J J jornaldeletras.pt * 17 a 30 de julho de 2019 17 a 30 de julho de 2019 * jornaldeletras.pt 6 * tema GALIZA tema * 7

regionalismo galego em nacionalismo A Trabe de Ouro) quer nas relações aceso o lume do seu compromisso leiros celebrados nos anos 50 e 60. te este panorama, acho necessária › Galiza, aqui tão perto do coração ‹ político, que se consolida na primeira promovidas no campo da arqueo- com a cultura galega, como o faz pa- O diálogo entre a Galiza e sublinhar as mudanças acontecidas assembleia das Irmandades da Fala logia e da etnografia pelo Seminário tente a sua própria obra pessoal sobre nem sempre foi fácil e, acima de tudo, com a transição para as democracias (Lugo, 1918), mudaram as visões de Estudos Galegos, fundado em a literatura medieval (as Cantigas de apresenta os traços próprios de dois políticas dos anos 70. No próximo dia 25 celebra-se o Dia Nacional da Galiza, ou Dia da Pátria Galega - e o JL dedica-lhe a capa e o Tema, intenção de Portugal face á Galiza e, com Santiago em 1923, de que também Escárnio e Maldizer foram editadas sistemas literários e culturais que maior intensidade, desta a respei- formaram parte alguns intelectuais pela Galaxia nos anos 60) e na me- possuem uma grande desigualdade. DOIS FEITOS MARCAM clara- antiga de um jornal que por todas as razões da Galiza se sente tão próximo (ler com. de JCV na p. 3), tema que se prolongará to de Portugal. No curso daquela portugueses, como A. de Serpa Pinto, mória em que honra os seus amigos As dificuldades não estão nas barreiras mente o devir histórico dos últimos pelo menos na próxima edição. Por óbvias razões de espaço o seu ângulo de abordagem tem de ser limitado: no caso à reunião política, por iniciativa do acolhido no ano 1926. Dar noticia do autonomistas e republicanos, o que linguísticas ou físicas entre a Galiza e decénios. O primeiro, a integração jornalista e fundador da primeira das grupo português da Renascença e dos lhe permitiu arranjar uma grande Portugal, que são quase irrelevantes. da Espanha e Portugal, de modo relação privilegiada entre a Galiza e Portugal, ao que a Galiza significa para nós e até para os povos da nosso língua em Irmandades, António Villar Ponte, seus principais representantes, como homenagem a Castelao na revista As dificuldades derivam da desigual- conjunto e coevo, nas instituições foi lavrado um documento de pendor Teixeira de Pascoaes ou Leonardo Seara Nova (1951) que naquela altura dade política entre um Estado nacional comunitárias europeias, feito que geral, e à panorâmica possível sobre a cultura - a literatura e as artes - hoje nessa "pátria" vizinha e irmã. Todos os textos pangaleguista em que se afirmava Coimbra, é frequente nas revistas era inviável na Galiza. E no exílio como Portugal e uma nação cultural teve consequências relevantes como foram escritos propositadamente para o JL e são de alguns dos nomes mais destacados da Galiza, nas suas respetivas áreas, que “mentres que exista Portugal, galegas e algo análogo acontece em americano figuras como Alberto como a Galiza, inserida politicamen- a supressão das fronteiras e a criação existirá Galiza”. A construção da Portugal, onde os nomes de Álvaro Machado da Rosa ou Ernesto Guerra te na Espanha. Essas relações foram pioneira de um programa de coo- entre eles estando desde logo o de Ramón Villares, que deu um contributo essencial para que tal fosse possível. Optamos identidade cultural e política galega Cebreiro, Noriega Varela, Castelao e, da Cal promoveram o lusitanismo definidas por Pilar Vázquez Cuesta peração transfronteiriça que mudou por manter os textos - e por maioria de razão os poemas - em galego, mas com um breve glossário, graças à prestimosa precisava referentes de oposição acima de todos, , apare- sem deixarem de prestar atenção á como um “diálogo assimétrico” no completamente as relações entre a e de reintegração. O primeiro era cem em A Águia ou na Seara Nova. Na literatura galega e à sua língua, que prefácio a um dos esforços mais con- Galiza e o norte de Portugal, com no- colaboração de Silvia Capon, licenciada em Letras na Universidade de Santiago de Compostela, professora, escritora e representado por Castela; o segundo, primeira delas, o próprio Risco publica foi incluída nos colóquios luso-brasi- seguidos que se fizeram desde a Galiza vos equipamentos de infraestruturas, tradutora. Destaque ainda, nas páginas seguintes, para as belas crónicas de Lídia Jorge e Valter Hugo Mãe - tendo o gosto de por Portugal. e um incremento extraordinário dos intercâmbios comerciais e também anunciar que na próxima edição teremos um texto da grande escritora brasileira, de ascendência galega, Nélida Piñon AS RELAÇÕES POLÍTICAS E CUL- culturais e universitários. Um centro TURAIS foram alvo essencial para de estudos da eurorregião (CEER), as Irmandades da Fala e o grupo da alentado pelas universidades galegas revista Nós. Não é por acaso que, aos e do norte de Portugal é uma mostra poucos meses da aposta pangaleguista desta cooperação. das Irmandades, apareça uma pri- O segundo feito refere-se á meira colaboração literária de Vicente existência do regime de autogoverno Risco, principal teórico do naciona- na Galiza desde 1981, no contexto Terra irmã de Portugal lismo galego da altura, publicada na do “Estado das Autonomias” da revista portuguesa Atlántida (1919), na Espanha. Este novo marco institucio- que confessa que o seu objetivo é co- nal acompanhou uma forte recupe- meçar uma “nova comunicação com o ração cultural e a criação de um novo Ramón Villares Era possível refazer aquela cisão? público de Portugal”, visando superar equipamento (editoras, indústria Foi em fins do século XIX, abandona- a maldição de serem os galegos e por- audiovisual, museus de arte contem- da a utopia política do iberismo, que tugueses estrangeiros entre eles. Era porânea, orquestras, uma rede de se produziu a descoberta da posição a nova Galiza cultural e política que radio e televisão em língua galega...), de Portugal no contexto da política da estava a falar ao Portugal republicano. que permite colocar as relações com península ibérica. A fraqueza das na- Naquela mesma altura, o poeta Portugal em esfera claramente distin- ções peninsulares foi posta em causa Teixeira de Pascoes respondeu este ta da ensaiada desde finais dos anos com a crise do Ultimato português pedido de diálogo e entrou em con- 10 até aos anos 80 do século passado. de 1890 e com o “desastre” colo- tacto com a cultura galega, através Aquele “linguajar nativo” evoca- nial espanhol de 1898, mas a saída do poeta Noriega Varela e do Vicente do por Torga é hoje a língua própria daquela crise foi muito diferente. Risco, fundador e diretor da revista e oficial da Galiza, com presença no Portugal afirmou plenamente a sua Nós (1920-1936), que marcou toda sistema educativo, nas instituições identidade nacional ao tempo em uma geração. Esta relação estava e nos mídia, e que, além disso, está n que na Espanha apareceram projetos fundada em princípios ideológicos presente em Centros de Estudos No extenso Diário de Miguel Torga políticos e culturais alternativos ao partilhados, como o saudosismo Galegos em diversas universidades há noticias do poeta – e impenitente nacionalismo de Estado, nomeada- e o atlantismo, e na amizade com de Portugal (Algarve, Minho, Nova viageiro - de periódicas estadias em mente na Catalunha. um crítico literário como o francês de Lisboa) e do Brasil (Rio de Janeiro, terras galegas, o que lhe permitiu Foi neste contexto que alguns Phileas Lebesgue, que se ocupava da São Paulo, Salvador de Baía). A possuir um conhecimento bem cum- nacionalismos subestatais espanhóis, literatura em língua portuguesa na (Da esq.ª para a dt.ª e de cima para baixo) 'Contenedor de Feminismos' (Corunha), Revista Literária 'Nós', Ernesto Guerra cultura galega como referente para o prido do património cultural e natural como o catalão ou o galego, olha- revista Mercure de France, à que tam- da Cal, Vicente Risco, 'A Semana Portuguesa' mundo lusófono foi reconhecida ofi- da Galiza. Mas nestas viagens galegas ram para Portugal na procura duma bém incorporou noticias da literatura cialmente pela CPLP com o ingresso não regista encontros ou diálogos com nova estrutura política da Península galega. do Consello da Cultura Galega como literatos do país, o que torna mais pensada com critérios linguísticos: o O encontro de intelectuais galegos em 1928 um longo artigo, “Da Galiza para apresentar ao público de língua Observador Consultivo desde 2016 relevante a visita que, em meados dos catalão, o castelhano e o galego-por- e portugueses visava converter o renascente”, que continua o programa portuguesa o estado da cultura galega e da Academia Galega da Língua anos 80, lhe fazem “quatro escritores tuguês seriam a base de três futuros ocidente ibérico no centro da “futura iniciado em Atlântida de difundir a Olharam para Portugal (Colóquio/Letras, 137-138, 1995). Portuguesa em 2017. A velha unidade galegos” na sua morada de Coimbra, estados ibéricos. Pensamento que civilização atlântica” que, segundo nova cultura galega, escrita na língua na procura duma nova Naquele prefácio, a ilustre lusitanista perdida da Galécia, refeita imagina- da que dá comprida informação nas nasceu