6, 4; BCH 77 (1953), p. (021) T. 15 263; Courbin, R TGA, 1974, p. 32; Hâgg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24,41, 139. Courbin, R Archives Manuscrites, EfA, FPC 6, 4; BCH 82 (1958), p. (022) T. 16 278-81; Courbin, R TGA, 1974, p. 32-4; Hâgg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24,41, 116. Courbin, R Archives Manuscrites, EfA, FPC 6, 4; BCH 78 (1954), p. 178, 180; BCH 82 (1958), p. 283; Courbin, R TGA, 1974, p. 34- (023) T. 23 -35; Hâgg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 39, 140; Foley, A. SIMA 80 (1988), p. 201. Courbin, R Archives Manuscrites, EfA, FPC 6, 4; BCH 78 (1954), p. (024) T. 25 177-78; Courbin, R TGA, 1974, p. 35-6; Hâgg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 41, 140; Foley, A. SIMA 80 (1988), p. 212. (025) T. 26 Courbin, R Archives Manuscrites, EfA, FPC 6, 4. Courbin, R Archives Manuscrites, EfA, FPC 6, 4; BCH 78 (1954), p. (026) T. 28 177-81. Courbin, R Archives Manuscrites, EfA, FPC 6, 4; BCH 78 (1954), p. (027) T. 29 177-81. Courbin, R Archives Manuscrites, EfA, FPC 6, 4; BCH 78 (1954), p. (028) T. 31 177-81. Courbin, R Archives Manuscrites, EfA, FPC 6, 4; BCH 78 (1954), p. (029) T. 32 177; Courbin, R TGA, 1974, p. 36-37; Hâgg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 39, 104; Foley, A. SIMA 80 (1988), p. 200-01 (030) T. 33 Courbin, R Archives Manuscrites, EfA, FPC 1,3; 6,4.

280 Camila Diogo de Souza

(031) T. 34 Courbin, R Archives Manuscrites, EfA, FPC 1,3; 6,4. (032) T. 35 Courbin, R Archives Manuscrites, EfA, FPC 1,3; 6,4. (033) T. 36 Courbin, R Archives Manuscrites, EfA, FPC 1,3; 6,4. Courbin, R Archives Manuscrites, EfA, FPC 6,4; BCH 78 (1954), p. (034) T. 37 177-81; Courbin, R TGA, 1974, p. 38-39; Hâgg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 39, 116; Courbin, R CGA, 1966, p. 164- Courbin, R Archives Manuscrites, EfA, FPC 1,3; 6,4; BCH 78 (1954), (035) T. 38 p. 177-78; Courbin, R TGA, 1974, p. 39-40; Hàgg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 41, 140; Foley, A. SIMA 80 (1988), p. 213. (036) T. 39 Courbin, R Archives Manuscrites, EfA, FPC 6,4. (037) T. 40 Courbin, R Archives Manuscrites, EfA, FPC 6,4 (038) T. 41 Courbin, R Archives Manuscrites, EfA, FPC 6,4- (039) T. 42 Courbin, R Archives Manuscrites, EfA, FPC 6,4. Courbin, R Archives Manuscrites, EfA, FPC 6,4; BCH 78 (1954), p. (040) T. 43 180; BCH 82 (1958), p. 283; Courbin, R TGA, 1974, p. 40; Hâgg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 41, 140; Foley, A. SIMA 80 (1988), p. 212. Courbin, R Archives Manuscrites, EfA, FPC 6,4; BCH 78 (1954), p. 178; BCH 82 (1958), p. 283; Courbin, R BCH 81 (1957), p. 322-86; (041) T. 45 Courbin, R TGA, 1974, p. 40-1; Hàgg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 40, 120, 124; Foley, A. SIMA 80 (1988), p. 208. Courbin, R Archives Manuscrites, EfA, FPC 6,4; BCH 78 (1954), p. 177; Courbin, R RA (1977), p. 327; Hâgg, R. Tab. 43: Grabfunde von (042) T. 51 Argos, griechische Ausgrabungen (Nachtrag zu Tab. 43, oben S. 22 f.) - Obra nâo publicada. Courbin, R Archives Manuscrites, EfA, FPC 6,4; BCH 78 (1954), p. (043) T. 53 178; Courbin, R TGA, 1974, p. 41; Hàgg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 39, 141; Foley, A. SIMA 80 (1988), p. 201. (044) T. 60 Courbin, R Archives Manuscrites, EfA, FPC 6,4. Courbin, R Archives Manuscrites, EfA, FPC 1,3; BCH 78 (1954), p. (045) T. 63 177-81; Hâgg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 29, 112. BCH 78 (1954), p. 177; Courbin, R TGA, 1974, p. 42; Hâgg, R. (046) T. 66 BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 39; Foley, A., SIMA 80 (1988), p. 201. Courbin, R Archives Manuscrites, EfA, Cahier des fouiles, Argos 2-C (047) T. 69 Arg 253. Courbin, R Archives Manuscrites, EfA, Cahier des fouiles, Argos 2-C (048) T. 70 Arg 253. Courbin, R Archives Manuscrites, EfA, Cahier des fouiles, Argos 2-C (049) T. 71 Arg 253. Courbin, R Archives Manuscrites, EfA, Cahier des fouiles, Argos 2-C (050) T. 72 Arg 253. Courbin, R Archives Manuscrites, EfA, Cahier des fouiles, Argos 2-C (051) T. 73 Arg 253; Id. Ibid., FPC 1,3; Courbin, R CGA, 1966, p. 164. Courbin, R Archives Manuscrites, EfA, Cahier des fouiles, Argos 2-C (052) T. 75 Arg 253; Id. Ibid., FPC 1,3; BCH 79 (1955), p. 312-13; Hàgg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 30, 112. BCH 82 (1958), p. 282; Courbin, R TGA, 1974, p. 42-3; Hâgg, R. (053) T. 80 BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 41, 105; Foley, A. SIMA 80 (1988), p. 211 Courbin, R TGA, 1974, p. 43; Hâgg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 40; T. 84bis (054) Foley, A. SIMA 80 (1988), p. 208.

281 SOUZA, C. D. As Práticas Mortuárias na região da Argólida entre os séculos XI e VIII a.C. Revista do Museu de Arqueologia e Etnobgia, São Paulo, Suplemento 13, 2011.

BCH 80 (1956), p. 376; BCH 82 (1958), p. 281-82; Courbin, P TGA, (055) T. 89 1974, p. 43-45; Hâgg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 39, 118; Foley, A. SI MA 80 (1988), p. 201. BCH 80 (1956), p. 376; BCH 82 (1958), p. 281; Courbin, R TGA, (056) T. 90 1974, p. 45-52; Hàgg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 39, 116; Foley, A. SIMA 80 (1988), p. 200. (057) T. 91 Courbin, R Archives Manuscrites, EfA, FPC 1,3; FPC 6, 1 (058) T. 92 Courbin, R Archives Manuscrites, EfA, FPC 1,3; Id. Ibid. FPC 6,1 Courbin, R Archives Manuscrites, EfA, FPC 1,3, Id. Ibid. FPC 6,1; BCH (059) T. 93 80 (1956), p. 376; BCH 82 (1958), p. 277; Hâgg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24. (060) T. 100 Courbin, R Archives Manuscrites, EfA, FPC 1,3, Id. Ibid. FPC 6,1. Courbin, R Archives Manuscrites, EfA, FPC 1,3; BCH 80 (1956), p. 376; Courbin, P RA (1977), p. 327; Hâgg, R. Tab. 43: Grabfunde von (061) T. 103 Argos, griechische Ausgrabungen (Nachtrag zu Tab. 43, oben S. 22 f.) - Obra nâo publicada. BCH 82 (1958), p. 281, 283; Courbin, P TGA, 1974, p. 52-58; Hâgg, (062) T. 106 R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 39, 116, 120; Foley, A. SIMA 80 (1988), p. 201. Courbin, R Archives Manuscrites, EfA, FPC 1,3, 6,4; BCH 82 (1958), p. (063) T. 107 277; Hâgg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24. (064) T. 116 Courbin, P Archives Manuscrites, EfA, FPC 1,3, 6,4. (065) T. 121 Courbin, R Archives Manuscrites, EfA, FPC 1,3, 6,4. BCH 82 (1958), p. 281; Courbin, R TGA, 1974, p. 58-59; Hâgg, R. (066) T. 124 BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 39, 103. Courbin, P TGA, 1974, p. 59-61; Hâgg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24, (067) T. 128 39, 120; Foley, A. SIMA 80 (1988), p. 201 BCH 82 (1958), p. 281; Courbin, P TGA, 1974, p. 61-62; Hâgg, R. (068) T. 129 BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 39, 118. Courbin, R Archives Manuscrites, EfA, FPC 1,3; BCH 82 (1958), p. (069) T. 130 277; Hâgg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 30, 112. Courbin, R TGA, 1974, p. 62; Courbin, R RA (1977), p. 327; Hâgg, (070) T. 131 R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 39, 144; Foley, A. SIMA 80 (1988), p. 201-02. BCH 81 (1957), p. 677; BCH 82 (1958), p. 284; Courbin, P TGA, (071) T. 134 1974, p. 62-3; Foley, A. SIMA 80 (1988), p. 202-03; Hàgg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 34-35, 144. (072) T. 144 BCH 81 (1957), p. 651; Hâgg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 29, 112. BCH 81 (1957), p. 651; Hâgg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 29-30, (073) T. 145 111. BCH 81 (1957), p. 647, 656; Hâgg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 29- (074) T. 146 -30, 112. BCH 81 (1957), p. 651; Hàgg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 29-30, (075) T. 147 102. BCH 81 (1957), p. 653; Hâgg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 29-30, (076) T. 148 102. BCH 81 (1957), p. 655; Hàgg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 29-30, (077) T. 149 102. Courbin, R Archives Manuscrites, EfA, FPC 1,3, BCH 81 (1957) p (078) T. 150 656; Hâgg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 29-30, 111.

