UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE ARTES E COMUNICAÇÃO DEPARTAMENTO DE DESIGN PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESIGN

Thaisa Francis César Sampaio Sarmento

MODELO CONCEITUAL DE AMBIENTE DE APRENDIZAGEM ADEQUADO A PRÁTICAS COM BLENDED LEARNING PARA ESCOLAS DE ENSINO MÉDIO

Recife 2017

THAISA FRANCIS CÉSAR SAMPAIO SARMENTO

MODELO CONCEITUAL DE AMBIENTE DE APRENDIZAGEM ADEQUADO A PRÁTICAS COM BLENDED LEARNING PARA ESCOLAS DE ENSINO MÉDIO

Tese apresentada à Coordenação do Programa de PósGraduação em Design da Universidade Federal de Pernambuco, para a obtenção do grau de Doutor em Design, sob orientação da Prof.ª Drª Vilma Villarouco e do coorientador Prof. Dr. Alex Sandro Gomes.

Recife 2017

Catalogação na fonte Bibliotecário Jonas Lucas Vieira, CRB4-1204

S246m Sarmento, Thaisa Francis César Sampaio Modelo conceitual de ambiente de aprendizagem adequado a práticas com blended learning para escolas de ensino médio / Thaisa Francis César Sampaio Sarmento. – Recife, 2017. 261 f.: il., fig.

Orientadora: Vilma Villarouco dos Santos. Tese (Doutorado) – Universidade Federal de Pernambuco, Centro de Artes e Comunicação. Design, 2018.

Inclui referências e apêndices.

1. Ambiente de aprendizagem. 2. Ergonomia do ambiente construído. 3. Design de interiores. 4. Design Science Research. I. Santos, Vilma Villarouco dos (Orientadora). II. Título.

745.2 CDD (22.ed.) UFPE (CAC 2018-29)

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESIGN

PARECER DA COMISSÃO EXAMINADORA DE DEFESA DE TESE DE DOUTORADO ACADÊMICO DE

Thaisa Francis César Sampaio Sarmento

"MODELO CONCEITUAL DE AMBIENTE DE APRENDIZAGEM ADEQUADO À PRÁTICAS COM BLENDED LEARNING PARA ESCOLAS DE ENSINO MÉDIO."

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: Planejamento e Contextualização de Artefatos.

A comissão examinadora, composta pelos professores abaixo, considera o(a) candidato(a) Thaisa Francis César Sampaio Sarmento _APROVAD(A)__.

Recife, 15 de dezembro de 2017.

Prof. Lourival Lopes Costa Filho (UFPE)

Prof. Walter Franklin Marques Correia (UFPE)

Profª. Laura Bezerra Martins (UFPE)

Profª. Claudia Renata Mont'Alvão Bastos Rodrigues (PUC RIO)

Prof. Dilson Batista Ferreira (UFAL)

A Gilda e Nelson (in memorian)

AGRADECIMENTOS

À Maria Santíssima por todas as bênçãos concedidas à minha vida, à minha família e ao meu trabalho; A Victor, meu companheiro e minha fortaleza para todos os momentos. Sem seu apoio, não teria sido possível realizar esse trabalho; Às mulheres inspiradoras da minha família que me estimularam e apoiaram de diferentes maneiras – Maria Élia, Amair, Gilda (in memoriam), Gisleide, Verônica, Maria Célia e Miriam; À minha esperada filha Ketelly, pela doçura dos seus sorrisos; Aos meus orientadores – Vilma e Alex, minha profunda admiração pela disponibilidade, pela generosidade, e pela dedicação à pesquisa e ao trabalho docente; Alle Erminia e Laura, per l’accoglienza napoletana, per l'amicizia che è emersa e per i preziosi contributi a questa ricerca; Aos colaboradores voluntários, que se mostraram abertos em expor suas ideias e necessidades, contribuindo para a riqueza dos dados encontrados; Aos componentes do CCTE pelas ricas discussões, que me permitiram escolher a trajetória a seguir; Aos amigos que ajudaram a finalizar esta pesquisa, facilitando o acesso aos voluntários e contribuindo com a revisão dos instrumentos e dos resultados. Por toda a ajuda, recebam um grande abraço de agradecimento a: Germana, Ricardo Victor, Jacqueline, Gessy, Thamyres, Carol Gléria, Dani Amatte e Juliana Michaello; À Universidade Federal de , onde comecei minha vida acadêmica como estudante e, hoje, orgulho-me de poder contribuir como docente, especialmente ao Campus Arapiraca; Aos docentes e discentes de Design da Universidade Federal de Alagoas, pelo apoio e confiança no meu trabalho.

RESUMO

O foco principal desta pesquisa é desenvolver um Modelo Conceitual de Ambiente de Aprendizagem adequado a práticas de blended learning para escolas de ensino médio, para tanto dotado de inovações em Design de interiores. Estuda-se a mudança de paradigma educacional do ensino tradicional, inicialmente centrado no professor, que ocorre numa configuração de sala de aula preparada apenas para atividades expositivas, para uma nova abordagem – colaborativa e centrada nos usuários – em que o ambiente de aprendizagem acolhe os usuários, de modo a contribuir positivamente com a sua aprendizagem, por meio de recursos tecnológicos, adequação ergonômica e satisfação emocional. A pesquisa é conduzida pelo método de Design Science Research (Dresch et al., 2015), em triangulação com métodos de análise e projetação ergonômicas – Metodologia Ergonômica para o Ambiente Construído, MEAC (Villarouco, 2009) e as etapas de projetação ergonômicas de Attaianese e Duca (2012). A revisão de literatura é baseada em estudos sobre a ambiência escolar, padrões construtivos consolidados em ambientes escolares, inovação em ambientes de aprendizagem, e parâmetros de qualidade, conforto e ergonomia em ambientes de aprendizagem. A abordagem em design é de cunho participativo, a fim de envolver os usuários – os estudantes, os professores e os especialistas – no processo de elaboração do Modelo Conceitual, desde a etapa de concepção inicial, até contribuições e ajustes finais. A pesquisa assume um desenho majoritariamente qualitativo, e foi realizada em cinco fases distintas: a primeira fase foi de revisão de literatura e elaboração do referencial teórico. A segunda fase foi de desenvolvimento do método de pesquisa, seleção de técnicas e elaboração de instrumentos de coleta e análise de dados. A terceira fase, de coleta de dados observacionais, foi realizada em duas escolas de ensino médio - o Liceo Statale Don Lorenzo Milani, em Nápoles, na Itália, e a Escola Técnica Cícero Dias, em Recife, no Brasil. A quarta fase consistiu na concepção e no desenvolvimento do Modelo Conceitual de Ambiente de Aprendizagem, assim como na sua avaliação junto à usuários e especialistas. As avaliações qualitativas e quantitativas geraram contribuições e ajustes, que foram compilados na quinta fase, destinada a elaboração de resultados finais. Os resultados encontrados apontaram para uma avaliação positiva das propostas apresentadas. Ao final, a pesquisadora analisou o processo de design desenvolvido, os produtos gerados na tese e o atendimento às questões iniciais da pesquisa. Foram gerados quatro produtos principais que contribuem em implicações práticas para novos projetos arquitetônicos e de design de interiores, funcionando como referência para o dimensionamento, a especificação de elementos, de mobiliário e de equipamentos de ambientes escolares.

Palavras-chave: Ambiente de Aprendizagem. Ergonomia do Ambiente Construído. Design de Interiores. Design Science Research.

ABSTRACT

The focus of this research is to develop a Conceptual Model of Learning Environment suitable for blended learning practices for secondary schools, within it is enriched of interior design innovations. It was studied a paradigm modification of traditional education, initially teacher- centered, which occurs in a classroom configuration prepared only for expository activity. It is proposed an environment design for a new approach, based on collaborative and student- centered style, in which the environment involves users, in a positive way of contribution to their learning, through technological resources offer, ergonomic adequacy and emotional satisfaction. The research is conducted by the Design Science Research method (Dresch et al. 2015), in triangulation with methods for analysis and ergonomic design – Ergonomic Methodology for the Built Environment, MEAC (Villarouco, 2009) and the ergonomic design steps of Attaianese & Duca (2012). The literature review was based on studies about the school ambience, constructive patterns in school environments, innovation in learning environments, and quality, comfort and ergonomics parameters for learning environments. The design approach involves participatory techniques to include the users - students’ and teachers’ participation, from initial conception stage up to contributions and final adjustments. Also, experts were involved in the conceptual model design process. Mainly, the research assumes a qualitative framework, and it was held in five distinct phases: the first phase was a revision of literature and elaboration of the theoretical benchmark. The second phase was the development of the method, the selection of techniques and the elaboration of tools to collect and analysis data. The third phase was an observational data collection, that was taken place at two high schools: Liceo Statale Don Lorenzo Milani in Naples, Italy, and at Cicero Dias Technical School in Recife, Brazil. The fourth phase consisted of conceptual model conception and development, as well as its evaluation through users’ and specialists’ considerations. Both qualitative and quantitative evaluations generated contributions and adjustments, which were assembled in the fifth phase, intended to present final results. The results founded pointed to a positive assessment of the proposals presented. Towards the end, the researcher analyzed the hole design process done, the products generated in the thesis and the answers to the initial questions of this research. Four main products have been generated. They contribute as practical implications to architectural and design fields, precisely about interior design of learning environments parameters for dimensioning and selecting building elements, furniture and equipment. Keywords: Learning Environment. Ergonomics of the Built Environment. Interior Design. Design Science Research.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Configuração tradicional de sala de aula brasileira...... 41

Figura 2 – Configuração de sala de aula no modelo Montessoriano...... 43

Figura 3 - Configuração de sala de aula no modelo Waldorf...... 44

Figura 4 - Espaço de discussão organizado numa área aberta da Escola Parque da Gávea, , para uma discussão coletiva...... 45

Figura 5 - Layouts de sala de aula proposto pela FDE (sem escala). (a) em 2016 e (b) em 1999...... 48

Figura 6 - Layout definido pelo MEC para sala de aula tradicional (sem escala)...... 49

Figura 7 - Layout de sala de aula de Uso Múltiplo, para realização de trabalhos práticos ou coletivos (a) Elaborado pela FDE, em 2015, e (b) Elaborado pela Fundescola em 1999...... 49

Figura 8 - Layout para sala de Uso Múltiplo...... 50

Figura 9 - Layouts para salas de informática. (a) Elaborado pela Fundescola (2002), e (b) pela FDE (2017)...... 50

Figura 10 - Planta esquemática de Learning Studio...... 56

Figura 11 - Configuração espacial dos quatro modos de aprendizagem definidas por Thornburg...... 57

Figura 12 - Reconfiguração de Sala de aula para o modelo de Learning Suite...... 58

Figura 13 - Configurações diferentes no mesmo ambiente de aprendizagem - Engaged Learning. (a) formato de palestra, (b) mesas arrumadas para conferência, e (c) formato em U para discussões em grupo...... 59 Figura 14 - Layout de sala de aula para abrigar atividades gerais de ensino baseado em mais flexibilidade e colaboração (croqui sem escala)...... 61

Figura 15 - Configuração de Smart Classroom, projeto Intel - bridging our future...... 65

Figura 16 - Interior da escola Vittra Södermalm, que recebeu o Prêmio de Design da Dinamarca em 2016...... 68

Figura 17 - Ambiente de aprendizagem coletiva na escola Vittra Brotorp...... 69

Figura 18 - Interior da Vittra Telefonplan, conceito the cave para aprendizagem em qualquer lugar...... 69

Figura 19 - Planta baixa da Escola Vittra Telefonplan...... 70

Figura 20 - Atividade em jogo na Escola Quest to Learn – Nova Iorque...... 71

Figura 21 - Relações entre os contextos social, cultural e espacial, e suas categorias internas...... 106

Figura 22 - Gráfico sequencial das técnicas aplicadas na Etapa Observacional...... 111

Figura 23 – Gráfico sequencial das técnicas empregadas na Concepção e Desenvolvimento do Modelo Conceitual...... 114

Figura 24 - Esquema de realização da avaliação qualitativa e quantitativa do Modelo Conceitual de Ambiente de Aprendizagem...... 117

Figura 25 - Imagens do Liceo Statale Don L. Milani (a) Fachada Exterior, (b) Circulação interna...... 121

Figura 26 - Mapa de Nápoles, localizando San Giovanni a Teduccio (sem escala)...... 122

Figura 27 - Jovens participantes da pesquisa no Liceo Statale D. L. Milani, Nápoles, Itália. . 123

Figura 28 - Usuários observados durante a aula - (a) Junto ao professor, (b) em atividade nos computadores...... 123

Figura 29 - Satisfação dos estudantes com a escola que frequentam...... 125 Figura 30 – Gráfico das preferências apontadas quanto às características ambientais...... 127

Figura 31 – Mapa comportamental (sem escala) da sala de aula, destacando em amarelo – os setores mais utilizados, ao centro e junto aos computadores, em roxo – os setores menos utilizados, e os fluxos de entrada (em verde) ou de saída (em laranja)...... 130

Figura 32 - Vista da lousa e espaço para apresentações orais (a), e, Vista das mesas para computadores (b)...... 130

Figura 33 - Vista do fundo da sala (a), e Vvista das mesas junto da janela lateral (b)...... 131

Figura 34 - Fluxograma de atividades desenvolvidas pelos usuários, destacando os 3 níveis – acessar e acomodar-se no ambiente, realizar atividade de aprendizagem, e manejar instrumentos em cada atividade...... 131

Figura 35 - Estudantes realizando a atividade de Brainstorming, e um dos painéis obtidos com resultado...... 135

Figura 36 - Escola Técnica Estadual Cícero Dias (a) Fachada principal, (b) Pátio interno durante um ensaio dos estudantes...... 136

Figura 37 - Jovens participantes da pesquisa – Escola Estadual Cícero Dias, Recife...... 138

Figura 38 - Usuários observados durante a aula, sentados de frente a lousa e ao professor, em aula expositiva...... 138

Figura 39 - Estudantes observados em aula dotada de recursos computacionais...... 139

Figura 40 - Satisfação dos estudantes com a escola que frequentam...... 141

Figura 41 - Gráfico de preferências quanto a características ambientais...... 143

Figura 42 – Mapa comportamental (sem escala) da sala de aula de biologia, destacando em amarelo – os setores mais utilizados ao centro, e em roxo – os setores menos utilizados, e os fluxos de entrada (em verde) ou de saída (em laranja)...... 146

Figura 43 - Vista frontal da sala, destacando o espaço para apresentações orais...... 146 Figura 44 – Mapa comportamental (sem escala) da sala de aula de Produção de Imagens, destacando em amarelo – os setores mais utilizados ao centro, e lateralmente nas mesas de desktops. Em roxo – os setores menos utilizados, e os fluxos de entrada (em verde) ou de saída (em laranja)...... 151

Figura 45 - Sala de aula de Produção de Imagens (a) Momento de atividade em dupla, nos desktops, (b) momento de aula expositiva junto a lousa...... 152

Figura 46 - Estudantes realizando a atividade de Brainstorming...... 155

Figura 47 - Representação esquemática do processo de Design...... 157

Figura 48 - Estudantes realizando a atividade de Maquete (a), Um dos resultados que mostra o desejo de uma área externa com árvores, fora da sala de aula (b)...... 158

Figura 49 - Um dos resultados mostrando o desejo do uso de ferramentas digitais sobre as mesas dos estudantes (a), Os armários e o acesso ao fundo da sala, uso de duas lousas, e janelas na parede para visualizar o corredor (b)...... 158

Figura 50 - Estudantes realizando a atividade de Maquete (a) e Um dos resultados que mostra o desejo de uma área mais confortável para leitura e convivência (b)...... 159

Figura 51 - Resultado de maquete que demonstra o formato da arrumação das mesas em meia lua (a), Solução apontada pelos estudantes para aula ao ar livre, em área coberta (b)...... 159

Figura 52 - Gráfico da associação entre realização de atiividades no ambiente e elaboração de diretrizes ergonômicas...... 161

Figura 53 - Proposta de nova relação área útil/ pessoa, desenvolvida nesta tese...... 165

Figura 54 - Concepção inicial do protótipo em planta baixa...... 165

Figura 55 - Concepção inicial do protótipo em corte transversal...... 166

Figura 56 - Layout Rotação de Estações...... 166

Figura 57 - Layout Atividades Expositivas...... 167 Figura 58 - Layout Atividades de Laboratório - mesas em fila...... 167

Figura 59 - Layout Atividades em grupo – mesas agrupadas em 5...... 167

Figura 60 – Estudo para o mobiliário individual - conjunto cadeira e mesa sob rodízios...... 168

Figura 61 - Estudos de mobiliário para leitura e estudo em grupo, em ambiente interno, e também externo...... 168

Figura 62 - Layout ampliação para Rotação de Estações...... 169

Figura 63 - Layout ampliado para Biblioteca...... 169

Figura 64 - Cenas dos vídeos produzidos para complementar o protótipo em realidade virtual...... 175

Figura 65 - Representação do protótipo em realidade virtual...... 175

Figura 66 - Gráfico resultante da avaliação sobre as soluções de layout e de mobiliário, alinhadas à flexibilidade necessária às múltiplas atividades da Educação Híbrida...... 185

Figura 67 - Gráfico resultante da avaliação das condições dos recursos tecnológicos e das adequações espaciais e de infraestrutura...... 185

Figura 68 - Gráfico obtido da avaliação da escolha de cores e dos materiais para parede, piso e mobiliário, se relacionando com um ambiente acolhedor, dinâmico e jovial...... 186

Figura 69 - Gráfico resultante da satisfação em relação ao espaço de trabalho do professor, e ao espaço junto à lousa...... 187

Figura 70 - Gráfico resultante da avaliação das condições de acomodação individual e guarda de pertences pessoais...... 188

Figura 71 - Gráfico resultante da avaliação sobre a percepção de adequação das estratégias de conforto adotadas para o protótipo...... 188

Figura 72 - Gráfico resultante da avaliação da forma do ambiente, e o favorecimento das condições visuais e auditivas do conteúdo...... 189 Figura 73 - Gráfico obtido das avaliações para os espaços secundários e de relax, de modo acessível e confortável, complementando os espaços principais...... 190

Figura 74 - Referências visuais da NBR 9050/2015 para os ajustes realizados quanto à acessibilidade...... 202

Figura 75 - Zoneamento Bioclimático Brasileiro...... 203

Figura 76 - Zonas delimitadas pela carta de Givoni (1992)...... 204

Figura 77 - Plantas baixas reconfiguradas após as contribuições dos avaliadores – Layouts simples (a) e layouts ampliados (b)...... 204

Figura 78 - Layouts para Rotação de Estações e Atividades de Laboratório...... 205

Figura 79 - Layouts para Atividades Expositivas e Atividades em Grupo...... 206

Figura 80 - Layouts ampliado para Biblioteca...... 207

Figura 81 - Layouts ampliado para Rotação de Estações...... 207

Figura 82 - Vistas internas do layout Rotação de Estações atualizado após contribuições das avaliações - (a) Vista para a lousa, (b) Vista para o fundo da sala, (c) Vista para o acesso principal...... 208

Figura 83 - Ilustração do mobiliário projetado para o Modelo Conceitual – (a) Conjunto de mobiliário para o professor e para armazenamento de mochilas e bolsas, (b) Conjunto de mesa acoplada em conjunto de 5 lugares, com tampo ajustável, e pés em rodízio, (c) Módulo de armário com 3 portas individuais...... 209

Figura 84 - Gráfico do processo de design desenvolvido e a evolução dos produtos gerados na tese...... 215

Figura 85 - Diagrama das aprendizagens e dos resultados obtidos no processo de DSR...... 220

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Comparativo entre as recomendações dimensionais para ambientes de sala de aula...... 51

Tabela 2 - Nível de Iluminância recomendada para escolas...... 78

Tabela 3 - Níveis de som para conforto acústico em ambientes escolares...... 80

Tabela 4 - Dimensionamento para mesas individuais para estudantes, por faixa de estatura, com destaque para as faixas 4, 5 e 6, que correspondem às estaturas encontradas em estudantes do Ensino Médio...... 84

Tabela 5 - Dimensionamento para cadeiras para estudantes, por faixa de estatura, com destaque para as faixas 4, 5 e 6, que correspondem às estaturas encontradas em estudantes do Ensino Médio...... 85

Tabela 6 - Dados físicos obtidos no ambiente analisado ...... 128

Tabela 7 - Dados físicos obtidos no ambiente analisado...... 144

Tabela 8 - Dados físicos obtidos no ambiente analisado ...... 149

Tabela 9 - Dados dimensionais do artefato para Layouts Conjugados...... 168

Tabela 10 - Dados dimensionais do artefato para Layouts Ampliação...... 170

Tabela 11 - Medidas de variabilidade obtidas para as questões avaliados pelos especialistas...... 191

Tabela 12 - Dados dimensionais do artefato para Layouts...... 206

LISTA DE QUADROS

Quadro 1- Mudança de paradigma educacional ...... 21

Quadro 2 - Síntese de características do DSR...... 98

Quadro 3 - Sequência metodológica do Design Science Research...... 98

Quadro 4 - Síntese da aplicação da MEAC...... 101

Quadro 5 - Descrição das etapas de projetação ergonômica...... 102

Quadro 6 - Síntese da triangulação de métodos utilizadas...... 108

Quadro 7 - Relação entre os objetivos específicos e os procedimentos da pesquisa...... 108

Quadro 8 - Análise das atividades do nível 1 no Liceo Statale D. l. Milani – Acesso e percurso em sala de aula...... 132

Quadro 9 - Análise do Nível 2 no Liceo Statale D. l. Milani - Realizar atividades de aprendizagem em sala de aula...... 133

Quadro 10 - Dados da satisfação dos estudantes com o ombiente vivenciado, no Liceo Statale D. l. Milani...... 135

Quadro 11 - Análise das atividades do nível 1 na sala expositiva Escola T. C. Dias – Acesso e percurso em sala de aula...... 147

Quadro 12 - Análise do Nível 2 na sala expositiva Escola T. C. Dias - Realizar atividades de aprendizagem em sala de aula...... 148

Quadro 13 - Análise das atividades do nível 1 na sala de informática Escola T. C. Dias – Acesso e percurso em sala de aula...... 152

Quadro 14 - Análise do Nível 2, na sala de informática Escola T. C. Dias - Realizar atividades de aprendizagem em sala de aula...... 153 Quadro 15 - Dados da satisfação dos estudantes com os ombientes vivenciados, na Escola T. C. Dias...... 155

Quadro 16 - Briefing para elaboração do Modelo Conceitual de Ambiente de Aprendizagem...... 160

Quadro 17 - Síntese de Requisitos Ambientais e Ergonômicos propostos para o Modelo Conceitual de Ambiente de Aprendizagem adequado ao blended learning...... 162

Quadro 18 - Conceitos geradores da proposta de Modelo Conceitual de Ambiente de Aprendizagem...... 163

Quadro 19 - Especificações Técnicas do Modelo Conceitual de Ambiente de Aprendizagem adequado ao blended learning...... 170

Quadro 20 - Descrição das cenas de atividades no Protótipo Virtual do Modelo Conceitual...... 175

Quadro 21 - Síntese das principais contribuições obtidas com usuários e especialistas...... 195

Quadro 22 - Síntese das modificações implementadas ao Modelo Conceitual, posterior a avaliação qualitativa e quantitativa...... 201

Quadro 23 - Especificações Técnicas modificadas após as contribuições dos avaliadores. .. 210

Quadro 24 - Síntese dos produtos gerados na tese e as aplicações práticas sugeridas pela pesquisadora...... 217

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 20

1.1 Problematização 25

1.2 Questões da tese 27

1.3 Objeto do estudo 28

1.4 Contexto da pesquisa, bases teóricas e metodológicas 29

1.5 Importância da pesquisa 32

1.6 Objetivos 33

1.6.1 Objetivo geral 33

1.6.2 Objetivos específicos 33

1.7 Limitações da pesquisa 33

1.8 Estrutura da Tese 34

2 REVISÃO DE LITERATURA 36

2.1 A Ambiência Escolar 38

2.2 Padrões construtivos consolidados em ambientes escolares no Brasil 46

2.3 Inovação em ambientes de aprendizagem 55

2.4 Parâmetros de qualidade, conforto e ergonomia em ambientes de

aprendizagem 71

2.4.1 Condições de Conforto Térmico 74

2.4.2 Condições de Conforto Lumínico 75

2.4.3 Condições de Conforto Acústico 79

2.4.4 Condições de mobiliário em salas de aula 82

2.4.5 Ergonomia do ambiente de aprendizagem 87

2.5 Resumo do Capítulo 92 3 REFERENCIAL TEÓRICO - METODOLÓGICO 95

3.1 Design Science Research 97

3.2 MEAC – Metodologia Ergonômica para o Ambiente Construído 100

3.3 Etapas de Projetação Ergonômica de Attaianese e Duca (2012) 102

3.4 Prototipagem e Avaliação 102

3.5 Resumo do Capítulo 104

4 MÉTODO DE PESQUISA 106

4.1 Locais da realização da pesquisa de campo 110

4.2 População e amostra da pesquisa 110

4.3 Procedimentos para a Etapa Observacional 111

4.4 Procedimentos para a Concepção e o Desenvolvimento do Modelo

Conceitual 114

4.5 Procedimentos para a Avaliação do Modelo Conceitual 117

4.6 Análise dos Resultados 118

4.7 Questões éticas 118

5 RESULTADOS PARCIAIS - SÍNTESE DOS DADOS OBSERVACIONAIS 120

5.1 Liceo Statale Don Lorenzo Milani, Nápoles 120

5.1.1 Caracterização do Liceo Statale Don Lorenzo Milani 120

5.1.2 Caracterização social de San Giavanni a Teduccio, em Nápoles, Itália 121

5.1.3 Dados obtidos através da Pesquisa Etnográfica 122

5.1.4 Dados obtidos através de Entrevistas e Questionários 124

5.1.5 Dados obtidos com a Identificação da Configuração Ambiental 127

5.1.6 Dados da Análise do Ambiente em Uso e Análise da Tarefa 129

5.1.7 Dados da Análise da Percepção do Usuário 134 5.2 Escola Técnica Estadual Cícero Dias, Recife 136

5.2.1 Caracterização da Escola Técnica Cícero Dias 136

5.2.2 Caracterização social de Recife, Brasil 137

5.2.3 Dados obtidos através da Pesquisa Etnográfica 137

5.2.4 Dados obtidos através de Entrevistas e Questionários 139

5.2.5 Sala Expositiva – Biologia 143

5.2.5.1 Identificação da Configuração Ambiental 143

5.2.5.2 Análise do Ambiente em Uso e Análise da Tarefa 145

5.2.6 Sala de Computadores – Técnincas de produção de Imagens 149

5.2.6.1 Identificação da Configuração Ambiental 149

5.2.6.2 Análise do Ambiente em uso e Análise da Tarefa 151

5.3 Dados obtidos com a Análise da Percepção do Usuário 154

6 RESULTADOS PARCIAIS - DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DO MODELO

CONCEITUAL 157

6.1 Concepção do Artefato 158

6.1.1 Design Briefing 158

6.1.2 Síntese dos Requisitos Ambientaos e Ergonômicos 161

6.1.3 Ideação 163

6.2 Projeto e Detalhamento do Artefato 164

6.2.1 Dimensionamento espacial 164

6.2.2 Resultado formal 165

6.2.3 Especificações técnicas geradas 170

6.3 Representação em Realidade Virtual 174

6.4 Avaliação do Artefato 176 6.4.1 Dados obtidos com a Avaliação Qualitativa 176

6.4.2 Dados obtidos com a Avaliação Quantitativa 184

6.4.3 Síntese das contribuições ao Modelo Conceitual 195

7 EVOLUÇÃO DO MODELO CONCEITUAL DE AMBIENTE DE

APRENDIZAGEM 201

7.1 Contribuições e ajustes ao Modelo Conceitual de Ambiente de

Aprendizagem 201

7.2 Finalização do Modelo Conceitual de Ambiente de Aprendizagem 204

7.3 Discussão sobre o processo de design e a obtenção dos produtos da tese 215

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS 218

8.1 Sobre os pressupostos e hipótese 218

8.2 Sobre a triangulação metodológica adotada 219

8.3 Sobre as respostas obtidas para as questões iniciais da tese 221

8.4 Sobre o atendimento aos objetivos da tese 223

8.5 Sobre o caráter prescritivo desta tese e sua aplicação prática 224

8.6 Sobre as limitações impostas à esta pesquisa 224

8.7 Sugestões de futuras pesquisas 225

REFERÊNCIAS 226

APÊNDICES 239 20

1 INTRODUÇÃO

Este capítulo está estruturado nos seguintes itens: 1.1 Problematização; 1.2 Questões da tese; 1.3 Objeto do estudo; 1.4 Contexto da pesquisa, bases teóricas e metodológicas; 1.5 Importância da pesquisa; 1.6 Objetivos; 1.7 Limitações da pesquisa; e, 1.8 Estrutura da tese.

Considerando o processo de ensino e aprendizagem um sistema complexo, sua estrutura define-se por uma metodologia, pelos atores e pelo ambiente de aprendizagem. No Brasil, são grandes os desafios para o pleno funcionamento do sistema de ensino. Em todos os níveis, desde o ensino infantil até o ensino superior, os cenários são carregados de dificuldades e entraves ao pleno exercício do ensino e do aprendizado.

Existe um grande descompasso entre o cotidiano dos atores, as atividades educacionais e os espaços de aprendizagem que compõe o sistema educacional brasileiro. A efervescente renovação dos métodos pedagógicos, especialmente com a adoção de novos recursos tecnológicos, encontra uma lacuna, uma falta de renovação, quanto à configuração dos espaços de aprendizagem. Na maioria das escolas brasileiras, ainda funciona o modelo prussiano, ou tradicional. Segundo Gomes e (2016, p. 39), este modelo funcionou muito bem na educação de gerações passadas, especialmente no pós-guerra, como reflexo de uma sociedade de produção e consumo. Entretanto, no contexto atual, este ambiente escolar, em que carteiras enfileiradas são dispostas de frente à lousa tradicional, não corresponde, em tecnologia, em conforto e em qualidade, às demandas das novas relações entre o ensino, a cultura digital, e os interesses dos jovens contemporâneos.

O Ensino Médio foi escolhido como foco desta pesquisa, pois é nesta fase que a escola começa a preparar os jovens para o mundo do trabalho, estimulando o pensamento crítico e as discussões sobre sobre a realidade existente. Os jovens estão aptos a elaborar melhor suas próprias opiniões, e fazer relações mais concretas entre o mundo da escola e o entorno fora dela. O formato tradicional do Ensino Médio no Brasil é alvo de diversas críticas, tanto pelos próprios jovens, quanto por especialistas em educação voltada para a contemporaneidade. As médias obtidas pelo Ensino Médio em avaliações 21

nacionais e internacionais estão em queda. Face a este insucesso, ganha força o discurso da necessidade de uma mudança curricular. Mesmo com a articulação e aprovação do Plano Nacional de Educação (PNE), no início dos anos 2000, as metas e estratégias para a política educacional não estão conseguindo alavancar o Ensino Médio brasileiro dos seus piores índices de avaliação desta década. É momento de abrir caminho para ampliar novas estratégias para o sistema de ensino no país, a fim de mudar o paradigma existente de escolas tradicionais moldadas por professores no centro do sistema, e conteúdos ministrados em tempos rígidos e salas inóspitas. É fundamental que o sistema de ensino esteja mais voltado à contemporaneidade, em que o estudante esteja no centro da sua própria aprendizagem, e que o ambiente da escola esteja preparado para essas transformações.

Cornell (2002) estudou diversos autores das décadas de 80 e 90 e compilou as principais mudanças no paradigma educacional tradicional, fruto de uma era industrial, para um novo momento, a era do conhecimento. Novas estratégias deveriam ser adotadas, e esta mudança resultaria em novos comportamentos, invariavelmente para uma maior liberdade e criatividade (Quadro 1).

Quadro 1- Mudança de paradigma educacional Da Era Industrial Para Era do Conhecimento Aprendizes passivos Aprendizes ativos Ensino direto Ensino facilitado Conhecimento revelado Conhecimento descoberto Saber explícito Saber explícito e tácito Saber é discreto Saber é incorporado Avaliações individuais Avaliações múltiplas Inteligência única Inteligências múltiplas Tecnologia através de instrutor Tecnologia ubíqua Sozinho Sozinho e em grupo Apenas em caso de necessidade A qualquer hora Conteúdo Conteúdo e processo Linear e planejado Planejado e caótico Fonte: Cornell, 2002

Essas mudanças nos levam a ideia de uma aprendizagem compartilhada, com amplo acesso à informação, em qualquer tempo, uma mudança profunda nos papeis desempenhados pelos professores e estudantes, a flexibilização de conceitos pré-estabelecidos. Moran (2015) reafirma a importância da inserção de novas tecnologias na educação por meio da adoção de um ensino híbrido, misturado, mesclado, blended. Moran (2015) define uma educação híbrida, ou blended learning como:

‘Educação misturada, que sempre existiu, combinou vários espaços, tempos, atividades, metodologias, públicos (...) Esse processo, agora, com a mobilidade e a conectividade, é muito mais perceptível, amplo e profundo: é um ecossistema mais 22

aberto e criativo. Podemos ensinar e aprender de inúmeras formas, em todos os momentos, em múltiplos espaços’.

Horn e Stalker (2015) também definem o termo ensino híbrido - que tomou corpo no início do século XXI, e combina o ensino on-line e tradicional da educação básica. Em todos os programas de ensino híbrido, os estudantes têm um pouco de sua aprendizagem via internet. Aprender on-line significa uma grande mudança instrucional do ensino basicamente presencial para aquele que utiliza instrução e conteúdo baseados na web, impulsionando a aprendizagem e a produtividade.

A descrição de híbrido também se aplica a tecnologias, que integram as atividades da sala de aula com as digitais, as presenciais com as virtuais, também pode ser um currículo mais flexível, que planeje o que é básico e fundamental para todos e que permita, ao mesmo tempo, caminhos personalizados para atender às necessidades de cada aluno. Híbrido também é a articulação de processos de ensino e aprendizagem mais formais com aqueles informais, de educação aberta e em rede. Implica misturar e integrar áreas, profissionais e alunos diferentes, em espaços e tempos distintos (MORAN, 2015).

Ressalto que a mudança começa pela mudança nos papeis de estudantes e professores, todos somos híbridos, seres numa sociedade em mudança, e cheia de contradições, moldados por uma cultura escolar em processo de autoconhecimento e reformulação. A própria denominação do ambiente escolar está em construção. No sistema atual, é comum encontrar-se a denominação - ambiente de ensino. Justificada pela necessidade de mudança de paradigma educacional para o ensino centrado no estudante, a denominação - ambiente de aprendizagem ganha maior significação, frente ao objetivo principal do ambiente, que é favorecer uma melhor aprendizagem. Assim, nesta Tese, o objeto da pesquisa é denominado de ambiente de aprendizagem.

A geração atual de estudantes - comumente chamados de Geração Z, são também conhecidos pelo termo ‘nativos digitais’, originalmente conferido por Marc Prensky (2001), nasceu rodeada de recursos e tecnologias digitais, com acesso a aparelhos de telefonia celular, computadores, videogames, e da internet. Para esses jovens, esses recursos são integrantes da sua rotina, e os utilizam como extensões de si mesmos, tendo sido absorvidas espontaneamente como hábitos, afetando a forma de pensar, agir e de se comunicar. Tais mudanças comportamentais percebidas nesses jovens chocam-se com o padrão de ensino e 23

aprendizagem tradicional. Não basta apenas possibilitar o acesso dos professores aos meios digitais, é necessário promover uma transformação significativa nas práticas pedagógicas. Deve haver uma mudança sistemática e profunda em todo o sistema de ensino, suas acomodações e suas práticas, passando intrinsecamente, pela discussão dos novos papéis que deverão assumir os professores e os estudantes.

Essa discussão também permeia a relação dos jovens e das crianças com a ambiência da escola. Noddings (2003) afirma que a satisfação dos estudantes prediz seu comportamento em relação ao envolvimento escolar, pois considera que a expressão de felicidade, satisfação escolar e educação estão intimamente ligadas. E argumenta que "as crianças aprendem melhor quando estão felizes" (NODDINGS, 2003). Existe, hoje, um distanciamento entre o projeto de estudo e o projeto de vida dos estudantes. Este pode ser o foco gerador do fracasso social do Ensino Médio em muitos países, que não conseguem formar para a atualidade, descolando-se gradativamente de todas as discussões e reformulações conceituais contemporâneas, que são de natureza da dinâmica social.

A cibercultura, ou cultura digital, estabelecida na contemporaneidade, coloca-se como a revolução comunicacional inerente à realidade atual. Por se tratar de um fenômeno sociocultural, a educação desponta como um dos pilares com mais legitimidade para proporcionar discussões sobre acesso à comunicação e interatividade. Como as escolas brasileiras estão se adequando a esta realidade?

Do ponto de vista dos espaços escolares, Sibilia (2012) detalha a evolução do conflito entre o confinamento das escolas e a inserção dos recursos digitais nos espaços escolares. Inicialmente os computadores foram inseridos nas escolas como novas ferramentas de trabalho, e permaneceram isolados dentro do formato espaço-temporal nas aulas de informática. Com o contínuo aperfeiçoamento dos computadores, hoje ocupam todos os lugares da vida cotidiana, sejam celulares, laptops ou tablets. O crescimento exponencial, tomado pela capacidade de comunicação em rede, conectando as pessoas através da internet, vem ameaçando o padrão secular das escolas tradicionais, confortavelmente dotadas de uma predefinição dos limites de tempo e espaço e, principalmente, dos métodos educativos.

Para Sibilia (2012), uma escola que não forma cidadãos para a recepção e utilização crítica das Tecnologias Midiáticas e Digitais de Informação e Comunicação (TMDICs) é a maior contradição 24

existente no sistema educacional, já que novas gerações de estudantes deixam a escola sem qualquer preparação para realizar, de forma reflexiva e critica, as atividades as quais dedicam um maior número de horas: assistir televisão, navegar na internet, ou até mesmo, brincar com jogos eletrônicos.

De modo geral, as instituições escolares mais inovadoras procuram ir além das questões meramente tecnológicas. Procuram integrar dimensões importantes no seu projeto político- pedagógico, tais como: enfatizar o projeto de vida de cada aluno, valorizar competências de conhecimento e também socioemocionais, e equilibrar aprendizagens individuais e em grupo, respeitando o ritmo de cada aluno, sem disciplinas rígidas, com integração de tempos, de conteúdo e de espaços (MORAN, 2015).

As soluções para as inúmeras questões que envolvem a aprendizagem, frente aos motivos de dispersão e desinteresse dos estudantes, passam principalmente pela necessidade de que os sujeitos se tornem os protagonistas do seu próprio processo de ensino e aprendizagem, e que o currículo atenda a uma trajetória mais autônoma da formação dos jovens. Essas medidas refletiriam numa mudança global do sistema de ensino, avançando para uma reconfiguração dos ambientes escolares, fundamentais para conceber uma escola relacionada com a formação de seu tempo.

Numa escola contemporânea, alinhada com a cultura de seu tempo, aqui não falamos de futuro, mas sim, de situações do tempo corrente, é preciso reavaliar a configuração dos ambientes de aprendizagem.

Os sujeitos pensam e agem com cabeças digitais, e segundo Bauman (2008) levam a vida social eletronicamente, não mais como uma opção, mas como uma necessidade. Os tempos, os espaços, a autoridade, a hierarquia, a centralidade da ação docente são alguns dos diversos elementos que compõem o cotidiano escolar (SOARES & PETERNALLA, 2012, p. 9), e que precisam ser discutidos e remodelados, frente às mudanças sociais existentes.

Diante do exposto, esta tese abordou a adequação do ambiente físico de aprendizagem às práticas educativas com blended learning, e as adequações necessárias que devem ser realizadas para uma melhor adaptação do espaço construído a estas atividades, às necessidades e aos anseios dos usuários. O contexto deste estudo considerou análises 25

ergonômicas de ambientes de aprendizagem onde se praticam metodologias educacionais com blended learning, para que, como produto desta tese desenvolver, apresentar e avaliar um Modelo Conceitual de ambiente de aprendizagem adequado à tais práticas.

1.1 Problematização

Para entender a importância do espaço construído nas atividades de aprendizagem, é importante considerar a complexidade das relações humanas à luz de outras ciências, que envolvam a adequação dos espaços construídos, como a Psicologia Ambiental, a Ergonomia Cognitiva e a Ergonomia Física que influenciam na adequação dos espaços ao desenvolvimento do trabalho que será realizado nele (CRUZ, 2006). Malard (2006, p.26) aponta que ser humano e espaço são entidades indissociáveis no mundo, conforme Heidegger (1962) afirmava ao discutir a essência do ser, descrevendo-o como ‘ser- no-mundo’. A espacialidade é parte integrante da natureza do ser. O ser é espacial. O espaço é, portanto, constitutivo da natureza humana, pertence a essência do ser. Ele não é apenas funcional, racional ou simbólico. Sendo existencial ele é tudo isso, pois incorpora as necessidades, expectativas e desejos que fazem parte da existência humana. Merleau-Ponty (1971) também aponta que o espaço não é uma categoria apartada das coisas, mas um mediador de suas existências, uma condição preliminar para que as coisas sejam dispostas e conectadas, para que as coisas façam sentido. Isso implica numa relação de reciprocidade, nem as coisas podem ser compreendidas sem a noção de espacialidade, nem esta faz sentido fora de sua relação com as coisas. Levando a discussão para o ambiente da escola, diversas correlações podem ser estabelecidas no contexto da atualidade. As discussões sobre conectividade, relação usuário – atividades – espaço, e percepção/satisfação espacial perpassam a contemporaneidade, pois se considera que o indivíduo produz o espaço correspondente à sua compreensão de tempo, sendo o reflexo e expressão de um modo de viver e de uma cultura. Um ambiente construído engloba as espacializações, as configurações arquitetônicas, reflexos da tradição cultural e das práticas contemporâneas da comunidade que o habita. É visível a necessidade de reconfiguração dos ambientes de aprendizagem para que estejam compatíveis com as atualizações tecnológicas e a efetiva aplicação de parâmetros projetuais 26

mínimos de qualidade ambiental. Esta carência distancia o sistema educacional do Brasil de outros países mais avançados na questão da qualidade do ambiente escolar. Dentre inúmeros pesquisadores, Kaup, Kim e Dudek (2013) estudaram o planejamento de estratégias de espaços de aprendizagem e concordaram com Chan e Richardson (2005) que o desempenho do estudante na escola sofre impactos relativos à qualidade do edifício e dos ambientes internos de aprendizagem. Concordo também com Powell (2015) que as ações de adaptações ao uso dos espaços de aprendizagem impactam no aluno quanto à atenção e à apreensão dos conteúdos e na qualidade da relação professor e estudante. O ambiente exerce influência nos estudantes, estimulando-os, acolhendo-os, ou repelindo-os, enfim, causando sensações positivas e, às vezes, negativas, que implicam diferentemente pessoa a pessoa, assim como a influência das interações sociais que ocorrem no grupo ao qual pertencem. Embora a escola não constitua a única maneira de proporcionar aprendizagem, e, por isso, o aprendizado dos estudantes depende em larga medida dos seus capitais culturais, ou seja, daquilo que trazem de casa e de seus contextos de socialização, é fundamental considerar a importância do papel exercido pela escola, no desempenho dos estudantes. As discussões sobre inovação em ensino abordam novas metodologias, novas tecnologias de ensino e de aprendizagem, redefinição dos papeis de professores e também de estudantes, mas o sentimento geral é de que a infraestrutura, o conforto e ergonomia dos ambientes de ensino deixam muito a desejar, mesmo em se tratando do ensino tradicional. As propostas de educação híbrida, como concepções possíveis para a inserção de novas tecnologias digitais na cultura escolar contemporânea, enfatizam que não é necessário abandonar o que se conhece até o momento para promover a inserção de novas tecnologias em sala de aula. Não há necessidade, nem capacidade suficiente no Brasil para uma ruptura brusca no sistema educacional, mas pode-se aproveitar “o melhor dos dois mundos” (Bacich et al., 2015). Diante desta problemática, esta tese se apropria desta discussão, para inserir os pressupostos e a hipótese a seguir:

Pressupostos Pressupõe-se que o ensino é um sistema, formado por uma metodologia, pelos usuários – professores e estudantes – pelas atividades desempenhadas, e pelo ambiente físico de aprendizagem. 27

O ambiente é um componente importante deste sistema, impactando na qualidade do desenvolvimento cognitivo e no comportamento dos estudantes, e contribuindo para o sucesso da aprendizagem. Visualiza-se uma desatualização da configuração de ambiente de aprendizagem existente, frente a renovação tecnológica dos métodos educacionais, principalmente quanto aos que utilizam estratégias de educação híbrida, ou blended learning. Entre os problemas que envolvem a questão, fatores como inovação, infraestrutura, tecnologia, flexibilização e alinhamento cultural são componentes que devem estar direcionados para o engajamento dos estudantes em seu próprio aprendizado.

Hipótese Para a maior eficiência de ambientes de aprendizagem com blended learning deve haver adoção de um novo modelo de ambiente dotado de inovações tecnológicas, associada à maior flexibilização do espaço e à maior autonomia dos usuários, para personalizar e adaptar o ambiente e seus recursos.

Considerando que em estudos qualitativos, a hipótese do trabalho assume caracteristicas gerais, amplas, flexíveis ou contextuais, e adapta-se aos dados e às mudanças no decorrer da pesquisa (Sampieri et al., 2013), não houve a necessidade de realizar teste estatístico de hipótese. Entretanto, quando da discussão das Considerações Finais, no Capítulo 8, tanto a hipótese quanto os pressupostos foram respondidos, confrotando-os aos resultados obtidos na tese.

1.2 Questões da tese

Algumas questões se colocam como fundamentais para compreender de que maneira o espaço pode contribuir para a implementação de estratégias de ensino, favorecendo a participação ativa do aluno em seu próprio processo de aprendizagem. Assim, esta tese pretende discutir as seguintes questões: 28

1. Quais conceitos de ambiente são fundamentais para promover a satisfação dos usuários, num ambiente de aprendizagem para blended learning? 2. Qual a percepção dos usuários (estudantes e professores) sobre os ambientes de aprendizagem que utilizam? 3. Como seria um ambiente de aprendizagem adequado a atividades educativas com blended learning? Como as escolas têm se adaptado a essa nova realidade?

1.3 Objeto do estudo

Foram aprofundadas as questões relativas à configuração e às especificidades do espaço de aprendizagem, onde são desenvolvidas metodologias educacionais com blended learning, considerando que o espaço produzido (contexto espacial) é delineado para uma atividade- fim, de acordo com um contexto social e cultural que se expressa por meio deste. Para compreender tais contextos, são explicitadas as seguintes definições:

• Contexto social - O meio no qual o indivíduo vive, cresce, expressa-se, e se relaciona com os amigos e com os demais, interagindo de maneira imediata com o outro; • Contexto cultural - O processo de construção onde estão inseridas as visões de mundo, os estilos, as histórias, as expressões e os símbolos usados por um grupo social, ou seja, seus conceitos e conhecimentos que são transmitidos às novas gerações (Tezani, 2004); • Contexto espacial – A atividade aprendizagem como parte de um sistema, realiza-se num espaço físico, que envolve, acolhe e abriga os indivíduos. É condição preliminar para que as coisas sejam dispostas e conectadas, para que as coisas façam sentido, ou existam.

Para compreender o contexto social e cultural, a condução da pesquisa de campo foi iniciada por uma abordagem etnográfica. As interações ocorridas na escola fazem parte de um contexto repleto de significados culturais que devem ser considerados. Para compreender o contexto espacial, onde são realizadas as atividades de aprendizagem, foram utilizadas análises ergonômicas das atividades desenvolvidas no ambiente de aprendizagem. Foram 29

analisados os fatores: usuário – atividade – ambiente, em pleno funcionamento. Esta análise permitiu compreender as três categorias a seguir:

• Usuários: Estudantes e professores – suas necessidades, desejos e percepções; • Trabalho (Atividades): Tarefas, rotinas e situações próprias da aprendizagem e da interação dos usuários - professores e estudantes; • Ambiente: Local de aprendizagem - condições físicas, mobiliário, layout, ferramentas e tecnologias disponíveis.

Nas fases de Concepção, Projeto e Avaliação do Modelo Conceitual, os contextos sociais e culturais, bastante analisados na etapa observacional, subsidiaram a maior ênfase dada ao contexto espacial resultante do desenvolvimento do Modelo Conceitual de Ambiente de Aprendizagem. Os produtos desenvolvidos nesta tese foram majoritariamente direcionados ao contexto espacial, pois consideraram especificações técnicas para o ambiente de aprendizagem, e as representações bi e tridimensionais.

1.4 Contexto da pesquisa, bases teóricas e metodológicas

Do ponto de vista teórico, este estudo foi elaborado tomando bases interdisciplinares. Para a compreensão dos desafios contemporâneos dos sistemas educacionais, utilizou-se das abordagens de Sibilia (2002) e Gomes e Silva (2016) que confluem para a derrubada do paradigma da sala de aula tradicional, onde o professor é o provedor do conhecimento, restando ao aluno apenas receber as informações. Complementando a abordagem sobre a metodologia educacional estudada, foi construída baseada em Bacich et al. (2015) e Horn e Staker (2015) para caracterização de todo o contexto e a aplicação da metodologia blended learning, ou Ensino Híbrido.

Do ponto de vista da compreensão do usuário frente ao espaço circundante, foram fundamentais a compreensão da teoria de Heidegger (1962), Merleau-Ponty (1971) e Malard (2006) que convergem para a indissociabilidade entre indivíduo, espaço e os demais elementos existentes no mundo.

Do ponto de vista metodológico, foi importante estruturar esta pesquisa sob uma abordagem 30

baseada em Design Science Research, associada a análises ergonômicas dos ambientes de aprendizagem. Design Science refere-se a um conhecimento sobre como projetar, ocupa-se do projeto, procura desenvolver e projetar soluções para melhorar sistemas existentes, resolver problemas, ou ainda, criar novos artefatos que contribuam para uma melhor atuação humana, seja na sociedade ou nas organizações. Tem sido desenvolvida, baseado nas publicações de Simon (1996), Venable (2006), Van Aken (2011), e, mais recentemente, em Dresch (et al. 2015), entre outros.

Esta tese assume um desenho qualitativo para assim compreender e se aprofundar nas questões da pesquisa. A complexidade do objeto de estudo e a necessidade da compreensão das práticas e dos sujeitos nos espaços analisados, assim como a necessidade de avaliar a satisfação de usuários e de especialistas sobre o Modelo Conceitual gerado na tese, foram critérios determinantes para escolha do método qualitativo. Segundo Sampieri et al. (2013), o foco de uma pesquisa qualitativa é compreender e aprofundar os fenômenos que são explorados a partir da perspectiva dos participantes em um ambiente relacionado com o contexto estudado.

Ainda sob a premissa de um desenho qualitativo, o modelo conceitual apresentado foi desenvolvido de maneira participativa, junto à usuários. Buscou-se aproximar o estudo da realidade observada em duas escolas de Ensino Médio, para desenvolver inovações em projetos de ambientes de aprendizagem adequados ao uso de novas tecnologias educacionais. Segundo Sampieri et al. (2013), a formulação de objetivos qualitativos é orientada a apreender com experiências, e com os pontos de vista dos indivíduos, avaliar os processos e gerar teorias fundamentadas nas perspectivas dos participantes. Essa definição combina-se aos objetivos prescritivos definidos para as abordagens do DSR, de gerar inovação em processos, sistemas, ambientes e arfefatos.

Do ponto de vista prescritivo, sendo o objetivo geral desta tese de desenvolver um Modelo Conceitual de Ambiente de Aprendizagem, adequado a práticas educacionais com blended learning, coube a este trabalho compreender a função dos modelos teóricos, ou conceituais. Segundo March e Smith (1995) modelos são conjuntos de proposições que expressam as relações entre constructos, entendidos com um vocabulário de um domínio, usados para 31

descrever e pensar sobre as tarefas. Modelos também podem ser entendidos como uma descrição, em que os elementos componentes são claramente definidos. A maior preocupação da DSR com os modelos está em estabelecer condições de capturar a estrutura geral da realidade, buscando assegurar a utilidade dos modelos gerados (DRESCH et al., 2015).

O desenvolvimento do Modelo Conceitual de Ambiente de Aprendizagem foi concebido por meio da triangulação de métodos. Como método central, o Design Science Research (DRESCH et al., 2015) conduziu o processo de estudo e desenvolvimento da tese, e foi complementado com métodos ergonômicos de análise e de projetação do ambiente construído: Metodologia Ergonômica para o Ambiente Construído - MEAC (VILLAROUCO, 2009; 2011); e, as etapas de projetação ergonômica propostas por Attanaiese e Duca (2012). Isto possibilitou que os produtos resultantes da tese fossem direcionados a aplicações práticas, direcionados à profissionais de Arquitetura, Ergonomia e Design de Interiores que estejam envolvidos em trabalhos de (re)configuração de ambientes escolares. Do mesmo modo, também se pensou em contribuir com o trabalho de gestores do sistema educacional, por meio da elaboração de especificações técnicas que pudessem ser exigidas em eventuais orçamentações, projetos arquitetônicos terceirizados e termos de referências para obras de escolas novas ou em vias de reforma.

Do ponto de vista da análise espacial, as abordagens ergonômicas realizadas avaliaram a adequação deste ambiente às atividades de aprendizagem desenvolvidas, e aos anseios destes usuários. Buscaram-se respostas antecipadas aos problemas de um processo projetual aquém dos critérios ergonômicos necessários ao exercício das atividades de aprendizagem. As respostas obtidas indicaram diretrizes, especificações e configurações espaciais inovadoras para orientar outros projetos de ambientes de aprendizagem, a fim de que sejam melhor adequados ao ensino centrado no estudante, e ao ensino enriquecido com novas tecnologias. Os aspectos de ergonomia em ambientes tangenciam-se às questões de desempenho e de conforto ambiental, portanto, estas questões também foram consideradas nas fases de análise observacional e em etapas propositivas.

Como síntese desses conhecimentos, e a triangulação dos métodos citados, foi determinante para gerar um modelo conceitual de ambiente de aprendizagem, adequado a metodologia 32

blended learning, no qual a participação dos usuários foi parte fundamental do seu desenvolvimento.

1.5 Importância da pesquisa

A primeira contribuição desta tese é reforçar a teoria de que o ambiente de aprendizagem impacta no comportamento e no engajamento do estudante no seu próprio processo de aprendizagem, e que a adoção de estratégias educacionais mais autônomas e criativas estão intimamente ligadas a ambientes de ensino mais flexíveis. A tese defende a importância da correlação dos elementos usuário – atividade – ambiente, numa abordagem sistêmica e ergonômica do trabalho. Assim, a atividade aprendizagem com blended learning se adequa a esta análise, e constitui o foco principal desta pesquisa.

Diante da impossibilidade de esgotar a temática, focou-se na contextualização do tema quanto às contribuições no âmbito do Design e da Ergonomia do Ambiente Construído, para o desenvolvimento de ambientes de aprendizagem de melhor qualidade e adequação tecnológica. Esta tese assume uma postura científico prescritiva, pois se propõe a elaborar um modelo conceitual de ambiente de aprendizagem, utilizando da associação de três métodos - Design Science Research - DSR, a Metodologia Ergonômica para o Ambiente Construído – MEAC, e as etapas de projetação ergonômicas desenvolvidas por Attaianese e Duca (2012). As prescrições resultantes desta tese visam a renovação dos critérios técnicos para especificação, e o projeto de ambientes de aprendizagem preparados para um modelo educacional centrado no estudante, que, certamente, acontecerá por meio da inserção de novas tecnologias e linguagens ao processo de aprendizagem, das quais a metodologia blended learning, ou Educação Híbrida se destaca como das mais inovadoras.

Uma terceira contribuição é permitir que usuários possam participar ativamente, desde o início, no processo de concepção do Modelo Conceitual de Ambiente de Aprendizagem, registrando esta participação como estratégia projetual no campo do Design de interiores. E, complementar o estado da arte sobre ambientes de aprendizagem, numa abordagem atualizada. 33

1.6 Objetivos

1.6.1 Objetivo geral

O objetivo principal da tese é desenvolver um Modelo Conceitual de Ambiente de Aprendizagem para a metodologia educacional blended learning, considerando a participação dos usuários (professores e estudantes) num processo de design participativo.

1.6.2 Objetivos específicos

• Estudar as práticas das metodologias ativas de aprendizagem, as inovações em ambientes de aprendizagem e os anseios das novas gerações de estudantes em Escolas de Ensino Médio;

• Conceber conceitos para um ambiente de aprendizagem adequado a metodologia blended learning, utilizando estratégias projetuais de design participativo e de ergonomia do ambiente construído;

• Gerar produtos para avaliar a eficiência do Modelo Conceitual de ambiente de aprendizagem elaborado, junto a usuários e especialistas.

1.7 Limitações da pesquisa

Esta tese se limita a realizar dois estudos de caso em ambientes de aprendizagem de escolas do Ensino Médio, sendo um no Brasil e o outro na Itália, onde já sejam utilizados recursos tecnológicos de ensino e aprendizagem, nos moldes de uma educação híbrida. A seleção das escolas participantes da etapa observacional foi feita por condições de acesso da pesquisadora. A pesquisa se preocupou em analisar inicialmente os aspectos culturais e sociais dos usuários dos ambientes de aprendizagem dessas escolas. Posteriormente, e em detalhes, analisou-se os aspectos ergonômicos dos mesmos ambientes de aprendizagem.

Esta tese não avaliou o desempenho de outros ambientes dentro das edificações escolares, tais como: espaços de convivência, de refeições, e administrativos das escolas estudadas, pelo fato de considerar de maior importância para as questões elaboradas, a configuração espacial interna dos principais ambientes de aprendizagem. 34

A pesquisa também se limitou a considerar os usuários ativos dos ambientes de ensino – professores e estudantes. Não foram envolvidos pais, diretores, colaboradores internos ou externos, ou outros funcionários das escolas participantes.

O desenho da tese é majoritariamente qualitativo, as amostras populacionais foram delimitadas por saturação de dados, e não por critérios probabilísticos. Uma parte da análise de dados foi feita por critérios quantitativos, a fim de obterem-se dados mais precisos sobre a satisfação de especialistas acerca dos aspectos técnicos do Modelo Conceitual, entretanto, as análises utilizaram apenas ferramentas de estatística descritiva.

1.8 Estrutura da Tese

A tese está organizada em oito capítulos. O primeiro capítulo é denominado Introdução. Este capítulo apresenta o tema e sua importância, assim como, as questões relevantes para a pesquisa, a delimitação do objeto de estudo, os objetivos a serem atingidos, os contextos teóricos e metodológicos, a importância e as limitações da pesquisa.

O segundo capítulo é denominado Revisão de Literatura. Neste item é descrito o Estado da Arte sobre ambiência escolar, padrões construtivos consolidados em ambientes escolares no Brasil, inovação em ambientes de aprendizagem, e parâmetros de qualidade, conforto e ergonomia em ambientes de aprendizagem. O terceiro capítulo trata do Referencial Teórico desta tese, que é baseado em Design Science Research (DRESCH et al., 2015) e em métodos de análise e de projetação ergonômicas para o ambiente construído. O quarto capítulo é denominado Método de Pesquisa, e descreve as técnicas e ferramentas utilizadas para coleta e análise de dados.

Os primeiros resultados do processo de Design estão organizados entre os capítulos quinto e sexto. O quinto capítulo reúne a Síntese dos Dados Observacionais de cada escola avaliada, baseados nas análises dos seus contextos sociais, culturais e espaciais. O sexto capítulo trata da Concepção, do Desenvolvimento, da Representação em Realidade Virtual e da Avaliação do Modelo Conceitual elaborado nesta tese. 35

O sétimo capítulo descreve os resultados finais do processo de design, ou seja, a Evolução do Modelo Conceitual, a partir da incorporação das modificações e dos ajustes sugeridos após as avaliações. Finalmente, o oitavo capítulo aborda as discussões sobre as Considerações Finais da tese. São retomados os pressupostos, os objetivos e as questões iniciais da pesquisa. Estes pontos de partida são discutidos frente aos resultados encontrados e, além disso, são feitas sugestões de pesquisas futuras. 36

2 REVISÃO DE LITERATURA

Neste capítulo está descrito o estado da arte sobre ambientes de aprendizagem. E, está estruturado nos seguintes itens: 2.1 A ambiência escolar; 2.2 Padrões construtivos consolidados de ambientes escolares no Brasil; 2.3 Inovação em ambientes de aprendizagem; 2.4 Parâmetros de qualidade, conforto e ergonomia em ambientes de aprendizagem; 2.5 Resumo do Capítulo.