na Catalunha e que foi mesmo o pensamento de Risco, deveria ser galega, que se está a fazer na Galiza estrutura política da alegava como prova de desigualdade riamente na morada do Torga, pode notas de um dia de outubro de 1985. Participantes no Encontro, organizado por Pilar Vasquez Cuesta, que em setembro de 1991 reuniu na Galiza muitas dezenas de assumido por vultos portugueses uma alternativa ao classicismo hele- e proclama de novo que “Portugal é “ o baixo interesse ou confusão com a ser recomposta por outras vias, nem Torga refere que os visitantes falaram Escritores Galegos e Portugueses, como, vendo-se na foto entre muitos outros, da Galiza, Manuel Maria, Manuel Rivas, Suso como os poetas Fernando Pessoa nista do noucentisme catalão repre- para nós mais do que uma segunda Península pensada com Espanha que intelectuais portugueses irredentistas nem reintegracionistas, no seu “linguajar nativo que me de Toro, Victor Freixanes, Ramiro Fonte ou Manuel Forcadela e, de Portugal, José Saramago (ao cimo), Augusto Abelaira, David e Teixeira de Pascoaes, que expri- sentado por Eugénio d’Ors, Xenius. pátria”. Na Seara Nova aparece um mostram quando se referem á cultura antes de cooperação institucional consolou os ouvidos arcaicos”, para Mourão Ferreira, Fernando Assis Pacheco, Mário Cláudio, Óscar Lopes, Egito Gonçalves, Pedro Tamen, Fernando Guimarães miram um irredentismo português E todos olhavam para a França como número especial (435), em 1935, de critérios linguísticos: galega, tendência que reconhece co- e de incorporação progressiva do concluir que “uma pátria dividida (estas quatro sentados na 2ª fila, à dtª) e Manuel Ferreira (por traz de OL) sobre a Galiza mais explícito do que o supremo critério literário. Esta homenagem ao poeta galego Eduardo o catalão, o castelhano meçou a mudar com a obra literária de berço galego ao imaginário cultural refez durante algumas horas a sua reintegracionismo proclamado pelos relação de Pascoaes e Risco repre- Pondal, por ocasião do centenário do autores como José Saramago, visitante dos países de língua portuguesa. tragicamente perdida unidade”. nacionalistas galegos das Irmandades senta um dos momentos históricos seu nascimento, em que colaboram e o galego-português habitual da Galiza, que insere figuras Quem sabe o que aconteceria se hoje Em poucas palavras, aqui estão os medieval não foi o resultado duma De aquelas duas apostas deriva a da Fala. O poeta de Amarante diz mais determinantes para estender distintos membros da geração Nós seriam a base de três “galegas” em A Jangada de Pedra ocorresse uma nova conversa entre conteúdos das difíceis relações entre guerra senão da continuidade de es- estratégia seguida durante séculos mais do que uma vez, a respeito da pontes entre a cultura galega e a (Risco, Castelao, Otero Pedrayo) e futuros estados ibéricos (1986) ou com o romance A República poetas de além e aquém Minho, mas a Galiza e Portugal. Velha unidade tratégias anteriores que acabaram por por Portugal e pela Galiza. Para o Galiza, que “é chegado o tempo do portuguesa e foi naquela altura que o do Seminário de Estudos Galegos dos Sonhos (1984), da brasileira de estou certo que a melancolia produ- nunca recuperada, ecos arcaizantes marcar profundamente a história dos novo reino português, o essencial era Durante séculos, os regresso ao lar materno”, por mais autor de Marânus fez uma dedicató- (Bouza-Brey), todos eles coordenados origens galegas Nélida Piñón, que zida pela perda do paraíso perdido duma língua que não pertence ao dois países do velho reino suevo. Para caminhar para o sul e, depois, para os povos das duas beiras que ele próprio recusasse os muitos ria da 2ª edição desta obra á Galiza, pelo Manuel Rodrigues Lapa, que res- No exílio americano incorpora a épica do imigração galega não teria sido o centro da reunião. imaginário literário do poeta trans- o novo monarca Afonso Henriques mares nunca dantes navegados. Para a convites que recebeu para visitar a como terra irmã de Portugal, que o ponde assim a um pedido da comissão á construção do sonho ou paraíso O futuro é que seria protagonista. montano e forte melancolia pelo que foi uma decisão política de afirmação Galiza, a fronteira com Portugal volveu “do Minho fizeram “terra irmã”. mesmo oceano abraça longamente. galega pró-centenário constituída no figuras como Alberto brasileiro. Na literatura galega recente Vejam lá os contributos que a seguir terá sido e não foi. A conversa fora da independência do condado de o seu território intensamente humani- boa vizinhança que A descoberta de Portugal que Irmandade atlântica, cheia de espiri- Ponteceso natal do grande “bardo” e Machado da Rosa também se incorpora o tópico por- se publicam...J pouco literária e mais centrada na Portucale frente ao influente partido zado, governado pela Igreja, mas poli- proclamaram intelectuais cata- tualismo, que tratava de coser a teia autor da letra do hino galego. tuguês ou brasileiro em autoras como paisagem, o que confirma que era a “francês”; para o arcebispo Diego ticamente excêntrico como retaguarda ultrapassou guerras de lães como Maragall e castelhanos rota muitos séculos atrás. A fronteira cultural começava a ou Ernesto Guerra Rosa Aneiros (Resistencia, 2002) ou Ramón Villares, presidente do Conselho de continuidade natural e não a cultural Gelmires e o monarca Afonso VII do reino de Castela. Durante séculos, fronteira e tratados de como Unamuno alentou também Estava a começar um diálogo que deixar de existir: uma memorável da Cal promoveram Iolanda Zúñiga (Periferia, 2010). Cultura Galega entre 2006 e 2018, é historia- a imagem mais partilhada neste en- (nascido como Afonso Raimundes) os povos das duas beiras do Minho o reconhecimento das realidades continua até o momento presente. e massiva Semana Galega no Porto Graças à hospitalidade do JL, dor, prof. da Un. de Santiago de Compostela, contro dos poetas galegos com o vate foi uma aposta cultural para manter fizeram boa vizinhança que ultrapas- limites. Mas política e culturais entre a Galiza e Portugal. Desde finais da década de dez do (1935), foi o ponto cimeiro para aque- o lusitanismo sem Jornal de Letras, apresentamos de que foi reitor, tendo sido também diretor de São Martinho de Anta. o santuário de Compostela, a terra sou guerras de fronteira e tratados de culturalmente, o tópico Esta aproximação galaico-portugue- século passado, a cultura portuguesa les relacionamentos que, depois da deixarem de prestar em breves traços um panorama da na Galiza da Un. Internacional Menendez Uma pátria dividida como galega e o reino leonês em relação limites. Mas política e culturalmente, o sa muda a impermeabilidade que, está presente no campo do naciona- guerra civil espanhola, continuaram cultura galega de hoje, literária, Pelayo. Foi ainda, nomeadamente. presi- resultado trágico. Talvez tenha sido direta com a abadia de Cluny e com o tópico das costas viradas nunca deixou das costas viradas nunca em matéria cultural, tinha a fronteira lismo galego quer nas suas principais por outros trilhos. Contudo, filólogos atenção á literatura plástica, cénica e mesmo como setor dente da Associação Espanhola de História desta maneira, mas a cisão da Galécia papado de Roma. de estar presente. deixou de estar presente do rio Minho. Com a refundação do publicações (A Nossa Terra, Nós, Grial, como Rodrigues Lapa mantiveram galega e à sua língua industrial. Para perceber cabalmen- Contemporânea J J jornaldeletras.pt * 17 a 30 de julho de 2019 17 a 30 de julho de 2019 * jornaldeletras.pt 8 * tema GALIZA GALIZA tema * 9

nheiros dizendo adeus aos que partiram epíteto, de generosa, que em galego se da terra e não voltaram. Vou porque pronuncia xenerosa. em pequena um galego, no vocabulário Esse foi, na verdade, um dia singu- Literatura à procura de novos públicos A vizinha amada que me transmitiam, era um homem lar. Fizeram-me os galegos escritora de trabalho de esforço e muita duração. galega universal, colocando-me ao Quando alguém tinha força para traba- lado de Pepetela, Elena Poniatowska, lhar no duro e a desoras, dizia-se dessa Antonio Gamoneda ou José Luis pessoa que era um galego de trabalho. Sampedro. Foi na cidade da Corunha, Dolores Vilavedra Carlos Casares ou Xosé Luís Méndez mesmo internacional dalgunhas figu- e xuvenil. Agustín Fernández Paz ou seu particular proxecto creativo que vai Depois, passados alguns anos, eu em 4 de maio de 2013, quando a crise Ferrín, que se estrearan nas décadas ras como Manuel Rivas ou Domingo Xavier Puente Docampo finaron as máis alá do trunfo inmediato. percebi que essa era exatamente a situ- económica fervia de um lado e de dos 50 e 60, no marco do radical Villar alentou unha sorte de fagocita- súas vidas con novelas de indiscutible Como ramo, unha breve referen- ação dos portugueses pelo mundo fora. outro. Andávamos tristes, também de Para ben e para mal, a situación proxecto de renovación narrativa co- ción8 da literatura galega por parte da madurez, e no seu ronsel12 ven Ledicia cia ao ensaio galego, que está a vivir Não sei se em algum local, em Paris um lado e de outro, mas então o perigo actual da narrativa galega non se pode ñecido como ‘Nova Narrativa Galega’. cultura española que, no caso de certas Costas, quizais