Introdução À História Marítima Brasileira

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Introdução À História Marítima Brasileira Introdução à História Marítima Brasileira 11 2 Diretoria de Ensino da Marinha Serviço de Documentação da Marinha Introdução à História Marítima Brasileira 2006 3 I61 Introdução à história marítima brasileira. — Rio de Janeiro: Serviço de Documentação da Marinha, 2006. 181p. : il. Bibliografia: p.180. ISBN 85-7047-076-2 1. Brasil. – História naval. I. Serviço de Documentação da Marinha. II. Título. CDD 22.ed. – 359.00981 4 COMANDANTE DA MARINHA Almirante-de-Esquadra Roberto de Guimarães Carvalho SECRETÁRIO-GERAL DA MARINHA Almirante-de-Esquadra Kleber Luciano de Assis DIRETOR DE ENSINO DA MARINHA Vice-Almirante Lucio Franco de Sá Fernandes DIRETOR DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E CULTURAL DA MARINHA Vice-Almirante (EN-RM1) Armando de Senna Bittencourt SERVIÇO DE DOCUMENTAÇÃO DA MARINHA Capitão-de-Mar-e-Guerra Francisco Eduardo Alves de Almeida Departamento de História Marítima e Naval Capitão-de-Fragata (T) Mônica Hartz Oliveira Moitrel Departamento de Arquivos da Marinha Capitão-de-Fragata (T) Maria Rosângela da Cunha Departamento de Publicações e Divulgação Capitão-de-Corveta (T) Ivone Maria de Lima Camillo Colaboradores Vice-Almirante (EN-RM1) Armando de Senna Bittencourt Capitão-de-Mar-e-Guerra Francisco Eduardo Alves de Almeida Capitão-de-Fragata (T) Mônica Hartz Oliveira Moitrel Capitão-Tenente (T) Carlos André Lopes da Silva Primeiro-Tenente (T) Ricardo dos Santos Guimarães Professor Paulo Fernando Dias Vianna Revisão Pedagógica Capitão-Tenente (T) Andréa Paula Fernandes Delduque Revisão Bibliográfica Capitão-de-Fragata (T) Valéria Regina de Almeida Morandi Revisão Ortográfica Denise Coutinho Koracakis Jacir Roberto Guimarães Manuel Carlos Corgo Ferreira Revisão Técnica André Figueiredo Rodrigues Iconografia Márcia Prestes Taft 1oSG (MT) Marcelo Guimarães Cruz Projeto Gráfico e Capa Edna S. Costa Acompanhamento Gráfico Capitão-Tenente (T) Ana Cristina Requeijo 5 6 ○○○○○○○○○○○○○○○○○○○ ○○○○○○○○○○○○○○○○○○○ SUMÁRIO APRESENTAÇÃO 9 INTRODUÇÃO 11 CAPÍTULO I A História da Navegação – Sinopse 16 – Os navios de madeira: construindo embarcações e navios 18 – O desenvolvimento dos navios portugueses 19 – O desenvolvimento da navegação oceânica: os instrumenos e as cartas de marear 20 – A vida a bordo dos navios veleiros 22 CAPÍTULO II A Expansão Marítima Européia e o Descobrimento do Brasil – Sinopse 24 – Fundamentos da organização do Estado português e a expansão ultramarina 26 – O reconhecimento da costa brasileira 38 – As expedições guarda-costas 39 – A expedição colonizadora de Martim Afonso de Sousa 40 CAPÍTULO III Invasões Estrangeiras ao Brasil – Sinopse 44 – Invasões francesas no Rio de Janeiro e no Maranhão 47 – Invasores na foz do Amazonas 50 – Invasões holandesas na Bahia e em Pernambuco 50 – Corsários franceses no Rio de Janeiro no século XVIII 58 – Guerras, tratados e limites no Sul do Brasil 58 CAPÍTULO IV Formação da Marinha Imperial Brasileira – Sinopse 66 – A vinda da Família Real 68 – Política externa de D. João e a atuação da Marinha: a co quista de Caiena e a ocupação da Banda Oriental 68 – Guerra de Independência 73 7 CAPÍTULO V A Atuação da Marinha nos Conflitos da Regência e do Início do Segundo Reinado – Sinopse 82 – Conflitos internos 86 – Conflitos externos 89 CAPÍTULO VI A Atuação da Marinha na Guerra da Tríplice Aliança contra o Governo do Paraguai – Sinopse 104 – O bloqueio do Rio Paraná e a Batalha Naval do Riachuelo 108 – Navios encouraçados e a invasão do Paraguai 113 – Curuzu e Curupaiti 115 – Caxias e Inhaúma 116 – Passagem de Curupaiti 116 – Passagem de Humaitá 117 – O recuo das forças paraguaias 118 – O avanço aliado e a Dezembrada 118 – A ocupação de Assunção e a fase final da guerra 119 CAPÍTULO VII A Marinha na República – Sinopse 124 – Primeira Guerra Mundial 128 – Segunda Guerra Mundial 141 CAPÍTULO VIII O Emprego Permanente do Poder Naval – O Poder Naval na guerra e na paz 162 GLOSSÁRIO 173 BIBLIOGRAFIA 180 8 Apresentação Este livro foi produzido em resposta à necessidade de uma introdução à História Marítima brasileira para os alunos das escolas de aprendizes-marinheiros da Marinha do Brasil. Demonstra-se aqui o quanto o Brasil dependeu do mar. Uma simples análise disto permite concluir o quanto seu futuro também dependerá da defesa de seus interesses referentes aos recursos marinhos. O desenvolvimento da consciência marítima no País é, portanto, de enorme importância e espera-se que a edição deste livro contribua para tal. Ele resultou do trabalho de uma equipe constituída por pessoas do Departamento de História do Serviço de Documentação da Marinha (SDM), com formação universitária em História, e pelos diretores deste Serviço e da Diretoria do Patrimônio Histórico e Cultural da Marinha (DPHCM). Das decisões tomadas na elaboração do livro, destaca-se a de não abordar os assuntos de maneira superficial, porque a História se torna interessante e atraente quando se aprofunda a descrição dos fatos e suas análises. Disponibilizar para o leitor um texto mais detalhado do que se poderia esperar, em face do tempo previsto