O espaço físico da escola representa a estrutura social, na qual está imersa e a qual a suporta, permitindo seu funcionamento. Também representa seus significados simbólicos, possibilitando uma ampla variedade de experiências e aprendizado sobre o mundo. O conteúdo do desenvolvimento infantojuvenil não pode ser pensado separadamente da estrutura do desenvolvimento.

O espaço físico pode facilitar a aprendizagem e, até mesmo, dificultar a aprendizagem (NAIR, 2014). Essas implicações ocorrem de modo direto, por algum agente físico – barulho, número de pessoas, condições de conforto, etc., e também simbolicamente – estímulos sensoriais percebidos pelos estudantes, a depender do clima social propiciado pela instituição de ensino.

O ambiente construído e seus efeitos afetam o clima social da escola em duas perspectivas:

1. Através do professor – quanto mais alta a qualidade do ambiente na escola, melhor é a sensibilidade e a cordialidade do professor com as crianças, encorajando-as a escolhas autônomas de atividades, e ensinando-as a respeitar a si mesmas e aos demais; 2. Através do estudante – se o estudante classifica o ambiente, ou a manutenção da sala de aula como ruim, como uma falha institucional, a dinâmica social entre os colegas e seus professores pode ser negativa. Do contrário, quando os estudantes sentem pertencer a escola, e que são respeitados, tendem a se comportar melhor e interagir mais amigavelmente com seus pares e professores (NAIR, 2014). 37

Para Rubem Alves (2012), nas escolas do Brasil, o cotidiano escolar é muito previsível: nas salas de aula, os professores ensinam a matéria prevista nos programas, e as crianças seguem aprendendo. Em intervalos regulares soa uma campainha, sabe-se que vai haver uma mudança, muda-se de matéria, frequentemente muda-se de professor, pois há professores de matemática, de geografia, de ciências, etc., cada um ensinando a disciplina de sua especialidade.

Esse pensamento trata do tradicional modelo de ensino focado no professor, originário do séc. XVIII. Segundo Gomes e Silva (2016), esse modelo prussiano de ensino trazia nas suas estruturas escolares salas de aula em formatos rígidos, hierárquicos e focados em uma ótica de controle, numa tendência pedagógica tradicional e tecnicista. Hoje, é compreendido como obsoleto e limitado, pois não contribui para o desenvolvimento pleno dos estudantes, em suas habilidades e necessidades, nem para a construção de um ser crítico e criativo, participante de um mundo global e dinâmico.

Os desafios da educação brasileira exigem reformas importantes, novos investimentos financeiros e também em capital humano. De acordo com o Censo Escolar, de 2015, pouco mais de 8 milhões de estudantes estavam matriculados no Ensino Médio no Brasil, incluindo jovens de 15 a 17 anos. O número está em queda desde o início desta década, preocupando o Ministério da Educação quanto a medidas e investimentos necessários para proporcionar maior atratividade, e a manutenção dos jovens na escola.

A melhoria no sistema de ensino não será possível sem uma massiva mudança na formação e na atualização dos professores e gestores educacionais, a fim de equiparar as discrepâncias entre o ensino público no Brasil, fraco e analógico, ao ensino público de países mais desenvolvidos, voltados para maior flexibilização e compartilhamento de conteúdo, e personalização das formas de aprendizagem.

Diante de um projeto de reforma em discussão no Governo Federal, desde 2013, o MEC lançou em setembro de 2016 um programa de reforma do Ensino Médio, que tem efeito imediato, mas questiona-se sua real aplicação apenas no início de 2018. Recebido com polêmica pela sociedade, Della Barba (2016) aponta para alguns pontos polêmicos da reforma: flexibilização 38

do currículo – o aluno terá possibilidade de optar por disciplinas de acordo com suas aptidões; ampliação da carga horária de 800 para 1.400 horas; aprovação por medida provisória com pouco debate na sociedade; pouco detalhamento da proposta quanto a custos e prazo para início da aplicação das mudanças.

É inegável que a flexibilização do currículo e aumento de carga horária são importantes para atualização do Ensino Médio, entretanto, a crise econômica que o país enfrenta e as limitações de gastos públicos se configuram como barreiras para a implantação de melhorias em infraestrutura.

Este capítulo se preocupa em caracterizar a escola, essencialmente sobre o ambiente de aprendizagem, em relação ao seu cotidiano e a sua ambiência. A sequência do texto segue uma abordagem evolutiva, e mostra as inovações que vem transformando o principal espaço de apreensão de conhecimento formal das pessoas ao longo dos últimos anos. Destaque importante é dado a inserção de metodologias ativas de aprendizagem, que usam de recursos tecnológicos e da internet, como catalizadores de aprendizagem. Para tanto, as seções a seguir irão discorrer sobre a ambiência escolar, padrões construtivos consolidados em ambientes escolares no Brasil, inovações em ambientes de aprendizagem, e parâmetros de qualidade, conforto e ergonomia em ambientes de aprendizagem.

2.1 A Ambiência Escolar

Os jovens brasileiros, com idade entre 15 e 17 anos, enfrentam os desafios de um cenário econômico e social carregado de dificuldades e entraves ao pleno exercício do aprendizado, dadas as disparidades na qualidade e na constância dos serviços educacionais oferecidos, principalmente quando se compara as condições do ensino público e do privado. As disparidades podem tornar-se maiores ao se comparar as condições do ensino no Brasil, com resultados obtidos em outros países mais avançados em metodologias e novas tecnologias educacionais.

Nenhuma das metas do Plano Nacional de Educação tem levado adiante a questão da efetiva inserção de novas tecnologias nos processos de ensino e aprendizagem no país. Esta questão tangencia as discussões, mas não compõe o escopo principal da questão educacional no Brasil, 39

que implica em mudanças essenciais metodológicas, nas relações sociais dentro de salas de aula e da própria configuração do ambiente de aprendizagem. A necessidade de reformulação dos processos de ensino e aprendizagem não é mais uma novidade, pois vem sendo discutida há mais de trinta anos. Tenta-se reformular todo o dispositivo que cerca a transmissão de conhecimento, a distribuição de carteiras na sala, o redesenho do mobiliário e do espaço arquitetônico, até o vocabulário relativo a aprendizagem.

O formato de ensino de instituições dos séculos XIX e XX, que tipifica os espaços coletivos de formação - escola, fábrica e prisão, já não são mais compatíveis com as necessidades sociais e pedagógicas das novas gerações de estudantes e, também, de novos professores que já vivenciam as tecnologias digitais em seu cotidiano. Rubem Alves, educador, teólogo e pedagogo brasileiro questionou o engessamento do modelo educacional brasileiro, ao longo de sua trajetória docente. Em seu livro ‘A escola que sempre sonhei, sem imaginar que pudesse existir’, afirmou:

‘Nossas escolas são construídas segundo o modelo das linhas de montagem. São organizadas segundo coordenadas espaciais e temporais. As coordenadas temporais são denominadas salas de aula. As coordenadas temporais são denominadas anos ou séries.’ (ALVES, 2012, p. 38)

A ambiência escolar vai além da composição dos espaços com características físicas e construtivas. Ela se constitui pelo estabelecimento de relações ambientais e interpessoais, dentro de uma cultura, capazes de contribuir no processo de ensino e aprendizagem dos estudantes. Sanoff (2001) afirma o papel definidor do espaço físico na relação entre a escola e o aluno:

“O espaço físico (...) tem o poder de organizar e promover relações entre pessoas de diversas idades, promover mudanças, escolhas e atividade e (...) potencial de despertar diferentes tipos de aprendizado social, cognitivo e afetivo”.

Taralli (2004) compartilha desta opinião e afirma que as condições espaciais também qualificam as relações estabelecidas:

“Trata-se do desenvolvimento de relações interpessoais, responsáveis pela construção de vínculos sociais e culturais marcantes e que podem ser facilitados ou não a configuração espacial.” 40

Kowaltowski (2011, p. 15) relata como as dinâmicas sociais moldaram as formas e os espaços das escolas, em cada momento político e histórico. Devemos compreender que o ambiente escolar é imbuído de aspectos sociais, ambientais e construtivos de maneira indissociável. Portanto, não há como desvincular o ensino e a pedagogia do espaço escolar, o espaço é dinâmico e como tal deve ser investigado.

Para Gifford (1976), o indivíduo é o grande modelador do ambiente natural na busca pelo conforto, mas também é modelado pela sua criação. Sommer (1972) concorda com Gifford (1997) ao recomendar que os usuários devem participar da evolução do processo de projeto, principalmente em edificações de uso público. Essas iniciativas podem gerar uma percepção ativa do ambiente físico – (environmental awareness), gerando maior comprometimento entre usuário e ambiente. E na infância, a interação da criança com o ambiente é uma forma de estimulação cognitiva e apreciação afetiva em relação ao local.

Dada esta complexidade, clarifica-se a concepção de que a discussão sobre padrões de qualidade em escolas não pode se restringir a uma única abordagem teórica-científica, seja esta de ordem arquitetônica, pedagógica ou social. É necessário abordar a questão, sob uma ótica multidisciplinar, que inclua reflexões complementares sobre os elementos envolvidos no processo educativo: o aluno, o professor, a área de conhecimento, as teorias pedagógicas, a organização de grupos, o material de apoio e a escola como instituição e lugar.

Deliberador (2010, p.18) define que o ambiente físico escolar é, por essência, o lócus principal do desenvolvimento do processo de ensino/aprendizagem. A edificação escolar, em todos os seus aspectos, expressa, acolhe, ensina e socializa o estudante e os grupos sociais que se formam na sua espacialidade e ambiência, acompanhando os indivíduos no seu processo de aprendizagem e amadurecimento.

Libâneo (2001) propunha que a escola fosse lugar de síntese entre a cultura experimentada, que acontece numa cidade, nos meios de comunicação e muitos outros aportes culturais, e a cultura formal. Em parte, isso já ocorre espontaneamente nas escolas, pois a vida cotidiana invade as discussões formais dos conteúdos em sala de aula. Libâneo (2001) concorda com Colom Cañellas (1994) em definir a escola como o espaço onde os estudantes aprendem que 41

podem atribuir significados às mensagens e informações recebidas das mídias e formas de intervenção educativa.

A escola de hoje já é este espaço de síntese, em que temas veiculados na TV e nas redes sociais vão sendo naturalmente inseridos para desenvolver estratégias de intervenção educativa e obtenção de uma culturalização experienciada, e as tecnologias digitais funcionam como catalizadores desse processo de disseminação e discussão da vida cotidiana.

O estudante, os ambientes de ensino, os professores e os métodos pedagógicos formam um sistema de elementos e atores que se complementam e se significam. A satisfação do usuário com o ambiente escolar, seja ele, interno ou externo, é uma relação diretamente proporcional à eficiência da escola. Isto envolve aspectos de conforto ambiental e de eficiência energética. As contribuições que tangenciam a esfera ambiental, permeiam o campo da percepção e cognição, proporcionando ao indivíduo sensações de agradabilidade e conforto, se a ambiência criada for percebida positivamente. Se a percepção proporcionada for negativa, a sensação percebida é de desagradabilidade, ou ausência de conforto.

Tradicionalmente, as salas de aula se caracterizam por um conjunto de cadeiras voltadas para um quadro-negro, uma mesa de professor (Figura 1). Isso nos faz pensar que ao longo dos anos, a configuração do layout dos ambientes de ensino não foi atualizada, nem é compatível com as tendências atuais de aprendizagem autônoma, compartilhamento de informações, uso de novas tecnologias e mídias digitais, acesso a informações em tempo real.

Figura 1 - Configuração tradicional de sala de aula brasileira.

Fonte: teachervjcpjoani.blogspot.com 42

Para Powell (2015), o espaço físico tem efeito sobre a experiência educacional. Os professores e estudantes podem responder ao espaço de sala de aula inadequado, de modo a realizar rearranjos para melhor se adequar com conforto à atividade de aprender. Respostas corretivas incluem esforços para se inclinar, para ver melhor, ouvir e ser ouvido, reorganizar móveis e mudar atividades na programação da aula, devido à natureza do espaço físico, geralmente inapropriado.

Em sua tese de doutorado, Powell pesquisou espaços educacionais de nível superior nos EUA, e tratou os dados utilizando o método UEFI – User Environment Framework Interaction (Modelo de interação entre comportamento do usuário e o ambiente) para discernir os comportamentos resultantes do meio físico. A pesquisa mostrou que uma sala inadequada, a falta de equipamentos e as condições ambientais desagradáveis evocaram respostas comportamentais em estudantes, e impactos negativos na relação entre aluno e professor. Estas respostas também apontaram para a necessidade de um esforço extra para alcançar a aprendizagem, individual e, também, coletivamente. Para os professores, o ambiente induziu respostas comportamentais aparentes no relacionamento entre o professor e aluno, e entre o professor e a classe como um todo. Estas respostas também afetaram o processo de transmissão do conteúdo, impedindo o sucesso da atividade. Em salas de aula inadequadas, as reações internas dos professores levaram à reformulação e reestruturação do percurso da transmissão do conteúdo.

Outros métodos de ensino surgiram com alternativa ao tradicional modelo prussiano, e nessas escolas, a configuração espacial das salas de aprendizagem assume layouts diferentes.

No método Montessoriano1, destaca-se a liberdade, imaginação e o lúdico, enquanto ferramentas de ensino aprendizagem. Para isso, a escola necessitava de salas amplas com

1 Método desenvolvido por Maria Montessori, que em 1907 inalgurou a primeira escola montessoriana chamada casa dei bambini, em Roma.

. 43

espaços flexíveis permitindo dinâmicas de grupo em círculos e maior autonomia e liberdade para os estudantes (Figura 2). As mesas são agrupadas para trabalhos coletivos e os materiais de aprendizagem estão sempre à vista e ao alcance dos estudantes. A configuração retangular das salas não é obrigatória, e aulas externas são uma constante. O ambiente é organizado e atraente. As classes são agrupamentos de alunos com diferentes idades. O professor atua como guia, e interfere pouco com o grupo. Cada aluno tem oportunidade de escolher o trabalho que mais lhe interesse. A ênfase é na aprendizagem ativa e no desenvolvimento social em lugar de memorização, regras e busca de informação para uma única pergunta específica. O aluno pode trabalhar o tempo que necessite num assunto que lhe interesse, sem que uma campainha o interrompa. O aluno tem o direito de escolher um lugar para trabalhar em vez de um lugar fixo. Os alunos são estimulados a ensinarem, colaborarem e ajudarem uns aos outros (OMB, 2016).

Figura 2 – Configuração de sala de aula no modelo Montessoriano.

Fonte: montessoriefamilia.blogspot.com

Na pedagogia Waldorf2, método alemão, os ambientes permitem as práticas artísticas, culturais e artesanais, pois o teórico deveria ser acompanhado pelo prático (Figura 3). O jovem é estimulado ao pensamento crítico em relação ao que acontece no mundo, e busca maneiras criativas e construtivas de atuar. A configuração em círculo é comum, para facilitar a

2 Abordagem pedagógica criada em 1919, na Alemanha, é baseada na filosofia da educação do filósofo austríaco Rudolf Steiner, fundador da antroposofia. O objetivo é desenvolver indivíduos livres, integrados, socialmente competentes e moralmente responsáveis. As escolas e professores possuem grande autonomia para determinar o currículo, metodologia e governança (SAB, 2016). 44

visualização de todos e estimular a participação coletiva. Aulas externas às salas de aula são constantes e, além disso, as escolas dispõem de outros espaços para atividades, práticas culturais e esportivas.

Figura 3 - Configuração de sala de aula no modelo Waldorf.

Fonte: Escola Waldrof São Paulo, disponível em: http://www.waldorf.com.br/

Destacam-se as iniciativas de Anísio Teixeira, com a criação do modelo de Escola Parque3, alicerçada no tripé: escola, museu e biblioteca, associando ensino, cultura e saber, proporcionando ao aluno vivenciar a escola. O conceito de Escola Parque - Edificação provida de quadras poliesportivas, campos de futebol, teatro, laboratórios, cantina, parque, áreas verdes, espaço de atletismo, galpões de arte e ofícios, entre outros equipamentos. Estas instalações visavam ofertar uma educação social, bem como integrar a comunidade à escola. Era um lugar, onde alunos de outras escolas poderiam frequentar, proporcionando integração social (DÓREA, 2000, p. 24). De modo visionário, Anísio Teixeira se dedicou a organização do espaço escolar com base na pedagogia, ou seja, a escola deveria ser pensada não apenas arquitetonicamente, mas pedagogicamente, e desta pedagogia eram formulados os espaços e modelos escolares adotados. Essas edificações deveriam propor um ambiente civilizado, potencialmente criativo, perceptivo, cooperativo e comunitário (Figura 4).

3 Projeto implantado por Anísio Teixeira em Salvador (BA), quando ocupava a Secretaria de Educação do Estado (1947-1951). A Escola-Parque fazia parte de um projeto de reformulação do ensino da Bahia. O objetivo era fornecer à criança uma educação integral, cuidando da sua alimentação, higiene, socialização e preparação para o trabalho e cidadania. A única escola concluída foi o Centro Educacional Carneiro Ribeiro, inaugurado em 1950 no bairro popular da Liberdade, na capital baiana (MENEZES e SANTOS, 2001). 45

Figura 4 - Espaço de discussão organizado numa área aberta da Escola Parque da Gávea, Rio de Janeiro, para uma discussão coletiva.

Fonte: http://www.escolaparque.g12.br/

Infelizmente, a configuração da arquitetura escolar, especialmente, a da escola pública, no Brasil, não evoluiu muito, em descompasso com as inovações teórico-pedagógicas e tecnológicas da prática do ensino e da aprendizagem na contemporaneidade. A maioria das edificações escolares ganhou ambientes adaptados a novos usos, como é o caso do laboratório de informática. Item corriqueiro nas escolas brasileiras atuais. Entretanto, o acesso a recursos computacionais e a internet é, na maioria das escolas, restrito a essas salas, e seu uso é controlado por professores, não favorecendo o uso livre e o interesse individual dos estudantes no uso das ferramentas digitais para seu próprio aprendizado.

Nair (2014) afirma que a tecnologia no processo de aprendizagem pode realmente contribuir para um melhor desempenho dos estudantes, pois pode contribuir para mudar o modelo de educação centrada no professor para o modelo de educação centrada no estudante. E para isso, coloca algumas questões fundamentais que devem ser investigadas, relativas ao projeto da edificação escolar:

1. O espaço escolar, ou a gestão da escola restringem o uso de tecnologia sem fio (wireless)? 2. Como a tecnologia está sendo usada, e com que frequência é usada? É usada para projetos interdisciplinares? Os estudantes apenas consumem conteúdo digital, ou também produzem? Há evidências de uso de tecnologia de alta qualidade como programação ou produção de modelos industriais criativos como projetos de arte- 46

gráfica, publicações e aplicativos? Em que extensão essas atividades com tecnologia evitavam a falta de espaços apropriados na escola? 3. Quanto de tecnologia é evidente nos processos de aprendizagem? Os estudantes têm acesso a desktops com internet para pesquisas rápidas? É permitido o acesso livre a seus laptops? Há instalações seguras para carregamento de energia para laptops? Os estudantes usam vídeo ou digital câmera como parte integral de seus trabalhos escolares? Tem como guardar seus equipamentos próximos às salas de aula? Os computadores/softwares são atualizados? 4. Como são utilizadas as tecnologias mobile? Smartphones e tablets pessoais podem ser usadas nos trabalhos escolares? 5. A tecnologia está complementando o ensino formal, para além das salas de aula? O espaço é apto a atender estudantes no uso de computadores e outras tecnologias na escola quando e onde eles quiserem, da mesma maneira que eles usam fora da escola?

Para além da adoção de novas tecnologias, é fundamental proporcionar funcionalidade, conforto e agradabilidade aos usuários. Para tanto, os elementos: mobiliário, escolha de cores, de materiais, e de texturas, além dos aspectos de organização, conceito e estética são critérios ambientais importantes, que compõe a complexidade da ambiência do espaço de aprendizagem.

2.2 Padrões construtivos consolidados em ambientes escolares no Brasil

Embora o pensamento dos órgãos gestores é de que as escolas devem manter padrões de infraestrutura adequados para oferecer aos estudantes instrumentos que facilitem seu aprendizado, melhorem seu rendimento e tornem o ambiente escolar um local agradável, não tem sido essa a configuração considerada minimamente satisfatória na realidade das escolas brasileiras. Os dados do Censo Escolar 2013 (INEP, 2014) apontam a prevalência de alguns recursos físicos/pedagógicos para estudantes do ensino fundamental da rede pública:

• 75,7% estão em escolas que possuem biblioteca ou sala de leitura; • 80,6% em escolas com laboratório de informática; • 82,3% em escolas com acesso à internet; 47

• 61,4% em escolas com quadra de esporte, e • 36,8% em escolas com dependências e vias adequadas a estudantes com deficiência ou mobilidade reduzida.

Na rede privada (INEP, 2014), os percentuais de recursos físicos/pedagógicos para o mesmo tipo de estudantes, são:

• 90,7% estão em escolas dotadas de biblioteca ou sala de leitura; • 75,6% em escolas com laboratório de informática; • 96,8% em escolas com acesso à internet; • 77,7% em escolas com quadra de esporte, e • 44,3% em escolas com recursos adequados a estudantes com deficiência ou mobilidade reduzida.

Apesar dos dados citados apresentarem a inserção de ambientes como laboratório de informática, o que nos faz pensar em uma melhoria de infraestrutura escolar no país, a maioria das salas de aulas ainda são configuradas por cadeiras enfileiradas com o professor em frente à lousa, onde o estudante atua como mero receptor do conhecimento. A configuração tradicional das salas de aula segue padrões estabelecidos há décadas. A FDE (Fundação para o Desenvolvimento de Educação), criada no fim da década de 80 (quando em países mais desenvolvidos já se pensava em novos paradigmas educacionais) elaborou padrões construtivos e de uso de salas de aula para o Estado de São Paulo.

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Figura 5 - Layouts de sala de aula proposto pela FDE (sem escala). (a) em 2016 e (b) em 1999.

(a) (b) Fonte: FDE, 2017; Fundescola, 1999.

Como ilustrado na figura 5, os padrões mínimos de layouts de salas de aula são: carteiras são ordenadas em fileira, podendo agrupar-se em duplas, de até 36 estudantes, numa área útil de 51,84 m2. Os dois layouts apresentados, foram elaborados num intervalo de 17 anos (1999 a 2016), tempo em que muitas mudanças ocorreram no sistema educacional, no mundo inteiro. Entretanto, não se percebem mudanças significativas nos layouts propostos. As únicas alterações visíveis (Figura 5 a) são a inclusão de uma vaga reservada à pessoa com deficiência, equipamentos de projeção para atividade expositiva, e nas especificações nota-se a inclusão de novos pontos de energia, distribuídos no ambiente. A relação área útil/pessoa fica estabelecida de 1,44 m2/pessoa.

O MEC, em parceria com o Fundescola – Fundo de Fortalecimento da Escola – elaborou e publicou Cadernos Técnicos de subsídios às edificações escolares (Fundescola, 1999; 2002). Os dados dimensionais apontados como referência para todo o Brasil são ainda menores que os definidos pela FDE: área útil: 41,31 m2 (1,15 m2/estudante) para a mesma capacidade de turma - 36 estudantes. Mobiliário básico: lousa de giz, mesas e cadeiras fixas, armários em aço, e iluminação fluorescente.

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Figura 6 - Layout definido pelo MEC para sala de aula tradicional (sem escala).

Fonte: Fundescola, 2002.

Para atividades de Uso Múltiplo, de caráter prático, ou interativo, a FDE apontou o layout da figura 7, como sugestão de arranjo. A área útil dimensionada foi de 51,84 m2. Não se percebe uma grande alteração de layout, apenas o acréscimo, a partir de 2015, de uma antessala de preparo, de um espaço predefinido para pessoa com deficiência, e de equipamentos de projeção. Figura 7 - Layout de sala de aula de Uso Múltiplo, para realização de trabalhos práticos ou coletivos (a) Elaborado pela FDE, em 2015, e (b) Elaborado pela Fundescola em 1999.

(a) (b) Fonte: FDE, 2017; Fundescola, 1999.

Para atividades de Uso Múltiplo, o MEC recomenda um layout desenvolvido pela Fundescola (2002) (Figura 8). As recomendações dimensionais foram: área útil de 59,93 m2, para uma turma de 18 estudantes, sendo a relação área útil/estudante de 3,33 m2/pessoa. Aos equipamentos internos, incluiu-se uma bancada com 3 pias (para barro, para pinceis e outra regular), um quadro mural, uma lousa de giz, e uma lousa branca. 50

Figura 8 - Layout para sala de Uso Múltiplo.

Fonte: Adaptado de Fundescola (2002)

Com a chegada de ferramentas computacionais nas escolas, foram criadas salas de informática. O primeiro arranjo proposto pela Fundescola (2002) previu a acomodação de computadores de mesa e periféricos (Figura 9 a). Mais recentemente, a FDE (2017) elaborou um layout de sala de informática (Figura 9 b). Os dados dimensionais do layout elaborado pela Fundescola (2002) são: área útil de 52,87 m2, para uma turma de 18 estudantes, perfazendo uma relação de 2,94 m2/estudante, e os dados dimensionais do layout da FDE são: área útil 51,84 m2, para uma turma de 18 estudantes, perfazendo uma relação de 2,88 m2/estudante. Percebe-se no layout da FDE (2017) uma piora no arranjo, ao sugerir que o estudante permaneça de costas para a lousa, situação que dificulta a atenção na discussão do conteúdo. Figura 9 - Layouts para salas de informática. (a) Elaborado pela Fundescola (2002), e (b) pela FDE (2017).

(a) (b) Fonte: (a) adaptado de Cortez e Silva, 2002, e (b) FDE, 2015. 51

Nestes ambientes, a demanda aponta para os seguintes tipos de mobiliário: mesas individuais ou coletivas; suportes de comunicação: quadros-de-giz, quadros para canetas e quadro-mural; móveis para: guarda de utensílios, material em uso e trabalhos concluídos; suporte de máquinas ou aparelhos de utilização comum como televisores, vídeos, projetores e outros equipamentos.

A Tabela 1 (a seguir) demonstra a comparação entre as recomendações dimensionais apontadas pelo MEC/Fundescola (2002) e FDE (2017) para os principais ambientes de aprendizagem, conforme as descrições apontadas junto aos layouts anteriores. Os dados marcados em amarelo demonstram o melhor índice para área útil(m2)/estudantes para cada tipo de sala analisado. Percebe-se que não houve uma preocupação real em melhorar a relação área útil/estudantes para os ambientes de aprendizagem nas escolas brasileiras. Pois, nestes cadernos técnicos de referência nacional, os padrões de dimensionamento para infraestrutura do ambiente construído são insatisfatórios e engessados. Recai-se fortemente sobre a qualidade dos padrões de conforto especialmente em escolas públicas, onde o critério financeiro de economia de recursos sobrepõe-se sobre o conforto proporcionado aos usuários, e impossibilitando qualquer ideia de flexibilidade espacial, que permitisse uma atividade mais dinâmica ou participativa. Tabela 1 - Comparativo entre as recomendações dimensionais para ambientes de sala de aula. FUNDESCOLA FDE (2002) (2017) SALA CONVENCIONAL - - Área útil (m2) 41,31 51,84 Relação Área/estudante (m2/pessoa) 1,15 1,44 Lotação máxima da turma (nº de estudantes) 36 36 SALA DE USO MÚLTIPLO - - Área útil (m2) 59,93 51,84 Relação Área/estudante (m2/pessoa) 3,33 1,44 Lotação máxima da turma (nº de estudantes) 18 36 SALA DE INFORMÁTICA - - Área útil (m2) 52,87 51,84 Relação Área/estudante (m2/pessoa) 2,94 2,88 Lotação máxima da turma (nº de estudantes) 18 18 Fonte: Adaptado de FDE (2017) e Fundescola (2002)

A flexibilidade no uso do espaço deveria ser um critério projetual primário, previsto ainda na fase de elaboração do programa de necessidades, levando-se em conta diferentes metodologias educacionais que poderiam ser utilizadas na sala de aula. Um projeto que 52

incorporasse o uso flexível do espaço físico permitiria acomodar atividades variadas, exigindo apenas um pequeno aumento de área útil, para uma melhora considerável na condição de conforto e bem-estar dos usuários.

Percebe-se a necessidade de maior aprofundamento científico em arquitetura escolar, no sentido de melhorar os parâmetros de qualidade ambiental, com responsabilidade social. Apesar de parecer um consenso, esta discussão está presente em diversos trabalhos científicos nas áreas de educação e de arquitetura, configurações de salas de aula inovadoras são pouco difundidas em escolas brasileiras. As iniciativas de atualização são poucas, tidas como experimentais. Inovações ambientais são mais aceitas em escolas alternativas, nas quais a metodologia de ensino pressupõe participação e engajamento entre estudantes e professores, estabelecendo um clima favorável para adequações espaciais a práticas inovadoras. Estudos consolidados há mais de vinte anos, de Hertzberger, na Holanda, de H. Sanoff, R. Sommer e C. Alexander nos EUA, de Kowaltoski, no Brasil, além de B. Fraser e D. Fisher, na Austrália, apontam para a tendência de maior participação dos usuários, nos processos projetuais de ambientes escolares.

Kowaltowski (2011, p.99) estudou as inciativas em arquitetura escolar dos últimos 30 anos, e as tendências futuras. A configuração mais usada em escolas contemporâneas, no Brasil, remete a um formato monolítico bastante padronizado, de até 3 pavimentos. Alguns elementos de fachada foram incorporados, tais como venezianas industrializadas e telas metálicas. Do ponto de vista da criação de novos ambientes, percebeu-se a incorporação da quadra de esportes e sala de informática, principalmente em escolas públicas. Como exemplo, pode-se citar as escolas de São Paulo, no modelo dos Centros Educacionais Unificados (CEUs), que priorizam o ensino integral e a integração da escola com a comunidade, pela oferta de ações educativas e sociais.

Muitas edificações escolares seguem um projeto padrão, tais como os CEUs em São Paulo, os Centros Integrador de Educação Públicas - CIEPs, de autoria do Oscar Niemeyer, na década de 80, e os atuais projetos de Institutos Federais, da rede IF, que cresceram em todo o país desde o governo Lula, a partir dos anos 2000. Concordando com Kowaltowski (2011, p. 101), a padronização necessita de alguma flexibilidade para adequar o projeto à realidade local. 53

Alguns parâmetros de implantação, conforto ambiental e práticas culturais locais necessitam ser considerados quando da criação de uma nova escola.

Até o presente ano, a configuração da maioria das salas de aula, no Brasil, permanece fiel ao esquema tradicional, com única ressalva de ter incorporado computadores desktops e novos pontos de conexão com a internet, em escolas mais modernas, especialmente em escolas da rede privada. A configuração, a aparência e o mobiliário escolar mantêm-se idênticos aos principais ingredientes da escola tradicional.

“O espaço fechado do recinto, em seguida as carteiras em que as crianças ou jovens se sentam, e à frente delas, uma escrivaninha para o mestre, que dessa maneira, continua a ser aquele que ‘professa’. A seu lado, diante de todos, o quadro-negro – seja eletrônico e midiático ou não, sempre comandado pelo docente. Além disso, os horários pautados do modo habitual, com períodos regulares cortados por recreios igualmente estáveis. Por último, a rede informática controlada pelo professor, cujas capacidades são distintas e muito mais amplas que as de todos os membros da turma, e incluem a possibilidade de observar unidirecionalmente e até intervir do mesmo modo nos equipamentos dos alunos.” (SIBILIA, 2012, p.190)

Geralmente, a avaliação da funcionalidade de uma edificação escolar é ainda baseada na análise da quantidade de área útil por aluno dentro da sala de aula e na existência de espaços considerados essenciais a uma escola, como salas de aula, biblioteca, laboratório, pátio e área de serviço (ORNSTEIN e BORELLI NETO, 1996; KOWALTOWSKI et al., 2001; GRAÇA, 2008). A área mínima recomendada por aluno costuma ser respeitada, mas cabe lembrar que essa área é calculada relacionando apenas a área da sala e a quantidade de estudantes, não se observando o mobiliário com que as salas são contempladas. Muitas vezes, faltam espaços de armazenamento de materiais, armários e estantes são inseridos dentro das salas, diminuindo o espaço disponível e prejudicando a circulação de seus usuários (KOWALTOWSKI et al., 2001). Outros aspectos espaciais que poderiam ser adotados para melhorar a percepção e a sensação de bem-estar e familiaridade dos estudantes nem sequer são discutidos, tais como espaços de leitura individual, mobiliário mais confortável, áreas de convivência e áreas de atividades externas, entre outras.

Deliberador (2010) considera a funcionalidade escolar de acordo com o número suficiente e a variedade de ambientes disponíveis para atender a especificidade das atividades para o nível de ensino em questão. A circulação lógica dos fluxos de usuários na edificação também deve 54

ser incluída como um dos parâmetros da funcionalidade arquitetônica. Esta questão inclui verificar detalhes, como por exemplo, o sentido de abertura de portas, otimização de fluxos de entrada e saída dos ambientes como auditórios, salas de aula e ginásios de esportes, dimensionamento e layout de mobiliário e de equipamentos de apoio ao ensino.

Kowaltowski et al. (2001) realizaram uma avaliação detalhada em escolas de São Paulo, e concluiu que, em muitos casos, o mobiliário não se mostra adequado à idade dos usuários, e os arranjos de layout são comumente monótonos e restritivos às atividades de aprendizado. Ambientes especiais como bibliotecas, laboratórios, salas de artes e de música foram raramente encontrados, sendo justamente esses os ambientes que propiciariam maior diversidade de experiências de aprendizagem.

Quanto à funcionalidade dos espaços internos, Deliberador (2010) e Kowaltowski et al. (2001) apontaram para aspectos mínimos a serem respeitados:

• A densidade populacional; • A disponibilidade de ambientes para atividades variadas e específicas; • A existência de locais de armazenamento e exposição de materiais didáticos; • O relacionamento otimizado entre ambientes; • A adequação do projeto ao usuário com dificuldade de locomoção; • A adequação do mobiliário e equipamentos às características do usuário e às atividades desenvolvidas, e • O enquadramento da edificação nas normas de saúde e segurança vigentes em cada região do país.

Mesmo nos EUA, onde se investiu cerca de 2 trilhões de dólares em educação nos últimos anos, Nair et al. (2013) apontam problemas na concepção, construção e reforma de edificações escolares. A maioria das escolas é desenhada no formato ‘cells-and-bells’ – traduzidas como celas e sinos. Estudantes ocupam células chamadas salas de aula até que o sino toca, e então, eles mudam para outra célula. Esse modelo surgiu na era pós- revolução industrial, com o nascimento do Taylorismo, e propõe o fornecimento de conteúdos pelo professor, de modo pouco integrado, ou relativo aos problemas da vida cotidiana. O problema 55

de reformar as escolas tradicionais é que edifícios escolares antigos não foram projetados para facilitar métodos modernos de ensino e aprendizagem, mas, sim, para aprisionar e domesticar os jovens. De fato, um edifício escolar mais antigo, atualmente, atrapalha a real entrada na educação do século XXI, principalmente com relação à flexibilização dos espaços e adoção de TICs. Entretanto, num projeto inovador contemporâneo, um edifício escolar bem projetado pode funcionar como catalisador de mudanças pedagógicas (OBLINGER, 2006).

Também no Brasil, o projeto de arquitetura escolar é tratado com certo empirismo, e até simplificação. De forma geral, a não participação dos usuários nos processos de avaliação e projeto de novas escolas pode ser a razão que impactam em baixa satisfação dos estudantes com a qualidade do ambiente construído escolar, e que pode resultar numa relação de fragilidade do usuário com instituição, gerando sensações de descaso, e de baixa empatia com a conservação das escolas brasileiras. Este cenário inspira mudanças. O desafio para a questão do ambiente de aprendizagem é a necessidade de reformas e adequações de todo um conjunto de escolas, com inúmeros problemas de falta de manutenção, de baixa qualidade estética e paisagística, até mesmo em escolas novas. A inovação tecnológica reforça a necessidade de mudanças e atualizações, pois já é uma realidade no sistema educacional brasileiro, somando-se às mudanças sociais e tecnológicas cotidianas que vivenciamos fora da escola.

2.3 Inovação em ambientes de aprendizagem

Nair et al. (2013) relatam que ainda na metade do século XX, um novo formato de sala de aula começou a ser implantado em Illinois, EUA. Trata-se das primeiras experiências com salas de aula num formato em L, que fugia do modelo tradicionalmente retangular, adotado largamente no contexto do paradigma prussiano. Hoje, conhecida com Learning Studio, traduzida como Estúdio de Aprendizagem, esta configuração é mais flexível que o modelo cells-and-bells (utilizado para denominar salas em escolas organizadas para atender ao binômio sala-tempo, traduzindo literalmente como cela-e-sino). As primeiras salas em L são datadas de 1940, na escola Crow Island School em Winnetka, Illinois, EUA. O espaço interno da sala em L (Figura 10) é definido por uma área ativa (entrada, armários, área de trabalho), um espaço central flexível (para seminários, estudo individual, estudo colaborativo e 56

apresentações) e área de descanso (com assentos macios) na lateral. Essa configuração permite outras atividades pertinentes à aprendizagem, além de apenas escutar um orador de frente a carteiras, pois permite outros arranjos de mobiliário, e uma maior flexibilização do uso do ambiente. É uma sala de aula redesenhada conscientemente para aumentar o número de modalidades de aprendizagem, que possam ocorrer em ambiente fechado, permitindo mais atividades do que em salas tradicionais. Os jovens podem ficar mais ligados em tecnologia mobile, e em ter acesso especializado a facilidades em outras partes da escola. Learning studios são mais confortáveis, generosos e personalizados.

Figura 10 - Planta esquemática de Learning Studio.

Fonte: Nair, 2013.

Ainda no fim do século XX, David Thornburg (1999) definiu sua metáfora principal da aprendizagem, que um espaço de aprendizagem bem projetado permitiria aos estudantes experimentar 4 abrangentes modos de aprender: Campfire (aprendizagem com um especialista); Watering Hole (aprendizagem com os pares); Cave (aprendizagem por introspecção – estudo individual); Life (aprender fazendo) (Figura 11). Das iniciativas inovadoras posteriores a esses conceitos, em diferentes partes do mundo, muitas convergem para esses parâmetros, que associam atividades, ambientes, mobiliário, permitindo aos usuários desfrutar de um melhor conforto e sensação de satisfação e bem-estar.

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Figura 11 - Configuração espacial dos quatro modos de aprendizagem definidas por Thornburg.

Fonte: Nair, 2014.

Para Thornburg (apud NAIR, 2014), uma boa escola deveria ter os 4 tipos de aprendizagem, a fim de permitir aos estudantes do completo benefício da educação. Hoje em dia, as salas de aula são projetadas apenas para o modo Campfire – aprendizagem com especialista, propósito reforçado com a configuração de layout das cadeiras alinhadas de frente para uma lousa, onde está o professor, em sua oratória.

O escritório Fielding Nair International desenvolveu projetos escolares em mais de 43 países ao longo dos últimos 20 anos, em escolas novas e em reformas de escolas preexistentes, realizando propostas de reformulação de ambientes de aprendizagem tradicionais, para a concepção de ambientes de aprendizagem do tipo learning studio e de suas variações. Desenvolveram o formato de learning suítes (dois ou mais learning studios combinados), sem paredes internas, com o objetivo de aumentar o impacto na aprendizagem. Nesse formato, os professores não ficam isolados com uma única turma, mas o trabalho é totalmente colaborativo, juntando duas ou até quatro turmas num único espaço multidisciplinar (Figura 12). O professor pode orientar individualmente um aluno, organizar grupos, criar projetos interdisciplinares, compartilhar espaço e aumentar oportunidades de aprendizagem, interação e troca de informações, ativando a autonomia da aprendizagem individual, e enriquecendo todo o grupo.

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Figura 12 - Reconfiguração de Sala de aula para o modelo de Learning Suite.

Fonte: Nair, 2014.

A disposição de área útil é equivalente ao total das quatro salas de aula tradicionais, mas o layout interno pode adquirir uma maior personalização e flexibilização. Não existe o corredor entre as salas, mas há espaços de armazenamento de pertences dos estudantes, espaços para estudo individual, apresentações, trabalhos em grupo, banheiro próximo, ou interno à sala, e principalmente integração com áreas externas de aprendizagem.

Reforçando a ideia de flexibilização no layout interno dos ambientes de aprendizagem, Cannon Design et al. (2010) ilustram o Engaged Learning Model, traduzido com Modelo de Aprendizagem Engajada, como aquele que o deixa de ser o ‘sábio ao palco’ para se tornar o ‘guia ao lado’. O mobiliário deve ser flexível para permitir as dinâmicas e o aumento de oportunidades para os diferentes tipos de aprendizes se engajarem num tema, numa perspectiva que faça sentido para ele. A figura 13 ilustra três configurações de layout diferentes, assumidos para o mesmo ambiente construído, a depender da dinâmica necessária à prática do dia.

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Figura 13 - Configurações diferentes no mesmo ambiente de aprendizagem - Engaged Learning. (a) formato de palestra, (b) mesas arrumadas para conferência, e (c) formato em U para discussões em grupo.

Fonte: Cannon Design et al. (2010).

Pesquisas de Acat & Dönmez (2009), Cannon Design et al. (2010), de Canon & Newble, (2000), Sani (2014) e Millar (2004) e Abrahams e Saglam (2010) abordam a importância da realização de práticas integradoras com ênfase no ensino centrado no estudante. Na educação centrada no estudante, o ambiente de aprendizagem não é só sala de aula. Neste método, corredores, jardins, locais de trabalho, em casa, na comunidade, todos esses ambientes (ACAT & DÖNMEZ, 2009) são de aprendizagem. A responsabilidade e ativação são o coração do progresso individual, em contrário aos métodos didáticos tradicionais, onde há uma ênfase forte no professor e no conteúdo acadêmico (CANON & NEWBLE, 2000).

Dönmez (2009) aponta para três componentes do ensino, que devem funcionar de modo integrado – o ambiente, o sistema de ensino e os atores (professores e estudantes):

1. Em termos de ambientes de aprendizagem, embora a educação centrada no aluno seja mais eficaz do que no sistema tradicional de formação centrada no professor, não estão claras as adequações necessárias das dimensões de trabalhos práticos e manuais ou de localização; 60

2. Para colocar em prática o sistema de ensino centrado no aluno, os professores precisam estar preparados sobre as metodologias que devem ser aplicadas e o ambiente de aprendizagem deve ser adequado; 3. Em termos de ambientes de aprendizagem, recomendam-se pesquisas sobre os impactos dos mesmos no sucesso dos estudantes quando da aplicação do sistema de ensino centrado no estudante.

Nair (2014) afirma que a aprendizagem centrada no estudante, permite a ele maximizar seu potencial individual, desenvolver habilidades de aplicação do conhecimento teórico para resolver questões da vida real. Não é uma ideia nova, pois surgiu com o movimento educacional progressista, no fim do Séc. XIX. Teóricos como John Dewey, Jean Piaget, Lev Vygotsky e Maria Montessori influenciaram o movimento, com suas propostas inovadoras, ainda durante o século XX. O movimento de ensino centrado no estudante ganhou força nas últimas duas décadas. Pesquisas comprovaram o argumento que o aprendizado dos estudantes é melhor quando eles são pessoalmente e ativamente envolvidos no aprendizado (GERVER, 2010), e esse aprendizado é mais profundo, pois conecta o estudante com uma larga possibilidade de experiências, que vão além de apenas escutar um orador.

Seis estratégias educacionais do Ensino Centrado no Estudante se relacionam a 4 princípios de design: aprendizagem centrada no estudante, colaboração entre professores, clima escolar positivo, integração com tecnologias, horários flexíveis, conexão com o ambiente, comunidade e redes globais. E os princípios de design que podem ser aplicados aos ambientes e as ferramentas de aprendizagem são: proporcionar sentimento de boas-vindas, de espaço de acolhimento na escola, proporcionar versatilidade, agilidade e personalização da escola e de seus espaços, proporcionar variações, e também, especificidades para as atividades de aprendizagem, e emitir mensagens positivas quanto a identidade e o comportamento dos usuários (NAIR, 2014).

De modo visionário, o Centro de Iniciativa em Excelência do Ensino e Aprendizagem (CETL) comum à Universidade de Sussex, U.K. e Universidade de Brighton, U. K. desenvolveram em 2008, estudos sobre novos layouts para ambientes de aprendizagem (salas de ensino geral, 61

laboratórios, espaços de aprendizagem pela internet e espaços de socialização), chegando a construir e testar o layout de ambiente de aprendizagem proposto na figura 14.

Figura 14 - Layout de sala de aula para abrigar atividades gerais de ensino baseado em mais flexibilidade e colaboração (croqui sem escala).

Fonte: HEFCE/JISC, AMA Alex Marmot Associates, 2006.

A escola deveria tornar-se o mais multifuncional dos espaços, para suportar atividades guiadas pelos professores, assim como atividades guiadas pelos próprios estudantes. Isto inclui apresentações, discussões em grupo, atividades colaborativas, compartilhamento de informações, execução de exercícios, etc. A proposta de ambiente de aprendizagem da Universidade de Sussex, em 2008, é contemporânea da publicação da Fundescola no Brasil, de 2002 (ver layouts demonstrados no item 2.2, anterior). Entretanto, o conceito de qualidade de ambiente de aprendizagem no Brasil ainda não contemplava as discussões sobre atividades colaborativas de informações e uso de novas tecnologias, demonstrando a defasagem qualitativa dos critérios projetuais para escolas novas no país.

Kowaltoski (2011) estudou propostas de reformulação de edificações escolares baseadas em experiências internacionais e nacionais, e publicou uma série de trinta e dois parâmetros sugeridos para projetos de edificações e de ambientes escolares, adaptados às necessidades e condições culturais e climáticas no Brasil. Seus parâmetros remetem às concepções 62

projetuais de Thornburg (1999), Nair (2014) e Nair et al. (2013). Destacam-se os parâmetros a seguir, com relação à qualidade do espaço interno de ambientes de ensino:

• Parâmetro de projeto 1 – Salas de aula, ambientes de ensino e comunidades pequenas de aprendizado, que propiciem atividades diversificadas; • Parâmetro de projeto 3 e 4 – Espaços de exposição dos trabalhos dos alunos e de armazenamento de materiais, valorizando suas atividades; • Parâmetro de projeto 5 e 6 – Laboratórios de Ciências e Artes, e de realização de atividades físicas, para atividades práticas; • Parâmetro de projeto 8 – Áreas casuais de alimentação, que se adequem flexivelmente às escolhas e hábitos dos alunos; • Parâmetro de projeto 11 – Tecnologia distribuída, permitindo a comunicação e o livre acesso a informação; • Parâmetro de projeto 9 e 12 – Transparência e Conexão entre espaços internos e externos; • Parâmetro de projeto 13 – Mobiliário macio para sentar, proporcionando conforto ergonômico durante as horas em que se permanece sentado; • Parâmetro de projeto 14 e 18 – Espaços flexíveis e multifuncionais, para os novas e diferentes formas de aprender e ensinar, e explorar as potencialidades individuais; • Parâmetro de projeto 15 – Campfire, ampla visão do orador, enquanto ele conta uma história interessante; • Parâmetro de projeto 16 – Watering hole space, espaços de aprendizado mais informais, para desenvolver habilidades sociais de aprendizagem colaborativa; • Parâmetro de projeto 17 – Cave Space, proporcionar espaços individuais para estudo e reflexão; • Parâmetro de projeto 19 a 22, e 30 – Sustentabilidade, iluminação, uso da cor, conforto acústico e ventilação natural, apoiada na arquitetura bioclimática, na eficiência energética e no conforto lumínico, térmico e acústico; • Parâmetro de projeto 23 e 24 – Assinatura local e conexão com a comunidade, linguagem arquitetônica como expressão da pedagogia e dos valores da escola, e da comunidade a sua volta; 63

• Parâmetro de projeto 29 e 31 – Dimensionamento de aspectos funcionais e acessíveis, baseado em critérios mais confiáveis de dimensionamento, conforto, ergonomia e desenho universal;

Baker (2011) em sua tese de doutorado - What School Buildings Can Teach Us: Post-Occupancy Evaluation Surveys in K-12 Learning Environments (O que os prédios escolares podem nos ensinar: Pesquisa de Avaliação Pós-Ocupação em ambientes escolares K-124) realizou uma pesquisa em 61 escolas americanas, com cerca de 1700 professores e funcionários. Foram coletadas informações detalhadas sobre cada edifício, incluindo dados demográficos de ocupação, tamanho, idade e informações gerais sobre sistemas de climatização. Os estudantes não foram pesquisados. O estudo teve como objetivo identificar as tendências em edifícios escolares, e os impactos positivos ou negativos, na satisfação dos professores. As conclusões apontaram que:

• Os professores preferiram salas com luz natural, e possibilidade de controle para a quantidade de luz, como cortinas. Em escolas verdes, certificados com o LEED (Leadership in Energy and Environmental Design – certificação para construções sustentáveis) tendem a executar projetos que suportam melhor essa preferência; • Os professores preferiram salas de aula com controles térmicos - termostatos ou janelas, e relataram maior satisfação com a qualidade do ar nas escolas verdes certificadas do que em outras escolas, antigas ou novas; • A satisfação acústica nas escolas é geralmente superior em salas privadas de trabalho de escritório. As salas de aula mais abertas receberam notas baixas em relação a acústica; • Janelas operáveis foram teoricamente mais desejáveis para o resfriamento e ventilação dos ambientes. Entretanto, foram associadas a problemas de estrutura, falta de manutenção e ineficiência energética, especialmente nas escolas mais antigas.

4 K-12: Termo usado nos países de língua inglesa para denominar o ensino fundamental e médio, nos EUA, Canadá, Austrália, entre outros. Fonte: https://en.wikipedia.org/wiki/K-12 64

Convergindo com as ideias de Tibúrcio (2005, 2008), Kowaltoski (2011) e Claudia Guidalli (2012), suas recomendações também apontam para que o projeto de sala de aula deva ser concebido pelas necessidades de seus usuários. Dentre estas necessidades, destacam-se:

• Os espaços internos deveriam ser mais flexíveis para que as salas de aula, com vãos mais amplos, possam ser redimensionadas; • As normas de dimensionamento de salas de aula preveem a área mínima de 1,50m² por aluno, o que não permite um espaço confortável nem adequado. Sugere-se uma área entre 1,80m² e 2,00m² por aluno, para que sejam contempladas, de maneira satisfatória, o espaço do aluno, o espaço do professor e as diferentes possibilidades de flexibilização do layout; • Os layouts precisam atender à atividade pedagógica proposta; • O mobiliário precisa auxiliar as atividades pedagógicas e deve ser escolhido baseado no tipo de didática utilizada; • Recomenda-se que num mesmo ambiente sejam oferecidos mobiliários diferentes, permitindo a variação de arranjos, além de dar a opção de o aluno escolher o que mais lhe agrada e lhe dá conforto; • Em relação aos equipamentos, é necessário a instalação e utilização de mídias de abordagem mais moderna, para apoio à aula; • Os professores precisam de instruções para a utilização correta dos equipamentos e, em cada sala, deve haver instruções práticas para o uso de cada equipamento instalado; • Os espaços precisam ser atraentes e confortáveis para prolongar a permanência do aluno neste ambiente propiciador de conhecimentos, assim propõe-se a criação de ‘espaços de aprendizagem’ - um corredor com nichos mobiliados e equipados para estudos em grupos, trocas de saberes, discussões sobre a aula e, também, um local para aguardar o início da aula. Este ambiente reuniria as características de vários ambientes, como: sala de estudo, de leitura, de convivência, de descanso, entre outros. 65

Huang et al. (2012) propõem a configuração de sala de aula inteligente, ou smart classroom. Esta configuração de sala de aula relaciona-se com: a otimização da apresentação do conteúdo de ensino, o livre acesso a recursos de aprendizagem, a interatividade com recursos de ensino e de aprendizagem, a consciência do contexto dos conteúdos, o layout e a gestão da sala de aula. Desta forma, a sigla S.M.A.R.T. pode ser compreendida pela adoção das cinco dimensões listadas a seguir:

• S – showing (exibir, ou demonstrar); • M – manageable (gerenciável); • A – accessible (acessível); • R – real-time interactive (interativa em tempo real); • T – testing (em teste)

Figura 15 - Configuração de Smart Classroom, projeto Intel - bridging our future.

Fonte: supernautas.com.br

A sala de aula tecnológica (Figura 15), ou Smart Classroom é caracterizada pelo uso contínuo de TIC - Tecnologias de Informação e da Comunicação – internet, laptops, tablets, lousa digital. A comunicação entre professor e aluno, e entre estudantes é mais livre, e focada em compartilhar conteúdo. As tecnologias de informação e de comunicação atuam como verdadeiros catalizadores de pesquisas e de interação entre os estudantes, ativando novas formas de realizar trabalhos práticos e também teóricos, mesclando a aprendizagem em sala de aula com informações adquiridas on-line. Horn e Stalker (2015) afirmam que nos EUA, até 2019, 50% de todas as disciplinas de ensino médio serão fornecidas com recursos on-line. 66

Entretanto, a educação virtual de tempo integral não irá substituir o ensino tradicional, pois a maioria dos estudantes continuarão a depender de supervisão adulta nas escolas tradicionais.

Desta adoção de metodologias de aprendizagem on-line, surge no início do século XXI a educação híbrida, ou blended learning. Horn e Stalker (2015) e Bacich (et al. 2015) expõem suas características, à luz de pesquisas realizadas nos EUA, principalmente por Kennedy e Soifer (2013), Christensen (et al. 2013), Ark (2012), entre outros.

Segundo Horn e Stalker (2015), existem quatro modelos de ensino híbrido, com configurações e técnicas especificas, variando entre formatos mais adaptados ao ensino tradicional, ou ao mais disruptivo:

A. Modelo de rotação: atividades presenciais e on-line em grupos, que são rotacionadas, de acordo com o objetivo do professor, ou por delimitação de tempo: • Rotação por estações – combinação de até três atividades em grupos, com rotação e orientação presencial do professor em sala de aula, ou em várias salas de aula; • Laboratório rotacional – atividades rotacionais que usam sala de aula convencional e laboratórios de informática para atividades on-line, combinando tempos e atividades sob orientação de professores; • Sala de aula invertida – atividades on-line a qualquer tempo, e lugar, que podem ser feitas em casa. O tempo de aula presencial é usado para discussão de conteúdos e atividades práticas; • Rotação Individual – cronogramas e atividades são personalizados individualmente por estudantes, não havendo rotação em grupo. B. Modelo Flex: o ensino é essencialmente on-line, e as escolas adotam atividades presenciais, individuais ou em grupo, se e quando necessário; C. Modelo à La Carte: Curso ou disciplina totalmente on-line, e que o estudante possa incorporar a sua formação presencial original; D. Modelo Virtual Enriquecido: Curso com sessões de aprendizagem presencial de baixa frequência e maior carga horária on-line. 67

Os modelos de rotação são considerados ‘sustentados para sala de aula tradicional’, por se adequarem a formas de introdução da educação híbrida em escolas convencionais de ensino fundamental, principalmente nos EUA, onde essas experiências foram testadas em inúmeras escolas. Horn e Stalker (2015) afirmam que a discussão mais recente sobre a educação híbrida e a configuração dos ambientes de aprendizagem passa pela questão de quão disruptivo é o modelo de ensino híbrido utilizado, a ponto de mudar o paradigma educacional tradicional, e, por conseguinte, a configuração espacial da própria sala de aula. Os modelos - Rotação Individual, Flex, À la Carte e Virtual Enriquecido têm alto potencial disruptivo, que pode ser compreendido como aquele em que:

‘Não se consegue identificar os antigos construtos que definem a sala de aula tradicional – como um quadro-negro ou um quadro-branco na sala de aula, que não são mais relevantes (...) Idealmente, o papel do professor passa de detentor do saber para um membro ainda ativo – ou mesmo um planejador – do processo de aprendizagem, (...) frequentemente na forma de tutor, facilitador de discussão, líder de projetos práticos ou conselheiro’ (HORN E STALKER, 2015).

E assim, geralmente a arquitetura, a mobília e as operações da escola parecem diferentes de qualquer noção tradicional. Nos modelos Flex, de Rotação individual, e nos modelos Virtuais Enriquecidos, os ambientes de aprendizagem são amplos, e poderiam ser ‘mais propriamente chamados de estúdios de aprendizagem do que de salas de aula’ (HORN E STALKER, 2015).

No modelo à la Carte, não há sala de aula, pois o professor responsável pela turma ou disciplina está distante de seus estudantes. Em geral, os modelos disruptivos de ensino híbrido se parecem muito mais com o ensino on-line aprimorado pela adição de um componente físico, que é diferente da sala de aula tradicional, em oposição aos modelos híbridos sustentados, nos quais a sala de aula tradicional adicionou um aspecto de aprendizagem on- line. Em geral, os modelos Rotação por Estações, Laboratório Rotacional e Sala de Aula Invertida são os mais utilizados por educadores em diferentes escolas que desejam implantar ensino híbrido, ao menos parcialmente.

Como exemplo de inovação no ensino contemporâneo na Europa, destaca-se o grupo educativo Vittra, que oferece ensino bilíngue, e financiamento subsidiado pelo governo sueco. Vittra possui cerca de 30 escolas em funcionamento na Suécia. Oferece ensino de pré-escola, 68

ensino fundamental e médio. Vittra baseia-se, entre outros princípios em: proporcionar a melhor abordagem, aprender com base em suas necessidades, curiosidades e inclinações, aumentar a motivação e a inspiração, compreender a aprendizagem, preparar o indivíduo para o estudo e o trabalho em um ambiente internacional e multicultural.

A escola Vittra Södermalm, projetada entre 2011 e 2012, recebeu o Prêmio de Design da Dinamarca de 2016, pela inovação em design de interiores dotados de novas abordagens e tecnologias para o ensino. O projeto é de Rosan Bosch Studio, que também projetou as unidades Vittra de Telefonplan e de Brotorp, em Estocolmo. Estas escolas trabalham com novos formatos de aprendizagem, baseados na utilização das tecnologias digitais e em experiências de ensino híbrido. A elaboração do espaço físico sustenta novas e criativas formas de design, para suportar a teoria de aprendizagem da escola. Percebem-se os conceitos de design propostos por Thornburg (1999) empregados com sucesso. Combinaram- se zonas de aprendizagem diferenciadas e tecnologias digitais em toda a aprendizagem dos estudantes (Figuras 16 a 18) (http://danishdesignaward.com/en/nominee/vittra- soedermalm/, 2016).

Figura 16 - Interior da escola Vittra Södermalm, que recebeu o Prêmio de Design da Dinamarca em 2016.

Fonte: http://www.archdaily.com/202358/vittra-telefonplan-rosan-bosch, s.d.

Nas escolas Vittra, não há aulas ou salas de aula. Os estudantes são organizados em grupos, de acordo com o nível, com base nos princípios pedagógicos de Thornburg (1999): the watering hole (aprendizado informal e colaborativo), the show-off (local para exibir-se, apresentar-se), the cave (aprendizagem por introspecção), the campfire (a fogueira), e the laboratory (laboratório) - abordagens didáticas que criam diferentes tipos de situações de ensino e aprendizagem. 69

Figura 17 - Ambiente de aprendizagem coletiva na escola Vittra Brotorp.

Fonte: http://www.rosanbosch.com/en/project/vittra-school-brotorp#, sd Figura 18 - Interior da Vittra Telefonplan, conceito the cave para aprendizagem em qualquer lugar.

Fonte: http://www.rosanbosch.com/en/project/vittra-school-telefonplan, s.d.

A metodologia educacional baseia-se no acompanhamento de um diário, ou portfolio on-line individual do aluno, em que o desenvolvimento individual, a vivência cultural do trabalho e os ambientes de aprendizagem desafiantes são mais importantes, muito similar às estratégias do modelo de rotação do ensino híbrido. Os estudantes se distribuem livremente pelos ambientes flexíveis e articulados, que compõem o interior da escola, para que trabalhem de forma autônoma – onde, quando e como lhes for mais confortável e conveniente (Figura 18).

Antes do início do projeto da Vittra Telefonplan, em 2011, os designers realizaram um processo de design participativo, com coleta de dados baseada em entrevistas com crianças de diferentes escolas para obter uma melhor compreensão do que deveria motivá-los a aprender de forma mais eficaz em um ambiente escolar. Após essa exploração inicial, um núcleo de design foi formado para lidar com a tomada de conceito e desenvolvimento do projeto. Os professores e as crianças convidadas para o grupo de design de núcleo vieram de 70

diferentes escolas, renda, faixas etárias e ambientes sociais para permitir uma certa variedade de opiniões.

Figura 19 - Planta baixa da Escola Vittra Telefonplan.

Fonte: http://www.rosanbosch.com/en/project/vittra-school-telefonplan, s.d.