a escritora galega viva unha certa popularidade un tanto ou Berlim, Toronto ou Providence, que 0tinha mostrado o rosto que hoje entender cabalmente sen a unánime películas ou traducións, chega mesmo máís popular entre os públicos novos, inesperada. Logo de ser un dos xéne- se disse que qualquer trabalhador no conhecemos e que dia após dia vai aposta que todos os axentes do emer- AS TRAXECTORIAS DE CASARES a invisibilizar a versión orixinal galega quen arestora13 está a conseguir tamén ros privilexiados nos plans editoriais duro e a desoras poderia ser designado ficando mais nítido e mais perigoso. xente sistema literario dos 80 fixeron (falecido prematuramente en 2002) e do produto, propiciando unha sorte de a unánime adhesión do público adulto da Editorial Galaxia, no marco do por português. Mesmo que não tivesse Os discursos fizeram-se sob o clima polo definitivo desenvolvemento de Méndez Ferrín son ben singulares, confusión ou borrado9 da identidade con Infamia. seu proxecto de resistencia cultural acontecido, eu compreendi, desde da união, aproximados pelo efeito da cri- dun xénero que semellaba a eterna alleas a modas ou intereses comer- lingüística que en nada beneficia á ao franquismo nas décadas dos 50 e cedo, que portugueses e galegos faziam se inventada, ou criada, sobre os países asignatura1 pendente das nosas letras. ciais e dificilmente encadrables4 en literatura galega. A CRISE ECONÓMICA DO 2008, 60, o ensaio perdeu protagonismo ao parte daquelas nações que tiveram de europeus do Sul, mas, sobretudo, sobre A convicción de que só a narrativa modas ou tendencias. Como autores Por volta do novo milenio, o fenó- e as aceleradas mudanzas que botarse en brazos da investigación se entornar pelo mundo em diásporas o papel dos livros, da imaginação, da podía ampliar de vez a base lectora que de referencia, os seus sucesores meno que o mudou todo foi o protago- experimentou nestas dúas últimas académica e sobrevivir nos 80 e 90 difíceis, para sobreviveram à fome e Literatura, contra as ideias globalizantes, a economía editorial galega precisaba poden considerarse Suso de Toro e nismo que, en moi pouco tempo e de décadas o sector da comunicación, case exclusivamente alimentado, ben aos regimes totalitários. Perante esses acéfalas e acríticas que arrastam as na- para sobrevivir no libre mercado da Manuel Rivas. O primeiro entrou en xeito incontestable, cobraron as nar- provocaron un ferinte14 precariado15 da reciclaxe de teses de doutoramen- , eu tiro o meu chapéu e ergo a minha ções e os países para lugares imprová- postditatorial alentou a con- 1986 no escenario literario cunha im- radoras, que ata entón foran abríndose entre a profesión xornalística que, to, ben dos materiais ad hoc que cada taça, e chamo-lhes irmãos. Entre nós, veis. Mal sabíamos nós as surpresas que vocatoria de premios específicos e a pactante (e, para certo público, pro- paso case como pioneiras. En 2001, paradoxalmente, deu moi logrados ano se producen arredor da figura galegos e portugueses, chamemo-nos estes últimos seis anos nos haveriam de posta en marcha de novas coleccións. vocadora) Polaroid, unha colección Marilar Aleixandre convértese na pri- froitos literarios. Moitas das novelas homenaxeada no Día das Letras irmãos vizinhos. trazer. Enunciaram-se os nomes dos es- Todo isto, alicerzado na expansión de textos nos que se vale de técnicas meira muller en gañar o Premio Xerais máis premiadas, vendidas e louvadas galegas, a nosa efeméride literaria Talvez por essa irmandade que nos critores galegos que escrevem em galego, do mercado derivada do novo marco de deconstrucción discursiva propias con Teoría do caos 2001, e ao ano destes últimos anos están asinadas anual que se celebra dende 1963. fez morrinhentos e saudosos, hoje em e os escritores galegos que escrevem em lexislativo que regulaba o ensino do da literatura posmoderna para poñer seguinte dalle o relevo a unha novísima por xornalistas. Velaí os exemplos de dia, as nossas terras estejam abertas espanhol, sim, eu sei, com regozijos, galego (o Parlamento galego aprobou en evidencia as fendas e contradi- Inma López Silva por Concubinas. Foi Manuel Gago, Alberto Ramos ou Fran FOI XA POR VOLTA DO MILENIO, aos que vêm de outras terras acossados mas também dores muito próprias, e foi a Lei de Normalización Lingüística en cións dunha sociedade galega que coma un sinal. Dende entón, non son Lorenzo, por citar só algúns dos máis e grazas á factor de sostibilidade que Foto de Luís Casado, o Ksado pela fome e pela guerra. Talvez por isso, então que conheci a letra do hino galego. 1983) e en galego, pero tamén alimen- avanzaba con dificultade polos viei- só habituais gañadoras dos máis presti- chamativos. Nalgúns casos, mais non dende o 2000 supón a convocatoria saibamos como é importante abrir a A dado passo, cantava-se - “Os bos tado polas importantes consecuencias ros do desenvolvemento económico. xiosos galardóns senón que están a ser sempre, os seus textos recorren a anual do Premio Ramón Piñeiro de en- porta. Por alguma coisa, os galegos e generosos/ a nossa voz entenden/ o que para a autopercepción identitaria Pola súa banda, Rivas comezou a súa imprescindibles para a renovación do elementos do thriller, o policial ou a saio, cando o xénero foi quen de atopar têm no seu hino a palavra “generosos” nosso rouco son/ mas nós os iñorantes/ da sociedade galega, e a súa codifi- andaina como poeta de mérito e, xénero, cada unha dende a singulari- novela histórica, na procura do desde a súa raison d’être ao abrir na esfera Lídia Jorge Vou porque me chama a voz lírica Vou por Rosalia de Castro e Eduardo como o qualificativo mais importante e féridos e duros/ imbéciles e escuros/ cación, tivo a articulación do marco aínda que os seus primeiros pasos na dade da súa proposta. Voces como as sempre anceiado16 best seller galego, pública galega unha fiestra dende a que de Ugia Pedreira, essa figura a meio Pondal, Castelao e Valle-Inclán, e de todos. Um dos dias de maior alegria non os entendem, non.” A minha fala político autonómico (o Estatuto de reivindicado tamén (na praxe e na ollar o mundo, e ollarnos no mundo. Se caminho entre cá e lá, que me envia um por cima dessas vozes tão diversas, da minha vida, confesso, foi precisa- de agradecimento não sei se foi simples Autonomía de Galicia entrou en vigor teoría) por outros escritores como novas voces como as de Teresa Moure A viaxe polas cegas galerías recado escrevendo em língua colorida percursos e credos tão diferentes, vidas mente, quando me apercebi que os se foi fraca, talvez fraca, mas lembro- en 1981). Pedro Feijoo. A miúdo hibridando ou Rebeca Baceiredo iniciaron no foi un século branco, unha verdade – “Vem escuitar-me a Lisboa. Daqui tão díspares, livros escritos em idiomas galegos me tinham chamado para sua -me que lá, naquele grande auditório Entre os novos selos editoriais, foi formas do thriller, mais non sempre, noso idioma o debate sobre a linguaxe de onde regressamos co relato te envio todos os meus paxarinhos”. E desiguais, chama-me o sussurro dos pi- companhia e me concederam esse engalanado de festa, disse que em Edicións Xerais de Galicia o que con a novela policial galega experimen- de xénero ou a condición do suxeito da vida como instante radical. depois envia-me o seu disco precioso, máis decisión apostou polo xénero tou un notabilísimo rexurdir nas posmoderno, o galardón serviu tamén Álvarez Cáccamo Acrobata. Vou porque me chama o narrativo, chegando mesmo a con- dúas últimas décadas, alentado sen para recuperar autores comprometidos poeta Carlos Quiroga, e depois o poeta vocar, dende 1984 e ata os nosos días, dúbida polo éxito internacional desta de sempre co xénero, coma o politó- Não sei se a Galiza me chama, se sou Cesário Sánchez Iglesias, e depois o o Premio Xerais de novela. Baixo o modalidade xenérica. Nomes coma os logo Ramón Máiz (A arte do imposible). eu que invento o seu chamamento. Rafael Janeiro para gravar umas pala- lema “a forza dos lectores”, o galardón de Miguel Anxo Fernández, Domingo Arestora o xénero, que segue a interro- A verdade é que sempre que posso vras para o vídeo Pacto de Irmãos. E ao conseguiu ser un escaparate de novas Villar ou Diego Ameixeiras están a garse con teimosía sobre a cuestión da rumo a essas terras modernas que subir pela paisagem acima, ali, por onde propostas estéticas e descubrir voces levar o policial galego a niveis de cali- identidade, goza de boa saúde, grazas á mantêm a antiguidade à vista, como andaram ao longo dos séculos fidalgos que puidesen garantir o futuro da nar- dade que o converten nun produto de madurez que lle achega a converxencia se não quisessem desprender-se de com espadas desvairadas brandidas no GRANDE PRÉMIO DE CONTO "CAMILO CASTELO BRANCO" rativa galega, nun contexto de crecente referencia alén das nosas frontei- dun par de xeracións de figuras inte- um tempo distante, que os seus filhos ar, entro nos espaços azuis das águas competitividade internacional. Aínda ras; novas voces como a de Manuel lectuais solidamente formadas como invocam com morrinha e sentimento. e ouço a voz de colocando C.M. DE VILA NOVA DE FAMALICÃO/APE máis veterano que o Xerais é o Premio Esteban garanten a continuidade as que representan os