Luiz Alberto Moniz Bandeira E a Nova Esquerda: Um Estudo Do Seu Pensamento E Das Suas Redes Sociais (1935-1962)

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Luiz Alberto Moniz Bandeira E a Nova Esquerda: Um Estudo Do Seu Pensamento E Das Suas Redes Sociais (1935-1962) LUCCAS EDUARDO CASTILHO MALDONADO Luiz Alberto Moniz Bandeira e a Nova Esquerda: Um estudo do seu pensamento e das suas redes sociais (1935-1962) Verão corrigida Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação de História Social da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em História Orientador: Prof. Dr. Luiz Bernardo Pericás São Paulo 2020 Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte. Catalogação na Publicação Serviço de Biblioteca e Documentação Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo Maldonado, Luccas Eduardo Castilho M244l Luiz Alberto Moniz Bandeira e a Nova Esquerda: Um estudo do pensamento e das redes sociais de Luiz Alberto Moniz Bandeira (1935-1962) / Luccas Eduardo Castilho Maldonado ; orientador Luiz Bernardo Pericás. - São Paulo, 2021. 253 f. Dissertação (Mestrado)- Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Departamento de História. Área de concentração: História Social. 1. Luiz Alberto Moniz Bandeira. 2. Nova Esquerda. 3. Juventude Socialista. 4. POLOP. 5. Mocidade Trabalhista. I. Pericás, Luiz Bernardo, orient. II. Título. UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS ENTREGA DO EXEMPLAR CORRIGIDO DA DISSERTAÇÃO/TESE Termo de Ciência e Concordância do (a) orientador (a) Nome do (a) aluno (a): Luccas Eduardo Castilho Maldonado Data da defesa: 05/02/2021 Nome do Prof. (a) orientador (a): Luiz Bernardo Pericás Nos termos da legislação vigente, declaro ESTAR CIENTE do conteúdo deste EXEMPLAR CORRIGIDO elaborado em atenção às sugestões dos membros da comissão Julgadora na sessão de defesa do trabalho, manifestando-me plenamente favorável ao seu encaminhamento e publicação no Portal Digital de Teses da USP. São Paulo, 06/04/2021 Prof. Dr. Luiz Bernardo Pericás Para Kadmiel Maldonado, in memoriam. Entre impressão e juízo, o trabalho paciente da elaboração, como uma espécie de moinho, tritura a impressão, subdividindo, filiando, analisando, comparando, a fim de que o arbítrio se reduza em benefício da objetividade, e o juízo resulte aceitável pelos leitores Antonio Candido de Mello e Souza Índice Resumo – p. 6 Abstract – p. 7 Agradecimentos – p. 8 Siglas – p. 9 Introdução – p. 11 Capítulo I. Juventude em Salvador – p. 20 Capítulo II. Entre dois mundos – p. 48 Capítulo III. Cidade Maravilhosa – p. 68 Capítulo IV. Maturidade – p. 98 Capítulo V. Juventude Socialista – p. 129 Capítulo VI. Campanhas – p. 166 Capítulo VII. Jânio Quadros – p. 190 Ponderações finais – p. 216 Referências – p. 218 Anexos – p. 238 Resumo O presente estudo explorou uma parte da trajetória de Luiz Alberto Moniz Bandeira. Mais precisamente, investigou-se a juventude desse intelectual nos anos 1950 e 1960 em um prisma que se privilegia as suas conexões sociais e seus projetos políticos. Tal movimento, fundado em uma metodologia da História Intelectual, desenvolveu uma análise de uma série de personagens que compuseram a Nova Esquerda Brasileira, oferecendo diversas características e projetos desse grupo. Palavras-chave: Luiz Alberto Moniz Bandeira; POLOP; Nova Esquerda; Juventude Socialista; Mocidade Trabalhista. Abstract The present study explored a part of Luiz Alberto Moniz Bandeira's trajectory. More precisely, the study investigated the youth of this intellectual in the 1950s and 1960s in a prism that privileges his social connections and his political projects. Such movement, based on a methodology of Intellectual History, developed an analysis of a series of characters that composed the New Brazilian Left, offering several characteristics and projects of this group. Keywords: Luiz Alberto Moniz Bandeira; POLOP; New Left; Socialist Youth; Labor Youth. Agradecimentos Muitas pessoas ajudaram na construção desse trabalho. Disponibilizaram documentos, debateram ideias, indicaram bibliografia, deram depoimento e leram versões anteriores. Em suma, auxiliaram em diversas frentes possibilitando a constituição de um trabalho mais completo. Por isso agradeço: Alexandre de Freitas Barbosa, Altamirando Camacam, Alzira Nóbrega de Barros, Ana Maria Magalhães, André Campos de Camargo, Angelo Segrillo, Deni Rubbo, Egas Moniz Bandeira, Elias da Rocha Barros, Florisvaldo Mattos, Francisco Palomanes Martinho, Gilberto Calcagnotto, Horacio Tarcus, Ivan Alves Filho, João Eurico Matta, João Victor Lourenço de Castro, José Renato Margarido Galvão, Luís Roberto da Rocha de Francisco, Marcelo Ridenti, Marcos Napolitano, Margot Bender Moniz Bandeira, Michael Löwy, Miguel Palmeira, Murilo Leal, Osvaldo Coggiola, Paulo Farias, Pery Falcón, Rafael Carlos Lima, Rafael