Caderno De Ensaios
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CADERNO DE ENSAIOS Primeiro MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES Ministro de Estado Embaixador Mauro Luiz Iecker Vieira Secretário-Geral Embaixador Sérgio França Danese INSTITUTO RIO BRANCO Diretor-Geral Embaixador Gonçalo de Barros Carvalho e Mello Mourão Diretor-Geral Adjunto Coordenador-Geral de Ensino Ministro Sérgio Barreiros Conselheiro Marco Cesar Moura Daniel de Santana Azevedo Chefe da Secretaria Acadêmica Chefe da Secretaria Administrativa PS Luís Alexandre Iansen de Sant’Ana PS Márcio Oliveira Dornelles Assistente Assistente TS Ricardo Kato de Campos Mendes TS Nadia El Kadre Diretoria Secretaria Acadêmica OC Henrique Madeira Garcia Alves OC Saide Maria Vianna Saboia OC Carlos Alexandre Fernandes AA Fernando Sérgio Rodrigues Considera Recepcionista Osmar Jorge Pires AC Maria de Fátima Wanderley de Melo Contínua Jane Gonçalves da Silva TAE Juliana Kumbartzki Ferreira Contínua Graziely Pessego de Oliveira Contínua Vanessa Souza Caldeira Contínua Elisângela Pereira Silva Contínua Ana Luiza Ferreira de Oliveira Secretaria Administrativa OC Carlos Sousa de Jesus Junior Biblioteca “Emb. João Guimarães Rosa” ATA Adriano Cesar Santos Ribeiro BIB Marco Aurelio Borges de Paola TAE Éveri Sirac Nogueira Setor de Administração Federal Sul, Quadra 5, Lotes 2/3, CEP 70070-600, Brasília-DF, Brasil +55 61 2030-9851 [email protected] www.institutoriobranco.mre.gov.br Ministério das Relações Exteriores CADERNO DE ENSAIOS Primeiro Instituto Rio Branco Impresso no Brasil 2015 Caderno de Ensaios / Instituto Rio Branco. – n. 1 (2015). – Brasília : Instituto Rio Branco, 2015- 232p. Semestral 1. Relações Internacionais – Periódicos. 2. Brasil – Relações Exteriores – Periódicos. I. Brasil. Ministério das Relações Exteriores. II. Instituto Rio Branco. CDU 327 (05) ÍNDICE APRESENTAÇÃO ................................................................ 7 PREFÁCIO ........................................................................ 9 Adriano Giacomet de Aguiar AS GERAÇÕES DE 1870 NO MÉXICO E NO BRASIL: DIFERENÇAS E COINCIDÊNCIAS DOS PROJETOS DE ATRAÇÃO DA IMIGRAÇÃO CHINESA .................................................... 23 Clarissa de Souza Carvalho FILHO DA DIPLOMACIA: PRÁTICAS DISCURSIVAS DE OSWALDO ARANHA SOBRE DIPLOMACIA, POLÍTICA EXTERNA BRASILEIRA E RELAÇÕES INTERNACIONAIS (1935-1959) ............................ 65 Flávio Beicker Barbosa de Oliveira AS IDEIAS SÃS: GUERRA, NEUTRALIDADE, RELAÇÕES INTERNACIONAIS E POLÍTICA EXTERNA BRASILEIRA NO PENSAMENTO DE RUI BARBOSA .......................................... 97 Gustavo Gerlach da Silva Ziemath O CONCEITO DE AUTONOMIA NA POLÍTICA EXTERIOR BRASILEIRA: MUDANÇAS E CONTINUIDADES ........................... 127 Júlia Vita de Almeida O PATRIOTISMO EM JOAQUIM NABUCO ............................... 165 Pedro Ivo Souto Dubra JOSÉ ENRIQUE RODÓ E EDUARDO PRADO: SEMELHANÇAS, DIFERENÇAS E ATUALIDADE ............................................... 195 SOBRE OS AUTORES ......................................................... 231 6 APRESENTAÇÃO O Instituto Rio Branco tem grande satisfação em iniciar a pu- blicação dos Cadernos de Ensaios neste ano de 2015, em que celebra os 70 anos de sua criação. A publicação dos Cadernos, ademais de divulgar trabalhos de pesquisa e opinião realizados pelos alunos no âmbito de seus estudos no Instituto Rio Branco, procura, também, contribuir para o desen- volvimento do debate de ideias no campo das Relações Internacionais e da Diplomacia. Cada edição dos Cadernos reunirá trabalhos acadêmicos, sele- cionados para publicação pelos professores, dentre os apresenta- dos nas diversas disciplinas do Curso de Formação de Diplomata. Este primeiro número reúne alguns dos trabalhos apresentados na disciplina “Pensamento Diplomático Brasileiro”, ministrada pelo Professor Ministro Tarcísio de Lima Ferreira Fernandes Costa, que assina o Prefácio com breve apresentação dos textos selecionados. Os Cadernos de Ensaios terão uma pequena tiragem em papel e estarão disponíveis ao público na página do Instituto Rio Branco na Internet, no endereço www.institutoriobranco.mre.gov.br, sob o título “Publicações”, “Cadernos de Ensaios”. G.B.C.M.M. 7 8 PREFÁCIO Quando recebi o gentil convite do Diretor-Geral do Instituto Rio Branco para selecionar, entre os ensaios apresentados no âmbito da disciplina “Pensamento Diplomático Brasileiro”, aqueles que in- tegrariam o primeiro volume da série Caderno de Ensaios, comentei- lhe que não seria tarefa simples. Tinha presente que pelo menos uma dezena de trabalhos poderia ser mobilizada para atestar o em- penho com que a Turma de 2014-2015 assumiu a tarefa de produzir textos sobre a rica tradição de pensar o lugar do Brasil no mundo que nos anima desde os primórdios da Independência. Se