282 Camila Diogo de Souza

BCH 81 (1957), p. 647, 656; Hàgg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 29- (079) T. 151 -30, 111. BCH 81 (1957), p. 656; Courbin, R TGA, 1974, p. 63-4; Foley, A. (080) T. 152 SIMA 80 (1988), p. 207; Hàgg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 37 e no. 101; Courbin, E CGA, 1966, p. 71, 86, 127, 221, 223 Courbin, R Archives Manuscrites, EfA, FPC 1,3, BCH 81 (1957), p. T. 155' (081) 663; Hàgg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 29, 111. Courbin, R Archives Manuscrites, EfA, FPC 1,3; BCH 81 (1957), p. (082) T. 156 683. Courbin, R Archives Manuscrites, EfA, FPC 1,3; BCH 81 (1957), p. (083) T. 157 683. Courbin, R Archives Manuscrites, EfA, FPC 1,3; BCH 81 (1957), p. (084) T. 158 683. Courbin, R Archives Manuscrites, EfA, FPC 1,3; BCH 81 (1957), p. (085) T. 159 683. Courbin, R Archives Manuscrites, EfA, FPC 1,3; BCH 81 (1957), p. (086) T. 160 683. Courbin, R Archives Manuscrites, EfA, FPC 1,3, Id. Ibid. FPC 6,1; BCH 82 (1958), p. 283; BCH 82 (1958), p. 283-84; Courbin, R TGA, 1974, (087) T. 163 p. 64-5; Hàgg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 37, 105; Foley, A. SiMA 80 (1988), p. 207. Courbin, R Archives Manuscrites, EfA, FPC 1,3; Id. Ibid. FPC 6,1; (088) T. 164 BCH 83 (1959), p. 762-63; Courbin, R TGA, 1974, p. 65-67; Hàgg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 38, 116. Courbin, R Archives Manuscrites, EfA, FPC 1,3; BCH 83 (1959), p. (089) T. 165 762-63; Hàgg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 29. Courbin, R Archives Manuscrites, EfA, FPC 1,3, BCH 83 (1959), p. (090) T. 166 762-63; Hàgg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 29, 112. Courbin, R Archives Manuscrites, EfA, FPC 1,3, BCH 83 (1959), p. (091) T. 167 762-63; Hàgg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 29, 112 Courbin, R Archives Manuscrites, EfA, FPC 1,3, BCH 83 (1959), p. (092) T. 168 762-63; Hàgg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 29. Courbin, R Archives Manuscrites, EfA, FPC 1,3; Id. Ibid. FPC 6,1; (093) T. 169 BCH 83 (1959), p. 762-63; Courbin, R TGA, 1974, p. 68; Hàgg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 29, 116. Courbin, E Archives Manuscrites, EfA, FPC 1,3, BCH 83 (1959), p. (094) T. 170 762-63; Hàgg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 29, 112. Courbin, E Archives Manuscrites, EfA, FPC 1,3; Id. Ibid. FPC 6,1; (095) T. 171 BCH 83 (1959), p. 766; Courbin, R TGA, 1974, p. 68-70; Hàgg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 38, 120; Foley, A. SIMA 80 (1988), p. 207. Courbin, R Archives Manuscrites, EfA, FPC 1,3; Id. Ibid. FPC 6,1; BCH (096) T. 172 83 (1959), p. 762; Courbin, R TGA, 1974, p. 70-1; Hàgg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 36, 121; Foley, A. SIMA 80 (1988), p. 202. Courbin, R Archives Manuscrites, EfA, FPC 1,3; Id. Ibid. FPC 6,1; BCH (097) T. 173 83 (1959), p. 762; Courbin, R TGA, 1974, p. 71-2; Hàgg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 36, 120; Foley, A. SIMA 80 (1988), p. 202. Courbin, P Archives Manuscrites, EfA, FPC 1,3; Id. Ibid. FPC 6,1; BCH (098) T. 175 83 (1959), p. 762; Courbin, P TGA, 1974, p. 72-4; Hàgg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 36, 120; Foley, A. SIMA 80 (1988), p. 202. Courbin, R Archives Manuscrites, EfA, FPC 1,3; Id. Ibd. FPC 6,1; BCH 83 (1959), p. 762-63; Courbin, R TGA, 1974, p. 75-84; Hàgg, R. (099) T. 176 BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 38, 118, 120; Foley, A. SIMA 80 (1988), p. 207-08.

283 SOUZA, C. D. As Práticas Mortuárias na região da Argólida entre os séculos XI e VIII a.C. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, Suplemento 13, 2011.

Courbin, R Archives Manuscrites, EfA, FPC 1,3; BCH 83 (1959), p. (100) T. 178 762, 766; Courbin, E CGA 1966, p. 247; Hâgg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24; Foley, A. SiMA 80 (1988), p. 207. Courbin, R Archives Manuscrites, EfA, FPC 1,3; Id. Ibid. FPC 6,1; BCH (101) T. 179 83 (1959), p. 762, 766; Courbin, P TGA, 1974, p. 84-5; Hâgg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 36, 120; Foley, A. SIMA 80 (1988), p. 202. Courbin, R Archives Manuscrites, EfA, FPC 1,3; BCH 83 (1959), p. (102) T. 180 762-63; Courbin, P CGA 1966, p. 247; Foley, A. SIMA 80 (1988), p. 207; Hâgg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24- Courbin, R Archives Manuscrites, EfA, FPC 1,3; Id. Ibid. FPC 6,1; BCH (103) T. 181 83 (1959), p. 762, 766; Courbin, R TGA, 1974, p. 85-6; Hâgg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24,37. Courbin, P Archives Manuscrites, EfA, FPC 1,3; BCH 83 (1959), p. (104) T. 184 762, 766; Hâgg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 29, 112. Courbin, P Archives Manuscrites, EfA, FPC 1,3; BCH 83 (1959), p. (105) T. 186 762-63; Hâgg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 112. Courbin, R Archives Manuscrites, EfA, FPC 1,3; BCH 83 (1959), p. (106) T. 187 762-63; Hâgg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 29. Courbin, E Archives Manuscrites, EfA, FPC 1,3; Id. Ibid. FPC 6,1; BCH (107) T. 189 83 (1959), p. 757; Courbin, P TGA, 1974, p. 86-7; Hâgg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 37, 105; Foley, A. SIMA 80 (1988), p. 210-11. Courbin, P Archives Manuscrites, EfA, FPC 1,3; Id. Ibid. FPC 6,1; (108) T. 190 BCH 83 (1959), p. 757; Courbin, E TGA, 1974, p. 87-93; Hâgg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 37, 140; Foley, A. SiMA 80 (1988), p. 211. Courbin, P Archives Manuscrites, EfA, FPC 1,3; Id. Ibid. FPC 6,1; BCH (109) T. 191 83 (1959), p. 758; Courbin, R TGA, 1974, p. 93-6; Hâgg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24,37, 139. Courbin, P Archives Manuscrites, EfA, FPC 1,3, BCH 83 (1959), p. (110) T. 192 755-56, 768; Hâgg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 29, 111. Courbin, R Archives Manuscrites, EfA, FPC 1,3; BCH 83 (1959), p. 763; (111) T. 193 Courbin, P TGA, 1974, p. 96-7; Hâgg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24. Courbin, R Archives Manuscrites, EfA, FPC 1,3; Id. Ibid. FPC 6,1; BCH 83 (1959), p. 768; BCH 95 (1971), p. 740; Courbin, E TGA, 1974, p. (112) T. 195 97; Courbin, P RA (1977), p. 327; Foley, A. SiMA 80 (1988), p. 211; Hâgg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 37, 144. Courbin, R Archives Manuscrites, EfA, FPC 1,3, BCH 83 (1959), p. (113) T. 196 768; Hâgg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 29, 112. Courbin, R Archives Manuscrites, EfA, FPC 1,3; 6,4, BCH 83 (1959), p. (114) T. 197 768; Hâgg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 29, 102. Courbin, P Archives Manuscrites, EfA, FPC 1,3, BCH 83 (1959), p. (115) T. 198 768; Hâgg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 29, 111. Courbin, P Archives Manuscrites, EfA, FPC 1,3; Id. Ibid. FPC 6, 4; (116) T. 204 Courbin, P Études Archéobgiques. 1963, p. 73; Hâgg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 27, 110. Garlan, Y. Rapport des fouilles, Archives Manuscrites, EfA, Argos 1 - (117) T. 206 1966 (b); Archives Manuscrites, EfA, 1967, Arg 110; BCH 91 (1967), p. 833; Hâgg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 142. Garlan, Y. Rapport des fouilles, Archives Manuscrites, EfA, Argos 1 - (118) T. 208 1966 (b); Archives Manuscrites, EfA, 1967, Arg 110; BCH 91 (1967), p. 833; Hâgg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 39. Argos 1 - 1966 (b); Archives Manuscrites, EfA, 1967, Arg 110; BCH 91 (119) T. 209 (1967), p. 833; Foley, A. SIMA 80 (1988), p. 210; Hâgg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 142.

284 Camila Diogo de Souza

Garlan, Y. Rapport des fouilles, Archives Manuscrites, EfA, Argos 1 - (120) T. 210 1966 (b); Archives Manuscrites, EfA, 1967, Arg 110; BCH 91 (1967), p. 833; Hâgg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 142. Archives Manuscrites, EfA, 1967, Arg 110; BCH 91 (1967), p. 833; (121) T. 211 Hàgg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 39. Garlan, Y. Rapport des fouilles, Archives Manuscrites, EfA, Argos 1 - (122) T. 213 1966 (b); Archives Manuscrites, EfA, 1967, Arg 110; BCH 91 (1967), p. 834-35; Hàgg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 142. Garlan, Y. Rapport des fouilles, Archives Manuscrites, EfA, Argos 1 - (123) T. 214 1966 (b); Archives Manuscrites, EfA, 1967, Arg 110; BCH 91 (1967), p. 834-35; Hâgg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 142. Garlan, Y. Rapport des fouilles, Archives Manuscrites, EfA, Argos 1 - (124) T. 217 1966 (b); Archives Manuscrites, EfA, 1967, Arg 110; BCH 91 (1967), p. 834-35; Hâgg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 121. Garlan, Y. Rapport des fouilles, Archives Manuscrites, EfA, Argos 1 - (125) T. 218 1966 (b); Archives Manuscrites, EfA, 1967, Arg 110; BCH 91 (1967), p. 834-35; Hâgg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 123. Garlan, Y. Rapport des fouilles, Archives Manuscrites, EfA, Argos 1 - (126) T. 220 1966 (b); Archives Manuscrites, EfA, 1967, Arg 110; BCH 91 (1967), p. 834-35; Hâgg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 123. Garlan, Y. Rapport des fouilles, Archives Manuscrites, EfA, Argos 1 - (127) T. 261 1966 (b); Archives Manuscrites, EfA, 1967, Arg 110; BCH 91 (1967), p. 828; Hâgg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 121-22. Garlan, Y. Rapport des fouilles, Archives Manuscrites, EfA, Argos 1 - 1966 (b); Bommelaer, J-F. BCH Suppl. VI (1980), p. 53-73; Archives (128) T. 263 Manuscrites, EfA, 1967, Arg 110; BCH 91 (1967), p. 844-45; Hâgg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 40-1, 120; Hâgg, R. AAA XIII (1980), 120- -21; Foley, A. SIMA 80 (1988), p. 209. Garlan, Y. Rapport des fouilles, Archives Manuscrites, EfA, Argos 1 - 1966 (b); Bommelaer, J-F. BCH Suppl. VI (1980), p. 53-73; Archives (129) T. 265 Manuscrites, EfA, 1967, Arg 110; BCH 91 (1967), p. 844-45; Hâgg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 40-1, 120; Hâgg, R. AAA XIII (1980), 120- -21; Foley, A. SIMA 80 (1988), p. 209. Garlan, Y. Rapport des fouilles, Archives Manuscrites, EfA, Argos 1 - 1966 (b); Bommelaer, J-F. BCH Suppl. VI (1980), p. 53-73; Archives (130) T. 266 Manuscrites, EfA, 1967, Arg 110; BCH 91 (1967), p. 844-45; Hàgg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 40-1, 120; Hàgg, R. AAA XIII (1980), 120- -21; Foley, A. SIMA 80 (1988), p. 209. Garlan, Y. Rapport des fouilles, Archives Manuscrites, EfA, Argos 1 - (131) T. 271 1966 (b); Archives Manuscrites, EfA, 1967, Arg 110; BCH 91 (1967), p. 839-41; Hâgg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24. Garlan, Y. Rapport des fouilles, Archives Manuscrites, EfA, Argos 1 - 1966 (b); Bommelaer, J-F. BCH Suppl. VI (1980), p. 53-73; Archives (132) T. 278 Manuscrites, EfA, 1967, Arg 110; BCH 91 (1967), p. 844-45; Hâgg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 40-1, 120; Hàgg, R. AAA XIII (1980), 120- -21; Foley, A. SIMA 80 (1988), p. 209. (133) T. 286 Archives Manuscrites, EfA, 1967, Arg 110; BCH 91 (1967), p. 839-41. Garlan, Y. Rapport des fouilles, Archives Manuscrites, EfA, Argos 1 - 1966 (b); Bommelaer, J-F. BCH Suppl. VI (1980), p. 53-73; Archives Manuscrites, EfA, 1967, Arg 110; BCH 91 (1967), p. 838; Hâgg, R. T. 298 (134) BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 140; Hâgg, R. Tab. 43: Grabfunde von Argos, griechische Ausgrabungen (Nâchtrag zu Tab. 43, oben S. 22 f.) - Obra nâo publicada.