historiadores Sei que as paisagens por essas terras do os versos na boca de uma rapariga – REGULAMENTO Blanco Amor, instituído en 1981 por dunha fórmula que - por fin! - está a Ramón Villares (Identidade e afectos noroeste peninsular são, como por toda “Sedia-m’eu na ermida de San Simón/ unha federación de concellos (arestora revelarse como eficaz na sempre im- patrios) ou Xosé Manuel Núñez Seixas a Europa, balizadas por prédios de mui- e cercaron-mi as ondas que grandes 1. O Grande Prémio de Conto " Camilo Castelo Branco", instituído pela Associação Portuguesa de Escritores (APE) e patrocinado pela Câ- son 52) e que rivaliza co anterior en efi- prescindible suma de novos públicos (O soño da Galiza ideal), e á vontade de tos andares onde as pessoas dormem son/ eu eu atendendo’o meu amigo/ eu mara Municipal de Vila Nova de Famalicão (C. M. de Vila Nova de Famalicão), destina-se a galardoar anualmente uma obra em português, cacia como termómetro da evolución para a nosa lingua. intervención das novas correntes do(s) à altura dos pássaros. Estradas largas atendendo’o meu amigo”. de autor português ou de país africano de expressão portuguesa, publicada em livro em 1ª edição no ano de 2018. dos gustos do público lector. Á hora de valorarmos a evolución do feminismo(s), representadas por voces para a pressa do século XXI ocorrer sem 2. O valor monetário do Grande Prémio é de 7.500 euros. A principal estratexia que se puxo xénero narrativo nas últimas décadas como as de Carmen Adán (Feminicidio) pedir licença a nada e a ninguém, a não 3. De cada livro concorrente serão enviados cinco exemplares para a Sede da APE (Rua de São Domingos à Lapa, 17 – 1200-832 Lisboa), J en marcha nos 80 para a ampliación da debemos ter en conta dous factores. ou Inma López Silva (Maternosofía). ser às barras cobradoras das portagens . destinados aos membros do Júri e à Biblioteca,devendo ser entregues, até 29 de Julho de 2019. Os livros não são devolvidos pela APE. Manuel Rivas e Suso de Toro Dois dos mais destacados escritores galegos base lectora á que xa me referín foi a da En primeiro lugar, o silencio volunta- O resto é telemóvel e velocidade. 4. Não serão admitidos a concurso livros póstumos nem de índole infanto-juvenil. diversificación temática, con espe- rio de Suso de Toro quen, tras pechar Dolores Vilavedra é profª de Literatura Na Galiza o novo mundo ali está por Sou levada sobretudo 5. A Direcção da APE designará os três elementos que constituirão o Júri. cial atención a modalidades, como a un ciclo vital e creativo en 2009 con Galega (LG) da Universidade de Santiago de toda a parte. Mas eu sou levada sobre- pelas suas pedras antigas, ¶ 1.º – Não poderão ser membros do Júri escritores ou editores com obras a concurso; novela policial, ben coñecidas e de alta Sete palabras, anunciou que abando- Compostela, ensaísta, crítica, coordenadora tudo pelas suas pedras antigas, as torres ¶ 2.º – O Júri será anualmente renovado, não podendo qualquer dos seus membros participar nele em mais do que duas edições sucessivas. demanda entre un público popular ao narrativa datan dos 80, o éxito neste de María Reimóndez, Teresa Moure, naba a súa carreira profesional como do Dicionário de LG, em quatro volumes sineiras, as vieiras dos bordões, os “as torres sineiras, as 6. O Júri disporá de trinta dias, prorrogáveis, para deliberar, reunindo, nesse período de tempo, sempre que achar conveniente; que a literatura galega non consegui- xénero chegoulle abrumadoramente5 Rexina Vega, Rosa Aneiros, Begoña escritor para volver ás aulas do ensino esconjuros que me falam de um tempo vieiras ¶ 1.º – A deliberação será tomada por maioria, excluindo-se sempre a posição de abstenção; ra aínda chegar. Ao tempo, a novela en 1995 con Que me queres, amor? Caamaño e, por suposto, as xa citadas secundario. Aínda que uns anos máis 1 Asignatura pendente: problema sem resolver outro, quando nem as serras nem os ¶ 2.º – São excluídas as possibilidades de atribuição ex aequo do Grande Prémio e de menções honrosas; histórica (non exenta de elementos En 1986 Alfredo Conde obtivo Aleixandre e López Silva, dan por fin tarde anunciaba que “recuperara a fe” 2 Encumbrar: levar ao cimo rios nos separavam. Saudade, diz- se dos bordões, os ¶ 3.º – Tomada a deliberação, de que não cabe recurso, o Júri lavrará uma circunstanciada acta final, que, em anexo, poderá conter decla- mítico-fantásticos), o elemento artú- o Premio Nacional de Narrativa de continuidade ao labor literario das pre- e volvía publicar, era xa evidente que 3 Daquela: na altura também, perigosa palavra que junta o esconjuros que me -rações individuais de voto de qualquer dos seus membros. rico ou a memoria da guerra do 36 e España por Xa vai o griffón no vento, cursoras dos 60, entre as que salienta tras a súa decisión se agochaba17 un 4 Encadrar: encaixar passado ao futuro e nos faz sofrer gos- 7. O Coordenador do Grande Prémio, membro da Direcção da APE, prestará, nas sessões que vierem a realizar-se, todo o apoio necessário a posterior ditadura, foron outros dos sendo a primeira ocasión en que o María Xosé Queizán, recoñecida por certo fracaso sistémico e colectivo: o 5 Abrumadoramente: de maneira arrasadora tosamente de mansinho. Porque vou falam de um tempo camiños polos que o xénero narrativo galardón se concedía a unha obra todas as narradoras posteriores como da imposibilidade de vivir profesional- 6 Intre: momento para a Galiza? - Vou por muitas razões. outro, quando nem as ao funcionamento do Júri. se foi encarreirando cara á tan desexa- escrita nunha das linguas peninsulares precursora. E xa unha nova endeita10, mente da escrita literaria en galego. En 7 Anecdótico: exemplo isolado Porque me chamam as fotografias de 8. O Grande Prémio não será atribuído se o Júri entender que nenhuma das obras a concurso o justifica. da madurez. distinta ao castelán. Nese intre6, tal na que se afianzan as voces de Emma segundo lugar, a viraxe da traxectoria 8 Fagocitación: processo de fagocitar ou absorver Luís Casado, o Ksado, e entre imagens serras nem os rios nos 9. Far-se-á o anúncio da obra premiada logo após a deliberação final do Júri, dando-se mais tarde a conhecer, em momento oportuno e Tralo pasamento das grandes figu- feito semellaba un síntoma de que o Pedreira ou Ledicia Costas, asegura de Manuel Rivas cara a altas cotas de 9 Borrado: apagamento de paisagens urbanas e rurais, praças separavam pelos meios considerados idóneos, os fundamentos da opção deste, designadamente, através da divulgação das declarações de voto dos ras que permitiran restaurar a ponte diálogo interlingüístico e intercultural o relevo e a diversidade do ecosiste- esixencia literaria, a partir de Os libros 10 Endeita: obra ou trabalho coletivo e arcos, barcos em , correeiros e seus membros. co galeguismo de preguerra (Otero no Estado español podía consolidarse ma literario. Esta última, por certo, arden mal en 2006. Logo de varios anos 11 Acadaran (acadar): atingiram pastores, sempre julgo que ao virar de 10. A entrega do Grande Prémio ao autor galardoado ocorrerá numa cerimónia pública a definir na altura adequada. Pedrayo, Fole, Cunqueiro, Dieste, como fórmula de convivencia, mais representa tamén a continuidade dun publicando libros de relatos, con esa 12 Ronsel: marca deixada pelos barcos no mar, uma esquina de Santiago irei encontrar Por alguma coisa, os 11. As edições subsequentes da obra galardoada deverão referenciar, em lugar destacado do volume e da cinta, de forma correcta, o Grande Blanco Amor, Seoane…), a narrativa non foi así e, aínda que outros autores fenómeno ben curioso que tivo lugar extraordinaria novela Rivas renunciaba caminho a vendedeira de rua sentada no cesto Prémio e a entidade patrocinadora. Assim: Grande Prémio de Conto "Camilo Castelo Branco" C.M. de Vila Nova de Famalicão/APE – 2018. galega entrou nos 80 practicamente galegos recibirían tamén o galardón na nosa literatura nas últimas décadas: de facto ao camiño fácil do best seller, 13 Arestora: atualmente redondo, de perfil, olhando a fruta, galegos têm no seu hino 12. O presente Regulamento será divulgado através dos meios de comunicação social e instituições directamente interessadas. desprovista de figuras canónicas, o (Manuel Rivas en 1996 por Que me que- refírome ao éxito de narradores e nar- que podería ter continuado a transitar 14 Ferinte: que fere cobrando ao tempo a sua condição de a palavra “generosos” que provocaría un rápido reaxuste res, amor?; Suso de Toro en 2003 por radoras que, previamente acadaran11 tras o éxito abrumador da novela O la- 15 Precariado: precarização velhice sublimada pela beleza de uma Rua S. Domingos à Lapa, 17 | 1200-832 LISBOA • PORTUGAL | Telefone +351 21 397 18 99 | Fax +351 21 397 23 41 e-mail: [email protected] | http://www.apescritores.pt xerárquico que encumbrou2 autores Trece badaladas), o feito non pasou de unha indiscutible canonicidade na pis do carpinteiro en 1998, demostran- 16 Anceiado (anceiar): desejado, ansiado fotografiapintura, como só o conseguiu como o qualificativo mais daquela3 relativamente novos, como ser anécdotico7. Ao contrario, o éxito práctica da chamada literatura infantil do así un indesmaiable compromiso co 17 Agochaba (agochar): escondia fazer Kasdo. importante de todos J J jornaldeletras.pt * 17 a 30 de julho de 2019 17 a 30 de julho de 2019 * jornaldeletras.pt 1o * tema GALIZA GALIZA tema * 11