a escolha recaiu sobre os seis ensaios, particularmente originais, que apre- sento a seguir, fica o registro de que não foi pela ausência de outras boas análises. O leitor verá que os ensaios diferem entre si quanto à natureza do objeto. Enquanto Júlia Vita, Flávio Beicker e Clarissa Carvalho optaram pela interpretação de escritos e pronunciamentos de de- terminadas personalidades – Joaquim Nabuco, Rui Barbosa e Oswaldo Aranha, respectivamente –, Pedro Ivo e Adriano Giacomet fizeram estudos comparativos: Pedro, um paralelo entre as visões finis- seculares de Eduardo Prado e de José Enrique Rodó; Adriano, um confronto dos fundamentos históricos e ideológicos que pautaram as 9 experiências de imigração chinesa do México e do Brasil. Já Gustavo Ziemath preferiu analisar a evolução do conceito de autonomia na política externa brasileira, sobretudo a partir dos anos trinta. São igualmente nítidas as afinidades entre os ensaios. Em pri- meiro lugar, coincidem em aferir o significado das ideias segundo os contextos político e normativo em que foram elaboradas. Elas não são vistas como noções atemporais tampouco como reflexos imediatos das relações de produção. Mais se assemelham a “atos linguísticos” que buscam influenciar a realidade política e dialogar com os paradigmas em voga de legitimidade. Em segundo lugar, os autores não se preocupam em caracterizar as personalidades e cor- rentes ideológicas como portadoras de visões brasileiras. Se alguns apontam particularidades nacionais nos textos e discursos, isto se dá não como premissa das análises, mas como ponto de chegada, após contraste com outras experiências. Em outras palavras, os jovens diplomatas mostram-se pouco propensos a atitudes ensimes- madas ou autorreferenciadas, o que me parece salutar. Por fim, os autores valorizam as fontes primárias e buscam apreender as ideias nelas expressas em suas múltiplas traduções ou ramificações te- máticas. Há um gosto implícito pela multidisciplinaridade. Passemos aos textos, iniciando por “O patriotismo em Joaquim Nabuco”. Sabe-se que a produção de Nabuco sobre sua vivência diplo- mática é ampla. Não faltavam registros escritos, portanto, para que Júlia Vita privilegiasse temas mais associados à experiência prática de Nabuco, como a participação na arbitragem sobre a Guiana, a di- plomacia pública que exerceu enquanto esteve, por desígnio do Barão do Rio Branco, como primeiro embaixador do Brasil em Washington ou mesmo a promoção do pan-americanismo. Mas Júlia ousou tratar da visão de Joaquim Nabuco sobre o patriotismo, à luz da militância transnacional por ele empreendida a favor do abolicionismo. 10 O resultado foi plenamente satisfatório, para o que contribui a boa estruturação do ensaio. Após lembrar a centralidade da luta pela abolição na vida e no pensamento de Nabuco – em que recor- da a tese de que cumpria não apenas assegurar a emancipação dos cativos, mas também erradicar a “obra da escravidão”, inclusive no plano das mentalidades, por ser a variável que explicava com maior abrangência o atraso do Brasil –, a autora percorre os principais mo- mentos do ativismo internacional do abolicionista. Comenta a apro- ximação de Nabuco a seus pares ingleses e americanos, a atuação como correspondente em Londres e a audiência com o Papa Leão XIII. Ao longo dessa militância, esclarece a autora, JN contestou com ve- emência a crítica de que estaria conspirando contra o Brasil. Nos passos de Júlia, recordemos os argumentos de Nabuco. Ele é enfá- tico em repudiar a assimilação do Brasil à escravidão. Afirma que tal presunção de que todos eram cúmplices daquele estigma alimentava um patriotismo de casta, que, malgrado seu potencial mistificador, dividia a sociedade, em vez de uni-la. Somente a emancipação e o efetivo acesso dos marginalizados à cidadania permitiriam a emer- gência de um patriotismo efetivamente nacional. Amigo da barbárie, o patriotismo dos senhores tinha como marca o discurso sobera- nista. Já o verdadeiro patriota, amante de sua terra e de seu povo, saudava a limitação da soberania pelos “princípios modernos do direito internacional”, que reduziam a escravidão a um fato brutal, assim como o eram a pirataria, a perseguição religiosa, a mutilação de prisioneiros e outros crimes. Apoiando-se em Leslie Bethell e José Murilo de Carvalho, Júlia Vita lembra que a caracterização do abolicionismo como imperativo da civilização não foi exclusiva de Nabuco ou da experiência brasileira. Mas acrescenta, a meu ver acertadamente, que a falta de originalida- de não minimiza a contribuição de Joaquim Nabuco ao pensamento 11 diplomático brasileiro, em particular à leitura de que desviar-se dos padrões contemporâneos de legitimidade na convivência interna- cional, em função de rompantes nacionalistas e/ou teses conspira- tórias, depõe contra e não a favor do Brasil. Em “As