O Ensino Da Guitarra Brasileira Uma Construcao

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O Ensino Da Guitarra Brasileira Uma Construcao UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO ROGÉRIO LOPES O ENSINO DA “GUITARRA BRASILEIRA”: uma construção RIO DE JANEIRO 2013 ! ROGÉRIO LOPES O ENSINO DA “GUITARRA BRASILEIRA”: UMA CONSTRUÇÃO Dissertação submetida ao Curso de Pós- Graduação em Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre. Área de concentração: Educação Musical. Orientador: Profa. Dra. REGINA MARIA MEIRELLES RIO DE JANEIRO 2013 ! ! iv LOPES, Rogério. O Ensino da “Guitarra Brasileira”: Uma Construção. Rio de Janeiro, 2013. Dissertação (Mestrado em Educação Musical). Escola de Música, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2013. RESUMO Esta dissertação tem como objetivo definir o que se costuma denominar como “guitarra brasileira” e elaborar uma metodologia de ensino de guitarra cujos conteúdos estejam focados na música brasileira. Para a elaboração da proposta, foram utilizadas análises de solos e acompanhamentos de guitarristas em diversos fonogramas da música nacional onde a guitarra atua com destaque, utilizando entrevistas com guitarristas brasileiros e estrangeiros conhecedores de música brasileira, sendo alguns deles instrumentistas de cordas trasteadas, e professores do instrumento. Concluiu-se que a chamada “guitarra brasileira” é marcadamente caracterizada pelo seu componente rítmico, e que a elaboração de uma metodologia seria possível. Grande parte da metodologia sugerida no estudo estaria implícita no ensino de um repertório específico, mas alguns cuidados seriam necessários, observando sempre os diferentes gêneros da música brasileira. Palavras-chave: guitarra, música brasileira, ensino v LOPES, Rogério. O Ensino da “Guitarra Brasileira”: Uma Construção. Rio de Janeiro, 2013. Dissertação (Mestrado em Educação Musical). Escola de Música, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2013. ABSTRACT This study aims to define what we normally determine as “guitarra brasileira” (“Brazilian electric guitar”) and tries to elaborate a specific mehtodology for learning the instrument taking into account the context should be focused on Brazilian music. To elaborate this proposal, we decided to analyze solos and compings of famous Brazilian guitar players and different phonograms of Brazilian instrumental music, where the guitar has an important role. We also interviewed Brazilian and foreign musicians, and guitar teachers, all of them important musicians in their solid career in the country, mentioning that some of them are also fretted string players. We conclude what we call “guitarra brasileira” is notably characterized by its rythmic components and that the elaboration of a new methodology would be possible. Great part of the methodology suggested in this study would be implicit in a learning process of studying a specific repertioire, but we should pay attention to the different genres of Brazilian music as a whole. Key-Words: Electric Guitar; Brazilian music; Learning Process vi Agradecimentos À Rejane, amor da minha vida inteira, na alegria e na tristeza, e ao nosso amor, imenso amor, que nos concedeu a dádiva de dois filhos maravilhosos. Sua persistência é 100% responsável pelo meu ingresso na vida acadêmica. À profa. Regina Meirelles, que generosa e pacientemente tornou possível o que está aqui escrito, como orientadora. À Fabio Adour da Câmara, cuja tese salvou uma análise inteira, e que por ter sido tão solícito e prestativo em sua ajuda fez dele uma espécie de “coorientador informal” desta dissertação. A Celso Ramalho e Eduardo Gatto, cujas opiniões e sugestões durante a qualificação (em particular a sugestão de título da dissertação, dada pelo ultimo) enriqueceram o texto grandiosamente. À companhia riquíssima dos alunos desta pós-graduação, em particular a Henrique Cazes (testemunha