As oficinas ocorreram em 5, ou 6 reuniões, durante um período de 4 meses. Alguns professores experimentaram uma mudança na sua maneira de trabalhar e de pensar o ensino, a fim de criar um ambiente de aprendizagem totalmente diferente daquele a que estavam acostumados. O papel das crianças como consultores especializados e inspiradores criativos foi reforçado, na medida em que, suas vozes foram ouvidas e respeitadas. Elas estavam envolvidas nas discussões sobre que tipo de escola desejavam, e quais partes das propostas não gostaram.

Outro exemplo inovador de sistema educacional e configuração espacial diferenciada do tradicional é a escola Quest to Learn em Nova Iorque. É uma escola pública, que utiliza a metodologia de aprendizagem por meio da experimentação com tecnologia e jogos, pois consideram que as novas gerações demandam uma outra abordagem educacional. A internet constitui a base da vida escolar, permitindo ao aluno trazer elementos de sua vida cotidiana para a escola. As aulas são baseadas em missões a serem resolvidas, e os estudantes trabalham na solução dessas questões, de modo coletivo e criativo. As disciplinas não recebem os nomes tradicionais, mas, sim, conjuntos de domínios. Conforme os diferentes assuntos surgem, são experimentadas diferentes abordagens, mas sempre dotadas de atividades 71

práticas e discursivas. Os trabalhos são em grupos, e ao final, eles precisam defender as ideias as quais propõem (Figura 20).

Figura 20 - Atividade em jogo na Escola Quest to Learn – Nova Iorque.

Fonte: http://www.instituteofplay.org/work/projects/quest-schools/quest-to-learn/ 2.4 Parâmetros de qualidade, conforto e ergonomia em ambientes de aprendizagem

Ferreira (2014, p. 155) afirma que os estudos de qualidade ambiental escolar envolvem, de uma forma geral, campos de pesquisa ambiental que muitas vezes são conflitantes entre si. Por exemplo, a acústica é conflitante com o conforto térmico, a iluminação natural é conflitante com a proteção solar (brises) dentre outros conflitos inerentes à arquitetura, considerada uma área que envolve tomada de decisão por natureza. Em geral, em virtude destas incompatibilidades arquitetônicas decorrentes de cruzamento de soluções projetuais conflitantes (ex. iluminação versus proteção solar; acústica versus ventilação) a análise sistêmica das escolas é pouco investigada entre os pesquisadores e geralmente os trabalhos se especializam em investigar apenas uma das quatro vertentes a seguir:

1. Conforto térmico: Orientação solar e ventilação natural de salas de aula; 2. Conforto luminoso: Proteção solar e iluminação natural de salas de aula; 3. Conforto acústico: Ruídos internos e externos a sala e aula; 4. Conforto funcional ou ergonômico: estabelecidos como o conforto relacionado à acessibilidade, mobilidade, ergonomia e funcionalidade arquitetônica.

O pensamento central da arquitetura bioclimática reúne a arquitetura, o clima e o ser humano, e foi desenvolvido por Olgyay (1963), que estabeleceu os procedimentos de análise climática e sua relação com as condições de conforto. Tal conceito foi estendido às mais diversas edificações, entre elas a escola, e estabelece a qualidade ambiental do espaço escolar 72

e a busca pela eficiência energética com o uso de práticas ambientais passivas e sem o uso de equipamentos eletromecânicos.

Em climas quentes e úmidos, a proteção solar e a ventilação cruzada constituem-se nas estratégias que representam maior eficiência bioclimática (GIVONI, 1992). Muitas vezes, entretanto, essas são estratégias conflituosas, pelo fato de os protetores solares interferirem na entrada de ventilação. Estas situações de conflito entre aspectos decisivos presentes no processo de projeto são bastante comuns e os fatores que levam o arquiteto a optar por uma ou outra prioridade não são, geralmente, explícitos.

As atuais soluções de conforto ambiental incorporadas nas escolas não consideram a tipologia de usuário, ou seja: crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos. Nas escolas atualmente construídas e, ou, reformadas no Brasil, tomam-se os diferentes usuários por um “aluno padrão”. Esta padronização desqualifica o espaço, na medida em que não personaliza a arquitetura com o lugar, com usuário e com o clima.

Concordando com Ferreira (2014, p. 157), percebe-se que a qualidade ambiental escolar depende de condições funcionais (projeto); técnicas (obra e reformas); planejamento (operação e funcionamento da escola); habitabilidade (conforto ambiental e ergonômico); aspectos ambientais (resíduos, questões de impacto ambiental) desempenho e eficiência energética dentre outras variáveis, objetivas e subjetivas, que devem ser observadas.

Kowaltowski et al. (2001), afirmam que o Conforto Ambiental é compreendido como uma parceria entre ambiente físico, características do local e da arquitetura da edificação. O conforto deve ser atendido e aprimorado, tentando atender o máximo de usuários, ou seja, promover salubridade no espaço habitado. A sensação de conforto é específica para cada indivíduo. Um mesmo ambiente provoca sensações e percepções ambientais diferentes nas pessoas, o que torna a questão mais difícil quando se trata de ambientes de uso coletivo.

Desde a publicação da NBR 9050/2015 – Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos, atualizada em 2015, e da Lei Nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000 e do Decreto Nº 5.296 de 2 de dezembro de 2004, as instituições de uso público passam por mudanças para adequar seus espaços a acessibilidade, do ponto de vista físico e 73

informacional. Nem todas as escolas brasileiras conseguiram se adequar até os dias atuais, dadas as condições financeiras, falta de conhecimento técnico específico e elaboração de projetos para reforma e adequações dos espaços existentes.

Quanto às condições de acessibilidade, os problemas encontrados em sala de aula, de acordo com Dischinger, Bins Ely e Borges (2009, p. 43), destacam que o piso, as paredes e o mobiliário devem possuir cores contrastantes; deve haver mesa adequada para a aproximação e uso de crianças com cadeira de rodas e que essa possa ser posicionada em qualquer fileira; o quadro- negro deve posicionar-se com altura acessível para o aluno com cadeira de rodas; a sala deve possuir janelas amplas para possibilitar a boa iluminação; e apresentar aberturas em paredes opostas permitindo ventilação cruzada.

Dados do Censo Escolar 2013 mostram que tem havido melhorias em todo o país, ao longo dos anos nesse quesito. Na tentativa de implementar esses conceitos para o universo escolar, o MEC publicou diversas cartilhas de auxílio à inserção das pessoas com deficiência, dentre eles, o Manual do Programa Escola Acessível (BRASIL, 2010) tem como seus objetivos específicos:

• Adequar, arquitetônica ou estruturalmente, os espaços físicos reservados à instalação e funcionamento de salas de recursos multifuncionais, a fim de atender os requisitos de acessibilidade; • Adequar sanitários, alargar portas e vias de acesso, construir rampas, instalar corrimão e colocar sinalização tátil e visual; • Adquirir mobiliário acessível, cadeira de rodas, material desportivo acessível e outros recursos de tecnologia assistiva (produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivam promover a funcionalidade, relacionada à atividade e participação de pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida, visando sua autonomia, independência e inclusão educacional).

As condições de conforto em salas de aula abordam aspectos técnicos relativos à sensação térmica, lumínica e acústica desses ambientes, em relação a parâmetros definidos em normas 74

de desempenho. São associadas a percepção de conforto pelos usuários, que também aborda a ergonomia, a percepção de espaço individual, o uso das cores, e de mobiliário.

As condições ambientais de acústica, temperatura, insolação, ventilação e luminosidade podem interferir no desenvolvimento didático dos estudantes, e podem refletir-se em fatores tão diversos como a sociabilidade dos usuários, seu desempenho acadêmico e mesmo em sua saúde. (SOMMER, 1972 citado por ELALI, 2003).

Freitas e Freitas (2011) compreendem a arquitetura bioclimática, também representada pelos conceitos de sustentabilidade aplicados ao espaço construído, como a integração do edifício com o meio ambiente, de forma harmônica e menos impactante às reservas naturais existentes, ao clima local e às características da vida e da cultura local. A criação de espaços de menor impacto ambiental deve começar pela observação ao respeito da homeotermia e das necessidades humanas básicas, para manter seus mecanismos de termo regulação em equilíbrio.

2.4.1 Condições de Conforto Térmico:

O organismo dos homeotérmicos é mantido pelo metabolismo a uma temperatura interna de cerca de 370 C, com limites estreitos de variação entre 36,10 C e 37,20 C. Kowaltowski (2011, p. 143) recomenda que em ambientes de trabalho e estudo seja mantida a temperatura de 230C, com uma boa ventilação cruzada na altura das pessoas sentadas. Janelas não estejam orientadas a leste ou oeste, a fim de evitar insolação direta nos ambientes de permanência. Em caso de haver insolação direta, usar dispositivos de controle, como brises ou beirais. O material construtivo deve ser em alvenaria de cerâmica e cores claras nas superfícies externas, para evitar o ganho de calor. O uso de forro no interior das salas de aula pode colaborar com a manutenção da resistência térmica interna. Deve haver ventilação entre o forro e o telhado. As paredes devem ser sombreadas, e se possível, avarandadas. O uso de esquadrias deve favorecer a flexibilidade de aberturas, reguláveis entre dias de verão e inverno, assim como prever e instalação de barreiras luminosas, ou visuais em momentos de projeção.

Situações de desconforto são causadas por temperaturas extremas, falta de ventilação adequada, umidade excessiva combinada com temperaturas elevadas ou por radiação térmica 75

de superfícies muito aquecidas podem prejudicar e causar sonolência, alteração de batimentos cardíacos, aumento da sudação. Psicologicamente, provocam apatia, desinteresse, sonolência e desconforto num ambiente de aprendizagem.

Na maioria das zonas climáticas do Brasil, as recomendações objetivam o uso de estratégias de condicionamento passivo de edificações, decorrentes de escolhas projetuais em arquitetura, em detrimento do uso de equipamentos mecânicos, de alto dispêndio energético.

Para avaliações de condições térmicas de ambientes escolares, Kowaltowski (2011, p. 143) recomenda observar os elementos:

• De sombra – cortinas, persianas, brises externos, entorno e vegetação; • De ventilação – janelas abertas, portas abertas, elementos vazados, ventilação cruzada; • Tipo de ventilação mecânica – de teto, de parede, móvel ou fixo, ou outro meio de condicionamento de ar; • Existência de mofo no local; • Reflexão de raios solares nas superfícies vizinhas – grama, paredes, brises, etc.; • Medição de parâmetros ambientais – temperatura de bulbo seco (TBS), temperatura de bulbo úmido (TBU), temperatura de globo (TG), velocidade do ar (Var).

2.4.2 Condições de Conforto Lumínico

O conforto visual é importante para a saúde e produtividade das pessoas. Em edificações de uso escolar, as atividades concentram-se no período diurno – manhã e tarde, em sua maioria. O Brasil é um pais com excelentes condições de luminosidade natural, que deve ser aproveitada para atividades de trabalho e estudo, por meio de soluções projetuais de captação e direcionamento dos recursos luminosos. Uma adequada estratégia de iluminação natural em escolas deve proporcionar luz suficiente, para assegurar que não haverá desconforto visual (DUDEK, 2007).

Quanto à iluminação natural, as aberturas devem proporcionar luz natural uniforme sobre o plano de trabalho em todos os pontos do ambiente, sem incidência direta dos raios solares, 76

prevendo uma faixa contínua de janelas, a fim de evitar sombreamentos indesejáveis nas salas de aula e nos demais ambientes pedagógicos (GUINDALLI & BINS ELY, 2013).

As pesquisas efetuadas por Heschong e Mahone (1999) indicam que em salas de aula onde há boa quantidade de luz natural, a predisposição geral no rendimento escolar aumenta. Porém, quando há incidência solar direta, com ofuscamento e desconforto térmico, o desempenho dos estudantes é menor. Estes estudos recomendam a iluminação natural difusa, indireta e refletida, e que se evite a radiação solar direta nas aberturas (GUINDALLI & BINS ELY, 2013).

A utilização de prateleiras de luz que conduzem a luz mais profundamente nas aberturas laterais, o controle da entrada de luz por meio de brises ou veneziana móvel são estratégias adequadas (BERTOLOTTI, 2007; HESCHONG; MAHONE, 1999, GUINDALLI & BINS ELY, 2013).

Pesquisas realizadas por Dagget, Cobble e Gertel (2008) revelam que a aplicação da cor na arquitetura possui as funções de diferenciar, conter, unir, equalizar e enfatizar elementos construtivos. Por exemplo, a aplicação de uma cor diferente, mais escura ou complementar, para a parede do quadro, a fim de ajudar a reduzir a fadiga ocular causada pelo movimento dos olhos para cima e para baixo quando o aluno anota as questões escritas no quadro (GUINDALLI & BINS ELY, 2013). As cores podem ser usadas com o objetivo de demarcar um espaço, organizá-lo, ou tornando-o mais acessível. As orientações da NBR 9050 (2015) quanto à presença de contraste de cor, dimensionamento, textura e reflexividade dos materiais utilizados nas superfícies deverão ser plenamente atendidas.

Investigações feitas por Heidi e Maki (2009) revelaram que em comparação com salas de aula com paredes brancas, em salas de aula coloridas, percebeu-se o aumento de atenção, melhoria da percepção do aluno no aprendizado e na sensação de bem-estar, diminuição de atividades fora do contexto e diminuição da ansiedade nas salas de aula com cores. As cores em salas de aula também interferem na iluminação que, mesmo sem ser alterada, dá a sensação de diminuição de sombras e brilhos, o que, provavelmente, ajudará na concentração dos estudantes. Para Engelbrecht (2003), as cores podem também influenciar no tempo que o aluno fica com a atenção focada na apresentação do conteúdo pelo professor (GUINDALLI & BINS ELY, 2013). 77

A escolha de cores precisa proporcionar conforto visual aos estudantes, devendo-se evitar a fadiga visual e a monotonia emocional. Um ambiente monótono tende a induzir a ansiedade, irritabilidade e a incapacidade de se concentrar. Logo, o uso adequado de cor em ambientes educacionais tem a capacidade de reverter uma atmosfera deprimente e chata em algo agradável, excitante e estimulante, avivando sentimentos mais positivos em relação à instituição (DAGGET, COBBLE, GERTEL, 2008).

Cannon Design et al. (2010) recomendam pintar a parede junto a lousa, num tom mais profundo ou brilhante que as paredes laterais. Isso atrai a atenção dos estudantes e permite um descanso visual ao se mudar o foco para as laterais. As cores também devem ser usadas para valorizar outros ambientes da escola, como bibliotecas, corredores, espaços de alimentação e ginásios, revigorando o espírito alegre e inovador nas escolas.

O material e as cores dos revestimentos tanto de paredes, pisos e tetos, como de mobiliário e equipamentos também precisam ser cuidadosamente selecionados para se evitar o reflexo, o brilho e o ofuscamento visual nos usuários. Uma grande queixa dos estudantes quanto à iluminação em salas de aula é causada pela reflexão da luz em superfícies internas, que causa um tipo de ofuscamento em alguns trechos do quadro negro, ou lousa. Por isso, optar por janelas altas, devido a um resultado melhor na distribuição de luz. As janelas devem estar mais próximas do fundo da sala. Na área do professor, sugere-se não ter janelas, assim evita-se parte do problema de reflexo de luz no quadro (GUIDALLI, 2012).

Recomenda-se o uso de protetores solares (brises) para filtrar, e até mesmo bloquear a incidência solar na sala, principalmente quando o ambiente está orientado insatisfatoriamente. Estes elementos devem ser executados com material leve e apresentar um manuseio fácil e confortável para quem o utiliza (GUIDALLI, 2012).

O projeto de iluminação artificial, utilizada como complemento de luz natural, deve distribuir pontos de luz de acordo com o layout da sala, utilizando-se distâncias entre eles que evitem o ofuscamento e as sombras no plano de trabalho dos usuários e nas áreas de projeção e quadro-negro. Devem-se seguir as recomendações específicas para cada zona de iluminação (CORREA e LOPES, 2006): 78

• Quadro-negro/ lousa - confeccionar um circuito independente montado acima do quadro para iluminar somente a área da lousa, cuidando que não haja vazamento de luz para a tela de projeção nem para os estudantes. É importante prever dois comandos: um para iluminação total do quadro, e outro para iluminação mais suave. Os interruptores devem estar próximos ao quadro e ser independentes da instalação do resto da sala; • Área frontal de trabalho, para apresentações - luz direcionada para a estação de trabalho. Utilizar lâmpadas de eficiência energética com forte controle de raio de luz direcional; • Área de trabalho coletivo - utilizar luminárias parabólicas com 3 lâmpadas fluorescentes. Lâmpada suave de luxo ou luz do dia especial com boa reprodução de cores; • Área de projeção - utilizar luminária com luz direcionada para baixo; • Os interruptores de controle de iluminação devem ser separados por áreas devendo, em alguns casos, ser subdivididos. Os mesmos precisam ser identificados nominalmente. Localizar os interruptores na parte frontal da sala, perto da estação de trabalho, além de próximos às portas. Deve haver apenas um interruptor que comande a iluminação total da sala localizado próximo a cada porta.

No Brasil, a norma NBR ISO/CIE 8995-1, Iluminação de ambientes de trabalho. Parte 1: interior (ABNT, 2013) faz recomendações sobre níveis de iluminância em diferentes ambientes. Em escolas, os índices recomendados encontram-se descritos na Tabela 2, a seguir. Tabela 2 - Nível de Iluminância recomendada para escolas. AMBIENTE Nível de Iluminância (lux) Baixa Média Alta Sala de aula 200 300 500 Quadro negro 300 500 750 Salas de trabalhos manuais 200 300 500 Laboratórios Geral 150 200 300 Local 300 500 750 Anfiteatros Plateia 150 200 300 Tribuna 300 500 750 Sala de desenho 300 500 750 Sala de reuniões 150 200 300 Salas de atividades físicas 100 150 200 79

Salas de atividades manuais 300 500 750 Artes culinárias 150 200 300 Fonte: NBR ISSO/CIE 8995-1 (ABNT, 2013) – Iluminância de interiores – Especificação

O manual da IESNA - Illuminating Engineering Society of North America (2000) recomenda algumas aplicações especificas para ambientes escolares:

• Iluminância: prover um nível geral de Iluminância média, e dotar de níveis mais altos locais ou atividades necessárias a maior precisão; • Refletância: evitar diferentes refletâncias em superfícies no mesmo nível da tarefa. Equilibrar as refletâncias adequadamente entre piso (30%), parede e teto (alta refletância); • Luminância: Evitar diferenças acentuadas de luminâncias entre luminárias, janelas e superfícies internas; • Ofuscamento: Evitar incidência de luz direta nas superfícies da tarefa. Usar dispositivos de barreira quando necessário; • Layout: dispor layout de modo favorável a melhor aproveitamento da distribuição de luz natural, ou artificial.

2.4.3 Condições de Conforto Acústico

O desempenho acústico de salas de aula é um dos principais aspectos que deve ser considerado no lançamento de um projeto arquitetônico, visto que este espaço é destinado à realização de tarefas que exigem um alto nível de concentração. Segundo Alcântara et al. (2011), para assegurar boa condição acústica para a palavra falada, devem ser obedecidos:

• Os níveis de ruído de fundo devem ser baixos o suficiente para que não interfiram na inteligibilidade; • As salas devem ser livres de ecos e outros fenômenos acústicos que possam vir a confundir ou distorcer o som a ser ouvido; • As salas devem propiciar o tempo de reverberação adequado para cada tipo de atividade. 80

Deliberador (2010, p. 31) aponta para a questão do ruído nas salas de aula, como resultante de duas fontes distintas - ruídos externos à sala, que vêm da rua, dos corredores ou das áreas abertas, quadras e pátios; e ruídos internos, de fundo. O tratamento desses ruídos implica, muitas vezes, na escolha dos usuários entre abrir as janelas e melhorar as questões térmicas, ou fechá-las para evitar o barulho externo (MIMBACAS et al., 1998). Para o ruído resultante das próprias atividades no interior das salas, seu tratamento depende do tipo de material utilizado na construção e do próprio comportamento dos usuários.

A NBR 10.152/2000 (NB-95) estabelece os níveis de ruído para conforto acústico, que é feita através do nível de ruído pela medição normal (dB) ou com o uso das NC e NCB. Assim, podem- se verificar, através da Tabela 3, as faixas de conforto acústico para determinado ambiente.

Tabela 3 - Níveis de som para conforto acústico em ambientes escolares. Locais – Escolas dB NC Bibliotecas, salas de música, salas de 35 – 45 30 -40 desenho Salas de aula, laboratórios 40 – 50 35 - 45 Circulação 45 – 55 40 - 50 Fonte: NBR 10.152 (ABNT, 2000) – Níveis de ruído para conforto acústico.

Os valores inferiores das faixas de nível sonoro representam a condição para conforto acústico, enquanto os superiores significam o nível sonoro máximo aceitável. Alguns fatores influenciam o nível de pressão sonora presente nas salas de aula: localização da escola, situando-se próximo a locais de alto tráfego; ventiladores que apresentam alto nível de ruído; atividades externas à sala de aula, como por exemplo, atividades recreativas de outras salas próximas à sala em análise; além do comportamento dos próprios estudantes pertencentes a tal sala de aula. Ainda de acordo com os resultados, fica impossível de se obter uma inteligibilidade da fala aceitável para o ambiente com tais níveis de ruído.

Para uma possível redução dos níveis de ruído de fundo calculados no trabalho, deve-se pensar na redução do ruído interno e do ruído externo. Para o ruído interno, ventiladores podem ser substituídos por outros menos ruidosos; os estudantes devem ser conscientizados a se concentrarem nas aulas – o que torna mais complexo, visto que se está lidando com seres humanos –, além da inserção/substituição de materiais absorventes nas superfícies das salas, 81

reduzindo a reverberação e melhorando, por conseguinte, a inteligibilidade da voz do professor.

Com relação ao ruído externo, a única forma viável e possível é o isolamento adequado das salas de aula, para que a influência dos fatores externos seja reduzida ou até eliminada. Como forma de aprimorar o tempo de reverberação das salas de aula, deve-se aumentar a capacidade de absorção das mesmas, substituindo ou inserindo outros materiais nas superfícies como teto, piso, portas, janelas, cadeiras, dentre outras.

De acordo com Kowaltowski et al. (2001), em projetos escolares, as falhas acústicas apresentadas apontam para algumas medidas simples que amenizem as condições desfavoráveis, como, por exemplo, a introdução de revestimento interno adequado nas salas de aulas para diminuir a reverberação. A localização da quadra de esporte também é um aspecto essencial e definidor da implantação do partido do projeto. Outro aspecto importante é a geometria da sala de aula, uma vez que ela determina a difusão do som. Superfícies côncavas concentram o som, enquanto as convexas o difundem. Ângulos pequenos, nichos e salas ligadas por aberturas causam acúmulo do som, o que pode produzir reverberações indesejáveis. Formatos assimétricos produzem uma distribuição desigual do som, especialmente quando as reflexões atingem duas ou três superfícies antes do ouvinte. Sabe- se que as salas retangulares são as responsáveis pela melhor distribuição sonora. Entretanto, paredes paralelas podem produzir ondas estacionárias e ecos que devem ser atenuados por superfícies com textura ou materiais absorventes (DUDEK, 2007).

Cannon Design et al. (2010) afirmam a importância de boas condições acústicas em ambientes de aprendizagem, por meio de estratégias de controle de reverberação e de ruído de fundo, minimização de ruídos externos ao ambiente de aprendizagem, e controle de ruídos advindos do condicionamento de ar. Recomenda-se que: os móveis sejam macios para absorver ruídos, o piso e paredes de fundo sejam revestidos em material absorvente, a parede da lousa (ou frontal) seja em material refletivo para direcionar o som para a plateia, no topo das paredes laterais tenha painéis absorvedores ou rebatedores sonoros, e no forro, material redutor de ruído, permitindo o coeficiente mínimo de 0.70. 82

2.4.4 Condições de mobiliário em salas de aula

De acordo com a Fundescola (1999, p. 5), apesar das especificidades que adquirem nos diversos espaços educativos, os móveis são classificados em três tipos distintos, comuns a qualquer ambiente escolar: superfícies de trabalho e assentos; suportes de comunicação; e mobiliário para guardar material escolar.

A produção de mobiliário contemporâneo para crianças e jovens para escolas, particularmente, depende de fatores sociais, técnicos e econômicos. Existem parâmetros centrados no usuário e em fatores médicos (antropométricos, ergonômicos, ortopédicos, oftálmicos), pedagógicos (sistema de ensino, flexibilidade no uso do mobiliário, tipologia de mobiliário, objetivo e usabilidade), projetual (espacial, funcionalidade, valores de forma e estética, seleção de cores) execução (durabilidade, ciclo-de-vida, encaixes de componentes, custo de materiais e de logística), regras e normas (segurança, sustentabilidade ambiental) fatores econômicos (tecnologias disponíveis, custos de produção e distribuição, aceitação no mercado e concorrência) (NOWAKOWSKI, 2010).

A qualidade ergonômica e estética, em particular, do mobiliário utilizado comumente nas escolas é considerada baixa, se comparado com outros tipos de mobiliário, doméstico e de escritório, por exemplo. Na maioria das vezes, a acirrada concorrência entre os preços disponíveis no mercado é o principal fator de rebaixamento dos preços da produção dos produtos, constituindo-se também no principal critério para definição da compra (NOWAKOWSKI, 2010), principalmente porque os responsáveis não têm conhecimentos específicos sobre ergonomia, que possam utilizar como ferramentas de seleção de produtos.

A Fundescola considera que critérios de qualidade para mobiliário escolar são de três naturezas:

1. Referentes ao usuário – ergonomia: Abordam suscintamente que o aluno passa por um desenvolvimento corporal, ao longo de sua permanência na escola, e, portanto, o mobiliário deve corresponder a sua faixa etária, seus hábitos e influências sociais e culturais, favorecendo a socialização e a flexibilização de uso; 83

2. Referentes ao uso – pedagogia: deve ser flexível ao uso em metodologias distintas, com dimensionamento e peso compatível com faixa etária dos estudantes, de fácil limpeza e possibilidade de empilhamento; 3. Referentes a aspectos construtivos – tecnologia: deve ser resistente, rígido e seguro ao aluno, confeccionado em material resistente, passível de produção racionalizada, maus condutores de calor e de fácil manutenção.

Kowaltoski (2010, p. 53) aponta que o mobiliário é um elemento fundamental no processo de ensino, no conforto físico e psicológico do aluno, influenciando de forma direta no seu aprendizado. Os móveis escolares podem ser classificados em quatro tipos distintos:

1. Superfícies de trabalho e assento: mesas individuais ou coletivas; 2. Suportes de comunicação: quadro negro, quadro em vidro, lousa branca; 3. Mobiliário em geral: armário para utensílios, material de trabalho em uso, ou concluído, suportes para dispositivos eletrônicos; 4. Mobiliário específico para laboratórios, oficinas, aulas de música, teatro, culinária e educação física, etc.

Rio e Pires (1999) alegam que, de modo geral, o mobiliário deve ser disposto no ambiente, de maneira que:

• Os espaços de uso, e alcance, propiciem as melhores situações para o trabalho; • Não existam quinas vivas que tragam desconforto para o usuário, causando compressão de segmentos corporais; • A relação espacial entre os móveis proporcione um conjunto ergonomicamente equilibrado.

Quanto a equipamentos e máquinas de apoio às atividades, os autores complementam, com as seguintes recomendações:

• Peso: em caso de transporte, recomenda-se a maior redução possível dos pesos de componentes; 84

• Forma: recomenda-se a forma mais anatômica possível, que em geral está relacionada com as características funcionais da mão; • Pegas: além das características anatômicas das pegas, elas devem ter uma aderência adequada para a função, e tamanho bem relacionado com as medidas antropométricas da mão.

Nowakowski (2010) afirma que defeitos posturais em crianças e adolescentes podem ser causados por hábitos posturais inadequados, que resultam de posturas corporais desordenadas e, até decorrentes de insuficiência de tônus muscular. A permanência na posição sentada por longas horas, numa postura incorreta, e o uso de assentos e estações de trabalho de baixa qualidade ergonômica também incorrem em defeitos posturais. Posições sentadas incorretas durante atividade escolar, pode levar a várias doenças da coluna vertebral. Uma doença postural não reconhecida e tratada em tempo reforça o habito postural incorreto, o que, por sua vez, pode levar a graves doenças na idade adulta.

As dimensões do mobiliário devem estar em conformidade com a estatura e a faixa etária da população de cada estabelecimento de ensino. As alturas da cadeira e da mesa estão relacionadas à série e às faixas etárias. O mobiliário também deve atender à distribuição normal (Curva de Gauss) da população.

A NBR 14006 (ABNT, 2008) - Móveis escolares – cadeiras e mesas para conjunto aluno individual, aponta para seis categorias dimensionais para o conjunto de mesa e cadeira escolar, considerando as faixas de estaturas da população, levando em consideração as recomendações apontadas na norma internacional ISO 5970. As Tabelas 4 e 5, a seguir, descrevem esses dados, com destaque para as faixas 4, 5 e 6 que se referem às estaturas encontradas em estudantes do ensino médio, na faixa de 15 a 18 anos. Tabela 4 - Dimensionamento para mesas individuais para estudantes, por faixa de estatura, com destaque para as faixas 4, 5 e 6, que correspondem às estaturas encontradas em estudantes do Ensino Médio. Tamanho 1 2 3 4 5 6 Faixa de estatura Até 1000 1000 a 1300 a 1480 a 1620 a Acima de 1300 1480 1620 1800 1800 Largura mínima do tampo 1 lugar 600 Largura mínima do espaço para pernas 450 470 500 Altura do tampo (tolerância ± 10 mm) 460 520 580 640 700 760 Altura mínima para movimentação das coxas 350 410 470 530 590 650 Altura mínima para movimentação dos joelhos 350 400 450 500 85

Altura mínima para posicionamento de 250 300 350 obstáculos na área de movimentação da perna Profundidade mínima do tampo 450 Profundidade mínima do espaço para as 300 350 400 pernas Profundidade mínima para movimentação das 400 450 pernas Fonte: Adaptado de NBR 14006 (ABNT, 2008). Tabela 5 - Dimensionamento para cadeiras para estudantes, por faixa de estatura, com destaque para as faixas 4, 5 e 6, que correspondem às estaturas encontradas em estudantes do Ensino Médio. Tamanho 1 2 3 4 5 6 Faixa de estatura (em milímetros) Até 1000 1000 a 1300 a 1480 a 1620 a Acima de 1300 1480 1620 1800 1800 Largura mínima do assento 330 390 Largura mínima do encosto 300 350 Altura do assento 260 300 340 380 420 460 (tolerância ± 10mm) Altura máxima do vão entre a superfície do 120 130 150 160 170 190 assento e a base do encosto Altura até a borda superior do encosto (mínimo 210 250 280 310 330 360 e máximo) 250 280 310 330 360 400 Altura da aba frontal do assento 35 (± 5mm)

Raio da aba frontal do assento 30 a 90 Raio da curvatura da parte interna do encosto 500 a 900 Profundidade efetiva do assento (tolerância ± 10 260 290 330 360 380 400 mm) Ponto de referência para ângulo 160 170 190 200 210 220 assento/encosto Ângulo entre assento e encosto (em graus) 950 a 1060 Inclinação do assento (em graus) 20 a 40 Fonte: Adaptado de NBR 14006 (ABNT, 2008)

Quanto ao mobiliário escolar acessível para pessoa com cadeira de rodas, a NBR 9050 (ABNT, 2015) prevê que:

• Pelo menos 1% do total de mesas individuais seja acessível à pessoa com cadeira de rodas, havendo, no mínimo, uma para cada duas salas de aula. No caso de uso de cadeiras do tipo universitário (com prancheta acoplada), devem ser disponibilizadas mesas acessíveis na proporção de, pelo menos, 1% do total de cadeiras, com, no mínimo, uma para cada duas salas; • Nas salas de aula, pelo menos uma das portas deverá ter dimensão mínima de 0,80 x 2,10m para proporcionar acessibilidade a pessoa com deficiência, e devem ser em madeira, ferro, alumínio ou PVC; • As lousas devem ser acessíveis e instaladas a uma altura inferior máxima de 0,90 m do piso, devendo ter uma área de aproximação lateral e manobra da cadeira de rodas, ter 86

dimensão mínima de 3,00m² e conter moldura e aparador de giz. Recomenda-se a fórmica ou alvenaria. Quanto ao quadro de aviso, este deverá ser em fórmica branca ou cortiça.

Numa abordagem mais contemporânea sobre conforto em mobiliário escolar e ajustes individuais, Nowakowski (2010) recomenda serem tomadas as seguintes medidas projetuais:

• Possibilidade de ajustes dos elementos do sistema de assento - cadeira - mesa - apoio para os pés, em relação ao tamanho, durante o uso do artefato; • Ajuste de mesas de trabalho para o tamanho, (a idade) e habilidades sinestésicas dos estudantes; • Garantir o princípio de sentar-dinâmico; • Implementar estações de trabalho de tampo inclinado; • Implementação de revestimentos antiderrapantes; · • Tamanho das estações de trabalho que permitam o apoio dos antebraços e cotovelos, de ambos os braços; • Utilização de cadeiras com encostos que inclinem para trás e para a frente com um descanso ajustável para costas; • O perfil da parte da frente do assento não deve pressionar as coxas na curvatura do joelho; • Apoiar a parte lombar da coluna, tanto na posição reta e quando inclinado para a frente ou para trás.

Diante da demanda atual por inserção de novas tecnologias em ambientes de ensino, têm sido incorporados novos equipamentos eletrônicos, tais como: aparelhos audiovisuais, como TV, lousa digital, computadores, projetores, controladores de condições ambientais eletrônicos – temperatura, iluminação e áudio, dispositivos de acesso à internet sem fio, tablets, laptops e celulares. Para tanto, faz-se necessário que medidas de conforto e ergonomia sejam elaboradas para que esses equipamentos, e outros que poderão surgir nos próximos anos, tornem-se elementos comuns e importantes para a qualidade do ambiente de aprendizagem, contribuindo com a aprendizagem do aluno. 87

2.4.5 Ergonomia do ambiente de aprendizagem

A ergonomia busca o conhecimento das características humanas na projetação de sistemas que são abrigados em um ambiente. Desta forma, considera que o ambiente esteja adaptado ao indivíduo e como consequência as metodologias ergonômicas se aproximam do usuário quando da avaliação de suas satisfações e insatisfações, em busca de respostas para os problemas do processo projetual (FALCÃO & SOARES, 2011).

As mudanças comportamentais dos estudantes de hoje, frente às mudanças sociais percebidas no século XXI, quebraram certos códigos de conduta disciplinares e conquistaram a fusão entre trabalho e ócio, o que contribui para um clima social mais aberto a inovações. Sibilia (2012, p.48) afirma que nos ambientes laborais de hoje se estimulam mais a criatividade e o prazer:

“No circuito produtivo contemporâneo busca características antes combatidas, como a originalidade associada a certa espontaneidade inventiva, e capacidade de mudança e adaptação, com rapidez”.

As condições ergonômicas do ambiente afetam a qualidade da saúde dos estudantes e seu desempenho acadêmico, especialmente onde os estudantes farão interface com tecnologias que requerem a utilização de dispositivos digitais controlado pela mão (MURPHY, BUCKLE & STUBBS, 2004; STRAKER & POLLOCK, 2005). Dentro dos projetos de sala de aula, sugere-se dar muita atenção à concessão de superfícies de trabalho flexíveis, de convivência e de armazenamento (KAUP et al.; 2013).

Carnide (2006, p.3) considera uma abordagem sobre a ergonomia em ambiente escolar, como a concepção adequada dos espaços de formação indispensável a um melhor conhecimento da atividade dos docentes e dos estudantes, que requer a consideração das situações de ensino como um sistema.

“O espaço e a disposição espacial mediatizam os efeitos da organização do ensino, das escolhas pedagógicas e das exigências das tarefas no que respeita à comunicação entre docentes e estudantes e seus deslocamentos. A organização dos espaços de ensino influencia as modalidades da atividade dos alunos e dos docentes, ao mesmo tempo que modula as interações funcionais e sociais” (CARNIDE, 2006, p.4). 88

A organização do ambiente de aprendizagem integra múltiplas variáveis, tais como: a superfície disponível e as suas dimensões, as características do mobiliário e sua quantidade, a quantidade de estudantes, a organização temporal da atividade de formação e as estratégias pedagógicas adotadas, entre outros. Torna-se, portanto, necessário conhecer melhor a forma como funciona este sistema complexo de relações, para dar contribuições aos arquitetos e designers de interiores, de como arranjar os condicionantes, pensando num espaço de ensino mais agradável e eficiente.

Percebe-se a preocupação em estabelecer um perfeito entendimento das necessidades não apenas físicas do usuário de um determinado espaço, mas também da questão da sua percepção/satisfação. Neste caso, o edifício passa a ser avaliado enquanto espaço vivencial, sujeito aos valores simbólicos e socioculturais dos usuários, ou seja, a análise dos aspectos construtivos e funcionais do ambiente construído é realizada em conjunto com a análise comportamental essencial à sua compreensão (FALCÃO & SOARES, 2011). Converge para o mesmo pensamento a definição de Ergonomia do Ambiente Construído de Villarouco (2002), como aquela que extrapola as questões puramente arquitetônicas, focando seu posicionamento na adaptabilidade e conformidade do espaço às tarefas e atividades que nele irão se desenvolver.

Carnide (2006, p.3) sintetiza a abordagem ergonômica ao contexto escolar, com os objetivos de:

• Adaptar a situação de aprendizagem e as finalidades de trabalho escolar de acordo com a sua definição de “colocação em prática dos conhecimentos relativos ao Indivíduo e necessários à concepção de instrumentos, das máquinas e dos dispositivos que possam ser utilizados pelo maior número de utilizadores e com o máximo de conforto, segurança e de eficácia” (SIX, 2003); • Procurar a melhor adequação possível entre a tarefa (aprendizagem, formação) e os atores envolvidos no processo (estudantes, docentes, outro pessoal) que realizam esta tarefa, com vista a uma melhor eficácia, tanto do ponto de vista do sistema, como dos intervenientes (aquisição de competências, êxito...); • Relacionar, entre si, os diversos componentes do sistema com as situações e as interações pertinentes à aprendizagem, e 89

• Mobilizar as competências dos diferentes atores em relação às missões e às tarefas acometidas, e às suas capacidades de diálogo, de análise e de inovação.

A investigação em ergonomia traz à tona um interesse crescente sobre a evolução tecnológica do trabalho e a concepção de mobiliário baseado em princípios biomecânicos. O debate tem sido amplo quanto às recomendações de novos princípios para a concepção de cadeiras e de planos de trabalho. Contudo, a escola ainda é abordada como um tema com poucas normatizações, principalmente no Brasil.

As atividades diárias, baseadas numa postura preventiva quanto a doenças posturais em salas de aula englobam (NOWAKOWSKI, 2010):

• O sentar-dinâmico e a mudança de posições frequentemente; • Pausas frequentes quando se trabalha em uma posição sentada, e levantar-se para execução de exercícios físicos curtos; • Descanso dos pés na superfície do piso, ou apoio adicional, quando sentado; • Descanso horizontal de toda a superfície das coxas em um assento, mantendo a curvatura das coxas e panturrilhas, com o ângulo de 90 °; • Liberdade de movimento das coxas no assento.

Dinâmica da postura sentado

A atividade de aprendizagem, na maior parte do tempo, emprega-se a postura sentada para os estudantes, tanto em aulas expositivas, como também em práticas laboratoriais, de informática e de artes. Na postura sentada, 75% do peso total corporal são suportados por apenas 26 cm2 da superfície do assento. Esta pequena área encontra-se localizada sob as tuberosidades isquiáticas, resultando numa carga compressiva considerável.

Castro (2002) aponta, de modo geral, que o estudante, na posição de sentado, adota essencialmente dois tipos de posturas:

1. Tronco com inclinação anterior, para escrever, ler ou efetuar qualquer atividade manual de forma a respeitar uma distância adequada entre o plano de trabalho e os olhos; 2. Tronco numa postura mais retilínea para falar, ouvir ou descansar. 90

Carnide (2006, p. 9) e Castro (2002) consideram desejável um assento ajustável passando facilmente de uma posição de inclinação anterior para uma posição mais à direita. Ainda complementa com as demais recomendações:

• Adoção de um ângulo obtuso (95-1100) entre o assento e o encosto; • Um assento que não seja nem excessivamente baixo, nem profundo para além do necessário; • Um encosto ajustável ao formato da coluna vertebral.

Utilização de instrumentos de ensino aprendizagem

Nas atividades expositivas, tanto aluno quanto professor se utilizam de instrumentos de comunicação na posição vertical. Para estes suportes, como quadro branco, negro ou de vidro, do ponto de vista dos requisitos ergonômicos, Carnide (2006, p. 24) recomenda que:

• Todos os dispositivos similares utilizados para acionar os quadros devem estar colocados a uma altura compreendida entre os 750 mm e os 1200 mm acima do solo; • As pegas ou dispositivos similares para colocar ou retirar o quadro horizontalmente, devem estar colocados a uma altura compreendida entre os 900 mm e os 1200 mm acima do solo; • Do mesmo modo, as pegas ou dispositivos similares utilizados para colocar ou retirar verticalmente o quadro devem estar colocados a uma altura compreendida entre os 600 mm e os 2000 mm.

Utilização de instrumentos digitais

A postura e o manuseio de instrumentos digitais incorretos podem causar lesões temporárias ou até mesmo permanentes. Classificam-se em três categorias, as doenças relacionadas com o uso de computador, tanto na utilização de computadores de mesa, quanto em dispositivos móveis, laptops:

1. Lesões por esforços repetitivos – LER: Resultam de movimentos grandes ou pequenos recorrentes que afetam as articulações, músculos, tendões e nervos. Por exemplo, pessoas que frequentemente usam seus polegares para digitar mensagens de texto 91

em celulares, por vezes, desenvolver a síndrome de Quervain, uma aflição dolorosa que envolve os tendões que movem o polegar; 2. Doenças causadas por má postura: Ocorrem quando as pessoas se posicionam de maneira a induzir o estresse físico. Por exemplo, inclinando suas mãos longe demais, para dentro ou para fora ao bater palmas, ou colocar força em seus pulsos durante a digitação. Síndrome do túnel de carpo, talvez a doença mais conhecida nesta categoria, resulta da pressão sobre o nervo mediano no pulso; 3. Fadiga ocular: Esforço para ler monitores, causado por imagens sem nitidez, escurecimento de tela, brilho ou reflexos, que podem causar irritação ou dano permanente. Os sintomas incluem dor ou vermelhidão nos olhos, visão turva ou dupla, e dores de cabeça.

O uso inadequado de laptops, principalmente em ambientes casuais ou em mesa inadequada, dificulta o alcance de posições posturais corretas, ou menos cansativas, para o pescoço, os ombros, os braços, os pulsos e as mãos. O uso de um teclado externo leve, de um dispositivo apontador (mouse) e posicionar a tela do laptop, numa altura adequada, podem melhorar a percepção de conforto postural. Usar o laptop na posição deitado, ou enquanto assiste televisão no sofá, aumenta a pressão sobre o seu pescoço e faz com que seja quase impossível digitar ou usar um teclado.

O hábito de escrever à mão em posições inadequadas, comumente adotado por jovens e crianças, parece ter sido substituído pelo uso de laptops, tablets e celulares nas mais diversas e posições e, em muitos casos, envolvendo também uma postura inadequada. Ao contrário de laptops, tablets funcionam em posição vertical, horizontal e em qualquer lugar. O uso horizontal é tipicamente menos estressante, especialmente quando o tablet está em uma posição confortável para os seus braços e mãos (semelhante a como você deve usar um teclado em um laptop ou desktop) – entretanto, se a tela for posicionada perto do nível do colo, significa que o indivíduo irá provavelmente dobrar o pescoço, o que é problemático para a sua postura. Telas posicionadas verticalmente exigem chegar à frente e levantar o braço. Isso também acontece quando você usa um mouse, se estiver sentado muito longe de sua mesa, exigindo uma aproximação adequada do assento. 92

Para telas sensíveis ao toque, na função de leitura, é melhor colocar o dispositivo de modo que você pode ver a tela inteira, com clareza. Geralmente, isso significa um ângulo quase perpendicular à sua linha de visão, como a de um monitor convencional. Mas para a digitação e o toque, ângulos baixos (cerca de 300) são melhores (TESSLER, 2012).

A posição do seu pulso também afeta a probabilidade de lesão, ao realizar gestos em telas sensíveis ao toque. Quanto maior a flexão no pulso, ou a repetição do gesto, maior a chance de lesão. Os teclados na tela em tablets e smartphones representam o mesmo risco de LER e lesões relacionadas como teclados físicos. Atualmente, o principal problema exclusivo com teclados touchscreen é a falta de feedback tátil. Ao contrário de chaves mecânicas, que se movem e oferecem resistência, teclas virtuais não reagem quando são pressionadas. A solução encontrada foi a resposta em cliques audíveis, mas isso nem sempre é eficaz, especialmente em ambientes ruidosos, ou nos quais a concentração de outros seja importante.

Em termos gerais, o risco de fadiga ocular e outros problemas semelhantes, causados por uso excessivo de tablets e de smartphones, está diretamente relacionada com três atributos inerentes ao display: resolução (a nitidez da imagem), contraste (como brilhante ou caracteres e imagens escuras são comparados com o fundo) e brilho (a quantidade de luz do visor emite) (TESSLER, 2012).

A postura que adotamos ao visualizar os telefones celulares aumenta a tensão no pescoço e pode causar desgaste excessivo. Podendo evoluir para a necessidade de procedimento cirúrgico. Dr. Kenneth Hansraj, médico americano, diz que nossas cabeças pesam entre 4 kg a 5 kg, com ângulo de inclinação natural frontal de 15o. Para visualizar os nossos telefones, o peso efetivo sobre os nossos pescoços aumenta para até 27 kg, numa inclinação de 60o graus (KHALEELI, 2014), podendo causar lesões graves, ao longo do tempo.

2.5 Resumo do Capítulo

Diante das diferentes abordagens dadas aos elementos e fatores que compõe o ambiente físico escolar, a pesquisadora destaca os seguintes tópicos principais: 93

• A ambiência escolar vai além da composição do espaço físico, constitui-se pelo o estabelecimento de relações interpessoais, dentro de uma cultura, capazes de contribuir no processo de ensino e aprendizagem; • No Brasil, o projeto de arquitetura escolar é tratado com certo empirismo, e até simplificação. De forma geral, nem o processo de projeto, nem as avaliações dos espaços em uso contam com a participação dos usuários; • Diante da necessidade de mudanças no sistema educacional brasileiro, o desafio para o ambiente de aprendizagem é requalificar todo um conjunto de escolas, com problemas graves de infraestrutura, mesmo para o modelo de ensino tradicional; • A inovação tecnológica decorrente da cibercultura força uma mudança de paradigma educacional para o ensino centrado no estudante, como já vem ocorrendo em outros países mais desenvolvidos; • O novo paradigma é baseado na Educação Híbrida, ou blended learning. Parte da aprendizagem que ocorre on-line via internet, permitindo ao estudante maximizar seu potencial individual, desenvolver novas habilidades para resolver questões da vida real. Este modelo incentiva as estratégias - colaboração entre professores, clima escolar positivo, integração com tecnologias, horários flexíveis, conexão com o ambiente, com comunidade e redes globais; • As tecnologias de informação e de comunicação atuam como catalizadores de pesquisas e de interação entre os estudantes, ativando novas formas de realizar trabalhos práticos e também teóricos, mesclando a aprendizagem em sala de aula com informações adquiridas on-line. Apesar do grande crescimento da educação virtual de tempo integral, esse modelo não irá substituir o ensino presencial, pois a maioria dos estudantes precisa do cotidiano e da supervisão adulta que acontece nas escolas; • O ambiente e as ferramentas de aprendizagem devem incorporar princípios de design mais inovadores, compatíveis com os conceitos de uma nova metodologia educacional – proporcionar sentimento de boas-vindas e de acolhimento na escola, versatilidade, agilidade e personalização, flexibilidade e também especificidades para as diferentes atividades de aprendizagem; e emissão de mensagens positivas quanto à identidade e ao comportamento dos usuários; 94

• A qualidade do ambiente de aprendizagem envolve campos de pesquisa que muitas vezes são conflitantes entre si. Por exemplo, a acústica versus conforto térmico, a iluminação natural versus a proteção solar, custos versus conforto dimensional, entre outros, e • A natureza do processo projetual implica em tomada de decisões definidoras para a qualidade interna dos ambientes produzidos, portanto, precisa ser estudada de modo sistêmico e global, envolvendo a metodologia de ensino, as atividades desenvolvidas, os usuários e os ambientes de aprendizagem.

Coube a esta tese aplicar os principais parâmetros de qualidade, conforto e ergonomia apresentados neste capítulo á Síntese de Requisitos Ambientais e Ergonômicas desenvolvidas no Capítulo 6 Resultados Parciais – Desenvolvimento do Modelo Conceitual de Ambiente de Aprendizagem desenvolvido. Esta tarefa tornou-se mais difícil na medida em que tiveram que ser elencados parâmetros conflitantes. Desta forma, em caso de conflito foram priorizados os parâmetros relacionados a visibilidade e audibilidade do conteúdo, e o conforto individual dos usuários.

No Capítulo 3, a seguir, será apresentado o Referencial Teórico – Metodológico que sustentou o Método de pesquisa adotado para esta tese. 95

3 REFERENCIAL TEÓRICO - METODOLÓGICO

Este capítulo descreve o referencial teórico - metodológico que sustenta o método de pesquisa adotado para a elaboração desta tese. E, está estruturado nos seguintes itens: 3.1 Design Science Research; 3.2 MEAC – Metodologia Ergonômica para o Ambiente Construído; 3.3 Etapas de projetação ergonômica de Attaianese e Duca (2012); 3.4 Prototipagem e Avaliação e 3.5 Resumo do Capítulo.

As categorias teóricas desta tese são compostas pela triangulação de métodos consolidados de Design e Ergonomia do Ambiente Construído, assumindo um desenho metodológico qualitativo e também prescritivo. O método utilizado na tese se apoia nas seguintes teorias: Constructive Design (KOSKINEN et al. 2011), Design Participativo, Design Science Research (DRESCH et al., 2015), e em métodos de avaliação ergonômica – Metodologia Ergonômica para o Ambiente Construído – MEAC (VILLAROUCO, 2002, 2009) e em etapas de projetação ergonômica de Attaianese e Duca (2012).

O Design Participativo é considerado como uma prática de design que visa coletar, analisar e projetar um sistema, ou artefato juntamente com a participação de usuários. Sendo assim, tem como foco a participação de diferentes pessoas, nas etapas do desenvolvimento do artefato. Foi iniciado na década de 70, e defendido por Asaro (2000), Muller (2003), Falzon (2007), Gasperini (2010) e Pratschke et al. (2005) entre outros. Segundo Asaro (2000) e Muller (2003), o design participativo trata o usuário com o mesmo valor dado a um especialista do projeto, participando desde o planejamento até a prototipagem, pois conhece como ninguém sua própria rotina de trabalho.

Tenório (1990) define o ato de participar: ‘Prática social na qual os interlocutores detêm conhecimentos que, apesar de diferentes, devem ser integrados. Que o conhecimento não pertence somente a quem passou pelo processo de educação formal, ele é inerente a todo ser humano’. Um dos desafios do design participativo é sua capacidade de motivar as pessoas a se envolverem no delineamento do futuro. Isto nos leva a aproximação com os princípios do Design Science (SIMON, 1996) e do Constructive Design Research (KOSKINEN et al., 2011). 96

Constructive Design Research refere-se a pesquisa em Design, em que a construção de produtos, sistemas, mídias e espaços toma lugar central e se torna a chave significante da construção de conhecimento (KOSKINEN et al., 2011), podendo ser um cenário, um mock-up, ou apenas um conceito detalhado de um produto. É focado na ideação, na construção de coisas novas e na descrição e explicação dos processos dessas construções. Se importa em integrar pesquisa e design. É complementada pela visão de Simon (1996), Venable (2006) e Van Aken (2011) que abordam a ciência do artificial, teoria e pesquisas de Design Research em organizações. Design Science é caracterizado por um conjunto de conhecimentos em design e designing, voltado para a combinação entre teoria e prática, como forma de produção de conhecimento científico que envolva o desenvolvimento de uma inovação, com a intenção de resolver problemas do mundo real e, ao mesmo tempo, fazer uma contribuição científica de caráter prescritivo.

A pesquisa em Design utiliza ferramentas de estudos etnográficos para a compreensão de contextos sociais, para o desenvolvimento de novos artefatos e para a manutenção de fatores culturais relacionados às pessoas, ou aos artefatos desenvolvidos. Esta abordagem se interessa em como as pessoas e as comunidades percebem, interagem, comunicam-se e convivem com artefatos nos seus cotidianos. Também se aproxima dos estudos em ergonomia, principalmente no que tange a percepção dos usuários quanto as dificuldades e problemas encontrados no ambiente e nos demais elementos que participam das atividades do trabalho.

Foram utilizados métodos ergonômicos de avaliação e projetação, pois sendo a escola e, por conseguinte, os ambientes de aprendizagem, parte do processo de aprendizagem, percebe- se a necessidade de estudar adequadamente a abordagem ergonômica desses espaços. Ao mesmo tempo, com a adoção de metodologias de Design, propor inovações no desenvolvimento de projetos de ambientes pensando na renovação das configurações atuais destes espaços.

Para Fischer (1994) e Oliveira (2011), o espaço é a matriz ambiental que informa as relações humanas na sua complexidade enquanto que é, como elas, o resultado de fatores culturais, sociais e institucionais. A relação de troca existente entre a pessoa e o meio físico vivenciado 97

é bilateral, havendo mútua influência, resultando em um sistema onde o ambiente atua sobre a pessoa, que por sua vez, age sobre os fatores espaciais que o determinam. Dessa forma, pode-se afirmar que os alicerces da natureza da relação Pessoa-Ambiente permitem explicar o valor do espaço e a orientação da conduta individual ou social.

Percebe-se a preocupação em estabelecer um perfeito entendimento das necessidades não apenas físicas do usuário de um determinado espaço, mas também da questão da percepção/satisfação desse usuário. Neste caso, o edifício passa a ser avaliado enquanto espaço vivencial, sujeito aos valores simbólicos e socioculturais dos usuários, ou seja, a análise dos aspectos construtivos e funcionais do ambiente construído é realizada em conjunto com a análise comportamental essencial à sua compreensão (FALCÃO & SOARES, 2011).

A vertente da Ergonomia que se dedica ao estudo do ambiente físico é a Ergonomia do Ambiente Construído, e foca seu posicionamento na adaptabilidade e conformidade do espaço às tarefas e atividades que nele irão se desenvolver. Attaianese e Duca (2012) também estudam princípios ergonômicos para aplicação em design de edificações, enquanto uma metodologia aplicada ao projeto. Esta metodologia envolve essencialmente os usuários e utiliza a norma internacional ISO 13407/1999, que determina o design de sistemas centrado nos usuários, com clara compreensão da caracterização dos usuários e de todas as tarefas que implicam no funcionamento do sistema de atividades. São aprofundadas, a seguir, as teorias que fundamentam o desenvolvimento do Modelo Conceitual de ambiente de aprendizagem desta tese.

3.1 Design Science Research

Design Science concebe um conhecimento sobre como projetar, ocupa-se do projeto, procura desenvolver e projetar soluções para melhorar sistemas existentes, resolver problemas, ou ainda, criar novos artefatos que contribuam para uma melhor atuação humana, seja na sociedade ou nas organizações. Suas principais características estão descritas no Quadro 2, a seguir.

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Quadro 2 - Síntese de características do DSR. Elemento Método DSR

Objetivos Desenvolver artefatos que permitam soluções satisfatórias aos problemas práticos Projetar e prescrever Principais atividades Definir o problema, sugerir, desenvolver, avaliar, concluir Resultados Artefatos, constructos, modelos, métodos, instanciações e aprimoramento de teorias Tipo de conhecimento Como as coisas deveriam ser Papel do pesquisador Construtor e/ou avaliador do artefato Base empírica Não obrigatória No caso de um artefato com tantos fatores de controle, como um ambiente construído, considera-se uma etapa importante (complemento da autora) Colaboração pesquisador- Não obrigatória pesquisado No contexto do usuário como centro do sistema de ensino e do sistema de atividades, considera-se uma estratégia importante (complemento da autora) Implementação Não obrigatória Avaliação dos resultados Aplicações, simulações, experimentos Abordagem Qualitativa e/ou quantitativa Especificidade Generalizável a uma determinada classe de problemas Fonte: Adaptado de Dresch et al. (2015)

O Design Science Research é aplicado em doze passos metodológicos. De caráter processual, cada um desses passos gera produtos que alimentam os passos seguintes, ou também pode voltar a sequência metodológica a fim de refinar o processo de design (Quadro 3).

Quadro 3 - Sequência metodológica do Design Science Research.

Fonte: Adaptado de Dresch et al. (2015)

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Os passos metodológicos são descritos a seguir:

Passo 1 – Identificação do problema

O cumprimento de um propósito a um objetivo envolve a relação de três elementos: o propósito, o caráter do artefato e o ambiente em que ele funciona. Para conhecer os problemas iniciais foi realizada uma revisão de literatura, a fim de conhecer o cenário, os aspectos sociais, técnicos, culturais em que estão imersas as questões abordadas pela tese.

Passos 2 e 3 – Conscientização do problema e Revisão Sistemática de Literatura5

Compreensão sistêmica sobre o problema da pesquisa, identificando relações do tipo causa- efeito-causa. Os dados sintetizados foram utilizados para detalhar a problemática inicial, estabelecer classes de problemas e dar subsídios para elaboração da hipótese e das questões de pesquisa a serem discutidas na tese.

Passo 4 – Identificação dos artefatos e configuração das classes de problemas

A identificação dos problemas a serem resolvidos e elaboração de atributos de eficiência para o melhor desempenho do modelo conceitual proposto na tese.

Passo 5 – Proposição de artefatos para resolução do problema, Passo 6 – Projeto de artefato e Passo 7 – Desenvolvimento do artefato

Raciocínio sobre as possíveis soluções para melhorar a situação presente. Elaboração do Modelo Conceitual do Ambiente de Aprendizagem, considerando a realidade das escolas pesquisadas e a adoção da metodologia educacional com blended learning. Os itens 3.2 e 3.3 (ambos a seguir) expõem as teorias de avaliação e projetação ergonômicas adotadas na tese, que contribuíram para geração do Modelo Conceitual.

5 Apesar do Método Design Science Research recomendar a execução da Revisão Sistemática de Literatura, para esta pesquisa foi executa uma revisão de literatura convencional. 100

Passo 8 – Avaliação do artefato

Para a avaliação do Modelo Conceitual de ambiente de aprendizagem gerou-se uma representação em realidade virtual, um protótipo em 3-D, construído com base em cenários interativos. Para análise deste Modelo, os cenários interativos foram expostos à experienciação com usuários e especialistas. Após o experimento, os dois grupos de avaliadores responderam a um questionário calibrado. O item 3.4 (página 85) expõe a teoria sobre prototipagem e avaliação adotada nesta tese.

Passos 9 e 10 – Explicitação das aprendizagens e conclusão

Os resultados encontrados com o processo de Design, as tomadas de decisão necessárias para a sua execução, a validação dos testes experimentais com o artefato, os limites da pesquisa e orientações para novos estudos foram sintetizados e analisados para a compilação da redação da tese.

Passos 11 e 12 – Generalização para uma classe de problemas e comunicação dos resultados

O artefato desenvolvido, juntamente às heurísticas de construção e contingenciais, generalizados para uma classe de problemas, permitindo avanço no conhecimento e aplicação em outras situações similares.

3.2 MEAC – Metodologia Ergonômica para o Ambiente Construído

A Metodologia Ergonômica para o Ambiente Construído – MEAC foi desenvolvida por Vilma Villarouco, nos anos 2000, na Universidade Federal de Pernambuco - UFPE, e propõe um link importante entre ergonomia e arquitetura, que se insere sutilmente entre o cognitivo e o tecnológico, incluindo as questões que tratam das sensações e percepções experimentadas na apropriação espacial pelo usuário. Nesta perspectiva, a MEAC consiste em uma avaliação ergonômica que busca identificar conflitos ocasionados por elementos ausentes ou inadequados no ambiente, a partir das opiniões e sugestões dos próprios usuários, que são identificados por meio dos instrumentos de pesquisa da ergonomia, arquitetura e psicologia ambiental. 101

A MEAC possui como ponto de partida a Análise Ergonômica do Trabalho – AET, e procura estabelecer uma analogia entre as fases da análise tradicional e aquelas necessárias à avaliação do espaço com foco no trabalho nele realizado, verificando possíveis interações prejudiciais à produtividade ou que pudessem proporcionar uma melhoria das condições de trabalho. Sua avaliação independe de índices pré-estabelecidos em normativas. As normativas são consideradas como balizadores de índices mínimos de conforto, tanto para conforto lumínico, quanto para acústico e térmico. Nessa ótica, o sentimento percebido pelo usuário, somados a sua bagagem cognitiva, emocional e racional determinam os resultados da avaliação.