285 SOUZA, C. D. A í Práticas Mortuárias na região da Argólida entre os sécubs XI e VIII a.C. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, Suplemento 13, 2011.

Sodini, J. R Archives Manuscrites, EfA, 1967(a), Rapport, p. 35-37; (135) T. 303 BCH 92 (1968), p. 1044; Hägg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 30. BCH 94 (1970), p. 766-71; Hägg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 41, (136) T. 307 139. BCH 94 (1970), p. 766-71; Hägg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 41, (137) T. 309 140; Foley, A. SIMA 80 (1988), p. 205. BCH 94 (1970), p. 766-71; Hägg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 41; (138) T. 310 Foley, A. SIMA 80 (1988), p. 204. BCH 96 (1972), p. 162; Hägg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 41; Foley, A. SIMA 80 (1988), p. 205; Hägg, R. Tab. 43: Grabfunde von Argos, (139) T. 312 griechische Ausgrabungen (Nachtrag zu Tab. 43, oben S. 22 f.) - Obra não publicada. BCH 96 (1972), p. 162; Hägg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 41; Foley, A. SIMA 80 (1988), p. 205; Hägg, R. Tab. 43: Grabfunde von Argos, (140) T. 313 griechische Ausgrabungen (Nachtrag zu Tab. 43, oben S. 22 f.) - Obra não publicada. BCH 95 (1971), p. 740; BCH 96 (1972), p. 166; Courbin, P RA (1977), p. 327; Foley, A. SIMA 80 (1988), p. 205; Hägg, R. Tab. 43: (141) T. 315 Grabfunde von Argos, griechische Ausgrabungen (Nachtrag zu Tab. 43, oben S. 22 f.) - Obra não publicada. BCH 95 (1971), p. 740; BCH 96 (1972), P. 163-67; Hägg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 41; Foley, A. SIMA 80 (1988), p. 205; (142) T. 316 Hägg, R. Tab. 43: Grabfunde von Argos, griechische Ausgrabungen (Nachtrag zu Tab. 43, oben S. 22 f.) - Obra não publicada. BCH 95 (1971), p. 740; BCH 96 (1972), p. 163-67; Hägg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 24, 41; Foley, A. SIMA 80 (1988), p. 205; (143) T. 317 Hägg, R. Tab. 43: Grabfunde von Argos, griechische Ausgrabungen (Nachtrag zu Tab. 43, oben S. 22 f.) - Obra não publicada. BCH 96 (1972), p. 167-68, Foley, A. SIMA 80 (1988), p. 205; (144) T. 318 Hägg, R. Tab. 43: Grabfunde von Argos, griechische Ausgrabungen (Nachtrag zu Tab. 43, oben S. 22 f.) - Obra não publicada. BCH 95 (1971), p. 740; BCH 96 (1972), p. 168, 229-32; Foley, A. SIMA 80 (1988), p. 205; Hägg, R. Tab. 43: Grabfunde von Argos, (145) T. 319 griechische Ausgrabungen (Nachtrag zu Tab. 43, oben S. 22 f.) - Obra não publicada.

Argos. Campanhas do SGA.

BCH 77 (1953), p. 211; BCH 78 (1954), p. 411-26; Charitonidis, S. (146) T. A. Bertzeletos. Praktika 1952, p. 413-26; Hägg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 22, 33. BCH 77 (1953), p. 211; BCH 78 (1954), p. 411-26; Charitonidis, S. (147) T. B. Bertzeletos. Praktika 1952, p. 413-26; Hägg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 22, 33. BCH 77 (1953), p. 211; BCH 78 (1954), p. 411-26; Charitonidis, S. (148) T. A. Bertzeletos. Praktika 1952, p. 413-26; Hägg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 22, 33. Alexandri, O. ArchDelt 16:2 (1960), p. 93; BCH 85 (1961), p. 675; (149) T. Karantanis, Deiras. Hägg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 22. Alexandri, O. ArchDelt 16:2 (1960), p. 93; BCH 85 (1961), p. 675; (150) T. 3. Raptis. Hägg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 22. Alexandri, O. ArchDelt 16:2 (1960), p. 93; BCH 85 (1961), p. 675; (151) T. 1. Phlessas. Hägg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 22. Alexandri, O. ArchDelt 16:2 (1960), p. 93; BCH 85 (1961), p. 675; (152) T. 2. Phlessas. Hägg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 22.

286 Camila Diogo de Souza

Alexandri, 0 . ArchDelt 16:2 (1960), p. 93; BCH 85 (1961), p. 675; (153) T. 3. Phlessas. Hagg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 22. Alexandri, O. ArchDelt 16:2 (1960), p. 93; BCH 85 (1961), p. 675; (154) T. 4- Phlessas. Hagg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 22. Alexandri, O. A rchDelt 16:2 (1960), p. 93; BCH 85 (1961), p. 675; (155) T. 5. Phlessas. Hagg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 22. Verdelis, N. ArchDelt 17 (1961/1962) B, p. 55-56; Hagg, R. BOREAS (156) T. A. Alexopoulos. 7:1, 1974, p. 22, 38 e n.104; Foley, A. SIMA 80 (1988), p. 200. Verdelis, N. ArchDelt 17 (1961/1962) B, p. 55-56; Hagg, R. BOREAS (157) T B. Alexopoulos. 7:1, 1974, p. 22, 33 e n.104; Courbin, R RA (1977), p. 327; Foley, A. SIMA 80 (1988), p. 200. Verdelis, N. ArchDelt 17 (1961/1962) B, p. 56; Hagg, R. BOREAS (158) T. T. Alexopoulos. 7:1, 1974, p. 22, 38 e n.104; Foley, A. SIMA 80 (1988), p. 200. Verdelis, N. ArchDelt 17 (1961/1962) B, p. 56; Hagg, R. BOREAS (159) T. A. Alexopoulos. 7:1, 1974, p. 22, 38 e n.104; Foley, A. SIMA 80 (1988), p. 200. T. Katsaros. R. Danaou, Verdelis, N. ArchDelt 17 (1961/1962) B, p. 56; BCH 86 (1962), p. (160) 4. 710-20; Hagg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 22, 38. T. Paulidis, R. Verdelis, N. ArchDelt 17 (1961/1962) B, p. 56-57; BCH 86 (1962), p. (161) Pheidonos, 20. 710-20; Hagg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 22, 39. Verdelis, N. ArchDelt 18 (1963) B, p. 63; Hagg, R. BOREAS 7:1, (162) T. 1. Giagos. 1974, p. 22, 36; Courbin, R CGA. 1966, p. 196. Verdelis, N. ArchDelt 18 (1963) B, p. 63; Foley, A. SIMA 80 (1988), (163) T. 2. Giagos. p. 202; Courbin, R CGA. 1966, p. 216-19, 233. BCH 87 (1963), p. 751; ArchDelt 18 (1963) Bl, p. 57; Hagg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 22, 33, 37 e no. 100; Courbin, R RA (1977), (164) T. 1. Makris. p. 327; Foley, A. SIMA 80 (1988), p. 207; Courbin, R CGA. 1966, p. 226; Coldstream, J. N. GGP, 1968, p. 120. BCH 87 (1963), p. 751; A rchDelt 18 (1963) Bl, p. 58-9; Hagg, R. (165) T. 2. Makris. BOREAS 7:1, 1974, p. 22, 33, 37 e no. 100; Courbin, R RA (1977), p. 327; Foley, A. SIMA 80 (1988), p. 207 BCH 87 (1963), p. 751; A rchDelt 18 (1963) Bl, p. 59; Hagg, R. (166) T. 3. Makris. BOREAS 7:1, 1974, p. 22, 33, 37 e no. 100; Courbin, R RA (1977), p. 327; Foley, A. SIMA 80 (1988), p. 207. BCH 87 (1963), p. 751; ArchDelt 18 (1963) Bl, p. 60; Hagg, R. (167) T. 4. Makris. BOREAS 7:1, 1974, p. 22, 33, 37 e no. 100; Courbin, R CGA. 1966, p. 226-27; Coldstream, J. N. GGP, 1968, p. 118. BCH 87 (1963), p. 751; A rchDelt 18 (1963) Bl, p. 60; Hagg, R. (168) T. 5. Makris. BOREAS 7:1, 1974, p. 22, 33, 37 e no. 100. BCH 87 (1963), p. 751; ArchDelt 18 (1963) Bl, p. 60; Hagg, R. (169) T. 6. Makris. BOREAS 7:1, 1974, p. 22, 33, 37 e no. 100. T. 33. Kouros. R. Kanta, A. AAA VIII (1975), p. 259-75; Alexandri, O. ArchDelt 19 (170) Tripoleos, 11. (1963), p. 60-63; Hagg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 22, 27 T. 35. Kouros. R. Kanta, A. AAA VIII (1975), p. 259-75; Alexandri, O. ArchDelt 19 (171) Tripoleos, 11. (1963), p. 60-63; Hagg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 22, 27. T. 36. Kouros. R. Kanta, A. AAA VIII (1975), p. 259-75; Alexandri, O. ArchDelt 19 (172) Tripoleos, 11. (1963), p. 60-63; Hagg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 22, 27. T. 37. Kouros. R. Kanta, A. AAA VIII (1975), p. 259-75; Alexandri, O. ArchDelt 19 (173) Tripoleos, 11. (1963), p. 60-63; Hagg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 22, 27. T. 38. Kouros. R. Kanta, A. AAA VIII (1975), p. 259-75; Alexandri, O ArchDelt 19 (174) Tripoleos, 11. (1963), p. 60-63; Hagg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 22, 27. T. 39. Kouros. R. (175) Kanta, A. AAA VIII (1975), p. 259-75; Alexandri, O ArchDelt 19 Tripoleos, 11. (1963), p. 60-63; Hagg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 22, 27.

287 SOUZA, C. D. As Práticas Mortuárias na região da Argólida entre os séculos XI e VIII a.C. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, Suplemento 13, 2011.