Desde aquela o meu medo é un gurú que ouvea 2008, cinco anos antes, quando ali CHUS PATO (1955) (1958-1996) ESTEVO CREUS (1970) [na noite tinha estado na Corunha, por altura do para Antón Avilés de Taramancos Narcisismo A min e non a ti a ti e a ti e a ti 18 e 19 de julho, e se havia recordado Uma poesía vigorosa e variada mordeume de neno unha balea anque me oídes agora anque me vedes falar a queima franquista dos livros, nessa Poder dicir – cacheábamos o río pelouriños para xogar ás Sigo os pasos do sangue no meu corpo e no espiral de A.D.N. poñendo a lingua no punto exacto que manda altura, eu tinha ficado instalada no tabas e coa unlla do meu dedo máis firme mesturóuseme a dolor con tres pasos e tres [a madre fonética Hotel Atlântico, e havia trazido comigo eu, que nunca viaxei co meu pai en moto abro un sulco vermello en media lúa [golpes: non son eu o cartão que acompanhava a chave reflexo no que á poesía se refire na superación dun perspectiva de xénero. É o caso de , Ana que nada sei de mallas na vea que me acolle tan azul. as chemineas enchéronse dos bechos máis esta voz electrónica do quarto. María Xesús Nogueira modelo de poesía social, nomeadamente socialrea- Romaní e Luisa Castro, tamén representadas. nin tiven nai aventando aveas ao nordés [pequenos que groñe Dizia o cartão da chave, em forma lista, naquela altura xa caduco e unha viraxe cara a Nos anos noventa a crítica identificou unha Poemas1981-1991 (1992) que nada sei de calafates nin de cadernas nin de a cola do alacrán habitoume polos brazos aseguro que non son de aviso como os que se colocam nos unha estética na que predominaba o culturalismo, o reacción contra os excesos da poética que dominara galipotes e a memoria eu medicamentos perigosos - “Cuidado! O É un lugar común falar da centralidade da poesía barroquismo, e a volta ás formas e os temas clásicos, a anterior e da que se afastaban voces disidentes, nada da escura veta mineral do wolfram a memoria este ruído cóncavo que fan as vogais co sangue uso deste produto pode causar estados na literatura galega desde o seu Rexurdimento, na cunha especial querenza polo paso do tempo, a malia a súa proximidade xeracional, como Chus nin de como medir a elipse exacta e argallar XELA ARIAS (1962-2003) a memoria é un animal esta trementina negra en que se me tornou o de satisfação, extrema descontracção, e segunda metade do século XIX. Tal relevancia nos decadencia e a morte. Esta produción, escrita na Pato e Lois Pereiro. A procura de linguaxes máis con solitaria. cuspe ao tragar [a perspectiva Trouxen augamel para agasallarte e senteime na desejos de voltar.” Tão interessante era dicursos literario e tamén identitario adoita relaci- súa maioría por autores e algunha autora novos foi directas, a renovación dos imaxinarios e a introdu- maldita sexa eu mesma dun [escada á agarda. Poemas da cidade oculta (1996) esse aviso de chamamento para uma onarse coa figura fundacional de Rosalía de Castro, etiquetada desde moi cedo como poesía dos oitenta. ción do xénero, da man das numerosas autoras que e a raza que me ensinou a noite coma se fora zoco Non chegabas nunca e cansaba. viagem de volta, que ali estava eu de coa que dialogaron con actitudes ben diferentes as A antoloxía Desde a palabra doce voces (1986), de irrompen nese momento no panorama poético, ca- unha abreviatura de deus mariñeiro Cosín cun fío os pensamentos todos e abrín a porta. novo, regressada, para de certa forma poéticas do século XX e XXI. Luciano Rodríguez Gómez, canonizou moi cedo racterizaron unha produción cunha forte identidade Agora xa sei poder dicir Saín. Fun por tras de min deixando as pegadas nunca mais transpor a fronteira sem Para falar da poesía galega das últimas déca- esta tendencia dominante que conviviu con derivas xeracional que se denominou poesía dos noventa. LUPE GÓMEZ (1972) seguro – voaban as pinas como se fosen teas [no chan. um bocado da Galiza sobre os ombros. das, vigorosa e diversa, é necesario remontarse ás índole máis experimental ou social. Unha mostra A ela pertencen Estevo Creus, Lupe Gómez, Olga que as tripas do último lobo me rondan a falar das panadas de herba no muíño e se tantas voltas viaxo de nervio aprisionado Heidi sae do cárcere Já tinha acontecido ter trazido da transformacións profundas derivadas das mudanzas da poesía dos oitenta son os textos de Xosé María Novo e Yolanda Castaño, de cuxa obra se ofrece unha [linguaxe das oladas de patacas novas se xiro terras e metais lenzos abertos Galiza a mochila cheia das melhores políticas no estado español desde o final da ditadura Álvarez Cáccamo, Ramiro Fonte, Manuel Rivas aquí mostra. e se un día o monte me atravesa para volver ai das augas entrelazados Ter unha casa lembranças, e até mesmo ter encon- (1975) e os inicios do réxime das autonomías (1981). recollidos. No caso de Pilar Pallarés, unha das poucas A vigorosidade do discurso poético tivo unha [á súa casa ai do veto se escandalizo o interior derroto peixes lubinas sobre un monte. trado, ao atravessar a fronteira, o tema Estes acontecementos supuxeron no plano cultural voces femininas deste período, reprodúcese un texto continuidade natural no novo milenio, con voces indicarei co dedo aquí dentro ai dos bois caranguexos Dende alí, co corpo para um livro que depois se haveria un desenvolvemento acelerado de todo un tecido da súa recente obra gañadora do Premio da Crítica. que reforzaron os discursos de xénero e continuaron onde a voz se me toma coma un reo estranxeira na miña propia historia é que teño o corazón de auga derretida de HEIDI, rachar as de chamar Contrato Sentimental, mas que durante anos sobrevivira na precariedade grazas Conforme viraba a metade da década dos a exploración de poéticas sociais noutrora rexeita- ¿Que direi agora na miña propia paisaxe [desbordando costuras do vestido se me preguntan naquele momento colocavam-me à ao labor de asociacións de carácter privado. O ca- oitenta comezaron a aparecer algunhas outras das e que agora volven os seus ollos á ecoloxía ou a na miña propia lingua vasos e piscinas e pasear encoiro. a que lle teño medo? vista, sobre as costas, o sinal da vizi- miño cara a unha pretendida normalidade tivo o seu escritoras que incorporaron ás súas poéticas unha historia. eu tamén e veñen as augas zoando coma corsarios nhança irmã e isso era distinto. A chave OCÉANO. Pornografía (1995) dos mares da palabra. Cráter (2011) eletrónica do hotel falava em desejos O tempo acobilla onda o lume, de voltar. Voltei nessa data, voltei há XOHANA TORRES (1931-2017) RAMIRO FONTE (1957-2008) Fascinio (1995) pecha os ollos Denuncia do equilibrio (1986) pouco, volto sempre. Quando não volto SUSANA SÁNCHEZ ARINS (1974) e soña que pasou. de verdade, volto em imaginação, ou Penélope Antes que ti foses viaxeiro YOLANDA CASTAÑO (1977) Rinchan os corazóns nos outeiros xeados. em livro, lendo Manuel Rivas, Suso PILAR PALLARÉS (1957) carapuchinha DECLARA o oráculo: Cando veñas ó norte, non preguntes O mundo ten os pés fríos. ANA ROMANÍ (1962) Todas de Toro, Álvarez Cáccamo, Cesáreo para pilar, que tem feito esta viagem quando nena “Que á banda do solpor é mar de mortos, Por unha casa vella; Quéimanse os ollos no salgado silencio. Tan lonxe non está o mar. Se fose un can, podería Belas irmás, subide Sánchez Iglesias, Rosa Aneiros, Olga Todas as salvagardas que nos merecemos. incerta, última luz, non terás medo. Pola sombra de seu, nas calexas Tosen os corazóns, voan de espanto. [ventalo ás máis firmes rochas foi nos tempos de maria castanha Patiño, e tantos outros, em nome dos O teu perfil confidente. Que ramos de loureiro erguen rapazas. [deitada No seu pico marelo foxe o tempo. talvez detrás dos montes, alén do lugar que fica Edith Södergra e outra manhá o mesmo caminho quais a existência é injusta, porque não Como todo o que che digo cando non podes Que cor malva se decide o acio. Como se deita o inverno [sepultado, que vaia a meninha com a sua candura nos permite alongar o tempo de leitura Ningún cisne (1989) [ouvirme Que acades disas patrias a vindima. Con derrotados meses sobre o mundo e as choivas. onde labraron xeracións de avós. Camiñan descalzas polas rochas, e uma cestinha de viandas atestada que deveria ser muito mais vasto do e é tan dura a tarde, e ti tanto me faltas. Que amaine o vento, beberás o viño. Cando veñas ao norte, vello amigo, Nos solpores pódese ouvir, ao lonxe, o tren. Mais pantasmas de sal habitan as sombras, pão de boroa pisca de toucinho que o tempo da nossa vida. Os nosos dáctilos Par a par. Que sereas sen voz a vela embaten. Non preguntes ás brétemas que furtan [este é un val saben que as últimas mareas um caldinho que há chegar morno Mas nem tudo o que me une à MANUEL FORCADELA (1958) Soños fértiles Par a par. Que un sumario de xerfas polos cons.” Os segredos das cousas; choído. Outeiros doces que esvaecen na choiva; esqueceron na praia os restos do naufraxio. e outra manhá o dia nascendo Galiza é sério e solene como um Parecía imposible que coubese tanto alento, Así falou Penélope: Non interrogues fondas baixamares [o lombo do As mulleres recollen cada noite sair do rueiro laganhas