ocular e auricular da música popular brasileira), Fabiano e Adriano (como desbravadores e gentis “cobaias” do entendimento do mundo real que conheci pouco depois). A todos os meus alunos, de guitarra ou não, por me fazer entender que o aprendizado de qualquer coisa começa pelo quintal de casa, e que o entendimento da vida ao redor provavelmente será o melhor professor deles. A José Carlos Libâneo, por referendar tudo que disse acima. À profa. Thelma Álvares, que serenamente conduziu nossos Seminários de Música e Educação e tornou possível nos tornar mestres e aprendizes uns dos outros, razão pela qual menciono meus colegas de mestrado nesta dedicatória. vii Ao prof. Sérgio Álvares, que permitiu a experiência de um instrumento “alienígena”, a guitarra, nas Oficinas de Choro da UFRJ e a convivência com alunos extraordinários como Pedro, o 7 cordas mais jazzista do mundo. A convivência com tanta “hibridização” só me faz crer que esta dissertação é coerente com as experiencias vivenciadas. A Mike Moreno, por ter “inventado” o problema desta dissertação. A todos os guitarristas do Brasil e do mundo: os do passado, os que aqui estão e aos que virão. viii LISTA DE FIGURAS Fig.1-Trecho de “A Ginga Do Mané”____________________________________ 22 Fig. 2- Transcrição parcial de “Forró Brasil” ______________________________ 23 Fig. 3- “A Menina Dança”, compassos 1 a 4 ______________________________ 33 Fig. 4- “A Menina Dança”, compassos 5 a 8 _______________________________33 Fig. 5- “A Menina Dança”, compassos 9 a 11______________________________ 34 Fig. 6- “A Menina Dança”, compassos 17 a 20 _____________________________34 Fig. 7- “Fotografia”, compassos 1 a 5 ____________________________________36 Fig. 8-Introdução de “Cry Me a River” ___________________________________36 Fig. 9- “Fotografia”, compassos 6 a 11____________________________________37 Fig. 10- “Fotografia”, compassos 12 a 15__________________________________37 Fig. 11- “Fotografia”, compassos 16 a 18__________________________________38 Fig. 12- “Fotografia”, compassos 19 a 20.3 ________________________________38 Fig. 13- “Fotografia”, compassos 20.4 a 24 ________________________________39 Fig. 14- “Fotografia”, compassos 25 a 28__________________________________39 Fig. 15- “Flor de Lis” _________________________________________________40 Fig. 16- “No Carnaval”, compassos 1 a 4__________________________________43 Fig. 17- “No Carnaval”, compassos 5 a 8__________________________________43 Fig. 18- “No Carnaval”, compassos 9 a 12_________________________________44 Fig. 19- “No Carnaval”, compassos 13 a 16________________________________45 Fig. 20- “No Carnaval”, compassos 17 a 20________________________________46 Fig. 21- “No Carnaval”, compassos 21 a 24________________________________47 Fig. 22- “No Carnaval”, compassos 25 a 28________________________________47 Fig. 23- “No Carnaval”, compassos 29 a 32________________________________48 Fig. 24- “No Carnaval”, compassos 33 a 34________________________________49 ix Fig. 25- “Choro Bacana”, compassos. 1 a 5.3_______________________________50 Fig. 26- “Choro Bacana”, compassos. 17.2 a 21_____________________________51 Fig. 27- “Choro Bacana”, compassos. 5.4 a 9.3_____________________________51 Fig. 28- “Choro Bacana”, compassos. 22 a 25 ______________________________52 Fig. 29- “Choro Bacana”, compassos. 9.2.4 a 13.2.3 ________________________52 Fig. 30- “Choro Bacana”, compassos. 25.2.4 a 29 ___________________________52 Fig. 31- “Choro Bacana”, compassos. 14.4 a 17.1 ___________________________53 Fig. 32- “Choro Bacana”, compassos. 30 a 32.1 ____________________________53 Fig. 33- “Rabo de Foguete”, compassos. 1 a 4 _____________________________55 Fig. 34- “Rabo de Foguete”, compassos. 5 a 8 _____________________________56 Fig. 35- “Rabo de Foguete”, compassos. 9 a 13 ____________________________56 Fig. 36- “Rabo de Foguete”, compassos. 