Pontifícia Universidade Católica De São Paulo Puc-Sp Elisa Zaneratto Rosa Por Uma Reforma Psiquiátrica Antimanicomial: O
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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC-SP ELISA ZANERATTO ROSA POR UMA REFORMA PSIQUIÁTRICA ANTIMANICOMIAL: O papel estratégico da Atenção Básica para um projeto de transformação social DOUTORADO EM PSICOLOGIA SOCIAL São Paulo 2016 ELISA ZANERATTO ROSA POR UMA REFORMA PSIQUIÁTRICA ANTIMANICOMIAL: O papel estratégico da Atenção Básica para um projeto de transformação social Tese apresentada ao Programa de Estudos Pós-Graduados em Psicologia Social da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, sob a orientação do Prof. Dr. Odair Furtado para a obtenção do título de Doutora em Psicologia Social. São Paulo 2016 Nome: ROSA, Elisa Zaneratto. Título: Por uma Reforma Psiquiátrica Antimanicomial: O papel estratégico da Atenção Básica para um projeto de transformação social. Tese apresentada ao Programa de Estudos Pós-Graduados em Psicologia Social da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, sob a orientação do Prof. Dr. Odair Furtado para a obtenção do título de Doutora em Psicologia Social. Aprovada em: ______/ ______/ ______ BANCA EXAMINADORA Prof. Dr. Odair Furtado Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Profa. Dra. Maria da Graça Marchina Gonçalves Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Profa. Dra. Edna Maria Severino Peters Kahhale Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Prof. Dr. Silvio Yasui Universidade Estadual Paulista Profa. Dra. Rosana Teresa Onocko Campos Universidade Estadual de Campinas Dedico este trabalho aos militantes da luta antimanicomial, por permitirem a utopia de uma sociedade sem manicômios. AGRADECIMENTOS Ao meu orientador, Odair Furtado, pela sua capacidade de nos provocar a reflexão crítica e, ao mesmo tempo, nos acolher; por sua paciência e confiança diante do percurso necessário à conclusão deste trabalho. A todos aqueles que compuseram a experiência do PET-Saúde, os quais eu considero como coautores deste trabalho. A Cris Vicentin e Edna Kahhale, por sustentarem o projeto na Universidade e pela parceria na condução do processo. Aos preceptores, trabalhadores da rede de saúde mental no território da FÓ/Brasilândia, por trazerem para o campo acadêmico a experiência viva do território e dos serviços, potencializando e movimentando a formação e a produção de conhecimento. A todos os bolsistas, pelo engajamento e por terem se tornado militantes do SUS e da luta antimanicomial, conferindo um sentido especial ao nosso trabalho cotidiano. Aos estudantes envolvidos com a experiência do Pró-Saúde, sobretudo aqueles que comigo estiveram nos Núcleos de Políticas Públicas e de Saúde Mental, por suas indagações e pela possibilidade de interlocução a partir da presença no território, provocando grande parte das reflexões aqui apresentadas. À minha família, por ser o campo seguro do afeto e do descanso. Agradeço ao meu pai e à minha mãe, por sua dedicação ao longo da vida para apoiarem os projetos que cada um de nós escolheu e por não me permitirem jamais recuar diante de um desafio. Aos meus sobrinhos, minha alegria: agradeço a Nath, que se tornou uma grande companheira na minha vida; a Duda, que com suas posições intransigentes produz deliciosos encontros; e ao João, pelos abraços, sorrisos e encantamento diante da simplicidade das coisas. Vocês deixam a minha vida mais colorida. A Daniela e ao Mauricio, que produzem em mim a certeza de que ter irmãos é essencial; pelas diferenças a partir das quais eu me tornei muito do que sou. Agradeço de forma vibrante a todos os meus amigos. Agradeço por vocês serem muitos e por estarem em muitos lugares. Agradeço pelos tantos encontros que fazem a vida ficar cheia de sentido. Finalmente, agradeço por terem esperado, cada um a seu modo; pelas vezes que me tiraram de dentro de casa e pelo apoio à conclusão dessa etapa. Não conseguirei nomear todos, mas registro meu agradecimento àqueles que acompanharam mais de perto a construção da tese: Fabio, Vini, Giuliana, Thais, Cibele, Moacyr e Bruno. Um agradecimento especial às minhas amigas da Floresta, Deborah, Luciana e Renata, pelos encontros que nos fazem sorrir e nos permitem dar continuidade aos nossos trabalhos. Gostaria de agradecer também aos demais companheiros da equipe de Psicologia Sócio-Histórica, em especial Graça, Ana, Ia, Sandra, Patricia, Bronia e Sergio, por serem, há muitos anos, meus apoiadores e minhas referências, por apontarem o caminho de uma Psicologia crítica. Aos parceiros que comigo dividem a gestão do CRP/SP, pelo compromisso com uma Psicologia a serviço da igualdade e da democracia e pelo apoio coletivo para que eu pudesse concluir esse trabalho. Agradeço de forma especial aos amigos que compuseram a diretoria durante o tempo da escrita: a Adriana Eiko, por