nos olhos XIV tan madrepérola como agora nos preña. pinheiro rumorejando ao vento. Das “Existe a maxia e pode ser de todos. ―E menos nun agosto de altas lúas―, Pai Xalo, que por veces semella un bispo xacente os tesouros de auga, líquidos e fráxiles, passar rente o moínho e seguir brumas matinais do Outono, quan- ¿A que tanto novelo e tanta historia? Nin os bosques de antano, rebélanse contra a Historia, Veña, miña bela besta, vén coa túa yolandalatría. Aurélia, está chovendo en Mondoñedo. [coa tiara o peso da cesta um golo na fonte do os córregos desaparecem sob o EU TAMÉN NAVEGAR”. Onde soñan as faias e as carballeiras nobres. constrúen co mar as estatuas A tarde nos visita algunha vez abandonados Unha aura de alta cinza vai caindo sobre as tellas carcomida polas brétemas; o bosque polo que os pés de lama cobertos espidos manto do nevoeiro, uma alma celta Hai unha casa branca. Agardareite que nunca permanezan. e ti dis corazón, esa palabra que odio. e as aves volven grises desde o fundo da paisaxe. [avanza, arfando apanhar umas flores amarelas levanta-se da terra, faz bruxaria e dá Tempo de ría (1992) Aireando os seus cuartos, As mulleres de sal, con argazos de sombras, Fuches ti, meu animal, fuches ti quen esculpiu O tempo xa se prende polos ramos das nogueiras baixo, un mínimo regato ao que chaman río Chan. e outra manhá chegar a cesantes gargalhadas montada numa vassoira. Abrindo as contras, para que a luz reciba xorden das últimas mareas nas miñas nádegas un verso que dicía para sempre. e a tarde desce envolta en panos brancos aos espellos, Un terraplén monstruoso comezou a devorar as e buscar barqueiro que cruze o mar Gosto disso, dessa fantasia mágica que Aquilo que foi meu; e tecen tesouros de auga cada noite convocando oboes de néboa, antigas harpas, ocarinas [terras de há em sam simão preso um avó Vivimos no ciclo das erofanías (1998) XOSÉ MARÍA ÁLVAREZ CÁCCAMO (1950) Ordenando papeis dos seus esquezos, contra a Historia. une o Noroeste da Península Ibérica às que propagan unha idade de cabalos e esmeraldas; Luisito, o fidalgo. Axiña ha ser o pazo un pardiñeiro. camisas azuis vestem os lobos falésias da Cornualha e aos campos da Libros daquela, versos [A el Elas, que saben que o efémero Todas as casas que vivin preservan destecendo unha aflición que abrolla en Irlanda sob o som de uma harpa cor Por rematar aínda, han ir en procura de acubillo, para pariren, as [permanece. Aquiltadas (2012) o secreto placer da miña sombra, [pedras, baixos arcos, GONZALO HERMO (1987) de prata. Pendurado de um prego, na Escuros calendarios que escribiron [gatas. Un niño gris na materia branca, espida tea para dar-nos un outono onde a cidade se Das últimas mareas (1994) parede da cozinha, tenho um conxuro Anos mozos e nomes de rapazas. nunha ponla, entre morte e morte. onde elaboro textos sobre casas. [confunde coa tristeza. Presenza da fraga galego, A Queimada, trazido de Santiago E esta canción que é túa, e escribín para ti, Medra aos poucos a casa, como un fungo nun OLGA NOVO (1975) Casas dormidas nas que vive a morte Seguirá a chover en Mondoñedo? de Compostela, num dia em que o Antes que ti foses viaxeiro, [terreo areoso Reparo na cadencia. unha espera profética, anunciada Cando os anos me resgaten entre búcaros de dálias botafumeiro parecia desprender-se do Moito antes quizais e hostil. Nunha aba que loitou por non ser leira LUISA CASTRO (1966) Lobo Aquela altura compasada polo vento. en cartas invisíbeis, en poemas e nas mesas haxa fotos que me ensinen consumido teto da catedral para ir espalhar incenso De que tiveses sede, e decidises [e é horta Cada nervio morre no vaivén escritos en papel de sombra, entrega este breviario á terra limpa en que os salgueiros Miña nai traballa nunha fábrica de conservas. De nena Partir, soñar, ama-lo corazón agora. vai facendo sitio a un recordo que se deixa, pelo mundo inteiro. Comprámo-lo central siléncio ainda erixen celestes un brote de aurora Un día miña nai díxome: cando me preguntaban a que lle tiña medo Destas palabras poucas. Xardín primeiro. Cara o far west do val, que desprega o seu volume en cada volta numa ruazinha tortuosa à sombra das no terror da casa. e regresa-me, forma-me, vive-me outra vez o amor é como unha sardiña en lata. ¿Ti sabes eu sempre respondía: Cando chegues ó norte, non preguntes [que sobrevoan as e se integra na paisaxe pouco a pouco. grandes torres. A Queimada galega, Casas redondas para ollar como chove para sempre en Mondoñedo. como se preparan as conservas a parir e ao lobo. Dirache o teu desexo que eu estaba agardando. rapaces, un cuadrángulo onde medran flores Podería quedar aquí que está pendurada diante da janela cun pozo no seu centro E se ainda te convoco, en lata? O lobo vino unha vez [inútiles, sostidas abrindo a ollada á diversidade das cousas da cozinha, invoca mouchos, coru- equidistante dos espellos curvos, Pasa un segredo (1988) mutilado o corazón por tantos séculos de sombra, Un día miña nai díxome: o amor é unha obra á noite só pola beleza, continxencia pura. Non serven mentres o día pasa sen nome e sen historia xas, sapos e bruxas, e bastantes outras dos nomes das xanelas, das metáforas pois preciso que me aniñen polos brazos as alaudas [de arte volviamos prá casa atravesando o monte [para carrexaren por entre a masa calma da foresta. identidades maléficas, ardendo num que significan formas interiores debuxadas na beleza que hai nos lagos do verán en lata. e meu pai sinalouno co dedo ía só como leite, nin auga. Non dan calor no leito, non pagan Porque hoxe aquí, balde de aguardente incendiada, e tudo e deseñan o círculo da casa. cando agosto prende lume ás vellas árbores da alma, Filla perdido MANUEL RIVAS (1957) [nada. Un pénsome sen lingua, sen signo, sen idioma, isso para purificar a gente, não se sabe Todas as casas: a que xunta aos nenos é para abrir-me no interior os longos pazos da saudade ¿Sabes de onde vés? Vés olvidado o instinto nalgures excedente para progresaren / noutra forma de baleirando os ollos de ruído, bem de que males. Brincar faz bem à arredor do prodíxio, acolle as horas en que moran os teus príncipes agrários dun viveiro de mexilóns retrocedía a fame a outra época Arzúa 87 [vida. Un soño coa boca enxoita de palabras, alma. Olho para este retângulo amarelo na memoria conforme, a que resiste muito antes de que a néboa erixa a albura dos seus lenzos en lata. Detrás. Detrás da fábrica, onde podrecen nin sequera nos mirou que roubaron os pais. completamente com os emblemas de A Cruña, Lugo, os excesos da dor baixo das tellas, O mundo faise vello e xa os meses me conduzan, funeral, polas augas. as cunchas absorto no seu sangue na súa cavilación Todo para durar. Tan pouco. liberado. Ourense, Pontevedra, e lembro-me da a que devolve formas extraviadas, e neva. Ah que fugaz este império, as caixas de peixe. Un fedor imposible, un azul quizais alegria galega, irónica, um tanto ressen- todas as casas que vivin preservan Grallan os corazóns negros este breve reinado da luz nos espellos! Tempo fósil (2018) que non vale. De alí vés. a noite evidenciáballe no pinar A vida salvaxe (2008) tida, que irrompe quando nos sentamos o secreto pracer dos meus deseños e o tempo alenta como un escolar aterecido. Mas, se este eco prospera, se prosegue o meu canto, Ah, dixen eu, entón son a filla do mar. a gangrena da súa especie. à mesa e se pede que nos sirvam todo o de sombras e poemas que son casas. O tempo agarda na beira dunha estrada sen deixaren os días de fluir, de soñar Non. Lembro ben as súas patas tronzando a xeada tipo de animais do mar com suas conhas coas mans nos petos co que agora, inocente, proclamo, Eres a filla dun día de descanso. o silencio tenso co que a evolución asistiu a tal e sua tinta negra. Nesses momentos, Arquitecturas de cinza (1985) e un pesado esquelete baixo o brazo. seguirá a chover en Mondoñedo, Aurélia, Ah, dixen eu, [escena fala-se em voz muito alta, e podemos O tempo ten os ollos dunha vaca. seguirá a chover en Mondoñedo. son a filla da hora do bocadillo. a tosca indiferenza da curuxa do granito ou da confessar tudo, alegrias e dores, que O tempo vai da man dunha muller preñada Si, detrás, entre as cousas que non valen. [masa de pan O varredor en outono (1988) estamos seguros do entendimento. con calcetíns vermellos. Luisa Castro, que seguiu levando as súas moléculas de fariña Aocontrário das espadas, a Literatura é Cáenlle as pálpebras ó mundo. afeitos ata tal punto á extinción que non Baleas e baleas (1988) sempre uma outra pátria que une. Póusanse nos labios folerpas feridas. [repararon un intre. Ouvean os corazóns na serra. Boliqueime, 10 de julho de 2019 jornaldeletras.pt * 17 a 30 de julho de 2019 J 12 * tema GALIZA