T. 41. Kouros. R. Kanta, A. AAA VIII (1975), p. 259-75; Alexandri, O. ArchDelt 19 (176) Tripoleos, 11. (1963), p. 60-63. Protonotariou-Deilaki, E. ArchDelt 19 (1964) B2, p. 123; Hágg, R. (177) T. III 16. Hospital. BOREAS 7:1, 1974, p. 22, 46-47, 122. Protonotariou-Deilaki, E. ArchDelt 19 (1964) B2, p. 123; Hágg, R. (178) T. III 20. Hospital. BOREAS 7:1, 1974, p. 22, 46-47, 123 Protonotariou-Deilaki, E. ArchDelt 19 (1964) B2, p. 125; Hágg, R. (179) T. al2. Hospital. BOREAS 7:1, 1974, p. 22, 46-47, 123. Protonotariou-Deilaki, E. ArchDelt 19 (1964) B2, p. 125; Hágg, R. (180) T. al6. Hospital. BOREAS 7:1, 1974, p. 22, 46-47, 123. Protonotariou-Deilaki, E. ArchDelt 19 (1964) B2, p. 125; Hágg, R. (181) T. al7. Hospital. BOREAS 7:1, 1974, p. 22, 46-47, 123. T. Tsakiropoulos. R. Charitonidis, S. ArchDelt 21:2 (1966), p. 126; Hágg, R. BOREAS (182) Perouka, 20. 7:1, 1974, p. 22, 28-29. T. I. Konstantopoulos. Kokkou-Vyridi, K. AchEph 1977, p. 171-94; Charitonidis, S. ArchDelt (183) R. Perouka, 66. 21:2 (1966), p. 126; Hágg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 22, 28, 112. T. II. Konstantopoulos. Kokkou-Vyridi, K. AchEph 1977, p. 171-94; Charitonidis, S. ArchDelt (184) R. Perouka, 66. 21:2 (1966), p. 126; Hágg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 22, 28, 112. T. III. Konstantopoulos. Kokkou-Vyridi, K. AchEph 1977, p. 171-94; Charitonidis, S. ArchDelt (185) R. Perouka, 66. 21:2 (1966), p. 126; Hágg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 22, 28, 112. T. IV. Konstantopoulos. Kokkou-Vyridi, K. AchEph 1977, p. 171-94; Charitonidis, S. ArchDelt (186) R. Perouka, 66. 21:2 (1966), p. 126; Hágg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 22, 28, 112. Charitonidis, S. ArchDelt 21:2 (1966), p. 126; Hágg, R. BOREAS (187) T. I. Paraskevopoulos. 7:1, 1974, p. 22, 38; Foley, A. SIMA 80 (1988), p. 209. Charitonidis, S. ArchDelt 21:2 (1966), p. 126; Hágg, R. BOREAS (188) T. II. Paraskevopoulos. 7:1, 1974, p. 22,38. Charitonidis, S. ArchDelt 21:2 (1966), p. 126; Hágg, R. BOREAS (189) T. I. OTE. 7:1, 1974, p. 22,38. Charitonidis, S. ArchDelt 21:2 (1966), p. 126; Hágg, R. BOREAS (190) T. II. OTE. 7:1, 1974, p. 22,38. Charitonidis, S. ArchDelt 21:2 (1966), p. 126-27; Hágg, R. BOREAS (191) T. III. OTE. 7:1, 1974, p. 22,38. Charitonidis, S. ArchDelt 21:2 (1966), p. 127; Hágg, R. BOREAS (192) T. IV. OTE. 7:1, 1974, p. 22, 38; Foley, A. SIMA 80 (1988), p. 208. Charitonidis, S. ArchDelt 21:2 (1966), p. 127; Hágg, R. BOREAS (193) T. V. OTE. 7:1, 1974, p. 22, 38. Charitonidis, S. ArchDelt 21:2 (1966), p. 127; Hágg, R. BOREAS (194) T. VI. OTE. 7:1, 1974, p. 22, 38. Charitonidis, S. ArchDelt 21:2 (1966), p. 127; Hágg, R. BOREAS (195) T. Phassos. 7:1, 1974, p. 22, 39. Charitonidis, S. ArchDelt 21:2 (1966), p. 129; Hágg, R. BOREAS (196) T. XXIX. Ginásio. 7:1, 1974, p. 22, 41, no. 130. Charitonidis, S. ArchDelt 21:2 (1966), p. 129; Hágg, R. BOREAS (197) T. Ginásio. A. 7:1, 1974, p. 22, 41, no. 130. Charitonidis, S. ArchDelt 21:2 (1966), p. 129; Hágg, R. BOREAS (198) T. Ginásio. B. 7:1, 1974, p. 22, 41, no. 130. Charitonidis, S. ArchDelt 21:2 (1966), p. 129; Hágg, R. BOREAS (199) T. Ginásio. C. 7:1, 1974, p. 22,41, no. 130. T. I. Presvelos-Bobos- Krystalli, K. ArchDelt 22:2 (1967), p. 170; Hágg, R. BOREAS 7:1, (200) -Pagonis. 1974, p. 22; Foley, A. SIMA 80 (1988), p. 210. T. II. Presvelos-Bobos- Krystalli, K. ArchDelt 22:2 (1967), p. 170; Hágg, R. BOREAS 7:1, (201) -Pagonis. 1974, p. 22; Foley, A. SIMA 80 (1988), p. 210.

288 Camila Diogo de Souza

A. Presvelos-Bobos- Krystalli, K. ArchDelt 22:2 (1967), p. 170; Hagg, R. BOREAS 7:1, (202) - Pagonis. 1974, p. 22. T Presvelos-Bobos- Krystalli, K. ArchDelt 22:2 (1967), p. 170; Hagg, R. BOREAS 7:1, (203) -Pagonis. 1974, p. 22. A. Presvelos-Bobos- Krystalli, K. ArchDelt 22:2 (1967), p. 170; Hagg, R. BOREAS 7:1, (204) -Pagonis. 1974, p. 22. E. Presvelos-Bobos- Krystalli, K. ArchDelt 22:2 (1967), p. 170; Hagg, R. BOREAS 7:1, (205) - Pagonis. 1974, p. 22. Papachristodoulou, I. ArchDelt 22:2 (1967), p. 174; Hagg, R. (206) T. VI. Tzoulos. BOREAS 7:1, 1974, p. 22. Papachristodoulou, I. ArchDelt 22:2 (1967), p. 177; Hagg, R. (207) T. I. Desminis. BOREAS 7:1, 1974, p. 22. Papachristodoulou, I. ArchDelt 22:2 (1967), p. 177; Hagg, R. (208) T. II. Desminis. BOREAS 7:1, 1974, p. 22. Papachristodoulou, I. ArchDelt 22:2 (1967), p. 177; Hagg, R. (209) T. III. Desminis. BOREAS 7:1, 1974, p. 22. Papachristodoulou, I. ArchDelt 23:2 (1968), p. 127-28; Hagg, R. (210) T. III. Kympouropoulos. BOREAS 7:1, 1974, p. 22, 36; Foley, A. SIMA 80 (1988), p. 204. Papachristodoulou, I. AAA II (1969), p. 159; Papachristodoulou, I. (211) T. V. Kympouropoulos. ArchDelt 24:2 (1969), p. 106; Hagg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 22, 36. Papachristodoulou, I. AAA II (1969), p. 159-61; Papachristodoulou, (212) T. VI. Kympouropoulos. I. ArchDelt 24:2 (1969), p. 106; Hagg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 22, 36; Foley, A. SIMA 80 (1988), p. 204. T. III. Praça dos Papachristodoulou, I. ArchDelt 24:2 (1969), p. 107; Hagg, R. (213) Stratonies. BOREAS 7:1, 1974, p. 22, 36. Papachristodoulou, I. ArchDelt 24:2 (1969), p. 107; Hagg, R. (214) T. I. Karabelas. BOREAS 7:1, 1974, p. 22, 38. Papachristodoulou, I. ArchDelt 24:2 (1969), p. 107; Hagg, R. (215) T. II. Karabelas. BOREAS 7:1, 1974, p. 22, 38. Papachristodoulou, I. ArchDelt 24:2 (1969), p. 107; Hagg, R. (216) T. III. Karabelas. BOREAS 7:1, 1974, p. 22,38. Papachristodoulou, I. ArchDelt 24:2 (1969), p. 107; Hagg, R. (217) T. IV. Karabelas. BOREAS 7:1, 1974, p. 22,38. Papachristodoulou, I. ArchDelt 24:2 (1969), p. 107; Hagg, R. (218) T. V. Karabelas. BOREAS 7:1, 1974, p. 22,30,38. Papachristodoulou, I. ArchDelt 24:2 (1969), p. 107; Hagg, R. (219) T. VI. Karabelas. BOREAS 7:1, 1974, p. 22,38. Papachristodoulou, I. ArchDelt 24:2 (1969), p. 107; Hagg, R. (220) T. VII. Karabelas. BOREAS 7:1, 1974, p. 22,38. Papachristodoulou, I. ArchDelt 24:2 (1969), p. 109; Hagg, R. (221) T. III. Skliris. BOREAS 7:1, 1974, p. 22,39. Papachristodoulou, I. ArchDelt 24:2 (1969), p. 109; Hagg, R. (222) T. IV. Skliris. BOREAS 7:1, 1974, p. 22,39. Protonotariou-Deilaki, E. ArchDelt 25:2 (1970), p. 155; Hagg, R. (223) T. Kavouzis. BOREAS 7:1, 1974, p. 22, 28. Protonotariou-Deilaki, E. ArchDelt 25:2 (1970), p. 155; Hagg, R. (224) T. Iliopoulos. BOREAS 7:1, 1974, p. 22, 39; Foley, A. SIMA 80 (1988), p. 204. Protonotariou-Deilaki, E. ArchDelt 25:2 (1970), p. 155; Hagg, R. (225) T. Zervos. BOREAS 7:1, 1974, p. 22, 28.

2 8 9 SOUZA, C. D. As Práticas Mortuárias na região da Argólida entre os séculos XI e VIII a.C. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, Suplemento 13, 2011.

Protonotariou-Deilaki, E. AAA III (1970), p. 180-83; Hägg, R- (226) T. Livaditis. BOREAS 7:1, 1974, p. 22, 38; Protonotariou-Deilaki, E. ArchDelt 26:2 (1971), p. 74-76. Protonotariou-Deilaki, E. A rchDelt 26:2 (1971), p. 76; Hägg, R. Tab. (227) T. I. Panagos. 43: Grabfunde von Argos, griechische Ausgrabungen (Nachtrag zu Tab. 43, oben S. 22 f.) - Obra não publicada. Protonotariou-Deilaki, E. ArchDelt 26:2 (1971), p. 76; Hägg, R. Tab. (228) T. II. Panagos. 43: Grabfunde von Argos, griechische Ausgrabungen (Nachtrag zu Tab. 43, oben S. 22 f.) - Obra não publicada. Protonotariou-Deilaki, E. ArchDelt 26:2 (1971), p. 78; Hägg, R. Tab. (229) T. Ginásio. 43: Grabfunde von Argos, griechische Ausgrabungen (Nachtrag zu Tab. 43, oben S. 22 f.) - Obra não publicada. Protonotariou-Deilaki, E. ArchDelt 26:2 (1971), p. 79; Hägg, R. Tab. (230) T. Teatro. 43: Grabfunde von Argos, griechische Ausgrabungen (Nachtrag zu Tab. 43, oben S. 22 f.) - Obra não publicada. Protonotariou-Deilaki, E. ASAtene 60 (1982), p. 33-48. Protonotariou-Deilaki, E. ArchDelt 26:2 (1971), p. 79; Hägg, R. Tab. (231) T. Stavropoulos. 43: Grabfunde von Argos, griechische Ausgrabungen (Nachtrag zu Tab. 43, oben S. 22 f.) - Obra não publicada, cortesia do autor; Foley, A. SIMA 80 (1988), p. 213 Kritzas, Ch. ArchDelt 27:2 (1972), p. 192; Hägg, R. Tab. 43: T. 1. R. Danaou, 21. (232) Grabfunde von Argos, griechische Ausgrabungen (Nachtrag zu Tab. Papanikolaou. 43, oben S. 22 f.) - Obra não publicada. Kritzas, Ch. ArchDelt 27:2 (1972), p. 192; Hägg, R. Tab. 43: T. 2. R. Danaou, 21. (233) Grabfunde von Argos, griechische Ausgrabungen (Nachtrag zu Tab. Papanikolaou. 43, oben S. 22 f.) - Obra não publicada. Kritzas, Ch. ArchDelt 27:2 (1972), p. 192; Foley, A. SIMA 80 T. 4. R. Danaou, 21. (1988), p. 208; Hägg, R. Tab. 43: Grabfunde von Argos, griechische (234) Papanikolaou. Ausgrabungen (Nachtrag zu Tab. 43, oben S. 22 f.) - Obra não publicada. Kritzas, Ch. ArchDelt 27:2 (1972), p. 192, 194; Hägg, R. Tab. 43: T. 5. R. Danaou, 21. (235) Grabfunde von Argos, griechische Ausgrabungen (Nachtrag zu Tab. Papanikolaou. 43, oben S. 22 f.) - Obra não publicada. Kritzas, Ch. ArchDelt 27:2 (1972), p. 194; Hägg, R. Tab. 43: T. 6. R. Danaou, 21. (236) Grabfunde von Argos, griechische Ausgrabungen (Nachtrag zu Tab. Papanikolaou. 43, oben S. 22 f.) - Obra não publicada. Kritzas, Ch. ArchDelt 27:2 (1972), p. 194; Hägg, R. Tab. 43: T. 7. R. Danaou, 21. (237) Grabfunde von Argos, griechische Ausgrabungen (Nachtrag zu Tab. Papanikolaou. 43, oben S. 22 f.) - Obra não publicada. Kritzas, Ch. ArchDelt 27:2 (1972), p. 197; Hägg, R. Tab. 43: T. 1. R. Kolokotroni, 12. (238) Grabfunde von Argos, griechische Ausgrabungen (Nachtrag zu Tab. Kosmas. 43, oben S. 22 f.) - Obra não publicada. Kritzas, Ch. ArchDelt 27:2 (1972), p. 197; Hägg, R. Tab. 43: T. 2. R. Kolokotroni, 12. (239) Grabfunde von Argos, griechische Ausgrabungen (Nachtrag zu Tab. Kosmas. 43, oben S. 22 f.) - Obra não publicada. Túmulos sem Kritzas, Ch. ArchDelt 27:2 (1972), p. 198; Hägg, R. Tab. 43: (240) Numeração. R. Grabfunde von Argos, griechische Ausgrabungen (Nachtrag zu Tab. Zographou, 9. Georgas. 43, oben S. 22 f.) - Obra não publicada. Kritzas, Ch. ArchDelt 27:2 (1972), p. 198; Hägg, R. Tab. 43: T. R. Zographou, 9. (241) Grabfunde von Argos, griechische Ausgrabungen (Nachtrag zu Tab. Georgas. 43, oben S. 22 f.) - Obra não publicada.