Desta forma, obriga-se o pesquisador a utilizar de ferramentas de percepção e psicologia ambiental, em qualquer ambiente que se queira avaliar, utilizando a MEAC. Sua aplicação é feita em quatro grandes etapas: Análise física, Análise da percepção do usuário, Diagnóstico ergonômico e Proposições Ergonômicas para o Ambiente. As duas etapas iniciais são de coleta e análise de dados, a terceira é de compilação e comparação entre dados obtidos, e ao final, na quarta etapa, são geradas as proposições, conforme quadro síntese no Quadro 4, a seguir.

Quadro 4 - Síntese da aplicação da MEAC. MEAC - Metodologia Ergonômica para o Ambiente Construído ETAPA OBJETIVO ANÁLISE GLOBAL DO Observar informações sobre a estrutura organizacional, a dinâmica da AMBIENTE instituição e os processos de trabalho. IDENTIFICAÇÃO DA Identificar a existência de condicionantes físico-ambientais. CONFIGURAÇÃO AMBIENTAL

Obter informações de ordem física, organizacionais, assim como FASE I FASE descrição de tarefas prescritas. AVALIAÇÃO DO AMBIENTE Identificar a adequabilidade do ambiente, (o quanto ele é facilitador EM USO ou dificultador no desenvolvimento das atividades) analisando os fluxos para a execução das tarefas.

PERCEPÇÃO AMBIENTAL Identificar os desejos dos usuários em relação ao ambiente

pesquisado, por meio de utilização de técnica da Psicologia Ambiental. FASE II FASE

DIAGNÓSTICO | RECOMENDAÇÕES ERGONÔMICAS Fonte: Adaptado de Villarouco, 2011.

O resultado da MEAC (VILLAROUCO, 2011, p.44) deve ser a elaboração de lista de recomendações devidamente justificadas, ou ainda, a proposição de um projeto que trate a solução dos problemas identificados nas análises. Um espaço de trabalho ergonomicamente 102

adequado, sempre visará ajustar a situação do projeto ao indivíduo, e nunca o sentido inverso. Nesta ótica, o processo projetual toma o usuário, em sua complexidade, como elemento primordial, em seus aspectos físicos, culturais, psicossociais e cognitivos.

3.3 Etapas de Projetação Ergonômica de Attaianese e Duca (2012)

Um projeto de edificação centrado no usuário deveria ser caracterizado por um passo-a-passo cíclico, relacionando a interatividade dos usuários com os requisitos e performances da edificação. Esta abordagem pode garantir a adequação da edificação às atividades desempenhadas pelos usuários, em tempo real. A metodologia de projeto baseada em requisitos ergonômicos, proposta por Attaianese & Duca (2012), segue uma sequência de sete etapas, descritas a seguir, no Quadro 5.

Quadro 5 - Descrição das etapas de projetação ergonômica. Etapa Descrição 1 Design briefing: coleta de dados sobre os objetivos funcionais e o contexto ambiental; 2 Elaboração dos perfis de usuários e ajuste em grupos; 3 Análise de tarefas: identificação dos cenários das tarefas e descrição dos usos dos sub- cenários da edificação pelos usuários; 4 Elaboração de requisitos para adaptação às necessidades/ expectativas dos usuários e grupos; 5 Detalhamento arquitetônico e implementação dos requisitos pré-definidos; 6 Validação das soluções em design; 7 Monitoramento das performances dos usuários no uso da edificação. Fonte: Traduzido de Attaianese e Duca, 2012

A metodologia proposta por Attaianese parece ser particularmente apropriada para reconfiguração, ou o redesign de ambientes. As expectativas dos usuários tomam uma posição de importância nesse processo, dada a expectativa de renovação das vidas e dos ambientes de trabalho dos usuários, podendo aumentar a percepção da qualidade dos mesmos espaços, após a intervenção projetual.

3.4 Prototipagem e Avaliação

A prototipagem em design é utilizada para estabelecer diálogo com as pessoas no estudo, podendo ser usada desde os estágios iniciais da pesquisa. Prototipar envolve estabelecer uma conexão entre o conhecimento teórico e o desenvolvimento de um artefato, portanto é a incorporação da prática de design. Prototipagem é, portanto, o processo de construir modelos de estudo de uma ideia, a fim de explorar alternativas, antes da sua execução definitiva, e 103

pode ser aprimorado ao longo do processo de design, a fim de realizarem-se diversas avaliações com usuários e especialistas.

A aplicação de técnicas de pesquisa etnográfica como ferramenta de coleta de dados em Design, permitindo a participação dos usuários no processo de design é bastante usual (KOSKINEN et al., 2011). Geralmente, a pesquisa etnográfica com foco em design começa com uma pesquisa cultural, utilizando filmagens, cartas, diários e tarefas aos voluntários. Em seguida, constitui-se de uma análise inicial da situação estudada, e a realização de workshops com os sujeitos para ajudar a compreender os problemas analisados e a busca por alternativas inovadoras, com a participação dos usuários. Ferramentas como o desenvolvimento de personas e a elaboração de cenários, entre outras, permitem aos designers anteverem a viabilidade de seus conceitos em diferentes situações futuras.

A maneira como designers e planejadores tomam decisões de projeto são fortemente orientadas a recursos de visualização, portanto, a simulação visual de ideias do projeto em plantas, mapas e modelos colaboram com a compreensão prévia dos cenários desenvolvidos, principalmente no desenvolvimento de projetos de objetos, arquitetônicos, urbanísticos e de interiores. Sanders (2000) afirma que protótipos podem ser usados para:

• Experimentar ou explorar ideias; • Identificar problemas; • Compreender ou comunicar a forma ou a estrutura de um artefato; • Superar as limitações da compreensão de um trabalho em duas dimensões; • Suportar o teste, o refinamento de ideias, de conceitos e princípios; • Comunicar a outras pessoas, e • Vender a ideia aos clientes.

Oliveira (2013) complementa a compreensão dos objetivos dos protótipos ao defender a prototipagem como forma de prevenção de erros, possibilidade de ensaiar e experimentar formatos e caminhos diferentes. Para espaços construídos, os protótipos ajudam a definir o futuro, antever as propostas projetuais e avaliar significados. É uma ferramenta coletiva de exploração, expressão e teste de hipóteses sobre modos de vida no futuro (Sanders, 2013). A 104

prototipagem de ambientes construídos pode ser usada para simular situações e atividades nos espaços, em realidade virtual, antecipando avaliações que somente seriam possíveis após a construção das edificações.

O desenvolvimento de protótipos em três dimensões (3-D) tem se aprimorado nos últimos anos, em paralelo ao desenvolvimento de ferramentas computacionais de alta resolução, realidade virtual e também realidade aumentada. Uma animação em 3-D oferece mais vantagens de visualização do que desenhos em 2-D, pois um desenho dinâmico é muito mais impactante do que um desenho estático. Um desenho em 3-D oferece mais pontos de visualização e maior impacto psicológico ao espectador (BULMER, 2001), permitindo ao usuário perceber detalhes e acabamentos.

Para a ergonomia de concepção de um artefato, a simulação de uma atividade num determinado ambiente de trabalho permite que as decisões sejam guiadas por uma reflexão sobre o trabalho futuro. Trata-se de uma situação de referência, como definida por Daniellou (2002) e abordada por Gasperini (2010): situação de referência é uma unidade de observação que apresenta características próximas às das futuras atividades, para que se possa observar a variabilidade real e as estratégias empregadas para enfrentá-la.

Diante da adoção dos princípios de Design Participativo nesta tese, a prototipagem será adotada desde a coleta de dados na pesquisa exploratória, até a avaliação final do Modelo Conceitual. Baseado nesses argumentos, a elaboração de um protótipo interativo foi definidora para a compreensão dos detalhes do Modelo Conceitual de ambiente de aprendizagem gerado nesta tese, facilitando, assim, sua avaliação.

3.5 Resumo do Capítulo

Diante das abordagens dadas aos elementos teóricos e metodológicos que compõem esta pesquisa, a pesquisadora destaca os seguintes tópicos principais:

• A descrição das bases científicas nas quais o método da pesquisa foi fundamentado, e a triangulação metodológica escolhida; 105

• Os detalhes sobre as doze etapas pertinentes ao Design Science Research, e os produtos gerados em cada uma das respectivas etapas; • As etapas pertinentes aos métodos ergonômicos utilizados: MEAC, Metodologia Ergonômica para o Ambiente Construído (Villarouco, 2009 e 2011), e as etapas de projetação ergonômica de Attaianese e Duca (2012). Tais métodos se complementam, pois utilizam técnicas de análise e de projeto de ambientes, e por isso, contribuíram para o estudo do contexto espacial desta tese, e • A importância das técnicas de prototipagem em Design, especialmente em Design de Interiores, a fim de melhorar o desenvolvimento e a compreensão das decisões de projeto, possibilitando realizar-se avaliações prévias, com a participação de usuários no processo de projetação.

No Capítulo 4, a seguir, será apresentado o Método de Pesquisa adotado para esta tese. 106

4 MÉTODO DE PESQUISA

Este capítulo descreve o método de pesquisa para a elaboração desta tese. E, está estruturado nos seguintes itens: 4.1 Locais da realização da pesquisa de campo; 4.2 População e amostra da pesquisa; 4.3 Procedimentos para a Etapa Observacional; 4.4 Procedimentos para a Concepção e o Desenvolvimento do Modelo Conceitual; 4.5 Procedimentos para a Avaliação do Modelo Conceitual; 4.6 Análise dos Resultados, e 4.7 Questões éticas.

Esta tese assume um desenho qualitativo para se aprofundar nas questões da pesquisa, atingir os objetivos e apresentar os produtos esperados. A complexidade da relação entre os contextos social, cultural e espacial pertinentes ao objeto de estudo, que mutuamente se influenciam, dificulta a realização de análises de suas categorias isoladamente (Figura 21), portanto o desenho qualitativo escolhido demonstrou ser o melhor contexto metodológico a ser aplicado, para esta pesquisa.

Figura 21 - Relações entre os contextos social, cultural e espacial, e suas categorias internas.

Fonte: A Autora.

O objetivo geral desta tese foi desenvolver um Modelo Conceitual de ambiente de aprendizagem para a metodologia educacional blended learning. Modelos segundo March e Smith (1995) são conjuntos de proposições que expressam as relações entre constructos, entendidos com um vocabulário de um domínio, usados para descrever e pensar sobre as 107

tarefas. Modelos também podem ser entendidos como uma descrição, em que os elementos componentes são claramente definidos. A maior preocupação da DSR com os modelos está na sua utilidade, especialmente nas condições de capturar a estrutura geral da realidade, buscando assegurar sua utilidade (DRESCH et al., 2015).

Seguindo essa premissa, o Modelo Conceitual apresentado foi desenvolvido de maneira participativa, junto a usuários. Buscou-se aproximar a proposta elaborada com a realidade e a possibilidade de aplicação prática no sistema educacional brasileiro, vislumbrando contribuir com o trabalho de gestores educacionais e especificadores do campo da Arquitetura e do Design de Interiores.

O desenvolvimento do Modelo Conceitual de Ambiente de Aprendizagem foi concebido por meio da triangulação de métodos. Como método central, o Design Science Research (DRESCH et al., 2015) conduziu o processo de estudo e desenvolvimento da tese e foi complementado com métodos ergonômicos de análise e de projetação do ambiente construído: Metodologia Ergonômica para o Ambiente Construído - MEAC (VILLAROUCO, 2009; 2011) e, as etapas de projetação ergonômica propostas por Attanaiese e Duca (2012). O Quadro 6, a seguir, sintetiza o processo de triangulação metodológica utilizado nesta tese. Na coluna à esquerda, estão descritos os métodos ergonômicos que alimentaram as etapas principais do DSR, descrito na coluna central. Na coluna à direita, estão descritas as etapas de realização da pesquisa para atingir os objetivos da tese.

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Quadro 6 - Síntese da triangulação de métodos utilizadas.

Fonte: A Autora.

Os objetivos específicos, descritos na Introdução (página 32), são reapresentados no Quadro 7, a seguir, junto com os procedimentos da pesquisa, para alcançá-los.

Quadro 7 - Relação entre os objetivos específicos e os procedimentos da pesquisa.

Objetivos Específicos Procedimentos adotados Estudar as práticas das metodologias 1.Elaboração da Revisão de Literatura e do Referencial Teórico; ativas de aprendizagem, as inovações em 2.Elaboração do Método da Pesquisa; ambientes de aprendizagem e os anseios 3.Etapa Observacional: das novas gerações de estudantes em Observação Etnográfica Escolas de Ensino Médio Aplicação de entrevistas e questionários MEAC – Análise Global do Ambiente, Identificação da Configuração Ambiental e Análise da Percepção do Usuário EPE – Análise da Tarefa Conceber conceitos de ambiente de 4.Concepção e Desenvolvimento do Modelo Conceitual: aprendizagem adequados a metodologia Workshop de Design Participativo blended learning, utilizando estratégias EPE - Design Briefing design participativo e de ergonomia do EPE/MEAC - Síntese de Requisitos Ambientais e Ergonômicos ambiente construído EPE – Ideação, Concepção e Projeto do Artefato Representação em Realidade Virtual Gerar produtos para avaliar a eficiência do Avaliação do Modelo Conceitual: Modelo Conceitual de ambiente de Calibração dos instrumentos aprendizagem elaborado, junto a usuários EPE - Avaliação com usuários e Avaliação com especialistas e especialistas 5.Evolução do Modelo Conceitual e Considerações Finais

Fonte: A Autora.

Conforme descrito anteriormente, o método desta tese realizou-se em cinco etapas principais: 109

1. Elaboração da Revisão de Literatura e do Referencial Teórico, conforme detalhados nos capítulos 2 e 3 (anteriores), e associado ao Objetivo 1. Embora o DSC recomende a execução de uma revisão sistemática de literatura, para esta pesquisa foi adotada uma revisão de literatura convencional; 2. Elaboração do Método de Pesquisa, conforme detalhado neste capítulo, e associado ao Objetivo 1; 3. Etapa Observacional – Finalizando o objetivo 1, durante a pesquisa de campo, foi realizada uma observação etnográfica para conhecer a cultura escolar e as formas de interação entre as pessoas no processo de aprendizagem. Dados verbais foram obtidos por meio de entrevistas semiestruturadas e foram complementados com a aplicação de questionários sócio culturais. Dados do comportamento dos usuários nos ambientes avaliados foram observados pela pesquisadora e registrados na etapa de Análise do Ambiente em Uso, que sintetizaram as formas de utilização dos ambientes. De posse desses registros, foi possível realizar uma análise ergonômica do sistema de atividades nos ambientes avaliados. 4. Concepção e Desenvolvimento do Modelo Conceitual – Correspondente ao objetivo 2, em que foram realizados procedimentos de concepção de um modelo conceitual de ambiente de aprendizagem para a metodologia educacional com blended learning. Neste processo, foram aplicadas técnicas de Design Participativo – workshop de elaboração de maquetes físicas e de ideias, que contribuíram para a elaboração do Design Briefing; da Ideação; e da Prototipagem em realidade virtual. Avaliação do Modelo Conceitual – ainda inserida na etapa 4, e correspondente ao objetivo específico 3, em que foram realizados procedimentos de avaliação do Modelo Conceitual elaborado, com a participação de usuários e de especialistas. Inicialmente, os entrevistados foram estimulados a uma experiência com um protótipo interativo em realidade virtual. Após o estímulo, ocorreram avaliações qualitativas com usuários, no formato de Grupo Focal (Flick, 2004) e avaliações quantitativas com especialistas, na aplicação de questionário de satisfação; 5. Evolução do Modelo Conceitual e elaboração de Considerações finais - conforme detalhados nos capítulos 7 e 8 (posteriores), e associados ao objetivo 3. 110

4.1 Locais da realização da pesquisa de campo

Para a etapa observacional, foram selecionados ambientes de aprendizagem em escolas que já utilizam metodologias educacionais com blended learning. A seleção das unidades de análise ocorreu por critérios de acesso da pesquisadora. A etapa observacional da tese ocorreu em uma escola em Recife – Pernambuco: Nave – Escola Estadual Cícero Dias (situada à Rua Marquês de Valença, 470 - Boa Viagem, Recife – PE) e em uma escola em Nápoles, na Itália: Liceo Statale Don Lorenzo Milani, em San Giovanni a Teduccio, região metropolitana de Nápoles. A aplicação em Nápoles ocorreu pela oportunidade de a pesquisadora ter realizado um estágio de pesquisa na Università Degli Studi di Napoli Frederico II, durante o desenvolvimento desta tese. Ambas as escolas selecionadas já desenvolvem metodologias de aprendizagem com recursos digitais, mas seus espaços construídos são tradicionais, ou apresentam inadequações espacial e ergonômica.

Para a etapa de Concepção e desenvolvimento do Modelo Conceitual, em que ocorreram participação dos usuários, também aconteceram nos mesmos locais da etapa observacional.

Para a etapa de Avaliação do Modelo Conceitual, os procedimentos da pesquisa ocorrem na cidade de Maceió, Alagoas. Os grupos amostrais de avaliadores participaram de uma experiência com o protótipo em realidade virtual e, posteriormente, participaram da avaliação qualitativa (com usuários) e quantitativa (com especialistas).

4.2 População e amostra da pesquisa

Conforme recomendam Flick (2004) e Hernández Sampiere et al. (2013) para pesquisas qualitativas, a seleção da amostra ocorre por critérios não-probabilísticos. A amostra populacional foi definida pelo interesse da pesquisa em compreender como os indivíduos se relacionam e percebem o ambiente de aprendizagem que utilizam.

Assim, nas etapas observacionais e de concepção do Modelo Conceitual, o tamanho dos grupos amostrais foi delimitado pela disponibilidade espontânea de voluntários, ou por saturação de informações obtidas. Na Escola Técnica Cícero Dias, a amostra foi de 33 estudantes (uma turma de voluntários) e 02 professores, e no Liceo Statale Don Lorenzo Milani, a amostra foi de 15 estudantes (uma turma de voluntários) e 01 professor. 111

Na avaliação do Modelo Conceitual, a seleção da amostra foi não-probabilística e por participação voluntária. Na avaliação qualitativa a amostra foi definida por dois grupos homogêneos, de 5 a 8 participantes cada – entre estudante e professores. Para grupos focais, Flick (2004) recomenda grupos de 6 a 8 participantes, e Hernández Sampiere et al. (2013) recomendam grupos de 7 a 10 participantes. Na avaliação quantitativa, a seleção da amostra foi composta por um grupo homogêneo de 51 participantes especialistas, sendo todos arquitetos, designers ou ergonomistas. Para estudos qualitativos de modo geral, Hernández Sampiere et al. (2013) recomendam uma amostra de 30 a 50 casos, e consideram uma amostra de especialistas importante para expressar opiniões precisas acerca de um determinado tema.

4.3 Procedimentos para a Etapa Observacional

A Etapa Observacional ocorreu em duas escolas de Ensino Médio, e foi realizada com o intuito de analisar os usuários realizando atividades de aprendizagem no ambiente construído (Figura 22).

Figura 22 - Gráfico sequencial das técnicas aplicadas na Etapa Observacional.

Fonte: A Autora

Descreve-se a seguir todas as técnicas e instrumentos empregados para coleta de dados observacionais desta pesquisa:

Observação Etnográfica Rápida - A realização da observação etnográfica objetivou encontrar padrões da atividade de aprendizagem nos ambientes das escolas analisadas. Foi composta por observações, registro da percepção do pesquisador em um diário, registro fotográfico, 112

aplicação de entrevistas e questionários. Esta experiência foi realizada nas 2 escolas pesquisadas, durante o período de 4 dias.

Na escola da Itália, a etapa observacional ocorreu no mês de abril de 2017, e na escola do Brasil, a mesma etapa ocorreu no mês de junho de 2017. A observação buscou identificar situações de interação, colaboração, comunicação entre os usuários, assim como observar as formas de interação entre os usuários e o ambiente de aprendizagem, registrando aspectos positivos e negativos deste uso, e analisando as tarefas realizadas nos ambientes analisados.

Entrevistas semiestruturadas - Foram utilizadas entrevistas semiestruturadas com os estudantes e professores das escolas selecionadas, a fim de complementar a observação etnográfica. As entrevistas foram conduzidas pela pesquisadora, e seu registro foi feito em áudio, e transcrito, posteriormente, para análise dos dados obtidos. O objetivo da entrevista foi de coletar os seguintes dados:

• Como eles lidam com tecnologia; • Como eles percebem e se relacionam com o ambiente de aprendizagem; • Como eles percebem o uso de metodologias educacionais ativas; • Como as metodologias educacionais influenciam na eficiência do ambiente de aprendizagem, e • Elencar e analisar as atividades desenvolvidas no ambiente construído, relacionando- os a cenários.

Os roteiros da aplicação das entrevistas encontram-se descritos no Apêndice A.

Questionário On-line – Foram aplicados formulários de questionário on-line, junto a estudantes, com objetivo de obter respostas quanto ao perfil sociocultural dos estudantes e suas famílias e, especialmente, sobre a relação desses usuários com o ambiente escolar, sua satisfação e preferências. Os formulários dos questionários encontram-se descritos no Apêndice B.

Identificação da Configuração Ambiental – De acordo com a MEAC, foi realizado o levantamento dos condicionantes físico-ambientais, que poderiam interferir na 113

adequabilidade do ambiente, na execução de tarefas que determinam o seu funcionamento, com registro fotográfico e dimensional. A pesquisadora registrou as informações sobre os ambientes avaliados, utilizando um checklist pré-estabelecido, contendo critérios de desempenho necessários ao ambiente de aprendizagem. O checklist utilizado encontra-se descrito no Apêndice C.

Análise do Ambiente em Uso e Análise da Tarefa – Foi realizado um monitoramento do posicionamento e da movimentação das pessoas dentro de um espaço ao longo do tempo, registrando caminhos e padrões de ocupação de um espaço, para ajudar a definir zonas de diferentes comportamentos espaciais. A pesquisadora observou o uso do ambiente, e registrou os dados numa planta baixa em escala. A compilação desses registros gerou um mapa comportamental de cada ambiente avaliado. Esta técnica é recomendada por Sanoff (1991) e Sommer, Sommer (1997) para registro de comportamentos no ambiente construído. É também recomendanda por Fascioni (2011) como ferramenta de pesquisa etnográfica e por Rheingantz et al. (2009) como ferramenta de percepção da qualidade do lugar.

Para análise da tarefa desenvolvidas pelos usuários, foi elaborado um fluxograma, que mostra 3 principais níveis de atividades relativas ao uso do ambiente: o nível 1 trata de atividades de acesso e acomodação no ambiente, o nível 2 refere-se às atividades educacionais propriamente ditas, e o nível 3 refere-se às pequenas atividades de manuseio de instrumentos. Esses dados estão associados a tabelas analíticas que detalham as atividades demandadas aos usuários, as condições oferecidas pelo ambiente e a crítica ergonômica dessas condições.

Análise da Percepção do Usuário - Técnica para coletar dados sobre como o usuário percebe a qualidade e a satisfação do ambiente que utiliza. Para isso, foi aplicada a técnica de Brainstorming, em que os estudantes foram divididos em grupos e preencheram painéis respondendo às perguntas: que coisas vocês gostam nessa sala de aula? Que coisas vocês não gostam nessa sala de aula? Se vocês pudessem projetar uma nova sala de aula, que coisas poderiam melhorar? 114

Os dados observacionais obtidos estão descritos no Capítulo 5 Resultados Parciais - Síntese dos Dados Observacionais.

4.4 Procedimentos para a Concepção e o Desenvolvimento do Modelo Conceitual

Esta etapa teve a finalidade de conceber o Modelo Conceitual de Ambiente de Aprendizagem, e de sua representação bi e tridimensional (Figura 23). Para a construção deste artefato, foi estudado como adequar o ambiente de aprendizagem à metodologia educacional com blended learning, apoiando os estudantes nas estratégias de aprendizagem adotadas.

Figura 23 – Gráfico sequencial das técnicas empregadas na Concepção e Desenvolvimento do Modelo Conceitual.

Fonte: A Autora.

Especial atenção foi dada aos seguintes subsídios:

• Dados produzidos pelos usuários – coletados na Etapa Observacional e nos Workshops de Design Participativo – necessidades, percepções e novas ideias; • Aspectos técnicos - obtidos na Revisão de Literatura - condições de conforto ambiental (lumínico, acústico e térmico) e ergonômico, critérios de flexibilização, uso de cores, acesso e gestão dos recursos digitais, condições de acessibilidade, distâncias e dimensionamento, recursos energéticos e sustentáveis, recursos tecnológicos; e também obtidos na Etapa Observacional. 115

Descreve-se a seguir as técnicas e instrumentos empregados para o Desenvolvimento do Modelo Conceitual:

Design Briefing – Técnica presente no método de projetação ergonômica de Attaianese e Duca (2012). Foi elaborado um briefing para elaboração do Modelo Conceitual proposto, contendo os seguintes itens:

• A natureza e a justificativa do projeto; • O perfil dos usuários, os conceitos educativos correlacionados; • Os macroconceitos espaciais; • As tendências na escola e na sala de aula, e; • As limitações previstas.

Workshop de Design Participativo – Técnica em que ocorre maior interação do pesquisador com os usuários. Foi aplicada em grupos, por meio da condução de um mediador, num período de até uma hora. A realização de workshops proporcionou a aplicação de técnicas de prototipagem, com fins de proporcionar ao usuário intervir em todo o desenvolvimento do modelo conceitual. As técnicas aplicadas buscaram gerar ideias em relação a ambientes de aprendizagem inovadores, com foco no desenvolvimento do Modelo Conceitual em elaboração na tese. Foi aplicada a técnica de Maquete de Mesa – também conhecida como desktop walkthrough – técnica de representação espacial, em que são utilizados bonecos, e outros elementos componentes do espaço, para dar vida a uma situação ou cenário, auxiliando no desenvolvimento de protótipos (STICKDORN E SCHNEIDER, 2014). O roteiro da aplicação do workshop encontra-se descrito no Apêndice D.

Síntese de Requisitos Ambientais e Ergonômicos - Técnica presente no método MEAC de Villarouco (2002, 2009), que visa apontar diretrizes ergonômicas gerais com relação ao ambiente analisado. Como esta é a proposição de um Modelo Conceitual inovador, buscou-se apontar diretrizes temáticas para: o Ambiente Construído, as Condições de Conforto, as condições de Layout e Mobiliário e para Tecnologia.

Ideação e Concepção – Desenvolvimento de soluções para os problemas e questões levantadas no processo de Design. O Modelo Conceitual desenvolvido levou em consideração 116

os dados obtidos desde a Etapa Observacional – que resultaram em conceitos geradores da proposta (com base nos dados dos estudantes, e da revisão de literatura). Também levou em consideração o método de projetação ergonômica de Attaianese e Duca (2012) quanto à elaboração de requisitos para adaptação às necessidades/ expectativas dos usuários.

Projeto e Desenvolvimento do Artefato – Elaboração do artefato em si, e de seus detalhes. Iniciou-se pela elaboração de critérios dimensionais, de acordo com as atividades, e o número de usuários. Definiu-se um índice de referência para dimensionamento do ambiente (área útil/pessoa) e a capacidade máxima de estudantes por turma. O projeto foi concluído com representações bidimensionais e especificações técnicas e dimensionais para os itens: Elementos Construtivos, Sistemas, Conforto Ambiental, Mobiliário e Equipamentos. O Modelo Conceitual de Ambiente de Aprendizagem priorizou a flexibilidade de layout. Desta forma, foram demonstrados quatro diferentes layouts gerados, de acordo com as atividades pertinentes ao ensino com blended learning:

• Layout 1 - Rotação de Estações; • Layout 2 – Atividades Expositivas; • Layout 3 – Atividades em Grupo, e • Layout 4 – Atividades em Laboratório.

Prototipagem em Realidade Virtual – Os dados gerados do Projeto do Artefato, fomentaram a elaboração de um protótipo em realidade virtual, a partir do Layout 1 – Rotação de Estações. O protótipo foi apresentado aos avaliadores, como estímulo anterior à avaliação. A apresentação do protótipo foi disponibilizada por meio de um site (https://mcaathaisasampaioarq.firebaseapp.com) e a sequência da experiência foi organizada em três etapas:

1. Assistir ao vídeo de apresentação; 2. Interagir com o protótipo executável, em imagens 360º, dotadas de áudio descrição; 3. Assistir ao vídeo de simulação do ambiente em uso, simulando o cotidiano de uma aula no ambiente de aprendizagem. 117

4.5 Procedimentos para a Avaliação do Modelo Conceitual

Esta etapa teve o objetivo de avaliar a satisfação de usuários e de especialistas com o Modelo Conceitual gerado nesta tese. A avaliação das soluções em Design faz parte do método de projetação ergonômica de Attaianese e Duca (2012). A avaliação do Modelo Conceitual foi majoritariamente qualitativa, mas contou com uma etapa de avaliação quantitativa e também com contribuições e sugestões de especialistas (Figura 24).

Figura 24 - Esquema de realização da avaliação qualitativa e quantitativa do Modelo Conceitual de Ambiente de Aprendizagem.

Fonte: A autora.

Descreve-se a seguir todas as técnicas e instrumentos empregados para o Processo de Avaliação do Modelo:

Calibração de Instrumentos – Desenvolvimento dos instrumentos de avaliação do artefato desenvolvido, a fim de verificar a validade do instrumento quantitativo, e a funcionalidade dos parâmetros da validação do artefato. Foi aplicada no formato de pré-teste junto a 6 indivíduos, para verificação de possíveis erros. O formulário do questionário encontra-se disponível no Apêndice E.

Avaliação qualitativa do protótipo em grupos focais - Os avaliadores foram separados em grupos homogêneos de até 8 pessoas, para que pudessem interagir com o protótipo. O grupo de estudantes concluintes do Ensino Médio contou com 8 participantes, e o grupo de professores de Ensino Médio contou com 5 participantes. Inicialmente, foram expostos à experiência com o protótipo em realidade virtual, durante o período de 15 minutos. Após a 118

exposição ao estímulo, os avaliadores responderam a entrevistas em grupo focal, por um período de 30 minutos. O roteiro dos grupos focais encontra-se disponível no Apêndice F.

Avaliação quantitativa do protótipo com especialistas – A avaliação com especialistas contou com a amostra de 51 arquitetos, designers ou ergonomistas. Os avaliadores tiveram a experiência interativa com o protótipo, individualmente, e responderam a um questionário calibrado on-line, para mensurar a satisfação do Modelo Conceitual em relação a aspectos técnicos de sua elaboração. As respostas foram marcadas numa escala de valoração de cinco pontos (1-5), e posteriormente foram analisadas pela pesquisadora.

4.6 Análise dos Resultados

Diante do caráter processual adotado nesta pesquisa, ao longo dos capítulos 5 e 6 foram sintetizados resultados parciais dos dados coletados e gerados. Os resultados finais obtidos foram organizados no Capítulo 7 Evolução do Modelo Conceitual de Ambiente de Aprendizagem. Considerando que esta tese é resultado de um processo complexo resultante da combinação de técnicas observacionais, criativas e avaliativas, próprias do Design Science Research, estes resultados culminaram com a obtenção dos produtos esperados: Um protótipo de Ambiente de Aprendizagem representado em duas e em três dimensões, suas especificações técnicas e dimensionais. O detalhamento do projeto em nível executivo, após os ajustes finais se encontram no Apêndice G. O Capítulo 8 Considerações Finais retoma as questões da tese, confrontando-as com os resultados finais e, elabora sugestões de novas pesquisas sobre o tema.

4.7 Questões éticas

Garantindo os princípios éticos defendido por Denscombe (2007), na coleta dos dados, no processo de análise dos dados e na divulgação dos resultados, foram respeitados os direitos e a dignidade dos participantes do projeto de pesquisa; não ocorreram quaisquer danos aos participantes decorrentes da sua participação na pesquisa; suas informações respeitaram o total sigilo e anonimato, com honestidade e integridade. Todos os formulários e procedimentos de coleta de dados foram submetidos ao Comitê de Ética da Universidade Federal de Pernambuco, que emitiu parecer favorável à sua utilização para fins de pesquisa, 119

sob nº 2.055.865, emitido em maio de 2017. Em cada unidade de análise, os mesmos formulários e procedimentos foram submetidos à análise prévia e à autorização de aplicação dos mesmos, pelas autoridades responsáveis pela gestão das instituições de ensino, assim como pelos pais e/ou responsáveis legais dos estudantes. Do ponto de vista legal, esta pesquisa respeita a Resolução 196/96 (BRASIL, 1996) que define as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos, principalmente quanto aos aspectos contemplados pelo preenchimento de um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, para que os sujeitos, respondam por si e/ou por seus representantes legais (nos casos de menores de 18 anos) manifestando a sua anuência à participação nesta pesquisa. Os termos de participação estão descritos nos Apêndices I, J , K e L.

120

5 RESULTADOS PARCIAIS - SÍNTESE DOS DADOS OBSERVACIONAIS

Neste capítulo é feita a discussão dos dados obtidos durante a pesquisa de campo nas escolas de Ensino Médio. O capítulo está estruturado nos seguintes itens: 5.1 Dados do Liceo Statale Don Lorenzo Milani, e 5.2 Dados da Escola Técnica Cícero Dias.

Neste capítulo, são descritos os dados componentes da etapa da pesquisa - Identificação dos Artefatos e Configuração das Classes de Problemas. Estes dados foram coletados nas escolas selecionadas - Liceo Statale Don Lorenzo Milani – Nápoles, Itália e Escola Técnica Estadual Cícero Dias – Recife, Brasil. Esta etapa está associada aos Métodos Ergonômicos – MEAC – Metodologia Ergonômica para o Ambiente Construído (VILLAROUCO, 2009; 2011) e EPE – Etapas da Projetação Ergonômica (ATTAIANESE E DUCA, 2012), que tem como produtos os resultados das técnicas:

• Pesquisa Etnográfica; • Aplicação de Questionários e Entrevistas; • Identificação da Configuração Ambiental; • Análise do Ambiente em Uso e Análise da Tarefa; • Análise da Percepção do Usuário.

Os dados sintetizados estão organizados por escola, nos itens 5.1 e 5.2, a seguir.

5.1 Liceo Statale Don Lorenzo Milani, Nápoles

5.1.1 Caracterização Do Liceo Statale Don Lorenzo Milani

O Liceo Statale Don Lorenzo Milani é localizado ao centro do distrito de San Giovanni a Teduccio. Suas instalações físicas (Figura 25) são compostas por dois blocos de dois pavimentos, conjugados por uma circulação interna. O método de ensino associa ensino tradicional com recursos digitais em algumas disciplinas, para isso, as salas de aula são amplas e dotadas de internet. Oferecem laboratório de ciências e química, laboratório de informática, 121

salas multimídia, laboratório específicos para as disciplinas de pintura, escultura, design gráfico, arquitetura e audiovisual, biblioteca e ginásio coberto.

Figura 25 - Imagens do Liceo Statale Don L. Milani (a) Fachada Exterior, (b) Circulação interna.

(a) (b) Fonte: A Autora.

A escola é pública e atende a cerca de 790 estudantes, distribuídos em 39 turmas, com 20 estudantes em média, por turma. Seu projeto pedagógico oferece: formação em língua estrangeira, com certificação europeia; competência em informática e multimídia nas principais atividades didáticas; abertura ao mundo do trabalho e da pesquisa; acolhimento e integração com imigrantes; e desenvolvem atividades extracurriculares aos sábados. As formações oferecidas aos jovens são:

• Ciências Humanas - Economia Social e Pedagogia; • Línguas – Inglês, Francês, Alemão e Espanhol; • Artes – Audiovisual e Multimídia, Arquitetura e Ambiente, Artes Figurativas e Artes Gráficas.

Os cursos são oferecidos em cinco anos. Nos primeiros 2 anos, os estudantes adquirem conhecimentos básicos dos conteúdos de matemática, história, línguas, literatura, biologia, química, geografia, e nos últimos três anos aprofundam os conhecimentos básicos e também adquirem conhecimentos mais específicos referentes à formação escolhida.

5.1.2 Caracterização social de San Giovanni a Teduccio, em Nápoles, Itália

San Giovanni a Teduccio é um dos três distritos do município de Nápoles (Figura 26). O distrito foi um dos locais onde funcionou a indústria alimentícia de enlatados. Com a falência da fábrica, desde 1975, nenhuma outra atividade produtiva de grande porte foi substituída, e a população foi tomada pelo desemprego. A taxa de desemprego é superior a 42%, o número 122

de analfabetos é maior que 3%, enquanto o número de pessoas com formação superior é inferior a 5%. Um dos muitos problemas sociais dos jovens é o abandono escolar e o ingresso no mundo do trabalho, ainda sem uma qualificação.

Figura 26 - Mapa de Nápoles, localizando San Giovanni a Teduccio (sem escala).

Fonte: A autora, adaptado de Google Maps.

Os jovens de San Giovanni levam uma vida de dificuldades, e apesar de viverem em uma área com poucos atrativos, mantêm um forte senso de pertencimento cultural. Muitos jovens vivem em famílias com pais desempregados, ou que trabalham em empregos eventuais, com baixa remuneração, e, por vezes, aceitam colaboração financeira, ou trabalho com a Camorra (organização criminosa da região, que atua em diversas atividades ilícitas, desde tráfico de drogas, prostituição e extorsão). Poucos jovens acreditam no progresso por meio da educação, e por isso buscam retorno financeiro imediato, trabalhando no mercado negro, ou como entregadores, ajudantes e esteticistas.

5.1.3 Dados obtidos através da Pesquisa Etnográfica

A observação realizada na escola permitiu compreender a realidade e a cultura dos jovens observados. O comportamento geral deles se assemelha aos jovens brasileiros, em diversos aspectos: costumam estar em grupos, ou em duplas, usam roupas – camisetas, jeans, tênis e mochilas em estilo descontraído. Estão sempre com celulares, fones de ouvido em mãos, mesmo não sendo autorizado usar o celular para pesquisas educativas como parte da aula. Os artigos de uso pessoal têm sempre uma personalização – apliques, cores, e detalhes que os individualizam, e que também os caracterizam parte de um grupo social (Figura 27).

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Figura 27 - Jovens participantes da pesquisa no Liceo Statale D. L. Milani, Nápoles, Itália.

Fonte: A autora.

Enquanto a pesquisadora observava a aula, a atividade foi guiada pelo professor. No primeiro momento, o professor falava para a turma, e eles estavam reunidos ao centro da sala, nas mesas altas, onde também deixaram suas bolsas e pertences pessoais. A atividade demandada pelo professor foi individual, ao computador – desktop. Alguns estudantes pediram para ouvir música, e o professor autorizou usar os equipamentos de sala de aula - projetor e caixas de som. As músicas escolhidas pareceram agradar a todos, pois eles cantaram e relaxaram, enquanto faziam o exercício. O professor realizou orientações individuais aos estudantes, de mesa em mesa, enquanto eles executavam o exercício. Foi percebido uma certa dispersão entre eles, nem todos fizeram a atividade. Alguns estudantes saiam da sala com frequência e também demonstraram desinteresse, mantendo uma conversa informal constante com colegas. A falta de computadores para todos os estudantes contribuiu para a dispersão, pois nem todos puderam fazer o exercício. O relacionamento entre estudantes e professores pareceu ser tranquilo e aberto, mesmo notada a dispersão, que aumentou ao final da aula (Figura 28).

Figura 28 - Usuários observados durante a aula - (a) Junto ao professor, (b) em atividade nos computadores.

Fonte: A autora.

Consultando o professor sobre sua relação com a escola, com os colegas e com os estudantes, ele afirmou: 124

“A gente tem que manter uma boa relação com eles... é sempre boa, mas temos que manter a autoridade em sala. Eles se mostram desinteressados, têm muitos problemas em casa (...) Eu sempre tive um bom relacionamento com a direção da escola, com os colegas e com os alunos da escola. Eu tento ser informal, mesmo que, ao mesmo tempo, eu tenho medo. Eu imponho limites e não aceito que eles ultrapassem. Educação e respeito são muito importantes. Eu ainda sou seu professor, mesmo que, às vezes, eu seja um amigo. Meus alunos, mesmo quando frequentam a universidade, me contatam e me chamam para pedir conselhos.”

Ele acredita que existe um comportamento de grupo, associado a fatores sociais e econômicos externos à escola, que causam nos estudantes falta de interesse e até falta de perspectivas futuras. Para entender os fatores sociais externos e internos à escola, foi realizada uma caracterização social deste grupo, e depois uma caracterização do perfil da escola analisada (itens a seguir).

5.1.4 Dados obtidos através de Entrevistas e Questionários

Os resultados da aplicação do questionário de preferências socioculturais e ambientais com os 13 estudantes, entre 16 a 17 anos de idade. As respostas indicam que a maioria dos estudantes mora no mesmo bairro, ou na mesma área urbana da escola onde estudam, e também onde viveram a maior parte de suas vidas. Os lugares que frequentam são no mesmo bairro onde moram. 76,9% dizem que se sentem seguros neste bairro, e o sentimento de segurança na escola é ainda maior, atingindo 92.30%.

Com relação à renda familiar: 53.8% dos respondentes informaram que os recursos da família eram bons e satisfazem todas as necessidades, mas nem por isso deixam de economizar; 23,1% responderam que os recursos familiares atendem às necessidades primárias, mas, às vezes, são obrigados a cortar despesas, 15,4% afirmaram viver em condições econômicas precárias e apenas 7,7% afirmaram viver em condição financeira ótima. A ocupação das famílias aponta para uma divisão clara entre atividades femininas (mães) e masculinas (pais), já que 92,3% das mães são donas de casa e 46,15% dos pais são autônomos. Os demais dados sobre ocupação dos pais demostram que 15,38% dos pais estão desempregados e, apenas, 7,69% trabalham no setor privado. 30,15% dos entrevistados afirmaram ter avós vivos, e todos estão aposentados. A maioria dos irmãos estudam ou trabalham no setor privado. Associando estes dados com o rendimento familiar, pode-se perceber que na maioria dos lares, somente 125

os pais sustentam a família, e em alguns casos, esta renda é complementada pelo trabalho de um dos irmãos, ou aposentadoria dos avós.

No que diz respeito à formação familiar, mesmo sendo donas de casa, as mães tiveram uma formação melhor do que os pais: 30,7% dos pais tem ensino fundamental, 46,15% dos pais têm ensino médio, e 23,07% tem ensino médio superior (categoria existente na Itália que se refere a um complemento de 2 anos, como ensino profissionalizante ou técnico); 7,69% das mães tem ensino fundamental, 69,23% das mães têm ensino médio, 15,38% das mães têm ensino médio superior, e 7,69% delas têm graduação. A maioria dos irmãos estudam, e nenhuma pessoa das famílias foi informada como analfabeta.

Figura 29 - Satisfação dos estudantes com a escola que frequentam.

Fonte: A autora.

Sobre a satisfação com a escola que frequentam (Figura 29), os respondentes argumentam que 69,22% gostam de ir à escola, contra, 30,78% que afirmam ficar cansados ou desinteressados e, às vezes, não gostam. Do total de entrevistados, 46,15% gostam porque encontram os amigos na escola, e 23,07% afirmaram gostar porque aprendem coisas novas, ou destacaram o valor cultural e educativo. 92,30% dos respondentes afirmaram que pretendem continuar seus estudos, e apenas 7,69% responderam talvez.

A diferença entre os estudantes que gostam de frequentar a escola (23,07% porque reconhecem o valor educacional), e aqueles que afirmam um desejo de continuar seus estudos (92,30%) convergem para a necessidade de contribuir financeiramente com o sustento de suas famílias, e de obter uma vida mais estável. Esses dados devem ser tomados em consideração, pensando em reforçar o papel da escola na vida do aluno, no caminho da 126

aquisição de conhecimentos. É importante associar as preferencias ambientais dos usuários nas escolas, tornando-as mais atraentes para os jovens, visando a redução do índice de rejeição e insatisfação com a escola, e fazendo as atividades escolares mais interessantes e colaborativas.

Jovens demostraram que gostam de socializar, como confirmam os 46,15% que afirmam gostar da escola porque lá encontram seus amigos; e 41,7% dos jovens afirmam passar seu tempo livre com amigos. Uma maneira de melhorar a relação com a escola pode ser a internalizar dessas preferências nas atividades escolares. Em perguntas abertas sobre o que os jovens gostam de fazer, as respostas obtidas foram: 53,84% - arte, 46,15% - música, 38,46% - tecnologia e redes sociais, 15,38% - praticar esportes, e 7,69% - diversas atividades.

Em perguntas de múltiplas respostas sobre o que fazem no tempo livre, os jovens responderam: 58,3% - dizem que praticam esportes, 41,7% - dizem gostar de estar com amigos, 25% - afirmam que estudam, 25% - afirma que assistem TV, e 8,3% dizem que fazem outras atividades. A escola avaliada inclui atividades artísticas em seu currículo acadêmico, e até mesmo música, como um complemento, durante as aulas práticas. No entanto, novas tecnologias, especialmente por meio do uso de celulares não foram encontradas pela pesquisadora.

Em perguntas de múltiplas respostas sobre como gostam de personalizar o ambiente em que vivem, os jovens responderam: 15,4% dizem que preferem desenhos ou pinturas, 61,5% preferem fazer sua assinatura, 30,8% afirmam preferir personalizar com suas fotos, e 7,69% afirmam que gostam de mudar a cor dos ambientes. Essas ações também são usadas nesta escola, que mantém seus corredores com exposição constante dos trabalhos dos estudantes, e espaços para livre intervenção.

Sobre as características preferidas para os ambientes, os resultados apontam que: 76,9% preferem ambientes relaxantes, 69,2% gostam do ambiente acolhedores, amplos e iluminados, 61,5% gostam de ambientes abertos, 53,8% gostam de ambientes tranquilos e 46,2% gostam de ambientes joviais (Figura 30).

127

Figura 30 – Gráfico das preferências apontadas quanto às características ambientais. 12,00 10,00 8,00 6,00 4,00 2,00

0,00

Caro

Jovem

Amplo

Aberto

Flexivel

Caótico

Simples

Clássico

Familiar

Elegante

Tranquilo

Luminoso

Relaxante

Acolhedor

Barulhento Tecnológico

Pouco Luminoso Pouco Fonte: A Autora.

As características menos preferidas pelos jovens, com relação aos ambientes foram: 38,5% elegância e tecnologia, 30,7% familiaridade, 15,38% simplicidade, 7,7% flexibilidade, barulhento ou caro. Nenhum entrevistado escolheu características de baixa luminosidade, clássico ou caótico.

Para uso das cores, em relação a preferências ambientais, os respondentes afirmaram os sentimentos com tendências positivas e negativas. Os sentimentos positivos obtidos foram: branco (sinceridade, pureza, limpeza, simplicidade, tranquilidade e relaxamento); Rosa (amizade, elegância e pureza); Amarelo (alegria); Verde (esperança, paz e alegria); Azul (sinceridade, relaxamento, confiança, serenidade e alegria); Vermelho (amor, paixão, alegria, felicidade e euforia); Lilás (tranquilidade, relaxamento, serenidade e felicidade). E, as sensações de tendência negativa associadas com as cores: preto (luto, escuro, sombrio, medo e tristeza); cinza (tristeza melancólica); e, marrom (aversão, ódio e tristeza).

5.1.5 Dados obtidos com a Identificação da Configuração Ambiental

Os dados dimensionais e funcionais observados na sala de aula foram registrados pela pesquisadora em meio fotográfico e dimensional. A área útil do ambiente analisado foi de 78,80 m2. Considerando a capacidade máxima de ocupação, tem-se a relação 3,94 m2/estudante, considerada boa, uma vez que no Brasil, a relação sugerida pela Fundescola (2012) é de 1,5 m2/estudante. Nesta sala se distribuem 12 mesas e 12 cadeiras altas, ao centro; 04 mesas para 08 computadores, com 08 cadeiras em altura regular, junto à parede lateral; 02 mesas para apoio do orador (professor), de frente à lousa; 05 armários; 01 tela de projeção; 128

01 projetor suspenso no forro; e instalações de internet wi-fi e de energia elétrica – tomadas e iluminação.

Para mensuração de índices de desempenho, utilizou-se as seguintes ferramentas digitais: desempenho térmico – DS Thermometer (DS Software), desempenho acústico - Decibelímetro (Sound Meter, Abc Apps), e desempenho lumínico – Medidor de Luz O2 Led (www.o2led.com.br). Os dados físicos obtidos encontram-se sintetizados na Tabela 6 (a seguir).

Tabela 6 - Dados físicos obtidos no ambiente analisado FATOR ANALISADO ÍNDICE INDICE OBSERVAÇÕES OBTIDO RECOMENDADO Temperatura (oC) 22 23oC Temperatura mantida por sistema de (Kowaltowski, aquecimento. Temperatura externa média de 2011) 17oC, no horário da coleta (primavera). No verão, o resfriamento ocorre por ventiladores de teto da sala. Ruído (dB) 55 - 85 25 - 35 dB O ruído mensurado variou de acordo com as (Berglung, Lindvall, atividades desempenhadas. Ao ouvirem música, Schwela, 1999) | o nível sonoro subiu bastante em relação à 40 - 50 média geral percebida. (NBR 10.152, 2000) Iluminação (Lux) - 300 - 500 Satisfatória na área de mesas, mas insuficiente (European junto a lousa, onde não há iluminação específica. Standard 12464-1 (Lighting of Indoor Work Places) | 300 – geral, 500 – junto a lousa (NBR ISO/CIE 8995- 1, 2013) Natural 455 - 485 300 - 500 Foi mensurada através da incidência solar obtida pelas janelas laterais fechadas, em vidro translúcido, a uma distância de 1,5m da janela, no horário das 14h (maior incidência). A incidência solar invade a sala em 20%, sobre a área de mesas. Artificial 476 - 496 300 – 500 10 pontos de luminárias com lâmpadas fluorescentes tubulares, distribuídas uniformemente no ambiente. Foi obtida pouca variação entre os pontos mensurados considerando sobreposição com a luz natural incidente, nas proximidades da janela. MATERIAL DE COR MATERIAL OBSERVAÇÃO ACABAMENTO Piso Bege Cerâmico Piso uniforme e nivelado, em material pouco absorvente em relação a ruídos. Cor adequada. Paredes Branca Alvenaria dupla de Alta refletância das paredes em relação à luz tijolos, esp. 20cm, natural e a ondas sonoras. Não há tratamento 129

com isolante acústico para absorção de ruídos de fundo, nem térmico interno. tratamento de cores adequadas ao Acabamento em escurecimento para projeções. pintura fosca Teto Branco Placas de Alta refletância sonora e luminosa, que favorece compensado às atividades desenvolvidas no ambiente. pintadas Mobiliário Cadeiras - - - Alta Preto e Estrut. metálica Dim. Assento – 40x46cm. Alt. Assento – 68 cm. verde preta, estofado Cadeiras desconfortáveis e com elementos verde escuro quebrados – apoia braços e encostos. Base fixa metálica, com apoia pés. Baixa Preto e azul Estr. metálica Dim. Assento – 53x56 cm. Alt. Assento – 48 cm. preta, assento Cadeiras confortáveis, e de assento amplo. Não estofado azul tem apoia braços, nem apoia pés, e são fixas. Mesas - - - Alta Preto e Estrut. metálica Dim. Tampo – 120x80 cm. Alt. Tampo – 90 cm. branco preta, tampo Mesa geralmente usada para atividades de madeira desenho, tem amplo tampo, mas seu peso e revestimento altura dificultam a utilização e a mudança de melamínico branco localização em sala. liso Baixa Preto e Estrut. metálica Dim. Tampo – 150x60 cm. Alt. Tampo – 76 cm. branco preta, tampo Mesa de uso geral para atividades de escrita, madeira desenho, ou apoio de computadores, apoia o uso revestimento de duas pessoas, lado a lado. melamínico branco liso Armários Cinza Madeira Poucos armários, e de uso somente para compensada, com armazenar trabalhos em desenvolvimento e em revestimento correção. Não há armários para uso dos melamínico estudantes. Porta Azul com Madeira Dim. 138x218 cm (folha 90cm). Ampla abertura, madeira compensada, com e maçaneta acessível, mas não dispõe de visor revestimento translúcido para visualização interior. melamínico externo Janelas Estrut. PVC e vidro Dim. 380x137/105 cm. Janela com estrutura em Branca, vidro translúcido PVC, isolante térmico e acústico, garante boa translúcido visibilidade ao exterior. Maçaneta acessível e de fácil manuseio. Cortinas Branca Poliéster, tipo Há duas cortinas no ambiente, para diminuir o blackout, e efeito negativo da incidência de luz em persiana PVC atividades de projeção, mas são insuficientes para escurecer toda a sala, pois não há cortinas em todas as janelas. Fonte: A Autora.

5.1.6 Dados da Análise do Ambiente em Uso e Análise da Tarefa

Foi elaborado um mapa comportamental que demonstra o uso e os fluxos da sala analisada (Figura 31), que demonstra os fluxos, a distribuição do layout e as formas de utilização do 130

espaço. Em amarelo, estão destacadas as zonas de maior uso - ao centro da sala, para atividades individuais ou em grupos; junto à lousa em apresentações orais; e junto à parede da esquerda, mesas para uso dos computadores desktops. Em roxo, destacam-se as zonas de menor uso – ao fundo da sala, de onde não se consegue ver a lousa, nem ouvir a palavra falada, com clareza, e lateralmente a lousa, formando uma pequena zona junto da janela, com cortina. Essas zonas em roxo, por terem menos uso, acumulam material de trabalho e de descarte. Os fluxos estão marcados em verde – para o acesso ao mobiliário, e em laranja para saída da sala.

Figura 31 – Mapa comportamental (sem escala) da sala de aula, destacando em amarelo – os setores mais utilizados, ao centro e junto aos computadores, em roxo – os setores menos utilizados, e os fluxos de entrada (em verde) ou de saída (em laranja).

Fonte: A Autora.

As figuras, a seguir, demonstram a caracterização geral do ambiente e a ocupação pelos usuários no momento da coleta de dados (Figuras 32 e 33).

Figura 32 - Vista da lousa e espaço para apresentações orais (a), e, Vista das mesas para computadores (b).

(a) (b) Fonte: A Autora

131

Figura 33 - Vista do fundo da sala (a), e Vvista das mesas junto da janela lateral (b).

(a) (b) Fonte: A Autora

Para analisar as atividades desenvolvidas pelos usuários, foi elaborado um fluxograma de atividades (Figura 34), que mostra os 3 principais níveis de atividades relativas ao uso do ambiente. O nível 1 trata de atividades de acesso e acomodação no ambiente (campos em azul), o nível 2 refere-se às atividades educacionais propriamente ditas (campos em verde), e o nível 3 refere-se às pequenas atividades de manuseio de instrumentos e ferramentas de trabalho, em cada macro atividade correlata. Este fluxograma se aplica também a análise da Escola Técnica Cícero Dias, descrita no item 5.2, a seguir.

Figura 34 - Fluxograma de atividades desenvolvidas pelos usuários, destacando os 3 níveis – acessar e acomodar-se no ambiente, realizar atividade de aprendizagem, e manejar instrumentos em cada atividade.

Fonte: A Autora. 132

A planta de uso e o fluxograma das atividades se relacionam com as tabelas a seguir, que apresentam detalhadamente as análises ergonômicas realizadas. No Quadro 8 (a seguir) são analisados os dados no Nível 1 de atividade em aula e demonstram a tarefa demandada ao usuário, as condições oferecidas pelo ambiente e a crítica realizada pela pesquisadora em relação à atividade observada.

Quadro 8 - Análise das atividades do nível 1 no Liceo Statale D. l. Milani – Acesso e percurso em sala de aula. CONDIÇÕES OFERECIDAS PELO AMBIENTE CRÍTICA TAREFA ABRIR A A largura da porta é de 90 cm e abre para Deve haver uma janela para visualização PORTA o exterior, que facilita em situações de interior/exterior da sala, a fim de facilitar os fuga. É feito de madeira, com revestimento usuários a encontrar pessoas, e de decidir se vai melamínico, e não há visor. A maçaneta é entrar no ambiente formato de bola, com botão de abertura, que impede o enganche de casacos (risco de captura o punho com a roupa) ENTRAR A sala é ampla. Há espaço de aproximação O layout interno não permite acesso livre a NA SALA junto à porta, de onde se visualizam toda a todos os lados das mesas no centro da classe, sala de aula, antes de atravessá-la. O piso é porque estas estão dispostas em linhas liso e plano e, portanto, corretamente- horizontais, lado a lado. As fileiras de bancos permite a execução de movimentos em estão alinhadas à parede da janela. segurança. As iluminações naturais ou artificiais são adequadas ao desenvolvimento do caminhar. ALCANÇAR O layout da sala de aula tem duas Não existem mesas suficientes para trabalho de SEU organizações diferentes: 1 - espaço de computador para todos os estudantes. Então, os ASSENTO bancos altos ao centro para trabalhos estudantes devem alternar-se no uso de manuais, e 2 – espaço para uso de computadores, que pode causar sua distração. computadores desktop. Laptops não são autorizados pela escola SENTAR-SE Existem dois tipos de mesas/assentos na A maioria das cadeiras é velha ou quebrada, sala de aula: 1 – ao centro da sala de aula, especialmente, as mesas altas. Algumas não têm existem 4 fileiras de mesas/bancos altos, encosto, pois foram quebrados. Nenhum tem em que os estudantes podem fazer o braços ou apoio de pés. Em cadeiras altas, trabalho manual, estudo ou grupo. Em utilizadas para atividades manuais, que são frente à parede lateral direita (sem janelas) longas e extenuantes, faltam elementos de há uma fileira de 06 mesas regulares com apoio para a coluna, braços e pés. computadores (desktop), onde os estudantes podem usar a internet e fazer outros trabalhos de escola em que você precisa usar o seu pc. ORGANIZAR Os armários existentes são utilizados para Não existem armários para guardar pertences SEUS armazenar trabalhos dos estudantes. Para pessoais dos estudantes OBJETOS os objetos pessoais, eles acomodam sobre PESSOAIS as mesas ou cadeiras, e então, no final da aula, levam tudo de volta para casa. FICAR O movimento de levantar-se é feito Nenhuma DE PÉ livremente e diversas vezes ao longo da aula. SAIR Estudantes movem-se livremente e saem Nenhuma DA SALA da aula diversas vezes. Fonte: A Autora. 133

No Quadro 9 (a seguir) são analisados os dados no Nível 2 da atividade na aula, que dizem respeito às atividades de aprendizagem.

Quadro 9 - Análise do Nível 2 no Liceo Statale D. l. Milani - Realizar atividades de aprendizagem em sala de aula. TAREFA CONDIÇÕES OFERECIDAS PELO CRÍTICA AMBIENTE ASSISTIR UMA A sala está equipada com ferramentas A amplitude da sala de aula é razoável, porém APRESENTAÇÃO digitais para apresentação e conexão o layout fixo das mesas favorece somente os ORAL com internet (Wi-Fi). Os estudantes estudantes que estão sentados junto à lousa. que se sentam mais perto da lousa As mesas ao centro são pesadas e grandes, digital, usando mesas e cadeiras altas, não permitindo seu manuseio com facilidade. veem e ouvem a lição melhor do que Não há nenhum tratamento acústico para os estudantes que estão sentados nas melhorar a inteligibilidade últimas fileiras; ou mesmo, do que, quem está sentado nas mesas de computadores, frente à parede, que não podem ver a apresentação TRABALHAR Existem dois tipos de mesas na sala de O espaço de sala de aula é insuficiente para INDIVIDUALMENTE aula: ao centro da sala de aula, executar alterações no layout, demandadas SOBRE MESA existem quatro linhas de mesas com por atividades mais dinâmicas ou de grupo. cadeiras altas, onde o aluno pode Quando trabalham em grupo, os estudantes fazer seu trabalho manual, de estudo giram a cadeira para a mesa posterior, a fim ou em grupo. Junto a parede lateral, de interagir com os colegas. Não há espaço há mesas com cadeiras de altura para atividade de leitura, ou convivência. regular, equipados com computadores (desktop), onde o aluno pode fazer uso da internet e outras atividades que demandem uso de computadores O layout da sala de aula permite usar As mesas são horizontais, de 60 x 120 cm, e apenas cadeiras altas para sentar, altura de x cm, medidas mais adequadas para para atividades manuais e também de executar desenhos, mas não para atividades leitura, escrita ou práticas. de leitura ou escrita. Sua superfície é lisa, mas o peso e tamanho impedem mudar o layout da sala de aula. Para executar atividades de leitura, os estudantes fazem demasiada pressão sobre o pescoço e a cabeça, forçando o corpo para frente. O layout da sala de aula permite que As mesas com desktops estão em frente à os estudantes usam cadeiras regulares parede lateral, onde há sistema elétrico, para e fixas para mesas com computadores funcionamento dos computadores. Esta desktop. Existem 8 mesas nessa área, posição torna difícil ver a lousa. A incidência e não são suficientes para o número de luz natural nas janelas reflete luz nas telas, de estudantes. O acesso à rede é bom e promove desconforto visual nos estudantes. com acesso wi-fi. TRABALHAR EM O layout da sala de aula permite que O layout fixo faz com que o trabalho em EQUIPE estudantes usem apenas mesas altas equipe seja desenvolvido apenas nas mesas para sentar-se, ao realizar atividades altas. A dimensão e o peso das mesas não de grupo, como leitura, escrita, facilitam alterações de layout, para discussão ou atividades práticas. reorganizar mesas, como aconselhado para trabalhar em grupos. A iluminação natural não 134

é adequada e uniforme para todos os pontos da aula.