ISMAEL RAMOS (1994) Aos rapaces da montaña ensináronnos a estar sós. Miñas primas son louras porque estiveron soas, na montaña. Miña tía está enferma porque estivo soa, AUTOBIOGRAFIA VALTER HUGO MÃE na montaña. Miña tía di que non está enferma [porque IMAGINÁRIA case non hai ninguén que a mire e diga: «estás [enferma». Ensináronnos a estar sós. Queres que che explique as palabras da despedida? Realmente non son [palabras, son nomes. Coma ti. Poñémoslles os nomes dos [nosos mortos O País dos Galegos aos nosos fillos para que morran. Esa é a despedida. Aos rapaces da montaña ensináronnos a estar sós. E a xogar co vento. Se oes voces estás tolo. Se é [inverno estás tolo e quedas na casa. lguns poemas inscrevem-se na A montaña está enferma. Non me toques. Eu sei nossa memória como orações do [a que mundo, colheita sagrada dos povos recende o sangue. Ordeno letra ata atopar os e dos lugares, modos imediatos e [nomes da intensos que são como verdades despedida. Mentres a noite medra fóra. que nos convencem de sua justeza, convencem-nos do rigor de referir- Os fillos da fame (2016) mos alguém. Assim foi quando me disseram pela primeira vez o poema de , do livro Longa Noite de Pedra, em Maria Xesus Nogueira (Chus Nogueira) é filóloga e que define o galego como uma "língua proletária". ensaísta, profª da Un. de Santiago de Compostela, presi- AEra tudo quanto sabia sobre a Galiza: que havia um povo dente da Associação Galega de Crítica Literária trabalhando sem grande notícia, sem demasiada fortu- na. Quando era menino, a Galiza ficava debaixo de chuva constante e as suas pessoas lavravam os campos e diziam versos. O modo como falavam e como compunham seus poemas haveria de ser reflexo dos gestos com que educa- vam os campos para o plantio e para a colheita. As palavras galegas eram uma ciência da fisicalidade com que se cuida de comer e de habitar, levantar casas e abrir estradas, GLOSSÁRIO navegar e esperar. Esperar sempre muito. Os galegos, como os portugueses do norte, eram habituados à espera. Tudo se - MARÍA XESÚS NOGUEIRA Adoita (adoitar): costuma adiava, o que era sinal (costumar) de credulidade e, mais XOHANA TORRES - Acio – cacho, normalmente de ainda, de boa fé. Quem uvas acredita que o futuro Celso Emilio Ferreiro O poeta que “denuncia o papel da Galiza Xerfas – superficie espumosa do mar que se estende em trará resposta mantém na Espanha gigante que tende a desentendê-la, ou a ignorá-la” faixas nas proximidades da costa a decência, investe cada Os portugueses do Cons – conjunto de penedos, especialmente agudos e instante numa benesse norte são gratamente disseminados, na beira-mar. que lhe está garantida “parentes dos galegos. apenas pela convicção de uma qualificação no castelhano que os convida ao centro XOSÉ MARÍA ÁLVAREZ CÁCCAMO - espida tea – que a resiliência haverá do país, como se sanasse um pouco a condição periférica despida teia A caminho de Santiago, de ser mérito. vão como a terras e os habilitasse a todas as honrarias madrilenhas. É uma RAMIRO FONTE - Calexa: rua estreita, ruela. Sei bem que se lê tragédia para a bela expressão de Rosalía de Castro. As Brétema: nevoeiro húmido menos Emilio Ferreiro antigas. Porque se línguas que morrem por falta de estatuto social sepultam-se Contra: portelo interior das janelas hoje. A sua dimensão pressente que nos na hipocrisia das elites. São sistemas de pensamento que se política interessa pouco aposentam postergando aprendizagens longas, maturações MANUEL RIVAS - Folerpa: floco de neve ao advento das direitas eram comuns. Exalam conquistadas por tanta gente que, de certa maneira, se vê MANUEL FORCADELA - Debuxadas (debuxar): extremadas, mas sua a memória de uma deixada ao desperdício. desenhar visão digna do povo Minha ternura por Celso Emilio vem daí. A sua língua proletário não tem como pertença que hoje cria periga tanto quanto se perde a vontade de reclamar a digni- CHUS PATO - Cachaeábamos (cachear): procurar ser sujeita a escrutínio. É dade dos que trabalham, tanto quanto se perde a vontade de pormenorizadamente nostalgia. Uma espécie pura lucidez. Sem con- resistir. Não porque se deva levantar fronteiras, mas porque xogar ás tabas: jogar à bugalha fronto, apenas límpida de saudade contínua, me parece fundamental o exercício da identidade de cada pina: camba declaração, ele denun- um, ombreando, numa realidade sempre de comunicação tea: teia nem que seja de se cia o papel da Galiza na mais veloz, com qualquer ponto emissor. Todos os emis- panada: fileira de feno que o segador deixa atrás dele. Espanha gigante que verem mais vezes sores se devem qualificar. Os trabalhadores, por absoluta PILAR PALLARÉS - Choído: cercado, fechado, especial- tende a desentendê-la, lisura, têm de ser qualificados. mente um terreno ou simplesmente a ig- Que pena se um dia tivermos apenas línguas de retórica Ventalo (ventar): farejar norá-la. Os portugueses turística, sem ressonância do tempo em que dizer era gesto, Pardiñeiro: casa grande descomposta do norte, sem dúvida, são parentes mais próximos do que era esforço. Falaremos apenas por conceitos vagos ou frios, tantos espanhóis, mesmo com oitocentos anos de autono- como gente que diz o que nunca fez, o que nunca se fez, XELA ARIAS - Agasallar: presentear mia e profunda definição nacional, os portugueses do norte, numa expressão de quem viu na internet mas nunca se- LUISA CASTRO - Bocadillo: (decalque do espanhol proletários de igual modo, são gratamente parentes dos ga- meou um campo. Quando leio Celso Emilio, como também “bocadillo”, sandes) legos. A caminho de Santiago, misturando José Afonso com Rosalía de Castro ou escuto Uxía cantar, são dos campos Rosalía de Castro, a ver a baía de Vigo, prevendo a mesma que chegam as vozes. Há um suor sagrado que transpira do ESTEVO CREUS - Cheminea: chaminé chuva, o frio da tardinha, a noite nas montanhas, os portu- corpo do poema, de cada verso. Nenhum rei vale o esqueci- SUSANA SÁNCHEZ ARINS - Cesantes: freguesia do gueses do norte vão como a terras antigas. Antigas porque mento dessa dignidade. Não há honra em se perder me- concelho de Redondela a que pertence a ilha de S. Simão, se pressente que nos eram comuns. Exalam a memória de mória daqueles a quem pertencemos e que nos entregaram onde foi habilitada uma prisão durante a ditadura de uma pertença que hoje cria nostalgia. Há uma nostalgia tudo. Francisco Franco. entre os portugueses do norte e os galegos. Uma espécie de Havia um velho que me dizia: havemos de ainda ver um saudade contínua, nem que seja de se verem mais vezes. país dos galegos. Um que tenha um povo feliz. Os países GONZALO HERMO - Baleirando (baleirar): esvaziar Lembro sempre como me explicavam que algumas deviam definir-se exatamente por isso, pela felicidade de ISMAEL RAMOS - Soas: sozinhas famílias boicotam a língua galega para que seus filhos estarmos juntos. E as línguas, até as proletárias, haviam de Oes (oír): ouves cresçam na língua do Rei. Sentem como motivá-los a falar desatar a suar enquanto expõem sobretudo alegria e orgu- em dólares ao invés de os condenar a falar em pesetas. Há lho. Aquilo que queria para os galegos: alegria e orgulho.J J J jornaldeletras.pt * 17 a 30 de julho de 2019 17 a 30 de julho de 2019 * jornaldeletras.pt 14 * tema GALIZA GALIZA tema * 15

a Artistas Jóvenes 2016), Isaac Cordal, Mar Vicente, Ruth Massó, ou Loreto Martínez Troncoso. Estas dúas últimas foron recuperadas en senllas exposicións este último ano. Massó no Espacio Sirvent de Vigo, Martínez Troncoso no CGAC, cunha antolóxica que ofreceu unha imaxe certeira da poética e a sensualidade das súas pezas; videoinstalaci- óns e pezas de arte sonora onde o susurro, a superficie da pel en primeiro plano, o alento e a luz revelan a potencia sutil da súa obra. Outra recuperación ansiada foi a de Rubén Santiago, grazas ao empeño da galería Nordés, que amosou en Compostela o seu proxecto “OMEN. Vestiges, de Loreto Martínez Troncoso O monte é noso”, en outono de 2018. Máis recuperacións: fantástica a antolóxica do pintor Ánxel Huete no artística. A exposición puido verse global. Cada vez son máis os con- MARCO de Vigo en 2017, comisa- en 2017 en dous espazos institucio- cellos que apostan pola renova- riada por Agar Ledo; necesario o nais: MARCO de Vigo e Auditorio de ción e embelecemento do espazo traballo de investigación e estudo Galicia, de Compostela, pouco des- público e requiren dos servizos de da obra de artistas mulleres levada pois de que o Consello da Cultura artistas plásticos. É un ámbito polo a cabo por Rosario Sarmiento Galega presentase un informe que que se introduciron artistas como (“Territorios de intimidade 2019. evidenciaba a escasa presenza de Liqen, Pelucas, Doa Oa, Lula Goce Artistas galegas baixo o franquismo mulleres creadoras nos espazos ou Joseba Muruzábal, que na súa 1940- 1975”), e a recente posta en artísticos de Galicia. maioría pasaron pola facultade de funcionamento do museo da pintora Anxela, a artista Carme Nogueira Belas Artes de Pontevedra, outor- Bea Rey en Sobrado dos Monxes e a deseñadora Uqui Permui colabo- gándolle así un plus de creatividade (A Coruña). Bea Rey é un dos elos raron nun proxecto de recollida de e sentido ás intervencións murais. que faltaba no relato da historia relatos e memoria vinculada con ex- Moitos concellos se suman, como da abstracción en Galicia, pioneira periencias de colectivos de mulleres, diciamos, nunha tendencia que en na exploración das linguaxes non o Contenedor de Feminismos, entre moitos casos está movida por inte- Obras de artistas galegos Trabalhos de Anxel Huete (em cima), Loreto Martínez Troncoso (em baixo) e 'Ser Xesta' (performance de Diego Vites) figurativas na década dos setenta. 