290 Camila Diogo de Souxa

Kritzas, Ch. ArchDelt 27:2 (1972), p. 200; Hägg, R. Tab. 43: T. 2. R. Irakleos, 51. (242) Grabfunde von Argos, griechische Ausgrabungen (Nachtrag zu Tab. Xenakis. 43, oben S. 22 f.) - Obra não publicada. Kritzas, Ch. ArchDelt 27:2 (1972), p. 200; Hägg, R. Tab. 43: T. 3. R. Irakleos, 51. (243) Grabfunde von Argos, griechische Ausgrabungen (Nachtrag zu Tab. Xenakis. 43, oben S. 22 f.) - Obra não publicada. Kritzas, Ch. ArchDelt 27:2 (1972), p. 200; Hägg, R. Tab. 43: T. 4. R. Irakleos, 51. (244) Grabfunde von Argos, griechische Ausgrabungen (Nachtrag zu Tab. Xenakis. 43, oben S. 22 f.) - Obra não publicada. Kritzas, Ch. ArchDelt 27:2 (1972), p. 200; Hägg, R. Tab. 43: T. 5. R. Irakleos, 51. (245) Grabfunde von Argos, griechische Ausgrabungen (Nachtrag zu Tab. Xenakis. 43, oben S. 22 f.) - Obra não publicada. Kritzas, Ch. ArchDelt 27:2 (1972), p. 200; Hägg, R. Tab. 43: T. 6. R. Irakleos, 51. (246) Grabfunde von Argos, griechische Ausgrabungen (Nachtrag zu Tab. Xenakis. 43, oben S. 22 f.) - Obra não publicada. Kritzas, Ch. ArchDelt 27:2 (1972), p. 200; Hägg, R. Tab. 43: T. 7. R. Irakleos, 51. (247) Grabfunde von Argos, griechische Ausgrabungen (Nachtrag zu Tab. Xenakis. 43, oben S. 22 f.) - Obra não publicada. Kritzas, Ch. ArchDelt 27:2 (1972), p. 201; Hägg, R. Tab. 43: T. R. Irakleos, 50. (248) Grabfunde von Argos, griechische Ausgrabungen (Nachtrag zu Tab. Pilikingos. 43, oben S. 22 f.) - Obra não publicada. Kritzas, Ch. ArchDelt 27:2 (1972), p. 201; Hägg, R. Tab. 43: T. R. Irakleos, 54. Rikos. (249) Grabfunde von Argos, griechische Ausgrabungen (Nachtrag zu Tab. A. 43, oben S. 22 f.) - Obra não publicada. Kritzas, Ch. ArchDelt 27:2 (1972), p. 201; Hägg, R. Tab. 43: T. R. Irakleos, 54. Rikos. (250) Grabfunde von Argos, griechische Ausgrabungen (Nachtrag zu Tab. B. 43, oben S. 22 f.) - Obra não publicada. Kritzas, Ch. ArchDelt 27:2 (1972), p. 205; Hägg, R. Tab. 43: T. 1. R. Karatza, 16. (251) Grabfunde von Argos, griechische Ausgrabungen (Nachtrag zu Tab. Bozonelos. 43, oben S. 22 f.) - Obra não publicada. Kritzas, Ch. ArchDelt 27:2 (1972), p. 205; Hägg, R. Tab. 43: T. 2. R. Karatza, 16. (252) Grabfunde von Argos, griechische Ausgrabungen (Nachtrag zu Tab. Bozonelos. 43, oben S. 22 f.) - Obra não publicada. Kritzas, Ch. ArchDelt 27:2 (1972), p. 205; Hägg, R. Tab. 43: T. 3. R. Karatza, 16. (253) Grabfunde von Argos, griechische Ausgrabungen (Nachtrag zu Tab. Bozonelos. 43, oben S. 22 f.) - Obra não publicada. Kritzas, Ch. ArchDelt 27:2 (1972), p. 205; Hägg, R. Tab. 43: T. 4. R. Karatza, 16. (254) Grabfunde von Argos, griechische Ausgrabungen (Nachtrag zu Tab. Bozonelos. 43, oben S. 22 f.) - Obra não publicada. Protonotariou-Deilaki, E. ArchDelt 28:2 (1973), p. 95; Hägg, R. Tab. T. R. Irakleos. (255) 43: Grabfunde von Argos, griechische Ausgrabungen (Nachtrag zu Kapetanos. Tab. 43, oben S. 22 f.) - Obra não publicada. Protonotariou-Deilaki, E. Oi Tvpßoi Tov Apyovç. Athina, 1980, p. 38; Protonotariou-Deilaki, E. ASAtene 60 (1982), p. 33-48; T. VII. R. Perseus, 41. (256) Protonotariou-Deilaki, E. ArchDelt 28:2 (1973), p. 97, 99; Hägg, R. Theodoropoulos. Tab. 43: Grabfunde von Argos, griechische Ausgrabungen (Nachtrag zu Tab. 43, oben S. 22 f.) - Obra não publicada. Protonotariou-Deilaki, E. Oi Tvpßoi Tov Apyovç. Athina, 1980, p. 41; Protonotariou-Deilaki, E. ASAtene 60 (1982), p. 33-48; T. XIII. R. Perseus, 41. (257) Protonotariou-Deilaki, E. ArchDelt 28:2 (1973), p. 97, 99; Hägg, R. Theodoropoulos. Tab. 43: Grabfunde von Argos, griechische Ausgrabungen (Nachtrag zu Tab. 43, oben S. 22 f.) - Obra não publicada.

291 SOUZA, C. D. As Práticas Mortuárias na região da Argólida entre os séculos XI e VIII a.C. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, Suplemento 13, 2011.

Protonotariou-Deilaki, E. Oi Tvpßoi Tov Apyovç. Athina, 1980, p. 42-43; Protonotariou-Deilaki, E. ASAtene 60 (1982), p. 33-48; T. XV. R. Perseus, 41. (258) Protonotariou-Deilaki, E. ArchDelt 28:2 (1973), p. 97, 99; Hägg, R. Theodoropoulos. Tab. 43: Grabfunde von Argos, griechische Ausgrabungen (Nachtrag zu Tab. 43, oben S. 22 f.) - Obra não publicada. T. XVI. R. Perseus, 41. Protonotariou-Deilaki, E. Oi Tvpßoi Tov Apyovç. Athina, 1980, p. (259) Theodoropoulos. 43. Protonotariou-Deilaki, E. Oi Tvpßoi Tov Apyovç. Athina, 1980, p. 43; Protonotariou-Deilaki, E. ASAtene 60 (1982), p. 33-48; T. XVII. R. Perseus, 41. Protonotariou-Deilaki, E. ArchDelt 28:2 (1973), p. 97, 99; Foley, A. (260) Theodoropoulos. SIMA 80 (1988), p. 213; Hägg, R. Tab. 43: Grabfunde von Argos, griechische Ausgrabungen (Nachtrag zu Tab. 43, oben S. 22 f.) - Obra não publicada. T. 31 (Cova simples Protonotariou-Deilaki, E. Oi Tvpßoi Tov Apyovç. Athina, 1980, p. (261) II). R. Perseus, 41. 59. Theodoropoulos. T. 32 (Cova simples Protonotariou-Deilaki, E. Oi Tvpßoi Tov Apyovç. Athina, 1980, p. (262) III). R. Perseus, 41. 59. Theodoropoulos. T. 46 (Pito Ha). Protonotariou-Deilaki, E. Oi Tvpßoi Tov Apyovç. Athina, 1980, p. (263) R. Perseus, 41. 62. Theodoropoulos. T. 47 (Pito III). Protonotariou-Deilaki, E. Oi Tvpßoi Tov Apyovç. Athina, 1980, p. (264) R. Perseus, 41. 62. Theodoropoulos. T. 48 (Pito IV). Protonotariou-Deilaki, E. Oi Tvpßoi Tov Apyovç. Athina, 1980, p. (265) R. Perseus, 41. 62. Theodoropoulos. T. 49 (Pito V). Protonotariou-Deilaki, E. Oi Tvpßoi Tov Apyovç. Athina, 1980, p. (266) R. Perseus, 41. 63. Theodoropoulos. T. 53. R. Perseus, 41. Protonotariou-Deilaki, E. Oi Tvpßoi Tov Apyovç. Athina, 1980, p. (267) Theodoropoulos. 64. T. 54. R. Perseus, 41. Protonotariou-Deilaki, E. Oi Tvpßoi Tov Apyovç. Athina, 1980, p. (268) Theodoropoulos. 64. T. 55. R. Perseus, 41. Protonotariou-Deilaki, E. Oi Tvpßoi Tov Apyovç. Athina, 1980, p. (269) Theodoropoulos. 64. T. 56. R. Perseus, 41. Protonotariou-Deilaki, E. Oi Tvpßoi Tov Apyovç. Athina, 1980, p. (270) Theodoropoulos. 64. T. 57. R. Perseus, 41. Protonotariou-Deilaki, E. Oi Tvpßoi Tov Apyovç. Athina, 1980, p. (271) Theodoropoulos. 64. Protonotariou-Deilaki, E. ArchDelt 28:2 (1973), p. 111; Hägg, R. T. 1. R. Karatza, 38. (272) Ioannidis. Tab. 43: Grabfunde von Argos, griechische Ausgrabungen (Nachtrag zu Tab. 43, oben S. 22 f.) - Obra não publicada. Protonotariou-Deilaki, E. ArchDelt 28:2 (1973), p. 111; Hägg, R. T. 2. R. Karatza, 38. (273) Tab. 43: Grabfunde von Argos, griechische Ausgrabungen (Nachtrag Ioannidis. zu Tab. 43, oben S. 22 f.) - Obra não publicada. Protonotariou-Deilaki, E. ArchDelt 28:2 (1973), p. 115; Hägg, R. T. I. R. Tripoleos, 10. (274) Tab. 43: Grabfunde von Argos, griechische Ausgrabungen (Nachtrag Theophanopoulou. zu Tab. 43, oben S. 22 f.) - Obra não publicada. Protonotariou-Deilaki, E. ArchDelt 28:2 (1973), p. 115; Hägg, R. T. II. R. Tripoleos, 10. (275) Tab. 43: Grabfunde von Argos, griechische Ausgrabungen (Nachtrag Theophanopoulou. zu Tab. 43, oben S. 22 f.) - Obra não publicada.