FAZER UMA O layout da sala de aula permite que Na frente da classe, há cadeira e mesa do APRESENTAÇÃO os estudantes em pé, falem de frente professor, mesa para impressora e sistema à classe. O espaço frontal é elétrico para o uso de ferramentas digitais. Há satisfatório. Há projetor e tela pouco espaço de circulação entre a lousa e a adequados para executar esta tarefa. mesa frontal. Fios ficam expostos e podem causar acidentes. A única cortina não é suficiente para escurecer a sala, ao apresentar material digital. ADEQUAR AS A sala é equipada com sistema elétrico Não há cortinas suficientes para reduzir a CONDIÇÕES DO suficiente para acionamento da incidência de luz natural. Também não há AMBIENTE ÀS iluminação artificial, controle de controle da quantidade e do tipo de NECESSIDADES temperatura por meio de calefação. iluminação artificial. No verão, os estudantes ESPECÍFICAS DA relataram que o ambiente se torna muito CLASSE quente. As janelas estão posicionadas em duas Existe uma alta incidência de luz natural paredes - ao lado da lousa e ao fundo direta, sobre as mesas de trabalho, no centro da sala. Isto fornecem uma boa da sala de aula, que é favorável no inverno, visualização do exterior. Há una única mas desconfortável no verão. O layout dos cortina, na sala de aula, próximo à bancos dificulta o acesso à janela, dificultando lousa, que melhora a condição de a manipulação de suas maçanetas. obscuridade para fazer projeções. Iluminação artificial é pouco Precisa melhorar a condição de dinamicidade adequada, mas é uniforme. da iluminação artificial. Nas mesas de computadores, devem haver uma iluminação de tarefa, apropriada para evitar ofuscamento e brilho excessivo das telas, ou de reflexos advindos das janelas. As tomadas elétricas são utilizadas Não existem tomadas suficientes para somente para os desktops, e também carregamento de equipamentos pessoais – junto à lousa, onde se pode fazer ligar laptops e celulares dos estudantes. instrumentos de projeção. A sala é equipada com armários para Os armários destinam-se a disposição dos acomodar material escolar e trabalhos materiais, e os estudantes não podem colocar dos estudantes. seus objetos pessoais. Fonte: A Autora.

5.1.7 Dados da Análise da Percepção do Usuário

Para coletar a percepção do usuário sobre o ambiente vivenciado, foi aplicada a técnica de Brainstorming (Figura 35). Os resultados apontaram a satisfação dos estudantes, com relação ao ambiente de aprendizagem que utilizam, de acordo com suas preferências pessoais e culturais.

135

Figura 35 - Estudantes realizando a atividade de Brainstorming, e um dos painéis obtidos com resultado.

Fonte: A Autora.

As respostas obtidas foram sintetizadas no Quadro 10 (a seguir):

Quadro 10 - Dados da satisfação dos estudantes com o ombiente vivenciado, no Liceo Statale D. l. Milani. QUE COISAS VOCÊS GOSTAM NESTA SALA DE AULA? A amplitude e a iluminação da sala de aula; A disposição dos bancos; Os corredores espaçosos; Poder usar recursos de multimídia; Os funcionários da escola são amigáveis; Excelente relacionamento entre estudantes e professores. QUE COISAS VOCÊS NÃO GOSTAM NESTA SALA DE AULA? A arrumação dos móveis (mesas, computadores, armários); A temperatura excessiva da sala de aula no verão; Condições de limpeza são precárias; Pouco material para trabalhos práticos e mal exibição dos trabalhos escolares; Distribuição ruim do espaço; Isolamento acústico e térmico são muito ruins; Não há ligação entre as salas de aula com espaços ao ar livre; Falhas no sistema de calefação, que permitem a sensação de frio e umidade em sala de aula; Há infiltração de água nas paredes; O número de computadores é menor que o número de estudantes; A porta tem problemas de manutenção; Faltam armários e materiais para todos; Serviço de internet é limitado. SE VOCÊS PUDESSEM PROJETAR UMA NOVA SALA DE AULA, QUE COISAS PODERIAM MELHORAR? EM RELAÇÃO À ESCOLA: Oferecer uma cafeteria ou lanchonete; permitir a criatividade artística em paredes; Permitir acessibilidade à biblioteca para estudar sozinho; Fornecer mais computadores e Wi-Fi livre; instalar espelhos nos banheiros; Permitir espaços para fumantes; melhorar as condições de limpeza dos banheiros; Permitir/criar saída e acesso aos jardins, ou área para relaxamento para fins de convivência; Exposição de trabalhos dos estudantes também no Bloco B; Melhorar as máquinas de alimentos/ bebidas no Bloco B; Melhorar a manutenção do jardim e do ginásio. EM RELAÇÃO À SALA DE AULA: Permitir o uso de telefones celulares para fins de aprendizagem nas aulas; Instalar mais tomadas de energia; adquirir cadeiras, mesas, armários e computadores novos; Permitir pintar as paredes coloridas; melhorar a limpeza nas salas de aula; Instalar mais cortinas nas janelas; oferecer mais materiais para trabalhos práticos; Permitir integração com área verde, jardins; Maior interatividade com internet em aula; Permitir fumar em aula. Fonte: A Autora. 136

5.2 Escola Técnica Estadual Cícero Dias, Recife

5.2.1 Caracterização Da Escola Técnica Cícero Dias

A Escola Técnica Estadual Cícero Dias faz parte do Núcleo Avançado em Educação – NAVE – uma parceria do Oi Futuro com a Secretaria de Estado de Educação de Pernambuco, e foi inalgurada em março de 2006, oferecendo Ensino Médio Profissionalizante na modalidade integral (Figura 36). Esta parceria tem como missão criar metodologias inovadoras de ensino e aprendizagem em diálogo com as tecnologias da informação e da comunicação, com o intuito de trazer o cotidiano para dentro da sala de aula e explorar o que se vê na escola e também fora dela, melhorando significativamente a qualidade da educação.

Figura 36 - Escola Técnica Estadual Cícero Dias (a) Fachada principal, (b) Pátio interno durante um ensaio dos estudantes.

(a) (b) Fonte: (a) porvir.org, crédito Leo Caldas; (b) A Autora.

Hoje, a escola conta com 452 estudantes, que frequentam a escola de maneira totalmente gratuita. Todos os anos, são oferecidas 180 novas vagas, por meio de seleção pública para jovens entre 14 e 17 anos. A maioria das vagas são destinadas a jovens oriundos de escolas públicas, e a forma de seleção é por prova escrita de conteúdos de português e matemática.

Nesta escola são oferecidos dois cursos. O primeiro é de Programação de Jogos - que visa formar profissionais técnicos para atuar como programador de jogos digitais; e o segundo é de Multimídia – que trata dos aspectos relativos à interface de jogos eletrônicos e habilita o profissional técnico a apoiar o projeto de componentes como vídeo, áudio, física, mecânica (gameplay), inteligência artificial (IA), Graphical User Interface (GUI), a modelar classes e “algoritmizar” soluções (OIFUTURO, 2012). 137

5.2.2 Caracterização social de Recife, Brasil

Recife é a capital do estado de Pernambuco, localizado no Nordeste do Brasil. Com uma área de 218,435 km², está localizado às margens do oceano Atlântico, e possui uma população estimada de 1.625.583 pessoas (IBGE, 2016), e o IDH de 0,772 (maior do Estado de Pernambuco). É sede da Região Metropolitana do Recife, a maior aglomeração urbana do Norte-Nordeste e quinta maior do Brasil. Uma das cidades economicamente mais importantes do Nordeste brasileiro, Recife desempenha um papel centralizador em seu estado e região, abrigando empresas, instituições e industrias, e exerce grande influência em outras capitais vizinhas, como João Pessoa, Maceió, além de outras cidades interioranas próximas, dos estados de Pernambuco, Alagoas e Paraíba. Os negócios, os eventos e as atividades culturais e produtivas que acontecem em Recife ganham projeção nacional, por ser a maior região metropolitana fora do Sudeste do país, atraindo turistas e investidores do Brasil e também do exterior.

Em 2015, quanto à educação em Recife, foram registradas cerca de 67 mil matrículas no Ensino Médio em 204 escolas, e 184 mil matrículas no Ensino Fundamental em 739 escolas, contando com a rede pública e a rede privada. Quanto às condições de trabalho e renda, a população média alfabetizada é de 1,3 milhão de pessoas, 808 mil pessoas encontram-se economicamente ativas, o que corresponde a uma renda familiar média de cerca de 3.755,55 reais (domicílios urbanos) (IBGE, 2016).

5.2.3 Dados obtidos através da Pesquisa Etnográfica

A observação realizada na escola permitiu compreender a realidade e a cultura dos jovens observados (Figura 37). O comportamento geral dos jovens é calmo e interessado no conteúdo das aulas. Nesta escola, as salas são organizadas por disciplinas, e as turmas mudam de sala a cada nova disciplina do horário. Não existem cadeiras marcadas, e dentro da turma, os estudantes são organizados em times, para realização de estudos em grupo e execução dos exercícios.

138

Figura 37 - Jovens participantes da pesquisa – Escola Estadual Cícero Dias, Recife.

Fonte: A Autora.

A observação ocorreu em duas turmas, durante as aulas, as atividades foram guiadas pelos professores das disciplinas definidas – Biologia e Técnicas de Produção de Imagens. Na primeira turma, na aula de Biologia, do 3º ano do Ensino Médio, a atividade foi essencialmente expositiva (Figura 38). O professor conduziu a aula oralmente, utilizando uma lousa digital para demonstrar o conteúdo. Foram resolvidos exercícios com ampla discussão com a turma. Enquanto o professor resolvia as questões, os estudantes participaram ativamente da discussão coletiva. O clima foi descontraído e leve. Todos tiveram oportunidade de expor suas questões individuais. Os estudantes estavam sentados em cadeiras e mesas individuais, de frente à lousa, durante toda a aula, e portavam suas bolsas e pertences pessoais, mesmo havendo armários de uso individual localizados no corredor. Ao final da aula, foi aplicada a entrevista semiestruturada, e assim, pôde-se obter a opinião do professor sobre sua relação com os estudantes, ambientes educacionais e as novas tecnologias na educação.

Figura 38 - Usuários observados durante a aula, sentados de frente a lousa e ao professor, em aula expositiva.

(a) (b) Fonte: A Autora.

Na segunda turma observada, a aula era de Técnica de Produção de Imagens, no 2º ano do Ensino Médio (Figura 39). Para esta aula, o uso dos computadores desktops são ferramentas 139

essenciais para execução das atividades, por isso, a sala dispõe de 28 computadores fornecidos pela escola. Num primeiro momento, o professor explicou o conteúdo da aula usando a lousa digital. Ppara isso, os estudantes se posicionaram diante da lousa, por uns 15 minutos. Num segundo momento, o professor solicitou que os estudantes realizassem o exercício em duplas, nos desktops, e ao final da aula, o professor reuniu os estudantes novamente junto à lousa, para explicar detalhes do exercício, e como os estudantes poderiam melhorar seus projetos em desenvolvimento.

Figura 39 - Estudantes observados em aula dotada de recursos computacionais.

(a) (b) Fonte: A Autora.

A sala é muito ampla, os computadores ficam alinhados junto a paredes do perímetro. Para ouvir a lição, os estudantes empurraram suas cadeiras (com rodízios) até a frente da sala; em seguida, retornaram aos seus lugares. Os assentos não são fixos durante todo o ano; então, os estudantes sentam nos lugares que os interessam por motivos de afinidades sociais, e podem mudar de lugar, conforme seu interesse pessoal. O clima é bastante descontraído, e os estudantes demonstram interesse na disciplina, e na aprendizagem.

5.2.4 Dados obtidos através de Entrevistas e Questionários

As principais opiniões obtidas sobre as condições gerais da escola, seus recursos educacionais foram através de entrevistas informais, com alguns estudantes e professores. Um aluno afirmou que:

“Essa escola é muito boa. A estrutura é bem diferente das escolas normais que a gente conhece. As outras escolas têm grade, e as pessoas ficam presas. Aqui tem jardim, e é tudo aberto. Traz uma liberdade para a gente. (...) O ensino é bem mais específico voltado para o Enem, para o UPE, e tem cursos preparativos após a aula, 140

até para o ITA (...) essa escola tem vários computadores em vários espaços, para gente usar e fazer nossos projetos. Aqui tem 4 laboratórios. 2 de multimídia e 2 de programação. Os de multimídia possuem os programas da Adobe voltados para Design, e os de programação, aqueles programas especificos também. (...) Depende da aula, do que o professor pedir, a gente pode usar computadores, mas não é permitido usar outros aparelhos eletrônicos, durante a aula.”

A opinião dos professores foi positiva em relação à qualidade e a infrestrutura de trabalho na escola. Com relação à possibilidade de trabalhos práticos em aula, há dificuldade em organizar a turma:

“Os jovens, hoje, tudo que eles fazem usam tecnologia, smartphones, tablets. Então, se a gente não usa, vai deixar de uma certa maneira tornar a aula não atrativa. Mas a gente tem que ter muito cuidado, porque, se a gente ficar só na tecnologia, vai ser algo da rotina. E tudo que é repetitivo também se torna cansativo e desestimulante. Eu faço um mix. Às vezes, pego um powerpoint transformo num jogo, as vezes uso tradicionalmente, às vezes um lápis tradicional. Cada vez que eles chegam veem algo diferente. (...). Em atividades dinâmicas, na verdade, fica uma desarrumação né? Esse bimestre mesmo, já tivemos uma atividade avaliativa em grupos, que uso imagens que ficam projetadas para que eles formulem perguntas sobre as imagens. E isso, nessa hora, quem entrar parece que a sala fica um tsunami.”

Quanto ao perfil social dos estudantes, os resultados da aplicação de 33 questionários sobre as preferências socioculturais e ambientais dos estudantes, com idade entre 14 a 17 anos apontaram para a seguinte caracterização: as respostas indicam que a maioria dos estudantes mora em diferentes bairros da cidade do Recife, não demonstrando uma relação direta entre a escola e a comunidade onde está situada, no bairro de Boa Viagem. Os jovens frequentam diversos lugares na cidade. A maior frequência dos destinos preferidos por eles são: shoppings e lojas, espaços públicos ao ar livre, restaurantes, praias, festas e shows. Para se deslocarem a esses destinos costumam usar o transporte público – ônibus ou metrô, carro da família, ou serviço de Uber. Com relação à segurança pessoal nos trajetos realizados (principalmente entre sua casa e a escola), 45,5% afirmou não se sentir seguro, 39,4% afirmou sentir-se seguro, e 15,1% afirmou que depende da companhia e do horário em que realizam os percursos. Todos afirmaram se sentirem seguros dentro da escola.

O relato da ocupação das famílias aponta para um compartilhamento das despesas familiares entre pai e mãe, já que 90,9% dos pais e 63,63% das mães trabalham, ou têm renda. Apenas 141

21,2% das mães são donas de casa, 6% das mães e 6% dos pais encontram-se desempregados. Confrontando esses dados com a condição financeira da família, observa-se que a renda familiar atende satisfatoriamente ao suprimento das necessidades básicas como afirmaram 72,7% dos respondentes. Outros 18,2% afirmaram que os recursos familiares eram bons, 6,1% afirmaram viver em condição financeira ótima, e apenas 3% responderam que os recursos familiares eram precários.

No que diz respeito à formação familiar, os pais tiveram uma formação educacional melhor do que das mães - 3% dos pais têm ensino fundamental, 48,48% dos pais têm ensino médio, 15,15% têm ensino superior, e 21,21% têm pós-graduação. Em relação às mães - 39,39% tiveram ensino médio completo, 24,24% tiveram ensino superior completo e 15,15% tiveram pós-graduação. A maioria dos irmãos estudam ou trabalham, e nenhuma pessoa das famílias foi informada como analfabeta.

Figura 40 - Satisfação dos estudantes com a escola que frequentam.

Fonte: A Autora.

Sobre a satisfação com a escola (Figura 40) que frequentam – 72% afirmaram gostar de ir à escola, contra, 12% que afirmam não gostar, e 15% afirmaram que, às vezes, não gostam. Dos que responderam gostar, associaram a escola a novos conhecimentos para o futuro e para a vida, além de poder encontrar os amigos. Todos os respondentes afirmaram que pretendem continuar seus estudos. O alto índice de satisfação com a escola pode estar associado à metodologia inovadora, dinâmica e colaborativa, à infraestrutura de excelente qualidade e ao perfil dos cursos oferecidos, de uma linguagem jovem e atualizada com as novas 142

oportunidades de trabalho no mercado de novas tecnologias e da internet, um perfil de escola bastante singular no sistema educacional brasileiro.

Em perguntas abertas sobre as preferências dos jovens respondentes, as respostas obtidas foram: 60,6% - ouvir música, 54,5% - ler, usar tecnologias e redes sociais, 36,36% - assistir séries e filmes, 33,3% - apreciar arte, e 24,2% - desenhar e ler quadrinhos.

Em perguntas de múltiplas respostas sobre o que fazem no tempo livre, os jovens responderam: 72,7% - estudam, 33,3% - assistem TV e séries, 30,3% - jogam videogame, 15,1% - dizem gostar de estar com amigos, 12,1% - praticam esportes. Outras respostas obtidas foram – dormir, escutar música e dançar, ir à igreja, ler, escrever e desenhar. A escola mantém um ritmo de estudo muito intenso, demonstrado pelo grande número de respondentes afirmarem que estudam em casa, após as aulas.

Em perguntas de múltiplas respostas sobre como gostam de personalizar o ambiente em que vivem, os jovens responderam: 17,9% - dizem que preferem desenhos ou pinturas, 21,4% - preferem fazer sua assinatura, 57,1% - afirmam preferir personalizar com suas fotos, e 28,6% - afirmam que gostam de mudar a cor dos ambientes, e 14% - afirmaram não gostar de personalizar os ambientes. Ações como variação de cor e exposição dos trabalhos dos estudantes são usadas nesta escola, mas não foram encontrados meios de personalização com fotos, apontados como o de maior preferência dos respondentes.

Sobre as características preferidas para os ambientes (Figura 41), os resultados apontam que: 87,9% - preferem ambientes acolhedores, 81,8% - gostam de ambientes tranquilos, 75,8% - gostam de ambientes com tecnologia, 66,7% - preferem ambientes relaxantes, 51,5% - gostam de ambientes jovens, 45,5% - preferem ambientes simples, 42,4% - preferem ambientes bem iluminados. As características menos preferidas pelos jovens, com relação aos ambientes foram: 27,3% - ambientes familiares, flexíveis, simétricos e pouco iluminados, 21,2% - ambientes clássicos, 18,2% - ambientes amplos, 15,2% - ambientes abertos, elegantes e caros, 6,1% - ambientes barulhentos, e 3% - ambientes caóticos.

143

Figura 41 - Gráfico de preferências quanto a características ambientais. 35,00 30,00 25,00 20,00 15,00 10,00 5,00

0,00

Caro

Jovem

Amplo

Aberto

Flexivel

Caótico

Simples

Clássico

Familiar

Elegante

Simétrico

Tranquilo

Luminoso

Relaxante

Acolhedor

Barulhento Tecnológico

Pouco Luminoso Pouco Fonte: A Autora.

Para uso das cores, em relação a preferências ambientais, os respondentes afirmaram os sentimentos com tendências positivas e negativas. Os sentimentos positivos obtidos foram: branco (paz, luz, calma, novidade e tranquilidade); Rosa (delicadeza, sonho, amor); Amarelo (alegria, criatividade, felicidade, energia, claridade e atenção); Verde (esperança, natureza, simplicidade, bondade, aconchego e relaxamento); Azul (tranquilidade, relaxamento e calma); Vermelho (calor, desejo, perigo, sensualidade, poder e agitação); Lilás (harmonia, familiaridade, aconchego, infância, timidez e paz) e Marrom (rústico, elegante, natureza) E, as sensações de tendência negativa associadas com as cores: preto (pesado, escuridão, instabilidade, solidão, morte e tristeza); cinza (solidão, frieza, cansaço, drama e tristeza); e, marrom (aversão, ódio e tristeza).

Os dados dimensionais e funcionais observados nas salas de aula foram registrados pela pesquisadora em meio fotográfico e dimensional, e estão descritos por ambiente: Sala Expositiva – Biologia, e Sala com Computadores – Técnicas de Produção de Imagens.

5.2.5 Sala Expositiva – Biologia

5.2.5.1 Identificação da Configuração Ambiental

A área útil do ambiente analisado foi de 70,30 m2, com pé-direito de 3,27 m. Considerando a capacidade máxima de ocupação, tem-se a relação 1,75 m2/estudante, considerada boa, uma vez que a relação sugerida pela Fundescola (2012) é de 1,5 m2/estudante. Nesta sala, distribuem-se 40 mesas e 40 cadeiras ao centro; 01 mesa com 01 computador, para uso do 144

professor, junto à parede da lousa; 01 tela de projeção; 01 projetor suspenso no forro; 01 lousa digital (sem utilização), e instalações de internet wi-fi e de energia elétrica – tomadas e iluminação.

Para mensuração de índices de desempenho, utilizou-se as seguintes ferramentas digitais: desempenho térmico – DS Thermometer (DS Software), desempenho acústico - Decibelímetro (Sound Meter, Abc Apps), e desempenho lumínico – Medidor de Luz O2 Led (www.o2led.com.br). Os dados físicos obtidos encontram-se sintetizados na Tabela 7 (a seguir).

Tabela 7 - Dados físicos obtidos no ambiente analisado, na sala expositiva Escola T. C. Dias. FATOR ÍNDICE INDICE OBSERVAÇÕES ANALISADO OBTIDO RECOMENDADO Temperatura (oC) 21 23oC Temperatura mantida constantemente por (Kowaltowski, sistema de condicionamento de ar (split). 2011) Temperatura externa média de 36oC, no horário da coleta (inverno). Ruído (dB) 48 - 76 25 - 35 dB O ruído mensurado variou ao longo da aula (Berglung, Lindvall, expositiva, e o nível sonoro da voz do orador e Schwela, 1999) | dos estudantes, mantendo uma média de 61Db. 40 - 50 (NBR 10.152, 2000) Iluminação (Lux) - 300 - 500 Satisfatória sob a luminária, na área de mesas, (European mas não é uniforme, e é insuficiente junto à Standard 12464-1 lousa, onde não há iluminação específica. (Lighting of Indoor Work Places) | 300 – geral, 500 – junto a lousa (NBR ISO/CIE 8995- 1, 2013) Natural - 300 - 500 Não há incidência da luz solar na sala, pois as janelas existentes são pequenas e cobertas por película protetora. Artificial 225 - 445 300 – 500 08 pontos de luminárias com lâmpadas fluorescentes tubulares, distribuídas uniformemente no ambiente. Foi obtida grande variação entre os pontos mensurados, considerando distância do instrumento em relação à luminária. MATERIAL DE COR MATERIAL OBSERVAÇÃO ACABAMENTO Piso Cinza Concreto liso Piso uniforme e nivelado, em material pouco absorvente em relação a ruídos. Cor adequada. Paredes Branca e Alvenaria simples Alta refletância das paredes em relação a luz azul de tijolos, esp. 14 natural e a ondas sonoras. Não há tratamento cm, sem isolante acústico para absorção de ruídos de fundo, e o térmico interno. tratamento de cores foi utilizado apenas como efeito decorativo. 145

Acabamento em textura lisa fosca Teto Cinza Laje de concreto Média refletância sonora e luminosa, que maciço, com favorece parcialmente às atividades expositivas ondulações Mobiliário Cadeiras - - - Baixa Cinza e azul Estr. metálica cinza, Dim. Assento – 43x40 cm. Alt. Assento – 44 cm. assento PVC azul Cadeiras de assento pequeno, dificultando a acomodação confortável. Não tem apoia braços, nem apoia pés, e são fixas. Mesas - - - Baixa Cinza e Azul Estrut. metálica Dim. Tampo – 60x45 cm. Alt. Tampo – 76 cm. cinza, tampo Mesa de uso geral para atividades de escrita e madeira apoio de laptops. Dimensionamento pequeno revestimento para realização das atividades de estudo e melamínico cinza também para acomodação das pernas dos liso usuários, porque há uma bandeja de livros, com 4 cm de altura, restando ao usuário a altura de 71 cm para acomodar-se. Porta Pintura Madeira Dim. 163x212 cm (folha 80cm). Ampla abertura Branca compensada, com em duas folhas, e maçaneta acessível, pequeno pintura branca visor translúcido para visualização interior, de altura inacessível. Janelas vidro com Vidro com película Dim. 80x60/120 cm. Janela com estrutura em película alumínio, vidro comum, com aplicação de opaca película colorida, não permite visualização ao exterior, nem ventilação natural. Fonte: A Autora.

5.2.5.2 Análise do Ambiente em Uso e Análise da Tarefa

Foi elaborado o mapa comportamental que demonstra o uso e os fluxos na sala analisada (Figura 42). Em amarelo, está destacada a zona de maior uso – para a atividade expositiva, onde estão dispostas cadeiras e mesas individuais em semicírculo, de frente à lousa. Em roxo, destacam-se as zonas de menor uso, nas extremidades ao fundo da sala, ou lateralmente à lousa. Os fluxos estão marcados em verde – para o acesso ao mobiliário, e em laranja para saída da sala. Esta sala foi preparada para acomodar 40 estudantes, mas não há espaço suficiente para circulação entre as mesas, e o orador realiza sua fala apenas de frente à primeira fila de estudantes. Não há possibilidade de mudar, ou flexibilizar o layout, pela excessiva quantidade de assentos. Segundo relato do professor, quando ele conduz uma atividade em grupo fica difícil de adequar a sala, os equipamentos e de manter a organização na turma. 146

A organização do espaço escolar é baseada nas disciplinas, ou seja, as salas são fixas por conteúdos e não por turmas. Assim, os armários estão organizados nos corredores, e as turmas mudam de sala a cada nova disciplina do dia. Os assentos também não são fixos para cada estudante, que podem mudar de assentos a sua livre escolha.

Figura 42 – Mapa comportamental (sem escala) da sala de aula de biologia, destacando em amarelo – os setores mais utilizados ao centro, e em roxo – os setores menos utilizados, e os fluxos de entrada (em verde) ou de saída (em laranja).

Fonte: A Autora.

A Figura 43 (a seguir) demonstra a caracterização geral do ambiente e a ocupação pelos usuários no momento da coleta de dados.

Figura 43 - Vista frontal da sala, destacando o espaço para apresentações orais.

Fonte: A Autora.

Para fins de análise das atividades, o nível 1 trata de atividades de acesso e acomodação no ambiente (campos em cinza), o nível 2 refere-se as atividades educacionais propriamente ditas (campos em verde) e o nível 3 refere-se as pequenas atividades de manuseio de instrumentos (campos em bege, azul e lilás), em cada macro atividade correlata. A planta de uso e o 147

fluxograma das atividades, se relacionam com as tabelas a seguir, que apresentam detalhadamente as análises ergonômicas realizadas.

No Quadro 11 (a seguir) são analisados os dados no Nível 1 de atividade em aula e demonstram a tarefa demandada ao usuário, as condições oferecidas pelo ambiente e a crítica realizada pela pesquisadora em relação a atividade observada.

Quadro 11 - Análise das atividades do nível 1 na sala expositiva Escola T. C. Dias – Acesso e percurso em sala de aula. TAREFA CONDIÇÕES OFERECIDAS PELO AMBIENTE CRÍTICA

ABRIR A PORTA A largura da porta é de 80 cm e abre para o Deve-se usar as duas folhas para abrir a interior, que dificulta em situações de fuga. É porta com largura acessível. O visor deve feito de madeira, pintada de branco, e o visor ser maior e estar posicionado até 1,10 m existente é pequeno e visualmente de altura do piso acabado. inacessível. A maçaneta é formato de alavanca, com risco de captura do punho de casacos. ENTRAR A sala é pequena para a quantidade de O layout interno não permite acesso livre NA SALA estudantes. Não há espaço de aproximação a todas as mesas no centro da classe, junto à porta. Para atravessar a sala, é preciso porque estas agrupadas muito juntas no passar de frente à lousa, interrompendo a centro da sala. aula. O piso é liso e plano e, portanto, permite corretamente a execução de movimentos em segurança. A iluminação natural é inexistente, e a artificial é suficiente ao desenvolvimento do caminhar. ALCANÇAR SEU O layout da sala de aula tem uma organização Layout inadequado a atividades em ASSENTO – mesas e cadeiras individuais ao centro da grupo, e turma muito grande, sala, de frente à lousa. dificultando trabalhos mais colaborativos e dinâmicos. Mesas no centro da sala são inacessíveis. SENTAR-SE Existe um tipo de mesa/assento na sala de O mobiliário está em bom estado. As aula. Ao centro da sala de aula, fileiras de cadeiras não têm apoio de braços e são assentos individuais voltados a lousa, em que fixas. O tamanho pequeno das mesas e os estudantes podem escrever, prestar cadeiras dificulta uma acomodação mais atenção à aula, ou estudar sozinho. Para confortável, ou o sentar dinâmico. trabalhos em grupo, as mesas podem ser agrupadas. ORGANIZAR Os objetos pessoais e mochilas ficam Os armários ficam dispostos nos SEUS OBJETOS acomodados sobre as mesas ou cadeiras e, ao corredores. Durante a aula, os pertences PESSOAIS final da aula, os estudantes podem guardá-los pessoais ficam sobre as mesas, muito nos armários do corredor, ou levar de volta pequenas. para casa. FICAR O movimento de levantar-se ocorre apenas no . Há dificuldade de levantar-se, pois o DE PÉ início e ao final da aula excesso de mesas e cadeiras obstruem os espaços entre eles. SAIR Estudantes movem-se pouco e saem somente Nenhuma DA SALA ao final da aula Fonte: A Autora. 148

No Quadro 12 (a seguir) são analisados os dados no Nível 2 da atividade na aula, que dizem respeito as atividades de aprendizagem.

Quadro 12 - Análise do Nível 2 na sala expositiva Escola T. C. Dias - Realizar atividades de aprendizagem em sala de aula. TAREFA CONDIÇÕES OFERECIDAS CRÍTICA PELO AMBIENTE ASSISTIR UMA A sala está equipada com A amplitude da sala de aula é pequena, e o layout fixo APRESENTAÇÃO ferramentas digitais para a das mesas favorece assistir apresentações na frente ORAL apresentação e conexão da lousa. A visualização e a audibilidade são boas com internet (Wi-Fi) e cabos. dentro da sala, mesmo não havendo nenhum tratamento acústico para melhorar a inteligibilidade do recinto. TRABALHAR Existe um tipo de mesa O espaço de sala de aula é insuficiente para executar INDIVIDUALMENTE individual, ao centro da sala alterações no layout, demandadas por atividades SOBRE MESA de aula, onde o aluno pode mais dinâmicas ou de grupo. Quando trabalham em fazer seus trabalhos grupo, os estudantes agrupam mesas e cadeiras. Não individuais. há espaço para atividade de leitura, ou de convivência. As mesas são horizontais, de 60 x 45 cm, e altura de 76 cm, medidas pequenas para atividades de aprendizagem. Sua superfície é lisa e sua estrutura é leve. TRABALHAR EM O layout da sala de aula A dimensão e o peso das mesas facilitam alterações EQUIPE permite que estudantes de layout, para reorganizar mesas, como aconselhado realizem atividades em para trabalhar em grupos. A iluminação natural é grupo, como leitura, escrita, inexistente e totalmente suprida por lâmpadas discussão ou atividades fluorescentes, em todos os pontos da aula. práticas. FAZER UMA O layout da sala de aula Há bastante espaço de circulação entre a lousa e as APRESENTAÇÃO permite que os estudantes mesas frontais da classe. As poucas janelas facilitam o em pé, falem de frente à escurecimento da sala para projeções. classe. O espaço frontal é satisfatório. Há projetor e tela adequados para executar esta tarefa. ADEQUAR AS A sala é equipada com Não há incidência de luz natural, também não há CONDIÇÕES DO sistema elétrico suficiente controle da quantidade e do tipo de iluminação AMBIENTE ÀS para acionamento da artificial. NECESSIDADES iluminação artificial, ESPECÍFICAS DA controle de temperatura por CLASSE meio de refrigeração. As janelas estão As janelas não proporcionam iluminação natural, nem posicionadas em duas ventilação, nem visualização de áreas verdes paredes - ao lado da lousa e externas. ao fundo da sala. São pequenas e não facilitam a iluminação natural, nem a visualização do exterior. Não há cortinas. 149

Iluminação artificial é pouco Precisa melhorar a condição de dinamicidade da adequada, mas é uniforme iluminação artificial. Nas mesas, deve haver uma na área de mesas. iluminação de tarefa, apropriada para atividade de escrita e leitura, assim como iluminação na mesa do professor, e junto à lousa. Há uma boa quantidade de Nenhuma tomadas elétricas no perímetro das paredes e também junto à lousa, onde se pode ligar instrumentos de projeção e carregamento de celulares e tablets. Fonte: A Autora.

5.2.6 Sala De Computadores – Técnicas De Produção De Imagens

5.2.6.1 Identificação da Configuração Ambiental

A área útil do ambiente analisado foi de 120,61 m2, considerando a capacidade máxima de ocupação, tem-se a relação 3,01 m2/estudante, considerada excessiva, uma vez que a relação sugerida pela Fundescola (2012) é de 1,5 m2/estudante. Nesta sala se distribuem 19 mesas e 19 cadeiras com rodízios, junto a janelas, 04 mesas redondas com 04 cadeiras cada, para computadores, 02 mesas retangulares com 06 cadeiras cada para trabalhos em grupo; de frente à lousa, 01 mesa para o professor, 01 lousa digital com projetor suspenso no forro, 02 armários; e instalações de internet wi-fi, e de energia elétrica – tomadas e iluminação.

Para mensuração de índices de desempenho, utilizou-se as seguintes ferramentas digitais: desempenho térmico – DS Thermometer (DS Software), desempenho acústico - Decibelímetro (Sound Meter, Abc Apps), e desempenho lumínico – Medidor de Luz O2 Led (www.o2led.com.br). Os dados físicos obtidos encontram-se sintetizados na Tabela 8 (a seguir).

Tabela 8 - Dados físicos obtidos na sala de informática Escola T. C. Dias. FATOR ANALISADO ÍNDICE INDICE OBSERVAÇÕES OBTIDO RECOMENDADO Temperatura (oC) 23 23oC Temperatura mantida constantemente por sistema (Kowaltowski, de condicionamento de ar. Temperatura externa 2011) média de 367oC, no horário da coleta (inverno). Ruído (dB) 46 - 76 25 - 35 dB O ruído mensurado variou de acordo com as (Berglung, Lindvall, atividades desempenhadas. A média de ruído foi de Schwela, 1999) | 57 dB, mas ao fundo da sala, os estudantes 40 - 50 demonstraram dificuldade de atenção à fala do (NBR 10.152, 2000) orador. 150

Iluminação (Lux) - 300 - 500 (European Insatisfatória, mesmo considerando a luz emitida Standard 12464-1 pelos computadores, e também junto à lousa, onde (Lighting of Indoor não há iluminação específica. Work Places) | 300 – geral, 500 – junto a lousa (NBR ISO/CIE 8995- 1, 2013) Natural 200 - 205 300 - 500 Foi mensurada através da incidência solar obtida pelas janelas laterais fechadas, em vidro semitransparente, a uma distância de 0,7m da janela, sobre a mesa, no horário das 10h. A incidência solar é difusa ao longo da lateral da sala, e não atinge todas as mesas. Artificial 200 - 266 300 – 500 06 pontos de luminárias com lâmpadas fluorescentes tubulares, com aletas refletoras, distribuídas uniformemente no ambiente. Foi obtida muita variação entre os pontos mensurados, considerando a distância das fontes de iluminação. A iluminação da lousa é feita somente pela luz do projetor. MATERIAL DE COR MATERIAL OBSERVAÇÃO ACABAMENTO Piso Branco Cerâmico Piso uniforme e nivelado, em material pouco absorvente em relação a ruídos. Cor adequada. Paredes Branco e Alvenaria simples Média refletância das paredes em relação à luz laranja de tijolos, esp. natural e a ondas sonoras. Não há tratamento 14cm, sem isolante acústico para absorção/reflexão do som ao fundo, e térmico interno. o tratamento de cores é apenas decorativo. Acabamento em pintura fosca Teto Cinza Laje concreto Média refletância sonora e baixa refletância ondulada luminosa, que desfavorece às atividades dentro de um ambiente tão grande. Mobiliário Cadeiras - - - Rodízio 1 Cinza e Estr. metálica cinza, Dim. Assento – 42x42 cm. Alt. Assento – 45 cm. branco assento PVC branco Cadeiras pequenas, mas com rodízios que favorecem a mobilidade. Tem apoia braços, com 22 cm, mas não tem apoia pés. Rodízio 2 Preto e Estr. metálica preta, Dim. Assento – 45x48 cm. Alt. Assento – 47 cm. verde assento estofado Cadeiras confortáveis, com rodízios que favorecem verde a mobilidade, e com regulagem de altura do assento. Tem apoia braços, com 22 cm, mas não tem apoia pés. Mesas - - - Redonda 4 lugares cinza Estr. e tampo em Dim. 150 (diam.) x 72 (a) cm. Mesa confortável para madeira comp. acomodar 3 computadores desktop, e manter Revest. Melamínico trabalho em equipe, já que os usuários se sentam cinza frente a frente. Individual Madeira Estrut.e tampo em Dim. Tampo – 80x60 cm. Alt. Tampo – 73 cm. Mesa clara madeira clara individual para desktop. Não tem espaço para escrita. A forma de organização não favorece a visualização da lousa. 151

Retangular 6 Cinza Estr. e tampo em Dim. 200 (c) x 100 (l) x 76 (a) cm. Mesa confortável lugares madeira comp. para trabalho em equipe, já que os usuários se Revest. Melamínico sentam frente a frente. cinza Armários Cinza Madeira Poucos armários e de uso somente para armazenar compensada, com trabalhos em desenvolvimento e em correção. revestimento melamínico Porta Branca Madeira Dim. 168x220 cm (folha 80cm). Ampla abertura e compensada, com maçaneta acessível, mas dispõe de visor muito pintura branca pequeno para visualização interior. Janelas Estrut. PVC e vidro fosco Dim. 150x280 cm. Janela com estrutura em Branca, alumínio, com vidro fosco, que não permite a vidro visualização ao exterior. As folhas são fixas, não fosco permitindo ventilação natural. Fonte: A Autora.

5.2.6.2 Análise do Ambiente em Uso e Análise da Tarefa

Foi elaborado um mapa comportamental que demonstra o uso, os fluxos, a distribuição do layout e as formas de utilização do espaço analisado (Figura 44). Em amarelo, estão destacadas as zonas de maior uso, de acordo com as atividades observadas (Figura 45):

• Atividade expositiva - concentração de pessoas de frente à lousa, e os estudantes trazem suas cadeiras para frente, e • Atividade de trabalho nos desktops – cadeiras e mesas individuais alinhadas no perímetro da sala, e em mesas circulares em uma das laterais da sala.

Em roxo, destacam-se as zonas de menor uso, nas extremidades ao fundo da sala, ou lateralmente à lousa. Os fluxos estão marcados em verde – para o acesso ao mobiliário, e em laranja para saída da sala. Esta sala foi preparada para acomodar 40 estudantes, mas há somente 31 desktops disponíveis. Assim, os estudantes precisam fazer atividades sempre em duplas. O formato muito alongado, causa áreas de pouca, ou nenhuma utilização, causando dispersão, e certa desatenção da turma para o professor.

Figura 44 – Mapa comportamental (sem escala) da sala de aula de Produção de Imagens, destacando em amarelo – os setores mais utilizados ao centro, e lateralmente nas mesas de desktops. Em roxo – os setores menos utilizados, e os fluxos de entrada (em verde) ou de saída (em laranja). 152

Fonte: A Autora.

Figura 45 - Sala de aula de Produção de Imagens (a) Momento de atividade em dupla, nos desktops, (b) momento de aula expositiva junto a lousa.

a) b) Fonte: A Autora.

Para fins de análise das atividades desenvolvidas pelos usuários, o nível 1 trata de atividades de acesso e acomodação no ambiente (campos em cinza), o nível 2 refere-se às atividades educacionais propriamente ditas (campos em verde), e o nível 3 refere-se às pequenas atividades de manuseio de instrumentos (campos em bege, azul e lilás), em cada macro atividade correlata. A planta de uso e o fluxograma das atividades, se relacionam com as tabelas a seguir, que apresentam detalhadamente as análises ergonômicas realizadas. No Quadro 13 (a seguir) são analisados os dados no Nível 1 de atividade em aula e demonstram a tarefa demandada ao usuário, as condições oferecidas pelo ambiente e a crítica realizada pela pesquisadora em relação à atividade observada.

Quadro 13 - Análise das atividades do nível 1 na sala de informática Escola T. C. Dias – Acesso e percurso em sala de aula. TAREFA CONDIÇÕES OFERECIDAS PELO AMBIENTE CRITICA

ABRIR A A largura da porta é de 85 cm e abre para o O visor é pequeno e em altura inacessível PORTA exterior, que facilita em situações de fuga. É feito de madeira, pintada de branco. A maçaneta é formato de alavanca, com risco de captura o punho de casacos 153

ENTRAR A sala é ampla. Há espaço de aproximação junto O layout interno permite acesso livre a NA SALA à porta, de onde se visualiza toda a sala de aula, todas as mesas, que estão organizadas antes de atravessá-la. O piso é liso e plano e, em volta do perímetro da sala. portanto, permite a correta execução de O espaço existente é superdimensionado movimentos em segurança. As iluminações para acomodar a turma, e há dispersão naturais ou artificiais são adequadas ao durante a aula. desenvolvimento do caminhar. ALCANÇAR O layout da sala de aula tem duas organizações: Não existem mesas individuais SEU ASSENTO 1 – mesas individuais de frente à janela lateral, suficientes para trabalho de computador, e 2 – mesas para grupos junto à parede lateral, para todos os estudantes. Então os todas as mesas para uso de computadores estudantes trabalham em duplas, o que desktop. pode causar sua distração. Laptops não são trazidos pela escola, por questões de segurança no trajeto. SENTAR-SE Existem dois tipos de mesas/assentos na sala de Nenhuma aula: 1 – mesas individuais na lateral, junto à janela. Em frente à parede lateral direita (sem janelas), há 06 mesas de grupo com computadores (desktop). As cadeiras são estofadas, ou em polietileno, com rodízio e apoio de braços, em bom estado. ORGANIZAR Os armários existentes são utilizados para Não existem armários individuais dentro SEUS OBJETOS armazenar trabalhos dos estudantes. Para os da sala. As mochilas, livros e cadernos PESSOAIS objetos pessoais, eles usam armários ficam sobre as mesas. As mesas localizados no corredor. individuais não têm espaço suficiente para escrita. FICAR O movimento de levantar-se é feito livremente Nenhuma DE PÉ e diversas vezes ao longo da aula. SAIR Estudantes movem-se livremente, mas somente Nenhuma DA SALA saem da aula ao final. Fonte: A Autora.

No Quadro 14 (a seguir) são analisados os dados no Nível 2 da atividade na aula, que dizem respeito às atividades de aprendizagem.

Quadro 14 - Análise do Nível 2, na sala de informática Escola T. C. Dias - Realizar atividades de aprendizagem em sala de aula. TAREFA CONDIÇÕES OFERECIDAS PELO CRITICA AMBIENTE ASSISTIR UMA A sala está equipada com A amplitude da sala de aula é superdimensionada, APRESENTAÇÃO ferramentas digitais para a porém as cadeiras com rodízios podem ser ORAL apresentação e conexão com facilmente movidas para junto da lousa. As mesas internet (Wi-Fi). Os estudantes não podem ser movidas, pois todas acomodam portam suas cadeiras até a frente desktops. Não há nenhum tratamento acústico da sala, para assistir e ouvir a para melhorar a inteligibilidade da fala. lição. TRABALHAR Existem três tipos de mesas na O espaço de sala de aula é adequado para INDIVIDUALMENTE sala de aula: junto da janela, há executar alterações no layout, demandadas por SOBRE MESA mesas individuais, e junto à outra atividades mais dinâmicas ou de grupo. Não há lateral há mesas redondas, e mesas livres para escrita, ou trabalhos manuais retangulares. As mesas individuais para todos os estudantes. Não há espaço para e redondas acomodam desktops, atividade de leitura, ou convivência. 154

e as mesas retangulares podem As mesas com desktops estão em frente à parede acomodar atividades de escrita e lateral, onde há sistema elétrico, para desenho manual, de estudo ou em funcionamento dos computadores. Esta posição grupo. torna difícil ver a lousa. Não há iluminação de tarefa nas mesas. TRABALHAR EM O layout da sala de aula permite A iluminação é insuficiente e desuniforme para EQUIPE que estudantes usem mesas todos os pontos da aula. retangulares para sentar-se, ao Não há lugar para todos os estudantes sentarem à realizar atividades em grupo, mesa de trabalhos manuais. como leitura, escrita, discussão ou atividades práticas.

FAZER UMA O layout da sala de aula permite Na frente da classe, há cadeira e mesa do APRESENTAÇÃO que os estudantes fiquem em pé, professor, mesa para impressora e sistema falem de frente à classe. O espaço elétrico para o uso de ferramentas digitais. Há frontal é satisfatório. Há projetor pouco espaço de circulação entre a lousa e a mesa e tela adequados para executar frontal. Fios ficam expostos e podem causar esta tarefa. acidentes. As janelas próximas foram escurecidas com película, mas não é suficiente para escurecer a sala, ao apresentar material digital. ADEQUAR AS A sala é equipada com sistema Não há cortinas suficientes para escurecer a sala CONDIÇÕES DO elétrico suficiente para carregar para projeções. Também não há controle da AMBIENTE ÀS os desktops. quantidade e do tipo de iluminação artificial, nem NECESSIDADES do ar condicionado. ESPECÍFICAS DA As janelas estão posicionadas em Existe uma incidência de luz natural difusa sobre CLASSE duas paredes – em ambos os lados as mesas de desktops na lateral da sala. As janelas da lousa. são fixas e em vidro fosco, que não permite a visualização do exterior. Iluminação artificial é insuficiente, Precisa melhorar a condição de dinamicidade da mas é uniforme. iluminação artificial. Nas mesas de computadores devem haver uma iluminação de tarefa, apropriada para evitar ofuscamento e brilho excessivo das telas.

As tomadas elétricas são Não existem tomadas suficientes para utilizadas somente para os carregamento de equipamentos pessoais – desktops, e também junto à lousa, laptops e celulares dos estudantes. onde pode-se fazer ligar instrumentos de projeção. A sala é equipada com armários Os armários destinam-se à disposição dos para acomodar material escolar e materiais, e os estudantes usam armários do trabalhos dos estudantes. corredor. Fonte: A Autora.

5.3 Dados obtidos com a Análise da Percepção do Usuário

Para coletar a percepção do usuário sobre o ambiente vivenciado, foi aplicada a técnica de Brainstorming (Figura 46). Os resultados apontaram a satisfação dos estudantes com relação ao ambiente de aprendizagem que utilizam, de acordo com suas preferências pessoais e culturais. As respostas obtidas foram sintetizadas no Quadro 15 (a seguir). 155

Figura 46 - Estudantes realizando a atividade de Brainstorming.

Fonte: A Autora. Quadro 15 - Dados da satisfação dos estudantes com os ombientes vivenciados, na Escola T. C. Dias. QUE COISAS VOCÊS GOSTAM NESTA SALA DE AULA? Espaço amplo, Cores nos ambientes; Computadores disponíveis o tempo todo; Diferentes formas de organização de cada sala; Ter ar condicionado e multimídia nas salas; Boa iluminação; Relacionamento entre as pessoas; Forma de organização das cadeiras em meia-lua. QUE COISAS VOCÊS NÃO GOSTAM NESTA SALA DE AULA? Bandeja debaixo das cadeiras; Velocidade baixa da internet; As instalações elétricas/ hidrossanitárias aparentes; As cadeiras são desconfortáveis e pequenas; Muita conversa dos colegas durante a aula; Lousas digitais que não funcionam; Salas muito fechadas, sem aberturas para o exterior; Pouca luz natural; Mesas danificadas, que engancham e rasgam as calças; A regulagem no ar-condicionado, às vezes, faz muito frio, e às vezes, muito calor; O tamanho da lousa é pequeno; Dinamicidade em todas as aulas; Infiltração em algumas paredes. SE VOCÊS PUDESSEM PROJETAR UMA NOVA SALA DE AULA, QUE COISAS PODERIAM MELHORAR? EM RELAÇÃO À ESCOLA: Ter mais momentos de troca de opiniões com os estudantes, e para que pudessem ser ajudados em seus problemas; Sempre ter aulas dinâmicas. EM RELAÇÃO À SALA DE AULA: Usaria cadeiras estofadas, Lousa maior; Colocaria tabelas com as fórmulas nas paredes; Ares- condicionados mais eficientes e em bom estado de manutenção; Usar as lousas digitais; Ter espaço e momento para descanso e soneca. Fonte: A Autora.

Os dados observacionais obtidos, tanto na escola italiana, quanto na escola brasileira apontaram inadequações de diversas naturezas. As observações feitas pela pesquisadora nos locais estudantes consideraram que em nenhuma das salas de aula, o arranjo espacial, o layout, as condições do mobiliario, as condições das instalações elétricas e de wi-fi atenderam às necessidades de uma metodologia enriquecida com recursos tecnológicos. Mesmo diante das mudanças já ocorridas nas escolas estudadas, e do reconhecimento dos recursos digitais enquanto ferramentas importantes para a qualidade da aprendizagem, possibilitando aos estudantes uma maior autonomia do seu processo de aprendizagem; as adaptações espaciais ainda são confusas, pois foram pensadas para a realização de atividades num modelo de ensino conservador, centrado na oratória do professor, portanto para atividades meramente expositivas. 156

Os espaços de aprendizagem não refletem os anseios dos seus usuários – não são acolhedores, nem flexíveis, joviais ou relaxantes. Mesmo quando há um dimensionamento razoável, não há um layout, nem um mobiliário confortável, em que os estudantes e os professores possam acomodar-se, para aproveitar dos recursos naturais do entorno. A percepção de um dimensionamento espacial equivocado, às vezes insuficiente, às vezes superdimensionado, aponta para a necessidade de se repensar o índice de dimensionamento espacial tomado como referência (área/pessoa), associando-se ao número de indivíduos em cada turma. Num contexto espacial adequado, todos os demais fatores de utilização e de funcionalidade do ambiente podem trabalhar para melhorar a qualidade da aprendizagem – os contextos sociais e culturais se alinham visando o relacionamento pessoal de melhor qualidade, menos agressivo ou autoritário. Todos os usuários podem estar próximos e ajudarem-se, o professor teria mais tempo e disponibilidade para compreender e acessar os indivíduos, estabelecendo um acompanhamento efetivo, saudável e personalisado, os estudantes podem compartilhar dúvidas sem sentirem constragimento, e podem produzir conteúdo, compartilhando dentro e fora da escola.

A partição das aulas em tempos inferiores a duas horas de duração também contribui para que as aulas sejam monótonas, rápidas e pouco produtivas. A falta de recursos, ou de tempo, favorece que os estudantes deixem os trabalhos práticos para serem realizados em casa. Em contrapartida, os ruídos e a grande quantidade de estudantes por turma dificultam a concentração no trabalho, mesmo para o professor. Deseja-se que os estudantes produzam efetivamente dentro da escola, os espaços e tempos escolares devem adequar-se às necessidades de maior autonomia, flexibilização, conforto e otimização dos recursos disponíveis para a educação efetiva dos jovens.

No Capítulo 6 Resultados Parciais - Desenvolvimento e Avaliação do Modelo Conceitual (a seguir), serão expostas as etapas de elaboração, avaliação e os resultados encontrados com o processo de Design. 157

6 RESULTADOS PARCIAIS - DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DO MODELO

CONCEITUAL

Neste capítulo, são descritas a Proposição e o Desenvolvimento do Modelo Conceitual de Ambiente de Aprendizagem e, posteriormente, a sua Avaliação. O capítulo está estrutura nos seguintes itens: 6.1 Concepção do Artefato; 6.2 Projeto e Detalhamento do Artefato; 6.3 Representação em Realidade Virtual, e 6.4 Avaliação do Artefato.

O Modelo Conceitual de Ambiente de Aprendizagem em desenvolvimento, enquanto um artefato em desenvolvimento, teve seu método de elaboração (apresentado no Capítulo 4) embasado sob a teoria do Design Science Research. Neste capítulo são descritas as etapas do seu desenvolvimento e avaliação. Os dados componentes das etapas da pesquisa são: • Concepção do Artefato; • Projeto e Detalhamento do Artefato; • Avaliação do Artefato. Os dados coletados na Revisão de Literatura e nas escolas selecionadas - Liceo Statale Don Lorenzo Milani – Napoli, Itália, e Escola Técnica Estadual Cícero Dias – Recife, Brasil, embasaram as etapas de Concepção, Projeto e Detalhamento do Modelo Conceitual. O processo de Design adotado segue o esquema representado na Figura 47 (a seguir). Figura 47 - Representação esquemática do processo de Design.

Fonte: A autora. 158

6.1 Concepção do Artefato

A Concepção do Artefato é composta por três técnicas – Ideação, Design Briefing e Síntese dos Requisitos Ambientais e Ergonômicos descritos a seguir:

6.1.1 Design Briefing

O Design Briefing foi elaborado de acordo com os dados obtidos com a Revisão de Literatura, com a Etapa Observacional e, finalmente, foi complementado com o resultado da aplicação de um Workshop de Design Participativo elaboração de uma Maquete, aplicado a estudantes das escolas pesquisadas. Os resultados das maquetes apontaram propostas dos estudantes sobre uma sala de aula melhor adequada a suas necessidades e preferências, com uso de novas tecnologias de aprendizagem. No Liceo Statale Don Lorenzo Milani, Nápoles, Itália, contou-se com a participação de 15 estudantes, do 3º ano do Ensino Médio, divididos em 2 grupos (Figuras 48 e 49). Figura 48 - Estudantes realizando a atividade de Maquete (a), Um dos resultados que mostra o desejo de uma área externa com árvores, fora da sala de aula (b).

(a) (b) Fonte: A Autora. Figura 49 - Um dos resultados mostrando o desejo do uso de ferramentas digitais sobre as mesas dos estudantes (a), Os armários e o acesso ao fundo da sala, uso de duas lousas, e janelas na parede para visualizar o corredor (b).

(a) (b) Fonte: A Autora. 159

Na Escola Técnica Cícero Dias, Recife, Brasil, o workshop contou com a participação de 31 estudantes do 2º ano do Ensino Médio (Figuras 50 e 51), divididos em 3 grupos. Figura 50 - Estudantes realizando a atividade de Maquete (a) e Um dos resultados que mostra o desejo de uma área mais confortável para leitura e convivência (b).

(a) (b) Fonte: A Autora. Figura 51 - Resultado de maquete que demonstra o formato da arrumação das mesas em meia lua (a), Solução apontada pelos estudantes para aula ao ar livre, em área coberta (b).

(a) (b) Fonte: A Autora.

Muitas soluções apontadas pelos estudantes confirmam as tendências e recomendações encontradas na Revisão de Literatura (Cap. 2). Sintetizando todas as informações obtidas e associando-se ao perfil dos estudantes de Ensino Médio, suas características e comportamentos, a pesquisadora elaborou o Briefing (Quadro 16) do Modelo Conceitual de Ambiente de Aprendizagem.

160

Quadro 16 - Briefing para elaboração do Modelo Conceitual de Ambiente de Aprendizagem.

Fonte: A Autora. 161

6.1.2 Síntese dos Requisitos Ambientais e Ergonômicos

A presente Síntese de Requisitos Ambientais e Ergonômicos (Figura 52) visa apontar diretrizes gerais com relação à execução das atividades no ambiente, pensando em oferecer condições para uma ambiência escolar ergonomicamente favorável, atendendo à plena execução das atividades demandadas pelo ambiente, no nível 1 (acesso e circulação no ambiente), e no nível 2 (execução de atividades de aprendizagem), e no nível 3 (utilização de recursos e ferramentas de trabalho), conforme análise das atividades realizadas na etapa observacional (Cap. 5, anterior, página 112). Figura 52 - Gráfico da associação entre realização de atiividades no ambiente e elaboração de diretrizes ergonômicas.

Fonte: A autora As diretrizes ergnômicas desenvolvidas abordam a qualidade do Ambiente Construído, das Condições de Conforto, Layout e Mobiliário, e de Tecnologia (Quadro 17). Com isso, objetivam atingir o bem estar dos estudantes nas atividades a serem realizadas.

162

Quadro 17 - Síntese de Requisitos Ambientais e Ergonômicos propostos para o Modelo Conceitual de Ambiente de Aprendizagem adequado ao blended learning. Forma do ambiente não retangular, proporcionando um layout mais AMBIENTE CONSTRUÍDO dinâmico e flexível Instalar portas de acesso ao fundo da sala, evitando desconcentrar a turma em relação à lousa Fornecer tomadas elétricas no centro da sala de aula para carregar instrumentos digitais dos estudantes em suas mesas Instalar portas com visores, e numa posição que não tire, nem atrapalhe a atenção e a visualização da lousa Instalar banheiros próximos às salas – masculino e feminino, evitando longas distâncias para alcançar banheiros coletivos Posicionar janelas para o exterior – amplas e adequadas ao melhor aproveitamento da incidência solar, e para o corredor, permitindo a livre visualização dos espaços Permitir personalizar cores e grafismos nas paredes da escola, e das salas de aula, favorecendo a sensação de jovialidade e acolhimento, valorizados pelos entrevistados Proporcionar conexão rápida entre sala de aula, banheiro e varanda, mantendo estes ambientes próximos Dividir salas conjugadas com divisórias acústicas removíveis, permitindo ampliar as salas e promover atividades colaborativas entre turmas vizinhas, ou acomodar turmas maiores, e ainda reformular layout para outras atividades – biblioteca/ sala de estudo, laboratórios diversos Adequar o ambiente para atender às condições de conforto, de acordo CONDIÇÕES DE CONFORTO com as estações do ano. Proporcionar sensação térmica adequada no inverno, ou no verão Proporcionar condições adequadas de conforto lumínico, acústico e térmico, de acordo com recomendações técnicas normativas internacionais Proporcionar condições adequadas de visibilidade e de audibilidade do conteúdo em exposição (Gee, 2006) Garantir boas condições de conforto psicológico, desenvolvimento do senso de identidade e de pertencimento social Organizar espaços ao ar livre para convivência e leitura, com assentos confortáveis e vegetação Manter limpeza e manutenção constantes Usar mesas e cadeiras leves, em tamanhos regulares, se possível sobre LAYOUT E MOBILIÁRIO rodízios, permitindo alterar layout da sala, de acordo com as atividades Posicionar mesas e cadeiras, inclusive com desktops de frente à lousa, evitar ofuscamento das telas, e mantendo a atenção na lousa, ou no orador Fornecer cadeiras com assento ajustável, apoio de pés e braços, se possível com rodízios Disponibilizar dois tipos de lousa – quadro negro/branco para a escrita, e lousa digital para apresentações Propor layout flexível a diferentes atividades, tanto gerais como específicas Adequar o mobiliário a múltiplas atividades de aprendizagem – trabalhos colaborativos, espaço pessoal e senso de convivência e de comunicação social (McVey,1996), (Nair, 2014) Proporcionar espaço suficiente para o orador de frente à classe, para organizar seus objetos de trabalho, e se locomover durante a fala Fornecer armários de uso contínuo para estudantes Organizar espaço para expor trabalhos dos estudantes, ou organizar nos armários coletivos Manter conexão com internet livre e constante – wi-fi e cabeamento TECNOLOGIA Fazer gestão dos recursos de tecnologia da informação Manter rede de informações e de conhecimentos dentro e fora da escola Manter sala de aula física conectada constantemente com módulo de ensino on-line para carregamento, troca e disponibilização de conteúdos Alinhamento entre métodos de aprendizagem, recursos tecnológicos e infraestrutura física (Nou, 2016) Permitir uso de recursos pessoais de acesso à internet – laptops e celulares, com finalidade educacional Produzir e compartilhar conteúdo na internet Instalar sistema de controle de condições ambientais (digital e on-line) para iluminação, sombreamento de aberturas, condicionamento de ar e recursos audiovisuais Fonte: A Autora. 163

6.1.3 Ideação

Reafirma-se a ideia de que espaços escolares contribuem para o processo de aprendizagem e que existem princípios que devem ser seguidos para garantir condições de qualidade espacial no uso desses ambientes. Esses princípios são: criação de ambientes estimulantes, presença de lugares para ensino em grupo, conexão entre espaços do interior com o exterior, áreas públicas incorporadas ao espaço escolar, segurança, variedade espacial, interação com o ambiente externo, flexibilidade, riqueza de recursos, ambientes ativos e passivos, espaços personalizados e espaços comunitários. Reforçando esses princípios, os Conceitos Geradores da Proposta são ideias subjetivas a respeito da concepção do artefato, que remetem a dimensões afetivas, ou sentimentos dos usuários em relação aos elementos que compõem o ambiente construído. Foram coletadas características preferidas para ambientes de aprendizagem, com estudantes de ambas as escolas pesquisadas, por meio da aplicação de um questionário on-line (conforme descrito nos Cap. 3 e 4); posteriormente, foram complementados aos conceitos obtidos pela pesquisadora com a Revisão de Literatura (Cap. 2). O Quadro 18, a seguir, sintetiza esses conceitos. Quadro 18 - Conceitos geradores da proposta de Modelo Conceitual de Ambiente de Aprendizagem. Conceitos geradores apontados pelos Conceitos geradores obtidos com a Revisão de Estudantes Literatura Acolhedor Sentimento de boas-vindas e acolhida Tranquilo Agilidade, versatilidade e personalização Relaxante Variações e especificidades de acordo com as Amplo atividades Simples Identidade, familiaridade e segurança Luminoso Amplitude, acessibilidade e transparências Jovem Aberto Tecnológico Fonte: A Autora.