2009 e 2015. Cunha sinxela estrutu- reses que teñen moito que ver coa Queda pendente outra recuperaci- ra portátil acudiron ao encontro de rexeneración do espazo urbano, e as ón, que ten que ver máis ben cun grupos de mulleres na Illa de Arousa, intervencións resultantes amosan traballo de investigación e de res- A Coruña, León e Bilbao para xerar un conglomerado de estilos do máis ponsabilidade institucional: o do le- e rexistrar relatos que configuran diverso. gado de Sargadelos e o Laboratorio un arquivo vivo, e ese arquivo é a E finalmente o audiovisual, de Formas, ese proxecto de moder- obra -a obra como proceso, como outro dos terreos en expansión Artes plásticas: fim de ciclo nización empresarial e estético que interacción, desvelamento dunha nos últimos anos. É significativa a levaron a cabo Isaac Díaz Pardo e historia afectiva-. Uns anos despois, proximidade dos artistas con isto Luis Seoane desde os 70. Nos nos unha campaña contra a violen- que se deu en chamar “novo cinema últimos anos, comisarios como cia de xénero, deseñada por Uqui galego”, unha xeración de cineas- Miguel Anxo Rodriguez en boa medida polos recortes nos tística en torno a unha causa común. artes e oficios, e están as faculta- David Barro (Fundación DIDAC), Permui e promovida polo Concello tas que está a acadar sona fóra das orzamentos. O sector cultural foi O Museo de Arte Gas Natural Unión des universitarias. De Belas Artes Ángel Calvo e artistas como Misha de Santiago de Compostela (En nosas fronteiras e recoñecemento en un dos máis afectados, chegando Fenosa (o antigo MACUF da Coruña) (Pontevedra) e de Historia da Arte Bies Golas achegáronse a ese legado negro contra a violencia de xénero) forma de premios en festivais. Danse No sector das artes plásticas a reducións de máis do 60%: de morreu, porque a empresa enerxéti- (Santiago de Compostela) segue a magnífico que debe ser obxecto acadaría unha repercusión formi- interferencias porque hai unha von- tomouse consciencia, definitiva- 167 a 62 millóns de euros pasou o ca agora propietaria desentendeuse saír xente capacitada e con talento: de máis estudos e dun esforzo de dable e sería incorporada por outros tade experimental nestes creadores mente, do final dun ciclo, de que en financiamento da administración dos compromisos pasados: non se artistas, comisarios, críticos, his- recuperación e posta en valor. concellos galegos. que fan que o terreo de exhibición Galicia nada volverá a ser como nos autonómica en materia de cultura, sabe que vai pasar coa colección, e toriadores da arte, ensinantes… Son É moi complicado falar de A revisión de formatos, técnicas das películas poida ser -indistinta- tempos anteriores á crise econó- entre 2008 e 2015 e algo análogo por de pronto, tanto os traballadores as profesións que conforman ese estilo a estas alturas. A eclosión das e disciplinas tradicionais aglutina a mente- o festival especializado ou a mica de 2008. Hai obras realmente aconteceu nas como o proxecto de apoio a creado- “ecosistema das artes”, e especi- novas tendencias nos anos sesen- outros artistas. Chama a atención, sala de exposicións. Xisela Franco, boas, artistas de grande sensibi- administracións locais (cfr. res (premio, bolsas de residencia, ficamente da arte contemporánea, ta e setenta romperon a baralla, neste mundo da proliferación de Lois Patiño, Carla Andrade ou Borja lidade, traballo esmerado, atento Artigo de Marcos Lorenzo). A re- programas públicos) xa non están. que configuran unha comunidade descolocaron todo, e levaron a ese imaxes nas pantallas -da cultura do Santomé son algúns dos nomes máis ao detalle, mentres desaparecen cuperación dos últimos anos aínda Queda o elefante branco da que se recoñece como tal e que fin das narrativas mestras ao que se compartir e dos likes, do consumo interesantes destes anos; e desde grandes espazos e outros van que- é pequena. Isto provocou que a Cidade da Cultura, en Santiago, que segue a atopar moitas dificultades referíu Arthur Danto hai xa tempo. rápido e masivo-, o compromiso un punto de vista diferente, máis dando baleiros, ou cun orzamento capacidade de produción de expo- programa á marxe, a unha grande para se beneficiar do orzamentos Harald Szeemann, co desvelamento dalgúns co traballo lento e artesa- achegado ás novas modalidades de moi reducido. sicións nalgúns centros e espazos se distancia da realidade e intereses que algunhas administracións des- das “mitoloxías persoais”, aínda nal, moi coidadoso, cos materiais. transmisión cultural da mocida- Pode desaparecer realmente debilitase considerablemente, que da comunidade artística. Ás veces, tinan a cultura. apuntalou máis esta perda de refe- A pintura e a cerámica seguen de (youtubers, por exemplo) Edu un edificio? Pode ficar invisible. as exposicións se alongasen no tem- cun pouco de sorte, ata se pode ver Porque unha das cousas que rencias e este “todo é posible” da a ser campos de exploración que Fernández, que apunta desde o Nos últimos anos tivemos algúns po, que algunhas institucións –as algunha exposición interesante, máis sorprende a día de hoxe é a arte actual. Pero si que hai sensibi- atraen a artistas e que demostran humor a unha revisión das linguaxes exemplos en Galicia. Unha das caixas e entidades bancarias- aban- ou un bo programa de perfor- cantidade de talento desperdiciado lidades e preocupacións epocais, e que poden seguir a revelar aspectos e códigos de dous mundos apa- mellores ensinanzas da crise no donasen a programación de arte mances. Outros espazos moito en Galicia: probablemente nunca modas, por suposto, que explican sorprendentes sobre os obxectos ar- rentemente distantes, que consci- sector cultural é que nos axudou contemporánea ou a reducisen á máis pequenos, como o Furancho se tiña producido unha confluencia unha serie de reiteracións, camiños tísticos. Din Matamoro, Almudena entemente mestura: o da cultura a diferenciar con maior claridade insignificancia. O que vai resistindo FAC Peregrina (Furancho da Arte tan impresionante de artistas e pro- comúns, nos últimos anos. Fernández-Fariña ou Manuel Eirís audiovisual dos máis novos, e as entre infraestruturas e traballo ar- é o buque insignia, o Centro Galego Contemporánea, en Compostela) ou fesionais de gran nivel que, na súa A exploración da identidade de son magníficos expoñentes deste grandes tradicións teóricas da cultu- tístico. Asistimos estes anos ao final de Arte Contemporánea, na capital o Halcón Milenario (outro furancho maioría, non poden vivir da arte. xénero é unha das liñas preferentes, grupo. E no ámbito da cerámica ra contemporánea. imaxes Conversa dun ciclo expansivo que dera lugar de Galicia, que mantén a capacida- onde se daba saída ao excedente Lembremos que algúns dos comi- a través de dúas vías: a investi- Pablo Barreiro que entronca coa rica no marco do proxecto Contenedor a museos e espazos especializados de de produción, pola existencia de de creatividade da comunidade, en sarios que marcharon de Galicia gación sobre mulleres artistas e o tradición de cerámica artística con- de Feminismos, A Coruña, 2014. en arte contemporánea. En poucos persoal especializado, pero tamén Vigo), tiveron unha programaci- están dirixindo centros de arte de cuestionamento da división binaria temporánea galega: Elena Colmeiro, Obra de Misha Bies Golas na anos estes acusaron de xeito dramá- sufriu unha paulatina redución de ón máis regular e de mellor nivel, referencia no territorio español: do xénero (reconfiguración e reco- Xabier Toubes, Daniel Caxigueiro. exposición “Reler a colección”. tico a crise. Os edificios son unha orzamento e persoal, polo menos case sen gastar diñeiro. A mágoa é Manuel Segade no Centro de Arte 2 ñecemento das “outras sexualida- Finalmente, debemos mencionar Centro Galego de Arte J cousa, as institucións outra (aínda ata estes dous últimos anos. que hai que falar en pasado destes de Mayo de , Manuel Olveira des” non normativas). A exposición dous ámbitos nos que tamén se están que coincidan nalgúns aspectos), e O Museo de Arte Contemporánea proxectos independentes. no Museo de Arte Contemporáneo “Alén dos Xéneros”, comisariada a producir interesantes novidades que Miguel Anxo Rodriguez é prof. de Historia o traballo e a enerxía produtiva dos de Vigo (MARCO) viviu tempos E queda o labor que os centros de Castilla León, por exemplo. por Anxela Caramés, supuxo unha fan máis rico e complexo o panorama de Arte na Un. de Santiago de Compostela, creadores, outra ben distinta. axitados, e as polémicas en torno á educativos seguen a desenvolver, na Algúns dos e das artistas máis revisión e un rescate de propostas das artes en Galicia. A arte urbana é especialista de Arte Contemporânea, Producíronse importantes saída do anterior director e ao pro- formación de artistas e profesionais, interesantes tamén marcharon e de artistas, colectivos e grupos un deles, o audiovisual outro. investigador e ensaísta com obra publicada cambios no contexto institucional cedemento para elixir ao novo case cada vez máis atentos ao circuíto levan tempo vivindo fóra: Rubén activistas, que en moitos casos A arte urbana púxose de moda, também no domínio da fotografia e das das artes en Galicia, provocados conseguiron unir á comunidade ar- internacional. Están as escolas de Grilo (Premio da Fundación ARCO desbordou a esfera específicamente e Galicia sigue aquí unha tendencia políticas culturais