292 Camila Diogo de Souza

Protonotariou-Deilaki, E. ArchDelt 28:2 (1973), p. 115; Hägg, R. T. III. R. Tripoleos, 10. (276) Tab. 43: Grabfunde von Argos, griechische Ausgrabungen (Nachtrag Theophanopoulou. zu Tab. 43, oben S. 22 f.) - Obra não publicada. Protonotariou-Deilaki, E. ArchDelt 28:2 (1973), p. 115; Hägg, R. T. IV. R. Tripoleos, 10. (277) Tab. 43: Grabfunde von Argos, griechische Ausgrabungen (Nachtrag Theophanopoulou. zu Tab. 43, oben S. 22 f.) - Obra não publicada. Protonotariou-Deilaki, E. ArchDelt 28:2 (1973), p. 115; Hägg, R. T. V. R. Tripoleos, 10. (278) Tab. 43: Grabfunde von Argos, griechische Ausgrabungen (Nachtrag Theophanopoulou. zu Tab. 43, oben S. 22 f.) - Obra não publicada. Protonotariou-Deilaki, E. ArchDelt 28:2 (1973), p. 115; Hägg, R. T. VI. R. Tripoleos, 10. (279) Tab. 43: Grabfunde von Argos, griechische Ausgrabungen (Nachtrag Theophanopoulou. zu Tab. 43, oben S. 22 f.) - Obra não publicada. Protonotariou-Deilaki, E. ArchDelt 28:2 (1973), p. 115; Hägg, R. T. VII. R. Tripoleos, 10. (280) Tab. 43: Grabfunde von Argos, griechische Ausgrabungen (Nachtrag Theophanopoulou. zu Tab. 43, oben S. 22 f.) - Obra não publicada. T. R. Aghiou Protonotariou-Deilaki, E. ArchDelt 28:2 (1973), p. 117; Hägg, R. (281) Konstantinou, 7. Tab. 43: Grabfunde von Argos, griechische Ausgrabungen (Nachtrag Delavinias. zu Tab. 43, oben S. 22 f.) - Obra não publicada. Kritzas, Ch. ArchDelt 28:2 (1973), p. 123; Hägg, R. Tab. 43: (282) T. Rio Xerias. A. Grabfunde von Argos, griechische Ausgrabungen (Nachtrag zu Tab. 43, oben S. 22 f.) - Obra não publicada. Kritzas, Ch. ArchDelt 28:2 (1973), p. 123; Hägg, R. Tab. 43: (283) T. Rio Xerias. B. Grabfunde von Argos, griechische Ausgrabungen (Nachtrag zu Tab. 43, oben S. 22 f.) - Obra não publicada. Kritzas, Ch. ArchDelt 28:2 (1973), p. 125; Hägg, R. Tab. 43: (284) T. Pito. Dontas. Grabfunde von Argos, griechische Ausgrabungen (Nachtrag zu Tab. 43, oben S. 22 f.) - Obra não publicada. Kritzas, Ch. ArchDelt 28:2 (1973), p. 125; Hägg, R. Tab. 43: (285) T. 1. Dontas. Grabfunde von Argos, griechische Ausgrabungen (Nachtrag zu Tab. 43, oben S. 22 f.) - Obra não publicada. Kritzas, Ch. ArchDelt 28:2 (1973), p. 125; Hägg, R. Tab. 43: (286) T. 2. Dontas. Grabfunde von Argos, griechische Ausgrabungen (Nachtrag zu Tab. 43, oben S. 22 f.) - Obra não publicada. Kritzas, Ch. ArchDelt 28:2 (1973), p. 125; Hägg, R. Tab. 43: (287) T. 3. Dontas. Grabfunde von Argos, griechische Ausgrabungen (Nachtrag zu Tab. 43, oben S. 22 f.) - Obra não publicada. Kritzas, Ch. ArchDelt 28:2 (1973), p. 125; Hägg, R. Tab. 43: (288) T. 4. Dontas. Grabfunde von Argos, griechische Ausgrabungen (Nachtrag zu Tab. 43, oben S. 22 f.) - Obra não publicada. Kritzas, Ch. ArchDelt 28 (1973), p. 127; Foley, A. SIMA 80 (1988), p. 206; Hägg, R. Tab. 43: Grabfunde von Argos, griechische (289) T. 1. Lynkitsos. Ausgrabungen (Nachtrag zu Tab. 43, oben S. 22 f.) - Obra não publicada. Kritzas, Ch. ArchDelt 28 (1973), p. 127; Foley, A. SIMA 80 (1988), p. 206; Hägg, R. Tab. 43: Grabfunde von Argos, griechische (290) T. 2. Lynkitsos. Ausgrabungen (Nachtrag zu Tab. 43, oben S. 22 f.) - Obra não publicada. Kritzas, Ch. ArchDelt 28 (1973), p. 127, 129; Foley, A. SIMA 80 (1988), p. 206; Hägg, R. Tab. 43: Grabfunde von Argos, griechische (291) T. 3. Lynkitsos. Ausgrabungen (Nachtrag zu Tab. 43, oben S. 22 f.) - Obra não publicada.

293 SOUZA, C. D. As Práticas Mortuários na região da Argólida entre os séculos XI e VIII a.C. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, Suplemento 13, 2011.

Kritzas, Ch. ArchDelt 28 (1973), p. 129; Hägg, R. Tab. 43: Grabfunde (292) T. 4. Lynkitsos. von Argos, griechische Ausgrabungen (Nachtrag zu Tab. 43, oben S. 22 f.) - Obra não publicada. Kritzas, Ch. ArchDelt 28:2 (1973), p. 129; Foley, A. SIMA 80 (1988), p. 206-07; Hägg, R. Tab. 43: Grabfunde von Argos, griechische (293) T. Pito. Lynkitsos. Ausgrabungen (Nachtrag zu Tab. 43, oben S. 22 f.) - Obra não publicada. Kritzas, Ch. ArchDelt 28:2 (1973), p. 129; Hägg, R. Tab. 43: (294) T. Cratera. Lynkitsos. Grabfunde von Argos, griechische Ausgrabungen (Nachtrag zu Tab. 43, oben S. 22 f.) - Obra não publicada. Kritzas, Ch. ArchDelt 28:2 (1973), p. 132; Hägg, R. Tab. 43: (295) T. Kanellopoulos. A. Grabfunde von Argos, griechische Ausgrabungen (Nachtrag zu Tab. 43, oben S. 22 f.) - Obra não publicada. Kritzas, Ch. ArchDelt 28:2 (1973), p. 132; Hägg, R. Tab. 43: (296) T. Kanellopoulos. B. Grabfunde von Argos, griechische Ausgrabungen (Nachtrag zu Tab. 43, oben S. 22 f.) - Obra não publicada. Kritzas, Ch. ArchDelt 28:2 (1973), p. 132; Hägg, R. Tab. 43: (297) T. Kanellopoulos. C. Grabfunde von Argos, griechische Ausgrabungen (Nachtrag zu Tab. 43, oben S. 22 f.) - Obra não publicada. Kritzas, Ch. ArchDelt 28:2 (1973), p. 135; Hägg, R. Tab. 43: (298) T. Pito. Trikaliotis. Grabfunde von Argos, griechische Ausgrabungen (Nachtrag zu Tab. 43, oben S. 22 f.) - Obra não publicada. Protonotariou-Deilaki, E. ArchDelt 29:2 (1973 / 1974), p. 209-210; (299) T. 1. Naskos. Hägg, R. Tab. 43: Grabfunde von Argos, griechische Ausgrabungen (Nachtrag zu Tab. 43, oben S. 22 f.) - Obra não publicada. Kritzas, Ch. ArchDelt 29:2 (1973 / 1974), p. 219; Hägg, R. Tab. 43: (300) T. Pito. Naskos. Grabfunde von Argos, griechische Ausgrabungen (Nachtrag zu Tab. 43, oben S. 22 f.) - Obra não publicada. Kritzas, Ch. ArchDelt 29:2 (1973 / 1974), p. 220; Foley, A. SIMA 80 (1988), p. 213; Hägg, R. Tab. 43: Grabfunde von Argos, griechische (301) T. Tsouloucha. Ausgrabungen (Nachtrag zu Tab. 43, oben S. 22 f.) - Obra não publicada. Kritzas, Ch. ArchDelt 29:2 (1973 / 1974), p. 228; Hägg, R. Tab. 43: (302) T. Pito. Kalogeropoulos. Grabfunde von Argos, griechische Ausgrabungen (Nachtrag zu Tab. 43, oben S. 22 f.) - Obra não publicada.

T. Cratera. Kritzas, Ch. ArchDelt 29:2 (1973 / 1974), p. 228; Hägg, R. Tab. 43: (303) Kalogeropoulos. Grabfunde von Argos, griechische Ausgrabungen (Nachtrag zu Tab. 43, oben S. 22 f.) - Obra não publicada. Kritzas, Ch. ArchDelt 29:2 (1973/1974), p. 228; Foley, A. SIMA 80 T. Ànfora a. (304) (1988), p. 200; Hägg, R. Tab. 43: Grabfunde von Argos, griechische Tsounkriannis. Ausgrabungen (Nachtrag zu Tab. 43, oben S. 22 f.) - Obra não publicada. Kritzas, Ch. ArchDelt 29:2 (1973/1974), p. 228; Foley, A. SIMA 80 (305) T. Pito a. Tsounkriannis. (1988), p. 200; Hägg, R. Tab. 43: Grabfunde von Argos, griechische Ausgrabungen (Nachtrag zu Tab. 43, oben S. 22 f.) - Obra não publicada. Kritzas, Ch. ArchDelt 29:2 (1973/1974), p. 228; Foley, A. SIMA 80 (1988), p. 200; Hägg, R. Tab. 43: Grabfunde von Argos, griechische (306) T. Pito ß. Tsounkriannis. Ausgrabungen (Nachtrag zu Tab. 43, oben S. 22 f.) - Obra não publicada.