Para fins de concepção do Modelo Conceitual do Ambiente de Apendizagem, apontado como objetivo geral desta tese, considera-se atendido tal objetivo, com a obtenção dos dados elaborados no presente item. Entretanto, a fim de atender plenamente aos objetivos específicos, especialmente quanto ao objetivo específico 3 - Gerar produtos para avaliar a eficiência do Modelo Conceitual de ambiente de aprendizagem elaborado, junto a usuários e especialistas; a pesquisadora considerou de fundamental importância dar continuidade ao 164

método central adotado - DSR, e aplicar estes conceitos na elaboração de um projeto de referência para um ambiente de aprendizagem (e seu detalhamento técnico) adequado ao Blended Learning.

6.2 Projeto e Detalhamento do Artefato

O Projeto e o Detalhamento do Modelo Conceitual do Ambiente de Aprendizagem apontam para possíveis soluções para melhorar a situação dos ambientes de aprendizagem atuais, considerando a realidade nas escola pesquisadas. Este item descreve o dimensionamento espacial, o resultado formal encontrado, as especificações técnicas geradas e a prototipagem em realidade virtual.

6.2.1 Dimensionamento espacial

A proposta de Ambiente de Aprendizagem apresentada se preocupa com a capacidade do ambiente em acomodar o número de estudantes na realização de diferentes atividades e de arranjos espaciais. Considerou-se satisfatório ao acompanhamento de cada um dos estudantes, o total de 30 estudantes por turma, garantindo assim, o acompanhamento do professor, e a melhor qualidade da aprendizagem do grupo, especialmente para execução de atividades do aprendizado colaborativo. Para detalhar o projeto, foi necessário definir a quantidade de área necessária para as atividades a serem realizadas no ambiente. Desta forma, o dimensionamento do ambiente considerou uma nova referência mínima da relação área útil/pessoa, de acordo com a previsão de multiatividades de aprendizagem, centradas no estudante e no atendimento das condições de acessibilidade física. Portanto, esta tese propõe o atendimento da relação área útil/ pessoa de 2,25 m2/pessoa, diferentemente da relação mínima comumente aceita de 1,5 m2/pessoa, demonstrada na Figura 53, como insuficiente e inacessível.

165

Figura 53 - Proposta de nova relação área útil/ pessoa, desenvolvida nesta tese.

Fonte: A autora.

6.2.2 Resultado formal

A concepção para a infraestrutura construida partiu da forma retangular tradicional, o que facilitaria tanto a execução de novas edificações, ou a reforma de escolas existentes, mediante ajustes de instalações elétricas e hidrossanitárias, de aberturas, e de acabamentos internos. Internamente, a solução espacial priorizou o não-paralelismo das paredes, a conformação de um ambiente versátil e voltado a multiatividades, e o forro em aclive para o fundo da sala (Figuras 54 e 55). Figura 54 - Concepção inicial do protótipo em planta baixa.

Fonte: A autora

166

Figura 55 - Concepção inicial do protótipo em corte transversal.

Fonte: A autora

Os resultados foram ambientes com layout flexível, conjugados dois a dois, combinando 4 layouts diferenciados: • Layout Rotação de Estações (1) e Layout Atividades Expositivas (2) (Figuras 56 e 57); • Layout Atividades de Laboratório (3) e Layout Atividades em grupo (4) (Figuras 58 e 59). Figura 56 - Layout Rotação de Estações.

Fonte: A Autora

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Figura 57 - Layout Atividades Expositivas.

Fonte: A Autora Figura 58 - Layout Atividades de Laboratório - mesas em fila.

Fonte: A Autora Figura 59 - Layout Atividades em grupo – mesas agrupadas em 5.

Fonte: A Autora As áreas úteis (67,50 m2) são idênticas em cada layout, o que permite combinar essas conjugações de diversas maneiras, a depender das necessidades da escola, ou simplesmente reformular o layout durante a aula, obtendo uma nova organização do mobiliário, sem 168

necessariamente mudar a turma de sala. Para dividir as salas, foi proposta divisórias acústicas removíveis. Os dados dimensionais do protótipo estão descritos na Tabela 9, a seguir. Tabela 9 - Dados dimensionais do artefato para Layouts Conjugados. Dados dimensionais do artefato Área construída (m2) 146,00 Área útil interna (m2) 67,50 Altura forro (m) 3,00 Volume do recinto (m3) 202,50 Área da varanda (m2 - 20% A.U.) 13,50 Capacidade (nº. pessoas/ambiente) 30,00 Densidade (m2/pessoa) 2,25 WCB acessível (m2) 7,00 Fonte: A Autora. Quanto ao tipo e a distribuição do mobiliário, foram geradas soluções que priorizaram o conforto, a flexibilidade de uso e de modificação da organização espacial – mesas e cadeiras leves e sob rodízios (Figura 60), mesas individuais encaixáveis em grupos de 5 estudantes, poltronas de leitura confortáveis para ambiente interno e também ao ar livre (Figura 61). Figura 60 – Estudo para o mobiliário individual - conjunto cadeira e mesa sob rodízios.

Fonte: A Autora. Figura 61 - Estudos de mobiliário para leitura e estudo em grupo, em ambiente interno, e também externo.

Fonte: A autora.

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Como opções de configuração espacial ampliada dos ambientes conjugados, ao remover-se as divisórias pode-se reformular os layouts para as seguintes configurações: • Layout ampliado para Rotação de Estações (Figura 62), e • Layout ampliado para Biblioteca (Figura 63). Figura 62 - Layout ampliação para Rotação de Estações.

Fonte: A autora. Figura 63 - Layout ampliado para Biblioteca.

Fonte: A Autora.

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As configurações de layout ampliado mudam o uso do espaço, pois aumentam tanto a área útil quanto a capacidade de pessoas nos ambientes, podendo impactar negativamente na qualidade percebida, no comportamento e atenção dos estudantes e nos demais condicionantes de conforto ambiental e adequação climática. Estes usos são recomendados em caso de não ser possível utilizar-se os layouts conjugados, para turmas de 30 estudantes. Os dados dimensionais do artefato nos layouts ampliados estão descritos na Tabela 10. Tabela 10 - Dados dimensionais do artefato para Layouts Ampliação. Dados dimensionais do artefato Layout ampliado Layout ampliado para Rotação de para Biblioteca Estações Área construída (m2) 146,00 146,00 Área útil interna (m2) 146,00 146,00 Altura do forro (m) 3,00 3,00 Volume do recinto (m3) 438,00 438,00 Área da varanda (m2 - 20% A.U.) 27,00 27,00 Capacidade (nº. máx. pessoas no 80 40 - 50 ambiente) Densidade (m2/pessoa) 1,81 2,92 - 3,65 WCB acessível (m2) 7,00 7,00 Fonte: A autora

6.2.3 Especificações técnicas geradas

O Quadro 19 (a seguir) descreve as especificações técnicas inicialmente geradas nesta tese, que subsidiam o Modelo Conceitual de Ambiente de Aprendizagem, com relação a parâmetros de: Elementos Construtivos, Sistemas, Conforto Ambiental, Mobiliário e Equipamentos.

Quadro 19 - Especificações Técnicas do Modelo Conceitual de Ambiente de Aprendizagem adequado ao blended learning. ITEM DESCRIÇÃO

ELEMENTOS CONSTRUTIVOS Material e cores dos revestimentos antirreflexo, antibrilho e antiofuscamento. Superfície do piso de baixa refletância - 10 a 50%, e absorvente sonora (IESNA, 2000), Piso (NBR ISO/CIE 8995-1, 2013). Material e cores dos revestimentos antirreflexo, antibrilho e antiofuscamento. Superfície de média refletância (30 a 80%) nas laterais da sala, e absorvente sonora (NBR ISO/CIE 8995-1, 2013), especialmente na parede de fundo da sala para reduzir a reverberação da voz, de trás para frente (Seep et al., 2002); Janelas envidraçadas localizadas na parede de fundo para boa visualização para áreas verdes no exterior, e também para visualizar o corredor (Nair et al., 2013); Paredes laterais à lousa não paralelas, com inclinação mínima de 8%, para evitar eco palpitante. Revestimento Paredes alternado entre material absorvente sonoro – fibra de vidro com tecido e painéis rebatedores sonoros (Seep et al., 2002). 171

Forro sob o teto estrutural, ou telhado, para manter a resistência térmica interna, e Teto retirada do ar quente junto do telhado (Kowaltoski, 2011), (Cannon Design et al., 2010). Altura do forro não superior a 3.00 m, para reduzir a reverberação da sala. Dimensão mínima da folha - 0,90 x 2,10 m, para proporcionar acessibilidade à pessoa com deficiência. Material das portas em madeira, ferro, alumínio ou PVC. Maçanetas de fácil pega, não exigindo firmeza nem torção de pulso para acionamento, Portas acabamento curvo. Altura de instalação entre 80 a 110 cm do piso acabado. Visor translúcido, com dimensões 20 cm (l) x 60 cm (a) posicionado entre 40 a 90 cm do piso acabado (ABNT NBR 9050, 2015). Posicionar portas desencontradas - não frontal, e não adjacente, evitando a propagação sonora, entre salas de aula (Seep et al., 2002). Folhas flexíveis e de abertura reguláveis entre dias de verão e de inverno. Material resistente nas molduras, em PVC, madeira ou alumínio. Instalar barreiras luminosas, ou visuais em momentos de projeção (Nair, 2013) – cortinas, ou blackouts. Distribuição de janelas lateralmente e próximas ao fundo da sala (Guidalli, 2012), preferencialmente Janelas orientadas em fachadas sul e norte, para evitar insolação direta nos ambientes (Kowaltoski, 2011). Altura dos peitoris de até 1m, do piso acabado, permitindo ventilação na altura do corpo dos usuários. Junto à lousa não terá janelas, para evitar problema de reflexo de luz no quadro (Nair, 2013), (Kowaltoski, 2011). Espaço livre entre as mesas e cadeiras de 1.00 m. Cada sala deve ter espaço para armazenar objetos de trabalho e dos estudantes. Junto à lousa, deve haver uma área livre de 3 m2 para circulação do orador (Littlefield, Layout e área útil 2011). Layout flexível, que possibilite diferentes organizações - lineares (favorecem a concentração e o trabalho individual (Fernandes, Huang & Rinaldo, 2011)); em semicírculos, ou em U (favorecem a interação e comunicação em atividades colaborativas (Attaianese, 2017)). As cores são usadas para organizar, personalizar ou tornar o espaço mais acessível. Priorizar o conforto visual dos estudantes, evitar a fadiga visual e a monotonia Uso da cor (Guindalli & Bins Ely, 2013). Cor mais escura ou complementar aplicada na parede da lousa, a fim de ajudar a reduzir a fadiga ocular (Cannon Design et al., 2010); Espaço de aprendizagem informal, para convivência, relaxamento e contemplação da natureza, sombreado e dotado de mobiliário confortável e variado. É permitido fazer Varanda lanches, leitura individual e atividades em grupo. Deve haver boa visualização, por janelas envidraçadas, entre a sala de aula e a varanda, para acompanhamento das atividades (Nair, 2014). O banheiro próximo da sala de aula, de fácil supervisionamento (Littlefield, 2011), de configuração doméstica (pia, vaso e chuveiro no mesmo ambiente) garantindo maior Banheiro privacidade ao usuário (Nair et al., 2013). Acessórios como: porta sabonete, pendurador de bolsa/casacos, espelho sobre a pia, e ducha higiênica, são indispensáveis. Se houver cabines internas, as portas, e as divisões devem ser inteiras (do piso ao teto). Deve haver partição entre banheiro feminino e masculino, e o dimensionamento mínimo de 1 vaso sanitário e 1 lavatório para cada 20 estudantes. Deve haver tranca com chave nas portas, janelas com aberturas para ventilação ao exterior da edificação, boa iluminação e manutenção periódica.

SISTEMAS Disposição de tomadas, inclusive no piso, permitindo ligar carregadores de celulares e de laptops sobre as mesas dos estudantes (Littlefield, 2011), (Nair, 2014); Instalação de Energia - tomadas rodapé técnico, permite passar fiação elétrica e abrir novos pontos de energia em todo o perímetro do ambiente. 172

Iluminação geral dinâmica que alterne luz do dia, relacionada à temperatura da cor, variando por atividade, sem ofuscamento para uso confortável de computadores e tablets (Correa e Lopes, 2006); Iluminação específica para lousa, cuidando que não haja vazamento de luz para a tela de projeção nem para a plateia, com índice de 500 lux (NBR ISO/CIE 8995-1, 2013), (Sleegers et al., 2013); Na área de mesas de trabalho, usar luz direta, com lâmpadas suave (luz do dia), com boa reprodução de cores, com fluxo médio entre 300 e 500 lux (Sleegers et al., 2013), e lâmpadas com IRC no mínimo de 80. Proporcionar luminárias nas mesas de trabalho para tarefas de maior precisão; Sistema de controle de iluminação sem fio, facilitam o controle dos cenários – com detectores de luz do dia e ajuste automático dos níveis de iluminação das luminárias. Acionamento Energia - automático de luminárias por filas (paralelas às janelas) a serem acionadas, na medida Iluminação em que a luz natural diminui sua intensidade. Os controles manuais de iluminação devem ser subdivididos por áreas, e precisam ser identificados nominalmente. Os interruptores devem estar localizados perto das estações de trabalho, além de próximos às portas. Deve haver uma chave geral que comande a iluminação total da sala, localizada próxima a cada porta.

Dispor de uma sala de controle de recursos tecnológicos, para suporte técnico aos equipamentos digitais e a gestão do conteúdo; e rede WI-FI de alta capacidade que suporte acesso do grande número de estudantes (Nair, 2014), Nair et al. (2013); Uso de internet WI-FI para divulgação e pesquisa de conteúdo educacional, entre turmas da Internet escola, e também junto à comunidade; Progressão do controle de acesso à internet, do totalmente controlado para o totalmente livre, de acordo com os horários de estudo, idade e maturidade dos estudantes. Conexão WI-FI entre ambiente físico e ambiente on-line de aula, para Gestão e compartilhamento de conteúdo educacional, comunicação entre professores, pais e compartilhamento estudantes, acesso a atividades educativas à distância e ao rendimento escolar do da aprendizagem estudante; Compartilhamento da produção dos estudantes através da internet com a comunidade local, e também com outros estudantes.

CONFORTO AMBIENTAL As condições acústicas entre (35 - 40 dB de ruído de fundo) com o orador falando com sua voz normal (65 dB), mantendo a relação fala/ruído acima de 10 dB, para evitar interferências na inteligibilidade da fala (Seep et al., 2002), (ANSI S12.60, 2003); A sala deve ser livre de ecos e de outros fenômenos acústicos que possam vir a confundir ou Condicionamento distorcer o som a ser ouvido (Kowaltoski et al., 2001), (Dudek, 2007); Tempo de acústico geral reverberação (ideal) entre 0.4 a 0.6 s, e alta capacidade de absorção das superfícies de paredes e teto; A geometria da sala de aula é projetada para permitir a melhor difusão do som, paredes laterais não paralelas, evitando ecos, e revestimento das superfícies com materiais absorventes e refletores; Os materiais de revestimentos internos e de mobiliário são macios, com uso de tecidos e fibras, e espalhados na sala (Seep et al., 2002). Altura do forro não superior a 3 m, evitando a reverberação sonora; A superfície do forro de alta refletância - 60 a 90% (ANSI S12.60, 2003), principalmente Forro Acústico junto à lousa, e ao centro da sala. Forro acústico com NRC de 0,75 ao redor do perímetro das paredes. Forro do centro da sala em material refletor (gesso), responsável por espalhar a voz do orador (Seep et al., 2002). 173

Divisórias acústicas revestidas em lã de vidro ou fibra mineral, dispostas em painéis verticais. Evitar propagação de ruído sobre o forro acústico (Seep et al., 2002); As Divisórias divisórias são móveis, para possibilitar a junção de duas salas de aula, em atividades colaborativas entre turmas, para acomodar uma turma maior, ou mudar o uso do espaço. Priorização da luz natural indireta, e possibilidade de controle por cortinas, para obscurecimento. Proteção contra a insolação direta, pela instalação de brises horizontais (leves e de fácil manuseio) ou beirais, e de prateleiras de luz que conduzem a luz mais profundamente no ambiente (Guindalli & Bins Ely, 2013); Manutenção da Controle ambiental temperatura interna do ar em 230C, e janelas instaladas na altura das pessoas sentadas - iluminação, (Kowaltowski, 2011), (Bertolotti, 2007), (Heschong Mahone, 2003); se necessário usar condicionamento sistema de condicionamento de ar com regulagem automática de temperatura e de ar umidade. Evitar equipamentos de condicionamento de ar com alto nível sonoro, e instalar suas fontes geradoras fora da sala de aula. Ao usar dutos de ventilação, favorecer aqueles de dimensões que proporcionem baixa velocidade do ar, e NC – critério de ruído, abaixo de 20 a 25 (Seep et al., 2002). Usar controle de iluminação artificial sem fio, para facilitar o controle dos cenários – com detectores de luz do dia e ajuste automático dos níveis de iluminação das luminárias. Acionamento automático de liga/desliga, por sensores de presença.

MOBILIÁRIO E EQUIPAMENTOS Mobiliários diferentes permitem a variação de arranjos; Geral Mesas individuais acessíveis à pessoa com cadeira de rodas. Tampos e quinas arrematadas, evitando desconforto, compressão de segmentos corporais, proporcionando condições globais ergonômicas (Nair, 2014), (CEN 1729, 2015); Elementos ajustáveis para o sistema de assento - cadeira - mesa - apoio para os pés, em relação ao tamanho, durante o uso do mobiliário, e de ajuste do conjunto mesa - cadeira para o tamanho, (a idade) garantindo o princípio de sentar-dinâmico (Nowakowski, 2010), (Carnide, 2006), (Castro, 2002); O encosto deve inclinar para trás Cadeiras e para a frente com um descanso ajustável para costas, formando um ângulo obtuso (95-110º) entre o assento e o encosto. O encosto deve apoiar a parte lombar da coluna, tanto na posição reta e quando inclinado para a frente ou para trás (CEN 1729,2015). Os assentos devem ser macios para absorver ruídos, o perfil da parte da frente do assento não deve pressionar as coxas na curvatura do joelho. O assento deve ser ajustável passando facilmente de uma posição de inclinação anterior para uma posição mais à direita. O assento que não deve ser nem excessivamente baixo, nem profundo, além do necessário (Nair, 2014). As mesas devem ter tampo inclinado, com revestimentos antiderrapantes; e em tamanho que permitam o apoio dos antebraços e de cotovelos, de ambos os braços (Mandal, 1976), Freudenthal et al., 1991). As mesas devem acomodar papeis, canetas, Mesas lápis e artefatos digitais – computadores, tablets e smartphones (Nowakowski, 2010), (Pollock & Straker, 2008). As mesas são leves, estrutura em alumínio e tampo em bp formato trapezoidal. Dimensionamento médio: 60 cm (p) x 120 cm (l) cm, revestimento melamínico cor clara, e bordas arrematadas. Os pés com rodízios que facilitem o deslocamento e agrupamento em círculos para atividades em grupo.

Assentos macios em espaços menores da sala, ideais para momento de concentração Poltronas e estudo individual. Dimensionamento médio: 70 cm (l) x 70 cm (p) x 45 cm (alt. assento). Associar a grandes almofadas para acomodação individual, ou em grupo, no chão. 174

Armário individuais localizados próximos às mesas de trabalho, com portas e chaves, para guarda de pertences pessoais, sem necessidade de levar todos os dias para casa; Armários Materiais confortáveis, duráveis e coloridos, passíveis de personalização – com desenhos, etiquetas, cores e fotografias; Dimensionamento médio: 35 cm (l) x 30 cm (p) x 45 cm (a), maior que os armários convencionais, a fim de armazenar laptops. Mesas e cadeiras leves e coloridos, que possam acomodar muitas pessoas. Dispor Móveis para almofadas, bancos e desníveis promovendo oportunidades de relaxamento e de varanda convivência. Cortinas Cortina de acionamento por controle remoto, em fibra de poliéster, tipo blackout, na cor branca. Lousas

Lousas acessíveis e instaladas a uma altura inferior máxima de 90 cm do piso.

Combinação de lousa digital e tradicional acopladas no mesmo equipamento a fim de

facilitar a demonstração dos conteúdos em atividade expositiva. Dimensões totais da

lousa de 260 cm (l) x 120 cm (a).

Projetores

A instalação de projetores deve estar acoplada à lousa (lousa digital) e ao computador de trabalho expositivo da sala. O computador deve estar posicionado sobre uma mesa, localizada nas proximidades da lousa, sem obstruir (nem visualmente, nem com Equipamentos instalações e fios) o espaço de circulação frontal na sala. Dimensão da projeção em tela interativa 160 cm (l) x 120 cm (a). Impressora e outros periféricos

Equipamentos de uso educacional como impressoras, e computadores devem estar conectados em rede, e disponíveis para utilização, sempre em bom estado de conservação e de manutenção. Fios e cabos instalados em rodapé técnico, não obstruir a circulação, e suas tomadas devem estar posicionadas nas paredes mais próximas dos respectivos equipamentos, se necessário reposicionar tomadas ao longo de rodapés técnicos, e não utilizar extensores. Altura acessível das tomadas de 65 a 75 cm, do piso acabado. Laptops, Tablets e Celulares

Equipamentos de uso pessoal, como laptops, tablets e celulares devem ser usados livremente pelos estudantes, proporcionando compartilhamento de informações e socialização, através da uma rede WI-FI estável e aberta. Deve haver facilidade de recarga de energia para esses equipamentos, com pontos de energia distribuídos em toda a sala, no piso ou sobre as mesas. Fonte: A Autora. 6.3 Representação em Realidade Virtual

O protótipo virtual gerado para o Modelo Conceitual de Ambiente de Aprendizagem foi desenvolvido pelo software 3D Max©, e sua renderização pelos softwares Cortana© e Unity©. Para a melhor compreensão do Modelo Conceitual e de suas especificações, foram elaborados vídeos complementares: no primeiro vídeo de apresentação, foram exibidos os conceitos que embasaram o Modelo, o dimensionamento dos ambientes, a concepção dos layouts e a capacidade de estudantes por área útil. O segundo vídeo demonstra uma 175

simulação em animação gráfica do ambiente em uso. O protótipo foi disponibilizado por meio de um site (https://mcaathaisasampaioarq.firebaseapp.com) e a sequência da experiência foi organizada em três etapas: • Assistir ao vídeo de apresentação (figura 64a); • Interagir com o protótipo executável (Figura 65), e • Assistir ao vídeo de simulação do ambiente em uso (figura 64b). Figura 64 - Cenas dos vídeos produzidos para complementar o protótipo em realidade virtual.

(b) (b) Fonte: A autora. Figura 65 - Representação do protótipo em realidade virtual.

Fonte: A Autora As cenas de simulação do ambiente em uso são descritas no Quadro 20, a seguir, e serviram de roteiro para elaboração do vídeo 2 – Simulação do ambiente em uso. Quadro 20 - Descrição das cenas de atividades no Protótipo Virtual do Modelo Conceitual. CENA USUÁRIOS DESCRIÇÃO DA ATIVIDADE NA CENA 1 Um estudante Acesso ao ambiente de aprendizagem, controle dos dispositivos de acesso físico e on-line, guarda de pertences pessoais 2 Um grupo de Acesso ao mobiliário - conjunto mesa/cadeira individual e colegas convivência com colegas 3 A Turma e o Início da aula - Professor utiliza os recursos tecnológicos necessários Professor para um momento expositivo 4 A Turma e o Durante a aula - o professor pede mudança de atividade para Professor momento em grupo (rotação de estações). Usuários se reúnem nas mesas. Um grupo da turma vai fazer a atividade na varanda 176

5 A Turma e o Durante a aula - o professor organiza a discussão do conteúdo. os Professor estudantes expõem opiniões, e o professor realiza o papel de mediador entre diferentes pontos de vista 6 A Turma Finalização das atividades do dia - verificação das condições de uso E O Professor do espaço, organização de materiais de aprendizagem, despedida Fonte: A Autora. 6.4 Avaliação do Artefato

A avaliação do Modelo Conceitual ocorreu posteriormente à experiência de interação com o protótipo em realidade virtual, de modo qualitativo e quantitativo. Os dados obtidos são organizados e analisados a seguir:

6.4.1 Dados obtidos com a Avaliação Qualitativa

A análise qualitativa do Modelo Conceitual deste ambiente de aprendizagem foi realizada por meio da execução de dois grupos focais presenciais – o primeiro contou com oito concluintes do Ensino Médio, e o segundo com cinco professores do Ensino Fundamental e Médio. Grupo Focal com Estudantes Os oito participantes concluíram o Ensino Médio nos anos de 2016 e 2015, com idade entre 19 e 20 anos, e atualmente são ingressantes na Universidade Federal de Alagoas. Durante a experiência de visualização e interação com o protótipo, permaneceram atentos e, ao final das visualizações, expressaram pequenas frases de surpresa e elogios. No começo do grupo focal, eles estavam um pouco tímidos, mas o moderador conduziu a conversa bem livremente e, aos poucos, eles foram falando suas impressões e recordações de quando estudavam o Ensino Médio. As experiências vividas por esses entrevistados foram bem diversas, enriquecendo bastante as discussões, já que cursaram escolas diferentes, públicas e privadas, e em cidades diferentes – Recife em Pernambuco; Maceió, Marechal Deodoro e Santa Luzia do Norte em Alagoas. Os relatos obtidos com os participantes foram considerados muito proveitosos, e reforçaram as ideias apresentadas no Modelo Conceitual. Os principais pontos extraídos de suas falas são discutidos a seguir. Quanto às impressões iniciais sobre a experiência de interação com este protótipo de ambiente de aprendizagem, os estudantes demonstraram entusiasmo e aceitação: “Achei fantástico esse negócio de o ambiente puder mudar a todo momento, porque o colégio é uma coisa assim... você vai e você recebe muita informação. 177

Você fica sufocado, e o fato de ter um ambiente assim, você relaxa. É mais acolhedor, e você poder ter local para se reunir com os amigos, achei muito interessante.” “Gostei da praticidade, de você ter tudo aquilo te apoiando, sem precisar se deslocar para outros espaços para usar computador.” “Eu gostei de poder tirar a parede divisória e poder deixar a sala tipo grande. Gostei também de o banheiro ser pertinho.”

No decorrer das falas, ao abordarem o banheiro, todos falaram ao mesmo tempo, alguns aprovando, e outros não: “Eu não sei se gostei da ideia do banheiro...” “É muito prático, mas sei lá!” “Eu gostei também!” “Mas tira a graça, eu gosto de sair para passear, ver as pessoas, meus amigos de outras salas, até chegar no banheiro bem longe.” (risos de todos) “Mas para isso, a gente pode ir para a varanda, né?” (risos de todos)

Quanto ao formato da sala e ao mobiliário, os entrevistados demonstraram interesse quanto ao formato não retangular, e a disponibilidade de armários dentro da sala, conforme as falas a seguir: “Eu gostei do formato da sala, é diferenciado. Não é aquele espaço retão. Achei legal!” “Eu gostei muito dos armários, que você pode colocar as coisas. Porque as mesas não têm espaço suficiente para você guardar as bolsas, os livros, e às vezes, fica aquele monte de coisas em cima de você, na mesa. E como já é um espaço apertado, tem o seu (material) e seu colega do lado também está levando as mesmas coisas que você, assim... aí você fica muito sufocado e até isolado. Você não consegue se mexer, isso incomoda, sabe?” “O formato da sala, não é triangular, mas..., tem uma abertura assim (gesticulando sobre a forma)” “Como se fosse um trapézio” “É! traz um foco para quem tá na lousa, assim... no caso, o professor fica ali, e tem uma amplitude nas mesas, mas o foco é para um lugar.” Quanto às cores, houve uma divergência, e todos falaram simultaneamente. A maioria aprovou a escolha de cores variadas para o ambiente: “A paleta de cores me chamou atenção também, porque geralmente numa escola normal você está acostumado a ter uma cor padrão. E aí tava tudo colorido, deixou bem animado.” “Eu achei que ficou muito colorido, eu gosto mais da cor padrão, me incomodou um pouco a vista.” “Eu adorei.” 178

Sobre os espaços complementares – varanda e espaço de transição, os comentários foram de aceitação, e valorização: “E tem aquele espaço bem pequeninho, que está ali... é sensacional, quando você está cansado de ver todo mundo.” (risos de todos) “Você fica ali dentro, um cantinho para se afastar... achei muito legal.” (risos de todos)

Quanto ao uso de recursos tecnológicos em sala de aula, os entrevistados apontaram os problemas existentes em suas escolas de origem, quanto à dificuldade de acesso a equipamentos e de uso no dia a dia das aulas, demonstrando realidades parecidas mesmo em escolas privadas ou públicas, em cidades diferentes:

“É essencial, hoje em dia, né? Porque, querendo ou não, eu sempre usei o telefone, tanto para tirar fotos, para anotar alguma coisa, pesquisar alguma coisa, pegar alguma referência.” “Seria melhor poder fazer isso normalmente, sem ser embaixo da mesa, com medo do professor pegar.” “Assim, a tecnologia atual nas escolas é só PowerPoint. Isso é horrível, entendeu? porque você fica condicionado... tipo falta energia, a aula não flui. Você, e o professor fica condicionado a dar informações somente através dos slides, e às vezes, se torna monótono também, essa coisa, sabe?” “Quando começava o PowerPoint, eu já ia arrumando a bolsa... (risos)” “Na minha escola tinha uma sala, que era com um... uma tela gigante, não sei o nome... é... é... uma lousa digital... isso! A gente marcava para usar, e era só para isso, e era só às vezes. Era legal, mas o negócio da dinâmica... então ficava chato do mesmo jeito.” “Onde eu estudei tinham duas salas, uma era a biblioteca, onde os computadores ficavam abertamente para qualquer estudante que quisesse entrar e usar. E tinha uma sala de informática, que só os professores tinham acesso. A gente só podia entrar lá se fosse ter aula, ou se os professores liberassem.” “Tinha vários amigos que não tinham computadores em casa, não podiam comprar. Eles dependiam exclusivamente dos computadores da escola, e nem sempre os computadores da biblioteca ficavam disponíveis, porque tinham outras pessoas usando. Eles ficavam ali, esperando as pessoas saírem para usar. E os computadores da sala de informática eles precisava pedir autorização dos professores, e eles não autorizavam.” “Na própria sala de aula mesmo não tinha computador, e se tivesse não suportava para a quantidade de gente, era pouco para todo mundo usar.” “Como não é comum você usar esses materiais na aula - computadores e tablets na sala de aula, porque então fica uma bagunça... aí todo mundo fica .... Ái meu Deus! Vai usar o tablet... então perde mais tempo para colocar para funcionarem, do que de fato ficar prestando atenção na aula. Eles trazem tablet para sala de aula 179

só porque é uma parte digital que tem que usar. No livro tem um link, que você tem que pegar e acessar, mas vira uma bagunça, o que poderia ser mais simples.”

Ao comparar a realidade das salas de aula vivenciadas pelos estudantes, e a simulação deste Modelo Conceitual de Ambiente de Aprendizagem, os respondentes destacaram problemas de uso, de dimensionamento e de capacidade de ocupação das salas vivenciadas, divergindo das ideias apresentadas neste novo modelo: “O ideal, de verdade, seria essa maneira, que ela está propondo. Que todo mundo pudesse interagir, ficar mais próximo um do outro, tem a varanda e a salinha que você pode ficar sozinho.” “Hoje em dia o pessoal está muito voltado para esse negócio de vestibular, então eles colocam mais alunos do que cabe. Eu estudei numa sala de vinte alunos, eram sete turmas, isso lá em Recife. Quando eu vim morar em Maceió, vim para uma sala que eram 50 pessoas. O ensino não rendia, não fluía, sabe? Atrapalha muito isso de ter muita gente, fazer todo mundo ficar calado é muito difícil.” “Na minha sala o formato era em L. Dificultava, porque eu ficava com minhas amigas na entrada, e não via a galera de trás. Ficava uma fila, e atrás ficava muito barulho. Não dava pra ver, nem entender, era uma loucura. Então, esse formato, às vezes, dificultava. O professor também não sabia se olhava pro lado, pra trás, ficava uma confusão. O local era uma casa, que foi ampliando, ampliando, virando uma escola, mas não foi feita pra ser uma escola.” “Eu acho esse formato tradicional das escolas brasileiras, tanto públicas quanto privadas em fileiras é horrível. Na mesma direção, gente atrás da gente ... é que nem, se nós fossemos robôs, a gente tem que ficar olhando para frente e só!”

Ao longo das falas, surgiu uma abordagem sobre a relação professor estudante, eles destacaram a hierarquia existente, e seus desejos por relações mais próximas entre as pessoas, livre de barreiras sociais: “Onde eu estudava, a sala era um retângulo, que era muito grande para as 40 pessoas que estudavam comigo, e..., no fundo da sala sempre ficava um espaço muito grande. Só que no espaço do professor tinha tipo um degrau... Tá, tudo bem era o professor, mas dá uma hierarquia, e isso acaba sendo ruim para você se aproximar como professor. E todo mundo de frente para ele, não pode organizar as mesas... não sei se gostava.”

Também surgiram abordagens sobre problemas de conforto ambiental existentes nas salas que eles vivenciaram: “Na minha sala, era como a dela, bem ampla, bem grande, mas tinha 30 alunos. Tinha muito espaço, sobrava muito espaço, e assim (...) tanto de um lado, quanto de outro, tinha janela, e você via a rua. Era quase a parede toda de janela, de vidro. Não tinha cortina, aí passava uma bicicleta na rua, aquela aula chata... (risos) pessoal 180

olhava e via aquilo, aí tipo a aula para. Todo mundo começa a rir... só volta daqui a 10 minutos.” “E perde o foco da aula mesmo, o raciocínio.” “Eu estudei numa sala com janela, com cortina só que era clara, entrava luz, e atrapalhava só que o quadro era de vidro...ixe... não dava pra ver nada. Não adianta botar uma janela que vai servir de distração. Talvez uma janela alta, não sei.”

Todos afirmaram que o formato das salas de aula tradicionais precisa ser atualizado. E destacaram que adorariam ter a oportunidade de usufruir de uma sala inovadora como a que foi apresentada no protótipo. Justificaram esta opinião com as seguintes falas: “A dinâmica da aula fica melhor, com essa coisa da interatividade. O professor poder mandar a aula pelo portal, e você poder compartilhar com um amigo no mesmo portal.” “O professor teria condições de andar na sala inteira. Porque seria grupos, meio que ilhas, né?... seria muito mais fácil o acesso do professor chegar a ir no aluno.” “Assim é bem mais aconchegante, você teria prazer de ficar naquele espaço, e não de querer ir embora.”

Como comentários finais, os entrevistados afirmaram que os pontos mais positivos apresentados no protótipo foram: a varanda, o espaço de transição e o formato das mesas. Os pontos que menos gostaram foram: as cores, muito coloridas, que podem incomodar e interferir na aprendizagem. E a manutenção do controle dos recursos ambientais nas mãos do professor, ressaltando que poderia ser compartilhado.

Grupo focal com professores Os cinco participantes são professores de Ensino Fundamental e Médio, atuando em escolas privadas e públicas, onde lecionam Geografia, História e Filosofia. Os participantes têm idade entre 24 e 30 anos e, atualmente, são graduandos dos cursos de Geografia e História na Universidade Federal de Alagoas. Durante a experiência de visualização e interação com o protótipo, permaneceram atentos e, ao final das visualizações, não expressaram comentários. A discussão dos pontos levou 23 minutos, e o registro das falas foi gravado em áudio. No começo do grupo focal, eles estavam um pouco tímidos, e a condução do moderador foi simples e mais objetiva do que no rupo focal com os concluintes de Ensino Médio. Eles não sobrepuseram falas, nem demonstraram grande entusiasmo, como os estudantes. Ao discutir as ideias vistas no protótipo, relacionavam com as dificuldades de relacionamento com seus estudantes, e com as deficiências encontradas nas escolas onde trabalham. As experiências 181

vividas por esses entrevistados foram bem parecidas, tanto em escolas públicas quanto privadas, e ocorreram na cidade de Maceió, Alagoas. Quanto às impressões iniciais sobre a experiência de interação com o protótipo de ambiente de aprendizagem, os entrevistados destacaram a importância das ferramentas tecnológicas e o dinamismo percebido no ambiente proposto: “As ferramentas e o dinamismo da tecnologia. Ter projetor em sala de aula, porque até em escolas particulares isso é um problema seríssimo. Você tem que agendar para usar um projetor. É complicado!” “A questão dos ambientes, poder mudar as mesas, fazer grupos...” “Achei interessante os diferentes aparelhos, que você tem a disposição para ajudar na elaboração da aula e no desenvolvimento do assunto, né?... como foi falado aqui, o projetor é uma ferramenta essencial. E se, em cada sala tiver disponível para ele, vai ajudar, e muito, no desenvolvimento da aula, você não tem a necessidade de se preocupar (...) então, essa facilidade de ter um projetor exclusivamente pra você, como está no protótipo, seria essencial se todos os colégios tivessem isso à disposição.”

Também destacaram a escolha e a disposição do mobiliário. As observações principais foram quanto à organização das cadeiras em fileiras: “O que eu achei mais curioso é que da perspectiva da realidade que a gente tá hoje, é o tradicional até nas cadeiras, é o que mais me chamou a atenção...” (Outra pessoa sobrepõe a fala) “Eu também achei!” “Quando o aluno, ele senta atrás do outro, ele não vê o outro nos olhos. Ele vê as costas do outro. Então é problemático em sala de aula, ainda mais para uma matéria que é discursiva, então achei interessante a proposta. E aí eu percebi que é a única que me comtempla. Mesmo em escola particular, as dificuldades que a gente tem, o data show, e aí uma área de lazer, eu acho que é bem-vindo.” “(...) agora essa questão das cadeiras foi o que mais me chamou a atenção, porque esse modelo vem desde do que a gente conhece por educação. A gente passou por isso, a gente vive isso, e vive isso aqui (gesticula as mãos, dando ênfase) ... na universidade.” “Por que ser assim? E porque a gente segue isso a tanto tempo?” “Se replica, né?...”

Ao serem questionados sobre o que pensam sobre o uso de recursos tecnológicos na sala de aula, eles afirmam que os estudantes usam tecnologia, e estão cada vez mais à vontade com esses recursos em sala de aula: “Qualquer adolescente hoje passa o dia mexendo no celular. O interesse que os jovens antigamente tinham pela TV, e outras coisas tá direcionado para outros tipos de relacionamento, outros tipos de ferramenta.” 182

“O livro para essa geração cansa (...) o professor passa uma informação, por exemplo, a independência do Brasil (...) isso já dá pra pesquisar no celular, no tablet, já gera um debate do trabalho em sala de aula, e rápido.” “Eu passei um seminário para várias equipes (...) e no momento da apresentação, o que eu achei interessante é que eles não estavam com textos digitados em papel, pelo contrário, eles pegaram o celular, salvaram os textos em pdf. Estavam usando celular, tablet, entendeu? Eles não estão mais com essa vontade de usar um caderno, usar um livro. Agora, é algo mais tecnológico, mais avançado.” “Com a internet, você tem uma facilidade maior de discussão. Muitas vezes, o professor passa uma informação equivocada, antiga, sabe. O aluno percebe, e ele mesmo corrige. Agora eles têm acesso às informações.”

Em contrapartida, destacaram que existem grandes entraves que dificultam o acesso e uso de novas ferramentas tecnológicas na realidade das escolas brasileiras, especialmente em escolas de periferias. Também destacaram a falta de capacitação para professores, e de diálogo com os estudantes sobre o uso de redes sociais:

“Dá pra mediar a tecnologia com o que a gente tem, que são os livros. Eu fiz um projeto com eles, que era para construir uma revisão (...) e comentei com eles que podiam fazer uma comparação do que tem nos livros com o que tem na internet. Então dá pra mediar algumas coisas, diante da realidade deles, claro! Ah, porque muita gente pensa que tecnologia é pra todo mundo, mas em periferia não é assim. É totalmente diferente.” “Na escola onde eu trabalho, não se pode usar celular lá, nem professor, nem aluno, ninguém. Vai pra escola, deixa o celular em casa, ninguém usa, ninguém toca. E pra usar o Datashow, é da mesma forma que vocês, tem que agendar, ver se está disponível.” “Na escola onde eu trabalho, é orientado ao professor que não tenha nenhum contato com o aluno, inclusive em redes sociais, sabe? É, é recomendado isso (...) Já aconteceram alguns casos em que o aluno usa rede social para prejudicar o professor. O aluno tirou fotos do professor numa aula que era mais descontraída, e colocou no Facebook do professor, nesse sentido foi proibido.”

Ao pedir para que eles comparassem a realidade vivenciada por eles, e as características do ambiente visitado no protótipo, de maneira bem descontraída, todos afirmaram que são situações totalmente diferentes. Destacaram-se as falas: “Tá há anos luz disso acontecer na realidade, né?!” “Na verdade, já trabalhei numa escola que tinha Datashow e lousa digital em todas as salas, mais de 40 salas. Isso é bastante investimento, bastante dinheiro, sabe? E tem que ter um retorno. Já em escolas menores, em escolas públicas, não têm condições de fazer esse investimento.” 183

Destacaram que além da falta dos equipamentos, a burocracia para autorização de uso, e o tempo que se perde ao instalar os equipamentos desestimulam o uso cotidianamente:

“Além de não ter preparação para isso, a gente não tem Datashow pra todo mundo. Tem a pessoa específica para pegar só o fio, pra pegar só a caixa (de som). A gente tem que trazer pra nossa sala, tem que montar, e já perde um tempo da aula. Especialmente pra quem vai dar uma única aula, tipo espanhol, pra turma por semana. Se for montar um Datashow perde a metade da aula.” Ao serem perguntados como eles se sentiriam utilizando um ambiente desse no papel de professor, as respostas obtidas foram positivas, e destacaram a possibilidade de compartilhamento dos resultados dos trabalhos, e melhorias na produtividade: “Iria facilitar bastante. Porque sem um ambiente desse, você tem que criar o ambiente, fazer que os alunos façam o que você quer, eles interagirem entre eles. Ia facilitar com que você não fique só lá, só atirando neles o assunto, sabe?” “E produção, né? Produção em sala de aula. Não levar atividade pra casa. Que é uma grande questão da gente. Produzir em sala, então as ferramentas seriam de grande valia. Um exemplo: vamos produzir todos em equipe um jornal, um site, um blog. Então cada equipe ficaria com uma editoria sobre determinado assunto(...) e, posteriormente, a gente poderia circular isso na escola. Só em se produzir em sala de aula, e não passar pra casa seria muito legal.”

Ao longo de toda a entrevista, os participantes destacaram as dificuldades de relacionamento com a turma, especialmente para manter o foco e o comportamento. Uma das falas citadas foi: “(...) e vem aquela pergunta: porque eu tenho que estudar? Porque eu tenho que estar aqui? Porque eu tenho que prestar atenção agora? O ensino médio, eu me deparo toda hora com isso (...) aí você está explicando alguma coisa, tipo foco. E atrapalha bastante o professor e a quem quer aprender. Já dei aula para uma sala de 19 (alunos), apenas para 1... não tive como... eu estava ali, sufocada!”

Ao final, destacaram as propostas mais interessantes percebidas no ambiente, que do ponto de vista deles foi a divisória que permitiria ampliar a sala, possibilitando trabalhar com duas turmas juntas e dar uma aula só para duas turmas. Percebeu-se, ainda a ideia de que a produtividade estaria associada à quantidade de estudantes atingidos, uma concepção de ensino ligada ao professor como centro do conhecimento. A ideia de turmas menores, com maior possibilidade de troca e de interação não foi abordada pelo grupo de professores. Os pontos negativos citados foram: a não compreensão do banheiro junto à sala, numa configuração inovadora e, ao mesmo tempo, mal compreendida, de como seria o acesso; e o 184

controle dos sistemas ambientais - iluminação, condicionamento de ar, acionamento de cortinas, e dos recursos educacionais on-line, os quais os professores afirmaram poder causar conflitos e falta de responsabilidade na utilização, preferindo manter o controle por parte dos proprios professores. As questões sugeridas serão revisadas na etapa de configuração final do Modelo Conceitual.

6.4.2 Dados obtidos com a Avaliação Quantitativa

Os dados encontrados na Avaliação Quantitativa apontam para uma boa aceitação do Modelo Conceitual junto a especialistas. Participaram da Avaliação Quantitativa por questionário on- line 51 especialistas com graduação em Arquitetura e Urbanismo ou pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo, Design ou Design de Interiores. Em sua maioria, são profissionais ligados à pesquisa e ao ensino superior. Após a experiência com o protótipo virtual, os entrevistados responderam um questionário de satisfação, com escala de 5 pontos (que correspondem aos pesos numéricos associados) – (1) Discordo totalmente, (2) Discordo, (3) Indiferente, (4) Concordo e (5) Concordo totalmente. Os resultados obtidos nesta etapa estão organizados por ordem de melhor pontuação: Na questão sobre as soluções de layout e de mobiliário estarem alinhadas com a flexibilidade necessária às múltiplas atividades associadas a Educação Híbrida, a tendência de respostas observada foi muito positiva (Figura 66), com alta concentração em – Concordo totalmente: 66,67% dos respondentes, e 31,37% para a resposta – Concordo. Apenas 1 respondente afirmou estar indiferente, representando 1,96%. Não houve respostas de pontuação negativa – (1) Discordo totalmente ou (2) Discordo. A média das respostas para este item foi de 4,62, sendo a maior média das respostas obtidas, a menor amplitude de 2,00 pontos, e o desvio padrão de 0,52 - o menor desvio padrão entre todas as respostas obtidas.

185

Figura 66 - Gráfico resultante da avaliação sobre as soluções de layout e de mobiliário, alinhadas à flexibilidade necessária às múltiplas atividades da Educação Híbrida.

As soluções de layout e de mobiliário estão alinhadas com a flexibilidade necessária às múltiplas atividades associadas a Educação Híbrida

Discordo totalmente Discordo Indiferente Concordo Concordo totalmente 0 5 10 15 20 25 30 35 40

Fonte: A autora. Quanto aos recursos tecnológicos adotados e às adequações espaciais propostas favorecerem as melhores condições de infraestrutura para a aprendizagem e para a socialização dos estudantes (Figura 67), as respostas apontaram para uma tendência positiva, sendo a resposta de maior frequência – Concordo totalmente (5), com 50,98%. Outros 23 respondentes afirmaram concordar (45,10%), 1 respondente afirmou estar indiferente e mais 1 respondente afirmou discordar, representando 1,96% para cada uma das respostas. Não houve respostas para a pontuação (1) Discordo totalmente. A média das respostas para este item foi de 4,45, a amplitude de 3,00 pontos, e o desvio padrão de 0,64. Figura 67 - Gráfico resultante da avaliação das condições dos recursos tecnológicos e das adequações espaciais e de infraestrutura.

Os recursos tecnológicos adotados e as adequações espaciais propostas favorecem as melhores condições de infraestrutura para a aprendizagem e para a socialização dos estudantes

Discordo totalmente Discordo Indiferente Concordo Concordo totalmente

0 5 10 15 20 25 30

Fonte: A autora.

Quanto à escolha das cores e dos materiais nas paredes, no piso e no mobiliário, relacionando- se com um ambiente acolhedor, dinâmico e jovial - conforme as solicitações dos estudantes coletadas na etapa observacional, as respostas obtidas na avaliação dos especialistas 186

apontaram para uma tendência muito positiva (Figura 68). A resposta de maior frequência foi – Concordo totalmente, com 62,75% das respostas, correspondendo a 32 especialistas. Outros 17 respondentes afirmaram concordar, representando 33,33%, 1 especialista afirmou estar indiferente, e mais 1 afirmou discordar, representando cada 1,96% das respostas obtidas. Não houve respostas para (1) Discordar totalmente. A média das respostas para este item foi de 4,56, a amplitude de 3,00 pontos, e o desvio padrão de 0,64. Figura 68 - Gráfico obtido da avaliação da escolha de cores e dos materiais para parede, piso e mobiliário, se relacionando com um ambiente acolhedor, dinâmico e jovial.

A escolha das cores e dos materiais nas paredes, no piso e no mobiliário relacionam-se com um ambiente acolhedor, dinâmico e jovial

Discordo totalmente

Discordo

Indiferente

Concordo

Concordo totalmente

0 5 10 15 20 25 30 35

Fonte: A autora

Os resultados das três questões acima mencionadas ( 1 – As soluções de layout e de mobiliário estarem alinhadas com a flexibilidade necessária às múltiplas atividades associadas a Educação Híbrida, 2 – Os recursos tecnológicos adotados e as adequações espaciais propostas favorecerem as melhores condições de infraestrutura para a aprendizagem e para a socialização dos estudantes, e 3 – A escolha das cores e dos materiais nas paredes, no piso e no mobiliário relacionando-se com um ambiente acolhedor, dinâmico e jovial) apresentam-se como muito favoráveis, confirmando a hipótese levantada nesta tese: Para a maior eficiência de ambientes de aprendizagem com blended learning deve haver a adoção de inovações tecnológicas, associada à maior flexibilização do espaço e à maior autonomia dos usuários, para personalizar e adaptar o ambiente e seus recursos às atividades de aprendizagem. Ressalta-se a tendência das respostas mais positivas obtidas: 98,03%, 96,07% e 96,07%, e os respectivos mais baixos desvios padrões obtidos: 0,52, 0,64 e 0,64, classificados entre os quatro menores desvios padrões da amostra. 187

Um resultado de excelente pontuação, com tendência positiva para – Concordo totalmente, foi para a questão relativa ao espaço do professor e ao espaço junto à lousa, ambos foram dimensionados suficientemente, livre de barreiras visuais e físicas para a melhor visualização do conteúdo em discussão (Figura 69). Obteve a maior frequência de respostas para – Concordo totalmente, com 70,59%, correspondendo a 36 especialistas. Outros 11 (21,57%) especialistas afirmaram concordar, representando 21,57%, 3 especialistas afirmaram estar indiferentes, representando 5,88%, e apenas 1 especialista afirmou discordar, representando 1,96%. A média das respostas para este item foi de 4,6, a amplitude de 3,00 pontos, e o desvio padrão de 0,69. Figura 69 - Gráfico resultante da satisfação em relação ao espaço de trabalho do professor, e ao espaço junto à lousa.

Em relação ao espaço de trabalho do professor e o espaço junto à lousa, ambos foram dimensionados suficientemente, livre de barreiras visuais e físicas para melhor visualização do conteúdo em discussão

Discordo totalmente Discordo Indiferente Concordo Concordo totalmente

0 5 10 15 20 25 30 35 40

Fonte: A autora.

Com relação às condições de acomodação individual e guarda de pertences pessoais, favorecendo o conforto e a ergonomia dos usuários no ambiente (Figura 70), a maioria das respostas foi positiva, entretanto a amplitude das respostas atingiu todos os pontos da escala. A resposta de maior frequência foi - Concordo totalmente, com 34 respondentes, representando 66,67%. Dos demais respondentes, 17,65% afirmaram concordar, 11,76% demonstraram ser indiferentes, 1,96% afirmaram discordar e outros 1,96% afirmaram discordar totalmente. A média das respostas para este item foi de 4,45, a amplitude foi de 4 pontos. Destaca-se o maior desvio padrão obtido - 0,92, e o maior número de escolhas para Indiferente - 6 respondentes.

188

Figura 70 - Gráfico resultante da avaliação das condições de acomodação individual e guarda de pertences pessoais.

As condições de acomodação individual e guarda de pertences pessoais favorecem o conforto e a ergonomia dos usuários

Discordo totalmente

Discordo

Indiferente

Concordo

Concordo totalmente

0 5 10 15 20 25 30 35 40

Fonte: A autora.

Com relação às estratégias e especificações formuladas no protótipo, quanto ao conforto ambiental – térmico, acústico e lumínico – contribuírem para a melhor adequação do ambiente às necessidades das atividades educacionais (Figura 71), a tendência das respostas obtidas foi positiva, sendo a resposta mais frequente – Concordo totalmente (5) com 50,98% dos respondentes. Dos demais respondentes, 21 afirmaram concordar, representando 41,18%, 3 demonstraram ser indiferentes, representando 5,88%, e 1 afirmou discordar, representando 1,96%. Nenhum respondente afirmou discordar totalmente. A média das respostas para este item foi de 4,41 pontos, a amplitude foi de 3 pontos e o desvio padrão foi de 0,69.

Figura 71 - Gráfico resultante da avaliação sobre a percepção de adequação das estratégias de conforto adotadas para o protótipo.

As estratégias e as especificações formuladas quanto ao conforto acústico, térmico e lumínico contribuem para a melhor adequação do ambiente às necessidades das atividades educacionais

Discordo totalmente Discordo Indiferente Concordo Concordo totalmente

0 5 10 15 20 25 30

Fonte: A Autora. 189

Sobre a forma do ambiente (em plateia) projetada para favorecer a melhor condição visual e auditiva do conteúdo em exposição, ou em discussão (Figura 72) , a maior frequência de respostas, com 47,06% foi para – Concordo, obtido de 24 especialistas. 22 (43,14%) respondentes afirmaram concordar totalmente, e 4 (7,84%) respondentes afirmaram estar indiferentes. Apenas 1 respondente afirmou discordar, representando 1,96%. A tendência das respostas é positiva, com média de 4,31, a amplitude de 3,00 pontos, e o desvio padrão de 0,70. Figura 72 - Gráfico resultante da avaliação da forma do ambiente, e o favorecimento das condições visuais e auditivas do conteúdo.

A forma do ambiente (em plateia) favorece a melhor condição visual e auditiva do conteúdo em exposição, ou em discussão

Discordo totalmente

Discordo

Indiferente

Concordo

Concordo totalmente

0 5 10 15 20 25 30

Fonte: A autora. As menores médias obtidas, entre 4,29 e 4,23 foram para as três questões a seguir: 1 - Os espaços secundários e de relax, criados para complementar os espaços principais da aula, estarem dispostos de modo acessível e confortável para o trabalho dos usuários, 2 - A relação entre os conceitos subjetivos de Educação Híbrida se relacionam fortemente com as soluções apresentadas no protótipo e, 3 - O posicionamento e especificações de aberturas – portas e janelas – permitem a livre circulação do ar, a acessibilidade física e visual. As amplitudes foram de 3 pontos, e os desvios padrões foram de 0,78 a 0,83. Quanto aos espaços secundários e de relax, criados para complementar os espaços principais da aula, estarem dispostos de modo acessível e confortável para o trabalho dos usuários, as respostas (Figura 73) apontaram para uma tendência positiva, sendo a resposta de maior frequência – Concordo totalmente, com 23 respostas, representando 45,10%. Outros 22 especialistas afirmaram concordar, representando 43,14%; 4 especialistas afirmaram estar indiferentes, representando 7,84%, e 2 especialistas afirmaram discordar, representando 190

3,92%. A média das respostas para este item foi de 4,29, a amplitude de 3,00 pontos, e o desvio padrão de 0,78. Figura 73 - Gráfico obtido das avaliações para os espaços secundários e de relax, de modo acessível e confortável, complementando os espaços principais.

Os espaços secundários e de relax estão dispostos de modo acessível e confortável para o trabalho dos usuários, complementando os espaços principais da aula

Discordo totalmente

Discordo

Indiferente

Concordo

Concordo totalmente

0 5 10 15 20 25

Fonte: A autora.

Sobre a relação entre os conceitos subjetivos de Educação Híbrida e as soluções apresentadas no protótipo, a maioria das respostas apontaram para uma tendência positiva, sendo as respostas mais frequêntes – Concordo totalmente (5) e, Concordo (4) com a mesma pontuação - 22 respondentes, representando 43,14% cada uma das categorias, enquanto que 4 respondentes demostraram estar indiferentes, representando 7,84%, e 3 respondentes afirmaram discordar, representando 5,88%. Não houve respostas para – (1) Discordo totalmente. A média das respostas para este item foi de 4,23 pontos, a menor média obtida na amostra, a amplitude foi de 3 pontos, e o desvio padrão foi de 0,83.

Quanto ao posicionamento e especificações de aberturas – portas e janelas, permitindo a livre circulação do ar, e a acessibilidade física e visual, a maior frequencia de respostas obtidas foi para – Concordo totalmente, com 49,02% dos especialistas, o que corresponde a 25 respondentes. 18 especialistas afirmaram concordar, representando 35,29%, 6 especialistas afirmaram estar indiferentes, representando 11,76%, e 2 especialistas afirmaram discordar, representando 3,92%. A média das respostas para este item foi de 4,29, a amplitude de 3,00 pontos, e o desvio padrão de 0,83.

Sintetizando as informações sobre as medidas de variabilidade obtidas, a Tabela 11 (a seguir) mostra em ordem decrescente os índices obtidos para cada uma das questões avaliadas pelos 191

especialistas. Para isso, considerou-se os pesos dados aos pontos da escala (1 a 5) e o total de 51 respondentes. Considerou-se as definições de: Média = frequência x peso obtido/total de respondentes; Amplitude = diferença entre maior e menor valor obtido; e Desvio padrão = medida média de desvio das pontuações em relação à média. Destaca-se que todos os itens valiados obtiveram médias acima de 4 pontos (correspondente à resposta - Concordo), e os três itens de melhor média obtida foram (marcados em amarelo): 1 - flexibilidade das soluções de layout e de mobiliário alinhadas às necessidades das múltiplas atividades da Educação Híbrida (4,62), 2 - espaço de trabalho do professor e o espaço junto à lousa, ambos dimensionados suficientemente, livre de barreiras visuais e físicas para melhor visualização do conteúdo em discussão (4,60), e 3 - escolha das cores e dos materiais associados a um ambiente acolhedor, dinâmico, iluminado e jovial (4,56).

Tabela 11 - Medidas de variabilidade obtidas para as questões avaliados pelos especialistas. ITENS AVALIADOS MÉDIA AMPLITUDE DESVIO PADRÃO As soluções de layout e de mobiliário estão alinhadas com a 4,62 2,00 0,52 flexibilidade necessária às múltiplas atividades associadas a Educação Híbrida Em relação ao espaço de trabalho do professor e o espaço junto à 4,60 3,00 0,69 lousa, ambos foram dimensionados suficientemente, livre de barreiras visuais e físicas para melhor visualização do conteúdo em discussão A escolha das cores e dos materiais nas paredes, no piso e no 4,56 3,00 0,64 mobiliário se relacionam com um ambiente acolhedor, dinâmico, iluminado e jovial Os recursos tecnológicos adotados e as adequações espaciais 4,45 3,00 0,64 propostas favorecem as melhores condições de infraestrutura para a aprendizagem e para a socialização dos estudantes As condições de acomodação individual e guarda de pertences 4,45 4,00 0,92 pessoais favorecem o conforto e a ergonomia dos usuários

As estratégias e as especificações formuladas quanto ao conforto 4,41 3,00 0,69 acústico, térmico e lumínico contribuem para a melhor adequação do ambiente às necessidades das atividades educacionais A forma do ambiente (em plateia) favorece a melhor condição visual 4,31 3,00 0,70 e auditiva do conteúdo em exposição, ou em discussão Os espaços secundários e de relax estão dispostos de modo 4,29 3,00 0,78 acessível e confortável para o trabalho dos usuários, complementando os espaços principais da aula O posicionamento e as especificações de aberturas - janelas e portas 4,29 3,00 0,83 permitem a livre circulação de ar e a acessibilidade física e visual Os conceitos subjetivos relativos à Educação Híbrida relacionam-se, 4,23 3,00 0,83 fortemente, com as soluções projetuais apresentadas no protótipo Fonte: A Autora.