13 a 16 ___________________________56 Fig. 37- “Rabo de Foguete”, compassos. 17.1.2 a 20.1.2______________________57 Fig. 38- “Rabo de Foguete”, compassos. 20.1.3 a 25.1 _______________________57 Fig. 39- “Rabo de Foguete”, compassos. 25.2.4 a 32.1.1 _____________________57 Fig. 40- “Choro Pra Aurélio”, compassos 1 a 3.1.2 __________________________58 Fig. 41- “Choro Pra Aurélio”, compassos 3.1.3 a 5.2 ________________________59 Fig. 42- “Choro Pra Aurélio”, compassos 6 a 10.2 __________________________59 Fig. 43- “Choro Pra Aurélio”, compassos 10 a 14.3 _________________________60 Fig. 44- “Choro Pra Aurélio”, compassos 14 a 16.1.3 ________________________60 Fig. 45- -“Choro Pra Aurélio”, compassos 16 a 19 __________________________60 Fig. 46- “Engasga Gato”, compassos 1 a 2.2 _______________________________62 Fig. 47- Fig. 47- “Engasga Gato”, compassos 2.3 a 4 ________________________ 62 Fig. 48- “Engasga Gato”, compassos 5 a 6.3 _______________________________63 Fig. 49- “Engasga Gato”, compassos 6.4 a 8.2 _____________________________63 x Fig. 50- “Engasga Gato”, compassos 10 a 11.4.1 ___________________________63 Fig. 51- “Engasga Gato”, compassos 11.4.2 a 13 ___________________________64 Fig. 52- “Engasga Gato”, compassos compassos 14 a 15 _____________________64 Fig. 53- “Engasga Gato”, compassos 16 a 17_______________________________64 11 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 12 1. A "GUITARRA BRASILEIRA" E SUAS DIFERENTES ABORDAGENS 17! 1.2. A história da guitarra na Música Brasileira 17! 1.2. "Guitarra brasileira" e identidade nacional 22! 2. ENSINO DE GUITARRA E MÚSICA BRASILEIRA 24! 2.1. Berklee e o pioneirismo da metodologia de guitarra 24! 2.2. Os processos de ensino e aprendizagem que conduzem à metodologia 30! 2.2.3 Ação Pedagógica 33! 3. DISCUTINDO A METODOLOGIA 35! 3.1 Abordagens metodológicas da guitarra 35! 3.2 Análise das músicas citadas no
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    aHistoriada musicana Bahia por Paulinho Boca de Cantor origem História da Música na Bahia começa antes da chegada dos portugueses. Os índios com seus rituais de guerra e de paz, suas danças, festanças e pajelanças, ao seu modo, já Afaziam soar seus tambores de peles e de madeiras, seus caxixis e maracás, acompanhando seus cânticos, que se misturavam aos sons da natureza exuberante. Com a chegada do homem branco, trazendo seus costumes, sua língua, sua religiosidade, suas cantigas, suas modinhas e seus instrumentos musicais, a musica começa a se popularizar nos saraus e nas festas de ruas da velha cidade da Bahia. Segundo o radialista e historiador Perfilino Neto: “É nesse clima de melodias ternas, cantigas anônimas e gêneros folclóricos (como a FOFA DA BAHIA- gênero que antecede ao LUNDU e a CHULA- cujas primeiras pulsações foram trazidas de Portugal), que começa a aparecer uma leva de trovadores nas ruas da cidade do Salvador.” Mas sem dúvida, é a chegada dos negros, com seus batuques, suas danças, seus lamentos, seu ritmo e alegria contagiantes, a influência mais presente e mais forte nas variantes percussivas, que fazem a música e os músicos baianos, originais e respeitados em todo mundo. Paulo Roberto Figueredo de Oliveira Torno a citar um trecho do texto do historiador Perfilino Neto para ilustrar a presença Natural de Santa Inês-Ba marcante, constante e a importância da Bahia para a Musica Popular Brasileira: “Quem for contar hoje, a verdadeira história da Música Popular Brasileira ou se dispuser a fazer um levantamento circunstanciado de suas origens, por certo terá que admitir - e nisso não vem nenhum bairrismo - que esse processo cultural, começa e chega aos dias atuais com a Bahia ocupando o pioneirismo das manifestações musicais do povo brasileiro.” Portanto, partindo do princípio de que o Brasil foi descoberto na Bahia, a música brasileira também tem a Bahia como berço.
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