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Kritzas, Ch. ArchDelt 29:2 (1973/1974), p. 228; Foley, A. SIMA 80 (1988), p. 200; Hägg, R. Tab. 43: Grabfunde von Argos, griechische (307) T. Pito y. Tsounkriannis. Ausgrabungen (Nachtrag zu Tab. 43, oben S. 22 f.) - Obra não publicada. Kritzas, Ch. ArchDelt 29:2 (1973/1974), p. 228; Foley, A. SIMA 80 T. Pito 8. Tsounkriannis. (1988), p. 200; Hägg, R. Tab. 43: Grabfunde von Argos, griechische (308) A. Ausgrabungen (Nachtrag zu Tab. 43, oben S. 22 f.) - Obra não publicada. Kritzas, Ch. ArchDelt 29:2 (1973/1974), p. 228; Foley, A. SIMA 80 T. Pito 8. Tsounkriannis. (1988), p. 200; Hägg, R. Tab. 43: Grabfunde von Argos, griechische (309) B. Ausgrabungen (Nachtrag zu Tab. 43, oben S. 22 f.) - Obra não publicada. Protonotariou-Deilaki, E. Oi Tvpßoi Tov Apyovç. Athina, 1980, p. 21; Hägg, R. Tab. 43: Grabfunde von Argos, griechische (310) T. I. Totsikas. Ausgrabungen (Nachtrag zu Tab. 43, oben S. 22 f.) - Obra não publicada. Protonotariou-Deilaki, E. Oi Tvpßoi Tov Apyovç. Athina, 1980, p. 21; Hägg, R. Tab. 43: Grabfunde von Argos, griechische (311) T. II. Totsikas. Ausgrabungen (Nachtrag zu Tab. 43, oben S. 22 f.) - Obra não publicada. Protonotariou-Deilaki, E. Oi Tvpßoi Tov Apyovç. Athina, 1980, p. 21; Paléologou, H. BCH Suppl. 6 (1980), p. 75-84. Foley, A. (312) T. III. Totsikas. SIMA 80 (1988), p. 213; Hägg, R. Tab. 43: Grabfunde von Argos, griechische Ausgrabungen (Nachtrag zu Tab. 43, oben S. 22 f.) - Obra não publicada. Protonotariou-Deilaki, E. Oi Tvpßoi Tov Apyovç. Athina, 1980, p. 22; Hägg, R. Tab. 43: Grabfunde von Argos, griechische (313) T. VII. Totsikas. Ausgrabungen (Nachtrag zu Tab. 43, oben S. 22 f.) - Obra não publicada. Protonotariou-Deilaki, E. Oi Tvpßoi Tov Apyovç. Athina, 1980, T. 0. Evstratiadis. R. do p. 21; Hägg, R. Tab. 43: Grabfunde von Argos, griechische (314) Teatro. A. Ausgrabungen (Nachtrag zu Tab. 43, oben S. 22 f.) - Obra não publicada. Protonotariou-Deilaki, E. Oi Tvpßoi Tov Apyovç. Athina, 1980, T. 0 . Evstratiadis. R. do p. 21; Hägg, R. Tab. 43: Grabfunde von Argos, griechische (315) Teatro. B. Ausgrabungen (Nachtrag zu Tab. 43, oben S. 22 f.) - Obra não publicada. Morou, E. ArchDelt 35 (1980) [1987], p. 111-120, BCH 113 (1989), (316) T. I. R. Aspidos. p. 602. Morou, E. ArchDelt 35 (1980) [1987], p. 111-120, BCH 113 (1989), (317) T. II. R. Aspidos. p. 602. T. Z. R. Atreos e R. Morou, E. ArchDelt 36 (1981) [1988], p. 109-111, BCH 113 (1989), (318) Danaou. Poulis. p. 602. T. 0 . R. Atreos e R. Morou, E. ArchDelt 36 (1981) [1988], p. 109-111, BCH 113 (1989), (319) Danaou. Poulis. p. 602. T. R. Danaou. Morou, E. ArchDelt 36 (1981) [1988], p. 109-111, BCH 113 (1989), (320) Papoulesis. A. p. 602. T. R. Danaou. Morou, E. ArchDelt 36 (1981) [1988], p. 109-111, BCH 113 (1989), (321) Papoulesis. B. p. 602. T. R. Danaou. Morou, E. ArchDelt 36 (1981) [1988], p. 109-111, BCH 113 (1989) (322) Papoulesis. C. p. 602. T. R. Danaou. Morou, E. ArchDelt 36 (1981) [1988], p. 109-111, BCH 113 (1989), (323) Papoulesis. D. p. 602.

295 SOUZA, C. D. As Práticas Mortuárias na região da Argólida entre os séculos XI e VIII a.C. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, Suplemento 13, 2011.

T. R. Danaou. Morou, E. ArchDelt 36 (1981) [1988], p. 109-111, BCH 113 (1989), (324) Papoulesis. E. p. 602. T. R. Danaou. Morou, E. ArchDelt 36 (1981) [1988], p. 109-111, BCH 113 (1989), (325) Papoulesis. F. p. 602. T. R. Danaou. Morou, E. ArchDelt 36 (1981) [1988], p. 109-111, BCH 113 (1989), (326) Papoulesis. G. p. 602. T. R. Danaou. Morou, E. ArchDek 36 (1981) [1988], p. 109-111, BCH 113 (1989), (327) Papoulesis. H. p. 602. T. R. Atreos e R. Morou, E. ArchDelt 36 (1981) [1988], p. 111, 113, BCH 113 (1989), (328) Tripoleos. A. p. 602. T. R. Atreos e R. Morou, E. ArchDelt 36 (1981) [1988], p. 111, 113, BCH 113 (1989), (329) Tripoleos. B. p. 602. Morou, E. ArchDelt 36 (1981) [1988], p. 113, BCH 113 (1989), p. (330) T. R. Kallergui. Paidakis. 602. T. I. R. Diomidous. (331) ArchDelt 40 (1985) [1990], p. 86-91, BCH 116 (1992), p. 854- Kotsiopoulou. T. II. R. Diomidous. (332) ArchDelt 40 (1985) [1990], p. 86-91, BCH 116 (1992), p. 854. Kotsiopoulou. T. III. R. Diomidous. (333) ArchDelt 40 (1985) [1990], p. 86-91, BCH 116 (1992), p. 854. Kotsiopoulou. (334) T. R. Danaou, 27. ArchDelt 40 (1985) [1990], p. 86-91, BCH 116 (1992), p. 854. T. R. Irakleos, 35 e (335) ArchDelt 40 (1985) [1990], p. 86-91, BCH 116 (1992), p. 854. Aspis. T. A. R. Miaouli. (336) ArchDelt 40 (1985) [1990], p. 86-91, BCH 116 (1992), p. 854. Goulermas. T. B. R. Miaouli. (337) ArchDelt 40 (1985) [1990], p. 86-91, BCH 116 (1992), p. 854. Goulermas. (338) T. R. Belinou. A. Banaka, A. ArchDelt 46 (1991) [1996], Bl, p. 88. (339) T. R. Belinou. B. Banaka, A. ArchDelt 46 (1991) [1996], Bl, p. 88. (340) T. R. Belinou. C. Banaka, A. ArchDelt 46 (1991) [1996], Bl, p. 88. T. 1. R. Gounari. Spathari, E. ArchDelt 46 (1991) [1996], Bl, p. 90-91; BCH 122 (341) Nikolopoulos. (1998), p. 754. T. 2. R. Gounari. Spathari, E. ArchDelt 46 (1991) [1996], Bl, p. 90-93; BCH 122 (342) Nikolopoulos. (1998), p. 754- T. 3. R. Gounari. Spathari, E. ArchDelt 46 (1991) [1996], Bl, p. 92; BCH 122 (1998), (343) Nikolopoulos. p. 754. T. 4. R. Gounari. Spathari, E. ArchDelt 46 (1991) [1996], Bl, p. 92; BCH 122 (1998), (344) Nikolopoulos. p. 754 Spathari, E. ArchDelt 46 (1991) [1996], Bl, p. 93; BCH 122 (1998), (345) T. 2. R. Karpetopoulou. p. 754. Spathari, E. ArchDelt 46 (1991) [1996], Bl, p. 93; BCH 122 (1998) (346) T. 3. R. Karpetopoulou. p. 754. Spathari, E. ArchDelt 46 (1991) [1996], Bl, p. 93; BCH 122 (1998) (347) T. 4. R. Karpetopoulou. p. 754. Túmulos s N. R. Banaka-Dimaki, A. ArchDelt 46 (1991) [1996], Bl, p. 95; BCH 122 (348) Messinias-Arkadias. (1998), p. 754. T. I. R. G. Seferi e R. A. Banaka-Dimaki, A. ArchDelt 46 (1991) [1996], Bl, p. 97; BCH 122 (349) Konstantinou. (1998), p. 754.

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T. II. R. G. Seferi e R. Banaka-Dimaki, A. ArchDelt 46 (1991) [1996], Bl, p. 97; BCH 122 (350) A. Konstantinou. (1998), p. 754. T. III. R. G. Seferi e R. Banaka-Dimaki, A. ArchDelt 46 (1991) [1996], Bl, p. 97; BCH 122 (351) A. Konstantinou. (1998), p. 754. T. IV. R. G. Seferi e R. Banaka-Dimaki, A. ArchDelt 46 (1991) [1996], Bl, p. 97; BCH 122 (352) A. Konstantinou. (1998), p. 754. T. V. R. G. Seferi e R. A. Banaka-Dimaki, A. ArchDelt 46 (1991) [1996], Bl, p. 97; BCH 122 (353) Konstantinou. (1998), p. 754. T. VI. R. G. Seferi e R. Banaka-Dimaki, A. ArchDelt 46 (1991) [1996], Bl, p. 97; BCH 122 (354) A. Konstantinou. (1998), p. 754. Banaka-Dimaki, A. ArchDelt 46 (1991) [1996], Bl, p. 97-98; BCH (355) T. R. Diomídous. 122 (1998), p. 754. T. 1. R. Piteros, Ch. ArchDelt 46 (1991) [1996], Bl, p. 98; BCH 122 (1998), (356) Theophanopoulou. p. 754. T. 2. R. Piteros, Ch. ArchDelt 46 (1991) [1996], Bl, p. 98; BCH 122 (1998), (357) Theophanopoulou. p. 754. T. 3. R. Piteros, Ch. ArchDelt 46 (1991) [1996], Bl, p. 98; BCH 122 (1998), (358) Theophanopoulou. p. 754. T. 4. R. Papadimitriou, A. ArchDelt 46 (1991) [1996], Bl, p. 98; BCH 122 (359) Theophanopoulou. (1998), p. 754. T. 5. R. Papadimitriou, A. ArchDelt 46 (1991) [1996], Bl, p. 98-99; BCH (360) Theophanopoulou. 122 (1998), p. 754. T. 6. R. Papadimitriou, A. ArchDelt 46 (1991) [1996], Bl, p. 99; BCH 122 (361) Theophanopoulou. (1998), p. 754. T. 7. R. Papadimitriou, A. ArchDelt 46 (1991) [1996], Bl, p. 99; BCH 122 (362) Theophanopoulou. (1998), p. 754- Papadimitriou, A. ArchDelt 46 (1991) [1996], Bl, p. 99; BCH 122 (363) T. 1. R. Gounari, 45. (1998), p. 754. Papadimitriou, A. ArchDelt 46 (1991) [1996], Bl, p. 99; BCH 122 (364) T. 2. R. Gounari, 45. (1998), p. 754. T. Praça Dimokratias. Piteros, Ch. ArchDelt 46 (1991) [1996], Bl, p. 102-03; BCH 122 (365) Mercado Central. (1998), p. 754. T. R. Polykleitou. Banaka-Dimaki, A. ArchDelt 47 (1992) [1997], Bl, p. 85; BCH 122 (366) Papaioannis. A. (1998), P. 754. T. R. Polykleitou. Banaka-Dimaki, A. ArchDelt 47 (1992) [1997], Bl, p. 85; BCH 122 (367) Papaioannis. B. (1998), p. 754. T. R. Polykleitou. Banaka-Dimaki, A. ArchDelt 47 (1992) [1997], Bl, p. 85-86; BCH (368) Chrisoulas e Bousis. 122 (1998), p. 754. Túmulos s N. R. Banaka-Dimaki, A. ArchDelt 47 (1992) [1997], Bl, p. 85-86; BCH (369) Polykleitou. Chrisoulas 122 (1998), p. 754. e Bousis. Túmulos s N. R. Banaka-Dimaki, A. ArchDelt 47 (1992) [1997], Bl, p. 85-86; BCH (370) Polykleitou. Chrisoulas 122 (1998), p. 754. e Bousis. Banaka-Dimaki, A. ArchDelt 47 (1992) [1997], Bl, p. 86-87; BCH (371) T. IX. R. Tripoleos. 122 (1998), p. 754. Banaka-Dimaki, A. ArchDelt 47 (1992) [1997], Bl, p. 86-87; BCH (372) T. X. R. Tripoleos. 122 (1998), p. 754. Banaka-Dimaki, A. ArchDelt 47 (1992) [1997], Bl, p. 86-87- BCH (373) T. XI. R. Tripoleos. 122 (1998), p. 754.