para a duração das aulas desta matéria e além do que poderia ser exigido nos testes, foi, portanto, proposital. Tornou-se, porém, conseqüentemente necessário preceder cada capítulo por uma sinopse, com a finalidade didática de ressaltar o que é importante e facilitar a leitura e o estudo. Essas sinopses contêm tudo que deve ser exigido do aluno principiante. O texto desenvolvido no capítulo lhe permite aprofundar seu conhecimento, aprimorar sua cultura e desenvolver sua consciência marítima, o gosto pela História e pela leitura. Talvez, futuramente, também ele possa empregar este livro como seu primeiro livro de referência. Esta configuração, com as sinopses no início do texto dos capítulos e não um resumo ao final de cada um deles, pode parecer inusitada para um livro didático, mas é usual em jornalismo. As pessoas estão habituadas a ela nos meios de comunicação e a equipe a considerou adequada. É desejável que, ao se educar, o aluno estude História e aprenda. É esse conhecimento que permitirá a ele se situar, durante sua vida, com racionalidade no instante presente, consciente da existência de um passado, que criou aquele momento, e de um futuro, que depende dos erros e acertos de decisões a serem tomadas. A História não se repete, mas é insensatez não levar em conta as experiências do passado, registradas por ela, diante de situações semelhantes, ao se decidir racionalmente como agir. ARMANDO DE SENNA BITTENCOURT Vice-Almirante (EN-RM1) Diretor do Patrimônio Histórico e Cultural da Marinha 9 10 ○○○○○○○ INTRODUÇÃO O mar sempre teve uma importância fundamental na história do Brasil. Do mar, de Portugal, veio Pedro Álvares ○○○○○○○○○○○ Cabral, em 1500, para encontrar o nosso País. Do mar, vieram as invasões francesas, holandesas e as incursões inglesas nos séculos XVI e XVII. O mar também foi o principal meio em que se transportaram colonos e funcionários administrativos portugueses para o Brasil durante o período colonial. 1 De 7 de abril de 1831, quando D. Pedro I abdi- Durante a Guerra da Independência do Brasil, a então cou do trono, até 23 de junho de 1840, quando a Assembléia votou a maioridade de D. Pedro II, acla- recém-criada Esquadra brasileira teve papel primordial nas mando-o Imperador do Brasil. mãos do Primeiro Almirante Lorde Thomas Cochrane, bloqueando os portos conflagrados e combatendo os lusitanos. As tropas de Dom Pedro I, que lutaram contra as juntas governativas da Bahia, Maranhão, Pará e Banda Oriental – aliadas das Cortes (parlamento) portuguesas – foram transportadas pelo mar. No período regencial1, o mar novamente foi o caminho natural para o transporte de tropas para as províncias insurgentes que ameaçavam se separar do Império. Naquela ocasião, as estradas que ligavam as principais cidades do Brasil eram muito rudimentares, daí a enorme importância estratégica que o mar adquiriu mais uma vez. Com a Proclamação da República e o aumento da tecnologia náutica, a importância do mar ficou ainda mais evidente. Do mar aumentaram as nossas importações e escoaram os nossos produtos para o exterior. Também do mar vieram nossos inimigos: os submarinos alemães que atacaram os navios mercantes que transportavam nossas mercadorias, tanto na Primeira como na Segunda Guerra Mundiais. Naquela oportunidade houve a necessidade premente de se proteger as comunicações marítimas. Aparece aqui o primeiro conceito importante. Procure escrever em um papel à parte essa nova definição. Entende- se por comunicações marítimas os caminhos existentes no mar para o comércio exterior ou interno, isto é, as rotas por onde trafegam os navios, desde seus portos de origem até os de destino. Elas não são vias físicas, somente se materializando quando existirem navios, tanto de transporte ou de guerra, navegando com suas cargas. Cada nação atribui determinada importância às 11 ○○○○○○○ comunicações marítimas segundo o seu grau de dependência. Sua importância econômica e militar determinará o esforço a ser realizado para a manutenção ○○○○○○○○○○○ dessas rotas abertas e livres de ataque do inimigo. Para o País a proteção dessas comunicações tem sido fundamental. Hoje em dia o mar assume uma importância cada vez maior para o Brasil. Nosso comércio é transportado quase que exclusivamente por ele. Do mar extraímos o petróleo, tão importante para o desenvolvimento do País, e os peixes, que servem de alimento aos brasileiros e proporcionam melhores condições de vida aos nossos pescadores. Enfim, o mar é fundamental para a sobrevivência do País. Devemos cada vez mais desenvolver o nosso Poder Marítimo para nos projetarmos no cenário internacional. Surge o segundo conceito de nossa discussão: o que vem a ser o Poder Marítimo de uma nação? Anote aí mais uma vez. Poder Marítimo é a capacidade que resulta da integração dos recursos que dispõe o Brasil para a utilização do mar e também das águas interiores, quer como instrumento de ação política e militar, quer como fator de desenvolvimento econômico e social, visando a conquistar e a manter os objetivos nacionais. Esse conceito pode parecer teórico demais, mas não é. Vejamos agora quais os elementos constitutivos desse Poder Marítimo.
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