192

Complementando as avaliações quantitativas, no campo destinado às contribuições abertas, os especialistas apontaram sugestões e questionamentos sobre o Modelo Conceitual apresentado. Os comentários mais expressivos estão transcritos, e analisados a seguir. Quanto aos aspectos gerais do layout em planta, os comentários positivos foram para a flexibilidade do layout e a inovação: “Muito interessante a flexibilidade de layout e ambientes integrados. A inovação agrega valor e reduz custos, transformando os ambientes, tipo o apresentado, em ambientes mais sustentáveis. E isto, estimula o aluno à maior independência intelectual, buscando suas atividades de interesse e complementares sem maiores dificuldades (...) realmente um ambiente completamente inovador e estimulante. Parabéns!" “Os espaços e as formas de locação induz ao aluno uma autonomia de escolha, mas que, necessariamente, vem atrelado a uma responsabilidade muito grande de retornar a demanda solicitada pelo professor.” “A proposta é bem interessante, principalmente por estimular dinamismo na forma de se lidar com o conhecimento. O vídeo, visualização 360º e o questionário ficaram maravilhosos como forma de divulgação do trabalho.” “Acredito que essa forma de interatividade seria muito interessante se o sistema educacional estivesse preparado para ofertar ao ensino público este tipo de estratégia com base no conceito apresentado para seus estudantes.”

Quanto aos mesmos aspectos, os comentários negativos apontam para as formas triangulares residuais, compreendidas pelos especialistas como estranhas, ou áreas mortas:

“As soluções propostas são arrojadas e criativas, mas vejo com ressalvas apenas a forma triangular do espaço de transição.” “E o espaço de transição, e o triângulo superior sem uso potencializam a criação de espaços "mortos" por causa dos ângulos fortes das divisórias.” “Os ambientes propostos são excessivamente recortados, contemplando áreas mortas. Sugiro ambientes mais regulares pois não só facilitam as modificações de leiautes (flexibilidade) para aulas diferenciadas, assim como reduzem os custos de execução de vedos pesados, divisórias leves e mobiliários específicos.”

Ao considera-se a configuração tradicional, de sala retangular, essas reações são esperadas, pois uma forma regular é tradicionalmente mais aceita para um ambiente de estudo ou trabalho. Em contrapartida, ao observar a análise dos ambientes em uso (descrita no Capítulo 5 – Resultados parciais – Síntese dos dados observacionais), realizada nas escolas Liceo Statale Don Lorenzo Milani, em Nápoles, e na Escola Estadual Cícero Dias, em Recife, ambientes de ensino retangulares apresentam áreas mortas, ou sem utilização em todas as quinas residuais, 193

especialmente no fundo das salas. Por outro lado, a observação de mais espaço para circulação, no acesso às salas será considerado na etapa de finalização do Modelo Conceitual: “Observei conflito no acesso do espaço de transição entre as salas, as portas estão muito próximas. Essa passagem poderia se dar entre varandas.”

Quanto ao Mobiliário, os comentários positivos apontaram para o design, a configuração das mesas, e a flexibilidade de mudança dos arranjos:

“Gostei muito do mobiliário, sobretudo da geometria das mesas, que permite boas combinações de layout.” “Há muitas variedades de formas que podem ser utilizadas para a adequação de cada turma e disciplina, como a disposição das cadeiras em meia-lua para aulas expositivas.” “Muito bem pensado o porta-mochilas ao lado do local do professor.” “O espaço vazio no centro das mesas poderia ser aproveitado para portar objetos. Na posição vazada, pode atrapalhar ao cair objetos em uso (ex. canetas, papéis, etc.).”

Em contrapartida, quanto ao mobiliário do professor, apesar da avaliação quantitativa ter apontado para uma tendência muito positiva - 92,15% das respostas para satisfeitos e muito satisfeitos, a orientação da mesa recebeu os seguintes comentários negativos:

“A bancada do professor poderia estar na lateral como proposta, porém afastada da parede para que o professor tenha uma melhor visão da sala de aula enquanto estivesse trabalhando e não ficasse voltado para a parede.” “A mesa do professor ficar de costas aos alunos me incomodou um pouco.”

Também pode-se relacionar com uma comparação aos layouts tradicionais mais utilizados, em que o professor está sempre de frente a turma, como o único responsável pela transmissão do conhecimento, e controle das atividades. No blended learning, a aprendizagem é compartilhada e de responsabilidade de todos; além disso, o professor não permanece em sua mesa durante todo o tempo das atividades, deve circular livremente entre os estudantes, estimulando a discussão e colaborando com as atividades. Por esse motivo, a mudança do local do professor tem um significado também simbólico, demonstrando esse sentimento de colaboração. Quanto à percepção de conforto ambiental, os comentários positivos foram para o condicionamento acústico: 194

"(...) o conforto acústico está bem justificado, com a alvenaria e os painéis acústicos.”

Entretanto, houve comentários de dúvida com relação ao condicionamento de ar, posicionamento de aberturas, e o conforto térmico: “(...) mas o térmico não consegui avaliar sem ter noção do entorno e sem saber o posicionamento da edificação em relação ao Norte.” “(...) não observei dispositivos de climatização, sempre um desafio para uma adequada situação de conforto dos usuários.” “(...) não consegui identificar se as salas serão climatizadas, ou se terão ventilação natural. Se forem climatizadas, as janelas possuindo grandes vãos, como será a incidência solar? Pois poderá afetar a visualização tanto da lousa, quanto das telas dos equipamentos eletrônicos. Se não forem climatizadas, como será feita a troca de ar para melhor fluidez da ventilação?” “Dependendo da orientação solar, as aberturas para ventilação deveriam se situar em paredes opostas ou adjacentes, em cada sala. As aberturas para iluminação natural poderiam ser altas ou zenitais, caso o edifício tenha pavimento único.”

Nesse projeto, o ambiente proposto está sem orientação geográfica, diante da impossibilidade de elaborar layouts para toda a variedade de localidades e situações climáticas existentes. Recomenda-se que, ao utilizar esse Modelo Conceitual em situações reais, os aspectos de orientação e proteção de aberturas sejam considerados, caso a caso. Para tal, serão incorporadas aos resultados finais as recomendações do Zoneamento Bioblimático Brasileiro. Quanto ao uso de cores e aos materiais de revestimento, os comentários dos especialistas foram para a valorização dos contrastes. Em algumas falas, recomendou-se amenizar a intensidade das cores, para uma melhor concentração dos usuários: “(...) as cores, mobiliário e ambientes diversificados contribuem muito para maior interação e elevação da capacidade de aprendizado.” “A quantidade de cores no ambiente me deixou enérgico. Acredito que estando dentro do ambiente essa percepção aumente; achei interessante o contraste feito com o revestimento em madeira, deixando o ambiente menos artificial e mantendo uma pequena "relação visual" com o natural. Deu equilíbrio ao ambiente em relação às cores.”

Quanto à configuração do banheiro, próximo às salas, os comentários dos especialistas apontaram para a necessidade de readequar o dimensionamento, a acessibilidade, e a separação por sexo – feminino e masculino: 195

“(...) qual seria a real necessidade de um box com chuveiro dentro do banheiro, na sala de aula? (...) Talvez fosse mais interessante deixar 02 lavabos (feminino/masculino), e em outro local, um banheiro maior, tipo um vestiário com portas e boxes de banho.” “Fica a dúvida se no restante da escola existiria banheiros separados (por sexo) e se a legislação do seu município permite um banheiro comum aos dois sexos.”

A configuração e o dimensionamento dos banheiros serão considerados na etapa de finalização do protótipo. Quanto aos espaços de relax, de leitura, e a varanda; os comentários dos especialistas foram para o dimensionamento e a possibilidade de conflito de atenção: “Os espaços de relax e leitura podem desviar a atenção dos alunos pela proximidade da porta de acesso principal.” “As varandas são pequenas, assim como o ambiente central comum às duas salas.” “As varandas poderiam ser maiores e observar a melhor orientação solar, se for para o Nordeste do Brasil.”

Como esses espaços são secundários, não foram pensados para uso simultâneo de toda a turma, mas de complemento a atividades principais, portanto esta configuração será mantida. Quanto à acessibilidade, os comentários obtidos foram para diferentes elementos que compõem os ambientes, que necessitam estar melhor especificados: “(...) O posicionamento das portas na sala de transição, da forma como elas estão, o cadeirante não consegue fazer o giro de forma confortável, principalmente se ele for tetra (tetraplégico – grifo da autora) com movimentos reduzidos nos membros superiores (...) o design do puxador das portas dos armários coloridos, individuais. Alguém com uma dificuldade motora nas mãos, não conseguirá encaixá-la, ali, para abrir, e precisará contar com ajuda de terceiros.”

Os aspectos relativos à acessibilidade serão revisados e reforçados na etapa de finalização do Modelo Conceitual.

6.4.3 Síntese das contribuições ao Modelo Conceitual

As principais contribuições obtidas com estudantes, professores, nos grupos focais e com especialistas, no item de contribuições individuais foram compiladas no Quadro 21, a seguir. Quadro 21 - Síntese das principais contribuições obtidas com usuários e especialistas. CATEGORIA ESTUDANTES PROFESSORES ESPECIALISTAS ANALISADA IMPRESSÕES Impressões muito Impressões positivas Impressões muito positivas INICIAIS SOBRE O positivas 196

MODELO “Achei fantástico esse “Realmente um ambiente CONCEITUAL negócio de o ambiente “As ferramentas e o completamente inovador e puder mudar a todo dinamismo da tecnologia.” estimulante. Parabéns!" momento.” PONTOS Recursos tecnológicos, POSITIVOS disposição de cadeiras e Espaço de trabalho do Praticidade, flexibilidade, DESTACADOS mesas; possibilidade de professor muito positivo, espaços secundários – abrir as divisórias e juntar mas com comentários em varanda e espaço de duas turmas conjugadas; relação à posição em transição. maior produtividade e relação à turma. dinamismo em aulas. PONTOS Controle dos recursos Dimensionamento dos NEGATIVOS ambientais somente Não compreensão do espaços complementares, DESTACADOS para o professor, cores acesso ao banheiro dimensionamento e fortes. acessibilidade do banheiro. COMPARAÇÃO Não apontaram pontos em COM A REALIDADE comum entre o protótipo DOS AMBIENTES e a realidade dos DE Poucos pontos em ambientes que utilizam. APRENDIZAGEM comum somente para Destacaram os problemas ATUAIS alguns participantes – de layout das salas em que turmas pequenas, uso de lecionam, e a replicação lousa digital e tablets. As do modelo de fileiras. divergências são maiores Acreditam que essas Não mencionado que as similaridades mudanças tecnológicas apontadas. não chegarão às escolas em que trabalham, por questões de custo e de falta de capacitação. DISPOSIÇÃO DO Polêmica nas discussões, Recomendações de ajustes BANHEIRO dificuldade de Dificuldade de quanto à disposição, à compreensão em planta compreensão em planta acessibilidade e à partição baixa, incerteza quanto baixa. por sexo, e a necessidade de ao desejo da box para banho. proximidade com a sala. FORMATO DO Impressão positiva, com Alguns especialistas AMBIENTE DE destaque para Destacaram a relação questionaram a forma não APRENDIZAGEM valorização do foco na entre atividades dinâmicas retangular, como lousa. e organização das cadeiras dificuldade de execução e “Eu gostei do formato da em grupos, limpeza; sugeriram sala, é diferenciado. Não proporcionando a melhorar o é aquele espaço retão. participação mais dimensionamento do acesso Achei legal!” igualitária. aos ambientes.

DISPOSIÇÃO DO Impressão positiva, Impressões positivas quanto MOBILIÁRIO valorizando ter mais às mesas, e porta-mochilas. espaços sobre as mesas Sugestão de ajustes no para realizar atividades e Não mencionado puxador dos armários, manter o conforto pensando em melhorar as individual durante a pegas. aula. USO DE CORES Não houve concordância Impressões positivas sobre Impressões positivas sobre sobre as cores, um dos as cores utilizadas. as cores, alguns entrevistados afirmou 197

preferir cores mais especialistas recomendaram claras, menos vibrantes. usar cores menos vibrantes. ESPAÇOS Impressões muito COMPLEMENTA positivas, destacando Mencionaram que são RES que ter espaços menores espaços pequenos, e com para ficar sozinho e Não mencionado necessidade de proteção em relaxar é importante relação à incidência solar. para reduzir o stress.

USO DE RECURSOS Concordam que é TECNOLÓGICOS importante ter livre Compararam os recursos acesso à internet para propostos com a escassez buscar informações de recursos vividos no dia complementares à aula, a dia, e a burocracia para mas que ter uma aula utilizar projetores em aula. expositiva com recursos Destacaram a de projeção não garante familiaridade dos seus Não mencionado a dinâmica da aula; ter estudantes com recursos computadores tecnológicos e com a disponíveis, e poder usar internet. seus próprios “Com a internet você tem equipamentos são uma facilidade maior de fundamentais para uma discussão.” educação mais colaborativa. RELACIONAMENTO Destacaram a falta de Destacaram a PROFESSOR/ interesse da maioria em necessidade de melhorar ESTUDANTES manter o foco na aula, e a hierarquia existente, na dificuldade de manter a pensando em uma Não mencionado disciplina e o respeito dos aprendizagem mais estudantes para o colaborativa. professor. QUESTÕES DE Não perceberam CONFORTO possíveis problemas de Impressões positivas quanto AMBIENTAL conforto no protótipo, ao conforto acústico, mas mas indicaram que nas houve comentários sobre a salas em que estudaram, Não mencionado orientação solar, proteção havia diversos de aberturas, ventilação e problemas, condicionamento de ar. especialmente quanto à incidência solar. Fonte: A Autora.

As avaliações realizadas por usuários e especialistas reafirmaram os conceitos iniciais, que foram demonstrados ao longo do desenvolvimento do Modelo Conceitual, principalmente nas etapas de Concepção. Esses conceitos sustentaram as ideias centrais do projeto, assim como as diretrizes ergonômicas geradas, e não sofreram modificações na avaliação do artefato.

Comenta-se a seguir, a percepção da pesquisadora sobre as posturas e as falas dos usuários e dos especialistas acerca de tais conceitos: 198

• Sentimento de boas-vindas e acolhida - De modo geral, o protótipo demonstrado foi diversas vezes citado como acolhedor pelos usuários, reforçando os desejos apontados na etapa observacional, e também na etapa de avaliação em grupos focais. Percebeu- se que há uma tensão forte entre os atores do sistema de aprendizagem, que aponta para a necessidade de requalificação dessas relações com base em transmissão de responsabilidades, maior autonomia e transparência na gestão e nos processos utilizados; • Tranquilo e Relaxante – esses conceitos foram citados pelos usuários ao se referirem aos espaços complementares – espaço de transição, espaço de leitura indivual e principalmente a varanda. Todos esses espaços de menor dimensão foram bastante valorizados pelos avaliadores, que destacaram a necessidade de haver locais para descansar, ou para ficarem ocasionalmente sozinhos; • Amplitude e transparências – A necessidade de amplitude foi percebida quando os usuários falaram sobre as realidades anteriores vivenciadas. As falas se repetiram quanto aos sentimentos de sufocamento, cansaço, dificuldade de visualização da lousa, improvisação e impedimento de acesso físico ao mobiliário das salas vivenciadas. Percebeu-se que o protótipo atendeu a um dimensionamento espacial mais confortável, proporcionado por um índice dimensional de referência (área/pessoa) adequado ao conforto individual, a uma melhor visualização de áreas ao ar livre, às condições de acessibilidade, proporcionados pela flexibilização do layout do ambiente às múltiplas atividades relacionadas com o blended learning; • Simples, Luminoso, Jovem e Aberto – Estes conceitos foram percebidos inicialmente na etapa observacional, em que os usuários se expressaram sobre as inadequações vivenciadas. Enquanto avaliaram o protótipo, os entrevistados citaram o colorido das superfícies, a flexibilidade das mesas, a conexão com espaços ao ar livre, e a possibilidade de maior autonomia para manejar os elementos do ambiente como pontos fortes do projeto. Na compreensão da pesquisadora, a valorização desses aspectos percebidos se relaciona com as sensações desejadas de simplicidade, jovialidade e luminosidade, portanto considerados como atendidos no Modelo Conceitual gerado; 199

• Tecnológico – a adoção de novas tecnologias ao Modelo Conceitual foi percebida como uma necessidade urgente, tendo sido apontada tanto por estudantes como por professores. Uma divergência percebida com relação a este ponto foi a gestão dos recursos digitais e ambientais, e a mudança para metodologias educacionais mais ativas, com transmissão de responsabilidades, e maior comprometimento aos estudantes. Os usuários, tanto estudantes como professores não desejam apenas mais recursos digitais disponíveis, desejam também menor burocracia, maior flexibilização ao uso e ao acesso às ferramentas tecnológicas da escola; • Agilidade, Versatilidade, Personalização, Variações e Especificidades – Estes conceitos compõem a base da flexibilidade que está associada ao blended learning, e ao ensino centrado no estudante. Os usuários demonstraram uma grande satisfação sobre um ambiente projetado para atender às modificações de layout a qualquer momento, de acordo com as práticas educacionais. Eles consideraram que haveria uma maior concentração na aprendizagem, e melhorar a percepção de bem-estar individual e coletivo. Por diveras vezes, os usuários demonstraram entusiasmo com as inovações propostas no Modelo Conceitual. Em alguns momentos, demonstraram que nunca haviam pensado nesses problemas, nem em possíveis soluções. Especialmente no grupo de professores, percebeu-se uma sensação de incerteza quanto à concretização das propostas apresentadas, frente à realidade que vivenciam, e • Identidade, Familiaridade e Segurança - Estes conceitos estão intimamente ligados ao tamanho das turmas, que possibilita a construção coletiva do conhecimento, a troca de informações e de ajuda mútua, e a confiança nos relacionamentos vividos na escola. Foi consenso geral de que turmas muito numerosas dificultam a concentração no conteúdo em discussão, e o sentimento de colaboração e bem-estar social. Essa percepção foi bem relatada principalmente por estudantes, que se sentem confusos e cansados diante da estagnação do sistema educacional, das pressões decorrentes das avaliações, e das dificuldades espaciais que vivenciam. Os resultados obtidos com as avaliações sobre o Modelo Conceitual foram importantes para a elaboração de contribuições e de ajustes finais, correspondendo às heurísticas contigenciais 200

do DSR. Tais abordagens estão descritas e sintetizadas no Capítulo 7 – Evolução do Modelo Conceitual de Ambiente de Aprendizagem, a seguir.

201

7 EVOLUÇÃO DO MODELO CONCEITUAL DE AMBIENTE DE APRENDIZAGEM

Neste capítulo são descritas as modificações finais do Modelo Conceitual, a discussão do processo de Design, após a obtenção dos produtos esperados. O capítulo é composto pelos itens: 7.1 Contribuições e ajustes do Modelo Conceitual de Ambiente de Aprendizagem, 7.2 Finalização do Modelo Conceitual de Ambiente de Aprendizagem e 7.3 Discussão sobre o processo de Design e a obtenção dos produtos da tese.

Os ajustes finais do Modelo Conceitual de Ambiente de Aprendizagem adequado a práticas com blended learning foram obtidos ao final do processo de design e abordaram questões sobre: adequação de cores, dimensionamento, acessibilidade, detalhamento dos banheiros, e adequações ao conforto bioclimático. Os itens a seguir explicam as contribuições, os ajustes e a finalização do Modelo Conceitual.

7.1 Contribuições e ajustes ao Modelo Conceitual de Ambiente de Aprendizagem

A síntese dos comentários elaborados pelos estudantes e pelos professores (em grupos focais), e pelos especialistas (no questionário on-line) foram organizadas no Quadro 22 (a seguir). Esse quadro consta também das ações tomadas pela pesquisadora ao final do desenvolvimento do Modelo Conceitual. Quadro 22 - Síntese das modificações implementadas ao Modelo Conceitual, posterior a avaliação qualitativa e quantitativa. ORIGEM DESCRIÇÃO DO ITEM ALTERAÇÃO REALIZADA Estudantes Cores muito vibrantes Foram ajustadas para tons menos vibrantes, mantendo a variação de verde, amarelo e laranja em superfícies de paredes, poltronas, portas dos armários e cadeiras giratórias. Estudantes Banheiro único; Foram redesenhados banheiros para um conjunto Dificuldade de compreensão feminino/masculino, e retirado o box para banho. O da localização do banheiro novo dimensionamento permite o giro completo da Professores no conjunto; cadeira de rodas, com diametro de 1,50m; Separação por sexo; A dimensão recomendada para o banheiro ficou em Verificar a capacidade de 1,50 x 2,30m – 3,45 m2; Especialistas número de bacias sanitárias Foram verificadas as condições de acessibilidade de por nº de usuários acordo com as recomendações da NBR 9050 (2015) (Figura 74) Especialistas Pouco espaço de circulação Foi redimensionado o espaço de aproximação às salas no acesso às salas para melhorar o fluxo de pessoas, mantendo a largura 202

mínima junto às portas principais em 1,50m, e na circulação para o banheiro de 1,20m; Foram verificadas as condições de acessibilidade de acordo com as recomendações da NBR 9050 (2015) Especialistas Verificar a largura e a As portas principais foram aumentadas para 1,66 m em acessibilidade da porta duas folhas, com 0,80 m cada folha, acionamento em principal e da porta para o giro completo; espaço de transição Foram verificadas as condições de acessibilidade de acordo com as recomendações da NBR 9050 (2015) (Figura 74) Especialistas Verificar altura do peitoril A altura do peitoril foi reduzida para 0,80 m, conforme das janelas e forma de recomendação em norma, e acionamento de alavancas acionamento de puxadores entre 0,80 e 1,00m; quanto à acessibilidade Foram verificadas as condições, de acordo com as recomendações da NBR 9050 (2015) (Figura 74); Especialistas Verificar dispositivos de Foram incluídas especificações de climatizadores nas climatização, e especificar especificações técnicas e na planta de instalações recursos de proteção solar elétricas (em anexo); das aberturas para o exterior Foram acrescentadas as recomendações do Zoneamento Bioclimático Brasileiro (Figuras 75 e 76), como recomendação de implantação do protótipo, no Brasil. Fonte: A Autora.

As principais contribuições quanto ao dimensionamento e à acessibilidade espacial foram para adequar as circulações, as esquadrias e os banheiros em relação às normas de acessibilidade, NBR 9050 (2015) (Figura 74).

Figura 74 - Referências visuais da NBR 9050/2015 para os ajustes realizados quanto à acessibilidade.

(a) (b) (c) Fonte: NBR 9050 (ABNT, 2015)

203

O Zoneamento Bioclimátco Brasileiro (Figura 75) foi citado como recomendação de especialistas, para que os ambientes a serem projetados segundo as especificações técnicas desenvolvidas nessa tese, sigam as recomendações de adequações climáticas, caso a caso, dentro das oito zonas definidas para o território brasileiro, segundo a NBR 13507 (2003). Em cada projeto, deve-se respeitar as caracteristicas climáticas distintas – quanto à temperatura do ar (C0) e à umidade relativa (%) da localidade onde será executado o projeto, e assim adaptar o aproveitamento dos recursos ambientais disponíveis ao ambiente projetado. Figura 75 - Zoneamento Bioclimático Brasileiro.

Fonte: NBR 13507 (ABNT, 2003). Para aplicar as estratégias bioclimáticas de Givoni (1992) (Figura 76), devem ser considerados os dados climáticos da localidade dentro de cada zona, e plotar essas informações sobre a carta, a fim de obter as estratégias bioclimáticas necessárias. Não é objetivo desta pesquisa discorrer sobre os princípios da arquitetura bioclimática em ambientes escolares, mas recomenda-se o atendimentos destes princípios em casos de aplicações práticas do Modelo Conceitual.

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Figura 76 - Zonas delimitadas pela carta de Givoni (1992).

Fonte: www.labcon.ufsc.br 7.2 Finalização do Modelo Conceitual de Ambiente de Aprendizagem

As modificações realizadas no Modelo Conceitual geraram plantas baixas reconfiguradas (Figura 77), em que percebem-se as alterações de localização e de quantidade de banheiros, o posicionamento e o dimensionamento das portas principais e de acesso ao espaço de transição, assim como a adoção de um espaço de aproximação maior para o acesso aos ambientes de aprendizagem. Com essas alterações permitiu-se que os usuários que estiverem nas varandas possam acessar a circulação principal da escola, ou os banheiros, sem necessariamente entrar novamente nos ambientes principais de aprendizagem. Figura 77 - Plantas baixas reconfiguradas após as contribuições dos avaliadores – Layouts simples (a) e layouts ampliados (b).

(a) 205

(b) Fonte: A Autora.

As áreas úteis (67,50 m2) foram mantidas em cada layout. A configuração interna dos ambientes também não sofreram alterações significativas. Foram alterados: a altura do peitoril das janelas, para 90 cm a partir do piso acabado, o dimensionamento das portas principais para 160 cm de largura (Figuras 78 e 79). As maiores modificações foram realizadas nos banheiros, que foram redimensionados e duplicados para atender a ambos os sexos, e às condições de acessibilidade. Os dados dimensionais do protótipo estão descritos na Tabela 12, a seguir. Figura 78 - Layouts para Rotação de Estações e Atividades de Laboratório.

Fonte: A Autora.

206

Figura 79 - Layouts para Atividades Expositivas e Atividades em Grupo.

Fonte: A Autora.

Tabela 12 - Dados dimensionais do artefato para Layouts. Dados dimensionais do artefato Área construída (m2) 146,00 Área útil interna (m2) 67,50 Altura forro (m) 3,00 Volume do recinto (m3) 202,50 Área da varanda (m2 - 20% A.U.) 13,50 Capacidade (nº. pessoas/ambiente) 30,00 Densidade (m2/pessoa) 2,25 WCB acessível (m2) 3,45 (cada módulo) Fonte: A Autora.

A configuração interna dos layouts ampliados também foi preservada, salvo as alterações dos banheiros, das portas principais, e dos peitoris das janelas, já descritas anteriormente (Figuras 80 e 81).

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Figura 80 - Layouts ampliado para Biblioteca.

Fonte: A Autora. Figura 81 - Layouts ampliado para Rotação de Estações.

Fonte: A Autora. As representações bidimensionais em nível executivo – planta baixa mobiliada, planta baixa do sistema elétrico e os cortes encontram-se no apêndice G. As cores das paredes foram modificadas, conforme solicitação de alguns avaliadores, para tons menos vibrantes – beges e amarelos (Figura 82).

208

Figura 82 - Vistas internas do layout Rotação de Estações atualizado após contribuições das avaliações - (a) Vista para a lousa, (b) Vista para o fundo da sala, (c) Vista para o acesso principal.

(a)

(b)

(c) Fonte: A Autora.

O mobiliário foi mais bem detalhado após as contribuições dos especialistas, encontra-se ilustrado a seguir (Figura 83). O conjunto de mobiliário para uso do professor é composto de uma mesa de trabalho com gavetas, e acima um painel de avisos, um armário com portas e prateleiras em que pode armazenar artigos pessoais, trabalhos dos estudantes e acervo de 209

consulta – livros e revistas. A este conjunto é adicionado um nicho aberto para acondicionar caixas e grandes volumes, acima dos nichos um jogo de penduradores para mochilas.

O conjunto mesa/cadeira para o estudante foi melhor detalhado em relação às dimensões e às especificações de ajuste de alturas dos tampos. Foram adicionados rodízios e travas às estruturas de sustentação. Quando da junção das mesas, formando um conjunto de 5 lugares, foi projetado um cesto porta-trecos, em polietileno, para acondicionar pequenos objetos de trabalho, como canetas, tesouras e outras ferramentas, permitindo o compartilhamento dos materiais entre os estudantes.

O módulo de armário individual foi projetado para acomodar três portas e internamente acondicionar mochilas e laptops. As portas são providas de chaves e de puxadores acessíveis. A altura do módulo é adequada ao acesso de pessoas em cadeiras de rodas e a sua profundidade também permite que o usuário manuseie as janelas do ambiente (caso o módulo esteja acomodado sob a janela, como no layout apresentado. Este módulo é flexível para agrupamento em conjuntos, seja lado a lado, ou seja, empilhados. Sua localização do ambiente é, portanto, flexível, podendo ser relocado em diferentes pontos do ambiente, a depender das necessidades dos usuários.

Figura 83 - Ilustração do mobiliário projetado para o Modelo Conceitual – (a) Conjunto de mobiliário para o professor e para armazenamento de mochilas e bolsas, (b) Conjunto de mesa acoplada em conjunto de 5 lugares, com tampo ajustável, e pés em rodízio, (c) Módulo de armário com 3 portas individuais.

(a) 210

(b)

(c) Fonte: A Autora.

O dimensionamento dos conjuntos de mobiliário foi revisado para atender ás exigências da NBR 9050 (2015). As representações bidimensionais em nível executivo do mobiliário encontram-se no Apêndice G. Do ponto de vista das recomendações técnicas, o Quadro 23 mostra as atualizações finais para o Modelo Conceitual de Ambiente de Aprendizagem (as atualizações estão marcadas em cinza).

Quadro 23 - Especificações Técnicas modificadas após as contribuições dos avaliadores. ITEM DESCRIÇÃO

ELEMENTOS CONSTRUTIVOS Material e cores dos revestimentos antirreflexo, antibrilho e antiofuscamento. Superfície do piso de baixa refletância - 10 a 50%, e absorvente sonora (IESNA, 2000), Piso (NBR ISO/CIE 8995-1, 2013). 211

Material e cores dos revestimentos antirreflexo, antibrilho e antiofuscamento. Superfície de média refletância (30 a 80%) nas laterais da sala, e absorvente sonora (NBR ISO/CIE 8995-1, 2013), especialmente na parede de fundo da sala, para reduzir a reverberação da voz, de trás para frente (Seep et al., 2002); Janelas envidraçadas localizadas na parede de fundo para boa visualização para áreas verdes no exterior, e também para visualizar o corredor (Nair et al., 2013); Paredes laterais à lousa não paralelas, com inclinação mínima de 8%, para evitar eco palpitante. Revestimento Paredes alternado entre material absorvente sonoro – fibra de vidro com tecido, e painéis rebatedores sonoros (Seep et al., 2002).

Forro sob o teto estrutural, ou telhado, para manter a resistência térmica interna, e Teto retirada do ar quente junto do telhado (Kowaltoski, 2011), (Cannon Design et al., 2010). Altura do forro não superior a 3.00 m, para reduzir a reverberação da sala.

Dimensão mínima da folha - 0,90 x 2,10 m, para proporcionar acessibilidade à pessoa com deficiência. Material das portas em madeira, ferro, alumínio ou PVC. Maçanetas de fácil pega, não exigindo firmeza nem torção de pulso para acionamento, acabamento curvo. Altura de instalação entre 80 a 110 cm do piso acabado. Visor translúcido, com dimensões 20 cm (l) x 60 cm (a) posicionado entre 40 a 90 cm do piso Portas acabado (ABNT NBR 9050, 2015). Posicionar portas desencontradas - não frontal, e não adjacente, evitando a propagação sonora, entre salas de aula (Seep et al., 2002). Folhas flexíveis e de abertura reguláveis entre dias de verão e de inverno. Material resistente nas molduras, em PVC, madeira ou alumínio. Instalar barreiras luminosas, ou visuais em momentos de projeção (Nair, 2013) – cortinas, ou blackouts. Distribuição de janelas lateralmente e próximas ao fundo da sala (Guidalli, 2012), preferencialmente Janelas orientadas em fachadas sul e norte, para evitar insolação direta nos ambientes (Kowaltoski, 2011). Altura dos peitoris de até 0,90m, do piso acabado, permitindo ventilação na altura do corpo dos usuários, e acessibilidade de manuseio a pessoas com deficiência. Junto à lousa não terá janelas, para evitar problema de reflexo de luz no quadro (Nair, 2013), (Kowaltoski, 2011). Espaço livre entre as mesas e cadeiras de 1.00m. Junto à lousa, espaço livre de 3 m2 para circulação do orador (Littlefield, 2011). Layout flexível, que possibilite diferentes organizações - lineares (favorecem a concentração e o trabalho individual (Fernandes, Huang & Rinaldo, 2011)); em semicírculos, ou em U (favorecem a interação e Layout e área útil comunicação em atividades colaborativas (Attaianese, 2017)). As cores são usadas para organizar, personalizar ou tornar o espaço mais acessível. Priorizar o conforto visual dos estudantes, evitar a fadiga visual e a monotonia Uso da cor (Guindalli & Bins Ely, 2013); Cor mais escura ou complementar aplicada na parede da lousa, a fim de ajudar a reduzir a fadiga ocular (Cannon Design et al., 2010); Usar cores médias a claras em intensidade – tons de amarelo, laranja, verde e azul. Favorecer efeito jovial, mas não excessivamente colorido ou vibrante. Espaço de aprendizagem e convivência informal, relaxamento e contemplação da natureza, sombreado e dotado de mobiliário confortável e variado. É permitido fazer Varanda lanches, leitura individual e atividades em grupo. Deve haver boa visualização, por janelas envidraçadas, entre a sala de aula e a varanda para acompanhamento das atividades (Nair, 2014). O banheiro deve ser parcionado por sexo, havendo um feminino e um masculino nas proximidades de cada duas salas. Deve haver facilidade de supervisionamento (Littlefield, 2011). A configuração de pia + vaso acessíveis, garantindo maior privacidade e conforto aos usuários; Acessórios como: porta-sabonete, pendurador de bolsa/casacos, espelho sobre a pia, ducha higiênica, e barras de apoio devem estar Banheiro dispostos em altura recomendada pela NBR 9050 (2015); Se houver cabines internas, as portas e as divisões devem ser inteiras (do piso ao teto). Deve haver partição entre banheiro feminino e masculino, e o dimensionamento mínimo de 1 vaso sanitário e 1 212

lavatório para cada 20 estudantes. Deve haver tranca com chave nas portas, janelas com aberturas para ventilação ao exterior da edificação, boa iluminação e manutenção periódica; A porta de acesso ao banheiro deve abrir em giro para fora, ou de correr, com largura mínima de 0,80m; O espaço interno do banheiro deve permitir o giro completo da cadeira de rodas, com diâmetro de 1,50m.

SISTEMAS Disposição de tomadas, inclusive no piso, permitindo ligar carregadores de celulares e de laptops sobre as mesas dos estudantes (Littlefield, 2011), (Nair, 2014); Instalação de Energia - tomadas rodapé técnico, permite passar fiação elétrica e abrir novos pontos de energia em todo o perímetro do ambiente. Iluminação geral dinâmica que alterne luz do dia, relacionada à temperatura da cor, variando por atividade, sem ofuscamento para uso confortável de computadores e tablets (Correa e Lopes, 2006); Iluminação específica para lousa, cuidando que não haja vazamento de luz para a tela de projeção nem para a plateia, com índice de 500 lux (NBR ISO/CIE 8995-1, 2013), (Sleegers et al., 2013); Na área de mesas de trabalho, usar luz direta, com lâmpadas suaves (luz do dia), com boa reprodução de cores, com fluxo médio entre 300 e 500 lux (Sleegers et al., 2013), e lâmpadas com IRC no mínimo de 80. Porporcionar luminárias nas mesas de trabalho, para tarefas de maior precisão; Sistema de controle de iluminação sem fio facilitam o controle dos cenários – com detectores de luz do dia e ajuste automático dos níveis de iluminação das luminárias. Acionamento Energia - automático de luminárias por filas (paralelas às janelas) a serem acionadas na medida Iluminação em que a luz natural diminui sua intensidade; Os controles manuais de iluminação devem ser subdivididos por áreas, e precisam ser identificados nominalmente. Os interruptores devem estar localizados perto das estações de trabalho, além de próximos às portas. Deve haver uma chave geral que comande a iluminação total da sala, localizado próximo a cada porta.

Dispor de uma sala de controle de recursos tecnológicos para suporte técnico aos equipamentos digitais e a gestão do conteúdo; e rede WI-FI de alta capacidade que suporte acesso do grande número de estudantes (Nair, 2014), Nair et al. (2013); Uso de internet WI-FI para divulgação e pesquisa de conteúdo educacional, entre turmas da Internet escola, e também junto à comunidade; Progressão do controle de acesso à internet, do totalmente controlado para o totalmente livre, de acordo com os horários de estudo, idade e maturidade dos estudantes. Conexão WI-FI entre ambiente físico e ambiente on-line de aula, para Gestão e compartilhamento de conteúdo educacional, comunicação entre professores, pais e compartilhamento estudantes, acesso a atividades educativas à distância e ao rendimento escolar do da aprendizagem estudante; Compartilhamento da produção dos estudantes por meio da internet com a comunidade local, e também com outros estudantes.

CONFORTO AMBIENTAL Condições gerais Respeitar o Zoneamento Bioclimático Brasileiro para garantir a melhor adequação do ambiente construído às necessidades climáticas da região, utilizar com referência de desempenho térmico a NBR 13507 (ABNT, 2003). 213

As condições acústicas entre (35 - 40 dB de ruído de fundo) com o orador falando com sua voz normal (65 dB), mantendo a relação fala/ruído acima de 10 dB, para evitar interferências na inteligibilidade da fala (Seep et al., 2002), (ANSI S12.60, 2003); A sala deve ser livre de ecos e de outros fenômenos acústicos que possam vir a confundir ou Condicionamento distorcer o som a ser ouvido (Kowaltoski et al., 2001), (Dudek, 2007); Tempo de acústico geral reverberação (ideal) entre 0.4 a 0.6 s, e alta capacidade de absorção das superfícies de paredes e teto; A geometria da sala de aula é projetada para permitir a melhor difusão do som, paredes laterais não paralelas, evitando ecos, e revestimento das superfícies com materiais absorventes, e refletores. Os materiais de revestimentos internos e de mobiliário são macios, com uso de tecidos e fibras, e espalhados na sala (Seep et al., 2002). Altura do forro não superior a 3 m, evitando a reverberação sonora; A superfície do forro de alta refletância - 60 a 90% (ANSI S12.60, 2003), principalmente junto à lousa, Forro Acústico e ao centro da sala. Forro acústico com NRC de 0,75 ao redor do perímetro das paredes. Forro do centro da sala em material refletor (gesso), responsável por espalhar a voz do orador (Seep et al., 2002). Divisórias acústicas revestidas em lã de vidro ou fibra mineral, dispostas em painéis verticais. Evitar propagação de ruído sobre o forro acústico (Seep et al., 2002). As Divisórias divisórias são removíveis para possibilitar a junção de duas salas de aula, em atividades colaborativas entre turmas, para acomodar uma turma maior, ou mudar o uso do espaço. Priorização da luz natural indireta, e possibilidade de controle por cortinas, para obscurecimento. Proteção contra a insolação direta, pela instalação de brises Controle ambiental horizontais (leves e de fácil manuseio) ou beirais, e de prateleiras de luz que conduzem - iluminação, a luz mais profundamente no ambiente (Guindalli & Bins Ely, 2013), Manutenção da condicionamento temperatura interna do ar em 230C, e janelas instaladas na altura das pessoas sentadas de ar (Kowaltowski, 2011), (Bertolotti, 2007), (Heschong Mahone, 2003); se necessário usar sistema de condicionamento de ar com regulagem automática de temperatura e umidade. Evitar equipamentos de condicionamento de ar com alto nível sonoro, e instalar suas fontes geradoras fora da sala de aula. Ao usar dutos de ventilação, favorecer aqueles de dimensões que proporcionem baixa velocidade do ar, e NC – critério de ruído, abaixo de 20 a 25 (Seep et al., 2002). Usar controle de iluminação artificial sem fio para facilitar o controle dos cenários – com detectores de luz do dia e ajuste automático dos níveis de iluminação das luminárias. Acionamento automático de liga/desliga, por sensores de presença.

MOBILIÁRIO E EQUIPAMENTOS Mobiliários diferentes permitem a variação de arranjos; Mesas individuais acessíveis à pessoa com cadeira de rodas. Tampos e quinas arrematadas, evitando desconforto, Geral compressão de segmentos corporais, proporcionando condições globais ergonômicas (Nair, 2014), (CEN 1729, 2015); Elementos ajustáveis para o sistema de assento - cadeira - mesa - apoio para os pés, em relação ao tamanho, durante o uso do mobiliário, e de ajuste do conjunto mesa - cadeira para o tamanho, (a idade) garantindo o princípio de sentar-dinâmico (Nowakowski, 2010), (Carnide, 2006), (Castro, 2002); O encosto deve inclinar para trás Cadeiras e para a frente com um descanso ajustável para costas, formando um ângulo obtuso (95-110º) entre o assento e o encosto. O encosto deve apoiar a parte lombar da coluna, tanto na posição reta e quando inclinado para a frente ou para trás (CEN 1729,2015). Os assentos devem ser macios para absorver ruídos, o perfil da parte da frente do assento não deve pressionar as coxas na curvatura do joelho. O assento deve ser ajustável passando facilmente de uma posição de inclinação anterior para uma posição mais à direita. O assento que não deve ser nem excessivamente baixo, nem profundo, além do necessário (Nair, 2014). 214

As mesas devem ter tampo que permita uma inclinação, com revestimentos antiderrapantes; e em tamanho que permita o apoio dos antebraços e de cotovelos, de ambos os braços (Mandal, 1976), Freudenthal et al., 1991); As mesas, quando agrupadas em conjuntos devem ter cestos no centro, para acomodar papéis, canetas, Mesas lápis. O espaço de trabalho individual deve permitir que computadores, tablets e smartphones sejam acomodados (Nowakowski, 2010), (Pollock & Straker, 2008); As mesas são leves, estrutura em alumínio e tampo em bp formato trapezoidal. Dimensionamento médio: 55 cm (p) x 100 cm (l) cm, revestimento melamínico cor clara, e bordas arrematadas. Os pés com rodízios que facilitem o deslocamento, o empilhamento e o agrupamento das mesas para atividades em grupo. Assentos macios em espaços menores da sala, ideais para momento de concentração e estudo individual. Dimensionamento médio: 70 cm (l) x 70 cm (p) x 45 cm (alt. Poltronas assento). Associar a grandes almofadas para acomodação individual, ou em grupo, no chão. Armários individuais localizados próximos às mesas de trabalho, com portas e chaves, para guarda de pertences pessoais, sem necessidade de levar todos os dias para casa; Materiais confortáveis, duráveis e coloridos, passíveis de personalização – com Armários desenhos, etiquetas, cores e fotografias; Dimensionamento médio: 35 cm (l) x 40 cm (p) x 75 cm (a), maior que os armários convencionais, a fim de armazenar laptops. Os puxadores devem ser tipo alavanca, com bordas arredondadas e espaço suficiente para pega e manuseio acessível, a altura da instalação dos puxadores deve permitir manuseio em cadeira de rodas. O armário do professor deve acomodar livros, papéis e pastas, com espaços abertos e também fechados com chaves. Os nichos para abrigar caixas e grandes volumes devem estar posicionados próximos ao piso, com largura que permita abrigar grandes volumes. Os penduradores de mochilas devem suportar peso suficiente para acomodar volumes dos livros e laptops, suas instalações devem permitir o acesso de pessoas de diferentes estaturas, desde 1,00 a 1,50m. Mesas e cadeiras leves e coloridos, que possam acomodar muitas pessoas. Dispor Móveis para almofadas, bancos e desníveis promovendo oportunidades de relaxamento e de varanda convivência. Cortinas Cortina de acionamento por controle remoto, em fibra de poliéster, tipo blackout, na cor branca. Lousas

Lousas acessíveis e instaladas a uma altura inferior máxima de 90 cm do piso.

Combinação de lousa digital e tradicional acopladas no mesmo equipamento a fim de

facilitar a demonstração dos conteúdos em atividade expositiva. Dimensões totais da

lousa de 260 cm (l) x 120 cm (a).

Projetores

Equipamentos A instalação de projetores deve estar acoplada à lousa (lousa digital) e ao computador de trabalho expositivo da sala. O computador deve estar posicionado sobre uma mesa, localizada nas proximidades da lousa, sem obstruir (nem visualmente, nem com instalações e fios) o espaço de circulação frontal na sala. Dimensão da projeção em tela interativa 160 cm (l) x 120 cm (a). Impressora e outros periféricos

Equipamentos de uso educacional como impressoras e computadores devem estar conectados em rede, e disponíveis para utilização, sempre em bom estado de conservação e de manutenção. Fios e cabos instalados em rodapé técnico, não obstruir a circulação, e suas tomadas devem estar posicionadas nas paredes mais próximas dos respectivos equipamentos, se necessário reposicionar tomadas ao longo de rodapés 215

técnicos, e não utilizar extensores. Altura acessível das tomadas de 65 a 75 cm, do piso acabado. Laptops, Tablets e Celulares

Equipamentos de uso pessoal, como laptops, tablets e celulares devem ser usados livremente pelos estudantes, proporcionando compartilhamento de informações e socialização, através da uma rede WI-FI estável e aberta. Deve haver facilidade de recarga de energia para esses equipamentos, com pontos de energia distribuídos em toda a sala, no piso ou sobre as mesas. Fonte: A Autora. 7.3 Discussão sobre o processo de design e a obtenção dos produtos da tese

O processo de design desenvolvido seguiu o planejamento estabelecido no Capítulo 4 Método de Pesquisa, para atingir os objetivos pre-estabelecidos. As descrições dos resultados desses procedimentos foram expostas nos Capítulo 6 Resultados Parciais – Desenvolvimento do Modelo Conceitual de Ambiente de Aprendizagem e Capítulo 7 Evolução do Modelo Conceitual de Ambiente de Aprendizagem (itens 7.1 e 7.2, anteriores). A Figura 84 (a seguir) mostra a sequência do processo realizado em macroetapas (campos em azul escuro) e o surgimento dos produtos da tese (campos em branco), em decorrência do processo em curso. As linhas em azul mostram as influências desses produtos gerados no próprio processo de design e as linhas em verde mostram as ocorrências de retornos e aprimoramentos realizados para finalizar o Modelo Conceitual. Ao final, os campos em laranja mostram os produtos finais gerados na tese.

Figura 84 - Gráfico do processo de design desenvolvido e a evolução dos produtos gerados na tese.

Fonte: A Autora. 216

Os quatro produtos principais gerados são componentes do Modelo Conceitual de Ambiente de Aprendizagem adequado a práticas com blended learning, e foram gerados para facilitar a compreensão do Modelo (por usuários e especialistas), tanto nas avaliações pertinentes ao processo, quanto para atender às aplicações práticas dos resultados da pesquisa. Os produtos em discussão são:

• Os Conceitos Geradores da Proposta, enquanto ideias subjetivas a respeito da concepção do artefato, que foram elaborados após as etapas observacionais nas escolas analisadas, e foram complementados aos conceitos obtidos com a Revisão de Literatura. Estes produtos estão expostos no Capítulo 6, itens 6.1 Concepção do Artefato e 6.4 Avaliação do Artefato; • A Concepção de um Modelo Conceitual de Ambiente de Aprendizagem que englobou diretrizes ergonômicas gerais sobre os parâmetros: ambiente construído, condições de conforto, layout, mobiliário e tecnologia. Essas diretrizes foram aprimoradas ao longo do processo de design, e tornaram-se especificações técnicas, abordando a descrição dos elementos construtivos, dos sistemas, do conforto ambiental, do mobiliário e dos equipamentos necessários a um ambiente de aprendizagem adequado ao blended learning. Este produto é exposto no Capítulo 6, itens 6.1 Concepção do Artefato e 6.2 Projeto e Detalhamento do Artefato. As especificações finais foram aprimoradas e expostas no Capítulo 7, itens 7.1 Contribuições e ajustes ao Modelo Conceitual de Ambiente de Aprendizagem, e 7.2 Finalização do Modelo Conceitual de Ambiente de Aprendizagem; • As representações do Modelo Conceitual em duas dimensões e seus detalhamentos técnicos, que foram expostos no Capítulo 6, itens 6.1 Concepção do Artefato, 6.2 Projeto e Detalhamento do Artefato, como fruto do processo de design. As soluções finais foram aprimoradas e expostas no Capítulo 7, itens 7.1 Contribuições e ajustes ao Modelo Conceitual de Ambiente de Aprendizagem, e 7.2 Finalização do Modelo Conceitual de Ambiente de Aprendizagem, e • As representações do Modelo Conceitual em três dimensões, que compuseram o protótipo em Realidade Virtual, associado aos vídeos explicativos do ambiente e de uma simulação de uso do ambiente. Essas representações foram expostas no Capítulo 217

6, item 6.3 Representação em Realidade Virtual, e seus ajustes compuseram parte do item 7.2 Finalização do Modelo Conceitual de Ambiente de Aprendizagem.

Como os produtos foram se aprofundando em especificidades, ao longo da elaboração dos resultados, as decorrentes aplicações práticas também seguem a mesma lógica de aprofundamento (Quadro 24).

Quadro 24 - Síntese dos produtos gerados na tese e as aplicações práticas sugeridas pela pesquisadora. PRODUTOS LOCALIZAÇÃO APLICAÇÕES PRÁTICAS DENTRO DA TESE Conceitos geradores da Itens 6.1 e 6.4 Ideias iniciais para embasar novos briefings ou projetos proposta de ambientes escolares Concepção do Modelo Itens 7.1 e 7.2 Direcionamentos globais para serem aplicados em Conceitual e Diretrizes estudo preliminares de novos projetos de ambientes ergonômicas gerais escolares, e parâmetros para analisar problemas de ambientes escolares existentes, assim como para elaborar normas e cadernos técnicos Representação do Modelo Itens 7.1 e 7.2 e Ideias específicas e representações visuais para serem Conceitual em 2D e seus Apêndices G e H aplicados em projetos arquitetônicos e de design de detalhamentos técnicos interiores em nível de anteprojeto executivo, para servirem de referência para orçamentações, elaboração de pareceres, de termos de referência para execução de obras em edificações escolares Representação do Modelo Itens 6.3 e 7.2 Visualizações realísticas para embasar discussões sobre Conceitual em 3D, protótipo novas configurações de ambientes de aprendizagem, em RV realizar sensibilizações junto à gestores, professores, estudantes e especialistas Fonte: A Autora.

A pesquisadora acredita que estes produtos são de fundamental importância para os resultados finais da tese, pois são destinados a contribuir, efetivamente, para aplicações práticas na atividade profissional de especificadores de ambientes escolares.

A seguir, o Capítulo 8 Considerações Finais abordou as últimas discussões sobre o atendimento aos objetivos da pesquisa, frente aos resultados finais encontrados. 218

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este capítulo discorre sobre a retomada das questões iniciais da tese, postas no Capítulo 1 Introdução, discutindo-as após as análises dos resultados encontrados nos capítulos 5, 6 e 7. Discute-se: a triangulação metodológica adotada, as respostas às questões iniciais da tese, o atendimento aos objetivos da pesquisa, o caráter prescritivo da tese, as aplicações práticas decorrentes da pesquisa, as limitações impostas à realização da tese, e sugestões de futuras pesquisas correlacionadas.

8.1 Sobre os pressupostos e hipótese

Os pressupostos e a hipótese inicialmente elaborados fundamentaram o estudo teórico realizado, e o processo de design do Modelo Conceitual. Destacam-se: o caráter processual resultante deste trabalho, e a profunidade das análises obtidas, que permitiu discutir tais pressupostos, abordando-os a partir de diferentes autores, e posteriormente, confrontado-os com os dados primários obtidos na pesquisa de campo. Retomam-se os pressupostos:

Pressupõe-se que o ensino é um sistema, formado por uma metodologia, pelos usuários – professores e estudantes, pelas atividades desempenhadas, e pelo ambiente físico de aprendizagem. O ambiente é um componente importante deste sistema, impactando na qualidade do desenvolvimento cognitivo e no comportamento dos estudantes, e contribuindo para o sucesso da aprendizagem. Visualiza-se uma desatualização da configuração de ambiente de aprendizagem existente, frente a renovação tecnológica dos métodos educacionais, principalmente quanto aos que utilizam estratégias de educação híbrida, ou blended learning. Entre os problemas que envolvem a questão, fatores como inovação, infraestrutura, tecnologia, flexibilização e alinhamento cultural são componentes que devem estar direcionados para o engajamento dos estudantes em seu próprio aprendizado.

219

A caracterização dos pressupostos foi discutida a partir da Revisão de Literatura realizada no Capítulo 2. Os itens que compõe este capítulo apontaram especialmente para as inovações tecnológicas e rearranjos espaciais existentes em outros países, que são necessários a atualização dos ambientes escolares no Brasil. O intuito é de que os ambientes de aprendizagem no Brasil estejam adequados a métodos de aprendizagem enriquecidos com estratégias digitais, e que todos os componentes do sistema de aprendizagem estejam atendidos. Os dados observacionais comprovaram os problemas e deficiências inicialmente levantados nos pressupostos, e após a concepção e avaliação do Modelo Conceitual, vieram à tona as opiniões de usuários e de especialistas sobre as propostas desenvolvidas na tese. Retoma-se a hipótese: Para a maior eficiência de ambientes de aprendizagem com blended learning deve haver a adoção de inovações tecnológicas, associada à maior flexibilização do espaço e à maior autonomia dos usuários, para personalizar e adaptar o ambiente e seus recursos às atividades de aprendizagem.

Após as diversas etapas realizadas nesta pesquisa, que considerou dados primários e secundários, com especial atenção dada ao desenvolvimento de um modelo conceitual de ambiente de aprendizagem e às avaliações realizadas pelos usuários e pelos especialistas, tanto do ponto de vista qualitativo, como também quantitativo; a pesquisadora considerou que o estudo realizado confirma os pressupostos e a hipótese incialmente levantados.

Todos os resultados obtidos apontaram para a excelente aceitação dos conceitos e dos produtos elabrados na tese. Os diferentes pontos de vistas dos avalaidores contribuiram para uma visão global do Modelo Conceitual gerado nesta tese. Os conceitos de flexibilização, autonomia aos usuários para personalização e adequação do ambiente às atividades não foram contestados em nenhuma avaliação, e sim apontados como soluções necessárias para a evolução dos ambientes escolares, pensando numa educação inclusiva e colaborativa.

8.2 Sobre a triangulação metodológica adotada

Esta tese demonstrou o processo de Design Science Research (DRESCH et al., 2015) e sua aplicação no desenvolvimento de um modelo conceitual, enquanto artefato de design de ambientes. Destacam-se: o caráter processual das aprendizagens realizadas ao longo desta 220

pesquisa, e o envolvimento de usuários e de especialistas em diversas etapas do processo de design, contribuindo para alcançar os produtos finais da tese, conforme discutido no item 7.3 Discussão sobre o processo de design e a obtenção dos produtos da tese (anterior). Figura 85 - Diagrama das aprendizagens e dos resultados obtidos no processo de DSR.

Fonte: A Autora. A triangulação entre o DSR e os métodos de avaliação e de projetação ergonômicos para o ambiente construído trouxe maior profundidade ao tema estudado, possibilitando obter-se ao longo da pesquisa as seguintes aprendizagens (Figura 85): • O Estado da Arte sobre as configurações de ambientes de aprendizagem na atualidade, frente às mudanças que surgem, visando a atualização tecnológica e ergonômica dos ambientes escolares; • Resultados analíticos acerca das condições dos ambientes de sala de aula em escolas de ensino médio, e como estão sendo utilizados os recursos tecnológicos em atividades de aprendizagem; • A percepção dos usuários sobre os ambientes escolares, e como eles utilizam os elementos do ambiente para acomodar-se e realizarem atividades de aprendizagem; • A aplicação de métodos ergonômicos tanto analíticos quanto projetuais para ambientes de aprendizagem adequados ao blended learning; • A discussão de diferentes pontos de vista, entre os usuários, sobre clima e relacionamento escolar, que implicam na qualidade da aprendizagem, e 221

• A participação de usuários e de especialistas em pensar e em propor, junto com a pesquisadora, soluções inovadoras para os problemas de inadequação ergonômica em ambientes escolares.

O caráter holístico e a natureza qualitativa das abordagens metodológicas complementaram- se, e abriram caminho para a construção de um método inovador, e aprofundado, de como tratar um objeto construído. No campo científico da Ergonomia do Ambiente Construído, esta estratégia representa um ganho importante, pois o método desenvolvido nesta tese ingloba métodos e técnicas de análise e de proposição para o design de ambientes, de acordo com prâmetros ergonômicos. Embora este método tenha sido aplicado uma única vez, com foco em edificações escolares, seu potencial possibilita que hajam aperfeiçoamentos, para que seja aplicado em outros estudos sobre diferentes tipologias construtivas.

8.3 Sobre as respostas obtidas para as questões iniciais da tese

Retomando as questões elaboradas para fomentar esta pesquisa, suas respostas foram obtidas ao longo do processo de elaboração da tese e a partir de diferentes fontes – primárias e secundárias. Ao final, com a discussão dos resultados, podemos afirmar que há uma congruência entre as informações encontradas nas referências pesquisadas e a opinião dos usuários dos ambientes de aprendizagem. Desta forma, apresentam-se as respostas às questões da tese: Quais conceitos de ambiente são fundamentais para promover a satisfação dos usuários, num ambiente de aprendizagem para blended learning? Quanto aos conceitos de ambiente de aprendizagem, tanto as referências bibliográficas, quanto os usuários afirmaram que ambientes acolhedores, dinâmicos, joviais e iluminados contribuem para a melhor sensação de conforto, o que proporciona uma melhor concentração na aprendizagem. Diversas falas dos usuários tanto na etapa observacional, quanto na avaliação do Modelo Conceitual apontaram para essa afirmação. Abordagens mais detalhadas sobre esses conceitos foram detalhadas nos capítulos 5 e 6 anteriores. Qual a percepção dos usuários (estudantes e professores) sobre os ambientes de aprendizagem que utilizam? Foi observado que os usuários percebem a inadequação e os problemas dos ambientes de aprendizagem que utilizam, tanto nas entrevistas realizadas na 222

etapa observacional, quanto nas entrevistas realizadas nos grupos focais, na etapa de avaliação do Modelo Conceitual. Entretanto, sabemos das dificuldades em mudar elementos construídos – como posicionamento de janelas, questões de forma espacial, iluminação artificial, e desempenho acústico; ou até mesmo mobiliário – cadeiras, mesas e armários. Além das dificuldades e da burocracia existentes, tem-se o tempo de execução e os custos financeiros. Mas percebe-se que apesar de os usuários compreenderem os problemas existentes, a maior dificuldade em buscar soluções é de poder fazer uma mudança efetiva para uma melhoria real na qualidade do ambiente, coisa que recai sobre a atividade profissional do arquiteto, ou do designer de interiores, responsável por especificar corretamente esses elementos. Para tornar a questão mais complexa, nem sempre esses profissionais encontram soluções adequadas sobre especificações técnicas coerentes, uma vez que não existem no Brasil normas específicas sobre qualidade do ambiente escolar. Como seria um ambiente de aprendizagem adequado a atividades educativas com blended learning? Como as escolas têm se adaptado a essa nova realidade? Um ambiente adequado a atividades educativas com blended learning deve ser essencialmente flexível às múltiplas atividades pertinentes ao método, mas também deve acolher os usuários, e oferecer recursos necessários ao seu conforto e a sua concentração nas atividades que deverão acontecer. A questão da capacidade de ocupação do ambiente e o tamanho das turmas é um problema antigo das escolas brasileiras, pouco discutido, portanto, ainda não solucionado. Isto ficou evidente durante a coleta e o tratamento dos dados. Professores estão acostumados a turmas grandes, com mais de 40 estudantes; não conseguem atender às dúvidas e acompanhar o desempenho individual adequadamente, e seus esforços para manter a concentração e o tom de voz são exaustivos, mesmo assim não apontaram a diminuição do número de estudantes nas suas turmas como uma necessidade prioritária. Atividades dinâmicas, ou de grupo são muito difíceis de serem realizadas, por conta do tamanho insuficiente das salas e quantidade excessiva de estudantes, assim, as aulas são conduzidas somente por atividades expositivas, e muitas vezes, sem recursos digitais. O sentimento dos estudantes é de desinteresse, cansaço e desmotivação. Alguns estudantes ficam agitados e impacientes, não produzindo em sala, como os professores gostariam. As escolas pouco discutem mudanças quanto a inovações ambientais e tecnológicas, pois consideram que dotar as salas de lousa digital e permitir uso de tablets em momentos 223

específicos já são inovações importantes. As informações obtidas com os participantes dos grupos focais demonstraram que isso ainda não resolve os problemas de maior participação e interesse nas aulas. As mudanças precisam ser sistêmicas, acompanhadas de avaliações constantes, incluindo todos os atores do sistema de aprendizagem, preparando-os para mudanças tecnológicas, e redistribuindo responsabilidades de cooperação mútua.