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(392) T. R. Irakleos. D. Psichogiou, O. ArchDelt 47 (1992) [1997], Bl, p. 91; BCH 122 (1998), p. 754. (393) T. R. Irakleos. E. Psichogiou, O. ArchDelt 47 (1992) [1997], Bl, p. 91; BCH 122 (1998), p. 754.

(394) T. R. Irakleos. F. Psichogiou, O. ArchDelt 47 (1992) [1997], Bl, p. 91; BCH 122 (1998), p. 754 (395) T. R. Irakleos. G. Psichogiou, O. ArchDelt 47 (1992) [1997], Bl, p. 91; BCH 122 (1998), p. 754. (396) T. R. Irakleos. H. Psichogiou, O. ArchDelt 47 (1992) [1997], Bl, p. 91; BCH 122 (1998), p. 754. Psichogiou, O. ArchDelt 47 (1992) [1997], Bl, p. 91; BCH 122 (397) T. R. Irakleos. I. (1998), p. 754. Psichogiou, O. ArchDelt 47 (1992) [1997], Bl, p. 91; BCH 122 (398) T. R. Irakleos. J. (1998), p. 754. Psichogiou, O. ArchDelt 47 (1992) [1997], Bl, p. 91; BCH 122 (399) T. R. Irakleos. K. (1998), p. 754.

298 Camila Diogo de Souza

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29 9 SOUZA, C. D. As Práticas Mortuárias na região da Argólida entre os séculos XI e VIII a.C. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, Suplemento 13, 2011.

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(442) T. 3. Manou. Pappi, E. ArchDelt 51 (1996) [2001], Bl, p. 88; BCH 125 (2001), p. 827. (443) T. 4. Manou. Pappi, E. ArchDelt 51 (1996) [2001], Bl, p. 88; BCH 125 (2001), p. 827.

(444) T. 8. Manou. Pappi, E. ArchDelt 51 (1996) [2001], Bl, p. 88; BCH 125 (2001), p. 827. (445) T. 9. Manou. Pappi, E. ArchDelt 51 (1996) [2001], Bl, p. 88; BCH 125 (2001) p 827. (446) T. 11. Manou. Pappi, E. ArchDelt 51 (1996) [2001], Bl, p. 88; BCH 125 (2001) p 827. Pappi, E. ArchDelt 51 (1996) [2001], Bl, p. 88-89; BCH 125 (2001) (447) T. 4. Passias. p. 827. Pappi, E. ArchDelt 51 (1996) [2001], Bl, p. 88-89; BCH 125 (2001) (448) T. 5. Passias. p. 827. Pappi, E. ArchDelt 51 (1996) [2001], Bl, p. 88-89; BCH 125 (2001) (449) T. 6. Passias. p. 827.

300 Camila Diogo de Souza

Pappi, E. ArchDelt 51 (1996) [2001], Bl, p. 88-89; BCH 125 (2001), (450) T. 7. Passias. p. 827. Pappi, E. ArchDelt 51 (1996) [2001], Bl, p. 88-89; BCH 125 (2001), (451) T. 8. Passias. p. 827. Pappi, E. ArchDelt 51 (1996) [2001], Bl, p. 88-90; BCH 125 (2001), (452) T. 9. Passias. p. 827. Pappi, E. ArchDelt 51 (1996) [2001], Bl, p. 89, no. 3; BCH 125 (453) T. Pito A. Passias. (2001), p. 827. Pappi, E. ArchDelt 51 (1996) [2001], Bl, p. 89, no. 3; BCH 125 (454) T. Pito B. Passias. (2001), p. 827. Pappi, E. ArchDelt 51 (1996) [2001], Bl, p. 89-90; BCH 125 (2001), (455) T. Pito C. Passias. p. 827. Pappi, E. ArchDelt 51 (1996) [2001], Bl, p. 88; BCH 125 (2001), p. (456) T. Anfora. Passias. 827. Pandou, E. ArchDelt 51 (1996) [2001], Bl, p. 180-81; BCH 125 (457) T. Kondoguianni. (2001), p. 827.

Tirinto.

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302 Camila Diogo de Souza

Müller, W. und Oelmann, F. Tiryns I, 1912, p. 133; Hägg, R. (493) T. 1907/09, 36 BOREAS 7:1, 1974, p. 76, 85, 141-42; Foley, A. SIMA 80 (1988), p. 214; Gercke, R Geometrische. 2007. Müller, W. und Oelmann, F. Tiryns /, 1912, p. 133; Hägg, R. (494) T. 1907/09, 37 BOREAS7:1, 1974, p. 76, 85, 142; Foley, A. SIMA 80 (1988), p. 215; Gercke, E Geometrische. 2007. Müller, W. und Oelmann, F. Tiryns I, 1912, p. 133; Hägg, R. (495) T. 1907/09, 38 BOREAS 7:1, 1974, p. 76, 85, 142; Foley, A. SIMA 80 (1988), p. 215; Gercke, R Geometrische. 2007. Müller, W. und Oelmann, F. Tiryns I, 1912, p. 134; Hägg, R. (496) T. 1907/09, 39 BOREAS 7:1, 1974, p. 76, 85, 142; Foley, A. SIMA 80 (1988), p. 215; Gercke, R Geometrische. 2007. Müller, W. und Oelmann, F. Tiryns I, 1912, p. 134; Hägg, R. (497) T. 1907/09, 40 BOREAS 7:1, 1974, p. 76, 85, 104; Gercke, R Geometrische. 2007. Müller, W. und Oelmann, F. Tiryns I, 1912, p. 134; Hägg, R. (498) T. 1907/09, 41 BOREAS 7:1, 1974, p. 76-85, 105; Foley, A. SIMA 80 (1988), p. 215; Gercke, R Geometrische. 2007. (499) T. 1924/1 Gercke, R Geometrische. 2007. Geometrische. 2007.; Coldstream, J. N. GGP, 1968, p. 121, 124, PI. (500) T. 1925/1 25h. Gercke, R und Hiesel, G. Tiryns V. 1971, p. 2; Gercke, R (501) T. 1926/1 Geometrische. 2007. (502) T. 1926/2 Gercke, R und Hiesel, G. Tiryns V, 1971, p.2; Geometrische. 2007. Gercke, R und Hiesel, G. Tiryns V, 1971, p. 2; Gercke, R (503) T. 1926/3 Geometrische. 2007. (504) T. 1926/4 Gercke, R Geometrische. 2007. (505) T. 1926/6 Gercke, R und Hiesel, G. Tiryns V, 1971, p.2; Geometrische. 2007. Gercke, R und Hiesel, G. Tiryns V, 1971, p.2; Gercke, R (506) T. 1926/7 Geometrische. 2007. (507) T. 1926/8 Gercke, R Geometrische. 2007. (508) T. 1926/9 Gercke, R Geometrische. 2007. Gercke, R und Hiesel, G. Tiryns V, 1971, p.2; Gercke, G. und Hiesel, (509) T. 1927/1 G. Tiryns VIII, 1975, p. 27; Gercke, E Geometrische. 2007. (510) T. 1927/2 Gercke, R Geometrische. 2007. Gercke, R und Hiesel, G. Tiryns V, 1971, p.2; Gercke, G. und Hiesel, (511) T. 1927/3 G. Tiryns VIII, 1975, p. 27; Gercke, R Geometrische. 2007. Gercke, R und Hiesel, G. Tiryns V. 1971, p.2; Gercke, G. und Hiesel, (512) T. 1927/4 G. Tiryns VIII, 1975, p. 27; Gercke, R Geometrische. 2007. Gercke, R und Hiesel, G. Tiryns V. 1971, p. 17; Gercke, R (513) T. 1927/5 Geometrische. 2007. (514) T. 1927/6 Gercke, R Geometrische. 2007. Gercke, R und Hiesel, G. Tiryns V. 1971, p.2; Gercke, R (515) T. 1927/7 Geometrische. 2007. Rudolph, W. Tiryns VI, 1973, p. 36-40; Hägg, R. BOREAS 7:1, 1974, (516) T. 1927/V p. 76, 80, 82. Rudolph, W. Tiryns VI, 1973, p. 40-49; Hägg, R. BOREAS 7:1, 1974, (517) T. 1927 /VI p. 76, 80, 82. Rudolph, W. Tiryns VI, 1973, p. 55-59; Hägg, R. BOREAS 7:1, 1974, (518) T. 1927 /VIII p. 76, 80, 82.

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304 Camila Diogo de Souza

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(569) T. 1972, 7 Gercke, R und Naumann, U. AAA VII (1974b), p. 23, 24; Hägg, R. BOREAS 7:1, 1974, p. 76; Gercke, R Geometrische. 2007. Gercke, R und Naumann, U. AAA VII (1974b), p. 23, 24; Hägg, R. (570) T. 1972, 8 BOREAS 7:1, 1974, p. 76; Geometrische. 2007.; Papadimitriou, A. Tiryns. 1987. Gercke, R und Naumann, U. AAA VII (1974b), p. 24; Hägg, R. (571) T. 1972, 9 BOREAS 7:1, 1974, p. 76; Geometrische. 2007.; Papadimitriou, A. Tiryns. 1987. BCH19 (1975), p. 613-15; Geometrische. 2007.; Papadimitriou, A. (572) T. 1974/1 Tiryns. 1987. BCH 79 (1975), p. 613-15; Geometrische. 2007.; Papadimitriou, A. (573) T. 1974/2 Tiryns. 1987.

306 Camila Diogo de Souza

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308 Camila Diogo de Souza

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310 Camila Diogo de Souza

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Micenas.

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312 Camila Diogo de Souza

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Lem a / Myloi.

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314 Camila Diogo de Souza

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316 Camila Diogo de Souza

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GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO U n iv e r sid a d e de S ão P a u lo Reitor: Prof. Dr. João Grandino Rodas Vice-Reitor Prof. Dr. Helio Nogueira da Cruz

Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária Pró-Reitora: Profa. Dra. Maria Arminda do Nascimento Arruda

Pró-Reitoria de Graduação Pró-Reitora: Profa. Dra. Telma Maria Tenorio Zom

Pró-Reitoria de Pesquisa Pró-Reitor: Prof. Dr. Marco Antonio Zago

Pró-Reitoria de Pós-Graduação Pró-Reitor: Prof. Dr. Vahan Agopyan

M u seu de A rq u eo lo g ia e E tn o lo g ia Diretora: Profa. Dra. Maria Beatriz Borba Florenzano Vice-Diretora: Profa. Dra. Marisa Coutinho Afonso

Conselho Deliberativo: Profa. Dra. Maria Beatriz Borba Florenzano Profa. Dra. Marisa Coutinho Afonso Profa. Dra. Fabíola Andréa Silva Prof. Dr. Astolfo Gomes de Mello Araújo Profa. Dra. Maria Isabel D’Agostino Fleming Prof. Dr. Camilo de Mello Vasconcellos Prof. Dr. José Luiz de Morais Profa. Dra. Elaine Farias Veloso Hirata Profa. Dra. Veronica Wesolowski de Aguiar e Santos Dra. Carla Gibertoni Carneiro Dra. Célia Maria Cristina Demartini Ms. Regina Helena Rezende Bechelli

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO MUSEU DE ARQUEOLOGIA E ETNOLOGIA PPGA - Programa de Pós-Graduação em Arqueologia