Universidade Candido Mendes Pós-Graduação “Lato Sensu” Avm Faculdade Integrada
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA A importância do crowdfunding no processo de gestão da mudança da banda de rock britânica Marillion Por: Silvio Rodrigues Gonçalves Orientador Prof. Mario Luiz Rio de Janeiro 2012 2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA A importância do crowdfunding no processo de gestão da mudança da banda de rock britânica Marillion Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Gestão Empresarial Por: Silvio Rodrigues Gonçalves 3 AGRADECIMENTOS ...à Lucy Jordache, co-empresária do Marillion, por gentilmente ter concedido uma entrevista para este trabalho monográfico. A Jon Collins, autor do livro Separated Out, pelo apoio e principalmente por ajudar a encontrar o seu próprio livro, que está fora de catálogo. Aos meus colegas e professores da AVM, pela constante troca de experiências. Ao pessoal do Marillionados, o fã-clube do Marillion em Portugal. Em especial para Carla Barros, Filipa Bastos, Nuno Agrela, Nuno Lourenço, Edgar Santos, e Alfredo Dias. À Paulo Mathias e Ana Carbone, do fã- clube Marillion Brasil, pelo apoio e ajuda na obtenção de material. 4 DEDICATÓRIA ...à minha esposa, Sheila, pelo constante apoio. Para a minha Mãe, meus irmãos e sobrinhos que são inspiração para sempre fazer mais. 5 RESUMO O presente trabalho monográfico tem como objetivo demonstrar o uso do crowdfunding, ou financiamento coletivo no processo de Gestão da Mudança empresarial pela qual passou a banda de rock britânica Marillion. Ao fim do contrato com a gravadora EMI, em 1995, o Marillion viu seus rendimentos caírem abruptamente e readequaram a sua estrutura para aquela realidade. Após o lançamento do álbum This Strange Engine, em 1997, a banda comunicou que não poderia excursionar nos EUA devido aos altos custos. Os fãs estadunidenses, então, resolveram criar um fundo para poder trazer a banda, arrecadando algo em torno de 60.000 dólares, suficientes para financiar a turnê. Este procedimento é considerado o precursor na indústria musical do Crowdfunding, A partir desta iniciativa bem sucedida o Marillion aproveitou a tendência e tem lançado mão de iniciativas de financiamento coletivo dentro da sua base de fãs para a produção de discos, o que lhes proporcionou rendimentos necessários para promover a mudança empresarial, chegando à autogestão, em 2004. Passados 15 anos do pioneirismo do Marillion, o crowdfunding hoje é uma ferramenta de arrecadação de fundos na indústria de artes em geral, mas também já avança para outras áreas, como a medicina, alavancado pela divulgação em redes sociais, como o Facebook, MySpace e Twitter. Já podemos ver o uso ainda de forma incipiente no Brasil nos últimos dois anos e com um alcance maior nos Estados Unidos. Além de ajudar empresas já estabelecidas, como foi o caso do Marillion, o crowdfunding pode ser também uma alavanca para futuros empresários, artistas e outras profissionais que não possuem capital para iniciar seus projetos. Sob esta perspectiva é que se insere a relevância do uso do crowdfunding na Gestão Empresarial. 6 METODOLOGIA Para a elaboração deste trabalho monográfico, serão usadas basicamente fontes disponíveis na Internet, como entrevistas, reportagens e notas na imprensa sobre o Marillion, porém de forma mais significativa será usada a biografia autorizada da banda (até 2002), escrita por Jon Collins e também uma entrevista enviada pelo autor deste trabalho para a co- empresária do Marillion, Lucy Jordache, que irá trazer luz assuntos referentes a toda carreira do grupo, sobretudo nos anos não cobertos pela biografia escrita por Collins. 7 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 08 CAPÍTULO I - Marillion: 1979 – 1995 11 CAPÍTULO II - O crowdfunding no processo de Gestão da Mudança: 1996 - 2012 16 CAPÍTULO III – Outras práticas de crowdfunding 31 CONCLUSÃO 36 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 42 ÍNDICE 43 FOLHA DE AVALIAÇÃO 44 8 INTRODUÇÃO A interatividade e praticidade nas compras e aquisição de serviços on line nos dias atuais parece ser uma atividade cotidiana. Cada vez mais o mundo se revela através da rede mundial de computadores, a internet. Podemos hoje, sem sair de casa, no trabalho, na escola ou mesmo em trânsito, resolver quase todos os problemas pela tela de um computador, ou pelos smartphones, tablets e outras tecnologias. Afinal de contas, estamos em pleno século XXI, onde a tecnologia avança em progressão geométrica e há um claro processo de encurtamento das distâncias e da velocidade da troca de informações em todo o mundo. Uma realidade bem diferente de 20 anos atrás, na última década do século XX. Embora as compras ma internet já fossem realidade no final dos anos 90, este era ainda um mundo ainda semidesconhecido e arriscado, mas não menos sedutor e revolucionário, o que a história hoje comprova com a devida assertividade. Entender a prever essa revolução foi o grande trunfo