Pires, Raul Landim Filho, Raul Roa Kouri, Renan Somogyi, Roberto Bittencourt da Silva, Roberto Rosas, Rubens Ricupero, Sergio Caldieri, Simon Schwartzman, Tullo Vigevani e Vladimir Sacchetta. Agradeço a banca da defesa, Dainis Karepovs, Daniel Aarão Reis e Lincoln Secco, e ao meu orientador, Luiz Bernardo Pericás. Agradeço ao financiamento da CAPES. Agradeço especialmente aos meus pais, Claudinei e Giane Maldonado, e a minha esposa Gleice Sales Maldonado. Se há alguma qualidade nesse trabalho, a eles devo. Os defeitos são de minha responsabilidade. Se alguém esqueci, peço desculpas Siglas Ação Libertadora Nacional (ALN) Ação Popular (AP) Aliança Nacional Libertadora (ANL) Associação Brasileira de Imprensa (ABI) Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (CEBRAP) Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) Diretório Central dos Estudantes (DCE) Escola Brasileira de Administração Pública (EBAP) Estados Unidos da América (EUA) Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE) Instituto Superior de Estudos Brasileiros (ISEB) Juventude Estudantil Católica (JEC) Juventude Universitária Católica (JUC) Liga Comunista Internacionalista (LCI) Liga Socialista Independente (LSI) Ministério da Educação e Cultura (MEC) Movimento Democrático Brasileiro (MDB) Organização Marxista Revolucionário (ORM) Partido Comunista Brasileiro (PCB) Partido Comunista da União Soviética (PCUS) Partido Comunista do Brasil (PC do B) Partido Comunista Nacional (PCN) Partido de Representação Popular (PRP) Partido Democrático Trabalhista (PDT) Partido dos Trabalhadores (PT) Partido Operário Revolucionário (POR) Partido Social Democrático (PSD) Partido Social Progressista (PSP) Partido Social Trabalhista (PST) Partido Socialista Brasileiro (PSB) Partido Socialista Revolucionário (PSR) Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) Petróleo Brasileiro (Petrobras) Política Operária (POLOP) Supremo Tribunal Federal (STF) Tribunal Superior Eleitoral (TSE) União da Juventude Comunista (UJC) União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) União Democrática Nacional (UDN) União Metropolitana de Estudantes (UME) União Nacional dos Estudantes (UNE) Universidade da Bahia (UBA) Universidade de Brasília (UnB) Universidade de Minas Gerais (UMG) Universidade de São Paulo (USP) 11 Introdução Luiz Alberto Moniz Bandeira foi um intelectual brasileiro que ganhou notoriedade principalmente por dois motivos: os seus escritos históricos sobre as Relações Internacionais e a sua atuação partidária no final da Ditadura Militar Brasileira. No primeiro plano, existem alguns livros que lhe conferem relevância como um autor nos estudos da política internacional. Nesse sentido, seus trabalhos sobre as interações entre os países platinos,1 as relações bilaterais entre Brasil e Alemanha2 e a construção e o exercício da hegemonia norte-americana são os mais destacados.3 No segundo, sua trajetória consolidou-se quando esteve ligado à refundação do PTB4 junto de Leonel Brizola, Darcy Ribeiro, Flávio Tavares e outros. Seu envolvimento com esse grupo foi tão substantivo que seria um dos signatários da Carta de Lisboa5 em 1979 e o redator de um livro que em grande medida relançou a figura de Brizola como um player no jogo político brasileiro após anos de ostracismo.6 Tal escrito, intitulado Brizola e o Trabalhismo, teve uma repercussão expressiva, permanecendo várias semanas dentro da lista da Veja de obras de não-ficção mais vendidas no país.7 Em certa medida, Moniz Bandeira colocava-se como um dos intelectuais oficiais do partido, assumindo frequentemente um papel de porta-voz autorizado. A consolidação como autor intelectual e ator político apresenta uma personagem que alcançava o ápice do seu capital social e político. No entanto, tomar o melhor pelo todo – ou julgar um livro integralmente somente pelos seus mais renomados capítulos – mostra-se uma análise limitada, pois não se compreende algo em seu conjunto. Como René Descartes ponderou no princípio da modernidade em Discurso sobre o método, 1 MONIZ BANDEIRA, Luiz Alberto. O expansionismo brasileiro: o papel do Brasil na Bacia do Prata da colonização ao império. Rio de Janeiro: Philobiblion, 1985. 2 MONIZ BANDEIRA, Luiz Alberto. A Reunificação da Alemanha: do ideal socialista ao socialismo real. São Paulo: Ensaio, 1992. Idem. O ‘milagre alemão’ e o desenvolvimento do Brasil. São Paulo: Ensaio, 1994. 3 MONIZ BANDEIRA, Luiz Alberto. Formação do Império Americano: da guerra contra a Espanha à guerra no Iraque. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005. 4 No primeiro momento, o grupo ligado a Leonel Brizola tencionava reconstituir a histórica sigla fundada por Getúlio Vargas em maio de 1945. Contudo, desenvolveu-se uma briga judicial no TSE pelo direito de se usar
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