ser uma outra voz e por estar ao meu lado incansavelmente desde o início dessa trajetória; ao Guilherme, Agnaldo e Gabriela, impecáveis no trabalho, pelo apoio e pelo afeto com os quais permitiram que eu estivesse mais tempo com a tese. Finalmente, agradeço aos amigos do NUTAS, que formam esse espaço quente de acolhimento, amizade e alegria, essencial para nossos estudos e pesquisas. Agradeço especialmente a Renata Leatriz, que até o final, de longe, me apoiou no trabalho, e a Evelyn, que esteve ao meu lado em todos os momentos que precisei. Agradeço a Miriam e a Graça Lima, por fazerem nossos encontros muito mais divertidos. RESUMO ROSA, Elisa Zaneratto. Por uma Reforma Psiquiátrica Antimanicomial: o papel estratégico da Atenção Básica para um projeto de transformação social. 2016. 380 p. Tese (Doutorado) – Programa de Estudos Pós-Graduados em Psicologia Social, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2016. Esta pesquisa analisa desafios para o avanço da radicalidade antimanicomial da Reforma Psiquiátrica brasileira, defendendo o papel estratégico da Atenção Básica e das políticas intersetoriais de acesso a direitos. Ela é um desdobramento do trabalho realizado pelo Pró- PET-Saúde, entre os anos de 2012 e 2014, por meio do convênio firmado entre a PUCSP e a Supervisão Técnica de Saúde da FÓ/Brasilândia. Resgatando referências teóricas da Reforma Psiquiátrica italiana, a radicalidade antimanicomial é localizada na ruptura com a concepção de doença mental, cujas determinações remontam ao sistema socioeconômico. Em decorrência, preconiza-se que as estratégias de cuidado estejam orientadas para a transformação da relação entre sociedade e loucura. A pesquisa objetivou analisar, em Projetos Terapêuticos Singulares da rede comunitária de atenção em saúde mental, a superação da concepção de doença mental, a transformação dos itinerários terapêuticos dos usuários e os obstáculos para a produção de intervenções a partir do território e da comunidade, com ênfase no papel da Atenção Básica. Foram selecionados quatro casos acompanhados no percurso do PET-Saúde, pertencentes à população adstrita à região de uma Unidade Básica de Saúde da Brasilândia. Os dados foram analisados a partir de uma categorização que considerou o circuito medicalização/internação e a problematização da concepção de doença mental na abordagem dos casos pela rede; a vulnerabilidade social, as intersecções gênero e raça e seus impactos nos projetos terapêuticos; a relevância do trabalho na experiência de sofrimento dos sujeitos e as respostas ofertadas pelos serviços. O percurso metodológico apoiou-se nos fundamentos da Psicologia Sócio-Histórica e do método materialista histórico dialético. Reconhecendo a historicidade como categoria fundamental, a análise buscou apreender o cuidado em saúde mental ofertado pela rede, a partir de suas múltiplas determinações constitutivas. Nesse processo, a leitura da trajetória histórica da Reforma Psiquiátrica no Brasil sinaliza o avanço da rede substitutiva e, ao mesmo tempo, os efeitos dos pactos neoliberais para a integralidade e a continuidade do cuidado em saúde mental. A apreensão das condições do território salienta importantes índices de pobreza, vulnerabilidade e violência, acompanhados pela precariedade de políticas intersetoriais de garantia de direitos na região. Do ponto de vista da implantação da rede de saúde mental no território, destacam-se os modelos de gestão que impuseram uma descontinuidade, com desdobramentos na consolidação do apoio matricial. Nos projetos terapêuticos, esses processos se singularizam nos obstáculos à ruptura radical com a concepção de doença mental e à produção de intervenções centradas no território, o que convive com o reconhecimento das singularidades na produção do cuidado. O campo da Atenção Básica, especialmente por meio da Estratégia Saúde da Família, apresenta-se como potente para a oferta de intervenções orientadas às necessidades dos sujeitos, a partir de suas condições concretas de existência, impactando a comunidade e articulando redes intersetoriais. Para tanto, a pesquisa aponta a necessidade de investimentos voltados à qualificação do cuidado em saúde mental pela Atenção Básica, entendendo a necessidade de priorizar nos projetos terapêuticos a relação entre sociedade e loucura, na direção do compromisso com o processo histórico de transformação social. PALAVRAS-CHAVE: Reforma Psiquiátrica; Luta Antimanicomial; Atenção Básica; Psicologia Sócio-Histórica; Itinerários Terapêuticos. ABSTRACT ROSA, Elisa Zaneratto. Towards an Anti-Asylum Psychiatric Reform: the strategic role of Primary Health Care for a project of social transformation. 2016. 380 p. Thesis (Doctorate Degree) – Programme of Post-Graduation Studies in Social Psychology, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2016. This study analyzes challenges for the advancement of the anti-asylum