da banda de rock britânica Marillion. Formada em Aylesbury na Inglaterra, em 1979, a banda teve seu auge comercial na metade dos anos 80 e, como várias bandas e artistas de sua geração, sentiram o peso da redução da venda de CDs na década seguinte. Entre 1982 e 1995, a banda esteve sob contrato com a gravadora EMI, o que lhes garantia investimento para a produção de discos, ações de marketing, como a produção de videoclipes e também investimento para a realização de turnês. Ao fim do contrato com a EMI, o Marillion se viu diante de uma queda brusca de recursos. Mesmo assim a banda decidiu se adequar a nova realidade, focando nos mercado europeu e buscando selos independentes para garantir a produção e distribuição de CDs. Essa nova realidade privava a banda de excursionar fora do mercado europeu, o que inconscientemente 9 provocou uma reação que iria mudar não somente a relação do Marillion com os seus fãs, como também a própria indústria musical. Após o lançamento do álbum This Strange Engine, em 1997, a banda comunicou que não poderia excursionar nos EUA devido aos altos custos. Os fãs estadunidenses, então, resolveram criar um fundo para poder trazer a banda, arrecadando algo em torno de 60.000 dólares, suficientes para financiar a turnê. Este procedimento é considerado o precursor na indústria musical do Crowdfunding, que em português pode ser chamado de financiamento coletivo ou Financiamento colaborativo, que consiste na obtenção de capital para iniciativas de interesse coletivo através da agregação de múltiplas fontes de financiamento, em geral pessoas físicas interessadas na iniciativa. Neste caso, não houve nenhuma interferência ou ingerência dos recursos pelo lado do artista. A partir desta iniciativa bem sucedida o Marillion aproveitou a tendência e desde então têm lançado mão de iniciativas de financiamento coletivo dentro da sua base de fãs para a produção de discos, o que lhes tem proporcionado rendimentos necessários para autofinanciar a carreira. A soma das duas forças: a internet e a base de fãs; foram fundamentais para que as estratégias de crowdfunding pudessem lograr êxito, conforme este trabalho monográfico procurará demonstrar. No capítulo 1, a trajetória do Marillion será contada, desde a de sua fundação em 1979, passando pela assinatura do contrato com a gravadora EMI, em 1982; o sucesso mundial em 1985; a crise com a troca de vocalistas; chegando finalmente em 1995, ano em que se encerrou o contrato com a gravadora EMI. No capítulo 2 será abordado o processo de Gestão da Mudança pelo qual passou a banda Marillion, desde a inesperada campanha de financiamento feita pelos fãs estadunidenses em 1997, passando pela transição para o modelo de autogestão completado em 2004 e chegando aos dias atuais, mostrando o papel do crowdfunding no planejamento e gestão 10 empresarial do grupo. Por fim, no capítulo 3, será apresentado um estudo sobre o crescente uso do crowdfunding nas organizações e exemplos de práticas no Brasil, como no exterior, assim como as áreas onde o seu uso se torna mais frequente e eficaz. Também será traçado uma comparação sobre a maturidade deste tipo de financiamento no Brasil e no resto do mundo. 11 CAPÍTULO I MARILLION: 1979 - 1995 Podemos separar em três fases distintas a trajetória do Marilllion desde a sua fundação, em 1979 até os dias de hoje. A primeira passa pelo próprio nascimento e estabilização da banda, a assinatura do contrato com a EMI em 1982, o sucesso comercial em 1985 até a saída do vocalista da banda, Fish em 1988. A segunda fase começa em 1989, com a chegada do vocalista Steve Hogarth e se estende até 1995, com o fim do contrato da EMI e finalmente a terceira fase, iniciada em 1996 com a assinatura de contrato com gravadoras independentes, passando pelas primeiras campanhas de crowdfunding que resultaram num processo de gestão da mudança, com a banda assumindo a própria gestão dos seus negócios em 2001, incluindo a criação do site Marillion.com e o consequente uso da internet para a captação de recursos financeiros para a sua continuidade. Neste primeiro capítulo, trataremos do período pelo qual o Marillion esteve sob contrato com a EMI, entre os anos de 1982 e 1995. 1.1. Os primeiros anos: 1979 - 1988 O início da história da banda Marillion começa na sua formação em 1979, em Aylesbury no Reino Unido. Nos primeiros anos, depois de várias mudanças de formação, a banda se estabilizou com Derek Dick, cujo nome artístico é Fish, nos vocais, Steve Rothery, nas guitarras, Pete Trewavas, no baixo, Mark Kelly, nos teclados e Ian Mosley, na bateria. A cena musical na Grã-Bretanha estava fértil no final dos anos 70 e início dos anos 80. A onda punk havia passado e uma nova geração de rock pesado aparecia com grande força. Ao mesmo tempo surgiam naquela nova cena, outras bandas de rock, mesmo sendo de subgêneros diferentes, como a 12 new wave, que tinha a banda Duran Duran como principal expoente e o art rock, liderados pelas bandas Roxy Music e Ultravox.