8.4 Sobre o atendimento aos objetivos da tese

Consideram-se como as maiores contribuições desta tese, o atendimento aos objetivos preestabelecidos. Quanto ao objetivo geral - Desenvolver um Modelo Conceitual de Ambiente de Aprendizagem para a metodologia educacional blended learning, considerando a participação dos usuários (professores e estudantes) num processo de design participativo. Este objetivo foi atendido, e a sua descrição foi detalhada no Capítulo 6 – Desenvolvimento e avaliação do Modelo Conceitual de Ambiente de Aprendizagem. Quanto ao atendimento aos objetivos específicos: Estudar as práticas das metodologias ativas de aprendizagem, as inovações em ambientes de aprendizagem e os anseios das novas gerações de estudantes em Escolas de Ensino Médio. Este objetivo foi atendido e detalhado no Capítulo 2 Revisão de Literatura, em que se discutiu as inovações em aprendizagem, e em ambientes de aprendizagem. Posteriormente, com a realização da etapa Observacional, descrita no Capítulo 5 – Síntese dos dados observacionais, foi possível obter-se dados primários sobre os anseios e as percepções dos estudantes e professores sobre o ambiente escolar, e como pensam em melhorar as condições atuais.

Conceber conceitos para um ambiente de aprendizagem adequado a metodologia blended learning, utilizando estratégias projetuais de design participativo e de ergonomia do ambiente construído. Este objetivo foi atendido, e encontra-se descrito no item 6.1 Concepção do Artefato, relacionando-se fortemente com o objetivo principal desta tese.

Gerar produtos para avaliar a eficiência do Modelo Conceitual de ambiente de aprendizagem elaborado, junto a usuários e a especialistas. Este objetivo foi atendido, e encontra-se descrito no item 6.4 Avaliação do Artefato, e os resultados desta avaliação 224

contribuíram para melhorar o Modelo Conceitual. Os resultados finais foram descritos detalhadamente no Capítulo 7 – Discussão dos Resultados Finais.

8.5 Sobre o caráter prescritivo desta tese e sua aplicação prática

Esta pesquisa, de caráter prescritivo pretende atender a gestores, a profissionais e a estudantes que desenvolvem pesquisas e aplicações práticas em projetos arquitetônicos, de design de interiores em escolas, funcionando como referência para o dimensionamento, a especificação e a seleção de elementos, mobiliário e equipamentos de ambientes escolares. Ao considerarmos que a tecnologia está em toda a parte, e em educação é um caminho sem volta, a quebra deste paradigma já foi realizada. Percebemos que não se pode proibir ou negligenciar a existência e entrada de novas tecnologias nos ambientes escolares, uma vez que elas fazem parte da vida cotidiana das pessoas. Cabe às instituições de ensino aprofundar o entendimento desses recursos, e de como aproveitá-lo para recuperar o engajamento dos jovens, tornando-os mais ativos e responsáveis pela sua própria aprendizagem, e ao mesmo tempo, preparar as escolas para uma atualização necessária em infraestrutura, em qualidade ambiental e ergonômica. Para isso, o quesito preço das reformas e de compra de novos equipamentos e de mobiliário não pode ser o principal balizador das ações necessárias. Os quesitos qualidade e ergonomia devem ascender ao patamar principal, quando se discute melhorias em infraestrutura escolar.

8.6 Sobre as limitações impostas à esta pesquisa

As limitações da pesquisa foram: • Não ter realizado uma pesquisa em maior quantidade de escolas, ou de usuários, diante da necessidade de fazer um recorte do universo de estudo compatível com os recursos e as condições de coleta e de tratamento de dados; • Não abordar estudos quanto aos demais ambientes que compõem as escolas – como bibliotecas, pátios, refeitórios, banheiros coletivos, quadras, entre outros, pois estavam fora do escopo da pesquisa. Estes espaços têm grande importância para a socialização e o estabelecimento do clima escolar favorável à aprendizagem com novas tecnologias, uma vez que o ambiente on-line pode ser acessado de qualquer lugar físico. Recomenda-se outros estudos que contemplem essas abordagens; 225

• Não ter realizado um levantamento dos custos para implementar as especificações recomendadas. Recomenda-se outros estudos que contemplem abordar custos de material e de execução das soluções apontadas. Tais estudos podem ser desenvolvidos por profissionais de áreas correlatas.

8.7 Sugestões de futuras pesquisas

Outras sugestões de pesquisas complementares podem abordar o tema dos ambientes de aprendizagem, a partir dos seguintes pontos de vista: • Ambientes de aprendizagem para o Ensino Infantil e Fundamental, em que as metodologias de aprendizagem sejam adequadas a crianças entre 3 e 14 anos, considerando as especificidades das atividades, os anseios e as necessidades de cada faixa etária; • Ambientes de aprendizagem para o Ensino Superior, em que as metodologias de aprendizagem sejam adequadas aos perfis de usuários jovens e adultos e aos tipos de cursos de graduação em cada área – Saúde, Humanidades, Ciências Exatas, Ciências Agrárias e da Terra, Ciências Sociais Aplicadas, entre outras, inclusive detalhando as necessidades de laboratórios específicos; • Ambientes de aprendizagem para a educação de Jovens e Adultos - EJA, em que sejam considerados critérios de conforto, de desempenho e padrões de qualidade ambiental apropriados às necessidades destes usuários; • Ambientes escolares complementares - como refeitórios, pátios, bibliotecas, auditórios, ambientes administrativos, quadras esportivas, espaços de serviço e espaços ao ar livre - todos carentes de abordagens aprofundadas sobre as condições ergonômicas e de qualidade ambiental.

226

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239

APÊNDICES

APÊNDICE A - Roteiro para aplicação das entrevistas semiestruturadas na Etapa Observacional APÊNDICE B – Formulário de Questionário sociocultural aplicado on-line na Etapa Observacional APÊNDICE C – Checklist de critérios de desempenho ambiental, aplicado na Etapa Observacional APÊNDICE D – Roteiro da Aplicação do Workshop com Usuários, aplicado na etapa de Desenvolvimento do Modelo Conceitual APÊNDICE E - Instrumento para aplicação da avaliação quantitativa do Modelo Conceitual APÊNDICE F – Roteiro para aplicação da avaliação qualitativa do Modelo Conceitual APÊNDICE G - Representação Bidimensional do Modelo Conceitual APÊNDICE H – Especificações técnicas voltadas à incorporação em projetos arquitetônicos, orçamentações e termos de referência para obras de ambientes de aprendizagem APÊNDICE I - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido APÊNDICE J - Termo de Assentimento Livre e Esclarecido APÊNDICE K - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (PARA RESPONSÁVEL LEGAL PELO MENOR DE 18 ANOS - Resolução 466/12) APÊNDICE L - Termo de Responsabilidade do Pesquisador

240

APÊNDICE A

Roteiro para aplicação das entrevistas semiestruturadas na Etapa Observacional

Aplicador:

Data:

Duração:

Registro em meio:

Entrevista:

• O que acha dos recursos digitais para aprendizagem? Como você os utiliza? • Você costuma desenvolver trabalhos colaborativos em aula? Como faz para organizar os grupos e os espaços disponíveis? • Você acha que os dispositivos tecnológicos são bem aceitos pelos estudantes? • Eles trabalham bem com recursos tecnológicos? • Eles têm acesso a seus computadores portáteis em sala de aula? • Eles usam o celular na sala de aula, como ferramenta de aprendizagem? • Quais elementos do ambiente facilitam a sua aula com tecnologia? E quais atrapalham? • Como é seu relacionamento com os estudantes e com a escola? • Como é o clima escolar? • Como você considera atividades externas ou complementares?

241

APÊNDICE B

Formulário de Questionário sociocultural aplicado on-line na Etapa Observacional

Este questionário é aplicado para uma pesquisa sobre comportamento dos estudantes no ambiente escolar. É importante que você responda com sinceridade as perguntas, sobre seus interesses pessoais, para que possamos compreender como melhorar projetos de ambientes de aprendizagem, em função das suas necessidades e preferências. Se o interessar mais informações sobre esta pesquisa, pode contatar-nos pelo e-mail: [email protected]

Muito obrigada pela disponibilidade!

1. Bairro em que mora? 2. Idade? 3. A quanto tempo mora nesse bairro? 4. Quantas pessoas vivem na sua casa? Marcar apenas uma resposta. ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) mais de 5 5. Qual é o grau de instrução de sua família? Marcar apenas uma opção por linha. Pai Mãe Irmão Irmã 2º Irmão 2ª Irmã Nenhum, é analfabeto Nenhum, mas sabe ler e escrever minimamente Nível fundamental incompleto Nível fundamental Nível médio incompleto Nível médio completo Nível superior incompleto Nível superior completo Pós graduação 6.Qual a ocupação de sua família? Marcar apenas uma opção por linha. Pai Mãe Irmão Irmã Avô Avó Dona de casa Desempregado (a) Estudante Aposentado (a) Trabalhador informal Funcionário público Funcionário de empresa privada Autônomo Profissional liberal Outro 7. Como você avalia a situação financeira da sua família? Marcar apenas uma opção. ( ) Precária, os recursos não são suficientes e estamos sempre economizando custos ( ) Satisfatória, os recursos satisfazem às necessidades básicas familiares, mas às vezes, precisamos economizar ( ) Boa, os recursos satisfazem às necessidades e não precisamos economizar ( ) Ótima, os recursos satisfazem às necessidades, e ainda sobram 242

8. Você tem uma boa relação com sua família? 9. Você gosta de vir a escola? Por quê? 10. Você pretende continuar seus estudos, e cursar faculdade? 1 1. Quais são seus interesses pessoais? (livros, música, arte, tecnologia, websites mais acessados) 12. Que atividades você faz depois da escola? Marque todas que se aplicam. ( ) Brincar ao ar livre, ou na rua ( ) Brincar em espaço fechado ( ) Realizar atividade esportiva ( ) Videogame ( ) Estar com os amigos ( ) Estudar ( ) Ver tv ( ) Outro: 13. Que lugares você costuma frequentar? São distantes do seu bairro? Que meio de transporte você utiliza para ir a esses lugares? 14. Se sente seguro durante o percurso entre a sua casa e a escola, ou vice-versa? 15. Se sente seguro dentro da tua escola? 16. Você gosta de personalizar os locais que frequenta? Como você costuma fazer isso? Marque todas que se aplicam. ( ) Desenhos e pinturas ( ) Sua assinatura, ou frases ( ) Modificando objetos no espaço ( ) Com fotos ( ) Mudando a cor dos ambientes ( ) Outro: 17. Indique 6 características que você prefere para um ambiente. Marque todas que se aplicam. Flexibilidade Aconchegante Caótico Pouca luminosidade Clássico Simples Amplitude Tranquilo Barulhento Relaxante Simétrico Tecnológico Caro Jovem Familiar Elegante Ambientes abertos e Bem iluminado conjugados 18. Quando pensa nas cores em um ambiente, que emoção pode-se associar: 1. Amarelo, 2. Vermelho, 3. Preto, 4. Branco, 5. Azul, 6. Verde, 7. Cinza, 8. Rosa, 9. Marrom, 10. Lilás/Violeta

243

APÊNDICE C

Checklist de critérios de desempenho ambiental, aplicado na Etapa Observacional

Aplicador:

Data:

Duração:

Registro em meio:

CRITÉRIOS DE DESEMPENHO AMBIENTAL

FATOR ÍNDICE INDICE OBSERVAÇÕES ANALISADO OBTIDO RECOMENDADO Temperatura (oC) Ruído (dB) Iluminação (Lux) Natural Artificial MATERIAL DE ACABAMENTO Piso Paredes Teto Mobiliário Cadeiras Baixa Mesas Baixa Porta Janelas

Observação livre:

______

Complementar com croquis, fotografias e análise do ambiente em uso (use o verso):

APÊNDICE D

Roteiro da Aplicação do Workshop com Usuários, aplicado na etapa de Desenvolvimento do Modelo Conceitual 244

Aplicador:

Data:

Duração:

Registro em meio:

Introdução: abordagem inicial sobre os objetivos da atividade.

Análise da percepção do usuário - Aplicação de Brainstorming: (30 min duração)

Os estudantes serão divididos em grupos menores (até 8 pessoas) para que possam discutir, e preencher 03 painéis com suas ideias. A tarefa consiste em escrever ou desenhar – (1) que coisas gostam na sala de aula, (2) que coisas não gostam na sala de aula, (3) como se pode melhorá-la. Os painéis são recolhidos para análise da pesquisadora. Material: 6 cartazes e canetas coloridas.

Aplicação da técnica de Maquete de mesa: (1 hora)

Os mesmos grupos trabalharam com miniaturas de móveis, pessoas, dispositivos, equipamentos, livros, sacos, etc. para propor uma nova sala de aula para eles, melhorando as situações vivenciadas. Eles são livres para criar com os elementos fornecidos, ou incorporar outros elementos à maquete. Após a finalização da maquete, os estudantes explicarão suas escolhas e resultados. Material do workshop – cartolina, canetas, cola, tesoura, etc.

245

APÊNDICE E

Instrumento para aplicação da avaliação quantitativa do Modelo Conceitual

Expresse sua satisfação em relação ao Modelo Conceitual de Ambiente de Aprendizagem adequado a blended learning para Escolas de Ensino Médio

Este é um questionário sobre a sua satisfação em relação aos aspectos técnicos percebidos no Modelo Conceitual de Ambiente de Aprendizagem, adequado ao blended learning, para escolas de Ensino Médio. Você deve respondê-lo somente após ter feito a experiência de interação com o protótipo em realidade virtual. Este questionário foi formulado para ser respondido por Arquitetos e/ou Ergonomistas, e faz parte da etapa de Avaliação Quantitativa da Tese de Doutorado em Design, de mesmo título. Agradeço as suas contribuições, antecipadamente. Quaisquer dúvidas ou informações adicionais, favor contactar-me por meio de do e-mail [email protected] *Obrigatório 1. Endereço de e-mail * ______2. Qual sua graduação e atuação profissional atual? * ______

Questões específicas sobre o Modelo

As 10 questões a seguir tratam de uma escala de valoração de 5 pontos. Marque apenas um número que corresponde a sua opinião quanto às afirmativas citadas: 1 – Discordo totalmente; 2 – Discordo parcialmente; 3 – Não concordo, nem discordo; 4 – Concordo parcialmente, e; 5 – Concordo totalmente.

3. Os conceitos subjetivos relativos à Educação Híbrida, relacionam-se fortemente com as soluções projetuais apresentadas no protótipo *. Marcar apenas uma oval.

4. As estratégias e as especificações formuladas quanto ao conforto acústico, térmico e lumínico contribuem para a melhor adequação do ambiente às necessidades das atividades educacionais *. Marcar apenas uma

oval. 5. As condições de acomodação individual e guarda de pertences pessoais favorecem o conforto e a ergonomia dos usuários *. Marcar apenas uma oval.

246

6. As soluções de layout e de mobiliário estão alinhadas com a flexibilidade necessária às múltiplas atividades associadas à Educação Híbrida *. Marcar apenas uma oval.

7. A forma do ambiente (em plateia) favorece a melhor condição visual e auditiva do conteúdo em exposição, ou em discussão * Marcar apenas uma oval.

8. Os recursos tecnológicos adotados e as adequações espaciais propostas favorecem as melhores condições de infraestrutura para a aprendizagem e para a socialização dos estudantes * Marcar apenas uma oval.

9. A escolha das cores e dos materiais nas paredes, no piso e no mobiliário se relacionam com um ambiente acolhedor, dinâmico, iluminado e jovial * Marcar apenas uma oval.

10. Os espaços secundários e de relax estão dispostos de modo acessível e confortável para o trabalho dos usuários, complementando os espaços principais da aula * Marcar apenas uma oval.

11. O campo a seguir é destinado às suas observações e contribuições (resposta não obrigatória): ______

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APÊNDICE F Roteiro para aplicação da avaliação qualitativa do Modelo Conceitual

Introdução ‘’Boa tarde/dia, e bem-vindos a nossa sessão. Meu nome é (Victor), sou o moderador desse grupo de discussão, e esta é (Thaisa), pesquisadora, que fará a observação das nossas discussões. Ambos somos da Universidade Federal de Alagoas. Essa sessão está sendo registrada em áudio. Esse material coletado é totalmente sigiloso, e a identidade de vocês será totalmente preservada. Peço que leiam com atenção, e assinem o Termo de Consentimento de participação. Temos água e um lanchinho, se desejarem. O objetivo de estarmos aqui é de discutir uma nova configuração de salas de aula, e de seus recursos, visando sua associação a métodos educacionais híbridos, ou seja, dotados de recursos digitais e computacionais. Vocês foram convidados porque (recentemente concluíram o ensino médio/ são professores em formação) e, portanto, estão familiarizados com o tipo de ambiente que estamos pesquisando. Não existem respostas certas ou erradas, apenas pontos de vista diferentes. Por favor, sintam-se à vontade para compartilhar seus pontos de vista, mesmo quando eles diferem do que outros tenham dito. Estamos igualmente interessados em comentários positivos e negativos. Inicialmente, vamos pedir que vocês acessem o material que estamos exibindo nos laptops. Depois que vocês visualizarem esse material, começaremos a discuti-lo. Este material está sendo desenvolvido com produto de uma tese de doutorado em design, e esta sessão pretende discuti-lo com vocês a fim de obter informações sobre suas percepções a respeito desse projeto. Gostaríamos de saber o que vocês gostam, o que não gostam, e como os ambientes de sala de aula podem ser modernizados para uma educação associada a novas tecnologias. Vamos começar. Peço que vocês se identifiquem para que possamos nos tratar pelos nomes. Peço que digam seus nomes, idade, em que tipo de escola estudaram/ trabalham” Atividade 01 – exploração do protótipo – duração 15 minutos. Durante a visualização, a pesquisadora observa e anota as reações dos entrevistados. Atividade 02 – condução da entrevista – duração 30 minutos. Perguntas: 1 – O que o impressionou mais na experiência de interação com este protótipo de ambiente de aprendizagem? 2 – O que você pensa sobre uso de recursos tecnológicos em sala de aula? 3 – Relembre a sala de aula em que você estuda, ou estudou, ou em que trabalha. Quais pontos se assemelha a esta? Quais diferem? 4 – Como você se sentiria se estivesse usufruindo hoje, na sua escola, de um ambiente de aprendizagem como este? No papel de (estudante/professor)? 5 – De todas as modificações propostas para salas de aula, quais vocês acharam mais interessantes? O que vocês melhorariam? Breve resumo de enceramento, e agradecimentos.

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APÊNDICE G

Representação Bidimensional do Modelo Conceitual (ver pranchas 01 - 05)

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APÊNDICE H

Especificações técnicas direcionadas à incorporação em projetos arquitetônicos e de interiores, orçamentos e termos de referência para obras de ambientes de aprendizagem

1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS Este item tem por objetivo estabelecer critérios, definir tipos de materiais para projeto arquitetônico e execução de ambientes de salas de aula em escolas da rede pública. Todos os materiais a serem empregados nas obras deverão ser comprovadamente de boa qualidade e satisfazer rigorosamente as especificações a seguir. As especificações e o dimensionamento feitos em projeto arquitetônico devem respeitar as normas de acessibilidade em vigor, os critérios de conforto térmico, acústico, lumínico e ergonômico para garantir condições necessárias de conforto aos usuários. Respeitar o Zoneamento Bioclimático Brasileiro para garantir a melhor adequação do ambiente construído às necessidades climáticas da região, utilizar com referência de desempenho térmico a NBR 13507/2003. 2 CRITÉRIO DE SIMILARIDADE Todo material empregado na execução dos serviços será de primeira qualidade, sendo rejeitados aqueles que não se enquadrarem nas especificações fornecidas. Serão aceitos materiais similares aos especificados, entretanto, o construtor obriga-se, no entanto, a demonstrar a similaridade do material ou equipamento proposto mediante a apresentação de laudos comprobatórios ou testes de ensaio, que atestem as mesmas características e mesmas especificações. 3 NORMAS TÉCNICAS A CONSIDERAR Todos os serviços serão executados em completa obediência aos princípios de boa técnica, devendo ainda satisfazer rigorosamente às Normas Brasileiras. Além das normas técnicas referentes à execução de serviços de engenharia e de instalações. Do ponto de vista da qualidade do projeto arquitetônico, esta obra deve satisfazer às normas: • ABNT NBR 9050: Acessibilidade a Edificações, Mobiliário, Espaços e Equipamentos urbanos, de outubro de 2010 – atender irrestritamente às suas especificações; • ABNT NBR 13507: Desempenho Térmico de Edificações. Partes 1, 2, 3, de setembro de 2003 – atender irrestritamente às suas especificações; • ABNT NBR 10821: Esquadrias externas para edificações, partes 1 a 3, de 2011 – atender irrestritamente às suas especificações; • ABNT NBR ISO/CIE 8995-1: Iluminação de ambientes de trabalho, parte 1 interior, de julho de 2013 – atender irrestritamente às suas especificações; • ABNT NBR 15575: Edificações Habitacionais – Desempenho. Partes 1 a 6, de julho de 2013 – na ausência de norma especifica sobre edificações escolares, recomenda-se atender como sugestão aos critérios de durabilidade, vida útil e desempenho dos sistemas construtivos, mesmo considerando uso habitacional, ao qual a norma se destina. 4 DETALHAMENTO DAS ESPECIFICAÇÕES ELEMENTOS DE VEDAÇÃO As alvenarias de elevação serão executadas com tijolo cerâmico 9 furos, dim. média 9,00x19,00x39,00cm, com assente de ½ vez, conforme indicações de projeto, com argamassa mista no traço 1:2:8 (cimento, cal e areia), junta 12mm, observando o nivelamento de fiadas, e prumo. Os materiais deverão ser de primeira qualidade; as fiadas serão perfeitamente niveladas, alinhadas e aprumadas. As juntas terão espessura máxima de 1,5 cm e serão rebaixadas a ponta de colher para que o reboco adira perfeitamente. O encunhamento será feito com tijolo comum; serão executadas vergas e contra vergas de concreto armado, seção 0,10x0,12cm, com transpasse além da medida do vão, não inferior a 20cm para cada lado, na parte superior e inferior para as janelas, e na parte superior para as portas; a ligação da alvenaria com concreto armado em pilares será executada por meio de de esperas de ferro diâmetro 4,2mm previamente fixados a cada 38cm, que corresponde a duas fiadas de tijolos. COBERTURAS Sobre áreas de permanência – trabalho, estudo ou convivência, a cobertura será em estrutura metálica, com telha isotérmica em chapa de aço galvanizado com pré-pintura branca, sendo que o isolante mínimo aceito será de 30mm em EPS, sendo admitidos isolantes mais espessos. Não será aceita telha ondulada comum. CONDIÇÕES DE DESEMPENHO AMBIENTAL 250

CONDICIONAMENTO ACÚSTICO GERAL Respeitar as especificações para projeto de desempenho acústico complementar (se houver). Manter as condições acústicas entre (35 - 40 dB de ruído de fundo) com o orador falando com sua voz normal (65 dB), mantendo a relação fala/ruído acima de 10 dB, para evitar interferências na inteligibilidade da fala; A sala deve ser livre de ecos e de outros fenômenos acústicos que possam vir a confundir ou distorcer o som a ser ouvido; o tempo de reverberação (ideal) entre 0.4 a 0.6 s, e alta capacidade de absorção das superfícies de paredes e teto; a geometria da sala de aula deve ser projetada para permitir a melhor difusão do som, paredes laterais não paralelas, evitando ecos, e revestimento das superfícies com materiais absorventes, e refletores; os materiais de revestimentos internos e de mobiliário são macios, com uso de tecidos e fibras, e espalhados na sala. Em caso de utilizar-se divisórias para flexibilização dos layouts das salas de aula, utilizar divisórias acústicas móveis, revestidas em lã de vidro ou fibra mineral, dispostas em painéis verticais. Evitar propagação de ruído sobre o forro acústico. CONDICIONAMENTO LUMÍNICO GERAL Priorização da luz natural indireta, e possibilidade de controle por cortinas, para obscurecimento. Proteção contra a insolação direta, pela instalação de brises horizontais (leves e de fácil manuseio) ou beirais, e de prateleiras de luz que conduzem a luz mais profundamente no ambiente. CONDICIONAMENTO TÉRMICO GERAL Manutenção da temperatura interna do ar em 230 C, priorizando a ventilação natural, com janelas instaladas na altura das pessoas sentadas, se necessário usar sistema de condicionamento de ar com regulagem automática de temperatura e umidade. Evitar equipamentos de condicionamento de ar com alto nível sonoro, e instalar suas fontes geradoras fora da sala de aula. Ao usar dutos de ventilação, favorecer aqueles de dimensões que proporcionem baixa velocidade do ar, e NC – critério de ruído, abaixo de 20 a 25. CONDIÇÕES DE DIMENSIONAMENTO E LAYOUT Internamente à sala de aula, devem ser priorizadas as condições de conforto, ergonomia e acessibilidade, com espaço livre entre as mesas e cadeiras mínimo de 1.00 m. Junto a lousa, espaço livre de 3 m2 para circulação do orador. Deve ser considerado um dimensionamento interno de 2,25 m2/pessoa, permitindo um layout flexível, que possibilite diferentes organizações - lineares (favorecem a concentração e o trabalho individual; em semicírculos, ou em U (favorecem a interação e comunicação em atividades colaborativas. Deve haver espaços complementares e informais, adjacentes às salas de aula, permitindo o relaxamento e contemplação da natureza. Deverão ser sombreados e dotado de mobiliário confortável e variado, onde se possa fazer lanches, leituras individuais e atividades em grupo. ESQUADRIAS Deverão ser executadas de acordo com as normas indicadas para esse tipo de serviço e conforme Quadro de Esquadrias definidos pelo Projeto Arquitetônico. Todas as portas serão em chapa de aço, ou em PVC, atendendo às especificações da ABNT NBR 10821 – Esquadrias para edificações, externas e internas, de 2017. As portas principais das salas serão em chapa de aço, ou em PVC, com visor de vidro translúcido, permitindo a visibilidade ao interior, com dimensões 20 cm (l) x 60 cm (a) posicionado entre 40 a 90 cm do piso acabado. Todas as maçanetas de fácil pega, não exigindo firmeza nem torção de pulso para acionamento, acabamento curvo. Altura de instalação entre 80 a 110 cm do piso acabado. Posicionar portas desencontradas - não frontal, e não adjacente, evitando a propagação sonora, entre salas de aula. As demais portas das salas restantes em chapa de aço, ou em PVC sem visor. As portas dos banheiros/cabines sanitárias dos estudantes serão em compensado revestido com laminado melamínico colorido. As janelas serão em vidro temperado 10 mm, com caixilhos de PVC. As janelas serão em folhas móveis, de abertura reguláveis. O material resistente nas molduras e caixilhos, em PVC, madeira ou aço. Instalar barreiras luminosas, ou visuais em momentos de projeção, cortinas ou blackouts. Distribuição de janelas lateralmente e próximas ao fundo da sala, preferencialmente orientadas em fachadas sul e norte, para evitar insolação direta nos ambientes. Altura dos peitoris de até 0,90m, do piso acabado, permitindo ventilação na altura do corpo dos usuários, e acessibilidade de manuseio a pessoas com deficiência. Junto à lousa não terá janelas, para evitar problema de reflexo de luz. REVESTIMENTOS DE PAREDES Seguir informações contidas no Projeto Arquitetônico, referente ao tipo de revestimento de cada ambiente; O revestimento das paredes será com reboco usando argamassa mista de cimento e areia, com 20mm de espessura, e com acabamento esponjado. As paredes internas de banheiros receberão revestimentos cerâmicos, de piso ao teto, na cor branca ou bege. Em salas de aula, as superfícies serão de média refletância (30 a 80%) nas laterais da sala, e absorvente sonora (NBR ISO/CIE 8995-1, 2013), especialmente na parede de fundo da sala, 251

para reduzir a reverberação da voz, de trás para frente. As paredes laterais à lousa não devem ser paralelas, mas com inclinação mínima de 8%, para evitar eco palpitante, e seus revestimentos devem alternar entre material absorvente sonoro – fibra de vidro com tecido, e painéis rebatedores sonoros. REVESTIMENTO DE PISOS Seguir informações contidas no Projeto Arquitetônico, referente ao tipo de piso de cada ambiente. O material e cores dos revestimentos antirreflexo, antibrilho e antiofuscamento, a superfície do piso de baixa refletância - 10 a 50%, e absorvente sonora. Os rodapés serão executados no mesmo material dos pisos internos, e permitir a instalação de rodapés técnicos, quando necessário, para prover o ambiente de distribuição de pontos de energia. Pisos externos serão em material cerâmico, antiderrapante, executado com argamassa/rejuntamento próprios para áreas externas, e molhadas. FORRO Forro sob o teto estrutural, ou telhado, para manter a resistência térmica interna, e retirada do ar quente junto do telhado. O forro interno será inclinado em aclive para o fundo da sala, material totalmente em gesso em placas de 50x50, com acabamento emassado para pintura, com altura máxima não superior a 3.00 m, para reduzir a reverberação da sala. A superfície do forro de alta refletância - 60 a 90%, principalmente junto à lousa e ao centro da sala, instalar forro acústico com NRC de 0,75 ao redor do perímetro das paredes. No centro da sala em material refletor (gesso), responsável por espalhar a voz do orador. Em áreas externas, o forro será em PVC. PINTURA A pintura será executada no melhor nível de qualidade com tintas que possuam obrigatoriamente ISO 9001, ISO 14001 e ABRAFAT, devendo ser utilizado a mesma marca para todas as pinturas, a fim de estabelecer um padrão adequado com o que solicitamos, oferecendo acabamento perfeito; A pintura das paredes internas será executada com tinta de 1ª linha em duas demãos, mediante preparo prévio, limpeza, lixamento e aplicação de 01 demão de fundo preparador de superfícies. A pintura das paredes internas e externas deverá ser executada com pintura acrílica nas cores especificadas em projeto arquitetônico, evitando utilizar somente a cor branca. As cores são usadas para organizar, personalizar ou tornar o espaço mais acessível. Priorizar o conforto visual dos estudantes, evitar a fadiga visual e a monotonia. Internamente ao ambiente de aula, usar cor mais escura ou complementar aplicada na parede da lousa, a fim de ajudar a reduzir a fadiga ocular, priorizar tons de cinza, e usar cores médias a claras em intensidade – tons de amarelo, laranja, verde e azul. Favorecer efeito jovial, mas não excessivamente colorido ou vibrante. INSTALAÇÕES ELÉTRICAS A edificação toda é provida de sistema de iluminação, pontos de tomadas de força que serão executadas rigorosamente, conforme os projetos complementares. Internamente às salas de aula, deve haver sistema de controle de iluminação sem fio, facilitam o controle dos cenários – com detectores de luz do dia e ajuste automático dos níveis de iluminação das luminárias. TOMADAS Todas as tomadas são dois polos mais terra, não sendo aceitos outros tipos de tomadas. Executar aterramento de forma que fique dentro dos padrões aceitáveis pelas normas brasileiras; todos os materiais e equipamentos, tais como quadro de distribuição, luminárias, condutores deverão seguir rigorosamente as especificações do projeto, que, por sua vez, obedecem às normas da ABNT. A disposição de tomadas, inclusive no piso, deve permitir ligar carregadores de celulares e de laptops sobre as mesas dos estudantes. A instalação de rodapé técnico, permite passar fiação elétrica e abrir novos pontos de energia em todo o perímetro do ambiente. ILUMINAÇÃO ARTIFICIAL Iluminação geral dinâmica que alterne luz do dia, relacionada à temperatura da cor, variando por atividade, sem ofuscamento para uso confortável de computadores e tablets. Iluminação específica para lousa, cuidando que não haja vazamento de luz para a tela de projeção nem para a plateia, com índice de 500 lux; na área de mesas de trabalho, usar luz direta, com lâmpadas suave (luz do dia), com boa reprodução de cores, com fluxo médio entre 300 e 500 lux, e lâmpadas com IRC no mínimo de 80. Proporcionar luminárias nas mesas de trabalho, para tarefas de maior precisão. Acionamento automático de luminárias por filas (paralelas às janelas) a serem acionadas na medida em que a luz natural diminui sua intensidade; os controles manuais de iluminação devem ser subdivididos por áreas, e precisam ser identificados nominalmente. Os interruptores devem estar localizados perto das estações de trabalho, além de próximos às portas. Deve haver uma chave geral que comande a iluminação total da sala, localizada próxima a cada porta. INTERNET 252

Dispor de controle de recursos tecnológicos, para suporte técnico aos equipamentos digitais e a gestão do conteúdo; e rede WI-FI de alta capacidade de acesso. INSTALAÇÕES HIDRO-SANITÁRIAS Serão executadas dentro dos padrões mínimos permitidos pela Empresa de abastecimento local e pela ABNT, e obedecendo aos Projetos Complementares. As tubulações hidráulicas de alimentação e distribuição de água fria serão de PVC rígido, soldável, inclusive conexões, ambos de primeira qualidade, e executados conforme projeto hidrossanitário; as tubulações de escoamento sanitário e águas servidas e pluviais serão de PVC rígido, soldável, inclusive conexões, ambos de primeira qualidade, e executados conforme projeto. Os aparelhos sanitários de louça, os respectivos metais e os aparelhos de ligação serão de materiais de primeira qualidade. BANHEIROS O banheiro deve estar próximo às salas de aula, e deve ser parcionado por sexo, havendo um feminino e um masculino nas proximidades de cada duas salas. A configuração mínima de cada unidade é de pia + vaso, respeitando as condições de acessibilidade. Acessórios como: porta-sabonete, pendurador de bolsa/casacos, espelho sobre a pia, ducha higiênica, e barras de apoio devem estar dispostos em altura recomendada pela NBR 9050 (2015). Em banheiro tipo bateria, deve haver partição entre banheiro feminino e masculino, e o dimensionamento mínimo de 1 vaso sanitário e 1 lavatório para cada 20 estudantes. Se houver cabines internas, as portas, e as divisões devem ser inteiras (do piso ao teto). Deve haver tranca com chave nas portas, janelas com aberturas para ventilação ao exterior da edificação, boa iluminação e manutenção periódica. A porta de acesso ao banheiro deve abrir em giro para fora, ou de correr, com largura mínima de 0,80m, O espaço interno do banheiro deve permitir o giro completo da cadeira de rodas, com diâmetro de 1,50m. ESPECIFICAÇÕES PARA COMPRA DE MOBILIÁRIO E EQUIPAMENTOS Mobiliários diferentes que permitam a variação de arranjos: as mesas individuais devem ser acessíveis à pessoa com cadeira de rodas, os tampos e quinas deverão ser arrematadas, evitando desconforto, compressão de segmentos corporais, proporcionando condições globais ergonômicas. CADEIRAS Elementos ajustáveis para o sistema de assento - cadeira - mesa - apoio para os pés, em relação ao tamanho, durante o uso do mobiliário, e de ajuste do conjunto mesa - cadeira para o tamanho, (a idade) garantindo o princípio de sentar-dinâmico; o encosto deve inclinar para trás e para a frente com um descanso ajustável para costas, formando um ângulo obtuso (95-110º) entre o assento e o encosto. O encosto deve apoiar a parte lombar da coluna, tanto na posição reta e quando inclinado para a frente ou para trás; os assentos devem ser macios para absorver ruídos, o perfil da parte da frente do assento não deve pressionar as coxas na curvatura do joelho. O assento deve ser ajustável passando facilmente de uma posição de inclinação anterior para uma posição mais à direita. O assento não deve ser nem excessivamente baixo, nem profundo, além do necessário. MESAS As mesas devem ter tampo que permita uma inclinação, com revestimentos antiderrapantes; e em tamanho que permitam o apoio dos antebraços e de cotovelos, de ambos os braços; As mesas quando agrupadas em conjuntos devem ter cestos no centro, para acomodar papéis, canetas, lápis. O espaço de trabalho individual deve permitir acomodar computadores, tablets e smartphones, com tampos não inferior às dimensões 100 x 55 cm, com estruturas leves em alumínio e tampo em bp formato trapezoidal, revestimento melamínico cor clara, e bordas arrematadas. Os pés com rodízios, e travas que facilitem o deslocamento, o empilhamento, e o agrupamento em grupos de 5 usuários, para atividades em grupo. POLTRONAS Assentos macios para momento de concentração e estudo individual. Dimensionamento médio: 70 cm (l) x 70 cm (p) x 45 cm (alt. assento). Associar a grandes almofadas para acomodação individual, ou em grupo, no chão, e a mesas de apoio, com altura regulável. ARMÁRIOS Armário individuais próximos às mesas de trabalho, com portas e chaves, para guarda de pertences pessoais; em madeira, com acabamento durável e colorido, passíveis de personalização – com desenhos, etiquetas, cores e fotografias; Dimensionamento médio: 35 cm (l) x 40 cm (p) x 75 cm (a), maior que os armários convencionais, a fim de armazenar laptops. Os puxadores devem ser tipo alavanca, com bordas arredondadas e espaço suficiente para pega e manuseio acessível, a altura da instalação dos puxadores deve permitir manuseio em cadeira de rodas. O armário do professor deve acomodar livros, papeis e pastas, com espaços abertos e também fechados com chaves. Os nichos para abrigar caixas e grandes volumes devem estar posicionados próximos ao piso, com largura que permita abrigar grandes volumes. Os penduradores de mochilas devem suportar peso suficiente para 253

acomodar volumes dos livros e laptops, suas instalações devem permitir o acesso de pessoas de diferentes estaturas, desde 1,00 a 1,50m. MÓVEIS PARA VARANDA Mesas e cadeiras leves e coloridos, que possam acomodar muitas pessoas. Dispor almofadas, bancos e desníveis promovendo oportunidades de relaxamento e de convivência. CORTINAS Cortina de acionamento por controle remoto, em fibra de poliéster, tipo blackout, na cor branca. EQUIPAMENTOS LOUSAS Lousas acessíveis e instaladas a uma altura inferior máxima de 90 cm do piso. Combinação de lousa digital e tradicional acopladas no mesmo equipamento a fim de facilitar a demonstração dos conteúdos em atividade expositiva. Dimensões totais da lousa de 260 cm (l) x 120 cm (a). PROJETORES A instalação de projetores deve estar acoplada à lousa (lousa digital) e ao computador de trabalho expositivo da sala. O computador deve estar posicionado sobre uma mesa, localizada nas proximidades da lousa, sem obstruir (nem visualmente, nem com instalações e fios) o espaço de circulação frontal na sala. Dimensão da projeção em tela interativa 160 cm (l) x 120 cm (a). IMPRESSORA E OUTROS PERIFÉRICOS Equipamentos de uso educacional como impressoras e computadores devem estar conectados em rede, e disponíveis para utilização. Fios e cabos instalados em rodapé técnico, não obstruir a circulação, e suas tomadas devem estar posicionadas nas paredes mais próximas dos respectivos equipamentos, se necessário reposicionar tomadas ao longo de rodapés técnicos, e não utilizar extensores. Altura acessível das tomadas de 65 a 75 cm, do piso acabado. LAPTOPS, TABLETS E CELULARES Equipamentos de uso pessoal, como laptops, tablets e celulares devem ser usados livremente pelos estudantes, proporcionando compartilhamento de informações e socialização, através da uma rede WI-FI estável e aberta. Deve haver facilidade de recarga de energia para esses equipamentos, com pontos de energia distribuídos em toda a sala, no piso ou sobre as mesas.

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APÊNDICE I

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Convidamos o (a) Sr. (a) para participar como voluntário (a) da pesquisa “MODELO CONCEITUAL DE AMBIENTE DE APRENDIZAGEM ADEQUADO A PRÁTICAS COM BLENDED LEARNING PARA ESCOLAS DE ENSINO MÉDIO”, que está sob a responsabilidade do (a) pesquisador (a): THAISA FRANCIS CÉSAR SAMPAIO SARMENTO, residente à Rua B, Loteamento Duas Irmãs, n. 89, apto. 702, Poço, Maceió, Alagoas – CEP: 57025-772, Telefone 82 993313518, e e-mail: [email protected], e dos pesquisadores orientadores: VILMA VILLAROUCO, Telefone 81 996329939, e-mail: [email protected], e de ALEX SANDRO GOMES, Telefone 81 96047848, e- mail: [email protected], para contato do pesquisador responsável (inclusive ligações a cobrar). Este Termo de Consentimento pode conter alguns tópicos que o (a) senhor (a) não entenda. Caso haja alguma dúvida, pergunte à pessoa que está o entrevistando, para que o (a) senhor (a) esteja bem esclarecido (a) sobre tudo que está respondendo. Após ser esclarecido (a) sobre as informações a seguir, caso aceite fazer parte do estudo, rubrique as folhas e assine ao final deste documento, que está em duas vias. Uma delas é sua e a outra é do pesquisador responsável. Em caso de recusa o (a) Sr. (a) não será penalizado (a) de forma alguma. Também garantimos que o (a) Senhor (a) tem o direito de retirar o consentimento da sua participação em qualquer fase da pesquisa, sem qualquer penalidade. INFORMAÇÕES SOBRE A PESQUISA: O objetivo dessa pesquisa é desenvolver um Modelo Conceitual de ambiente de aprendizagem, numa abordagem ativa e dialógica, considerando a utilização de novas tecnologias de ensino, e a participação dos usuários (professores e estudantes) num processo de design participativo. Portanto, para a proposição de um novo modelo é necessário aplicar diferentes técnicas existentes de percepção ambiental e analisar resultados com propósito de identificar pontos relevantes, de cada técnica. A partir desses dados, será desenvolvido um novo modelo de ambiente de aprendizagem, que esteja mais adequado ao ensino centrado no estudante, e em na aplicação de metodologias ativas com novas tecnologias, a fim de gerar atributos para futuros projetos para novas edificações escolares. A metodologia da pesquisa prevê a aplicação de diferentes técnicas de etnografia e de percepção ambiental dos ambientes de aprendizagem, destacando-se: Observação etnográfica rápida: o pesquisador frequentará os ambientes de aprendizagem, e registrará em meio escrito e fotográfico a cultura da escola, e as formas de utilização dos espaços. Da percepção ambiental: o pesquisador registrará a forma de utilização dos espaços de aprendizagem e entrevistas semiestruturadas individuais, que são considerados com possibilidade quase nula de riscos aos entrevistados. Esta análise e aplicação das técnicas citadas de observação etnográfica e de percepção ambiental apresentam riscos mínimos como constrangimento, por não saber ou não querer responder perguntas, uma vez que serão realizadas apenas avaliações e observações do ambiente construído e perguntas para entender qual a opinião do (a) Senhor (a) usuário (a) desses ambientes. Como forma de minimizar tais constrangimentos, as perguntas serão realizadas em ambiente reservado, porém caso sinta-se constrangido, poderá recusar-se participar da pesquisa. Não estão previstos benefícios diretos, bem como benefícios indiretos. Essa pesquisa poderá gerar dados que possibilitem o entendimento da percepção e desejos de usuários em relação aos ambientes por ele vivenciados. Também irá contribuir para a melhoria e adequabilidade de espaços existentes, além de gerar subsídios para novas concepções das necessidades escolares frente às inovações tecnológicas existentes, visando à promoção do bem-estar, segurança e melhoria da qualidade de vida de usuários, com ambientes mais inclusivos e dinâmicos. As informações desta pesquisa serão confidenciais e serão divulgadas apenas em eventos ou publicações científicas, não havendo identificação dos voluntários, a não ser entre os responsáveis pelo estudo, sendo assegurado o sigilo sobre a sua participação. Os dados coletados nesta pesquisa sob a forma de gravações, entrevistas, fotos, e filmagens, ficarão armazenados em pastas de arquivo e computador pessoal, sob a responsabilidade da pesquisadora, no endereço acima informado, pelo período de 5 (cinco) anos, a contar a partir do início da coleta de dados. O Senhor (a) não pagará nada para participar desta pesquisa, também não receberá nenhum pagamento para a sua participação, pois é voluntária. Se houver necessidade, as despesas (deslocamento e alimentação) para a 255

sua participação e de seus pais serão assumidas ou ressarcidas pelos pesquisadores. Fica também garantida indenização em caso de danos, comprovadamente decorrentes da sua participação na pesquisa, conforme decisão judicial ou extrajudicial. Em caso de dúvidas relacionadas aos aspectos éticos deste estudo, você poderá consultar o Comitê de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos da UFPE no endereço: (Avenida da Engenharia s/n – 1º Andar, sala 4 - Cidade Universitária, Recife-PE, CEP: 50740-600, Tel.: (81) 2126.8588 – e-mail: [email protected]).

______(Assinatura do pesquisador)

CONSENTIMENTO DA PARTICIPAÇÃO DA PESSOA COMO VOLUNTÁRIO (A) Eu, ______, CPF ______, abaixo assinado, após a leitura (ou a escuta da leitura) deste documento e de ter tido a oportunidade de conversar e ter esclarecido as minhas dúvidas com o pesquisador responsável, concordo em participar do estudo “MODELO CONCEITUAL DE AMBIENTE DE APRENDIZAGEM ADEQUADO A PRÁTICAS COM BLENDED LEARNING PARA ESCOLAS DE ENSINO MÉDIO”, como voluntário (a). Fui devidamente informado (a) e esclarecido (a) pelo (a) pesquisador (a) sobre a pesquisa, os procedimentos nela envolvidos, assim como os possíveis riscos e benefícios decorrentes de minha participação. Foi-me garantido que posso retirar o meu consentimento a qualquer momento, sem que isto leve a qualquer penalidade (ou interrupção de meu acompanhamento/ assistência/tratamento).

Local e data ______Assinatura do participante: ______Presenciamos a solicitação de consentimento, esclarecimentos sobre a pesquisa e o aceite do voluntário em participar. (02 testemunhas não ligadas à equipe de pesquisadores): Testemunhas: Nome: Assinatura: ______Nome: Assinatura: ______

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APÊNDICE J

TERMO DE ASSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Convidamos você ______(nome do menor), após autorização dos seus pais [ou dos responsáveis legais] para participar como voluntário (a) da pesquisa “MODELO CONCEITUAL DE AMBIENTE DE APRENDIZAGEM ADEQUADO A PRÁTICAS COM BLENDED LEARNING PARA ESCOLAS DE ENSINO MÉDIO ”, que está sob a responsabilidade do (a) pesquisador (a) THAISA FRANCIS CÉSAR SAMPAIO SARMENTO, residente à Rua B, Loteamento Duas Irmãs, n. 89, apto. 702, Poço, Maceió, Alagoas – CEP: 57025-772, Telefone 82 993313518, e e-mail: [email protected]. Também participam dessa pesquisa, na condição de orientadora, a pesquisadora: VILMA VILLAROUCO, Telefone 81 96329939, e e-mail: [email protected]; e, na condição de Coorientador, o pesquisador: ALEX SANDRO GOMES, Telefone 81 96047848, e e-mail: [email protected], para contato do pesquisador responsável (inclusive ligações a cobrar). Caso este Termo de Assentimento contenha informação que não lhe seja compreensível, as dúvidas podem ser tiradas com a pessoa que está lhe entrevistando e apenas, ao final, quando todos os esclarecimentos forem dados e concorde com a realização do estudo pedimos que rubrique as folhas e assine ao final deste documento, que está em duas vias, uma via lhe será entregue para que seus pais ou responsável possam guardá-la e a outra ficará com o pesquisador responsável. Você será esclarecido (a) sobre qualquer dúvida e estará livre para decidir participar ou recusar-se. Caso não aceite participar, não haverá nenhum problema, desistir é um direito seu. Para participar deste estudo, o responsável por você deverá autorizar e assinar um Termo de Consentimento, podendo retirar esse consentimento ou interromper a sua participação a qualquer momento, sem nenhum prejuízo. INFORMAÇÕES SOBRE A PESQUISA: O objetivo dessa pesquisa é desenvolver um Modelo Conceitual de ambiente de aprendizagem, numa abordagem ativa e dialógica, considerando a utilização de novas tecnologias de ensino, e a participação dos usuários (professores e estudantes) num processo de design participativo. Portanto, para a proposição de um novo modelo é necessário aplicar diferentes técnicas existentes de percepção ambiental e analisar resultados com propósito de identificar pontos relevantes, de cada técnica. A partir desses dados, será desenvolvido um novo modelo de ambiente de aprendizagem, que esteja mais adequado ao ensino centrado no estudante, e em na aplicação de metodologias ativas com novas tecnologias, a fim de gerar atributos para futuros projetos para novas edificações escolares. A metodologia da pesquisa prevê a aplicação de diferentes técnicas de etnografia e de percepção ambiental dos ambientes de aprendizagem, destacando-se: Observação etnográfica rápida: o pesquisador frequentará os ambientes de aprendizagem, e registrará em meio escrito e fotográfico a cultura da escola, e as formas de utilização dos espaços. Da percepção ambiental: o pesquisador registrará a forma de utilização dos espaços de aprendizagem e entrevistas semiestruturadas individuais, que são considerados com possibilidade quase nula de riscos aos entrevistados. Esta análise e aplicação das técnicas citadas de observação etnográfica e de percepção ambiental apresentam riscos mínimos como constrangimento, por não saber ou não querer responder perguntas, uma vez que serão realizadas apenas avaliações e observações do ambiente construído e perguntas para entender qual a opinião do (a) Senhor (a) usuário (a) desses ambientes. Como forma de minimizar tais constrangimentos, as perguntas serão realizadas em ambiente reservado, porém caso sinta-se constrangido, poderá recusar-se participar da pesquisa. Não estão previstos benefícios diretos, bem como benefícios indiretos. Essa pesquisa poderá gerar dados que possibilitem o entendimento da percepção e desejos de usuários em relação aos ambientes por ele vivenciados. Também irá contribuir para a melhoria e adequabilidade de espaços existentes, além de gerar subsídios para novas concepções das necessidades escolares frente às inovações tecnológicas existentes, visando à promoção do bem-estar, segurança e melhoria da qualidade de vida de usuários, com ambientes mais inclusivos e dinâmicos. As informações desta pesquisa serão confidenciais e serão divulgadas apenas em eventos ou publicações científicas, não havendo identificação dos voluntários, a não ser entre os responsáveis pelo estudo, sendo assegurado o sigilo sobre a sua participação. Os dados coletados nesta pesquisa sob a forma de gravações, entrevistas, fotos e filmagens, ficarão armazenados em pastas de arquivo e computador pessoal, sob a 257

responsabilidade da pesquisadora, no endereço acima informado, pelo período de 5 (cinco) anos, a contar a partir do início da coleta de dados. Nem você e nem seus pais [ou responsáveis legais] não pagarão nada para participar desta pesquisa, também não receberão nenhum pagamento para a sua participação, pois é voluntária. Se houver necessidade, as despesas (deslocamento e alimentação) para a sua participação e de seus pais serão assumidas ou ressarcidas pelos pesquisadores. Fica também garantida indenização em caso de danos, comprovadamente decorrentes da sua participação na pesquisa, conforme decisão judicial ou extrajudicial. Em caso de dúvidas relacionadas aos aspectos éticos deste estudo, você poderá consultar o Comitê de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos da UFPE no endereço: (Avenida da Engenharia s/n – 1º Andar, sala 4 - Cidade Universitária, Recife-PE, CEP: 50740-600, Tel.: (81) 2126.8588 – e-mail: [email protected]).

______(Assinatura do pesquisador)

ASSENTIMENTO DO (A) MENOR DE IDADE EM PARTICIPAR COMO VOLUNTÁRIO (A) Eu, ______, portador do documento de Identidade ______(se já tiver documento), abaixo assinado, concordo em participar do estudo “MODELO CONCEITUAL DE AMBIENTE DE APRENDIZAGEM ADEQUADO A PRÁTICAS COM BLENDED LEARNING PARA ESCOLAS DE ENSINO MÉDIO”, como voluntário (a). Fui informado (a) e esclarecido (a) pelo (a) pesquisador (a) sobre a pesquisa, o que vai ser feito, assim como os possíveis riscos e benefícios que podem acontecer com a minha participação. Foi-me garantido que posso desistir de participar a qualquer momento, sem que eu ou meus pais precise pagar nada.

Local e data ______Assinatura do (da) menor participante: ______Presenciamos a solicitação de consentimento, esclarecimentos sobre a pesquisa e o aceite do voluntário em participar. (02 testemunhas não ligadas à equipe de pesquisadores): Testemunhas: Nome: Assinatura: ______Nome: Assinatura: ______

258

APÊNDICE K TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (PARA RESPONSÁVEL LEGAL PELO MENOR DE 18 ANOS - Resolução 466/12)

Solicitamos a sua autorização para convidar o (a) seu/sua filho (a) ______{ou menor que está sob sua responsabilidade} para participar, como voluntário (a), da pesquisa “MODELO CONCEITUAL DE AMBIENTE DE APRENDIZAGEM ADEQUADO A PRÁTICAS COM BLENDED LEARNING PARA ESCOLAS DE ENSINO MÉDIO”. Esta pesquisa é da responsabilidade da pesquisadora THAISA FRANCIS CÉSAR SAMPAIO SARMENTO, residente à Rua B, Loteamento Duas Irmãs, n. 89, apto. 702, Poço, Maceió, Alagoas – CEP: 57025-772, Telefone 82 993313518 (inclusive para ligações a cobrar), e e-mail: [email protected]. Também participam desta pesquisa os pesquisadores orientadores: VILMA VILLAROUCO, Telefone 81 996329939, e e-mail: [email protected], e ALEX SANDRO GOMES, Telefone 81 96047848, e e-mail: [email protected]. Caso este Termo de Consentimento contenha informações que não lhe sejam compreensíveis, as dúvidas podem ser tiradas com a pessoa que está o entrevistando e apenas, ao final, quando todos os esclarecimentos forem dados, caso concorde que o (a) menor faça parte do estudo, pedimos que rubrique as folhas e assine ao final deste documento, que está em duas vias, uma via lhe será entregue e a outra ficará com o pesquisador responsável. Caso não concorde, não haverá penalização nem para o (a) Sr. (a) nem para o/a voluntário/a que está sob sua responsabilidade, bem como será possível ao/a Sr. (a) retirar o consentimento a qualquer momento, também sem nenhuma penalidade. INFORMAÇÕES SOBRE A PESQUISA: O objetivo dessa pesquisa é desenvolver um Modelo Conceitual de ambiente de aprendizagem, numa abordagem ativa e dialógica, considerando a utilização de novas tecnologias de ensino, e a participação dos usuários (professores e estudantes) num processo de design participativo. Portanto, para a proposição de um novo modelo, é necessário aplicar diferentes técnicas existentes de percepção ambiental e analisar resultados com propósito de identificar pontos relevantes, de cada técnica. A partir desses dados, será desenvolvido um novo modelo de ambiente de aprendizagem, que esteja mais adequado ao ensino centrado no estudante, e em na aplicação de metodologias ativas com novas tecnologias, a fim de gerar atributos para futuros projetos para novas edificações escolares. A metodologia da pesquisa prevê a aplicação de diferentes técnicas de etnografia e de percepção ambiental dos ambientes de aprendizagem, destacando-se: Observação etnográfica: o pesquisador frequentará os ambientes de aprendizagem e registrará, em meio escrito e fotográfico, a cultura da escola e as formas de utilização dos espaços. Da percepção ambiental: o pesquisador registrará a forma de utilização dos espaços de aprendizagem por meio da elaboração de mapa comportamental, e entrevistas semiestruturadas individuais, que são considerados com possibilidade quase nula de riscos aos entrevistados. Esta análise e aplicação das técnicas citadas de observação etnográfica e de percepção ambiental apresentam riscos mínimos como constrangimento, por não saber ou não querer responder perguntas, uma vez que serão realizadas apenas avaliações e observações do ambiente construído e perguntas para entender qual a opinião do (a) Senhor (a) usuário (a) desses ambientes. Como forma de minimizar tais constrangimentos, as perguntas serão realizadas em ambiente reservado, porém caso sinta-se constrangido, poderá recusar-se participar da pesquisa. Não estão previstos benefícios diretos, bem como benefícios indiretos. Essa pesquisa poderá gerar dados que possibilitem o entendimento da percepção e desejos de usuários em relação aos ambientes por ele vivenciados. Também irá contribuir para a melhoria e adequabilidade de espaços existentes, além de gerar subsídios para novas concepções das necessidades escolares frente às inovações tecnológicas existentes, visando à promoção do bem-estar, segurança e melhoria da qualidade de vida de usuários, com ambientes mais inclusivos e dinâmicos. As informações desta pesquisa serão confidenciais e serão divulgadas apenas em eventos ou publicações científicas, não havendo identificação dos voluntários, a não ser entre os responsáveis pelo estudo, sendo assegurado o sigilo sobre a sua participação. Os dados coletados nesta pesquisa sob a forma de gravações, entrevistas, fotos, e filmagens, ficarão armazenados em pastas de arquivo e computador pessoal, sob a responsabilidade da pesquisadora, no endereço acima informado, pelo período de 5 (cinco) anos, a contar a partir do início da coleta de dados. 259

Nem você (responsável legal) e nem seu filho (a) não pagarão nada para participar desta pesquisa, também não receberão nenhum pagamento para a sua participação, pois é voluntária. Se houver necessidade, as despesas (deslocamento e alimentação) para a sua participação e de seus pais serão assumidas ou ressarcidas pelos pesquisadores. Fica também garantida indenização em caso de danos, comprovadamente decorrentes da sua participação na pesquisa, conforme decisão judicial ou extrajudicial. Em caso de dúvidas relacionadas aos aspectos éticos deste estudo, você poderá consultar o Comitê de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos da UFPE no endereço: (Avenida da Engenharia s/n – 1º Andar, sala 4 - Cidade Universitária, Recife-PE, CEP: 50740-600, Tel.: (81) 2126.8588 – e-mail: [email protected]).

______(Assinatura do pesquisador)

CONSENTIMENTO DO RESPONSÁVEL PARA PARTICIPAÇAÕ DO VOLUNTÁRIO (A) Eu, ______, CPF______, abaixo assinado, responsável por ______, autorizo a sua participação no estudo “MODELO CONCEITUAL DE AMBIENTE DE APRENDIZAGEM ADEQUADO A PRÁTICAS COM BLENDED LEARNING PARA ESCOLAS DE ENSINO MÉDIO” como voluntário (a). Fui devidamente informado (a) e esclarecido (a) pelo (a) pesquisador (a) sobre a pesquisa, os procedimentos nela envolvidos, assim como os possíveis riscos e benefícios decorrentes da participação dele (a). Foi-me garantido que posso retirar o meu consentimento a qualquer momento, sem que isto leve a qualquer penalidade (ou interrupção de seu acompanhamento/ assistência/tratamento) para mim ou para o (a) menor em questão. Local e data ______Assinatura do (da) menor participante: ______Presenciamos a solicitação de consentimento, esclarecimentos sobre a pesquisa e o aceite do voluntário em participar. (02 testemunhas não ligadas à equipe de pesquisadores): Testemunhas: Nome: Assinatura: ______Nome: Assinatura: ______

260

APÊNDICE L

TERMO DE RESPONSABILIDADE DO PESQUISADOR

Por este termo de responsabilidade, eu, THAISA FRANCIS CÉSAR SAMPAIO SARMENTO, mestre e pesquisadora responsável pelo projeto “MODELO CONCEITUAL DE AMBIENTE DE APRENDIZAGEM ADEQUADO A PRÁTICAS COM BLENDED LEARNING PARA ESCOLAS DE ENSINO MÉDIO”, assumo cumprir fielmente as diretrizes regulamentadas na Resolução nº 466/12, publicada no Diário Oficial da União, em 13/06/2013, de acordo com o Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde, e suas complementares, e declaro que:

• Assumo o compromisso de zelar pela privacidade e pelo sigilo das informações, que serão obtidas e utilizadas para o desenvolvimento da pesquisa, e preservados por um período de cinco anos após o termino do estudo; • Os materiais e as informações obtidas no desenvolvimento deste trabalho serão utilizados para se atingir o objetivo previsto na pesquisa; • Os resultados da pesquisa serão tornados públicos por meio de publicação em periódicos científicos e/ou em encontros científicos, quer sejam favoráveis ou não, respeitando-se sempre a privacidade e os direitos individuais dos sujeitos da pesquisa; • Suspenderei a pesquisa imediatamente ao perceber algum risco ou dano, previsto ou não, no termo de consentimento livre e esclarecido, decorrente da pesquisa, a qualquer um dos sujeitos participantes; • O Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) será comunicado, por meio de relatório anual, sobre o andamento, suspensão do trabalho ou encerramento da pesquisa, com a devida justificativa, ou qualquer eventual modificação na proposta inicial do projeto de pesquisa; • Assumo que a pesquisa será iniciada após aprovação do CEP | UFPE.

Recife, 13 de outubro de 2016.

THAISA F. C. SAMPAIO SARMENTO – CPF: 001020184-05